DESENVOLVIMENTO GLOBAL DO SER HUMANO À EPISTEMOLOGIA DA TOTALIDADE, NA OBRA DE PAULO FREIRE João Viegas Fernandes13 Introdução 1. Da Educação e do Mundo que temos, a Educação e ao Mundo que queremos 13 João Viegas Fernandes, tem uma tripla formação acadêmica, engenheiro técnico agrário, sociólogo e educador. Exerce as funções de professor coordenador, na área das Ciências da Educação, da Escola Superior de Educação da Universidade do Algarve 39 “Tecnolopia – a submissão de todas as formas de vida cultural à soberania da técnica e da tecnologia ... o computador redefine os humanos como “processadores de informação” e a própria natureza como informação a ser processada. Em suma, a mensagem metafórica fundamental do computador é que somos máquinas-pensantes, é certo, mas máquinas, apesar de tudo. É por essa razão que ele é a máquina quintessencial, incomparável, quase perfeita, da tecnopolia, subordinando as exigências da nossa natureza, da nossa biologia, das nossas emoções, da nossa espiritualidade. O computador reivindica soberania sobre toda a gama de experiências humanas e fundamenta a sua posição mostrando que “pensa” melhor que nós próprios... Por outras palavras, o que temos aqui é o caso de uma metáfora que enlouqueceu”. Neil Postman Tecnopolia: Quando a Cultura Se Rende à Tecnologia O paradigma educacional vigente (unidimensional), monocultural e compartimentado disciplinarmente), está articulado com o paradigma científico dominante (fundado na especialização, na atomização, na compartimentação do conhecimento e na racionalidade instrumental). Ambos são co-responsáveis pelo modelo civilizacional contemporâneo (globalização neo-liberal) que tem ampliado as desigualdades e exclusões sociais e agravado os desequilíbrios e problemas ecológicos. A educação unidimensional (instrução), a super especialização acadêmica e científica e a submissão da vida cultural à tecnologia (televisão e computador) contribuem para a redução do espírito crítico e reflexivo, para alienação e passividade dos seres humanos. Allan Bloom, no seu livro The Closing of the American Mind (versão portuguesa com o título A Cultura Inculta: Ensaio Sobre o Declínio da Cultura Geral, 1988), demonstra que a educação superior americana vem empobrecendo a mente dos estudantes e defraudando a democracia, devido à crescente especialização, à eliminação da reflexão filosófica e à marginalização das disciplinas humanísticas. Tais factos, não permitem o desenvolvimento da totalidade das capacidades dos estudantes, promovendo uma cultura inculta. Neil Postman (1994) chama à atenção do perigo da submissão de todas as formas da vida cultural à soberania da técnica e da tecnologia que designa por tecnologia. Vicent Verdú (1997) denuncia o ódio aos intelectuais, devido ao carácter amplo, global, reflexivo e crítico da sua cultura, bem como o domínio do entertainment e do infantilismo, na sociedade americana. Stephen Bertman (2001) analisa as conseqüências sócio-culturais de uma sociedade em que a informação é processada a alta velocidade que aturde as pessoas e em que a vida é 40 vivida a correr. Designa o estado cultural patológico, promovido pela sociedade contemporânea, como hipercultura. O menosprezo pela ética, a desvalorização dos afectos, a alienação, a passividade e a virtualidade, a que estão confinadas grande parte das pessoas, como resultado da globalização cultural do American Way of Life, são tratados de forma magnífica por Saramago nos livros Ensaios Sobre a Cegueira e A Caverna. Para que haja esperança na construção de um Mundo Melhor é imprescindível que as pessoas superem as trevas da ignorância, assumam uma postura ética e afectiva e partam na busca da verdade, assumindo-se como sujeitos da sua própria história. A teoria e a práxis educativa desenvolvida por Paulo Freire, constituem, seguramente, uma inspiração e uma orientação nesta difícil, mas possível e necessária caminhada, por um Mundo Melhor – socialmente mais igualitário e justo e, ecologicamente, mais equilibrado. Neste artigo, que pretendo que seja também uma homenagem a este grande educador, utilizarei, tanto quanto possível, as suas próprias palavras, de forma a manter-me fiel ao seu pensamento e a mostrar, simultaneamente, a grande actualidade e importância da sua obra, no limiar do século XXI. 2. Uma teoria e praxis Educativa para o desenvolvimento Global dos seres Humanos “É impossível ensinar sem capacidade forjada, inventada, bem cuidada de amar... É preciso ousar para dizer, cientificamente, que estudamos, aprendemos, ensinamos, conhecemos com o nosso corpo inteiro. Com os sentimentos, com as emoções, com os desejos, com os medos, com as dúvidas, com a paixão e também com a razão crítica. Jamais com esta apenas. É preciso ousar para jamais dicotomizar o cognitivo do emocional. ...Mas, a curiosidade epistemológica – a que, tomando distância do objecto, dele se aproxima com o ímpeto e o gosto de desvelá-lo. E essa curiosidade fundamental ainda não basta... Para isso, é necessário que evitemos igualmente outros medos que o cientificismo nos inoculou. O medo, por exemplo, de nossos sentimentos, de nossas emoções, de nossos desejos, o medo de que ponham a perder nossa cientificidade. O que eu sei, sei com o meu corpo inteiro: com a minha mente crítica mas também com meus sentimentos, com minhas intuições, com minhas emoções. O que eu não posso é parar satisfeito ao nível dos sentimentos, das emoções, das intuições. Devo submeter os objectos de minhas intuições a um tratamento sério, rigoroso, mas nunca desprezá-los. ...Não temer os sentimentos, as emoções, os desejos e lidar com eles com o mesmo respeito com que nos damos a uma prática cognitiva integrada com eles ... É preciso não ter medo do carinho, não fechar-se à carência afetiva dos seres interditados de estar sendo. Só os mal-amados e as mal-amadas entendem a actividade docente como um que-fazer de insensíveis, de tal maneira cheios de racionalismo que se esvaziam de vida e de sentimentos. ...O professor deve ensinar. É preciso fazê-lo. Só que ensinar não é transmitir conhecimento. Para que o ato de ensinar se constitua como tal, é preciso que o ato de aprender seja precedido do, ou concomitante ao, ato de aprender o conteúdo ou o objecto cognoscível, com que o educando se torna produtor também do conhecimento que lhe foi ensinado... É neste movimento dialéctico que ensinar e 41 aprender vão se tornando conhecer e reconhecer. O educando vai conhecendo o ainda não conhecido e o educador, reconhecendo o antes sabido. ...O processo de saber, que envolve o corpo consciente todo, sentimentos, emoções, memória, afetividade, mente curiosa de forma epistemológica, voltada ao objeto, envolve igualmente outros sujeitos cognoscentes, quer dizer, capazes de conhecer e curiosos também. Isto significa simplesmente que a relação chamada cognoscitiva não se encerra na relação sujeito cognoscente-objecto cognoscível porque se estende a outros sujeitos