Efetividade do tratamento pré-natal para a toxoplasmose congênita: uma metanálise de dados de pacientes individuais (Effectiveness of prenatal treatment for congenital toxoplasmosis: a meta-analysis of individual patients’ data) Rodolphe Thiébaut; Sandy Leproust: Geneviève Chêne; Ruth Gilbert Lancet 2007;369 (9556):115-122 Apresentação: Roberta Calheiros (R2-UTI Neonatal/HRAS/SES/DF) Coordenação: Mauro Bacas www.paulomargotto.com.br Introdução Toxoplasma gondii. Adquirida pela ingestão de: oocistos excretados por gatos, que contaminam o solo e água; Carnes mal-passadas de animais contaminados (Cistos) Transmissão materno-fetal ocorre somente quando a infecção primária ocorre na gestação (já existem relatos de exceções). O risco de transmissão aumenta com a IG em que a infecção materna é adquirida. 1/3 das mães infectadas geram filhos com toxoplasmose A maioria tem o desenvolvimento normal. 4% morrem ou apresentam comprometimento neurológico permanente ou visual bilateral nos primeiros anos de vida. Introdução A infecção na gestação é normalmente assintomática e somente pode ser detectada através de testes sorológicos. Na Europa, exames pré-natais são realizados de rotina para detectar toxoplasmose: Infecção materna pode ser tratada, reduzindo o risco de transmissão; e se houver infecção fetal, o dano pode ser reduzido. Não existe consenso sobre a melhor triagem ou tipo de tratamento. Incertezas entre os benefícios e os efeitos adversos do tratamento pré-natal; Infra-estrutura e custos necessários para implementar triagem pré-natal: Sem triagem; Triagem neonatal; Triagem pré-natal mensal ou trimestral. Introdução Em países que fazem triagem pré-natal, as recomendações para o tratamento variam: França: Espiramicina imediatamente após o diagnóstico materno. Sulfonamida + pirimetamina quando há infecção fetal confirmada ou se a infecção materna for adquirida no final da gestação. a Áustria: sulfonamida + pirimetamina (após a 15 semana de gestação). Espiramicina só se infecção fetal for descartada. Até o momento, 2 revisões sistemáticas avaliaram a efeito do tto pré-natal na transmissão materno-fetal. Nenhum estudo randomizado controlado foi encontrado. Meta-análises sobre o efeito do tto pré-natal não foi possível com estas revisões, pois usaram diferentes métodos analíticos e meio de agregação dos dados. Introdução Alguns estudos observacionais; coortes retrospectivos e uma grande coorte multicêntrico prospectivo. Nenhum destes estudos encontrou um resultado significativo do tto na transmissão materno-fetal, porém nenhum pode excluir os importantes efeitos clínicos. Os achados do tto pré-natal sobre as manifestações clínicas da toxoplasmose congênita foram inconsistentes. Objetivo foi estimar os efeitos do momento e dos diferentes tipos de tto pré-natal no risco de toxoplasmose congênita e nas suas manifestações clínicas nos lactentes, através de uma revisão sistemática usando dados individuais de pacientes para realizar uma meta-análise. Métodos Seleção dos estudos Todos os estudos que identificaram toxoplasmose na gestação através de triagens universais foram selecionados. Análise da transmissão materno-fetal: data do último teste sorológico específico negativo e do 1º positivo; momento do início do tto pré-natal; data do nascimento ou DUM; infecção congênita baseada em teste sorológico específico após o 11º mês de vida. Momentos exatos de realização dos testes e tto foram necessários para reduzir os erros na análise dos dados. Métodos Análise das manifestações clínicas na infância: estudos q preenchiam os critérios acima e baseados em triagem neonatal para toxoplasmose congênita com pelo menos um exame de fundo de olho ou de imagem intracraniana no 1º ano de vida. Foram excluídos estudos com mães antes de 1985, pois somente após essa data teste diagnósticos com IgM foram largamente utilizados. Métodos MEDLINE, EMBASE, PASCAL de 1980 a 2002. Utilizaram também as referências destes estudos para encontrar outros artigos e contactar pesquisadores. Sem restrição de língua. 