Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Bauru - SP – 03 a 05/06/2013 A Websérie Como Produto Audiovisual 1 Lucas Octávio Cândio da SILVA2 Daniela ZANNETI3 Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES RESUMO O artigo trata dos principais aspectos que caracterizam novas produções audiovisuais exibidas em ambientes virtuais, as chamadas Webséries. O propósito é expor e definir suas formas de produção e as linguagens usadas nessas obras audiovisuais de característica seriada que são criadas a partir das novas tecnologias digitais e da tecnologia de exibição streaming. Estabelecendo um paralelo com as obras seriadas já características do meio TV, e expondo assim uma linha de convergência entre as duas formas de construções seriadas, a análise identifica as principais diferenças e semelhanças entre as serializações audiovisuais via televisão e via Internet. São analisadas duas webséries com temas direcionados ao público jovem: a norte- americana Squaresvillage e a brasileira #E_VC?. PALAVRAS-CHAVE: webséries; serialização; internet; audiovisual A NARRATIVA SERIADA O caráter seriado de uma narrativa tem suas raízes nas formas epistolares de leitura (cartas, sermões, etc.), nas narrativas míticas e intermináveis como o caso de Mil e uma noites, alcançando também o folhetim e as radionovelas. Inserida também dentro da grade de programação televisual, frequentemente, esta é composta por blocos, intercalados por breaks comerciais, esses blocos possuem durações variadas de acordo com os modelos dos canais aos quais essas narrativas estão veiculadas. O elo entre os breaks e os blocos são os ganchos e flash backs. O primeiro é uma ferramenta narrativa que visa a manutenção do interesse do espectador na obra, seja no final do episódio, entre blocos ou até menos na passagem entre temporadas. O segundo funciona como uma maneira de situar o telespectador dentro da narrativa, trazendo informações do bloco ou do episódio anterior, construindo 1 Trabalho apresentado no IJ05 Rádio, TV e Internet do Intercom Júnior do Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste, realizado de 3 a 5 de julho de 2013. 2 Graduando do curso de Comunicação Social: Audiovisual da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Bolsista de Iniciação Científica (PIBIC). [email protected] 3 Professora orientadora da pesquisa. Doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). [email protected] 1 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Bauru - SP – 03 a 05/06/2013 uma breve síntese. (MACHADO, 2005). Essa forma descontínua e fragmentada televisual é chamada por Arlindo Machado de serialidade, na qual o enredo é ocasionalmente estruturado sob a forma de capítulos ou episódios e o conjunto destes é a temporada (do inglês seasons). Machado (2005) e Pallotini (1998) categorizam as narrativas seriadas televisuais em três distintas formas: capítulos, episódios e episódios unitários. O primeiro é constituído por uma única narrativa (ou várias entrelaçadas e paralelas) que se alterna(m) de uma forma quase linear ao decorrer dos capítulos. Os teledramas, telenovelas e algumas séries e minisséries, são exemplos desta forma de serialidade teleológica, pois ela se resume, em geral, em um (ou mais) conflito(s) básico(s), que fundamenta logo de início um desequilíbrio na estrutura, e toda evolução posterior dos acontecimentos consiste num empenho em restabelecer o equilíbrio perdido, algo que, em geral, ocorre nos capítulos finais. (MACHADO, 2005, pg. 84). A Websérie Lado Nix4, realizada pela Produtora Mambo Jack e vinculado ao Web Canal criado em 2011, que leva o nome da própria série (Lado Nix), é um dos vários exemplos dessa primeira categoria de serialidade. Uma Websérie que traz o universo geek e dos videogames, HQs. Nix é a protagonista da série, uma jovem que se apresenta no primeiro episódio como uma garota comum, criada por um super-nintendo e uma coleção de HQs e fitas cassetes. A estabilidade em sua história ocorre quando a mesma assume a gerência da Zupa Comics. O decorrer