cognoscentes”. Paulo Freire PROFESSORA SIM tia NÃO: cartas a quem ousa ensinar Paulo Freire, considerado por alguns, como o maior educador do século XX, veio desenvolvendo, entre a década de sessenta e o final da década de noventa, uma original concepção dialógica, problematizadora, conscientizadora e libertadora da educação, como alternativa à educação tradicional. Ao longo da sua obra interrelacionou e integrou as dimensões cognitivas, afectivas, sensitivas, éticas, estéticas e políticas dos seres humanos. Paulo Freire designou a educação tradicional, baseada em pressupostos behavioristas por “concepção bancária”. A educação tradicional transforma o/a educando/a (objecto da educação) numa mera “vasilha”. O/A educando/a tem um papel passivo no processo de aprendizagem, limitando-se a memorizar e a armazenar os conhecimentos que o/a educador/a transmite através de aulas predominantemente expositivas e narrativas. Os conteúdos programáticos visam somente atingir os domínios cognitivos, designadamente, segundo concepção de Howard Gardner, as inteligências lógico-matemática e lingüística. Desta forma, o desenvolvimento dos/as educandos/as é compartimento e limitado, transformando-os/as em seres domesticados e alienados. Se, nas primeiras obras, a maior ênfase era dirigida para a educação de adultos14, após o seu regresso ao Brasil e, nomeadamente, após ter dirigido, entre 1989 e 1991, a Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São Paulo (11,4 milhões de habitantes, dos quais 1,2 milhões eram analfabetos) passou a dar maior atenção à educação formal15. No desempenho do cargo de Secretário de Educação promoveu algumas mudanças estruturais importantes no sistema educativo da Cidade de São Paulo. De entre elas, permito-me salientar a implementação de currículos inter-transdisciplinares e multiinterculturais que visavam o desenvolvimento global dos/as alunos/as, a nível cognitivo, afectivo e axiológico; a democratização das relações de poder dentro da Escola; a abertura da Escola à comunidade; a instituição da autonomia da Escola; a implementação de programas de educação de jovens e adultos; a organização de programas de formação permanente dos/as educadores/as, visando o desenvolvimento de competências que lhes 14 Educação como prática da Liberdade (1967); Extensão ou Comunicação? (1971); Pedagogia do Oprimido (1974); Alfabetização e Conscientização (1975); Acção Cultural para a Liberdade e Outros Escritos (1976); Cartas à Guiné-Bissau. Registros de uma Experiência em Processo (1977); Conscientização: Teoria e Prática da Libertação. Uma Introdução ao Pensamento de Paulo Freire (1979); A Importância do Ato de Ler (em três artigos que se completam) (1982). 15 Educação na Cidade (1991); Pedagogia da Esperança (1992); Política e Educação (1993); Professora Sim tia Não: Cartas a Quem Ousa Ensinar (1993); à Sombra desta Mangueira (1995); Pedagogia da Autonomia (1997); Pedagogia da Indignação: Cartas Pedagógicas e Outros Escritos (2000). 42 permitissem exercer a sua actividade docente em sintonia com os parâmetros atrás expostos. A proposta educacional de Paulo Freire, quer a nível da educação popular e da alfebetização de adultos, quer ao da escola pública, popular e democrática, fundamentase em pressupostos simultaneamente construtivistas e sócioculturalmente contextualizados. A educação dialógica pressupõe um diálogo, mediatizado pelo mundo, entre dois sujeitos cognoscentes – educador(a)/educando(a) e educando(a)/educador(a). Os/As aprendentes são sujeitos activos na construção do seu próprio saber, agentes criadores em busca permanente de novos conhecimentos que tornem a natureza e a realidade social cada vez mais inteligíveis. Esta perspectiva que se insere no âmbito das teorias críticas da educação pressupõe, ao nível do método, uma prática dialógica reflexiva e, a nível dos conteúdos, que se parta da realidade conhecida dos/as educandos/as, visando a superação do conhecimento ingênuo da mesma. Para que haja diálogo autêntico, é necessário que o/a educador/ a tenha consciência de que qualquer educando/a ignora certamente coisas que o/a educador/a conhece, mas, em contrapartida, sabe outras que o/a educador/a ignora. “Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos, nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais” (Freire, 1975: 116). Para Paulo Freire são condições necessárias a esta prática dialógica que o/a educador/a ame o mundo, a vida e os outros seres humanos, bem como tenha fé nas capacidades dos educandos/as e a humildade para respeitar a pluralidade e diversidade de culturas e conhecimentos dos/as mesmos/as. Contudo, para que haja verdadeira educação, é imprescindível que o diálogo implique um pensar crítico. “O homem dialógico tem fé nos homens antes de encontrar-se frente a frente com eles. Esta, contudo, não é uma ingênua fé. O homem dialógico, que é crítico, sabe que, se o poder de fazer, de criar, de transformar, é um poder dos homens, sabe também que podem eles, em situação concreta, alienados, ter este poder prejudicado... um desafio ao qual tem de responder” (Freire, 1975: 116). O papel do/a educador/a é ajudar os/as educandos/as a questionar a realidade, a problematizá-la, a desocultá-la através do aumento dos conhecimentos acerca dela e do desenvolvimento do espírito crítico. De facto, a verdadeira liberdade só é atingida quando o ser humano reflecte sobre as escolhas possíveis, actua conscientemente sobre a realidade e assume um papel activo na decisão do seu próprio futuro, dentro dos condicionamentos impostos pelo contexto histórico. Como referiu o grande sociólogo americano Wright Mills, “A liberdade não é apenas a oportunidade de fazer o que queremos; nem é apenas a oportunidade de escolher entre alternativas fixas. A liberdade é, em primeiro lugar, a possibilidade de reformular as escolhas existentes, discutilas – e então, a oportunidade de escolher. É por isso que a liberdade não pode existir sem um maior papel da razão humana nas questões humanas. O futuro das questões humanas não é apenas um conjunto de variáveis a serem previstas. O futuro é o que está por ser decidido – dentro dos limites, sem dúvida, da possibilidade histórica. Mas essa possibilidade não é fixa; em nossa época, os limites parecem realmente muito amplos” (Wright Milles, 1982: 189). O questionamento, a problematização e desocultação da realidade faz-se, ao nível da prática educativa, através dum movimento do contexto concreto ao contexto teórico, voltando ao contexto concreto, para experimentar novas formas de práxis. Sendo a teoria indispensável à compreensão e à transformação do mundo é, para Paulo Freire, indicotomizável da prática, pelo que toda a reflexão teórica tem, necessariamente, que conduzir a uma acção transformadora que designa por “práxis autêntica”. 