REFLEXÕES SOBRE A FILOSOFIA DE VILÉM FLUSSER E POSSÍVEIS INSPIRAÇÕES DE SEU TRABALHO PARA PESQUISAS VOLTADAS AO DESIGN E A EMOÇÃO (editado) Schoenacher, Rodrigo; Mestrando; UERJ, Escola Superior de Desenho Industrial Niemeyer, Lucy; Dsc.; UERJ, Escola Superior de Desenho Industrial (...) A ética no design O (...) tema trazido para discussão nesse artigo é o da ética no design e tem como objetivo simplesmente ajudar a compreender a importância que Flusser dá ao papel do designer e sua influência no mundo que nos cerca. (...) até pouco tempo atrás se projetava pensando apenas na utilidade do objeto. A meta era desenvolver algo pragmático, funcional, além de trazer algum aspecto de beleza, que se transformasse numa experiência para o usuário. O designer deve encarar sua atividade com maior responsabilidade para que, dessa forma, a sociedade não caia numa situação onde ninguém responde mais pelos seus respectivos atos (FLUSSER, 2007:200). Ele enfatiza que a questão da moralidade das coisas e da responsabilidade moral do designer adquiriu um novo significado no contexto atual. E oferece pelo menos três razões para explicar seu raciocínio: 1- A primeira é que as instituições que costumavam estabelecer normas para esse tipo de Reflexões sobre a filosofia de Vilém Flusser e possíveis inspirações de seu trabalho para pesquisas voltadas ao design e a emoção questão não têm mais a mesma autoridade de antes, principalmente sobre a produção industrial. Apenas a ciência permanece mais ou menos intacta. As autoridades religiosas, políticas e morais têm cada vez menos credibilidade, muito incentivadas pela destruição do espaço público como o conhecíamos provocado pela revolução das comunicações. Se antes estas instituições ofereciam padrões de conduta a serem seguidos pelas pessoas, hoje não têm mais a mesma autoridade para fazê-lo. 2- A produção industrial, e consequentemente o design, evoluiu de forma a se tornar uma rede complexa que serve de informações a diversas áreas. A quantidade de informações disponíveis supera muito a capacidade individual de memória. Isso torna o processo mais coletivo, ou seja, mais difícil de identificar um único responsável por ele. 3- Antigamente o usuário era considerado, tacitamente, o único responsável pelo mal uso daquele objeto. Atualmente muitos desses objetos não necessitam de interface humana para serem operados. Como tornar robôs responsáveis pelo uso dos produtos? E quem seria o responsável por esse robô: aquele que o criou ou quem instalou seu programa? Flusser (2007, p. 202) levanta a questão de que o desinteresse dos designers por essas questões morais poderá levar a uma total ausência de responsabilidade. A eficiência da câmara de gás nazista durante a Segunda Guerra Mundial é citada pelo autor como o exemplo máximo de como essa falta de responsabilidade pode ser terrível. Sobre esse evento ele diz que “a responsabilidade está diluída a tal ponto que nos encontramos efetivamente numa situação de absoluta irresponsabilidade com relação àquelas ações que procedem da produção industrial”. (FLUSSER, 2007, p. 203) Precisamos ser capazes de buscar um caminho que nos aproxime da solução dos problemas éticos do design, sob o risco de que o exemplo do nazismo seja apenas um dos primeiros estágios da destruição e da autodestruição. O fato de estarmos fazendo essas perguntas, segundo o filósofo, é motivo de esperança. Novamente, para reforçar, esse último trecho não se propõe a entrar na discussão sobre a ética no design, mas simplesmente ilustrar o raciocínio do autor e que relevância ele dá à atividade de projetar objetos e ao designer propriamente dito. É fácil verificar que na teoria proposta peço filósofo, o designer tem papel de protagonista no mundo atual e não pode se esquivar de suas responsabilidades.