do enredo expõe os elementos clássico de uma narrativa, intrigas, traições, romance, superação de obstáculos, e vários outros conflitos que são postos diante da protagonista, que por fim, no último episódio, consegue se restabelecer e conquistar parte de seus desejos. A segunda categoria é composta por enredos autônomos, onde cada um destes apresenta um começo, meio e fim, e o que irá se repetir nos episódios seguintes serão apenas os mesmos protagonistas inseridos apenas em situações diferentes. Nessa categoria, um episódio, por via de regra, não se recorda dos anteriores ou interfere no posterior. A autonomia nos enredos das narrativas na Web, é localizada principalmente nos Vlogs, onde cada vídeo não é necessariamente relacionado ao anterior ou, como é normalmente construído, traz alguns assuntos “chave” que serão explanados pelo Vlogger em questão. Os mais bem estruturados Vlogs comumente possuem um roteiro prévio, enquanto outros incorporam personagens desenvolvidos pelos próprios realizadores ou se agarram à improvisação. 4 https://www.youtube.com/user/LADONIX. Acesso em: 04/04/2013 2 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Bauru - SP – 03 a 05/06/2013 O terceiro exemplo de serialização traz como principal definição uma única coisa que se nos preserva vários episódios, uma temática; porém, em cada unidade, não apenas a história é completa e diferente das outras, como também diferem os personagens, os atores, os cenários e, às vezes, até os roteiristas e diretores. Um exemplo desse formato na Web é o canal Vídeos Improváveis5, criado em 2007 pela Cia. Barbixas de Humor6. Que disponibiliza vídeos de tamanhos variáveis e semanais gravados durante apresentações ao vivo do grupo de stand-up comedy que é responsável pela criação do mesmo canal. O caráter de humor improvisado, inserido em alguns padrões constantes (como a escolha de temas/nomes/lugares pela platéia presente no teatro), e a presença dos atores da companhia, quase sempre acompanhados por convidados, garantem a este Web Canal o caráter unitário. Para se compreender como as narrativas seriadas migram para os ambientes virtuais, faz-se necessário tratar do advento da Web 2.0, que se caracteriza pela democratização das ferramentas de produção e exibição na Internet. AUDIOVISUAL E WEB 2.0 A narrativa seriada está presente em vários meios de comunicação e em grande parte de seus produtos, desde publicações impressas (quadrinhos, por exemplo) até o cinema, mas é uma estrutura que, essencialmente, encontra-se na televisão. Com o avanço das tecnologias digitais, como a modificação na forma de distribuição do sinal televisivo analógico para a atual forma digital, outros campos da telecomunicação também avançaram, com o notável protagonismo da Web. Inicialmente sem nenhuma pretensão social, hoje ela realiza um papel importante para todos os meios de comunicação. Programas de rádio, por exemplo, agora são transmitidos via streaming pela Web, assim como a programação de vários canais de TV. O termo Web 2.0 foi criado por Tim O'Reilly (2005) para ressaltar o potencial social e financeiro da Web, diferente da primeira fase de acesso, anteriormente definido como Web 1.0. Esse potencial da Web 2.0 permanece em evolução, englobando vários aspectos do convívio social massivo, assim como proporciona a vários objetos do cotidiano moderno uma nova possibilidade comunicacional. Hoje é possível acessar um perfil de redes sociais, por exemplo, pela televisão, gravar um vídeo em um celular e disponibilizá-lo em instantes na Web, ir às compras sentado confortavelmente em 5 6 https://www.youtube.com/user/videosimprovaveis . Acesso em: 14/04/2013 http://www.barbixas.com.br/ . Acesso em: 14/04/2013 3 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Bauru - SP – 03 a 05/06/2013 frente ao computador. É possível ter acesso a um conteúdo produzido em um País que o usuário jamais conheceu, interagir com este, recriá-lo, adaptá-lo ou até mesmo redirecioná-lo em várias outras plataformas, algo que nos permite dizer que: (...)a