43 A educação dialógica implica, pois, dois aspectos essenciais e complementares – reflexão/acção. Os conhecimentos aprendidos/apreendidos criticamente na Escola são significativos e relevantes para os/as educandos/as, pelo que são aplicáveis na acção prática. Na forma sistemática como integrou, ao longo da sua obra, as componentes cognitivas, afectivas, sensitivas, axiológicas e políticas da educação reside, sem dúvida, um dos maiores e originais legados de Paulo Freire. O ser humano é um ser global, dotado de múltiplas dimensões e competências. As aprendizagens significativas são favorecidas se se exercitarem de forma interrelacionada essas dimensões e competências. A afectividade pelos seres humanos e pela natureza, bem como a esperança na possibilidade de construção de um mundo melhor, inundam o discurso e a prática de Paulo Freire, desde os seus primeiros livros. No livro a Pedagogia do Oprimido, concluído em 1968, durante o seu exílio no Chile e editado, primeiro em inglês e castelhano, em 1970, e só posteriormente em português, a componente afectiva da sua concepção de educação dialógica, problematizadora, conscientizadora e libertadora, é manifesta. “Não há diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e aos honmens... Sendo fundamento do diálogo, o amor é, também, diálogo... Onde quer que estejam estes, opromidos, o acto de amor está em comprometer-se com a sua causa. A causa de sua libertação. Mas, este compromisso, porque é amoroso, é dialógico”. Mais à frente acrescenta “Ao afundar-se no amor, na humildade, na fé dos homens, o diálogo se faz uma relação horizontal, em que confiança de um pólo no outro é conseqüência óbvia... Não há diálogo tampouco, sem esperança. A esperança está na raiz mesma da inconclusão dos homens da qual se movem em permanente busca” (Freire, 1975: 114-115, 117). Donde se conclui que os valores afectivos do amor, da humildade, da fé, da confiança, do comprometimento e da esperança são componentes imprescindíveis à educação dialógica. No livro A Educação na Cidade mais uma vez se verifica uma forte componente afectiva e sensitiva quer no que diz respeito ao acto de conhecimento em si, quer no que concerne à práxis social decorrente “... não acredito em revolução que negue o amor, que coloque a questão do amor entre parênteses... Acho um absurdo afastar o ato rigoroso de saber o mundo da capacidade apaixonada de saber. Eu me apaixono não só pelo mundo mas pelo próprio processo curioso de conhecer o mundo... Mas acho que a tarefa da liberdade, a tarefa da libertação, a história como possibilidade, a compreensão do corpo consciente e sensual, cheio de vida, isso tudo exige necessariamente uma pedagogia do contentamento... a amorosidade, a afectividade, não enfraquecem em nada, primeiro, a seriedade de estudar e de produzir; segundo, não obstaculizam em nada a responsabilidade política e social”. Salienta ainda que a escola, ao mesmo tempo que deve ser séria e rigorosa, deve ser alegre e que “O importante é que a criança perceba que o acto de estudar é difícil, é exigente, mas é gostoso desde o começo”. (Freire, 1991: 92-95). No livro Pedagogia da Esperança, Paulo Freire clarifica alguns aspectos tratados em livros anteriores. Explicita a sua concepção de história, já presente na Pedagogia do Oprimido. A história é uma possibilidade e não algo pré-determinado, porque se assim o fosse não haveria lugar para a liberdade, a utopia, o sonho e a esperança de transformação do mundo. Nesse caso, não haveria lugar para a educação, só para o adestramento. Reafirma a vocação ontológica do ser humano na permanente procura do “ser mais”, dado à aventura e à paixão de conhecer, vocacionado para a humanização, “... esta vocação, em lugar de ser algo a priori da história é, pelo contrário, algo que se vem constituindo na 44 história... A utopia, porém, não seria possível se faltasse a ela a gosto da liberdade, embutido na vocação para a humanização. Se faltasse também a esperança sem a qual não lutamos” (Freire, 1997: 99). No que diz respeito à conscientização, esclarece que a mesma não se esgota na etapa de conhecimento/desvelamento da realidade, mas sim quando este constitui uma unidade dinâmica e dialéctica com a prática de transformação da realidade. O conhecimento da realidade e a transformação da realidade constituem, em sua opinião, dois pólos dialécticos. Salienta novamente que o acto de estudar, de ensinar, de aprender, de conhecer é difícil e exigente, mas também prazeroso. É necessário, portanto, despertar nos/as educandos/as a alegria e o prazer contido no processo de aprendizagem. É importante estimular nas crianças o gosto pela pergunta, a paixão pelo saber, a curiosidade, a alegria de criar e o prazer do risco. No seu último livro Pedagogia da indignação16 reafirma que, embora seja difícil, é possível mudar o mundo para melhor e que se a educação sozinha não transforma a sociedade é, contudo, indispensável para a sua mudança. Mudança para uma sociedade menos agressiva, menos injusta, menos violenta, mais humana e, ecologicamente, mais equilibrada. “... urge que assumamos o dever de lutar pelos princípios éticos mais fundamentais como do respeito à vida dos seres humanos, à vida dos outros animais, à vida dos pássaros, à vida dos rios e das florestas. Não creio na amorosidade entre mulheres e homens, entre os seres humanos, se não nos tornarmos capazes de amar o mundo. A ecologia ganha uma importância fundamental neste fim de século. Ela tem que estar presente em qualquer prática educativa de carácter radical, crítico ou libertador... Neste sentido me parece uma contradição lamentável fazer um discurso progressista, revolucionário e ter uma prática negadora da vida. Prática poluidora do mar, das águas, dos campos, devastadora das matas. Destruidora das árvores, ameaçadora dos animais e das aves... Por isso, aceitar o sonho de um mundo melhor e a ele aderir é aceitar entrar no processo de criá-lo. Processo de luta profundamente ancorado na ética. De luta contra qualquer tipo de violência. De violência contra a vida das árvores, dos rios, dos peixes, das montanhas, das cidades, das marcas físicas de memórias culturais e históricas. De violência contra os fracos, os indefesos, contra as minorias ofendidas. De violência contra os discriminados não importa a razão da discriminação”. (Freire, 2000: 66, 67, 132, 133). 16 Publicado postumamente e que inclui textos inéditos, compilados e organizados por Ana Maria Araújo Freire, sua última companheira. 