! " # $ & " % ' por Vítor Jorge Pais Vilar Licenciado em Engenharia Química pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Sob a orientação de Doutora Cidália Maria de Sousa Botelho Doutor Rui Alfredo da Rocha Boaventura Laboratório de Processos de Separação e Reacção Departamento de Engenharia Química Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Porto, Portugal Abril de 2006 Agradecimentos Antes de mais, desejo agradecer aos meus orientadores, Doutora Cidália Botelho e Doutor Rui Boaventura, a possibilidade de ter realizado este trabalho, todo apoio, confiança, encorajamento e disponibilidade total e, acima de tudo, a humanidade e amizade que sempre me demonstraram. À minha família, em especial aos meus pais, aos meus cinco irmãos (principalmente à minha Madrinha e Padrinho), cunhados e cunhadas, sobrinhos e sobrinhas, por toda a atenção, amor, carinho, paciência, ajuda e suporte emocional com que sempre acompanharam a minha formação e pelos meios proporcionados com grande sacrifício para eu me ter dedicado estes nove anos aos estudos, principalmente nos primeiros cinco anos, para obter a Licenciatura, e Grau de Doutor a que me proponho. À Marina pelo sorriso, pela amizade, pelo amor, pela sua infinita paciência, pelo apoio nos momentos mais difíceis e pela cumplicidade nos momentos felizes. A todas as pessoas do Laboratório de Ciências do Ambiente do DEQ-FEUP, Eng.ª Alberta Macedo, Eng.ª Sílvia, D. Maria do Céu, Sr. Sousa Vale, Mestre Luís Carlos, pela amizade e colaboração. Ao Doutor José Paulo Soares Pinheiro por ter disponibilizado a utilização do sistema de titulação Wallingford, e à Engenheira Rute Domingos e à Doutora Rocio Lopes pela ajuda e colaboração nestas experiências realizadas no Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve. Obrigado também a todos os colegas e amigos do LSRE, principalmente aos meus amigos de Laboratório, Mestre Christopher Sá, Mestre Olga Freitas, Mestre Judite Vieira, Eng.ª Sílvia Santos e Eng.ª Alzira Dinis, cujo apoio e camaradagem muitas vezes aliviou a carga e a atmosfera de trabalho. Ao Doutor José Miguel Loureiro e ao Doutor Fernando Martins pela simpatia, sugestões, compreensão e ajuda que sempre se dignaram prestar-me. À empresa Iberagar, em particular ao Doutor Rafael Vela, pela colaboração neste projecto, fornecendo a alga Gelidium e o resíduo de extracção do agar e pela ajuda que sempre se dignaram prestar-me. À FCT, pela bolsa de doutoramento (Ref.ª SFRH/BD/7054/2001) e pelo financiamento da parte final do trabalho através do projecto POCI/AMB/57616/2004. À Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e ao seu Departamento de Engenharia Química, pelo apoio prestado e pelos meios disponibilizados. Ao LSRE (Laboratório de Processos de Separação e Reacção), pela disponibilização de todo o suporte técnico. Aqueles que sempre tentaram explicar as razões fundamentais e não disseram simplesmente "é assim que é e tem de ser" Research is to see what everybody else sees, and to think what nobody else has thought (Albert Szent-Gyorgyi) Mas, como Albert Einstein disse, “Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos” Resumo A biossorção é uma propriedade de determinados tipos de biomassa morta que permite a ligação e concentração de iões metálicos, a partir de soluções aquosas, que podem ser muito diluídas. O processo pode ser usado na purificação de efluentes industriais que contêm metais. O estudo do processo de biossorção seguiu os seguintes passos: 1) determinação das relações de equilíbrio, 2) determinação da cinética do processo de biossorção, 3) determinação do tempo de “breakthrough” em adsorvedor de cestos, de fluxo contínuo e 4) determinação do tempo de “breakthrough” numa coluna de biossorção, de fluxo contínuo. Estudaram-se os processos de biossorção dos iões metálicos cobre(II), chumbo(II), cádmio(II), zinco(II) e crómio(III) na alga marinha Gelidium sesquipedale, no resíduo de extracção do agar desta alga e nos grânulos resultantes da imobilização desse resíduo num polímero (poliacrilonitrilo). Os três biossorventes foram caracterizados em termos da área superficial específica, densidade aparente, densidade real, porosidade, tamanho das partículas e distribuição de tamanho de poros, utilizando diferentes técnicas: adsorção de N2 e de azul de metileno, porosimetria de mercúrio, picnometria de hélio e microscopia electrónica de varrimento. A caracterização química dos biossorventes baseou-se na determinação dos principais constituintes químicos presentes na estrutura da biomassa e na identificação e quantificação dos sítios activos da superfície, usando as técnicas de análise por espectroscopia do infravermelho (FTIR), microanálise por raios X e titulação potenciométrica ácido-base. Concluiu-se que a superfície dos biossorventes é caracterizada por uma distribuição heterogénea de dois principais grupos químicos: carboxílico e hidroxilo. Foram realizadas experiências cinéticas em adsorvedor fechado, a partir das quais se determinou o tempo de equilíbrio e o valor da difusividade homogénea do metal no biossorvente. Determinaram-se as capacidades de biossorção dos diferentes adsorventes para cada ião metálico, a partir das isotérmicas de adsorção a diferentes valores de pH, temperatura e força iónica da solução. Concluiu-se que: 1) o aumento do pH favorece a biossorção dos iões metálicos, 2) o aumento da força iónica da solução diminui a adsorção dos iões metálicos, 3) a temperatura da solução influencia pouco a biossorção, na gama de temperaturas estudadas. Os dados de equilíbrio foram ajustados aos modelos de Langmuir e Langmuir-Freundlich e concluiu-se que a alga Gelidium é o biossorvente com maior capacidade de adsorção. Para prever a influência do pH e da presença de outros iões metálicos, na ligação de um dado metal aos grupos carboxílicos das superfícies, desenvolveram-se dois modelos de equilíbrio de biossorção: o modelo discreto, que considera uma distribuição discreta dos sítios activos e o modelo contínuo que admite uma distribuição contínua dos grupos carboxílicos, dada pela distribuição de Sips. Desenvolveu-se um modelo de transferência de massa considerando uma resistência à difusão intraparticular, que demonstrou ser capaz de descrever as cinéticas de biossorção a diferentes concentrações iniciais de metal e pH da solução, em sistema simples e binário. A dessorção do cobre foi estudada em sistema fechado usando como eluentes soluções de HNO3 e EDTA. Estudou-se a influência do pH, da razão sólido/líquido e da quantidade inicial de metal ligado ao biossorvente na eficiência do processo de eluição com HNO3. Na eluição com EDTA estudou-se a influência da respectiva concentração no processo de dessorção. Concluiu-se que a dessorção é rápida e eficiente usando valores de pH inferiores a 2 e concentrações de EDTA na proporção 1:1 com a quantidade de ião metálico adsorvido. Na eluição com o ácido, o mecanismo de dessorção é atribuído à permuta iónica entre os protões e os iões metálicos numa razão de 1:1. Como agente complexante forte, o EDTA remove os iões metálicos do adsorvente formando quelatos em solução. A biossorção dos iões metálicos foi estudada num adsorvedor de cestos de fluxo contínuo para sistemas monocomponente e bicomponente, tendo-se avaliado diferentes condições de operação para os sistemas monocomponente: velocidade de agitação, caudal, pH e concentração da alimentação. Foi desenvolvido um modelo de transferência de massa, baseado na difusão externa e intraparticular, para descrever o processo de biossorção em adsorvedor de cestos. Para a eluição foi considerada apenas a difusão intraparticular e o equilíbrio dado pela lei de acção de massa. Estudou-se também o processo de biossorção dos iões metálicos numa coluna de leito fixo de escoamento descendente, avaliando o efeito das condições operatórias (pH, caudal, concentração, temperatura e força iónica da solução de alimentação) na eficiência do processo em sistema monocomponente. Foram também determinadas as curvas de “breakthrough” para a adsorção de misturas binárias de iões metálicos. Concluiu-se que era possível a reutilização dos biossorventes em dois ciclos consecutivos adsorção/dessorção. Foram desenvolvidos dois modelos de transferência de massa, baseados na difusão externa e intraparticular, para descrever o desempenho da adsorção e dessorção em coluna. Palavras-chave: biossorção, Gelidium sesquipedale, resíduo da extracção do agar, iões metálicos, dessorção, adsorvedor de cestos, coluna de leito fixo. Abstract Biosorption is a property of certain types of dead biomass to bind and concentrate metal ions from aqueous solutions, even very diluted. It may be used for purification of metal-containing industrial waste effluents. The conception and optimization of the biosorption process was developed according to the following steps: 1) determination of the equilibrium relationships, 2) determination of the biosorption kinetics, 3) determination of the breakthrough time in a continuous stirred tank adsorber (“carberry” type) and 4) determination of the breakthrough time in a continuous-flow column. In this work all these aspects have been studied for the biosorption of copper(II), lead(II), cadmium(II), zinc(II) and chromium(III) metal ions on algae Gelidium sesquipedale, an algal waste from agar extraction industry and a composite material from the immobilization of the algal waste by an organic polymer (polyacrylonitrile). The three biosorbents were characterized in terms of specific surface area, apparent density, real density, porosity, particle size and pore size distribution, using different techniques: N2 and methylene blue adsorption, mercury porosimetry, helium picnometry and scanning electron microscopy. The chemical characterization of the biosorbents was based on the determination of the main chemical constituents present in the structure of the biomass, and in the identification and quantification of surface active sites, using the Fourier Transform Infrared Spectroscopy (FTIR), the Energy Dispersive Spectroscopy X-Ray Microanalysis (EDS) and the acid-base potentiometric titration techniques. It can be concluded that the surface of the biosorbents is characterized by a heterogeneous distribution of two main chemical groups: carboxylic and hydroxyl. Kinetic experiments, in batch system, were carried out, to determine the equilibrium time and the homogeneous diffusion coefficient of each metal in all biosorbents. The biosorption uptake capacity of the different adsorbents, for each metal ion, was determined by the equilibrium isotherms at different solution pH, temperature and ionic strength. It can be concluded that: 1) increasing pH, metal ions biosorption increases, 2) increasing solution ionic strength, the adsorption capacity decreases, 3) the solution temperature has little influence on metal biosorption, for the range of studied temperatures. The equilibrium data were adjusted to the Langmuir and Langmuir-Freundlich models. It can be concluded that Gelidium seaweed biosorbent has the higher adsorption uptake capacity. In order to study the pH influence and the presence of other metal ions in the biosorption process, two equilibrium models were developed: the discrete model that considers a discrete distribution of the active sites and the continuous model that admits a continuous distribution of carboxylic groups, given by the Sips distribution. A mass transfer model was developed, considering a resistance to the intraparticular diffusion, which is capable to describe the biosorption kinetics at different initial metal concentrations and solution pH, in simple and binary systems. Copper desorption was studied, in batch system, using HNO3 and EDTA solutions as eluents. The influence of pH, solid to liquid ratio and initial copper loading in the efficiency of the elution process with HNO3 has been studied. The influence of EDTA concentration in the desorption process was also evaluated. It was concluded that desorption is fast and more efficient for pH < 2, and a 1:1 concentration ratio between EDTA and the metal loaded. Desorption mechanism is attributed to a 1:1 ionic exchange between protons and metal ions. As a strong complexant, EDTA removes metal ions from the adsorbent to form soluble quelates. Biosorption of metal ions was studied in a continuous stirred tank adsorber (“carberry” type), for different operating conditions, such as, stirring rate, flow rate, inlet concentration, pH of the feeding solution and metal mixtures. Desorption of metal-laden, with nitric acid, was fast and efficient. A mass transfer model, based on the external and intraparticular diffusion, was developed to describe the biosorption process in a continuous stirred tank adsorber. In the elution process, the intraparticular diffusion and the equilibrium, given by the mass action law, were considered. The effect of different operating conditions (pH, flow rate, inlet concentration, temperature and ionic strength of the feeding solution) in the efficiency of the biosorption process, in a continuous-flow column, for a monocomponent solution, was studied. The adsorption of binary mixtures was also considered. The use of biosorbents in two consecutive adsorption/desorption cycles proved to be fast and efficient. Two mass transfer models were developed in order to describe the performance of the column, considering external and intraparticular diffusion resistances. Key-Words: Biosorption, Gelidium sesquipedale, algal waste from agar extraction industry, metal ions, desorption, hampers adsorber, fixed-bed column. Résumé La biosorption est une propriété de certains types de biomasse morte qui permet coupler et concentrer des ions métalliques à partir de solutions aqueuses, quelques fois très diluées. Le processus peut être employé dans la purification des effluents industriels contenants des métaux. Dans le présent travail on a suivi les étapes suivantes pour étudier le procédé de biosorption: 1) détermination des rapports d'équilibre, 2) détermination de la cinétique de biosorption, 3) détermination du temps de percée d’un adsorbeur parfaitement agité continu (do type “Carberry”) et 4) détermination du temps de percée d’une colonne garnie en opération continue. Dans ce travail on étude la biosorption des ions cuivre(II), plomb(II), cadmium(II), zinc(II) et chrome(III) sur l’algue Gelidium sesquipedale, sur un rebut d'extraction de l’agar de cet algue et sur des granules résultants de l'immobilisation de ce rebut-là dans un polymère organique (polyacrylonitrile). Les trois biosorbents ont été caractérisés par l’aire spécifique de la surface, la densité apparente, la densité vraie, porosité, la taille des particules et la distribution de taille des pores, en utilisant différentes techniques: adsorption d’azote et du bleu de méthylène, porosimétrie de mercure, pycnométrie d’hélium et microscopie électronique de balayage. La caractérisation chimique des biosorbents a été basée sur la détermination des constituants chimiques principaux dans la structure de la biomasse, et sur l'identification et la quantification des centres actifs de la surface, en utilisant la spectroscopie infrarouge de transformée de Fourier (FTIR), la microanalyse dispersive de rayon X de spectroscopie d'énergie (EDS) et les techniques potentiométriques d'analyse (titration acide-base). On peut conclure que la surface des biosorbents est caractérisée par une distribution hétérogène de deux groupes chimiques principaux : carboxylique et hydroxyle. Des expériences cinétiques en système fermé ont été exécutées pour déterminer la période d'équilibre et le coefficient de diffusion homogène de chaque métal dans chacun des biosorbants. La capacité de biosorption des différents adsorbants, pour chaque ion métallique, a été obtenue, par la détermination des isothermes d'équilibre pour différents valeurs de pH, température et concentration ionique de la solution. On peut conclure que: 1) l'augmentation du pH favorise la biosorption des ions métalliques, 2) l'augmentation de la concentration ionique décroît l'adsorption des ions métalliques, 3) la température de la solution n’a pas d’influence sur l’adsorption du métal dans la gamme des températures étudiées. Les donnés d'équilibre ont été ajustés par des modèles de Langmuir et de Langmuir-Freundlich. On peut conclure que l'algue Gelidium a la plus élevée capacité d'adsorption. Pour prévoir l'influence du pH, et de la présence d'autres ions métalliques, dans le couplement des métaux aux groupes carboxyliques des surfaces, deux modèles d'équilibre ont été développés : le modèle discret, qui considère une distribution discrète des centres actifs et le modèle continu qui admet une distribution continue des groupes carboxyliques, donnée par la distribution de Sips. Un modèle de transfert de masse a été développé, en considérant une résistance à la diffusion intraparticulaire, qui est capable de décrire la cinétique de biosorption pour différentes concentrations de métal et différents pH initiales, dans des systèmes simple et binaire. La désorption de cuivre a été étudiée dans le système fermé en utilisant comme éluants des solutions de HNO3 et d'EDTA. L'influence du pH, de la raison solide-liquide et de la concentration initiale de cuivre dans l'efficacité du processus d'élution avec HNO3, a été étudiée. L'influence de la concentration d’EDTA dans le procédé de désorption a été étudiée également. On a conclu que la désorption est rapide et efficace pour pH < 2, et pour des concentrations de solution d'EDTA dans la raison 1:1 avec la quantité de métal adsorbé. Le mécanisme de désorption est attribué à un échange ionique 1:1 entre les protons et les ions métalliques. Comme complexante fort, l'EDTA enlève les ions métalliques de l'adsorbant et forme des chélates en solution. La biosorption des ions métalliques a été étudié aussi dans un système parfaitement agité (do type “Carberry”). Des différentes conditions d'opération ont été évaluées, soit la vitesse d’agitation, le débit et la concentration de l’admission, le pH de la solution d'alimentation et l’adsorption de deux métaux. La désorption du métal, en utilisant l’acide nitrique, était rapide et efficace. Un modèle de transfert de masse, basé sur la diffusion externe et intraparticulaire, a été développé pour décrire le processus de biosorption. Pour l'étape d'élution, on a seulement considéré la diffusion et l'équilibre intraparticulaire donné par la loi d'action de masse. Le processus de biosorption dans une colonne à débit continu a été également étudié, en évaluant l'effet de différentes conditions d'opération (pH, débit, concentration d'admission, température et concentration ionique de la solution d'alimentation) dans l'efficacité du processus pour un système monocomposant. L'adsorption des mélanges binaires a été également évaluée. La réutilisation des biosorbants en deux cycles consécutifs d'adsorption/desorption est possible. Deux modèles de transfert de masse, prenant compte des diffusions externe et intraparticulaire, ont été développés pour décrire l’opération de la colonne soit en adsorption soit en désorption Mots-clés: Biosorption, Gelidium sesquipedale, débris de l’extraction de l’agar, ions métalliques, désorption, adsorbeur de paniers, colonne de lit fixe. Índice Geral NOMENCLATURA .........................................................................................................XXXI I. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 1 I.1 Enquadramento e Motivação ..................................................................................... 1 I.2 Objectivos e Organização do Trabalho ..................................................................... 4 Referências.......................................................................................................................... 7 II. IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA.................................................... 9 II.1 Introdução.................................................................................................................. 9 II.2 Cádmio ...................................................................................................................... 9 II.2.1 Contaminação Ambiental por Cádmio.......................................................... 9 II.2.2 Impacte Humano ......................................................................................... 11 II.2.3 Impacte Ambiental ...................................................................................... 11 II.3 Cobre ....................................................................................................................... 12 II.3.1 Contaminação Ambiental por Cobre........................................................... 12 II.3.2 Impacte Humano ......................................................................................... 13 II.3.3 Impacte Ambiental ...................................................................................... 14 II.4 Crómio ..................................................................................................................... 14 II.4.1 Contaminação Ambiental por Crómio ........................................................ 14 II.4.2 Impacte Humano ......................................................................................... 16 II.4.3 Impacte Ambiental ...................................................................................... 17 II.5 Chumbo ................................................................................................................... 18 II.5.1 Contaminação Ambiental por Chumbo....................................................... 18 II.5.2 Impacte Humano ......................................................................................... 19 II.5.3 Impacte Ambiental ...................................................................................... 20 II.6 Zinco........................................................................................................................ 21 II.6.1 Contaminação Ambiental por Zinco ........................................................... 21 II.6.2 Impacte Humano ......................................................................................... 22 II.6.3 Impacte Ambiental ...................................................................................... 23 II.7 Enquadramento Legal.............................................................................................. 23 Referências........................................................................................................................ 26 III. MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA ......................................................................................................................... 27 III.1 Introdução................................................................................................................ 27 III.2 Recuperação por Evaporação .................................................................................. 28 III.3 Precipitação Química............................................................................................... 28 III.4 Electrodiálise ........................................................................................................... 30 III.5 Permuta Iónica......................................................................................................... 31 III.6 Osmose Inversa ....................................................................................................... 32 III.7 Adsorção.................................................................................................................. 33 ÍNDICES III.8 Biossorção................................................................................................................34 III.8.1 Mecanismo da Biossorção ...........................................................................34 III.8.1.1 Permuta Iónica, Adsorção, Microprecipitação ..................................36 III.8.1.2 Atracção Electrostática e Complexação ............................................37 III.8.1.3 Ligandos ............................................................................................39 III.8.2 Características da Biossorção ......................................................................40 III.8.2.1 Natureza da Biomassa .......................................................................40 III.8.2.2 Área Superficial Específica ...............................................................41 III.8.2.3 pH da Solução ...................................................................................41 III.8.2.4 Temperatura ......................................................................................44 III.8.2.5 Presença de Aniões............................................................................45 III.8.2.6 Presença de Outros Catiões ...............................................................46 III.8.3 Biossorventes...............................................................................................47 III.8.3.1 Introdução..........................................................................................47 III.8.3.2 Quitosana...........................................................................................48 III.8.3.3 Turfa de Musgo .................................................................................49 III.8.3.4 Resíduos Industriais ..........................................................................50 III.8.3.5 Bactérias ............................................................................................52 III.8.3.6 Fungos ...............................................................................................53 III.8.3.7 Algas Marinhas .................................................................................54 III.8.4 Outros Materiais ..........................................................................................58 III.8.4.1 Zeólitos..............................................................................................59 III.8.4.2 Argilas ...............................................................................................60 III.8.4.3 Cinzas Volantes.................................................................................61 III.8.4.4 Óxidos Metálicos Naturais ................................................................62 III.8.4.5 Carvão Activado................................................................................62 III.8.5 Dessorção e Reutilização do Biossorvente ..................................................65 III.8.6 Possíveis Aplicações da Biossorção ............................................................68 Referências ........................................................................................................................71 IV. INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO ............................................................81 IV.1 Introdução ................................................................................................................81 IV.1.1 Isotérmica de Langmuir...............................................................................83 IV.1.2 Isotérmica de Langmuir-Freundlich ............................................................84 IV.1.3 Modelo de Equilíbrio Discreto ....................................................................85 IV.1.4 Modelo de Equilíbrio Contínuo (NICA)......................................................86 IV.1.5 Lei de Acção de Massa (Eluição) ................................................................90 IV.2 Cinética de Biossorção.............................................................................................92 IV.2.1 Modelo de Pseudo-Primeira-Ordem (Lagergren)........................................92 IV.2.2 Modelo de Pseudo-Segunda-Ordem ............................................................94 IV.3 Energia de Activação da Biossorção........................................................................94 IV.4 Parâmetros Termodinâmicos da Biossorção ............................................................96 Referências ........................................................................................................................98 V. MODELAÇÃO MATEMÁTICA ................................................................................101 V.1 Introdução ..............................................................................................................101 V.2 Sistema Fechado ....................................................................................................102 V.2.1 Modelo de Difusão Homogénea ................................................................102 ÍNDICES V.2.1.1 Partículas Esféricas ......................................................................... 102 V.2.1.2 Partículas em forma de placa plana ................................................ 107 V.2.2 Modelo LDF.............................................................................................. 108 V.2.3 Modelo de Difusão Homogénea Multi-componente................................. 111 V.2.4 Modelo de Eluição .................................................................................... 113 V.3 Sistema em Contínuo - Adsorvedor de Cestos ...................................................... 114 V.3.1 Modelo de Saturação................................................................................. 114 V.3.1.1 Um Componente ............................................................................. 114 V.3.1.2 Dois componentes........................................................................... 119 V.3.2 Modelo de Eluição .................................................................................... 121 V.3.2.1 Um componente .............................................................................. 121 V.3.2.2 Dois componentes........................................................................... 123 V.4 Sistema em Contínuo – Coluna de Leito Fixo....................................................... 124 V.4.1 Modelo de Saturação................................................................................. 127 V.4.1.1 Um Componente ............................................................................. 127 V.4.1.2 Dois Componentes.......................................................................... 130 V.4.2 Modelo de Eluição .................................................................................... 132 V.4.2.1 Um Componente ............................................................................. 132 V.4.2.2 Dois Componentes.......................................................................... 134 Referências...................................................................................................................... 135 VI. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................ 137 VI.1 Materiais ................................................................................................................ 137 VI.1.1 Alga Gelidium ........................................................................................... 137 VI.1.2 Resíduo...................................................................................................... 138 VI.1.3 Grânulos .................................................................................................... 138 VI.1.4 Preparação das Soluções e do Material Utilizado ..................................... 139 VI.1.5 Caracterização Física................................................................................. 140 VI.1.5.1 Determinação da Área Superficial Específica ................................ 140 VI.1.5.2 Determinação da Densidade Aparente, Real e Porosidade............. 140 VI.1.5.3 Determinação de Tamanhos das Partículas .................................... 140 VI.1.6 Caracterização Química ............................................................................ 140 VI.1.6.1 Quantificação dos Centros Activos................................................. 140 VI.1.6.2 Espectroscopia FTIR....................................................................... 141 VI.1.6.3 Microscopia Electrónica de Varrimento e Microanálise por Raios X 142 VI.2 Métodos de Análise ............................................................................................... 142 VI.2.1 Doseamento dos Metais ............................................................................ 142 VI.2.2 pH .............................................................................................................. 143 VI.2.3 Concentração de Azul-de-Metileno .......................................................... 143 VI.2.4 Carbono Orgânico Total............................................................................ 143 VI.2.5 Condutividade ........................................................................................... 143 VI.2.6 Digestão dos Biossorventes....................................................................... 143 VI.2.7 Matéria Volátil (MV) ................................................................................ 144 VI.2.8 Sílica.......................................................................................................... 144 VI.3 Procedimento Experimental .................................................................................. 144 VI.3.1 Estudo da Cinética de Biossorção ............................................................. 144 VI.3.1.1 Saturação......................................................................................... 144 VI.3.1.2 Dessorção........................................................................................ 146 iii ÍNDICES VI.3.2 Equilíbrio ...................................................................................................146 VI.3.2.1 Saturação .........................................................................................146 VI.3.2.2 Dessorção ........................................................................................148 VI.3.3 Ensaios em Adsorvedor Perfeitamente Agitado ........................................148 VI.3.3.1 Saturação .........................................................................................149 VI.3.3.2 Eluição.............................................................................................151 VI.3.4 Ensaios em Coluna de Leito Fixo..............................................................151 VI.3.4.1 Saturação .........................................................................................152 VI.3.4.2 Eluição.............................................................................................154 VI.3.5 Quantificação dos Centros Activos ...........................................................154 Referências ......................................................................................................................155 VII. RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES .......................................................................................................157 VII.1 Caracterização Física .............................................................................................157 VII.1.1 Distribuição Granulométrica .....................................................................157 VII.1.2 Densidade Real, Densidade Aparente e Porosidade ..................................161 VII.1.3 Área Superficial Específica .......................................................................167 VII.1.3.1 Adsorção de N2-Método de B.E.T...................................................167 VII.1.3.2 Porosimetria de Mercúrio................................................................170 VII.1.3.3 Adsorção de Azul-de-Metileno (MB) .............................................171 VII.1.3.4 Comparação entre os Métodos do Azul-de-Metileno, B.E.T e Intrusão de Mercúrio ..........................................................................................171 VII.2 Caracterização Química .........................................................................................173 VII.2.1 Composição Elementar dos Biossorventes................................................173 VII.2.2 Análise por Espectroscopia de Infravermelho (FTIR)...............................175 VII.2.3 Titulação Potenciométrica .........................................................................179 Referências ......................................................................................................................184 VIII. RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO .....................................................................................................................187 VIII.1 Cinética de Biossorção ..............................................................................187 VIII.1.1 Influência da Concentração Inicial (Pb(II)) ..........................................188 VIII.1.2 Influência do pH (Cu(II), Pb(II) e Cd(II)).............................................192 VIII.1.3 Biossorção de Zinco e Crómio..............................................................197 VIII.1.4 Influência da Temperatura (Pb(II)) .......................................................198 VIII.1.5 Influência da Força Iónica (Pb(II) e Cd(II))..........................................201 VIII.1.6 Influência da Granulometria (Cu(II) e Pb(II)) ......................................205 VIII.1.7 Influência da Velocidade de Agitação (Pb(II)) .....................................207 VIII.2 Equilíbrio de Biossorção............................................................................208 VIII.2.1 Influência do pH....................................................................................209 VIII.2.2 Modelo Discreto e Contínuo .................................................................215 VIII.2.3 Comparação entre os Modelos Contínuo, Discreto e de Langmuir ......223 VIII.2.4 Influência da Temperatura ....................................................................226 VIII.2.5 Influência da Força Iónica.....................................................................232 VIII.2.6 Equilíbrio de Biossorção de Zinco e Crómio........................................236 VIII.3 Equilíbrio de Dessorção.............................................................................238 VIII.3.1 Influência da Concentração de Eluente.................................................239 ÍNDICES VIII.3.2 Razão de Complexação e Permuta Iónica ............................................ 242 VIII.3.3 Influência da Razão S/L ....................................................................... 248 VIII.3.4 Influência da Quantidade Inicial Biossorvida ...................................... 250 VIII.4 Biossorção Multicomponente.................................................................... 251 VIII.4.1 Determinação dos Parâmetros dos Modelos......................................... 251 VIII.4.2 Determinação das Superfícies e “Iso-Concentrações” ......................... 257 VIII.4.2.1 Pb2+/Cu2+ ......................................................................................... 258 VIII.4.2.2 Pb2+/Cd2+ ......................................................................................... 260 VIII.4.2.3 Pb2+/Zn2+ ......................................................................................... 262 VIII.4.2.4 Cd2+/Zn2+......................................................................................... 264 VIII.4.2.5 Cu2+/Cr3+ ......................................................................................... 266 VIII.4.3 Efeito do Co-Catião nos Parâmetros da Biossorção do Ião Metálico Primário..................................................................................................... 268 VIII.5 Simulação Matemática e Avaliação da Resistência Interna...................... 277 VIII.5.1 Biossorção ............................................................................................ 278 VIII.5.1.1 Influência da Concentração Inicial ................................................. 278 VIII.5.1.2 Influência do pH ............................................................................. 283 VIII.5.2 Biossorção Multicomponente ............................................................... 288 VIII.5.3 Dessorção.............................................................................................. 293 Referências...................................................................................................................... 296 IX. RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS......................................................................................................................... 301 IX.1 Sistema Monocomponente .................................................................................... 301 IX.1.1 Efeito da Velocidade de Agitação............................................................. 301 IX.1.2 Efeito do Caudal........................................................................................ 308 IX.1.3 Efeito da Concentração de Pb(II) na Alimentação.................................... 310 IX.1.4 Efeito do pH da Corrente de Alimentação ................................................ 313 IX.1.5 Biossorção do Cádmio .............................................................................. 314 IX.1.6 Dessorção .................................................................................................. 316 IX.2 Sistema Multicomponente ..................................................................................... 318 IX.2.1 Sistema Cu2+/Pb2+...................................................................................... 318 IX.2.1.1 Saturação......................................................................................... 318 IX.2.1.2 Eluição ............................................................................................ 321 IX.2.2 Sistema Pb2+/Cd2+...................................................................................... 323 Referências...................................................................................................................... 326 X. RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO ..... 327 X.1 Introdução.............................................................................................................. 327 X.2 Sistema Monocomponente .................................................................................... 328 X.2.1 Efeito do Caudal........................................................................................ 328 X.2.2 Efeito da Concentração Inicial .................................................................. 339 X.2.3 Efeito do pH da Corrente de Alimentação ................................................ 347 X.2.4 Efeito da Temperatura............................................................................... 354 X.2.5 Efeito da Força Iónica ............................................................................... 356 X.2.6 Cádmio, Zinco e Crómio........................................................................... 359 X.2.7 Efeito da Regeneração............................................................................... 368 X.3 Sistema Multicomponente ..................................................................................... 372 v ÍNDICES X.3.1 Sistema Cu2+/Pb2+ ......................................................................................373 X.3.2 Sistema Pb2+/Cd2+ ......................................................................................378 X.3.3 Sistema Cd2+/Zn2+ ......................................................................................383 X.3.4 Sistema Cu2+/Cr3+ ......................................................................................386 X.3.5 Caracterização Química do Efluente Industrial .........................................391 X.3.6 Efluente Industrial com Cu(II)...................................................................392 X.3.7 Efluente Industrial de Cu/Cr......................................................................395 Referências ......................................................................................................................399 XI. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO.................................401 XI.1 Conclusões .............................................................................................................401 XI.1.1 Caracterização dos Biossorventes..............................................................401 XI.1.2 Adsorvedor Fechado (Cinética, Equilíbrio, Sistema Binário e Dessorção) .................................................................................................402 XI.1.3 Adsorvedor de Cestos ................................................................................405 XI.1.4 Coluna de Leito Fixo .................................................................................407 XI.2 Sugestões para Trabalho Futuro.............................................................................410 A. EXTRACÇÃO DO AGAR ...........................................................................................413 B. REMOÇÃO DE AZUL-DE-METILENO POR BIOSSORÇÃO..............................423 C. CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES ......................................................431 D. GRÁFICOS E TABELAS.............................................................................................449 E. ANÁLISE ESTATÍSTICA ...........................................................................................475 F. SIMULAÇÃO DOS ENSAIOS ....................................................................................489 G. DADOS DOS ENSAIOS EM CONTÍNUO.................................................................503 ÍNDICES Índice de Figuras Figura III.1 Diagrama esquemático de uma célula de electrodiálise (Velizarova et al., 2002). ................................................................................................................ 31 Figura III.2 Mecanismo de remoção simultânea de iões metálicos e cromatos da solução (Dabrowski et al., 2004). ..................................................................... 32 Figura III.3 Esquema de uma célula de osmose inversa (Ujang e Anderson, 1996)............ 33 Figura III.4 Diagrama de especiação do crómio em função do pH (Haug e Smidsrod, 1970). ................................................................................................................ 43 Figura IV.1 Representação esquemática de alguns tipos de isotérmicas. ............................ 82 Figura V.1 Perfil de concentrações dentro partícula e na solução. ................................... 103 Figura V.2 Partícula esférica............................................................................................. 103 Figura V.3 Perfil de concentrações dentro da partícula e na solução. .............................. 107 Figura V.4 Determinação da derivada da concentração da fase sólida em relação ao raio da partícula na superfície desta................................................................ 109 Figura V.5 Perfil de concentrações na solução e na partícula........................................... 115 Figura V.6 Evolução da frente de concentração em leito fixo em condições ideais......... 124 Figura V.7 Evolução da frente de concentração em coluna de leito fixo em condições reais. ................................................................................................................ 125 Figura V.8 Zona de transferência de massa (MTZ), comprimento de coluna não usada (LUB), frente estequiométrica e perfil de concentração do efluente depois de breakthrough. .................................................................................. 126 Figura V.9 Esquema representativo da coluna de leito fixo. ............................................ 127 Figura VI.1 Fotografia da instalação do titulador de Wallingford. .................................... 141 Figura VI.2 Instalação experimental durante a realização de um ensaio em sistema fechado com grânulos. .................................................................................... 145 Figura VI.3 Configuração experimental nos ensaios em sistema fechado. ........................ 146 Figura VI.4 Conjunto de matrazes sobre um agitador magnético Multi Stirrer VELP SCIENTIFICA, no interior de uma estufa refrigerada P-Selecta HotcoldM. .................................................................................................................... 147 Figura VI.5 Conjunto de matrazes sobre um agitador magnético Multi Stirrer VELP SCIENTIFICA, no estudo da dessorção para várias razões S/L..................... 148 vii ÍNDICES Figura VI.6 Instalação experimental dos ensaios em RPA. (a) Suporte de acrílico; (b) Cestos em acrílico com rede de poliéster; (c) Tampa superior do RPA com furo; (d) adsorvedor de cestos em acrílico; (e) Instalação experimental durante a realização de um ensaio em contínuo. .......................149 Figura VI.7 Remoção do ar presente nos poros da alga Gelidium por aplicação de vácuo. ..............................................................................................................150 Figura VI.8 Configuração experimental usada nos ensaios em adsorvedor de cestos em contínuo. ....................................................................................................151 Figura VI.9 Instalação experimental para a realização dos ensaios em coluna de leito fixo (a); Enchimento da coluna com a alga Gelidium (b) e grânulos (c). .......152 Figura VI.10 Configuração experimental nos ensaios em coluna de leito fixo. ...................153 Figura VII.1 Distribuição granulométrica das partículas de alga Gelidium. (a) Comprimento das partículas; (b) Largura das partículas (contagem de 500 objectos por amostra). .....................................................................................158 Figura VII.2 Imagens obtidas por microscopia electrónica de varrimento para as partículas de alga Gelidium. (a) Espessura das partículas; (b) Identificação da geometria placa plana (comprimento e largura). ..................159 Figura VII.3 Imagens microscópicas do resíduo de extracção do agar (a)-microscópio óptico (5x), (b) microscopia electrónica de varrimento. .................................159 Figura VII.4 Caracterização granulométrica dos grânulos (Coulter Counter). ....................160 Figura VII.5 Identificação do diâmetro dos grânulos por microscopia electrónica de varrimento. (a) Partícula; (b) Corte transversal...............................................161 Figura VII.6 Resultados experimentais de porosimetria de mercúrio para os grânulos (curva cumulativa de intrusão e extrusão de mercúrio) ..................................162 Figura VII.7 Resultados experimentais de porosimetria de mercúrio para o resíduo (curva cumulativa de intrusão e extrusão de mercúrio). .................................162 Figura VII.8 Resultados experimentais de porosimetria de mercúrio para a alga Gelidium (curva cumulativa de intrusão e extrusão de mercúrio). .................163 Figura VII.9 Resultados experimentais de porosimetria de mercúrio para os grânulos (curva diferencial). ..........................................................................................164 Figura VII.10 Resultados experimentais de porosimetria de mercúrio para o resíduo (curva diferencial). ..........................................................................................164 Figura VII.11 Resultados experimentais de porosimetria de mercúrio para a alga Gelidium (curva diferencial). ..........................................................................165 Figura VII.12 Imagem obtida por microscopia electrónica de varrimento para a partícula de alga Gelidium (tamanho médio dos poros)..................................167 Figura VII.13 Isotérmica de adsorção-dessorção de N2 nos grânulos....................................169 ÍNDICES Figura VII.14 Isotérmica de adsorção-dessorção de N2 na alga Gelidium e no resíduo. ...... 169 Figura VII.15 Relação linear da isotérmica de BET para 0,05 < P/Po <∼ 0,3 para os grânulos........................................................................................................... 170 Figura VII.16 Relação linear da isotérmica de BET para 0,05 < P/Po <∼ 0,3 para a alga Gelidium e resíduo.......................................................................................... 170 Figura VII.17 Microanálise por Raio X à alga Gelidium (a), alga presente no resíduo (b), grânulos (c) e terra de diatomáceas pura (d). ........................................... 175 Figura VII.18 Espectroscopia de Infravermelho da alga Gelidium, resíduo e grânulos: (a) – Geral; (b) – Detalhe. ............................................................................... 177 Figura VII.19 Carga da partícula QH em função do pH para as duas forças iónicas (0,005 e 0,1 M). Curvas de ajuste dos modelos contínuo e discreto. (a)Alga Gelidium, (b)-resíduo e (c)-grânulos...................................................... 180 Figura VII.20 Função de distribuição de constantes F vs. log K int i , H para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c), obtida pela soma das funções de distribuição de Sips, f i (log K int i , H ) , multiplicadas pelo Qmax,i para os grupos carboxílicos e hidroxilo. f i (log K int i , H ) foram determinadas com os parâmetros apresentados na Tabela VII.7....................................................... 183 Figura VIII.1 Biossorção do chumbo pela alga Gelidium (a) e (d), resíduo (b) e (e) e grânulos (c) e (f) para diferentes valores de concentração inicial (---modelo de pseudo-primeira-ordem de Lagergren; ___ modelo de pseudosegunda-ordem)............................................................................................... 190 Figura VIII.2 Efeito do pH na cinética de biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos (---- modelo de pseudo-primeira-ordem de Lagergren; ___ modelo de pseudo-segunda-ordem). .......................................................... 193 Figura VIII.3 Efeito do pH na cinética de biossorção do Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos (---- modelo de pseudo-primeira-ordem de Lagergren; ___ modelo de pseudo-segunda-ordem)......................................... 194 Figura VIII.4 Biossorção do zinco (a) e crómio (b) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH 5,3 (---- modelo de pseudo-primeira-ordem de Lagergren; ___ modelo de pseudo-segunda-ordem). .......................................................... 197 Figura VIII.5 Biossorção do chumbo pela alga Gelidium (a) e resíduo (b) a diferentes temperaturas e pH 5,3 (___ modelo cinético de pseudo-segunda-ordem)........ 199 Figura VIII.6 Representação da equação de Arrhenius para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium e resíduo. ................................................................................. 200 Figura VIII.7 Biossorção do chumbo e cádmio, respectivamente pela alga Gelidium (a) e (c) e resíduo (b) e (d) a diferentes forças iónicas, pH 5,3 e T=20ºC............ 201 Figura VIII.8 Influência do tamanho das partículas dos biossorventes na remoção do cobre ((a) Alga Gelidum, (b) grânulos) e chumbo ((c) grânulos)................... 206 ix ÍNDICES Figura VIII.9 Influência da velocidade de agitação na dinâmica de biossorção do chumbo pela alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c).............................208 Figura VIII.10 Isotérmicas de equilíbrio de biossorção do Cu(II) na alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c); resultados experimentais e ajuste aos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---)...............................................211 Figura VIII.11 Isotérmicas de equilíbrio de biossorção do Pb(II) na alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c); resultados experimentais e ajuste aos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---)...............................................212 Figura VIII.12 Isotérmicas de equilíbrio de biossorção do Cd(II) na alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c); resultados experimentais e ajuste aos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---)...............................................213 Figura VIII.13 Microanálise por Raio X à alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c).......215 Figura VIII.14 Superfícies do modelo de equilíbrio contínuo de biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, considerando os parâmetros obtidos para cada ião metálico individualmente. ............................................218 Figura VIII.15 Superfícies do modelo de equilíbrio contínuo de biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, considerando os parâmetros obtidos para cada ião metálico individualmente. ............................................219 Figura VIII.16 Superfícies do modelo de equilíbrio contínuo de biossorção do Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, considerando os parâmetros obtidos para cada ião metálico individualmente. ............................................220 Figura VIII.17 Distribuição de Sips para as constantes de equilíbrio intrínsecas de ligação do cobre (a); chumbo (b); cádmio (c); (d) Alga Gelidium; (e) resíduo e (f) grânulos.......................................................................................222 Figura VIII.18 Efeito do pH na constante K 'L ( -alga, -resíduo e -grânulos) ' derivada do modelo discreto e comparação do produto K L Q max (__ __, --- e _ _ _ _) e K L q L ( , e •) obtido pela equação de Langmuir, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. (a) e (b) – Cu; (c) e (d) – Pb; (e) e (f) – Cd.............................................................................225 Figura VIII.19 Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de cobre a diferentes temperaturas para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c) a pH = 5,3; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). ...................................................................227 Figura VIII.20 Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de chumbo a diferentes temperaturas para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c) a pH = 5,3; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). ...................................................................228 Figura VIII.21 Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de cádmio a diferentes temperaturas para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c) a pH = ÍNDICES 5,3; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). ................................................................... 229 Figura VIII.22 Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de cobre a diferentes FI para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c) a pH = 5,3; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e LangmuirFreundlich (---)................................................................................................ 234 Figura VIII.23 Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de chumbo a diferentes FI para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c) a pH = 5,3; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e LangmuirFreundlich (---)................................................................................................ 235 Figura VIII.24 Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de cádmio a diferentes FI para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c) a pH = 5,3; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e LangmuirFreundlich (---)................................................................................................ 236 Figura VIII.25 Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de zinco(II) (a) e crómio(III) (b) a pH = 5.3 e T = 20ºC, para a alga Gelidium, resíduo e grânulos; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e LangmuirFreundlich (---)................................................................................................ 237 Figura VIII.26 Influência do pH na eluição do cobre da alga Gelidium (qM0 = 22,3 mg g1 ), resíduo (qM0 = 13,9 mg g-1) e grânulos (qM0 = 9,0 mg g-1) (S/L = 4 g l1 )...................................................................................................................... 240 Figura VIII.27 Influência da concentração do complexante Na2EDTA na eluição do cobre da alga Gelidium (qM0 = 22,3 mg g-1) (S/L = 4 g l-1). ........................... 240 Figura VIII.28 Influência da concentração do complexante Na2EDTA na eluição do cobre do resíduo (qM0 = 13,9 mg g-1) (S/L = 4 g l-1)....................................... 241 Figura VIII.29 Influência da concentração do complexante Na2EDTA na eluição do cobre dos grânulos (qM0 = 9,0 mg g-1) (S/L = 4 g l-1). .................................... 241 Figura VIII.30 Diagrama da distribuição das espécies do EDTA com o pH da solução. ....... 243 Figura VIII.31 Relação entre a concentração molar de iões cobre libertados para a solução e a concentração molar de Na2EDTA utilizada como eluente........... 243 Figura VIII.32 Influência do pH na eluição do cobre da biomassa usando uma solução 0,1 M HNO3. Quantidade inicial de metal ligado à biomassa: qM0 = 22,3, 13,9 e 9,0 mg g-1, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. Representação logarítmica da permuta iónica cobre-protão (D=qM/CM) usando os mesmos dados experimentais. .................................... 246 Figura VIII.33 Representação da superfície da lei de acção de massas para a alga Gelidium. ........................................................................................................ 247 Figura VIII.34 Representação da superfície da lei de acção de massas para o resíduo. ......... 247 Figura VIII.35 Representação da superfície da lei de acção de massas para os grânulos....... 248 xi ÍNDICES Figura VIII.36 Influência da razão sólido/líquido (S/L) na eficiência de eluição com HNO3. ..............................................................................................................249 Figura VIII.37 Influência da razão S/L na razão de concentração do processo adsorção/dessorção para os três biossorventes (concentração de equilíbrio na saturação do biossorvente = 140 mg l-1).....................................................250 Figura VIII.38 Influência da quantidade inicial biossorvida na eficiência de eluição com HNO3. ..............................................................................................................251 Figura VIII.39 Distribuição de Sips para as constantes de equilíbrio intrínsecas de ligação do cobre, chumbo, cádmio, zinco, crómio na alga Gelidium, resíduo e grânulos............................................................................................256 Figura.VIII.40 Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Cu2+/Pb2+ a pH 5,3. ..........................................................................................................259 Figura VIII.41 Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Pb2+/Cd2+ a pH 5,3. ..........................................................................................................261 Figura VIII.42 Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Pb2+/Zd2+ a pH 5,3. ..........................................................................................................263 Figura VIII.43 Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Cd2+/Zn2+ a pH 5,3. ..........................................................................................................265 Figura VIII.44 Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Cu2+/Cr3+ a pH 5,3. ..........................................................................................................267 Figura VIII.45 Efeitos do co-catião (M2) na biossorção do catião primário (M1:Cd2+ ou Zn2+) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH 5,3. Curvas: ( ) CM [M1] = 0,5 mmo l-1, M2: Pb2+; ( ) CM [M1] = 2,5 mmol l-1, M2: Pb2+; ( ) CM [M1] = 0,5 mmol l-1, M2: Zn2+ ou Cd2+; ( ) CM [M1] = 2,5 mmol l-1, M2: Zn2+ ou Cd2+. ............................................................................................269 Figura VIII.46 Efeitos do co-catião (M2) na biossorção do catião primário (M1: Pb2+ ou Cu2+) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH 5,3. Curvas: ( ) CM [M1] = 0,1 ou 0,5 mmol l-1, M2: Zn2+ ou Pb2+; ( ) CM [M1] = 1,0 ou 2,5 mmol l-1, M2: Zn2+ ou Pb2+; ( ) CM [M1] = 0,1 ou 0,5 mmol l-1, M2: Cd2+ ou Cr3+; ( ) CM [M1] = 1,0 ou 2,5 mmol l-1, M2: Cd2+ ou Cr3+; ( ) CM [M1] = 0,1 mmol l-1, M2: Cu2+; ( ) CM [M1] = 1,0 mmol l-1, M2: Cu2+. ..........270 Figura VIII.47 Efeitos do co-catião (Cu2+) na biossorção catião primário (Cr3+) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH 5,3. Curvas: ( ) CM [Cr3+] = 0,5 mmol l-1; ( ) CM [Cr3+] = 2,5 mmol l-1......................................................................271 Figura VIII.48 Efeitos do co-catião no valor do parâmetro K 'L' do catião primário (Cd2+ e Zn2+) para a alga Gelidium, resíduo e grânulos...............................................272 Figura VIII.49 Efeitos do co-catião no valor do parâmetro K 'L' do catião primário (Pb2+ e Cu2+) para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. .............................................273 ÍNDICES Figura VIII.50 Efeitos do co-catião (Cu2+) no valor do parâmetro K 'L' do catião primário (Cr3+) para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. ............................................ 274 Figura VIII.51 Perfis de concentração de chumbo vs. tempo simuladas para diferentes concentrações iniciais. (----) Modelo LDF; (___) Modelo de difusão homogénea. ..................................................................................................... 279 Figura VIII.52 Perfis de concentração de chumbo na fase sólida para diferentes t /τ d. (____) – Modelo de difusão homogénea (y); (____) – Modelo de difusão homogénea (<y>); (----) – Modelo LDF (<y>). (a) e (d) – Alga Gelidium; (b) e (e) – Resíduo; (c) e (f) – Grânulos. (a), (b) e (c) - Cini ≈ 100 mg l-1; (d), (e) e (f) – Cini ≈ 30 mg l-1.......................................................................... 282 Figura VIII.53 Perfis de concentração de cobre e chumbo vs. tempo, simulados para diferentes valores de pH. (----) Modelo LDF; (____) Modelo de difusão homogénea. ..................................................................................................... 285 Figura VIII.54 Perfis de concentração de cádmio, crómio e zinco vs. tempo, simulados para diferentes valores de pH. (----) Modelo LDF; (____) Modelo de difusão homogénea. ........................................................................................ 286 Figura VIII.55 Perfis de concentração do cobre na fase sólida para diferentes t /τ d. (____) – Modelo de difusão homogénea (y); (____) – Modelo de difusão homogénea (<y>); (----) – Modelo LDF (<y>). (a) e (d) – Alga Gelidium; (b) e (e) – Resíduo; (c) e (f) – Grânulos. (a), (b) e (c) – pH = 5,3; (d), (e) e (f) – pH = 3................................................................................................... 287 Figura VIII.56 Perfis de concentração para os sistemas Cu2+/Pb2+ e Pb2+/Cd2+ vs. tempo, simulados para pH = 5,3. a, d – Gelidium; b, e – Resíduo; c, f – Grânulos. (____) Modelo de difusão homogénea. ............................................................. 291 Figura VIII.57 Perfis de concentração para os sistemas Pb2+ / Zn2+ e Cd2+ / Zn2+ vs. tempo, simulados para pH = 5,3. a, d – Gelidium; b, e – Resíduo; c, f – Grânulos. (____) Modelo de difusão homogénea. ............................................ 292 Figura VIII.58 Cinética de dessorção do cobre dos três biossorventes utilizando HNO3 0,1 M e EDTA 2 mM. Alga Gelidium e grânulos representados nos eixos principais e resíduo, nos eixos secundários. ................................................... 294 Figura VIII.59 Dessorção do cobre da biomassa saturada (alga Gelidium, resíduo e grânulos), usando como eluente HNO3 0,1 M. ............................................... 295 Figura IX.1 Resposta normalizada a uma entrada em degrau de cádmio (CE = 22,2 mg l-1) e a uma purga degrau com água destilada................................................. 303 Figura IX.2 Resposta linearizada a uma entrada em degrau e purga degrau...................... 303 Figura IX.3 Comparação dos resultados experimentais (ensaios 1,2 e 3) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium a diferentes velocidades de rotação. Perfis de variação de pH para a biossorção do cobre........................ 304 xiii ÍNDICES Figura IX.4 Resultados experimentais (ensaios 2 e 3) e curvas simuladas para a biossorção do cobre na alga Gelidium em adsorvedor de cestos a 180 rpm e 270 rpm.........................................................................................................305 Figura IX.5 Resultados experimentais (ensaio 1) e curvas simuladas para a biossorção do cobre na alga Gelidium em adsorvedor de cestos a 100 rpm. ....................305 Figura IX.6 Resultados experimentais (ensaios 10 e 11) e curvas simuladas para a biossorção do cobre nos grânulos em adsorvedor de cestos a dois caudais diferentes. ........................................................................................................309 Figura IX.7 Resultados experimentais (ensaios 12 e 14) em adsorvedor de cestos para duas concentrações de alimentação (CE) diferentes de chumbo. Perfis de variação de pH e as curvas simuladas da biossorção do chumbo nos grânulos. ..........................................................................................................311 Figura IX.8 Resultados experimentais obtidos (ensaio 4) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium. Perfil de variação de pH e curvas simuladas da biossorção de chumbo. ....................................................................................312 Figura IX.9 Resultados experimentais obtidos (ensaios: 14 e 15) em adsorvedor de cestos para os grânulos a dois pHAE de equilíbrio diferentes. Perfil de variação de pH e curvas simuladas da biossorção do chumbo........................313 Figura IX.10 Resultados experimentais (ensaio 16) em adsorvedor de cestos para os grânulos. Perfil de variação de pH e curva simulada da biossorção de cádmio. ............................................................................................................314 Figura IX.11 Resultados experimentais (ensaio 6) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium. Perfil de variação de pH e curvas simuladas da biossorção de cádmio. ............................................................................................................315 Figura IX.12 Resultados experimentais (ensaio 5) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium. Perfil de variação de pH e curvas simuladas da dessorção de chumbo. ...........................................................................................................316 Figura IX.13 Resultados experimentais (ensaio 13) em adsorvedor de cestos para os grânulos. Perfil de variação do pH e curvas simuladas da dessorção doe chumbo. ...........................................................................................................317 Figura IX.14 Resultados experimentais obtidos (ensaio 7) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium. Perfil de variação de pH e curvas simuladas na biossorção do sistema binário Pb2+/Cu2+.........................................................319 Figura IX.15 Resultados experimentais obtidas (ensaio 17) em adsorvedor de cestos para os grânulos. Perfil de variação de pH e curvas simuladas na biossorção do sistema binário Pb2+/Cu2+.........................................................319 Figura IX.16 Resultados experimentais obtidos (ensaio 8) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium. Perfil de variação de pH e curvas simuladas de dessorção de Pb2+/Cu2+....................................................................................321 ÍNDICES Figura IX.17 Resultados experimentais obtidos (ensaio 18) em adsorvedor de cestos para os grânulos. Perfil de variação de pH e curvas simuladas de dessorção de Pb2+/Cu2+. .................................................................................. 321 Figura IX.18 Resultados experimentais obtidos (ensaio 9) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium. Perfil de variação de pH e curvas simuladas de biossorção de Pb2+/Cd2+. ................................................................................. 324 Figura IX.19 Resultados experimentais obtidos (ensaio 19) em adsorvedor de cestos para os grânulos. Perfil de variação de pH e curvas simuladas de biossorção de Pb2+/Cd2+. ................................................................................. 324 Figura X.1 Influência do caudal de alimentação na curva de “breakthrough” – biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium (ensaios 9, 11 e 13). ....................... 329 Figura X.2 Influência do caudal de alimentação na curva de “breakthrough” – biossorção do Pb(II) pelos grânulos (ensaios 51, 53 e 57). ............................ 329 Figura X.3 Influência do caudal de alimentação na curva de “breakthrough” – biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium em função do tempo adimensional (ensaios 9, 11 e 13). .................................................................. 330 Figura X.4 Influência do caudal de alimentação na curva de “breakthrough” – biossorção do Pb(II) pelos grânulos em função do tempo adimensional (ensaios 51, 53 e 57). ...................................................................................... 330 Figura X.5 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa, a diferentes caudais de alimentação, para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium (ensaios 9, 11 e 13). .......................................................................................................... 332 Figura X.6 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa, a diferentes caudais de alimentação, para a biossorção do Pb(II) pelos grânulos (Ensaios 51, 53 e 57). .................................................................................................................. 333 Figura X.7 Eluição do Pb(II) da alga Gelidium com uma solução 0,1 M HNO3 (ensaios 10, 12 e 14). ...................................................................................... 