Internet não é uma mídia no sentido que entendemos as mídias de massa. Não há fluxo um – todos e as práticas dos utilizadores não são vinculadas à uma ação específica. (…) Aqui não há vinculo entre o instrumento e a prática. A internet é um ambiente, uma incubadora de instrumentos de comunicação e não uma mídia de massa, no sentido corrente do termo. (LEMOS; CUNHA, 2003, p. 11-23) Essa evolução da Web resulta em novas plataformas de operação, como a evolução dos softwares de programação binária, passando pelas evoluções de desing da interface de navegação, como a transposição da utilização dos sites pessoais para os atuais blogs e redes sociais, resultando na contextualização de uma blogsfera multiusuária e multifuncional. A Web 2.0 configura um contexto que permitiu a inserção e disseminação de produções individuais e independentes, que muitas vezes não são dotadas de um aparato técnico profissional ou de linguagens específicas. Vídeos, fotos, montagens, aplicativos, softwares open sources, músicas e várias outras produções pessoais, passaram a ser disponibilizadas a um público de tamanho desconhecido e de escala potencialmente mundial. Então, configurou-se um ambiente propício para a vinculação de obras independentes, um local onde uma produção pode expor seu produto de forma "livre" – frisando a presença de corporações globais nas áreas de armazenamento e exibição em nuvem, como o Youtube e a Google, que não só oferecem os serviços de hospedagem e exibição, mas também estruturam uma rede de acessos, similar ao conceito de Ibope televisual, que possibilita o lucro dos produtores independentes. A Websérie "nasce e se reproduz" neste contexto, coexistindo com curta-metragem independentes, vlogs, podcasts, web-live concerts, cibermarketing e vários outros conteúdos exclusivamente desenvolvidos e disponibilizados na Web. A incorporação das narrativas seriadas no ambiente da Web 2.0 foi um processo inevitável, protagonizados pelos seus próprios usuários e com projetos, em sua maioria, sem um suporte profissional ou técnicas apropriadas. Essas novas formas e possibilidades de narrativas cresceram de forma expoente nas novas mídias. As novas mídias são objetos culturais que usam a tecnologia computacional digital para distribuição e exposição. Portanto, a internet, os sites, os jogos de computadores, os CD-ROMs e o DVDs (e mais recentemente os BLURAYs), e os efeitos especiais gerados por computador enquadram-se todos nas novas mídias (MANOVICH, 4 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Bauru - SP – 03 a 05/06/2013 2005). As novas mídias, possuindo como suporte a tecnologia streaming e o flash, possibilitou dentro da nova realidade da Web 2.0 a reprodução de imagens em movimento (extensões .gif) que estavam armazenadas na nuvem. Progressivamente, vídeos, séries e filmes que antes eram disponibilizados exclusivamente na televisão, passaram a ser exibidos on-line. Como resultante desse processo, as pessoas que antes utilizavam seus computadores de maneira isolada ou unicamente no ambiente de trabalho, tiveram a oportunidade de exportar/importar suas criações, planilhas, imagens, músicas, textos, jogos (LÉVY, 1994). As tecnologias digitais surgiram, então, como a infraestrutura do ciberespaço, novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e transação, mas também novo mercado de informação e do conhecimento. Aos poucos se tornou necessário pensar nesses conteúdos a serem disponibilizados na WWW de uma forma diferente. A alteração técnica decorrente do upload de vídeos – como a tamanho da tela onde o usuário irá visualizar o vídeo – é uma das preocupações recorrentes, além dos formatos e extensões para diferentes arquivos. E para a execução desses vários novos moldes de produção, as novas mídias foram forçadas a se adaptarem. Os smarthphones, tablets, smart-tvs e outros aparelhos começaram a seguir padronizações de tamanhos de telas. Esse processo foi essencial até mesmo para determinar a qualidade do vídeo que estará sendo transmitida para o usuário de acordo com