UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO QUALITTAS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATU SENSU EM HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL IRRADIAÇÃO EM ALIMENTOS Érica Flávia de Sá e Silva Rio de Janeiro, mar. 2007 1 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO QUALITTAS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATU SENSU EM HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL IRRADIAÇÃO EM ALIMENTOS Trabalho monográfico de conclusão do curso de Especialização Latu Sensu em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal (TCC), apresentado à UCB/ QUALITTAS como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal, sob a orientação da Profª Cláudia Emília Teixeira. Rio de Janeiro, mar. 2007 2 IRRADIAÇÃO EM ALIMENTOS Elaborado por Érica Flávia de Sá e Silva Aluna do Curso de Especialização Latu Sensu em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal UCB/QUALITTAS Foi analisado e aprovado com grau: .............................. Rio de Janeiro, _____ de ___________________de _______. _____________________________________ Profª Orientadora Cláudia Emília Teixeira Rio de Janeiro, mar. 2007 3 SILVA, Érica Flávia de Sá e IRRADIAÇÃO DE ALIMENTOS Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization), cerca de 25% de toda a produção mundial de alimentos se perde pela ação de microrganismos, insetos e roedores. Apesar dos grandes esforços em evitar a contaminação e do aumento na segurança dos alimentos oferecidos ao consumo, os perigos e riscos microbiológicos continuam existindo, resultando em números expressivos de ocorrências de DTA´s (Doenças Transmitidas por Alimentos). De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), distúrbios diarréicos são responsáveis por aproximadamente 25% das causas de mortalidade em países em desenvolvimento, sendo que em até 70% dos casos tais distúrbios são de origem alimentar. Além disso, a germinação prematura de raízes e tubérculos condena ao descarte toneladas desses produtos sendo mais freqüente em países de clima quente. Esses fatores influenciam também na questão econômica tornando-se, portanto, um grande incentivo para o uso da irradiação de alimentos, representando uma alternativa mais eficaz na preservação e melhoramento da qualidade dos alimentos, já que a tecnologia não visa apenas o combate de microrganismos, mas também a desativação do brotamento em raízes e tubérculos, o atraso no tempo de maturação dos produtos e conseqüentemente o aumento no tempo de prateleira dos mesmos, diminuindo assim as perdas e os prejuízos causados pela mesma. Este trabalho teve o intuito de realizar uma revisão de literatura sobre o uso da irradiação em alimentos, com ênfase no uso desta tecnologia em carne de aves. Com este trabalho concluiu-se que a principal limitação ao uso e à expansão desta técnica no Brasil está na falta de conhecimento e de informações sobre a mesma por parte dos consumidores, que muitas vezes, erroneamente confundem a irradiação dos alimentos com radioatividade, o que causa rejeição aos alimentos tratados por esta tecnologia. 4 SUMÁRIO Página Resumo ............................................................................................................ iii Índice de figuras e tabelas ................................................................................ v Parte 1. Introdução ..................................................................................................... 1 2. Revisão bibliográfica ..................................................................................... 4 2.1. Histórico 2.2. Radiação 2.3. Irradiação 2.4. Irradiação em carne de aves 2.5. Legislação 2.6. Irradiação X consumidores 2.6.1. Vantagens do uso de irradiação 2.6.2. Desvantagens do uso de irradiação 2.6.3. Aceitação dos consumidores 3. Conclusão ................................................................................................. 34 Referências bibliográficas .............................................................................. 36 5 ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS 1. Figura 1: Esquema do irradiador de alimentos ............................................. 13 2. Tabela 1: Alimentos, doses aplicadas e os efeitos da irradiação ................ 15 3. Figura 2: Radura, símbolo internacional da irradiação de alimentos ……… 26 6 1. INTRODUÇÃO Desde os primeiros tempos as pessoas procuram cuidar melhor de seus alimentos utilizando variados métodos de preservação, controlando a deterioração, a infestação por insetos e roedores e até mesmo a transmissão de doenças a partir dos mesmos (Borges et al., 2003). Apesar dos grandes esforços em evitar a contaminação e do aumento na segurança dos alimentos oferecidos ao consumo, os perigos e riscos microbiológicos continuam existindo, resultando em números expressivos de ocorrências de DTA´s (Doenças Transmitidas por Alimentos) causadas, principalmente, por bactérias patogênicas não esporuladas em vários países. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), distúrbios diarréicos são responsáveis por aproximadamente 25% das causas de mortalidade em países em desenvolvimento, sendo que em até 70% dos casos tais distúrbios são de origem alimentar (Spoto et al., 2000; Spolaore et al., 2001). BORGES et al. (2003) relatam que de acordo com o GCIIA (Grupo Consultivo Internacional sobre Irradiação de Alimentos) estudos realizados pelo Centro para o Controle de Doenças dos EUA indicam que DTA´s causadas principalmente por bactérias patogênicas, tais como, Salmonella, Escherichia coli e Campylobacter, assim como, a Trichinae e outros parasitas causam anualmente cerca de 7000 mortes, e entre 24 e 81 milhões de casos de diarréia, envolvendo um prejuízo entre 5 e 17 bilhões de dólares, sendo um 7 problema ainda mais grave para os países em desenvolvimento cujas economias dependem, na maioria das vezes, da produção agrícola e de alimentos. Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization), cerca de 25% de toda a produção mundial de alimentos se perde pela ação de microrganismos, insetos e roedores. Estima-se que cerca de 50% dos produtos perecíveis como carne e frango, peixes e frutos-do-mar, frutas e vegetais sejam perdidos antes de chegarem ao consumidor final. A OMS alerta que 70% das 3,2 milhões de mortes anuais de crianças são provocadas por microrganismos encontrados em alimentos (Mello, 2000; Spolaore et al., 2001; Boaventura, 2004). De acordo com os mesmos autores a germinação prematura de raízes e tubérculos condena ao descarte toneladas desses produtos, sendo mais freqüente em países de clima quente. Esses fatores influenciam também na questão econômica tornando-se, portanto, um grande incentivo para o uso da irradiação de alimentos, representando uma alternativa mais eficaz na preservação e melhoramento da qualidade dos alimentos, já que a tecnologia não visa apenas o combate de microrganismos, mas também a desativação do brotamento em raízes e tubérculos, o atraso no tempo de maturação dos produtos e, conseqüentemente, o aumento no tempo de prateleira dos mesmos, diminuindo assim as perdas e os prejuízos causados pela mesma. 