335 Figura X.8 Eluição do Pb(II) dos grânulos com uma solução 0,1 M HNO3 (ensaios 52, 54 e 58). .................................................................................................... 335 Figura X.9 Comparação entre as curvas experimentais de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Pb(II) da alga Gelidium (ensaio 10)....................................................................................................... 337 Figura X.10 Comparação entre as curvas experimentais de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Pb(II) dos grânulos (ensaio 54)....................................................................................................... 338 Figura X.11 Influência da concentração de alimentação na curva de “breakthrough” – biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium (ensaios 1 e 3)................................ 340 xv ÍNDICES Figura X.12 Influência da concentração de alimentação na curva de “breakthrough” – biossorção do Cu(II) pelos grânulos (ensaios 41 e 45). ..................................340 Figura X.13 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa a diferentes concentrações de alimentação – biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium (ensaios 1 e 3)..................................................................................................341 Figura X.14 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa para concentração de alimentação = 45,7 mg l-1 – biossorção do Cu(II) pelos grânulos (ensaio 41)....................................................................................................................342 Figura X.15 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa para concentração de alimentação = 24,8 mg l-1 – biossorção do Cu(II) pelos grânulos (ensaio 45)....................................................................................................................343 Figura X.16 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção na alga Gelidium, a diferentes concentrações de alimentação (ensaios 2 e 4).....344 Figura X.17 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção nos grânulos, a diferentes concentrações de alimentação (ensaios 42 e 46)....................................................................................................................345 Figura X.18 Comparação entre a curva experimental de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cu(II) da alga Gelidium (CE = 24,3 mg l-1). ...........................................................................345 Figura X.19 Comparação entre a curva experimental de eluição e previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cu(II) da alga Gelidium (CE = 47,3 mg l-1). ...........................................................................346 Figura X.20 Comparação entre a curva experimental de eluição e a prevista pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cu(II) dos grânulos (CE = 24,8 mg l-1). ..................................................................................................346 Figura X.21 Comparação entre a curva experimental de eluição e a prevista pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cu(II) dos grânulos (CE = 45,8 mg l-1). ..................................................................................................347 Figura X.22 Influência do pH inicial na curva de “breakthrough” – biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium (ensaios 11, 15 e 17)..............................................348 Figura X.23 Influência do pH inicial na curva de “breakthrough” – biossorção do Pb(II) pelos grânulos (ensaios 57, 60 e 62). ....................................................348 Figura X.24 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa a diferentes valores de pH inicial – biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium (ensaios 11, 15 e 17)....................................................................................................................350 ÍNDICES Figura X.25 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa a diferentes valores de pH inicial – biossorção do Pb(II) pelos grânulos (ensaios 57, 60 e 62).......... 350 Figura X.26 Comparação entre as curvas experimentais de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Pb(II) da alga Gelidium (ensaios 12, 16 e 18). ...................................................................................... 352 Figura X.27 Comparação entre as curvas experimentais de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Pb(II) dos grânulos (ensaios 58, 61e 63). ....................................................................................... 352 Figura X.28 Influência da temperatura na curva de “breakthrough” – biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium (ensaios 3 e 5)....................................................... 354 Figura X.29 Influência da temperatura na curva de “breakthrough” – biossorção do Cu(II) pelos grânulos (ensaios 45 e 49). ......................................................... 355 Figura X.30 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção na alga Gelidium, a diferentes temperaturas (ensaios 4 e 6). .............................. 355 Figura X.31 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção nos grânulos, a diferentes temperaturas (ensaios 46 e 50).............................. 356 Figura X.32 Influência da força iónica (FI) na curva de “breakthrough” – biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium (ensaios 3 e 7).................................................. 357 Figura X.33 Influência da força iónica (FI) na curva de “breakthrough” – biossorção do Cu(II) pelos grânulos (ensaios 45 e 47). .................................................... 357 Figura X.34 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção na alga Gelidium, a diferentes forças iónicas (ensaios 4 e 8).............................. 358 Figura X.35 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção nos grânulos, a diferentes forças iónicas (ensaios 46 e 48). ........................... 358 Figura X.36 Comparação entre a curva experimental de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do Cd(II) pela alga Gelidium (ensaio 19)....................................................................................... 359 Figura X.37 Comparação entre a curva experimental de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do Cd(II) pelos grânulos (ensaio 64)........................................................................................ 359 Figura X.38 Comparação entre a curva experimental de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do Zn(II) pela alga Gelidium (ensaio 21)....................................................................................... 360 Figura X.39 Comparação entre a curva experimental de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do Zn(II) pelos grânulos (ensaio 66)........................................................................................ 360 xvii ÍNDICES Figura X.40 Comparação entre a curva experimental de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do Cr(III) pela alga Gelidium (ensaio 23). ......................................................................................361 Figura X.41 Comparação entre a curva experimental de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do Cr(III) pelos grânulos (ensaio 68). .......................................................................................361 Figura X.42 Comparação entre a curva experimental de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cd(II) da alga Gelidium (ensaio 20). ......................................................................................364 Figura X.43 Comparação entre a curva experimental de eluição e a prevista pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cd(II) dos grânulos (ensaio 65). ......................................................................................................364 Figura X.44 Comparação entre a curva experimental de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Zn(II) da alga Gelidium (ensaio 22). ......................................................................................................365 Figura X.45 Comparação entre a curva experimental de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cd(II) dos grânulos (ensaio 67). ......................................................................................................365 Figura X.46 Eluição do Cr(III) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção na alga Gelidium e nos grânulos (ensaios 24 e 69)..............................................366 Figura X.47 Influência da regeneração na curva de “breakthrough” na biossorção do Pb(II) pelos grânulos (ensaios 53 e 55). ..........................................................369 Figura X.48 Influência da regeneração na curva de “breakthrough” na biossorção do Cu(II) pelos grânulos (ensaios 41 e 43)...........................................................369 Figura X.49 Influência da regeneração na curva de “breakthrough” na biossorção do Pb(II) pelos grânulos (ensaios 57 e 59). ..........................................................370 Figura X.50 Eluição do Pb(II) por 0,1 M HNO3 para dois ciclos consecutivos de biossorção pelos grânulos (ensaios 54 e 56). ..................................................370 Figura X.51 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para dois ciclos consecutivos de biossorção pelos grânulos (ensaios 42 e 44). ..................................................371 Figura X.52 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção de Pb2+/Cu2+pela alga Gelidium (ensaio 25). .......................................................373 Figura X.53 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção de Pb2+/Cu2+ pelos grânulos (ensaio 65). .............................................................373 Figura X.54 Eluição do Pb(II) e Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pela alga Gelidium (ensaios 2, 10 e 26). .......................................376 ÍNDICES Figura X.55 Eluição do Pb(II) e Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pelos grânulos(ensaios 42, 54 e 66). ............................................. 376 Figura X.56 Comparação entre a curva experimental de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Pb(II) e Cu(II) da alga Gelidium (ensaio 26)....................................................................................... 377 Figura X.57 Comparação entre a curva experimental de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Pb(II) e Cu(II) dos grânulos (ensaio 66)........................................................................................ 378 Figura X.58 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do sistema binário Pb2+/Cd2+ pela alga Gelidium (ensaio 27). ......................................... 379 Figura X.59 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do sistema binário Pb2+/Cd2+ pelos grânulos (ensaio 67). ................................................ 380 Figura X.60 Eluição do Pb(II) e Cd(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pela alga Gelidium (ensaios 10, 20 e 28)..................................... 382 Figura X.61 Eluição do Pb(II) e Cd(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pelos grânulos (ensaios 54, 65 e 68). ........................................... 382 Figura X.62 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção de Cd2+/Zn2+ pela alga Gelidium (ensaio 29). ..................................................... 383 Figura X.63 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção de Cd2+/Zn2+ pelos grânulos (ensaio 69).............................................................. 384 Figura X.64 Eluição do Cd(II) e Zn(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pela alga Gelidium (ensaios 20, 22 e 30)...................................... 386 Figura X.65 Eluição do Cd(II) e Zn(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pelos grânulos (ensaios 65, 67 e 70). ............................................ 386 Figura X.66 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção de Cu2+/Cr3+ pela alga Gelidium (ensaio 31)....................................................... 387 Figura X.67 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção de Cu2+/Cr3+ pelos grânulos (ensaio 71). ............................................................. 387 Figura X.68 Eluição do Cu(II) e Cr(III) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pela alga Gelidium (ensaios 2, 24 e 32)........................................ 390 Figura X.69 Eluição do Cu(II) e Cr(III) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pelos grânulos(ensaios 42, 69 e 72). ............................................. 390 xix ÍNDICES Figura X.70 Comparação das curvas de “breakthrough” para três ciclos consecutivos da biossorção do efluente A com a curva da biossorção de uma solução pura de cobre na alga Gelidium e perfis de pH (ensaios 1, 33, 35 e 37).........393 Figura X.71 Comparação das curvas de “breakthrough” para os dois ciclos consecutivos da biossorção do efluente A com a curva da biossorção de uma solução pura de cobre nos grânulos e perfis de pH (ensaios 41, 73 e 75)....................................................................................................................393 Figura X.72 Comparação das curvas de eluição para três ciclos consecutivos de biossorção do efluente A com a curva de eluição da biossorção de uma solução pura de cobre na alga Gelidium e perfis de pH (ensaios 2, 34, 36 e 38).................................................................................................................394 Figura X.73 Comparação das curvas de eluição para dois ciclos consecutivos de biossorção do efluente A com a curva de eluição da biossorção de uma solução pura de cobre nos grânulos e perfis de pH (ensaios 42, 74 e 76).......394 Figura X.74 Comparação das curvas de “breakthrough” para a biossorção do efluente Cu/Cr na alga Gelidium com a curva de biossorção de uma solução pura de Cu2+/Cr3+ e os perfis de pH (ensaios 31 e 39). ...........................................395 Figura X.75 Comparação das curvas de eluição do efluente Cu/Cr com a curva de eluição da solução pura Cu2+/Cr3+ na alga Gelidium e perfis de pH (ensaios 32 e 40)..............................................................................................397 Figura X.76 Comparação das curvas de “breakthrough” para a biossorção do efluente Cu/Cr com a curva de biossorção de uma solução pura de Cu2+/Cr3+ nos grânulos e perfis de pH (ensaios 71 e 77). ......................................................398 Figura X.77 Comparação das curvas de eluição do efluente Cu/Cr com a curva de eluição da solução pura Cu2+/Cr3+ nos grânulos e perfis de pH (ensaios 72 e 78).................................................................................................................398 Figura A.1 Representação esterioquímica da estrutura da agarose ...................................416 Figura A.2 Representação esterioquímica da estrutura da agaropectina. ..........................417 Figura A.3 Representação esterioquímica da estrutura galactana sulfatada......................417 Figura A.4 Representação esterioquímica da estrutura da celulose. .................................418 Figura A.5 Representação esterioquímica da estrutura da amilopectina...........................418 Figura A.6 Estrutura do agar. ............................................................................................419 Figura A.7 Alga Gelidium sesquipedale............................................................................419 Figura A.8 Gel de agar formado no final do tapete rolante. ..............................................420 Figura A.9 Resíduo sólido resultante do processo de extracção do agar...........................421 Figura B.1 Estrutura da forma catiónica do MB. ..............................................................423 ÍNDICES Figura B.2 Curva de calibração do azul-de-metileno. ...................................................... 423 Figura B.3 Evolução da concentração de MB adsorvido nos materiais (alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c)) com o tempo de contacto para diferentes concentrações iniciais (Cini). ---- Lagergren pseudo-primeira-ordem; ____ pseudo-segunda-ordem. .................................................................................. 425 Figura B.4 Isotérmicas de biossorção do MB para a alga Gelidium, resíduo e grânulos........................................................................................................... 427 Figura C.1 Distribuição de Sips (f) para mH = 0,25;0,5; 0,7 e 1,0, considerando log K 'H = 0 . ....................................................................................................... 438 Figura C.2 Curvas de calibração dos eléctrodos de pH para duas forças iónicas (FI = 0,005 M e 0,1 M). ........................................................................................... 440 Figura C.3 Resultados experimentais da titulação de 50 ml duma solução 1 g l-1 de alga Gelidium com NaOH 0.01 M em meio 0,005 M e 0,1 M de NaNO3...... 442 Figura C.4 Resultados experimentais da titulação de 50 ml duma solução 1,5 g l-1 de resíduo com NaOH 0.01 M em meio 0,005 M e 0,1 M de NaNO3................. 443 Figura C.5 Resultados experimentais da titulação de 50 ml duma solução 1,5 g l-1 de grânulos com NaOH 0,02 M em meio 0,005 M NaNO3 e 0,01 M NaOH em meio 0,1 M de NaNO3............................................................................... 444 Figura D.1 Isotérmica de biossorção Pb2+/Cu2+ de superfície: (a), (b) e (c) – Gelidium; (d), (e) e (f) – Resíduo; (g), (h) e (i) – Grânulos. Modelo contínuo com 1 sítio activo. ............................................................................ 460 Figura D.2 Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Cu2+/Pb2+ a pH 4,0........................................................................................................... 461 Figura D.3 Isotérmica de biossorção Pb2+/Cd2+ de superfície: (a), (b) e (c) – Gelidium; (d), (e) e (f) – Resíduo; (g), (h) e (i) – Grânulos. Modelo contínuo com 1 sítio activo. ............................................................................ 463 Figura D.4 Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Pb2+/Cd2+ a pH 4,0........................................................................................................... 464 Figura D.5 Isotérmica de biossorção Pb2+/Zn2+ de superfície: (a), (b) e (c) – Gelidium; (d), (e) e (f) – Resíduo; (g), (h) e (i) – Grânulos. Modelo contínuo com 1 sítio activo. ............................................................................ 466 Figura D.6 Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Pb2+/Zn2+ a pH 4,0........................................................................................................... 467 Figura D.7 Isotérmica de biossorção Cd2+/Zn2+ de superfície: (a), (b) e (c) – Gelidium; (d), (e) e (f) – Resíduo; (g), (h) e (i) – Grânulos. Modelo contínuo com 1 sítio activo. ............................................................................ 469 Figura D.8 Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Cd2+/Zn2+ a pH 4,0........................................................................................................... 470 xxi ÍNDICES Figura D.9 Isotérmica de biossorção Cu2+/Cr3+ de superfície: (a), (b) e (c) – Gelidium; (d), (e) e (f) – Resíduo; (g), (h) e (i) – Grânulos. Modelo contínuo com 1 sítio activo. ............................................................................472 Figura D.10 Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Cu2+/Cr3+ a pH 4,0. ..........................................................................................................473 Figura E.1 Recta de calibração do Pb2+.............................................................................479 Figura E.2 Erro relativo e absoluto na determinação da concentração do Pb pela curva de calibração de EAA............................................................................482 Figura E.3 Erro relativo e absoluto na determinação da concentração (influência do factor de diluição e curva de calibração).........................................................483 Figura E.4 Influência da concentração de metal adsorvido no erro relativo e absoluto. ..........................................................................................................484 Figura E.5 Influência da concentração inicial e final de chumbo na determinação da incerteza da quantidade adsorvida na cinética de biossorção do chumbo.......485 Figura E.6 Comparação entre o erro total relativo e o erro experimental relativo............486 ÍNDICES Índice de Tabelas Tabela II.1 Consumo de cádmio no Mundo Ocidental em 1990 (OCDE, 1994) e na União Europeia em 2000 (Scoullos et al., 2001). ............................................. 10 Tabela II.2 Concentrações de cádmio em águas residuais. ................................................. 10 Tabela II.3 Concentrações de cobre em águas residuais. .................................................... 13 Tabela II.4 Concentrações de crómio (III) e (VI) em águas residuais. ............................... 16 Tabela II.5 Concentrações de chumbo em águas residuais. ................................................ 19 Tabela II.6 Concentrações de zinco em águas residuais. .................................................... 22 Tabela II.7 Valores limite de emissão (VLE) na descarga de águas residuais-valores limite de concentração para alguns metais........................................................ 24 Tabela II.8 Qualidade das águas doces superficiais destinadas à produção de água para consumo humano – valores limite de concentração para alguns iões metálicos. .......................................................................................................... 24 Tabela II.9 Qualidade da água para consumo humano para alguns metais......................... 25 Tabela II.10 Qualidade das águas doces superficiais para fins piscícolas e das águas destinadas a rega - valores limite de concentração para alguns metais. ........... 25 Tabela III.1 Capacidade de biossorção máxima (Qmax) de Cd2+ e Pb2+ em diferentes espécies de algas marinhas................................................................................ 55 Tabela III.2 Capacidade de biossorção máxima (Qmax) de Cd2+, Cu2+ e Pb2+ em diferentes espécies de algas castanhas. ............................................................. 58 Tabela III.3 Capacidade de biossorção máxima (Qmax) de Zn2+ em diferentes espécies de algas castanhas. ............................................................................................ 58 Tabela III.4 Eluentes usados em diferentes sistemas de biossorção alga - metal (Wase e Forster, 1997). ................................................................................................ 66 Tabela VI.1 Condições operatórias do EAA-chama para a análise dos diferentes iões. .... 142 Tabela VII.1 Propriedades físicas dos materiais. ................................................................. 161 Tabela VII.2 Densidade aparente e volume de poros inferiores a 60 Å............................... 166 Tabela VII.3 Área superficial específica determinada pelo método MB, B.E.T. e porosimetria de Hg.......................................................................................... 171 Tabela VII.4 Caracterização química dos biossorventes...................................................... 174 xxiii ÍNDICES Tabela VII.5 Principais bandas presentes nos espectros de FTIR para os três biossorventes. ..................................................................................................177 Tabela VII.6 Principais grupos presentes na alga Gelidium (Vignon et al., 1994; Mouradi-Givernaud et al., 1999).....................................................................178 Tabela VII.7 Constante de protonação, parâmetros de distribuição da equação (C.25) (valor ± erro) para a alga Gelidium, resíduo e grânulos..................................181 Tabela VIII.1 Parâmetros do modelo de pseudo-segunda-ordem para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, para diferentes concentrações iniciais (valor ± erro). ..............................................................189 Tabela VIII.2 Parâmetros de ajuste das constantes cinéticas do modelo de pseudoprimeira-ordem de Lagergren (equação (VIII.4)). ..........................................192 Tabela VIII.3 Parâmetros do modelo de pseudo-segunda-ordem para a biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, para diferentes valores de pH (valor ± erro)..............................................................................................195 Tabela VIII.4 Parâmetros de ajuste (equação (VIII.5)) das constantes cinéticas do modelo de pseudo-primeira-ordem de Lagergren para o Cu(II). ....................196 Tabela VIII.5 Parâmetros do modelo de pseudo-segunda-ordem para a biossorção do Cr(III) e Zn(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH 5,3 (valor ± erro). ................................................................................................................197 Tabela VIII.6 Parâmetros do modelo de pseudo-segunda-ordem para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium e resíduo a pH 5,3 e diferentes temperaturas (valor ± erro). ..................................................................................................199 Tabela VIII.7 Parâmetros da equação de Arrhenius para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium e resíduo...................................................................................200 Tabela VIII.8 Parâmetros do modelo de Lagergren de pseudo-segunda-ordem para a biossorção do Cd(II) e Pb(II) pela alga Gelidium e resíduo a pH 5,3 e 20ºC e diferentes forças iónicas (valor ± erro)................................................202 Tabela VIII.9 Parâmetros que caracterizam a força de ligação dos iões metálicos. ..............204 Tabela VIII.10 Parâmetros da isotérmica de Langmuir (valor ± erro) para a biossorção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a diferentes pH e T = 20ºC. ..............................................................210 Tabela VIII.11 Parâmetros do modelo de equilíbrio discreto para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos (valor ± erro). ................................................................................................................216 Tabela VIII.12 Parâmetros do modelo de equilíbrio contínuo para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, considerando cada ião metálico individualmente (valor ± erro). ....................217 ÍNDICES Tabela VIII.13 Parâmetros do modelo de equilíbrio contínuo para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, considerando os três iões metálicos simultaneamente (valor ± erro). ............ 221 Tabela VIII.14 Parâmetros da isotérmica de Langmuir (valor ± erro) para a biossorção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a diferentes temperaturas, pH = 5,3 e FI =0,001 M. ........................ 230 Tabela VIII.15 Parâmetros termodinâmicos da biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos........................................................... 231 Tabela VIII.16 Parâmetros da isotérmica de Langmuir (valor ± erro) para a biossorção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a diferentes FI, pH = 5,3 e T = 20ºC. ............................................... 233 Tabela VIII.17 Parâmetros da isotérmica de Langmuir (valor ± erro) para a biossorção de Zn(II) e Cr(III) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH =5,3 e T = 20ºC. ........................................................................................ 238 Tabela VIII.18 Parâmetros do modelo de acção de massa (valor ± erro) e parâmetros estatísticos. ................................................................................... 247 Tabela VIII.19 Parâmetros do modelo de equilíbrio discreto multicomponente para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos........................................................................................................... 253 Tabela VIII.20 Parâmetros do modelo de equilíbrio contínuo multicomponente para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos........................................................................................................... 254 Tabela VIII.21 Parâmetros do modelo de equilíbrio contínuo multicomponente para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos utilizando todos os resultados experimentais................................... 255 Tabela VIII.22 Parâmetros dos modelos LDF e modelo de difusão homogénea para partículas em forma de placa plana, para diferentes concentrações iniciais, Cini, de chumbo.................................................................................. 280 Tabela VIII.23 Parâmetro dos modelo LDF e modelo de difusão homogénea para partículas em forma de placa plana: efeito da variação do pH. ...................... 284 Tabela VIII.24 Parâmetros do modelo de difusão homogénea multicomponente para partículas em forma de placa plana, para pH = 5,3 e quatro sistemas binários diferentes........................................................................................... 290 Tabela VIII.25 Valores médios da difusividade homogénea dos iões metálicos nos três biossorventes. ........................................................................................... 290 Tabela VIII.26 Tabela IX.1 Parâmetros do modelo de transferência de massa na eluição.................... 294 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção do cobre pela alga Gelidium), a diferentes velocidades de agitação............................................. 306 xxv ÍNDICES Tabela IX.2 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção do cobre pelos grânulos), a diferentes caudais de alimentação. ..............................................310 Tabela IX.3 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção do chumbo pela alga Gelidium e pelos grânulos) para duas concentrações de alimentação diferentes. ........................................................................................................311 Tabela IX.4 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção do chumbo pelos grânulos) a dois valores de pHAe de equilíbrio diferentes. ..............................314 Tabela IX.5 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção do cádmio para a alga Gelidium e os grânulos)...........................................................................315 Tabela IX.6 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (dessorção do chumbo da alga Gelidium e grânulos). ......................................................................................318 Tabela IX.7 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção de Pb2+/Cu2+ na alga Gelidium e grânulos). ......................................................................................320 Tabela IX.8 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (dessorção do chumbo da alga Gelidium e grânulos). ......................................................................................323 Tabela IX.9 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção de Pb2+/Cd2+ na alga Gelidium e grânulos). ......................................................................................325 Tabela X.1 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção do chumbo pela alga Gelidium e grânulos) a diferentes caudais de alimentação. ............................334 Tabela X.2 Comparação entre a razão sólido/líquido (S/L), a razão de concentração (CR), e o valor máximo de concentração à saída da coluna, CS (dessorção do chumbo pela alga Gelidium e grânulos).....................................................336 Tabela X.3 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (dessorção do chumbo pela alga Gelidium e grânulos), a diferentes caudais de alimentação. ...........................339 Tabela X.4 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção do cobre pela alga Gelidium e grânulos), a diferentes concentrações de alimentação..................343 Tabela X.5 Comparação entre a razão sólido líquido, S/L, a razão de concentração, CR, e o valor máximo de concentração à saída da coluna, CS (dessorção do cobre pela alga Gelidium e grânulos).........................................................344 ÍNDICES Tabela X.6 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (dessorção do cobre pela alga Gelidium e grânulos), a diferentes concentrações de alimentação. ................ 347 Tabela X.7 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção do chumbo pela alga Gelidium e grânulos), a diferentes valores de pH inicial (solução e coluna)............................................................................................................. 351 Tabela X.8 Comparação entre a razão sólido líquido (S/L), a razão de concentração (CR), e o valor máximo de concentração à saída da coluna, CS (dessorção do chumbo pela alga Gelidium e grânulos). ................................................... 353 Tabela X.9 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (dessorção do chumbo pela alga Gelidium e grânulos), a diferentes valores de pH inicial................................ 354 Tabela X.10 Comparação entre a razão sólido líquido (S/L), a razão de concentração (CR), e o valor máximo de concentração à saída da coluna, CS (dessorção do cobre pela alga Gelidium e grânulos). ....................................................... 358 Tabela X.11 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção do cádmio, zinco e crómio pela alga Gelidium e grânulos)........................................................... 362 Tabela X.12 Comparação entre a razão sólido/líquido (S/L), a razão de concentração (CR) e o valor máximo de concentração à saída da coluna, CS (dessorção do chumbo, cobre, cádmio, zinco e crómio pela alga Gelidium e grânulos). ........................................................................................................ 367 Tabela X.13 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (dessorção do cádmio, zinco e crómio pela alga Gelidium e grânulos)........................................................... 367 Tabela X.14 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção de Pb2+/Cu2+ pela alga Gelidium e grânulos)....................................................................................... 374 Tabela X.15 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (dessorção do chumbo e cobre pela alga Gelidium e grânulos)............................................................................... 378 Tabela X.16 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção de Pb2+/Cd2+ pela alga Gelidium e grânulos)....................................................................................... 381 Tabela X.17 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção de Cd2+/Zn2+ pela alga Gelidium e grânulos)....................................................................................... 385 Tabela X.18 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção de Cu2+/Cr3+ pela alga Gelidium e grânulos)....................................................................................... 389 xxvii ÍNDICES Tabela X.19 Caracterização dos efluentes da indústria de curtumes. ..................................391 Tabela B.1 Parâmetros cinéticos do modelo de pseudo-primeira-ordem para a biossorção de MB............................................................................................426 Tabela B.2 Parâmetros cinéticos do modelo de pseudo-segunda-ordem para a biossorção de MB e Teste-F............................................................................426 Tabela B.3 Parâmetros cinéticos e estatísticos de ajuste do modelo de equilíbrio de Langmuir. ........................................................................................................427 Tabela B.4 Capacidades máximas de adsorção de azul-de-metileno em vários adsorventes nas condições óptimas. ................................................................427 Tabela C.1 Constante de protonação, parâmetros de distribuição do modelo contínuo e parâmetros estatísticos para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. ...............445 Tabela C.2 Constante de protonação, parâmetros de distribuição do modelo discreto e parâmetros estatísticos para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. ...............445 Tabela D.1 Parâmetros do modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, para diferentes concentrações iniciais (valor ± erro). .............................................449 Tabela D.2 Percentagem de remoção e Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Pb(II). ......................................................................449 Tabela D.3 Parâmetros do modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, para diferentes valores de pH (valor ± erro)....................................450 Tabela D.4 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) a diferentes pH. ...........................................................451 Tabela D.5 Parâmetros do modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem para a biossorção do Cr(III) e Zn(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulo a pH 5,3 (valor ± erro). ............................................................................................451 Tabela D.6 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Cr(III) e Zn(II), a pH 5,3. ................................................................................452 Tabela D.7 Parâmetros do modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium e resíduo a pH 5,3 e diferentes temperaturas (valor ± erro)..............................................................................452 Tabela D.8 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Pb(II) a pH 5,3 e diferentes temperaturas........................................................452 Tabela D.9 Parâmetros do modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem para a biossorção do Cd(II) e Pb(II) pela alga Gelidium e resíduo a pH 5,3 e T = 20ºC e diferentes forças iónicas (valor ± erro)................................................453 Tabela D.10 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Pb(II) a pH 5,3 e a T = 20ºC a diferentes forças iónicas. ................................453 ÍNDICES Tabela D.11 Parâmetros da isotérmica de Langmuir-Freundlich (valor ± erro) para a biossorção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a diferentes pH à T = 20ºC............................................................... 454 Tabela D.12 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) a diferentes pH............................................................ 455 Tabela D.13 Parâmetros da isotérmica de Langmuir-Freundlich (valor ± erro) para a biossorção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a diferentes temperaturas, pH = 5,3 e FI = 0,001 M. ....................... 456 Tabela D.14 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Cu(II), Pb(II) e cd(II) a diferentes temperaturas, pH = 5,3 e FI = 0,001 M.... 456 Tabela D.15 Parâmetros da isotérmica de Langmuir-Freundlich (valor ± erro) para a biossorção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a diferente FI, pH = 5,3 e T = 20ºC.................................................. 457 Tabela D.16 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Cu(II), Pb(II) e cd(II) a diferente FI, pH = 5,3 e T = 20ºC. ............................ 457 Tabela D.17 Parâmetros da isotérmica de Langmuir-Freundlich (valor ± erro) para a biossorção de Zn(II) e Cr(III) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH =5,3 e T = 20ºC. ........................................................................................ 458 Tabela D.18 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Zn(II) e Cr(III). ............................................................................................... 458 Tabela E.1 Parâmetros estatísticos associados à curvas de calibração do espectrofotómetro de AA para a análise de Pb(II).......................................... 482 xxix Nomenclatura Símbolos Romanos a C b0 massa de material por volume total de solução (g l-1) área da secção recta da coluna (cm2) área do topo dos poros tipo fenda (cm2) área da superfície longitudinal das partículas em forma de placa plana (cm2) área ocupada por uma molécula de gás adsorvido (m2 g-1) área ocupada por uma molécula de MB (m2 molécula-1) área volúmica da partícula (cm2 cm-3) área da partícula esférica de raio r ou da partícula placa plana de espessura z (cm2) área superficial específica (m2 g-1) parâmetro da isotérmica de BET concentração de ácido a adicionar (HNO3) (mol l-1) concentração inicial de metal no adsorvedor (mg l-1 ou mmol l-1) concentração de base em solução após cada adição (NaOH) (mol l-1) concentração de ião metálico na solução (mg l-1 ou mmol l-1) concentração inicial de ião metálico na C bi solução (mg l-1 ou mmol l-1) concentração do ião metálico (i) na fase A Af AL am aMB ap Apar Asp c CA CAI CB Cb C 'b C bi 0 C 'b0 líquida (mmol l-1) concentração de regenerante na fase líquida (mmol l-1) concentração do ião metálico (i) na fase -1 líquida, no início da eluição (mmol l ) concentração de regenerante na fase líquida CH C H0 no início da eluição (mmol l-1) concentração inicial de metal na coluna (mg l-1 ou mmol l-1) concentração de ião metálico na fase liquida à entrada do adsorvedor (mg ou mmol l-1) concentração da solução regenerante EDTA (mmol l-1) concentração de ião metálico no filme na solução (mmol l-1 ou mg l-1) concentração final de metal após a etapa de adsorção ou dessorção (mmol l-1 ou mg l-1) concentração do protão na solução (mmol l-1) concentração inicial (após adsorção) de C HNO3 protão na solução (mmol l-1) concentração da solução regenerante HNO3 CCI CE CEDTA Cf Cfinal -1 (mmol l ) C HS CX Cini C Li C Li H CM C M0 concentração do protão na superfície (mmol l-1) concentração de equilíbrio do componente X na solução (mmol l-1 ou mg l-1) concentração inicial do metal na solução (mmol l-1 ou mg l-1) concentração total do sítio activo Li (mmol g-1) concentração dos sítios activos protonados (mmol g-1) concentração de equilíbrio do ião metálico na solução (mmol l-1 ou mg l-1) concentração inicial (após adsorção) de ião CT CT metálico na solução (mmol l-1) concentração da solução titulante (base) (mol l-1) concentração inicial de cádmio existente no reactor após a entrada degrau (mg l-1) concentração do hidróxido em solução (mol l-1) concentração de ião metálico na fase líquida no instante t (mg l-1 ou mmol l-1) concentração total na solução (mmol l-1) concentração total (igual à concentração de C T0 solução regenerante) na fase líquida à entrada do adsorvedor (mmol l-1) concentração total na fase líquida no início da CNaOH C0 COH Ct E Dax dA de Dh Dm dp dr dV dV dVpar dϑ Ea F Fcal eluição (mmol l-1) coeficiente de dispersão axial (cm3 fluido cm meio s-1) elemento de área pertencente à interface sólido-líquido (m2) diâmetro equivalente de poro (µm) difusividade homogénea do ião metálico no biossorvente (cm-3 de fluido cm-1 de partícula s-1) difusividade molecular do ião metálico (cm2 s-1) diâmetro da partícula (cm) elemento de raio da partícula (cm) diâmetro médio em volume (µm) elemento de volume de mercúrio (cm3) elemento de volume da partícula entre r e r + dr (cm3) volume de poros com diâmetro entre di e di+ddi (cm3) energia de activação da biossorção (J mol-1) constante de Faraday (96500 C V-1) valor calculado de F ÍNDICES F1-α fi f Li valor tabelado de F crítico função distribuição de Sips coeficiente de actividade do ligando f Li H coeficiente de actividade do complexo fϑ Fobj GL k ligando protão função densidade de probabilidade para o diâmetro dos poros entre di e di+ddi função objectivo graus de liberdade constante cinética de biossorção ( k 1,ads ou k 2,ads ) k 1,ads constante de biossorção de pseudo-primeira k 2,ads ordem de Lagergren (min-1) constante de biossorção de pseudo-segunda kf kn KH K 'H K i' ,H KM H M K 'H K iint, X K ' X KL K 'L K 'L' K L1 K L2 KLF ordem (g mg-1 min-1) coeficiente de transferência de massa no filme (cm3 de fluido cm-2 partícula s-1) constante cinética de adsorção (s-1) constante de protonação de equilíbrio aparente para os grupos carboxílicos (l mmol-1) valor médio da distribuição de afinidades para o protão (l mmol-1) valor médio da distribuição de afinidades para o protão (i=1 grupo carboxílico; i=2 grupo hidroxilo) (l mmol-1) coeficiente de selectividade de permuta iónica 1:1 coeficiente de selectividade de permuta iónica de ordem n (mmol1-n l1-n) afinidade intrínseca das espécies X para os sítios i (l mmol-1) valor médio da distribuição de afinidades para a espécie X (l mmol-1) constante de equilíbrio de Langmuir (l mg-1 ou l mmol-1) constante de equilíbrio de Langmuir dada pelo modelo discreto simples (l mg-1 ou l mmol-1) constante de equilíbrio de Langmuir dada pelo modelo discreto binário (l mg-1 ou l mmol-1) constante de equilíbrio de Langmuir à temperatura T1 (l mg-1 ou l mmol-1) constante de equilíbrio de Langmuir à temperatura T2 (l mg-1 ou l mmol-1) constante de equilíbrio de LangmuirFreundlich ( l1 n LF mg −1 n LF ) KM constante de equilíbrio aparente do ião metálico para os grupos carboxílicos (l mmol-1) K 'M valor médio da distribuição de afinidades para o ião metálico (l mmol-1) k0 factor de frequência independente da temperatura (min-1 - para a cinética de pseudo-primeira-ordem; g mg-1 min-1 - para a cinética de pseudo-segunda-ordem) kp coeficiente de transferência de massa na partícula (cm3 fluido cm2 partícula s-1) constante de protonação da água KW L metade da espessura das partículas em forma de placa plana (mm) ' L comprimento da coluna de leito fixo (cm) do material adicionado ao mamostra massa penetrómetro (g) mX medida da heterogeneidade global dos centros activos à espécie X medida da heterogeneidade global da ligação mH,i do protão aos sítios activos (i=1 carboxílico; i=2 hidroxilo) mpenet massa do penetrómetro vazio (g) mpenet+amostra+Hg massa total do penetrómetro cheio com a amostra e mercúrio (g) massa molar do MB (355,89 g mol-1) MMB mS massa de sólido (g) nLF parâmetro empírico adimensional da isotérmica de Langmuir-Freundlich valências do catião n+ nvalências do anião NAv número de Avogadro (6,02 x 1023 moléculas mol-1) nX parâmetro que reflecte a não idealidade do componente X parâmetro que reflecte a não idealidade do nH protão nM parâmetro que reflecte a não idealidade do ião metálico p parâmetro que heterogeneidade intrínseca química do ligando P pressão aplicada (atm) P0 pressão de saturação da substância adsorvida à temperatura do ensaio (atm) pHAE pH de equilíbrio no adsorvedor pHAI pH inicial no adsorvedor pH de equilíbrio na coluna pHCE pHCI pH inicial na coluna pHSE pH da solução de alimentação PS pressão de condições normais (101325 Pa) q concentração de ião metálico na fase sólida (mmol g-1 ou mg g-1) * q concentração de ião metálico na fase sólida na superfície do biossorvente (mmol g-1 ou mg g-1) Q caudal de alimentação (cm3 s-1) ÍNDICES q concentração média de ião metálico na fase -1 QH qH qi 0 sólida (mg g ) carga da partícula na desprotonação (mmol g-1) quantidade adsorvida do protão por unidade de massa de biossorvente no equilíbrio (mmol g-1 ou mg g-1) concentração de ião metálico (i) na fase q Mi sólida, no início da eluição (mmol g-1) capacidade máxima de adsorção Langmuir (mg g-1) capacidade máxima de adsorção de Langmuir-Freundlich (mg g-1) concentração máxima dos grupos carboxílicos (mmol g-1 ou mg g-1); carga ou concentração total da classe de sítios activos j (j=1 grupo carboxílico; j=2 grupo hidroxilo) (mmol g-1 ou mg g-1) quantidade adsorvida do metal i por unidade q M0 de massa de biossorvente no equilíbrio (mmol g-1 ou mg g-1) concentração inicial (após adsorção) de ião qL qLF Qmax Qmax,j Spi e Sbl incerteza associada à medição do volume da pipeta e do volume do balão de diluição 2 Sy / y variância dos valores experimentais relativamente à média tempo da experiência (min ou s) tempo de quebra (breakthrough) (min) tempo estequiométrico (min) tempo final (min) temperatura da solução (K) temperatura da solução 1 (K) temperatura da solução 2 (K) temperatura em condições normais (273,15 K) V volume do adsorvedor fechado (cm3) Vamostra volume da amostra (cm3) Vads quantidade de gás adsorvido para cada pressão relativa (cm3 g-1) sat Vads volume adsorvido na saturação (cm3 STP mol-1) var(ak-1) variância dos parâmetros do modelo, ak-1 Vbl volume do balão de diluição (ml) VHg volume específico de mercúrio (cm3 g-1) t tBp tst tf T T1 T2 TS metálico na fase sólida (mmol g-1) concentração inicial (após adsorção) de Vm VMg S 2Abs / C protão na fase sólida (mmol g-1) concentração de ião metálico na fase sólida no instante t (mg g-1 ou mmol g-1) quantidade total adsorvida no equilíbrio (mmol g-1 ou mg g-1) quantidade total de centros activos (mmol g-1) coordenada radial da partícula esférica (cm) raio da partícula esférica (cm) a razão de permuta iónica velocidade de biossorção (mg g-1 min-1) velocidade de biossorção inicial (mg g-1 min-1) raio cristal de Shannon (Å) Raio do ião hidratado (Å) sensibilidade do aparelho de medição (AASchama) variância residual entre a absorvância e a S 2R concentração variância residual do modelo S 2R (A ) variância residual do modelo A S 2R (B ) variância residual do modelo B S 2b variância residual do declive da recta q H0 qt qT QT r R rex rads rads(i) rcrist rhid S S q2 , S C2 i ni , S 2W , S 2V , S C2 , S C2 ' variância l VM VNaOH Vo Vp quantidade de gás adsorvido necessária para cobrir a superfície com uma camada monomolecular (cm3 g-1) volume molar do gás nas condições STP (PS = 101325 Pa e TS = 273.15 K) (cm3 mol-1) volume molar do adsorvido no estado líquido (cm3 mol-1) volume da solução titulante adicionada (base) (ml) volume inicial de solução NaNO3 colocado na célula (ml) volume dos poros (cm3) Vpi volume da pipeta de diluição (ml) VP > 60 Å volume dos poros com diâmetro superior a 60 Å (cm3) VP < 60 Å volume dos poros com diâmetro inferior a 60 Vpar Vp' Å (cm3) volume da partícula (cm3) volume específico dos poros (cm3 g-1) VP' < 60 Å volume específico dos poros inferior a 60 Å Vpenet Vr VS ui da quantidade adsorvida, concentração inicial, massa de adsorvente, volume do reactor fechado, concentração C e C’. u Xm z z' [Z] (cm3 g-1) volume do penetrómetro vazio (cm3) volume útil do adsorvedor de cestos (cm3) volume de sólido verdadeiro (cm3) velocidade intersticial do fluido (cm s-1) velocidade superficial do fluido (cm s-1) electronegatividade de Pauling coordenada axial da partícula em forma de placa plana (cm) posição axial na coluna de comprimento (cm) matriz das derivadas parciais ÍNDICES [Z]-1 [Z]T matriz inversa das derivadas parciais matriz transposta das derivadas parciais z ii−1 W elementos da diagonal da matriz inversa massa de biossorvente (g) potencial local do grupo funcional no polielectrólito em relação ao potencial no interior da solução (V) fluxo através da coluna por convecção e dispersão axial (mg M cm-2 de coluna s-1) fluxo através das partículas de adsorvente por Símbolos Gregos γj fracção da classe de sítios activos j ψS θc ψ θ i,X ângulo de contacto entre o mercúrio e o sólido fracção de centros activos ocupados pelo gás adsorvido fracção de sítios activos, i, ocupados pelas θ T,X espécies X (H ou M) fracção total dos sítios ocupados pelas ρ ap espécies X densidade aparente do biossorvente (g cm-3) ρ *ap densidade ρ *ap* desprezando o volume de poros inferior a 60 Å (g cm-3) densidade aparente do biossorvente, α λ+ , λ− ∆G 0 ρf ρ Hg desprezando o volume de poros superior a 60 Å (g cm-3) densidade do fluido (g cm-3) densidade do mercúrio (g cm-3) ρ lN 2 densidade do azoto a 77K (g cm-3) ρ re ε densidade real do sólido (g cm-3) porosidade do leito (cm3 de fluido cm-3 de leito) porosidade da partícula (cm3 poros cm-3 θca εp aparente do biossorvente, ψp τ τd τf σ mv ∆H 0 ∆S 0 ∆X m ς partícula) difusão (mg metal cm-2 de partícula s-1) tempo de residência médio (s) tempo de difusão na partícula (s) tempo de difusão no filme (s) tensão superficial entre o mercúrio e o ar (dyn cm-1) fracção do raio da partícula condutividades iónicas limites, (A cm-2)/[(V cm-1)(g-equiv cm-3)] energia livre de Gibbs da biossorção (kJ mol-1) variação de entalpia da biossorção (kJ mol-1) variação de entropia da biossorção (kJ mol-1 K-1) parâmetro do carácter iónico da ligação (electronegatividade do metal relativamente ao oxigénio) parâmetro da força de ligação total (iónica + covalente) (Å-1) Números Adimensionais Nd número de unidades de transferência de massa na partícula Nf número de unidades de transferência de massa no filme número de Peclet axial Pe Pe p número de Peclet da partícula r' Sh x y y y * coordenada radial adimensional das partículas esféricas número de Sherwood coordenada axial adimensional das partículas em forma de placa plana concentração adimensional de ião metálico na fase sólida concentração média adimensional de ião metálico na fase sólida concentração adimensional de ião metálico na fase sólida no equilíbrio yb ξp concentração adimensional de ião metálico na fase líquida na etapa de adsorção concentração adimensional de ião metálico na fase líquida na etapa de dessorção concentração adimensional total na fase líquida coordenada axial adimensional da coluna de leito fixo tempo adimensional factor de capacidade da partícula em sistema fechado factor de capacidade do adsorvedor na etapa ξ 'p de adsorção (sistema simples) factor de capacidade do adsorvedor na etapa ξ 'p' de dessorção factor de capacidade do adsorvedor na etapa y 'b yT Z θ ξ de adsorção (sistema binário) Abreviaturas Abs ACC Absorvância Activated Carbon Cloth (Carvão Activado em Tecido) ACF Activated Carbon Fibrous (Carvão Activado em Fibras) Amberlite IRA 120 Resina de permuta catiónica de ácido forte com grupos ácidos sulfónicos Amberlite IRA 400 Resina de permuta aniónica de base forte com um sítio activo monofuncional (grupo N-alquilo) APHA American Public Health Association APTS Amino Propyl Trimethoxy Silane (Amino Propil Trimetoxi Silano) ASAP Accelerated Surface Area and Porosimetry System AWWA American Water Works Association BIO-FIX turfa de musgo imobilizado com polissulfonas CAC Carvão Activado Comercial CEMUP Centro de Materiais da Universidade do Porto COT Carbono Orgânico Total CTAB Cetyl Trimethyl Ammonium Bromide (Brometo de Cetil Trimetil Amónio) DMSO DiMethyl SulfOxide (DiMetil Sulfóxido) Duolite GT-73 resina com o grupo funcional tiol EAA Espectrofotometria de Absorção Atómica EDS Energy Dispersive Spectroscopy X-Ray Microanalysis (Espectrometria de Energia Dispersiva de Raios X) EDTA EthyleneDiamineTetraAcetic Acid (Ácido EtilenoDiaminaTetraAcético) ETAR Estação de Tratamento de Águas Residuais FTIR Fourier Transform Infrared Spectroscopy (Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier) FORSIM Fortran Oriented Simulation GAC Granular Activated Carbon (Carvão Activado Granulado) IRC-718 Resina quelante com o grupo funcional ácido iminodiacético IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry LABGRAN Laboratório de Caracterização e Certificação de Materiais Granulares LD Limite de detecção LSODA Livermore Solver for Ordinary Differential Equations Automatic Method LUB Length of Unused Bed (Comprimento de Coluna Não Usada) MB Azul de Metileno MRA AMT-BIOCLAIM MV Matéria Volátil MTZ Mass Transfer Zone (Zona de Transferência de Massa) NCP Neurospora Crossa Gene NEQ Número de equações diferenciais às derivadas parciais NICA Non Ideal Competitive Adsorption (Adsorção Não-Ideal Competitiva) OCDE Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico OSHA Occoputional Safety and Health Administration PAC Powdered Activated Carbon (Carvão Activado em Pó) PACT Powdered Activated Carbon Treatment PAN Poliacrilonitrilo PEI PolyEthylenImine (PoliEtilenoImina) PESGRI Plano Estratégico de Gestão dos Resíduos Industriais PDECOL Partial Differencial Equations Collocation SDDC Sodium Diethyl Dithiocarbamate (dietilditiocarbamato de sódio) SEM Scanning Electron Microscopy (Microscopia Electrónica de Varrimento) TBAI Tetrabutyl Ammonium Iodite (Iodeto de tetrabutilamónio) TEL TetraEthylLead (TetraEtil-Chumbo) TML TetraMethylLead (TetraMetil-Chumbo) USEPA United States Environmental Protection Agency UV/Vis Ultravioleta/Visível VLE Valor Limite de Emissão VMA Valor Máximo Admissível VMR Valor Máximo Recomendável WEF Water Environment Federation WHO World Health Organization (Organização Mundial de Saúde) I. Introdução I.1 Enquadramento e Motivação Tem sido reconhecido e confirmado, através de estudos toxicológicos, que alguns iões metálicos são uma ameaça grave para a saúde humana, para os animais e plantas. Há iões metálicos tóxicos que tendem a substituir outros elementos nas moléculas biológicas, tornando-as desta forma disfuncionais; outros desnaturam as proteínas ou inibem a catálise enzimática. Uma vez absorvidos, estes iões podem permanecer nos tecidos durante muito tempo e acumulam-se na cadeia alimentar, o que aumenta ainda mais o perigo para o homem. Por outro lado, a presença simultânea de diferentes iões metálicos tóxicos pode produzir um efeito superior à soma individual de cada um deles (efeito sinérgico). A actividade humana exerce uma influência significativa nos ciclos da matéria e da energia no meio ambiente natural, pelo que se reveste de particular interesse, do ponto de vista de protecção ambiental, estudar a distribuição e formas de dispersão dos elementos químicos considerados tóxicos, particularmente quando as suas concentrações são superiores aos teores geoquímicos naturais. Sabe-se que os ciclos antropogénicos actuais de muitos deles apresentam concentrações mais altas do que os seus ciclos naturais, estimando-se, por exemplo, que a quantidade de chumbo no ciclo antropogénico é 200 vezes maior e as de mercúrio e cádmio são, provavelmente, milhares de vezes superiores. Este tipo de evidências contribui para conferir maior relevância à problemática em causa. INTRODUÇÃO A poluição antropogénica é provocada maioritariamente por produtos utilizados na agricultura e na indústria e por outros resultantes de processos de exploração ou transformação no contexto dessas actividades, gerando-se elementos e compostos nocivos, nas formas gasosa, líquida e sólida. A actividade mineira inscreve-se no grupo das fontes geradoras de poluição antropogénica no ambiente envolvente. Quer esta se desenvolva a céu aberto, ou em lavra subterrânea, a contaminação que pode vir a afectar o meio ambiente, por via da exploração, resulta principalmente da acumulação de produtos “estéreis” e de rejeitados da concentração dos minérios e da circulação de efluentes líquidos portadores de metais tóxicos e produtos químicos. As próprias águas das minas podem causar impacte no ecossistema envolvente devido ao seu pH, frequentemente baixo, que contribui para aumentar a velocidade de dissolução dos elementos químicos tóxicos e o seu transporte, sob a forma de lixiviados, por vezes até distâncias consideráveis da origem. Na presença de oxigénio e água, dá-se a oxidação de sulfuretos metálicos, nomeadamente pirite (FeS2). Este processo origina a acidificação das águas que, ao favorecer a forma iónica livre do metal, leva à consequente mobilização de metais tóxicos para o meio aquoso, alterando a dinâmica da complexação e os processos de absorção nos organismos aquáticos. As minas abandonadas podem produzir águas de drenagem ácidas por mais de 50 anos (Volesky, 2003). A actividade metalúrgica constitui também uma das principais fontes de contaminação dos efluentes líquidos com metais tóxicos. A utilização de elementos metálicos para revestimento ou a produção de todo tipo de ligas metálicas provoca uma libertação de resíduos com elevada concentração de iões metálicos tóxicos, resultantes de galvanização, anodização, deposição electrolítica, moagem de metais, etc.. Os poluentes aparecem principalmente nas águas de lavagens e em soluções empregues nos processos. Em Portugal existem diversas indústrias produtoras de efluentes contaminados com iões metálicos. À data da elaboração do Plano Estratégico de Gestão dos Resíduos Industriais (PESGRI, 1999) (Decreto-Lei n.º 516/99, 2 de Dezembro) foram contabilizados as seguintes empresas, por sector de actividade: • têxtil – 25 238; • couro e seus produtos – 5 050; 2 INTRODUÇÃO • metalúrgica de base e produtos metálicos – 5 139; • fabrico de máquinas e equipamentos – 20 249; • fabrico de equipamento eléctrico e de óptica – 2 976; • extractiva – 2 189; Grande parte das águas residuais produzidas entra nos sistemas de saneamento municipais, enquanto que o restante é descarregado directamente para linhas de água e para o mar ou tratado nas próprias unidades industriais. Os metais tóxicos introduzidos no meio hídrico constituem um grave perigo para o meio ambiente. As tecnologias convencionais de tratamento de águas contaminadas com iões metálicos tóxicos não removem eficazmente concentrações vestigiais, são demasiado onerosas e envolvem o manuseamento e deposição de lamas tóxicas, o que se torna caro. Vários tipos de materiais naturais e sintéticos têm vindo a ser estudados como possíveis adsorventes de iões metálicos. De entre eles, os óxidos metálicos (Aoki e Munemori, 1982; Bailey et al., 1992) e o carvão activado (Leyva-Ramos et al., 1997; Babic et al., 2002) são os mais usados, mas o custo elevado destes materiais limita a sua aplicação. Os materiais biológicos apresentam um elevado potencial na remoção de metais tóxicos, mas só os de baixo custo, com elevada capacidade de fixação e elevada selectividade, apresentam condições para aplicação à escala industrial (Wase e Forster, 1997; Volesky, 2003). A investigação feita tem vindo a revelar que a biossorção é, por vezes, um fenómeno complexo no qual as espécies metálicas são fixadas no biossorvente por diferentes processos, como permuta iónica, complexação, quelatação, microprecipitação, etc. (Volesky, 2003). A sorção em coluna é o processo mais eficiente de aplicação destes materiais. A recuperação dos metais retidos nos biossorventes saturados pode ser feita passando uma solução de lavagem na coluna, o que também regenera o biossorvente para posteriores utilizações. Este facto e o baixo custo dos biossorventes tornam o processo muito económico e competitivo, particularmente para aplicações ambientais e tratamento de efluentes. 3 INTRODUÇÃO De entre os biossorventes mais promissores destacam-se as algas que são capazes de acumular 25% em excesso, relativamente ao seu peso seco, de catiões metálicos tóxicos como Pb2+, Cd2+, Cu2+, Zn2+, Cr3+ e outros (Volesky, 2003). Embora tenham sido postulados alguns mecanismos para a fixação dos metais, o processo de biossorção não está ainda completamente esclarecido. O resíduo da indústria de extracção do agar é um produto actualmente sem valor económico, usualmente depositado em aterro que, contendo algas, pode ser usado como um biossorvente. Até hoje, poucos estudos foram realizados sobre a utilização deste tipo de resíduos na remoção de metais tóxicos de efluentes contaminados. Neste trabalho estudou-se a biossorção dos iões metálicos por um resíduo proveniente do processo de extracção do agar e pela alga Gelidium sesquipedale que é a matéria-prima para a produção do agar. I.2 Objectivos e Organização do Trabalho O principal objectivo deste trabalho é avaliar a capacidade de remoção de Pb2+, Cd2+, Cu2+, Zn2+ e Cr3+ em solução aquosa, por um subproduto da indústria de extracção do agar, que contém restos de alga Gelidium, com vista à aplicação do processo no tratamento de efluentes industriais. Os resultados são comparados com os obtidos usando como adsorventes a matéria-prima do processo de extracção do agar (alga Gelidium) e resíduo imobilizado num polímero orgânico. O desenvolvimento do trabalho envolve as seguintes etapas: A) Caracterização do Adsorvente i. Definição da granulometria a usar (utilização de moagem/crivagem e produção de grânulos de tamanho definido); ii. Caracterização física (densidade aparente e real, porosidade, área superficial específica) e química (matéria volátil, iões metálicos, grupos protonados e outros elementos constituintes dos materiais); iii. Definição de um modelo de heterogeneidade para os sítios activos da superfície. 4 INTRODUÇÃO B) Biossorção em Sistema Fechado i. Avaliar as capacidades de biossorção de Pb2+, Cd2+, Cu2+, Zn2+ e Cr3+ pelo resíduo industrial, pela alga Gelidium e pelos grânulos (resíduo imobilizado num polímero orgânico); ii. Definir o mecanismo e cinética de biossorção; iii. Estudar o efeito da temperatura, pH e força iónica no desempenho do processo de biossorção; iv. Estudar o processo de biossorção simultânea de dois iões metálicos; v. Desenvolver um modelo matemático discreto e contínuo para descrever o equilíbrio de biossorção numa gama larga de concentração dos diferentes iões metálicos, tendo em conta o efeito do pH, tanto num sistema monocomponente como bicomponente; vi. Estabelecer um modelo cinético adequado que descreva o processo global de transferência de massa em soluções com um ou mais adsorvatos; vii. Estudar as condições óptimas de dessorção dos iões metálicos. C) Biossorção em Adsorvedor de Cestos i. Avaliar a eficiência da biossorção de diferentes iões metálicos em ensaios em contínuo; ii. Estudar a influência do caudal de alimentação, velocidade de agitação, concentração inicial de ião metálico e pH da solução de alimentação no desempenho dos biossorventes; iii. Alargar o estudo de biossorção a uma solução contendo dois iões metálicos; iv. Avaliar a possibilidade de recuperação dos biossorventes; v. Desenvolver modelos matemáticos que consigam descrever o processo global de transferência de massa na etapa de saturação e regeneração e determinar os coeficientes de transferência de massa. 5 INTRODUÇÃO D) Biossorção em Coluna de Leito Fixo i. Avaliar a eficiência da biossorção dos diferentes iões metálicos em ensaios em contínuo; ii. Estudar a influência no processo de biossorção do caudal de alimentação, concentração inicial de ião metálico, pH, temperatura e força iónica da solução de alimentação; iii. Alargar o estudo de biossorção a uma solução contendo dois iões metálicos; iv. Avaliar a possibilidade de recuperação dos biossorventes; v. Desenvolver modelos matemáticos que consigam descrever o processo global de transferência de massa na etapa de saturação e regeneração e determinar os coeficientes de transferência de massa. 6 INTRODUÇÃO Referências Aoki, T., Munemori, M. Recovery of Chromium(VI) from Wastewaters with Iron(III) Hydroxide—I : Adsorption Mechanism of Chromium(VI) on Iron(III) Hydroxide. Water Research, 16, 793-796 (1982). Babic, B. M., Milonjic, S. K., Polovina, M. J., Cupic, S., Kaludjerovic, B. V. Adsorption of Zinc, Cadmium, Mercury Ions from Aqueous Solutions on an Activated Carbon Cloth. Carbon, 40, 1109-1115 (2002). Bailey, R. P., Bennett, T., Benjamin, M. M. Sorption onto and Recovery of Cr (VI) Using Iron Oxide-Coated Sand. Water Science and Technology, 26, 1239-1244 (1992). Leyva-Ramos, R., Rangel-Mendez, J. R., Mendoza-Barron, J., Fuentes-Rubio, L., GuerreroCoronado, R. M. Adsorption of Cadmium(II) from Aqueous Solution onto Activated Carbon. Water Science and Technology, 35, 205-211 (1997). PESGRI. Plano Estratégico de Gestão dos Resíduos Industriais. Decreto-Lei n.º 516/99. 1999. Volesky, B. Sorption and Biosorption. BV Sorbex, Inc., Quebec, 2003. Wase, J., Forster, C. Biosorbents for Metal Ions. Taylor & Francis, London, 1997. 7 II. Iões Metálicos: Origem e Importância II.1 Introdução A poluição do ambiente por metais tóxicos é uma realidade preocupante. A extracção e processamento de minérios tem provocado o aumento de detritos industriais altamente contaminados, que são lançados, na maioria das vezes, no ambiente terrestre, afectando não só as águas superficiais e subterrâneas, como também solo e plantas. Desta forma, esses poluentes têm sido alvo de muita atenção devido à sua alta persistência no meio ambiente e toxidade para uma grande variedade de organismos, incluindo o homem. Uma vez presentes no meio ambiente, os metais tóxicos mostram-se biodisponíveis e podem ser acumulados nos organismos. II.2 Cádmio II.2.1 Contaminação Ambiental por Cádmio O cádmio existe na crosta terrestre em baixas concentrações, associado geralmente ao zinco, na forma de depósito de sulfureto. É um metal de cor prata clara, dúctil, mole e maleável (Friberg et al., 1974). Os consumos mundiais de cádmio no Mundo Ocidental em 1990 e na União Europeia em 2000 são apresentados na Tabela II.1. Verifica-se que a indústria de baterias Ni-Cd foi IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA responsável em 1990 por 55% do consumo deste metal no Mundo Ocidental (OCDE, 1994) e 73% do consumo estimado na União Europeia em 2000 (Scoullos et al., 2001). Tabela II.1 Consumo de cádmio no Mundo Ocidental em 1990 (OCDE, 1994) e na União Europeia em 2000 (Scoullos et al., 2001). Aplicação Mundo Ocidental 1990 União Europeia 2000 Toneladas Cd / ano % Toneladas Cd / ano % Baterias Ni-Cd 9100 55 1900 73 Pigmentos 3300 20 300 - 350 12 Estabilizadores 1650 10 150 6 Galvanização 1320 8 200 8 Ligas 500 3 30 – 40 1 Outros 660 4 ----- ----- Total 16500 100 1930 - 1990 100 O cádmio é usado no revestimento de ligas metálicas, pigmentos (sobretudo o vermelho e o amarelo), estabilizadores, produção de PVC, fertilizantes fosfatados, baterias, revestimentos electrolíticos de metais, acabamentos de peças, produção de pedra-pomes e de plásticos, vidros e decapagens (Roman et al., 2002). Na Tabela II.2 apresentam-se concentrações de cádmio nos efluentes resultantes de processos industriais (Patterson, 1985). Destacam-se as águas de recirculação e banhos do processo de galvanização e também os efluentes ácidos da drenagem de minas, podendo atingir concentrações da ordem dos milhares de mg l-1. Tabela II.2 Concentrações de cádmio em águas residuais. Processo Industrial Concentração de Cd(II) (mg l-1) Galvanização (águas de lavagem) • Indústria automóvel 14 - 22 • Grandes instalações 15 - 50 • Lavagem total • Águas de recirculação Banhos de galvanização 158 1000 - 3330 2000 - 5000 Produção de metais não-ferrosos • Fundição de cobre 0,09 – 1,08 • Fundição e refinação de chumbo 0,08 – 1,2 • Fundição e refinação de zinco 0,02 – 33,0 • Fundição de cobre e zinco Produção de tintas 0,0 – 0,81 Produção de borracha 0,0 – 0,72 Esmaltagem 0,0 – 9,6 Águas de drenagem de minas 10 15 400 - 1000 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA II.2.2 Impacte Humano O cádmio é um elemento não essencial à vida, mesmo em concentrações muito baixas, e bioacumulável. Está na origem de tumores testiculares, mau funcionamento dos rins, hipertensão, arteriosclerose, inibição do crescimento, cancro, etc. (Friberg et al., 1974). A exposição ao cádmio pode ser directa no caso dos trabalhadores de indústrias que estão sujeitos a inalar cádmio e/ou a retê-lo em contacto com a pele. Podem ocorrer exposições indirectas por meio da ingestão de alimentos e de água. O fumo de tabaco é também uma importante fonte de contaminação para o homem. A carga corporal de cádmio no organismo de indivíduos fumadores é o dobro da dos não fumadores, oscilando a média diária de exposição ao cádmio entre 2 e 4 µg (correspondente a 20 cigarros por dia) (Roman et al., 2002). A vida média biológica do cádmio é superior a dez anos, com valores acima de 80% da carga corporal concentrados nos rins, fígado e ossos. Por esse motivo, podem aparecer efeitos adversos à saúde mesmo após a redução ou interrupção da exposição ao cádmio. Uma exposição crónica ao cádmio no teor de 50 µg m-3 (ou 10 vezes o novo limite permissível pela Occupational Safety Health Administration–OSHA) (OSHA, 1992) por dez anos pode causar disfunção renal com lesão tubular próxima em até 4% dos casos. Também os ossos sofrem o efeito da acção do cádmio. Em 1910 apareceram as primeiras manifestações de uma doença óssea deformante que recebeu o nome de Itai-itai, tendo sido confirmada durante a década de 40. As conclusões apresentadas mostraram que a causa das manifestações ósseas tinha sido a exposição directa ao cádmio (Friberg et al., 1974). II.2.3 Impacte Ambiental Os alimentos cultivados em solos poluídos com cádmio, ou regados com águas com elevado teor deste elemento, podem acumular o metal em nível suficiente que os torne nocivos para o Homem. A WHO (1992) sugere, porém, que a razão zinco/cádmio é determinante na acumulação do cádmio pelas plantas, não sendo esta importante se aquela razão for superior a 100. A toxicidade do cádmio para os peixes é mal conhecida. Os efeitos dependem da espécie, da sua idade, da composição da água nos macroconstituintes, da temperatura, pH, etc.. Têm-se 11 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA observado efeitos tóxicos sobre os peixes para concentrações de Cd entre 0,01 e 1 mg l-1. Um aumento da dureza e/ou alcalinidade diminui a toxicidade do Cd, enquanto que o zinco e os cianetos exercem um efeito sinérgico (WHO, 1992). II.3 Cobre II.3.1 Contaminação Ambiental por Cobre O cobre aparece naturalmente nas águas superficiais em quantidades vestigiais. Valores acima de 0,05 mg l-1 são geralmente resultado de descargas poluentes. O cobre metálico é usado na indústria de componentes e aparelhos eléctricos, no fabrico de ligas, de catalisadores, etc.. Os sais de cobre são usados na indústria têxtil, em fotografia, cerâmica, no fabrico de insecticidas, etc.. São também incorporados frequentemente em tintas e preservantes para inibir o crescimento de algas e invertebrados. O consumo anual mundial de cobre é cerca de 15×106 t. Um terço deste valor é obtido por reciclagem de metal e o restante é obtido através das minas e refinação do cobre extraído (WHO, 1998). Em todo o mundo, o maior de consumo de cobre é para a produção de fios e cabos eléctricos e aplicações electrónicas, o qual contabiliza 65% (9,75×106 t) do consumo total de cobre. Aproximadamente 15% (2,25×106 t) de cobre é utilizado anualmente em construção, incluindo aplicações arquitectónicas como tectos, tubagens, dispositivos eléctricos, etc.. Os restantes 20% (3×106 t) são utilizados em equipamentos de transporte, ar condicionado e refrigeradores como também em aplicações gerais de engenharia, maquinaria, iluminação, equipamento de processos, produção de bronze, etc. (WHO, 1998). Uma pequena percentagem da produção de cobre vai para a produção de compostos de cobre, particularmente o sulfato de cobre, que é usado na indústria e agricultura. Na indústria, o sulfato de cobre é usado como um activador na flutuação de minérios sulfurados, produção de preservantes de madeira, deposição electrolítica, produção de corantes azo, refinação de petróleo e produção de compostos organo-metálicos (WHO, 1998). 