2 revisores independente leram os resumos dos estudos potencialmente elegíveis e selecionaram os estudos pelos critérios de inclusão. Dados dos estudos foram analisados por 4 revisores antes da inclusão ser confirmada. Métodos Estudos populacionais, seguimento clínico e efeitos do tratamento Foram diferenciadas meta-análises sobre o efeito do tto pré-natal na transmissão materno-fetal e nas manifestações clínicas no primeiro ano de vida. Métodos Transmissão materno-fetal: restringida a mães cuja soro conversão ocorreu na gestação e que foram identificadas na triagem pré-natal. Coortes com triagem neonatal foram excluídos, pois eram menos específicos que o pré-natal para diagnóstico da infecção materna. Foi comparado o risco de transmissão de acordo com o intervalo de tempo entre a soro conversão e o início do tto pré-natal. Também foi analisado o tipo de tto: espiramicina x pirimetamina+sufonamida. As dose não foram analisadas. Infecção congênita foi baseada em testes sorológicos (IgG e IgM). • Persistência de IgG específico além do 11º mês de vida. • Era descartada se IgG indetectável após 2 meses de vida na ausência de tto. • Se natimorto ou aborto, era diagnosticada por PCR do líquido amniótico ou detecção de parasitas em algum tecido; e era descartada se todos os teste negativos. Métodos Manifestações clínicas: limitadas aos estudos europeus de crianças nascidas vivas com toxoplasmose congênita identificada por triagem pré-natal ou neonatal. Estudos sul-americanos foram excluídos, pois o comprometimento ocular foi mais freqüente e intenso que nos europeus. Estudos norte e sul-americanos foram excluídos, pois utilizaram TC para detectar lesões intracranianas (mais sensível que a ecografia). Foram comparados o momento e o tipo de tto prénatal: • Nenhum tto; • Espiramicina iniciada dentro de 5 semanas ou após 5 semanas da soro conversão; • Sulfodiazina + pirimetamina; • Espiramicina seguida de Sulfonamida + pirimetamina. Manifestações clínicas: • Lesões oculares (coriorretinite ou microftalmia) • Lesões intracranianas (calcificações intracranianas ou dilatação ventriculares) detectadas por ecografia no primeiro ano de vida. Outras manifestações não foram analisadas. Métodos 152 estudos EMBASE 91980-2002) 236 estudos MEDLINE (1980-2002) 46 elegíveis 3 estudos Não publicados 33 excluídos: 27: viés de seleção 4: perda de > 50% no seguimento 1: antes de 1980 1: perda de > 50% no seguimento e antes de 1980 13 foram requeridos (33 coortes) 14 incluídos na revisão 6 transmissão (20 coortes, n=1721 mães) 8 sinais clínicos (26 coortes, n=691 cçs) 180 estudos PASCAL (1987-2002) 1 recusou (3 coortes, n=96 mães N=43 crianças) 14 incluídos na meta-análise 4 não responderam (4 coortes, n=291 mães N=48 crianças) ANÁLISE ESTATÍSCA A IG no momento da soro conversão foi considerada em todas as análises. Essa variável foi definida pelas datas do último teste sorológico negativo e do primeiro positivo. Foi considerado o local geográfico (epidemiologia) e o período do estudo (separando os estudos antes do PCR ser usado para o diagnóstico pré-natal – antes de 1991). Não foram avaliados os efeitos da idade materna ou sexo da criança, pois estes dados não existiam na maioria dos estudos. Regressão logística: Transmissão materno-fetal Manifestações clínicas RESULTADOS Não foi encontrado nenhum estudo controlado randomizado. 26 coortes (observacionais) foram incluídos na revisão: 1745 mães infectadas 691 RN infectados 3 coortes do mesmo estudo tinham dados relevantes, mas os pesquisadores não aceitaram participar (96 mães e 43 RN infectados). Pesquisadores de outros 4 estudos não responderam (288 mães e 49 RN infectados). Estudos com triagem pré-natal variaram de testes mensais a trimestrais para as mães suscetíveis. O risco de transmissão materno-fetal variou entre os estudos principalmente pela diferença na IG da soroconversão materna. Resultados O risco de morte fetal nas mães infectadas (1745) foi baixo (2%), incluindo natimortos (n=13) e aborto terapêutico (n=22). 