Incubadora de Empresa de Base Tecnológica: uma Experiência Local para Promover Auto-Suficiência e Sustentabilidade Autoria: Cristiane Velloso da Costa, Luciano Batista da Silva, Renata Henrique da Silva da Penha, Alessandra Nascimento Silva, Renata Santos Elias, Vania da Silva Pereira, Maria Gracinda Carvalho Teixeira Resumo Este trabalho apresenta uma análise dos meios utilizados pelas MPE’s para agregar valor aos negócios, pela absorção do conhecimento através do processo de incubação. Procura-se, no estudo, responder a seguinte questão: pode uma incubadora de empresa tornar-se alavanca de desenvolvimento de micro e pequenas empresas de forma que estas se tornem auto-suficientes e sustentáveis no mercado? Para responder esta questão, privilegiaram-se empresas de base tecnológica do Rio de Janeiro, em particular da região da Baixada Fluminense, focalizando-se as modalidades de incubação - residentes e graduadas - assim como a própria incubadora de empresas em questão, a incubadora Senac Rio. Procurou-se evidenciar os fatores facilitadores no processo de incubação que reúnem capacitação gerencial, infra-estrutura adequada e apoio financeiro junto às empresas, abordando-se também as expectativas dos gestores da incubadora. Os resultados da análise auxiliaram na resposta à questão chave da pesquisa, revelando que o processo de incubação, nos moldes identificados, abre possibilidades às empresas de alcançarem o almejado no tocante ao seu auto-desenvolvimento e sustentabilidade, sugerindo menor probabilidade de falirem nos primeiros anos de vida do que aquelas que ingressam sozinhas no mercado. 1. Introdução As grandes mudanças que aconteceram na economia do país a partir da década de 90, com a abertura do mercado nacional, impulsionaram a importação e exportação, entre outras dinâmicas econômicas, colocando-se um grande desafio às empresas nacionais que não estavam preparadas para concorrer com produtos e serviços de alta tecnologia, qualidade e preço provocando, por um lado o fechamento das suas portas e por outro estimulando a elaboração de uma estratégia de desenvolvimento que pudesse incrementar o apoio às micro e pequenas empresas principalmente nos aspectos financeiro e da sua capacitação. Nesse cenário é possível eleger dois elementos instigadores da promoção do desenvolvimento econômico local com base na participação empresarial. O primeiro é a fragilidade e expectativa de vida das Micro e Pequenas Empresas (MPEs). O segundo é a informalidade das atividades e, em conseqüência, a perda de arrecadação tributária municipal e da capacidade endógena do financiamento do desenvolvimento (FAURÉ & HASENCLEVER, 2007). Para os respectivos autores, “o primeiro desafio decorre da importância da evolução das MPMEs na morfologia empresarial brasileira e de sua fragilidade no que tange à capacidade de sobrevivência” (p.23). Estudos realizados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) permitem o esboço de um quadro evolutivo dessa situação ressaltando ao longo de décadas esses dois fatores críticos pelos quais atravessam os pequenos estabelecimentos empresariais. Entre 2000 e 2002, de cem empresas que fecharam, 96% eram microempresas. Dados do referido órgão revelam que a taxa de mortalidade nos dois primeiros anos de existência das micro e pequenas empresas ultrapassa os 49% sendo mais de 56% nos três primeiros anos e 60% nos quatro primeiros anos (SEBRAE, 2004). A análise sinaliza para o ciclo contínuo de nascimento e morte dos pequenos estabelecimentos que não deve ser desprezado nos estudos sobre os fatores críticos de sucesso dos micro e pequenos empreendimentos. Da mesma forma não se pode deixar de incorporar na análise, que a permanência ou desaparecimento das firmas dependem também das políticas para o desenvolvimento por sua vez direcionadas pelas conjunturas econômica e política do país. Isso se reflete em pesquisa recente do SEBRAE (2007) que aponta um prognóstico mais otimista sobre a taxa de mortalidade de micro e pequenas empresas. A pesquisa mostra pela primeira vez que o número de firmas consolidadas supera o de iniciantes, desde os dados publicados sobre o período entre 2000-2002. O que a pesquisa atual demonstra é que está caindo a taxa de mortalidade das firmas. Segundo a pesquisa, entre o público abordado, o que ultrapassa o universo de dois mil pesquisados, 23,8% se declarou micro e pequenos empreendedores. Desses, 12,1% tocam os seus negócios há mais de três anos e meio. Os 11,7% restantes, os chamados novatos, ainda não ultrapassaram esta marca. Na pesquisa anterior do SEBRAE a posição era inversa. As firmas consolidadas eram 10,1% dos empreendedores declarados, enquanto os novatos eram 11,3%. Ao invés de oito firmas fechadas em cada cem, apenas quatro deixaram de existir no ano de 2006. O aspecto negativo desse prognóstico é o crescente fenômeno da informalidade que abriga um número significativo de empreendedores que não tem capacitação, não dispõe de recursos, não tem acesso à informação e não possui uma rede de relacionamento no ambiente dos negócios. Os pesos da carga tributária, da burocracia e da enorme dificuldade de aceder a créditos figuram entre as principais causas da informalidade (Jornal O Globo, 18 de abril de 2007; FAURÉ & HASENCLEVER, 2007), impedindo a passagem do empreendedorismo informal para o patamar empresarial formal. Têm sido vários os mecanismos para estimular a permanência das micro e pequenas empresas no mercado. Privilegiou-se no presente trabalho os programas de incubadoras de empresas, com o apoio de organizações como o SENAC, o SEBRAE entre outras instituições, focalizando a criação do Programa de Incubadora de Empresa do SENAC Rio. Com base na análise de documentação desta Incubadora, pressupõe-se que a incubadora SENAC Rio tem ajudado a desenvolver a cultura de incubadora no estado, a apoiar a criação e consolidação das incubadoras de empresas, a fortalecer as parcerias para a efetivação dos programas e a criar condições para que empresas apoiadas se tornem competitivas. Com base nesse pressuposto, a pesquisa busca responder a seguinte questão: pode uma incubadora de empresa tornar-se alavanca de desenvolvimento de micro e pequenas empresas de forma que estas se tornem auto-suficientes e sustentáveis no mercado? 