4 CHIRINOS et al. (2002), acrescentam que a irradiação se tornou uma importante ferramenta na indústria alimentícia não só como método de preservação, mas também para aumentar a segurança dos alimentos. BOAVENTURA (2004) relata ainda que a irradiação apresenta efeito sobre as micotoxinas que além de intoxicação alimentar podem causar também outras doenças mais sérias e até mesmo o câncer. Atualmente a irradiação promete melhorar a conservação dos alimentos e, ao mesmo tempo, reduzir a incidência de DTA´s (Irradiação, 1999). SPOTO et al. (2000), acrescentam ainda que a irradiação de alimentos é um procedimento eficiente e seguro. Assim a irradiação de alimentos é uma tecnologia em expansão, sendo utilizada em escalas comerciais por vários países pela necessidade de gêneros alimentícios seguros, devido à crescente demanda mundial, a competitividade do comércio internacional que exige altos padrões de qualidade para os mesmos reduzindo as perdas por deterioração e prevenindo as DTA´s, (EMBRARAD, 2001; Spolaore et al. ,2001; Taipina et al., 2003). Sendo isso exposto, o objetivo do presente trabalho foi realizar uma breve revisão bibliográfica sobre irradiação em alimentos, com ênfase em carne de aves. 5 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Histórico A irradiação é uma tecnologia de preservação de alimentos que despertou o interesse dos pesquisadores em saúde pública há mais de 100 anos e começou a ser utilizada logo após a descoberta da radioatividade pelo francês Henry Becquerel, em 1895. Nos Estados Unidos, o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussets) vem realizando pesquisas nessa área desde 1899 e em 1905 as primeiras patentes desse processo com a finalidade de eliminar as bactérias foram adquiridas nos EUA e na Inglaterra. Cientistas alemães e franceses mostraram interesse pelo assunto a partir de 1914 (Mello, 2000; Boaventura, 2004). Em 1929 na França foi lançada uma patente para a preservação de alimentos por meio de processamento com radiação de alta energia. Entretanto, os resultados dessas pesquisas não foram satisfatórios, pois o processo de irradiação provocava alterações que comprometiam a aceitação do produto pelos consumidores (Mello, 2000; Miyagusku et al., 2003). Em 1950, quando as Forças Armadas norte-americanas procuravam uma alternativa para a conservação de alimentos destinados às tropas que reduzisse a necessidade de refrigeração, foi desenvolvido nos EUA um programa coordenado pela Comissão 6 de Energia Atômica com pesquisas aplicadas à irradiação de alimentos, no qual benefícios trazidos por tal procedimento foram relatados. Em 1955 o Departamento Médico do Exército Americano avaliou a segurança dos alimentos comumente irradiados na dieta americana (Spolaore et al., 2001; Boaventura, 2004). Após muitas pesquisas o FDA (Food and Drug Administration) só autorizou na década de 60 o emprego da irradiação em batatas, farinha de trigo e trigo destinados à alimentação humana. Em 1970, a NASA (National Aeronautics and Space Administration) adotou a irradiação de carnes para o consumo no espaço, prática que se estende até os dias de hoje. Em 1980, a FDA seguiu aprovando o uso em especiarias e temperos, frutas frescas, carne suína, substâncias secas e desidratadas. Entretanto, só em 1990, aprovou o uso em carcaças de frango estendendo a utilização desta tecnologia para diversos alimentos (Spolaore. et al., 2001; Ornellas et al., 2006) SANTOS et al. (2003) acrescentam que em 1997 esse mesmo órgão aprovou o uso da irradiação em carnes vermelhas refrigeradas e congeladas e relatam ainda que, segundo GOULD (1996), a Ásia e a Europa já usam normalmente a irradiação para frutos do mar, principalmente para camarão. Nos EUA as agroindústrias podem irradiar a carne vermelha desde fevereiro de 2000, a carne de frango já vem sendo irradiada desde 1993 e a suína recebe o tratamento há mais tempo, desde 1985. Embora a técnica seja utilizada já há algum tempo no setor, a oferta de carne irradiada está ao alcance de mercados limitados (Antunes, 2001). 34 ORNELLAS et al. (2006) relatam que no Brasil, as primeiras pesquisas com irradiação de alimentos foram feitas da década de 50, pelo CENA (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) em Piracicaba (SP). A irradiação foi aprovada no Brasil em 1973 pelo Decreto nº 72718, posteriormente, a Legislação Brasileira regulamentou a irradiação de vários produtos através das Portarias nº 9 de 1985 e nº 30 de 1989 (BRASIL, 1973; Reis, 2001). Mas mesmo assim, na década de 80, o uso da irradiação para conservação de alimentos se restringia quase que exclusivamente em estudos nas instituições de pesquisas, uma vez que o país contava com um número restrito de especialistas (Ornellas et al., 2006) Atualmente, com a Resolução RDC nº 21 de 26/01/2001 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que aprovou o regulamento técnico para irradiação de alimentos e revogou as Portarias nº 09 de 08/03/1985 e nº 30 de 25/09/1989, este quadro começou a mudar revisando e ampliando o uso deste processo para diversos gêneros alimentícios (Antunes, 2001; BRASIL, 2001). A partir de 1964, a OMS em conjunto com a FAO e a IAEA (International Atomic Energy Agency) começou a acompanhar os resultados dos estudos realizados em irradiação de alimentos, através de uma série de reuniões com especialistas de diversos países do mundo. Já em 1980 estas organizações posicionaram-se favoravelmente sobre a salubridade de alimentos irradiados desde que submetidos a uma dose máxima de 10 kGy (quilogray). Em setembro de 1997 houve a última reunião onde ficou estabelecido que a OMS aprovava e recomendava a irradiação de alimentos em doses 35 que não comprometessem suas características sensoriais. A irradiação de alimentos, com os níveis de tratamento dentro desta faixa, é utilizada mundialmente até os dias de hoje em muitos países (Irradiação, 1999; Mello, 2000; Chirinos et al., 2002). Os países membros da FAO, WHO (World Health Organization) e IAEA estabeleceram um novo órgão internacional em 1990, o ICGFI (International Consultative Group on Food Irradiation), para documentar, atualizar as informações e fornecer subsídios tecnológicos e científicos para a aprovação internacional de irradiação de alimentos. Desde então, todo o progresso da irradiação de alimentos tem sido tema de várias conferências internacionais abordando aspectos da saúde pública, segurança microbiológica, transformações químicas, instalações e tecnologia de irradiadores, assim como, esclarecimentos aos consumidores e regulamentação de produtos e dosagens (Miyagusku et al., 2003; Azevedo et al., 2004). De acordo com o ICGFI, nos últimos anos, a radiação tem se destacado como técnica promissora entre os recursos atuais disponíveis para a preservação de alimentos. Cerca de 500 milhões de toneladas por ano de vários produtos alimentícios são irradiados em todo mundo. Países como Argentina, Bélgica, Chile, Dinamarca, Estados Unidos, França, Hungria, Holanda, Japão e outros, utilizam a irradiação para diminuir o risco de toxinfecções alimentares e aumentar a shelf-life de seus alimentos. Parcela significativa dos norte-americanos já consome carnes e frutas irradiadas e na América do Sul, a Argentina vende para o Mercosul, morangos, cebolas e frangos irradiados (França, 2000; Miyagusku et al., 2003). 