45 Contributo da epistemologia da totalidade para um novo paradigma científico “... a nossa tese é a de que a ciência clássica atingiu hoje os seus próprios limites... A ciência de hoje já não pode dar-se o direito de negar a pertinência e o interesse de outros pontos de vista e, em particular, de recusar compreender os das ciências humanas, da filosofia e da arte ... Com efeito, as ciências ditas “exactas” têm hoje por função sair dos laboratórios onde, pouco a pouco, aprenderam a necessidade de resistir ao fascínio duma busca da verdade geral da natureza... devem, enfim, tornar a ser “ciências da natureza”, confrontadas com a riqueza múltipla que, durante muito tempo, se acharam no direito de esquecer... diálogo necessário com saberes preexistentes a respeito de situações familiares a cada um... Assim, a ciência afirma-se hoje como ciência humana, ciência feita por homens e para homens... A metamorfose das ciências contemporâneas não é ruputura. Cremos, ao contrário, que ela nos leva a compreender a significação e inteligência dos saberes e práticas antigas que a ciência moderna, orientada pelo modelo de uma fabricação técnica automatizada, havia acreditado poder desprezar... No momento em que aprendemos o “respeito” que a teoria física nos impõe para com a natureza, devemos aprender igualmente a respeitar as outras abordagens intelectuais, quer sejam as tradicionais, dos marinheiros e camponeses, quer as criadas pelas outras ciências”. Ilya Prigogine (prêmio Nobel da química em 1977) Isabell Stengers A Nova Aliança Um dos contributos mais relevantes de Paulo Freire, a que em regra não tem sido prestado atenção, é ao nível da teoria do conhecimento e da epistemologia. Como já atrás se referiu, ao longo de toda a sua obra, articulou e inter-relacionou as dimensões cognitivas, afectivas, sensitivas, éticas, estéticas e políticas da educação e promoveu a intertransdisciplinaridade e o inter-transculturalismo. Do ponto de vista epistemológico, formulou uma teoria de conhecimento da totalidade – objectividade/subjectividade, conhecimento científico/conhecimento do senso comum, razão/emoção, ética/estética. No âmbito deste paradigma emergente todos os conhecimentos científicos e conhecimentos vulgares, cognições, intuições, percepções, sentimentos e emoções podem dar contributos à interpretação e compreensão hermenêutica dos fenômenos. O paradigma científico moderno (Newtoniano), ainda dominante, fundamenta-se: na compartimentação do estudo da realidade entre múltiplas ciências; em certezas e leis determinísticas; na superioridade das ciências da natureza sobre as ciências sociais; na sobrevalorização das metodologias laboratoriais e das análises de carácter quantitativo; na valorização exclusiva da razão e do conhecimento cognitivo; e na ruptura com os saberes do senso comum. Este paradigma foi posto em causa a nível teórico, pela teoria da relatividade17, pela mecânica quântica18, pela termodinâmica, pela teoria das estruturas 17 Einstein mostrou a relatividade da simultaneidade, entre acontecimentos presentes no mesmo lugar, e a simultaneidade de acontecimentos que ocorrem a distâncias astronômicas, uns dos outros. 18 A mecânica quântica demonstrou que o acto de conhecimento e o produto do conhecimento são inseparáveis. 46 dissipativas de Prigogine e pelas teorias do caos19 e a nível prático pelos erros e desastres ecológicos e societais a que conduziu. O paradigma científico emergente não se apóia mais sobre certezas, sobre leis determinísticas, em ciências exactas, mas antes sobre possibilidades; procura recuperar a totalidade da realidade natural e social através de abordagens diversas: multi-intertransdisciplinares (incluindo as ciências da natureza, ciências sociais, as disciplinas humanísticas e artísticas); multi-inter-transparadigmáticas (diversas correntes ou perspectivas teóricas dentro de cada ciência); multi-inter-transculturais, feministas e do senso comum; e multi-inter-transdimensionais, integrando conhecimentos de caráter cognitivo, sensitivo, afectivo, ético, estético (Jacob, 1982 e 1985; Jacquard, 1988, 1991, 1997 e 1998; Prigogine & Stengers, 1996; Popper, 1989 e 1991; Arsac, 1995; Morim, 1994, 1995, 1996, 1999; Morin e Prigogine, 1998; Gleick, 1998; Lewin, 1997; Holton, 1998; Durr, 1999; Nicolescu, 1999; Thuan, 1999; Sousa Santos, 1987, 1989 e 2000; Viegas Fernandes, 1990, 1997, 1998 e 2000). Neste domínio, permito-me destacar os contributos de Prigogine, Morin, Nicolescu e Sousa Santos. Na formulação de um novo paradigma científico saliente-se o pionerismo do prêmio Nobel de química de 1977, Iiya Prigogine. Este cientista defende que a ciência clássica atingiu os seus limites e que deverá sair dos laboratórios e dialogar, não só com as ciências humanas, a filosofia, a arte, mas também com os saberes preexistentes, respeitantes a situações familiares de cada indivíduo. A metamorfose das ciências contemporâneas não é de ruptura com o senso comum, mas sim de respeito com os conhecimentos tradicionais, designadamente dos marinheiros e dos camponeses. (Prigogine & Stengers, 1986). Morin é o grande intelectual da complexidade, transgredindo e ultrapassando os domínios da sociologia, em particular, e das ciências sociais, em geral. Sociólogo, filósofo, epistemólogo, ensaísta. Inter-relaciona, integra e supera as disciplinas científicas (sociais e da natureza), com a poesia e o amor. Afirma que estamos na idade do ferro planetária caracterizada pela falta de convívio entre culturas, raças, etnias, nações, bem como entre sistemas de idéias e teorias “A pré-história do espírito humanos significa que no plano do pensamento consciente, ainda estamos no seu início. Estamos ainda submetidos a modos mutiladores e disjuntivos do pensamento e é ainda muito difícil pensar de maneira complexa”. (Morin, 1995: 173) – É, sem dúvida, um dos expoentes máximos da intelectualidade contemporânea. Basarab Nicolescu, no livro “O Manifesto da Transdisciplinaridade” postula que para a compreensão do mundo é necessário articular o pensamento complexo e a transdisciplinaridade. Salienta ainda que as universidades deviam retomar “o estudo do universal”. “Assim, a Universidade poderá transformar-se num local de aprendizagem da atitude transcultural, transreligiosa, transpolítica e transnacional, do diálogo entre arte e ciência, eixo da reunificação entre a cultura científica e a cultura artística. A Universidade renovada será o berço de um novo tipo de humanismo” (Nicolescu, 1999: 140). Em Portugal, é Boaventura Sousa Santos quem assume papel de relevo na formulação de um novo paradigma científico, que intitulou inicialmente (1987 e 1989) de pós-moderno, e posteriormente, de “Paradigma de um Conhecimento Prudente para uma Vida Decente” (2000). 19 A ordem e o caos coexistem, em inter-relação e interação tensas no interior dos sistemas caóticos. 