2. Contexto As incubadoras têm sido um novo meio que as MPE’s estão encontrando para garantir seu lugar no mercado. Elas têm por características próprias promover o crescimento de novos negócios, a fidelização de clientes, agregando valor ao produto final com a inserção de novas tecnologias, práticas gerenciais adequadas e planejamento. Assim elas promovem a capacitação para auxiliar as empresas a entrarem de forma competitiva no mercado, com o potencial de gerar emprego e renda e contribuir com o desenvolvimento local e regional. Estatísticas de incubadoras americanas e européias indicam que a taxa de mortalidade entre as empresas que passam pelo processo de incubação é reduzida a 20%, contra 70% de mortalidade entre empresas que surgem fora do ambiente de incubadora. No Brasil, estimativas apontam que a taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas que passam pelas incubadoras fica reduzida a níveis comparáveis aos europeus e americanos. Já para as nascidas fora do ambiente de incubadora, o SEBRAE aponta para uma taxa de 80% antes de completarem o primeiro ano de funcionamento (SEBRAE, 2007). No Brasil idéia de se incubar empresas surgiu na década de 80, com a criação da Incubadora de Base Tecnológica de São Carlos – SP (Parq Tec) e desde então vem crescendo gradativamente, principalmente nos últimos anos. Pesquisa apresentada por Soares (2002), sobre a experiência brasileira de incubação de empresas, mostrou os seguintes dados a respeito do índice de crescimento: De acordo com o levantamento, o país pode ser considerado o primeiro da América Latina e o terceiro do mundo no número de incubadoras, que já somam 234. O crescimento, porém, é coisa recente, pois, em 1982, elas eram apenas 74. De lá para cá, multiplicaram-se: o aumento foi de 220%, e as empresas geradas dentro desses 2 empreendimentos movimentaram negócios da ordem de R$600 milhões ao ano. (SOARES et al., 2002, p. 10). As incubadoras funcionam como porta de entrada de novos empreendedores para o mercado, dando a estes condições de competirem com empresas já consagradas e consolidadas no setor produtivo. Isto se dá principalmente através das parcerias firmadas entre as incubadoras e as organizações que promovem a cultura do empreendedorismo, o que vem a ser o caso entre a Incubadora SENAC Rio e o SEBRAE. A auto-suficiência e a sustentabilidade das MPE’s constituem-se a questão chave da pesquisa, pois estas empresas têm permanecido no processo de incubação por um período máximo de até dois anos. Apesar do cenário mais otimista que se desenha em pesquisa mais recente realizada pelo SEBRAE, o mesmo ainda não reverte a situação da região sudeste na qual se insere o presente estudo, pois a região vem acumulando ao longo de anos altos índices de mortalidade das MPE’s. Em pesquisa sobre fatores condicionantes e taxa de mortalidade de empresas no Brasil o SEBRAE em parceria com a Fundação Universitária de Brasília (FUBRA) os resultados atestam: Em números absolutos, a pesquisa mostra que das 639.248 empresas abertas entre 2000 e 2002 na Região Sudeste, 35.528 fecharam as portas, deixando de empregar 945.409 pessoas. No Brasil, foram abertas no período 1,396 milhão de empresas, mas 772.679 encerraram suas atividades nos três primeiros anos, o que representou perda de 2.4 milhões de empregos. Além do social, o prejuízo financeiro de se fechar uma empresa é alto – para os empresários, o investimento jogado fora foi estimado em R$ 19,8 bilhões. (SEBRAE, 2004, p. 1). A pesquisa mostrou que somente no sudeste brasileiro 48,9% das MPE’s encerraram suas atividades, significando uma perda de 283.606 postos de trabalho. As principais causas apontadas pelos empreendedores para essa taxa de mortalidade precoce dos empreendimentos indicam as áreas onde as incubadoras devem atuar orientando com mais clareza e eficiência. Essas áreas são: planejamento inicial (Plano de Negócios); o controle financeiro e o gerenciamento. Portanto, a ausência ou deficiência nessas áreas estaria provocando a mortalidade precoce, segundo revela o estudo. O tema incubadora de empresa é inovador. As incubadoras são apoio aos novos empreendedores, que em sua grande maioria são profissionais possuidores de conhecimentos técnicos, isto é, conhecem bem seus produtos, mas não sabem como e onde vendê-los, não conhecem seu público-alvo, não sabem onde ele está e como conseguirão atingi-lo. Por isso as áreas de planejamento, finanças e marketing vêm se constituindo o foco principal na capacitação dos novos empreendedores. Isto é possível com o financiamento de cursos que visam prover o conhecimento e suprir as deficiências nestas três áreas. Atingindo esses três pilares, a experiência de incubação pode resultar na diminuição da taxa de mortalidade das empresas e no aumento gradativo do número de postos de trabalho, potencializando o efeito de contribuir para o desenvolvimento econômico local, regional e conseqüentemente nacional. Para a área da administração o tema incubadora de empresa acrescenta a idéia de propagar essa temática na cultura do empreendedorismo dentro das organizações, e de fortalecer parcerias para alavancar os programas de incubação. Reflete a importância do desenvolvimento de novas técnicas administrativas com a inclusão de tecnologias inovadoras nos processos e produtos da nova empresa e o crescimento do capital intelectual tanto nas empresas incubadas quanto na empresa incubadora. A contribuição da temática para as ciências se fortalece com a inclusão do crescente fenômeno da informalidade das empresas, um assunto ainda não incorporado nas investigações sobre empresas incubadoras e incubadas. Estudos mais recentes têm chamado atenção para o fato de que é necessário tratar o assunto com muito critério, pois há uma tendência em se considerar o país como tendo uma forte inclinação para o espírito empreendedor, uma autonomia natural do empresariado informal. A 3 taxa de informalidade das empresas de pequeno porte apesar de divergirem de acordo com as várias instituições realizadoras desses estudos (entre 40% e 60%), todos os estudos e análises confirmam a tendência em aumentar (FAURÉ & HASENCLEVER, 2007). E aqui se indaga: porque é importante se estar atentos a esse intenso crescimento da informalidade das empresas no país em se tratando das incubadoras de empresa? Para os autores acima referidos, A concorrência acentuada entre as empresas levou-as a uma busca desenfreada pela redução dos custos de produção por meio de medidas da redução de seu tamanho médio (downsizing), que envolvem demissões maciças e favorecem os trabalhos temporários por subcontratação. As conseqüências dessa “guerra econômica” são duplas: de um lado, um grande contingente de trabalhadores se vê desempregado e, de outro lado, a única alternativa que encontram é de se dedicar às pequenas atividades informais. Da mesma forma, as menores empresas que não têm como resistir à crise, refugiam-se na informalidade, deixando de pagar impostos e taxas e contribuições sociais. (...) Assim, foram redescobertas certas dimensões da informalidade que se encontram totalmente associadas, no tempo e no espaço, à “modernização” do mundo das empresas (FAURÉ & HASENCLEVER, 2007, p.24-25). Esses dados auxiliam na compreensão de fatores que podem estar incentivando a permanência dos empreendedores na informalidade e, consequentemente desestimulando a procura pelos processos de incubação. Pois mesmo que haja uma expectativa de mudanças marcadas pela criação de estatutos e leis relacionados aos pequenos negócios, para agilizar os procedimentos de legalização e de cargas sociais e fiscais; de utilização de linhas de microcréditos propostas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e também repassados aos bancos privados; na simplificação do complexo regime fiscal ao qual estão sujeitos, ainda há um grande desinteresse dos empreendedores em se lançarem em projetos mais desafiadores, em virtude de razões financeiras, créditos, mudanças das legislações tributária e trabalhista entre outras razões apontadas pelos autores acima. 