36 2.2. Radiação A radiação já é utilizada em escala comercial há mais de 40 anos, contando hoje com plantas operacionais em vários países (EMBRARAD, 2001). Em um sentido amplo, a radiação irradia, ou seja, emite raios a partir de uma fonte, natural ou artificial, propagando-se em um meio material ou no vácuo, de um ponto a outro (Radiação, 2000). As radiações podem ser classificadas como partículas, sendo caracterizadas por sua carga, massa e velocidade como carregadas ou neutras, leves ou pesadas, lentas ou rápidas (ex: radiação alfa, beta e nêutrons), ou como ondulatória, constituída por campos eletromagnéticos, sendo caracterizada pela amplitude (tamanho), pela freqüência ou pelo comprimento de onda da oscilação. A velocidade de propagação da radiação eletromagnética num dado meio é sempre constante, atingindo seu valor máximo no vácuo (cerca de 300.000 km/s). As ondas de rádio, a luz visível, os raios X e gama são exemplos de radiação eletromagnética (Radiação, 2000; USP/CENA, 2002). A radiação pode ainda ser de 2 tipos: a. Radiação não ionizante – é aquela cuja energia não é suficente para arrancar elétrons dos átomos, pode até ocorrer a excitação do átomo e seus elétrons serem levados às suas camadas mais externas, sem serem ejetados. Como exemplos temos a faixa de freqüência mais baixa do UV (UV-A ou UV próximo), as 37 radiações dos monitores de computador CRT (Cathode Ray Tube), de celulares, radiofreqüências. b. Radiação ionizante - é a radiação cuja energia é capaz de ionizar átomos e moléculas, ou seja, quando a energia incidente sobre um material é suficiente para arrancar elétrons de seus átomos, produzindo partículas carregadas eletricamente chamada íons. A radiação eletromagnética ultravioleta (excluindo a faixa inicial da radiação ultravioleta) é ionizante. Partículas como os elétrons e os prótons que possuam altas energias também são ionizantes. São exemplos de radiação ionizante as partículas alfa, partículas beta (elétrons e posítrons), os raios gama, raios X e nêutrons (Radiação, 2000; EMBRARAD, 2001). A radiação alfa é semelhante a átomos de hélio, sem os dois elétrons na camada externa e com carga positiva. Suas partículas são de tamanho grande perdendo rapidamente sua energia ao colidirem com a matéria, apresentando, portanto, pouca capacidade de penetração sendo bloqueadas pela primeira camada da pele ou por uma folha de papel. As radiações beta são, basicamente, elétrons mais penetrantes que são ejetados dos núcleos em alta velocidade, muito menores que as partículas alfa, podendo penetrar de 1 a 2 cm na água ou na carne humana, mas não ultrapassam uma folha de alumínio com alguns milímetros de espessura. Os nêutrons possuem alta energia e um grande poder de penetração, podendo inclusive produzir elementos radioativos, processo este denominado de ativação. Por isto mesmo não são utilizados na irradiação de alimentos. A radiação gama é altamente penetrante, apresenta o comprimento de onda 38 muito curto, podendo atravessar um bloco de chumbo de pequena espessura, mas não deixa resíduos nos materiais de forma que estes não se tornam radioativos. Os raios X são relativamente menos penetrantes que a radiação gama, tendo como inconveniente o baixo rendimento em sua produção, pois somente de 3 a 5% da energia aplicada é efetivamente convertida em raios X (Irradiação, 1999; EMBRARAD, 2001; USP/CENA, 2002; Noções, 2004). Os tipos de radiações ionizantes utilizados no tratamento de materiais se limitam aos raios X, gama e também elétrons acelerados (USP/CENA, 2002). DIEHL apud Santos et al. (2003) relata que a radiação gama pode ser utilizada na inibição do brotamento em cebolas, batatas, retardamento do amadurecimento de frutas e vegetais e na pasteurização e esterilização de vários produtos alimentícios devido a sua alta capacidade de penetração. Já as irradiações produzidas pelos raios X e feixes de elétrons apresentam poder de penetração menor, o que dificulta seu emprego na área de alimentos, embora de acordo com SPOLAORE et al. (2001), sejam empregados para grandes volumes de pequenos produtos alimentícios com eficácia como o caso de grãos. De acordo com a RDC nº 21 de 26 de janeiro de 2001, radiação ionizante é qualquer radiação capaz de promover a ionização de átomos de materiais submetidos a ela sendo que, para o mesmo regulamento, a fim de garantir a segurança dos alimentos expostos à mesma, são consideradas apenas as radiações abaixo 39 do limiar capaz de causar reações nucleares que poderiam induzir radioatividade nos mesmos (BRASIL, 2001). LEAL (2005) descreve a radioatividade como a capacidade que certos elementos apresentam de emitirem radiação ionizante. As radiações podem ser emitidas por elementos químicos com núcleos atômicos instáveis ou por equipamentos construídos pelo homem. Elementos químicos radioativos podem ser encontrados na natureza (como o urânio, rádio ou o tório) ou produzidos pelo homem através de reações específicas em aceleradores de partículas ou reatores nucleares. Aceleradores de partículas e tubos de raios X são fontes de radiação sem a utilização de elementos químicos radioativos. Quando desligados, aceleradores e tubos de raios X não emitem radiação alguma (Radiação, 2000). No Brasil de acordo com a RDC nº 21 de 26 de janeiro de 2001, as fontes de radiação devem ser autorizadas pela CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e seguir os seguintes padrões: a. Isótopos radioativos emissores de radiação gama: Cobalto 60 e Césio 137; b. Raios X gerados por máquinas que trabalham com energias de até 5 MeV (Megaelétron-Volts); c. Elétrons gerados por máquinas que trabalham com energias de até 10 MeV (BRASIL, 2001). 2.3. Irradiação 40 A irradiação é a energia emitida a partir de uma fonte de radiação ionizante, em forma de raios X, gama ou feixes de elétrons acelerados, a maior parte desta energia simplesmente atravessa o produto, semelhantemente às microondas, sem deixar resíduo. A quantidade ínfima de energia que não atravessa o alimento é retida em forma de calor, de forma que o alimento não se torna radioativo e nem apresenta variações consideráveis em sua temperatura (Spolaore et al., 2001; Boaventura, 2004). De acordo com a RDC nº 21 de 26 de janeiro de 2001 a irradiação de alimentos é um processo físico de tratamento que envolve a exposição dos alimentos a doses controladas e distintas de radiação ionizante para os diferentes gêneros alimentícios, já embalados ou a granel. Essa energia eletromagnética penetrará nos alimentos com finalidades sanitária, fitossanitária e tecnológica, ainda de acordo com esta mesma resolução, a dose mínima absorvida pelo alimento deve ser o suficiente para alcançar a finalidade pretendida e a dose máxima deverá ser inferior àquela que comprometeria as propriedades funcionais e/ou os atributos sensoriais do alimento (BRASIL, 2001). SANTOS et al. (2003) descrevem a irradiação como um método de pasteurização a frio, porque a variação de temperatura nos alimentos processados é insignificante, e a energia necessária no tratamento por irradiação é cerca de 50 vezes menor da requerida no tratamento pelo calor para controlar as DTA´s causadas por microrganismos patogênicos, parasitas e insetos, principalmente, em alimentos que são consumidos crus ou parcialmente processados. 