especial construção, infraestrutura, concessões e sustentabilidade a Feira 02 3Edição e Congresso / 2015 Internacional de Edificações & Obras de Infraestrutura Serviços, Materiais e Equipamentos CIDADES SUSTENTÁVEIS Sustentabilidade avança no País e gestões públicas se modernizam para acompanhar as novas demandas da Sociedade Pg 3 Pg 6 Pg 10 Pg 12 Pg 14 Suplemento – Cidades Sustentáveis Construções ecoeficientes, o caminho para chegar às cidades sustentáveis O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial segundo a certificação Leed de construções sustentáveis Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a sobrevivência ou a qualidade de vida das gerações futuras. Melhorar o nível de consumo da população mundial, assegurar o desenvolvimento e, ao mesmo tempo, reduzir os impactos ambientais estão entre os grandes desafios da atualidade. Protocolos internacionais têm sido firmados, nas últimas décadas, com esses objetivos, buscando elaborar mecanismos para o desenvolvimento sustentável em nível mundial. As cidades e seu “metabolismo acelerado” são as grandes responsáveis pelo consumo de materiais, água e energia. Nelas ocorrem aproximadamente 75% da produção de todos os resíduos gerados no planeta. Nesse cenário, a cadeia da construção, historicamente identificada por produzir grandes impactos negativos sobre o meio natural – desde a extração e consumo de recursos, passando pela alteração de ambientes, até a geração de resíduos – tem ficado com o papel de vilã. Muitos dos impactos negativos originados nas cidades são gerados pelo macrossetor da construção, que responde por 40% do consumo de energia e por 16% do gasto da água utilizada no mundo. Na década de 70, a questão ambiental começou a ter destaque maior, evidenciando os impactos ambientais e a vulnerabilidade da natureza diante da intervenção humana. A discussão se ampliou na Conferência de Estocolmo (Suécia), em 1972, passando a fazer parte da agenda política mundial. No final dos anos 80, as questões de sustentabilidade começaram a ser absorvidas de forma incisiva pela arquitetura e urbanismo, influenciando a elaboração de novos paradigmas. Somente então, o tema deixou de ser preocupação exclusiva dos chefes de estado, empresários, grupos de ambientalistas e comunidade cientifica. Com o crescimento da demanda por desenvolvimento sustentável pressionando a indústria da construção, surgiu o conceito de greenbuilding ou construção verde. A ideia é buscar melhores técnicas, produzir novos materiais, desenvolver métodos construtivos inovadores, economizar recursos naturais e promover o reaproveitamento de resíduos. Em todo o mundo, diariamente, cerca de 172 mil m² de área construída requerem certificações de greenbuilding. Hoje, Outubro 2015 / 3 Suplemento – Cidades Sustentáveis termos de produtividade, qualidade, redução de custos, agilidade e sustentabilidade. Tanto para a construção imobiliária quanto para o setor de infraestrutura. São esperados cerca de 20 mil visitantes, altamente qualificados, compostos predominantemente de lideranças e dirigentes de construtoras e representantes de prefeituras e municípios de todo o País. Certificação: reconhecimento e critérios SS Luiz Henrique Ferreira, da Inovatech Engenharia: evolução rápida no setor imobiliário 146.300 empreendimentos exibem essa certificação, em 150 países, 54.000 dos quais localizados nos Estados Unidos. O Brasil ocupa a quinta posição no ranking mundial da construção sustentável de empreendimentos certificados Leed, e detém a liderança sul-americana, em termos de metragem quadrada construída e números de projetos certificados. A tendência é de crescimento. Enquanto a construção civil tradicional prevê queda de 8% em 2015, a expecta- Com o aumento da demanda por cidades sustentáveis, tornou-se necessária a criação de critérios de avaliação para empreendimentos com essas características. Hoje, quase todos os países europeus, além de Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Hong Kong, possuem um sistema de avaliação de edifícios. Em todo o mundo, o atestado de boa conduta ambiental e social mais difundido é a Certificação LEED (Lidership in Energy and Environmental Design), do USGreen Building Council – GBC, [Conselho Norte Americano de Prédios Verdes]. Atualmente, há 235 prédios certificados com “selo verde” no País, e existem outros outras tipologias. Com base nos critérios estabelecidos pela certificação AQUA-HQE foi criada, em 2005, a Inovatech Engenharia, empresa de consultoria focada em construções sustentáveis. Seu fundador, o engenheiro Luiz Henrique Ferreira, lembra que, na ocasião, havia pouca preocupação com a ecoeficiência nas obras. “Até 2011 estávamos focados exclusivamente na certificação AQUA-HQE. Mas a partir de 2012 abrimos o leque para apoiar nossos clientes em todos os aspectos relacionados à sustentabilidade no setor da construção civil. Hoje, são mais de 4 milhões de metros quadrados certificados com apoio da Inovatech, e mais de 130 empreendimentos que conquistaram a certificação AQUA-HQE, além de inúmeros outros clientes com estratégias de sustentabilidade desenhadas pela Inovatech Engenharia”. Ferreira reconhece que o mercado brasileiro evoluiu muito rapidamente neste período, acompanhando a forte expansão do mercado imobiliário. “O Brasil hoje ocupa uma posição relevante no mercado de construção sustentável no mundo Por um lado, pelo seu porte continental, e, por A Certificação AQUA-HQE, exclusivamente adaptada à realidade brasileira, já avaliou mais