3. Metodologia O artigo tem como objetivo demonstrar, por meio de revisão da literatura, pesquisa documental e resultados da análise do caso Incubadora SENAC Rio, as possibilidades que micro e pequenas empresas têm de iniciarem suas atividades com uma infra-estrutura adequada e suporte gerencial, de alcançarem sua independência, procurando vencer as resistências causadas pelos fatores críticos acima colocados de modo a ingressarem no mercado formal. Na análise ressalta-se o crescimento das incubadoras de empresas no mercado brasileiro, a importância do processo de incubação, a verificação dos principais motivos que levam novos empreendedores a procurarem as incubadoras de empresas e a análise da viabilidade de se manterem no mercado após o período de residência. Entende-se por empresas residentes aquelas que ainda estão no período de incubação, ou seja, em uma incubadora de empresa. Conceituam-se essas empresas como: Empresas constituídas ou em fase de constituição, instaladas na incubadora, que já tenham dominado a tecnologia, o processo de produção, disponham de capital mínimo assegurado em um Plano de Negócios bem definido, que permitam o início da operação de seu negócio e faturamento (PACTI, 2006, p. 6). Já as empresas graduadas são “empresas que completaram seu período de incubação, podendo após esta fase, manter o vínculo com a Incubadora mesmo já operando no mercado.” (PACTI, 2006, p.6), O estudo delimita-se à Incubadora SENAC Rio cuja modalidade é de base tecnológica e sua atuação na região da Baixada Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, no período de 2003 a 2006. Nesse período, a Incubadora abrigou sete empresas em seu programa 4 de incubação, sendo que quatro delas ainda estão em processo de incubação e três já operando no mercado, com sucesso. A metodologia utilizada para elaboração deste trabalho, quanto aos fins, segundo Vergara (2006) qualifica-se como exploratória, descritiva e explicativa. A pesquisa explica o surgimento de um novo mecanismo de apoio ao desenvolvimento empresarial, contribui para tornar público um campo pouco explorado nas ciências e esclarece fatores ainda pouco conhecidos, que podem estar mobilizando ou dificultando a inserção dos pequenos estabelecimentos no mercado formal. Quando se fala de Incubadora de Empresa, alude-se a um tema pouco conhecido pela maioria dos novos empreendedores e ainda pouco explorado na literatura, o que justifica a investigação exploratória, conforme exposto no trecho abaixo. A investigação exploratória, que não deve ser confundida com leitura exploratória, é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não comporta hipótese que, todavia, poderão surgir durante ou ao final da pesquisa. (VERGARA, 2006, p. 47). Recorreu-se ainda à observação participativa, pois, um dos autores do projeto é um expectador interativo. Como explica Vergara, “na observação participante, você já está engajado ou se engaja na vida do grupo ou na situação; é um ator ou um expectador interativo” (VERGARA, 2006, p.54). Os dados, tratados de forma qualitativa, foram coletados através de realização de entrevistas e aplicação de questionários cujos roteiros foram elaborados diferenciadamente para as empresas “graduadas”, para as empresas “residentes” e para a Incubadora de Empresa. 4. Incubadoras de Empresa – revendo conceitos e identificando características A literatura sobre incubadoras de empresa tem convergido para o reconhecimento de que estas são ferramentas de transformação de idéias em negócios e o lugar ideal para o estímulo ao desenvolvimento do empreendedorismo, proporcionando o fortalecimento da economia local. São entendidas como um espaço físico aberto dentro de entidades, já consolidadas no mercado, destinado a atender, por tempo limitado, pessoa ou grupos que queiram criar sua própria empresa, visando conseguir uma melhor colocação em determinada área do negócio. Esse atendimento realiza-se por meio das instalações físicas adequadas, serviços de apoio, aconselhamento, certificação e padronização, desenvolvimento de planos de negócios e treinamento. Dada essas características, levantou-se a hipótese de que uma Incubadora de Empresas pode desenvolver o empreendedor e sua empresa de modo que estes se tornem auto-suficientes e sustentáveis, pois como sugere Corcetti, “as incubadoras favorecem a melhoria da competitividade das empresas, através de difusão e inovação tecnológica, diversificação das atividades produtivas e desenvolvimento econômico” (2004, p.1-2). Complementa a autora que o estabelecimento de parcerias efetivas entre as instituições e os agentes locais e nacionais, estimula o desenvolvimento tecnológico regional e a incubadora de empresa acaba sendo o resultado real desse esforço de parceria e transferência de tecnologia. Segundo Dornelas (2001, p. 203) “as incubadoras de empresas são entidades sem fins lucrativos destinados a amparar o estágio inicial de empresas nascentes que se enquadram em determinadas áreas de negócios”. As incubadoras estão cada vez mais inseridas em um ambiente globalizado, dinâmico e extremamente imprevisível, por isso possuem condições de estimular as empresas para se sustentarem em posição competitiva. Esclarece o SEBRAE que [...] as incubadoras são mecanismos utilizados para promover e estimular a criação de micro e pequenas empresas. Contribuem para o desenvolvimento sócioeconômico, na medida em que são potencialmente capazes de induzir o surgimento de unidades produtivas que geram grande parte da produção industrial e cria a 5 maior parte dos postos de trabalho no país. (SEBRAE, www.sebrae.com.br. Acesso em: 21 de abril de 2006). Existem vários tipos de incubadoras de empresas, segundo o Manual de Implantação de Incubadora de Empresas do SEBRAE: (i) incubadora de empresas de base tecnológicas: apóia empresas atuantes em setores tecnologicamente dinâmicos e as que têm na inovação tecnológica o diferencial do seu negócio; (ii) incubadora de empresas de setores tradicionais: apóia empresas de setores tradicionais da economia, que agregam tecnologia aos seus produtos e serviços; (iii) incubadora mista: apóia tanto empresas de base tecnológica como de setores tradicionais; (iv) incubadora de empresas de agronegócios: apóia empresas atuantes de cadeias produtivas ligadas ao agronegócios, que possuem unidades de produção externas à incubadora e utilizam seus módulos para atividades voltadas ao desenvolvimento tecnológico e ao aprimoramento da gestão empresarial; (v) incubadora de cooperativas e de outras formas de associação: apóia cooperativas de trabalho e outras formas de associação; (vi) incubadora virtual: apóia somente empreendedor e empresas localizados fora de seu espaço físico, através de um atendimento integrado e diferenciado; (vii) hotel de projetos/idéias: apóia empreendedores que queiram transformar idéias em produtos, processos e/ou serviços que resultem em empreendimentos competitivos. Devido à diversificação de tipologia de incubadoras no Brasil, as empresas incubadoras vieram também incrementar pesquisas sobre transferência de tecnologia no país, e um exemplo disso é a Incubadora de Empresas que se localiza no campus universitário da UFRJ na Ilha do Fundão, uma das experiências pioneiras no país. A incubadora de empresa é a casa da inovação, o lugar ideal para receber os empreendedores que estão iniciando negócio e que desejam agregar tecnologias para valorizar seus produtos, processos e serviços. Inovar, portanto, tornou-se o foco principal das incubadoras. Como argumenta Kuniyoshi (et al.2004), infra-estruturas tecnológicas têm desempenhado um papel cada vez mais importante no cenário da inovação, pois elas são capazes de aproximar