a banda de internet que este possui. Sendo assim, o processo social relacionado à expansão das narrativas seriadas na Web – protagonizadas e produzidas, em sua maioria, pelos consumidores da própria Web – pode ser compreendido como um processo de ciber-aculturamento. Este "aculturamento digital" permeia a nova compreensão de comunicação social, e se torna cada vez mais massivo à medida que o mercado se expande, alcançando um público mais amplo e diversificado. WEBSÉRIES: UM NOVO MERCADO? Websérie é uma nova forma de produção audiovisual de característica seriada vinculada exclusivamente à Web, tendo como suporte as novas tecnologias comunicacionais como os aparelhos móveis de acesso à internet e a própria popularização da banda larga, assim como o armazenamento de dados em nuvem e a reprodução de vídeos por streaming. As webséries valorizam os conceitos aplicados de repetitividade e serialidade, utilizando alguns recursos similares das formas seriadas da TV para 5 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Bauru - SP – 03 a 05/06/2013 embasar a continuidade de seus produtos, muitas vezes utilizando divisões como temporadas e episódios, porém sem capítulos. o que as transformam em produtos que de certa forma são convergentes, ou, em determinados casos, referem-se às produções seriadas clássicas, mas com enfoques diferenciados, como construção da narrativa, locações utilizadas, ações de marketing e divulgação, etc. As produções de webséries nacionais encontraram no Youtube a sua principal plataforma de exibição de suas produções, alocadas em seus próprios canais, que realizam a mesma função que anteriormente seria dada à um site. Entre as produções de maior 2012: Onda 7 Zero , 8 Lado Nix, 3% , 9 Heróis , destaque estão: #E_VC?, Armadilha (ambas 10 produzidas pela 8KA Produções ), O demônio não saber brincar11. O enfoque neste artigo será a web série nacional #E_VC?. A escolha dessa web série é resultado de uma observação empírica de suas estratégias de interatividade com o público, a temática e a utilização da linguagem da Web na própria série (como por exemplo, a utilização de enquadramentos que remetem ao uso de webcam). A narrativa traz como tema central problemáticas individuais e existenciais de adolescentes, explorando suas incertezas e suas experiências. A representação do público adolescente nas obras narrativas televisuais nacionais é consagrada pela novela Malhação, que estreou no dia 24 de abril de 1995, mantendo-se no ar até hoje, atingindo seu décimo oitavo ano de apresentação. A obra passa, de ano para ano, por mudanças de elenco e núcleos principais, mas mantendo suas principais características, as problemáticas adolescentes. Abrange as problemáticas do cotidiano de seu público-alvo, como virgindade, namoro, drogas, preconceito, bullying, gravidez, intrigas, paixões, sexo, AIDS, homossexualidade, usando sempre como base de espaço narrativo o Rio de Janeiro e construindo personagens protagonistas com certas similaridades, mesmo havendo uma alteração constante de elenco. Há, por exemplo, a constante presença da representação sensualizada jovens, dos corpos dos garotas bonitas e “gostosas” ao lado de garotos malhados e galãs. A transposição dessa trama adolescente para as webséries tornou- se uma tendência mundial, inclusive pela praticidade da reprodução do drama do cotidiano e pela forte participação do público-alvo dessas telenovelas adolescentes, nesse novo núcleo de 7 https://www.youtube.com/user/2012ondazero. Acesso em 14/05/2013. https://www.youtube.com/user/serie3porcento. Acesso em 14/05/2013. 9 https://www.youtube.com/watch?v=5DC4GfUgY64&list=PLrzbRRBOFiwKcIUAEhWzqIIBt3LHayfY D. Acesso em 14/05/2013. 10 https://www.youtube.com/user/canal8ka. Acesso em 14/05/2013. 11 https://www.youtube.com/watch?v=zFXLjdcrVzg. Acesso em 14/05/2013. 