de 43 mil unidades habitacionais tiva é de que haja um crescimento de 5% da construção sustentável este ano, em comparação com 2014. O crescimento da demanda por soluções para a construção sustentável será um dos focos da Construction Expo 2016 – 3ª Feira e Congresso Internacional de Edificações e Obras de Infraestrutura, Serviços Materiais e Equipamentos, que a Sobratema promoverá, de 15 a 17 de junho de 2016, no São Paulo Expo, em São Paulo. O evento terá como tema “Cidades em Movimento: Soluções Construtivas para os Municípios Brasileiros”, apresentando as inovações tecnológicas, materiais, máquinas, equipamentos e métodos construtivos, que atendam às necessidades em 4 / Grandes Construções 760 em processo de certificação LEED. Outra certificação, o selo AQUA-HQE, (Alta Qualidade Ambiental), baseada na francesa HQE (Haute Qualité Environnemetale), goza de ampla credibilidade no Brasil. Adaptada exclusivamente à realidade brasileira, a Certificação AQUA-HQE foi elaborada pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini, mantida e gerida por professores do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Desde 2008, quando foi lançada, já avaliou mais 43.000 unidades habitacionais e 390 empreendimentos, entre prédios comerciais, residenciais, bairros e loteamentos, hospitais, indústrias e complexos logísticos, entre outro, pelo grande número de empreendedores nacionais que adotaram a sustentabilidade como um de seus pilares estratégicos”, comemora. Na sua avaliação, a certificação de construções sustentáveis já é uma realidade nos empreendimentos corporativos de grande porte, os chamados “triple A”. Já nos empreendimentos residenciais e de escritórios, a certificação ainda é um diferencial competitivo entre as empresas. As que saíram na frente já estão colhendo os frutos positivos de seu pioneirismo. “Acredito que assim como em outros mercados menos conservadores, a certificação passará a ser algo praticamente obrigatório para uma empresa se manter no mercado, e ca- AQUA-HQE - O Brasil conectado à rede internacional de certificação Em 2014, a Fundação Vanzolini promoveu a fusão entre os referenciais técnicos brasileiros e franceses, criando a certificação AQUA-HQE passando, assim, a integrar uma Rede Internacional de Certificação para a sustentabilidade na construção. Essa integração foi possível a partir da criação da Cerway, entidade internacional de origem francesa criada para articular as iniciativas globais HQE™ com o objetivo de desenvolver ainda mais a certificação de construções sustentáveis no mundo. Foi criado também um Comitê Consultivo Internacional, do qual a Fundação Vanzolini é membro nato. As soluções arquitetônicas e técnicas para atender aos critérios do AQUA-HQE visam obter os melhores resultados ambientais, com berá aos agentes certificadores manterem a aderência de seus selos e processos a um mercado em rápida transformação”, analisa o engenheiro. Esta análise é respaldada por recente pesquisa realizada pelo IBOPE, que atesta que mais de 40% dos entrevistados pagaria mais caro por um imóvel construído de maneira ambientalmente correta. Retorno financeiro “A sustentabilidade sem dúvida leva a inúmeros benefícios do ponto de vista econômico, pois se não houver benefício econômico não é sustentável. A certifica- economia de recursos naturais e levam em consideração o programa de necessidades do empreendimento, o contexto local, a estratégia ambiental do empreendedor, a análise econômica global, o usuário e as demais partes interessadas e a regulamentação. O Brasil já tem um bom exemplo de empreendimento projetado segundo os conceitos da AQUA-HQE: o Ilha Pura foi o primeiro a receber a certificação AQUA - Bairros e Loteamentos na cidade do Rio de Janeiro, além de ter todas as torres certificadas pelo AQUAHQE Residencial. Segundo Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo da Certificação AQUA-HQE, trata-se de um bairro sustentável, planejado para gerar qualidade de vida, uso racional de recursos e redução do impacto ambiental e que já nasceu ção é uma das maneiras de se aferir e demonstrar a sustentabilidade, e em muitos casos acaba sendo algo rentável devido à readequação de processos e melhoria de performance decorrentes do atendimento aos seus requisitos”, afirma Luiz Henrique Ferreira. Ele lembra que não se deve confundir certificação com sustentabilidade, e que o aspecto de viabilidade econômica deve sempre ser levado em consideração, com soluções adequadas a cada cliente, contexto e localização. “O mito de que certificação aumenta custos existe, pois muitas vezes é mais fácil obrigar um cliente a RANKING MUNDIAL DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL (CERTIFICAÇÃO LEED) Classificação País Metragem (m2) de espaços LEED certificados (milhões) Metragem (m2) de espaços LEED certificados e registrados (milhões) Número total de projetos registrados e certificados LEED 276.90 727.34 53.908 2 Estados Unidos Canadá 26.63 63.31 4.814 3 China 21.97 2.022 4 5 Índia Brasil 13.24 5.22 118.34 73.51 24.50 6 Coreia Alemanha Taiwan Emirados Árabes 4.81 17.47 279 4.01 3.84 8.42 9.08 431 149 3.13 53.44 910 Turquia 2.95 23.74 477 1 7 8 9 10 1.883 991 sob o signo da sustentabilidade AQUAHQE. “O projeto e construção do bairro e dos 31 edifícios considerou os critérios de sustentabilidade do AQUA-HQE-Bairros e AQUA-HQEEdifícios Residenciais, confirmado pela certificação nas fases programa e projeto. Para tanto, considerou, na fase de planejamento e desenvolvimento do programa e