atores sociais e políticas na alavancagem de esforços e recursos com o objetivo de promover condições favoráveis a um desenvolvimento sócio econômico sustentado e competitivo. Isso gera um ambiente propício à auto-suficiência e sustentabilidade das empresas que passam pelo processo de incubação. Por outro lado o autor ressalta que infra-estruturas não são suficientes para garantir o sucesso pós-incubação. Ele esclarece: Deve-se levar em conta que os processos de inovação internos das empresas não são homogêneos, pois assumem diversas características próprias e a sua capacidade de absorção e utilização de novos artefatos – sejam materiais, humanos e financeiros depende não somente do estágio de desenvolvimento já acumulado, mas também da natureza da tecnologia nos setores produtivos, que lhe são afetos e da capacidade de criar sinergias e aproveitar as oportunidades de desenvolvimento apresentadas (KUNIYOSHI, et al.2004, p.8). Dentre os objetivos que as incubadoras de empresas almejam, contribuir para reverter as altas taxas de mortalidade das empresas tem se tornado prioritário. Desta forma, explica-se que o processo de incubação é: [...] uma forma interessante de se tentar diminuir o índice de mortalidade das empresas. Para isso as incubadoras oferecem um ambiente flexível e encorajador onde são oferecidas uma série de facilidades para o surgimento e crescimento de novos empreendimentos a um custo bem menor do que no mercado, na medida em que estes custos são rateados e as vezes, subsidiados. (E-COMMERCE, 2006). As incubadoras de empresas também auxiliam não só empresas que estão começando, como as que também já existem e que querem investir em outro ramo de negócio. Conforme explicam Schineide e Flater (1995 apud AYRES, et al.2001, p.66), “as incubadoras 6 também podem abrigar projetos de empresas já estabelecidas, para o desenvolvimento de outros produtos com tecnologia inovadora”. O SEBRAE, com base nos resultados do seu programa de apoio direcionado às incubadoras de empresas, atesta: O objetivo principal de uma incubadora é desenvolver o empreendedor e sua empresa para aumentar sua competitividade e suas oportunidades de sucesso no mercado, de maneira que elas possam atender as exigências dos consumidores em relação a qualidade, a eficiência, a sofisticação etc... Ao sair da incubadora as empresas estão prontas para enfrentar as dificuldades do mercado e se expandirem. (SEBRAE, www.sebraerj.com.br. Acesso em: 21 de abril de 2006). Em seu livro, O Segredo de Luiza, Dolabela (1999) atribui um papel à sociedade pelo florescimento e consolidação do empreendedor e seu negócio: A tarefa de estímulo e apoio à criação e consolidação de empresas não é atribuição isolada de um setor, mas de toda a sociedade. Os sistemas de suporte são constituídos por todas as forças sócio-políticas e econômicas, atuando quer sob a forma de ações concretas - tais como consultorias, incubação, financiamento – quer sob a forma de construção de um arcabouço legal e criando um meio ambiente em que o empreendedor e a pequena empresa possam receber o tratamento e as condições necessárias do seu florescimento e consolidação. (DOLABELA, 1999, p. 135). As incubadoras de empresa desempenham o papel de “creche” de negócios, possibilitando condições para a criação de novos negócios. Entende-se que as empresas que se submetem ao processo de incubação não estão preparadas para enfrentar o mercado e, portanto, precisam de fonte de apoio da sociedade. Para Kunisyoschi, et al. (2004), [...] do ponto de vista da nação, a competitividade de um país está fundamentada em negócios já consolidados e que tragam divisas ao país, bem como na criação de mecanismos formais que garantam o nascimento, de forma sistemática, novos empreendimentos que acabam por gerar empregos, impostos, desenvolvimento da infra-estrutura local, enfim, benefícios globais à região. A criação de novas empresas então se torna um mecanismo fundamental para o desenvolvimento econômico regional e consequentemente de um país, melhorando a distribuição de renda e facilitando o surgimento de novas oportunidades para o aproveitamento de recursos naturais e humanos. (KUNIYOSHI, et a.l., 2004, p. 2). Nos últimos anos o número de empresas incubadas cresceu muito. Esse crescimento foi influenciado pelas diversas facilidades que as empresas incubadoras oferecem para os primeiros estágios do negócio. As empresas incubadas não encontrarão fora da incubadora as facilidades existentes dentro dela, a preços tão competitivos e de forma tão integrada. Por isso, a taxa de mortalidade de empresas incubadas é muito menor que as taxas de mortalidade das micro e pequenas empresas em geral, e a procura por vagas em incubadoras por parte das empresas nascente vem aumentando no país. (DORNELAS, 2001, p. 204). As incubadoras de empresas disponibilizam geralmente os seguintes benefícios, segundo SEBRAE (2006): a) Espaço físico personalizado ao negócio de cada empresa e também espaço para uso compartilhado em situações como: reuniões, demonstração de produtos das empresas incubadas, pesquisas em bibliotecas, testes de produtos em laboratórios; b) Apoio gerencial através de consultorias e assessorias em áreas de gestão empresarial e tecnológica, contabilidade, marketing, contratos com financiadores, assistência jurídica, engenharia de produção, captação de recursos, comercialização de produtos e serviços e outros; c) Desenvolvimento da capacitação dos empreendedores através de cursos de treinamento nos aspectos da gestão empresarial e tecnológica tais como: Contratos, 7 marcas e patentes, negociação, exportação, normalização e metrologia, capital de risco, comercialização, vendas, legislação tributária e fiscal etc; d) Possibilidade de acesso a laboratórios especializados nas universidades e instituições que desenvolvem atividades com base tecnológica. Tais facilidades possibilitam que as empresas incubadas alcancem um estágio de amadurecimento, tornando-as suficientemente fortes para sobreviverem em um mercado cada vez mais competitivo e mutável. Na visão de Soares: O acesso a consultorias e o ambiente encorajador, onde custos e impostos são inferiores aos praticados pelo mercado, viabilizam o desenvolvimento nos primeiros anos da empresa. A orientação contábil auxilia no planejamento, evitando problemas relativos ao orçamento para investimentos futuros, enquanto a orientação jurídica acelera o processo de regularização da instituição. Os parceiros envolvidos com a incubação (entidades privadas e governamentais) ajudam na constituição da credibilidade das novas empresas frente ao mercado. Diminuindo os riscos de insucesso, as incubadoras de empresas são uma estratégia para estimular a criação e estabelecimento de micro e pequenas empresas no mercado. Por conseqüência, aumenta-se o número de empresas no município e a arrecadação de impostos é acrescida, gerando mais recursos para a ação municipal. (SOARES, 2006). Também, convém salientar que em razão desse apoio, o índice de mortalidade das empresas que passam por este processo é bem menor do que a taxa de mortalidade das empresas que ingressam no mercado sozinhas como demonstrado inicialmente neste trabalho. 