Ambientronic: Comunicado Nº 3: Os sistemas certificáveis de gestão como agentes da sustentabilidade JUNHO/2011 Por José Augusto Oliveira, José Rocha A. Silva, Daniela Moraes, Márcia R. Ewald, Tiago B. Rocha e Sabrina R. Sousa Aderir a novas práticas como a implementação de sistemas certificáveis de gestão, pode ser considerada atualmente como uma questão de sobrevivência para as empresas em um mercado cada vez mais competitivo, principalmente no setor de eletroeletrônicos. Essa realidade é, para as organizações, mais que uma mostra de proatividade de seus negócios e sim uma medida de manter sua posição perante a concorrência. O sistema de gestão da qualidade (SGQ) com base na ABNT ISO 9001, o sistema de gestão ambiental (SGA) com base na ABNT ISO 14001, o sistema de gestão de saúde e segurança do trabalho (SGSST), com base na norma OHSAS 18001 e o sistema de gestão da responsabilidade social, com base na norma SA 8000, entre outros, já são conhecidos no meio empresarial e representam alternativas com foco na qualidade de produtos e serviços, na questão ambiental, na saúde e segurança do trabalhador e na responsabilidade social para que as empresas possam se adequar ao mercado nacional e internacional. Essas normas auxiliam as organizações a direcionarem as suas atividades produtivas à sustentabilidade. Os sistemas de gestão podem auferir, de uma maneira geral e levando-se em conta a especificidade de cada um, significativos benefícios às empresas, dentre eles destacam-se: aumento da eficiência operacional, maior conformidade de produtos e serviços a partir da redução de falhas e diminuição da variabilidade nos processos, atendimento dos requisitos do cliente com aumento de sua satisfação, diminuição de custos com retrabalhos e perdas e melhoria da qualidade dos produtos e processos. Outros importantes benefícios são obtidos pelas empresas ao certificarem seus sistemas de gestão, tais como aumento da vantagem competitiva e melhoria da imagem da empresa. Por outro lado, observa-se a resistência interna às mudanças e a baixa disponibilidade para investir nesses sistemas, como principais dificuldades para as empresas aderiram aos sistemas certificáveis de gestão. Uma nova especificação com foco no sistema de gestão de substâncias perigosas (SGSP) para produtos eletroeletrônicos foi oficialmente lançada no Brasil em dezembro de 2010. Com a coordenação do Centro de Tecnologia Renato Archer (CTI) na comissão de estudos CE 111 do Comitê Brasileiro de Eletricidade e da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a ABNT IECQ/QC 080000 passou a ser válida em 06 de janeiro de 2011. Essa especificação é composta por requisitos que são adicionais aos da norma ABNT ISO 9001 e tem como objetivo fornecer subsídios, por meio de requisitos, para as empresas do setor eletroeletrônico adaptarem seus processos e produtos a padrões livres de substâncias perigosas (LSP). Para as organizações nacionais expandirem seus negócios, é essencial que elas se antecipem a essa nova realidade, que já está consolidada nos principais mercados internacionais como, por exemplo, a União Européia, auxiliando no atendimento de diretivas, tais como RoHs (Restriction of the use of certain Hazardous Substances in electrical and electronic equipment) e WEEE (Waste Electrical and Electronic Equipment). A aplicação dos requisitos da especificação ABNT IECQ/QC 080000 demonstra uma postura ambientalmente responsável por parte da empresa, fato que potencialmente pode contribuir para a expansão dos negócios da organização e para a redução dos impactos ambientais provenientes de suas atividades produtivas. O principal objetivo dessa especificação é a identificação, controle, quantificação e registro de substâncias perigosas compradas, fabricadas e fornecidas pelas empresas. Para isso, faz-se necessário que toda a cadeia de suprimentos seja envolvida, ou seja, os fornecedores precisam restringir a distribuição de substâncias perigosas para as empresas de equipamentos eletroeletrônicos (EEEs), que por sua vez, colocam no mercado, produtos LSP que contribuem consideravelmente para a minimização de impactos ambientais e à saúde da sociedade em geral. O projeto piloto do programa Ambientronic tem como objetivo principal “propor, desenvolver e implantar os mecanismos necessários para coordenar ações entre empresas, IEP´s (instituições de ensino e pesquisa) e instituições governamentais visando ao desenvolvimento sustentável do complexo eletroeletrônico nacional”. Um dos passos para que esse objetivo seja cumprido, é apoiar uma amostra de organizações do setor eletromédico, com apoio da ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios), a ajustar seus sistemas de gestão ao SGSP com base na ABNT IECQ/QC 080000, visando contribuir para as empresas atenderem aos requisitos de seus clientes e do mercado em relação às exigências de restrição de substâncias perigosas nos produtos e nos processos, auxiliando assim, o setor eletromédico nas questões ambiental e econômica, com a antecipação a uma realidade que já existe no mercado internacional, auferindo assim, vantagem competitiva ao complexo eletroeletrônico. Este projeto, que é pioneiro no Brasil, tem foco na adequação das empresas ao SGSP com base na especificação ABNT IECQ/QC 080000, faz parte do programa Ambientronic é composto por outros projetos e grupos ¹ que têm como principais objetivos, propor tecnologias para a sustentabilidade do setor eletroeletrônico nacional, dentre eles, destacam-se os principais temas: Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), Ecodesign, Produção Mais Limpa (P+L), Sistema de Gestão Ambiental (SGA), SGSP e estratégias de fim de vida do produto. O programa é uma iniciativa feita pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) coordenado pelo Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI). ¹ Grupo de Tecnologias para Sustentabilidade (GTS) Equipe: José Rocha Andrade da Silva (Coordenador); Daniela Moraes; José Augusto de Oliveira; Marcia Regina Ewald; Sabrina Rodrigues Sousa e Tiago Barreto Rocha. Missão: Gerar, disseminar e aplicar conhecimentos e tecnologias que contribuam para a minimização de impactos adversos no ciclo de vida de bens, serviços e processos do setor eletroeletrônico, na busca pela sustentabilidade. Visão: Ser um grupo de referência global em tecnologias para sustentabilidade do setor eletroeletrônico. Linhas de Atuação: Ecodesign, Avaliação do ciclo de vida, Sistemas de gestão ambiental e Gestão de resíduos