do pré-projeto, todo o contexto local e funcionalidade do empreendimento, nas escalas do bairro e dos edifícios, com grande sinergia das soluções, resultando em um nível de sustentabilidade maior que a soma das partes, com grande eficiência no uso dos recursos ambientais, urbanísticos, arquitetônicos e técnicos, para um ambiente construído que prioriza a qualidade de vida das pessoas, com o menor impacto ambiental.” SS Ilha Pura, bairro sustentável com certificação AQUA HQE cumprir determinados requisitos de um selo de certificação do que pensar em soluções integradas e viáveis economicamente, que levarão a resultados concretos e mensuráveis, sem necessariamente aumentar custos.” Luiz Henrique Ferreira destaca a importância de um evento com o perfil da Construction Expo, por abordar de maneira completa o setor da construção, integrando a iniciativa privada com o poder público. “Acreditamos que estamos bastante atrasados na implantação da sustentabilidade no setor da construção como um todo, e somente eventos como este têm a força para reunir todos os agentes necessários para a criação de uma sociedade mais equilibrada”, conclui. Outubro 2015 / 5 Suplemento – Cidades Sustentáveis SS Casa Ecoeficiente, da Basf: exposição de conjunto de soluções sustentáveis Construção com “pegada” ecológica As inovações da indústria química são a chave para a construção sustentável no Brasil Não há cidade sustentável sem construções sustentáveis. O Brasil alcançou a maturidade neste segmento, contando hoje com uma agenda positiva. Observamos um crescente processo de conscientização do mercado, do governo e da sociedade em relação aos conceitos de sustentabilidade. Isso se reflete na diversidade de obras que buscam certificações. São prédios habitacionais, comerciais, plantas industriais, centros de logística, data centers, lojas de varejo, instalações esportivas, museus, edifícios públicos, instituições de ensino, bibliotecas e agências bancárias se credenciando ao selo de “prédio verde”. Isso se reflete, também, na grande variedade de materiais e soluções oferecidos pela indústria, que podem ser usados como aliados neste esforço por reduzir o consumo de recursos naturais. São vidros de alto de desempenho que filtram o calor e deixam passar a luz natural; tijolos fabricados com materiais reciclados e água de reuso; aditivos que podem ser adicionados ao concreto para aumentar seu ciclo de vida, tornando as construções mais duráveis e reduzindo manutenções e re- 6 / Grandes Construções paros; tintas e pigmentos eletrocrômicos que potencializam a iluminação interior de ambientes; sistemas economizadores de água; iluminação por LED e sistemas de co-geração de energia, entre tantos outros recursos. Apesar da disponibilidade de soluções, há um caminho difícil a ser trilhado, na direção da mudança de cultura no setor, reconhecidamene conservador. “O que eu tenho observado como tendência é a utilização massiva de sistemas descentralizados de geração de energia, como painéis fotovoltaicos, energia geotérmica ou co-geração por biomassa. Mas também observo alguma resistência no mercado brasileiro aos sistemas de construção seca e industrializada. Ainda continuamos empilhando blocos como se fazia na idade média. Observo aqui uma grande oportunidade de redução de consumo de materiais e, consequentemente, de custos, desde que a qualidade da mão-de-obra e os processos de gestão melhorem”, afirma Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia. Na vanguarda desse processo de busca por soluções sustentáveis para a construção está a Basf, que produz Impermeabilizantes e selantes; materiais para produção e reparo de Concreto, pisos e proteção superficial; elementos para reforço e consolidação do solo; grautes e argamassas, entre outros. Para a empresa, o setor da construção representa entre 5% e 10% das vendas globais. Sua linha de soluções para o setor inclui isolamento de perímetros; molduras de janelas com pontes térmicas reduzidas e sistemas de isolamento para fachadas, telhados e coletores solares. A Basf desenvolveu toda uma geração avançada do material clássico de polies- tireno, com partículas especiais de grafite que refletem a radiação térmica como um espelho. O material se revelou um poderoso elemento para isolamento térmico. Outra solução desenvolvida pela Basf é o Basotect, uma espuma especial de células abertas produzida a partir da resina melamínica. Trata-se de um isolante acústico e térmico, resistente ao calor, usado em várias aplicações, tais como isolamento de coletores solares. A Basf desenvolveu, ainda, uma linha de placas de espuma de poliuretano rígido, para o isolamento de telhados, paredes, pisos e tetos. A casa-conceito da Basf Para demonstrar, na prática, a aplicação desses e de outros materiais, a Basf criou a CasaE, ou Casa Ecoeficiente. Há uma no Brasil e 10 em diversos países do mundo. O projeto recebeu soluções inovadoras, desenvolvidas pela BASF e seus parceiros, com o objetivo de reduzir o consumo de energia, a emissão de CO2 e o consumo de água, assim como aumentar a eficiência no processo construtivo. O projeto recebeu a certificação LEED-NC Gold. Ao todo 29 parceiros contribuíram com produtos e tecnologias que estão alinhadas à temática da ecoeficiência: Vitra, Aureside, Edificios Inteligentes, Tora Brasil, Gerconsult, Veka, Daikin, Atlas Schindler, Isoeste, Bosch, Acenda, OWA, Redimax, MaxxiGold, Fineflex, Tecmar, Projetelas, Philips, Nespresso, Gerdau, Trasix, Starrett, Aubicon, Deca, Whirlpool, Tigre, Guardian, Knauf