5. Crescimento das Incubadoras de Empresas no Brasil A criação de Programas de Incubadoras de Empresas no Brasil teve origem na década de 80, quando surgiu a primeira Incubadora de Base Tecnológica. No entanto a consolidação dessas, como meio de incentivo para atividades e produção tecnológica só se deu após a realização do Seminário Internacional de Parques Tecnológicos, em 1987, no Rio de Janeiro, seguido da criação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (ANPROTEC), que representa, além das incubadoras de empresas, todo e qualquer empreendimento que se utiliza dos mecanismos de incubação para gerar inovação. Figura 1 – Demonstrativo de Crescimento das Incubadoras de Empresa no Brasil até 2005 Fonte:ANPROTEC, 2005. 8 O crescimento do número de incubadoras foi impulsionado entre outros fatores pela situação de encerramento de cerca de 70% das micro e pequenas empresas nos primeiros cinco anos de existência. Considerando que os pequenos estabelecimentos são responsáveis por grande parte dos vínculos empregatícios existentes no Brasil a sustentabilidade das mesmas passou a ser não só uma preocupação do país com empreendedor, mas também passou a ser uma questão que influenciaria as relações econômicas do país. 6. Incubadora de Empresa de Base Tecnológica É a incubadora que estimula a criação e o desenvolvimento técnico-científico de micro e pequenas empresas, cujos projetos de produtos e serviços sejam totalmente voltados para área de tecnologia. As empresas de base tecnológica que passam pelo processo de incubação, além de criarem novos postos de emprego, também beneficiam o país com surgimento de novas tecnologias totalmente nacionais o que contribui significativamente para o progresso científico do país. As incubadoras representam uma dimensão institucional nova para o processo de inovação, para as relações entre as indústrias e as universidades e para a densificação de um sistema regional de inovação com impacto significativo sobre a competitividade da economia nacional como um todo. (BAÊTA, 1999. p. 16). Para que isso aconteça é necessário que se entenda e invista em P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) e criem-se condições que favoreçam o surgimento de empresas capazes de gerar produtos e serviços de qualidade. Uma incubadora de empresas de base tecnológica, segundo definição do SEBRAE, “é aquela que abriga empresas, cujos produtos em processos ou serviços são gerados a partir de resultados de pesquisas aplicadas nos quais a tecnologia representa alto valor agregado” (SEBRAE, www.sebrae.com.br. Acesso em: 21 de abril de 2006). Segundos dados recentes divulgados pelo Sebrae, de 339 incubadoras existentes no Brasil 200 são incubadoras de empresas de base tecnológica no Brasil, sendo que 1/3 delas está localizadas no estado de São Paulo. Essas incubadoras atuam no processo de inovação e no surgimento de novos produtos e/ou serviços de caráter tecnológico. Possuem um quadro de consultores altamente qualificados e capacitados para fornecerem informações de base tecnológica que agregarão significativo valor ao produto ou serviço. Essa atuação é fundamental para que as empresas que passam pelo processo de incubação atinjam um grau de maturidade e conhecimento que as permitam competir com empresas que já estão inseridas no mercado. O espaço físico fornecido pelas incubadoras de base tecnológica é estruturado de forma flexível para que possam ser facilmente adaptados para atender as necessidades das empresas entrantes interessadas. As incubadoras de base tecnológica apresentam estreita relação empresarial com suas incubadas pela transferência de conhecimentos e resultados obtidos através de pesquisas e projetos sobre tecnologia onde estas obtêm capacitação em segmentos de ponta. Como explica Leite: As empresas de base tecnológica apresentam algumas importantes vantagens comparativas: existência de know-how super especializado; produtos e/ou serviços de alta qualidade; flexibilidade estrutural; fácil ligação ao centro de excelência; proximidade/conhecimento de cliente; organizam-se em redor do cliente e não de acordo com sua lógica interna, o cliente e a razão de ser do seu negócio, não importa em que negócio a empresa esteja, o sucesso dependerá da sua capacidade de resposta às mudanças nas necessidades de desejos dos seus clientes. E para isso tem de se manter em constante contato com eles; mercado em forte crescimento e tecnologia de ponta; o sangue vital desse tipo de empreendimento não é equipamento, mas sim seria como se a humanidade ficasse sem o minério de ferro durante a revolução industrial (LEITE, 2001, p. 96). 9 Estudos apontam para uma tendência das empresas de bens e serviços de base tecnológica de se colocarem em posição de comando da economia nos próximos anos (TEIXEIRA, 2001). 7. O Processo de Incubação da Incubadora Senac Rio e Análise da Auto-suficiência e Sustentabilidade na Pós-incubação O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC Rio foi criado por meio do Decreto Lei nº 8.621 de 10 de janeiro de 1946 pelo então presidente da república Getúlio Vargas, com a finalidade de atender e instruir os jovens para o mercado de trabalho. Desde então o SENAC do Rio de Janeiro tem como missão institucional propiciar a pessoas e organizações o desenvolvimento de conhecimento nas atividades terciárias da economia. A partir de 1999 o SENAC Rio reformulou sua proposta pedagógica, pois entendeu que os cursos básicos que oferecia não conseguiam formar profissionais do gabarito exigido para concorrer no mercado. Em 2003 iniciou-se o primeiro grupo de Ensino Superior Tecnológico, na área da informática e telecomunicações e em 2005, em Turismo. Foi em 2003, através de uma iniciativa da instituição que se deu início à Incubadora SENAC Rio, com o objetivo de promover a inovação tecnológica no desenvolvimento de novos empreendimentos, buscando recursos financeiros junto ao SEBRAE. Segundo o Manual de Implantação de Incubadoras de Empresas do SEBRAE (2003), o processo de seleção das empresas que desejam ingressar na Incubadora SENAC Rio se dá da seguinte forma: a) Publicação e divulgação do edital; b) Seleção dos Candidatos; c) Pré-seleção; d) Capacitação dos pré-selecionados na elaboração de planos de negócios; e) Análise final; f) Pré-operação; g) Operação. A incubadora possui uma estrutura simples, porém suficiente para atender duas empresas de montagem e manutenção de micros e três empresas de criação de software, com apoio de profissionais qualificados nas áreas administrativa, gerencial e marketing. Conforme menciona o gestor da Incubadora em entrevista:,”as atividades da área de informática e telecomunicações possuem características peculiares que possibilitam a criação de uma incubadora de pequeno porte: essas empresas não precisam de muito espaço físico nem de uma infra-estrutura muito elaborada.” (entrevista concedida por Vinicius Alves, Gerente da Incubadora Senac Rio, em 23 de junho de 2006). Figura 2 – Organograma da Incubadora de Empresas Senac Rio Conselho Técnico Gerência Secretaria Fonte: SENAC Rio, 2003. A incubadora SENAC Rio oferece facilidades como: ambiente (espaço físico) individual, linha telefônica com ramais individuais, sala de reunião, auditório com capacidade para setenta pessoas e biblioteca. Como explica o entrevistado: 10 A Incubadora do Senac Rio oferece para cada empresa incubada: uma baia, […], dois computadores, link com acesso a internet e telefone. Adicionalmente, ela oferece suporte administrativo e