47 No seu último livro “A Crítica da Razão Indolente – Contra o desperdício da Experiência”, salienta que no limiar do terceiro milênio se vive “um tempo de transição paradigmática (epistemológica e societal)”. Ao nível das ciências sociais salienta que “a teoria crítica pós-moderna visa transformar-se num senso comum emancipatório”, influenciando tanto quanto é influenciada pelas lutas políticas sociais e culturais que ocorrem em vários contextos locais, um pouco por todo o mundo. Refere ainda que “... na transição paradigmática, o pensamento utópico tem um duplo objectivo: reinventar mapas de emancipação social e subjectividade com capacidade e vontade de os usar” (Sousa Santos, 2000: 16, 36 e 309). A inter-relação entre os sentimentos, os afectos e as intuições na construção do conhecimento tem vindo a ser salientada por diversos autores. Snyders (1986) afirma que quando se ama o mundo, esse amor ilumina e ajuda a revelá-lo, a descobri-lo. A amor não é o contrário do conhecimento e pode tornar-se lucidez, necessidade de compreender, alegria de compreender. Mauco (1986) refere que a educação afectiva deveria ser a primeira preocupação dos educadores, porque é ela que condiciona o comportamento, o caráter e a actividade cognitiva da criança. Outros autores referem que os actos de sentir, pensar e decidir pressupõe um trabalho conjunto das dimensões cognitivas e emocionais do cérebro. Essa ligação entre os processos emocionais e racionais é salientado entre outros por Csikszentmiholyi (1990), De Sousa (1991), Damásio (1998 e 2000), Goleman (1997 e 1999), Best (1996), Filliozat (1997), Martin & Boeck (1997), Miranda (1997), Gottman e DeClaire (1999), Morin (1999, 2000). Howard Gardner20, no seu famoso livro Frames of Mind – The Theory of Multiple Intelligences, publicado nos EUA em 1983, provocou uma ruptura com a concepção científica, dominante, acerca da inteligência humana. Inter-relacionando conhecimentos oriundos da psicologia construtivista, da neurologia e do estudo de superdotados e de crianças diferentes, contrapôs ao entendimento dominante de inteligência, como uma competência cognitiva una, a concepção de múltiplas inteligências. Neste livro, identifica sete tipos de inteligências que se desenvolvem de forma relativamente autônoma (inteligências lingüística, lógico-matemática, espacial, corporalcinestética, musical, intra-pessoal e interpessoal). Posteriormente, acrescenta mais duas inteligências – a naturalista e a existencial. Salienta a importância que as culturas, em que se encontram inseridos os indivíduos, têm no desenvolvimento diferenciado das várias inteligências. Afirma, ainda, em concordância com David Feldman, que existem domínios cognitivos que são universais, enquanto outros, são restritos a determinadas culturas (Gardner, 1994: 20). Gardner critica o facto dos curricula se centrarem, quase exclusivamente, no âmbito das inteligências lingüística e lógico-matemática. “A minha teoria das múltiplas inteligências evidencia as diferentes competências e conjuntos de competências que se encontram nas crianças e a necessidade dos jovens terem uma oportunidade de descobrir e desenvolver os seus talentos. A minha relutância contra os curricula dominados pelas inteligências lingüística e lógico-matemática conduziu à necessidade de um curriculum temático rico, para promover o desenvolvimento de uma pluralidade de inteligências; ...Como um cientista que tem argumentado que existem distintas formas de inteligência humana, estou comprometido no desenvolvimento das faculdades particulares 20 Professor, da Graduate School of Education da Universidade de Harvard. 48 de cada indivíduo como meio de optimizar o seu próprio potencial. Ao mesmo tempo, tendo consciência que os problemas do mundo nunca serão resolvidos por técnicos”. (Gardner, 1989: 289-290 e 315). Goleman, partindo dos conceitos de inteligências intrapessoal e interpessoal de Gardner, desenvolve o conceito de inteligência emocional e salienta que aprendemos sempre melhor quando se trata de assuntos que nos interessam e nos quais temos prazer. A preparação da criança para a escola passa pelo desenvolvimento de competências emocionais – inteligência emocional – designadamente confiança, curiosidade, intencionalidade, autocontrole, capacidades de relacionamento, de comunicação e de cooperação. Segundo este autor, o crescimento da iliteracia emocional é responsável pelo crescendo: de doenças mentais; de problemas sociais, como a violência e a criminalidade; do consumo de drogas; dos suicídios de adolescentes e jovens. A instabilidade familiar, a centração da escola somente no desenvolvimento das inteligências lógico-matemática e lingüística e os efeitos perversos resultantes da videodependência (televisiva e cibernética), são as principais causas dessa iliteracia. Em termos educacionais, é de salientar a relevância do contributo de Paulo Freire para estes novos paradigmas, científico e civilizacional. Desde o início da sua obra, procurou desenvolver uma práxis educativa a partir de temas interdisciplinares (temas geradores) e articular o conhecimento científico com os conhecimentos do senso comum. Na Pedagogia do Oprimido salienta que “A tarefa do educador dialógico é, trabalhando em equipe, interdisciplinar, este universo temático, recolhido na investigação, devolve-lo, como problema, não como dissertação, aos homens de quem recebeu. Se, na etapa de alfabetização, a educação problematizadora e da comunicação busca e investiga a “palavra geradora”, na pós-alfabetização, busca e investiga o “tema gerador”. (Freire, 1975: 146). Como refere Sousa Santos (1987), o novo paradigma científico emergente, pressupõe um conhecimento total, em que nenhuma forma de conhecimento é, em si mesma, racional. Só a configuração de todas elas é racional. No âmbito deste paradigma, a fragmentação de conhecimentos não é disciplinar, mas sim temática. “A ciência moderna produz conhecimentos e desconhecimentos. Se faz do cientista um ignorante especializado faz do cidadão comum um ignorante generalizado. Ao contrário, a ciência pós-moderna sabe que nenhuma forma de conhecimento é, em si mesma, racional; só a configuração de todas elas é racional. Tenta, pois, dialogar com outras formas de conhecimento deixando-se penetrar por elas. A mais importante de todas é o conhecimento do senso comum...” (Sousa Santos, 1987: 55). É contudo, nas últimas obras, que o pensamento de Paulo Freire está mais explícito acerca do seu posicionamento “pós-moderno progressista”, nas suas componentes educacionais, científicas e políticas. O paradigma científico pós-moderno que não se apóia em certezas, mas sim sobre possibilidades, é assumido no livro À Sombra desta Mangueira “... dúvida que me inquieta mas também me devolve à incerteza, único lugar de onde é possível trabalhar de novo necessárias certezas provisórias... Sendo metódica, a certeza da incerteza não nega a solidez da possibilidade cognitiva. A certeza fundamental: a de que posso saber. Sei que sei. Assim como sei que não sei o que me faz saber: primeiro, que posso saber melhor o que já sei; segundo, que posso saber o que ainda não sei; terceiro, que posso produzir conhecimento ainda não existente... Saber melhor o que já sei ás vezes implica saber o que antes não era possível saber. Daí a importância de educar a curiosidade”. (Freire, 1996: 18-19). 