8 6 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Bauru - SP – 03 a 05/06/2013 produção interativo que a World Wide Web proporciona a todos. Com exemplo dessa importação de modelo de “drama #E_Vc?, assim como a norte-americana adolescente”, temos a websérie 12 Squaresville , que nacional se apresenta como uma interativa websérie de episódios que raramente ultrapassam os cinco minutos de duração. Outra forma presente em grande parte das produções seriadas na Web é similar às produções unitárias da TV, episódios que trazem apenas uma temática similar ou de maneira mais comum, apenas os Fundos" 13 mesmos atores. O canal brasileiro "Porta dos é um exemplo dessa forma de web série. Vários episódios unitários, cujo humor é a única ferramenta em comum entre eles, e com os mesmos atores em diferentes personagens. Os episódios são realizados sob um evento cotidiano, como transporte público, ligações de telemarketing ou rede de fast-food. O humor sarcástico, similar ao humor de stand-up, presente na narrativa de cada episódio transforma essas situações cotidianas em situações absurdas ou extremamente exageradas. Outro elemento presente nos episódios dessa websérie, são os quadros finais, após o término de cada um dos episódios, existe a passagem do simbolo do canal e logo na sequência entra em cena um fragmento de cena que pode ou não estar ligado diretamente ao episodio que acabou de terminar. No lado esquerdo, durante essa cena, surgem janelas pequenas que são hiperlinks para os outros episódios já exibidos. Esse caráter unitário também atinge os vloggers, uma evolução audiovisual dos blogs, onde uma pessoa traz as suas problemáticas e pensamentos em forma de vídeo e exibe em seu canal dentro do YouTube. Os vloggers são resultados dessa nova possibilidade, não só econômica, mas também social ao acesso à tecnologia e a interatividade na web, onde cada um pode produzir um vídeo e compartilhá-lo online com milhares de pessoas através de ferramentas de reprodução streaming. Esses vloggers, como diferenciais para as produções individuais e muitas vezes amadoras, trazem uma preocupação com o roteiro de seus episódios, constrói inclusive cabeças de entrada como em programas jornalísticos, exibem vinhetas similares a programas televisivos e chegam a produzir inclusive quadros diferenciados em uma espécie de web programação. Alguns dos realizadores como o Maspoxavida14, Desce a Letra15, trazem inclusive alternativas dentro dos canais, em numa forma similar aos canais de televisão fazem. São vídeos 12 https://www.youtube.com/user/squaresvilleseries. Acesso em: 14/05/2013. https://www.youtube.com/user/portadosfundos. Acesso em: 14/05/2013. 14 https://www.youtube.com/user/descealetra. Acesso em: 14/05/2013. 15 https://www.youtube.com/user/maspoxavida. Acesso em: 14/05/2013. 13 7 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Bauru - SP – 03 a 05/06/2013 disponibilizados em dias específicos da semana que trazem assuntos diferentes dos vlogs inicias, como por exemplo, no canal Desce a Letra, onde existem os episódios semanais onde o vlogger expõe seu ponto de vista sobre alguma reflexão intimista ou sobre algum fato público e o “giro de quinta”, uma espécie de análise feita pelo mesmo vlogger que é diretamente ligado aos acontecimentos jornalísticos ocorridos durante a semana. No cenário norte-americano, já existem festivais específicos de premiação para produções exclusivas da web. Como o Shorty Awards16, que teve entre os vencedores da sua última edição, três brasileiros, nas categorias de “Youtube Star” (Cauê Moura do canal Desce a Letra), “Comedian”(Rafinha Bastos1717) e “Video Blogger” (P.C. Siqueira do canal Maspoxavida). O Shorty Awards é produzido pela Sawhorse Media, uma "startup" de tecnologia com sede em Nova Iorque. Sawhorse também criou e dirige a Rack Muck, uma rede social específicamente desenvolvida para a participação jornalística. Dentre as várias catégorias que o evento Shorty Awards possui, estão as de Jornalismo, Ativismo, Apps, Comida, Gaming, e várias outras. Atentandose para a dedicação de uma categória unicamente voltada para a produção nacional, na categoria chamada: The #Brazil Shorty Award18. Categoria que teve como vencedor, na última edição do festival, Dilma Bolada19. Além