12 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA O sulfato de cobre é utilizado na agricultura como pesticida, fungicida, em suplementos nutricionais para a alimentação de animais e fertilizantes. As principais indústrias responsáveis pela contaminação por cobre e as respectivas gamas de concentração nos efluentes são apresentadas na Tabela II.3 (Patterson, 1985). A maior contaminação provém das indústrias de revestimento metálico. Tabela II.3 Concentrações de cobre em águas residuais. Processo Industrial Concentração de Cu(II) (mg l-1) Águas de lavagem de revestimento metálico 0 – 7,9; 6,2 – 88; 20 - 120 Águas de lavagem de revestimento metálico • Primeira lavagem 183 • Segunda lavagem 2,2 Revestimento de cobre do fio de solda • Banho de revestimento • Ácido utilizado • Águas de lavagem 3640 34 2 - 10 Revestimento de prata • Suporte de prata 3 - 900 • Resíduos ácidos 30 - 590 • Resíduos alcalinos 3,2 - 19 Anodização e revestimento 1,3; 4,7 Resíduos de moagem de latão 4,4 – 8,5; 74 - 888 Resíduos de moagem de cobre 149 - 74 Extracção do minério de cobre 0,28 – 0,33 Extracção do minério de ouro 3,2; 20 Águas de drenagem de minas 0,12 – 3,9; 3,6 – 7,6; 51,6 - 128 Produção e formulação de tintas Produção de sulfato de cobre 0 - 100 221; 433 II.3.2 Impacte Humano O cobre é um elemento relativamente abundante, sendo essencial para a vida das plantas, animais e para o Homem. A sua deficiência provoca anemia hipocrómica resultante de síntese defeituosa da hemoglobina. É um elemento essencial para a utilização do ferro. O envenenamento agudo, resultante da ingestão de quantidades excessivas de sais de cobre, mais frequentemente sulfato de cobre, pode ocasionar a morte. Os sintomas são vómitos, por vezes de cor azul-esverdeada, hematémeses, hipotensão, melenas, coma e icterícia. As 13 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA autópsias têm revelado necrose hepática centrolobular. A intoxicação pelo cobre pode ocasionar anemia hemolítica (WHO, 1998). A administração oral prolongada de quantidades excessivas de cobre pode ocasionar lesão hepática, mas a água de consumo raramente contém cobre suficiente para tal. Concentrações de cobre superiores a 1 mg l-1 podem conferir um gosto desagradável à água (WHO, 1998). A absorção de excesso de cobre pelo homem pode resultar na “doença de Wilson”, motivada pela deposição de excesso de cobre no cérebro, pele, fígado, pâncreas e miocárdio (Volesky, 1990). II.3.3 Impacte Ambiental A toxicidade do cobre para a vida aquática depende da alcalinidade da água, dado que o ião cobre pode ser complexado pelos aniões presentes. O cobre é, geralmente, mais tóxico para a vida aquática em águas com baixa alcalinidade. Outros factores que afectam a toxicidade incluem o pH e a presença de compostos orgânicos. Os peixes adultos podem tolerar concentrações relativamente elevadas de cobre durante curtos períodos de tempo; o efeito crítico de cobre parece ser a sua maior toxicidade para as formas juvenis dos peixes (USEPA, 1976). Este elemento tem uma função vital na síntese da clorofila. Quando presente em quantidades elevadas, ocasiona um desenvolvimento anormal das raízes e pode levar à clorose das plantas (Campos, 1998). O solo tem um efeito de retenção do cobre pela presença de carbonatos e de matéria orgânica, reduzindo consideravelmente a concentração de cobre que chega efectivamente às raízes (Bremond e Vuichard, 1973). II.4 Crómio II.4.1 Contaminação Ambiental por Crómio O crómio é o vigésimo primeiro elemento não gasoso mais abundante na crosta terrestre. A sua concentração varia entre 80 e 200 mg kg-1. Embora o crómio se apresente em vários estados de oxidação, de Cr2+ a Cr6+, a forma mais comum é a trivalente. Este metal raramente 14 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA se encontra nas águas doces e mesmo na água do mar, aparecendo geralmente em concentrações inferiores a 1 µg l-1. Na forma hexavalente, o crómio é utilizado em diversas indústrias: fabrico de corantes, tintas, explosivos, indústria cerâmica e do papel, anodização do alumínio, galvanização e decapagem de metais. O Cr(III) é usado como mordente em tinturaria, na indústria de curtumes, no fabrico de vidro, em cerâmica, fotografia, etc.. As principais aplicações de crómio são no processamento metalúrgico de ligas de ferro e de outros produtos, principalmente de aço inoxidável e, numa menor proporção, no fabrico de tijolos refractários e na produção de ácido crómico e cromatos. Os cromatos são utilizados na oxidação de vários materiais orgânicos, na purificação de produtos químicos e na oxidação de compostos inorgânicos. O sulfato básico de crómio é utilizado na indústria de curtumes. Estima-se que fungicidas e preservantes de madeira consumam anualmente 1,3 milhões de kg de crómio. Os cromatos são utilizados como inibidores de ferrugem e de corrosão, por exemplo nos motores a diesel (WHO, 1988). Nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) domésticas podem entrar grandes quantidades de crómio. A elevada descarga de crómio oriunda das habitações é difícil de explicar tendo sido sugerido que possa advir, em parte, da corrosão do aço inoxidável. A contribuição das excreções humanas, estimada em 100 µg de crómio por pessoa/dia, não justifica as concentrações encontradas à entrada de ETARs de grandes dimensões (WHO, 1988). Na Tabela II.4 apresentam-se valores de concentração de crómio na forma hexavalente e trivalente em águas residuais originadas em diversos processos industriais (Patterson, 1985). Verifica-se que as operações de revestimento e tratamento de metais específicos são as principais fontes de contaminação por Cr(VI), que ultrapassam largamente o limite imposto pela legislação (50 µg l-1) (Decreto-Lei n.º 243/2001). Por sua vez, o Cr(III) tem como principais fontes de contaminação a anodização do alumínio e produção de dicromato de sódio. 15 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA Tabela II.4 Concentrações de crómio (III) e (VI) em águas residuais. Processo Industrial Produção de dicromato de sódio Produção de óxido de crómio Produção de pigmentos multi-produto Concentração de Cr(VI) (mg l-1) 560 - 1490 101 2 – 2000 Resíduo da preparação de tinta 150 Fabrico de alumínio 136 Banhos de Revestimento Água de lavagem de banhos de revestimento 100000 - 270000 73; 450; 2310 Operações de tratamento de metais específicos • Água de lavagem de polimento • Banho de polimento • Banho de gravura • Banho de anodização • Água de lavagem de anodização Processo industrial 1 -6 10000 – 50000 200 - 58000 15000 - 52000 0,2 - 100 Concentração de Cr(III) (mg l-1) Produção de dicromato de sódio 240 Produção de dióxido de titânio 50 Anodização do alumínio Resíduos de tinturarias Fábrica de curtumes 1 - 400 300 42 - 52 Revestimento metálico 10,2 Efluente de moagem de aço 5 - 10 Água de lavagem de aço inoxidável 3,5 Lavagem de circuitos impressos 32 II.4.2 Impacte Humano O crómio ocorre em estados de oxidação de Cr2+ até Cr6+, tendo apenas as formas trivalente e hexavalente significado biológico. O Cr3+, encarado como uma forma de crómio essencial ao homem, é a forma mais comum na natureza e é considerado praticamente não tóxico, sendo essencial ao metabolismo humano. O Cr6+ atravessa rapidamente as membranas das células, sendo reduzido intracelularmente a Cr3+. A forma hexavalente é tóxica e cancerígena. Os limites máximos são estabelecidos basicamente em função do crómio hexavalente. Numa pessoa adulta, a dose oral letal é de 50-70 mg de cromato solúvel por kg de peso corporal. Dá-se a necrose do fígado e dos rins e o envenenamento dos órgãos por derramamento de sangue (WHO, 1988). 16 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA O crómio hexavalente causa irritação persistente do aparelho respiratório. Em operários que trabalhavam em indústrias que utilizavam crómio hexavalente para produção de cromatos, ocorreram frequentemente úlceras e perfurações do septo nasal. A rinite, o espasmo brônquico e a pneumonia podem ser consequências da exposição a compostos de Cr6+ juntamente com a deterioração da pneumodinâmica durante a respiração (WHO, 1988). Os cromatos e dicromatos de sódio e de potássio causam irritação da pele, podendo conduzir ao desenvolvimento de úlceras. Algumas pessoas manifestam reacções de pele alérgicas ao crómio hexavalente e possivelmente ao trivalente. Os efeitos crónicos da exposição ao crómio ocorrem nos pulmões, fígado, rins, aparelho gastro-intestinal e sistema circulatório (WHO, 1988). Alguns dados epidemiológicos sugerem que ocorreram muitos casos de cancro do pulmão na indústria de corantes de cromato. Com base em estudos experimentais em animais, assume-se actualmente que os compostos químicos de Cr6+ de dissolução lenta, como os cromatos de cálcio e de zinco, são responsáveis por casos de cancro. Este facto baseia-se na teoria de que estes compostos permanecem nos tecidos durante longos períodos de tempo (WHO, 1988). O crómio trivalente não é considerado carcinogénico pelas seguintes razões: a) não houve provas de excesso de casos de cancro em estudos realizados em duas indústrias onde estavam presentes apenas compostos trivalentes; b) os resultados de experiências em animais e de estudos de mutação com Cr3+ foram negativos; c) é não-oxidante, não-irritante e provavelmente incapaz de atravessar as membranas celulares (WHO, 1988). II.4.3 Impacte Ambiental Os efeitos da presença de crómio na água variam com as espécies, a temperatura, a valência do ião, a presença ou ausência de outros elementos e o pH (baixando este, aumenta a toxicidade, o que, muito provavelmente, está relacionado com o aumento de solubilidade dos metais à medida que o pH desce para valores inferiores a 7). Geralmente, os peixes, suportam bem os sais de crómio, enquanto que as formas inferiores de vida aquática são extremamente sensíveis a este elemento (Bremond e Vuichard, 1973). A sua acção, em quantidades reduzidas, aumentou o rendimento das culturas de trigo, aveia e centeio. Doses mais elevadas (0,1 mg l-1) provocaram geralmente uma diminuição do crescimento e do rendimento. O crómio hexavalente é muito mais perigoso para as plantas do 17 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA que o crómio trivalente. Bremond e Vuichard (1973) sugerem que o principal malefício causado pelo crómio é a inibição da nitrificação se exceder 1 mg kg-1 de solo. II.5 Chumbo II.5.1 Contaminação Ambiental por Chumbo As águas naturais podem conter chumbo em concentrações da ordem de 0,2 a 0,6 mg l-1 como resultado de lixiviação de constituintes do solo. Pode haver um aumento da concentração por contaminação com águas residuais ou por dissolução do chumbo das canalizações nos sistemas de distribuição de água. A contaminação humana pode ainda ser devida à exposição a tintas interiores à base de chumbo, em habitações antigas, à inalação de partículas da atmosfera contendo chumbo, ao uso de louça vidrada com chumbo, etc.. O chumbo bioacumula-se ao longo da cadeia alimentar. As fábricas de pólvora e de corantes, as explorações de minérios de chumbo, a queima de combustíveis fósseis e o uso do chumbo como aditivo na gasolina são as principais fontes de poluição por este metal. Desde a introdução da gasolina sem chumbo, tem diminuído o teor deste metal na atmosfera. O chumbo e seus compostos também são utilizados em processos de eletrodeposição, em metalurgia, em materiais de construção, plásticos, tintas, etc. (WHO, 1995). A toxicidade do chumbo na água é afectada pelo pH, dureza, teor de matéria orgânica e presença de outros metais. Na Tabela II.5 são apresentadas quantidades de metal libertado para o ambiente por diversas actividades. Apesar da indústria produtora de baterias reciclar cerca de 80% das baterias, as águas residuais produzidas contêm níveis de chumbo elevados. 18 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA Tabela II.5 Concentrações de chumbo em águas residuais. Processo Industrial Concentração de Pb(II) (mg l-1) Produção de baterias Revestimento 40,3 – 319,4 2 - 140 Produção de cinescópios para televisões 380 - 400 Produção de cristal 0,43 - 100 Produção de munições 6,5 Produção de tetraetil-chumbo • orgânico • inorgânico Formulação de tintas Produção de pigmentos 126,7 – 144,8 66,1- 84,9 86 1 - 200 Fundição 29 – 170 Águas de drenagem de minas pH (2,0– 3,4) 1,4 – 4,6 II.5.2 Impacte Humano O chumbo é um metal tóxico para os humanos, fauna e flora. O envenenamento por chumbo tem sido ligado à queda do império romano. A concentração elevada de chumbo nos ossos humanos no período Romano suporta a hipótese que o uso de recipientes contendo chumbo, para o vinho e outros líquidos, o uso de canalizações de chumbo e materiais cerâmicos contaminados com chumbo contribuíram para a destruição da classe alta romana, com maiores recursos económicos (Volesky, 1990). Os efeitos tóxicos do chumbo vão desde clínicos a bioquímicos. A existência de níveis de ferro e cálcio baixos na dieta faz aumentar a absorção deste elemento. O chumbo é uma substância tóxica cumulativa. Uma intoxicação crónica por este metal pode levar a uma doença denominada saturnismo, que ocorre, na maioria das vezes, em trabalhadores expostos directamente. Os sintomas de uma exposição crónica ao chumbo que afecte o sistema nervoso central, são: tontura, irritabilidade, dor de cabeça, perda de memória, entre outros. Quando o efeito ocorre no sistema periférico, ocorre uma deficiência dos músculos extensores. A toxicidade do chumbo, quando aguda, é caracterizada por sede intensa, sabor metálico, inflamação gastro-intestinal, vómitos e diarreias. O chumbo inorgânico (Pb(II)) é geralmente um veneno metabólico e inibidor enzimático. O chumbo orgânico, na forma de TEL (tetraetil-chumbo) ou TML (tetrametil-chumbo), é por vezes ainda mais venenoso que o chumbo inorgânico (Volesky, 1990). 19 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA As crianças absorvem melhor o chumbo do que os adultos. Os efeitos críticos nas crianças registam-se ao nível do sistema nervoso, enquanto que nos adultos são preocupantes a neuropatia periférica e/ou a nefropatia crónica. A nefropatia pelo chumbo é um dos seus reflexos na saúde reconhecido há mais tempo, podendo ser aguda (reversível) ou crónica (irreversível) (Campos, 1998). O chumbo reduz a excreção de ácido úrico. A hipertensão é, provavelmente, o efeito adverso mais sensível nos adultos. Também são órgãos alvo os aparelhos gastrointestinal e reprodutor, podendo ocorrer esterilidade e morte neonatal. Os sintomas da encefalopatia pelo chumbo iniciam-se por letargia, vómitos, irritabilidade, anorexia e vertigens, progredindo para ataxia óbvia e nível de consciência diminuído, que pode evoluir para coma e morte. A recuperação é frequentemente acompanhada por sequelas que incluem epilepsia, atraso mental e, em alguns casos, neuropatia óptica e cegueira (Campos, 1998). Têm sido efectuados estudos epidemiológicos que relacionam os níveis de chumbo no sangue na altura do nascimento e durante as infâncias precoce e tardia com resultados a nível psicomotor, cognitivo e comportamental. A existência de níveis elevados em idades precoces pode manifestar-se, mais tarde, em dificuldade de concentração e leitura e incapacidade de acabar os estudos secundários (WHO, 1995). Têm sido sugeridos como níveis de segurança para o chumbo no organismo humano valores entre 0,2 e 0,8 mg l-1 de sangue (Volesky, 1990). No entanto, os níveis naturais no sangue humano já estão muito próximos desse limite, não deixando grande margem para exposição ao chumbo. II.5.3 Impacte Ambiental A acção tóxica do chumbo sobre os peixes origina, numa primeira fase, a formação de mucosidades sobre as brânquias e, depois, sobre todo o corpo, ocasionando a morte por asfixia (Bremond e Vuichard, 1973). A exposição crónica ocasiona respostas características como escurecimento das barbatanas e curvatura espinhal (lordoescoliose), sendo a última de origem nervosa. Ambos os efeitos são inicialmente reversíveis, mas, quando o escurecimento das barbatanas se intensifica, progride para a putrefacção (Campos, 1998). 20 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA A adição de quantidades reduzidas de sais de chumbo ao solo favorece o processo de nitrificação e inibe o processo de conversão de azoto orgânico a azoto amoniacal. Em culturas hidropónicas, o nitrato de chumbo, em concentrações entre 1,5 e 25 mg l-1, tem uma acção estimulante sobre a aveia e a batata. Para além de 50 mg l-1, provoca a morte das plantas em oito dias (Bremond e Vuichard, 1973). II.6 Zinco II.6.1 Contaminação Ambiental por Zinco O zinco encontra-se na natureza fazendo parte da composição de rochas e minérios (nomeadamente sulfureto de zinco associado a outros metais, como chumbo, cobre, cádmio e ferro), na água do mar, nas águas subterrâneas, nas plantas e animais. Em águas superficiais, as concentrações estão normalmente na gama de 0,001-0,10 mg l-1. É largamente utilizado na indústria e pode entrar no meio ambiente através de processos naturais e antropogénicos, entre os quais se destacam a produção de primário de zinco, combustão de madeira, incineração de resíduos, produção de ferro e aço, efluentes domésticos. O zinco é o quarto metal mais utilizado no mundo depois do ferro, alumínio e cobre. A aplicação do zinco na Europa é essencialmente na galvanização (43%) e na produção de latão (23%). Ainda é utilizado em outras ligas metálicas (13%), na produção de peças de zinco (12%), pigmentos e químicos (8%) e outros (1%) (WHO, 2001). O zinco é usado principalmente como um revestimento protector de outros metais, como o ferro e o aço. Devido à sua fraca resistência, o zinco é misturado frequentemente com outros metais, por exemplo, alumínio, cobre, titânio e magnésio, para produzir materiais com diferentes propriedades. O óxido de zinco (ZnO) é utilizado na produção de tintas, produtos cosméticos, produtos de borracha, revestimento para o chão, plásticos, produtos farmacêuticos, sabão, têxteis, equipamento eléctrico e outros produtos (WHO, 2001). O sulfureto de zinco (ZnS) é utilizado na produção de tintas, lâmpadas fluorescentes, écrans de televisão e de raios-X e mostradores luminosos (WHO, 2001). 21 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA O cloreto de zinco, sulfato de zinco e sulfureto de zinco têm aplicações dentárias, médicas e domésticas. O zinco em pó é bastante usado como catalisador de reacções. Na Tabela II.6 apresentam-se valores de concentração de zinco em águas residuais produzidas em diversas actividades industriais (Patterson, 1985). Pode-se verificar que a maioria dos efluentes apresentam elevadas concentrações de zinco, necessitando de um tratamento adequado de forma a minimizar o impacto sobre o meio receptor (água ou solo). Tabela II.6 Concentrações de zinco em águas residuais. Processo Industrial Concentração de Zn(II) (mg l-1) Processamento metálico • Resíduos de mergulho 0,2 – 37,0 • Resíduos da moagem de latão 40 - 1463 • Banhos de decapagem 4,3 – 4,4 • Decapagem de fios eléctricos 36 - 374 • Banhos de ligas de zinco 1000 - 3000 Revestimento • Geral • Crómio 245 - 1050 • Níquel 30 • Zinco 20 – 30; 70 – 350; 480 • Latão 10 - 60 Resíduo do fabrico de tintas Produção de baterias de chumbo Fundição primária de cobre e refinação Produção secundária de cobre 2,4 – 13,8; 55 – 120; 440 - 930 0,3 – 77,4 54,5 37- 50 3 - 2000 Fundição do zinco • Combinado 11 - 243 • Efluente de unidade ácida 25 - 1500 • Recuperação auxiliar de metal • Drenagem de mina de metais básicos 1300 - 48000 138 II.6.2 Impacte Humano A água com concentração elevada de zinco tem uma aparência leitosa e produz um sabor metálico ou adstringente quando aquecida. O zinco, por ser um elemento essencial para o ser humano, só se torna prejudicial à saúde quando ingerido em concentrações muito altas, o que é extremamente raro. No entanto, pode causar diarreia e mal-estar gastrointestinal após a 22 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA ingestão de bebidas armazenadas em latas galvanizadas ou de alimentos preparados em utensílios galvanizados. A sua deficiência acarreta, no entanto, graves consequências: é administrado ocasionalmente por via oral para tratar ou prevenir esse défice. A exposição e inalação de cloreto de zinco, utilizado pelos militares em “bombas de fumo”, provoca efeitos que incluem edemas, fibrose intersticial, pneumonias, alterações nas mucosas brônquicas, úlceras e mesmo a morte, sob circunstâncias extremas da exposição em espaços confinados. Estes efeitos são possivelmente atribuídos à natureza higroscópica e adstringente das partículas libertadas (WHO, 2001). A exposição directa à matéria particulada finamente dispersa, que se produz quando determinados metais, incluindo o zinco, são volatilizados, pode conduzir a uma doença aguda com sintomas de febre, calafrios, náuseas e fadiga. Os sintomas são, geralmente, fortes mas transitórios, e os indivíduos tendem a desenvolver tolerância (WHO, 2001). II.6.3 Impacte Ambiental A toxicidade dos compostos de zinco para os animais aquáticos é afectada por vários factores ambientais, particularmente a dureza da água, o oxigénio dissolvido e a temperatura (aumenta com esta e diminui com a redução do oxigénio). Concentrações tóxicas de compostos de zinco causam alterações adversas na morfologia e fisiologia dos peixes, atrasando o crescimento e maturação (Campos, 1998). Parece haver sinergia entre o cobre e o zinco presentes na água. As alterações no metabolismo das plantas causadas por défice de zinco são muito complexas, mas algumas são típicas e podem ser bem explicadas pelas funções que o zinco tem em reacções enzimáticas ou em passos específicos de vias metabólicas particulares (Campos, 1998). Um excesso de zinco provoca clorose nas folhas jovens, diminui fortemente o conteúdo de magnésio nas plantas e inibe a fotossíntese nos feijoeiros, em diversos passos e através de vários mecanismos (Campos, 1998). II.7 Enquadramento Legal Numa perspectiva de protecção da saúde pública, de gestão integrada dos recursos hídricos e de preservação do ambiente, tornou-se indispensável clarificar as competências das várias entidades intervenientes no domínio da qualidade da água. O Decreto-Lei 236/98 de 1 de 23 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA Agosto, estabelece normas, critérios e objectivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade das águas em função dos seus principais usos. Nesse diploma são também definidos valores-limite de emissão para a descarga das águas residuais na água e no solo (Anexo XVIII), visando a promoção da qualidade do meio aquático e a protecção dos solos e da saúde pública. Na Tabela II.7 são apresentados os valores limites de emissão (VLE) na descarga de águas residuais industriais contendo os metais objecto deste estudo. Tabela II.7 Valores limite de emissão (VLE) na descarga de águas residuais-valores limite de concentração para alguns metais. VLE (mg l-1) Parâmetro Cádmio total (mg l-1) 0,2 Zinco total (mg l-1) -----a Crómio total (mg l-1) 2,0 -1 Crómio hexavalente (mg l ) 0,1 -1 Cobre total (mg l ) 1,0 -1 1,0 Chumbo total (mg l ) a - Não tem limite fixado, embora possa ter um efeito prejudicial no meio aquático. O anexo I do Decreto-Lei 236/98 estabelece limites para as concentrações de metais em águas doces superficiais destinadas à produção de água para consumo humano, que se reproduzem na Tabela II.8. Tabela II.8 Qualidade das águas doces superficiais destinadas à produção de água para consumo humano – valores limite de concentração para alguns iões metálicos. A1 Parâmetro A2 A3 VMR VMA VMR VMA VMR VMA 0,001 0,005 0,001 0,005 0,001 0,005 0,5 3,0 1,0 5,0 1,0 5,0 ----- 0,05 ----- 0,05 ----- 0,05 0,02 (O) 0,05 0,05 ----- 1,00 ----- Chumbo (mg l ) ----0,05 ----0,05 VMR – Valor Máximo Recomendável; VMA – Valor Máximo Admissível ----- 0,05 -1 Cádmio (mg l ) -1 Zinco (mg l ) -1 Crómio total (mg l ) -1 Cobre (mg l ) -1 (O) – Os limites podem ser excedidos em caso de condições geográficas ou meteorológicas excepcionais As siglas A1, A2 e A3 representam diferentes classes de águas superficiais a que será associado um determinado tipo de tratamento: Classe A1 – tratamento físico e desinfecção; 24 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA Classe A2 – tratamento físico, químico e desinfecção; Classe A3 – tratamento físico, químico de afinação e desinfecção. Os requisitos de qualidade da água para consumo humano estão definidos no Decreto Lei nº243/2001. Na Tabela II.9 estão descritos os valores paramétricos para os iões metálicos que foram objecto de estudo neste trabalho. Tabela II.9 Qualidade da água para consumo humano para alguns metais. Parâmetro Valor paramétrico -1 Cádmio (µg l ) 5,0 -1 Zinco (µg l ) -----1 Crómio total (µg l ) 50 -1 Cobre (µg l ) 2,0 25a, 10b Chumbo (µg l ) a - valor a ser cumprido de 25 de Dezembro de 2003 até 25 de Dezembro de 2013 b - valor a ser cumprido após 25 de Dezembro de 2013 -1 Os parâmetros fixados para a qualidade da água para fins piscícolas e destinada à rega são estabelecidos respectivamente nos Anexos X e XVI do Decreto Lei nº236/98. Na Tabela II.10 são apresentados os valores máximos recomendáveis (VMR) e admissíveis (VMA) para os metais objecto deste estudo. A imposição de limites à concentração de metais visa, por um lado, a protecção da fauna e da flora e, por outro, a salvaguarda do próprio homem como último elo da cadeia alimentar. Tabela II.10 Qualidade das águas doces superficiais para fins piscícolas e das águas destinadas a rega valores limite de concentração para alguns metais. Águas para fins piscícolas Parâmetro VMR VMA ----- ----- ----- a 0,3 ; 1,0 Crómio (mg l ) ----- Cobre (mg l-1) 0,4ª; 0,04b -1 Cádmio (mg l ) -1 Zinco (mg l ) -1 -1 Chumbo (mg l ) ----a – salmonídeos; b – ciprinídeos. Águas destinadas a rega VMR VMA 0,01 0,05 2,0 10 ----- 0,1 20 ----- 0,2 5 ----- 5,0 20 b 25 IÕES METÁLICOS: ORIGEM E IMPORTÂNCIA Referências Diário da República Portuguesa. Decreto-Lei n.º 236/98 de 1 de Agosto, 1998. Diário da República Portuguesa. Decreto-Lei n.º 243/2001, de 5 de Setembro, 2001. Bremond, R., Vuichard, R. Les Paramètres de la Qualité des Eaux. Ministère de la Protection de la Nature et de L'Environment, Paris, 1973. 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Estes processos físico-químicos são eficientes no tratamento de soluções concentradas de iões metálicos, mas são extremamente dispendiosos, especialmente pelos elevados gastos em reagentes químicos e/ou energia, quando usados no tratamento de soluções diluídas, com concentrações da ordem de 1-100 mg l-1 (Volesky, 1990). Têm vindo a ser estudados processos alternativos para remoção ou recuperação de iões metálicos de efluentes, baseados nas propriedades de certos materiais naturais de origem biológica para fixarem o metal na sua superfície – processos de biossorção (Volesky, 1990; Wase e Forster, 1997; Wong e Tam, 1998). MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Nas próximas secções são abordados alguns dos métodos de remoção de iões metálicos, dando particular ênfase à biossorção. III.2 Recuperação por Evaporação Este processo consiste na evaporação de águas residuais contendo iões metálicos, de modo a concentrar o metal, possibilitando a sua recuperação e reutilização. Este processo é adequado para a grande maioria dos sistemas que geram águas residuais contaminadas, excepto para aquelas em que ocorre deterioração química após o seu uso. Nesta situação, em que todos os constituintes da água residual são retidos no produto concentrado, há a possibilidade de danificação dos evaporadores por corrosão (Patterson, 1985). Cheremisinoff (1995) refere que o volume das águas de lavagem nos processos de revestimento de cobre pode ser reduzido em 85%, de 16 para 2,4 m3 d-1, implementando modificações nas lavagens. Tais modificações são geralmente essenciais para a viabilidade económica dos sistemas de recuperação de metais por evaporação, já que o maior custo corresponde ao consumo de energia. As necessidades energéticas podem ser reduzidas usando evaporadores de efeito múltiplo, o que implica contudo grandes custos de investimento. Segundo Turek (2004), o consumo de energia verificado num processo de evaporação de água de salmoura resultante de uma mina de carvão anda à volta de 30,4 kWh por m3 de destilado. III.3 Precipitação Química A remoção dos iões metálicos por precipitação é baseada na baixa solubilidade dos seus hidróxidos, sulfuretos e carbonatos. A precipitação por hidróxidos é realizada em duas etapas. Na primeira etapa, os hidróxidos metálicos são formados num reactor agitado, a pH ≅ 8,5, que é mantido pela adição contínua de soda cáustica e/ou cal. Na segunda etapa, o precipitado é removido por sedimentação, num tanque de clarificação, ou por filtração. O tratamento reduz de forma drástica a concentração de iões metálicos em solução, pelo que a concentração residual é, por vezes, inferior às concentrações limites ambientais. Além disso, o processo consegue tratar caudais elevados de águas contendo altas concentrações de iões metálicos, sendo muito útil no tratamento de efluentes de minas (Feng et al., 2000; Matlock et al., 2002). No entanto, a eficiência de tratamento depende da velocidade de formação do precipitado e da velocidade de sedimentação dos hidróxidos metálicos. Estas velocidades são normalmente 28 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA pequenas em águas contendo baixas concentrações de metal, o que leva a um aumento do consumo dos reagentes e à necessidade de tanques de agitação e sedimentação de grandes dimensões. Deste modo, a remoção de metais tóxicos por precipitação química em soluções diluídas não é um processo económico. Além disso, o tratamento gera grandes quantidades de lama tóxica que tem de ser desidratada e estabilizada para posterior deposição. São obtidas eficiências elevadas de remoção de metais, na faixa de 94 a 99%, no tratamento de águas residuais contendo iões cádmio, cobre, crómio trivalente, ferro, manganês, níquel, chumbo e zinco (Breton et al., 1988), não apresentando, no entanto, capacidade de remoção de iões sulfato quando presentes. O tratamento que usa o carbonato como agente de precipitação pode ser realizado tanto pela precipitação directa com carbonato de cálcio ou carbonato de sódio, como também pela conversão de hidróxidos em carbonatos utilizando CO2. A vantagem deste último é que os carbonatos metálicos precipitados são mais facilmente filtrados que os respectivos hidróxidos. Algumas vezes a precipitação com carbonatos gera efluentes com concentrações residuais de metais inferiores às obtidas no tratamento com hidróxidos, como no caso do tratamento de um efluente industrial contendo níquel e chumbo, citada por Breton et al. (1988), onde a eficiência de remoção destes metais foi de 99%. Esse tratamento, no entanto, mostra-se ineficiente para a remoção de iões sulfato, quando estes fazem parte da composição da água residual a ser tratada. Apesar do longo tempo necessário para que os carbonatos dos iões metálicos se formem (45 minutos) e da baixa solubilidade dos agentes de precipitação (20% em peso), a capacidade tampão dos carbonatos e o baixo custo dos reagentes, quando comparados com os hidróxidos, apresentam-se como grandes vantagens para o emprego desta tecnologia. Para a maioria dos metais pesados os sulfuretos precipitados possuem solubilidades inferiores, em solução aquosa, aos respectivos hidróxidos e carbonatos. Isto faz com que o processo de precipitação com sulfuretos se torne uma tecnologia atractiva no tratamento de águas residuais contendo iões metálicos, uma vez que podem ser obtidos níveis residuais baixíssimos. Têm sido examinados vários reagentes como agentes de precipitação entre eles o sulfureto de sódio (Na2S), tioureia (SC(NH2)2), tiocetamida (CH3CSNH2), tiosulfato de sódio (Na2S2O3) e gás sulfídrico (H2S) (Nerbitt e Davis, 1994). As principais desvantagens em empregar-se esta tecnologia de tratamento estão relacionadas com o elevado custo dos 29 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA reagentes e, principalmente na presença de iões sulfato, com as concentrações residuais de sulfuretos presentes no efluente tratado e a emissão de gás sulfídrico para a atmosfera. No caso de efluentes contendo crómio, apenas o Cr3+ é removido por precipitação na forma de Cr(OH)3. Para se conseguir uma remoção eficiente de Cr6+, este tem de ser previamente reduzido a Cr3+. A escolha do agente redutor depende do custo e disponibilidade. Os agentes mais utilizados são o dióxido de enxofre, bissulfito de sódio, metabissulfito de sódio e sulfato ferroso (Kratochvíl, 1997). As reacções químicas envolvidas podem escrever-se da seguinte forma: 3 SO 2 + 2 H 2 CrO 4 → Cr2 (SO 4 ) 3 + 2 H 2 O (III.1) 4 H 2 CrO 4 + 3 Na 2 S 2 O 3 + 3 H 2 SO 4 → 3 Na 2 SO 4 + 2 Cr2 (SO 4 ) 3 + 7 H 2 O (III.2) Estas reacções ocorrem rapidamente a pH baixo. No caso de ser necessário baixar o pH, usase ácido sulfúrico. Como o consumo do agente redutor excede a quantidade teórica estequiométrica, os custos operacionais deste método podem ser significativos (Kratochvíl, 1997). III.4 Electrodiálise Os sistemas de electrodiálise usam a corrente eléctrica entre um cátodo e um ânodo para promover a separação dos iões metálicos em solução. Assim, a força directriz do processo resulta dos efeitos combinados dos gradientes de concentração e de campo eléctrico (Mohammadi et al., 2005). Uma célula de electrodiálise é constituída por três compartimentos, separados por duas membranas de permuta iónica (Figura III.1). Uma das membranas é de permuta aniónica, só permitindo a passagem de aniões, enquanto que a outra membrana é de permuta catiónica, permitindo somente a passagem de catiões (Velizarova et al., 2002). A nível industrial, um aparelho de eletrodiálise é constituído por uma bateria de 300 a 500 células acopladas. Apresenta como vantagens a elevada selectividade das membranas, baixa resistência eléctrica e grande estabilidade química, térmica e mecânica. A principal desvantagem prende-se com questões energéticas, sendo apenas aconselhada quando a concentração iónica é baixa. 30 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Figura III.1 Diagrama esquemático de uma célula de electrodiálise (Velizarova et al., 2002). III.5 Permuta Iónica A remoção em contínuo de iões metálicos, por permuta iónica, é feita em colunas de leito fixo com enchimento de resinas catiónicas e/ou aniónicas. Os iões metálicos ligam-se às resinas por troca com aniões hidróxido, protões e/ou catiões metálicos (Ca2+, K+, Na+), que são libertados para a solução (Figura III.2) (Dabrowski et al., 2004). Um sistema de permuta iónica pode conseguir remover os iões metálicos e ao mesmo tempo neutralizar um efluente ácido (usando resinas de aniões hidróxido). Além disso, com estes sistemas de permuta iónica há a possibilidade de recuperar os iões metálicos em forma de soluções concentradas, a partir das quais os metais podem ser precipitados de forma eficiente, originando baixos volumes de lama. Vários autores têm vindo a testar diferentes resinas (Biskup e Subotic, 2004; Kang et al., 2004; Tangkawanit et al., 2005), mostrando que estas são bastante selectivas para diferentes iões metálicos. No entanto, quanto maior a selectividade, maiores são as força de ligação à resina e, usualmente, mais difícil se torna a dessorção dos metais, o que aumenta o consumo de solução regenerante e o custo de operação. Para além disso, as resinas podem ser desactivadas por envenenamento com substâncias orgânicas (Helfferich, 1995). O preço das resinas situa-se na gama 50-100 € kg-1 e por isso, de forma a manter os custos de operação suficientemente baixos, os processos de permuta iónica são usualmente aplicados apenas a efluentes com teores baixos ou médios de metais. 31 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Figura III.2 Mecanismo de remoção simultânea de iões metálicos e cromatos da solução (Dabrowski et al., 2004). III.6 Osmose Inversa A osmose inversa baseia-se na aplicação de pressões elevadas a uma solução concentrada, obrigando o solvente a passar por uma membrana semi-permeável para uma região de solução diluída (Figura III.3). A solução concentrada fica cada vez mais concentrada, podendo ser reutilizada e os metais recuperados (Ujang e Anderson, 1996). No tratamento de uma água industrial com Ni, Cu e Cr registaram-se remoções da ordem dos 98%. O pH da solução, a temperatura, e a presença de outros iões são factores que poderão afectar as características da superfície da membrana, o que se traduz numa baixa qualidade do permeado, ou mesmo na ocorrência de uma ruptura prematura da membrana (Ozaki et al., 2002). A utilização deste processo permite obter uma solução com níveis de concentração de iões metálicos muito baixos, com uma boa capacidade de resposta numa gama ampla de concentrações. Este processo tem, porém, custos muito elevados de operação e investimento (Patterson, 1985). 32 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Figura III.3 Esquema de uma célula de osmose inversa (Ujang e Anderson, 1996). III.7 Adsorção A adsorção baseia-se no princípio de que uma superfície sólida em contacto com uma solução tem tendência a acumular uma camada superficial de moléculas de soluto devido principalmente ao desequilíbrio de forças superficiais existentes. O uso de um adsorvente para remoção de iões de uma corrente líquida depende do equilíbrio entre a espécie adsorvida e em solução. Como este equilíbrio é geralmente reversível, a composição do efluente a tratar não deve variar muito. Caso contrário, o equilíbrio pode ser deslocado e espécies com maior afinidade para a superfície podem substituir outras previamente ligadas por ligações mais fracas. O adsorvente de utilização mais comum é o carvão activado, que pode ter origem nos mais diversos materiais (madeira, turfa, cascas de coco e de noz, etc.), sendo os mais comuns a antracite e o carvão betuminoso. Dependendo do material de origem e do processo de activação, o carvão activado adquire propriedades específicas (estrutura porosa e resistência mecânica). O conhecimento destas propriedades permite a escolha do tipo de carvão mais apropriado para uma dada aplicação. Baseado na sua dimensão e forma, o carvão activado pode ser classificado em quatro tipos: carvão activado granulado (GAC-Granular Activated Carbon), em pó (PAC–Powdered Activated Carbon), em fibras (ACF–Activated Carbon Fibrous) e em tecido (ACC–Activated 33 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Carbon Cloth). O primeiro tipo é geralmente usado em colunas, sendo possível a sua regeneração (por via térmica, com solvente, por oxidação química ou com tratamentos ácidos/alcalinos). Qualquer tipo de regeneração representa um custo elevado, devido à instalação necessária e à necessidade de tratamento da corrente contendo os compostos dessorvidos ou lixiviados. Este processo não é muito utilizado na remoção de iões metálicos em larga escala pois a relação eficiência/preço é baixa. O segundo tipo é usado sob a forma de uma suspensão, sendo posteriormente separado em conjunto com outras lamas resultantes do processo por sedimentação/filtração. O PAC tem mostrado uma aplicabilidade promissora através do processo PACT (Powdered Activated Carbon Treatment). Monser e Adhoum (2002) utilizaram carvão activado (GAC) para a remoção de iões metálicos e obtiveram capacidades de remoção para o Cu(II), Zn(II) e Cr(VI) de, respectivamente, 38, 9,9 e 6,8 mg g-1. Babic et al. (2002) utilizaram carvão activado do tipo ACC, obtido por carbonização e activação de polímeros orgânicos, geralmente de origem celulósica, na remoção de iões de Zn(II), Cd(II) e Hg(II), com capacidades de adsorção de 2, 3,75 e 65 mg g-1. Shim et al. (2001) estudaram a adsorção de iões Ni(II) e Cu(II) e obtiveram capacidades de adsorção de, respectivamente 2 e 9 mg g-1, utilizando ACF. III.8 Biossorção III.8.1 Mecanismo da Biossorção A compreensão dos mecanismos de biossorção não é apenas de interesse académico pois existem também benefícios práticos. O principal objectivo no estudo do processo de biossorção é a respectiva optimização em aplicações industriais. Em vez de estabelecer condições óptimas de operação através de experimentação dispendiosa, deve-se ter como objectivo compreender o fenómeno, possibilitando a previsão dos resultados. A ligação dos metais às superfícies, no processo de biossorção, tem sido atribuída a um diferente número de mecanismos como a complexação, quelatação, adsorção, permuta iónica ou microprecipitação (como metal ou como complexo metálico) (Volesky, 1990). É um facto reconhecido 34 que a combinação de vários mecanismos, cada um funcionando MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA independentemente, pode contribuir para a remoção total do metal. Até este momento, os estudos realizados na área da biossorção não têm visado fundamentalmente a identificação de mecanismos específicos. No entanto, o mecanismo global pode incluir sub-mecanismos que contribuem para a remoção do ião metálico. Os principais mecanismos são baseados nas interacções sorvato/sorvente e soluto/solvente, as quais, por sua vez, dependem da combinação de forças químicas (ligações covalentes) e físicas (electrostáticas e forças de London-van der Waals). As forças químicas actuam em distâncias muito curtas (0,1-0,2 nm) (Myers, 1991) e originam uma ligação muito forte: Stumm e Morgan (1996) referem energias >> 40 kJ mol-1, Myers (1991), 150-900 kJ mol-1, Smith (1981), 20-400 kJ mol-1 para a quimissorção e Pagenkopf (1978), 40-400 kJ mol-1. Uma ligação covalente é uma ligação química formada pela partilha de um par de electrões entre dois átomos. Este tipo de ligação é direccional e localizada (Myers, 1991). As forças físicas podem ser subdivididas em electrostáticas e forças de London-van der Waals. Para a energia da sorção física têm sido indicados valores da ordem de 2-20 kJ mol-1 (Smith, 1981) e 20-40 kJ mol-1 (Pagenkopf, 1978). As forças electrostáticas (ou de Coulomb) entre iões ou entre iões e dipolos originam ligações muito fortes entre as forças físicas, com energia superior a 40 kJ mol-1 (Stumm e Morgan, 1996). A interacção é repulsiva para iões com a mesma carga e atractiva entre cargas de sinal oposto. A intensidade dessa interacção é proporcional à carga de cada ião e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre os iões. As forças de London-van der Waals podem ser divididas em três categorias: interacções dipolo-dipolo, interações dipolo-dipolo induzido e forças de dispersão de London (Myers, 1991). As duas primeiras são parecidas com as forças de Coulomb enquanto que a última tem uma natureza mecânica quântica e actua a uma distância até ~ 10 nm (Myers, 1991). A energia das forças de dispersão (8-40 kJ mol-1) é maior que a da orientação ou dipolo induzido (< 8 kJ mol-1) (Stumm e Morgan, 1996). 35 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA III.8.1.1 Permuta Iónica, Adsorção, Microprecipitação No contexto deste trabalho, o termo adsorção refere-se à ligação do catião metálico a sítios livres do adsorvente. Se os sítios estão inicialmente ocupados por outro ião (ligação covalente ou electrostática) e se este é trocado com o ião metálico, então usa-se o termo permuta iónica. A microprecipitação consiste na deposição de material electricamente neutro (metal ou sal de metal) na superfície da biomassa e não envolve necessariamente uma ligação entre a biomassa e a camada depositada. Ocorre quando se atinge o limite de solubilidade do sorvato e pode resultar de condições locais no interior do sorvente e não necessariamente das condições da solução. Essas condições podem ser criadas por desvios locais de factores físicos, como o pH, ou pela presença de produtos metabólicos da própria biomassa, que formam agregados insolúveis (sais, complexos) como, por exemplo, carbonatos, sulfatos, óxidos, oxalatos e fosfonatos (Volesky, 1990). Este processo não é limitado a uma monocamada (ou saturação dos sítios activos), mas pode originar a acumulação em várias camadas. Quando se pretende estudar apenas a biossorção, deve haver o cuidado de não exceder os limites de solubilidade, mesmo localmente, porque isso levaria à remoção do metal da solução por precipitação. No entanto, em condições normais, a microprecipitação pode ser um contributo importante para a eficiência global de remoção. Em sistemas contínuos de colunas de leito fixo, a precipitação e consequente filtração na coluna pode constituir um importante mecanismo de remoção dos iões metálicos. Os processos de permuta iónica e de adsorção podem resultar também de diferentes interacções provocadas por forças químicas, forças físicas e combinação de ambas. A força directriz para a permuta iónica é essencialmente a atracção do sorvato (metal) pelos grupos activos presentes no biossorvente. Os metais podem ligar-se electrostaticamente ou por complexação. Os complexos são constituídos por um átomo central electropositivo (metal) e por átomos, ou grupos de átomos, ligados ao átomo central por ligações covalentes dativas (o par de electrões da ligação é doado por uma das espécies e partilhada pelas duas). Se um ligando se liga ao átomo central através de dois ou mais átomos coordenantes, então o complexo é chamado quelato. As interacções entre o soluto (metal) e o solvente (normalmente água) desempenham um papel importante na permuta iónica, pois as moléculas hidrofóbicas têm menor afinidade para 36 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA a fase líquida e são mais facilmente adsorvidas. Durante o processo de biossorção, há libertação de iões naturais do biossorvente (K+, Na+, Ca2+, Mg2+, H+) e/ou de outros iões, no caso de ter havido pré-tratamento (como a protonação). A quantidade de iões libertados para a solução é igual à quantidade de iões metálicos que desaparecem da solução (Schiewer e Volesky, 1995; Yang e Volesky, 1999). III.8.1.2 Atracção Electrostática e Complexação Os ligandos presentes na biomassa, como grupos carboxílicos, podem formar complexos (ou compostos de coordenação) com os iões metálicos. Também pode ocorrer quelatação, isto é, a ligação de um ião metálico a dois átomos coordenantes da mesma molécula. A formação de complexos pode envolver uma componente covalente e outra electrostática. Quando ocorre uma atracção electrostática pura, a força de ligação deve ser correlacionada com a densidade de carga: iões com a mesma carga (z) e o mesmo raio de hidratação rhid deveriam ser ligados com a mesma intensidade. A medida do poder polarizante dum catião e, portanto, da sua capacidade para atrair electrões, é dada por z 2 / rhid . Grandes desvios da força de ligação da correlação com z 2 / rhid indicam a tendência para uma ligação do tipo covalente (Schiewer, 1996). A natureza dos iões libertados proporciona alguma informação acerca do tipo de ligação. Iões que se ligam electrostaticamente não podem trocar com iões ligados covalentemente. Verificou-se que a libertação de protões não ocorre durante a ligação de metais alcalinos e alcalino-terrosos (Crist et al., 1981). Visto que os protões se ligam, sobretudo, covalentemente, a ligação de outros iões metálicos deve ter um maior grau de covalência que a dos iões alcalinos e alcalino-terrosos. Da mesma forma, quanto maior for a inibição da ligação de outros metais na presença de Na+ (que apenas se liga electrostaticamente), maior é a contribuição da atracção electrostática na ligação dos metais ao adsorvente (Schiewer e Volesky, 1997). O tipo de ligação na biossorção pode ser explicado parcialmente pelo conceito de ácidos e bases duros e macios introduzido por Pearson (1963). Os iões “duros” (ou tipo “a”), como os dos metais alcalinos e alcalino-terrosos, participam em ligações iónicas (electrostáticas). A ligação é relativamente fraca mas é acompanhada de um arranjo considerável da estrutura da água que rodeia os iões. Os iões “macios” ou facilmente polarizáveis (ou tipo “b”), como Ag+, 37 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Au+, Hg+, Hg2+, Cu+, tendem a formar ligações covalentes. Muitos metais de transição (Fe2+, Co2+, Ni2+, Cu2+, Zn2+, Pb2+, Cd2+) e os protões têm características intermédias; por exemplo, o Cd2+ e Zn2+ tendem para “macio”, Cu2+ e Pb2+ tendem para “duro”. Relativamente aos átomos ligandos, O e F são considerados “duros”, S, P e As, “macios”, enquanto N é classificado como tendo comportamento intermédio (Gonçalves, 1988; Duffus, 2002; Volesky, 2003). Têm sido propostas diferentes correlações para mostrar que o aumento da natureza de ligação iónica (electrostática) está relacionado com o aumento da diferença de electronegatividade entre os dois átomos de ligação (Buffle, 1988). Para elementos típicos em ligandos biológicos (O, N, S) o carácter covalente da ligação aumenta com a electronegatividade do metal, ou seja, com a diminuição da diferença de electronegatividade entre o ião metálico e o ligando. É a partir do conceito de ácidos e bases “duros” e “macios” que se explica que o Pb2+ ou Cu2+ consigam estabelecer ligações com um carácter covalente maior e portanto mais fortes que os iões “duros” Na+ ou Ca2+. A diminuição de electronegatividade dos iões Cu2+ > Ni2+ > Co2+ > Mn2+ e Cu2+ > Pb2+ > Cd2+ > Zn2+ traduz-se na diminuição do carácter covalente da ligação, no aumento da ligação electrostática e, consequentemente, no aumento da força de hidratação (Schiewer, 1996). Brady e Tobin (1995) testaram o potencial da biomassa Rhizopus arrhizus para adsorver um ião duro, Sr2+, e os iões intermédios Mn2+, Zn2+, Cd2+, Cu2+ e Pb2+, presentes em solução aquosa. As capacidades de adsorção aumentaram na seguinte ordem: Sr2+ < Mn2+ < Zn2+ < Cd2+ < Cu2+ < Pb2+ e foram bem correlacionadas com o índice de covalência dos iões metálicos. O índice de covalência é o produto da electronegatividade pelo raio iónico. Os valores de índice de covalência aumentam na seguinte ordem: Sr2+ (1,05) < Mn2+ (1,97) < Zn2+ (2,13) < Cd2+ (2,71) < Cu2+ (2,98) < Pb2+ (3,29). Em geral, quanto maior o valor do índice de covalência do ião metálico, maior é a capacidade de estabelecer ligações covalentes com os ligandos biológicos. A capacidade dos iões testados para libertar os iões metálicos intermédios, previamente ligados à biomassa, aumentou com o índice de covalência. Quando o ião Sr2+ foi previamente ligado à biomassa, a capacidade dos iões intermédios para o deslocar diminuiu com o aumento do índice de covalência, com excepção do Pb2+, que conseguiu libertar todos os iões Sr2+ previamente ligados. Os autores verificaram também que, saturando o material com Ca2+ e Mg2+, estes iões eram libertados dos ligandos da biomassa por todos os outros iões metálicos testados, enquanto que a libertação dos iões H+ 38 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA foi observada apenas para os iões metálicos intermédios. Os autores concluíram que o ião metálico duro, Sr2+, exibiu apenas ligação iónica, enquanto que os iões intermédios testados mostraram um significativo grau de ligação covalente. III.8.1.3 Ligandos Vários tipos de grupos químicos têm sido referidos como sítios activos na biossorção de metais por algas (Crist et al., 1981), bactérias (Wase e Forster, 1997) ou biopolímeros (Hunt, 1986), nomeadamente grupos hidroxilo (-OH) e carbonilo (-C=O), ácidos carboxílicos (COOH), aminas (-NH2), amidas (NH2-C=O), iminas (-NH), sulfidrilos (-SH), sulfonatos (três ligações -S=O) e fosfonatos (OH-P=O, duas ligações P-OH e uma P=O). Cada um destes grupos pode contribuir para a biossorção de um dado metal, dependendo dos seguintes factores: • quantidade de sítios no material biossorvente; • acessibilidade dos sítios; • estado químico do sítio (disponibilidade); • afinidade entre o sítio e o metal (força de ligação). Para estabelecer uma ligação covalente com o metal, mesmo um sítio activo ocupado está teoricamente disponível. A ligação do ião metálico depende da sua afinidade para o sítio e da sua concentração, comparadas com as do ião que está a ocupar o sítio. Um sítio activo está disponível para a ligação electrostática (iónica) de um ião metálico se estiver ionizado. No processo de biossorção, a maioria dos sítios activos são ácidos. Muitos grupos (hidroxilos, carboxílicos, sulfidrilos, fosfonatos) são neutros quando protonados e carregados negativamente quando desprotonados. Se o pH da solução exceder o pKa, esses grupos tornam-se, na maior parte, disponíveis para a atracção dos catiões. Por outro lado, os grupos amina, imina e amida são neutros quando desprotonados e carregados positivamente quando protonados. Consequentemente, atraem aniões se se baixar o pH para protonar os grupos. A carga de superfície da alga Chlorella, a pH < 3, é positiva, provavelmente devido ao grupo amina, favorecendo a ligação de aniões, e carregada negativamente (devido aos grupos carboxílicos) para valores mais altos de pH, havendo atracção electrostática dos catiões 39 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA (Volesky, 2003). A carga do biossorvente não depende exclusivamente do valor do pH. A ligação covalente de metais pode “consumir” grupos carregados negativamente e torná-los neutros (Schiewer e Volesky, 1995). Raize et al. (2004) verificaram que o principal mecanismo para ligação do cádmio à alga Sargassum vulgaris era, aparentemente, a quelatação, enquanto que o mecanismo de ligação do níquel era, principalmente, a permuta iónica. Verificaram também que os catiões de chumbo exibiam maior afinidade para a biomassa e concluíram que o mecanismo de ligação combinava a permuta iónica com a quelatação e com reacções de redução, acompanhado por precipitação do chumbo na matriz da parede celular. Durante o processo de permuta iónica, os iões cálcio, magnésio e protões, e provavelmente outros iões (sódio e potássio) presentes na matriz da parede celular, foram substituídos pelos catiões metálicos. Concluíram ainda que os grupos carboxílicos eram a espécie predominante na biossorção dos iões metálicos pela biomassa, principalmente no caso do níquel, e que grupos contendo N e S, como as aminas/amidas e sulfonato/tiol, também estavam envolvidos na adsorção dos iões metálicos testados. III.8.2 Características da Biossorção A eficiência de um processo de biossorção de um metal não depende unicamente do biossorvente mas também do tipo de ião metálico e da sua concentração, tal como de factores físico-químicos como a temperatura, pH, força iónica, área específica e presença de outros iões em solução. III.8.2.1 Natureza da Biomassa Nos últimos anos têm sido estudados vários tipos de adsorventes nos processos de biossorção de iões metálicos: fungos (Kapoor e Viraraghavan, 1998), bactérias (Mameri et al., 1999), algas castanhas (Figueira et al., 2000), algas verdes e azuis (Chojnacka et al., 2005), algas vermelhas (Hashim e Chu, 2004), diferentes resíduos biológicos (industriais (Ajmal et al., 1998), agrícolas (Mohan e Singh, 2002), florestais (Ho et al., 2002)), quitosana (Cheung et al., 2003), sílica ligada a N-[3-(trimetoxisilil)propil]-etilenodiamina (Chiron et al., 2003), casca de caranguejo (Chu e Hashim, 2003), turfa de musgo (Ho e McKay, 2000), etc.. 40 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Dos vários estudos realizados pode concluir-se que a eficiência de bioacumulação por organismos vivos depende das condições do meio de cultura, estado fisiológico ou idade do organismo (Tsezos, 1990). Em determinadas situações, a biossorção por material morto provou ser mais eficiente do que a bioacumulação por organismos vivos (Tsezos, 1990; Wase e Forster, 1997). Alguns tipos de biomassa (p.e. alga Chlorella Vulgaris, biomassa de Bacillus, Sphagnum sp.) (Gupta et al., 1998) têm demonstrado uma eficiência semelhante ou maior que a das resinas de permuta iónica. Brower et al. (1997) compararam algumas resinas de permuta iónica com um biossorvente (NCP-Neurospora Crossa Gene) (recombinação da bactéria Escherichia coli) e verificaram que, para os iões Cu2+, Ni2+, e Cr3+, a eficiência do biossorvente é semelhante ou maior que a das resinas de permuta iónica (Duolite GT-73 – resina com o grupo funcional tiol; IRC-718 – resina quelante com o grupo funcional ácido iminodiacético; BIO-FIX – turfa de musgo imobilizado com polissulfonas). A acumulação de urânio pela alga castanha Sargassum pode representar cerca de 50% do seu peso seco (Yang e Volesky, 1999). III.8.2.2 Área Superficial Específica Como a biossorção é um fenómeno de superfície, a eficiência do processo é proporcional à superfície total activa por unidade de massa do biossorvente. A área superficial específica do adsorvente aumenta com a diminuição da granulometria e com o aumento da porosidade, quando este é acompanhado da diminuição do tamanho de poros do sólido (Weber, 1972). Tien (2002) verificou que a área superficial específica de diferentes algas diminuíam na seguinte ordem: O. Limnetica > C. Vulgaris > E. Elegans > A.Spiroidesque. Verificou ainda que a capacidade de biossorção dos iões Cu2+ e Pb2+ apresentava a mesma tendência, indicando que a área específica é um indicador da capacidade de biossorção. No entanto, apesar da alga O. Limnetica ter a maior área específica, apresenta uma baixa capacidade de fixação de Cd2+, o que sugere que possui centros activos com menor afinidade para o cádmio. III.8.2.3 pH da Solução Um factor de grande importância no processo de biossorção é o pH da solução: a biossorção de catiões metálicos aumenta com o pH. 41 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Os iões metálicos podem ser classificados em três classes com base no efeito do pH no processo de biossorção (Wase e Forster, 1997). A primeira classe liga-se a pH > 5 e pode ser dessorvida a pH < 2. Nesta classe estão Cd2+, Cu2+, Zn2+, Pb2+, Cr 3+, Ni2+, Mn2+, Al3+, Fe3+ e UO 22+ . Estes catiões ligam-se aos sítios activos presentes na parede celular do biossorvente. Mas, à medida que o pH diminui, a carga da parede celular torna-se positiva e inibe a aproximação dos iões positivos. Para as espécies metálicas aniónicas (segundo grupo) como TcO −4 , PtCl 34− , CrO 24− , SeO 24− e Au (CN )2 a situação inverte-se: para valores inferiores de − pH a biossorção aumenta. Este efeito é explicado pelo aumento da ligação dos protões aos sítios activos, o que torna a superfície carregada positivamente atraindo os aniões. Estão descritas algumas situações em que não foi observado nenhum efeito do pH na capacidade de biossorção, como por exemplo na biossorção do molibdénio pela alga Chlorella regularis (Sakaguchi et al., 1981), embora a biossorção de outros metais pela mesma alga seja afectada pelo pH. Outras espécies metálicas, cujo processo de biossorção é independente do pH, são Ag+, Hg2+ e AuCl −4 (Hosea et al., 1986). Estes metais constituem o terceiro grupo e, geralmente, são considerados “macios” na natureza porque formam, preferencialmente, complexos covalentes com ligandos “macios”, contendo azoto e enxofre. A influência do pH na capacidade de biossorção pode ser descrita de três formas: • o estado químico dos centros activos pode ser modificado pelo pH da solução. Quando os grupos responsáveis pela adsorção são ligeiramente ácidos ou alcalinos, a disponibilidade de sítios livres é dependente do pH. Para baixos pH, os protões podem competir com os iões metálicos para os sítios activos. A protonação dos sítios activos a baixo pH, tende a diminuir a adsorção do metal. A pH suficientemente baixo, todos os sítios activos podem estar protonados e deste modo, todos os metais inicialmente adsorvidos são dessorvidos (Yang, 1999); • valores extremos de pH, como aqueles que são utilizados na regeneração do biossorvente, podem danificar a sua estrutura. Foram observadas distorções das células da estrutura de biossorvente, a nível macroscópico, acompanhadas por uma significante perda de biomassa e diminuição na capacidade de adsorção (Kuyucak e Volesky, 1988); 42 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA • o pH da solução pode influenciar significativamente a especiação iónica de alguns tipos de metais. À medida que se aumenta o pH, há uma diminuição da solubilidade dos complexos metálicos, o que impõe limitações ao intervalo de pH viável para o estudo da biossorção. Como a adsorção não depende somente da atracção do sorvato pela superfície do sólido, mas também do comportamento do soluto relativamente ao solvente (a adsorção aumenta com o aumento da hidrofobicidade), para a maioria dos metais isto significa que a adsorção aumenta com o pH. Por outro lado, valores muito elevados de pH levam à precipitação dos complexos metálicos e devem ser evitados durante experiências de biossorção, pois a distinção entre adsorção e precipitação na remoção metálica é difícil. Conforme o pH, diferentes espécies metálicas podem ocorrer em solução, com diferentes afinidades para os centros activos, como se verifica na especiação do crómio ilustrada na Figura III.4. Com base em diagramas deste tipo é possível saber quais as espécies predominantes a cada valor de pH e sugerir um mecanismo de adsorção. Figura III.4 Diagrama de especiação do crómio em função do pH (Haug e Smidsrod, 1970). Yun et al. (2001) estudaram a influência do pH na biossorção do crómio trivalente na alga marinha castanha Ecklonia sp. para valores de pH entre 1 e 5. Os autores desenvolveram um modelo de equilíbrio, no qual admitem que as duas espécies predominantes nesta gama de pH, Cr3+ e CrOH2+, se ligam aos centros activos do biossorvente e concluíram que o ião Cr3+ apresenta maior afinidade pela superfície que o ião CrOH2+. Para valores de pH inferiores a 2 quase todos os sítios activos são ocupados pelos protões. À medida que o pH aumenta, a 43 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA espécie Cr3+ começa a ligar-se e o máximo de ligação desta espécie ocorre a pH 4,3. Para valores baixos de pH, a ligação da espécie CrOH2+ é inferior à de Cr3+. No entanto, aumentou gradualmente com o pH, excedendo o nível de Cr3+ ligado a pH > 4,5. Enquanto as concentrações de Cr3+ e CrOH2+ na solução aquosa são iguais a pH 3,55, as capacidades de adsorção das duas espécies só são iguais a pH 4,5. Isto significa que a afinidade da espécie Cr3+ para os sítios activos é superior à da espécie CrOH2+. III.8.2.4 Temperatura A influência da temperatura no processo de biossorção depende do tipo de biossorvente. Segundo Mohan e Singh (2002), para valores de temperatura entre 10 e 40 ºC, o aumento da temperatura origina um aumento da capacidade de biossorção de Cd(II) e Zn(II) em 78%, usando como adsorvente carvão activado derivado de bagasso (resíduo da agricultura), num processo de adsorção endotérmico. Aksu (2002), usando como adsorvente a alga verde Chlorella Vulgaris, verificou que o aumento de temperatura de 15 para 45 ºC aumenta a capacidade de biossorção em 15%. Cruz et al. (2004), com a alga castanha Sargassum sp., verificaram que o efeito da temperatura entre 25 e 55ºC era desprezável. O aumento de temperatura, para além de aumentar a capacidade de adsorção no equilíbrio, também pode aumentar a velocidade de biossorção, diminuindo o tempo necessário para atingir o equilíbrio (Sâg e Kutsal, 2000). O aumento da biossorção de iões metálicos com a temperatura pode ser explicado pela dissociação de espécies químicas presentes no biossorvente, o que faz com que haja mais sítios livres para a fixação dos iões metálicos, ou pela diminuição do calor de adsorção, o que facilita a remoção dos iões ligados aos sítios activos dos biossorventes, os quais são depois ocupados pelo ião metálico (Panday et al., 1985; Krishnan e Anirudhan, 2003). Por outro lado, Singh et al. (1988b), utilizando Hematite como adsorvente, verificaram que o aumento de temperatura de 20 para 40ºC diminuiu a capacidade de adsorção de As(II) em 24%, num processo exotérmico. Esta diminuição é atribuída à tendência dos iões agarrados à superfície se libertarem e voltarem à solução. Em conclusão, em aplicações práticas do processo de biossorção, não deverá aumentar-se significativamente a temperatura, tanto por razões de ordem económica, como pelo facto de poderem ocorrer mudanças na textura do biossorvente e deterioração do material para valores 44 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA de temperatura superiores a 60ºC. Até valores desta ordem, o efeito da temperatura é pequeno, comparado com outros factores. III.8.2.5 Presença de Aniões A presença de outros iões em solução, que competem com os iões metálicos para os sítios activos do biossorvente, faz diminuir a capacidade de biossorção dos iões metálicos. Teoricamente, a presença de aniões (em níveis que não causem precipitação) pode levar a (Tobin et al., 1987): 1. formação de complexos com maior afinidade para o biossorvente do que o metal livre, originando um aumento da biossorção; 2. formação de complexos com menor afinidade para o biossorvente do que o metal livre, ocorrendo uma redução da biossorção; 3. interacção dos aniões com o biossorvente, mudando o estado dos centros activos, de forma a que a biossorção é realçada ou reduzida. Não existe nenhuma indicação na literatura relativa ao processo de biossorção de que a terceira interacção possa ocorrer. Este tipo de interacção é improvável nos materiais em estudo, pois os sítios activos maioritários (grupos carboxílicos carregados negativamente) não devem interagir com aniões como SO 24− , NO 3− , etc.. Chen et al. (1990) concluíram que mais de 50% da biossorção dos iões Cu2+ por um musgo, ocorre como complexação do nitrato de cobre (Cu(NO3)2) nos sítios activos. O resto da biossorção foi devida a permuta iónica visto que a neutralidade da carga foi mantida. No entanto, pode ainda ter acontecido que o cobre tenha sido totalmente adsorvido na forma de Cu(NO3)+. Com excepção de OH-, na maioria dos casos de biossorção, a presença de aniões tende a reduzir a ligação dos iões metálicos (Tobin et al., 1987). Isto significa que o biossorvente tem uma menor afinidade para os complexos metal-anião do que para o ião metálico hidratado. No entanto, a afinidade para esses complexos, metal-anião, depende do anião, diminuindo do seguinte modo (Helfferich, 1995): SO 24− > I − > NO 3− > CrO 24− > Br − > SCN − > Cl − > F − . 45 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Como o ião Cl − tem uma pequena afinidade para o biossorvente, é mais apropriado usar sais de Cl − como electrólito, tanto para o controlo da força iónica como para a preparação das soluções de iões metálicos. Ramelow et al. (1992) verificaram que a adição de 0,1% de EDTA, que é um forte complexante dos iões metálicos, resultou na redução de mais de 90% na biossorção de Cd, Cu, Zn e Pb por algas marinhas. Por esta razão, o EDTA tem sido usado como eluente no processo de dessorção, para posterior reutilização da biomassa. No entanto, como a presença de agentes complexantes fortes em concentrações significativas é rara em efluentes industriais com iões metálicos, o efeito deste tipo de aniões é de importância secundária. III.8.2.6 Presença de Outros Catiões A presença de outros catiões em solução resulta numa competição com os iões metálicos para os sítios activos do adsorvente (Schiewer, 1996). A inibição da biossorção depende da força de ligação do ião metálico ao biossorvente. Lee e Volesky (1997) verificaram que a interacção de iões metálicos alcalinos e alcalino terrosos com a alga Sargassum fluitans, com base na permuta com protões, seguia a seguinte ordem: Na + ≤ K + < Mg 2+ < Ca 2+ < Al 3+ . Por exemplo, os iões Mg2+ e Na+ competem com o ião Zn2+ para os sítios activos de uma alga verde (90% de diminuição de adsorção para uma concentração 200 mM de NaCl ou Mg(NO3)2), mas interferem menos na ligação de Pb2+ ou Cu2+ (menos de 50 % de redução da fixação dos iões Pb2+ ou Cu2+ na presença de 200 mM de NaCl ou Mg(NO3)2) (Ferguson e Bubela, 1974). A inibição provocada por metais alcalinos (K+, Na+) na ligação dos iões metálicos à biomassa microbiana é muito menos pronunciada que a inibição provocada pela presença de iões metálicos (Zn2+, Cu2+, Fe2+) na biossorção do urânio ou rádio (Tsezos, 1990). Na biossorção de Cd2+, Cu2+ e Zn2+ pela alga castanha Ascophyllum nodosum, a presença de um dos catiões reduz a capacidade de biossorção de outro. Dos três catiões, o Zn2+ é o ião 46 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA com menor afinidade para a superfície da alga e o Cu2+, o ião com maior afinidade (Chong e Volesky, 1995). III.8.3 Biossorventes III.8.3.1 Introdução As características mais procuradas num adsorvente são: capacidade, selectividade, regenerabilidade, compatibilidade e baixo custo. Raramente um adsorvente será óptimo em todos estes aspectos. A capacidade é a quantidade de adsorvato retido por unidade de massa ou volume de adsorvente, e é normalmente a característica mais importante. A capacidade afecta muito o custo de capital, uma vez que determina a quantidade necessária de adsorvente e o volume das unidades utilizadas. A regenerabilidade é essencial para todas as unidades de adsorção, pois o adsorvente pode operar em ciclos sequenciais com desempenho uniforme. Para a implementação de uma nova tecnologia de acumulação de iões metálicos, deve ser estabelecida uma série de requisitos para a competitividade técnica e económica do processo: 1. a biomassa deve ter uma capacidade de acumulação elevada; 2. as etapas de sorção e dessorção devem ser rápidas e eficientes; 3. a biomassa deve ser abundante naturalmente e de baixo custo; 4. a biomassa deve ser reutilizável; 5. a biomassa deve ser adaptável a diferentes configurações dos equipamentos; 6. a separação do metal retido deve ser fácil e barata. Com a descoberta de novos tipos de biomassa, com elevada capacidade para sorver metais, há um potencial real para a introdução de toda uma família de novos biossorventes, que parecem ser muito competitivos e apresentam uma relação custo/eficiência considerável na sorção de 47 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA iões metálicos em soluções diluídas. Estes materiais podem constituir as bases de toda uma nova tecnologia para a remoção e recuperação de metais. Segue-se, para cada um dos subgrupos de biossorventes, uma breve caracterização acompanhada de referências a estudos efectuados. III.8.3.2 Quitosana A quitina, que se encontra predominantemente nas carapaças de moluscos e crustáceos, é o segundo biopolímero natural mais abundante, a seguir à celulose. Contudo, mais importante do que a quitina é a quitosana, que possui uma estrutura molecular semelhante à da celulose e é produzida mediante a desacetilação alcalina da quitina. Actualmente, a quitosana está a captar um interesse cada vez maior na investigação científica, uma vez que é um biossorvente eficaz para remoção de metais tóxicos em solução. A crescente necessidade de novos adsorventes de baixo custo, os problemas crescentes do tratamento de resíduos e o custo cada vez maior das resinas sintéticas tornam a quitosana um dos materiais mais atractivos para o tratamento de águas residuais (Volesky, 2003). Babel e Kurniawan (2003) estimaram que a quitosana poderia ser produzida a partir de peixes e crustáceos a um preço de mercado de 14 € kg-1. Nos últimos anos têm sido realizados vários estudos com a quitosana. Jha et al. (1988) usaram a quitosana para a remoção de cádmio e demonstraram que a capacidade de adsorção era de 5,93 mg de Cd2+ g-1, num intervalo de pH 4,0-8,3. A presença do complexante EDTA diminuiu significativamente a remoção de cádmio pela quitosana, uma vez que o EDTA, que é um agente quelante mais forte, compete com a quitosana pela ligação ao metal. McKay et al. (1989) apresentam valores de capacidade máxima de adsorção de Hg2+, Cu2+, Ni2+ e Zn2+ por quitosana de 815, 222, 164 e 75 mg g-1, respectivamente. A interacção entre a quitosana e o crómio hexavalente foi estudada por Udaybhaskar e Iyengar (1990). Estes investigadores obtiveram uma capacidade de adsorção de 273 mg de Cr6+ g-1 de quitosana a pH 4,0. Huang et al. (1996) realizaram um estudo comparativo da capacidade de adsorção da quitosana para os iões metálicos Cu2+, Cd2+, Ni2+, Pb2+ e Hg2+, e apresentam os seguintes valores: 16,8; 8,5; 2,4; 16,4 e 51,6 mg g-1 de quitosana, respectivamente. 48 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA A adsorção de cobre em quitosana foi estudada por Ngah e Isa (1998), que verificaram que 1g de quitosana poderia adsorver 4,7 mg de Cu2+, a um pH de 6,2. Este resultado é significativamente diferente do obtido num estudo prévio, no qual um valor pH de 5,5 era considerado favorável para a remoção de cobre, com valores de cerca de 13 mg de Cu2+ adsorvidos por g de quitosana, em condições de equilíbrio. A diferença na capacidade de adsorção obtida nos dois estudos pode ser devida à diferença do tamanho das partículas de adsorvente. Os resultados dos estudos efectuados indicam que a quitosana é um bom adsorvente para todos os metais tóxicos, o que é atribuído à sua elevada hidrofobicidade, devida a uma grande quantidade de grupos hidroxilos e de grupos amino primários com elevada actividade e à estrutura flexível da cadeia polímérica. III.8.3.3 Turfa de Musgo A turfa de musgo é uma substância natural, disponível e abundante, não só na Europa (Inglaterra e Irlanda), mas também no Estados Unidos. É um material complexo, constituído principalmente por lenhina e celulose. A turfa de musgo tem uma elevada área superficial específica (> 200 m2 g-1) e é altamente porosa podendo ser utilizada na remoção de iões metálicos. Trata-se de um material relativamente pouco dispendioso (0,023 US$ kg-1) e disponível (Babel e Kurniawan, 2003). Gosseta et al. (1986) observaram que a turfa de musgo desempenhava um papel importante na remoção de Cu2+, Cd2+, Zn2+ e Ni2+ em efluentes industriais. As capacidades de adsorção obtidas foram: 12,1; 20,2; 11,1 e 11,1 mg g-1, respectivamente, para turfa eutrófica, pobre em celulose, mas rica em substâncias húmicas. Com turfa oligotrófica, mais ácida que a turfa eutrófica, e com mais matéria orgânica, as capacidades de adsorção foram: 12,1; 22,5; 13,1 e 11,7 mg g-1, respectivamente. Os dois tipos de turfas contêm cerca de 85% de ácidos húmicos e 15% de ácidos fúlvicos. Usando os dois tipos de turfas na adsorção de cobre verificou-se que a turfa eutrófica tinha uma capacidade de adsorção maior (19,6 mg g-1) que a turfa oligotrófica (6,4 mg g-1) (Chen et al., 1990). Segundo Sharma e Forster (1993), a capacidade de adsorção de Cr6+ usando turfa de Esfagno foi 132 mg g-1 no intervalo de pH 1,5-6,0. 