jurídico. A incubadora também, através de uma parceria com o Sebrae, possui um orçamento exclusivo para a capacitação dos gestores das empresas nas mais diversas áreas: planejamento de negócios, vendas, MKT, gestão, finanças, etc. (entrevista concedida por Vinicius Alves, Gerente da Incubadora Senac Rio, em 23 de junho de 2006) Após a escolha da empresa a ser incubada realiza-se um levantamento com os futuros empreendedores para verificar a real necessidade de novos conhecimentos e sugere-se o aperfeiçoamento através de cursos e treinamentos dando-lhes capacidade para que no período de incubação possam criar ou ampliar sua rede de relacionamentos, seu capital e sua carteira de clientes. A incubadora de empresa proporciona o surgimento e fortalecimento de novos negócios, conseqüentemente contribui para o desenvolvimento regional, como é apontado no trecho da entrevista a seguir: Como mencionado anteriormente, as incubadoras são responsáveis pela criação de um ambiente mais propicio para o desenvolvimento de novas empresas. Devido a todas as questões de mercado, tributárias e políticas, as empresas que nascem possuem grande chance de extinção nos dois, três primeiros anos de vida. O surgimento e principalmente o crescimento sustentável de novas empresas são fatores importantíssimos para o próprio desenvolvimento sócio-economico de uma região. Qualquer planejamento de crescimento sustentável de uma cidade abrange o surgimento de novas empresas que garantam receita, emprego e desenvolvimento social (entrevista concedida pelo gerente da Incubadora Senac Rio, em 23 de junho de 2006). Como visto, as palavras do entrevistado sugerem que as incubadoras de empresas favorecem ao crescimento e desenvolvimento sustentável social e econômico das regiões onde elas se instalam. O desenvolvimento local proporcionado pelas incubadoras varia de acordo com cada localidade, levando em conta as características endógenas culturais e econômicas regionais. Esses fatores influenciarão não só na estruturação física e orçamentária da incubadora e suas incubadas, mas também, diretamente na cultura organizacional de cada uma delas, como é comentado em entrevista: A cultura de uma organização começa a ser moldada através de práticas e valores dos seus fundadores. Numa empresa recém criada, sua cultura é praticamente nula uma vez que a empresa pode até não ter nenhum funcionário. A medida que a empresa cresce, as práticas e valores sofrem influências do ambiente a qual a empresa está inserida, pois diversas práticas, por exemplo, são ditadas pela incubadora. Crenças, modelos mentais, posturas e outros aspectos da cultura de uma empresa que está incubada são moldados pelos seus respectivos aspectos da cultura da empresa incubadora. Alguns ritos podem ser absorvidos e replicados pelos incubados. Outros, porém serão rejeitados, pois são conflitantes em relação aos valores de seus fundadores. De qualquer forma, existe uma alta propensão da cultura das empresas novas serem minimamente alinhadas com a cultura da empresa incubadora (entrevista concedida por Vinicius Alves, Gerente da Incubadora Senac Rio, em 23 de junho de 2006). As palavras do entrevistado indicam que as incubadoras de empresas influenciam direta ou indiretamente na formação da cultura interna de todas as empresas que passam pelo processo de incubação. Mas apesar dessa influência as incubadoras não ditam regras ou padronizam a constituição da cultura organizacional. As incubadoras de empresas de base tecnológica oferecem diversos serviços como orientações, apoio gerencial e operacional com objetivo principal de tornar as MPE’s e seus 11 empreendedores, que estão no processo de incubação, mais fortes, dinâmicos, flexíveis e inovadores. O entrevistado da SENAC Rio também lembra da importância das incubadoras de empresas no processo de geração da sustentabilidade e estabilização das MPE’s. Uma incubadora é muito importante no processo inicial de uma empresa por diversos motivos. O primeiro é pela fragilidade financeira da nova empresa que não conseguiria “bancar” uma infra-estrutura propícia para tocar seu negócio. Outro motivo é a definição real do seu negócio: a empresa incubada tem um tempo em que pode analisar melhor o mercado e estruturar-se da melhor forma para atendê-lo. A questão tributária também é importante. Uma empresa incubada paga menos imposto que uma empresa “solta” no mercado, o que favorece o fortalecimento financeiro da mesma. Outro motivo bem importante é a questão do “endosso corporativo” que a incubadora pode oferecer as empresas incubadas até que suas próprias marcas atinjam um certo reconhecimento. O que isso significa: quando uma empresa oferece um tipo de produto/serviço no mercado, o que mais prejudica em sua comercialização é o fato de ninguém conhecer sua marca. Uma empresa incubada oferece seus produtos/serviços sempre atrelados à marca da Incubadora que geralmente possui reconhecimento no mercado. (entrevista concedida por Vinicius Alves, Gerente da Incubadora Senac Rio, em 23 de junho de 2006) Por isso o processo de pós-incubação é considerado a fase mais crítica e devido às expectativas de manterem-se sozinhas com seus próprios recursos. As incubadoras de empresas têm um papel fundamental na avaliação da questão da auto-suficiência e sustentabilidade, pois através dos planos de negócios apresentados pelos empreendedores candidatos à incubação, já se pode ter a resposta imediata sobre a viabilidade do negócio, pois é no plano de negócio que o empreendedor expõe o que considera por público alvo, as descrições dos bens e serviços que serão comercializados, os investimentos necessários para a execução do plano e o sucesso do negócio. Os questionamentos aos quais os empreendedores foram submetidos para fins da presente pesquisa, visaram caracterizar as expectativas dos empreendedores nos vários aspectos como: motivos que os levaram a incubar seus negócios, expectativas em relação à capacitação, ao mercado e questões financeiras. Nos quadros abaixo sintetiza-se tais características. Quadro 1 – Expectativas das Empresas Incubadas Avlis Redes e Sistemas Ltda 2Know Informática Ltda A oportunidade de iniciar a vida empresarial com o apoio de uma instituição renomada. O início da vida de uma empresa é muito difícil, O que os motivou a procurar uma face os seus empreendedores/administradores Infra-estrutura e apoio incubadora de terem geralmente o perfil do produto final da organizacional. Chancela e empresa, faltando-lhes a visão global do empresas?Justifique. capilaridade no mercado. negócio deixando áreas vitais como: planejamento, pessoal, financeiro; em segundo plano. Inicialmente sim, mas como A assessoria prestada pela Sim. Até o presente momento (seis meses), ainda estamos no início do incubadora atende as suas tem atendido minhas necessidades e relacionamento ainda não tenho necessidades e expectativas? expectativas. todas as minhas expectativas e opiniões formadas. Crescente. Meu negócio atua em um mercado com poucos Durante o período de incubação Promissor, o mercado se abre a novas qual a expectativa que se tem em oportunidades a partir da orientação que se especialistas. Acredito nas vantagens do pioneirismo e relação ao mercado? encontra na incubadora. qualidade no serviço. Perguntas Neste período de incubação, houve algum questionamento se este seria o negócio