41 DANTAS (1998) relata que a irradiação é feita em uma câmara especial de concreto com paredes de 2 m de espessura e portas de chumbo, que não permitem que a radiação atinja o meio ambiente ou os operadores, sendo a fonte radioativa encapsulada em tubos de aço inoxidável. Quando a instalação não está em funcionamento os mesmos permanecem dentro de uma piscina, cuja água absorve a energia da radiação, protegendo os operadores caso precisem entrar na câmara, existindo na mesma dispositivos de travamento e alarme que impedem que a fonte de irradiação se eleve da piscina caso as portas da câmara não estejam devidamente fechadas. Os alimentos, embalados ou a granel, são movimentados para dentro e para fora da câmara através de esteiras, onde passarão pelo campo de radiação de forma controlada com precisão para absorver a quantidade de energia necessária para o tratamento. Sendo tudo isso controlado pelos operadores através de um console situado fora da câmara de irradiação. 42 FIGURA 1: ESQUEMA DO IRRADIADOR DE ALIMENTOS. Fonte: Brasil Nuclear. DANTAS, V. Abr.-jun. 1999, p. 22-3. ANTUNES (2001) acrescenta que os raios gama são os mais utilizados para alimentos. Sendo importante destacar também que a dose de energia nuclear que o alimento recebe não fica armazenada nele, apenas o atravessa, ou seja, o alimento não se torna radioativo. Essa quantidade de energia é controlada por meio da intensidade da radiação e pelo tempo de exposição do produto à mesma. De acordo com a USP/CENA (2002) o processo de irradiação é influenciado pela temperatura, umidade e tensão de oxigênio do meio, assim como, pelo estado físico do material a ser irradiado. Por 43 este motivo para cada produto a ser irradiado são estabelecidos procedimentos específicos e diferentes doses de irradiação. Ainda de acordo com os mesmos e descritos também pela EMBRARAD (2001) e por MIYAGUSKU et al. (2003) as dosagens recebidas pelos alimentos podem ter finalidades diferentes e serem classificadas como: a. Radurização: Utiliza doses baixas (em média de 50 a 1000Gy, sendo a energia absorvida pelo alimentos, podendo dizer que 1Gy equivale a 1 Joule/Kg; onde, 1Gy = 0,001kGy.) com a finalidade de inibir brotamentos (batata, cebola, alho,etc), retardar o período de maturação (frutas) e de deterioração fúngica de frutas e hortaliças (morango, tomate, etc), controle de infestação por insetos e ácaros (cereais, farinhas, frutas, etc) e controle de parasitas em carnes frescas (Cisticercose e triquinose por exemplo). b. Radicidação ou radiopasteurização: Usa doses intermediárias (de 1 a 10 kGy) com o fim de pasteurizar sucos, retardar a deterioração de carnes frescas, controle de Salmonella sp, Shigella sp, Campylobacter sp, Yersinia sp,, Listeria sp, E.coli (principalmente, o sorotipo E.coli O157:H7, comum em carne bovina), dentre outros, prolongando a vida útil. c. Radapertização ou esterilização: Usa doses elevadas (10 a 70 kGy) na esterilização de carnes e outros produtos processados. Também tem efeito contra esporos, como os do Clostridium botulinum. 44 De um modo geral, as doses mais utilizadas para os mais diversos alimentos estão descritas na tabela abaixo. Tabela 1: ALIMENTOS, DOSES APLICADAS E OS EFEITOS DA IRRADIAÇÃO. Tipos de alimentos Dose ( kGy) Efeitos Carne, aves, peixes, 20 - 71 Esterilização. Os produtos crustáceos, alguns vegetais, tratados podem ser pães e alimentos preparados armazenados a temperatura ambiente sem deterioração. Temperos e especiarias Até 30 Reduz o número de microorganismos e elimina insetos. Substitui o uso de produtos químicos. Carne, aves, peixes 0.1 – 10 Retarda a deterioração e elimina alguns tipos de bactérias (Salmonella sp) e parasitas. Morango e outras frutas 1-5 Prolonga a vida útil, impedindo o crescimento de fungos. Grãos, farinhas, frutas, 0.1 - 2 Elimina insetos ou evita sua vegetais e outros alimentos reprodução. Pode substituir a sujeitos à infestação por fumigação feita após a insetos colheita com essa finalidade. Banana, abacaxi, mangas, 1.0 máximo Retarda a maturação. mamão, goiaba e outras frutas não cítricas. Carne de porco 0,08 - 0,15 Inativa a Trichinella. Batatas, cebolas, alho, 0.05 - 0.15 Inibe a formação de brotos. gengibre Fonte: UFRGS. MÖLLER, S. V. (2004). Aplicações industriais das radiações ionizantes. De acordo com a EMBRARAD (2001) esta tecnologia comumente é aplicada em fitoterápicos, chás, processamento de alimentos em geral, produtos desidratados, especiarias e condimentos. SPOTO et al. (2000) descrevem também o seu uso em ovos e derivados, entretanto, SPOLAORE et al. (2001) relatam que pode 45 ocorrer da dose requerida para controlar os níveis de Salmonella sp em ovos alterar algumas características do produto, reduzindo a viscosidade da clara ou debilitando a membrana da gema. O principal objetivo da irradiação é conservar os alimentos e reduzir, ou eliminar, os microrganismos, tanto aqueles que se desenvolvem no próprio alimento como aqueles que possam ser adquiridos durante a manipulação e/ou armazenamento, inclusive patogênicos. Os efeitos da irradiação não se limitam apenas aos microrganismos, o método também reduz a presença de micotoxinas presentes em produtos agrícolas passíveis de estocagem, reduz brotamentos em tubérculos e bulbos, reduz a possibilidade de toxinas em carnes e atrasa processos de maturação, melhorando a conservação de carnes (bovina, suína, de aves e até pescado), frutas e vegetais, conseqüentemente, aumentando o tempo de prateleira e de transporte, a segurança dos alimentos destinados ao consumo humano e reduzindo as perdas causadas pela deterioração dos mesmos (França, 2000; Antunes, 2001; Boaventura, 2004). Segundo ANTUNES (2001), USP/CENA (2002) e MÖLLER (2004) a irradiação interrompe os processos orgânicos que provocam o apodrecimento e também inibe a maturação de algumas frutas e legumes produzindo reações bioquímicas nos processos fisiológicos dos tecidos vegetais. Também pode impedir a divisão de células vivas, tais como bactérias, leveduras e fungos, alterando suas estruturas moleculares e provocando sua ruptura. Parasitas, insetos e seus ovos e larvas são 46 mortos ou se tornam estéreis também por alterações moleculares, assim como, ocorre em esporos. MIYAGUSKU et al. (2003) afirmam que a aplicação da irradiação aos alimentos em diferentes doses pode causar várias alterações físicas, sensoriais e químicas, devido às diferenças em estruturas específicas e à composição dos alimentos, assim como devido aos outros tratamentos feitos antes, durante ou depois da irradiação. As alterações