49 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Noutro estudo realizado por Sharma e Forster (1994), foi demonstrado que a capacidade de adsorção é maior a valores de pH mais baixos. A pH 2,0, a turfa é capaz de adsorver cerca de 20% mais (cerca de 44 mg de Cr6+ g-1) do que a pH 2,5. Ma e Tobin (2003) também utilizaram a turfa como adsorvente na remoção de Cr3+, Cu2+ e Cd2+, e obtiveram as seguintes capacidades de remoção: 20,8, 25,4 e 22,5 mg g-1, respectivamente. Verificaram que a presença de um co-ião em adsorção multicomponente resultava numa redução de 70% na capacidade de adsorção do metal primário. De uma forma geral, os resultados mencionados indicam que a turfa de musgo é um bom adsorvente para todos os metais. Sabe-se que a turfa de musgo exibe uma capacidade de permuta iónica e de complexação com o metal devido à presença de grupos funcionais (grupos carboxílicos, fenólicos e hidroxilos) na sua estrutura. III.8.3.4 Resíduos Industriais O resíduo de hidróxido de ferro (III) das indústrias de fertilizantes tem sido estudado para a remoção de Cr6+ de águas residuais (Namasivayam e Ranganathan, 1993). Estes autores concluíram que a capacidade máxima de adsorção do hidróxido de ferro (III) foi obtida a pH 5,6 (0,47 mg de Cr6+ g-1). Este resultado não está em concordância com o apresentado por Aoki e Munemori (1982), segundo o qual o HCrO -4 é adsorvido eficientemente a pH 8,5. Esta diferença deve-se ao facto da adsorção de Cr6+ no estudo mais recente ter sido afectada pela presença dos aniões SO 24- e SCN-, que competem pelos sítios de adsorção. O material carbonizado, obtido a partir de lamas geradas em unidades de produção de fertilizantes, apresenta boas capacidades de adsorção (Srivastava et al., 1989a). Estes autores estudaram a utilização do material carbonizado na remoção de Cu2+, Cr6+, Hg2+ e Pb2+ de soluções aquosas e concluíram que este produto apresenta uma excelente capacidade de adsorção para Cr6+ (640 mg g-1), Hg2+ (560 mg g-1) e Pb2+ (1030 mg g-1). Num estudo semelhante foi estudada a remoção de Cu2+ e Cd2+ utilizando lamas residuais geradas no processamento de crustáceos (Lee e Davis, 2001). A capacidade de adsorção obtida foi de 20,97 e 15,73 mg g-1 para Cu2+ e Cd2+, respectivamente. Srivastava et al. (1994) estudaram a adsorção de Pb2+ e de Zn2+ pela lenhina extraída do licor negro. Obtiveram uma capacidade de adsorção para o Pb2+ de 1865 mg g-1 e para o Zn2+ de 95 50 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA mg g-1, a uma temperatura de 40 ºC. Os resultados indicaram que a elevada capacidade de adsorção da lenhina se deve à presença de grupos fenólicos poli-hidrícos. Os autores concluíram ainda que a adsorção é um processo endotérmico, uma vez que é favorecida pelo aumento da temperatura. A escória dos fornos de fundição, um resíduo industrial gerado nas fábricas de aço, é outro adsorvente de baixo custo que apresenta capacidade para adsorver metais tóxicos. Dimitrova (1996) concluiu que a sorção de Cu2+, Ni2+ e Zn2+ na escória ocorre na forma de complexos hidro-oxo e que a elevada capacidade de sorção está relacionada com a formação de compostos solúveis na superfície interna do adsorvente. A capacidade máxima da escória para a adsorção de Pb2+ e Cr6+ é de, respectivamente, 40 e 7,5 mg g-1 (Srivastava et al., 1997). Pode concluir-se que a eficiência da remoção é comparável à do carvão activado comercial (o preço ronda os 20-22 US$ kg-1), na medida em que 1 g de carvão activado pode adsorver 32,4 mg de Pb2+. Ajmal et al. (1998) usaram o serrim, recolhido numa fábrica de madeira, para remover cobre. Concluíram que é um bom adsorvente, com uma capacidade de adsorção de 13,8 mg de Cu2+ g-1 de serrim. As cinzas volantes obtidas na queima da cana-de-açúcar foram usadas para remover Cr6+ das águas residuais resultantes dos processos de deposição electrolítica (Gupta et al., 1999). A capacidade de sorção diminuiu com o aumento da temperatura, o que sugere que o processo de adsorção é exotérmico (T = 30ºC, 260 mg Cr6+ g-1; T = 40ºC, 123,8 mg Cr6+ g-1). O equilíbrio de adsorção foi descrito pelas isotérmicas de Langmuir e de Freundlich. Os mesmos autores estudaram a remoção de cádmio e níquel pelas mesmas cinzas volantes (Gupta et al., 2003). As capacidades máximas de adsorção obtidas foram respectivamente, para o cádmio e o níquel, 2,0 e 1,7 mg g-1, à temperatura de 50ºC e a pH 6,5. A adsorção dos metais aumentou com a temperatura, indicando a natureza endotérmica do processo. A lama vermelha activada, um derivado da indústria de alumínio, é composta principalmente por partículas de sílica, alumínio, ferro e óxido de titânio. Esta lama foi usada por Pradhan et al. (1999) para adsorver crómio hexavalente a partir de uma solução aquosa. A capacidade de adsorção obtida foi de 1,6 mg de Cr6+ g-1 de lama vermelha a um pH de 5,2. 51 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA III.8.3.5 Bactérias O uso de bactérias como biossorvente tem sido objecto de muitos estudos devido ao seu pequeno tamanho, capacidade de crescerem sob condições controladas e resistência a diferentes condições ambientais (Wase e Forster, 1997). Zouboulis et al. (2004) verificaram que o aumento da temperatura não afectava a remoção de Cd(II) pela bactéria B. licheniformis; no entanto, a remoção de Cr(VI) era ligeiramente afectada pela variação de temperatura. As capacidades máximas de remoção de Cd(II), usando bactérias mortas B. licheniformis e B. laterosporus, foram, respectivamente, 142,7 e 159,5 mg g-1, a pH = 7. Para o Cr(VI), usando a mesma biomassa, obtiveram remoções de 62 e 72,6 mg g-1, a pH = 2,5. Usando bactérias vivas, verificaram que a capacidade de adsorção dos dois metais diminuía acentuadamente, e durante a regeneração havia uma perda substancial de massa. A remoção de zinco pela bactéria morta Streptomyces rimosus foi estudada por Mameri et al. (1999). Esta bactéria foi obtida na produção de antibióticos e recolhida após a fermentação. A biomassa sofreu um tratamento térmico, tendo sido depois produzidas partículas da ordem de 140-250 µm. Os dados de equilíbrio foram bem descritos pela isotérmica de Langmuir, obtendo-se uma capacidade máxima de remoção de 30 mg g-1, a pH 7,5. Após um tratamento adicional da biomassa com NaOH (1 M), a capacidade de adsorção aumentou para 80 mg g-1. Iqbal e Edyvean (2004) imobilizaram a bactéria Phanerochaete chrysosporium numa esponja de fibra e utilizaram esta biomassa para a remoção de Pb(II), Cu(II) e Zn(II) de soluções aquosas. Verificaram que a biomassa removia eficientemente os iões metálicos com uma selectividade decrescente na ordem: Pb(II) > Cu(II) > Zn(II). A capacidade de biossorção aumentou com o aumento das concentrações iniciais de ião metálico. O equilíbrio foi estabelecido ao fim de 60 min, e descrito pela isotérmica de Langmuir com as seguintes capacidades máximas de adsorção: 135,3, 102,8 e 50,9 mg g-1, respectivamente para o Pb(II), Cu(II) e Zn(II), a pH 6. O efeito da temperatura na capacidade de adsorção no intervalo de 1050 ºC foi desprezável. A adsorção multi-componente destes catiões metálicos mostrou uma inibição dominante do Pb(II) sobre o Cu(II) e o Zn(II) e do Cu(II) sobre o Zn(II). A regeneração do biossorvente foi feita com uma solução de HCl 50 mM, com uma eficiência de dessorção de 98%. A biomassa foi usada em cinco ciclos contínuos de adsorção-dessorção, sem perda de massa significativa. 52 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA III.8.3.6 Fungos Os fungos têm vindo a ser bastante estudados para remoção de iões metálicos em solução aquosa. A imobilização dos fungos numa matriz sólida polimérica facilita a sua aplicação em sistemas industriais para tratamento de efluentes residuais. Kapoor e Viraraghavan (1998) imobilizaram a biomassa Aspergilius niger numa matriz de polissulfona e produziram partículas esféricas com diâmetros entre 0,81 e 2,0 mm, com uma estrutura porosa. Esta biomassa foi usada para remoção de iões Cu(II), Cd(II), Pb(II) e Ni(II) num sistema contínuo de leito fixo. A quantidade de metal adsorvido foi de 3,6; 2,89; 10,05 e 1,08 mg g-1, respectivamente para o cádmio, cobre, chumbo e níquel. A biomassa foi facilmente regenerada usando uma solução 0,05 N HNO3. Arica et al. (2001) estudaram a biossorção de iões cádmio pelo fungo Trametes versicolor, impregnado em alginato de cálcio, em sistema fechado. As capacidades máximas de biossorção para o fungo vivo e morto impregnados foram, respectivamente, 102,3 e 102,6 mg g-1. O equilíbrio de biossorção foi estabelecido ao fim de 60 min e foi bem descrito pelas isotérmicas de Langmuir e Freundlich. A cinética de biossorção dos iões cádmio depende das condições experimentais, particularmente do pH do meio e da concentração inicial de iões, sendo bem descrita pelo modelo de pseudo-segunda-ordem. A regeneração da biomassa foi feita com uma solução de HCl 10 mM, obtendo-se uma recuperação de 97%. O biossorvente foi reutilizado em três ciclos de biossorção/dessorção sem qualquer perda significativa da capacidade de biossorção. Bai e Abraham (2002) concluíram que os grupos amina, presentes na parede celular do fungo Rhizopus nigricans, estão envolvidos na adsorção de Cr(VI) em solução aquosa. As modificações da biomassa por tratamento com 0,1 N HCl, 3% APTS (Amino Propil Trimetoxi Silano), 1% PEI (Polietilenoimina) e 5% CTAB (Brometo de Cetil Trimetil Amónio) aumentaram significativamente a capacidade de adsorção do metal. A área superficial específica do biossorvente também foi substancialmente alterada com o tratamento realizado. Partindo de uma solução inicial de 500 mg Cr6+ l-1, a biomassa tratada APTS conseguiu remover 212 mg Cr6+ g-1, enquanto que a biomassa não modificada removeu apenas 119 mg Cr6+ g-1. 53 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA III.8.3.7 Algas Marinhas As populações de algas têm sido usadas há muito tempo como indicadores de equilíbrios ecológicos e alterações nas condições nutricionais naturais, bem como dos efeitos tóxicos de substâncias de origem antropogénica. As populações naturais de algas podem responder prontamente a qualquer alteração do ambiente, e têm sido usadas para monitorizar o grau de poluição dum sistema aquático. Sobre este aspecto, a interacção algas-metais tem sido particularmente estudada. O uso de macroalgas marinhas tem-se mostrado promissor, tanto do ponto de vista técnico como económico, uma vez que permite uma melhor operacionalidade de sistemas contínuos e o tratamento de grandes volumes de efluentes (Volesky, 1990). Hashim e Chu (2004) estudaram a capacidade de biossorção de iões cádmio por diferentes algas (castanhas, verdes e vermelhas). As capacidades máximas de biossorção, a pH 5 e T = 25ºC, variaram entre 83,2 mg g-1 para a alga castanha Sargassum baccularia e 18,0 mg g-1 para a alga vermelha Gracilaria salicornia, como se pode observar na Tabela III.1. Em geral, as algas castanhas apresentam maior capacidade de remoção de cádmio. Outras experiências realizadas com a alga Sargassum baccularia mostraram que as capacidades de adsorção se mantinham praticamente constantes para 3 < pH < 5, mas diminuíam significativamente quando o pH baixava para 2. A presença de outros catiões, como sódio, potássio e magnésio e aniões, como cloretos, nitratos, sulfatos e acetatos, até concentrações de 3,24 mmol l-1, não tem efeito significativo na capacidade de adsorção do cádmio. Pelo contrário, os iões cálcio inibem fortemente a adsorção do cádmio. Os estudos cinéticos revelaram que a remoção de cádmio é um processo rápido, em que mais de 90% da capacidade de adsorção total ocorre nos primeiros 30-40 minutos de tempo de contacto. Jalali et al. (2002) estudaram a biossorção de Pb2+ por diferentes algas marinhas, castanhas, verdes e vermelhas, colhidas em Setembro na costa do Golfo Pérsico no Irão. A biossorção do chumbo ocorreu rapidamente, a maior parte nos primeiros 30 minutos. As três espécies de algas castanhas apresentaram uma maior capacidade de adsorção relativamente às outras espécies, a pH 4,5 e T = 30ºC (Tabela III.1). O aumento do pH da solução aumentou a capacidade de adsorção do chumbo. A dessorção do chumbo foi conseguida pela eluição da biomassa com 0,1 M HNO3 durante 15 minutos, obtendo-se uma percentagem de recuperação de metal de 95%. A regeneração do biossorvente, após a dessorção por lavagem com uma 54 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA solução de CaCl2, fez com que a capacidade de adsorção do chumbo, pela alga Sargassum hystrix, não se tenha alterado significativamente durante 10 ciclos de adsorção-dessorção. Tabela III.1 Capacidade de biossorção máxima (Qmax) de Cd2+ e Pb2+ em diferentes espécies de algas marinhas. Metal Cd 2+ Espécies de algas (Hashim e Chu, 2004) Sargassum baccularia (castanha) Sargassum siliquosum (castanha) Padina tetrastomatica (castanha) Chaetomorpha linum (verde) Gracilaria changii (vermelha) Gracilaria edulis (vermelha) Gracilaria salicornia (Vermelha) Qmax (mg g-1) Metal 83,2 82,1 59,6 54,0 25,9 27,0 18,0 Pb 2+ Espécies de algas (Jalali et al., 2002) Sargassum hystrix (castanha) Sargassum natans (castanha) Padina pavonia (castanha) Ulva lactuca (verde) Cladophora glomerata (verde) Gracilaria corticata (vermelha) Qmax (mg g-1) 285 238 217,4 126,5 73,5 54 Gracilaria canaliculata (vermelha) 41,8 Polysiphonia violacea (vermelha) 102 A biossorção do crómio hexavalente por 48 espécies de algas marinhas, incluindo algas castanhas, verdes e vermelhas, colhidas na costa Este da Coreia, entre Yangyang e Kosung, foi estudada por Lee et al. (2000). Depois de examinarem as características da adsorção de Cr6+ pelas algas, a pH = 4,5 e T = 25ºC, os autores concluíram que a maior parte destas algas adsorvia muito pouco, menos de 10% da concentração inicial de Cr6+, mas a alga vermelha Pachymeniopsis sp., nas mesmas condições, conseguia remover 57% (225 mg g-1). A alga Pelvetia sp. também mostrou uma capacidade de adsorção considerável. A época da recolha da alga Pachymeniopsis sp. não afectou a capacidade de adsorção, mas o período óptimo para a colheita foi Abril-Maio. Esta alga apresenta uma capacidade de adsorção muito baixa para outros iões metálicos, como cádmio e manganês. A dessorção de Cr6+ da alga foi estudada variando o pH: o contacto da biomassa saturada com uma solução de HCl 1 N dessorvia apenas 0,56 mg Cr6+ g-1, enquanto que, utilizando 1 N NaOH, dessorvia 38,3 mg g-1. A adsorção do Cr6+ também foi testada usando resinas comerciais de permuta iónica, tendo os mesmos autores concluído que o crómio hexavalente em solução está na forma aniónica CrO 24− e que a adsorção desta espécie pela alga Pachymeniopsis sp. resulta de uma permuta aniónica com os grupos funcionais carregados positivamente, presentes na parede celular. 55 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Este comportamento também foi observado na dessorção, na qual valores de pH baixos eram ineficazes na regeneração do biossorvente. Concluíram também que os grupos de superfície da alga Pachymeniopsis sp. são diferentes dos das outras algas marinhas, as quais têm grupos carregados negativamente que atraem os catiões. A biossorção de Cr3+ foi estudada usando como adsorvente a alga castanha Ecklonia sp. protonada, colhida na costa Pohang da Coreia (Yun et al., 2001). A titulação potenciométrica da biomassa revelou que contém pelo menos três grupos funcionais e a análise por FTIR mostrou que os grupos carboxílicos eram os sítios responsáveis pela adsorção dos iões Cr3+ na gama de pH 1-5. Foram estimados os valores de pKa e a quantidade de grupos carboxílicos, obtendo-se, respectivamente, 4,6 e 2,2 mmol g-1. As isotérmicas de equilíbrio de adsorção, determinadas a diferentes valores de pH da solução, indicaram que a capacidade de adsorção do Cr3+ aumenta com o pH. Foi descrito um modelo da biossorção que tem em conta a reacção de hidrólise do crómio em solução aquosa, com formação da espécie CrOH2+. Este modelo pressupõe a ligação da espécie Cr3+ a três sítios activos do biossorvente e a ligação da espécie CrOH2+ a dois sítios activos do biossorvente. O modelo é capaz de prever os dados experimentais de equilíbrio a diferentes valores de pH e concentração de crómio. O modelo calcula também a especiação em função do pH, de forma a visualizar a distribuição das diferentes espécies iónicas por cada sítio activo. Yu et al. (1999) estudaram a biossorção de Cd2+, Cu2+ e Pb2+ por 9 tipos diferentes de algas castanhas. Foram obtidas isotérmicas de equilíbrio de adsorção para cada sistema biomassaião metálico, em adsorvedor fechado. As capacidades de biossorção máximas variaram entre 71 e 321 mg g-1 (Tabelas III.2 e III.3). Os resultados indicam que as algas marinhas constituem biossorventes eficientes para a remoção e recuperação de iões metálicos de águas residuais. Foram comparadas seis espécies diferentes de biomassa morta (Sargassum) com base na capacidade de adsorção de Cd2+ e Cu2+ (Davis et al., 2000). As capacidades de biossorção de Cd2+, ao pH óptimo de 4,5, variaram desde 101 mg g-1 para Sargassum sp. até 74 mg g-1 para a alga Sargassum vulgare, representando uma diferença de 36%. Foram avaliadas três espécies na adsorção de Cu2+, tendo-se obtido os seguintes resultados: 59, 57 e 51 mg g-1, respectivamente para as espécies S. vulgare, S. filipendula e S. fluitans. Foram realizadas titulações potenciométricas das algas S. vulgare, S. fluitans e S. filipendula, obtendo-se uma 56 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA concentração de grupos com carácter de ácido fraco de 1,5 mmol g-1 para a S. vulgare e S. fluitans e 1,6 mmol g-1 para a espécie S. filipendula. Foram estimados valores da concentração de grupos com carácter de ácido forte de 0,3 mmol g-1 para as espécies S. fluitans e S. filipendula e 0,5 mmol g-1 para a espécie S. vulgare. A eficiência de dessorção do Cu2+, fixado na alga S. filipendula, foi determinada usando várias razões de concentração sólido/líquido (S/L) e, como eluentes, soluções de CaCl2, Ca(NO3)2 e HCl. A eficiência de eluição foi superior a 95% com todos os eluentes para S/L = 1 g l-1 e diminuiu para os dois sais de cálcio com o aumento da razão S/L. O eluente CaCl2 foi escolhido como o mais apropriado para a dessorção do catião metálico. Holan e Volesky (1993) verificaram que a biomassa morta das algas Sargassum natans, Fucus vesiculosus e Ascophyllum nodosum demonstrava uma elevada capacidade de biossorção de cádmio em solução aquosa. A biomassa Ascophyllum nodosum acumulou a maior quantidade de cádmio, acima de 100 mg Cd2+ g-1 (a uma concentração residual de 100 mg Cd l-1 e pH 3,5), ultrapassando a resina comercial de permuta iónica DUOLITE GT-73. Foi preparado um novo material biossorvente baseado na alga Ascophyllum nodosum, reforçando a biomassa por “cross-linking” com formaldeído. O adsorvente preparado possuía boas propriedades mecânicas, estabilidade química dos polissacarídeos da parede celular e um volume de inchamento pequeno. A dessorção do cádmio depositado no biossorvente por HCl 0,1-0,5 M não danificou nem alterou as propriedades de adsorção durante 5 ciclos de adsorção-dessorção consecutivos. Holan e Volesky (1994) seleccionaram diferentes tipos de algas marinhas castanhas, com capacidades de adsorção de chumbo superiores a 270 mg Pb2+ g-1 de biomassa. As espécies Fucales são as que adsorvem maior quantidade de chumbo, seguindo-se as Ascophyllum e as Sargassum. As algas Fucus vesiculosus e Ascophyllum nododsum “crosslinked” apresentam capacidades de adsorção de 370 mg Pb2+ g-1. Para baixas concentrações de equilíbrio de chumbo a resina de permuta iónica Amberlite IR-120 apresenta maior capacidade de adsorção que os materiais estudados. 57 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Tabela III.2 Capacidade de biossorção máxima (Qmax) de Cd2+, Cu2+ e Pb2+ em diferentes espécies de algas castanhas. Metal Tipo de Biomassa pH Qmax (mg g-1) Tipo de Biomassa Ascophyllum nodosuma 4,9 215 Sargassum fluitansb Ascophyllum nodosum Sargassum natans a a 3,5 b Cd2+ Sargassum vulgare Lessonia flavicans 4,5 c 5 c Lessonia nigresence Laminaria japonica Fucus vesiculosus Cu2+ 5 c Laminaria hyperbola Laminaria japonica c d d Sargassum vulgare Sargassum filipendula Lessonia flavicans b 5 Ascophyllum nodosum Sargassum natans Pb2+ Fucus vesiculosus e e 3,5 3,5 e 3,5 e Sargassum vulgare Lessonia flavicans 4,5 c c c Lessonia nigresence 3,5 73 5 129 5 117 5 133 Lessonia nigresencec 5 80 c 5 76 5 78 5 78 5 71 5 83 5 276 5 280 5 291 5 261 5 321 Ecklonia radiata Durvillaea potatorum Laminaria japonica Laminaria hyperbola 59 Ecklonia maxima 51 c Ecklonia radiata Laminaria japonica Ecklonia maxima 228 c 300 5 303 c c 230 Ecklonia radiata c c Laminaria hyperbola 253 5 c Durvillaea potatorum 271 c c 56 79 76 3,5 123 75 4,5 c c 101 88 74 Ecklonia maxima 4,5 4,5 4,5 130 92 b Qmax (mg g-1) a Fucus vesiculosus 89 5 4,5 Sargassum filipendula 131 125 4,5 b Sargassum muticum 233 5 4,5 b Sargassum fluitans 3,5 b pH Durvillaea potatorum c Tabela III.3 Capacidade de biossorção máxima (Qmax) de Zn2+ em diferentes espécies de algas castanhas. Metal Zn 2+ Tipo de Biomassa pH Qmax (mg g-1) Laminaria japonicad 4,5 92 Sargassum fluitansd 4,5 77 d a (Holan e Volesky, 1993); b Fucus vesiculosus 4,5 (Davis et al., 2000); c (Yu et al., 1999), d 52 (Fourest e Volesky, 1997); e (Holan e Volesky, 1994) III.8.4 Outros Materiais Nesta secção é feita uma abordagem a outros adsorventes de baixo custo utilizados na remoção e recuperação de iões metálicos de soluções aquosas. Dado que o carvão activado tem sido o adsorvente tipicamente usado no tratamento de águas para consumo humano e águas residuais, faz-se também uma breve caracterização acompanhada de alguns resultados da sua aplicação. 58 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA III.8.4.1 Zeólitos Os zeólitos são basicamente silicoaluminatos cristalinos, cuja estrutura tridimensional apresenta uma porosidade regular de dimensões comparáveis às das moléculas orgânicas, sendo as aberturas dos poros variáveis de 3 a 10 Å conforme o tipo de estrutura. Os elementos estruturais de base são os tetraedros AlO −4 e SiO4, ligados entre si pelos quatro vértices de oxigénio, originando assim uma estrutura microporosa. As cargas negativas dos tetraedros são compensadas por catiões alcalinos, que podem ser substituídos por outros catiões por permuta iónica (Figueiredo e Ribeiro, 1989). Durante os anos 70, os zeólitos naturais ganharam um interesse significativo entre os cientistas devido à sua capacidade de permuta iónica para remover, preferencialmente, metais tóxicos como o estrôncio e o césio. Esta propriedade faz com que os zeólitos sejam úteis no tratamento de águas residuais. O preço dos zeólitos é considerado baixo, cerca de 0,03-0,12 US$ kg-1, dependendo da sua qualidade (Babel e Kurniawan, 2003). Os zeólitos contêm uma vasta variedade de (Na,K,Ca0,5,Sr0,5,Ba0,5,Mg0,5)6[Al6Si30O72].20H2O espécies, como e a a clinoptilolite chabazite (Ca0,5Na,K)4[Al4Si8O24].12H2O. A clinoptilolite é muito abundante na natureza e está disponível em mais de 40 espécies de zeólitos naturais (Mier et al., 2001). Entre os zeólitos naturais estudados mais frequentemente, a clinoptilolite demonstrou possuir elevada selectividade para remoção de Pb2+, Cd2+, Zn2+ e Cu2+. Malliou et al. (1992) demonstraram que a clinoptilolite é mais selectiva para o Pb2+, mas que o Cd2+ também é fixado a um nível satisfatório. Foram removidos cerca de 1,4 mg g-1 de Pb2+ e 1,2 mg g-1 de Cd2+. Relativamente ao efeito da temperatura no processo de adsorção, os mesmos autores referem que temperaturas mais elevadas favorecem a adsorção (Malliou et al., 1994). Num outro estudo, Ouki e Kavannagh (1997) compararam a eficiência dos zeólitos clinoptilolite e chabazite no tratamento de efluentes contaminados com Pb2+, Cd2+, Cu2+, Zn2+, Ni2+, Co2+ e Cr6+. Os autores concluíram que ambos os zeólitos apresentam uma eficiência de remoção de 100% para uma concentração de metal de 10 mg l-1. As capacidades de adsorção obtidas foram 6,0; 6,7; 5,1; 5,5; 4,5; 5,8 e 3,6 mg g-1, respectivamente. 59 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA A competição dos iões Pb2+, Cd2+ e Cr6+ pelos sítios activos de permuta iónica na clinoptilolite foi estudada por Mier et al. (2001). Os autores verificaram que o Pb2+ e o Cd2+ dissolvidos foram removidos, com eficiência, numa gama de pH ácido. Também verificaram que a presença de Cr6+ diminuía a eficiência de remoção de Pb2+ e Cd2+ e sugeriram que a baixa capacidade de remoção se deve à presença de ligandos que formam complexos, reduzindo a acessibilidade e/ou afinidade para a permuta iónica. Resumindo, os resultados apresentados demonstram que os zeólitos possuem um elevado potencial para remover metais tóxicos de efluentes industriais. Contudo, a baixa permeabilidade dos zeólitos constitui uma desvantagem na sua utilização nas operações em coluna. III.8.4.2 Argilas Existem três espécies básicas de argila: esmectites (como a montmorilonite), caulinite e mica. A montmorilonite possui a capacidade de permuta de catiões mais elevada e o preço de mercado é cerca de 0,04-0,12 US$ kg-1, 170 vezes mais baixo do que o preço do carvão activado (Babel e Kurniawan, 2003). Por esta razão, foram realizados vários estudos com argilas, principalmente a montmorilonite, para demonstrar a sua eficiência na remoção de iões metálicos, como Zn2+, Pb2+ e Al3+, a partir de soluções aquosas (Brigatti et al., 1996). Srivastava et al. (1989b) compararam a eficiência da montmorilonite e da caulinite na remoção de chumbo e cádmio. Verificaram que a capacidade de adsorção de Pb2+ e Cd2+ é maior na montmorilonite (Pb: 0,68, Cd: 0,72 mg g-1) do que na caulinite (Pb: 0,12, Cd: 0,32 mg g-1) e que a presença de tensioactivo catiónico reduz a remoção de ambos os iões, enquanto que o tensioactivo aniónico aumenta a sua remoção. Undabeytia et al. (1996) estudaram a adsorção de Cd2+ e Zn2+ em montmorilonite e observaram que o Zn2+ é adsorvido em maiores quantidades (4,98 mg g-1) do que o Cd2+ (4,78 mg g-1), pelo facto do zinco possuir um potencial iónico mais elevado do que o cádmio e, portanto, maior tendência para permuta catiónica. A “porcelana Chinesa” (“China clay”), constituída principalmente por silicatos de alumínio, foi usada no estudo da remoção de zinco de águas residuais (Singh et al., 1988a). A capacidade de adsorção foi de 1,25 mg de Zn2+ g-1 e a eficiência de remoção máxima foi obtida a pH 8,0. 60 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Chantawong et al. (2001) estudaram a adsorção de chumbo em caulino e argilas. Verificaram que a capacidade de adsorção máxima de ambos os materiais era de 1,41 e 4,29 mg de Pb2+ g-1, respectivamente, e que a adsorção seguiu os modelos das isotérmicas de Langmuir e de Freundlich. Observaram também que a adsorção de chumbo aumentava com um acréscimo de pH. Contudo, a presença de iões Cd2+, Cr6+, Cu2+, Ni2+ e Zn2+ reduz a remoção de chumbo por competirem com o respectivo ião pela ligação à matéria orgânica presente na argila. O uso de bentonite para remoção de zinco foi estudado por Mellah e Chegrouche (1997), que encontraram uma capacidade máxima de fixação de 52,91 mg de Zn2+ g-1 bentonite, obtida pelo ajuste do equilíbrio de adsorção ao modelo de Langmuir. Noutro estudo, realizado por Naseem e Tahir (2001), foi demonstrada a excelente capacidade de remoção de Pb2+ pela argila bentonítica: 20 mg de Pb2+ g-1, a pH 3,4. Na utilização de minerais de argila, em aplicações industriais, deve ter-se em consideração o factor dilatação, uma vez que esta pode causar uma grande queda de pressão devido à alteração das características estruturais e ao mecanismo de permuta de iões. O mesmo não se verifica com os zeólitos, que não apresentam nenhuma dilatação quando mergulhados numa solução. Apesar da eficiência de remoção de metais tóxicos por argilas não ser tão boa quanto a dos zeólitos, a sua disponibilidade e baixo custo compensam as desvantagens associadas. III.8.4.3 Cinzas Volantes Panday et al. (1985) observaram que as cinzas volantes provenientes de centrais térmicas localizadas na Índia são um adsorvente de baixo custo que apresenta uma capacidade de adsorção de cobre de 1,39 mg g-1, a pH = 8. Verificaram também que a capacidade de adsorção aumentava com a temperatura. Foram realizados outros estudos para remover Cr6+ de soluções aquosas usando uma mistura homogénea de cinzas volantes e CaSiO3 (wollastonite) (Panday et al., 1984). Verificou-se que a capacidade de adsorção de Cr6+, a pH 2, era 2,92 mg g-1, e que a eficiência da adsorção era maior do que a mistura homogénea de cinza volantes com “porcelana Chinesa” (“China clay”), capacidade máxima de adsorção de 0,31 mg Cr6+ g-1 a pH 2. Sem e Arnab (1987) usaram as cinzas volantes na adsorção de mercúrio, obtendo uma capacidade máxima de 2,8 mg Hg2+ g-1, a pH na gama 3,5-4,5. 61 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA III.8.4.4 Óxidos Metálicos Naturais Babel e Kurniawan (2003) realizaram um estudo sobre a utilização do óxido de alumínio na remoção de Cr6+ de efluentes aquosos e verificaram que a capacidade máxima de adsorção (11,7 mg de Cr6+ g-1 alumina) ocorreu a um pH de 4,0. É importante referir que a capacidade de adsorção da alumina se reduziu significativamente na presença de aniões CN-, porque estes aniões são adsorvidos, cobrindo os locais da superfície da alumina, o que, por sua vez, impede o Cr6+ de ser adsorvido na superfície interna do adsorvente. A remoção de Pb2+ e Cd2+, a partir de soluções aquosas, usando óxido de alumínio e goethite (FeOOH) foi estudada por Sdvastava et al. (1988). O óxido de alumínio apresenta uma capacidade de sorção para ambos os iões (Cd2+: 31; Pb2+: 33 mg g-1) inferior à do óxido de ferro (Cd2+: 72; Pb2+: 230 mg g-1). Foi usada areia, revestida por óxido de ferro, na remoção de Cr6+ (Bailey et al., 1992; Satpathy e Chaudhuri, 1995), obtendo-se uma remoção de 99% de Cr6+ de uma solução 0,038 mM. Joshi e Chaudhuri (1996) estudaram a remoção de iões arsénio de águas subterrâneas usando areia revestida por óxido de ferro. Verificaram que este adsorvente é eficaz na remoção de As3+ ( AsO −2 ) e As5+ ( HAsO 24− ), com capacidades de remoção de 80-85%, partindo de uma solução de arsénio 1,0 mg g-1 (NaAsO2-As(III) e Na2HAsO4-As(V)). Chakravarty et al. (2002) usaram óxido de manganês para remover compostos de arsénio de águas subterrâneas. Verificaram uma eficiência de remoção de quase 100%, tanto para o As3+ como para o As5+, numa gama de pH de 2,0-8,0, para uma concentração inicial de 0,1 mg l-1 (NaAsO2-As2+ e Na2HAsO4.7H2O-As5+). Concluíram que a presença de catiões bivalentes, tais como Ni2+, Co2+ e Mg2+, aumenta a capacidade de adsorção do óxido de manganês devido ao facto destes co-iões criarem uma estrutura, à qual os iões metálicos podem ser fixados na superfície de adsorvente. III.8.4.5 Carvão Activado Apesar de ter sido testado um grande número de adsorventes de baixo custo, o carvão activado comercial (CAC) continua a ser usado intensivamente. Muitos investigadores continuam ainda a estudar o uso do carvão activado na remoção de metais tóxicos, como 62 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA mercúrio (Huang e Blankenship, 1984), cobre (Netzer e Hughes, 1984), chumbo (Reed e Arunachalam, 1994), crómio (Pérez-Candela et al., 1995; Sharma e Forster, 1996), cádmio (Leyva-Ramos et al., 1997; Rangel-Mendez e Streat, 2002), níquel (Shim et al., 2001), zinco (Babic et al., 2002; Ramos et al., 2002) e lítio (Seron et al., 1996). Também foram efectuadas modificações químicas ao CAC usando iodeto de tetrabutilamónio (TBAI-Tetrabutyl Ammonium Iodite) e dietilditiocarbamato de sódio (SDDC-Sodium Diethyl Dithiocarbamate) (Monser e Adhoum, 2002). Verificou-se que o carvão modificado com TBAI possuía uma capacidade de adsorção cerca de cinco vezes superior à do carvão nãomodificado. O uso de carvão modificado com SDDC, em coluna, remove Cu2+, Zn2+ e Cr6+, com uma capacidade de 38, 9,9, e 6,84 mg g-1, respectivamente. Os autores concluíram que as modificações com TBAI e com SDDC melhoraram as propriedades do carvão activado, proporcionando uma maior capacidade de adsorção. Huang e Blankenship (1984) estudaram a eficiência de remoção de mercúrio usando diferentes marcas de carvão activado em pó (PAC), e verificaram que cerca de 99-100 % de 0,2 mM de Hg2+ (40,1 mg g-1) foi removido a um pH de 4,0-5,0. Nos últimos anos tem sido largamente estudada a remoção de Cr6+ de efluentes usando carvão activado. Pérez-Candela et al. (1995) estudaram a eficiência de remoção de diferentes tipos de PAC, preparados com diferentes matérias-primas, como couro, caroço de azeitona e casca de amêndoa. Estes autores concluíram que a eficiência do processo de adsorção dependia do prétratamento do carvão activado e que o carvão preparado por activação física apresentava maior capacidade de adsorção. A um pH de 1,0, a retenção de Cr6+ foi afectada pela redução a Cr3+. Seron et al. (1996) estudaram a aplicação de PAC na remoção de Li+ usando uma corrente eléctrica. Os autores concluíram que a capacidade de adsorção do PAC é muito baixa (cerca de 0,45 mg de Li+ g-1), devido ao facto da polarização electroquímica do adsorvente modificar os grupos funcionais da superfície e sugeriram que os efeitos químicos superficiais dominam a adsorção, apesar da área específica da superfície poder ser também importante. A adsorção de cobre e cobalto por carvão activado granulado (GAC) foi estudada por Netzer e Hughes (1984), que mostraram que, a um pH de 4,0, o GAC conseguia remover 99% de 10 ppm de solução de cobalto, mas apenas 93% de solução de cobre com a mesma concentração. 63 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Sharma e Forster (1996) estudaram a adsorção de Cr6+ em GAC (Filtrasorb 400) e obtiveram uma capacidade de adsorção de 145 mg de Cr6+ g-1, para valores de pH de 2,5-3,0. Este resultado é bastante diferente do obtido, mais recentemente, por Ihnsup et al. (2000) que realizaram um estudo comparativo semelhante, usando carvão activado LB 830 e Filtrasorb 400 e obtiveram uma capacidade de adsorção máxima para o Filtrasorb 400 de apenas 0,18 mg de Cr6+ g-1. A adsorção de Cd2+ por GAC foi estudada por Leyva-Ramos et al. (1997), obtendo uma capacidade de adsorção máxima de 8 mg de Cd2+ g-1, a um pH de 8,0. Os autores verificaram que a quantidade de Cd2+ adsorvido se reduzia cerca de três vezes quando a temperatura aumentava de 10 para 40 ºC, indicando que o processo de adsorção era exotérmico. Foram também estudados os efeitos oxidativos do ácido nítrico em carvão activado em fibras (ACF) para a remoção de Cd2+ (Rangel-Mendez e Streat, 2002). Devido a atracções electrostáticas adicionais entre a carga positiva de Cd2+ e a carga negativa do ACF, verificouse um aumento significativo da capacidade de permuta iónica após o tratamento oxidativo. A capacidade de adsorção máxima do ACF foi de 146 mg de Cd2+ g-1 a um pH de 5,0-6,0. A capacidade de ACF oxidado para a adsorção de Ni2+ e Cu2+ foi comparada com a de ACF sem modificações por Shim et al. (2001). Os autores concluíram que a capacidade de adsorção do ACF oxidado, para ambos os metais, era superior à do ACF sem modificações e que a capacidade de adsorção era mais elevada para Cu2+ (9 mg g-1) do que para Ni2+ (2 mg g-1). Este facto indica que o tratamento oxidativo aumenta a acidez do grupo funcional superficial do ACF, de modo a que ocorram mais atracções electrostáticas entre a carga negativa do ACF e a carga positiva dos catiões. Uma investigação semelhante foi realizada por Park e Jung (2001), para avaliar a remoção de Cr6+ por ACF revestido com cobre. A introdução de Cu2+ no ACF conduziu a um aumento significativo da basicidade da superfície, o que resultou numa capacidade de adsorção de Cr6+ maior (30 mg g-1), independentemente de se ter verificado uma diminuição da área específica superficial. Foi realçado que a adsorção de Cr6+ estava essencialmente dependente das propriedades químicas da superfície e não das propriedades físicas, como a área específica e a porosidade. Num estudo mais recente sobre adsorção de metais tóxicos, como Zn2+, Cd2+ e Hg2+,em carvão activado em tecido (ACC) (Babic et al., 2002), concluiu-se que a capacidade de 64 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA adsorção era significativamente mais elevada para Hg2+ (65 mg g-1) do que para Zn2+ (2,0 mg g-1) e/ou Cd2+ (3,75 mg g-1) e que a quantidade de metais adsorvidos aumentava com o pH. III.8.5 Dessorção e Reutilização do Biossorvente Se se pretender usar o processo de biossorção como tratamento alternativo de efluentes industriais, a regeneração do biossorvente pode ser crucial para manter os custos de operação baixos e abrir a possibilidade de recuperar os metais extraídos da solução. A etapa de dessorção do processo deve permitir: • concentrar os iões metálicos, pelo menos 100 vezes; • obter um biossorvente com características próximas das iniciais, isto é: 1. pequena percentagem de metal ligado; 2. inexistência de danificações ou alterações da sua estrutura. O processo de dessorção é similar ao processo de permuta iónica, em que os metais são eluídos com uma solução apropriada (tipo, concentração, quantidade), de forma a obter um pequeno volume de solução concentrada em metais. No geral, as espécies catiónicas são facilmente libertadas do biossorvente para a solução, por uma simples lavagem com uma solução ácida. Em testes de dessorção, em sistema fechado, as espécies dessorvidas ficam na solução e pode ser estabelecido um novo equilíbrio. Isto leva ao conceito de isotérmica de dessorção, em que o equilíbrio é fortemente afectado pela quantidade de iões metálicos em solução. O efeito da etapa de dessorção na estrutura do biossorvente pode ser estudado por observações microscópicas, testes de estrutura, observações de queda de pressão, etc. (Volesky, 2003). Estão descritas na Tabela III.4 diferentes soluções usadas para a dessorção de iões metálicos de diferentes biossorventes. Devido às diferentes afinidades para os centros activos, a ligação do metal ao biossorvente é selectiva, em determinadas condições da solução. Do mesmo modo, existe selectividade na operação de eluição, sendo possível prever qual o melhor eluente para cada biossorvente e para um dado ião metálico, e dessorver apenas um dos iões retidos pelo material. 65 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Tabela III.4 Eluentes usados em diferentes sistemas de biossorção alga - metal (Wase e Forster, 1997). Biossorvente Metal Eluente Sargassum natans Ouro 0,1 M tioureia / 0,02 M sulfato férrico amoniacal Ascophyllum nodosum Cobalto 0,01 M CaCl2 Ouro 0,1 M tioureia; Mercaptoetanol Mercúrio Mercaptoetanol Cobre, Prata 0,075 M acetato de sódio Chlorella salina Cobalto, Zinco, Manganês 0,1 M ácido mineral ou 0,5 M NaCl Green microalgal sp. Urânio 0,1 M EDTA Chlorella vulgaris Um parâmetro importante na dessorção é a razão (S/L) entre a massa de biossorvente (g) e o volume de eluente utilizado (l). Para sistemas biossorvente/metal semelhantes, um valor maior de S/L origina uma maior concentração de metal no eluente, se a eficiência de dessorção permanecer constante. No entanto, como o processo de dessorção é reversível, uma concentração elevada de metal libertado para a solução pode diminuir a eficiência de dessorção, devido ao aumento da quantidade de metal adsorvido num novo equilíbrio. Idealmente, pretende-se que uma quantidade pequena de eluente seja capaz de dessorver o metal depositado, ou seja, a razão S/L deve ser o mais elevada possível. Para estudar a influência de S/L na eficiência da dessorção, em sistemas fechados, pode ser fisicamente impossível operar com valores S/L elevados, pois a suspensão tornar-se-á tão espessa que não será possível promover a agitação e o contacto físico entre a solução e o biossorvente. Este problema pode ser ultrapassado colocando o material saturado com ião metálico numa coluna, através da qual é circulado um volume pequeno de eluente. A quantidade mínima de eluente necessária é a requerida para ocupar os espaços intersticiais existentes na coluna. A eficiência do processo global adsorção/dessorção é definida como a capacidade de concentrar o adsorvato (metal), ou seja, como a razão entre a concentração mais elevada obtida no processo de dessorção e a concentração de metal na solução alimentada à coluna de leito fixo, no processo de adsorção (CR). Obviamente, um elevado valor de CR favorece o processo de adsorção e de regeneração do adsorvente. Aldor et al. (1995) estudaram a eficiência de diferentes eluentes (K2CO3, NaHCO3, H2SO4, HNO3, HCl, NH4Cl, EDTA, NaCl, CaCl2 e H2O) na dessorção de cádmio da alga Sargassum fluitans. Verificaram que a solução de HCl 0,1 M era o eluente mais apropriado, não havendo 66 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA destruição da biomassa, nem perda de afinidade do biossorvente pelo cádmio em três ciclos consecutivos de adsorção/dessorção. A dessorção do Cd(II) pelos protões é indicada como sendo um processo reversível de permuta iónica com um coeficiente estequiométrico de 1,24. Reciclando um volume pequeno de eluente através de uma coluna com o adsorvente saturado, estes investigadores conseguiram obter uma razão sólido/líquido de 130 g l-1 e um valor elevado para a razão de concentrações no processo adsorção/dessorção (CR = 70). Tsezos (1984) estudou a possível recuperação do urânio de um adsorvente biológico, usando diferentes eluentes (H2SO4, HNO3, HCl, Na2CO3 e NaHCO3) para diferentes razões S/L e diferentes concentrações de eluente. Verificou que o bicarbonato de sódio é o eluente mais promissor, conseguindo a dessorção completa do urânio com valores elevados de CR. Este eluente é o que causa a menor danificação do biossorvente, possibilitando múltiplos ciclos de adsorção/dessorção com uma capacidade de adsorção próxima de 90% do valor original. Por sua vez, Kuyucak e Volesky (1988) verificaram que o melhor eluente para a dessorção do cobalto da alga Ascophyllum nodosum era a solução de CaCl2 (0,05 M) em meio ácido (HCl), capaz de dessorver mais de 96% do cobalto adsorvido a um pH óptimo de 2-3. O valor óptimo da razão S/L foi 10, sem interferir com a capacidade de adsorção num novo ciclo. A velocidade de dessorção não foi afectada significativamente até uma temperatura de 60ºC. O espectro de infravermelhos (FTIR) da biomassa original e após eluição não apresentou grandes alterações. A observação da biomassa por microscopia electrónica, após eluição com CaCl2 (0,1 M), indicou que não houve danos na estrutura da parede celular, enquanto que usando soluções de ácidos fortes, alcalinas e de KSCN a estrutura da parede celular foi danificada. A velocidade de dessorção é extremamente rápida. O tempo requerido para a dessorção completa foi inferior a 2 h, mesmo para valores elevados de cobalto inicialmente depositado na biomassa. Um processo alternativo à dessorção e reutilização é a incineração do biossorvente saturado com metal, produzindo uma cinza com uma concentração elevada de metal. Este processo também pode ser usado como método final de eliminação da biomassa/metal depois de utilizada em vários ciclos de adsorção/dessorção. Se o processo envolver espécies metálicas tóxicas e radioactivas, a biomassa pode ser esterilizada por microondas e posteriormente encapsulada num material inerte para deposição final. A esterilização da biomassa é 67 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA necessária para prevenir a libertação de qualquer tipo de contaminação (Wase e Forster, 1997). III.8.6 Possíveis Aplicações da Biossorção O termo biossorção geralmente refere-se a uma ligação passiva de iões metálicos ou elementos radioactivos a biomassa morta. Deve distinguir-se de bioacumulação, que é normalmente compreendida como um processo activo que ocorre metabolicamente em organismos vivos. Diversos tipos de biomassa, incluindo bactérias e fungos, algas e plantas, possuem a capacidade de remover quantidades significativas de metais da solução aquosa. Em particular, são os constituintes da parede celular os principais responsáveis pelo fenómeno. A aplicação em grande escala da biossorção na indústria motiva a investigação científica nesta área. Têm sido desenvolvidas algumas tecnologias de biossorção nos últimos anos. Por exemplo, a biossorção do ouro pela alga Sargassum foi patenteada e os biossorventes AlgaSORB e AMT-BIOCLAIM são actualmente comercializados (Volesky, 1990). A alga Sargassum tem a capacidade de reter ouro até cerca de 40% do seu peso seco, o que ultrapassa a capacidade da resina de permuta iónica IRA-400, bastante conhecida, e consegue igualar a capacidade do carvão activado (Volesky, 1990). A empresa B.V. Sorbes (Montreal, Canada) desenvolveu diferentes biossorventes para a recuperação de metais específicos usando vários tipos de biomassa, incluindo as algas Sargassum natans, Ascophyllum nodosum, Halimeda opuntia, Palmyra pamata, Chondrus crispus e Chlorella vulgaris. Com estes materiais é possível trabalhar numa larga gama de valores de pH e diferentes condições da solução, e remover uma variedade enorme de metais sem interferência das concentrações de cálcio e magnésio. Estes biossorventes podem ser usados numa larga gama de concentrações de metais, não são afectados por compostos orgânicos em solução e podem ser regenerados facilmente (Wase e Forster, 1997). O biossorvente AlgaSORB foi desenvolvido usando a alga Chrorella vulgaris imobilizada em gel de sílica ou poliacrilamida, pela empresa Bio-Recovery Systems Inc. (Las Cruces, New Mexico). Consegue remover iões metálicos de soluções diluídas, de 1 a 100 mg l-1, reduzir as concentrações para valores abaixo de 1 mg l-1 e a sua eficiência não é afectada pela presença 68 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA de iões cálcio e magnésio. O custo de produção do biossorvente não é conhecido; sabe-se apenas que o custo da alga usada é de cerca 1,5 € por kg (Wase e Forster, 1997). Outro produto comercial, AMT-BIOCLAIM (MRA), consiste num material granulado produzido a partir de biomassa de Bacillus e usado para o tratamento de águas residuais e recuperação de metais. O MRA pode acumular catiões metálicos (2,90 mmol Pb g-1; 2,39 mmol Cu g-1; 2,09 mmol Zn g-1; 1,90 mmol Cd g-1; 0,8 mmol Ag g-1) com uma eficiência de remoção superior a 99%, em soluções diluídas. Não é um biossorvente selectivo mas pode ser reutilizado, sendo a sua regeneração conseguida usando como eluente soluções de H2SO4 e de NaOH ou agentes complexantes (Volesky, 1990). O Rhizopus arrhizus é um subproduto da indústria de fermentação, usado como biossorvente para a recuperação do urânio. A sua capacidade de biossorção é 2,5 vezes superior à da resina de permuta iónica IRA-400 (resina de permuta aniónica de base forte com um sítio activo monofuncional (grupo N-alquilo)), que é geralmente usada pelos produtores de urânio. O Departamento de Minas dos Estados Unidos (Golden, Colorado) produziu o biossorvente Bio-Fix, que envolve biomassa de diferentes fontes, incluindo Cianobactéria (Spirulina), algas, fermento e plantas (Lemna sp., Sphagnum sp.). A biomassa é misturada com aglomerantes (xanthum gums é um polímero feito de subunidades de açúcar, como celulose e amido), de forma a melhorar a consistência do produto, e imobilizada na forma de grânulos com polissulfona. A biossorção do zinco por este biossorvente é aproximadamente 4 vezes maior do que por resinas de permuta iónica (Wase e Forster, 1997). O MetaGeneR e RAHCO Bio-Beads são outros dois biossorventes comerciais, eficientes na remoção de iões metálicos, quando aplicados ao tratamento de efluentes de minas e da indústria de recobrimento electrolítico. Estes produtos foram estudados laboratorialmente, embora a informação a respeito de sua aplicação industrial seja limitada (Atkinson et al., 1998; Gavrilescu, 2004). Existem várias vantagens na utilização da tecnologia de biossorção para o tratamento de águas residuais. Em primeiro lugar, a eficiência de remoção de metais tóxicos é elevada. É usada como etapa de afinação, sendo possível atingir uma qualidade de água para consumo humano a partir de água residual (concentração inicial por exemplo de 1-100 mg l-1, concentração final < 0,01-0,1 mg l-1), especialmente em sistemas contínuos de coluna de leito fixo. Quando a 69 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA concentração de ião metálico na água residual a tratar é superior a 100 mg l-1, é preferível usar um método diferente, como a precipitação química ou electrodiálise, como tratamento preliminar (Schiewer, 1996). Em segundo lugar, a biossorção pode ser aplicada em condições diferentes de pH, pressão e temperatura. Além disso, a regeneração do biossorvente e a recuperação dos iões metálicos fixados na biomassa pode ser conseguida facilmente por eluição ácida. Deste modo, não há produção de lama como no processo de precipitação química. Um ciclo completo de biossorção (adsorção + dessorção) tem como objectivo concentrar a solução de metal 100 vezes ou mais. A vantagem principal é o baixo custo dos biossorventes, visto serem derivados de várias matérias-primas baratas, como variadíssimos tipos de algas e resíduos industriais, o que, neste último caso, permite uma reutilização dos resíduos antes da deposição final em aterro. Estudos recentes mostram que, para certos tipos de biomassa marinha, não é necessário realizar nenhum tipo de tratamento para a sua aplicação em colunas de leito fixo. Kratochvíl (1997) utilizou a alga Sargassum, em coluna de leito fixo, para remover com sucesso cobre. Os únicos custos deste tipo de biossorventes podem ser apenas os de colheita, transporte e secagem. No caso dos resíduos industriais, sem qualquer valor comercial, a própria empresa produtora poderá pagar o transporte destes resíduos ou outras despesas. A biomassa final, após os vários ciclos de adsorção/dessorção pode ser incinerada e/ou colocada em aterro. Na realidade o processo de biossorção apenas transfere o poluente da fase líquida para a fase sólida, reduzindo o volume de poluição. O processo de biossorção pode ser realizado em contínuo, num leito fixo constituído pela biomassa devidamente seleccionada e tratada. De forma a definir a eficiência da biossorção no tratamento de águas residuais típicas, é desejável conseguir prever a quantidade de metal que poderá ser removido em diferentes condições de operação. Um exercício de simulação pode fornecer a informação necessária para o projecto e optimização do processo. Para este propósito, têm de ser elaborados modelos matemáticos que tenham em conta o mecanismo da biossorção e todos os parâmetros que possam influenciar o processo. 70 MÉTODOS DE REMOÇÃO DE IÕES METÁLICOS EM SOLUÇÃO AQUOSA Referências Ajmal, M., Khan, A. H., Ahmad, S., Ahmad, A. 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A qualidade do biossorvente é definida de acordo com a quantidade de iões metálicos que consegue fixar. Na Figura IV.1 estão representados alguns tipos de isotérmicas de adsorção. De uma forma geral podem-se dividir em dois grandes grupos: isotérmicas favoráveis ou desfavoráveis (DeVault, 1943). Quando a concentração de equilíbrio de um adsorvato, na fase sólida, aumenta acentuadamente, a adsorção é dita favorável e resulta numa isotérmica na forma convexa (isotérmica do Tipo I), originando uma frente compressiva num processo de leito fixo. Se a isotérmica tem uma forma côncava, a adsorção é desfavorável (isotérmica do Tipo III), e irá originar uma frente dispersiva, tornando o processo pouco eficiente. Quando a INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO concentração de equilíbrio de um adsorvato, na fase sólida, aumenta linearmente com a concentração de equilíbrio do adsorvato na fase líquida, a isotérmica é chamada linear ou do Tipo II. Esta isotérmica é descrita por uma equação simples, o que permite simplificar os modelos de transferência de massa, obtendo soluções analíticas. Concentração de equilíbrio do adsorvato na fase sólida Tipo I Tipo II Favorável Linear Tipo III Desfavorável Concentração de equilíbrio do adsorvato na fase líquida Figura IV.1 Representação esquemática de alguns tipos de isotérmicas. Foram desenvolvidos diferentes modelos de equilíbrio de forma a descrever os fenómenos que ocorrem na interface sólido/líquido, no processo de adsorção. Os modelos clássicos de equilíbrio são os de Langmuir (Langmuir, 1918), Freundlich (Freundlich, 1907), e Brunauer, Emmett e Teller (B.E.T.) (Brunauer et al., 1938). É preciso ter a percepção de que estas relações podem não reflectir os pressupostos físicoquímicos do processo de biossorção, os quais, na maioria dos casos, podem não ser bem entendidos. Em termos práticos, são modelos matemáticos do fenómeno que permitem descrever a relação entre as concentrações de equilíbrio na fase sólida e na fase líquida, observadas experimentalmente. Deste modo, o simples facto dos pontos experimentais serem ajustados pelo modelo não dá uma indicação segura sobre o mecanismo da biossorção. A definição usual da fase sólida, com área específica e tipo de poros, etc., pode não corresponder à estrutura real e comportamento do biossorvente. Particularmente, com os iões metálicos como adsorvatos, os biossorventes podem funcionar como um gel permeável para pequenas partículas como iões e protões. Normalmente, quando o processo envolve permuta iónica, que aparentemente desempenha um papel muito importante na biossorção, pelo menos 82 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO um ião da estrutura molecular do biossorvente é trocado por outra espécie vinda da solução. Isto faz com que as condições do sistema estejam em constante modificação, devido à troca iónica entre a solução e o biossorvente e vice-versa. Este fenómeno ocorre até o equilíbrio de biossorção ser estabelecido (Volesky, 2003). IV.1.1 Isotérmica de Langmuir O modelo de Langmuir assenta no pressuposto de existirem sítios livres onde ocorre a biossorção do ião metálico. Na modelação matemática do fenómeno, a equação de Langmuir considera que o ião metálico, M, se liga a um sítio livre, L, de acordo com a equação KL L (s ) + M (aq ) ←→ LM (s ) (IV.1) que traduz o equilíbrio químico entre as espécies livres e a espécie adsorvida. A constante de equilíbrio KL (razão entre a constante cinética de adsorção e dessorção) é definida como: KL = qM (q L − q M ) C M (IV.2) Resolvendo a equação (IV.2) em ordem a qM, obtém-se a equação de Langmuir: qM = q L K L CM 1 + K L CM (IV.3) onde, CM concentração de equilíbrio do metal na solução, mg l-1; KL constante de equilíbrio de Langmuir, l mg-1; qL quantidade máxima de ião metálico adsorvido por unidade de massa de adsorvente, mg g-1; qM quantidade de ião metálico adsorvido por unidade de massa de adsorvente no equilíbrio, mg g-1. Este modelo foi desenvolvido para adsorção em monocamada e baseia-se nos seguintes pressupostos: 83 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO a) cada centro activo da superfície só pode acomodar uma entidade adsorvida; b) as entidades adsorvidas estão ligadas à superfície em locais fixos, isto é, não têm mobilidade; c) a adsorção máxima corresponde à saturação da monocamada de moléculas de adsorvato na superfície do adsorvente; d) a adsorção é energeticamente idêntica em todos os centros activos e independente da presença ou ausência de espécies adsorvidas na sua vizinhança (equivale a considerar o mesmo calor de adsorção para todos os centros activos da superfície e a mesma constante de equilíbrio KL). Embora os pressupostos considerados no desenvolvimento do modelo de Langmuir para a adsorção não se encontrem na maior parte dos sistemas de adsorção em tratamento de águas contaminadas, este modelo tem sido particularmente útil na descrição dos dados de equilíbrio nesses sistemas. Sendo assim, a equação torna-se apenas uma relação matemática capaz de correlacionar os pontos experimentais. IV.1.2 Isotérmica de Langmuir-Freundlich A equação de Langmuir-Freundlich é uma relação empírica (Chu e Hashim, 2003), que resulta da combinação da equação de Langmuir com a equação de Freundlich, sendo representada pela equação seguinte: qM = q LF K LF (C M ) 1 1 + K LF (C M ) 1 n LF (IV.4) n LF onde, KLF constante de equilíbrio de Langmuir-Freundlich, l1 n LF mg −1 n LF ; qLF quantidade máxima de ião metálico adsorvido por unidade de massa do adsorvente, mg g-1; nLF 84 parâmetro empírico adimensional. INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO No caso de nLF = 1, a equação simplifica-se, tornando-se na equação de Langmuir. IV.1.3 Modelo de Equilíbrio Discreto Para tentar descrever quantitativamente o processo de biossorção, será útil desenvolver um modelo matemático capaz de descrever a permuta iónica entre os iões metálicos e os protões assim como a adsorção a sítios desprotonados. Deste modo, o pH é um parâmetro importante no processo de adsorção. As equações simples de Langmuir e Freundlich são usadas sem entrar em conta com o pH da solução e com a influência de outros iões presentes. Alguns autores concluíram que, num processo de adsorção, é inadequado assumir apenas a ligação do adsorvato aos sítios livres do adsorvente e que a permuta iónica é um mecanismo que desempenha um papel importante no processo global de adsorção (Schiewer e Volesky, 1995; Yang e Volesky, 1999). Consequentemente, foram usados modelos de permuta iónica, com constantes de equilíbrio que têm em conta a reversibilidade das reacções de permuta iónica, em que o ião permutado para a solução pode competir com os iões metálicos para os sítios activos. Assumindo que os grupos carboxílicos são os principais sítios activos dos biossorventes, na gama de pH estudado e não incorporando o efeito da força iónica, podem considerar-se as reacções seguintes: KH L (s ) + H (aq ) ←→ LH (s ) KM L (s ) + M (aq ) ← → LM (s ) KH = KM = (Q max qH − q H − q M ) CH (IV.5) (Q max qM − q H − q M ) CM (IV.6) em que, KH constante de equilíbrio aparente para a ligação do protão aos grupos carboxílicos, l mmol-1; KM constante de equilíbrio aparente para a ligação do ião metálico aos grupos carboxílicos, l mmol-1; 85 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO Q max quantidade total de grupos carboxílicos por unidade de massa de biossorvente, mmol g-1 ou mg g-1. Resolvendo a equação (IV.5) em ordem a qH e substituindo na equação (IV.6) obtém-se a relação entre a quantidade adsorvida no equilíbrio, q M , a concentração de equilíbrio do ião ( ) metálico, C M , e a concentração do protão C H = 10 − pH : qM = Q max K M C M 1 + K HCH + K MCM (IV.7) Este modelo pode ser alargado de forma a descrever um sistema de adsorção multicomponente (Chong e Volesky, 1995; Schiewer e Volesky, 1996; Figueira et al., 2000; Ma e Tobin, 2003). Considerando dois iões metálicos dissolvidos e um único tipo de centro activo, a quantidade adsorvida de cada ião metálico ( q M1 , q M 2 ) e a quantidade total adsorvida ( q T ) em função da concentração de cada ião metálico em solução e da concentração do protão, são descritas pelas seguintes equações: q M1 = q M2 = Q max K M1 C M1 (IV.8) 1 + K H C H + K M1 C M1 + K M 2 C M 2 Q max K M 2 C M 2 (IV.9) 1 + K H C H + K M1 C M1 + K M 2 C M 2 q T = q M1 + q M1 = ( Q max K M1 C M1 + K M 2 C M 2 ) 1 + K H C H + K M1 C M1 + K M 2 C M 2 (IV.10) IV.1.4 Modelo de Equilíbrio Contínuo (NICA) Vários autores têm utilizado o modelo contínuo de NICA (Non Ideal Competitive Adsorption) para descrever a ligação de diferentes iões (Cu2+, Pb2+, Cd2+, Zn2+, Fe2+, Al3+) a matéria orgânica natural (ex: ácidos húmicos e fúlvicos), considerando a heterogeneidade da biomassa, assim como a competição entre os diferentes iões para os sítios activos presentes no adsorvente (Koopal et al., 1994; Kinniburgh et al., 1999). Como ponto de partida para a derivação do modelo de NICA, Koopal et al. (1994) postularam que a equação expandida de Henderson-Hasselbalch (Katchalski e Spitnik, 1947) ou Hill (Holde, 1985) podia ser usada 86 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO para descrever a adsorção local das espécies X; esta equação é uma extensão da equação de Langmuir que inclui a afinidade específica do ião e a estequiometria específica do ião (também indicado como cooperatividade). Considerando apenas os grupos carboxílicos, obtém-se: θ i,X (K = 1 + (K int i,X CX int i ,X ) nX CX (IV.11) ) nX onde, θ i ,X fracção de sítios activos, i, ocupados pelas espécies X (H ou M); K int i ,X afinidade intrínseca das espécies X para os sítios activos i; CX concentração do componente X na solução; nX constante, que reflecte a não idealidade ou heterogeneidade específica do componente X, o que pode ser devida a interacções laterais e/ou efeitos de estequiometria (nX ≠ 1, não ideal; nX = 1, ideal). Segundo Koopal et al. (1994) a equação (IV.11) pode ser generalizada para várias espécies X que competem para um grupo com sítios activos de igual energia, como: θ i,X = (K 1+ X int i,X CX (K int i,X ) nX CX (IV.12) ) nX Para centros activos heterogéneos, com uma distribuição contínua de afinidades, e admitindo que existe competição entre os iões metálicos e os protões, a fracção total de sítios ocupados pela espécie X, θ T ,X , é dada por um integral múltiplo: ( ) ( )( int int ... θ i,X K int i , X , C X fi log Ki , X d log Ki , x θ T ,X = ∆ ) (IV.13) log Kiint, X 87 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO Esta equação pode ser resolvida analiticamente, assumindo que a isotérmica local é dada pela ( ) equação (IV.12) e f i log K int é dada por uma distribuição quase-Gaussiana sugerida por Sips i ,X (1948). O resultado é conhecido como o modelo de NICA: θ T ,X = (K C ) (K C ) nX ' x x ' X nX X X X × (K 1+ X ' X CX (K ' X p ) nX CX ) p (IV.14) nX onde, K 'X valor médio da distribuição de afinidades para a espécie X; p heterogeneidade química intrínseca do ligando (igual para todas as espécies X). A quantidade adsorvida do componente X tem sido calculada por diferentes autores (Kinniburgh et al., 1996; Koopal et al., 1994) da seguinte forma: q X = Q max θ T ,X (IV.15) Assume-se que as espécies X reagem com um sítio e que Qmax corresponde à densidade total de sítios. A combinação das equações (IV.14) e (IV.15) origina, em geral, uma inconsistência termodinâmica das equações para a competição das espécies X (Kinniburgh et al., 1999). A combinação das equações (IV.14) e (IV.15) é apenas consistente se todos os valores de nX forem iguais. A consistência termodinâmica e outras vantagens podem ser conseguidas multiplicando a equação (IV.15) pelo factor n X n H , resultando (Kinniburgh et al., 1999): q X = Q max θ T ,X nX nH (IV.16) Segundo a equação (IV.16), quando nX/nH é inferior a 1, significa que a capacidade máxima de adsorção de uma determinada espécie é inferior à quantidade total de sítios determinada pela titulação potenciométrica. Quando nX/nH é superior a 1, a capacidade máxima de 88 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO adsorção de uma determinada espécie é maior do que a calculada com os protões. Isto pode reflectir algum grau de cooperação nas ligações. Aplicando o modelo para a competição entre um ião metálico e o protão para um sítio activo, obtém-se a seguinte equação: q M = Q max ( nM ' K MCM nH [(K C ) + (K C ) ] 1 + [(K C ) + (K C ) ] ' H ) nM nH ' M H nH ' H n M p −1 M H (IV.17) nM p ' M M Considerando dois iões metálicos em simultâneo, a quantidade adsorvida total (equação (IV.20)) corresponde à soma da quantidade adsorvida por cada um dos iões metálicos (equações (IV.18) e (IV.19)). q M1 = Q max q M 2 = Q max [ ( n M1 nH n M2 nH (K ' M1 (K Q q T = max n M1 K 'M1 C M1 nH ) C M1 ' M2 n M1 ) C M2 n M1 [(K C ) + (K C ) + (K C ) ] 1 + [(K C ) + (K C ) + (K C ) ] nH ' H H nH ' H ) nM2 n M1 M1 ' M1 H M1 ' M2 n M1 n M 2 p −1 M2 ' M2 (IV.18) nM2 p M2 [(K C ) + (K C ) + (K C ) ] 1 + [(K C ) + (K C ) + (K C ) ] ' H nH + n M 2 K 'M 2 C M 2 ' M1 H ' H ( ' M1 ) nH ' M1 H nM2 M1 n M1 M1 ' M2 n M1 n M 2 p −1 M2 ' M2 M2 (IV.19) nM2 p ] [(K C ) + (K C ) + (K C ) ] 1 + [(K C ) + (K C ) + (K C ) ] ' H nH ' M1 H ' H nH H M1 ' M1 n M1 M1 n M1 ' M2 M2 ' M2 n M 2 p −1 M2 nM2 p (IV.20) O efeito da heterogeneidade intrínseca dos grupos carboxílicos (p) pode ser isolada do comportamento não ideal do metal e do protão (nM e nH) considerando m X = n X × p , o qual indica a aparente heterogeneidade da ligação. O valor de p não pode ser obtido a partir dos dados de adsorção monocomponente, visto que estes resultados reflectem o efeito combinado da não-idealidade do componente X (nX) e a heterogeneidade intrínseca do ligando (p); apenas pode ser obtido o produto de n X × p . Portanto, é necessário um conjunto de dados de adsorção multicomponente para obter os valores de nX e p. 89 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO Segundo Kinniburgh et al. (1999), Koopal et al. (2001) e Christl et al. (2001), a razão nH/nM influencia fortemente a razão de permuta iónica (rex) segundo a equação seguinte, derivada da equação de NICA, considerando apenas dois iões (metal e protão): rex (∂q H =− (∂q M ∂C H ) n H = ∂C M ) n M (K (K ' H CH ' H CH ) ) nH nH {1 + (K C {1 + (K C ) ) nH ' H H ' H H nH ( + (K + K 'M C M ' M CM ) ) nM nM }− p(K C }+ p(K C ) ) nH ' H H ' H H nH (IV.21) No entanto, rex varia também com o pH, com a concentração de metal e depende dos valores de p e K 'X (protão e metal). Pode variar na gama 0 < rex ≤ n H / n M , sendo o maior valor obtido quando p é pequeno (heterogeneidade elevada) e as concentrações de metal e protão baixas, o que acontece quando a maioria dos sítios activos estão ocupados pelos protões e a adsorção se aproxima de uma reacção normal de permuta iónica. Como nM é normalmente mais pequeno que nH, pode-se obter uma razão de permuta superior à unidade (Berbel et al., 2001 e Riemsdijk et al., 1996). IV.1.5 Lei de Acção de Massa (Eluição) Se se pretender usar o processo de biossorção no tratamento de águas contaminadas, a regeneração do biossorvente pode ser crucial para manter os custos baixos e possibilitar a recuperação dos iões metálicos extraídos da fase líquida. O mecanismo de dessorção é referido por diferentes autores (Tsezos, 1984; Aldor et al., 1995; Volesky, 2001) como sendo essencialmente permuta iónica entre os iões metálicos e os protões, no caso de se usar um eluente ácido. O coeficiente estequiométrico de permuta determinado para o cádmio segundo Aldor et al. (1995) é próximo da unidade. O equilíbrio de permuta entre o protão e o ião metálico ligado ao centro activo, supondo que após a saturação do biossorvente todos os sítios estão ocupados por iões metálicos e protões, pode ser descrito como: H KM LM (s ) + H (aq ) ← → LH (s ) + M (aq ) (IV.22) O equilíbrio de permuta iónica pode ser descrito pelo coeficiente de selectividade obtido a partir da lei de acção de massa aplicada às resinas de permuta iónica (Helfferich, 1962): 90 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO KM H = qM CH q H CM (IV.23) onde, KM H coeficiente de selectividade (adimensional); qM concentração de equilíbrio do ião metálico no biossorvente, mmol g-1; qH concentração de equilíbrio do protão no biossorvente, mmol g-1; CM concentração de equilíbrio do ião metálico na solução, mmol l-1; CH concentração de equilíbrio do protão na solução, mmol l-1. Estabelecendo os balanços totais na fase sólida e na fase líquida, obtém-se: C T = C M 0 + C H 0 = C M + C H = constante (IV.24) Q max = q M + q H = q M o + q H 0 = constante (IV.25) em que, CT concentração total na fase líquida, mmol l-1; Qmax concentração total de sítios activos, mmol g-1; C M0 concentração inicial (após adsorção) de ião metálico na solução, mmol l-1; C H0 concentração inicial (após adsorção) de protão na solução, mmol l-1; q M0 concentração inicial (após adsorção) de ião metálico na fase sólida, mmol g-1; q H0 concentração inicial (após adsorção) de protão na fase sólida, mmol g-1; Substituindo as equações (IV.24) e (IV.25) na equação (IV.23), e rearranjando, obtém-se a seguinte equação de equilíbrio de permuta iónica: 91 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO qM = KM H Q max C M CT + K M H −1 CM ( ) (IV.26) Determinando a quantidade dessorvida de ião metálico, para diferentes valores de pH, é possível determinar o coeficiente de selectividade do ião metálico relativamente ao protão. IV.2 Cinética de Biossorção O ajuste dos modelos cinéticos aos resultados experimentais permite estudar a influência de diferentes factores físico-químicos na cinética de biossorção, nomeadamente na constante cinética, na quantidade adsorvida e na velocidade inicial de biossorção. No entanto, é preciso ter em conta, que estes modelos podem ser apenas expressões capazes de descrever os resultados experimentais, não baseadas nos mecanismos de biossorção. IV.2.1 Modelo de Pseudo-Primeira-Ordem (Lagergren) O desenvolvimento deste modelo partiu do proposto por Ritchie (1977) para a adsorção de gases em sólidos. O autor assumiu que θca era a fracção de centros activos ocupados pelo gás adsorvido, n o número de centros activos ocupados por cada molécula adsorvida de gás e kn a constante cinética de adsorção e estabelece que: dθ ca q n = k n (1 − θ ca ) em que θ ca = t dt qM (IV.27) dq t (1− n ) (q M − q t )n = kn qM dt (IV.28) ou Assumindo que a biossorção de uma espécie metálica (M) ocorre num único centro activo da superfície do biossorvente (L) e a superfície é homogénea, correspondendo a sítios iguais com igual afinidade para o ião metálico, pode-se escrever a seguinte equação química: L (s ) + M (aq ) → LM (s ) Sendo n = 1, a equação (IV.28) escreve-se como: 92 (IV.29) INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO rads = dq t = k 1,ads (q M − q t ) dt (IV.30) em que rads é a velocidade de biossorção, mg g-1 min-1 Considerando a cobertura inicial da superfície do biossorvente nula (t = 0; q t = 0) e integrando a equação (IV.30), obtém-se a equação de pseudo-primeira-ordem proposta por Lagergren (1898): q t = q M (1 − exp(− k 1,ads t )) (IV.31) em que, qt quantidade de ião metálico por unidade de massa de biossorvente no instante t, mg g-1; qM quantidade de ião metálico por unidade de massa de biossorvente no equilíbrio, mg g-1; t tempo de experiência, min; k 1,ads constante de biossorção de pseudo-primeira-ordem de Lagergren, min-1. Este modelo tem sido utilizado de forma satisfatória por diversos autores (McKay et al., 1999; Arica et al., 2001; Cheung et al., 2001), para descrever a cinética de biossorção em diversos materiais naturais (quitosana, musgo, fungos imobilizados em esferas de alginato de cálcio, resíduo carbonizado). Os dois parâmetros cinéticos podem ser determinados por ajuste não-linear dos pontos experimentais. De forma a comparar a cinética de biossorção de um determinado ião metálico num dado biossorvente, é útil calcular a velocidade inicial de biossorção ( rads (i ) ) a partir da equação (IV.30): dq t dt t =0 = rads(i ) = k 1,ads q M (mg g -1 min -1 ) (IV.32) 93 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO IV.2.2 Modelo de Pseudo-Segunda-Ordem Assumindo que uma espécie metálica (M) se liga a dois centros activos da superfície do biossorvente (L) e a superfície é homogénea, correspondendo a sítios iguais com igual afinidade para o ião metálico, pode-se escrever a seguinte equação química: 2 L (s ) + M (aq ) → L 2 M (s ) (IV.33) Sendo n = 2, a equação (IV.28) escreve-se como: rads = dq t 2 = k 2,ads (q M − q t ) dt (IV.34) Considerando a cobertura inicial da superfície do biossorvente nula (t = 0; q t = 0) e integrando a equação (IV.34), obtém-se a equação de pseudo-segunda-ordem proposta por Ho (1995): qt = k 2,ads q 2M t (IV.35) 1 + k 2,ads q M t em que k 2,ads é a constante de biossorção de pseudo-segunda-ordem, g mg-1 min-1. Este modelo também tem sido usado de forma satisfatória por diversos autores (Ho e McKay, 2000; Chiron et al., 2003; Lazaridis e Asouhidou, 2003), para descrever a cinética de biossorção. Os parâmetros cinéticos podem ser determinados por ajuste não-linear dos pontos experimentais e a velocidade inicial pode ser calculada da seguinte forma: dq t dt t =0 = rads (i ) = k 2,ads q 2M (mg g -1 min -1 ) (IV.36) IV.3 Energia de Activação da Biossorção As constantes cinéticas de biossorção de pseudo-primeira-ordem de Lagergren e pseudosegunda-ordem são expressas como função da temperatura de acordo com a relação de Arrhenius: 94 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO k = k 0 exp − Ea RT (IV.37) em que, k0 factor de frequência independente da temperatura, min-1 (para a cinética de pseudo-primeira-ordem); g mg-1 min-1 (para a cinética de pseudo-segundaordem); Ea energia de activação da biossorção, J mol-1; R constante dos gases perfeitos, (= 8,314 J mol-1K-1); T temperatura da solução aquosa, K. Aplicando logaritmos a ambos os membros da equação (IV.37), obtém-se uma relação linear, a partir da qual é possível determinar a energia de activação do processo e o factor de frequência. ln E k = ln exp − a k0 RT ln (k ) = ln (k 0 ) − =− Ea RT Ea 1 R T (IV.38) (IV.39) A análise da equação de Arrhenius indica que o aumento da temperatura se traduz num aumento da constante cinética e que uma energia de activação muito elevada se traduz numa sensibilidade muito grande da cinética da adsorção à temperatura. O valor da energia de activação pode dar uma ideia do tipo de adsorção. Na adsorção física o equilíbrio é normalmente conseguido rapidamente e é facilmente reversível, em consequência da pequena energia de activação requerida. A energia de activação para a adsorção física, normalmente, nunca é superior a 4,184 kJ mol-1 (1 kcal mol-1), em consequência das forças intermoleculares envolvidas na adsorção física serem fracas. Essas forças podem incluir simultaneamente forças de Van der Waals (dispersão-repulsão) e interacções electrostáticas. A contribuição das forças de Van der Waals está sempre presente enquanto que a contribuição 95 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO electrostática é apenas significante no caso de se utilizarem adsorventes, como os zeólitos, com uma estrutura iónica. A adsorção química envolve forças muito mais fortes que a adsorção física. Essas forças resultam essencialmente da formação de uma ligação química entre o ião (sorvato) e a superfície do adsorvente. A energia de activação para a adsorção química é da mesma ordem de grandeza do calor de reacções químicas (40-800 kJ mol-1) (Nollet et al., 2003). Podem ser considerados dois tipos de adsorção química: activada e, menos frequentemente, não-activada. Na adsorção química não-activada, o processo ocorre muito rapidamente, sugerindo que a energia de activação é próxima de zero (Smith, 1981). Para sistemas biológicos, os valores encontrados na literatura geralmente variam entre 8,4–83,7 kJ mol-1 (2-20 kcal mol-1) (Shuler e Kargi, 1992). IV.4 Parâmetros Termodinâmicos da Biossorção Os valores dos parâmetros termodinâmicos são indicadores necessários para a aplicação prática do processo de biossorção. A variação da energia livre de Gibbs do processo de biossorção ( ∆G 0 ) pode ser calculada pela equação seguinte: ∆G 0 = − RT ln K L (IV.40) onde, ∆G 0 energia livre de Gibbs da biossorção, kJ mol-1; T temperatura da solução, K; KL constante de equilíbrio de Langmuir, l mol-1. Valores negativos de ∆G 0 indicam que o processo de biossorção é espontâneo. Quanto mais negativo for o valor ∆G 0 mais favorável, em termos energéticos, é o processo. A variação da energia livre de Gibbs ( ∆G 0 ) pode ser expressa em termos de variação de entalpia de biossorção ( ∆H 0 ), variação de entropia de biossorção ( ∆S0 ) e temperatura (T) pela seguinte relação: 96 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO ∆G 0 = ∆H 0 − T ∆S 0 (IV.41) onde, ∆H 0 variação de entalpia da biossorção, kJ mol-1; ∆S 0 variação de entropia da biossorção, kJ mol-1 K-1. A variação de entropia pode ser obtida rearranjando a equação (IV.41). Valores positivos reflectem a afinidade dos iões metálicos para o biossorvente e sugerem algumas alterações estruturais do adsorvente durante a biossorção dos iões metálicos. Também indicam um aumento da desorganização na interface sólido/líquido durante a biossorção dos iões metálicos (Mohan e Singh, 2002; Ho, 2003; Aksu e Tunç, 2005). Por outro lado, valores negativos de ∆S0 indicam que não ocorreram alterações significativas na estrutura interna do biossorvente durante a biossorção dos iões metálicos. A variação da constante de equilíbrio, K L , com a temperatura (T), para uma dada pressão constante (P), pode ser expressa em termos de variação de entalpia de biossorção ( ∆H 0 ), dada pela equação de van’t Hoff: ∂ ln K L ∂T = P ∆H 0 RT 2 (IV.42) Se ∆H 0 for considerado constante na gama de temperaturas de interesse, a equação (IV.42) pode ser integrada entre T1 e T2 (a que correspondem ln K L1 e ln K L 2 ) obtendo-se a seguinte equação: ∆H 0 = R KL T2 T1 ln 2 T2 − T1 K L1 (IV.43) Note-se que se a adsorção é endotérmica, ∆H 0 > 0, a constante de equilíbrio aumenta com a temperatura e, se é exotérmica ( ∆H 0 < 0), diminui. 