e Leicht A casa-conceito tem 400 m2 e fica na zona Sul de São Paulo. Comparada a uma casa tradicional, ao longo de 40 anos, a CasaE proporciona uma economia de 30% do investimento, contabilizando custos iniciais, de operação e de manutenção; economia de energia equivalente ao consumo de 9 mil casas durante um dia; e economia de 300 mil litros de água, que corresponde ao abastecimento de mais de 1,6 mil habitantes por ano, segundo estudo realizado pela Fundação Espaço Eco. Na CasaE foram aplicadas 36 soluções, que proporcionam uma obra mais rápida, com menor consumo de água, maior eficiência energética, importante redução na emissão de CO2 e de resíduos de construção, além de assegurar maior vida útil. Há, por exemplo, microcápsulas aplicadas no dry wall que reduzem em até 1/3 o uso do ar condicionado; placas de poliuretano expandido que garantem até 40% de economia de energia; aditivo para o preparo do concreto que diminui em 40% o consumo de água e reduz a emissão de gases; pigmentos especiais que atuam no controle da temperatura, e até mesmo o sistema construtivo, em blocos de poliestireno expandido com grafite, que proporcionam isolamento térmico 20% superior ao EPS comum. A casa possui geração própria de energia e está preparada para devolver o excedente para a rede pública, além de contar com pisos drenantes com 87% de permeabilidade, que recolhem a água da chuva para reutilização. “Por meio da CasaE conseguimos mostrar o impacto positivo que produtos inovadores podem trazer para a sociedade. Também vamos aproveitar o espaço como um centro de competência, para treinar profissionais para utilização de tecnologias da Basf e dos parceiros”, afirma Marco Carboni, diretor da Estratégia para Indústria da Construção da Basf. Soluções em plástico da Braskem A Braskem, empresa especializada na produção de resinas termoplásticas e biopolímeros, também desenvolveu uma ampla linha de produtos para uso na construção. Os itens estão divididos em áreas de saneamento, edificações, canteiros, geossintéticos e infraestrutura. Entre as soluções produzidas pela empresa estão os geossintéticos para reforço, drenagem, filtro e impermeabilização de terrenos. Uma inovação interessante é o sistema BubbleDeck, que utiliza esferas de plástico com objetivo de reduzir o peso das lajes, usando polipropileno de forma a ocupar SS Isolamento térmico: produtos inovadores aumentam o conforto dos usuários das edificações e ajudam a reduzir consumo de ar condicionado a zona de concreto que não desempenha função estrutural. Isso proporciona maior agilidade, menor custo e reduzido impacto ambiental. Outro destaque são as mantas expandidas de polietileno, que reduzem ruídos entre pavimentos ao serem aplicadas entre a laje e o contra piso. O PVC, já muito usado na construção para a produção de tubos e conexões, começou a ampliar participação em outras aplicações. Um exemplo é o sistema construtivo Concreto PVC, tecnologia inovadora que permite construir, de forma rápida e em escala industrial, diferentes tipos de edificações. O sistema proporciona menor perda por entulho, reduz o desperdício de materiais e o consumo de água e energia na obra, além de propiciar expressivo ganho em produtividade. Para a área de saneamento, além de diferentes soluções em tubos, a Braskem desenvolveu os poços de visita, conhecidos tradicionalmente como bueiros, feitos em polietileno, que se diferenciam pela durabilidade, já que possuem excelente resistência a quebra sobre pressão e alta resistência a impacto. Com isso, estão menos sujeitos a fissuras e orifícios que levam ao vazamento, evitando contaminações do solo. TT Sistema Bubble deck: esferas de plástico reduzem peso das lajes, sistema da Braskem Outubro 2015 / 7 3a Feira e Congresso Internacional de Edificações & Obras de Infraestrutura. Serviços, Materiais e Equipamentos CIDADES EM MOVIMENTO: SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS PARA OS MUNICÍPIOS BRASILEIROS. A CONSTRUCTION EXPO 2016 nasce do apoio direto de 135 entidades do Construbusiness e das principais construtoras do País. A feira reunirá toda a cadeia de serviços, materiais e equipamentos voltados aos segmentos da construção brasileira, afim de estimular e apoiar os municípios na realização dos projetos de infraestrutura que irão potencializar os negócios e alimentar o mercado com novas oportunidades. As empresas e municípios poderão participar da Construction Expo 2016 de 4 modos distintos: SALÕES TEMÁTICOS: um modelo inovador de demonstração de novas tecnologias, serviços, equipamentos e sistemas construtivos; FEIRAS SETORIAIS: espaços para que as entidades realizem seus eventos em um ambiente de compartilhamento de oportunidades; CONGRESSO: foco no desenvolvimento urbano, abordando temas de grande importância para os gestores e técnicos dos setores público e privado; ESTANDES EMPRESARIAIS: áreas disponíveis para que as empresas do setor da construção possam apresentar materiais, equipamentos, serviços e sistemas construtivos. Escolha o modo de participação mais adequado e participe da integração do setor da construção e dos municípios brasileiros. DE 15 A 17 DE JUNHO DE 2016 | SÃO PAULO EXPO | SÃO PAULO / SP INFORMAÇÕES E RESERVAS DE ÁREA: 11 3662-4159 | [email protected] | www.constructionexpo.com.br REALIZAÇÃO: LOCAL: Suplemento – Cidades Sustentáveis Cidades brasileiras querem ser sustentáveis Indicadores como mobilidade urbana, meio ambiente, energia, saúde, segurança, educação, empreendedorismo, tecnologia e inovação