4 estudos fora da Europa, que se basearam em triagem neonatal, foram excluídos (141 cçs infectadas). O risco de infecção ocular diagnosticada no primeiro ano de vida foi muito maior nos estudos sulamericanos (47%, 18 de 38) do que nos europeus (14%, 79 de 550). O estudo de Massachusetts foi intermediário (27%, 28 de 103). O risco de lesões intracranianas detectadas por TC foi muito maior nos estudos norte (19%, 19 de 103) e sulamericanos (53%, 20 de 38) do q os europeus (9%, 49 de 550), onde ecografia foi utilizada. Resultados Ao todo: 1721 mães infectadas, 506 cçs infectadas, 20 coortes. 24 mulheres (e 1 criança infetada) foram excluídas pois iniciaram tto pré-natal antes do resultado da sorologia positiva. A taxa de transmissão materno-fetal pela IG da soro conversão: 15% com 13 semanas, 44% com 26 semanas, 71% com 36 semanas Os resultados foram similares quando excluídos dados obtidos por triagem neonatal. Resultados A primeira análise foi baseada em 1438 mães infectadas que foram tratadas durante a gestação (de 18 coortes com triagem pré-natal), sendo 398 cçs infectadas. O tto mais precoce começou depois da soroconversão. Mães tratadas antes de 8 semanas da soroconversão tendem a ter uma menor chance de transmissão que depois 8 semanas, particularmente se o tto for iniciado dentro de 3 semanas. O tipo de tto não teve diferença significativa. Os efeitos do momento e do tipo do tto não se alterou com a IG da soro conversão. As chances de transmissão diminuíram significativamente com o aumento da latitude. Resultados Foram obtidos dados sobre manifestações clínicas de lactentes infectados de 26 coortes. De 691 lactentes infectados, aproximadamente ¼ desenvolveu lesões intracranianas, oculares ou ambos no primeiro ano de vida. Quando a amostra foi limitada à Europa (550 cçs), 105 (19%) desenvolveram pelo menos um tipo, 79 (14%) com lesões oculares, e 49 (9%) com lesões intracranianas. As chances de manifestações clínicas diminuíram quanto mais tardia foi a soro conversão materna. As chances de lesões intracranianas diminuíram A diminuição das lesões oculares foram menos freqüentes Não houve diferença significativa quando a mãe era ou não tratada, e entre o uso de espiramicina, sulfadiazinapirimetamina ou sem tto. Entretanto, lactentes cujas mães foram tratadas com espiramicina seguida de sulfadiazina-pirimetamina tiveram uma chance maior de não ter manifestações clínicas que aqueles tratadas apenas com sulfadiazina-pirimetamina. Os efeitos do tto pré-natal não se alteraram com a IG da soro conversão. DISCUSSÃO Fraca evidência de aumento do risco de transmissão materno-fetal quando o tratamento (tto) tardio era iniciado após soroconversão materna. Efeito protetor do tto precoce Confusão causada pela seleção de tto de mães com alto risco para infecção fetal, com diagnóstico tardio. Não foi encontrada evidência que o tto pré-natal reduz significativamente o risco de manifestações clínicas em RN infectados (OR:1,11,95% IC:0,61-2,02) Aumento da IG da soroconversão teve uma forte associação com a transmissão materno-fetal (OR:1,15;95% IC:1,12-1,17) e com menor risco de lesões intracranianas (OR:0,91;95% IC:0,87-0,95), mas limitado com lesões oculares (OR:0,97;95% IC:0,93-1,00). Discussão Não foi possível encontrar nenhuma meta-análise anterior sobre o efeito do tto pré-natal para a toxoplasmose congênita. Quase todos coortes elegíveis foram incluídos, porém três com dados apropriados se recusaram participar. Outros quatro não puderem ser escolhidos devido a viés de seleção e por serem realizados antes de 1985. Analisando dados dos pacientes individualmente, foi possível examinar os efeitos das diferentes propostas de tto dentro e entre os coortes. Métodos estatísticos foram utilizados para reduzir viés e estimar erros em algumas variáveis. Discussão A maior limitação do estudo foi que os resultados do tto pré-natal poderiam ser parcialmente explicados por viés na forma que os coortes foram incluídos ou excluídos. Embora ajustes na confusão da IG na soroconversão, não foi possível evitar todos os vieses. Na análise da transmissão materno-fetal, apenas