97 INTRODUÇÃO À TEORIA DE ADSORÇÃO Referências Aksu, Z., Tunç, Ö. Application of Biosorption for Penicillin G Removal: Comparison with Activated Carbon. Process Biochemistry, 40, 831-847 (2005). Aldor, I., Fourest, E., Volesky, B. Desorption of Cadmium from Algal Biosorbent. The Canadian Journal of Chemical Engineering, 73, 516-522 (1995). Arica, M. 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O mecanismo de biossorção de iões metálicos envolve essencialmente três processos consecutivos. Inicialmente, os iões metálicos difundem-se através do filme em torno da superfície do biossorvente. Em seguida, têm de se difundir através da camada de gel do biossorvente (poros) para os sítios activos. Finalmente, ligam-se aos grupos funcionais do biossorvente. Neste capítulo apresentam-se diferentes modelos matemáticos capazes de descrever o processo de biossorção, contribuindo para a sua aplicação prática (Rodrigues, 1974). MODELAÇÃO MATEMÁTICA A listagem de todos os programas referidos neste capítulo é apresentada no apêndice F. V.2 Sistema Fechado A resistência à transferência de massa no filme foi desprezada em sistema fechado, tendo em conta as condições de elevada agitação dentro do adsorvedor. Nesta situação, a resistência à transferência de massa na partícula é o passo controlante do processo. V.2.1 Modelo de Difusão Homogénea V.2.1.1 Partículas Esféricas Este modelo, representado na Figura V.1 é baseado nos seguintes pressupostos: 1. difusão homogénea do ião metálico através do biossorvente; 2. as partículas de grânulos são consideradas com uma geometria esférica; 3. a quantidade adsorvida de ião metálico está em equilíbrio com a concentração do ião metálico em solução, dada pela isotérmica de Langmuir. Durante o processo de biossorção, a difusão dos iões metálicos para o biossorvente pode ser acompanhada pela libertação de protões ou outros iões de carga positiva (Na+, K+) e difusão para a solução. Como os coeficientes de difusão dos iões H+, Na+ ou K+ são muito superiores aos dos iões metálicos em solução aquosa (Reid et al., 1987), o mesmo acontecendo na partícula, é razoável considerar que o processo de biossorção é controlado pela difusão do ião metálico na partícula. O balanço material ao adsorvedor fechado resulta em: V dq dC b = −W dt dt onde, V volume do adsorvedor, cm3; W massa de biossorvente, g; 102 (V.1) MODELAÇÃO MATEMÁTICA t tempo da experiência, s; Cb concentração de ião metálico na solução, mg cm-3; concentração média de ião metálico na fase sólida, mg g-1. q Figura V.1 Perfil de concentrações dentro partícula e na solução. A equação de conservação de massa nas partículas de biossorvente, para o elemento de volume dVpar (entre r e r + dr), pode escrever-se como: R r r+ dr Figura V.2 (A par ψ p )r +dr = (A par ψ p )r + dVpar ρ ap Partícula esférica. ∂q ∂t (V.2) Pela lei de Fick: ψ p = D h ρ ap ∂q ∂r (V.3) em que, Apar área da partícula esférica de raio r, A par = 4π r 2 , cm2; dVpar elemento de volume da partícula entre r e r + dr ( dVpar = 4 π r 2 dr ), cm3; 103 MODELAÇÃO MATEMÁTICA fluxo de ião metálico através da partícula de adsorvente, por difusão, mg cm-2 ψp de partícula s-1; Dh difusividade homogénea do ião metálico no biossorvente, cm2 de partícula s-1; R raio da partícula esférica, cm; q concentração de ião metálico na fase sólida, mg g-1. Substituindo (V.3) em (V.2) e calculando o limite quando dr → 0 , obtém-se a seguinte equação, válida no interior da partícula (0 ≤ r ≤ R ) : Dh ∂ 2 q 2 ∂q ∂q + = 2 r ∂r ∂t ∂r (V.4) Aplicando o teorema da média à equação (V.4) obtém-se: dq dt = 3 D h dq dr R (V.5) r =R Condições aos limites: r=0 ∂q =0 ∂r r=R q = q* = (V.6) q LK LCb 1 + K LCb (V.7) Condições iniciais: t=0 q=0 C b = C b0 onde, C b0 104 concentração inicial de ião metálico na solução, mg cm-3. (V.8) MODELAÇÃO MATEMÁTICA Considerem-se as variáveis adimensionais r' = r , coordenada radial adimensional R θ= t , tempo adimensional τd Cb , concentração adimensional de ião metálico na fase líquida C b0 yb = y= q , concentração adimensional de ião metálico na fase sólida qL y* = (V.9) (V.10) (V.11) (V.12) q* , concentração adimensional de ião metálico na fase sólida, no equilíbrio(V.13) qL y = q qL , concentração média adimensional de ião metálico na fase sólida (V.14) τ d , tempo de difusão na partícula (R2 / Dh), s; (V.15) τ , tempo de contacto, s; (V.16) Nd = ξ= τ , número de unidades de transferência de massa na partícula τd W qL , factor de capacidade do adsorvedor fechado V C b0 (V.17) (V.18) Após introdução das variáveis adimensionais e manipulação das equações (V.1) e (V.5) obtém-se: r' ≠ 1 ∂y ∂2y 2 ∂ y = Nd + ' 2 ∂θ r ∂ r' ∂ r' d yb dy = −3 ξ dθ d r' (V.19) (V.20) ' r =1 105 MODELAÇÃO MATEMÁTICA Resolvendo a equação de equilíbrio (V.7) em ordem a Cb, derivando em ordem ao tempo e introduzindo as variáveis adimensionais, obtém-se: d yb 1 1 = dθ K L C b0 1 − y * ( ) 2 d y* dθ (V.21) Igualando as equações (V.20) e (V.21) obtém-se a condição limite para r ' = 1: d y* = −3 ξ K L C b 0 1 − y * dθ ( r' = 1 ) 2 ∂y ∂r ' (V.22) r ' =1 dy =0 dr ' r' = 0 (V.23) Condições iniciais θ=0 yb = 1 y (r ' ,0 ) = 0 y (1,0 ) = K L C b0 1 + K L C b0 (V.24) Resolvendo a equação diferencial às derivadas parciais (V.19) com as equações aos limites (V.22) e (V.23) e com as condições iniciais (V.24), obtém-se o perfil de concentrações dentro da partícula. A concentração de ião metálico na solução pode ser calculada através da lei de equilíbrio, sabendo que q * = q r '=1 . A concentração média de ião metálico na fase sólida pode ser determinada pela integração da equação (V.1) após adimensionalização, entre o instante θ = 0 → y = 0 ; y b = 1; e θ = θ → y = y ; y b = y b , dando origem à equação seguinte: y = 1 (1 − y b ) ξ (V.25) Estas equações foram resolvidas com recurso ao package PDECOL (Madsen e Sincovec, 1979). O package discretiza a variável espacial ( r ' ) por colocação ortogonal em elementos finitos, resolvendo o problema de valor inicial resultante com um integrador incorporado; recorreu-se ao integrador stiff (método de Gear) do pacote para a solução deste problema de valor inicial. O package exige a escrita de um programa principal e de várias subrotinas (em Fortran) para a definição do problema: a subrotina F, onde é feita a definição das equações a integrar, na 106 MODELAÇÃO MATEMÁTICA forma de FVAL(I ) = ∂U (I) ∂θ , em que U(I) é uma das variáveis dependentes e θ, o tempo adimensional; a subrotina UINIT, onde se definem as condições iniciais e a subrotina BNDRY, onde se faz a definição das condições fronteira. V.2.1.2 Partículas em forma de placa plana Para se proceder ao desenvolvimento deste modelo consideram-se os pressupostos do modelo V.2.1.1, com excepção na geometria da partícula. Neste caso consideram-se partículas em forma de placa plana, de comprimento muito superior à espessura. Consequentemente, pode-se considerar que o processo de biossorção é controlado pela difusão dos iões metálicos na direcção perpendicular às paredes laterais das partículas (área AL), como pode ser visto na Figura V.3. AL Cb z Cb q z+dz z=L Figura V.3 z=0 z=L Perfil de concentrações dentro da partícula e na solução. Considerando a equação de balanço ao adsorvedor (V.1) e fazendo o balanço de conservação de massa nas partículas (elemento de volume dVpar = ALdz) na direcção do fluxo de iões metálicos (z) obtém-se: ∂q ∂ 2q = Dh ∂t ∂ z2 (V.26) Considerando as mesmas variáveis adimensionais referidas em V.2.1.1, com excepção para a coordenada axial adimensionalizada, x = z , obtém-se as seguintes equações: L 107 MODELAÇÃO MATEMÁTICA ∂y ∂2y = Nd ∂θ ∂ x2 x ≠1 (V.27) ( d y* = −ξ K L C b 0 1 − y * dθ x =1 ) 2 ∂y ∂x (V.28) x =1 em que: Nd = τ L2 e τd = τd Dh (V.29) Condição fronteira: x=0 ∂y =0 ∂x (V.30) Condições iniciais: θ=0 yb = 1 y (x , 0) = 0 y (1 , 0 ) = K L C b0 1 + K L C b0 (V.31) Resolvendo a equação diferencial às derivadas parciais (V.27) com as condições aos limites (V.28) e (V.30) e com as condições iniciais (V.31), obtém-se o perfil de concentrações dentro da partícula. A concentração de ião metálico na solução pode ser calculada através da lei de equilíbrio. A concentração média de ião metálico na fase sólida pode ser determinada pela equação (V.25). Estas equações foram resolvidas com recurso ao package PDECOL (Madsen e Sincovec, 1979). V.2.2 Modelo LDF Este modelo assenta nos mesmos pressupostos dos modelos anteriores, substituindo a equação da difusão dos iões metálicos nas partículas por uma aproximação, aplicando o modelo da força directriz linear (LDF-Linear Driving Force). Aplicando o teorema das médias à equação de conservação de massa na partícula obtém-se a equação (V.5) para as partículas esféricas e a equação seguinte (V.32) para as partículas em forma de placa plana: 108 MODELAÇÃO MATEMÁTICA dq dt = D h dq L dz (V.32) z =L A derivada da concentração de ião metálico na fase sólida, na superfície da partícula esférica, pode ser obtida pelo declive da recta tangente ao perfil de concentrações na fase sólida na superfície da partícula (Figura V.4): dq dr Figura V.4 = q* − q r =R (esfera ) αR dq dz = z=L q* − q αL (placa plana ) (V.33) Determinação da derivada da concentração da fase sólida em relação ao raio da partícula na superfície desta. Substituindo as equações (V.33) na equação (V.32) e (V.5) obtém-se numa forma geral a equação seguinte: dq dt [ ] = k p a p q * − q , com a p = 3 (esfera ) e a p = 1 (placa plana ) R L (V.34) em que, kp coeficiente de transferência de massa na partícula, cm s-1; ap área específica da partícula de biossorvente, A par / Vpar , cm-1; Vpar volume da partícula, cm3; α fracção do raio (contada a partir da superfície), para o qual q = q . 109 MODELAÇÃO MATEMÁTICA Considerando um perfil de concentrações de iões metálicos na fase sólida parabólico é possível determinar o valor de α para as partículas esféricas (= 1/5) e para as partículas em forma de placa plana (= 1/3) obtendo-se: kp ap = 15 D h 15 = τd R2 (esfera ) kp ap = 3 Dh 3 = 2 τd L (placa plana ) (V.35) Substituíndo a equação (V.25) na forma não adimensionalizada e a equação (V.7) na equação (V.34), e substituíndo a equação resultante na equação (V.1), rearranjando e adimensionalizando obtém-se: ξ K L C b0 dy b + kp ap +1 yb = k p a p dt 1 + K L C b0 y b Resolvendo (t = 0 a equação y b = 1; t = t diferencial (V.36) ordinária (V.36) aos limites y b = y b ) obtém-se: (1 − β)(y b − α ) 1 ln (1 − α )(y b − β) α −β (V.37) − a + a2 + 4 b − a − a2 + 4 b 1 1 a = ξ −1+ ;b= ;α = ;β = K L C b0 K L C b0 2 2 (V.38) 2 t=− y + a yb − b 1 1 a ln b + 1− kp ap 2 b a − b +1 2b em que: No equilíbrio, t → ∞ d y b dt = 0 , resolvendo a equação (V.36) obtém-se a concentração na solução no equilíbrio, yb, a partir da expressão seguinte: yb = − a ± a2 + 4b 2 (V.39) Este modelo apresenta uma solução analítica, na qual a única variável a ser determinada é a difusividade homogénea na partícula (Dh). À medida que a constante de difusão na partícula (kp) aumenta diminui o tempo de difusão ( d), e o tempo de equilíbrio. 110 MODELAÇÃO MATEMÁTICA V.2.3 Modelo de Difusão Homogénea Multi-componente Neste modelo consideram-se os pressupostos descritos em V.2.1.2, com a única excepção do equilíbrio. O equilíbrio em biossorção multi-componente é descrito pela equação: q *i = Q max K i C bi 1+ n i =1 (V.40) K i C bi Considerando dois componentes, resolvendo a equação (V.40) em ordem a C bi e rearranjando, obtém-se a seguinte expressão: C bi = q *i K i Q max − 2 i =1 (V.41) q * i em que, Ki constante de equilíbrio aparente para cada componente (i) para um dado pH, l mmol-1. Derivando a equação (V.41) segundo: dC bi dt = 2 i =1 ∂C bi ∂q *i ∂q *i ∂t (V.42) obtém-se dC b1 dt dC b 2 dt = = ( 1 K 1 Q max − q1* − q *2 ( 1 K 2 Q max − q1* − q *2 ) 2 ) 2 (Q max (Q max * ∂q1* * ∂q 2 −q + q1 ∂t ∂t * 2 − q1* ) ) ∂∂qt * 2 + q *2 ∂q1* ∂t (V.43) (V.44) 111 MODELAÇÃO MATEMÁTICA Igualando as equações (V.1) e (V.32) e rearranjando resulta: dC bi dt =− W 1 ∂q i V τ di ∂x (V.45) x =1 Substituindo dC bi dt dado pela equação (V.45) nas equações (V.43) e (V.44) e resolvendo o sistema, obtém-se: x =1 x =1 dq 1 W (Q max − q 1 − q 2 ) q 1 K 2 ∂q 2 = dt V Q max τd2 ∂x dq 2 W (Q max − q 1 − q 2 ) q 2 K 1 ∂q 1 = dt V Q max τ d1 ∂x − x =1 − x =1 (Q max − q1 ) K1 τ d1 (Q max − q 2 ) K 2 τd2 ∂q 1 ∂x ∂q 2 ∂x (V.46) x =1 (V.47) x =1 Resolvendo o seguinte conjunto de equações: x ≠1 ∂q i 1 ∂ 2q i = ∂t τ d i ∂x 2 (V.48) Condição fronteira: x=0 ∂q i =0 ∂x (V.49) Condição inicial: t=0 q i (x ,0) = 0 (V.50) com as equações (V.46) e (V.47), obtém-se o perfil de concentrações na fase sólida para cada componente. As concentrações dos iões metálicos na solução são calculadas através da relação de equilíbrio, sabendo que q *i = q i x =1 e a concentração média na fase sólida q i para cada componente i, calculada pela relação (V.25). Estas equações foram resolvidas com recurso ao package PDECOL (Madsen e Sincovec, 1979). 112 MODELAÇÃO MATEMÁTICA V.2.4 Modelo de Eluição O processo de eluição é realizado através do contacto do material saturado com ião metálico com uma solução fortemente ácida. A regeneração do biossorvente ocorre por permuta dos iões metálicos com os protões que se difundem para a solução. Sendo assim, a relação de equilíbrio é dada pela lei de acção de massa: q* = KM H Q max C b CT + K M H −1 Cb ( ) (V.51) em que, CT concentração total de iões (protões+iões metálicos) na fase líquida, mmol cm-3; KM H coeficiente de selectividade. Como a concentração de protão na solução (CH) permanece aproximadamente constante durante o processo, e é muito superior à concentração de ião metálico, a equação (V.51) pode ser reduzida a uma equação de equilíbrio linear: KM Q q = H max C b CH * (V.52) De facto, o consumo de protões durante a dessorção é insignificante, fazendo com que o aumento do pH da solução seja desprezável, devido à pequena quantidade de iões metálicos a remover do biossorvente. Integrando a equação (V.1) de balanço material ao adsorvedor fechado com os limites t = 0 → q = q M 0 ; C b = 0 e t = t → q = q ; C b = C b obtém-se: q = qM 0 − V Cb W (V.53) Este modelo considera a transferência de massa dentro da partícula descrita pela equação (V.34). Substituindo as equações (V.52) e (V.53) na equação (V.34), substituindo a equação resultante na equação (V.1) e rearranjando, obtém-se: 113 MODELAÇÃO MATEMÁTICA dC b W + kp ap dt V KM V H Q max + Cb − q M 0 = 0 CH W (V.54) Resolvendo a equação diferencial ordinária com a condição inicial ( t = 0 → C b = 0 ), obtémse: Cb = qM 0 KM V H Q max + CH W 1 − exp − 1 + W KM H Q max kp ap t V CH (V.55) Esta solução analítica do modelo de eluição permite ajustar os dados cinéticos de dessorção, tendo como única variável ajustável a constante de difusão homogénea na partícula (Dh). V.3 Sistema em Contínuo - Adsorvedor de Cestos V.3.1 Modelo de Saturação V.3.1.1 Um Componente Para se desenvolver um modelo para simulação de ensaios em contínuo num adsorvedor de cestos, foram considerados os seguintes pressupostos (Figura V.5): • resistência à transferência de massa no filme líquido (como as partículas estão retidas dentro dos cestos, mesmo em condições de agitação elevadas não se consegue eliminar a resistência). O empacotamento das partículas nos cestos leva a que essa resistência seja difícil de eliminar; • resistência à transferência de massa na partícula placa plana (considera-se que a transferência de massa dentro da partícula é descrita pelo modelo LDF); • a quantidade adsorvida de ião metálico está em equilíbrio com a concentração do ião metálico no filme líquido, dada pela isotérmica de Langmuir. 114 MODELAÇÃO MATEMÁTICA Figura V.5 Perfil de concentrações na solução e na partícula. A conservação de massa no adsorvedor de cestos agitado é descrita pela seguinte expressão: Q C E = Q C b + ε Vr dq dC b + (1 − ε ) Vr ρ ap dt dt (V.56) em que, Q caudal de alimentação, cm3 s-1; Vr volume do adsorvedor, cm3; ε porosidade do adsorvedor de cestos, cm3 de fluido cm-3 de adsorvedor; ρ ap massa específica aparente do biossorvente, g cm-3; CE concentração de ião metálico na fase líquida à entrada do adsorvedor, mg cm-3; Cb concentração de ião metálico na fase líquida do adsorvedor, mg cm-3. Balanço de transferência de massa no filme: k f a p (C b − C f ) = ρ ap dq dt (V.57) em que, kf coeficiente de transferência de massa no filme, cm3 de fluido cm-2 biossorvente s-1; 115 MODELAÇÃO MATEMÁTICA concentração de ião metálico no filme na fase fluida, ou seja, em equilíbrio Cf com a concentração de ião metálico no biossorvente, mg cm-3; A transferência de massa na partícula é dada pela equação (V.34) e o equilíbrio é dado pela equação (V.7). Condições iniciais: t=0 Cb = 0 Cf = 0 q =0 (V.58) Considerando as novas variáveis adimensionais: τ= ε Vr , tempo de residência médio para o caudal Q, s Q (V.59) yb = Cb , concentração adimensional de ião metálico na fase líquida CE yf = Cf , concentração adimensional de ião metálico na fase líquida no filme (V.61) CE q y = qE , concentração adimensional de ião metálico na fase sólida (V.60) (V.62) q* y = , concentração adimensional de ião metálico na fase sólida, no equilíbrio(V.63) qE * (1 − ε ) ρ ξp = τf = ε ap qE , factor de capacidade do adsorvedor CE ε 1 , tempo de difusão no filme, s (1 − ε ) k f a p (V.64) (V.65) Nf = τ , número de unidades de transferência de massa no filme τf (V.66) Nd = τ , número de unidades de transferência de massa na partícula τd (V.67) 116 MODELAÇÃO MATEMÁTICA N 'd = k p a p τ (V.68) Aplicando as variáveis adimensionais às equações (V.56), (V.57), (V.34) e (V.7) e rearranjando obtém-se: d y dy b = 1 − yb − ξp dθ dθ d y dθ d y dθ y * = (V.69) Nf (y b − y f ) ξp ( ) = N 'd y * − y (1 + K = ' L ' L (V.70) (V.71) ) CE yf 1 + K CE yf (V.72) As condições iniciais adimensionalizadas são: θ=0 yb = 0 yf = 0 y =0 (V.73) Igualando a equação (V.72) à equação (V.70) obtém-se: [ Nf (y b − y f ) = N 'd y * − y ξp ] (V.74) Resolvendo a equação (V.74) em ordem a yf, substituindo y* pela equação (V.72) obtém-se a equação seguinte: yf = − A + A2 + 4 B C 2B (V.75) em que: A = 1+ Nf Nf + K 'L C E 1 − yb − y ' ξp Nd ξ p N 'd (V.76) 117 MODELAÇÃO MATEMÁTICA Nf ξ p N 'd (V.77) Nf yb + y ξ p N 'd (V.78) B = K 'L C E C= A resolução das equações (V.69), (V.71) e (V.74), com as suas condições iniciais (V.73), efectua-se com auxílio da subrotina LSODA (Hindmarsh, 1983; Petzold, 1983), a qual integra sistemas de equações diferenciais ordinárias através de um algoritmo de passo variável no método de Runge-Kutta-Fehlberg de quarta ordem. Para a resolução do modelo torna-se necessário conhecer kp e kf. O valor de kp foi estimado pela cinética em sistema fechado e o valor de kf foi estimado pelo número de Sherwood (Sh) (Ruthven, 1984): Sh = kf dp Dm (V.79) em que, Dm difusividade do ião metálico, cm2 s-1; dp diâmetro da partícula, cm; A difusividade pode ser calculada pela expressão de Nernst-Haskell (Reid et al., 1987): 1 1 + + + RT n n Dm = 1 1 F + − + λ λ em que, R constante dos gases perfeitos, 8.314 J mol-1 K-1; T temperatura absoluta do fluido, K; F constante de Faraday, 96500 C g-equiv-1; 118 (V.80) MODELAÇÃO MATEMÁTICA n+, n- valências do catião e anião, respectivamente; λ+ , λ− condutividades iónicas limites, (A cm-2)/[(V cm-1)(g-equiv cm-3)] (Dean, 1979); O número de Sherwood toma o valor mínimo de 2, no caso de não haver agitação do fluido em torno da partícula esférica, tornando o coeficiente de transferência de massa mínimo e, por conseguinte, a resistência à transferência de massa máxima (Carberry, 1976). V.3.1.2 Dois componentes O modelo para o adsorvedor de cestos em contínuo com dois componentes baseia-se nos mesmos pressupostos do modelo V.3.1.1, sendo a única excepção a relação de equilíbrio que, neste caso, é representada pela equação (V.40). De forma a obter a concentração de cada ião metálico no filme, a lei de equilíbrio tem de ser substituída na equação (V.74), originado um sistema de duas equações a duas incógnitas não linear, que poderia ser resolvido utilizando um método de Newton-Raphson. Outra forma encontrada foi derivar a equação (V.74) em ordem ao tempo transformando-as em duas equações diferenciais ordinárias. Variáveis adimensionais: y bi = C bi C Ei Nf i = y fi = ; C fi C Ei ; yi = qi Q max ; q *i (1 − ε ) ρ Q max ; y = ; ξ 'p' i = ap Q max ε C Ei * i N 'di = k pi a p τ ; τ τ fi Derivando a equação (V.74) em ordem ao tempo adimensional obtém-se: dy bi dθ − dy fi dθ = γi dy *i d y i − dθ dθ (V.81) em que, γi = N 'd i ξ 'p' i Nf i (V.82) 119 MODELAÇÃO MATEMÁTICA dy *i = dθ 2 i =1 ∂y *i ∂y f i ∂y f i ∂θ (V.83) Resultam as seguintes expressões: dy f1 dy f 2 dy1* = α1 − α2 dθ dθ dθ (V.84) dy f1 dy f 2 dy *2 = −β1 + β2 dθ dθ dθ (V.85) em que, α1 = (1 + K C 1 β1 = ( K 1C E1 1 + K 2 C E 2 y f 2 ) y f1 + K 2 C E 2 y f 2 E1 K 1 K 2 C E1 C E 2 y f 2 (1 + K C 1 E1 y f1 + K 2 C E 2 y f 2 ) ; α2 = ) ; β2 = 2 K 1 K 2 C E1 C E 2 y f1 (1 + K C 1 2 E1 ( K 2 C E 2 1 + K 1C E1 y f1 (1 + K C 1 E1 ) (V.86) ) (V.87) y f1 + K 2 C E 2 y f 2 ) y f1 + K 2 C E 2 y f 2 2 2 Substituindo as equações (V.83), (V.84), (V.85) na equação (V.81), obtém-se um sistema de equações lineares a duas incógnitas, originando as duas equações seguintes: dy f1 dθ dy f 2 dθ γ1 = dθ + dy b1 da D + γ2 d y2 dθ + dy b 2 da [(1 + γ1 α1 ) γ1 α 2 ] [1 + γ1 α1 + γ 2 β 2 + γ1 γ 2 (α1 β 2 − α 2 β1 )] (1 + γ1 α1 ) γ1 = d y1 d y1 dθ + dy b1 da ( γ 2 β1 ) + γ2 d y2 dθ + dy b 2 da (V.88) (1 + γ1 α1 ) [1 + γ1 α1 + γ 2 β 2 + γ1 γ 2 (α1 β 2 − α 2 β1 )] (V.89) em que, D = 1 + γ 1 α1 + γ 2 β 2 + γ 1 γ 2 α1 β 2 (V.90) Resolvendo as equações (V.69), (V.71) e (V.73) para os dois componentes, em conjunto com as equações (V.40), (V.88) e (V.89), obtém-se a concentração de cada ião metálico na fase líquida, no filme, e na fase sólida, sendo as únicas variáveis desconhecidas k fi e D h i . A 120 MODELAÇÃO MATEMÁTICA resolução do sistema de equações diferenciais ordinárias, com as suas condições iniciais, efectua-se com auxílio da subrotina LSODA (Hindmarsh, 1983; Petzold, 1983). V.3.2 Modelo de Eluição Após a saturação do biossorvente procede-se à eluição, com vista à recuperação do metal e regeneração do biossorvente. No desenvolvimento do modelo de eluição considera-se a resistência à transferência de massa na partícula, e o equilíbrio na interface solução/biossorvente descrito pela lei de acção de massa. Neste caso considera-se desprezável a resistência à transferência de massa no filme, visto que a presença de um electrólito forte com concentração elevada (neste caso, HNO3, pH = 1), faz com que a transferência de massa no filme seja desprezável. Devido ao facto de ser um sistema binário e à necessidade de somar concentrações, as variáveis são expressas em mmol. V.3.2.1 Um componente Escrevendo as equações do modelo e adimensionalizando obtém-se: Conservação de massa para o fluido, d y dy 'b = − y 'b − ξ 'p dθ dθ (V.91) Conservação de massa total (considera-se que acumulação de soluto + regenerante na partícula é a capacidade máxima do biossorvente, pelo que, a sua derivada parcial no tempo se torna nula), dy T C TE = − yT dθ C T 0 (V.92) Conservação de massa nas partículas, equação (V.34), d y dθ ( = N 'd y * − y ) (V.93) 121 MODELAÇÃO MATEMÁTICA Lei de acção de massa, equação (V.51), y* = ' KM H yb ' yT + K M H −1 yb ( (V.94) ) em que foram introduzidas novas variáveis adimensionais, yT = CT C T0 y 'b = Cb , concentração adimensional de ião metálico na fase líquida C T0 ξ 'p = C T = C b + C 'b (1 − ε ) ρ ε ap C T0 = C b 0 + C 'b 0 Q max , factor de capacidade do adsorvedor C T0 (V.95) (V.96) (V.97) Condições iniciais: θ=0 y 'b = C b0 C T0 yT = 1 y = qM 0 Q max (V.98) em que, C 'b concentração de regenerante na fase líquida, mmol l-1; Cb concentração de ião metálico na fase líquida, mmol l-1; CT concentração total (ião metálico + regenerante) na fase líquida, mmol l-1; CT concentração total (igual à concentração de solução regenerante) na fase E líquida à entrada do adsorvedor, mmol l-1; C b0 concentração de ião metálico na fase líquida no início da eluição, mmol l-1; C 'b0 concentração de regenerante na fase líquida no início da eluição, mmol l-1; 122 MODELAÇÃO MATEMÁTICA C T0 concentração total (ião metálico + regenerante) na fase líquida no início da eluição, mmol l-1; yT concentração adimensional total na fase líquida; q M0 quantidade adsorvida na fase de saturação na fase sólida, mmol g-1; O sistema de equações (V.91), (V.92), (V.93), (V.94) com as condições iniciais (V.98) foi resolvido através da utilização da subrotina PDECOL. V.3.2.2 Dois componentes Neste caso, a eluição é realizada após saturação do biossorvente com dois iões metálicos. As equações consideradas são exactamente iguais às do modelo de eluição com um ião metálico. Considera-se que lei de acção de massa é a mesma para cada ião, ou seja, não existe interferência na eluição pela presença de outro ião. As únicas diferenças são descritas a seguir: CT = 2 i =1 C bi + C 'b C T0 = 2 i =1 C bi 0 + C 'b0 (V.99) Neste caso as condições iniciais são: θ=0 y 'b = i C bi 0 C T0 yT = 1 yi = qi 0 Q max (V.100) em que, concentração do ião metálico (i) na fase líquida, mmol l-1; C bi C bi qi 0 0 concentração do ião metálico (i) na fase líquida, no início da eluição, mmol l-1; concentração do ião metálico (i) na fase sólida, no início da eluição, mmol g-1; O conjunto das cinco equações (2 de conservação de massa no fluido no adsorvedor, uma para cada ião metálico; 1 de conservação de massa total no fluido no adsorvedor; 2 de conservação de massa nas partículas, uma para cada ião metálico) com as condições iniciais representadas 123 MODELAÇÃO MATEMÁTICA pela equação (V.100) foram resolvidas utilizando a subrotina PDECOL, tendo como únicas variáveis desconhecidas a difusividade homogénea na partícula para cada ião metálico ( D h i ). V.4 Sistema em Contínuo – Coluna de Leito Fixo O desenvolvimento de uma tecnologia competitiva para a recuperação de iões metálicos depende de uma série de factores relacionados com as características da biomassa e o modo operacional. Na maioria dos sistemas de tratamento de águas com iões metálicos, o contacto com o biossorvente é feito em contínuo, em colunas de leito fixo, através das quais o efluente contacta constantemente com biossorvente fresco, tal como os usados em sistemas convencionais com resinas de permuta iónica ou carvão activado. Este tipo de sistema permite tratar grandes volumes de solução, embora limitado pela capacidade de retenção do biossorvente. O desempenho de uma coluna está muito relacionado com o comprimento e forma da zona de transferência de massa que se desenvolve na coluna durante a adsorção e regeneração. Em condições ideais (temperatura constante, sem efeitos dispersivos, escoamento pistão do fluido e equilíbrio favorável) o processo de adsorção (na saturação de um leito fixo) pode ser esquematizado conforme ilustrado na Figura V.6. CE Q Biossorvente fresco Biossorvente saturado tBp – tempo de quebra (breakthrough) tst – tempo estequiométrico C tf – tempo final C / CE 1 C E – concentração da alimentação C – concentração do efluente Q – caudal de alimentação tBp = t st = tf Figura V.6 124 t Evolução da frente de concentração em leito fixo em condições ideais. MODELAÇÃO MATEMÁTICA Através de um balanço material ao ião metálico, retido no biossorvente, é possível obter uma expressão importante no projecto da coluna. Assim, a quantidade de soluto (ião metálico) introduzido na coluna durante t = tempo estequiométrico (tst), estará distribuído entre a solução nos espaços vazios e o biossorvente. Q C E t st = ε Vr C E + (1 − ε ) Vr ρ ap q E (V.101) Rearranjando a equação obtém-se: ( t st = τ 1 + ξ p ) (V.102) em que ξ p é o factor de capacidade da coluna. Em casos reais, devido a diversos tipos de interferências, tais como os efeitos cinéticos dispersivos, o processo de adsorção não se desenvolve como uma frente abrupta, mas segundo uma onda de concentração com frente dispersiva que define uma zona de transferência de massa em forma de S como se pode verificar na Figura V.7. CE Q Biossorvente fresco Biossorvente saturado tBp – tempo de quebra (breakthrough) tst – tempo estequiométrico C C / CE tf – tempo final 1 CE – concentração da alimentação C – concentração do efluente Q – caudal de alimentação tBp Figura V.7 tst tf t Evolução da frente de concentração em coluna de leito fixo em condições reais. 125 MODELAÇÃO MATEMÁTICA Para um dado tempo t, existem na coluna três regiões diferentes. Na primeira zona, próxima da entrada, o biossorvente está saturado. Na terceira região, próxima do fundo da coluna, o biossorvente está fresco e na região intermédia, definida como a zona de transferência de massa (MTZ-Mass Transfer Zone), a concentração apresenta um perfil em forma em S (Figura V.8). O comprimento da MTZ é definido por: MTZ = 2 L' t st − t Bp t st (V.103) em que L’ é o comprimento da coluna. A fracção de leito não utilizado (LUB-Length of Unused Bed) é definida como a razão entre a diferença (tst-tBp) e tst (Figura V.8), considerando-se que ao tBp corresponde normalmente 1% da concentração de entrada na coluna, e é descrita pela equação seguinte: LUB = 1 − Figura V.8 t Bp t st (V.104) Zona de transferência de massa (MTZ), comprimento de coluna não usada (LUB), frente estequiométrica e perfil de concentração do efluente depois de breakthrough. Quanto mais curta for a MTZ, maior é o grau de utilização da coluna, correspondendo a uma menor LUB. O modelo utilizado na adsorção em leito fixo foi desenvolvido considerando um processo isotérmico, variações de pressão desprezáveis ao longo da coluna, e inclui: i. Equações de conservação de massa na coluna; ii. Lei de equilíbrio de biossorção na interface fluido/sólido; 126 MODELAÇÃO MATEMÁTICA iii. Leis cinéticas de transporte de massa (interface fluido/sólido e partícula); iv. Condições iniciais e fronteira. V.4.1 Modelo de Saturação V.4.1.1 Um Componente Conservação de massa no fluido interparticular (Figura V.9): ε (Aψ )z ' = ε (Aψ )z '+ δ z ' + ε A δ z' dq ∂C b + (1 − ε ) A δ z' ρ ap dt ∂t (V.105) em que, ψ = u i C b − D ax ∂C b ∂t Figura V.9 (V.106) Esquema representativo da coluna de leito fixo. Aplicando a definição da derivada ( δ z' → 0 ) à equação (V.105) e introduzindo a equação (V.106), obtém-se: dq ∂C b ∂ 2Cb ∂C b (1 − ε ) = D ax − u − ρ i ap ∂t ∂ z' ε dt ∂ z' 2 (V.107) 127 MODELAÇÃO MATEMÁTICA As equações de conservação de massa nas partículas e no filme são dadas, respectivamente, pelas equações (V.34) e (V.57). O equilíbrio na interface fluido/sólido é dado pela equação de Langmuir. Condições iniciais • Partícula t=0 • q =0 (V.108) Fluido interparticular t=0 Cb = 0 Cf = 0 (V.109) Condições aos limites • Fluido interparticular z' = 0 z' = L' u i C E = u i C b − D ax ∂C b ∂ z' ∂C b =0 ∂ z' (V.110) (V.111) em que, z' posição axial na coluna de comprimento L’, cm; ui velocidade intersticial, cm s-1; Dax coeficiente de dispersão axial na coluna, cm2 s-1; ε porosidade do leito, cm3 de fluido cm-3 de coluna; A área da secção recta da coluna, cm2; ψ fluxo de ião metálico através da coluna por convecção e dispersão axial, mg cm-2 s-1; 128 MODELAÇÃO MATEMÁTICA Consideram-se as novas variáveis adimensionais: Z= z' , coordenada axial adimensional L' (V.112) τ= L' , tempo de residência médio, s ui (V.113) e o novo grupo adimensional: Pe = u i L' , número de Peclet axial de massa D ax (V.114) Adimensionalizando as equações do modelo obtém-se: d y ∂ yb 1 ∂2 yb ∂ yb − − ξp = 2 Pe ∂Z ∂Z dθ ∂θ d y dθ yf = = N 'd (1 + K ' L ' L ) CE yf − y 1 + K CE yf − A + A2 + 4 B C 2B (V.115) (V.116) (V.117) em que A, B e C são os mesmos definidos pelas equações (I.76), (I.77) e (I.78). Condições iniciais: • Partícula θ=0 • y =0 (V.118) Fluido interparticular θ=0 yb = 0 yf = 0 (V.119) Condições aos limites: • Fluido interparticular 129 MODELAÇÃO MATEMÁTICA 1 ∂ yb + yb = 1 Pe ∂ Z Z=0 − Z =1 ∂y b =0 ∂Z (V.120) (V.121) A equação diferencial (V.115) às derivadas parciais em yb, tendo como variáveis independentes Z e θ, que admite como condição inicial a equação (V.119) e como condições fronteira as equações (V.120) e (V.121) e a equação (V.116), que admite como condição inicial a equação (V.118), diferencial ordinária, em conjunto com a equação (V.117), constituem respectivamente as equações matemáticas para a simulação dos ensaios em coluna de leito fixo. Estas equações forma resolvidas com recurso ao package PDECOL (Madsen e Sincovec, 1979). Para proceder à simulação é necessário fornecer estimativas de alguns parâmetros: • coeficiente de transferência de massa no filme; • coeficiente de transferência de massa nas partículas (estimado pelas experiências em sistema fechado); • coeficiente de dispersão axial; O cálculo do número de Peclet axial, Pe, baseou-se em dados experimentais, através da expressão Pe = Pe p L' d p , considerando o número de Peclet da partícula Pe p = 2 (Carberry, 1976). V.4.1.2 Dois Componentes O modelo de adsorção de dois iões metálicos assenta sobre os seguintes pressupostos: • resistência à transferência de massa no filme, dada pela equação (V.70) para cada componente (2 equações); • resistência à transferência de massa na partícula (modelo LDF), dada pela equação (V.71) para cada componente (2 equações); 130 MODELAÇÃO MATEMÁTICA • equilíbrio na interface sólido/liquido, definido pela equação (V.40) para cada componente (2 equações); • conservação de massa no fluido interparticular, dada pela equação (V.115) para cada componente (2 equações); • condições aos limites, dadas pelas equações (V.120) e (V.121) para cada componente (4 equações); • condições iniciais, dadas pelas equações (V.118) e (V.119) para cada componente (6 condições iniciais). De forma a obter a concentração de cada ião metálico no filme, a lei de equilíbrio tem de ser substituída na equação (V.74), originado um sistema de duas equações a duas incógnitas não linear, que poderia ser resolvido utilizando um método de Newton-Raphson. Outra forma encontrada foi derivar a equação (V.74) em ordem ao tempo transformando-a em duas equações diferenciais ordinárias, tal como foi feito na secção V.3.1.2. Sendo assim, obtém-se as equações (V.88) e (V.89) a partir das quais são obtidas as concentrações de cada metal no filme. Resolvendo este conjunto de equações, obtém-se a concentração de cada metal na solução (equação (V.115) para cada componente), a concentração de cada metal no filme (equações (V.88) e (V.89)) e a quantidade adsorvida média dentro da partícula (equação (V.71) para cada componente). O sistema de equações foi resolvido com o recurso ao package FORSIM (Carver et al., 1979) devido a problemas de convergência utilizando o package PDECOL. O package discretiza a variável espacial (Z) por diferenças finitas (subrotina PARSET), resolvendo o problema de valor inicial resultante com um integrador incorporado; recorreu-se ao integrador LSODA para determinar a solução deste problema de valor inicial. O package exige a escrita de um programa principal e de uma função externa. A função externa incorpora as equações diferenciais e as condições aos limites (em Fortran) para a definição do problema, na qual é chamada a subrotina PARSET para discretizar as equações diferenciais às derivadas parciais. As equações a discretizar, são definidas na forma 131 MODELAÇÃO MATEMÁTICA de: YT(I, NEQ) = ∂Y(I, NEQ) ∂θ ; YX(I, NEQ) = ∂Y(I; NEQ) ∂Z e YXX(I, NEQ) = ∂ 2 Y(I; NEQ ) ∂Z 2 , em que Y(I,NEQ) é uma das variáveis dependentes, θ o tempo adimensional, I o número de subintervalos definidos para variável espacial (Z) e NEQ o número de equações diferenciais às derivadas parciais. Após a discretização das equações, a sua integração é feita através do integrador LSODA chamado no programa principal, o qual utiliza o integrador Runge-Kutta-Fehlberg de quarta ordem (Carver et al., 1979). V.4.2 Modelo de Eluição V.4.2.1 Um Componente O modelo de eluição foi desenvolvido considerando os mesmos pressupostos referidos na secção V.3.2.1, com a inclusão da resistência à transferência de massa no filme. Conservação de massa no fluido interparticular: Soluto d y ∂ y 'b 1 ∂ 2 y 'b ∂ y 'b − − ξ 'p = 2 ∂θ Pe ∂Z ∂Z dθ (V.122) ∂ yT 1 ∂ 2 yT ∂ yT = − ∂θ Pe ∂ Z 2 ∂Z (V.123) Total Conservação de massa nas partículas d y dθ = N 'd ' KM H yf − y ' yT + K M − 1 y H f ( ) (V.124) Determinação de y 'f , 2 y = ' f 132 − A ' + A ' + 4 B' C ' 2 B' (V.125) MODELAÇÃO MATEMÁTICA onde, A = yT + K ' M H N 'd ξ 'p ( ) − K −1 Nf M H N 'd ξ 'p Nf y + y 'b B' = K M H −1 C' = (V.126) (V.127) N 'd ξ 'p y + y 'b y T Nf (V.128) Condições iniciais: • Partícula θ=0 • y = qM 0 (V.129) Q max Fluido interparticular θ=0 y 'b = C b0 CT yT = 1 C T0 =C b 0 +C 'b0 (V.130) 0 Condições aos limites: • Fluido interparticular Z=0 − Z =1 1 ∂ y 'b + y 'b = 0 Pe ∂ Z (V.131) CT 1 ∂ yT + yT = E Pe ∂ Z C T0 (V.132) − ∂ y 'b =0 ∂Z (V.133) ∂ yT =0 ∂Z (V.134) 133 MODELAÇÃO MATEMÁTICA A equação diferencial (V.122), às derivadas parciais em y 'b , tendo como variáveis independentes Z e θ, que admite como condição inicial a equação (V.130) e como condições fronteira as equações (V.131) e (V.133), a equação diferencial (V.123) às derivadas parciais em yT, tendo como variáveis independentes Z e θ, que admite como condição inicial a equação (V.130) e como condições fronteira as equações (V.132) e (V.134) e a equação diferencial (V.124) ordinária em conjunto com a equação (V.125), que admite como condição inicial a equação (V.129), constituem respectivamente as equações matemáticas para a simulação dos ensaios de eluição em coluna de leito fixo. Tal como na simulação dos ensaios em coluna na etapa de saturação, os sistemas de equações foi resolvido com o recurso ao package PDECOL (Madsen e Sincovec, 1979). V.4.2.2 Dois Componentes No desenvolvimento do modelo de eluição com dois componentes foram assumidos os mesmos pressupostos que no modelo de um único componente. Neste caso, assume-se que o número de Peclet é o mesmo para os dois componentes e a lei de acção de massa é independente para qualquer componente, isto é, a dessorção não é afectada pela presença do outro componente. Neste caso escrevem-se 2 equações de conservação de massa no fluido interparticular, uma para cada componente (equação (V.122)), 1 equação de conservação de massa no fluido interparticular total (equação (V.123)), 2 equações de conservação de massa, uma para cada componente (equação (V.124)) e 2 equações necessárias para determinar a concentração de cada componente no filme na fase líquida (equação (V.125)). As condições iniciais são representadas por duas equações para a partícula e fluido interparticular para os dois componentes (equações (V.129) e (V.130)), com a respectiva concentração inicial na fase líquida e sólida para cada componente. Para Z = 0, as condições aos limites são representadas por três equações, uma para cada componente (equação (V.131)) e outra para o total (equação (V.132)). Para Z = 1, as condições aos limites são representadas também por três equações, uma para cada componente (equação (V.133)) e outra para o total (equação (V.134). O sistema de equações foi resolvido com o recurso ao package FORSIM (Carver et al., 1979) devido a problemas de convergência utilizando o package PDECOL. 134 MODELAÇÃO MATEMÁTICA Referências Carberry, J. J. Chemical and Catalytic Reaction Engineering. Mc Graw-Hill Book Company, New York, 1976. Carver, M. B., Stewart, D. G., Blair, J. M., Selander, W. N. A Fortran-Oriented Simulation Package for the Automated Solution of Partial and Ordinary Differential Equation Systems. AECL-5821, 1979. Dean, J. A. Lange's Handbook of Chemistry. Twelfth edition. McGraw-Hill Book Company, New York, 1979. Hindmarsh, A. C. Odepack, a Systematized Collection of ODE Solvers, in Scientific Computing. Scientific Computing, Amsterdam, 1983. Madsen, N., Sincovec, R. PDECOL: General Collocation Software for Partial Differential Equations. ACM Transactions on Mathematical Software, 5, 326-351 (1979). Petzold, L. R. Automatic Selection of Methods for Solving Stiff and Nonstiff Systems of Ordinary Differential Equations. Siam Journal Science Statistics Computing, 4, 136148 (1983). Reid, R. C., Prausnitz, J. M., Poling, B. E. The Properties of Gases & Liquids. 4th edition edition. McGraw-Hill Book Company, New York, 1987. Rodrigues, A. E. Elementos sobre a Teoria de Percolação. Luanda, 1974. Ruthven, D. M. Principles of Adsorption and Adsorption Processes. John Wiley & Sons, New York, 1984. 135 VI. Materiais e Métodos VI.1 Materiais Neste trabalho utilizaram-se três tipos de biossorventes com características diferentes: a alga Gelidium Sesquipedale (ver apêndice A), um resíduo industrial obtido após a extracção do agar desta espécie de alga e o mesmo resíduo imobilizado em poliacrilonitrilo (PAN). Os materiais serão identificados respectivamente como alga Gelidium, resíduo e grânulos. A alga Gelidium e o resíduo foram fornecidos pela única empresa que, neste momento em Portugal, faz a extracção de agar da alga Gelidium, “IberAgar”, sedeada em Coina, Setúbal. Os grânulos foram produzidos na Universidade Técnica de Praga (República Checa), no Departamento de Química Nuclear, pelo Professor Ferdinand Sebesta. VI.1.1 Alga Gelidium A alga Gelidium foi lavada com água destilada para remover impurezas (que podem ser, desde outro tipo de algas colhidas conjuntamente, até poeiras que se depositam na alga) e seca em estufa a 60ºC. De seguida foi triturada em duas etapas: a primeira num moinho de lâminas (Retsch KG) e a segunda, num moinho de café. O material foi peneirado (agitador de peneiros AS200 digit Retsch) a uma altura de vibração de 2.4 mm durante 30 minutos, através de peneiros de abertura 0,25; 0,5; 0,8 e 1,0 mm. A fracção obtida em cada um dos peneiros não MATERIAIS E MÉTODOS foi homogénea, devido à forma das partículas, não permitindo estabelecer uma classificação rigorosa por tamanhos, uma vez que partículas maiores, em termos de comprimento, conseguiam passar por peneiros de abertura inferior. VI.1.2 Resíduo O resíduo proveniente da extracção do agar foi desagregado e seco ao ar livre para eliminar compostos voláteis e alguma água. Posteriormente foi lavado com água destilada e seco, primeiro ao ar livre, e depois em estufa a 60ºC, e triturado num moinho de lâminas Retsch, modelo ZM, obtendo-se partículas com diâmetro inferior a 1 mm. Este resíduo em contacto com água desagrega-se obtendo-se uma suspensão uniforme de partículas, pelo que não foi feita a crivagem. O resíduo é constituído por restos da alga Gelidium após extracção do agar e terra de diatomáceas (72% SiO2; 14% Al2O3; 8,8% K2O; 4% Na2O e 1,2% de outros elementos em proporções muito pequenas (MgO; CaO; TiO2; Fe2O3)). VI.1.3 Grânulos Os grânulos foram preparados na Universidade Técnica de Praga, República Checa, no Departamento de Química Nuclear, pelo Professor Ferdinand Sebesta. A técnica utilizada está descrita em Sebesta et al. (1996), Sebesta (1998) e (1999). O resíduo foi usado como componente activo. Numa primeira etapa dissolve-se poliacrilonitrilo (PAN) em dimetil sulfóxido (DMSO) durante 1 a 2 horas. O resíduo é adicionado de uma forma gradual à solução de PAN sob agitação durante cerca de 30 minutos. A suspensão homogénea é dispersa em água (banho coagulante), à temperatura ambiente. Os grânulos formados na água são lavados com água destilada, separados por filtração (filtro de Büchner) e secos na estufa a uma temperatura de 30 a 40 ºC. Os grânulos são depois peneirados, obtendo-se diferentes granulometrias entre 0,1 e 2,0 mm. De acordo com o procedimento usado, os grânulos secos contêm cerca de 75% de componente activo. Uma vantagem desta técnica é a possibilidade de preparar os grânulos directamente em solução aquosa, eliminando a necessidade de introduzir solventes orgânicos e óleos imiscíveis com a água. As cinéticas de adsorção que utilizam estes adsorventes são extremamente 138 MATERIAIS E MÉTODOS rápidas, porque as partículas finas do componente activo estão embebidas em macroporos na matriz polimérica. O PAN utilizado como polímero imobilizante é estável em soluções de electrólitos mais comuns, com excepção das soluções concentradas de ZnCl2, LiBr, CaCl2 e NaSCN, as quais dissolvem o poliacrilonitrilo. Este polímero também se dissolve em soluções mais concentradas que 8 M HNO3, 5 M H3PO4 ou 5 M H2SO4. Em meios ácidos até pH 0 e em meios alcalinos até pH 13, não se verificou nenhuma deterioração das propriedades do adsorvente durante várias semanas de exposição a temperaturas inferiores a 25ºC. Em soluções alcalinas superiores a pH = 13, a estabilidade química do PAN é afectada negativamente pela sua hidrólise. A influência da hidrólise aumenta com o aumento do pH e temperatura (Sebesta, 1997). VI.1.4 Preparação das Soluções e do Material Utilizado As soluções de iões metálicos foram preparadas por dissolução dos respectivos sais em água destilada (PbCl2 - Sigma-Aldrich, 98%; CuCl2.2H2O - Riedel-de Haën, 99%; CdCl2 - SigmaAldrich, 99%; ZnCl2 - Merck, 98%; Cr(NO3)3.9H2O - Merck, 98%). A solução de azul-de-metileno foi preparada dissolvendo uma determinada massa do corante (C16H18ClN3S.2H2O) em água destilada. Todo o material de vidro e de polietileno usado nas experiências foi limpo de acordo com o seguinte procedimento: enxaguado com água da torneira, mergulhado em HNO3 a 20% (durante 24 horas), enxaguado com água destilada e seco na estufa a 45ºC. Foram usadas soluções de NaOH e HNO3 (0,01M e 0,1M), preparadas a partir de NaOH puro (PRONALAB-AKZO NOBEL) e HNO3 (Merck, 65%), para ajustar o pH das soluções. A força iónica das soluções foi ajustada pela adição de solução de KNO3 (Merck, 99%) de concentração 1,0 M. As soluções 0,20 M HNO3 e 0,01 M NaOH, utilizadas como titulantes na titulação potenciométrica, foram preparadas, respectivamente, a partir de HNO3 a 65% ultrapuro (Merck) e 0,2 M NaOH (Merck) e padronizadas. A força iónica das soluções foi ajustada pela adição de solução de NaNO3 (Riedel-de Haën, 99,5%) 1,0 M. 139 MATERIAIS E MÉTODOS VI.1.5 Caracterização Física VI.1.5.1 Determinação da Área Superficial Específica A área superficial específica foi determinada pela adsorção de azul-de-metileno em solução aquosa (via húmida), por adsorção de N2 (via seca) e por porosimetria de mercúrio. A adsorção de N2 foi realizada no Laboratório de Caracterização e Certificação de Materiais Granulares (LABGRAN-Instituto Pedro Nunes) com o equipamento Micromeritics, modelo ASAP (Accelerated Surface Area and Porosimetry System) 2000. VI.1.5.2 Determinação da Densidade Aparente, Real e Porosidade A densidade aparente e porosidade dos materiais foram determinadas por porosimetria de mercúrio e a densidade real por picnometria de hélio, no LABGRAN, utilizando, respectivamente, as técnicas de intrusão de mercúrio (aparelho Poresizer 9320) e deslocamento de gás (aparelho ACCUPYC 1330). VI.1.5.3 Determinação de Tamanhos das Partículas A análise da distribuição de tamanhos dos grânulos foi realizada por difracção de raios laser e polarização da luz da lâmpada de Tungsténio, utilizando o equipamento Coulter Counter, modelo LS-230. A determinação do comprimento e largura da alga Gelidium (partículas em forma de placa plana) foi realizada no LABGRAN por observação microscópica e a espessura foi determinada por microscopia electrónica de varrimento realizada no Centro de Materiais da Universidade do Porto (CEMUP). VI.1.6 Caracterização Química VI.1.6.1 Quantificação dos Centros Activos Para a titulação potenciométrica das superfícies usou-se o sistema de titulação Wallingford (Kininburgh, 1993), do Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve. Este titulador consiste numa célula termostatizada, três buretas Metrohm 665 e um módulo Microlink 3000 (Figura VI.1). Este módulo mede potenciais com precisão de 0,1 mV, sendo capaz de controlar simultaneamente até três eléctrodos de pH. As autoburetas e o módulo Microlink foram ligados a um computador compatível através duma interface Microlink MF18. O controlo da experiência e a aquisição 140 MATERIAIS E MÉTODOS de dados foram feitos por computador. O pH foi medido com dois eléctrodos de vidro e um eléctrodo de referência de junção dupla Ag/AgCl. A ponte salina foi cheia com solução 1,0 M NaNO3. Foram usados reagentes de grau de pureza pró-análise (p.a). As soluções de base são facilmente contaminadas com CO2 e, para minorar este problema, antes da preparação das soluções a água foi fervida durante várias horas e a adição da base foi feita sob borbulhamento de azoto durante toda a experiência. As concentrações exactas do ácido e da base foram aferidas, respectivamente, por titulação com bórax e com ácido forte. Figura VI.1 Fotografia da instalação do titulador de Wallingford. VI.1.6.2 Espectroscopia FTIR A Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR-Fourier Transform Infrared Spectroscopy) permite fazer a análise qualitativa e quantitativa de uma substância orgânica, ou mineral, a partir dos grupos funcionais presentes na molécula ou substância em análise. Baseia-se na medição da energia absorvida para a vibração de cada uma das ligações químicas presentes no material. Cada amostra sólida foi triturada com um almofariz de forma a obter um pó fino e homogéneo. O pó foi misturado com KBr (Merck) seco, na razão ponderal de 1:50, e procedeu-se à maceração desta mistura com ajuda de um almofariz e pilão, até completa homogeneização. A mistura obtida foi introduzida no pastilhador e posteriormente prensada sob a forma de pastilha. A pastilha de KBr foi colocada no respectivo suporte e o conjunto inserido na câmara do espectrofotómetro. O espectro de infravermelhos (FTIR) foi obtido para comprimentos de onda na gama de 400 a 4000 cm-1, com um aparelho FTIR BOMEM, Arid-ZoneTM (MB-Series), modelo 1540. 141 MATERIAIS E MÉTODOS VI.1.6.3 Microscopia Electrónica de Varrimento e Microanálise por Raios X A Microscopia Electrónica de Varrimento (SEM-Scanning Electron Microscopy) e Microanálise por Raios X (EDS-Energy Dispersive Spectroscopy X-Ray Microanalysis) foram efectuadas no CEMUP. Os materiais foram previamente secos a 105ºC para remover a humidade. As amostras secas foram revestidas a ouro por pulverização, tornando-as condutoras. VI.2 Métodos de Análise VI.2.1 Doseamento dos Metais As concentrações de iões metálicos foram determinadas por espectrofotometria de absorção atómica (EAA) com chama (GBC 932 Plus Atomic Absorption Spectrometer). As soluções padrão de chumbo (Pb(NO3)2 1001 ± 2 mg l-1), cobre (Cu(NO3)2 1001 ± 2 mgl-1), cádmio (Cd(NO3)2 1001 ± 2 mg l-1), zinco (Zn(NO3)2 1001 ± 2 mg l-1), crómio (Cr(NO3)3 999 ± 5 mg l-1), alumínio (Al(NO3)3 999 ± 2 mg l-1), níquel (Ni(NO3)2 1001 ± 2 mg l-1), ferro (Fe(NO3)3 1001 ± 2 mg l-1), manganês (Mn(NO3)2 1001 ± 2 mg l-1), sódio (NaCl, 99,5%), potássio (KCl, 99,5%), magnésio (Mg(NO3)2 1001 ± 2 mg l-1) e cálcio (Ca(NO3)2 1001 ± 2 mg l-1), usadas na preparação dos padrões de calibração, foram da marca Merck. Todas as determinações foram executadas nas condições apresentadas na Tabela VI.1. Tabela VI.1 Condições operatórias do EAA-chama para a análise dos diferentes iões. Metal Pb2+ Cu2+ Cd2+ Zn2+ Cr3+ Al3+ Ni2+ Fe2+ Mn2+ Na+ K+ Mg2+ Ca2+ 142 Intensidade de corrente (A) 5,0 3,0 3,0 5,0 6,0 10,0 4,0 7,0 5,0 5,0 6,0 3,0 10,0 Gama Limite de Abertura Tipo de utilizada detecção da fenda Chama* (nm) (mg l-1) (mg l-1) 217,0 1,0 A-A 0,6-8,0 0,33 324,7 0,5 A-A 0,2-5,0 0,4 228,8 0,5 A-A 0,05-1,0 0,07 213,9 0,5 A-A 0,1-1,2 0,08 357,9 0,2 P-A 1-10 0,01 396,2 0,5 P-A 1-40 0,73 232,0 0,2 A-A 0,2-2,0 0,06 372,0 0,2 A-A 2-50 3,0 279,5 0,2 A-A 0,2-2 0,09 330,2 0,5 A-A 10-150 5,8 766,5 0,5 A-A 0,2-3,0 0,23 285,2 0,5 A-A 0,1-0,4 0,03 422,7 0,5 A-A 1-4 0,3 * A-A – Chama Ar-Acetileno; P-A – Chama Protóxido-Acetileno Comprimento de onda (nm) Sensibilidade (mg l-1) 0,06 0,03 0,008 0,007 0,05 0,52 0,03 0,3 0,05 0,74 0,03 0,002 0,04 MATERIAIS E MÉTODOS Foi utilizada a correcção de Deutério para comprimentos de onda inferiores a 250 nm. Para os iões Ca2+ e Mg2+ foi necessário adicionar um agente libertador (2000 mg l-1 de óxido de lantânio - La2O3 (BDH Laboratory)) para remover interferências químicas. Para os iões K+ e Na+ foi necessário adicionar uma solução concentrada de 2000 mg l-1 de NaCl (Merck, 99,5%) e KCl (Merck, 99,5%), respectivamente, para eliminar interferências de ionização. A resposta do aparelho foi verificada periodicamente com uma solução padrão do metal a determinar. VI.2.2 pH O pH da solução foi medido usando um medidor de pH (pH 538 WTW). VI.2.3 Concentração de Azul-de-Metileno As concentrações de azul-de-metileno foram determinadas a partir da absorvância das soluções a 650 nm, medidas com um espectrofotómetro de UV/Vis (PYE UNICAM-PU 8600 spectrophotometer). O comprimento de onda seleccionado corresponde ao pico máximo de absorvância da molécula de azul-de-metileno (Bergmann e O'Konski, 1963). VI.2.4 Carbono Orgânico Total O carbono orgânico total foi medido em soluções filtradas (filtros Whatman GF/C) com o analisador SHIMADZU IZASA, modelo TOC-5000 A. VI.2.5 Condutividade A condutividade foi medida com um condutivímetro de marca WTW, modelo LF 538. VI.2.6 Digestão dos Biossorventes A determinação do teor de metais nos biossorventes foi realizada segundo o procedimento descrito em “STANDARD METHODS” (Ciasceri et al., 1998). A solubilização dos metais 143 MATERIAIS E MÉTODOS foi obtida por digestão do sólido, a quente, com uma mistura de ácido nítrico/clorídrico, e a análise efectuada por EAA-chama, após filtração. VI.2.7 Matéria Volátil (MV) A determinação da matéria volátil foi realizada segundo o procedimento descrito em “STANDARD METHODS” (Ciasceri et al., 1998). O método utilizado consiste na eliminação da matéria volátil por calcinação a 550 ± 50 ºC. VI.2.8 Sílica A sílica foi determinada pelo método gravimétrico, que tem por base a volatilização da sílica por reacção com ácido fluorídrico na amostra calcinada previamente a 1100ºC, conforme descrito em “STANDARD METHODS” (Ciasceri et al., 1998). VI.3 Procedimento Experimental VI.3.1 Estudo da Cinética de Biossorção VI.3.1.1 Saturação As experiências para estudar a cinética de biossorção foram realizadas num adsorvedor fechado (Figura VI.2), com 1 litro de capacidade, envolvido por uma camisa de aquecimento e arrefecimento, permitindo manter a temperatura constante, a 20 ± 1 ºC, ao longo da experiência. Na camisa circulava água proveniente de um banho termostático (Grant type VFP), constituído por uma resistência de aquecimento e um refrigerador (Grant type C1G). A temperatura da solução foi medida por um termopar (WTM TFK 530). Para registar a evolução do pH, utilizou-se um medidor de pH (pH Meter WTW pH 538), ligado a um computador, para a aquisição dos dados (aplicação LabView), a intervalos de tempo de 5 segundos. O esquema da instalação experimental é ilustrado na Figura VI.3. Inicialmente adicionou-se 0,5 l de água destilada e uma quantidade previamente pesada de biossorvente seco. A suspensão foi mantida homogeneizada através dum agitador magnético (Heidolph MR 3000), com uma velocidade de agitação de 600 rpm, impedindo a existência de zonas mortas no reactor e eliminando a resistência à transferência de massa externa. A agitação foi mantida durante 15 minutos até estabilizar o valor de pH, acertando-se depois 144 MATERIAIS E MÉTODOS para o valor pretendido por adição de HNO3 e NaOH. Por fim adicionou-se a solução de metal de concentração conhecida. Ao longo de toda a experiência o pH foi controlado por adição de HNO3 e NaOH. Figura VI.2 Instalação experimental durante a realização de um ensaio em sistema fechado com grânulos. A recolha de amostras do meio líquido foi feita com uma seringa colocada no topo do adsorvedor, em intervalos de tempo definidos. As amostras foram centrifugadas de imediato (Eppendorf Centrifuge 5410) e a concentração residual de metal no sobrenadante determinada por EAA-chama. Sempre que necessário diluía-se a amostra de forma a obter concentrações na gama da curva de calibração. As experiências foram realizadas para diferentes concentrações iniciais de ião metálico (100, 50 e 20 mg l-1), diferentes valores de pH (6,5; 5,3; 4 e 3), de temperatura (10 e 45ºC) e de força iónica (0,001 M, 0,01 M e 0,1 M). Foram ainda realizados estudos cinéticos em sistemas binários, para avaliar a biossorção competitiva (Pb2+/Cu2+; Pb2+/Cd2+, Pb2+/Zn2+ e Cd2+/Zn2+), usando concentrações mássicas de metal iguais, pH = 5,3 e T = 20ºC. Realizaram-se alguns ensaios cinéticos com o corante azul-de-metileno (MB) e com os três biossorventes, com o intuito de determinar o tempo de equilíbrio da biossorção do MB, presente em solução, na forma catiónica. A temperatura foi mantida a 20ºC, fixou-se a massa de biossorvente e variou-se a concentração inicial de 100 até 600 mg l-1. Foram retiradas amostras de 10 ml de solução em intervalos predefinidos, variando de 1 a 10 minutos. As 145 MATERIAIS E MÉTODOS amostras foram centrifugadas (Eppendorf Centrifuge 5410) durante cinco minutos a 5000 rpm e o sobrenadante foi analisado por espectrofotometria de UV/Vis. Medidor pH Base Computador Agitador magnético Ácido Banho Termostático Figura VI.3 Configuração experimental nos ensaios em sistema fechado. VI.3.1.2 Dessorção O procedimento experimental foi similar ao descrito em VI.3.1.1, com a excepção de que inicialmente o biossorvente estava saturado com um ião metálico, sendo previamente lavado e seco na estufa a 60ºC, e a solução de eluente isenta do elemento metálico em estudo. Mediuse a evolução da concentração de metal dessorvido do material para a solução tal como no procedimento VI.3.1.1. Para o estudo da dessorção usaram-se soluções de HNO3 e EDTA e estudou-se a influência de cada uma delas na cinética de dessorção do Cu(II), para a mesma razão massa de sólido/volume de líquido, S/L. VI.3.2 Equilíbrio VI.3.2.1 Saturação Estudou-se o equilíbrio de biossorção dos iões metálicos (Pb2+,Cu2+, Cd2+, Zn2+ e Cr3+) nos três materiais (Gelidium, resíduo e grânulos) a diferentes valores de pH (3; 4; 5,3 e 6,5;), força iónica (0,001 e 0,1 M) e temperatura (20 e 35ºC). 146 MATERIAIS E MÉTODOS As experiências foram realizadas em duplicado, usando matrazes de 100 ml (Figura VI.4) e variando a concentração inicial entre 10 e 300 mg l-1. O pH das soluções foi controlado durante o processo e a temperatura manteve-se constante durante cada experiência (estufa refrigerada HOTCOLD-M). O procedimento experimental foi o seguinte: (1) a cada matraz adicionou-se 50 ml de água destilada, (2) adicionou-se uma massa previamente pesada de biossorvente sob agitação magnética, 100 rpm, (3) adicionou-se 50 ml de solução de ião metálico com concentração conhecida, (4) ajustou-se o pH ao valor pretendido por adição de soluções diluídas de HCl e NaOH, (5) depois de se atingir o equilíbrio (1 hora), retirou-se amostras da solução e centrifugou-se (Eppendorf Centrifuge 5410), (6) e analisou-se a concentração residual de metal em solução. Figura VI.4 Conjunto de matrazes sobre um agitador magnético Multi Stirrer VELP SCIENTIFICA, no interior de uma estufa refrigerada P-Selecta Hotcold-M. Foram ainda realizados estudos de equilíbrio em sistemas binários, com concentrações mássicas de metal iguais, para avaliar a biossorção competitiva (pH = 5,3 e T = 20ºC). Para determinar a capacidade máxima de adsorção de azul-de-metileno determinou-se a isotérmica de cada biossorvente. As concentrações iniciais de MB variaram entre 40 a 800 mg l-1 e foram adicionados 0,2 g de biossorvente a cada matraz. Depois de se atingir o equilíbrio (100 minutos), foram retiradas amostras da suspensão, e centrifugadas. Analisou-se a concentração residual de MB no sobrenadante. 147 MATERIAIS E MÉTODOS VI.3.2.2 Dessorção O procedimento experimental foi similar ao descrito em VI.3.2.1, com a excepção de que inicialmente o biossorvente estava saturado com um ião metálico, sendo previamente lavado e seco na estufa a 60ºC, e a solução de eluente estava isenta do elemento metálico em estudo (Figura VI.5). Uma vez atingido o equilíbrio (1 hora) retiraram-se amostras da suspensão, centrifugaram-se e analisou-se a concentração residual de metal no sobrenadante. Estudou-se o efeito na capacidade de dessorção das concentrações de HNO3 (1,0×10-5 M < C HNO3 < 0,1 M) e EDTA (2,0×10-4 M < CEDTA < 2×10-3 M), da razão sólido/líquido (1 g l-1 < S/L < 20 g l-1) e da quantidade inicial de ião metálico presente no material. Figura VI.5 Conjunto de matrazes sobre um agitador magnético Multi Stirrer VELP SCIENTIFICA, no estudo da dessorção para várias razões S/L. VI.3.3 Ensaios em Adsorvedor Perfeitamente Agitado Nestes ensaios foi usado um adsorvedor tipo “carberry” ou adsorvedor de cestos (Figura VI.6) ligado a um agitador Heidolph. Os cestos eram de acrílico com quatro compartimentos iguais suportados por um eixo de inox, limitados por uma rede de poliéster com aberturas inferiores a 150 µm. O eixo de inox era revestido por acrílico na parte em contacto com a solução. A alimentação ao adsorvedor foi feita por intermédio de uma bomba peristáltica Ismatec Ecoline VC-380. Devido às elevadas velocidades de agitação, geralmente da ordem de 270 rpm, usouse um “amortecedor” para minimizar as vibrações e, consequentemente, o desgaste da ligação entre o motor e veio axial (Figura VI.6 (e)). A temperatura da solução foi medida por um termopar (WTM TFK 530) e mantida a 20 ± 1 ºC. Para registar a evolução do pH utilizou-se um medidor de pH (pH Meter da WTW pH 538), ligado a um computador, com a aquisição dos dados (aplicação LabView) em intervalos de 5 segundos. 148 MATERIAIS E MÉTODOS (a) (b) (c) (d) (e) Figura VI.6 Instalação experimental dos ensaios em RPA. (a) Suporte de acrílico; (b) Cestos em acrílico com rede de poliéster; (c) Tampa superior do RPA com furo; (d) adsorvedor de cestos em acrílico; (e) Instalação experimental durante a realização de um ensaio em contínuo. VI.3.3.1 Saturação Antes do processo de adsorção removeu-se o ar dos poros do biossorvente mergulhando-o num kitasato com água destilada, e submetendo a suspensão a um sistema de vácuo (Figura VI.7). Encheu-se o reactor com água destilada e introduziu-se nos cestos o biossorvente isento de ar. Durante cerca de 2 horas fez-se circular água destilada para estabilizar o pH no adsorvedor e remover qualquer contaminação libertada pelo biossorvente. O pH foi ajustado com soluções de HNO3 e NaOH. Após esta fase inicial, iniciou-se a experiência bombeando a solução de ião metálico, ao pH pretendido. Acompanhou-se a evolução da concentração de ião metálico e do pH à saída do adsorvedor. A concentração de metal foi medida por EAA-chama, em amostras de solução retiradas, ao longo da experiência, em intervalos de tempo predefinidos. O esquema da instalação experimental está apresentado na Figura VI.8. 149 MATERIAIS E MÉTODOS Figura VI.7 Remoção do ar presente nos poros da alga Gelidium por aplicação de vácuo. A distância entre a posição de alimentação da solução de metal e a entrada no adsorvedor foi cuidadosamente medida para contabilizar o correspondente atraso no tempo da experiência. Como o medidor de pH se encontrava afastado da saída do adsorvedor, também foi medido o tempo de atraso do medidor de pH. Com esta instalação, a funcionar em contínuo, estudou-se a influência do pH, caudal de alimentação, velocidade de agitação e concentração de alimentação, na biossorção pela alga Gelidium e pelos grânulos. Realizaram-se também estudos em sistema binário (Cu2+/Pb2+ e Pb2+/Cd2+), para avaliar a biossorção competitiva. No fim de cada experiência, o biossorvente foi removido e seco, durante dois dias, na estufa, a 60ºC. Para a limpeza final do adsorvedor foi usado uma solução de HNO3 a 20% e água destilada. Antes das experiências de adsorção realizou-se um ensaio com solução contaminada com cádmio para avaliação das condições de agitação, tempo de residência médio e volume útil do adsorvedor. O caudal de alimentação foi medido, ao longo da experiência, com uma proveta e um cronómetro. O motor de agitação foi calibrado de modo a permitir saber a velocidade de agitação correspondente a cada passo do motor, utilizando o medidor IKA Labortechnik, modelo DZM-M. 150 MATERIAIS E MÉTODOS Agitador mecânico Computador Medidor pH Banho Termostático Amostra Esgoto Adsorvedor de cestos HNO3 Bomba Solução de metal Figura VI.8 Configuração experimental usada nos ensaios em adsorvedor de cestos em contínuo. VI.3.3.2 Eluição O biossorvente saturado com ião metálico foi regenerado por eluição do metal com HNO3 (pH ≈ 1). O procedimento foi similar ao descrito em VI.3.3.1 (Figura VI.8). VI.3.4 Ensaios em Coluna de Leito Fixo Estudou-se a biossorção dos iões metálicos numa coluna de vidro, de 3 cm de diâmetro interno e 15 cm de altura, com escoamento descendente (Figura VI.9). Na entrada e na saída da coluna existem filtros que impedem a saída do biossorvente pela parte inferior e superior da coluna. A solução de ião metálico é alimentada à coluna com uma bomba peristáltica Gilson Minipuls 2, passando por uma zona superior da tubagem em forma de “U” invertido, onde está localizada uma válvula de três vias para permitir a saída de ar dos tubos antes do início da experiência, seguindo depois para a coluna que contém o biossorvente. À saída da coluna existe outra válvula de três vias. A solução passa por outra tubagem em forma de “U”, para proteger a coluna da entrada de ar pelo fundo, e por um sistema de monitorização contínua do pH. Este sistema é constituído por um tubo cilíndrico, no qual a solução entra pela parte inferior e sai pela superior, à distância de 3 cm da entrada, de forma a reter o 151 MATERIAIS E MÉTODOS volume de solução necessário para mergulhar o eléctrodo de pH. O tubo é fechado na parte superior de forma a criar pressão suficiente para permitir que a solução saia pela parte inferior. A saída está ligada a um amostrador (Gilson FC 203B Fraction Collector) que permite obter amostras em intervalos de tempo pré-definidos. O amostrador possui uma válvula de duas vias que permite fazer a derivação da solução para um frasco de recolha de resíduos durante o tempo em que não é necessário retirar amostras. (a) (b) (c) Figura VI.9 Instalação experimental para a realização dos ensaios em coluna de leito fixo (a); Enchimento da coluna com a alga Gelidium (b) e grânulos (c). VI.3.4.1 Saturação O biossorvente foi inicialmente mergulhado num kitasato com água, ao qual se aplicou vácuo para remover o ar contido nos poros (Figura VI.7). O pH da suspensão foi ajustado, para o valor pretendido, por adição de HNO3 e NaOH. Encheu-se a coluna com água destilada e procedeu-se à cuidadosa introdução do biossorvente isento de ar. Para remover os compostos 152 MATERIAIS E MÉTODOS lixiviáveis e estabilizar o pH, antes do início da experiência foi bombeada água destilada durante 2 horas a um caudal de 15 ml min-1. Após esta fase inicial, a água destilada na tubagem de entrada era substituída pela solução de ião metálico e iniciava-se a experiência. Colheram-se amostras do efluente da coluna em intervalos de tempo pré-definidos e mediu-se a concentração de ião metálico por EAA-chama. O esquema da instalação experimental está representado na Figura VI.10. Computador Coluna de adsorção Medidor pH Solução de metal Amostrador Esgoto Bomba Peristáltica Banho Termostático HNO3 Figura VI.10 Configuração experimental nos ensaios em coluna de leito fixo. A distância entre a posição de saída da coluna e o colector foi cuidadosamente medida para contabilizar o correspondente atraso no tempo da experiência, o mesmo acontecendo relativamente à medição do pH. Neste sistema contínuo, estudou-se a influência do pH inicial, caudal de alimentação, concentração de metal na alimentação, temperatura e força iónica, na adsorção dos iões metálicos na alga Gelidium e grânulos. Realizaram-se também estudos de adsorção em sistema binário (Cu2+/Pb2+, Pb2+/Cd2+, Cd2+/Zn2+ e Cu2+/Cr3+) para avaliar a biossorção competitiva. No fim de cada experiência, o biossorvente foi removido e seco durante dois dias na estufa, a 60ºC. Para limpeza final da coluna, foi usada uma solução de HNO3 a 20% e água destilada. A bomba de alimentação foi previamente calibrada e o caudal de alimentação foi medido ao longo da experiência, com uma proveta e um cronómetro. 153 MATERIAIS E MÉTODOS VI.3.4.2 Eluição O biossorvente, depois de saturado foi regenerado por eluição com HNO3 (pH ≈ 1). O procedimento foi similar ao descrito em VI.3.4.1, com a excepção de, neste caso, a solução bombeada ser a solução regenerante. Após a regeneração do adsorvente procedeu-se à passagem de água destilada de forma a estabilizar o pH no valor pretendido. Em certas experiências foi realizado mais do que um ciclo de adsorção/dessorção, seguindo o procedimento descrito para o primeiro ciclo. VI.3.5 Quantificação dos Centros Activos Titularam-se os três biossorventes com NaOH 0,0995 M a duas forças iónicas, 0,005 e 0,1 M (NaNO3), à temperatura de 20ºC. Antes de se efectuar as titulações foi necessário: • Verificar a estabilidade dos eléctrodos, através do registo do pH duma solução de electrólito durante 30 minutos, e comprovar que ambos os eléctrodos respondiam de forma idêntica; • Determinar os parâmetros dos eléctrodos, por calibração com ácido forte 0,2035 M HNO3 na gama 2 < pH < 4, às diferentes forças iónicas. • Adicionar uma quantidade de ácido (0,29 M HNO3) suficiente para neutralizar os grupos alcalinos libertados pelos materiais e baixar o pH da solução para um valor a partir do qual se pudesse titular os grupos existentes nos biossorventes. Durante a titulação, o registo de cada ponto depende de dois critérios: depois de cada adição segue-se a velocidade de variação do sinal de cada um dos eléctrodos durante dois minutos. Quando esta se torna inferior a 0,05 mV min-1, regista-se a medição se esta variar mais do que 5 mV em relação ao último ponto registado. Se ao fim de 2 minutos a velocidade de variação ainda for superior a 0,05 mV min-1, espera-se de novo dois minutos e faz-se a verificação. Espera-se, no máximo, 10 ciclos de dois minutos cada, regista-se o ponto e prossegue-se com a titulação quer o critério tenha sido cumprido ou não. O computador regista os volumes adicionados, os potenciais lidos por ambos os eléctrodos e o tempo em que o ponto foi registado. 154 MATERIAIS E MÉTODOS Referências Bergmann, K., O'Konski, C. T. A Spectroscopic Study of Methylene Blue Monomer, Dimmer, and Complexes with Montmorillonite. Journal of Physics Chemistry, 67, 2169-2177 (1963). Ciasceri, L. S., Gvenberg, A. E., Eaton, A. D. Standard Methods For the Examination of Water and Wastewater. American Public Health Association (APHA), American Water Work Association (AWWA) & Water Environment Federation (WEF), 1998. Kininburgh, D. G. Wallingford Titration System: User guide. B.G.S. Technical Report. WD/93/23, 1993. Sebesta, F. Composite Sorbents of Inorganic Ion-Exchangers and Polyacrylonitrile Binding Matrix. Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry, 220, 77-88 (1997). Sebesta, F. Preparation of Granular Forms of Powdered Materials for their Application in Column Packed Beds. Manuscript for NATO ARW, Prague, 1998. Sebesta, F. Preparation of Granular Forms of Powdered Materials for Their Application in Column Packed Beds. Natural Microporous Materials in Environmental Technology, 473-484 (1999). Sebesta, F., John, J., Motl, A. Phase II Report on the Evaluation of Polyacrylonitrile (PAN) as a Binding Polymer for Absorbers Used to Treat Liquid Radioactive Wastes. Contract DE-AC04-94AL85000, 1996. 155 VII. Resultados e Discussão: Caracterização dos Biossorventes VII.1 Caracterização Física VII.1.1 Distribuição Granulométrica Os resultados da distribuição granulométrica da alga Gelidium (fracção 0,5-0,85 mm) são apresentados nas Figuras VII.1 (a) e (b). Na Figura VII.2 (b) verifica-se que a alga Gelidium apresenta uma forma de placa plana, pelo que foi importante estudar a distribuição granulométrica em termos de comprimento, largura e espessura equivalente. Na análise efectuada obteve-se um comprimento equivalente de 2,5 ± 0,7 mm e uma largura equivalente de 0,6 ± 0,1 mm. A determinação da espessura da alga foi feita por microscopia electrónica (Figura VII.2 (a)), obtendo-se uma espessura equivalente de, aproximadamente, 0,1 mm. RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES 45 Número de Partículas 40 35 30 25 20 15 10 5 0 150 593 1035 1478 1921 2363 2806 3249 3691 4134 Comprimento (mm) (a) 50 45 Número de partículas 40 35 30 25 20 15 10 5 0 150 236 322 408 494 580 666 752 839 925 Largura (mm) (b) Figura VII.1 Distribuição granulométrica das partículas de alga Gelidium. (a) Comprimento das partículas; (b) Largura das partículas (contagem de 500 objectos por amostra). 