levaram a Urban Systems, em parceria com CTE, a elaborar o primeiro ranking Connected Smart Cities, para municípios brasileiros. Foram avaliados mais de 700 municípios, com o intuito de gerar uma medida de comparação. As primeiras cidades colocadas neste ranking servem como referência para os demais municípios que pretendem trilhar o mesmo caminho. O Rio de Janeiro ficou com o primeiro lugar, à frente de São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. A cidade vem empenhando esforços em modernizar sua estrutura, que em alguns casos remonta à época do prefeito Pereira Passos, no começo do século XX. A capital fluminense está em obras, visando os Jogos Olímpicos de 2016, mas também como parte de um processo global de transformação e modernização. Um dos símbolos tecnológicos dessa modernização é o Centro de Operações Rio (COR). Com mais de 560 câmeras espalhadas por todo o município, o Centro de Operações Rio (COR) é o mais moderno de toda a América Latina e aperfeiçoa o 10 / Grandes Construções funcionamento da cidade. O COR planeja ações, antecipa soluções e minimiza impactos. Divididos em três turnos, 400 funcionários trabalham no COR, que concentra cerca de 30 órgãos como Guarda Municipal, Comlurb, Polícia Militar e Metrô. Também desempenha papel importante ao alertar sobre riscos e medidas urgentes que devam ser tomadas em casos de emergência, como chuvas fortes, deslizamentos e acidentes de trânsito. Segundo Pedro Paulo Teixeira, Secretário Executivo de Coordenação de Governo da Prefeitura do Rio de Janeiro, a cidade pretende se inserir no seleto grupo das mais modernas do mundo, e as intervenções em andamento deram inicio a um processo que deve ser continuado nas próximas gestões. São Paulo em segundo lugar Primeiro lugar no ranking nas áreas de mobilidade e acessibilidade, São Paulo obteve o 2º lugar no ranking geral. Entre as iniciativas destacadas estão os investimentos em transporte coletivo e ciclo-faixas, sistematização dos diversos bancos de dados para aperfeiçoamento da gestão, e política de incentivo ao adensamento populacional, a partir do novo Plano Diretor. A Secretaria de Serviços já está inserida no contexto em três das suas áreas. Na limpeza urbana, a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana - Amlurb realiza o monitoramento dos caminhos de lixo. Esse sistema possibilita que a coleta nas ruas de São Paulo seja acompanhada, em tempo real, fornecendo informações sobre o trajeto, a velocidade e as paradas realizadas pelos veículos. A Amlurb também começou a implantar, desde o início deste ano, as papeleiras inteligentes ou "Big Belly" que são fabricadas com material sustentável e trabalham apenas com energia solar. O programa WiFi Livre SP prevê a instalação de acesso gratuito à internet em 120 praças ou parques, atendendo todos os 96 distritos da capital. São 33 locais com internet aberta, além de um sistema de iluminação a LED que está em implantação, dentre outras iniciativas em várias áreas governamentais. 3º Lugar – Belo Horizonte Belo Horizonte obteve a 3ª posição, com ações decorrentes do Plano Estratégico BH 2030, elaborado em 2009. Dentro dos levantamentos setoriais, BH ainda abocanhou a 1ª posição em meio ambiente e vem destacando-se em outras áreas, como educação, tendo recebido em 2014 o selo de município livre de analfabetismo, por parte do Ministério da Educação. 4ª Lugar – Brasília A cidade conquistou a 4ª posição no Ranking Geral Connected Smart Cities, alcançando o 1º lugar em empreendedorismo. Um dos destaques é o Siga Brasília, um aplicativo móvel que dá mais transparência às ações governamentais. Outros projetos estão em andamento como a abertura e construção de creches, criação de parques e áreas verdes e o Pacto Pela Vida, para ampliar a segurança pública. 5ª lugar – Curitiba O município de Curitiba ficou com a 5ª colocação na disputa geral, além de ter sido o melhor colocado na área de governança. Uma das áreas prioritárias na capital do Paraná é a educação. Em 2016, a cidade destinará para essa área 30% dos recursos orçamentários que formam a base de cálculo do mínimo constitucional. O programa Equidade concentra esforços para garantir apoio diferenciado a escolas onde foram identificados fatores capazes de dificultar a aprendizagem. “Nós estamos em busca de uma cidade mais humana e sustentável”, destacou o prefeito de Curitiba Gustavo Fruet. Segundo ele, seu governo busca a parceria das universidades e da sociedade para seguir e melhorar a gestão da saúde com várias iniciativas. “Estamos trabalhando muito com as mídias sociais, com georreferenciamento, entre outras ações”. TT São Paulo, ciclovia – foco em mobilidade SS Rio de Janeiro, Centro de Operações Rio (COR) - foco em segurança 6º lugar – São Caetano do Sul Considerada cidade-modelo, alcançou o 6º lugar na disputa geral e a liderança na área de ranking sobre segurança. Há 30 anos a cidade apresenta o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País. A renda per capita é duas vezes maior que a média brasileira. 7ª lugar – Vitória A capital capixaba ficou com a 7ª posição no ranking geral, além de ficar no topo da categoria saúde com uma vantagem expressiva em relação à 2ª colocada. A prefeitura apostou na melhoria de comunicação com os habitantes, além de ações na área de segurança, como o Botão do Pânico, para mulheres em situação de risco. Outra inovação é o investimento na educação integral. 