do Brasil, outros países também possuem categorias específicas dentro da grade de premiação do festival, como a Irlanda, Canadá, Reino Unido, Argentina, Australia, Indonésia, México e outros. O Hollyweb2020, estabeleceu-se em sua última edição no Raleigh Studios, Chaplin Theater em Hollywood. Com duração de três dias, palestras de produtores e diretores, assim como de estudantes. O LAWebfest21, criado por Michael Ajakew Jr., um escritor, diretor e produtor de teatro, TV e filmes, que deu início em 2008 à produções originalmente pensadas para a Internet. O festival é uma plataforma aberta para atores, roteiristas, diretores e produtores. Promovendo debates e discussões entre os mais ativos e promissores ciberespaço. geradores de conteúdo para a nova cofiguração do Esses dois exemplos são de festivais inteiramente dedicados às produções na Web, são apenas alguns de destaque, vários outros eventos Indies/Underground's ocorrem constantemente no cenário norte-americano de web 16 http://shortyawards.com/. Acesso em: 14/05/2013. https://www.youtube.com/user/rafinhabastos. Acesso em: 14/05/2013. 18 http://shortyawards.com/category/brazil. Acesso em: 14/05/2013. 19 http://dilmabolada.com/. Acesso em: 10/05/2013. 20 http://www.hollywebfestival.com/. Acesso em: 14/05/2013. 21 http://www.lawebfest.com/. Acesso em: 14/05/2013. 17 8 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Bauru - SP – 03 a 05/06/2013 produções. Em contrapartida, festivais e premiações nesse modelo ainda não são realizados com tamanha frequência, ou com o mesmo enfoque midiático e social em território nacional. #E_VC? E SQUARESVILLE: NARRATIVAS JUVENIS Squaresville é uma Websérie norte-americana, atualmente em seu vigésimo terceiro episódio (normalmente disponibilizados nas sextas-feiras), totalizando em torno de 1.420.509 visualizações e 29.957 usuários inscritos. Sendo definida, por seus produtores e responsáveis diretos pela vinculação dos videos em seu respectivo canal no Youtube como: Squaresville é estranho, peculiar, uma websérie indie-teen engraçada adolescente sobre crescer nos subúrbios sem nada para fazer. Cada episódio é repleto de situações engraçadas, personagens estranhos cheios de angústia adolescente, descolados, romance, drama e aventura. Ele aborda as questões universais de crescer incompreendidos, questões adolescentes, questões gays e lésbicas, relacionamentos e amizades, todos com uma luz e uma pitada de “off- kilter”. Squaresville é cheio de comédia, drama, e tudo o que você quer em sua tv online favorita.22 A obra traz vários personagens secundários que vão se apresentando durante a trama e fazendo participações menores no núcleo principal, formado por três jovens, personagens que muitas vezes são vloggers em outros canais ou até mesmo pequenas “celebridades” da web. Esse núcleo é protagonizado por Zelda, Esther e Percy. Zelda, a protagonista da série, uma jovem de cabelos vermelhos, carismática e muito apegada aos amigos, mas com dúvidas sobre seu futuro e incontáveis incertezas sobre suas próprias ações e motivações. Uma das curiosidades a cerca da personagem Zelda, é o fato do nome “Zelda” ser conectado diretamente com uma série de games de plataforma mundialmente famosa (The Legend of Zelda), representando apenas uma dentre tantas outras citações e representações do universo Geek (uma espécie de nerd da Internet) dentro da série. Sua amiga Esther é a “coprotagonista” da websérie, sempre racional e ranzinza, uma garota de estilo Geek e de pouquíssimos amigos. O inseguro Percy é um jovem confuso e atrapalhado, que nunca namorou e se mostra um grande amigo de Zelda e Esther. A trama da primeira temporada se passa, na grande maioria dos episódios, dentro do quarto de Zelda e na escola. Aapesar de não ser citado de forma clara por meio de falas dos 22 Tradução da descrição da wébserie, acessado em 14/05/2013 e disponível em: https://www.youtube.com/user/squaresvilleseries/about 9 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Bauru - SP – 03 a 05/06/2013 personagens durante a