158 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES (a) (b) Figura VII.2 Imagens obtidas por microscopia electrónica de varrimento para as partículas de alga Gelidium. (a) Espessura das partículas; (b) Identificação da geometria placa plana (comprimento e largura). A Figura VII.3 (a) é uma fotografia do resíduo de extracção do agar obtida no microscópio óptico, podendo-se observar que a forma da alga se mantém como placa plana. Na Figura VII.3 (b) observa-se a presença dos filamentos da alga, após extracção do agar, e a terra de diatomáceas (partículas de forma irregular). (a) (b) Figura VII.3 Imagens microscópicas do resíduo de extracção do agar (a)-microscópio óptico (5x), (b) microscopia electrónica de varrimento. A distribuição granulométrica dos grânulos de dimensões 0,5-1,0 mm e 1,0-2,0 mm (obtidos por crivagem) é apresentada na Figura VII.4. O parâmetro escolhido para caracterizar a distribuição foi o diâmetro esférico equivalente médio, isto é, o diâmetro do círculo cuja área 159 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES é igual à área projectada pela partícula. O valor obtido para a primeira fracção granulométrica foi de 903 µm, que é comparável ao obtido pelas imagens do microscópio electrónico onde se obteve um valor de 884 e 923 µm, respectivamente nas Figuras VII.5 (a) e (b). Relativamente à segunda fracção granulométrica, e devido ao facto do aparelho apenas conseguir ler até valores próximos de 2,0 mm, o valor encontrado foi de 1425 µm. Na Figura VII.5 (b) também se pode observar a presença dos filamentos de alga Gelidium do resíduo, imobilizado por uma camada fina de poliacrilontrilo. 14 Volume de partícula (%) 12 10 0.5<dp<1.0 mm 8 1.0<dp<2.0 mm 6 4 2 0 0 500 1000 1500 2000 Diâmetro da partícula (µ m) Figura VII.4 Caracterização granulométrica dos grânulos (Coulter Counter). (a) 160 (a) RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES (a) (b) Figura VII.5 Identificação do diâmetro dos grânulos por microscopia electrónica de varrimento. (a) Partícula; (b) Corte transversal VII.1.2 Densidade Real, Densidade Aparente e Porosidade Os valores obtidos para a densidade real (ρre) das partículas são apresentados na Tabela VII.1. Na mesma tabela estão registados os valores da densidade aparente (ρap) obtidos por porosimetria de mercúrio e calculados pela equação (C.2). A porosidade (εp) foi calculada pela equação (C.8) e os resultados obtidos são apresentados na Tabela VII.1. Tabela VII.1 Propriedades físicas dos materiais. VHg (intrudido) (cm3 g-1) ρ ap ρ re (g cm-3) (g cm-3) Alga Gelidium 0,126 1,342 Resíduo 1,416 Grânulos (0,5 < dp < 1,0) mm 2,735 εP d V* (µm) de** (µm) 1,46 0,08 1,4 0,04 0,413 1,97 0,79 5,6 0,36 0,249 1,64 0,87 4,3 0,23 Grânulos 3,468 0,219 1,64 0,85 8,4 (1,0 < dp < 2,0) mm * diâmetro médio em volume; ** diâmetro equivalente (ver apêndice C) 0,35 Nas Figuras VII.6 a VII.8 são apresentadas as curvas experimentais de intrusão e extrusão de mercúrio para os materiais objecto de estudo. O volume de mercúrio intrudido é apresentado na Tabela VII.1. O maior valor está associado aos grânulos de maior tamanho pois apresentam um maior volume de poros. A alga Gelidium apresenta o menor valor de mercúrio intrudido, indicando um menor volume de poros. 161 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES Volume acumulativo de intrusão (cm 3/g) 3.5 3 2.5 2 1.5 (0.5<dp<1.0 mm)-Intrusão 1 (1.0<dp<2.0 mm)-Extrusão 0.5 0 1000 (1.0<dp<2.0 mm)-Intrusão (1.0<dp<2.0 mm)-Extrusão 100 10 1 0.1 0.01 0.001 Diâmetro médio dos poros (µm) Figura VII.6 Resultados experimentais de porosimetria de mercúrio para os grânulos (curva cumulativa de Volume acumulativo de intrusão (cm 3/g) intrusão e extrusão de mercúrio) 1.4 1.2 1 0.8 0.6 Intrusão 0.4 Extrusão 0.2 0 1000 100 10 1 0.1 0.01 0.001 Diâmetro médio dos poros (µm) Figura VII.7 Resultados experimentais de porosimetria de mercúrio para o resíduo (curva cumulativa de intrusão e extrusão de mercúrio). 162 Volume acumulativo de intrusão (cm 3/g) RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES 0.12 0.1 0.08 0.06 0.04 Intrusão Extrusão 0.02 0 1000 100 10 1 0.1 0.01 0.001 Diâmetro médio dos poros (µ m) Figura VII.8 Resultados experimentais de porosimetria de mercúrio para a alga Gelidium (curva cumulativa de intrusão e extrusão de mercúrio). Para a alga Gelidium, a densidade aparente é próxima da densidade real, sugerindo que a amostra é compressível, ou colapsa a altas pressões, resultando num valor baixo de porosidade. Para as restantes amostras, os valores da densidade aparente são inferiores aos da densidade real, o que pode indiciar a presença de poros com diâmetros equivalentes inferiores a 60 Å, que estão fora da gama de detecção do equipamento. A distribuição de tamanho de poros pode ser derivada da curva de intrusão fazendo atribuir um volume dϑ a poros contendo diâmetro entre di e di+ddi (Ritter e Drake, 1945) onde dϑ = f ϑ (d i )dd i , sendo f ϑ (d i ) a função densidade de probabilidade para o diâmetro dos poros. Nas Figuras VII.9, VII.10 e VII.11 estão representadas as curvas diferenciais (derivada da curva de intrusão de mercúrio em função do diâmetro médio dos poros) para os materiais objecto de estudo. 163 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES Log diferencial da intrusão (cm 3/g) 5 4.5 (0.5<dp<1.0 mm) 4 (1.0<dp<2.0 mm) 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 1000 100 10 1 0.1 0.01 0.001 Diâmetro médio dos poros (µm) Figura VII.9 Resultados experimentais de porosimetria de mercúrio para os grânulos (curva diferencial). 1.6 Log diferencial da intrusão (cm 3/g) 1.4 1.2 1 0.8 0.6 Resíduo 0.4 0.2 0 1000 100 10 1 0.1 0.01 0.001 Diâmetro médio dos poros (µ m) Figura VII.10 Resultados experimentais de porosimetria de mercúrio para o resíduo (curva diferencial). 164 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES Log diferencial da intrusão (cm 3/g) 0.07 0.06 0.05 0.04 0.03 0.02 0.01 Gelidium 0 1000 100 10 1 0.1 0.01 0.001 Diâmetro médio dos poros (µm) Figura VII.11 Resultados experimentais de porosimetria de mercúrio para a alga Gelidium (curva diferencial). Analisando a Figura VII.9 verifica-se que os grânulos apresentam uma distribuição bimodal muito próxima (10 e 4 µm) ou unimodal larga, e uma distribuição equitativa para as partículas de diâmetro entre 0,5 e 1,0 mm. A curva de intrusão (Figura VII.6) apresenta uma subida em duas gamas de tamanhos (100 e 7 µm e 6 e 1 µm). Pode observar-se ainda duas distribuições de poros com diâmetro médio 0,2 µm (macroporos) e 0,01 µm (mesoporos). A intrusão de mercúrio em poros com dimensões entre 1 a 0,1 mm deve-se à existência de espaços interparticulares. Assim, os resultados do volume intrudido são calculados por excesso. Para o resíduo, as curvas descrevem um meio poroso não consolidado, constituído por partículas soltas, em que uma parte do espaço poroso é espaço entre partículas (Mata, 1998). A curva de intrusão (Figura VII.7) apresenta um aumento linear na gama entre 300 a 10 µm e um aumento acentuado na gama entre 15 e 2 µm. Neste caso, há uma distribuição bimodal de macroporos (9 e 4 µm) ou unimodal larga. No caso da alga Gelidium, observa-se que a curva de intrusão (Figura VII.8) apresenta um aumento acentuado entre 200 e 100 µm, o que indica a intrusão do mercúrio em espaços interparticulares existentes entre as partículas. Entre 8 e 0,1 µm, a curva de intrusão de mercúrio apresenta um aumento linear, muitas vezes interpretado como sendo devido à ruptura da estrutura porosa ou colapso do material (Mata, 1998), pois apresenta uma estrutura não rígida bastante deformável. Os resultados obtidos (Figura VII.11) sugerem uma 165 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES distribuição bimodal de macroporos (10 e 1 µm) ou unimodal larga. Para diâmetros inferiores a 0,1 µm, a estrutura dos poros colapsa. Se se desprezar a presença de poros inferiores a 60 Å, a densidade aparente (ex. grânulos 0,5 < dp < 1,0 mm) pode ser calculada da seguinte forma: ρ *ap = mS 1 = = 0,30 g cm -3 1 VS + VP > 60 Å + VHg (int rudido ) ρ re (VII.1) A partir da equação (C.3), com os valores da Tabela VII.1, pode calcular-se o volume específico de poros com diâmetro inferior a 60 Å: 0,25 g / cm 3 = 1 1 + 2,735 + VP' < 60 Å 1.64 VP' < 60 Å = 0,67 cm 3 g -1 (VII.2) A densidade aparente das partículas (ex. grânulos), excluindo o volume específico de poros com diâmetro superior a 60 Å, pode ser calculada da seguinte forma: ρ*ap* = mS 1 = = 0,78 g cm −3 1 VS + VP < 60 Å + VP' < 60 Å ρ re (VII.3) Tabela VII.2 Densidade aparente e volume de poros inferiores a 60 Å. VP' (total) ρ*ap VP' < 60 Å ρ*ap* (cm3 g-1) (g cm-3) (cm3 g-1) (g cm-3) Alga Gelidium 0,13 1,23 ----- 1,61 Resíduo 1,91 0,52 0,50 0,99 Grânulos (0,5 < dp < 1,0) mm 3,41 0,30 0,67 0,78 Grânulos (1,0 < dp < 2,0) mm 3,96 0,25 0,49 0,92 Biossorvente A Tabela VII.2 mostra que 26% dos poros do resíduo, 19,7% dos poros dos grânulos com 0,5 <dp < 1,0 mm e 12,3% dos poros dos grânulos com 1,0 <dp < 2,0 mm têm diâmetro inferior a 60 Å. Para alga Gelidium é impossível determinar o volume de poros com diâmetro inferior a 60 Å porque, devido à estrutura não rígida das suas partículas, a penetração do mercúrio é 166 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES difícil. A densidade aparente dos biossorventes aumenta se não for considerado o volume de poros superior a 60 Å. Na Figura VII.12 é possível observar a estrutura macroporosa, com poros cilíndricos, das partículas de alga Gelidium. A partir da imagem estimou-se um diâmetro de poros próximo de 2,0 µm, semelhante ao diâmetro médio em volume (dV), obtido por porosimetria de mercúrio. O diâmetro equivalente de poros (de), considerando poros cilíndricos (equação (C.9)), é inferior porque é calculado com o valor de mercúrio intrudido e a área específica, que pode estar subestimada, como é referido na próxima secção. O resíduo e os grânulos apresentam valores de dV superiores à alga Gelidium, devido ao tratamento da alga na extracção do agar e também, no caso dos grânulos, à imobilização em poliacrilonitrilo que origina uma estrutura mais porosa. Figura VII.12 Imagem obtida por microscopia electrónica de varrimento para a partícula de alga Gelidium (tamanho médio dos poros). VII.1.3 Área Superficial Específica VII.1.3.1 Adsorção de N2-Método de B.E.T. O método B.E.T. permite obter a capacidade de adsorção duma monocamada de moléculas de um determinado gás, Vm, a partir da isotérmica de adsorção física, usando a seguinte equação: 167 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES Vads P 1 c −1 P = + (P0 − P ) Vm c Vm c P0 (VII.4) em que c é um parâmetro de ajuste. Uma vez que Vm representa a quantidade (cm3 g-1) de gás adsorvido necessária para cobrir a superfície com uma camada monomolecular, a área específica do sólido é dada por: A sp = Vm a m N Av VMg (VII.5) em que am é a área ocupada por uma molécula de gás adsorvido, NAv é o número de Avogadro e VMg = R Ts Ps = 22,7 × 10 3 cm 3 PTN mol -1 é o volume molar do gás nas condições PTN (PS = 101325 Pa e TS = 273,15 K). R é a constante dos gases (8,314 Pa m3 mol-1K-1). Nas Figuras VII.13 e VII.14 são apresentadas as isotérmicas de adsorção-dessorção para os três biossorventes. As isotérmicas de adsorção-dessorção não podem ser classificadas com rigor em nenhum grupo definido pela IUPAC. A parte inicial corrresponde ao tipo (II), considerando o critério da IUPAC, típica de materiais não porosos ou macroporosos, correspondendo à adsorção em camadas múltiplas sobrepostas. Nas mesmas figuras pode ser observado o fenómeno de histerese, associada à condensação capilar em estruturas mesoporosas, a qual é característica das isotérmicas do tipo IV. A isotérmica pode ser classificada no grupo IIb se for utilizada uma nova classificação sugerida por Rouquerol et al. (1999). A histerese pode ser classificada no tipo H-3 segundo a IUPAC e caracteriza-se por dois ramos da isotérmica quase assimptóticos relativamente à vertical P/P0 = 1. Está associada a agregados não rígidos de partículas em forma de placa, originando poros em fenda. O ponto de fecho (ligação das duas curvas) ocorre para P/P0 = 0,8; 0,7; 0,8 e 0,9, respectivamente para os grânulos (partículas da gama baixa e alta), resíduo e alga Gelidium e é atribuído à tensão na superfície do liquido adsorvido que atinge um estado instável a uma dada pressão (Echeverria et al., 1999). 168 Vads (cm3 STP / g) RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES 45 45 40 40 35 30 35 20 25 15 10 30 5 0 25 0 .8 0.8 5 0.9 0.9 5 1 20 1.0 < dp < 2.0 mm (ads o rção ) 15 0.5 < dp < 1.0 mm (ads o rção ) 10 1.0 < dp < 2.0 mm (des s o rção ) 0.5 < dp < 1.0 mm (des s o rção ) 5 0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 P / P0 Figura VII.13 Isotérmica de adsorção-dessorção de N2 nos grânulos. 4 4 3 .5 3.5 3 2 .5 Vads (cm3 STP / g) 3 2 1.5 1 2.5 0 .5 0 2 0.9 1.5 0 .95 1 Res íduo (ads o rção ) Gelidium (ads o rção ) 1 Res íduo (des s o rção ) Gelidium (des s o rção ) 0.5 0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 P / P0 Figura VII.14 Isotérmica de adsorção-dessorção de N2 na alga Gelidium e no resíduo. Representando P/[Vads(P0-P)] em função de P/P0 obtém-se uma recta, para a gama 0,05 < P/P0 <∼ 0,3 (Figuras VII.15 e VII.16). A partir do declive e da ordenada da origem podem ser determinados os valores de Vm e de c. A área específica dos materiais pode ser calculada utilizando a equação (VII.5). Os resultados obtidos são apresentados na Tabela VII.3. 169 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES 0.16 P / [Vads (P 0-P)] = 0.4397 x P / P o + 0.0065 R2 = 0.9994 P / [Vads (P0-P)] (cm3 PTN / g). 0.14 0.12 1.0 < dp < 2.0 mm 0.5 < dp < 1.0 mm 0.1 0.08 0.06 0.04 P / [Vads (P 0-P)] = 0.3274 x P / P o + 0.0041 R2 = 0.9994 0.02 0 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 P / P0 Figura VII.15 Relação linear da isotérmica de BET para 0,05 < P/Po <∼ 0,3 para os grânulos. 7 P / [Vads (P 0-P)] = 18.238 x P / P o + 0.9417 R2 = 0.9924 P / [Vads (P0-P)] (cm3 PTN / g). 6 Resíduo 5 Alga Gelidium 4 3 P / [Vads (P 0-P)] = 3.0694 x P / P o + 0.1038 R2 = 0.9994 2 1 0 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 P / P0 Figura VII.16 Relação linear da isotérmica de BET para 0,05 < P/Po <∼ 0,3 para a alga Gelidium e resíduo. VII.1.3.2 Porosimetria de Mercúrio O cálculo da área específica por porosimetria de mercúrio foi efectuado integrando a equação (C.11) sobre toda a gama de pressões onde ocorreu intrusão de mercúrio (Figuras VII.6, VII.7 e VII.8). Os resultados são apresentados na Tabela VII.3. 170 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES VII.1.3.3 Adsorção de Azul-de-Metileno (MB) As isotérmicas de adsorção de MB são apresentadas na Figura B.4 (apêndice B). Os resultados experimentais indicam que a quantidade de MB adsorvida aumenta com a respectiva concentração em solução, até à saturação. Este comportamento é típico de partículas que possuem um número limitado de sítios activos com formação de uma monocamada de adsorvato à superfície. Sendo assim, o valor de Asp pode ser determinado através da equação (C.12) (apêndice C), usando os valores da quantidade máxima adsorvida dados pela equação de Langmuir (Tabela B.3) e considerando os valores da área ocupada por cada molécula de MB de 24,7 e 130 Å2. Os valores de Asp obtidos pelo método de adsorção de MB são apresentados na Tabela VII.3. Tabela VII.3 Área superficial específica determinada pelo método MB, B.E.T. e porosimetria de Hg. Método de Azul-de-Metileno (MB) Asp (m2 g-1) a MB = 24,7 Å2 a MB = 130 Å2 Método B.E.T. Intrusão de (N2) Mercúrio Asp (m2 g-1) Asp (m2 g-1) Alga Gelidium 71 ± 2 375 ± 8 0,23 ± 0,01 13,5 Resíduo 44 ± 1 229 ± 5 1,37± 0,02 15,8 Grânulos (0,5 < dp < 1,0 mm) 31 ± 1 162 ± 3 13,1 ± 0,2 47,1 Grânulos (1,0 < dp < 2,0 mm) ----- ----- 9,7 ± 0,1 39,7 VII.1.3.4 Comparação entre os Métodos do Azul-de-Metileno, B.E.T e Intrusão de Mercúrio O valor de Asp obtido por porosimetria de mercúrio para os grânulos (0,5 < dp < 1,0 mm) é cerca de 40% superior ao obtido pelo método de MB (aMB = 24,7 Å2). Para o resíduo e para a alga Gelidium, acontece o contrário, com valores mais altos dados pelo método de MB. A intrusão do mercúrio em materiais não consolidados e não rígidos, como a alga Gelidium e o resíduo, conduz a resultados de Asp diferentes da realidade. No caso do resíduo, a percentagem significativa de poros inferiores a 60 Å também faz diminuir o valor de Asp determinado por intrusão de mercúrio. A adsorção em fase líquida (MB) produz, invariavelmente, valores de área superficial específica maiores do que em fase gasosa (N2), porque, em solução aquosa, as partículas incham e os poros abrem-se, permitindo a difusão das moléculas de MB para camadas 171 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES internas, inacessíveis em condições secas. Por outro lado, a desidratação das partículas no método B.E.T. promove a formação de ligações fortes de hidrogénio entre os grupos presentes na superfície, difíceis de substituir pelas moléculas de N2. Ao mesmo tempo, os poros fecham durante o processo de desgaseificação a seco. Neste caso, apenas a superfície externa das partículas é medida. Vários autores obtiveram resultados similares. Santamarina et. al. (2002) obtiveram valores maiores de Asp em argilas da Cidade do México (MB-230 m2 g-1 e BET-40 m2 g-1) e caulino da Geórgia (MB-33 m2 g-1 e BET-22 m2 g-1) usando o método de MB (aMB = 130 Å2), devido à capacidade destes materiais incharem em solução aquosa, possibilitando a troca iónica em camadas internas das partículas acessíveis devido à hidratação. A mesma tendência foi detectada por Kaewprasit et al. (1998) na determinação da Asp em fibras de algodão. Os autores observaram que os poros estavam fechados no estado de desgasificação por vácuo, promovendo a formação de ligações por pontes de hidrogénio ou ligações celulose-celulose muito fortes, impedindo a ligação das moléculas de N2. A área específica da alga Sargassum muticum foi determinada por Rubin et al. (2005), obtendo um valor de Asp = 400 m2 g-1 pelo método de MB (aMB = 180 Å2), muito superior ao determinado pelo método B.E.T. (Asp = 2,86 m2 g-1). A adsorção do MB reflecte melhor a área superficial específica dos biossorventes nas condições em que foram usados neste trabalho (solução aquosa), porque trata-se da adsorção da espécie catiónica de MB nos centros activos presentes na superfície do biossorvente. Os valores obtidos estão de acordo com a quantidade de grupos activos presentes, sendo maior para a alga Gelidium do que para o resíduo (35% de alga Gelidium) e para este relativamente aos grânulos (75% de resíduo). No entanto, como já foi referido, a incerteza do valor da área coberta pela molécula MB afecta o valor de Asp em mais de 100%. Sendo assim, os resultados obtidos apenas permitem estabelecer uma relação de grandeza de Asp entre os três biossorventes. 172 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES VII.2 Caracterização Química VII.2.1 Composição Elementar dos Biossorventes Na Tabela VII.4 estão apresentados os resultados da análise química dos três biossorventes estudados. Os elementos metálicos Cd2+, Pb2+, Cu2+, Zn2+ e Cr3+ encontram-se em concentrações muito reduzidas nos três biossorventes. Deste modo, as quantidades lixiviáveis destes elementos são desprezáveis face a outros (Al3+, Fe2+, Ca2+, Mg2+, K+ e Na+) que se encontram em concentrações mais elevadas. Tem sido referida a presença de incrustações de cálcio na parede celular de algas. O cálcio é depositado na forma de carbonato de cálcio em diferentes estados cristalinos, calcite e aragonite (Smith, 1979). A presença destes compostos está associada ao aumento do pH, quando a alga Gelidium é colocada em solução aquosa. A dissolução do carbonato de cálcio presente no citoplasma provoca um aumento da basicidade da solução (Kuyucak e Volesky, 1989; Cossich et al., 2002). A matéria volátil (MV) existente no resíduo corresponde aos restos da alga Gelidium, visto que a terra de diatomáceas é material inorgânico. Assim, a partir dos resultados da matéria volátil, conclui-se que o resíduo é constituído por aproximadamente 35,4 % de alga Gelidium. Os grânulos são constituídos pelo resíduo imobilizado em poliacrilonitrilo. Como já foi observado, a camada do poliacrilonitrilo é muito fina, representando apenas 25% dos grânulos. A matéria volátil existente nos grânulos é 46,0%, o que corresponde à fracção (resíduo + polímero) neste material. O carbono orgânico total (COT) na alga Gelidium é superior ao dos grânulos e este maior que o do resíduo, o que está de acordo com a ordem dos valores da matéria volátil. A perda dos polissacarídeos de agar durante a extracção, e a presença de cerca de 64,6% da matéria inorgânica da terra de diatomáceas, diminui o carbono orgânico no resíduo. O valor do COT nos grânulos corresponde à soma do COT no poliacrilonitrilo (≈17%) e no resíduo (≈11%). A terra de diatomáceas é constituída por 72% de sílica (Figura VII.17 (d)). Considerando que 64,6% do resíduo é terra de diatomáceas, obtém-se 0,465 g de sílica por g de resíduo, valor muito próximo do obtido experimentalmente (0,407 g sílica por g de resíduo). Supondo que o alumínio existente no resíduo é unicamente proveniente da terra de diatomáceas (14% Al2O3-Figura VII.17 (d)), obtém-se o valor de 90,4 mg Al3+ por g de 173 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES resíduo. O valor obtido após a digestão do resíduo é muito inferior, sugerindo que o óxido de alumínio se dissolve na água alcalina de cozedura da alga durante a filtração. A Figura VII.17 mostra a presença de sílica em todos os biossorventes, notando-se que os grânulos apresentam um pico maior relativamente à alga Gelidium e à alga presente no resíduo, talvez devido ao facto de a focagem da partícula ter incidido também na terra de diatomáceas. Sabe-se que, em certas algas castanhas e verdes, o silício é um componente da parede celular (Volesky, 2003). Os três biossorventes possuem elevadas concentrações de carbono e oxigénio devido aos inúmeros polissacarídeos presentes nas suas estruturas, podendo ainda observar-se a presença de alumínio, sódio, potássio, cálcio e magnésio. A presença do ouro é devida ao revestimento usado na preparação das amostras para a Microanálise por Raios X, que as torna condutoras. A presença do cobre é devida ao revestimento da câmara do microscópio. Tabela VII.4 Caracterização química dos biossorventes. Biossorventes Parâmetros -1 -3 Resíduo Grânulos -3 7,1×10-3 Cu (mg g ) 6,6×10 Pb (mg g-1) 3,0×10-3 1,9×10-3 3,2×10-3 Cd (mg g-1) 2,6×10-3 3,0×10-4 1,9×10-4 Zn (mg g-1) 8,5×10-2 5,3×10-2 4,5×10-2 -3 -3 8,1×10-3 -1 3,4×10 Cr (mg g ) 2,8×10 Ni (mg g-1) 4,5×10-3 2,6×10-3 1,2×10-2 Al (mg g-1) 0,135 0,66 0,56 -1 Fe (mg g ) -1 0,14 6,0×10 0,61 -2 5,3×10-3 3,3×10 K (mg g-1) 3,6 0,73 0,4 -1 1,9 2,3 0,86 -1 5,3 5,0 3,7 Ca (mg g ) -1 7,1×10 0,49 -3 Mn (mg g ) Na (mg g ) 174 Alga Gelidium Mg (mg g ) 4,6 3,3 1,0 COT (%) 46,7 15,1 27,8 MV (%) 944 ± 1 354 ± 2 460 ± 2 Sílica * 407 ± 6 * Análises não efectuadas. * RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES (a) (b) (c) (d) Figura VII.17 Microanálise por Raio X à alga Gelidium (a), alga presente no resíduo (b), grânulos (c) e terra de diatomáceas pura (d). VII.2.2 Análise por Espectroscopia de Infravermelho (FTIR) Para compreender e determinar a natureza dos sítios activos responsáveis pela ligação dos iões metálicos, fez-se a caracterização dos grupos funcionais presentes nos biossorventes por espectroscopia de infravermelho. A Figura VII.18 mostra o espectro de infra-vermelho obtido para os diferentes biossorventes. A heterogeneidade dos materiais é evidenciada pela presença de diferentes picos de absorvância, indicando uma natureza complexa da biomassa. Nos espectros observa-se uma banda larga de absorção entre 3000 a 3600 cm-1, que indica a existência do grupo O-H (distensão-3400 cm-1). Os picos de absorvância a 1072 cm-1 são característicos da deformação do grupo O-H. Os picos de absorção a 2930 cm-1 podem ser interpretados como devidos à banda de distensão C-H. O espectro evidencia também picos de absorvância a 1655 cm-1, correspondendo à banda de distensão da dupla ligação do carbonilo 175 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES do grupo funcional do ácido carboxílico (C=O), que também pode ser responsável pelo pico de absorvância a 1735 cm-1. Outro pico de absorvância pode ser verificado a 1540 cm-1, característico da ligação N=H. Os picos de absorvância a 1457 e 1385 cm-1 correspondem à ligação (C-O) do grupo carboxílico. O pico de absorvância a 1160 cm-1, tal como os picos a 1240, 931 e 893 cm-1, pode estar associado à presença das ligações S=O e C-S-O, características do radical éster sulfatado (Murano et al., 1997; Fournet et al., 1999). A presença destes grupos é mais evidente na alga Gelidium, uma vez que parte deles desaparece com a extracção do agar. O mesmo acontece no caso dos grupos carboxílicos. O tratamento com NaOH no processo de extracção do agar origina uma banda mais forte relativa à deformação do grupo O-H. Os três biossorventes apresentam, em geral, os mesmos grupos funcionais O pico de absorvância a 2248 cm-1, indicativo da presença da banda nitrilo, C≡N, que aparece no espectro dos grânulos, provém do polímero orgânico (poliacrilonitrilo) usado na imobilização. Outra excepção parece ser a presença de silício (pico de absorção a 790 cm-1 (Si-C)) no resíduo e nos grânulos proveniente da terra de diatomáceas. 0.8 Gelidium 0.7 3410 cm -1 Resíduo Grânulos 0.6 Absorvância 1072 cm -1 1457 cm -1 790 cm -1 0.5 1655 cm -1 0.4 2930 cm -1 1735 cm -1 0.3 1160 cm -1 2248 cm -1 0.2 1385 cm -1 1540 cm -1 0.1 1240 cm -1 0 3600 3100 2600 2100 1600 Frequência (cm ) -1 (a) 176 1100 600 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES 1.8 1.6 1072 cm -1 Gelidium Resíduo 1.4 Grânulos Absorvância 1.2 1240 cm -1 1 0.8 931 cm -1 0.6 1655 cm -1 790 cm -1 1457 cm -1 0.4 0.2 0 1800 1735 cm -1 1700 1160 cm -1 1540 cm -1 1385 cm -1 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 893 cm -1 900 800 700 600 Frequência (cm -1) (b) Figura VII.18 Espectroscopia de Infravermelho da alga Gelidium, resíduo e grânulos: (a) – Geral; (b) – Detalhe. Tabela VII.5 Principais bandas presentes nos espectros de FTIR para os três biossorventes. Grupos Banda (cm-1) Descrição Biossorvente O-H 3400 Distensão Todos C-H 2930 Distensão Todos C≡N 2248 Nitrilos (Poliacrilonitrilo) Grânulos C=O 1735; 1655 Distensão Todos N-H 1540 ----- Todos C-O 1457; 1385 Distensão Todos S=O 1240; 1160 Sulfonas Todos O-H 1072 Deformação Todos C-O-S 931; 893 ----- Todos ----- Resíduo Grânulos Si-C 790 A análise por espectroscopia de infravermelho é útil no estudo do mecanismo de biossorção porque permite identificar os diferentes grupos químicos presentes nos biossorventes, alguns dos quais são potenciais sítios activos para a biossorção dos iões metálicos. A modificação dos grupos carboxílicos dos alginatos por esterificação com ácido clorídrico/metanol resultou numa diminuição significativa da biossorção de Cu e Al, mas num ligeiro aumento da biossorção de Au por 5 diferentes tipos de algas (Gardea-Torresdey et al., 1990). Os iões 177 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES Cu(II) e Al(III) são iões duros pelo que se ligam, preferencialmente, aos sítios duros como os grupos carboxílicos. A ligação do complexo de ouro ( AuCN −2 ), carregado negativamente, aumenta provavelmente devido a um aumento da carga positiva da superfície. Fourest e Volesky (1996) investigaram a ligação de H+, Cd2+ e Pb2+ pelo ácido algínico e pela biomassa de Sargassum fluitans antes e depois da modificação dos grupos carboxílicos usando ácido clorídrico/metanol ou óxido de propileno (C3H6O). Verificou-se uma correlação linear entre a capacidade de ligação do Cd e a quantidade de grupos ácidos fracos (provavelmente carboxilatos). O tratamento com óxido de propileno durante 48 h resultou numa redução em ∼ 90% da ligação do Cd e ∼ 80% da ligação do Pb, como também uma redução de 80% dos grupos carboxílicos determinados por potenciometria. Isto indica que a maioria dos metais são ligados aos grupos carboxílicos dos alginatos. Segundo Vignon et al. (1994) e Mouradi-Givernaud et al. (1999) a alga Gelidium é constituída por 43% de agarose, 7% de constituintes de amido-florídeo e percursores biológicos da agarose (agaropectina e galactana sulfatada), 24-28% de proteínas e 8-10 % de celulose, representando no mínimo 82% da alga seca (ver apêndice A). O restante deve-se essencialmente a substâncias inorgânicas (cinzas). Na Tabela VII.6 são apresentados os principais grupos químicos presentes na alga Gelidium, os quais estão de acordo com a análise efectuada por FTIR. Tabela VII.6 Principais grupos presentes na alga Gelidium (Vignon et al., 1994; Mouradi-Givernaud et al., 1999). Agar Monómero Grupos Celulose glucose CH2OH; OH 8 - 10 Agarose glucose CH2OH, OH 43; 55 - 60a Agaropectina ácido glucopiranosidurónico COOH, OH ácido pirúvico COOH, OH éster sulfatado OSO 3- glucose CH2OH; OH Galactana Sulfatada Amido-Florídeo (Tipo Amilopectina) a - Volesky, 2003 178 Função % (Peso seco) Composto parede celular 1,0 – 1,6 reservas glucídicas 7; 3,5 - 9,7a RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES VII.2.3 Titulação Potenciométrica Os biossorventes usados neste trabalho têm um carácter polifuncional e polielectrolítico, o que condiciona a natureza da sua interacção com os iões presentes em solução. Devido à dissociação dos protões dos grupos funcionais mais ácidos, as partículas apresentam carga negativa. A carga produz um campo eléctrico que depende da sua intensidade, da geometria da molécula, da força iónica do meio e do pH. A ligação dos iões metálicos aos grupos reactivos é influenciada pelo grau de protonação desses grupos, pelo potencial electrostático e pela afinidade do grupo para o metal. O grau de protonação e o potencial electrostático podem ser determinados experimentalmente por titulação potenciométrica ácido-base. Num sistema heterogéneo as constantes de equilíbrio de protonação dos grupos de superfície são diferentes de grupo para grupo. Nesta situação, o sistema pode ser estudado assumindo uma distribuição contínua e/ou discreta das constantes de protonação. No apêndice C apresentam-se os cálculos efectuados a partir dos dados experimentais da titulação ácido-base, e o ajuste a um modelo que assume uma distribuição contínua das constantes de protonação (equação (C.25)) e a outro que considera que só há 2 tipos de sítios activos predominantes na superfície dos biossorventes (modelo discreto- equação (C.26)). A determinação dos parâmetros dos modelos foi feita usando o programa FigSys da Biosoft, o qual utiliza um algoritmo Marquardt-Levenberg para minimizar o somatório do quadrado dos resíduos. Devido à heterogeneidade dos materiais estudados, o modelo contínuo ajusta melhor os pontos experimentais que o modelo discreto como se pode observar nas Figuras VII.19 (a), (b) e (c). Os resultados obtidos sugerem que a força iónica do meio não afecta a acidez dos grupos de superfície na gama de pH estudado, como indicam os valores dos parâmetros do modelo contínuo e discreto apresentados no Apêndice C (Tabelas C.1 e C.2). O ajuste dos modelos contínuo e discreto aos dados foi feito usando os valores médios da carga de superfície, QH, para as duas forças iónicas (0,005 e 0,1 M) (Figuras VII.19 (a), (b) e (c)). 179 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES 0.5 0.45 0.4 QH (mmol/g) 0.35 0.3 0.25 0.2 Pontos experimentais (FI=0.005 M) 0.15 Pontos experimentais (FI=0.1 M) 0.1 Modelo contínuo Modelo discreto 0.05 0 3 4 5 6 7 pH, log(Ki,Hint) 8 9 10 (a) 0.4 0.35 QH (mmol/g) 0.3 0.25 0.2 0.15 Pontos experimentais (FI=0.005 M) Pontos experimentais (FI=0.1 M) Modelo contínuo Modelo discreto 0.1 0.05 0 3 4 5 6 7 pH, log(Ki,Hint) 8 9 10 (b) 0.25 QH (mmol/g) 0.2 0.15 0.1 Modelo contínuo Modelo discreto 0.05 Pontos experimentais (FI=0.005 M) Pontos experimentais (FI=0.1 M) 0 3 4 5 6 7 pH, log(Ki,Hint) 8 9 10 (c) Figura VII.19 Carga da partícula QH em função do pH para as duas forças iónicas (0,005 e 0,1 M). Curvas de ajuste dos modelos contínuo e discreto. (a)-Alga Gelidium, (b)-resíduo e (c)-grânulos. 180 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES Os parâmetros Q max,1 e Q max, 2 (Tabela VII.7) correspondem, respectivamente, à abundância de grupos carboxílicos e hidroxilo. Note-se que Q max,1 é maior que Q max, 2 , ou seja, há mais grupos carboxílicos que hidroxilo em todos os materiais. Como seria de esperar, a alga Gelidium tem mais grupos carboxílicos do que o resíduo e este mais do que os grânulos. Dividindo os valores de Qmax,1 pela área superficial específica (método MB, aMB = 24,7 Å2), obtém-se a concentração de grupos carboxílicos por unidade de área superficial específica: 5,1; 5,2 e 5,2 µmol m-2, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. Estes valores são muito similares, indicando que a adsorção de MB se dá no mesmo tipo de grupos que a ligação dos protões. O mesmo não se verifica relativamente aos grupos hidroxilo, uma vez que, no processo de extracção de agar, a alga Gelidium é sujeita a um tratamento com hidróxido de sódio a quente, o que pode aumentar o número de grupos hidroxilo presentes no resíduo final. Para o resíduo e para os grânulos o número de grupos hidroxilo por unidade de área superficial específica também é similar: 3,4 e 3,1 µmol m-2, respectivamente. A diferença pode ser devida ao processo de imobilização do resíduo no poliacrilonitrilo. Tabela VII.7 Constante de protonação, parâmetros de distribuição da equação (C.25) (valor ± erro) para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. Parâmetros Q max, 1 Q max, 2 pK 1' ,H pK '2,H m H,1 m H,2 0,15 ± 0,01 5,0 ± 0,1 9,2 ± 0,1 0,4 ± 0,1 0,6 ± 0,1 0,23 ± 0,05 0,15 ± 0,06 5,3 ± 0,3 8,2 ± 0,4 0,37 ± 0,03 0,40 ± 0,08 0,16 ± 0,01 0,095 ± 0,009 4,4 ± 0,1 8,9 ± 0,1 0,33 ± 0,04 0,59 ± 0,05 -1 (mmol g ) (mmol g-1) Gelidium 0,36 ± 0,01 Resíduo Grânulos Na Tabela VII.7 também são apresentados os valores das constantes de protonação dos grupos carboxílicos e hidroxilo das superfícies ( pK 1' ,H e pK '2,H ). Os valores de pK 1' ,H obtidos são comparáveis aos dos grupos carboxílicos presentes em polímeros biológicos com valores de pK 1' ,H entre 3,0 e 5,0 (Buffle, 1988; Volesky, 2003). O grupo funcional 2 apresenta valores de pK '2,H > 8, característico dos grupos hidroxilo (Buffle, 1988; Volesky, 2003). Schiewer (1996) fez a titulação potenciométrica da alga Sargassum e verificou a presença de grupos ácidos com um pKH ≈ 4,8 e com uma concentração de 2,0 mmol g-1. A predominância de grupos hidroxilo e carboxílicos em todos os biossorventes está de acordo com o estudo feito por FTIR. Os grupos carboxílicos presentes na alga Gelidium são devidos, essencialmente, à presença da agaropectina, a qual é constituída pelo ácido 181 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES glucopiranosidurónico e ácido pirúvico. Após a extracção do agar, o resíduo apresenta ainda cerca de ≈ 64% de grupos carboxílicos. Isto pode significar que o processo de extracção do agar não é muito eficiente, ou que a alga Gelidium apresenta outros grupos ácidos que não são eliminados durante a extracção do agar. O parâmetro mH na Tabela VII.7 é uma medida da heterogeneidade de cada tipo de grupo funcional da superfície. Os valores de mH podem variar entre 0 (elevada heterogeneidade) até 1 para partículas com sítios activos homogéneos. Os valores de mH sugerem que os grupos hidroxilo são mais homogéneos que os carboxílicos e que os dois grupos funcionais se apresentam mais homogéneos na alga Gelidium. Nas Figuras VII.20 (a), (b) e (c) apresentam-se as funções distribuição F = ( ) f i log K int i , H Q max,i i int vs. log K int i ,H , respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos, onde f i (log K i , H ) representa a função de distribuição de Sips para os grupos carboxílicos e hidroxilo com carga total Q max,1 e Q max, 2 , respectivamente. A distribuição mostra as diferentes afinidades dos sítios activos para o protão, evidenciando dois picos relativos aos grupos carboxílicos e hidroxilo. A largura das curvas está directamente relacionada com a heterogeneidade de cada grupo. A curva dos grupos carboxílicos apresenta-se mais larga do que a curva dos grupos hidroxilo, o que significa que os primeiros são mais heterogéneos. Este resultado está de acordo como os valores de mH,1 e mH,2 obtidos (Tabela VII.7). 182 F (mmol/g) RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES 0.11 0.1 0.09 0.08 0.07 0.06 0.05 0.04 0.03 0.02 0.01 0 Grupos hidroxilo Grupos carboxílicos Total 2.5 3.5 4.5 5.5 6.5 7.5 8.5 9.5 10.5 11.5 log(Ki,Hint) (a) 0.07 Grupos hidroxilo Grupos carboxílicos Total 0.06 F (mmol/g) 0.05 0.04 0.03 0.02 0.01 0 2.5 3.5 4.5 5.5 (b) 0.05 9.5 10.5 11.5 Grupos hidroxilo Grupos carboxílicos Total 0.04 F (mmol/g) 6.5 7.5 8.5 log(Ki,Hint) 0.03 0.02 0.01 0 2.5 3.5 4.5 5.5 6.5 7.5 8.5 9.5 10.5 11.5 log(Ki,Hint) (c) Figura VII.20 Função de distribuição de constantes F vs. log K int i , H para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e ( ) grânulos (c), obtida pela soma das funções de distribuição de Sips, f i log K int i , H , multiplicadas ( pelo Qmax,i para os grupos carboxílicos e hidroxilo. f i log K int i,H ) foram determinadas com os parâmetros apresentados na Tabela VII.7. 183 RESULTADOS E DISCUSSÃO: CARACTERIZAÇÃO DOS BIOSSORVENTES Referências Buffle, J. 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A capacidade de biossorção na etapa de adsorção qt (mg ião metálico g-1 de biossorvente), num dado instante, foi calculada por balanço material ao reactor fechado (a massa de ião metálico que desaparece da fase líquida é igual à massa de ião metálico transferida para a fase sólida): −V em que, dC t dq =W t dt dt Ct Cini dC t = − W V qt 0 dq t qt = V (C ini − C t ) W (VIII.1) RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Cini concentração inicial de metal em solução, mg l-1; Ct concentração de metal em solução no instante t, mg l-1; V volume de solução, l; W massa de biossorvente seco, g. A capacidade de biossorção, qt, na etapa de dessorção (mg ião metálico g-1 de biossorvente), num dado instante, foi calculada também por balanço material ao reactor fechado (a massa de ião metálico ganha pela fase líquida é igual à massa de ião metálico libertada pela fase sólida): V dC t dq = −W t dt dt Ct 0 dC t = − W V qt qM0 dq t q t = q M0 − V Ct W (VIII.2) em que, q M0 quantidade de ião metálico biossorvido inicialmente no material, mg g-1; O termo V C t / W representa a quantidade dessorvida até ao instante t. A capacidade de dessorção do eluente, em percentagem, pode ser calculada da seguinte forma: % dessorção = VIII.1.1 q M0 − q t q M0 × 100 = V Ct × 100 W q M0 (VIII.3) Influência da Concentração Inicial (Pb(II)) A biossorção de Pb(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos ocorre principalmente nos primeiros 20, 5 e 25 minutos de contacto, respectivamente, como se pode verificar na Figura VIII.1. A diferença entre os diferentes biossorventes é devida essencialmente à acessibilidade do ião metálico aos sítios activos. A transformação da alga Gelidium durante o processo de extracção do agar, conduz a um aumento da porosidade do resíduo, diminuindo a resistência à transferência de massa na partícula e, por isso, o tempo de equilíbrio é inferior com este biossorvente. O aumento do tempo de equilíbrio quando se usam os grânulos como adsorvente é devido, essencialmente, à maior resistência à transferência de massa na partícula, 188 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO uma vez que os sítios activos responsáveis pela ligação dos iões metálicos estão protegidos pela camada externa de poliacrilonitrilo. A adsorção é rápida, numa primeira fase, e diminui gradualmente até atingir a saturação. Na primeira fase são ocupados os sítios activos com maior afinidade para o metal e mais acessíveis fisicamente. Numa segunda fase, mais lenta, são ocupados gradualmente os sítios com menor afinidade para o ião metálico e que estão menos acessíveis. As cinéticas rápidas são importantes na prática porque facilitam a implementação do processo, tanto a nível técnico como económico, podendo-se usar reactores de pequeno volume. Este comportamento é típico de um processo de biossorção envolvendo forças de ligação fracas entre a biomassa e os iões metálicos (adsorção física). Nas Figuras VIII.1 (a), (b) e (c) estão representadas as curvas de ajuste dos modelos cinéticos de pseudo-primeira-ordem de Lagergren e pseudo-segunda-ordem aos resultados experimentais, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. As variâncias dos ajustes foram comparadas usando o Teste-F e os resultados obtidos (apêndice D, Tabela D.2) indicam que, em geral, o modelo de pseudo-segunda-ordem ajusta melhor os dados experimentais, para um nível de confiança de 95%. Assim, são apresentados na Tabela VIII.1 os parâmetros do modelo de pseudo-segunda-ordem e os parâmetros estatísticos do ajuste (coeficiente de correlação e variância residual). Tabela VIII.1 Parâmetros do modelo de pseudo-segunda-ordem para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, para diferentes concentrações iniciais (valor ± erro). Modelo de pseudo-segunda-ordem Biossorvente Gelidium Resíduo Grânulos Cini % (mg l-1) Remoção k 2,ads qM (mg g ) (g mg-1 min-1) ×102 R2 -1 S2R rads(i ) (mg g-1)2 (mg g-1 min-1) 104 40 42,4 ± 0,7 0,87 ± 0,09 0,989 1,98 16 ± 2 54 52 30,0 ± 0,5 0,9 ± 0,1 0,989 0,94 8±1 30 56 19,4 ± 0,3 0,88 ± 0,07 0,995 0,20 3,3 ± 0,3 102 51 25,7 ± 0,5 5,4 ± 0,7 0,983 1,15 36 ± 5 42 70 14,7 ± 0,3 14 ± 2 0,984 0,32 30 ± 5 29 77 10,9 ± 0,1 31 ± 4 0,992 0,09 37 ± 5 95 21 21,5 ± 0,5 1,4 ± 0,2 0,985 0,73 7±1 42 38 18,7 ± 0,8 0,9 ± 0,1 0,979 0,84 3,2 ± 0,4 30 47 17,2 ± 0,5 0,8 ± 0,1 0,995 0,17 2,4 ± 0,3 189 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO (a) (d) 45 50 35 40 30 qt [Pb] (mg/g) qt (mg Pb / g Gelidium) 40 25 20 15 5 0 70 Cini = 33 mg/l 0 0 10 20 30 40 20 10 Cini = 104 mg/l Cini = 54 mg/l 10 30 60 50 50 40 30 Tempo (min) 20 10 Tempo (min) 0 (b) 0 90 100 70 80 60 50 30 40 Cini (mg/l) 10 20 (e) 30 20 25 qt [Pb] (mg/g) qt (mg Pb / g resíduo) 25 15 10 5 20 15 10 Cini = 98 mg/l 5 Cini = 42 mg/l 0 60 Cini = 29 mg/l 0 0 10 20 30 40 50 40 30 Tempo (min) 50 20 10 Tempo (min) 0 (c) 0 90 70 80 60 50 30 40 Cini (mg/l) 10 20 100 (f) 25 15 20 10 qt [Pb] (mg/g) qt (mg Pb / g grânulos) 20 Cini = 95 mg/l Cini = 42 mg/l 0 90 0 0 10 20 30 Tempo (min) 40 10 5 Cini = 30 mg/l 5 15 50 80 70 60 50 40 Tempo (min) 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Cini (mg/l) Figura VIII.1 Biossorção do chumbo pela alga Gelidium (a) e (d), resíduo (b) e (e) e grânulos (c) e (f) para diferentes valores de concentração inicial (---- modelo de pseudo-primeira-ordem de Lagergren; ___ 190 modelo de pseudo-segunda-ordem). 90 100 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Analisando os resultados experimentais, verifica-se que a concentração inicial tem um efeito importante na capacidade de adsorção de equilíbrio, para os três biossorventes. Quando a concentração inicial aumentou de aproximadamente 30 para 100 mg l-1, a capacidade de adsorção no equilíbrio aumentou 56,4%, 56,6% e 36,3%, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. O menor aumento para os grânulos é devido ao facto de se ter usado menor massa de adsorvente na experiência (1 g de grânulos, face a 2 g dos outros dois biossorventes). Os resultados das Tabelas VIII.1 e D.1 mostram que a velocidade inicial de biossorção de Pb(II) aumenta com o aumento da concentração inicial para a alga e para os grânulos. No resíduo, a velocidade inicial de adsorção é independente da concentração inicial, na gama de concentrações estudadas. Este resultado sugere que, neste caso, a velocidade máxima de adsorção foi atingida para a concentração inicial mais baixa. No geral, a cinética de biossorção é mais rápida para o resíduo e a capacidade de adsorção no equilíbrio é mais elevada para a alga. Os resultados obtidos permitem concluir que a concentração inicial é um parâmetro importante no controlo da resistência à transferência de massa dos iões metálicos da fase aquosa para a fase sólida. A percentagem de remoção dos iões chumbo da solução aquosa (Tabela VIII.1) aumenta com a diminuição da concentração inicial para os três biossorventes, devido à existência de um número constante de sítios activos disponíveis para a fixação dos iões metálicos. Resultados semelhantes foram obtidos por outros autores (Benguella e Benaissa, 2002; Agrawal et al., 2004). De forma a tentar descrever uma relação com a concentração inicial, os valores dos parâmetros obtidos pelo modelo de pseudo-primeira-ordem de Lagergren (Apêndice D-Tabela D.1) foram correlacionados pela seguinte equação empírica: k 1,ads ou q M = a 0 (C ini ) b0 (VIII.4) onde a0, b0 são constantes e Cini, a concentração inicial da solução de ião metálico. Os parâmetros de ajuste e os respectivos coeficientes de correlação são apresentados na Tabela VIII.2. Foram usados os parâmetros do modelo cinético de pseudo-primeira ordem, uma vez 191 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO que conduzíam a melhores coeficientes de correlação. Substituindo as expressões de k 1,ads e q M na equação do modelo cinético de pseudo-primeira-ordem (equação (IV.31)), obtém-se uma expressão capaz de prever a capacidade de biossorção em função do tempo de contacto e a concentração inicial, como se pode observar nas Figuras VIII.1 (d), (e) e (f). Estas Figuras mostram que, à medida que a concentração inicial aumenta, a capacidade de adsorção no equilíbrio e a velocidade de biossorção também aumentam, e a saturação do material é atingida mais rapidamente. Esta análise pode ser útil em termos de aplicação prática deste processo, pois permite relacionar facilmente a influência do tempo de contacto e da concentração inicial na capacidade de adsorção. Tabela VIII.2 Parâmetros de ajuste das constantes cinéticas do modelo de pseudo-primeira-ordem de Lagergren (equação (VIII.4)). Biossorvente VIII.1.2 k 1,ads a0 b0 Gelidium 0,020 0,556 Resíduo 10,6 Grânulos 0,032 R2 qM R2 a0 b0 0,993 1,78 0,667 0,998 -0,533 0,930 1,18 0,655 0,997 0,415 0,999 5,51 0,280 0,985 Influência do pH (Cu(II), Pb(II) e Cd(II)) O efeito do pH na cinética de biossorção de Cu(II) e Pb(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos foi estudado variando o pH de 3 até 5,3. Para o Cd(II) o estudo foi feito para valores de pH entre 4 e 6,5. Os resultados obtidos estão representados nas Figuras VIII.2 e VIII.3 e demonstram que o pH da solução desempenha um papel muito importante na biossorção dos iões metálicos. Para pH 3 observou-se uma forte inibição da capacidade de biossorção de cobre e chumbo, uma vez que, neste caso, a maior parte dos sítios activos estão protonados. Resultados similares foram obtidos por outros autores (Marques et al., 1999; Esposito et al., 2001). Por outro lado, os protões podem competir com os iões metálicos para os sítios activos da superfície do biossorvente, o que contribui para a inibição da biossorção. À medida que o pH da solução aumenta, aumenta o número de sítios desprotonados disponíveis para a ligação aos iões metálicos. Por conseguinte, a capacidade de biossorção aumenta, como se pode verificar pelos valores do parâmetro qM obtidos do ajuste ao modelo cinético de pseudo-segunda-ordem (Tabela VIII.3). 192 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 25 15 pH=5.3 20 pH=4 pH=3 qt [Cu] (mg/g) qt (mg Cu / g Gelidium) 20 10 15 10 5 5 0 60 50 40 30 0 0 10 20 30 40 Tempo (min) 50 20 10 Tempo (min) 0 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.3 pH 12 14 pH=5.3 12 pH=4 8 10 pH=3 qt [Cu] (mg/g) qt (mg Cu / g resíduo) 10 6 8 6 4 4 2 2 0 60 50 40 30 0 0 10 20 30 Tempo (min) 40 20 10 0 Tempo (min) 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.3 pH 12 14 8 pH=5.3 12 pH=4 10 qt [Cu] (mg/g) qt (mg Cu / g grânulos) 10 pH=3 6 4 8 6 4 2 0 60 2 50 40 30 Tempo (min) 0 0 10 20 30 40 Tempo (min) 50 60 20 10 0 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 pH Figura VIII.2 Efeito do pH na cinética de biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos (---modelo de pseudo-primeira-ordem de Lagergren; ___ modelo de pseudo-segunda-ordem). 193 5.3 45 18 40 16 35 14 qt (mg Cd / g Gelidium) qt (mg Pb / g Gelidium) RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 30 25 20 15 pH=5.3 10 pH=4 10 8 pH=6.5 6 pH=5.3 4 pH=4 2 pH=3 5 12 0 0 0 10 20 30 40 50 0 60 10 20 30 Tempo (min) Tempo (min) 40 50 30 10 20 qt (mg Cd / g resíduo) qt (mg Pb / g resíduo) 25 pH=5.3 pH=4 15 pH=3 10 8 6 4 pH=6.5 pH=5.3 2 5 pH=4 0 0 0 10 20 30 0 40 10 Tempo (min) 20 30 Tempo (min) 40 8 7 qt (mg Cd / g grãnulos) qt(mg Pb / g grânulos) 20 15 pH=5.3 pH=4 10 pH=3 5 6 5 4 3 pH=6.5 2 pH=5.3 1 pH=4 0 0 0 0 10 20 30 Tempo (min) 40 50 60 10 20 30 40 50 Tempo (min) Figura VIII.3 Efeito do pH na cinética de biossorção do Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos (---- modelo de pseudo-primeira-ordem de Lagergren; ___ modelo de pseudo-segunda-ordem). 194 60 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Tabela VIII.3 Parâmetros do modelo de pseudo-segunda-ordem para a biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, para diferentes valores de pH (valor ± erro). Modelo de pseudo-segunda-ordem Biossorvente Metal Gelidium Resíduo Cu Grânulos Gelidium Resíduo Pb Grânulos Gelidium Resíduo Grânulos Cd pH Cini (mg l-1) qM (mg g-1) k 2,ads (g mg-1 min-1) ×102 R2 S2R rads(i ) (mg g-1)2 (mg g-1 min-1) 5,3 102 17,9 ± 0,6 5±1 0,951 1,64 16 ± 3 4 94 11,4 ± 0,3 2,7 ± 0,4 0,986 0,22 3,5 ± 0,6 3 94 5,2 ± 0,3 5±1 0,965 0,11 1,4 ± 0,3 5,3 98 12,1 ± 0,2 13± 2 0,992 0,11 19 ± 3 4 94 5,53 ± 0,05 8,3± 0,5 0,997 0,008 2,5 ± 0,2 3 94 2,42 ± 0,06 9± 1 0,989 0,007 0,53 ± 0,06 5,3 94 12,5 ± 0,3 2,0± 0,2 0,991 0,19 3,1 ± 0,3 4 94 4,1 ± 0,1 6,0± 0,7 0,990 0,018 1,0 ± 0,1 3 94 1,65 ± 0,08 9± 2 0,975 0,008 0,25 ± 0,06 5,3 104 42,4 ± 0,7 0,87 ± 0,09 0,989 1,98 16 ± 2 4 106 29,7 ± 0,4 3,0 ± 0,3 0,990 0,76 26 ± 3 3 106 20,4 ± 0,4 4,1 ± 0,5 0,982 0,67 17 ± 2 5,3 102 25,7 ± 0,5 5,4 ± 0,7 0,983 1,15 36 ± 5 4 112 24,2 ± 0,3 5,3 ± 0,5 0,993 0,44 31 ± 3 3 106 7,5 ± 0,1 19 ± 2 0,993 0,04 11 ± 1 5,3 95 21,5 ± 0,5 1,4 ± 0,2 0,985 0,73 6,5 ± 0,9 4 100 16,9 ± 0,5 1,6 ± 0,2 0,984 0,47 4,6 ± 0,6 3 98 8,9 ± 0,3 1,2 ± 0,2 0,993 0,06 1,0 ± 0,2 6,5 100 16,6 ± 0,3 3,3 ± 0,3 0,994 0,19 9,1 ± 0,9 5,3 95 14,4 ± 0,3 4,8 ± 0,7 0,982 0,417 10 ± 2 4 84 10,9 ± 0,3 7±1 0,984 0,20 8±1 6,5 100 10,3 ± 0,2 17 ± 2 0,995 0,06 18 ± 2 5,3 93 8,93 ± 0,07 59 ± 6 0,996 0,03 47 ± 5 4 82 5,3 ± 0,1 30 ± 5 0,983 0,05 8±1 6,5 78 8,2 ± 0,4 4±1 0,960 0,37 2,7 ± 0,7 5,3 90 7,3 ± 0,2 7±1 0,986 0,09 3,7 ± 0,6 4 78 4,1 ± 0,2 12 ± 2 0,982 0,03 2,0 ± 0,4 A velocidade inicial de biossorção aumenta com o pH, sugerindo que o acréscimo de cargas negativas na superfície do biossorvente acelera o processo de biossorção. Este aumento é mais significativo para valores de pH 4 e 5,3, visto que os grupos responsáveis pela ligação dos metais são essencialmente grupos carboxílicos com pKa nesta gama de valores (Buffle, 1988). 195 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Dos resultados obtidos conclui-se que, para igual pH, os iões metálicos Cu(II) e Pb(II) são adsorvidos em maior quantidade que os iões Cd(II), em qualquer dos biossorventes. Os iões Cu(II) e Pb(II) são mais “duros” que o ião Cd(II) e, portanto, com maior preferência por grupos funcionais contendo oxigénio, como –COOH e –OH, que são os grupos maioritários na superfície dos adsorventes em estudo (Pearson, 1963). Dos três biossorventes estudados, a alga Gelidium é o que apresenta maior capacidade de adsorção para qualquer ião metálico porque possui maior número de centros activos. Nas Figuras VIII.2 e VIII.3, para além dos resultados experimentais, estão representadas as curvas de ajuste aos modelos cinéticos de pseudo-primeira-ordem e pseudo-segunda-ordem. Como anteriormente, as variâncias dos ajustes foram comparadas usando o Teste-F (Apêndice D-Tabela D.4). Os resultados indicam que, em geral, os dados experimentais são melhor ajustados pelo modelo de pseudo-segunda-ordem. Por isso, os resultados apresentados na Tabela VIII.3 referem-se a esse modelo. Na Tabela D.3 (apêndice D) são apresentados os valores dos parâmetros de ajuste ao modelo de pseudo-primeira-ordem. A influência do pH nas constantes cinéticas de biossorção foi avaliada através da seguinte expressão impírica: k 1,ads ou q M = a 1 exp(b1 × pH ) (VIII.5) Verifica-se que esta relação descreve bem o efeito do pH sobre as constantes cinéticas (Tabela VIII.4), permitindo obter as superfícies apresentadas na Figura VIII.2 para o Cu(II). Estas superfícies apresentam um declive acentuado, indicando que a diminuição do pH inibe fortemente a adsorção dos iões metálicos. Em termos práticos, a representação da quantidade adsorvida em função do pH e do tempo de contacto pode ser útil na optimização do processo de biossorção. Tabela VIII.4 Parâmetros de ajuste (equação (VIII.5)) das constantes cinéticas do modelo de pseudo-primeiraordem de Lagergren para o Cu(II). Biossorvente 196 k 1,ads Gelidium a1 0,114 b1 0,188 Resíduo 0,021 Grânulos 0,094 R2 qM R2 0,997 a1 0,906 b1 0,568 0,967 0,711 0,993 0,243 0,735 0,993 0,903 0,999 0,087 0,154 0,993 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO VIII.1.3 Biossorção de Zinco e Crómio Os resultados obtidos no estudo da cinética de biossorção do Zn(II) e Cr(III), para os três biossorventes, são apresentados na Figura VIII.4. O ajuste dos dois modelos cinéticos mostra que, em geral, o modelo de pseudo-segunda-ordem ajusta melhor os resultados experimentais, de acordo com o Teste-F de comparação de variâncias (Apêndice D-Tabela D.6). Na Tabela VIII.5 são apresentados os parâmetros de ajuste do modelo de pseudo-segunda-ordem. (a) (b) 12 10 10 qt (mg Cr / g biossorvente) qt (mg Zn / g biossorvente) 8 6 4 Gelidium Resíduo 2 8 6 4 Gelidium Resíduo 2 Grânulos 0 Grânulos 0 0 10 20 30 40 50 0 10 20 Tempo (min) 30 40 50 Tempo (min) Figura VIII.4 Biossorção do zinco (a) e crómio (b) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH 5,3 (---- modelo de pseudo-primeira-ordem de Lagergren; ___ modelo de pseudo-segunda-ordem). Tabela VIII.5 Parâmetros do modelo de pseudo-segunda-ordem para a biossorção do Cr(III) e Zn(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH 5,3 (valor ± erro). Modelo de pseudo-segunda-ordem Biossorvente Gelidium Resíduo Grânulos Metal Zn2+ Cini (mg l-1) qM (mg g-1) k 2,ads (g mg min ) ×102 R2 -1 -1 rads(i ) S2R (mg g ) (mg g-1 min-1) -1 2 85 9,5 ± 0,3 7±1 0,977 0,24 6±1 100 11,9 ± 0,2 4,0 ± 0,4 0,990 0,15 5,7 ± 0,6 Zn2+ 81 5,6 ± 0,2 19 ± 5 0,951 0,19 6±2 3+ 97 8,3 ± 0,1 17 ± 1 0,998 0,01 11,7 ± 0,8 Zn2+ 80 4,39 ± 0,06 18 ± 2 0,991 0,02 3,5 ± 0,4 3+ 94 8,0 ± 0,2 1,3 ± 0,2 0,992 0,06 0,9 ± 0,2 Cr Cr Cr 3+ Uma vez que a concentração inicial dos dois metais não é a mesma, é difícil tirar conclusões acerca das quantidades adsorvidas no equilíbrio e das velocidades iniciais de biossorção 197 60 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO relativas aos dois iões. Na Tabela VIII.5 destaca-se o valor mais baixo de velocidade inicial de adsorção de Cr(III) nos grânulos, que sugere uma maior resistência à transferência de massa na partícula devido ao seu maior raio hidratado e à menor velocidade de difusão molecular do Cr(III) em água, relativamente aos outros iões metálicos, obtida pela expressão de Nernst-Haskell (equação (V.79)) (Cr(III)-Dm = 5,9×10-6 cm2 s-1; Zn(II)-Dm =6,9×10-6 cm2 s-1 ; Cd(II)-Dm = 7,1×10-6 cm2 s-1; Cu(II)-Dm = 7,2×10-6 cm2 s-1; Pb(II)-Dm = 9,3×10-6 cm2s-1). O número de mmoles dos catiões metálicos adsorvidos por unidade de massa de biossorvente para concentrações iniciais de cerca de 100 mg l-1 (Cu-1,58 mmol l-1; Cr-1,92 mmol l-1; Pb0,48 mmol l-1; Zn-1,53 mmol l-1 e Cd-0,89 mmol l-1), pH = 5,3 e T = 20ºC, aumenta na ordem Cd(II) < Zn(II) < Pb(II) < Cr(III) < Cu(II). Uma vez que a concentração inicial dos cinco metais não é a mesma, não se podem tirar conclusões acerca das quantidades adsorvidas no equilíbrio. VIII.1.4 Influência da Temperatura (Pb(II)) A cinética de biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium e pelo resíduo foi estudada para temperaturas da solução entre 10 e 45ºC, mantendo aproximadamente constante a concentração inicial de chumbo (≈ 100 mg Pb2+ l-1), a força iónica (≈ 1×10-3 M) e o pH (≈ 5,3). Na Figura VIII.5 apresenta-se a evolução da concentração de chumbo na fase sólida ao longo do tempo, para quatro valores de temperatura. A temperatura influencia pouco a capacidade de adsorção de Pb(II) pela alga Gelidium no equilíbrio. Para a adsorção no resíduo há um aumento gradual da capacidade máxima de 23,0 para 27,1 mg g-1, quando se aumenta a temperatura de 10 para 45ºC, como se pode verificar na Tabela VIII.6. O aumento da velocidade inicial de biossorção com a temperatura pode ser devido à dissociação de espécies químicas presentes no biossorvente, que faz com que haja mais sítios livres para a fixação dos iões metálicos, ou ao aumento da velocidade de difusão dos iões metálicos da solução até à superfície do biossorvente (Al-Ashed e Duvnjak, 1995). Também pode ser resultado da diminuição do calor de adsorção, que faz com que seja mais fácil remover um ião ligado aos grupos activos dos biossorventes, sendo depois ocupado pelo ião metálico (Panday et al., 1985; Krishnan e Anirudhan, 2003). 198 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 30 40 25 T=10ºC 30 qt (mg Pb / g resíduo) qt (mg Pb / g Gelidium) 35 T=20ºC 25 T=35ºC 20 T=45ºC 15 10 20 T=10ºC T=20ºC 15 T=35ºC 10 T=45ºC 5 5 0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 Tempo (min) 20 30 40 Tempo (min) (a) (b) Figura VIII.5 Biossorção do chumbo pela alga Gelidium (a) e resíduo (b) a diferentes temperaturas e pH 5,3 (___ modelo cinético de pseudo-segunda-ordem). Tabela VIII.6 Parâmetros do modelo de pseudo-segunda-ordem para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium e resíduo a pH 5,3 e diferentes temperaturas (valor ± erro). Modelo de pseudo-segunda-ordem Biossorvente Gelidium Resíduo Cini T (mg l-1) (ºC) qM (mg g-1) k 2,ads (g mg min ) ×102 R2 -1 -1 rads(i ) S2R (mg g ) (mg g-1 min-1) -1 2 106 10 40,0 ± 0,7 0,65 ± 0,08 0,989 1,52 10 ± 1 104 20 42,4 ± 0,7 0,87 ± 0,09 0,989 1,98 16 ± 2 104 35 39,2 ± 0,6 2,1 ± 0,2 0,986 1,89 32 ± 3 107 45 39,1 ± 0,5 4,3 ± 0,5 0,986 1,79 66 ± 8 105 10 23,0 ± 0,4 13 ± 2 0,983 0,852 69 ± 11 102 20 25,7 ± 0,5 5,4 ± 0,7 0,983 1,15 36 ± 5 106 35 26,3 ± 0,2 18 ± 2 0,996 0,276 125 ± 14 106 45 27,1 ± 0,2 45 ± 8 0,994 0,367 330 ± 59 De um modo geral, os resultados do estudo cinético são melhor ajustados pelo modelo cinético de pseudo-segunda-ordem, como indica o Teste-F (Tabela D.8). Assumindo que a constante cinética de biossorção varia com a temperatura segundo a relação de Arrhenius (equação (IV.37)), a energia de activação do processo de biossorção pode ser obtida a partir dos parâmetros do ajuste linear de ln (k ads ) em função de 1 T (Figura VIII.6). 199 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 0 ln(k2,ads) = -5785X (1/T) + 17,3 R2 = 0,949 -1 ln(k 2,ads) -2 Gelidium -3 Resíduo -4 ln(k2,ads) = -4905,0X (1/T) + 12,1 R2 = 0,970 -5 -6 0.0031 0.0032 0.0033 0.0034 0.0035 0.0036 1/T (K-1) Figura VIII.6 Representação da equação de Arrhenius para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium e resíduo. Os valores obtidos para a energia de activação e o factor de frequência, assumindo uma cinética de pseudo-segunda-ordem, são apresentados na Tabela VIII.7. Os valores obtidos para a energia de activação estão dentro da gama de valores referidos na literatura para os sistemas biológicos (8,4-83,7 kJ mol-1 ou 2-20 kcal mol-1) (Shuler e Kargi, 1992). Os resultados indicam que o equilíbrio é atingido rapidamente e que é facilmente reversível, porque a quantidade de energia requerida é pequena e as forças envolvidas na biossorção são fracas. Forças de adsorção fracas estão geralmente associadas a adsorção física (Smith, 1981). Sâg e Kutsal (2000) verificaram que a adsorção de iões Fe(III) e Pb(II) em Zoogloea ramigera e Fe(III), Cr(VI) e Ni(II) em Rhizopus arrhizus aumentava com a temperatura na gama 1545ºC, originando valores de energia de activação entre 48,8 e 4,0 kJ mol-1. Por outro lado, Aksu (2001) verificou que a capacidade de adsorção do cádmio na alga verde C. vulgaris diminuiu de 85,3 para 51,2 mg g-1 com o aumento da temperatura de 20 para 50ºC, obtendo um valor Ea = -0,8 kJ mol-1. Tabela VIII.7 Parâmetros da equação de Arrhenius para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium e resíduo. 200 Biossorvente Ea (kcal mol-1) ln(k0) (mg g-1 min-1) Gelidium 10 ± 1 12 ± 2 Resíduo 12 ± 3 17 ± 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO VIII.1.5 Influência da Força Iónica (Pb(II) e Cd(II)) O efeito da força iónica na biossorção do chumbo e cádmio pela alga Gelidium e pelo resíduo foi estudado a três forças iónicas diferentes (0,001; 0,01 e 0,1 M KNO3) e a pH 5,3. A Figura VIII.7 (b) mostra que a influência da força iónica na biossorção do chumbo pelo resíduo é desprezável. Para a alga Gelidium o aumento da força iónica diminui a capacidade de adsorção (diminuição de 24%), como se pode ver na Figura VIII.7 (a). 45 16 40 14 qt(mg Cd / g Gelidium) qt (mg Pb / g Gelidium) 35 30 25 FI=0.001 M 20 FI=0.1 M 15 12 FI=0.001 M 10 FI=0.01 M 8 FI=0.1 M 6 10 4 5 2 0 0 0 10 20 30 40 0 10 Tempo (min) 30 40 50 Tempo (min) (a) (c) 10 30 25 8 20 FI=0.001 M 15 FI=0.1 M 10 qt (mg Cd / g resíduo) qt (mg Pb / g resíduo) 20 6 4 FI=0.001 M FI=0.01 M 2 5 FI=0.1 M 0 0 10 20 30 40 Tempo (min) 0 0 10 20 30 40 Tempo (min) (b) (d) Figura VIII.7 Biossorção do chumbo e cádmio, respectivamente pela alga Gelidium (a) e (c) e resíduo (b) e (d) a diferentes forças iónicas, pH 5,3 e T=20ºC. As variâncias dos ajustes dos pontos experimentais aos modelos cinéticos foram comparadas usando o Teste-F (Apêndice D-Tabela D.10). No geral, os dados experimentais são melhor ajustados pelo modelo de pseudo-segunda-ordem (Tabela VIII.8). 201 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Tabela VIII.8 Parâmetros do modelo de Lagergren de pseudo-segunda-ordem para a biossorção do Cd(II) e Pb(II) pela alga Gelidium e resíduo a pH 5,3 e 20ºC e diferentes forças iónicas (valor ± erro). Modelo de pseudo-segunda-ordem Biossorvente Metal Cd Gelidium Pb Cd Resíduo Pb Cini (mg l-1) FI (M) qM (mg g-1) k 2,ads (g mg min ) ×102 R2 -1 -1 rads(i ) S2R (mg g ) (mg g-1 min-1) -1 2 95 0,001 14,4 ± 0,3 4,8 ± 0,7 0,982 0,417 10 ± 2 100 0,01 13,2 ± 0,6 3,4 ± 0,9 0,958 1,18 6±2 93 0,1 4,9 ± 0,2 15 ± 3 0,958 0,137 3,6 ± 0,8 0,87 ± 0,09 0,989 1,98 16 ± 2 1,6 ± 0,2 0,987 1,21 14 ± 2 104 104 0,001 42,4 ± 0,7 0,1 29,8 ± 0,5 93 0,001 8,93 ± 0,07 59 ± 6 0,996 0,03 47 ± 5 93 0,01 6,30 ± 0,07 20 ± 2 0,994 0,03 7,9 ± 0,8 95 0,1 4,42 ± 0,06 7,6 ± 0,5 0,997 0,007 1,5 ± 0,1 0,001 25,7 ± 0,5 5,4 ± 0,7 0,983 1,15 36 ± 5 10 ± 1 0,988 0,685 59 ± 6 102 98 0,1 24,3 ± 0,3 Na biossorção do cádmio pela alga Gelidium (Figura VIII.7 (c)) e pelo resíduo (Figura VIII.7 (d)), o aumento da força iónica de 0,001 M para 0,1 M traduz-se numa diminuição da capacidade de biossorção no equilíbrio de 66% para a alga Gelidium e 50% para o resíduo. A presença dos aniões do electrólito pode levar à formação de complexos com os iões Pb2+ e Cd2+ como, por exemplo, Pb(NO3)2, Pb(NO3)+, Cd(NO3)2 e Cd(NO3)+, que podem ter maior ou menor afinidade para o biossorvente que o respectivo ião metálico livre, conduzindo a um aumento, ou diminuição, da capacidade de biossorção (Tobin et al., 1987). O potássio, como metal alcalino, apenas se liga electrostaticamente aos sítios activos das superfícies, não competindo directamente com a ligação covalente dos iões metálicos. Para elevadas concentrações de K+, os sítios activos carregados negativamente serão envolvidos por contraiões, o que resulta numa perda parcial da carga e no enfraquecimento da componente electrostática da ligação ao ião metálico. Como resultado, a quantidade de metal biossorvida diminui (Crist et al., 1981; Lee e Volesky, 1997; Schiewer e Volesky, 1997; Schiewer e Wong, 2000). Os resultados experimentais indicam que a força iónica influencia mais a biossorção do cádmio do que a biossorção do chumbo, sugerindo que a contribuição da ligação electrostática na biossorção total do cádmio é maior do que na biossorção do chumbo. 202 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO A intensidade da ligação dos iões metálicos aos centros activos depende dos efeitos de hidratação e do carácter iónico (electrostático) e/ou covalente da ligação. 1. Efeitos de Hidratação Da interacção dos iões metálicos com grupos de superfície simples (como os grupos carboxílicos), podem resultar complexos metálicos de esfera exterior (partícula), com origem em atracções electrostáticas entre o ligando e o ião metálico, mantendo a esfera de hidratação, e de esfera interior, que resultam da formação de ligações covalente entre o átomo coordenador e o ião metálico, com desidratação parcial ou total (Buffle, 1988). Os dois tipos de alteração no estado de hidratação podem ocorrer mais facilmente se o ião metálico não estiver hidratado. Williams e Hale (1966) mostraram a existência de uma boa correlação entre a energia de hidratação do ião e o termo (z2/rcrist) com z igual à carga do ião e rcrist igual ao raio do cristal iónico. Se se tomar em conta a esfera de hidratação, o raio hidratado efectivo é maior do que o raio do cristal iónico. Geralmente, quanto maior a energia de hidratação de um ião (ou seja, menor o raio do cristal), maior é o raio hidratado efectivo (Russell, 1980). Para metais alcalinos e alcalino-terrosos, o raio hidratado e o raio do cristal iónico apresentam tendências opostas no que diz respeito ao peso molecular: o raio do cristal aumenta enquanto o raio hidratado diminui. A quantificação do raio hidratado do ião é difícil, embora tenham sido referidos alguns valores (Marcus e Kertes, 1969). De acordo com Jain e Wagner (1980), os efeitos de hidratação podem ser dominantes quando o campo eléctrico do adsorvente é fraco (ligação fraca). Neste caso, iões grandes (comparando o raio do cristal dos iões com a mesma carga), que exercem pouca influência nas moléculas de água de hidratação (ou seja, que sejam menos fortemente hidratados), são preferencialmente acumulados na interface. 2. Ligação Iónica (Electrostática) Os grupos de superfície carregados negativamente podem atrair qualquer catião metálico. As interacções são tanto mais fortes, quanto maior for a densidade de carga dos iões metálicos e do biossorvente. O raio do cristal iónico foi usado, no passado, como estimativa da intensidade da ligação iónica em soluções aquosas (Buffle, 1988). No entanto, como o catião 203 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO retém as moléculas de água de hidratação, o raio do catião hidratado caracteriza melhor a atracção electrostática (em oposição à hidratação). De acordo com Marcus e Kertes (1969), a selectividade aumenta com o aumento da carga e diminuição do raio hidratado. 3. Ligação Covalente Este tipo de ligação envolve partilha de electrões. O carácter covalente da ligação aumenta quando a electronegatividade do metal e do átomo coordenador do ligando forem semelhantes (Dean, 1999). A selectividade (ou intensidade de ligação) aumenta com o aumento da polarização do ião (iões “macios”) (Marcus e Kertes, 1969). Concluindo, a intensidade da ligação aumenta: • aumentando o raio iónico e diminuíndo a carga (se a ligação é fraca e principalmente devida a efeitos de hidratação); • diminuíndo o raio hidratado e aumentando a carga (se a ligação apresenta uma intensidade intermédia e é devida a efeitos electrostáticos); • diminuíndo a diferença de electronegatividade (se a ligação é forte e covalente). Na Tabela VIII.9 são apresentadas algumas das características dos metais que influenciam o tipo de forças de ligação. Tabela VIII.9 Parâmetros que caracterizam a força de ligação dos iões metálicos. H Na K Ca Mg Zn Cd Cr Cu Pb z (carga) 1 1 1 2 2 2 2 3 2 2 a --- 1,02 1,51 1,00 0,72 0,74 0,95 0,62 0,73 1,19 b rhid (Å) 2,82 3,58 3,31 4,12 4,28 4,30 4,26 4,61 4,19 4,01 Xmc z2 / rcristd1 (1/Å) z2 / rhidd2 (1/Å) 2,20 0,93 0,82 1,00 1,31 1,65 1,69 1,66 1,90 1,8 --- 0,98 0,66 4,00 5,56 5,41 4,21 14,1 5,48 3,36 0,35 0,28 0,30 0,97 0,93 0,93 0,94 1,95 0,95 1,00 (rcrist + 0,85) --- 1,51 1,51 1,85 2,26 4,07 5,20 4,05 6,32 6,61 1,3 2,6 2,7 2,5 2,3 1,9 1,8 1,8 1,5 1,7 0,34 0,82 0,84 0,79 0,73 0,59 0,56 0,56 0,43 0,51 1,03 0,34 0,36 1,23 1,27 1,56 1,69 3,49 2,22 1,94 rcrist (Å) X 2 m ∆X m e (Å) f ( 1 − exp − ∆X 2m 4 ) ( g ) ζ h = z 2 rhid 1 − exp − ∆X 2m 4 (1/Å) a Raio cristal de Shannon (Evans, 1993); b Raio do ião hidratado (Marcus e Kertes, 1969); c Electronegatividade de Pauling (Dean, 1999); 204 d Parâmetro da intensidade da ligação por hidratação (1) ou iónica (2) (Phillips e RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Williams, 1965); e Parâmetro do carácter covalente da ligação (0,85 é uma constante que reflecte o raio dos átomos dadores O e N) (Nieboer e McBryde, 1973); f Parâmetro do carácter iónico da ligação (electronegatividade do metal relativamente ao oxigénio) (Dean, 1999); g Fracção do carácter iónico da ligação (Pauling, 1967); h Parâmetro da força de ligação total (iónica + covalente) (Schiewer, 1996). De acordo com o critério que usa o factor z2/rhid como medida da intensidade da ligação iónica, o carácter iónico das ligações decresce na ordem Pb(II) > Cu(II) > Cd(II). diferenças entre os metais são pequenas. Segundo o critério ∆X m (1 − exp(− ∆X 2 m As ou o critério )) 4 , a ligação do Cd tem uma maior fracção de carácter iónico (electrostático), relativamente às do Pb e Cu. Nieboer e McBryde (1973) introduziram um novo parâmetro X 2m (rcrist + 0,85) para medir o carácter da ligação covalente, onde 0,85 corresponde à contribuição da distância de ligação dos doadores O e N. Os iões “duros” (Zn(II) e Cr(III)) são caracterizados por X 2m (rcrist + 0,85) < ≈ 4,2 e os iões “macios” são caracterizados por X 2m (rcrist + 0,85) > 7. Isto indica que os iões Cu(II), Pb(II) e Cd(II) são iões intermédios, apresentando os dois primeiros características próximas dos iões “macios”, enquanto que o ião Cd(II) apresenta características de ião “duro”. Segundo este critério, a contribuição relativa da ligação covalente diminui na seguinte ordem: Pb(II) > Cu(II) > Cd(II). A intensidade da força de ligação global ( ζ ) (covalente + electrostática) é maior para o Cu(II) e Pb(II) relativamente ao Cd(II). Estes resultados justificam a maior influência da força iónica na adsorção do Cd(II) relativamente ao Pb(II) e Cu(II), uma vez que a contribuição da ligação electrostática é maior e a componente covalente menor para Cd(II). Esta classificação é oposta à estabelecida por Pearson (1963), que considerou Cd2+ como ião “macio” e H+ como um ião “duro”. Estes iões são agora considerados como iões fronteira (Nieboer e Richardson, 1984). VIII.1.6 Influência da Granulometria (Cu(II) e Pb(II)) O efeito do tamanho das partículas de biossorvente foi estudado para os iões Cu(II) e Pb(II). As Figuras VIII.8 (a) e (b) representam a evolução da quantidade de cobre adsorvida na alga Gelidium e nos grânulos, respectivamente, ao longo do tempo, para diferentes granulometrias do biossorvente. Na Figura VIII.8 (c) é feita a mesma representação para a adsorção de Pb(II) nos grânulos. 205 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 20 12 18 10 14 0.15 < dp < 0.3 mm 0.3 < dp < 0.5 mm 0.5 < dp < 0.85 0.85 < dp < 1.0 mm 12 10 qt (mg Cu / grânulos) qt (mg Cu / g Gelidium) 16 8 6 8 0.5 < dp < 1.0 mm 1.0 < dp < 2.0 mm 6 4 4 2 2 0 0 0 10 20 30 40 0 50 10 20 30 40 50 Tempo (min) Tempo (min) (a) (b) 20 qt (mg Pb / g grânulos) 16 0.5 < dp < 1.0 mm 12 1.0 < dp < 2.0 mm 8 4 0 0 10 20 30 40 50 Tempo (min) (c) Figura VIII.8 Influência do tamanho das partículas dos biossorventes na remoção do cobre ((a) Alga Gelidum, (b) grânulos) e chumbo ((c) grânulos). Os resultados sugerem que a biossorção de Cu(II) e Pb(II) é independente do tamanho das partículas de biossorvente, na gama considerada. Esta conclusão contradiz a noção geral de que a difusão intraparticular controla o processo global de biossorção. Em geral, o tamanho da partícula está relacionado com a distância de difusão que o ião metálico tem de percorrer, para partículas de biossorvente esféricas. Diminuíndo o diâmetro das partículas, normalmente, diminui a distância de difusão e, consequentemente, aumenta a velocidade de biossorção. Em todos os materiais estudados a biossorção ocorre nas partículas de alga Gelidium (pura ou modificada por extracção de agar), as quais, em geral, apresentam uma largura e comprimento 206 60 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO que excedem largamente a espessura, podendo ser consideradas como placas planas, com a mesma espessura em todas as fracções granulométricas. Por isso, a difusão dos iões metálicos na direcção perpendicular às paredes laterais das partículas representa a distância de difusão mais curta e determina o processo global de difusão. Resultados similares foram obtidos por Yang (1999) na adsorção de urânio e cádmio na alga castanha Sargassum. VIII.1.7 Influência da Velocidade de Agitação (Pb(II)) As resistências à transferência de massa interna e externa nas partículas dos biossorventes são parâmetros importantes no estudo da dinâmica da biossorção. Como a resistência à transferência de massa intraparticular é considerada o passo controlante no processo global de biossorção (Yang, 1999), para a determinar experimentalmente é necessário eliminar o efeito da resistência à transferência de massa externa. Esta, por sua vez, é proporcional à camada de fluído estacionário, ou filme, que envolve as partículas de biossorventes e é controlada pela agitação da solução. Uma forte agitação diminui a espessura do filme e deve, eventualmente, eliminar a resistência no filme. Foram realizadas algumas experiências cinéticas de biossorção a diferentes velocidades de agitação para os três biossorventes. A evolução da concentração do Pb(II) na fase sólida em função do tempo está representada na Figura VIII.9. Observa-se que a partir de 400 rpm de velocidade de agitação, os perfis de concentração de metal na fase sólida estabilizam, apresentando entre si um desvio inferior a 5%. Para o resíduo, Figura VIII.9 (b), verifica-se que na gama de 200 a 600 rpm, os perfis de concentração de metal na fase sólida são semelhantes, sugerindo que a resistência à transferência de massa no filme é desprezável, devido à elevada porosidade das partículas. Para os grânulos e para a alga Gelidium, com uma velocidade de agitação de 200 rpm ainda existe uma resistência no filme considerável, o que torna a cinética de biossorção mais lenta. Os resultados obtidos indicam que só para velocidades de agitação superiores a 400 rpm é que a resistência à transferência de massa fluído-partícula pode ser considerada desprezável nos três biossorventes. 207 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 45 28 40 24 30 qt (mg Pb / g resíduo) qt (mg Pb / g Gelidium) 35 600 rpm 25 400 rpm 20 200 rpm 15 200 rpm 20 600 rpm 16 12 8 10 4 5 0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0 100 10 20 Tempo (min) 30 40 50 Tempo (min) (a) (b) qt (mg Pb / g grânulos) 20 16 600 rpm 12 400 rpm 200 rpm 8 4 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Tempo (min) (c) Figura VIII.9 Influência da velocidade de agitação na dinâmica de biossorção do chumbo pela alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c). VIII.2 Equilíbrio de Biossorção Os equilíbrios de biossorção dos iões metálicos Cu(II), Pb(II), Cd(II), Zn(II) e Cr(III) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos foram estudados experimentalmente em sistema fechado. A partir dos resultados obtidos foi possível determinar a capacidade máxima de biossorção e a constante de equilíbrio da ligação do metal aos sítios activos da superfície, que é uma medida da afinidade do biossorvente pelo ião metálico. A influência do pH, da temperatura e da força iónica no processo de biossorção foi também estudada para cada sistema metal/biossorvente. 