8º lugar – Florianópolis Com vocação para novos negócios, Florianópolis é reconhecida por sua qualidade de vida. O município está aperfeiçoando o sistema de transporte coletivo, com faixa exclusiva, expansão das linhas e gestão a cargo de um consórcio, vencedor de licitação pública. Mas o principal destaque da cidade fica por conta do item educação, categoria em que ficou com o primeiro lugar, com ênfase no uso dos recursos da web. 9º lugar – Porto Alegre A cidade de Porto Alegre, que obteve a nona posição no ranking, está realizando a primeira licitação do seu sistema de transporte público, além de investir dinheiro e esforços na revitalização da Orla do Guaíba. A cidade ainda se destacou nos quesitos mobilidade, acessibilidade, tecnologia, inovação, empreendedorismo e economia. Uma das inovações da cidade fica por conta do Centro de Comando Integrado e 1000 câmeras de vídeo, para o monitoramento da cidade em tempo integral. 10º lugar – Recife Recife, que ficou com a 10ª posição, aderiu definitivamente à tecnologia para aperfeiçoar os serviços prestados aos cidadãos. A cidade conta com mais de 70 pontos de acesso à internet em locais abertos e deve estender isso às redes de hospitais e estações do sistema de BRT (Bus Rapid Transit). Os órgãos públicos estão sendo interligados por fibra óptica, o que aumentará a velocidade da troca de informações. O programa Robótica na Escola é um dos exemplos dos avanços tecnológicos da cidade. Luiz César de Albuquerque Neto, secretário executivo de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Desenvolvimento e Empreendedorismo Econômico da Prefeitura de Recife, ressaltou o Porto Digital, programa urbano e tecnológico que envolve as três esferas governamentais, e já tem trazido frutos com respeito à criação de empresas, geração de empregos, e projetos para a coletividade. Outubro 2015 / 11 Suplemento – Cidades Sustentáveis Tragédias climáticas: cidades precisam aperfeiçoar sistemas de prevenção de eventos climáticos As discussões e decisões sobre o clima são debatidas e tomadas pelas lideranças globais, mas as consequências das mudanças climáticas ocorrem em nível local nas cidades, responsáveis por 75% das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Em todo o mundo, os prefeitos vêm se mobilizando para assumir um maior protagonismo nas decisões que impactam, diretamente, o dia a dia das cidades. São iniciativas como o Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima e a CompactofMayors - coalizão global de prefeitos e funcionários municipais comprometidos em reduzir as emissões de GEE, aumentar a resiliência às mudanças climáticas e acompanhar e divulgar publicamente o seu progresso. Esse novo cenário e os temas da mobilidade urbana associada à sustentabilidade 12 / Grandes Construções dominaram os debates do Congresso Internacional Cidades & Transportes, que reuniu mais de 140 palestrantes de 128 cidades e 19 países, entre especialistas internacionais, iniciativa privada e organizações da sociedade civil. Reunida entre os dias 10 e 11 de setembro, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, essa comunidade internacional procurou debater coletivamente alternativas viáveis para o futuro das áreas urbanas. O evento foi organizado pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis/Embarq Brasil. O WRI Brasil é uma instituição ligada ao programa global WRI Ross, formado por mais de 200 profissionais que atuam nas áreas de mobilidade urbana e sustentabilidade. Os desafios das cidades para lidar com as mudanças climáticas foram tema do Painel Plano de Mitigação e Adaptação das Cidades às Mudanças Climáticas, que reuniu os secretários do meio ambiente de Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo e Campinas. Eles apresentaram o que suas cidades já têm feito para se prepararem e se defenderem dos efeitos das mudanças climáticas. Nelson Franco, gerente de Mudanças Climáticas da Prefeitura do Rio de Janeiro, destacou que a cidade vive um grande processo de adaptação graças a investimentos em infraestrutura e mobilidade urbana. Ele salientou que o Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas será um dos primeiros da América Latina e vem sendo desenvolvido com o apoio dos maiores organismos internacionais na área do clima - como o WRI, o Local Govermments for Sustainability (ICLEI) e o C40, Grupo de Grandes Cidades para Lideran- SS Poluição do ar: questão crítica nas cidades asiáticas ça do Clima - e, no Brasil, com a Coppe/ UFRJ e o CB27, associação dos secretários de meio ambiente das 27 capitais. Segundo Carlos Alberto Muniz, secretário municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, a cidade já realizou seu inventário de carbono e vem investindo em programas de reflorestamento, remoção da população em áreas de risco e combate a enchentes. Em Belo Horizonte, já há uma lei para uma redução de 20% das emissões de GEE até 2030, o inventário de carbono já está na terceira edição e há programas de combate a enchentes. Délio Malheiros, vice-prefeito de Belo Horizonte e secretário municipal de Meio Ambiente, criticou as políticas econômicas de incentivo ao automóvel que vêm reduzindo na capital mineira o uso do transporte público de 57% para 47% da população. O Plano de Enfrentamento das Mudanças Climáticas está sendo elaborado por um comitê. São Paulo já conta com diretrizes para a formulação de um plano de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, segundo informou Laura Lucia Vieira Ceneviva, secretária-executiva do Comitê Municipal de Mudanças do Clima e Ecoeconomia de São Paulo. Mas ela admitiu que falta um