sensoriais são as mais comuns, principalmente após o uso de doses elevadas, sendo que alguns alimentos são mais susceptíveis que outros. LANDGRAF (2000) relata que, se as doses foram adequadamente controladas, as alterações sensoriais são praticamente imperceptíveis, com uma discreta variação na cor ou no aroma, de forma que o alimento sai da câmara muito próximo ao natural, podendo ser consumidos, transportados ou armazenados imediatamente após o tratamento. CHIRINOS et al. (2002) relatam que em carne bovina fresca pode ocorrer a formação de radicais livres e, devido a grande atividade aquosa na mesma, estes podem reagir com as moléculas do próprio alimento originando compostos com odor e paladar desagradáveis. A USP/CENA (2002) relata que as alterações conhecidas não são nocivas ou perigosas, motivos pelos quais a OMS recomenda a aplicação e uso da irradiação em alimentos. Além disso, nos últimos 30 anos foram realizadas inúmeras pesquisas científicas, com técnicas analíticas altamente precisas, com o objetivo de isolar e detectar os produtos formados pela irradiação, não sendo encontradas substâncias 47 exclusivas do processo de irradiação, de forma que tais substâncias eram as mesmas, e em menor quantidade, daquelas verificadas nos demais processos de conservação (calor, frio, defumação, etc.). FRANÇA (2000) relata que a irradiação não altera o sabor das frutas e a EMBRARAD (2001) também afirma que estudos sobre os efeitos das radiações não detectaram efeitos negativos toxicológicos, nutricionais ou microbiológicos, entretanto, ressalta que a irradiação atua melhor em produtos secos do que em produtos líquidos, já que estes têm mais chance de sofrerem radiólise (quebra de uma ligação química pela radiação), sendo que esta não é específica e ocorre de forma aleatória. Durante o processo de irradiação formam-se, radicais livres que podem causar alterações como o ranço, principalmente em alimentos ricos em gordura, entretanto a formação destes não é muito diferente para os demais processamentos em alimentos. Em quantidade extremamente reduzida, formam-se também subprodutos chamados radiolíticos, como a glicose, ácido fórmico e dióxido de carbono, que estão presentes naturalmente nos alimentos, sendo formado, em média, na proporção de 3 mg por Kg de alimento irradiado. Estes são inofensivos à saúde e úteis como marcadores de irradiação, permitindo identificar se um produto foi ou não submetido à irradiação e em qual dosagem (Boaventura, 2004; Möller, 2004). MOURA (2005) relata que a irradiação em carnes provoca a oxidação do colesterol, todavia, estudos revelaram que os alimentos irradiados apresentavam uma elevação em torno de 11% na concentração de óxidos, sendo que outras formas de processamento de carnes provocavam o aparecimento de tantos ou mais óxidos 48 de colesterol quanto a irradiação e AZEVEDO et al. (2004) relatam também que em alimentos ricos em gordura pode ocorrer a formação de uma substância chamada ciclobutanona, sendo que esta apresenta propriedades capazes de promover uma alteração celular ou até mesmo alterações no material genético celular, entretanto, afirmam também que as chances de tal substância ser formada são baixíssimas, visto que seriam necessárias doses excessivamente elevadas para tal ocorrência. Segundo BOAVENTURA (2004) mesmo a superdosagem não torna os alimentos tóxicos, podendo apenas reduzir seus macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos) e micronutrientes (vitaminas - sendo a vitamina B1 mais sensível à irradiação e a vitamina C convertida em ácido dihidroascórbico, que também é uma forma ativa da mesma), tais mudanças nutricionais não são muito diferentes das observadas em outros tipos de processamento de alimentos. De um modo geral, a variação do valor nutritivo depende de vários fatores, entre eles a dose à qual o alimento é exposto, o tipo de alimento, a sua embalagem e as condições de tratamento, tais como a temperatura durante o processo e o tempo de armazenamento. Entretanto, de acordo com o mesmo autor, a técnica não é recomendada para todos os alimentos, alguns produtos são sensíveis e sofrem modificações em seu aspecto, principalmente os alimentos ricos em gordura, que podem apresentar mudanças na cor, odor e desenvolvimento de sabor de ranço, sendo rejeitados pelo consumidor, sendo indicado para estes alimentos o uso de outras técnicas de tratamento, ou ainda a combinação dessas com a irradiação. Para evitar problemas os laboratórios 49 responsáveis por pesquisas com alimentos irradiados realizam análises sensoriais póstratamento para verificar se houve alterações e AZEVEDO et al. (2004) acrescentam que após tais análises, caso ocorram quaisquer modificações que descaracterizem o produto oferecido, não se irradia o mesmo. Por fim, SPOLAORE et al. (2001) relatam que os carboidratos podem sofrer degradação ou hidrólise, sendo convertidos em complexos nutricionais mais simples, sem comprometimento nutricional significativo, entretanto, alguns alimentos ricos em sacarina podem apresentar sabor desagradável e diminuição da qualidade nutricional, e acrescentam ainda que para evitar perdas nutricionais com a irradiação em doses mais elevadas pode-se realizar a mesma em baixas temperaturas (de 20°C a -40°C) ou a vácuo, sendo necessário em alguns casos até a umidificação do mesmo. 2.4. Irradiação em carne de aves A carne de aves vem assumindo um papel cada vez mais importante na alimentação humana, principalmente por ser um produto saudável, rico em nutrientes e de baixo custo (Spoto et al., 1999). Segundo MIYAGUSKU et al. (2003) o Brasil utiliza a irradiação em diversos alimentos destinados à comercialização, sendo a carne de aves outro produto nacional com enorme potencial para o emprego da irradiação. Dados divulgados pela União Brasileira de Avicultura, posicionaram o Brasil como 50 terceiro maior produtor mundial (5,9 milhões de toneladas) e segundo maior exportador de carne de frango, no ano de 2000 (907 mil toneladas). Em carnes de aves a umidade, a composição de voláteis, e principalmente, os lipídeos (sendo ricos em gorduras insaturadas, ou seja, que oxidam mais facilmente) podem ser alterados de acordo com o método de conservação adotado, além disso, o crescimento de microrganismos e as atividades enzimáticas são os principais fatores limitantes da vida-útil, freqüentemente prolongada com a proteção das embalagens e aplicação dos mais variados processos de conservação tais como: congelamento, resfriamento, cozimento, defumação, dentre outros. No entanto, qualquer que seja o método adotado deverá manter a aparência e o sabor do alimento sem deixar resíduos prejudiciais à saúde (Miyagusku et al., 2003; Moura, 2005). Assim, o prolongamento da vida-útil de carcaças de frango é uma preocupação constante da indústria avícola. Nos abatedouros, as carcaças são geralmente resfriadas por imersão em água para minimizar o crescimento bacteriano. Apesar de reduzir o índice de crescimento, isso também pode gerar contaminação cruzada entre as carcaças. Ressalta-se que o crescimento de microrganismos durante o armazenamento refrigerado ocorre principalmente no tecido muscular lesado, sendo as contaminações dependentes do tipo de músculo e do pH (Miyagusku et al., 2003). 