208 60 70 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Os equilíbrios de biossorção foram descritos matematicamente usando vários modelos de interpretação do mecanismo do processo de biossorção. Usaram-se as equações simples de equilíbrio de Langmuir e de Langmuir-Freundlich, e também modelos mais complexos (modelo discreto e modelo contínuo), que incorporam a influência do pH na capacidade de biossorção. No apêndice E encontram-se descritos os métodos estatísticos envolvidos no ajuste dos modelos aos dados experimentais com a obtenção dos parâmetros e respectivos erros. VIII.2.1 Influência do pH O efeito do pH no equilíbrio de biossorção de Cu(II) e Pb(II) pela alga Gelidium, pelo resíduo e pelos grânulos foi estudado variando o pH de 3 até 5,3. Para o Cd(II) a gama de pH estudado variou de 4 a 6,5. Valores de pH superiores aos utilizados levam à precipitação dos respectivos hidróxidos e impossibilitam a diferenciação da quantidade de metal removido por adsorção e precipitação. Os resultados experimentais obtidos foram ajustados às isotérmicas de Langmuir (L) e Langmuir-Freundlich (LF). Nas Figuras VIII.10, VIII.11 e VIII.12 são apresentados os resultados experimentais e as curvas de ajuste dos modelos, respectivamente para o Cu(II), Pb(II) e Cd(II). As variâncias dos dois modelos foram comparadas usando o Teste-F. Os resultados obtidos mostram que, embora o modelo de LF seja melhor em algumas experiências, no geral, estatisticamente, para um grau de confiança de 95%, não existe diferença entre os dois modelos. Na realidade, para a maior parte das experiências o parâmetro nLF da equação de LF é próximo da unidade, o que significa que esta equação se aproxima da de Langmuir. Assim, os resultados da Tabela VIII.10 são os obtidos por ajuste do modelo de Langmuir aos resultados experimentais. Os resultados da aplicação do modelo LF e da aplicação do Teste-F são apresentados no apêndice D (Tabelas D.11 e D.12). Os valores da capacidade de biossorção máxima aumentam à medida que o pH da solução aumenta, verificando-se uma forte inibição da biossorção, principalmente para pH = 3. O efeito do pH na biossorção dos metais estudados aumenta no sentido Cd < Pb < Cu, sugerindo que os iões Cu(II) competem mais com os protões pelos sítios activos de superfície do que os iões Cd(II). 209 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Parâmetros da isotérmica de Langmuir (valor ± erro) para a biossorção de Cu(II), Pb(II) e Tabela VIII.10 Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a diferentes pH e T = 20ºC. Modelo Langmuir Biossorvente Metal pH qL (mg g-1 ; mmol g-1) qL × KL R2 S 2R (mg g-1)2 (l mg-1)×102 (l g-1) 1,5 ± 0,2 0,50 ± 0,07 0,986 1,25 1,0 ± 0,2 0,23 ± 0,05 0,937 1,76 5,3 33 ± 2 ; 0,52 ± 0,03 4 23 ± 2 ; 0,36 ± 0,03 3 7,4 ± 0,7 ; 0,12 ± 0,01 1,2 ± 0,3 0,09 ± 0,02 0,919 0,35 5,3 64 ± 2 ; 0,31 ± 0,01 3,6 ± 0,4 2,3 ± 0,3 0,972 9,58 4 45 ± 1 ; 0,220 ± 0,005 3,4 ± 0,2 1,5 ± 0,1 0,985 2,18 3 38 ± 2 ; 0,18 ± 0,01 1,4 ± 0,2 0,53 ± 0,08 0,964 3,31 6,5 20,5 ± 0,5 ; 0,180 ± 0,005 6,9 ± 0,7 1,4 ± 0,2 0,989 0,50 5,3 20 ± 1,0 ; 0,180 ± 0,009 2,9 ± 0,4 0,58 ± 0,09 0,968 1,1 4 17 ± 1 ; 0,15 ± 0,009 1,7 ± 0,3 0,29 ± 0,05 0,957 0,83 5,3 16,7 ± 0,9 ; 0,26 ± 0,02 2,8 ± 0,5 0,47 ± 0,09 0,950 0.98 4 9,0 ± 0,6 ; 0,14 ± 0,01 1,4 ± 0,3 0,13 ± 0,03 0,932 0,32 3 4,2 ± 0,4 ; 0,070 ± 0,007 1,1 ± 0,2 0,05 ± 0,01 0,902 0,1 5,3 44 ± 3 ; 0,21 ± 0,02 2,5 ± 0,4 1,1 ± 0,2 0,951 9,45 4 36 ± 2 ; 0,17 ± 0,01 2,4 ± 0,3 0,9 ± 0,1 0,967 3,6 3 15 ± 2 ; 0,07 ± 0,01 1,1 ± 0,3 0,17 ± 0,05 0,900 2,2 6,5 15 ± 1 ; 0,130 ± 0,009 4,0 ± 0,1 0,60 ± 0,04 0,930 1,17 5,3 14,4 ± 0,7 ; 0,130 ± 0,006 2,4 ± 0,3 0,35 ± 0,05 0,976 0,38 4 10,0 ± 0,5 ; 0,090 ± 0,005 1,4 ± 0,2 0,14 ± 0,02 0,987 0,1 5,3 10,3 ± 0,4 ; 0,160 ± 0,007 16 ± 4 1,7 ± 0,4 0,814 1,25 4 7,9 ± 0,5 ; 0,120 ± 0,008 1,4 ± 0,2 0,11 ± 0,02 0,944 0,23 3 2,9 ± 0,5; 0,050 ± 0,008 1,1 ± 0,4 0,03 ± 0,01 0,740 0,14 5,3 20,5 ± 0,8; 0,100 ± 0,004 15 ± 3 3,1 ± 0,6 0,893 4,3 4 19,1 ± 0,6 ; 0,090 ± 0,003 3,7 ± 0,4 0,71 ± 0,08 0,967 0,96 3 8,3 ± 0,4 ; 0,040 ± 0,002 3,5 ± 0,7 0,29 ± 0,06 0,888 0,46 6,5 8,6 ± 0,3 ; 0,080 ± 0,003 5,3 ± 0,8 0,46 ± 0,07 0,937 0,34 5,3 7,0 ± 0,4 ; 0,060 ± 0,004 8±2 0,6 ± 0,1 0,823 0,51 4 6,3 ± 0,6 ; 0,060 ± 0006 1,8 ± 0,5 0,11 ± 0,03 0,921 Percentagem de inibição da capacidade de adsorção entre os extremos das gamas de pH estudados. 0,25 Cu Gelidium Pb Cu Resíduo Pb Cu Pb 2+ 2+ 2+ Cd Grânulos 2+ 2+ Cd 2+ 2+ 2+ Cd * %* KL 2+ 77,6 40,6 17 74,9 65,9 33,3 71,8 59,5 26,7 A diferença do equilíbrio de biossorção do cádmio entre pH 5,3 e 6,5 não é muito significativa, porque a pH 5,3 quase todos os grupos carboxílicos responsáveis pela adsorção dos metais já se encontram desprotonados, logo o aumento do pH para 6,5 não se traduz num aumento significativo de remoção. 210 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 16 14 12 20 qM (mg Cu / g resíduo) qM (mg Cu / g Gelidium) 25 15 pH=5.3 pH=4 10 pH=3 pH=5.3 10 5 pH=4 pH=3 8 6 4 2 0 0 0 50 100 150 200 250 0 300 50 C M (mg / l) 100 150 C M (mg / l) (a) 200 250 (b) 12 qM (mg Cu / g grânulos) 10 pH=5.3 8 pH=4 pH=3 6 4 2 0 0 Figura VIII.10 50 100 150 200 C M (mg / l) 250 300 (c) Isotérmicas de equilíbrio de biossorção do Cu(II) na alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c); resultados experimentais e ajuste aos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). 211 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 60 40 qM (mg Pb / g resíduo) qM (mg Pb / g Gelidium) 50 40 30 20 pH=5.3 pH=4 10 30 pH=5.3 20 pH=4 pH=3 10 pH=3 0 0 0 50 100 150 200 250 0 50 100 150 200 250 C M (mg / l) C M (mg / l) (a) (b) qM (mg Pb / grânulos) 20 15 pH=5.3 pH=4 10 pH=3 5 0 0 Figura VIII.11 50 100 150 C M (mg/ l) 200 250 (c) Isotérmicas de equilíbrio de biossorção do Pb(II) na alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c); resultados experimentais e ajuste aos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). 212 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 20 14 15 qM (mg Cd / g resíduo) qM (mg Cd / g Gelidium) 12 10 pH=6.5 pH=5.3 5 10 8 6 pH=6.5 4 pH=5.3 pH=4 2 pH=4 0 0 0 50 100 C M (mg / l) 150 0 200 50 100 C M (mg / l) (a) 150 200 (b) 9 qM (mg Cd / g grânulos) 8 7 6 5 4 pH=6.5 3 pH=5.3 2 pH=4 1 0 0 50 100 150 200 C M (mg / l) Figura VIII.12 (c) Isotérmicas de equilíbrio de biossorção do Cd(II) na alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c); resultados experimentais e ajuste aos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). Para além do já referido no estudo cinético de biossorção, o pH da solução pode influenciar significativamente a especiação de alguns metais em solução. À medida que se aumenta o pH, há uma diminuição da solubilidade dos iões metálicos, o que impõe limitações no intervalo de pH viável para o estudo da biossorção (Volesky, 2003). Como a adsorção não depende somente da atracção do sorvato pela superfície do sólido, mas também do comportamento liofóbico (a adsorção aumenta com o decréscimo da solubilidade), para a maioria dos metais isto significa que a adsorção aumenta com o aumento do pH. Por outro lado, valores muito elevados de pH, que levam à precipitação dos iões metálicos, devem ser evitados durante 213 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO experiências de biossorção, pois a distinção entre adsorção e precipitação na remoção metálica seria difícil. Conforme o pH, podem ocorrer diferentes espécies metálicas em solução, com diferentes afinidades para os centros activos, o que afecta a capacidade de biossorção (Tobin et al., 1987). A constante de equilíbrio de biossorção (KL) traduz a afinidade do biossorvente pelos iões metálicos. Na Tabela VIII.10, verifica-se que, de uma forma geral, KL diminui à medida que o pH diminui, isto é, a afinidade dos iões metálicos pelos sítios activos das superfícies é menor para valores de pH baixos. Esta diminuição é devida à competição dos iões H+ com os iões metálicos pelos sítios activos das superfícies. Outra característica importante das isotérmicas de biossorção é o declive inicial, dado pelo produto q L × K L . Uma curva com um declive inicial alto indica que o biossorvente apresenta elevada afinidade para as espécies metálicas a baixas concentrações (Volesky, 2003). Na Tabela VIII.10 verifica-se que, à medida que o pH diminui, o declive inicial da curva diminui. Quando se pretende utilizar o biossorvente em efluentes com baixas concentrações de metal, este é um parâmetro que é importante considerar. Na Figura VIII.13 são apresentados os espectros de microanálise por Raios X, aplicada aos biossorventes saturados com cobre e chumbo. Verifica-se a presença de chumbo e cobre nos biossorventes, o que indica que os iões metálicos se encontram ligados aos sítios activos das superfícies dos biossorventes. (a) Após adsorção com Cu2+ 214 (a) Após adsorção com Pb2+ RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO (b) Após adsorção com Cu2+ (c) Após adsorção com Pb2+ Figura VIII.13 Microanálise por Raio X à alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c). VIII.2.2 Modelo Discreto e Contínuo O modelo matemático a usar na descrição quantitativa da biossorção deve considerar que o processo envolve permuta iónica entre os iões metálicos e os protões e a ligação dos iões metálicos aos sítios desprotonados (sítios livres). Os modelos convencionais de adsorção (p.e. Langmuir ou Langmuir-Freundlich) não consideram a biossorção como uma função da concentração de protões. Neste estudo são usados dois modelos (descritos no capítulo IV): o modelo de equilíbrio discreto (secção IV.1.3) e o modelo de equilíbrio contínuo (secção IV.1.4). A análise dos biossorventes por espectrofotometria de infravermelho (FTIR) revelou a existência de dois grupos funcionais predominantes, grupos carboxílicos e grupos hidroxilo. O modelo de equilíbrio discreto, equação (IV.7), considera as reacções de complexação do ião metálico e de protonação apenas com os grupos carboxílicos homogéneos, numa estequiometria 1 para 1. Ao pH a que foram realizadas as experiências, pH < 7, os grupos hidroxilo estão protonados, pelo que não são considerados como sítios activos no modelo. No ajuste do modelo aos resultados experimentais é determinado um conjunto de valores dos parâmetros Qmax, pK H e pK M (Tabela VIII.11) para cada ião metálico. 215 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Tabela VIII.11 Parâmetros do modelo de equilíbrio discreto para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos (valor ± erro). Modelo Discreto Biossorvente Metal Q max (mmol g-1) Gelidium Resíduo Grânulos pK H pK M R2 S 2R (mmol g-1)2 Cu2+ 0,49 ± 0,02 4,33 ± 0,05 3,08 ± 0,06 0,964 4,9×10-4 Pb2+ 0,26 ± 0,01 3,92 ± 0,07 4,02 ± 0,06 0,921 4,3×10-4 Cd2+ 0,17 ± 0,01 4,32 ± 0,04 3,61 ± 0,04 0,980 5,3×10-5 Cu2+ 0,25 ± 0,01 4,9 ± 0,1 3,5 ± 0,1 0,933 3,0×10-4 Pb2+ 0,20 ± 0,01 4,13 ± 0,08 3,85 ± 0,07 0,915 2,6×10-4 Cd2+ 0,12 ± 0,01 4,54 ± 0,03 3,55 ± 0,03 0,987 1,7×10-5 Cu2+ 0,177 ± 0,009 4,7 ± 0,1 3,5 ± 0,1 0,893 3,3×10-4 Pb2+ 0,096 ± 0,003 4,7 ± 0,1 4,6 ± 0,1 0,922 6,7×10-4 Cd2+ 0,070 ± 0,002 4,7 ± 0,1 3,90 ± 0,07 0,900 4,3×10-5 Como os iões metálicos utilizam os mesmos sítios, a quantidade de sítios presentes no biossorvente (Qmax) e a constante de equilíbrio ácida ( K H ) devem ser as mesmas para o mesmo biossorvente. Os valores de Qmax e pK H obtidos pelo ajuste dos resultados experimentais ao modelo de equilíbrio discreto para a biossorção do cobre, chumbo e cádmio são diferentes para cada metal e não correspondem aos valores determinados experimentalmente pela titulação potenciométrica, o que sugere que este não é o modelo mais adequado à representação do processo de biossorção. No entanto, este foi o modelo usado na simulação matemática da transferência de massa, pois é um modelo mais simples que o modelo de equilíbrio contínuo. Os valores de capacidade máxima de biossorção, Qmax, apresentados na Tabela VIII.11, indicam que a alga Gelidium é o melhor biossorvente, seguindo-se o resíduo e os grânulos. O modelo de equilíbrio contínuo considera uma distribuição contínua de grupos carboxílicos heterogéneos, em que a adsorção local é representada por uma equação semelhante à equação de Langmuir-Freundlich, considerando a competição entre o protão e o ião metálico. Os pressupostos considerados na descrição deste modelo são apresentados na secção IV.1.4. O modelo contínuo é representado pela equação (IV.17). Os parâmetros Qmax, K 'H e m H associados a cada biossorvente, são os obtidos a partir das titulações potenciométricas. Com 216 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO este processo, as instabilidades na optimização podem ser evitadas, o que não seria possível se se optimizassem muitos parâmetros simultaneamente. Na Tabela VIII.12 são apresentados os valores dos parâmetros obtidos a partir do ajuste dos resultados experimentais ao modelo de equilíbrio contínuo. A partir destes resultados representaram-se as superfícies (Figuras VIII.14, VIII.15 e VIII.16) para cada metal (Cu(II), Pb(II) e Cd(II)) e para cada biossorvente. Tabela VIII.12 Parâmetros do modelo de equilíbrio contínuo para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, considerando cada ião metálico individualmente (valor ± erro). Modelo Contínuo Biossorvente Gelidium Resíduo Grânulos R2 S 2R p nH nM mM 0,98 ± 0,05 0,67 ± 0,04 0,7 ± 0,2 0,66 ± 0,05 0,958 6,1×10-4 3,8 ± 0,1 0,55 ± 0,03 1,00 ± 0,07 0,8 ± 0,2 0,55 ± 0,05 0,932 4,0×10-4 Cd2+ 2,9 ± 0,1 0,52 ± 0,02 1,00± 0,05 0,8 ± 0,2 0,52 ± 0,03 0,947 1,5×10-4 Cu2+ 3,6 ± 0,1 0,91 ± 0,05 0,53 ± 0,04 0,8 ± 0,1 0,27 ± 0,03 0,944 2,6×10-4 Pb2+ 3,7 ± 0,2 0,63 ± 0,05 0,85 ± 0,09 0,7 ± 0,1 0,54 ± 0,07 0,844 5,0×10-4 Cd2+ 2,8 ± 0,1 0,50 ± 0,02 0,99 ± 0,05 0,76 ± 0,08 0,50 ± 0,03 0,951 6,4×10-5 Cu2+ 3,3 ± 0,1 1,0 ± 0,1 0,43 ± 0,08 0,8 ± 0,2 0,43 ± 0,09 0,822 6,0×10-4 Pb2+ 4,2 ± 0,1 0,68 ± 0,04 0,44 ± 0,03 1,1 ± 0,2 0,30 ± 0,03 0,941 5,3×10-5 Cd2+ 2,5 ± 0,1 0,45 ± 0,03 0,86 ± 0,07 0,9 ± 0,1 0,39 ± 0,04 0,900 4,3×10-5 Metal pK 'M nM Cu2+ 3,2 ± 0,1 Pb2+ (mmol g-1)2 A inibição da biossorção provocada pela diminuição do pH é mais acentuada para valores de pH < 3,5. Para valores de pH inferiores a 2, a biossorção praticamente não ocorre, o que permite concluir que o processo de dessorção poderá ser efectuado nesta gama de valores de pH. Para valores de pH superiores a 5,3, a superfície torna-se mais horizontal, porque o aumento de pH afecta menos a biossorção. Para valores de pH mais elevados pode ocorrer precipitação. O declive inicial da curva de adsorção vai diminuindo à medida que o pH diminui. Para valores de pH < 3 a isotérmica é praticamente linear. 217 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 0.25 0.45 0.2 q[Cu] (mmol/g) q[Cu] (mmol/g) 0.4 0.3 0.2 0.1 0.15 0.1 0.05 0 5 0 5 4 3 C[Cu] (mmol/l) 2 1 0 2.5 2 3.5 3 4.5 4 4 5 5.3 3 C[Cu] (mmol/l) pH 2 1 0 0.2 0.2 0.15 0.15 0.1 0.05 0 6 5 3 C[Cu] (mmol/l) Figura VIII.14 2 1 0 2 2.5 3 3 5.3 5 pH 0.1 0.05 0 6 4 2.5 4.5 4 Resíduo q[Cu] (mmol/g) q[Cu] (mmol/g) Alga Gelidium 2 3.5 3.5 4 4.5 5 5.3 pH 5 4 3 C[Cu] (mmol/l) 2 1 0 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 pH Grânulos (1 sítio activo) Grânulos (2 sítios activos) Superfícies do modelo de equilíbrio contínuo de biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, considerando os parâmetros obtidos para cada ião metálico individualmente. Os resultados de biossorção de cobre nos grânulos não se ajustam ao modelo contínuo que considera apenas a distribuição heterogénea dos grupos carboxílicos, mas sim ao modelo que considera a distribuição heterogénea de dois tipos de centros activos, os carboxílicos e os hidroxilo. Neste caso usaram-se os valores dos parâmetros Q max,1 , Q max, 2 , K 1' ,H , K '2,H , m H ,1 e m H , 2 determinados a partir da titulação potenciométrica e apresentados no capítulo VII. Os resultados obtidos foram: pK 1' ,M = 3,9 ± 0,4 ; pK '2,M = 7,4 ± 0,8 ; n 1,M = 0,7 ± 0,2 ; n 2,M = 1,0 ± 0,2 ; p1 = 0,36 ± 0,09 e p 2 = 0,6 ± 0,2 . O coeficiente de correlação obtido foi 0,972 e variância residual, 1,0×10-4 mg2 g-2. Na aplicação deste modelo às restantes experiências, os erros dos parâmetros obtidos eram muito superiores ao próprio valor. 218 5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 0.35 0.25 0.2 0.25 q[Pb] (mmol/g) q[Pb] (mmol/g) 0.3 0.2 0.15 0.1 0.1 0.05 0.05 0 1.5 0.15 1.25 0 1.25 1 0.75 C[Pb] (mmol/l) 0.5 0.25 0 2.5 2 3.5 3 4 4.5 1 5 5.3 0.75 C[Pb] (mmol/l) pH 0.5 0.25 0 Alga Gelidium 2 2.5 3 3.5 4.5 4 5 5.3 pH Resíduo 0.11 0.1 q[Pb] (mmol/g) 0.08 0.06 0.04 0.02 0 1.5 1.25 1 0.75 C[Pb] (mmol/l) Figura VIII.15 0.5 0.25 0 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.3 pH Grânulos Superfícies do modelo de equilíbrio contínuo de biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, considerando os parâmetros obtidos para cada ião metálico individualmente. 219 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 0.15 0.125 0.15 q[Cd] (mmol/g) q[Cd] (mmol/g) 0.22 0.2 0.1 0.05 0 1.5 0.1 0.075 0.05 0.025 0 1.25 1 0.75 C[Cd] (mmol/l) 0.5 0.25 0 4 3 2 5 5.3 6 6.5 1.5 7 pH 1.25 1 0.75 C[Cd] (mmol/l) 0.5 0.25 Alga Gelidium 0 2 3 4 5 5.3 6 6.5 pH Resíduo 0.08 q[Cd] (mmol/g) 0.06 0.04 0.02 0 1.5 1.25 1 0.75 C[Cd] (mmol/l) Figura VIII.16 0.5 0.25 0 2 3 4 5 5.3 6 6.5 7 pH Grânulos Superfícies do modelo de equilíbrio contínuo de biossorção do Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, considerando os parâmetros obtidos para cada ião metálico individualmente. O parâmetro p, na Tabela VIII.12, representa a heterogeneidade intrínseca dos centros activos (independente do metal ligado) e deveria ser constante para cada biossorvente. O programa de ajuste converge para valores de p diferentes para cada metal. De modo a obter um único valor de p para cada adsorvente, o modelo foi aplicado ao conjunto dos resultados de adsorção dos três metais num dado adsorvente, a 3 valores diferentes de pH. Os novos valores obtidos para p, K 'M e nM de cada metal, são apresentados na Tabela VIII.13. A alga Gelidium é o adsorvente com maior homogeneidade de centros activos, enquanto que os grânulos apresentam a maior heterogeneidade de sítios. O parâmetro mM mede a heterogeneidade das ligações de um dado metal aos centros activos do adsorvente. Os resultados indicam que a heterogeneidade das ligações aumenta na ordem Cu(II) < Pb(II) < Cd(II). 220 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Os valores de log K 'M nas Tabelas VIII.12 e VIII.13 são próximos e sugerem que o ião Pb(II) é o que apresenta maior afinidade pelos centros activos das superfícies e o ião Cd(II) o que forma ligações menos estáveis. Relativamente aos valores de nM há também alguma diferença entre os valores registados nas Tabelas VIII.12 e VIII.13, mas a variação relativa mantém-se. Tabela VIII.13 Parâmetros do modelo de equilíbrio contínuo para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, considerando os três iões metálicos simultaneamente (valor ± erro). Modelo Contínuo Biossorvente Gelidium Metal Grânulos mM 0,6 ± 0,2 0,73 ± 0,07 0,8 ± 0,2 0,55 ± 0,06 pK 'M nM Cu2+ 3,1 ± 0,1 0,83 ± 0,03 2+ 3,9 ± 0,1 0,62 ± 0,03 Cd2+ 3,0 ± 0,1 0,54 ± 0,04 0,9 ± 0,2 0,48 ± 0,06 2+ 3,4 ± 0,1 0,77 ± 0,04 0,7 ± 0,1 0,53 ± 0,07 2+ 4,0 ± 0,1 0,71 ± 0,04 0,8 ± 0,1 0,49 ± 0,07 Cd2+ 3,3 ± 0,2 0,55 ± 0,05 1,0 ± 0,2 0,38 ± 0,06 Cu2+ 3,3 ± 0,1 1,0 ± 0,1 0,8 ± 0,2 0,4 ± 0,1 2+ 4,3 ± 0,2 0,69 ± 0,09 1,1 ± 0,3 0,30 ± 0,07 Cd2+ 3,2 ± 0,2 0,6 ± 0,1 1,3 ± 0,4 0,26 ± 0,07 Pb Cu Resíduo nH nM Pb Pb p 0,88 ± 0,08 0,69 ± 0,09 0,43 ± 0,09 R 2 S 2R (mmol g-1)2 0,845 4,8×10-4 0,896 3,1×10-4 0,858 2,2×10-4 Na Figura VIII.17 são apresentadas as funções de distribuição das constantes de equilíbrio intrínsecas da ligação do cobre, chumbo e cádmio aos grupos carboxílicos da alga Gelidium, resíduo e grânulos, F (mmol g-1), construída a partir da distribuição de Sips e dos dados da Tabela VIII.13. Note-se que o centro de cada distribuição é o valor pK 'M apresentado na Tabela VIII.13. Os valores do parâmetro de heterogeneidade, mM, dado por n M × p variam na ordem alga > resíduo > grânulos, evidenciando a maior homogeneidade dos sítios activos da alga relativamente aos do resíduo e dos grânulos. Graficamente, este resultado traduz-se numa distribuição mais apertada para a alga Gelidium e mais espalhada para o resíduo e os grânulos, como se pode ver nas Figuras VIII.17 (a), (b) e (c). Da Figura VIII.17 pode ainda concluir-se que os iões cobre se ligam aos ligandos mais homogéneos, ou seja, com uma distribuição mais apertada das constantes de afinidade, enquanto que os iões chumbo e cádmio, apresentam uma distribuição mais espalhada (mais heterogénea) das constante de ligação dos iões metálicos aos sítios activos. 221 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO (a) (d) 0.3 0.28 0.25 Alga Gelidium Resíduo 0.2 Grânulos 0.16 Cd Pb 0.2 F (mmol/g) F (mmol/g) 0.24 0.12 0.08 Cu 0.15 0.1 0.05 0.04 0 0 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 log (Kint) 6 7 (e) (b) 0.1 0.16 0.14 Alga Gelidium 0.12 Resíduo 0.1 Grânulos Cd Cu 0.08 Pb F (mmol/g) F (mmol/g) 5 log(Kint) 0.08 0.06 0.04 0.06 0.04 0.02 0.02 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 1 9 2 3 4 5 6 7 8 log(K ) int log(K ) int (f) (c) 0.05 0.12 Alga Gelidium 0.04 Cd Resíduo 0.08 Cu F (mmol/g) F (mmol/g) 0.1 Grânulos 0.06 0.03 Pb 0.02 0.04 0.01 0.02 0 0 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 log (Kint) Figura VIII.17 5 6 7 8 log(Kint) Distribuição de Sips para as constantes de equilíbrio intrínsecas de ligação do cobre (a); chumbo (b); cádmio (c); (d) Alga Gelidium; (e) resíduo e (f) grânulos. 222 4 9 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Os valores de nH/nM representam a razão entre o número de grupos inicialmente protonados e aqueles que permutam o protão com o ião metálico. Valores de nH/nM inferiores a um, significam que a capacidade máxima de biossorção de uma determinada espécie é maior do que a calculada para os protões. Isto pode reflectir algum grau de cooperatividade. Na Tabela VIII.13 verifica-se que os valores de nH/nM são inferiores a um para todos os metais e biossorventes, com excepção da adsorção de Pb(II) e Cd(II) nos grânulos. Neste caso a capacidade máxima de biossorção de Pb(II) e Cd(II) é inferior à densidade total de sítios determinada para os protões. A razão nH/nM está relacionada com a razão de permuta iónica (rex) e varia com o pH, com a concentração de metal em solução, com o valor de heterogeneidade intrínseca (p) e com o valor médio da constante de afinidades para os protões e metal. A razão de permuta iónica pode variar dentro do intervalo 0 < rex ≤ nH/nM. Os valores mais altos de rex são obtidos para uma elevada heterogeneidade dos sítios activos (valor de p baixo), para baixas concentrações de metal e para valores de pH baixos. Isto verifica-se quando a maioria dos sítios estão inicialmente ocupados por protões, fazendo com que a ligação se aproxime duma reacção “normal” de permuta iónica (Kinniburgh et al., 1999). Valores de nH/nM inferiores à unidade indicam que a permuta iónica pode também ser efectuada com outros iões, como o potássio, o cálcio e o magnésio, que podem estar inicialmente ligados aos grupos activos. A troca destes iões com os iões metálicos não está relacionada com a diminuição do pH, ou seja, com a libertação de protões para a solução. VIII.2.3 Comparação entre os Modelos Contínuo, Discreto e de Langmuir A maior vantagem do modelo de equilíbrio contínuo apresentado neste trabalho, em comparação com os modelos de equilíbrio clássicos, é que permite prever o efeito do pH na biossorção e das variações de pH que ocorrem durante o processo de biossorção. As equações de Langmuir ou Langmuir-Freundlich, na sua forma original, não incluem o pH como uma variável independente. Na Tabela VIII.10 são apresentados os valores dos parâmetros de Langmuir, qL (mmol g-1) (que corresponde a Qmax no modelo contínuo) e K L (que corresponde a K 'M no modelo contínuo) de forma a ser mais fácil a comparação com o modelo contínuo. Verifica-se que ambos os parâmetros são fortemente influenciados pelo pH. O número de sítios ligantes, qL, determinado pelo ajuste do modelo de Langmuir, varia de metal para metal, enquanto que o modelo de equilíbrio contínuo considera um valor constante 223 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO de Qmax para cada biossorvente, independentemente do ião metálico e pH, o que permite prever a competição entre os iões para os mesmos sítios. A maior vantagem do modelo contínuo é de não requerer a determinação de um novo conjunto de parâmetros para cada valor de pH, permitindo prever a influência do pH na biossorção dos iões metálicos. O modelo de Langmuir pode ser utilizado se se pretender descrever uma isotérmica isolada. A aplicação do modelo contínuo é recomendável quando há necessidade de prever a biossorção em diferentes condições. A constante de equilíbrio dos iões cobre, chumbo e cádmio do modelo discreto (KM) pode ser comparada com a constante de afinidade da equação de Langmuir (KL). Dividindo a equação (IV.7) por 1 + K H C H , obtém-se: KM CM Q max K 'L C M 1 + K HCH = = 1 + K HCH KM 1 + K 'L C M + CM 1 + K HCH 1 + K HCH Q max qM (VIII.6) onde, K 'L = KM 1 + K HCH (VIII.7) O modelo discreto transforma-se na equação de Langmuir, em que a constante de Langmuir, K 'L , depende da concentração de protões em solução e da constante de equilíbrio aparente da ligação do hidrogenião e do ião metálico aos grupos carboxílicos. Usando os valores dos parâmetros do modelo discreto apresentados na Tabela VIII.11 pode-se calcular K 'L e Q max × K 'L . Verifica-se que os valores de K 'L diminuem acentuadamente quando o pH diminui de 5,3 para 4 (63%, 84% e 79%) para os iões cobre, 43%, 54% e 79% para os iões chumbo e 64%, 74% e 79% para os iões cádmio, respectivamente para a alga Gelidium (Figura VIII.18 (a)), resíduo (Figura VIII.18 (c)) e grânulos (Figura VIII.18 (e)). Este comportamento resulta da competição dos iões metálicos com os protões para os mesmos sítios activos. Para baixos valores de pH, a concentração de protões é muito maior do que a de iões metálicos, os sítios activos estão protonados, diminuindo a afinidade para os catiões metálicos. 224 0.050 0.045 0.040 0.035 0.030 0.025 0.020 0.015 0.010 0.005 0.000 0.80 a KL'Q max ou KLqL (l / g) KL' (l / mg) RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO b 0.70 0.60 0.50 0.40 0.30 0.20 0.10 0.00 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 2 2.5 3 3.5 pH 0.200 5.5 6 4.5 5 5.5 6 5.5 6 6.5 7 d 3.50 KL'Q max ou KLqL (l / g) 0.140 KL' (l / mg) 5 4.00 0.160 0.120 0.100 0.080 0.060 0.040 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.020 0.000 0.00 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 2 2.5 3 3.5 pH 0.070 0.70 KL'Q max ou KLqL (l / g) 0.050 0.040 0.030 0.020 0.010 0.000 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 6.5 f 0.60 0.50 0.40 0.30 0.20 0.10 0.00 7 3 3.5 pH Figura VIII.18 4 pH e 0.060 KL' (l / mg) 4.5 pH c 0.180 4 4 4.5 5 pH Efeito do pH na constante K 'L ( -alga, -resíduo e -grânulos) derivada do modelo discreto e comparação do produto K 'L Q max (__ __ , -- -- e _ _ __ ) e K LqL ( , e •) obtido pela equação de Langmuir, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. (a) e (b) – Cu; (c) e (d) – Pb; (e) e (f) – Cd. 225 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO As Figuras VIII.18 (b), (d) e (f) mostra a influência do pH no produto Q max × K 'L , que representa o declive inicial da curva de adsorção, ou a força directriz para a adsorção a baixas concentrações de metal. À medida que o pH aumenta, o produto Q max × K 'L aumenta: a alga Gelidium é o melhor biossorvente mesmo para baixas concentrações de metal. Na Figuras VIII.18 (b), (d) e (f) também são representados os valores de q L K L para pH 3; 4 e 5,3 (cobre e chumbo) e 4; 5,3 e 6,5 (cádmio), obtidos com os valores dos parâmetros da equação de Langmuir, apresentados na Tabela VIII.10. Verifica-se que os valores de Q max × K 'L do modelo discreto e q L × K L da equação de Langmuir são semelhantes, indicando que o modelo discreto consegue descrever razoavelmente a influência do pH na capacidade de biossorção e na constante de afinidade. VIII.2.4 Influência da Temperatura O efeito da temperatura no processo de biossorção já foi avaliado no estudo cinético de biossorção (secção VIII.1.4), tendo-se verificado que o aumento da temperatura tinha pouca influência na capacidade de biossorção. Para analisar a influência da temperatura no equilíbrio de biossorção foram determinadas isotérmicas, a duas temperaturas diferentes, para a adsorção dos iões Cu(II), Pb(II) e Cd(II) na alga Gelidium, no resíduo e nos grânulos (Figuras VIII.19, VIII.20 e VIII.21). Verifica-se que os dois modelos de equilíbrio (Langmuir e L-F) ajustam bem os resultados experimentais. Os parâmetros dos modelos e os parâmetros estatísticos são apresentados nas Tabelas VIII.14 e D.11 (apêndice D). A comparação das variâncias dos modelos usando o Teste-F (Tabela D.12-apêndice D) permitiu concluir que, estatisticamente, não existe diferença entre os dois modelos. A influência da temperatura na biossorção dos iões metálicos, para baixas concentrações, é praticamente desprezável. Para concentrações elevadas, a biossorção do cobre é favorecida pelo aumento da temperatura. O aumento da biossorção de iões metálicos com a temperatura pode ser explicado pela dissociação de espécies químicas presentes no biossorvente, que libertam sítios activos para a fixação dos iões metálicos, pelo aumento do tamanho dos poros que favorece a difusão intraparticular ou pela activação da superfície do adsorvente. Também pode ocorrer pela diminuição do calor de adsorção, que faz com que seja mais fácil remover um ião ligado aos grupos activos dos biossorventes, que depois são ocupados pelo ião metálico (Panday et al., 1985; Krishnan e Anirudhan, 2003). 226 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 35 18 16 30 20 qM (mg Cu / g resíduo) qM (mg Cu / g Gelidium) 14 25 T=20ºC T=35ºC 15 10 12 10 8 T=20ºC 6 T=35ºC 4 5 2 0 0 0 50 100 150 200 C M (mg / l) 250 0 300 50 100 150 200 250 C M (mg / l) (a) (b) 16 qM (mg Cu / g grânulos) 14 12 10 8 T=20ºC 6 T=35ºC 4 2 0 0 50 100 150 200 250 300 C M (mg / l) Figura VIII.19 (c) Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de cobre a diferentes temperaturas para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c) a pH = 5,3; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). 227 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 40 60 qM (mg Pb / g resíduo) qM (mg Pb / g Gelidium) 50 40 T=20ºC 30 T=35ºC 20 30 20 T=20 ºC T=35ºC 10 10 0 0 0 50 100 150 200 0 250 50 100 150 200 250 C M (mg / l) C M (mg / l) (a) (b) 24 qM (mg Pb / g grânulos) 20 16 T=20ºC 12 T=35ºC 8 4 0 0 50 100 150 200 250 C M (mg / l) Figura VIII.20 (c) Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de chumbo a diferentes temperaturas para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c) a pH = 5,3; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). 228 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 20 14 qM (mg Cd / g resíduo) 15 10 T=20ºC T=35ºC 5 10 T=20ºC 8 T=35ºC 6 4 2 0 0 0 50 100 C M (mg / l) 150 0 200 50 100 150 200 C M (mg / l) (a) (b) 9 8 7 qM (mg Cd / g grânulos) qM (mg Cd / g Gelidium) 12 6 5 T=20ºC 4 T=35ºC 3 2 1 0 0 50 100 C M (mg / l) 150 200 (c) Figura VIII.21 Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de cádmio a diferentes temperaturas para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c) a pH = 5,3; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). 229 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Tabela VIII.14 Parâmetros da isotérmica de Langmuir (valor ± erro) para a biossorção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a diferentes temperaturas, pH = 5,3 e FI =0,001 M. Biossorvente Metal Cu2+ Gelidium Pb2+ Cd2+ Cu2+ Resíduo Pb2+ Cd2+ Cu2+ Grânulos Pb2+ Cd2+ T (ºC) Modelo Langmuir qL KL qL ×KL R2 S 2R (mg g-1)2 (mg g-1) (l mg-1)×102 (l g-1) 20 33 ± 2 1,5 ± 0,2 0,50 ± 0,07 0,986 1,25 35 45 ± 4 1,3 ± 0,3 0,6 ± 0,1 0,940 8,65 20 64 ± 2 3,6 ± 0,4 2,3 ± 0,3 0,972 9,58 35 62,5 ± 2 3,7 ± 0,2 2,3 ± 0,1 0,966 11,8 20 20 ± 1,0 2,9 ± 0,4 0,58 ± 0,08 0,958 0,968 35 18,3 ± 0,4 5,4 ± 0,7 1,0 ± 0,1 0,987 0,37 20 16,7 ± 0,9 2,8 ± 0,5 0,5 ± 0,1 0,950 0.98 35 17,0 ± 0,6 5,3 ± 0,8 0,9 ± 0,1 0,950 1,11 20 44 ± 3 2,5 ± 0,4 1,1 ± 0,2 0,951 9,45 35 43 ± 2 2,6 ± 0,2 1,1 ± 0,1 0,973 4,72 20 14,4 ± 0,7 2,4 ± 0,3 0,35 ± 0,05 0,935 0,976 35 13 ± 1 7±1 0,9 ± 0,1 0,946 0,983 20 10,3 ± 0,4 16 ± 4 1,6 ± 0,4 0,814 1,25 35 15 ± 1 4±1 0,6 ± 0,2 0,885 2,35 20 20,5 ± 0,8 15 ± 3 3,1 ± 0,6 0,893 4,3 35 20,9 ± 0,4 66 ± 11 14 ± 3 0,912 1,92 20 7,0 ± 0,4 8±2 0,6 ± 0,1 0,956 0,823 35 7,5 ± 0,3 22 ± 5 1,6 ± 0,4 0,835 0,540 A partir da constante de equilíbrio da isotérmica de Langmuir (KL (dm3 mol-1)) determinaramse os parâmetros termodinâmicos, ∆H 0 , ∆G 0 e ∆S 0 (Tabela VIII.15), relativos à biossorção dos iões metálicos Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduos e grânulos (equações IV.42, IV.39 e IV.40). Os valores negativos da variação da energia livre de Gibbs, ∆G 0 , indicam que a biossorção dos iões metálicos é um processo espontâneo. Os valores de ∆G 0 aumentam ligeiramente com o aumento da temperatura, o que sugere que o aumento da temperatura favorece a biossorção. Os valores de ∆G 0 mais negativos obtidos para o chumbo, indicam que o processo é energeticamente mais favorável, ou seja, há uma maior afinidade do Pb(II) pelo biossorvente. Os valores positivos de ∆H 0 indicam que, no geral, a biossorção é um processo endotérmico. Os valores de ∆H 0 tabelados apresentam desvios muito elevados, pelo que são meramente estimativas dos valores reais. Nas Figuras VIII.19 (a) e (c), verifica-se que os declives iniciais 230 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO das isotérmicas, às duas temperaturas, são próximos. No caso dos grânulos, o declive inicial da isotérmica é maior para a temperatura mais baixa. Para concentrações elevadas, a capacidade de biossorção aumenta com a temperatura, o que está de acordo com o facto de o processo ser endotérmico. Os valores de ∆H 0 calculados são baixos o que sugere que a reacção dos metais na superfície dos biossorventes se dá por um processo de adsorção física, envolvendo forças de atracção fracas. A variação da entropia, ∆S0 (Tabela VIII.15), é positiva, o que reflecte a afinidade dos iões metálicos para o biossorvente e sugere que há algumas alterações estruturais do adsorvente durante a biossorção dos iões metálicos (Aksu e Tunç, 2005). Também indica o aumento da desorganização na interface sólido/líquido durante a biossorção dos iões metálicos no biossorvente (Aksu, 2002; Tewari et al., 2005). Tabela VIII.15 Parâmetros termodinâmicos da biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos. Biossorvente Metal 2+ 2+ 2+ Cu2+ Cu Gelidium Pb Cd Resíduo ∆G 0 (kJ mol-1) ∆S0 (kJ mol-1 K-1) T = 20ºC T = 35ºC T = 20ºC T = 35ºC ------ -16,7 ± 0,4 -17,2 ± 0,6 ------ ------ ------ -21,7 ± 0,3 -22,9 ± 0,2 0,08 ± 0,02 0,08 ± 0,02 +31 ± 10 -19.7 ± 0,3 -22,3 ± 0,3 0,17 ± 0,04 0,17 ± 0,04 + 32 ± 12 -18,2 ± 0,4 -20,8 ± 0,4 0,17 ± 0,04 0,17 ± 0,04 2+ ------ -20,8 ± 0,4 -22,0 ± 0,2 0,08 ± 0,03 0,08 ± 0,03 2+ + 54 ± 10 -19,3 ± 0,3 -23,0 ± 0,4 0,25 ± 0,03 0,25 ± 0,03 Cu2+ ------ -22,5 ± 0,6 -20,1 ± 0,7 ------ ------ Pb2+ + 74 ± 13 -25,2 ± 0,5 -30,3 ± 0,5 0,34 ± 0,04 0,34 ± 0,04 2+ + 51 ± 17 -22,2 ± 0,6 -25,9 ± 0,6 0,25 ± 0,05 0,25 ± 0,05 Pb Cd Grânulos ∆H 0 (kJ mol-1) Cd Concluindo, o aumento da temperatura da solução no processo de biossorção pode fazer aumentar, ligeiramente, a capacidade de biossorção. Na prática, o aumento do consumo de energia poderá não ser compensado em termos económicos pelo aumento da capacidade. A aplicação do processo de biossorção só é razoável num intervalo pequeno de temperaturas (≈ 5-40ºC). Para temperaturas elevadas a estrutura da biomassa pode ser danificada e os sítios activos podem ser destruídos (Wase e Forster, 1997; Volesky, 2003). 231 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO VIII.2.5 Influência da Força Iónica O efeito da força iónica (FI) no equilíbrio de biossorção foi estudado para FI = 0,001 M e FI = 0,1 M, a pH = 5,3 e T = 20ºC. Os resultados obtidos são apresentados nas Figuras VIII.22, VIII.23 e VIII.24, assim como as curvas de ajuste dos modelos de Langmuir e LangmuirFreundlich. Os parâmetros dos modelos estão registados nas Tabelas VIII.16 e D.13 (apêndice D). De acordo com o Test-F (Tabela D.14) os dois modelos são estatisticamente semelhantes, para um grau de confiança de 95%. A partir dos resultados da Tabela VIII.16 conclui-se que, à medida que a força iónica aumenta, diminui a constante de equilíbrio de Langmuir, excepto para a biossorção do Cu(II) e Pb(II) pelo resíduo. Isto significa que a força de ligação entre os iões metálicos e os sítios activos diminui, diminuindo a quantidade biossorvida devido à competição electrostática com outros iões presentes no meio. Quando o biossorvente é posto em contacto com as espécies metálicas, estas terão de se difundir através da solução até aos sítios activos presentes na superfície. À volta da partícula do biossorvente forma-se uma camada de gel, cuja espessura aumenta significativamente devido à presença do electrólito. Esta camada inibe as espécies metálicas de se aproximarem da superfície, diminuindo a força electrostática que as atrai, o que conduz a uma diminuição da capacidade de biossorção. A titulação potenciométrica revelou que a força iónica influencia pouco o processo de desprotonação dos três biossorventes. Os protões ligam-se aos grupos carboxílicos presentes na superfície dos biossorventes essencialmente por ligações covalentes, pelo que a componente electrostática na ligação é desprezável. Comparando as constantes de equilíbrio das reacções de ligação dos protões e dos iões metálicos aos sítios activos, verifica-se a seguinte ordem: Cd2+ < Cu2+ < Pb2+ < H+. O efeito do aumento da força iónica é maior quanto menor for a afinidade do ião pelo centro activo. Por outro lado, como o cádmio tem um comportamento químico próximo dos iões “duros”(Nieboer e McBryde, 1973), tem tendência a estabelecer ligações de carácter electrostático com os grupos carboxílicos (ligandos duros); por isso, o efeito da FI é maior no processo de biossorção de Cd(II). No caso dos iões cobre e chumbo, que apresentam uma maior afinidade para os ligandos duros, aos quais se ligam por ligações covalentes, o efeito do 232 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO aumento da FI é pequeno. Por outro lado, a presença dos aniões NO 3− poderá levar à formação de outras espécies iónicas com menor afinidade para os sítios activos, tais como, M(NO3)+, M(NO3)2, diminuindo a capacidade de biossorção. Tabela VIII.16 Parâmetros da isotérmica de Langmuir (valor ± erro) para a biossorção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a diferentes FI, pH = 5,3 e T = 20ºC. Biossorvente Metal Cu2+ Gelidium Pb2+ Cd2+ Cu2+ Resíduo Pb2+ Cd2+ Cu2+ Grânulos Pb2+ Cd2+ * FI (M) Modelo Langmuir qL KL qL ×KL (mg g-1) (l mg-1)×102 (l g-1) 0,001 33 ± 2 1,5 ± 0,2 0,50 ± 0,07 0,1 20 ± 2 1,1 ± 0,2 0,22 ± 0,05 0,001 64 ± 2 3,6 ± 0,4 2,3 ± 0,3 0,1 45 ± 2 2,4 ± 0,3 1,1 ± 0,1 0,001 20 ± 1,0 2,9 ± 0,4 0,58 ± 0,09 0,1 5,9 ± 0,4 4±1 0,24 ± 0,06 0,001 16,7 ± 0,9 2,8 ± 0,5 0,47 ± 0,09 0,1 11,6 ± 0,4 6±1 0,7 ± 0,1 0,001 44 ± 3 2,5 ± 0,4 1,1 ± 0,2 0,1 31 ± 1 7,4 ± 0,9 2,3 ± 0,3 0,001 14,4 ± 0,7 2,4 ± 0,3 0,35 ± 0,02 0,1 8,2 ± 0,8 1,3 ± 0,3 0,11 ± 0,03 0,001 10,3 ± 0,4 16 ± 4 1,6 ± 0,4 0,1 8,6 ± 0,3 4,3 ± 0,7 0,37 ± 0,06 0,001 20,5 ± 0,8 15 ± 3 3,1 ± 0,6 0,1 18,9 ± 0,4 13 ± 2 2,5 ± 0,4 0,001 7,0 ± 0,4 8±2 0,6 ± 0,1 %* 39,4 29,7 71,2 30,5 29,5 45,3 16,5 7,8 23,3 R2 S 2R (mg g-1)2 0,986 1,25 0,945 1,31 0,972 9,58 0,964 5,42 0,958 0,968 0,883 0,365 0,950 0.98 0,930 0,601 0,951 9,45 0,964 3,65 0,935 0,976 0,946 0,22 0,814 1,25 0,900 0,384 0,893 4,3 0,930 1,30 0,956 0,823 0,1 6,6 ± 0,9 1,2 ± 0,4 0,08 ± 0,03 0,900 0,238 Percentagem relativa de redução na capacidade máxima de biossorção devido ao aumento de FI. O efeito da FI na biossorção do Pb(II) e Cu(II) é maior para concentrações elevadas de metal em solução, porque o gradiente de concentração é maior e, por conseguinte, é maior a contribuição electrostática. A partir das Figuras VIII.22, VIII.23 e VIII.24 pode concluir-se que, em termos absolutos, a alga Gelidium é o biossorvente mais afectado pelo aumento da força iónica, porque possui maior número de sítios activos. Em termos relativos, a diminuição da capacidade de adsorção de Cu(II) e Pb(II), por efeito do aumento da concentração de electrólito na solução, é semelhante para a alga e para o resíduo. 233 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 16 30 14 12 qM (mg Cu / g resíduo) qM (mg Cu / g Gelidium) 25 20 15 10 FI=0.001 M 10 8 6 FI=0.001 M 4 FI=0.1 M FI=0.1 M 5 2 0 0 0 50 100 150 200 250 0 300 50 100 150 C M (mg / l) C M (mg / l) (a) (b) 200 250 12 qM (mg Cu / g grânulos) 10 8 6 FI=0.001M 4 FI=0.1 M 2 0 0 50 100 150 200 250 300 C M (mg / l) Figura VIII.22 (c) Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de cobre a diferentes FI para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c) a pH = 5,3; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). 234 300 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 40 60 35 30 qM (mg Pb / g resíduo) qM (mg Pb / g Gelidium) 50 40 30 FI=0.001 M 20 FI=0.1 M 10 25 20 FI=0.001 M 15 FI=0.1 M 10 5 0 0 0 50 100 150 200 250 300 0 50 100 150 C M (mg / l) C M (mg / l) (a) (b) 200 250 24 qM (mg Pb / g grânulos) 20 16 FI=0.001 M 12 FI=0.1 M 8 4 0 0 50 100 150 200 250 300 C M (mg / l) Figura VIII.23 (c) Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de chumbo a diferentes FI para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c) a pH = 5,3; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). 235 300 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 20 14 15 qM (mg Cd / g resíduo) qM (mg Cd / g Gelidium) 12 FI=0.001 M FI=0.1 M 10 5 10 FI=0.001 M 8 FI=0.1 M 6 4 2 0 0 0 50 100 150 0 200 50 100 150 C M (mg / l) C M (mg / l) (a) (b) 8 qM (mg Cd / g grânulos) 7 6 5 4 3 FI=0.001 M 2 FI=0.1 M 1 0 0 50 100 150 200 C M (mg / l) Figura VIII.24 (c) Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de cádmio a diferentes FI para a alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c) a pH = 5,3; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). VIII.2.6 Equilíbrio de Biossorção de Zinco e Crómio Estudaram-se os equilíbrios de biossorção de Zn(II) e Cr(III) a pH = 5,3 e T = 20ºC. Na Figura VIII.25 são apresentados os resultados experimentais obtidos e as curvas de ajuste às equações de Langmuir e Langmuir-Freundlich. As variâncias dos dois ajustes foram comparadas usando o Teste-F. Os resultados obtidos mostram que não existe uma diferença estatisticamente significativa entre os dois modelos, para um grau de confiança de 95%. Deste 236 200 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO modo, apresentam-se na Tabela VIII.17 os valores dos parâmetros do modelo de Langmuir, por este ser o modelo mais simples. Os parâmetros de ajuste do modelo de LangmuirFreundlich e os resultados do Teste-F estão tabelados no apêndice D (Tabela D.13 e D.14). Os resultados apresentados na Tabela VIII.17 mostram que os três biossorventes apresentam uma maior capacidade para fixar Cr(III) relativamente ao Zn(II). O efeito da carga do ião poderá ser responsável pela diferença, sobretudo se a componente electrostática de ligação for significativa. Os valores das constantes de afinidade, KL, sugerem maior afinidade dos adsorventes para o Zn(II). A alga Gelidium apresenta menor afinidade para a fixação dos iões metálicos relativamente aos outros adsorventes. No entanto, KL representa a constante de afinidade média da ligação do metal a todos os sítios activos qL. Como os adsorventes são heterogéneos, e o metal se liga primeiro aos sítios para os quais tem maior afinidade, o facto de um metal se ligar a um maior número de sítios do adsorvente, que inclui sítios de menor afinidade, conduz a valores de KL menores. Por isso, é importante comparar os valores de q L × K L dos diferentes metais e adsorventes. Dos resultados apresentados na Tabela VIII.17 destaca-se a menor afinidade dos grânulos para ambos os metais, relativamente aos outros adsorventes. 16 12 14 qM (mg Cr / g biossorvente) qM (mg Zn / g biossorvente) 10 8 6 4 Gelidium 2 Resíduo 12 10 8 6 Gelidium 4 Resíduo 2 Grânulos 0 Grânulos 0 0 50 100 150 200 0 C M (mg / l) Figura VIII.25 50 100 150 200 250 C M (mg / l) (a) (b) Isotérmicas de equilíbrio de biossorção de zinco(II) (a) e crómio(III) (b) a pH = 5.3 e T = 20ºC, para a alga Gelidium, resíduo e grânulos; resultados experimentais e ajustados pelos modelos de Langmuir (___) e Langmuir-Freundlich (---). 237 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Tabela VIII.17 Parâmetros da isotérmica de Langmuir (valor ± erro) para a biossorção de Zn(II) e Cr(III) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH =5,3 e T = 20ºC. Modelo Langmuir Biossorvente Metal qL Gelidium Zn2+ Cr3+ (mg g-1 ; mmol g-1) 13 ± 1 ; 0,20 ± 0,02 18 ± 1 ; 0,35 ± 0,02 KL (l mg-1)×102 2,6 ± 0,7 2,1 ± 0,4 Resíduo Zn2+ Cr3+ 7,1 ± 0,2 ; 0,110 ± 0,003 11,8 ± 0,5 ; 0,23 ± 0,01 Grânulos Zn2+ Cr3+ 5,7 ± 0,3 ; 0,087 ± 0,005 8,7 ± 0,4 ; 0,170 ± 0,008 R2 S 2R qL ×KL (mg g ) (l g-1) 0,900 0,933 1,24 1,38 0,3 ± 0,1 0,38 ± 0,08 4,2 ± 0,5 3,3 ± 0,5 0,973 0,946 0,11 0,54 0,30 ± 0,04 0,4 ± 0,1 3,4 ± 0,6 3,2 ± 0,5 0,941 0,930 0,15 0,33 0,19 ± 0,04 0,28 ± 0,05 -1 No conjunto dos metais estudados, o produto q L × K L aumenta na seguinte ordem: Zn(II) < Cr(III) < Cd(II) < Cu(II) < Pb(II). Comparando as capacidades máximas de biossorção, conclui-se que a alga Gelidium é melhor biossorvente do que o resíduo e do que os grânulos, para todos os iões metálicos estudados. A alga Gelidium é o biossorvente com maior número de grupos carboxílicos, parte destes grupos são eliminados no processo de extracção do agar e, por isso, o resíduo e os grânulos têm menor capacidade de adsorção. Este resultado é importante na selecção do biossorvente, por exemplo, para aplicação nas indústrias extractivas de metais preciosos, que pretendem saturar o mais possível o biossorvente e posteriormente recuperar o soluto por dessorção. O custo é também um aspecto importante na selecção do biossorvente. Dos três biossorventes estudados, o resíduo é o único que não apresenta qualquer valor comercial. Os grânulos também apresentam um custo baixo, uma vez que utilizam o resíduo como componente activo, mas a operação de produção dos grânulos tem um custo associado. VIII.3 Equilíbrio de Dessorção De forma a aplicar a tecnologia de biossorção no tratamento de efluentes industriais, deverá estudar-se o processo de dessorção dos metais ligados, para a subsequente regeneração do biossorvente. O processo de dessorção pode originar uma poluição secundária produzida pela biomassa contaminada com metal, mas também melhora a rentabilidade económica, reutilizando o biossorvente em múltiplos ciclos de adsorção–dessorção. 238 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Têm sido utilizados diferentes eluentes na dessorção dos iões metálicos, destacando-se os ácidos minerais (HNO3, HCl, H2SO4). Os complexantes também são usados como eluentes, como é o caso do quelante Na2EDTA. Os sais CaCl2, NH4Cl, K2CO3 e NaHCO3 têm sido usados como eluentes de permuta iónica (Tsezos, 1984; Kuyucak e Volesky, 1988; Aldor et al., 1995). Na regeneração de uma coluna de leito fixo, saturada com cobre, foi usada uma solução de 1% (w) CaCl2 como eluente. Os autores verificaram que uma parte dos iões metálicos era eluída rapidamente (5 volumes de leito) e a outra parte só era removida passados 20 volumes de leito (Kratochvil et al., 1997). Os mesmos autores conseguiram uma eluição completa usando um volume de HCl 0,1 M correspondente a 5 volumes de leito. Face a isto, optou-se por estudar a dessorção dos iões cobre com os eluentes HNO3 e EDTA. A influência da concentração de eluente, da razão sólido/volume de eluente, S/L, e da quantidade inicial biossorvida no processo de dessorção também foram estudadas. VIII.3.1 Influência da Concentração de Eluente De modo a determinar a concentração óptima de eluente a usar no processo de dessorção, realizaram-se ensaios de equilíbrio usando diferentes concentrações de HNO3 e Na2EDTA. A Figura VIII.26 representa a eficiência de eluição em função da concentração de HNO3 para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. O valor de pH registado é o medido depois de atingido o equilíbrio. Este valor é diferente do valor inicial de pH, sobretudo para valores de pH altos, porque, devido à libertação de certos compostos alcalinos (carbonatos) presentes no citoplasma das células dos biossorventes, o valor de pH aumenta durante a dessorção. O mesmo ocorre durante a adsorção dos iões metálicos se o pH não for controlado pela adição de ácido. Por outro lado, o pH aumenta durante o processo de dessorção porque saem iões H+ da solução para os centros activos, permutando com o metal. Verifica-se que, à medida que o valor do pH diminui (aumento da concentração de protões), a eficiência de dessorção aumenta, atingindo um valor superior a 90% para pH inferior a 2, ou seja, cerca de 90% dos iões cobre ligados aos grupos presentes nos biossorventes são libertados para a solução por permuta com os protões. Verifica-se que a eficiência da dessorção do Cu(II) aumenta na ordem alga ≤ grânulos < resíduo para valores de pH superiores a 2,0, porque, como as partículas de resíduo são mais pequenas e porosas a transferência de massa é facilitada e a dessorção é mais fácil. 239 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 100 Gelidium Eficiência de eluição (%) . 90 Resíduo 80 Grânulos 70 60 50 40 30 20 10 0 1.0 1.5 2.0 2.6 3.5 4.3 4.7 5.2 pH Figura VIII.26 Influência do pH na eluição do cobre da alga Gelidium (qM0 = 22,3 mg g-1), resíduo (qM0 = 13,9 mg g-1) e grânulos (qM0 = 9,0 mg g-1) (S/L = 4 g l-1). 100 4.5 4.0 80 70 60 Eficiência de eluição pH 3.5 3.0 pH Eficiência de eluição (%) . 90 50 2.5 40 30 2.0 20 1.5 10 0 1.0 0.4 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 2.0 CEDTA (mmol/l) Figura VIII.27 Influência da concentração do complexante Na2EDTA na eluição do cobre da alga Gelidium (qM0 = 22,3 mg g-1) (S/L = 4 g l-1). 240 100 6.0 90 5.5 80 5.0 70 Eficiência de eluição 4.5 60 pH 4.0 50 3.5 40 3.0 30 2.5 20 2.0 10 1.5 0 1.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 pH Eficiência de eluição (%) . RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 1.4 CEDTA (mmol/l) Figura VIII.28 Influência da concentração do complexante Na2EDTA na eluição do cobre do resíduo (qM0 = 13,9 mg g-1) (S/L = 4 g l-1). 100 Eficiência de eluição 80 5.5 5.0 4.5 70 4.0 60 3.5 50 3.0 40 pH Eficiência de eluição (%) . 90 pH 2.5 30 20 2.0 10 1.5 0 1.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 CEDTA (mmol/l) Figura VIII.29 Influência da concentração do complexante Na2EDTA na eluição do cobre dos grânulos (qM0 = 9,0 mg g-1) (S/L = 4 g l-1). As Figuras VIII.27, VIII.28 e VII.29 representam o efeito da concentração de Na2EDTA na eluição do cobre para os três biossorventes estudados. À medida que a concentração de EDTA aumenta, a eficiência de remoção aumenta. O EDTA complexa com o ião metálico numa estequiometria 1:1, ou seja, cada mole de EDTA complexa 1 mole de iões metálicos. O pH da solução manteve-se praticamente constante durante a experiência. 241 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO A concentração de iões metálicos presente no eluato se a dessorção for completa pode ser calculada da seguinte forma: ( C mmol l -1 ( ) ) = M (mg mmol ) × SL ((gl)) q M 0 mg g -1 -1 (VIII.8) onde q M 0 é a quantidade de ião metálico biossorvido no material, M é a massa molar do metal, S é a massa de biossorvente e L é o volume de eluente. A concentração de Na2EDTA necessária para complexar todo o metal adsorvido é, a partir da equação (VIII.8) e para S/L = 4 g l-1, 1,4, 0,9 e 0,6 mmol l-1, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. A Figura VIII.27 mostra que, a partir de uma concentração de 1,4 mmol l-1 de EDTA a eficiência da eluição mantém-se constante (aproximadamente 90%), o que confirma que a estequiometria da complexação dos iões cobre pelo EDTA é 1:1. No entanto, 10% dos iões cobre, retidos no biossorvente, não são dessorvidos, possivelmente porque estão ligados a sítios activos pelos quais tem grande afinidade, e de onde é difícil removê-los. O mesmo acontece para o resíduo e os grânulos: a partir das concentrações 1,0 e 0,6 mmol l-1, a eficiência de dessorção mantém-se aproximadamente constante (86% e 79%) (Figuras VIII.28 e VIII.29). A eficiência de dessorção aumenta na ordem grânulos < resíduo ≤ alga. A diferença poderá dever-se à estrutura dos materiais, uma vez que a película de poliacrilonitrilo utilizada na produção dos grânulos introduz uma maior resistência à transferência de massa nos poros da partícula. VIII.3.2 Razão de Complexação e Permuta Iónica O EDTA (ácido etilenodiaminotetracético) é um ácido tetraprótico. A espécie pode ser representada por H4Y. Na Figura VIII.30 está representado o diagrama de especiação do EDTA (H4Y) em função do pH (Buffle, 1988). Na gama de pH estudado 3 < pH < 5,5, predomina a espécie H2Y2-. Cada mole desta espécie forma um quelato com 1 mole de iões metálicos a partir dos dois grupos carboxílicos desprotonados, justificando a estequiometria 1:1 observada. 242 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Figura VIII.30 2 Gelidium 1.75 CEDTA (mmol/l) . Diagrama da distribuição das espécies do EDTA com o pH da solução. Resíduo CEDTA = 1.10 x Cfinal - 0.024 CEDTA = 1.24 x Cfinal - 0.093 2 2 R = 0.965 R =1 1.5 Grânulos 1.25 1 0.75 CEDTA = 1.14 x Cfinal - 0.188 0.5 2 R = 0.988 0.25 0 0 0.25 0.5 0.75 1 1.25 Cfinal (mmol Cu /l) Figura VIII.31 Relação entre a concentração molar de iões cobre libertados para a solução e a concentração molar de Na2EDTA utilizada como eluente. O aumento da concentração de quelante, para além da quantidade estequiométrica, não se traduz num aumento da concentração de metal dessorvido, o que significa que algum cobre permanece ligado à biomassa, e que se atinge um equilíbrio entre a concentração de metal em solução e a quantidade adsorvida. Representado a concentração molar de Na2H2Y em função da concentração de cobre dessorvida (Figura VIII.31), obtêm-se relações lineares de declives 243 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 1,15 ± 0,05, 1,2 ± 0,1 e 1,10 ± 0,01 para concentrações de eluente inferiores às concentrações iniciais de metal na biomassa (os resultados correspondentes a excesso de eluente não foram considerados). Os declives próximos da unidade indicam que, por cada mmole de Na2H2Y, aproximadamente, 1 mmole de iões cobre são libertados para a solução. Estes resultados estão de acordo com os obtidos na libertação de iões cobre, zinco, cádmio e chumbo de solos contaminados usando Na2EDTA (Sun et al., 2001). A dessorção dos iões metálicos por eluição com HNO3 é, essencialmente, um processo de permuta iónica entre os protões da solução e os iões metálicos adsorvidos. Aldor et al. (1995) verificaram que a razão de permuta iónica entre os iões cádmio e os protões era cerca de 1,24, o que evidencia uma troca com estequiometria próxima de 1:1. No entanto, é sempre necessário um excesso de ácido para eluir os iões metálicos, porque existem outros grupos ionizados no biossorvente que também consomem ácido. Crist et al. (1992) sugeriram que a força directriz para a dessorção com ácido resulta da diferença de actividade dos protões na solução e no interior da partícula. Produz-se assim um potencial químico para a ligação do protão que é depois compensado pela libertação dos iões positivos. Os protões, por terem raio iónico pequeno, apresentam elevada mobilidade e, consequentemente, facilidade na permuta iónica. Ao baixar o pH, os protões ligam-se primeiro aos aniões carboxílicos, para os quais tem maior afinidade e, só depois de todos estes grupos estarem protonados, se ligam aos ésteres sulfonados (Crist et al., 1991). Como nem todos os sítios activos inicialmente protonados são efectivos para a biossorção dos iões metálicos, no processo de dessorção os protões irão, presumivelmente, ligar-se aos sítios que não foram ocupados pelos iões metálicos, daí ser necessário um excesso de ácido. A Figura VIII.32 representa a percentagem de iões cobre dessorvida em função do pH. A curva em forma de S descreve a titulação ácida dum complexo por permuta iónica (Aldor et al., 1995) e indicam que os iões cobre são permutados com os protões. O equilíbrio de permuta iónica pode ser descrito da seguinte forma: LM + nH ↔ LH n + M início : q M 0 C H0 q H0 C M0 equilíbrio : q M CH qH CM 244 M K 'H (VIII.9) RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO A constante de equilíbrio pode ser descrita como: M K 'H = q H CM qM CH (VIII.10) n Manipulando a equação anterior pode-se obter: qM 1 1 = qH M n CM K 'H CH (VIII.11) ou log qM = log(D ) = n pH + pK 'HM + log(q H ) CM (VIII.12) onde n é o coeficiente estequiométrico e D o coeficiente de distribuição. A representação de log (D) vs. pH (Figura VIII.32) é uma relação linear para valores de pH superiores a cerca de 2. Para os grânulos o gráfico apresenta duas zonas lineares, que podem ser atribuídas a dois tipos de sítios com afinidades diferentes. A partir dos declives das zonas lineares das curvas obtêm-se os coeficientes estequiométricos n = 0,70 ± 0,02, n = 0,73 ± 0,05 e n = 0,76 ± 0,06, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. Estes valores indiciam que a estequiometria da permuta iónica metal-protão é próxima de 1:1. 1 90 0.5 80 -0.5 Log(D) 50 -1 40 30 -1.5 20 -2 Log (D) = 0.695 x pH - 2.84 R2 = 0.996 10 0 -2.5 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 pH final Alga Gelidium 4 4.5 5 5.5 Log(D) % Cu libertado 60 % Cu libertado 0 70 % Cu libertado 100 1 90 0.7 80 0.4 70 60 0.1 Log (D) = 0.729 x pH - 3.41 R2 = 0.971 50 -0.2 -0.5 % Cu libertado 40 -0.8 Log(D) 30 -1.1 20 -1.4 10 -1.7 0 -2 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 pH final Resíduo 245 Log(D) 100 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 100 2 R = 0.949 0.9 % Cu libertado 70 Log(D) 60 0.4 Log (D) = 0.459 x pH - 2.314 50 2 -0.1 R = 0.979 40 Log (D) = 0.959 x pH - 4.067 30 Log(D) . 80 % Cu libertado . 1.4 Log (D) = 0.758 x pH - 3.121 90 -0.6 2 R = 0.971 20 -1.1 10 0 -1.6 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 5.5 6 pH final Figura VIII.32 Grânulos Influência do pH na eluição do cobre da biomassa usando uma solução 0,1 M HNO3. Quantidade inicial de metal ligado à biomassa: qM0 = 22,3, 13,9 e 9,0 mg g-1, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. Representação logarítmica da permuta iónica cobreprotão (D=qM/CM) usando os mesmos dados experimentais. Se se admitir que, no processo de eluição com HNO3, em cada ponto de equilíbrio da Figura VIII.32, não existem sítios activos livres no biossorvente, ou seja, todos os sítios activos estão ocupados por iões metálicos e protões, pode aplicar-se a lei de acção de massa (equação (IV.26)). As quantidades máximas de centros activos em cada biossorvente (Qmax) foram determinadas por potenciometria; o outro parâmetro foi obtido por ajuste dos resultados à equação (IV.26) e é apresentado na Tabela VIII.18. Nas Figuras VIII.33, VIII.34 e VIII.35 verifica-se que, para valores de pH entre 3,5 e 2, a quantidade de metal adsorvido decresce rapidamente, o que indica que, nesta gama de valores de pH, os protões permutam facilmente com os iões metálicos. Para valores de pH acima de 4,5 deixa de haver dessorção dos iões metálicos. Para valores de pH baixos, o modelo de acção de massa prevê valores de eficiência de remoção próximos dos 100%, embora os resultados experimentais indiquem remoções de cerca 84% para os grânulos, a pH = 1, o que mostra que, nesta gama de pH, o modelo de acção de massa não representa os resultados experimentais. 246 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Tabela VIII.18 Parâmetros do modelo de acção de massa (valor ± erro) e parâmetros estatísticos. K Cu H Q max * (l mmol-1) (mmol g ) Gelidium 0,93 ± 0,07 0,36 ± 0,01 0,986 0,016 Resíduo 1,0 ± 0,3 0,23 ± 0,05 0,946 0,021 Biossorvente Grânulos * S 2R R2 -1 (mmol g-1)2 1,1 ± 0,3 0,16 ± 0,01 0,880 valor obtido na titulação potenciométrica. 0,019 0.4 q[Cu] (mmol/g) 0.3 0.2 0.1 0 2 1.5 1 C[Cu] (mmol/l) 0.5 0 Figura VIII.33 1 2 3 4 5 6 pH Representação da superfície da lei de acção de massas para a alga Gelidium. 0.25 q[Cu] (mmol/g) 0.2 0.15 0.1 0.05 0 1 0.8 0.6 C[Cu] (mmol/l) 0.4 0.2 0 Figura VIII.34 1 2 3 4 5 6 pH Representação da superfície da lei de acção de massas para o resíduo. 247 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 0.2 q[Cu] (mmol/g) 0.15 0.1 0.05 0 0.6 0.5 0.4 0.3 C[Cu] (mmol/l) Figura VIII.35 VIII.3.3 0.2 0.1 0 1 2 3 4 5 6 pH Representação da superfície da lei de acção de massas para os grânulos. Influência da Razão S/L Foi estudado o efeito da razão entre a massa de biossorvente e o volume de eluente, S/L, na eficiência de dessorção, diminuindo a quantidade de massa biossorvente ou o volume de eluente de forma a obter-se valores de S/L entre 1 e 20 g l-1. Utilizou-se para a eluição HNO3 0,1 M (pH = 1). Normalmente, em colunas de leito fixo, usam-se valores elevados de S/L, ou seja, quantidades de massa de biossorvente muito superiores aos volumes de eluente. Em sistemas fechados esses valores são impraticáveis, pois uma quantidade elevada de massa para um volume pequeno de eluente provoca problemas de agitação, homogeneização, de contacto entre o material e a solução e decantação da suspensão. Pode concluir-se que, na gama 1 < S/L < 20 g l-1, o efeito da variação de S/L na eficiência de eluição é pouco significativo. Um resultado semelhante foi obtido por Aldor et al. (1995). Os autores usaram uma coluna de leito fixo para realizar os ensaios e estudaram valores de S/L até 150 g l-1 com uma solução de HCl 10-0,8 M. Valores elevados de S/L permitem dessorver os iões metálicos com um menor volume de eluente, ou seja, permitem concentrar os iões metálicos e diminuir o consumo da solução de eluente. 248 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Eficiência de eluição (%) . 100 Gelidium 90 Resíduo 80 Grânulos 70 60 50 40 30 20 10 0 1 2 4 8 12 16 20 S / L (g/l) Figura VIII.36 Influência da razão sólido/líquido (S/L) na eficiência de eluição com HNO3. Outro factor a ter em conta na eficiência de eluição é a razão de concentração dessorção / adsorção (CR), ou seja, a razão entre a concentração final de ião metálico no eluente após a dessorção e a concentração final no processo de adsorção. Na Figura VIII.37 representa-se a variação de CR com a razão S/L. Verifica-se que para 1 < S/L < 20 g l-1, a razão CR varia linearmente com a razão S/L, atingindo o valor máximo de 2,9, 1,9 e 1,0 para S/L de 20 g l-1, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. Um valor de CR = 2,9 significa que a concentração de cobre na solução, após o processo de dessorção, é 2,9 vezes superior à concentração de cobre no equilíbrio de biossorção. O valor de CR depende das propriedades de biossorção da biomassa, nomeadamente, dos parâmetros da equação de Langmuir (qL, KL). Quanto maior for o valor desses parâmetros, maior o valor de qM da equação de Langmuir q M = q L K L C M / (1 + K L C M ) , a qual descreve bem o comportamento do processo de biossorção. Quando o processo de dessorção é 100% eficiente, q M = C final (dessorção) / (S L ) , ou seja: CR = qLKL S qM S = L CM L 1 +K L C M (VIII.13) As linhas a vermelho na Figura VIII.37 foram obtidas a partir da equação (VIII.13) para CM= 140 mg l-1 (concentração de equilíbrio de adsorção). O modelo representa bem os resultados experimentais para a alga e para o resíduo. Como a eficiência da dessorção nos grânulos se 249 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO afasta mais de 100%, o modelo afasta-se mais dos resultados experimentais. O mesmo acontece para valores elevados da razão S/L, uma vez que, nestas condições, a eficiência de dessorção diminui. CR 3.5 3 Gelidium 2.5 Grânulos Resíduo Equação (VIII.13) 2 1.5 1 0.5 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 S / L (g/l) Figura VIII.37 Influência da razão S/L na razão de concentração do processo adsorção/dessorção para os três biossorventes (concentração de equilíbrio na saturação do biossorvente = 140 mg l-1). VIII.3.4 Influência da Quantidade Inicial Biossorvida A influência da quantidade de cobre inicialmente biossorvida nos grânulos, na eficiência da eluição com HNO3, pode ser observada na Figura VIII.38. Para concentrações de cobre na fase sólida inferiores a 2,5 mg g-1, a eficiência da eluição é de 100%. A eficiência diminui aumentando o valor de q M 0 , pois estabelece-se um novo equilíbrio entre a concentração de Cu(II) em solução e a quantidade adsorvida na biomassa. O diâmetro das partículas não interfere significativamente na eficiência de eluição. Os resultados obtidos indicam que o HNO3 é um bom eluente para ser usado em colunas de leito fixo. Uma vantagem adicional do uso de HNO3 é que, após a dessorção, a biomassa fica totalmente protonada e pronta para o próximo ciclo da biossorção do metal. A desvantagem é que o material fica com excesso de protões e precisa de ser lavado, antes de poder ser novamente usado como biossorvente. 250 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 0.5<dp<1.0 mm 100 1.0<dp<2.0 mm Eficiência de eluição (%) . 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 2.5 5.0 5.7 6.4 6.8 8.3 9.2 9.4 9.6 10.3 qM0 (mg/g) Figura VIII.38 VIII.4 Influência da quantidade inicial biossorvida na eficiência de eluição com HNO3. Biossorção Multicomponente Na prática, raramente se encontram efluentes industriais que contenham apenas um tipo de ião metálico. Por isso, é necessário conseguir prever o processo de biossorção simultânea de diferentes iões metálicos nos sítios activos do biossorvente. Tem sido demonstrado, para outros sistemas de biossorção, que existe competição entre diferentes iões metálicos para os mesmos centros activos (Schiewer, 1996). Nesta secção apresentam-se os resultados experimentais da biossorção multicomponente dos pares iónicos Cu2+/Pb2+, Pb2+/Cd2+, Pb2+/Zn2+, Cd2+/Zn2+ e Cu2+/Cr3+ pela alga Gelidium, pelo resíduo e pelos grânulos. Para tentar descrever o tipo de interacções que ocorrem entre os iões metálicos, os protões e os sítios activos, foram aplicados dois modelos matemáticos (apresentados no capítulo IV) no tratamento dos resultados experimentais. VIII.4.1 Determinação dos Parâmetros dos Modelos Cada sistema de dois metais Cu2+/Pb2+, Pb2+/Cd2+, Pb2+/Zn2+ e Cd2+/Zn2+ foi estudado a pH 5,3. O sistema Cu2+/Cr3+ foi estudado a pH 4,0. Para quantificar o efeito de um dado ião metálico (M1) na adsorção de outro (M2), o conjunto formado pelos pontos experimentais obtidos na biossorção de M1 e M2 a diferentes valores de 251 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO pH, e na do par M1/M2 a pH 5,3 ou 4, foi ajustado ao modelo discreto (equação (IV.10)). Os parâmetros obtidos são apresentados na Tabela VIII.19. O ajuste dos dados experimentais ao modelo contínuo (equação (IV.20)) foi feito para cada biossorvente: 1. considerando os mesmos pontos experimentais usados no modelo discreto. Para os parâmetros do modelo contínuo ( Q max , pK 'H e m H ) usaram-se os valores obtidos por titulação potenciométrica e os valores para o parâmetro p foram os determinados para o sistema com um metal para cada biossorvente (Tabela VIII.13). Os resultados obtidos são apresentados na Tabela VIII.20. 2. considerando todos os pontos experimentais relativos à adsorção de cada um dos iões metálicos, no sistema simples e no sistema binário. Para os parâmetros Q max , pK 'H , m H e p usaram-se os mesmos valores que em 1. Os resultados são apresentados na Tabela VIII.21. O procedimento usado no ajuste destes modelos aos pontos experimentais está descrito no apêndice E. Nas Tabelas VIII.19, VIII.20 e VIII.21, os parâmetros estatísticos mostram que ambos os modelos ajustam bem os resultados. Apesar de alguns coeficientes de correlação serem inferiores a 0,9, os valores de variância residual são baixos. Comparando as variâncias dos modelos discreto e contínuo, pelo Teste-F, conclui-se com um grau de confiança de 95%, que os dois modelos são estatisticamente equivalentes, no conjunto global dos sistemas binários. O modelo discreto, porque usa uma equação simples, pode ser usado na modelação matemática da transferência de massa entre a solução e os sítios activos, tanto em sistema fechado como em sistemas contínuos. O modelo contínuo de equilíbrio é um modelo que considera a distribuição contínua dos sítios activos, obtida por potenciometria, e permite fazer uma interpretação mais profunda dos resultados. Informações como distribuição de constantes de afinidade, factor de permuta iónica, heterogeneidade do material, competição entre os diferentes iões metálicos e com os protões são obtidas usando este modelo. Comparando os dois processos de ajuste do modelo contínuo aos dados experimentais, verifica-se que o primeiro permite ajustar melhor alguns 252 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO sistemas mas, no conjunto dos sistemas, o segundo processo ajusta melhor os pontos experimentais e permite obter apenas dois parâmetros para cada ião metálico. Tabela VIII.19 Parâmetros do modelo de equilíbrio discreto multicomponente para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos. Modelo Discreto Biossorvente Pares Metal Q max (mmol g-1) Pb2+ / Cu2+ Pb2+ / Cd2+ Gelidium Pb2+ / Zn2+ Cd2+ / Zn2+ 2+ Cu / Cr 3+ Pb2+ / Cd2+ Pb2+ / Zn2+ Cd2+ / Zn2+ Cu2+ / Cr3+ 2+ Pb / Cu 2+ Pb2+ / Cd2+ Grânulos Cu 2+ Pb2+ Cd 2+ Pb2+ Zn 2+ Cd2+ Zn 2+ Cu2+ Cr3+ Pb2+ / Cu2+ Resíduo Pb2+ Pb2+ / Zn2+ Cd2+ / Zn2+ Cu2+ / Cr3+ Pb2+ Cu 2+ Pb2+ Cd 2+ Pb2+ Zn 2+ Cd2+ Zn 2+ Cu2+ Cr 3+ Pb2+ Cu Pb 0,29 ± 0,01 0,26 ± 0,02 0,41 ± 0,02 0,24 ± 0,01 0,20 ± 0,01 0,20 ± 0,01 0,19 ± 0,01 0,24 ± 0,01 0,15 ± 0,01 2+ 0,098 ± 0,002 2+ Zn 2+ Cd Zn 0,098 ± 0,002 2+ 2+ Cu Cr 0,28 ± 0,01 2+ Cd Pb 2+ 0,40 ± 0,01 0,097 ± 0,004 2+ 3+ 0,165 ± 0,004 pK M 3,6 ± 0,1 3,2 ± 0,1 4,0 ± 0,1 3,2 ± 0,1 3,9 ± 0,1 2,9 ± 0,1 3,2 ± 0,1 3,0 ± 0,1 3,1 ± 0,1 3,1 ± 0,1 3,8 ± 0,1 3,4 ± 0,1 4,0 ± 0,1 3,1 ± 0,1 4,0 ± 0,1 2,8 ± 0,1 3,1 ± 0,1 3,0 ± 0,1 3,5 ± 0,1 3,5 ± 0,1 4,2 ± 0,1 3,9 ± 0,1 4,5 ± 0,1 3,4 ± 0,1 4,5 ± 0,1 3,4 ± 0,1 3,4 ± 0,1 3,4 ± 0,1 4,3 ± 0,1 4,1 ± 0,1 pK H R2 S 2R (mmol g-1)2 4,2 ± 0,1 0,912 1,1×10-3 4,1 ± 0,1 0,926 4,3×10-4 3,9 ± 0,1 0,915 3,9×10-4 4,2 ± 0,1 0,919 3,8×10-4 4,2 ± 0,1 0,917 1,0×10-4 4,6 ± 0,1 0,884 6,5×10-3 4,4 ± 0,1 0,911 2,8×10-4 4,3 ± 0,1 0,900 2,5×10-4 4,4 ± 0,1 0,914 2,0×10-4 4,9 ± 0,1 0,939 2,5×10-4 4,9 ± 0,1 0,771 7,5×10-4 4,6 ± 0,1 0,924 6,0×10-5 4,6 ± 0,1 0,919 5,4×10-5 4,4 ± 0,1 0,862 1,1×10-4 5,6 ± 0,1 0,945 1,4×10-4 253 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Tabela VIII.20 Parâmetros do modelo de equilíbrio contínuo multicomponente para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos. Biossorvente Pares Pb2+ / Cu2+ Pb2+ / Cd2+ Gelidium Pb2+ / Zn2+ Cd2+ / Zn2+ Cu2+ / Cr3+ Pb2+ / Cu2+ Pb2+ / Cd2+ Resíduo Pb2+ / Zn2+ Cd2+ / Zn2+ Cu2+ / Cr3+ Pb2+ / Cu2+ Pb2+ / Cd2+ Grânulos Pb2+ / Zn2+ Cd2+ / Zn2+ Cu2+ / Cr3+ 254 Metal Modelo Contínuo pK 'M nM Pb2+ 3,8 ± 0,1 0,64 ± 0,03 2+ 3,1 ± 0,1 0,79 ± 0,03 Pb2+ 3,8 ± 0,1 0,64 ± 0,03 2+ 3,1 ± 0,1 0,50 ± 0,03 Pb2+ 3,8 ± 0,1 0,64 ± 0,03 2+ 2,9 ± 0,1 0,46 ± 0,05 Cd2+ 3,0 ± 0,1 0,55 ± 0,03 2+ 2,7 ± 0,1 0,58 ± 0,04 Cu2+ 3,1 ± 0,1 0,83 ± 0,04 3+ 3,3 ± 0,1 0,67 ± 0,04 Pb2+ 3,9 ± 0,1 0,72 ± 0,04 2+ 3,5 ± 0,1 0,73 ± 0,04 Pb2+ 4,1 ± 0,1 0,67 ± 0,04 2+ 3,2 ± 0,1 0,59 ± 0,04 Pb2+ 4,2 ± 0,1 0,65 ± 0,05 2+ 2,9 ± 0,1 0,63 ± 0,08 Cd2+ 3,1 ± 0,1 0,69 ± 0,05 2+ 3,0 ± 0,1 0,64 ± 0,05 Cu2+ 3,3 ± 0,1 0,76 ± 0,05 3+ 3,3 ± 0,1 0,74 ± 0,05 Pb2+ 4,0 ± 0,1 0,79 ± 0,08 2+ 3,3 ± 0,1 1,0 ± 0,09 Pb2+ 4,3 ± 0,1 0,69 ± 0,04 2+ 3,0 ± 0,1 0,63 ± 0,04 Pb2+ 4,1 ± 0,1 0,73 ± 0,04 2+ 3,0 ± 0,1 0,65 ± 0,05 Cd2+ 3,0 ± 0,1 0,69 ± 0,07 2+ 2,9 ± 0,1 0,78 ± 0,09 Cu2+ 3,2 ± 0,1 1,0 ± 0,1 3+ 3,1 ± 0,1 1,0 ± 0,1 Cu Cd Zn Zn Cr Cu Cd Zn Zn Cr Cu Cd Zn Zn Cr R 2 S 2R (mmol g-1)2 0,940 7,5×10-4 0,924 4,5×10-4 0,919 5,4×10-4 0,956 2,0×10-4 0,938 7,9×10-4 0,919 4,1×10-4 0,896 3,3×10-4 0,886 4,0×10-4 0,957 1,1×10-4 0,934 3,3×10-4 0,869 3,3×10-4 0,920 6,5×10-5 0,938 4,3×10-5 0,900 8,5×10-5 0,834 4,5×10-4 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Tabela VIII.21 Parâmetros do modelo de equilíbrio contínuo multicomponente para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos utilizando todos os resultados experimentais. Biossorvente nM mM 3,1 ± 0,1 0,78 ± 0,03 0,6 ± 0,2 0,71 ± 0,07 3,7 ± 0,1 0,64 ± 0,03 0,7 ± 0,2 0,57 ± 0,06 2,9 ± 0,1 0,53 ± 0,05 0,90 ± 0,3 0,48 ± 0,06 Zn2+ 2,7 ± 0,3 0,53 ± 0,09 0,9 ± 0,3 0,48 ± 0,09 3+ 3,2 ± 0,3 0,66 ± 0,09 0,7 ± 0,2 0,6 ± 0,1 Cu2+ 3,5 ± 0,1 0,74 ± 0,04 0,8 ± 0,1 0,49 ± 0,07 2+ 4,2 ± 0,1 0,66 ± 0,04 0,8 ± 0,1 0,44 ± 0,06 2+ 3,2 ± 0,1 0,63 ± 0,05 0,9 ± 0,1 0,42 ± 0,06 Zn2+ 2,9 ± 0,3 0,70 ± 0,09 0,8 ± 0,2 0,46 ± 0,08 3+ 3,5 ± 0,3 0,74 ± 0,09 0,8 ± 0,2 0,49 ± 0,09 Cu2+ 3,3 ± 0,1 1,0 ± 0,1 0,8 ± 0,2 0,4 ± 0,1 2+ 4,0 ± 0,1 0,75 ± 0,08 1,0 ± 0,3 0,33 ± 0,08 2+ 2,9 ± 0,1 0,7 ± 0,1 1,1 ± 0,3 0,30 ± 0,08 Zn2+ 2,8 ± 0,3 0,8 ± 0,1 0,9 ± 0,3 0,35 ± 0,09 3+ 3,2 ± 0,3 1,0 ± 0,1 0,8 ± 0,2 0,4 ± 0,1 pK 'M Cu2+ 2+ 2+ Pb Gelidium Cd Cr Pb Resíduo Cd Cr Pb Grânulos Modelo Contínuo nH nM Metal Cd Cr R2 S 2R (mmol g-1)2 0,944 5,4×10-4 0,928 2,9×10-4 0,885 2,0×10-4 Dos dois ajustes efectuados utilizando o modelo contínuo (Tabelas VIII.20 e VIII.21), verifica-se que os valores dos parâmetros pK 'M e nM são também muito similares, o que nos permite afirmar que a constante de ligação dos iões metálicos aos biossorventes permanece constante em cada sistema de biossorção, independentemente do co-ião. A diferença entre os valores dos parâmetros do modelo contínuo obtidos para cada metal, no sistema simples (Tabela VIII.13) e no sistema binário (Tabela VIII.21), está dentro do erro associado a cada parâmetro, o que permite concluir que os parâmetros obtidos com um único metal podem ser usados para prever o comportamento dos iões metálicos em sistemas multicomponente. Os resultados sugerem que a presença de outro ião metálico no sistema apenas introduz competição pelos sítios activos e não outras interacções secundárias. Na Figura VIII.39 é apresentado a função de distribuição das constantes de equilíbrio intrínsecas de ligação do cobre, chumbo, cádmio, zinco e crómio aos grupos carboxílicos da alga Gelidium, resíduo e grânulos, F (mmol g-1), construídas a partir da distribuição de Sips e dos dados da Tabela VIII.21. Note-se que o centro de cada distribuição é o valor pK 'M 255 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO apresentado na Tabela VIII.21. Os valores do parâmetro de heterogeneidade, mM, dado por n M × p varia na ordem alga > resíduo > grânulos, evidenciando a maior homogeneidade dos sítios activos da alga relativamente aos do resíduo e dos grânulos. Este resultado produz uma distribuição mais apertada para a alga Gelidium e mais alargada para o resíduo e os grânulos, como se pode ver na Figura VIII.39. Da Figura VIII.39 pode ainda concluir-se que os iões cobre e crómio se ligam aos ligandos mais homogéneos, ou seja, com uma distribuição mais apertada das constantes de afinidade, seguido pelos iões chumbo, enquanto que os iões cádmio e zinco, apresentam uma distribuição mais alargada (mais heterogénea) das constantes de ligação dos iões metálicos aos sítios activos. A mesma conclusão foi obtida através da análise da Figura VIII.17 para os iões Cu(II), Pb(II) e Cd(II), em sistema simples. 