correto? Não, aconteceram ajustes quanto aos produtos oferecidos em função da confecção do plano de negócios. Até o momento não. 12 Conheci até o momento os pontos fortes, que são: apoio de tecnologia, cursos e treinamentos orientado ao empresário, Ponto forte: rede de Quais os pontos fortes e fracos, na divulgação de feiras e oportunidades de possibilidades. incubadora? negócio, apoio a confecção de novas Ponto fraco: espaço físico. estratégias, etc. Devem existir pontos fracos, até o momento não os identifiquei. Até antes do final do período de incubação a Ainda estamos em fase de minha expectativa é de auto-sustentabilidade investimento. A expectativa é Qual a sua expectativa financeira e crescimento regular, pois a experiência tem de consolidar uma base de giro após o período da incubação? sido bastante positiva em relação a para “tocar” o negócio. prospecção de negócios e clientes. Na área de negócios que tenho como foco Acredito que pode ajudar em Qual a sua expectativa quanto à (informática – TI) é uma concorrência soluções integradas usando os concorrência? Acha que a bastante acirrada. O apoio da incubadora, produtos oferecidos por todas incubadora ajudará com relação a preparando o empresário e empresa com as empresas incubadas em este fator? treinamentos e orientações regulares é peça soluções mais abrangentes. fundamental para o sucesso do negócio. Fonte: entrevistas concedidas por Marcus Vinicius G. Bignon, diretor da empresa 2Know Informática Ltda, Cláudio Mauricio Rocha e Silva, diretor da empresa Avlis Redes e Sistemas Ltda. Em relação aos motivos que levaram as empresas residentes a buscar o auxílio de uma incubadora, destaca-se a parceria entre a incubadora e as empresas no que diz respeito a chancela que a primeira dá aos produtos e serviços oferecidos pelas empresas residentes. A visão de mercado para os empreendedores residentes é otimista. Verifica-se na entrevista que ao ingressarem na incubadora demonstram estar conscientes e decididos sobre qual negócio irão administrar. Quando questionados se já dentro da incubadora ocorreram dúvidas em relação ao segmento do negócio, os entrevistados demonstram estar conscientes e decididos a respeito de seus produtos e serviços guardando uma margem de flexibilidade para possíveis modificações. Foram identificados como pontos fortes: apoio à tecnologia, treinamento, boa infra-estrutura, custos reduzidos e boa localização. E um dos pontos fracos identificados foi a falta de espaço físico. Com relação às expectativas financeiras, revelou-se entusiasmo quanto ao alcance da auto-suficiência. Quando perguntados sobre a capacitação para a concorrência que a incubadora proporciona, os empreendedores têm expectativas positivas. Observa-se que mesmo ainda dentro da incubadora, os empreendedores conseguem ter uma visão de mercado. Algumas afirmativas dos empreendedores residentes podem ser comprovadas por Corcetti em seu estudo sobre o processo de incubação em pólo tecnológico: […] os empreendimentos, na maioria das vezes, começam com pouca credibilidade e só uma rede de relacionamento consistente e duradoura, baseada na parceria, fará com que seus produtos tenham mais credibilidade com o tempo e garanta uma boa imagem da organização (...). A incubadora de empresas pode auxiliar as empresas iniciantes nos contatos iniciais com esses parceiros em potenciais, mais os empreendedores deverão ter persistência para insistirem com os contatos e flexibilidade para o desenvolvimento dessas parcerias em longo prazo. (CORCETTI, 2004, p 13). Quadro 2 – Expectativas das Empresas Graduadas Perguntas O que os motivou a procurar uma incubadora de empresas? Fu2re Soluções Inteligentes em Forpix Internet Solution TI O apoio de uma instituição de Montar meu próprio negócio. A renome, possibilidade de possibilidade de aprender a alavancar negócios com um empreender durante este período custo inicial reduzido e para entrar no mercado mais possibilitar o crescimento da preparado. empresa. 13 Capacitou-nos em cursos especializados como: planejamento, gerência de produto, marketing direto De que forma a incubadora contribuiu para o vendas, entre outros. Viabilizou desenvolvimento e amadurecimento técnico administrativo de sua empresa? recursos para a nossa divulgação e, inclusive, surgiram alguns projetos graças a indicação do Senac. Antes da incubadora, a Forpix Tivemos um crescimento não existia. Ela nasceu, cresceu razoável apesar do aumento do e se desenvolveu praticamente custo fixo. No período de junto com a própria incubadora incubação, a empresa tinha um de base tecnológica do Senac Quais os resultados financeiros obtidos após o custo fixo mais baixo, então o Rio. O crescimento é visível, período de incubação? Faça um comparativo entre o crescimento pode ser feito mas é lento. Precisamos montar período de incubação e o pós-incubação. gradativamente, já no período de uma estrutura maior para atender pós-incubação o crescimento foi uma demanda maior e este é o maior, porém como salientei os desafio, crescer com uma custos também foram. demanda auto-sustentável. Sim. Pois ao realizar qualquer O Senac ainda está muito apresentação da empresa, vinculado à ensino. Mesmo O elo que permanece entre a incubadora e sua sempre é mencionado que assim as pessoas reconhecem a empresa tem contribuído para a conquista de novos começamos dentro de uma marca como uma empresa de clientes? Faça um comparativo entre o período de incubadora de empresas e qualidade. A chancela do Senac, incubação e o pós-incubação. estamos no mercado. Este sem dúvida nos traz algumas aspecto passa uma grande vantagens competitivas. credibilidade e confiança. Sim, estamos aprendendo na prática como é o dia-a-dia da Sem dúvida. A vida empresarial empresa. Ainda não estamos no é um aprendizado constante, patamar que desejávamos, mas A sua visão sobre a dinâmica do mercado permanece nossa concepção de mercado e estamos crescendo como a mesma? Vocês estão mais competitivos do que no negócios é completamente pessoas e profissionais. Espero período de incubação? diferente do início da vida da que em breve, eu possa estar empresa. dizendo que a Forpix é um sucesso. Fonte: entrevistas concedidas por Marcelo Casimiro, sócio-diretor da empresa Forpix Internet Solution, Rodrigo Fernandez Ferreira, sócio-diretor da empresa Fu2re Soluções Inteligentes em TI. Através de palestras e cursos, participações em feiras e seminários podem nos capacitar a nível estratégico e gerencial para podermos competir com as grandes concorrentes no nosso segmento. Analisando as entrevistas com os empreendedores graduados, consegue-se ter uma resposta objetiva a questão a que se propõe este artigo. A entrevista foi possível porque as empresas mencionadas no quadro 2 continuam em plena operação, após processo de incubação. As facilidades, já mencionadas no artigo, que são proporcionadas pela incubadora, também foram os atrativos essenciais para que os empreendedores, agora graduados, optassem pelo processo de incubação. O amadurecimento técnico administrativo das empresas foi impulsionado pelos treinamentos e participações em feiras e recursos para divulgação institucional. Ambas as empresas verificaram que seus negócios expandiram-se, apesar do crescimento ter sido lento e ainda não ter chegado ao desejado, os empreendedores em entrevista mostram-se otimistas com os resultados obtidos, até então, no período pósincubação. O elo que permanece entre a incubadora e as empresas graduadas, na visão dos empreendedores entrevistados contribui na prospecção de novos clientes, considerando que seus produtos e serviços ainda estão atrelados a chancela da SENAC Rio. A visão de mercado destes empreendedores é diferente de como pensavam em período de incubação; após este período os empreendedores parecem mais maduros, e preparados para formularem suas estratégias de negócio para arcarem com os custos por conta própria, além de estarem enfrentando a concorrência mercadológica diretamente. As facilidades proporcionadas aos empreendedores, no período de incubação, criam expectativas 14 quanto ao crescimento e desenvolvimento do negócio no sentido de possibilitar vantagem competitiva em relação às empresas já consolidadas. 