49 A importância do conhecimento do senso comum é freqüentemente salientada por Paulo Freire na Pedagogia da Esperança “... temos de ser pós-modernamente radicais e utópicos . Progressistas. ... Possivelmente foi a convivência sempre respeitosa que tive com o “senso comum”, desde os idos da minha experiência no Nordeste brasileiro, a que se junta a certeza que em mim nunca fraquejou de que sua superação passa por ele, que me fez jamais desdenhá-lo ou simplesmente minimizá-lo... Isto significa, em última análise, que não é possível ao(a) educador(a) desconhecer, subestimar ou negar os “saberes de experiência feitos” com que os educandos chegam à escola. ... O que não é possível é o desrespeito ao saber do senso comum; o que não é possível é tentar superá-lo sem, partindo dele, passar por ele ... subestimar a sabedoria que resulta necessariamente da experiência sócio-cultural é, ao mesmo tempo, um erro científico e a expressão inequívoca da presença de um ideologia elitista... essa “miopia” que, constituindo-se em obstáculo ideológico, provoca o erro epistemológico”. (Freire, 1997: 52, 58-59, 84-85). Para além dos erros científicos resultantes do desrespeito pelos conhecimentos do senso comum, Paulo Freire recusa igualmente os erros decorrentes do facto da ciência moderna não considerar como relevantes os conhecimentos de cariz intuitivo, afectivo e emocional. Este contribuo epistemológico é salientado em vários livros. Documentá-lo-ei, em seguida, com a citação retirada de À Sombra desta Mangueira “... manifestar minha recusa a certo tipo de crítica cientificista que insinua faltar rigor no modo como discuto os problemas e na linguagem demasiado afetiva que uso. A paixão com que conheço, falo ou escrevo não diminuem o compromisso com que denuncio ou anuncio. Sou uma inteireza e não uma dicotomia. Não tenho uma parte esquemática, meticulosa, racionalista e outra desarticulada, imprecisa, querendo simplesmente bem ao mundo. Conheço com meu corpo todo, sentimento, paixão. Razão também”. (Freire, 1995: 18). No livro Professora Sim tia Não reafirma a importância das componentes afectivas e intuitivas na construção do conhecimento, bem como na necessidade das submeter a uma reflexão crítica, mas nunca ao seu desprezo “... é necessário que evitemos igualmente outros medos que o cientificismo nos inoculou. O medo, por exemplo, de nossos sentimentos, de nossas emoções, de nossos desejos, o medo de que ponham a perder nossa cientificidade. O que eu sei, sei com o meu corpo inteiro: com minha mente crítica mas também com os meus sentimentos, com minhas intuições, com minhas emoções. O que eu não posso é parar satisfeito ao nível dos sentimentos, das emoções, das intuições. Devo submeter os objectos de minhas intuições a um tratamento sério, rigoroso, mas nunca desprezá-los”. (Freire, 1997 b): 43). Acerca do papel da intuição na produção de novos conhecimentos salienta no livro A Educação na Cidade “... Para mim é impossível conhecer rigorosamente com desprezo à intuição, aos sentimentos, aos sonhos, aos desejos. É o meu corpo inteiro que, socialmente, conhece. Não posso, em nome da exactidão e do rigor, negar meu corpo, minhas emoções, meus sentimentos. Sei bem que conhecer não é adivinhar mas conhecer passa também por adivinhar. O que não tenho direito a fazer, se sou rigoroso, sério, é ficar satisfeito com a minha intuição. Devo submeter o objecto dela ao crivo rigoroso que merece, mas jamais desprezá-lo. Para mim, a intuição faz parte da natureza do processo do fazer e do pensar criticamente o que se faz”. (Freire, 1995: 109-110). Como atrás se documentou, Paulo Freire, em consonância com os autores que preconizam a necessidade de desenvolvimento de um novo paradigma científico, atribui grande relevância às dimensões não cognitivas do conhecimento que, em regra, estão 50 associadas a uma epistemologia feminina, desvalorizada e secundarizada nas sociedades desenvolvidas. 3. Perfil formativo dos/as Educadores/as adequado aos paradigmas Educacional da Globalidade e Epistemológico da Globalidade e Epistemológico da totalidade “Vivemos, pois, um tempo de transição pradigmática. As nossas sociedades são intervalares, tal como as nossas culturas. Tal como nós próprios. ...A transição paradigmática tem várias dimensções que evoluem em ritmos desiguais. Distingo duas dimensões principais: a epistemológica e a societal. A transição epistemológica ocorre entre o paradigma dominante da ciência moderna e o paradigma emergente que designo por paradigma de um conhecimento prudente para uma vida decente. ...Recuperar a esperança significa, nesse contexto, alterar o estatuto da espera, tornando-a simultaneamente mais activa e mais ambígua. A utopia é, assim, o realismo desesperado de uma espera que se permite lutar pelo conteúdo, não em geral mas no exacto lugar e tempo em que se encontra. A esperança não reside, pois, num princípio geral que providencia por um futuro geral. Reside antes na possibilidade de criar campos de experimentação social onde seja possível resistir localmente às evidências da inevitabilidade, promovendo com êxito alternativas que parecem utópicas em todos os tempos e lugares excepto naqueles em que ocorreram efectivamente. É este o realismo utópico que preside às iniciativas dos grupos oprimidos que, num mundo onde parece ter desaparecido a alternativa, vão construindo, um pouco por toda a parte, alternativas locais que tornam possível uma vida digna e decente. À teoria compete, em vez de generalizar a partir dessas alternativas em busca da Alternativa, torná-las conhecidas para além dos locais e criar, através da teoria da tradução, inteligibilidades e cumplicidades recíprocas entre diferentes alternativas em diferentes locais. A criação de redes translocais entre alternativas locais é uma forma de globalização contra-hegemônica – a nova face do cosmopolitismo. ...O que faz mudar as sociedades e as épocas é precisamente o excesso de problemas que suscitam em relação às soluções que tornam possíveis. A teoria crítica é a consciência desse excesso. ...Perante isto, o único caminho para pensar o futuro parece ser a utopia. E por utopia entendo a exploração, através da imaginação, de novas possibilidades humanas e novas formas de vontade, e a oposição da imaginação à necessidade do que existe, só porque existe, em nome de algo radicalmente melhor por que vale a pena lutar e a que a humanidade tem direito. ...A utopia requer, portanto, um conhecimento da realidade profundo e abrangente como meio de evitar que o radicalismo da imaginação colida com o seu realismo. ...O novo senso comum emancipatório do espaço da produção baseia-se numa tópica retórica orientada pelos topoi da democracia e do socialismo e antiprodutivismo ecológicos. ...O paradigma emergente é o paradigma da democracia radical, isto é, da 51 democratização global das relações sociais assentes numa dupla obrigação política: a obrigação política vertical entre o cidadão e o Estado, e a obrigação política horizontal entre cidadãos e associações”. Boaventura de Sousa Santos A Crítica da Razão Indolente Paulo Freire diz que os/as educadores/as progressistas têm que ser leais ao sonho de uma sociedade menos perversa, menos discriminatória, menos classista, menos