coortes com triagem pré-natal foram utilizados, pois todos tinham vários testes, várias amostras para confirmar a infecção materna. Foram excluídos coortes com triagem neonatal, pois testes retrospectivos com uma única amostra armazenada do período pré-natal poderiam causar falso-positivos, e com isso reduziriam o risco de transmissão nas mães não tratadas. Discussão Não foi possível investigar o efeito potencial da perda dos dados nos resultados. Foram excluídos os coortes americanos devido as diferenças entre as doenças, o risco de manifestações clínicas, as características do parasita e na forma que as lesões intracranianas são avaliadas. Se o tto pré-natal tem efeito ou não nas manifestações clínicas ou na transmissão não está claro. Evidências válidas de qualquer benefício do tto prénatal deve ser obtido através de um grande estudo clínico randomizado controlado. Effectiveness of prenatal treatment for congenital toxoplasmosis: a metaanalysis of individual patients' dataRodolphe Thiébaut, Sandy Leproust, Geneviève Chêne, Ruth Gilbert. The Lancet. London: Jan 13-Jan 19, 2007. Vol. 369, Iss. 9556; pg. 115, 8 pgs Abstract (Summary) Despite three decades of prenatal screening for congenital toxoplasmosis in some European countries, uncertainty remains about the effectiveness of prenatal treatment. We did a systematic review of cohort studies based on universal screening for congenital toxoplasmosis. We did a meta-analysis using individual patients' data to assess the effect of timing and type of prenatal treatment on mother-to-child transmission of infection and clinical manifestations before age 1 year. Analyses were adjusted for gestational age at maternal seroconversion and other covariates. We included 26 cohorts in the review. In 1438 treated mothers identified by prenatal screening, we found weak evidence that treatment started within 3 weeks of seroconversion reduced mother-to-child transmission compared with treatment started after 8 or more weeks (adjusted odds ratio [OR] 0.48, 95% CI 0.28-0.80; p=0.05). In 550 infected liveborn infants identified by prenatal or neonatal screening, we found no evidence that prenatal treatment significantly reduced the risk of clinical manifestations (adjusted OR for treated vs not treated 1.11, 95% CI 0.61-2.02). Increasing gestational age at seroconversion was strongly associated with increased risk of mother-to-child transmission (OR 1.15, 95% CI 1.12-1.17) and decreased risk of intracranial lesions (0.91, 0.87-0.95), but not with eye lesions (0.97, 0.93-1.00). We found weak evidence for an association between early treatment and reduced risk of congenital toxoplasmosis. Further evidence from observational studies is unlikely to change these results and would not distinguish whether the association is due to treatment or to biases caused by confounding. Only a large randomised controlled clinical trial would provide clinicians and patients with valid evidence of the potential benefit of prenatal treatment. 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Margotto [email protected] www.paulomargotto.com.br 2007 Exercício da Medicina Baseado em Evidências Exercício da Medicina Baseado em Evidências MRE • Conhecimento da Estrutura de um estudo da Avaliação de um tratamento: Resultados Total Evento Não Evento Sim (tratado) a b n1 Não (tratado) c d n2 Exposição Medidas do efeito de tratamento: RR (Risco Relativo): a/n1 c/n2 RRR (redução do Risco Relativo): 1 – RR DR (Diferença de Risco): a/n1 – c/n2 Número necessário para tratamento (NNT): Margotto, PR (ESCS) 1 . Diferença de risco www.paulomargotto.com.br Exercício da Medicina Baseado em Evidências RR = 1 (sem efeito no tratamento) RR < 1 ( o risco de evento é menor no grupo tratado) Ex.: Redução do DAP (ductus arteriosus patente) no grupo exposto a menor ou maior oferta hídrica RR = 0,40 (IC 95% : 0,26 – 0,63): não contém 1 (é significativo) RRR = 1 – RR = 1 – 0,40 = 0,60 x 100 = 60 % (redução de 60% do DAP no grupo com menor oferta hídrica) DR: - 0,19 NNT = 5,3 ( o nº necessário para