51 Segundo GERMANO & GERMANO (2001) a carne de aves é responsável, principalmente, pela veiculação de enterobactérias e outras bactérias tais como Clostridium perfringens, Staphylococcus aureus e Salmonella sp. HOBBS & ROBERTS (1999) acrescentam que em aves a ocorrência de Campylobacter jejuni também é freqüente, assim como, de Escherichia coli. SILVA JÚNIOR (2002) cita a ocorrência de Yersinia enterocolitica e Listeria monocytogenes em miúdos e carne de aves mal cozidas e MIYAGUSKU et al. (2003) relatam ainda a presença de Pseudomonas sp, bolores e leveduras. SANTOS et al. (2003) acrescentam também a ocorrência de Staphylococcus aureus e relatam que o consumo de carne de aves contaminada com Salmonella sp é uma causa importante de DTA em todo o mundo, sendo este um problema de saúde pública e a causa de perdas econômicas substanciais, principalmente porque, de acordo com LANDGRAF (2000), muitas vezes apenas o cozimento não é suficiente para a eliminação da mesma. Além disso, SPOTO et al. (1999), afirmam que a disseminação bacteriana é passível de ocorrer em qualquer etapa do processamento de carne de aves e que esta já chega do abatedouro com uma contaminação própria, que pode ser modificada, muitas vezes aumentada durante seu processamento. Assim, o processo de irradiação é um método eficiente em sua conservação, capaz de reduzir o número dos microrganismos 52 patogênicos e deteriorantes, acima descritos, aos níveis seguros de consumo, sem que as características sensoriais e nutricionais do alimento sejam alteradas significativamente e está à disposição dos consumidores desde 1993 nos EUA. Mais recentemente, o mercado de alimentos tem utilizado carne de aves irradiada em quantidades crescentes, principalmente em estabelecimentos como hospitais e restaurantes para redução do risco de contaminação cruzada de outros alimentos durante seu preparo (Irradiação, 1999; Santos et al., 2003). SANTOS et al. (2003) afirmam que doses de 2 a 7 kGy apresentam bom efeito em carnes de aves e que em seus experimentos a dose de 3,8 kGy foi a que apresentou melhor resultado, reduzindo significativamente os microrganismos patogênicos. MIYAGUSKU et al. (2003) observaram o mesmo efeito para doses até 7 kGy, detectaram também que a vida-útil da carne de ave foi crescente de acordo com o aumento das doses aplicadas e associação à refrigeração. Ressaltaram que bolores e leveduras apresentaram maior resistência à irradiação que os demais microrganismos, embora fossem controlados também e por fim, descreveram que o aumento da dose aplicada gerou um odor perceptível e indesejável de queimado, permitindo que estabelecessem a dose recomendada em 3 kGy. SPOTO et al. (2000) apoiados em THAYER (1995) relatam também doses de até 3 kGy para a redução significativa, aos níveis aceitáveis para o consumo humano, de microrganismos patogênicos tais como: 53 Campylobacter jejuni, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Salmonella spp. e Listeria monocytogenes. Entretanto, em seus experimentos detectaram que, para obterem resultados efetivos de acordo com os padrões determinados pela legislação brasileira (RDC n° 12 de 02/01/2001), contra Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Salmonella sp as doses deveriam ser em torno de 6 kGy. SPOLAORE et al. (2001) relatam o uso de doses de até 4 kGy e BORGES et al. (2003) de doses em até 3 kGy. SPOTO et al. (1999) relatam que há dificuldade em um consenso sobre a dose de radiação para o controle de microrganismos patogênicos em carne de aves, isto porque, dentre outros fatores, está diretamente relacionada com a população inicial presente no alimento e também à sensibilidade que cada microrganismo apresenta ao tratamento. Além disso, em alguns casos, com dose acima de 4 kGy, a carne apresentava ligeira descoloração, sendo que alguns pesquisadores indicam o uso de fosfato para proteger a carne deste efeito. 2.5. Legislação Atualmente a irradiação de alimentos é usada em aproximadamente 40 países e, apesar de vista com desconfiança pela população, de acordo com a OMS é um método de tratamento seguro, desde que se faça a 54 limitação de dosagem recomendada, sendo que no Brasil é regulamentada desde 1973 (Antunes, 2001: Boaventura, 2004). ORNELLAS et al. (2006) afirmam que a Legislação Brasileira segue as recomendações internacionais sugeridas pela FAO, IAEA e Codex Alimentarium. O Decreto nº 72718 de 29 de agosto de 1973 do Ministério da Saúde estabelece normas gerais sobre irradiação de alimentos. Posteriormente a Legislação Brasileira regulamentou a irradiação de 19 produtos vegetais e 2 de origem animal pelo Ministério da Saúde, através das Portarias nº 9 de 8 de março de 1985 e nº 30 de 25 de setembro de 1989 e com o objetivo de aperfeiçoar as ações de controle sanitário na área de alimentos e visando a proteção à saúde da população, a Anvisa aprovou o Regulamento Técnico para Irradiação de Alimentos, com a Resolução RDC n° 21 de 26 de janeiro de 2001 (Antunes, 2001; BRASIL, 1973; Reis, 2001). A RDC n° 21 estabelece os requisitos gerais para o uso de irradiação em alimentos, garantindo a qualidade sanitária do produto final. Dentre eles os mais importantes são: a. O tratamento dos alimentos por irradiação deve ser realizado em instalações licenciadas pela autoridade competente estadual ou municipal ou do Distrito Federal mediante expedição de Alvará Sanitário, após 55 autorização da CNEN e cadastramento em órgão competente no Ministério da Saúde; b. O estabelecimento responsável pelo tratamento deverá seguir e implementar as BPF´s (Boas Práticas de Fabricação) e ter o Manual de BPF´s disponível às autoridades sanitárias sempre que solicitado; c. Registros dosimétricos quantitativos para os níveis de radiação nas instalações e dependências, garantindo a segurança das pessoas envolvidas com o processo; d. A dose mínima absorvida deve ser suficiente para alcançar a finalidade pretendida e a dose máxima deve ser inferior àquela que comprometeria as propriedades funcionais e ou os atributos sensoriais do alimento. Esta resolução ainda estabelece que as embalagens devem estar de acordo com a legislação vigente e aprovadas pelas autoridades sanitárias competentes, sendo que, nos casos em que não estejam previstas em legislação nacional, devem ser aquelas relacionadas pela OMS. E destaca que, em relação à rotulagem dos alimentos Irradiados, além dos dizeres exigidos para os alimentos em geral e específicos do alimento, deve constar no painel principal a seguinte informação: "ALIMENTO TRATADO POR PROCESSO DE IRRADIAÇÃO", com as letras de tamanho não inferior a um terço (1/3) do da letra de maior tamanho nos dizeres de rotulagem e, quando um produto irradiado for 56 utilizado como ingrediente em outro alimento, esta informação deverá constar na lista de ingredientes, entre parênteses, após o nome do mesmo. No caso de produtos a granel tal informação deverá constar em suas notas fiscais e nos locais onde