racista e menos sexista que esta. Para isso têm que ter uma prática/acção coerente com esse sonho; é uma exigência ética. Para que essa exigência ética se concretize é necessário que estejam em formação permanente e que a mesma se centre na reflexão crítica da sua prática, não só no que diz respeito ao currículo explícito, mas também ao currículo oculto, designadamente o discurso do corpo, as feições do rosto, os gestos, que têm mais força que a oralidade. A prática autoritária concreta põe por terra o discurso democrático dito e redito. As qualidades que Paulo Freire considera mais importante nos educadores/as são a coerência, a humildade, a humildade, a tolerância, a competência, o rigor, a paixão, o respeito pelos saberes e pelas diferenças culturais dos/as educandos/as e o comprometimento com a história como possibilidade-esperança, ou seja com a transformação progressista da sociedade. No que diz respeito à postura ética, salienta a necessidade de grande coerência entre os valores que se defende ao nível da teoria e a prática docente. Este posicionamento implica que os educadores/as devem explicitar os seus valores, as suas utopias/sonhos, as suas idéias, lutar por eles, mas respeitando perspectivas diferentes “Meu dever ético... Meu respeito até mesmo às posições antagônicas às minhas, que combato com seriedade e paixão” (Freire, 1997 a): 79). Por um lado, esta postura constitui um desafio à participação dos educandos e é uma forma de praticar a tolerância e o respeito mútuo, que são pressupostos base de uma vivência democrática. Por outro lado, os/as eduadores/as ao explicitarem e defenderem abertamente os seus pontos de vista evitam a manipulação sub-reptícia dos/as educandos/as. Estou em completa concordância com esta posição que também já foi defendida, entre outros, pelo sociólogo Alvin Gouldner: “Se os sociólogos não devessem expressar os seus valores pessoais no cenário acadêmico, como proteger os estudantes contra a influência inconsciente dos valores que determinam a selecção de problemas, as preferências por certas hipóteses ou esquemas conceptuais e a negação de outros?... A única opção possível é entre a mais aberta e honesta declaração dos próprios valores que se possa conseguir fora do divã psicanalítico, e um vão ritual de neutralidade ética que, ao ocultar aos homens que a razão é vulnerável à parcialidade, a deixa à mercê da irracionalidade” (Gouldner, 1979: 34). Neste âmbito, Paulo Freire defende que o papel do/a educador/a progressista passa pela desocultação do carácter necessariamente político de qualquer prática educativa, demonstrando a impossibilidade da neutralidade da educação. Assim, no simpósio internacional para a alfabetização, em Persépolis, em 1975, concluiu a sua comunicação afirmando “Os defensores da neutralidade da alfabetização não mantém quando dizem que a clarificação da realidade simultaneamente com a alfabetização é um acto político. Falseiam, porém, quando negam o mesmo carácter político à ocultação que fazem da realidade”(Gadotti, 1991: 74). Quando recebem em 1986, o prêmio UNESCO da Educação para a Paz, reafirmou “A paz se cria e se constitui com a superação das 52 realidades sociais perversas. A paz se cria e se constitui com a edificação incessante da justiça social. Por isso não creio em nenhum esforço chamado de educação para a paz que, em lugar de revelar o mundo das injustiças, o torne opaco e tenda a cegar suas vítimas” (Gadotti, 1991: 88). No livro Pedagogia da Esperança reafirma a não neutralidade da educação: “O que não é possível, na prática democrática, é o professor ou a professora, subrepticiamente, ou não, imponha aos alunos sua leitura do mundo, em cujo marco situa o ensino de conteúdos. Combater o autoritarismo de direita ou de esquerda não me leva, contudo, à impossível neutralidade que não é outra coisa se não a maneira manhosa com que se procura esconder a opção” (Freire, 1997: 112). No seu último livro publicado em vida, e editado pouco tempo antes de morrer, a Pedagogia da Autonomia, reafirma que na formação de educadores/as, é importante que os mesmos, tornem consciência da importância das intuições, das emoções e dos afectos, no processo de ensino-aprendizagem e no acto de conhecimento “O que importa, na formação docente, não é a repetição mecânica do gesto, este ou aquele, mas a compreensão do valor dos sentimentos, das emoções, do desejo, da insegurança a ser superada pela segurança, do medo que, ao ser educado, vai gerando a coragem. Nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se alheada, de um lado, do exercício da criticidade que implica a promoção da curiosidade ingênua à curiosidade epistemológica, e do outro, sem o reconhecimento do valor das emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição ou adivinhação. Conhecer não é, de fato, adivinhar, mas tem algo que ver, de vez em quando, com adivinhar, com intuir. O importante, não resta dúvida, é não pararmos satisfeitos ao nível das intuições, mas submetê-las à análise metodicamente rigorosa de nossa curiosidade epistemológica” (Freire, 1997: 50-51). E mais à frente salienta a importância da afectividade e do prazer no processo de ensinoaprendizagem. “A afectividade não se acha excluída da cognoscibilidade... A actividade docente de que a discente não se separa é uma experiência alegre por natureza. É falso também tomar como inconciliáveis seriedade docente e alegria, como se a alegria fosse inimiga da rigoridade. Pelo contrário, quanto mais metodicamente rigoroso me torno na minha busca e na minha docência, tanto mais alegre me sinto e esperançoso também... E ensinar e aprender não podem dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria... A prática educativa é tudo isso: afectividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da permanência do hoje” (Freire, 1997: 160161). No livro a Pedagogia da Indignação, Paulo Freire salienta a importância dos/as educadores/as ensinarem os/as educandos/as, a pensarem criticamente e a conceberem a história como uma possibilidade e não como uma fatalidade. É necessário, levá-los a tomar consciência que mudar este mundo perverso é difícil, mas é possível. “Me parece demasiado óbvio que a educação de que precisamos, capaz de formar pessoas críticas, de raciocínio rápido, com sentido do risco, curiosas, indagadoras não pode ser a que exercita a memorização mecênica dos educandos... Por isso, é a que coloca ao educador ou educadora a tarefa de, ensinando conteúdos aos educandos, ensinar-lhes a pensar criticamente. ...A matriz da esperança é a mesma da educabilidade do ser humano: o inacabamento de seu ser de que se tornou consciente. Seria uma agressiva contradição se, inacabado e consciente do inacabamento, o ser humano não se inserisse num permanente processo de esperançosa busca. Este processo é a educação... Daí que, entre saberes vários 53 fundamentais à prática de educadores e educadoras, não importa se progressistas ou conservadores, se salienta o seguinte: “mudar é difícil mas é possível”... Se progressista, intervenho para mudar o mundo, para fazê-lo menos feio, mais humano, mais justo, mais docente”. (Freire, 2000: 100 e 114). 