AFERIÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM CÂNCER –
REVISÃO DE LITERATURA
Lucianna Rossi Pizzol 1; Caroline Foltran 2; Ivone Panhoca 3
Estudante do Curso de Medicina; [email protected]
Estudante do Curso de Medicina; [email protected]
Professora na Universidade de Mogi das Cruzes; [email protected]
Área do Conhecimento: Saúde Coletiva
Palavras-chave: qualidade de
quimioterapia e radioterapia.
vida,
neoplasias,
tratamentos
biomoleculares,
INTRODUÇÃO
O câncer é o maior problema de saúde pública do século XXI, sendo que uma entre
quatro mortes são decorrentes da doença. Trata-se de uma doença crônico-degenerativa
que resulta em alterações físicas e psicológicas. Ele está pautado no crescimento celular
descontrolado, onde são ignoradas as sinalizações de regulação das células.
Há quatro abordagens no tratamento: a cirurgia (CI) e a radioterapia (RT), como
tratamentos locais e a quimioterapia (QT) e terapia com agentes biológicos, como
tratamentos sistêmicos (ANJOS; ZAGO, 2006). Os objetivos são os mesmos, buscando
alcançar a erradicação total do tumor e a cura, ou apenas estabilizar o crescimento das
células cancerosas e aliviar os sintomas.
Dentre as ferramentas que podem auxiliar os tratamentos está a melatonina, que atua na
proteção contra os efeitos da QT. As vitaminas A, C e E quando associadas a drogas
antineoplásicas, são capazes de potencializar a ação das mesmas.
Embora os medicamentos sejam essenciais, o riso e atividade física, proporcionam uma
melhora na QV (ARAÚJO; GUIMARÃES, 2009; MARCUCCI,
2005;
SILVA;
MARTINS, 2011). A atividade física otimiza a capacidade cardioventilatória e
funcional, minimizando os efeitos deletérios dos tratamentos. Já o riso, age no sistema
imunológico, aumentando sua eficácia, e ativando mais células de defesa.
Muitos pacientes ainda recorrem a terapias não convencionais, na tentativa de
complementar a atual medicação (ELIAS; ALVES, 2002). Em casos sem a
possibilidade de cura são adotadas medidas paliativas a fim de preservar a QV.
Apesar dos avanços na área oncológica, a cura nem sempre é possível, provocando
situações de angústia no paciente e nos familiares. Verifica-se, portanto, a necessidade
de avaliação da QV e sua influência nos tratamentos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde o termo “qualidade de vida” é definido como
sendo “percepção do individuo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema
de valores nos quais vivem em relação aos objetivos, expectativas, padrões e
preocupações” (BORGES, 2008). Para o paciente, a QV é o controle da dor e dos
sintomas, aliviando o sofrimento, e a melhora de seus relacionamentos (FUMIS, 2011).
Para avaliar a QV de pacientes oncológicos são utilizados questionários. Estes devem
ser concisos, autoaplicáveis e com critérios de validação bem estabelecidos (BLASCO;
INGLÉS, 1997; VARTANIAN et al, 2007)
O câncer é caracterizado pela tríade composta pela dor física, mutilação e morte, que
acompanha o paciente no decorrer do processo. Assim a assistência ao paciente envolve
aspectos físicos, psicológicos e sociais, necessitando de uma equipe multiprofissional
capaz de fornecer informações acerca do quadro do indivíduo, esclarecer eventuais
dúvidas e priorizar o diálogo, melhorando a QV (ROWLAND et al, 2000).
A aferição da QV é fundamental para mensurar a eficácia do tratamento na perspectiva
do paciente. Esse estudo torna-se cada vez mais importante, visto que nas últimas
décadas aumentou a incidência da doença devido à ampliação da vida média e a
ocorrência dessa enfermidade nas faixas etárias mais jovens.
A busca pela QV durante o tratamento da enfermidade é determinante no sucesso do
mesmo. É dever do médico oferecer os melhores cuidados de saúde com o máximo de
atenção, equilibrando as possíveis formas de terapia.
OBJETIVOS
O estudo objetivou avaliar a QV de pacientes em tratamento oncológico, com base em
revisão de literatura, verificou como é feita a aferição da QV bem como os principais
protocolos utilizados na atualidade. O estudo visou ainda analisar os resultados que têm
sido obtidos pelos diferentes autores pesquisados, quais tipos de câncer voltados às
aferições de QV e efetuou o levantamento das populações mais estudadas nesse aspecto
em relação a faixa etária, gênero e condição socioeconômica.
METODOLOGIA
O presente estudo foi pautado no levantamento bibliográfico de artigos nacionais e
internacionais pesquisados nos bancos de dados LILACS, SCIELO e PubMed, tendo
como recorte temporal os últimos vinte anos.
A fim de nortear o trabalho, foram utilizados os descritores: qualidade de vida,
neoplasias, tratamentos biomoleculares, quimioterapia e radioterapia.
Para a seleção dos artigos, foram inclusos aqueles que continham pelo menos um dos
descritores; redigidos em português/inglês/espanhol; e coerentes com os objetivos.
Após a identificação das obras nos bancos de dados, foi feita uma leitura superficial
seguida de uma exploratória. Dessa forma, foram selecionados 100 artigos lidos na
íntegra, que embalsaram o presente estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pode-se observar um padrão para os tipos de câncer utilizados na aferição da QV.
Observou-se que 22% dos artigos mensuraram a QV relacionada ao câncer de mama,
3% ao câncer de cólon e cabeça e pescoço, 2% em relação à laringe e pulmão, 1% em
melanomas cutâneos e 67% dos artigos relataram quaisquer tipos de câncer para o
estudo dos tratamentos oferecidos.