estiverem expostos à venda. Por fim estabelece também que alimentos em geral não devem ser re-irradiados, exceto quando apresentarem baixo conteúdo hídrico e tenha o objetivo de combater a re-infestação por insetos. Em casos de surtos, o Ministério da Saúde poderá definir uma dose mínima a ser utilizada em um determinado alimento (BRASIL, 2001). AZEVEDO et al. (2004) relatam que em alimentos irradiados as embalagens podem apresentar a “radura” que é o símbolo que indica que o produto foi tratado por irradiação, de acordo com a figura abaixo. FIGURA 2: RADURA, SÍMBOLO INTERNACIONAL DA IRRADIAÇÃO DE ALIMENTOS. Fonte: Programa de Educação Tutorial. AZEVEDO et al., 19 dez. 2004. Irradiação de Alimentos. É importante que se informe no rótulo que o produto foi tratado por irradiação porque tal procedimento não deixa nenhum vestígio, seja pela aparência, odor ou toque. Isto contrasta com outras técnicas de processamento, tais como cozimento, enlatamento ou congelamento, processos 57 em que se percebe o tratamento. Os alimentos irradiados servidos em estabelecimentos como restaurantes não necessitam de nenhum rótulo ou declaração no cardápio, pois o alimento oferecido, obviamente já sofreu algum outro tipo de processamento (Irradiação, 1999). 2.6. Irradiação X consumidores 2.6.1. Vantagens do uso de irradiação BOAVENTURA (2004) ressalta vantagens como: o custo competitivo para produção em escala, pois só há o custo fixo do irradiador e a sua instalação; o fato de ser uma técnica limpa que não causa impactos ambientais; o compromisso em manter as qualidades nutricionais e preservar os aspectos sensoriais do alimento, visto que não eleva significativamente a temperatura do alimento e o mantém próximo ao seu estado natural; não deixa resíduos tóxicos para a saúde humana; os alimentos podem ser embalados antes de sofrerem a irradiação, o que aumenta a segurança em sua armazenagem. A EMBRARAD (2001) acrescenta que: é um tratamento economicamente viável para grandes ou pequenas quantidades de produtos; é um dos processos mais rápidos de esterilização existentes na atualidade; apresenta alto poder de penetração, podendo ser realizado na embalagem final dos produtos; como a planta é automatizada, não há necessidade de manuseio dos produtos; não necessita quarentena ou tratamento 58 pós-esterilização (não deixa resíduos); é facilmente monitorado, apresentando como fator variável o tempo; alta confiabilidade, o que torna testes microbiológicos pós-tratamento desnecessários; e o fato de não emitir substâncias tóxicas, sem impacto sobre a qualidade da água e do ar e sem resíduos nocivos, vantagem também já descrita pelo autor acima. A USP/CENA (2002) destaca como vantagens: é um processo a frio que pode descontaminar alimentos congelados sem causar efeitos indesejáveis em suas propriedades sensoriais e físico-químicas; o processo pode ser usado para tratar uma grande variedade de alimentos, numa considerável faixa de tamanhos e formas, com pouca ou nenhuma manipulação, devido ao alto poder de penetração; pode facilitar a distribuição e venda de frutas frescas, vegetais e carnes pelo aumento da vida útil desses produtos, sem alterar a sua qualidade; pode substituir os tratamentos químicos que deixam resíduos nos alimentos; pode substituir o uso dos aditivos químicos em alimentos e também dos produtos químicos usados para a desinfestação de frutas após a colheita como, por exemplo, o brometo de metila, cujo uso está condenado; diminui o tempo de cozimento de certos alimentos, principalmente desidratados; permite atingir organismos (ovos e larvas de insetos, parasitas, etc) no interior dos alimentos. SANTOS et al. (2003) afirmam que este tratamento pode ser realizado em alimentos congelados e, conforme descrito acima por 59 BOAVENTURA (2004), causa poucas alterações nos componentes dos alimentos, não muito diferentes das causadas em outros processos utilizados normalmente como desidratação, entre outros. ORNELLAS et al. (2006) afirmam ser a irradiação o único tratamento, atualmente disponível, capaz de inativar patógenos em alimentos crus e/ou congelados. BORGES et al. (2003) relatam que a irradiação aumenta a durabilidade do produto, atrasa sua decomposição e ainda prolonga o tempo de prateleira dos produtos sem que haja necessidade de refrigeração. Por fim, segundo LEAL (2005), com a crescente demanda mundial por alimentos cada vez mais seguros o uso desta tecnologia acabaria também por melhorar as relações econômicas do país, uma vez que atenderia às exigências dos países importadores, aumentando, portanto, sua competitividade no mercado externo e, consequentemente, os lucros. 2.6.2. Desvantagens do uso de irradiação Segundo BOAVENTURA (2004) nem todos os alimentos podem ser submetidos a esta técnica, principalmente os ricos em gorduras, que são mais sensíveis e podem sofrer o processo de rancificação, a EMBRARAD (2001) cita também o mesmo problema e acrescenta que produtos 60 mais líquidos são mais propensos à radiólise e, de acordo com MELLO (2000), o leite, por exemplo, adquire um sabor extremamente desagradável. AZEVEDO et al. (2004) explicam que de acordo com o FDA alguns nutrientes como a vitamina A em ovos e o beta-caroteno em sucos de laranja são sensíveis à irradiação e tal efeito é potencializado pelo tempo de armazenagem, ou seja, seu valor nutritivo vai diminuindo gradativamente, de forma que poderia chegar ao consumidor sem tais nutrientes, sendo este característica observada também por TAIPINA et al. (2003), que relatam também a sensibilidade dos micronutrientes à irradiação. Como a irradiação é um processo empregado póscolheita, esta não pode substituir os agrotóxicos utilizados no campo (USP/CENA, 2002). 2.6.3. Aceitação dos consumidores Fatores econômicos e sociais como custo, disponibilidade e hábitos alimentares têm, tradicionalmente, influência sobre a escolha do consumidor. Atualmente, outros fatores como legislação, aumento da quantidade de refeições realizadas fora de casa e o emprego de novas tecnologias têm sido também, parâmetros de decisão. Neste sentido, esclarecimentos a respeito da conservação de alimentos são necessários, uma vez que o uso comercial da irradiação dos alimentos tem sido lento em função de interpretações errôneas por parte dos consumidores (Ornellas et al., 2006). 