5. Conclusão “Ninguém ensina o que não sabe. Mas também ninguém, numa perspectiva democrática, deveria ensinar o que sabem sem, de um lado, saber o que já sabem e em que nível sabem aqueles e aquelas a quem vai ensinar o que sabe. De outro, sem respeitar esse saber, parte do qual se acha implícito na leitura do mundo dos que vão aprender o que quem vai ensinar sabe (...) Para, que, porém, (...) quem sabe possa ensinar a quem não sabe é preciso que, primeiro, quem sabe saiba que não sabia tudo; segundo, que, quem sabe, saiba que não ignora tudo. Sem esse saber dial[ético em torno do saber e da ignorância é impossível a quem sabe, numa perspectiva progressista, democrática, ensinar a quem não sabe (...) curiosidade inquieta de saber. Por essa curiosidade que só tem quem, sabendo que sabe, sabe que sabe pouco e que precisa e pode saber mais”. Paulo Freire Pedagogia da Esperança “Acho que o papel de um educador conscientemente progressista é testemunhar a seus alunos, constantemente, sua competência, amorosidade, sua clareza política, a coerência entre o que diz e o que faz, sua tolerância, isto é, sua capacidade de conviver com os diferentes para lutar com os antagônicos. É estimular a dúvida, a crítica, a curiosidade, a pergunta, o gosto do riso, a aventura de criar. ...uma certa utopia que envolve uma certa causa... É um gosto que tem que ver com a criação de uma sociedade menos perversa, menos discriminatória, menos racista, menos machista que esta... Sou leal ao sonho. Minha acção tem sido coerente com ele. Exigente com a ética, considero que ela tem a ver com a coerência com que se vive no mundo, coerência entre o que se diz e o que se faz. Qual a herança que posso deixar? Exactamente uma. Penso que poderá ser dito quando já não esteja no mundo: Paulo Freire foi um homem que amou. Ele não podia compreender a vida e a existência humana sem amar e sem a busca de conhecimento. Paulo Freire viveu, amou e tentou saber. Por isso mesmo, foi um ser constantemente curioso. É isso o que espero que seja a expressão de minha passagem pelo mundo, mesmo quando tudo o que tenha dito e escrito sobre educação possa haver mergulhado no silêncio”. Paulo Freire A Educação na Cidade 54 A concepção educacional de Paulo Freire implica, em minha opinião, importantes conseqüências a vários níveis: Do Processo de Ensino/Aprendizagem Ao articular-se o ensino de novos conhecimentos com os conhecimentos anteriores dos/as educandos/as situa-se a aprendizagem no âmbito das suas zonas de desenvolvimento próximo/potencial (Vygotsky, 1991) e conseqüentemente facilita-se a incorporação/construção de novos conhecimentos pela estrutura cognitiva dos/as educandos/as, minorando o insucesso escolar e promovendo aprendizagens significativas, propiciadoras de utilização prática; O facto dos/as educandos/as sentirem que o/a educador/a os/as respeita e os/as estima enquanto pessoas e dá valor aos seus capitais culturais, promove o desenvolvimento da sua auto-estima e do seu auto-conceito, o que lhes incute confiança em si próprios e nas suas capacidades/competëncias para prosseguirem aos estudos; Os/As educandos/as são motivados/as para continuarem a aprender, porque, como refere Habermas, todo o conhecimento é posto em movimento, orientado e dirigido por interesses que visam a solução de problemas sistêmicos. “Os interesses orientadores do conhecimento deixam-se avaliar unicamente pelos problemas objectivos da conservação da vida, os quais receberam respostas através da forma cultural da existência” (Habermas, 1982: 128). Tal facto verifica-se quando o/a educador/a toma como ponto de partida para a aprendizagem de novos conhecimentos, os saberes relacionados com as vivëncias dos/as aprendentes, visando aquilo que Paulo Freire designou por tomada de consciëncia da situação existencial. Do Desenvolvimento Global dos Seres Humanos O clima/contexto afectivo, estético e político inerente à prática dialógica induz o desenvolvimento destas dimensões humanas em todos os/as intervenientes no processo educativo – educadores/as e educandos/as; A reflexão dialógica educador/a – educando/a, mediatizada pelo mundo, promove o desenvolvimento das suas consciências críticas, conduzindo a uma prática/acção antológica do “ser mais” (inerente à essência da natureza humana), em busca constante pela sua humanização, que pressupõe necessariamente o assumir-se como sujeito da história e, como tal, a libertar-se das amarras da opressão e da alienação. Do Paradigma Científico da Globalidade e da Complexidade A educação dialógica problematizadora, contrariamente à educação tradicional, ao promover o desenvolvimento global/integral dos seres humanos, contribui para o desenvolvimento das competências necessárias à produção científica no âmbito do paradigma emergente – pós-moderno, que designarei por paradigma da globalidade e da complexidade; 55 O conhecimento de cada indivíduo é resultante da interacção entre duas dimensões: a construção/elaboração mental individual e os saberes a que socialmente teve acesso. A acção de análise, de reflexão e de elaboração mental individual, de cada ser humano, visando a interpretação, a compreensão e a explicação da realidade, pressupõe uma interacção directa (presencial) ou indirecta (por exemplo através de livros) com outros indivíduos; O processo de elaboração de conhecimentos é, por um lado, simultaneamente condicionado, quer pelo contexto em que ocorre, quer pela especificidade do objecto estudado. Por outro lado, o processo decorrente do estudo e da elaboração de conhecimentos, por parte do investigador, é ele próprio condicionador do objecto de estudo, pelo que o conhecimento do mesmo é, por este condicionamento, afectado. Este último aspecto, sendo mais evidente nas ciências sociais, também se verifica nas ciências da natureza, como a mecânica quântica já demonstrou; O processo de inteligibilidade da realidade, meramente cognitivo, é, na realidade, resultante de conhecimento: cognitivas, afectivas, multi/transensoriais, multi/transdisciplinares, multi/transculturais. usualmente designado como da interacção de várias formas intuitivas, éticas, estéticas, multi/transpa-radigmáticas e Dá Prática/Mátria Terra A educação global/integrada, preconizada por Paulo Freire, visa a construção de sociedades mais igualitárias, mais justas, mais solidárias, mais harmoniosas e em que se faça um uso prudente, equilibrado e inteligente do meio ambiente21. Que melhor homenagem podemos prestar a Paulo Freire? Sejamos dignos do sonho e da utopia que a sua obra encerra, empenhando-nos na luta pela implementação de uma práxis educativa, científica e social inspirada na mesma. Bibliografia Apple, M. W. (1985). 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