tratar com restrição hídrica para prevenir um caso de DAP é 5,3) Margotto, PR (ESCS) www.paulomargotto.com.br Exercício da Medicina Baseado em Evidências Hemorragia peri/intraventricular (HP/HIV): grupo com menor x maior oferta hídrica: RR = 0,94 (IC a 95% : 0,52 – 1,72) RRR = 1 – 0,94 = 0,06 x100 = 6% DR = - 0,011 NNT = 90,9 Interpretação: - A ingesta hídrica não afetou a incidência de HP/HIV (no intervalo de confiança do RR contém o 1, que quando presente significa nulidade da associação) - A restrição hídrica diminui a HP/HIV (não significativo) - É necessário restringir líquido em 90,9 RN para evitar a ocorrência de 1 caso de HP/HIV Quanto melhor o tratamento, menor o NNT Margotto, PR (ESCS) www.paulomargotto.com.br Exercício da Medicina Baseado em Evidências Uso da dexametasona no tratamento da Displasia broncopulmonar (DBP) e efeito colateral - Hiperglicemia : RR = 1,27 (IC a 95%: 0,99 – 1,63). Há um aumento da glicemia em 27% dos pacientes (1,25 x 100 = 127: 100 + 27). Não significativo, pois o IC contem a unidade - Hipertrofia do miocárdio: RR = 9,0 (IC a 95%: 1,2 – 67,69). Aumento significativo de 9 vezes (o intervalo não contém a unidade) Margotto, PR (ESCS) www.paulomargotto.com.br Exercício da Medicina Baseado em Evidências A apresentação dos Dados: Vejam a apresentação dos resultados: RR (95% IC) Ingesta hídrica menor x maior Ductus arteriosus patente Hemorragia peri/intraventricular Efeitos colaterais do uso da dexametasona na DBP Hiperglicemia Hipertrofia do miocárdio 1 1 Quando a linha horizontal estiver a esquerda (RR<1) redução do evento; quando à direita (RR> 1): aumento do evento Toda vez que a linha horizontal tocar a linha vertical significa que o RR não é significativo Margotto, PR (ESCS) www.paulomargotto.com.br Exercício da Medicina Baseado em Evidências Risco Relativo/Odds Ratio • Intervalo de confiança: » Estima a magnitude da associação » Informa a variabilidade da estimativa (através da amplitude dos limites inf e sup) Exemplo: Redução do ductus arteriosus patente no grupo exposto a menor ou maior oferta hídrica RR = 0,40 (IC a 95% 0,26 – 0,63) não contém o 1 (é significativo na p< 0,05) RRR = 1– 0,40 = 0,60 x 100 = 60 % (redução do DAP no grupo com menor oferta hídrica) reduz entre 37 – 74%) NNT = 5,3 ( o nº necessário para tratar com restrição hídrica para prevenir um caso de DAP é 5,3) Margotto PR, ESCS www.paulomargotto.com.br Exercício da Medicina Baseado em Evidências Risco Relativo/Odds Ratio: p x IC Intervalo de confiança: Estima magnitude da associação Informa a variabilidade da estimativa (através da amplitude dos limites inf e sup.) Exemplo: Estudo A Estudo B Evento Evento Tratamento + Tratamento + Sim 323 677 1000 Sim 8 Não 359 641 1000 Não 16 682 1318 2000 24 RR = 0,90 IC 95% : 0,80 – 1,02 P = 0,10 42 50 34 50 76 100 RR = 0,50 IC 95% : 0,24 – 1,06 Sem diferença significativa: com IC grande: estudo pequeno para precisar efeito no tratamento com IC pequeno: improvável grande efeito benéfico do tratamento Margotto PR, ESCS Kennedy KA, Frankowski Clin Perinatol 30 (2003) Exercício da Medicina Baseado em Evidências Risco Relativo/Odds Ratio Estudo A: RR = 0,90 (IC 95%.: 0,80 – 1,02) (n=2000) Estudo B: RR = 0,50 ( IC 95%.: 0,24 – 1,06) (n=100) A: RRR = 1 – 0,90 = 10% (reduz até 20%; pode >2%) B: RRR = 1 – 0,5 = 50% (reduz até 76%, mas podendo aumentar 6%) Efeito pequeno/ não existente O efeito no tratamento não pode se avaliado (amostra pequena) Margotto PR, ESCS Kennedy KA, Frankowski, 2003 Exercício da Medicina Baseado em Evidências Risco Relativo/Odds Ratio NNT: N º necessário para tratamento (expressa o beneficio do tratamento) Grandes Ensaios randomizados resultados estatísticos significativos (mesmo quando a magnitude da diferença benefício - é pequena): O clínico deve decidir se a magnitude do benefício justificar os custos e os efeitos adversos. Ex: Tratamento A (n=400) B (n=200) RR = 0,80 0,80 NNT = 20 100 São necessários tratar 100 RN para evitar 1 dano Margotto PR, ESCS Kennedy KA, Frankowski RF, 2003 Muito obrigado! www.paulomargotto.com.br