61 LEAL (2005) afirma que a irradiação é absolutamente segura, não tendo ainda sua utilização disseminada devido ao medo e à rejeição por parte dos consumidores e relata que o preconceito e a desinformação prejudicam o uso da mesma. LANDGRAF (2000) também relata a falta de informação por parte do mercado consumidor como um fator limitante para sua aceitação. FRANÇA (2000) e BOAVENTURA (2004) atribuem a dificuldade de aceitação por parte das pessoas à confusão que fazem de irradiação com radioatividade. O preconceito pode ter se originado da imagem negativa que passou a revestir a energia nuclear depois da Segunda Guerra Mundial e da bomba atômica. Diferentemente de contaminação radioativa, que pressupõe o contato físico com uma fonte radioativa, a irradiação é a energia emitida de uma fonte de radiação e no caso da irradiação de alimentos, estes não se tornam radioativos, pois não contêm a fonte de radiação e as doses utilizadas para este tratamento não são suficientes para desencadear uma reação nuclear no produto, ou seja, radioatividade. Uma vez interrompida a emissão de energia, os efeitos da irradiação não persistem no material irradiado. SANTOS et al. (2003) relatam que os alimentos irradiados têm sido bem recebidos pelos consumidores nos EUA, uma vez que este tratamento, sozinho ou combinado com outros, é eficiente quando se deseja aumentar a segurança dos alimentos, visto que reduz o número de 62 microrganismos presentes em alimentos, entre eles os patogênicos e, conseqüentemente, diminui os prejuízos sociais e econômicos, diminuindo o número de DTA´s e as perdas causadas diretamente nos alimentos pela ação destes microrganismos. LEAL (2005) explica que a propensão do consumidor para comprar alimentos irradiados nos EUA aumentou consideravelmente graças a uma campanha educativa. Segundo CROWLEY et al. apud Ornellas et al. (2006), há uma correlação positiva entre a consciência sobre o assunto e a disposição para comprar e, em sua pesquisa de opinião, 85% dos consumidores já haviam ouvido falar sobre a irradiação de alimentos e 70% deles demonstraram desejo em comprar estes produtos. Em um questionário houve justificativas positivas para a aquisição de alimentos irradiados, sendo a questão sanitária a mais importante delas, ou seja, estudos de atitude e testes de compra demonstraram que, quando é oferecida a oportunidade de conhecimento com expectativa de benefícios e menores riscos à saúde, os consumidores aceitam bem os alimentos irradiados, entretanto, a maioria não tem tido esta opção e seus conhecimentos são limitados sobre esta tecnologia. ORNELLAS et al. (2006) afirmam que a falta de conhecimento gera dúvidas e colabora para um posicionamento de repulsa diante dos alimentos tratados por esta tecnologia, os consumidores acham difícil avaliar os benefícios desta técnica e a falta de informação por parte dos mesmos tem 63 limitado o uso deste tratamento no Brasil, o que fica evidenciado com os resultados de sua pesquisa, onde observaram que 59,6% dos consumidores brasileiros entrevistados não sabiam que a irradiação é um método de conservação de alimentos e não souberam responder se consumiriam produtos irradiados, 16% acreditavam que alimentos irradiados significam o mesmo que alimentos radioativos, 62% responderam não saber se a irradiação de alimentos pode trazer danos à saúde do consumidor e/ou ao meio ambiente Além disto, 89% dos entrevistados consumiriam alimentos irradiados se soubessem que a irradiação aumentasse a segurança alimentar. Os consumidores, quando devidamente informados, reagem positivamente à oferta de alimentos irradiados pela segurança e qualidade dos produtos que consomem. Um estudo realizado na Alemanha revelou que os consumidores se preocupam com o processamento dos alimentos que consomem, no entanto essa preocupação foi maior no caso dos pesticidas (55%) e conservantes (43%) do que da irradiação (38%) e embora uma parcela dos consumidores fosse extremamente contrária à irradiação dos alimentos, a maioria mudava de opinião após as campanhas educativas. Na Argentina, uma campanha de esclarecimento aumentou muito a aceitabilidade das cebolas irradiadas. Na França aconteceu o mesmo depois que uma rede de supermercados colocou à venda morangos irradiados. Após o esclarecimento da 64 população, os consumidores passaram a preferir os produtos irradiados devido a sua melhor qualidade (Spolaore et al., 2001; Mello, 2004). Por fim, LEAL (2005) acrescenta que é fundamental difundir a tecnologia de irradiação, assim como informações sobre sua segurança e aplicabilidade de modo a ampliar a aceitação e a confiança do mercado consumidor em relação a esta tecnologia aqui no Brasil. 3. CONCLUSÃO 65 De acordo com a revisão de literatura realizada, pode-se concluir que: A irradiação é de fato uma boa alternativa para garantir a segurança e a qualidade dos alimentos, visto que suas vantagens superam, em muito, suas desvantagens e realmente não representam risco toxicológico aos consumidores, além disso, a crescente demanda por produtos saudáveis e o mais próximos possível de suas características in natura fazem desta tecnologia altamente promissora para um futuro próximo. É uma técnica muito eficaz na prevenção de DTA´s, principalmente, em produtos avícolas, com um destaque especial para o combate da salmonelose. Sendo que a associação da mesma com outras técnicas de conservação é ainda mais eficaz contra as DTA´s. Esta técnica também tem um papel sócio-econômico, porque com a sua ampliação, os produtos serão mais competitivos no mercado externo, o que irá movimentar o setor das importações, fora isso, como aumenta a vida útil do produto, o tempo de transporte e/ou armazenagem pode ser maior, alcançando mercados mais distantes, além de também reduzir as perdas pelos processos naturais de maturação e decomposição. Entretanto não é capaz de recuperar um alimento deteriorado e, assim como qualquer outro processo de tratamento de alimentos, 66 não deve ser usada em substituição às BPF´s, já que não será capaz também de prevenir a contaminação que possa ocorrer em qualquer uma das etapas de preparo dos alimentos. A aceitação do alimento irradiado está diretamente relacionada ao nível de informação e conhecimento sobre a técnica que os consumidores apresentam, sendo assim, é fundamental difundir a tecnologia, divulgando informações claras e seguras, de modo a ampliar a aceitação e a confiança do mercado consumidor. Em função disso, deve-se começar pela conscientização dos consumidores em relação à segurança e os benefícios obtidos por esta técnica, é interessante também que ocorra um estreitamento nas relações entre o governo e as indústrias do setor, principalmente, para a realização de campanhas de conscientização, mas também para o fortalecimento dessas indústrias que poderão oferecer um valor mais acessível com a ampliação da técnica no mercado consumidor. Os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação à escolha de seus alimentos, e têm demonstrado grande interesse em conhecer novas tecnologias, de forma que estão propensos a comprar alimentos obtidos ou tratados por métodos alternativos que se mostrem confiáveis e seguros. Entretanto, a maioria gostaria de receber mais esclarecimentos sobre o assunto, evidenciando a necessidade de educação e divulgação mais ampla. Esta proposta, se colocada em prática, certamente abrirá o mercado para os alimentos irradiados. 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, R. Ilustre desconhecida. Avicultura Industrial. Itu, a. 91, n. 1087, mar. 2001. Disponível em: <http://www.aviculturaindustrial.com.br/site/dinamica. asp?id=280&tipo_tabela=cet&categoria=processamento>. Acesso em: 3 ago. 2006. AZEVEDO, C. A. de; REGO, T. de S.; FURTADO, W. de R. Irradiação de Alimentos. Programa de Educação Tutorial. Ouro Preto, 19 dez. 2004. 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