plano para a questão da seca. Rogério Menezes, secretário municipal de Meio Ambiente de Campinas, alertou que a cidade vive o pior ano hidrológico desde a seca de 1953. As águas que vinham das bacias do Amazonas e do ar não chegaram ao Sudeste este ano, o que tem afetado a cidade de 1,2 milhão de habitantes. “Em reunião no ministério do meio ambiente contamos à ministra que estamos realizando muitas ações de mitigação sem recursos financeiros, protagonismos nas discussões globais de mudanças climáticas”, queixou-se Medeiros. A cidade tem planos de passar de 16 km para cerca de 190 km de ciclovias, além de executar várias obras de mobilidade urbana, como duas linhas de BRTs e um VLT ligando o aeroporto de Viracopos à Unicamp. Como o tema comum a todos os gestores municipais foi a falta de protagonismo das cidades nas decisões sobre o clima, Everton Lucero, ministro-chefe da Divisão de Clima, Ozônio e Segurança Química do Ministério das Relações Exteriores, informou que o Brasil levará uma proposta para a Conferência do Clima prevista para ocorrer entre 30 de novembro e 11 de dezembro, em Paris. Na conferência, será definido um novo acordo para a redução das emissões para o período após 2020, já que o Protocolo de Kyoto estabeleceu as metas até este ano. Cidades e Transportes ZERO O prefeito Eduardo Paes abriu o Congresso de Cidades e Transportes falando sobre os desafios de se administrar uma cidade partida como o Rio de Janeiro. Para ele, a desigualdade é um dos principais problemas da cidade, "uma vez que o Rio não é apenas o Leblon". Além de anfitrião do evento, Paes também é presidente do Grupo C40 de Grandes Cidades para Liderança do Clima e incentivador do CompactofMayors - coalizão global de prefeitos e funcionários municipais comprometidos em reduzir as emissões de GEE, aumentar a resiliência às mudanças climáticas, acompanhar e divulgar o seu progresso publicamente. “Gostaríamos de ter uma cidade menos dividida. Estamos investindo em projetos como o Porto Maravilha, pois queremos que as pessoas estejam mais próximas e que tenham qualidade de vida. Estamos realizando investimentos maciços em transporte público de alta capacidade, com a implantação de 150 km de BRTs e a expansão da rede de ciclovias”, elencou Paes. Ele convocou os prefeitos presentes ao congresso para aderirem ao CompactofMayors, que tem metas ambiciosas para enfrentar as mudanças climáticas. Embora muitas cidades ao redor do mundo estejam já empreendendo ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e adaptarem-se às mudanças climáticas, muitas vezes seus esforços não são reconhecidos, nem medidos ou reportados. O objetivo da coalizão é compartilhar esses esforços a fim de catalisar novas ações, considerando-se, especialmente, que um novo acordo sobre mudanças climáticas será negociado entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro, em Paris, durante a 21ª Conferência Anual das Nações Unidas (COP 21). O CompactofMayors alega que as cidades têm uma enorme oportunidade de produzir ainda mais impacto com ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas em três grandes áreas: edificações, transportes e resíduos. No Brasil, 12 cidades já integram a coalizão. Após a convocação de Eduardo Paes para mais cidades aderirem, Márcio Lacerda, prefeito de Belo Horizonte e presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, informou que vai iniciar uma campanha para incentivar os municípios brasileiros a participarem do pacto durante o encontro da Frente Nacional de Prefeitos, previsto para ocorrer no final do ano. TT Sistema Cantareira em São Paulo: seca de 2015 em várias regiões do país acendeu o alerta da Sociedade para mudanças de comportamento Outubro 2015 / 13 entrevista Entrevista com Miguel Luiz Bucalem Outra visão de desenvolvimento sustentável Mariuza Rodrigues O que é uma cidade sustentável? Para o engenheiro Miguel Luiz Bucalem, ex-presidente da São Paulo Urbanismo, é aquela que permite uma proximidade entre moradias e oportunidades de trabalho, educação e lazer. Este é, por sinal, um dos maiores desafios das metrópoles brasileiras, sobretudo de São Paulo. Para Bucalem, que coordenou mais de duas dezenas de projetos na capital Paulista, a tendência aponta para o conceito de cidades compactas e policêntricas, que buscam maior adensamento das áreas servidas por sistemas de transporte. Ele destaca que a sociedade civil quer e precisa participar dessas decisões e aponta que é fundamental criar mecanismos de planejamento de longo prazo, imunes ao sabor das trocas de gestões. Acredita que apesar de alguns percalços, São Paulo está no caminho certo. A seu ver, o novo Plano Diretor da cidade adota vários conceitos apresentados por ele no SP2040 Plano Estratégico de Longo Prazo para São Paulo. Ph. D. pelo Massachusetts Institute of Technology – MIT, Bucalem afirma que a população tem pressa e quer mais velocidade nas mudanças. O senhor trabalhou no desenvolvimento de planos de urbanização em São Paulo e outras cidades. O conceito de sustentabilidade está consolidado no Brasil para projetos urbanísticos de grande alcance? O conceito de sustentabilidade é bastante amplo e pode ser aplicado às cidades em várias escalas. Uma delas é a escala da edificação, por meio de habitações mais eficientes; do ponto de vista da energia; do consumo d´agua, da sua retenção para colaborar para a drenagem da cidade, entre outras formas. Por outro ponto de vista, a questão fundamental é como harmonizar o desenvolvimento com o meio ambiente. Ser