8. Considerações Finais Constatou-se com os resultados da pesquisa que as incubadoras de empresas são extremamente importantes para os novos empreendedores. Elas proporcionam capacitação gerencial e tecnológica aos residentes, o que os tornam mais competitivos, dinâmicos e com mais credibilidade frente às condições impostas pelo mercado. Desta forma pode-se confirmar que aqueles que passam pelo processo de incubação têm mais condições de conquistar a autosuficiência e sustentabilidade do que aqueles que ingressam no mercado sozinhos. O apoio da Incubadora SENAC Rio é avaliado como positivo nesta pesquisa, pois se deve levar em consideração que é fundamental tanto para as empresas graduadas como para as residentes estabelecerem redes de contatos para a sua inserção no mercado e expansão no negócio. As empresas de base tecnológica que iniciam seus empreendimentos sem apoio de uma instituição promotora de desenvolvimento e inovação poderão ter maiores dificuldades em tecer essa teia de relacionamentos considerada alavanca primordial no mundo dos negócios. As experiências de Incubadoras transmitidas às pequenas empresas iniciantes, podem ajudá-las a vencer os desafios que se colocam às mesmas, numa conjuntura como a brasileira em que a falta de recursos financeiros e ausência de infra-estrutura é um problema recorrente no mundo dos negócios, empurrando o empreendedor à informalidade, formando um ciclo vicioso no qual o empreendedor se refugia. Estudos de Dornelas (2001), Dolabela (1999), Costa (2002) e Soares (2006), Corcetti (2004), Kuniyoshi (2004) e outros, ajudaram na compreensão das várias dimensões do tema incubadora de empresas. Também a pesquisa documental junto ao SEBRAE, SENAC Rio e ANPROTEC foi fundamental para a elucidação das questões e na condução da análise dos dados. Contudo, a ferramenta essencial no direcionamento e conclusão desta pesquisa foram as abordagens junto à Incubadora e às empresas graduadas e residentes sem as quais não seria possível a compreensão das expectativas desses atores–chave. A análise dos resultados da pesquisa revela as expectativas e oportunidades que são comuns às empresas residentes e graduadas. Nota-se que a conquista da auto-suficiência e a sustentabilidade é uma questão de planejamento, acesso ao conhecimento, persistência, disponibilidade financeira e capacitação. A este conjunto de características deve ser somado a uma boa percepção de mercado. Acredita-se que uma pesquisa geograficamente mais abrangente em termos de tipologia de Incubadoras contribuiria com percepções mais diversificadas tanto da parte das incubadoras como de empresas incubadas. Por fim, o estudo revela a importância das interações entre os setores econômicos e institucionais, pouco focalizadas na literatura pertinente. Nesta pesquisa a interação viabilizou o começo de uma trajetória cujos atores foram os micro e pequenos empresários, as agências públicas como o SENAC Rio e o SEBRAE, o que possibilitou formas de estratégias e de planejamento tão importantes para o início promissor do negócio. 9. Referências Bibliográficas ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologia Avançada. Panorama 2000: As Incubadoras de Empresas no Brasil. Disponível em: http://www.anprotec.org.br. Acesso em: 27 de maio de 2006. ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologia Avançada. Panorama 2005: Pesquisa Nacional Sobre Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos do Brasil, 2005. Disponível em: http://www.anprotec.org.br. Acesso em: 28 de novembro de 2006. 15 AYRES, Katia; CAVALCANTE, Guilherme; BRASILEIRO, Maria. Stress de Empreendedores: Um estudo em empresas incubadas. In: SOUZA, Eda Castro. Empreendedorismo. Brasília: SEBRAE/ANPROTEC, 2001, p.64-83. BAÊTA, A. M. C. O Desafio da Criação: Uma Análise das Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica. Petrópolis: Vozes. 1999. CORCETTI, Elizabete. O Processo de Incubação no Pólo Tecnológico de Santa Rita do Sapucaí: Um Estudo de Caso. In Anais do 1º Encontro de Estudos em Estratégia. Org. UFPR e PUCPR – Curitiba, 2004, p.1-17. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: Transformação idéias em negócios. 5ª. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2001, 297p. DOLABELA, Fernando. O Segredo de Luiza. 15ºEd., São Paulo: Cultura – Eds Associados, 1999, 312p. E-COMMERCE. Disponível em: http://www.e-commerce.org.br/incubadoras.html. Acesso em: 21 de abril de 2006. FAURÉ, Yves-A. & HASENCLEVER, Lia. Introdução. In: Yves-A. & Lia Hasenclever (orgs.) Caleidoscópio do Desenvolvimento Local no Brasil: diversidade das abordagens e das experiências. Rio de Janeiro: E-papers, 2007, p.13-47. JORNAL O GLOBO. Taxa de mortalidade de pequenas empresas está em baixa. In: Economia, 18 de abril de 2007, p. 24. KUNIYOSHI, Marcio. S.; MAÑAS, Antônio V. CALIFE, Flávio. E. Criação de Empresas de Base Tecnológica: Contexto e Reflexões. In Anais do 1º Encontro de Estudos em Estratégia. Org. UFPR e PUCPR – Curitiba, 2004, p.1-16. LEITE, Emanuel: O Fenômeno do empreendedorismo e as empresas de base tecnologia. In: Eda Castro Souza. Empreendedorismo: Competência Essencial para pequenas e médias empresas. Brasília: Ed. SEBRAE/ANPROTEC, 2001, p.84-102. PACTI: Manual para Implantação de Incubadora de Empresas. Disponível em: http://www.sebrae.com.br. Acesso em: 02 mar. 2006 SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas. Programa Sebrae de Incubadora de Empresa. Disponível em www.sebrae.com.br. Acesso em 24 de abril de 2007. SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas. Disponível em: http://www.sebrae.com.br. Acesso em: 21 de abril de 2006. SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas. Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade de Empresas no Brasil. Brasília: SEBRAE/FUBRA. Agosto 2004. 56p. SENAC RIO, Regimento da Incubadora Senac Rio – Informática e Telecomunicações. Rio de Janeiro: Senac Rio. 2003, 17p. SOARES, Ana Paula Macedo. Incubadoras de Empresas. Disponível em: http://federativo.bndes.gov.br/dicas/d101.htm. Acesso em: 30 de setembro de 2006 SOARES, NICOLAU: Faria, Glauco; Massad, Anselmo. Do berço ao mercado: Inovação sob medida. In: RUMOS. Rio de Janeiro. ABDE. 2002. TEIXEIRA, Descartes de Souza. Incubadora de Empresa de Software e Internet: Considerações para implantação e operação. Brasília: ANPROTEC/SEBRAE, 2001. 107 p. VERGARA, Sylvia. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. Ed. 7ª. São Paulo: Atlas, 2006, 96 p. 16