série, os personagens frequentam a escola de Grover Cleveland High School, que é localizada em Nova Iorque. Por outro lado, cada episódio da websérie brasileira #E_Vc? (produzida com o apio da Universidade Anhembi Morumbi) traz em seu inicio uma narrativa realizada em voz off intercalada com a fala do próprio personagem em questão, em um enquadramento que remete à uma gravação ou videoconferência realizada por uma webcam. Essa introdução não só traz consigo o título do episódio, como também permite a compreensão do tema central que ira sintetizar a trama construída no decorrer do mesmo episódio, ainda permite um pequeno flash de ações que irá situar os espectadores dentro das ações e acontecimentos da narrativa. Ao término dos episódios, existe a retomada dessa narrativa em voz off do protagonista da vez, realizando uma reflexão acerca da temática explorada durante o próprio episódio e relacionada ao seu título. Essa reflexão culmina em uma pergunta direcionada diretamente ao espectador da série. Os personagens são ambientados em seus quartos e colocados em conjunto, em grande parte dos episódios (assim como a Squareville também faz), mas também circulam pelo ambiente escolar. Se comparada a uma série televisiva, ela obtêm um diálogo próximo ao conceito de episódio, de acordo com a definição de Renata Pallotini (1998). E ao mesmo tempo, para Machado (2005), trata-se de uma única narrativa contada de forma linear no decorrer dos capítulos. Ao término de cada episódio, em ambas as webséries, é exibida uma interface interativa, similar a um quadro de anotações, onde links e hipertextos são adicionados na intenção de possibilitar uma comunicação e interação do espectador com a obra. Surge, por exemplo, como um link, a possibilidade do envio de um vídeo ou comentário de resposta à pergunta final realizada pelo protagonista da série, assim como também surge uma janela que exibe cenas do próximo episódio (janela que também trás um link para o episódio citado). Em especial, no caso da #E_Vc?,existe a possibilidade de assistir pequenos trechos que trazem reflexões dos personagens da série e ilustram traços importantes de suas personalidades, terminando também em uma nova pergunta direcionada ao espectador, que é novamente convidado a enviar um vídeo resposta direcionado ao personagem. Enquanto na Squaresville, existem episódios onde os atores e responsáveis pela produção da série se apresentam e respondem a uma espécie de quiz composto por vídeos enviados pelos espectadores da série. Outro ponto que de distinção das duas 10 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Bauru - SP – 03 a 05/06/2013 obras é o uso de atores profissionais. Enquanto a nacional traz em seu elenco uma grande quantidade de atores “desconhecidos”, a norte-americana apresenta atores que já trabalharam em séries de televisão. Mary Kate Wiles23, atriz que interpreta a personagem Zelda em Squaresville, participou de várias outras produções fora do ambiente virtual. Como por exemplo, a série de televisão The Middle, e em longas e curta metragens de produtoras pequenas ou independentes. Kylie Sparks24, que em Squaresville é Esther, também possuí participações em produtos veinculados à televisão, com participações na série Bones, Greek, Desperate Housewives. Flora Paulita25, a atriz por trás da personagem Nina da websérie # E_Vc?, é uma excessão no elenco da produção nacional, que é composta em sua maioria por atores desconhecidos e até mesmo, não atores como elenco de apoio. REFERÊNCIAS ALVES, Maria Inez Masaro. O adolescente e a TV: o caso da Telenovela Malhação. Campinas, SP, 2000. [s.n.]. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000205780&fd=y MACHADO, Arlindo. A televisão levada à sério. São Paulo : Editora Senac São Paulo, 2005. LEMOS, Andre; CUNHA, paulo (orgs). Olhares sobre a Cibercultura. Sulina, Porto Alegre, 2003; pp. 11-23 LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. (Coleção TRANS) São Paulo: Ed.34, 1994. LUNENFELD, Peter. 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