eficiente para uma cidade é consumir menos energia, gerar menos poluição, menos gases do efeito estufa. Tudo isso faz parte do conceito da qualidade de vida de uma cidade. Mas a forma urbana, a localização e distância entre os locais de moradias e as oportunidades de trabalho e de educação, a meu ver, é que definem o perfil de sustentabilidade de uma cidade. É este o principal desafio de São Paulo, hoje? Sim, mas de certa forma, isso está refletido em outras grandes cidades brasileiras, que tiveram um crescimento muito rápido, o que gerou muitos desequilíbrios. E um dos maiores desequilíbrios é que as pessoas vivem nas áreas mais periféricas, que têm poucos empregos. Essa é uma dinâmica perversa para as cidades. Essas regiões metropolitanas, apesar de terem 7% do território do País, abrigam a maior parte de sua população. Como alterar esse desenho? Mudar a forma urbana de uma cidade é um grande desafio, pois muitas das áreas já estão consolidadas. É um processo de anos ou décadas. Mas há dois concei- 14 / Grandes Construções tos que começam a ter importância para as cidades brasileiras, que são a ideia de cidade compacta e policêntrica, e a de se adotar um planejamento de longo prazo, que reflita uma visão de futuro, elaborado de forma compartilhada com a sociedade. Para que uma visão de futuro seja sustentável é preciso que ela não esteja sujeita aos ciclos políticos e de gestão. Há problemas e desafios que, para serem superados, exigem várias décadas de ações e politicas públicas consistentes. Mas se a cada quatro anos, a cidade der uma guinada, mudar de direção, os projetos não saem do lugar. Um elemento fundamental para se atingir a cidade compacta é permitir mais atividades onde há a disponibilidade de transporte. Para isso, é preciso planejar de forma integrada o crescimento do sistema do transporte junto com o planejamento da ocupação da cidade. Esse conceito já é adotado por grandes cidades pelo mundo, com melhor qualidade de vida. Cidades asiáticas, como Tóquio e Hong Kong estão totalmente baseadas em torno do transporte público. Nos Estados Unidos, ao contrário, elas estão espalhadas e são dependentes do carro. Este é o modelo que a gente não quer para as cidades brasileiras. Lá existem exemplos bons como Nova Iorque e São Francisco, mas a maioria das cidades norte-americanas se expandiram muito e as pessoas se deslocam demais para chegar ao trabalho. Eu acho que as cidades brasileiras, estão procurando trilhar um caminho mais ligado às cidades compactas, com vários centros de emprego (policêntrica). média capacidade. De certa forma, isso está planejado. Mas é fundamental redesenvolver as áreas centrais da cidade criando oportunidade para as várias faixas de renda e aproveitando melhor seu potencial de emprego e educação, reduzindo justamente essa necessidade de deslocamento. Esse caminho está sendo trilhado, mas talvez a gente gostaria de ter mais velocidade nesse processo. Nesse sentido, eu gostaria de destacar o projeto SP 2040, um plano no qual eu trabalhei durante a gestão passada, elaborado como um plano de Estado, que procura mobilizar a sociedade civil e dar uma contribuição de longo prazo para a cidade. Quais são os pontos principais desse plano? Muitos dos instrumentos do plano diretor de São Paulo estão alinhados com esse plano. Por exemplo, permitir o adensamento no entorno do sistema de transporte. Assim como ocupar as áreas centrais de forma mais eficiente, atraindo a população de várias faixas de renda, além de permitir o uso misto das edificações, criando uma dinâmica nova de deslocamento voltada para incentivar o pedestre. Uma das operações urbanas pensadas, à época, se transformou em lei e outra está encaminhada também para se tornar lei. Quais são essas operações urbanas? A operação urbana Água Branca estabelece alguns eixos estruturadores incentivando que nos pavimentos térreos se tenha comércio, calçadas generosas e busca o adensamento populacional, e não só o construtivo. Cria condições para que o tamanho das unidades não seja muito grande para realmente atrair mais gente para lá. E tem toda uma estratégia ligada à qualidade do espaço público, com áreas verdes que possibilitem o adensamento, mas preservando a qualidade urbana. A outra operação urbana, que se chamava Mooca - Vila Carioca, agora bairros do Tamanduateí, está no eixo ferroviário entre a Mooca e o Ipiranga. Esta era uma região industrial que requer uma transformação planejada. Como o transporte faz parte desse enredo? Hoje você quer usar bem a estrutura de transporte que existe, mas precisa expandir o sistema, pois ele não é compatível com as demandas de São Paulo. Estas demandas só crescem. E então isso é um processo. São questões que devem andar juntas: como induzir uma nova forma de ocupação na cidade articulada à rede de transporte e a sua expansão. Este conceito está nos instrumentos de planejamento atuais. A outra questão é ter a expansão vigorosa do sistema de transporte tanto de alta como de media capacidade. Também está sendo feito, mas toda cidade gostaria que isso ocorresse com maior velocidade. São Paulo é um exemplo do dilema trabalho x moradia? São Paulo claramente tem esse desiquilíbrio. As pessoas moram nas áreas mais distantes e o emprego está concentrado na área do centro expandido. Além disso, grande parte do deslocamento é feito por ônibus que usam o diesel, poluente, ou pelo transporte individual. Então, o grande desafio é expandir a rede de transportes oferecendo sistemas de alta e Outubro 2015 / 15