Quanto à aferição da QV do paciente no decorrer do tratamento oncológico, os métodos
mais recorrentes foram a QT, seguida pela RT, CI, tratamento não convencional e
imunoterapia (GRÁFICO 1).
Com base na literatura, 28% dos artigos foram pautados em estudo de caso-controle,
dos quais 96,4% obtiveram a participação predominante de mulheres. Em relação à
idade, apenas 21% fez referência a essa variável, e destes 76,2% afirmam que a média
estudada dos pacientes está entre 40 e 60 anos. É possível afirmar que a condição
socioeconômica não influencia no desenvolvimento da doença, porém interfere na
opção e continuidade dos tratamentos, sendo crescente a busca por medicinas
alternativas que possuem pouca evidência científica.
Os efeitos colaterais mais citados após o início dos tratamentos foram: fadiga, dor,
náuseas, anemia, vômitos e insônia (GRÁFICO 2). A autoimagem, apesar do percentual
baixo, foi considerada um grande problema decorrente do tratamento cirúrgico,
principalmente em pacientes portadores de câncer de mama e cabeça e pescoço.
No momento do diagnóstico, o paciente passa por momentos de estresse e angústias,
levando a alterações físicas, psicológicas e sociais, podendo desencadear um quadro de
depressão. Este sintoma prejudica a adesão e a resposta aos tratamentos, afetando o
sistema imune e possibilitando a manifestação de doenças oportunistas.
Quanto as técnicas cirúrgicas utilizadas, a literatura apresenta divergências. A mutilação
ora é vista como menos prejudicial à QV do que a QT, ora como um estigma.
Dentre os mais eficazes agentes quimioterápicos está a Cisplatina. A QT é possível,
uma vez que os tecidos normais se recuperam totalmente antes das células tumorais,
embora possa causar efeitos adversos.
A RT é utilizada como tratamento paliativo em casos avançados e em casos de
melanoma. Seus efeitos colaterais são semelhantes aos da QT, entretanto a intensidade
dos mesmos depende da quantidade de radiação aplicada.
As terapias com agentes biológicos, como a de anticorpos monoclonais, têm se
mostrado mais específicas em relação ao tumor e oferecem melhor QV devido à
diminuição dos efeitos colaterais, por interagir apenas com células tumorais.
A QV é um indicador de saúde e há diversas ferramentas para sua validação. Para isso
são utilizados questionários que mensuram aspectos físicos, capacidade funcional para o
trabalho, atividade doméstica, interação social, função cognitiva e o estado emocional.
O EORTC QLQ-C30 é o mais difundido na área da saúde, foi utilizado em 33,4% dos
artigos, seguido pelo SF-36 aplicado em 12,8% dos estudos, WHOQOL-100 e
WHOQOL em 7,7%, LASA em 5,1%, FACT-An e FACT-B em 5,1%. Os outros 35,9%
das publicações aplicaram diferentes questionários dos citados anteriormente.
É crescente a avaliação dessas medidas com a finalidade de buscar melhores
modalidades terapêuticas, capazes de associar eficácia no combate à doença e dano
mínimo ao paciente. Infelizmente, ainda prevalece o olhar dos profissionais apenas
sobre as consequências físicas do processo saúde/doença e seu tratamento, não
considerando o aspecto multidimensional do paciente.
CONCLUSÕES
A QV do paciente oncológico é afetada já no diagnóstico da enfermidade. Neste estudo,
aferimos os diversos efeitos colaterais decorrentes do tratamento oncológico e as
diversas formas de enfrentamento pelo paciente.
Nas últimas duas décadas houve um grande avanço tecnológico na área da saúde,
tornando-se frequente a fragmentação da medicina, onde o homem passou a ser visto
por partes. Infelizmente, o atendimento ao paciente passou a ser mecânico e impessoal,
sendo o tratamento, muitas vezes, imposto pelo profissional de saúde como única opção,
impossibilitando a escolha do enfermo. O ideal é que o médico faça parte de uma equipe
multiprofissional capaz de visualizar o indivíduo como um todo, visando não só a cura
da doença em si, mas o alívio do sofrimento e o aumento da sobrevida. Para isso, é
fundamental que seja utilizada uma linguagem concisa e de fácil compreensão.
Com o aumento da sobrevida dos pacientes oncológicos, torna-se imprescindível o
estudo da QV, que é um conceito amplo e subjetivo, variando de acordo com as
prioridades de cada paciente. Ela é um argumento que justifica a escolha de
determinados tratamentos, associando a eficácia no controle do câncer e dano mínimo
ao paciente. Vale ressaltar que embora as diversidades e limitações estejam presentes,
estas se tornam pequenas frente à força de vontade dos pacientes oncológicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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terapêutica quimioterápica oncológica na visão do paciente. Revista Latino-Americana
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ARAÚJO, Tereza CCF; GUIMARÃES, Tathiane B. Interações entre voluntários e
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BORGES, Lúcia R. Fatores determinantes da qualidade de vida em uma coorte de
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FUMIS, Renata RL; Dor e qualidade de vida: acupuntura como ferramenta adicional
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ROWLAND, Julia H; DESMOND, Katherine A; MEYEROWITZ, Beht E et al. Role of
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SILVA, Daniela S; MARTINS, Maria R. A brincadeira na Terapia de Recuperação
Oncológica Infantil. UNINGÁ Review. v.1, n.8, pp.31-40, outubro de 2011.
VARTANIAN, José G; CARVALHO, André L; FURIA, Cristina LB et
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cabeça e pescoço validados no Brasil. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço. V.36, n.2,
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Luciana Rossi Pizzol