0.09 0.21 F (mmol/g) 0.18 Cu 0.08 Cu Pb 0.07 Pb Cd 0.06 Cd 0.05 Zn 0.15 Zn 0.12 Cr F (mmol/g) 0.24 0.09 0.03 0.06 0.02 0.03 0.01 0 Cr 0.04 0 0 1 2 3 4 5 6 log(Kint) 7 8 9 10 0 1 2 3 Alga Gelidium 5 6 log(Kint) 7 8 9 10 Resíduo 0.05 Cu 0.045 Pb 0.04 Cd Zn 0.035 F (mmol/g) 4 0.03 Cr 0.025 0.02 0.015 0.01 0.005 0 0 Figura VIII.39 1 2 3 4 5 6 log(Kint) 7 8 10 Grânulos Distribuição de Sips para as constantes de equilíbrio intrínsecas de ligação do cobre, chumbo, cádmio, zinco, crómio na alga Gelidium, resíduo e grânulos. 256 9 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO VIII.4.2 Determinação das Superfícies e “Iso-Concentrações” Os equilíbrios de adsorção simultânea de dois iões metálicos foram representadas graficamente a 3 dimensões e são apresentadas no Apêndice D. As superfícies nas Figuras D.1, D.3, D.5, D.7 e D.9 foram geradas por ajuste dos resultados experimentais ao modelo contínuo. Os parâmetros de ajuste são os apresentados na Tabela VIII.20. Enquanto que as isotérmicas 3-D representam uma vista global dos resultados de equilíbrio nos sistemas binários, os cortes destas superfícies para uma dada concentração de metal M1 ou M2 (Figuras VIII.40-VIII.44 para pH 5,3 e Figuras D.2, D.4, D.6, D.8 e D.10 para pH 4,0), representam melhor a tendência quantitativa observada, para cada valor de pH. As linhas geradas por estes cortes são designados por “iso-concentrações”, ou seja, linhas da superfície da isotérmica de biossorção M1/M2: quantidade biossorvida dos dois metais (total) vs. concentração de equilíbrio de um metal, mantendo constante a concentração de equilíbrio do outro metal. De forma a visualizar melhor o efeito da presença de um metal secundário (M2) na capacidade de biossorção do metal primário (M1), representou-se a percentagem da capacidade de biossorção de M1 em função da concentração de M2 (co-catião), a pH 5,3 (Figuras VIII.45, VIII.46 e VIII.47). As “iso-concentrações” são bem descritas pelo modelo de Langmuir. O parâmetro da equação de Langmuir, K 'L' , que indica a afinidade do biossorvente pelo ião metálico, varia com a concentração do co-catião (Figuras VIII.49, VIII.48 e VIII.50). O valor de K 'L' foi determinado através do modelo de equilíbrio discreto, representado pela equação (IV.8) ou equação (IV.9). Dividindo o numerador e denominador da equação (IV.8) por ( 1 + K H C H + K M 2 C M 2 ) ou a equação (IV.9) por ( 1 + K H C H + K M1 C M1 ), obteve-se uma equação idêntica à equação de Langmuir, na qual K 'L' é expresso como: K 'L' (M 1 ) = K M1 1 + K H C H + K M2 C M2 (VIII.14) ou K 'L' (M 2 ) = K M2 1 + K H C H + K M1 C M 2 (VIII.15) 257 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Os valores de K 'L' dependem das constantes de afinidade dos dois metais ( K M1 e K M 2 ) e do protão ( K H ), das concentrações do protão ( C H = 10 − pH ) e da dos iões metálicos ( C M1 ou C M 2 ). Nesta análise manteve-se o valor de pH constante e igual a 5,3. Os parâmetros utilizados no cálculo de K 'L' encontram-se na Tabela VIII.19. VIII.4.2.1 Pb2+/Cu2+ Para uma determinada CCu, à medida que CPb aumenta, aumenta a capacidade de biossorção do Pb para os dois valores de pH e para os três biossorventes (Figura.VIII.40 para pH 5,3 e Figura D.2 para pH 4,0). Este aumento torna-se gradualmente mais pequeno para concentrações de Cu mais altas, possivelmente devido à saturação dos sítios activos do biossorvente e à competição entre os dois iões metálicos. Em geral, a quantidade total de metal adsorvida aumenta com o aumento da concentração de um dos metais em solução. No entanto, para CPb = 2,5 mmol l-1, ao aumento de concentração de cobre em solução não corresponde um aumento da capacidade de biossorção do resíduo (0,24 mmol g-1) e dos grânulos (0,15 mmol g-1), enquanto que a da alga Gelidium (0,41 mmol g-1) aumenta ligeiramente, o que sugere que os sítios activos dos adsorventes estão saturados. A aplicação dos modelos discreto e contínuo indica que a presença de um segundo metal no sistema de biossorção faz, em geral, baixar a capacidade de biossorção do outro metal, devido à competição entre os dois. A quantidade adsorvida de dois metais quando estão presentes simultaneamente é superior à soma das quantidades adsorvidas em solução simples de cada um dos metais. Para iguais concentrações de equilíbrio de chumbo e cobre (1,0 mmol l-1 de cada), cerca de 66% da capacidade total dos biossorventes é ocupada por Pb, indicando que este metal tem maior afinidade pelos sítios activos dos adsorventes. O mesmo acontece para concentrações mais altas (2,5 mmol l-1 para cada metal). Para que cada metal ocupe cerca de 50% da capacidade total, a concentração residual do cobre em solução terá de ser 2,5 vezes superior à do chumbo. A diminuição do pH, de 5,3 para 4, faz baixar a capacidade de biossorção total mas não afecta o comportamento relativo dos dois metais. 258 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO CCu 0.5 mmol/l 0.45 qT Cu 0.40 [Cu+Pb] 2.5 mmol/l qT Pb [Cu+Pb] 0.35 0.45 0.40 Cu CPb 1.0 mmol/l Pb 0.35 (mmol/g) 0.30 (mmol/g) 0.30 0.25 0.25 0.20 0.20 0.15 0.15 0.10 0.10 0.05 0.05 0.00 0.00 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 4.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 4.0 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.1 mmol/l CPb (mmol/l) CCu (mmol/l) Gelidium 0.5 mmol/l 0.25 Cu 2.5 mmol/l qT Pb [Cu+Pb] 0.20 Cu 1.0 mmol/l Pb [Cu+Pb] 0.20 (mmol/g) 0.15 0.15 0.00 0.00 1.5 2.0 2.5 0.05 0.1 0.5 0.8 1.0 0.05 1.5 2.0 2.5 0.0 0.10 0.1 0.5 0.8 1.0 0.10 0.0 (mmol/g) 0.25 0.1 mmol/l 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 4.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 4.0 qT CPb CCu CPb (mmol/l) CCu (mmol/l) Resíduo CCu [Cu+Pb] 0.14 Cu 2.5 mmol/l qT Pb [Cu+Pb] 0.12 0.16 0.14 0.08 0.08 0.06 0.06 0.04 0.04 0.02 0.02 0.00 0.00 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 (mmol/g) 0.10 Figura.VIII.40 Cu CPb 1.0 mmol/l Pb 0.12 (mmol/g) 0.10 CPb (mmol/l) 0.1 mmol/l 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 4.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 4.0 0.16 qT 0.5 mmol/l CCu (mmol/l) Grânulos Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Cu2+/Pb2+ a pH 5,3. 259 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO VIII.4.2.2 Pb2+/Cd2+ Analisando a Figura VIII.41, verifica-se que cada metal inibe a capacidade de biossorção do outro e, a baixas concentrações residuais, a quantidade total de biossorção aumenta. Para concentrações residuais altas, a quantidade total de biossorção permanece praticamente constante. Para CPb = 1,0 mmol l-1, o chumbo deve ter sido progressivamente substituído pelo cádmio nos mesmos sítios de biossorção, pois a quantidade total acumulada manteve-se invariável (0,3; 0,2 e 0,1 mmol g-1, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos). A mesma análise pode ser efectuada para pH 4,0 (Figura D.4). A capacidade de biossorção do chumbo é cerca de 85% da capacidade total, para concentrações iguais dos dois metais e para qualquer valor de pH. A concentração residual do cádmio teria de ser aproximadamente dez vezes superior à do chumbo para se conseguir obter quantidades adsorvidas semelhantes para os dois metais, em qualquer dos biossorventes. Por exemplo, para CPb = 0,1 mmol l-1 e CCd = 1,0 mmol l-1, cada metal teria uma capacidade de biossorção de aproximadamente 50% da capacidade total (0,1; 0,07 e 0,04 mmol g-1, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos). Este resultado indica que o chumbo tem uma afinidade para os sítios activos cerca de 10 vezes superior à do cádmio. Comparando os sistemas, (Pb2+/Cu2+) com (Pb2+/Cd2+), conclui-se que a competição é maior no primeiro caso. Esta conclusão está de acordo com a ordem dos valores de pK 'M obtidos: Pb > Cu > Cd. 260 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO CPb CCd 0.30 2.5 2.5 0.00 1.5 0.00 2.0 0.05 1.0 0.05 0.0 0.10 1.5 2.0 0.10 0.5 0.8 1.0 0.15 0.0 0.1 0.15 2.0 2.5 0.20 0.0 0.25 0.20 0.1 0.5 Pb 0.5 0.25 Cd 2.0 (mmol/g) 0.35 1.0 mmol/L 2.5 0.30 0.40 1.5 [Cd+Pb] 0.0 (mmol/g) Pb 0.8 1.0 1.5 [Cd+Pb] Cd 0.35 qT 0.1 mmol/L 0.5 0.40 qT 2.5 mmol/L 1.0 0.5 mmol/L CCd (mmol/L) CPb (mmol/L) Gelidium CCd 0.1 mmol/L 0.24 0.22 [Cd+Pb] 0.20 0.18 (mmol/g) 0.16 0.14 0.12 0.10 0.08 0.06 0.04 0.02 0.00 1.0 mmol/L CPb (mmol/L) 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 2.5 2.0 Pb 1.5 1.0 0.5 Cd 0.0 2.5 1.5 2.0 0.5 0.8 1.0 Pb 0.0 0.1 Cd 2.0 2.5 qT 0.8 1.0 1.5 0.0 qT CPb 2.5 mmol/L 0.1 0.5 0.24 0.22 [Cd+Pb] 0.20 0.18 (mmol/g) 0.16 0.14 0.12 0.10 0.08 0.06 0.04 0.02 0.00 0.5 mmol/L CCd (mmol/L) Resíduo CPb 0.02 0.02 0.00 0.00 CPb (mmol/L) Figura VIII.41 CCd (mmol/L) Grânulos Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Pb2+/Cd2+ a pH 5,3. 261 2.5 0.04 2.0 0.04 1.0 0.06 0.5 0.06 0.0 (mmol/g) 0.08 Pb 2.5 (mmol/g) 0.08 Cd 1.0 mmol/L 2.0 [Cd+Pb] 0.10 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 [Cd+Pb] 0.10 1.5 Pb 0.12 1.0 Cd qT 0.5 0.12 0.1 mmol/L 0.0 qT 2.5 mmol/L 1.5 CCd 0.5 mmol/L RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO VIII.4.2.3 Pb2+/Zn2+ Para concentrações iguais de chumbo e zinco em solução (1,0 mmol l-1 ou 2,5 mmol l-1), cerca de 86% da capacidade total de biossorção está ocupada por Pb (Figura VIII.42 para pH 5,3 e Figura D.6 para pH 4,0). Para que a capacidade total dos biossorventes seja ocupada com 50% de cada metal é necessário que a concentração de Zn em solução seja cerca de 15 vezes superior à de Pb. Da mesma forma que no caso do sistema Pb2+/Cd2+, para elevadas concentrações de chumbo (1 mmol l-1), a diminuição da biossorção do chumbo foi sendo compensada pela ligação do Zn, permanecendo constante a quantidade total de metal retido no biossorvente. Quando se compara os sistemas (Pb2+/Cd2+) com (Pb2+/Zn2+), as interferências dos iões Cd2+ e Zn2+ na ligação do Pb2+ são muito similares, ou seja, a competição entre Cd2+ e Pb2+ é similar à competição entre Zn2+ e Pb2+. Esta conclusão está de acordo com a ordem dos valores de pK 'M obtidos: Pb > Cd ≈ Zn. 262 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 0.15 0.10 0.10 0.05 0.05 0.00 0.00 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 CPb (mmol/L) 2.5 0.15 2.0 0.20 1.5 0.20 Pb 1.0 (mmol/g) 0.25 0.0 0.25 1.0 mmol/L 0.5 Zn 0.30 0.0 0.30 0.35 2.0 [Zn+Pb] 1.5 Pb 0.40 1.0 Zn 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 (mmol/g) 0.35 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 [Zn+Pb] qT CPb 0.1 mmol/L 0.5 0.40 qT 2.5 mmol/L 2.5 CZn 0.5 mmol/L CZn (mmol/L) Gelidium 0.22 Zn 0.20 CPb 2.5 mmol/L qT Pb 0.1 mmol/L 0.22 1.0 mmol/L 0.20 [Zn+Pb] 0.18 [Zn+Pb] 0.18 0.16 (mmol/g) 0.14 (mmol/g) 0.14 0.12 0.12 0.10 0.10 0.08 0.08 0.06 0.06 0.04 0.04 0.02 0.02 0.00 0.00 Zn Pb 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.8 0.5 0.1 0.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.8 0.5 0.1 0.0 0.16 0.5 qT 0.5 mmol/L CZn CZn (mmol/L) CPb (mmol/L) Resíduo CPb 0.00 0.00 CPb (mmol/L) Figura VIII.42 CZn (mmol/L) Grânulos Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Pb2+/Zd2+ a pH 5,3. 263 2.5 0.02 2.0 0.02 1.5 0.04 0.5 0.04 0.0 0.06 Pb 2.5 0.06 Zn 1.0 mmol/L 2.0 (mmol/g) 0.08 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 (mmol/g) 0.08 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 [Zn+Pb] 0.10 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 [Zn+Pb] 0.10 1.5 Pb 0.12 1.0 Zn qT 0.5 0.12 0.1 mmol/L 0.0 qT 2.5 mmol/L 1.0 CZn 0.5 mmol/L RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO VIII.4.2.4 Cd2+/Zn2+ À medida que a concentração de um dos metais aumenta, as capacidades de biossorção total e desse metal aumentam, mantendo constante a concentração do outro metal (Figura VIII.43 para pH 5,3 e Figura D.8 para pH 4,0). Os resultados obtidos para a biossorção simultânea de cádmio e zinco indicam que, para concentrações iguais dos dois metais em solução, cerca de 55% da capacidade total de biossorção é ocupada pelo cádmio. O mesmo se verifica para pH 4, registando-se, contudo, uma diminuição da capacidade de biossorção. Para CZn = 2,5 mmol l-1 e CCd = 1,7; 1,5 e 2,3 mmol l-1, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos, a capacidade de biossorção de cada metal é igual. Este resultado sugere que a afinidade dos metais pelos sítios activos dos biossorventes é semelhante, conforme seria de prever a partir das constantes de afinidade: K 'Pb > K 'Cd ≈ K 'Zn . 264 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO CCd 2.5 2.0 1.5 0.5 Cd 0.0 0.0 2.5 2.0 0.00 1.5 0.00 1.0 0.05 0.5 0.05 0.0 0.10 2.5 0.10 2.0 0.15 1.5 0.15 1.0 (mmol/g) 0.20 0.5 (mmol/g) 0.20 0.0 Zn [Zn+Cd] 0.25 2.5 Cd 2.5 mmol/L 2.0 Zn [Zn+Cd] 0.25 0.30 1.5 qT 1.0 0.30 0.5 mmol/L 0.5 qT 2.5 mmol/L 1.0 CZn 0.5 mmol/L CZn (mmol/L) CCd (mmol/L) Gelidium CZn Cd 2.5 2.5 CCd (mmol/L) 2.0 0.00 1.5 0.02 0.0 0.02 0.00 2.0 0.04 1.5 0.04 1.0 0.06 0.5 0.06 0.0 0.08 2.5 0.08 2.0 0.10 1.5 0.10 1.0 (mmol/g) 0.12 0.5 (mmol/g) 0.12 0.0 Zn 0.14 1.0 0.14 0.16 2.5 mmol/L 0.5 [Zn+Cd] 0.0 Cd 2.5 Zn 2.0 0.16 0.18 1.5 qT CCd 0.5 mmol/L 1.0 [Zn+Cd] 0.18 2.5 mmol/L 0.5 qT 0.5 mmol/L CZn (mmol/L) Resíduo CCd CZn 0.10 Zn 0.09 2.5 mmol/L qT Cd 0.10 Zn 0.09 2.5 mmol/L Cd [Zn+Cd] 0.08 CCd (mmol/L) Figura VIII.43 CZn (mmol/L) Grânulos Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Cd2+/Zn2+ a pH 5,3. 265 2.5 2.0 1.5 1.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 2.5 0.00 2.0 0.00 1.5 0.01 1.0 0.01 0.5 0.02 0.0 0.03 0.02 0.5 0.04 0.03 0.0 0.05 0.04 2.5 0.05 2.0 0.06 0.07 0.06 1.5 (mmol/g) 1.0 0.07 0.5 [Zn+Cd] 0.08 (mmol/g) 0.5 mmol/L 0.0 qT 0.5 mmol/L RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO VIII.4.2.5 Cu2+/Cr3+ As capacidades de biossorção manifestam um comportamento análogo ao observado para o sistema Cd2+/Zn2+ (Figura VIII.44 para pH 5,3 e Figura D.10 para pH 4,0). Para concentrações iguais de Cu e Cr em solução, cerca de 53% da capacidade total de biossorção é ocupada pelo ião cobre, o que sugere afinidades semelhantes dos dois metais pelos sítios activos. O mesmo se verifica para pH 4, havendo, contudo, uma diminuição da capacidade de biossorção. Comparando o sistema (Cu2+/Cr3+) com o sistema (Cu2+/Pb2+), a ligação do Cu é mais afectada pela presença do Pb do que a do Cr. Este resultado está de acordo com a ordem dos valores obtidos para as constantes de afinidade: Pb > Cu >≈ Cr. 266 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO CCr CCu Cu Cr [Cu+Cr] 0.35 0.45 0.40 Cu 2.5 mmol/L Cr 0.35 (mmol/g) 0.30 0.25 0.25 0.20 0.20 0.15 0.15 0.10 0.10 0.05 0.05 0.00 0.00 0.0 0.3 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 0.0 0.3 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 0.0 0.5 1.0 1.5 (mmol/g) 0.30 CCr (mmol/L) 2.0 2.5 3.0 3.5 0.40 qT 0.5 mmol/L 0.0 0.5 1.0 1.5 [Cu+Cr] 0.45 2.5 mmol/L 2.0 2.5 3.0 3.5 qT 0.5 mmol/L CCu (mmol/L) Gelidium Cu CCr 2.5 mmol/L Cr 2.0 2.5 3.0 3.5 Cr 0.5 mmol/L 0.0 0.5 1.0 1.5 0.24 0.22 [Cu+Cr] 0.20 0.18 (mmol/g) 0.16 0.14 0.12 0.10 0.08 0.06 0.04 0.02 0.00 qT 0.0 0.3 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 0.0 0.3 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 Cu 2.5 mmol/L 0.0 0.5 1.0 1.5 0.24 0.22 [Cu+Cr] 0.20 0.18 (mmol/g) 0.16 0.14 0.12 0.10 0.08 0.06 0.04 0.02 0.00 qT 0.5 mmol/L 2.0 2.5 3.0 3.5 CCu CCu (mmol/L) CCr (mmol/L) Resíduo CCu Cr [Cu+Cr] 0.12 0.14 0.08 0.08 0.06 0.06 0.04 0.04 0.02 0.02 0.00 0.00 0.0 0.3 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 0.0 0.3 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 (mmol/g) 0.10 Figura VIII.44 Cr 0.12 (mmol/g) 0.10 CCr (mmol/L) Cu 2.5 mmol/L CCu (mmol/L) Grânulos Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Cu2+/Cr3+ a pH 5,3. 267 2.0 2.5 3.0 3.5 Cu 0.16 0.0 0.5 1.0 1.5 0.14 qT 0.5 mmol/L 2.0 2.5 3.0 3.5 [Cu+Cr] 0.16 CCr 2.5 mmol/L 0.0 0.5 1.0 1.5 qT 0.5 mmol/L RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO VIII.4.3 Efeito do Co-Catião nos Parâmetros da Biossorção do Ião Metálico Primário As Figuras VIII.45, VIII.46 e VIII.47 mostram o efeito da presença de um ião metálico (M2) na capacidade de biossorção do catião metálico primário (M1). Dos resultados obtidos é possível concluir que a presença do ião Cu(II) diminui muito a adsorção de Pb(II), e viceversa. O chumbo é o ião metálico que mais afecta a biossorção dos outros metais, porque tem maior afinidade para os sítios activos do adsorvente, como já se tinha referido. Nas Figuras VIII.48, VIII.49 e VIII.50 representa-se o efeito da concentração do metal secundário na constante de afinidade K 'L' do ião M1. A competição dos dois metais pelos sítios activos faz com que alguns iões metálicos, em centros activos de elevada afinidade, sejam deslocados para locais de menor afinidade, pelo que a constante de afinidade média diminui. 268 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 100 100 80 qZn / qT (%) qCd / qT (%) 80 60 40 60 40 20 20 0 0 0 0.5 1 1.5 2 0 2.5 0.5 1 1.5 CM [co-catião] (mmol/l) 2 2.5 0.5 1 1.5 CM [co-catião] (mmol/l) 2 2.5 0.5 1 1.5 CM [co-catião] (mmol/l) 2 2.5 CM [co-catião] (mmol/L) 100 100 80 80 qZn / qT (%) qCd / qT (%) Gelidium 60 40 60 40 20 20 0 0 0 0.5 1 1.5 CM [co-catião] (mmol/L) 2 0 2.5 100 100 80 80 qZn / qT (%) qCd / qT (%) Resíduo 60 40 20 60 40 20 0 0 0.5 1 1.5 CM [co-catião] (mmol/L) Figura VIII.45 2 2.5 0 0 Grânulos Efeitos do co-catião (M2) na biossorção do catião primário (M1:Cd2+ ou Zn2+) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH 5,3. Curvas: ( ) CM [M1] = 0,5 mmo l-1, M2: Pb2+; ( ) CM [M1] = 2,5 mmol l-1, M2: Pb2+; ( ) CM [M1] = 0,5 mmol l-1, M2: Zn2+ ou Cd2+; ( ) CM [M1] = 2,5 mmol l-1, M2: Zn2+ ou Cd2+. 269 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 80 80 qCu / qT (%) 100 qPb / qT (%) 100 60 40 60 40 20 20 0 0 0 0.5 1 1.5 2 0 2.5 0.5 1 1.5 2 2.5 2 2.5 2 2.5 CM [co-catião] (mmol/L) CM [co-catião] (mmol/l) 100 100 80 80 qCu / qT (%) qPb / qT (%) Gelidium 60 40 60 40 20 20 0 0 0 0.5 1 1.5 2 0 2.5 0.5 1 1.5 CM [co-catião] (mmol/L) CM [co-catião] (mmol/l) 100 100 80 80 qCu / qT (%) qPb / qT (%) Resíduo 60 40 20 60 40 20 0 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 CM [co-catião] (mmol/l) Figura VIII.46 0 0.5 1 1.5 CM [co-catião] (mmol/L) Grânulos Efeitos do co-catião (M2) na biossorção do catião primário (M1: Pb2+ ou Cu2+) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH 5,3. Curvas: ( ) CM [M1] = 0,1 ou 0,5 mmol l-1, M2: Zn2+ ou Pb2+; ( ) CM [M1] = 1,0 ou 2,5 mmol l-1, M2: Zn2+ ou Pb2+; ( ) CM [M1] = 0,1 ou 0,5 mmol l-1, M2: Cd2+ ou Cr3+; ( ) CM [M1] = 1,0 ou 2,5 mmol l-1, M2: Cd2+ ou Cr3+; ( ) CM [M1] = 0,1 mmol l-1, M2: Cu2+; ( ) CM [M1] = 1,0 mmol l-1, M2: Cu2+. 270 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 100 qCr / qT (%) 80 60 40 20 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 CM [co-catião] (mmol/L) Gelidium 100 qCr / qT (%) 80 60 40 20 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 CM [co-catião] (mmol/L) Resíduo 100 qCr / qT (%) 80 60 40 20 0 0 1 2 3 4 CM [co-catião] (mmol/L) Figura VIII.47 Grânulos Efeitos do co-catião (Cu2+) na biossorção catião primário (Cr3+) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH 5,3. Curvas: ( ) CM [Cr3+] = 0,5 mmol l-1; ( ) CM [Cr3+] = 2,5 mmol l-1. 271 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 1.6 1 1.2 0.9 Chumbo Zinco 0.8 Cádmio KL'' [Zn] (l/mmol) KL'' [Cd] (l/mmol) 1.4 Chumbo 1 0.8 0.6 0.4 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.2 0.1 0 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 0 0.5 CM [co-catião] (mmol/l) 1 1.5 2 2.5 CM [co-catião] (mmol/l) Gelidium 1.2 1 0.9 Chumbo Zinco 0.8 Cádmio KL'' [Zn] (l/mmol) KL'' [Cd] (l/mmol) 1 Chumbo 0.8 0.6 0.4 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.2 0.1 0 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 0 0.5 CM [co-catião] (mmol/l) 1 1.5 2 2.5 2 2.5 CM [co-catião] (mmol/l) Resíduo 2.5 2.5 Chumbo Chumbo Zinco 1.5 1 0.5 1.5 1 0.5 0 0 0.5 1 1.5 CM [co-catião] (mmol/l) Figura VIII.48 2 2.5 0 0 0.5 1 1.5 CM [co-catião] (mmol/l) Grânulos Efeitos do co-catião no valor do parâmetro K 'L' do catião primário (Cd2+ e Zn2+) para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. 272 Cádmio 2 KL'' [Zn] (l/mmol) KL'' [Cd] (l/mmol) 2 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 1.6 9 Cobre 8 Cádmio 7 Zinco 6 KL'' [Cu] (l/mmol) KL'' [Pb] (l/mmol) 10 5 4 3 2 1 1.4 Chumbo 1.2 Crómio 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 0.5 1 1.5 2 0 2.5 0 CM [co-catião] (mmol/l) 0.5 1 1.5 2 2.5 CM [co-catião] (mmol/l) Gelidium 2.5 9 Cobre 8 Cádmio 7 Zinco 6 Chumbo 2 KL'' [Cu] (l/mmol) KL'' [Pb] (l/mmol) 10 5 4 3 Crómio 1.5 1 0.5 2 1 0 0 0 0.5 1 1.5 2 0 2.5 0.5 1 1.5 2 2.5 CM [co-catião] (mmol/l) CM [co-catião] (mmol/l) Resíduo 7 30 Cobre 20 Chumbo 6 Cádmio KL'' [Cu] (l/mmol) KL'' [Pb] (l/mmol) 25 Zinco 15 10 5 Crómio 5 4 3 2 1 0 0 0 0.5 1 1.5 2 CM [co-catião] (mmol/l) Figura VIII.49 2.5 0 0.5 1 1.5 2 CM [co-catião] (mmol/l) Grânulos Efeitos do co-catião no valor do parâmetro K 'L' do catião primário (Pb2+ e Cu2+) para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. 273 2.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 1.4 Cobre KL'' [Cr] (l/mmol) 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 2 2.5 2 2.5 CM [co-catião] (mmol/l) Gelidium 2.5 Cobre KL'' [Cr] (l/mmol) 2 1.5 1 0.5 0 0 0.5 1 1.5 CM [co-catião] (mmol/l) Resíduo 4.5 KL'' [Cr] (l/mmol) 4 Cobre 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 0 0.5 1 1.5 CM [co-catião] (mmol/l) Figura VIII.50 Grânulos Efeitos do co-catião (Cu2+) no valor do parâmetro K 'L' do catião primário (Cr3+) para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. 274 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Os resultados da biossorção, quer em sistema simples quer em sistema binário, permitem concluir que a ordem de afinidade dos biossorventes para os iões metálicos varia na seguinte ordem: Pb > Cu >≈ Cr > Cd > Zn, de acordo com as constantes de afinidade determinadas pelo modelo de equilíbrio contínuo (Tabela VIII.21). Estes resultados estão de acordo com os apresentados na literatura para diferentes tipos de biossorventes. Puranik e Paknikar (1999) estudaram a biossorção dos sistemas binários Pb2+/Cd2+, Pb2+/Zn2+, Pb2+/Cu2+, Pb2+/Ni2+, Pb2+/Co2+, Cu2+/Zn2+, Cd2+/Zn2+, Ni2+/Zn2+ and Co2+/Zn2+ usando a biomassa de Streptoverticillium cinnamoneum e Penicillium chrysogenum e verificaram que a afinidade dos dois biossorventes pelos iões metálicos variava do seguinte modo: Pb > Zn ≈ Cu > Cd > Ni > Co e Pb > Cu > Zn > Ni > Co, respectivamente. Kim (2003) mostrou que a adsorção de Pb(II) em casca de caranguejo não é afectada pela presença de Cd(II). Chong e Volesky (1995) estudaram a adsorção de três misturas binárias - Cu2+/Zn2+, Cu2+/Cd2+ e Zn2+/Cd2+ - na alga Ascophyllum nodosum imobilizada. Concluíram que a afinidade do biossorvente pelos metais aumenta na seguinte ordem: Cu > Cd > Zn. Ma e Tobin (2003) estudaram a biossorção de Cr(III), Cu(II) e Cd(II) em musgos a partir de soluções binárias Cr3+/Cd2+, Cr3+/Cu2+ e Cu2+/Cd2+, a pH 4, e verificaram que a capacidade máxima de adsorção diminuía na seguinte ordem Cr ≥ Cu > Cd. Os valores máximos observados foram 0,4 mmol g-1 para o Cr(III) e Cu(II) e 0,2 mmol g-1 para o Cd(II), resultando, em alguns casos, uma capacidade total de 0,8 mmol g-1. A presença dos co-catiões reduz a capacidade individual de ligação em cerca de 70%. Silva et al. (2003) estudaram a biossorção do Cu(II) e Cr(III) em algas Sargassum sp., individualmente e em misturas binárias. As capacidades de adsorção máximas obtidas foram 1,30 mmol g-1 e 1,08 mmol g-1, respectivamente para o Cr(III) e o Cu(II), a pH 3,5 e T 30ºC. No sistema binário a capacidade de adsorção do Cu(II) apresenta maior sensibilidade à presença do Cr(III) do que o contrário, o que sugere que o Cr(III) apresenta uma maior afinidade para o biossorvente do que o Cu(II). 275 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO A biossorção dos iões metálicos na biomassa Sphaerotilus natans, a partir de soluções binárias Cu2+/Cd2+, Cu2+/Pb2+ e Cu2+/Zn2+, foi estudada, a diferentes valores de pH, por Pagnanelli et al. (2002). Verificaram que a adsorção do Cd(II) é fortemente influenciada pela presença do Cu(II), mas a de Pb(II) é pouco sensível à presença do Cu(II). A capacidade de adsorção segue a ordem Pb > Cu > Zn > Cd. A quantidade adsorvida total, em qualquer das misturas, permanece constante (≈ 0,18 mmol g-1 para pH 4 e 0,67 mmol g-1 para pH 5), o que significa que os iões metálicos competem para os mesmos sítios activos do biossorvente. Kim (2003) estudou a adsorção dos iões Pb(II), Cd(II) e Cr(III) individualmente e em misturas binárias e ternárias. No sistema individual verificou que a adsorção dos iões Cr(III) e Pb(II) é muito maior que a do Cd(II). No sistema binário, o Cd(II) não afecta a adsorção do Pb(II), mas a presença de Cr(III) inibe-a fortemente. A adsorção do Cd(II) diminui bastante em presença do Cr(III). Concluindo, os resultados apresentados estão de acordo com as características químicas dos iões metálicos e dos grupos funcionais que predominam nas superfícies, ao pH de trabalho. Ao pH a que foram realizadas as experiências (pH < 7), os grupos carboxílicos são predominantes. Os iões Pb(II), Cu(II), Cd(II), Zn(II) e Cr(III) em solução aquosa são classificados como iões fronteira: os iões Cu(II) e Pb(II) têm carácter próximo do de iões “duros”, enquanto que os iões Cd(II), Zn(II) e Cr(III) se aproximam de iões “macios” (Pearson, 1963). Os iões “duros” tendem a estabelecer ligações fortes com átomos doadores muito electronegativos e difíceis de polarizar (O e F), enquanto que os catiões “macios” formam complexos estáveis com átomos doadores “macios” (S, P, As) (Pearson, 1963). Os iões “macios” formam ligações com maior carácter covalente, onde a energia livre da complexação é principalmente de origem entálpica. Os iões “duros” participam preferencialmente em ligações iónicas ou com maior carácter iónico, onde a variação da energia livre resulta principalmente do ganho de entropia, devido à variação da orientação das moléculas de água de hidratação (Buffle, 1988). Na Tabela VIII.9 apresentam-se algumas características dos cinco iões metálicos estudados. De acordo com o critério que usa o factor z2/rhid como medida da intensidade da ligação iónica, o carácter iónico da força de ligação decresce na ordem Cr > Pb > Cu > Cd > Zn. As 276 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO diferenças entre os metais são pequenas, com excepção do crómio que apresenta um valor mais elevado pelo facto de ter maior carga. Segundo o critério de ∆X m ou de (1 − exp(− ∆X 2 m )) 4 , a ligação do Zn tem uma maior fracção de carácter iónico, relativamente ao Cd, Cr, Cu e Pb. As ligações do Pb(II) apresentam maior grau de covalência relativamente às dos iões Cd e Zn. Segundo o critério X 2m (rcrist + 0,85) , a contribuição relativa da ligação covalente diminui na seguinte ordem: Pb > Cu > Cd > Zn > Cr. Todos os critérios indicam que Cr e Zn são os catiões com menor tendência para formar ligações covalentes. Como o ( ( parâmetro (z2/rhid) expressa a intensidade da ligação iónica e o parâmetro 1 − exp − ∆X 2m 4 )) é suposto caracterizar a contribuição relativa da ligação iónica na intensidade da ligação total, pode-se obter um indicador da intensidade total de ligação dividindo (z2/rhid) ( ( )) por 1 − exp − ∆X 2m 4 . Para este parâmetro, representado pela letra ζ , obtiveram-se os valores apresentados na Tabela VIII.9. O parâmetro ζ aumenta na ordem Cr > Cu > Pb > Cd > Zn. Estes critérios devem ser usados apenas para fins ilustrativos e não para quantificar a força de ligação, uma vez que a contribuição da ligação iónica é bastante discutível (Schiewer, 1996). A sequência de ligação dos iões metálicos estudados neste trabalho (Pb > Cu > Cr > Cd > Zn) está provavelmente relacionada com a diminuição do carácter covalente da ligação (caracterizada por X 2m (rcrist + 0,85) ) e o aumento da força de hidratação (z2/rcrist). VIII.5 Simulação Matemática e Avaliação da Resistência Interna A simulação matemática dos ensaios em sistema fechado permite avaliar a resistência interna das partículas à difusão dos iões metálicos até aos sítios activos do biossorvente, considerando a resistência à transferência de massa no filme desprezável. No capítulo V estão descritos dois modelos para o processo de biossorção, considerando partículas esféricas e em forma de placa plana, num sistema monocomponente (Modelo LDF e modelo de difusão homogénea). Também é apresentado um modelo de transferência de massa para um sistema binário com partículas de adsorvente em forma de placa plana e um modelo para o processo de dessorção. Estes modelos são úteis para projecto e optimização, pois permitem simular a biossorção em diferentes condições operatórias, evitando o trabalho laboratorial e permitindo escolher as principais variáveis a serem consideradas. 277 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO VIII.5.1 Biossorção VIII.5.1.1 Influência da Concentração Inicial Para prever os perfis de concentração dos iões metálicos, usando os modelos de transferência de massa apresentados no capítulo V, é necessário conhecer os parâmetros de equilíbrio (KL e qL) para cada sistema, condições operatórias, como o pH da solução, a temperatura, a concentração inicial do ião metálico (Cini), o volume de solução (V), a massa de adsorvente (W), o diâmetro da partícula (dp) (grânulos) ou a espessura da placa plana (2L) (alga Gelidium e resíduo) e o coeficiente de difusividade homogénea do ião metálico no biossorvente (Dh). Os parâmetros da equação de equilíbrio de Langmuir (KL e qL) foram determinados anteriormente para cada sistema e nas respectivas condições operatórias. Para uma dada experiência cinética, as condições operatórias são conhecidas. A espessura das partículas foi determinada por microscopia electrónica, obtendo-se como valor médio 2L = 0,1 mm. O diâmetro médio dos grânulos para a fracção granulométrica 0,5 < dp < 1,0 mm é 0,9 mm. A única variável desconhecida é Dh, sendo o seu valor determinado pela minimização do somatório dos quadrados dos resíduos entre os pontos experimentais e os valores calculados pelo modelo. O ajuste dos pontos experimentais, obtidos para a adsorção nos grânulos, ao modelo de transferência de massa, mostra que, considerando as partículas com forma esférica, se obtêm valores de Dh na ordem de 10-5 cm2 s-1 para o chumbo, superiores ao coeficiente de difusão do ião metálico em solução aquosa (9,3×10-6 cm2 s-1), o que é impossível. Considerando que a difusão ocorre essencialmente no componente activo do biossorvente, as partículas de alga, os valores de difusividade homogénea são da ordem de 10-8 cm2 s-1, semelhantes aos valores obtidos para os outros dois biossorventes. Deste modo, no estudo da transferência de massa, considerou-se, então, apenas a difusão no componente activo presente no interior dos grânulos, imobilizado por uma camada fina de poliacrilonitrilo, e despreza-se a sua resistência à transferência de massa. Como os grânulos apresentam uma elevada porosidade, a resistência à transferência de massa dos iões metálicos, desde a solução até à superfície do componente activo, pode ser considerada desprezável, isto é, pode dizer-se que a camada externa, que reveste os grânulos, se torna “invisível” para os iões metálicos. As curvas previstas pelo modelo de difusão homogénea para diferentes concentrações iniciais de chumbo e para os três biossorventes são apresentadas na Figura VIII.51. 278 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 45 25 35 qt (mg Pb / g resíduo) qt (mg Pb / g Gelidium) 40 30 25 20 15 Cini = 104 mg/l 10 20 30 40 50 Cini = 98 mg/l Cini = 42 mg/l 0 0 10 10 Cini = 29 mg/l Cini = 33 mg/l 0 15 5 Cini = 54 mg/l 5 20 0 60 10 20 30 40 Tempo (min) Tempo (min) qt (mg Pb / g grânulos) 20 15 10 Cini = 95 mg/l 5 Cini = 42 mg/l Cini = 30 mg/l 0 0 10 20 30 40 50 60 Tempo (min) Figura VIII.51 Perfis de concentração de chumbo vs. tempo simuladas para diferentes concentrações iniciais. (----) Modelo LDF; (___) Modelo de difusão homogénea. À medida que a concentração inicial de chumbo diminui, aumenta o tempo de difusão ( τd ) dos iões nas partículas, diminuindo o valor de Dh ( D h = L2 τ d ) (Tabela VIII.22). No resíduo, os valores da difusividade homogénea e do tempo de difusão mantêm-se constantes, no intervalo de concentrações iniciais de chumbo seleccionadas, o que sugere que, neste adsorvente, a resistência à transferência de massa interna é muito baixa. O aumento da concentração inicial aumenta o gradiente de concentração, diminuindo a resistência à difusão e o tempo de difusão. 279 50 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Tabela VIII.22 Parâmetros dos modelos LDF e modelo de difusão homogénea para partículas em forma de placa plana, para diferentes concentrações iniciais, Cini, de chumbo. Biossorvente Gelidium Resíduo Grânulos Modelo LDF Cini (mg l-1) kp × ap Modelo Difusão Homogénea τd τd (min ) (min) (min) Dh (cm2 s-1) 104 0,17 18 17,5 2,4×10-8 54 0,12 25 30 1,4×10-8 33 0,06 50 65 6,4×10-9 98 0,39 7,7 8 5,2×10-8 42 0,38 7,9 7 6,0×10-8 29 0,38 7,9 7 6,0×10-8 95 0,25 12 13 3,2×10-8 42 0,15 20 21 2,0×10-8 30 0,10 30 29 1,4×10-8 -1 Dh (cm2 s-1) 3,4×10-8 5,7×10-8 2,2×10-8 Os valores médios de Dh, na gama de concentrações iniciais estudadas, são cerca de 160-420 vezes inferiores ao coeficiente de difusão do ião Pb(II) em solução aquosa (DPb = 9,3×10-6 cm2 s-1), porque as partículas porosas oferecem uma certa resistência à passagem dos iões. Os valores de Dh aumentam na seguinte ordem: grânulos < Gelidium < resíduo, o que sugere que a cinética de biossorção do chumbo no resíduo é mais rápida do que na alga Gelidium e nos grânulos. Os grânulos apresentam uma maior resistência à transferência de massa devido à aglomeração do componente activo, que cria uma resistência à difusão nos espaços dentro dos grânulos (poros), relativamente ao resíduo, que não sofre qualquer tratamento. A alga Gelidium apresenta maior resistência à transferência de massa do que o resíduo, devido à sua maior capacidade de biossorção, maior quantidade de centros activos com diferentes afinidades e porosidade inferior à do resíduo. Os perfis de concentração dentro da partícula para diferentes valores de tempo adimensional, t τ d , e para os dois valores extremos de concentração são apresentados na Figura VIII.52. A concentração de chumbo dentro da partícula segue um perfil parabólico para valores baixos de ( t τ d ) e um perfil linear perto do equilíbrio. A concentração média dentro da partícula, y , dada pelo modelo de difusão homogénea, é inicialmente muito diferente da concentração do chumbo, y, mas à medida que t τ d aumenta, as duas linhas convergem para o mesmo valor de equilíbrio. Comparando os perfis de concentração dentro da partícula, para os dois valores de concentração inicial (Gelidium – Figuras VIII.52 (a) e (d); Resíduo – Figuras VIII.52 (b) e (e); e Grânulos – Figuras VIII.52 (c) e (f)), verifica-se que y diminui com a Cini, diminuindo o 280 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO valor da concentração de equilíbrio, o que resulta numa menor capacidade de biossorção do chumbo pelos biossorventes. Se se considerar uma concentração média dentro da partícula, em vez do perfil de concentração do modelo de difusão homogénea, obtém-se a lei cinética definida pela equação (V.34) e descrita como modelo da força directriz linear (Linear Driving Force – LDF). Na Figura VIII.51 representam-se os ajustes dos pontos experimentais aos dois modelos de transferência de massa, para três concentrações iniciais diferentes de chumbo. Os dois modelos ajustam bem os pontos experimentais e os parâmetros obtidos são apresentados na Tabela VIII.22. Os tempos de difusão, τ d , diminuem à medida que a concentração inicial aumenta, devido ao maior gradiente de concentração que resulta numa diminuição das resistências à transferência de massa ( k p a p ). Os valores de τ d , obtidos pelos dois modelos, são praticamente iguais, o que se traduz em valores de difusividade homogénea (Dh) semelhantes. Analisando a Figura VIII.52, verifica-se que a concentração média dada pelo modelo LDF é inferior à dada pelo modelo de difusão homogénea para valores de t τ d baixos mas, à medida que t τ d aumenta, as concentrações médias dentro da partícula são praticamente iguais até se atingir o equilíbrio. A lei cinética usada no modelo LDF (equação (V.34)) é semelhante à do modelo cinético de pseudo-primeira ordem de Lagergren (equação (IV.30)). Os valores das constantes cinéticas, k 1,ads (Tabela D.1), são da mesma ordem de grandeza dos valores de k p a p (Tabela VIII.22), o que valida os pressupostos assumidos no modelo de transferência de massa. 281 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO (a) (d) 0.5 0.5 0.9 0.9 0.45 0.45 0.8 0.8 0.4 0.4 0.7 0.35 0.35 0.6 0.6 0.3 0.3 0.5 0.5 0.25 0.25 0.5 0.3 t/τ d 0.16 0.2 0.1 0.04 0 0 0.2 0.4 0.6 0.4 0.2 0.3 0.15 0.2 0.1 0.1 0.05 0 0.8 0.5 0.16 1 0 0.2 0.4 0.6 x =z /L 0 0.8 1 (e) 1 0.5 0.5 0.9 0.45 0.45 0.8 0.4 0.4 0.35 1 0.9 0.8 0.35 0.6 0.5 0.5 0.3 0.25 1.2 <y> 0.4 0.2 0.1 0 0 0.2 0.4 0.6 x =z /L 0.16 0 1 0.1 0.05 0.05 0 0 0.15 t/τ d 0.05 0.1 0.8 0.5 0.1 0.2 0.05 0.2 0.15 0.3 t/τ d 0.16 0.3 0.25 1.2 0.2 0.4 0.5 0.3 y 0.7 0.6 0.7 0.2 0.4 0.6 0 0.8 1 x =z /L (c) (f) 0.9 0.8 0.7 0.6 0.6 0.5 0.4 0.3 t/τ d 0.1 0.2 0.1 0.03 0 0.2 0.4 0.6 0.8 x =z /L Figura VIII.52 0.9 0.9 0.8 0.8 0.8 0.7 0.7 0.6 0.6 0.6 0.5 0.5 0.4 0.4 0.3 0.3 0.2 0.2 0.1 0.1 0 1 1 0.9 0.5 0.3 0 1 1 1.0 <y> 1 y y 0.1 0.05 <y> (b) t/τ d 0.04 0 x =z /L y 0.2 0.15 1.0 0.7 0.6 0.4 0.3 0.3 t/τ d 0.1 0.2 0.1 0.03 0 0 0.2 0.4 0.6 x =z /L <y> y 0.4 1.2 <y> 1.2 0.7 y 1 <y> 1 0.8 0 1 Perfis de concentração de chumbo na fase sólida para diferentes t /τ d. (____) – Modelo de difusão homogénea (y); (____) – Modelo de difusão homogénea (<y>); (----) – Modelo LDF (<y>). (a) e (d) – Alga Gelidium; (b) e (e) – Resíduo; (c) e (f) – Grânulos. (a), (b) e (c) - Cini ≈ 100 mg l-1; (d), (e) e (f) – Cini ≈ 30 mg l-1. 282 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO VIII.5.1.2 Influência do pH A influência do pH na cinética de biossorção foi estudada na secção VIII.1.2, através dos modelos cinéticos de pseudo-primeira e segunda ordem. Os modelos de Langmuir e Langmuir-Freundlich foram usados para estudar o equilíbrio de biossorção na secção VIII.2.1. Os parâmetros da equação de Langmuir, para cada valor de pH da solução, para cada metal e para cada biossorvente, foram usados na simulação dos resultados experimentais pelos dois modelos de transferência de massa. Na Tabela VIII.23 são apresentados os valores dos parâmetros destes modelos para os iões Cu(II), Pb(II), Cd(II), Zn(II) e Cr(III), a diferentes valores de pH e para os três biossorventes. As curvas de ajuste são apresentadas nas Figuras VIII.53 e VIII.54, verificando-se que ambos os modelos descrevem bem os resultados experimentais, com um desvio inferior a 5%. A diminuição do pH provoca um aumento da competição entre os iões metálicos e os protões para os sítios activos presentes nos biossorventes. Esta competição reduz a capacidade de biossorção dos iões metálicos, aumentando a protonação dos biossorventes. Como os protões têm uma mobilidade cerca de 10 vezes maior (Dm = 9,2×10-5 cm2 s-1) que os iões metálicos, para valores baixos de pH, em que a concentração de protões é muito superior à concentração de iões metálicos, a difusão destes torna-se muito reduzida. De uma forma geral, verifica-se que à medida que o pH diminui, os valores das difusividades homogéneas apresentados na Tabela VIII.23 diminuem, ainda que essa diminuição não seja significativa, talvez devido à diminuição do número de sítios activos livres. Os valores da difusividade homogénea dos iões metálicos seguem a ordem: grânulos < Gelidium < resíduo. O coeficiente de difusão dos iões metálicos em solução aquosa pode ser calculado pela expressão de Nernst-Haskell (equação (V.80)), sendo os valores obtidos apresentados na Tabela VIII.25. Os coeficientes de difusão dos metais nos biossorventes são cerca de 72-665 vezes inferiores aos valores em solução aquosa. Em geral, a difusão ocorre mais rapidamente na fase líquida do que num material poroso, como é o caso dos biossorventes. Os polissacarídeos presentes na estrutura dos biossorventes, e responsáveis pela ligação dos iões metálicos, estão presentes na forma de um gel na parede celular, apresentam uma elevada porosidade e são facilmente permeáveis pelas espécies iónicas (Yang, 1999). A mobilidade dos iões metálicos no gel (fase densa) pode ser reduzida pela fricção mecânica ou interacção com as moléculas da parede celular. Para além disto, na presença do biossorvente, os iões metálicos podem formar complexos em solução aquosa com espécies orgânicas dessorvidas. Devido ao aumento do tamanho, a espécie complexa difunde- 283 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO se mais lentamente que o metal simples, podendo até não conseguir entrar nos poros do biossorvente. Tabela VIII.23 Parâmetro dos modelo LDF e modelo de difusão homogénea para partículas em forma de placa plana: efeito da variação do pH. Biossorvente Metal Cini (mg l-1) Modelo LDF pH kp × ap -1 Cu Pb Gelidium Cd Zn Cr Cu Resíduo Pb Cd Zn Cr Cu Pb Grânulos Cd Zn Cr 284 Modelo Difusão Homogénea τd τd (min) (min) Dh (cm2 s-1) 12 15 15 18 9.1 10 9,1 9,1 8,6 8,6 12 12 13 15 17,5 9 10 9 9 8,6 8,6 10 3,5×10-8 3,2×10-8 2,8×10-8 2,4×10-8 4,6×10-8 4,2×10-8 4,6×10-8 4,6×10-8 4,8×10-8 4,8×10-8 4,2×10-8 95 94 94 104 106 106 100 95 84 85 100 5,3 4,0 3,0 5,3 4,0 3,0 6,5 5,3 4,0 5,3 5,3 (min ) 0,25 0,20 0,20 0,17 0,33 0,30 0,33 0,33 0,35 0,35 0,25 98 5,3 0,50 6,0 6,0 6,9×10-8 94 4,0 0,30 10 10 4,2×10-8 94 3,0 0,18 16,7 16,7 2,5×10-8 98 5,3 0,39 7,7 8 5,2×10-8 112 4,0 0,45 6,7 7 6,0×10-8 106 100 93 82 81 97 3,0 6,5 5,3 4,0 5,3 5,3 0,6 0,75 1,50 0,65 0,7 0,60 5,0 4,0 2,0 4,6 4,3 5 5 4 2 5,5 4,3 5 8,3×10-8 1,1×10-7 2,1×10-7 7,6×10-8 9,7×10-8 8,3×10-8 94 5,3 0,18 16,7 16,7 2,5×10-8 94 4,0 0,16 19 19 2,2×10-8 94 95 100 98 78 90 78 80 94 3,0 5,3 4,0 3,0 6,5 5,3 4,0 5,3 5,3 0,15 0,25 0,20 0,11 0,30 0,35 0,30 0,45 0,10 20 12 15 27,3 10 8,6 10 6,7 30 20 13 15 27 10 8,6 10 6,7 30 2,1×10-8 3,2×10-8 2,8×10-8 1,5×10-8 4,2×10-8 4,8×10-8 4,2×10-8 6,2×10-8 1,4×10-8 Dh (cm2 s-1) 3,2×10-8 3,7×10-8 4,7×10-8 4,8×10-8 4,2×10-8 4,5×10-8 6,5×10-8 1,3×10-7 9,7×10-8 8,3×10-8 2,3×10-8 2,5×10-8 4,4×10-8 6,2×10-8 1,4×10-8 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 45 20 pH=5.3 15 qt (mg Pb / g Gelidium) qt (mg Cu / g Gelidium) 40 pH=4 pH=3 10 5 35 30 25 20 15 pH=5.3 10 pH=4 5 pH=3 0 0 0 10 20 30 40 0 50 10 20 30 40 50 60 Tempo (min) Tempo (min) 30 25 10 pH=5.3 qt (mg Pb / g resíduo) qt (mg Cu / g resíduo) 12 pH=4 8 pH=3 6 4 20 pH=5.3 pH=4 15 pH=3 10 5 2 0 0 0 10 20 30 0 40 10 20 30 40 Tempo (min) Tempo (min) 12 20 pH=5.3 8 qt (mg Pb / g grânulos) qt (mg Cu / g grânulos) 10 pH=4 pH=3 6 4 2 15 pH=5.3 pH=4 10 pH=3 5 0 0 0 10 20 30 40 50 60 0 Tempo(min) Figura VIII.53 10 20 30 40 50 Tempo (min) Perfis de concentração de cobre e chumbo vs. tempo, simulados para diferentes valores de pH. (----) Modelo LDF; (____) Modelo de difusão homogénea. 285 60 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 18 10 qt (mg Zn / g biossorvente) qt (mg Cd / g Gelidium) 16 14 12 10 8 pH=6.5 6 pH=5.3 4 pH=4 8 6 4 Gelidium 2 Resíduo 2 Grânulos 0 0 0 10 20 30 40 0 50 10 20 30 40 50 Tempo (min) Tempo (min) 12 10 qt (mg Cr / biossorvente) qt (mg Cd / g resíduo) 10 8 6 4 pH=6.5 pH=5.3 2 8 6 Gelidium 4 Resíduo 2 Grânulos pH=4 0 0 0 10 20 30 0 40 10 20 30 40 50 60 Tempo (min) Tempo (min) qt (mg Cd / g grânulos) 8 6 4 pH=6.5 2 pH=5.3 pH=4 0 0 10 20 30 40 50 60 Tempo (min) Figura VIII.54 Perfis de concentração de cádmio, crómio e zinco vs. tempo, simulados para diferentes valores de pH. (----) Modelo LDF; (____) Modelo de difusão homogénea. 286 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO (d) 0.5 0.5 0.3 0.2 t/τ d 0.1 0.04 0 0.2 0.4 0.5 0.5 0.4 0.4 0.3 0.16 0 0.6 0.6 0.5 0.4 0.5 0.3 0.2 0.2 0.1 0.1 0.04 0.2 0.6 0 0.8 1 (e) 0.8 0.7 0.7 0.6 0.6 0.5 0.5 0.5 0.4 0.4 0.3 0.6 y 1.2 <y> 0.8 0.3 t/τ d 0.16 0.2 0.04 0 0.2 0.4 0.6 0.4 0.4 0.3 0.3 0.5 0.1 0.04 0 1 0.2 t/τ d 0.16 0 0 0.8 0.5 0.1 0.1 0 0.5 0.2 0.2 0.1 0.6 1.2 0.2 0.4 0.6 <y> (b) y 0.4 x =z /L x =z /L 0 0.8 1 x =z /L x =z /L (c) (f) 1 1 1.2 0.7 0.7 0.6 0.5 0.6 0.5 0.5 0.4 0.4 0.3 0.16 0.2 0.1 0.3 t/τ d 0.2 0.1 0.04 0 0 0.2 0.4 0.6 x =z /L Figura VIII.55 0 0.8 1 0.6 1.2 0.5 0.8 0.5 0.4 y 0.8 0.6 0.9 <y> 0.9 y 0.2 t/τ d 0.1 0 1 0.3 0.16 0 0 0.8 0.6 1.2 0.4 0.3 0.3 0.5 0.2 0.1 0.2 t/τ d 0.16 0.1 0.04 0 0 0.2 0.4 0.6 <y> y 0.4 0.6 y 1.2 <y> 0.6 <y> (a) 0.8 0 1 x =z /L Perfis de concentração do cobre na fase sólida para diferentes t /τ d. (____) – Modelo de difusão homogénea (y); (____) – Modelo de difusão homogénea (<y>); (----) – Modelo LDF (<y>). (a) e (d) – Alga Gelidium; (b) e (e) – Resíduo; (c) e (f) – Grânulos. (a), (b) e (c) – pH = 5,3; (d), (e) e (f) – pH = 3. Os perfis de concentração do cobre na fase sólida (Figura VIII.55), tal como os referentes à biossorção do chumbo, apresentam uma forma parabólica para valores de t τ d baixos. Perto 287 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO do equilíbrio a concentração torna-se constante em toda a partícula. Os perfis da concentração na fase sólida, para pH = 5,3 e pH = 3, são semelhantes. Para valores de t τ d baixos, a concentração média adimensional na fase sólida, dada pelo modelo LDF, é inferior à obtida pelo modelo de difusão homogénea. No entanto, tal como para os iões Pb(II), para valores de t τ d perto do equilíbrio, as duas concentrações são praticamente iguais. VIII.5.2 Biossorção Multicomponente O equilíbrio de biossorção de sistemas binários foi estudado na secção VIII.4, tendo-se desenvolvido dois modelos de equilíbrio multicomponente para ajustar os dados experimentais. Na modelação da cinética de biossorção destes sistemas binários utilizou-se o modelo de equilíbrio discreto, por envolver uma equação mais simples, evitando os problemas de optimização do modelo de transferência de massa. O modelo está descrito no capítulo V, secção V.2.3 e considera uma difusão homogénea dos iões metálicos através do biossorvente. As cinéticas de biossorção foram estudadas a pH constante (pH = 5,3), pelo que o modelo de equilíbrio, pode ser simplificado para: q M1 = Q max K 1 C M1 K 1 C M1 + K 2 C M 2 (VIII.16) ou q M2 = Q max K 2 C M 2 K 1 C M1 + K 2 C M 2 (VIII.17) em que, Ki = K Mi 1 + K HCH (VIII.18) Os valores de Ki dependem das constantes de afinidade do ião metálico ( K M1 ou K M 2 ) e do protão ( K H ) e da concentração do protão ( C H = 10 − pH ). Os resultados obtidos para cada sistema encontram-se na Tabela VIII.24, assim como os valores da difusividade homogénea de cada ião metálico em cada sistema. O modelo de transferência de massa descreve bem os resultados experimentais, como se pode verificar nas Figuras VIII.56 e VIII.57. Trujillo et al. 288 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO (1991) apresentam um modelo de transferência de massa multicomponente, que considera uma resistência à difusão no filme e nos poros, para descrever a adsorção de iões metálicos no musgo sphagnum. O equilíbrio também foi descrito pela isotérmica de Langmuir multicomponente. Verifica-se que, em todos os sistemas, o ião Pb(II) tem maior afinidade para os sítios activos. Apesar da concentração molar inicial de chumbo ser menor do que a de cádmio e zinco, a quantidade biossorvida de Pb é sempre maior, devido à elevada afinidade do chumbo pelos sítios activos do biossorvente. No sistema Cu2+/Pb2+, apesar da afinidade do chumbo pelos sítios activos ser maior do que a do cobre, a capacidade de biossorção do cobre é superior, porque a concentração inicial do cobre é tripla da do chumbo. As constantes de afinidade são valores médios: sempre que, a concentração inicial de metal é maior, ele distribui-se por maior número de sítios, incluíndo sítios de menor afinidade, pelo que a constante de afinidade resultante é inferior. No sistema Cd2+/Zn2+, onde a afinidade do cádmio é aproximadamente 1,5 vezes superior à do zinco e a concentração inicial de zinco é 1,6 vezes superior à do cádmio, a razão molar das concentrações sobrepõe-se à razão das afinidades. Ou seja, para concentrações elevadas dos iões Cu(II) e Zn(II), face às concentrações baixas de Pb(II) e Cd(II), estes últimos não têm a capacidade de dessorver os primeiros. De uma forma geral, os valores da difusividade homogénea dos iões metálicos nos sistemas binários são superiores aos determinados nos sistemas simples (Tabela VIII.25). Isto acontece porque a soma das concentrações molares iniciais dos iões metálicos nos sistemas binários é superior à concentração inicial nos sistemas simples e, consequentemente, o gradiente de concentração é superior nos sistemas binários, diminuindo a resistência à transferência de massa e aumentando a difusividade homogénea dos iões metálicos (diminuição do tempo de equilíbrio). 289 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Tabela VIII.24 Parâmetros do modelo de difusão homogénea multicomponente para partículas em forma de placa plana, para pH = 5,3 e quatro sistemas binários diferentes. Biossorvente Sistema Pb2+ / Cu2+ Pb2+ / Cd2+ Gelidium Pb2+ / Zn2+ Cd2+ / Zn2+ Pb2+ / Cu2+ Pb2+ / Cd2+ Resíduo Pb2+ / Zn2+ Cd2+ / Zn2+ Pb2+ / Cu2+ Pb2+ / Cd2+ Grânulos Pb2+ / Zn2+ Cd2+ / Zn2+ Tabela VIII.25 D h ×10-8 (cm2 s-1)** Dm×10-6 (cm2 s-1) Ki τd (l mmol-1) 3,20 3,5 1,2×10-7 Cu2+ 1,55 1,46 1,5 2,8×10-7 Pb2+ 0,501 9,0 14 3,0×10-8 Cd2+ 0,801 1,37 4 1,0×10-7 Pb2+ 0,521 7,31 14 3,0×10-8 Zn2+ 1,41 0,74 5 8,3×10-8 Cd2+ 0,854 1,53 6 6,9×10-8 Zn2+ 1,35 0,99 6 6,9×10-8 Pb2+ 0,483 4,58 2,5 1,7×10-7 Cu2+ 1,54 2,24 3,0 1,4×10-7 Pb2+ 0,434 8,79 2,0 2,1×10-7 Cd2+ 0,854 1,19 14 3,0×10-8 Pb2+ 0,49 7,60 8 5,2×10-8 Zn2+ 1,39 0,59 1,5 2,8×10-7 Cd2+ 0,810 1,22 5 8,3×10-8 Zn2+ 1,27 0,79 4 1,0×10-7 Pb2+ 0,475 10,8 5 8,3×10-8 Cu2+ 1,53 4,93 6 6,9×10-8 Pb2+ 0,420 26,6 8 5,2×10-8 Cd2+ 0,805 2,21 6 6,9×10-8 Pb2+ 0,463 26,6 8 5,2×10-8 Zn2+ 1,42 2,21 6 6,9×10-8 Cd2+ 0,805 3,70 14 3,0×10-8 Zn2+ 1,27 3,38 6 6,9×10-8 Valores médios da difusividade homogénea dos iões metálicos nos três biossorventes. 28 6,0 8,8 7,6 ---- 14 14 5,7 19 --- 3,2 3,7 4,7 4,8 4,2 4,5 6,5 13 9,7 8,3 7,2 9,3 7,1 6,9 5,9 2+ * 290 Dh (cm2 s-1) 0,516 Cr 2+ (min) Pb2+ Gelidium Pb Cd2+ Zn2+ Cu D h ×10-8 (cm2 s-1)* Cini (mmol l-1) Catião Modelo Difusão Homogénea 3+ Cu 2+ Pb 2+ Resíduo Cd2+ Zn2+ sistema binário; ** sistema simples Cr 3+ Grânulos Pb Cd2+ Zn2+ Cr3+ 6,9 6,3 5,0 6,9 ---- 2,3 2,5 4,4 6,2 1,4 Cu 2+ 2+ RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO (a) (d) 0.14 0.2 0.12 qt (mmol/g) qt (mmol/g) 0.15 0.1 Cu Pb 0.05 0.1 0.08 0.06 Cd 0.04 Pb 0.02 0 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 0 50 55 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 Tempo (min) Tempo (min) (b) (e) 0.12 0.12 0.1 0.1 0.08 qt (mmol/g) qt (mmol/g) 0.14 0.08 0.06 Cu 0.04 0.04 Cd 0.02 Pb 0.02 0.06 Pb 0 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 55 5 10 20 25 30 35 40 45 50 45 50 55 Tempo (min) Tempo (min) (c) 15 (f) 0.1 0.09 0.09 0.08 0.08 0.07 qt (mmol/g) qt (mmol/g) 0.07 0.06 0.05 0.04 0.03 Cu 0.02 Pb 0.06 Cd 0.05 Pb 0.04 0.03 0.02 0.01 0.01 0 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Tempo (min) Figura VIII.56 45 50 55 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Tempo (min) Perfis de concentração para os sistemas Cu2+/Pb2+ e Pb2+/Cd2+ vs. tempo, simulados para pH = 5,3. a, d – Gelidium; b, e – Resíduo; c, f – Grânulos. (____) Modelo de difusão homogénea. 291 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO (a) (d) 0.14 0.1 0.12 0.08 qt (mmol/g) qt (mmol/g) 0.1 0.08 0.06 0.06 Cd 0.04 Zn Zn 0.04 0.02 Pb 0.02 0 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 0 45 50 55 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 35 40 45 50 Tempo (min) Tempo (min) (b) (e) 0.07 0.12 0.06 0.05 0.08 qt (mmol/g) qt (mmol/g) 0.1 Zn 0.06 Pb 0.04 0.04 0.02 0.02 0.01 0 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Cd 0.03 Zn 0 50 55 5 10 15 20 25 30 Tempo (min) Tempo (min) (c) (f) 0.08 0.06 0.07 0.05 Zn 0.05 qt (mmol/g) qt (mmol/g) 0.06 Pb 0.04 0.03 0.04 0.03 0.02 Cd 0.02 Zn 0.01 0.01 0 0 0 5 10 15 20 25 30 35 Tempo (min) Figura VIII.57 40 45 50 55 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Tempo (min) Perfis de concentração para os sistemas Pb2+ / Zn2+ e Cd2+ / Zn2+ vs. tempo, simulados para pH = 5,3. a, d – Gelidium; b, e – Resíduo; c, f – Grânulos. (____) Modelo de difusão homogénea. 292 50 55 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO VIII.5.3 Dessorção Estudou-se a influência do tempo de contacto entre a solução de eluente e a biomassa saturada com cobre, na cinética de dessorção. Os resultados obtidos são apresentados na Figura VIII.58. Verifica-se que a dessorção dos iões Cu(II) é rápida, ocorrendo praticamente nos primeiros 10 e 4 minutos, usando HNO3 0,1 M, e 30, 8 e 15 minutos usando Na2EDTA 2 mM, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. A velocidade de dessorção é maior com HNO3 do que com Na2EDTA. Este resultado pode ser atribuído à diferença de concentrações dos dois eluentes, uma vez que maior concentração dá origem a maior força directriz capaz de ultrapassar as resistências à transferência de massa. A eficiência de eluição é aproximadamente a mesma para os dois eluentes, 97%, 100% e 83%, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. Chu e Hashim (2001) estudaram a dessorção do cobre da alga Sargassum baccularia, imobilizada em grânulos, usando uma solução de HCl. Aproximadamente 91% do cobre inicialmente adsorvido foi libertado com uma solução de HCl a pH 1,0 depois de um tempo de contacto de 40 min. A cinética de dessorção do Cr(VI) com os eluentes HCl, H2SO4 e EDTA é lenta, atingindo uma eficiência máxima ao fim de 7 horas (Amorim et al., 2003). Kratochvil et al. (1998) mostraram que a alga Sargassum é um bom biossorvente de Cr(VI) a pH = 2. Apenas 40% e 70% do Cr(VI) ligado à biomassa a pH 2 foi dessorvido com H2SO4 0,2 M, por redução a Cr(III), depois de 2 h e 24 h de contacto, respectivamente. Os valores das constantes de selectividade entre o ião cobre e os protões determinados na secção VIII.3 foram usados no modelo de transferência de massa para a eluição do cobre, com o eluente HNO3 a pH = 1 (apresentado na secção V.2.4). Todos os parâmetros do modelo são conhecidos, excepto o valor da difusividade homogénea do ião metálico (equação (V.55)) que foi obtido minimizando o somatório do quadrado dos resíduos entre os valores experimentais e os valores calculados pelo modelo (Tabela VIII.26). Verifica-se que estes valores são muito similares aos valores encontrados no processo de biossorção. No caso da dessorção de Cu(II) dos grânulos, o modelo de equilíbrio, dado pela lei de acção de massas, prevê que, para pH próximos de 1, a dessorção é completa, o que não acontece como se pode verificar na Figura VIII.59. O problema foi solucionado adicionando uma constante q’ ao modelo de equilíbrio. O valor de q’ obtido foi 0,02 mmol g-1 e representa o valor residual de iões Cu(II) na fase sólida a pH = 1. Com este valor os dados experimentais foram bem correlacionados pelo 293 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO modelo de transferência de massa. O declive da isotérmica de equilíbrio linear de biossorção (último parâmetro da Tabela VIII.26), dado pela equação (V.52), indica que a velocidade de dessorção do cobre aumenta na seguinte ordem: grânulos < resíduo < Gelidium, sendo mais fácil dessorver os iões da alga Gelidium do que do resíduo e dos grânulos. Tempo (min) 10 8 6 2 0 16 0.1 M HNO3 (Gelidium) 2 mM EDTA (Gelidium) 0.1 M HNO3 (grânulos) 2 mM EDTA (grânulos) 0.1 M HNO3 (resíduo) 2 mM EDTA (resíduo) 20 18 16 14 14 12 10 12 8 10 6 8 6 < q > (mg Cu / g) 22 < q > (mg Cu / g) 4 4 4 2 2 0 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Tempo (min) Figura VIII.58 Cinética de dessorção do cobre dos três biossorventes utilizando HNO3 0,1 M e EDTA 2 mM. Alga Gelidium e grânulos representados nos eixos principais e resíduo, nos eixos secundários. Tabela VIII.26 Parâmetros do modelo de transferência de massa na eluição. Biossorvente Eluente K Cu H Gelidium HNO3 Resíduo Grânulos 294 (min) (cm s ) (mmol g-1) K Cu H Q max (g l-1) CH 0,93 5 8,3×10-8 0,35 0,0034 HNO3 1,0 2 2,1×10-7 0,25 0,0023 HNO3 1,1 2 2,1×10-7 0,14 0,0013 τd Dh 2 -1 q Mo RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO 50 45 <q> (mg Cu / g grânulos) 35 C t (mg Cu / l) Gelidium 20 40 30 Gelidium Resíduo Grânulos 25 20 15 10 Resíduo Grânulos 16 12 8 4 5 0 0 0 5 10 15 20 Tempo (min) Figura VIII.59 25 30 0 5 10 15 20 25 30 Tempo (min) Dessorção do cobre da biomassa saturada (alga Gelidium, resíduo e grânulos), usando como eluente HNO3 0,1 M. 295 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR FECHADO Referências Agrawal, A., Sahu, K. K., Pandey, B. D. Removal of Zinc from Aqueous Solutions Using Sea Nodule Residue. Colloids and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, 237, 133-140 (2004). Aksu, Z. Equilibrium and Kinetics Modelling of Cadmium(II) Biosorption by C. Vulgaris in a Batch System: Effect of Temperature. 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Resultados e Discussão: Ensaios em Adsorvedor de Cestos IX.1 Sistema Monocomponente Os ensaios em adsorvedor de cestos foram realizados usando a alga Gelidium e os grânulos como adsorventes. O resíduo não foi usado por conter partículas muito finas que eram arrastadas na corrente de saída, não se conseguindo manter constante a massa de adsorvente dentro do adsorvedor. No apêndice G são apresentados os dados operatórios das experiências realizadas em adsorvedor de cestos. As experiências efectuadas são referidas como ensaios 1 a 19. IX.1.1 Efeito da Velocidade de Agitação Com o objectivo de seleccionar as condições (velocidade de agitação e caudal) que conduzam a um regime hidrodinâmico perfeitamente agitado no adsorvedor, foram realizadas experiências sem adsorvente (solução de Cd) e com adsorvente (adsorção de Cu na alga Gelidium), a três velocidades de agitação diferentes. Do balanço material ao adsorvedor, sem biossorvente, para uma entrada em degrau de uma solução de concentração CE, obtém-se: RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS Q C E = Q C b + Vr dC b dt (IX.1) Integrando a equação (IX.1) entre t = 0 , Cb = 0 e t = t , Cb = Cb obtém-se: F(t ) = 1 − exp − 1 t τ ou ln[1 − F(t )] = − 1 t τ (IX.2) em que F(t ) = C b C E é a curva de Danckwerts, ou seja, é a resposta normalizada do reactor a uma entrada em degrau de concentração de soluto CE e Vr é o volume útil do adsorvedor. Para uma purga degrau obtém-se: 0 = Q C b + Vr dC b dt (IX.3) Integrando a equação (IX.3) entre t = 0 , Cb = C0 e t = t , Cb = Cb obtém-se: P(t ) = exp − 1 t τ ou ln[P(t )] = − 1 t τ (IX.4) em que P(t ) = C b C 0 = 1 − F(t ) é a resposta normalizada do reactor a uma purga degrau (CE = 0) e C0 corresponde à concentração inicial de cádmio existente no reactor após a entrada degrau (≈ CE). A Figura IX.1 representa a resposta do sistema a uma entrada em degrau, com concentração de cádmio de 22,2 mg l-1, e a uma purga degrau com água destilada. O caudal de alimentação foi de 35,5 ml min-1 e a velocidade de agitação de 270 rpm. O pH da solução à saída do reactor variou um pouco inicialmente, mas manteve-se constante ao longo da experiência. Considerou-se um atraso da medição da concentração à saída do reactor de 49 s e da medição do pH de 109 s. Representando os logaritmos de 1-F(t) e P(t), obtém-se duas linhas rectas com declive negativo, como se pode observar na Figura IX.2, o que indica que o reactor está em condições de perfeita agitação, não havendo volumes mortos nem caminhos preferenciais do soluto. Sendo assim, o tempo de residência média dos iões cádmio ( τ ) pode ser determinado pelo módulo do inverso do declive das duas curvas. Os valores obtidos, τ = 15,1 ± 0,3 min e τ = 15,3 ± 0,2 min, podem ser considerados idênticos, 302 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS tendo em conta o erro das determinações. O valor médio é τ = 15,2 ± 0,4 min e o volume útil 1 5.8 0.9 5.7 0.8 5.6 0.7 5.5 0.6 5.4 Entrada em degrau [F(t)] P urga Degrau [P (t)] pH 0.5 0.4 5.3 pH F (t) ou P (t) do reactor Vr = 540 cm 3 . 5.2 0.3 5.1 0.2 5 0.1 4.9 0 4.8 0 25 50 75 100 125 150 175 Tempo (min) Figura IX.1 Resposta normalizada a uma entrada em degrau de cádmio (CE = 22,2 mg l-1) e a uma purga degrau com água destilada. 1 1 ln [ P (t) ] = -0.0654 * t R2 = 0.995 1 - F (t) 0.1 P (t) P (t) 1 - F (t) 0.1 0.01 ln [ 1 - F (t) ] = -0.0663 * t R2 = 0.982 0.01 0 20 40 60 80 0.001 100 Tempo (min) Figura IX.2 Resposta linearizada a uma entrada em degrau e purga degrau. Para analisar o efeito da presença do sólido na transferência de massa realizaram-se três ensaios com a alga Gelidium, a três velocidades de agitação diferentes. Os resultados obtidos são apresentados na Figura IX.3 e indicam que, para as três velocidades de agitação estudadas, 100, 180 e 270 rpm, a resistência à transferência de massa externa (no filme) não foi eliminada, mas mantém-se constante para velocidades superiores a 180 rpm. Os resultados sugerem que, para eliminar a resistência à transferência de massa no filme, seria necessário 303 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS uma velocidade de agitação muito superior, o que não foi possível testar devido às limitações do sistema. 1 5.8 0.9 5.6 0.8 0.6 0.5 0.4 5.2 5 4.8 pH 0.7 C b / CE 5.4 100 rpm 180 rpm 270 rpm pH [100 rpm] pH [180 rpm] pH [270 rpm] 4.6 0.3 0.2 4.4 0.1 4.2 0 4 0 5 10 15 20 25 30 t/τ Figura IX.3 Comparação dos resultados experimentais (ensaios 1,2 e 3) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium a diferentes velocidades de rotação. Perfis de variação de pH para a biossorção do cobre. Esta resistência constante pode incluir uma resistência à transferência de massa provocada pela malha dos cestos do adsorvedor. A única forma de testar a existência desta resistência seria comparando os resultados obtidos com o adsorvente dentro dos cestos e com as partículas colocadas directamente no adsorvedor, usando um agitador tipo hélice. Neste último caso, não haveria garantia de as partículas manterem a sua dimensão inicial devido aos sucessivos choques com a hélice, podendo a estrutura dos grânulos ser alterada por destruição da película envolvente, que mantém o resíduo imobilizado. Assim, optou-se por trabalhar nas condições limites de agitação que o equipamento permite. Por outro lado, ainda poderá existir uma resistência adicional provocada pela elevada compactação do sólido nos cestos, porque o material não está distribuído homogeneamente pelo volume do adsorvedor. Os iões metálicos têm de se difundir pelo fluído interparticular até às partículas próximas do eixo central dos cestos. Para tentar descrever os resultados experimentais apresentou-se na secção V.5 um modelo matemático de transferência de massa, que inclui a resistência à transferência de massa no filme e na partícula, sendo o equilíbrio entre a concentração na fase sólida e na solução dado pela equação de Langmuir. Os parâmetros da isotérmica de Langmuir são os obtidos através 304 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS do modelo discreto, considerando o pH final da experiência (ver anexo G). Na Tabela IX.1 são apresentados os principais parâmetros usados na simulação. Foi considerado o valor médio da difusividade homogénea determinado em sistema fechado (Dh = 3,2×10-8 cm2 s-1). O único parâmetro desconhecido é o coeficiente de transferência de massa no filme, kf. Este parâmetro foi obtido pela minimização do somatório do quadrado dos resíduos entre os valores experimentais e os valores previstos pelo modelo matemático. Os resultados de simulação estão apresentados nas Figuras IX.4 e IX.5. 1 Qmax = 31 mg/g 0.9 0.8 Qmax = 44 mg/g C b / CE 0.7 0.6 Qmax = 50 mg/g 0.5 0.4 180 rpm 0.3 270 rpm 0.2 0.1 0 0 5 10 15 20 25 30 35 t/τ Figura IX.4 Resultados experimentais (ensaios 2 e 3) e curvas simuladas para a biossorção do cobre na alga Gelidium em adsorvedor de cestos a 180 rpm e 270 rpm. 1 0.9 C b / CE 0.8 Qmax = 31mg/g kf = 7.0×10-4 cm2/s 0.7 Qmax = 44 mg/g 0.6 kf = 7.0×10-4 cm2/s Qmax = 51 mg/g 0.5 kf = 7.0×10-4 cm2/s 0.4 Qmax = 44 mg/g 0.3 kf = 1.0×10-4 cm2/s 0.2 Qmax = 44 mg/g 0.1 kf = 3.0×10-4 cm2/s 100 rpm 0 0 5 10 15 20 25 30 35 t/τ Figura IX.5 Resultados experimentais (ensaio 1) e curvas simuladas para a biossorção do cobre na alga Gelidium em adsorvedor de cestos a 100 rpm. 305 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS Tabela IX.1 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção do cobre pela alga Gelidium), a diferentes velocidades de agitação. rpm 100 KM (l mg-1) 0,010 Qmax (mg g-1) ξp 31 4,80 44 7,75 51 8,93 44 180 e 270 0,010 7,75 51 8,93 31 4,21 44 7,65 ε kp kp ap -1 (cm s ) Dh kf -1 (cm s ) (cm s-1) 0,230 -8 7,0×10 -4 1,0×10 -3 3,0×10 -3 3,0×10 -3 (min ) 2 -1 Nd ξp Nd Nf 14,9 0,986 1,9×10 -5 3,2×10 3,46 26,8 1,8 30,9 0,986 1,9×10-5 0,987 -5 1,9×10 0,230 3,2×10-8 0,230 -8 3,2×10 50 8,67 -1 Gelidium: Qmax = 31 ± 2 mg g , KM = 0,010 ± 0,002 l mg-1 (pHAE = 4,4). 3,46 3,46 26,8 2,5 7,6 14,6 7,3 26,5 7,3 30,0 7,3 Com os valores da capacidade máxima da isotérmica de Langmuir (Qmax = 31 mg g-1), o modelo matemático não ajusta bem os resultados experimentais. Aumentando o valor da capacidade de adsorção cerca de 40% verifica-se que a curva teórica se aproxima dos resultados experimentais. Estes resultados mostram que a capacidade de adsorção dos iões Cu(II) pela alga Gelidium é maior em sistema contínuo do que no sistema fechado, o que nos indica que o equilíbrio foi subestimado. A quantidade adsorvida foi aproximadamente 12,3 mg Cu2+ g-1 alga Gelidium, o que corresponde a aproximadamente ao dobro do esperado utilizando a equação de Langmuir (5,9 mg Cu2+ g-1 alga Gelidium), para o pH de equilíbrio de 4,4. A biossorção dos iões metálicos pela alga Gelidium é acompanhada pela libertação de protões e de iões potássio, sódio, cálcio, magnésio e outros, devido ao mecanismo de permuta iónica. Verificou-se que cerca de 30% dos iões Cu(II) são adsorvidos por permuta com os protões, o que sugere que uma parte do metal adsorvido pode permutar com outros catiões. O aumento de pH que ocorre durante o processo em sistema fechado (com ou sem metal em solução) sugere que também há dessorção de espécies alcalinas, como iões carbonato. Em sistema fechado, quando o biossorvente entra em contacto com a solução aquosa, que contém o adsorvato, há dessorção de matéria orgânica da superfície para a solução, até que se atinja o equilíbrio entre a concentração de carbono orgânico em solução e na superfície. A quantidade de carbono orgânico dessorvido, por unidade de massa de biossorvente, foi de 13 mg g-1. Esta matéria orgânica dissolvida compete com a superfície das partículas para a 306 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS ligação dos iões metálicos, diminuindo a capacidade de biossorção. A interacção da matéria orgânica dissolvida com os iões metálicos tem sido estudada por vários autores (Grassi et al., 2000; Matsuo et al., 2005). Benedetti et al. (1996) concluíram que 50% do Cd e 99,99% do Cu se liga à matéria orgânica dissolvida, na presença de ácidos fúlvicos e húmicos. Grassi et al. (2000) verificaram que a adsorção de iões Cu(II) em Al2O3 modificada (adsorção de ácido húmico comercial à superfície de Al2O3) apresentava um decréscimo quando a concentração de matéria orgânica dissolvida aumentava e foi sempre mais elevada na região de pH neutro, diminuindo tanto para regiões mais baixas como mais altas de pH. Wang et al. (2003) estudaram a adsorção de iões Cd(II), Co(II), Cr(III), Cu(II), Ni(II), Pb(II) e Zn(II) por lamas activadas de uma estação de tratamento de águas de Baltimore. Verificaram que para valores baixos de pH e para pH neutro, o efeito da matéria orgânica dissolvida na adsorção dos iões metálicos é insignificante. Os biossorventes usados nas experiências em contínuo foram previamente mergulhados em água destilada, submetidos a vácuo com agitação, para remover o ar presente nos poros e a matéria orgânica de fácil dessorção. Para além disso, o adsorvedor compactado com o biossorvente, foi lavado com água destilada durante 2 horas antes do início da experiência. Com estes tratamentos espera-se que a concentração de matéria orgânica em solução, durante o processo de adsorção, seja muito baixa e não interfira no processo. As capacidades de adsorção determinadas, em sistema fechado, para a alga Gelidium, podem estar subestimadas devido, neste caso, à competição do ião metálico entre a matéria orgânica dissolvida e as superfícies. Nos grânulos, devido ao processo de imobilização do componente activo, a quantidade de matéria orgânica libertada para a solução é pequena e, por isso, a capacidade de adsorção dos iões metálicos, tanto em sistema contínuo como em sistema fechado, não é afectada por matéria orgânica dessorvida. As diferenças entre as capacidades de adsorção obtidas em sistema fechado e contínuo também podem ser devidas a erros associados aos valores dos parâmetros de equilíbrio, ao efeito da variação do pH dentro do adsorvedor (usou-se o pH final para determinar os parâmetros do equilíbrio pelo modelo discreto) e à heterogeneidade da alga Gelidium, colhida em diferentes épocas do ano e em diferentes locais. O valor do coeficiente de transferência de massa no filme, kf, pode ser determinado pelo “joelho” inicial da curva (Rodrigues e Beira, 1979) que representa a variação da concentração do cobre em solução ao longo do tempo (Figura IX.3). Como se pode verificar, para uma 307 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS velocidade de agitação de 100 rpm a altura do “joelho” corresponde a uma concentração adimensional de Cb/CE ≈ 0,42 e a 180 rpm Cb/CE ≈ 0,14, o que indica que a resistência à transferência de massa no filme da partícula é maior para velocidades de rotação mais baixas. Na Figura IX.5 as três curvas simuladas, considerando três valores diferentes de kf, confirmam que diminuindo o valor de kf, ou seja, aumentando a resistência à difusão no filme, a altura do “joelho” aumenta. O coeficiente de transferência de massa no filme pode ser estimado pelo número de Sherwood (equação (V.79)), que toma o valor de 2 para partículas esféricas, na ausência de movimento do fluído (Ruthven, 1984). Deste modo, o coeficiente de transferência de massa mínimo, na ausência de agitação, seria kf = 1,4×10-3 cm s-1 para a alga Gelidium (espessura = 0,1 mm), considerando o valor 7,2×10-6 cm s-1 para o coeficiente de difusividade do ião Cu(II) em solução aquosa. Este valor é aproximadamente duas vezes inferior ao determinado, para as velocidades de agitação de 180 e 270 rpm. Para a velocidade de agitação de 100 rpm verificase que o valor do coeficiente de transferência de massa no filme é metade do valor estimado na ausência de agitação. Isto pode significar a presença de outra resistência, talvez a resistência provocada pela malha dos cestos ou pela compactação da alga Gelidium, funcionando como uma partícula com 1 cm de espessura. Na Tabela IX.1 são apresentados os parâmetros que medem a resistência à difusão na partícula e no filme, ξ p N d e Nf, respectivamente. Os valores de Nf são inferiores aos valores de ξ p N d , indicando que a resistência no filme é maior do que a resistência na partícula, ou seja, que o passo controlante da biossorção é a difusão no filme. IX.1.2 Efeito do Caudal Para estudar a influência do caudal na biossorção, foram realizadas experiências de biossorção de Cu(II) nos grânulos a caudais de 35,5 ml min-1 e 24,0 ml min-1. As curvas que representam a evolução da concentração de cobre e dos protões à saída do adsorvedor em função do tempo (curvas de “breakthrough”) são apresentadas na Figura IX.6. Em termos macroscópicos, quando o caudal aumenta o tempo de residência médio do soluto diminui, aumentando a velocidade superficial e a inclinação da curva de “breakthrough”. Representando as respostas normalizadas em função do tempo adimensional verifica-se que os resultados obtidos para os dois caudais são representados por uma única curva. Isto indica que, no processo de biossorção em adsorvedor de cestos, o caudal apenas afecta o tempo necessário para atingir o 308 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS equilíbrio. Para caudais elevados, o tempo de residência médio diminui, diminuindo o tempo necessário à saturação do material. A quantidade de cobre biossorvida nas duas experiências foi de 0,641 mmol de Cu2+ (4,2 mg Cu2+ g-1 grânulos) libertando-se 0,21 mmol de H+ para a solução (aproximadamente 32% do valor de cobre biossorvido). O resultado está de acordo com o esperado pelo modelo de Langmuir (3,9 mg Cu2+ g-1 grânulos), o que indica que o adsorvente foi saturado. Neste caso, o modelo matemático ajusta bem os resultados experimentais como se pode ver na Figura IX.6. 1 6 0.9 5.8 0.8 5.6 Q = 24 ml/min 0.6 C b / CE 5.4 Q = 35.5 ml/min 5.2 0.5 pH (Q = 24 ml/min) 5 0.4 pH (Q = 35.5 ml/min) 4.8 0.3 4.6 0.2 4.4 0.1 4.2 0 pH 0.7 4 0 2 4 6 8 10 12 14 16 t/τ 1 0.9 0.8 0.7 C b / CE 0.6 Q=24 ml/min 0.5 Q=35.5 ml/min 0.4 Dh = 2.3E-8 cm2/s Dh = 6.0E-8 cm2/s 0.3 0.2 0.1 0 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 Tempo (min) Figura IX.6 Resultados experimentais (ensaios 10 e 11) e curvas simuladas para a biossorção do cobre nos grânulos em adsorvedor de cestos a dois caudais diferentes. Aumentando o valor de Dh para 6,0×10-8 cm2 s-1, a curva simulada ajusta melhor a curva experimental, principalmente na parte inicial. 309 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS O aumento do caudal de alimentação diminui a resistência no filme, aumentando os valores de kf. Neste caso, como a diferença entre os valores dos caudais é pequena, as resistências no filme para os dois ensaios são semelhantes (Tabela IX.2). Tabela IX.2 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção do cobre pelos grânulos), a diferentes caudais de alimentação. Q (ml min-1) KM (l mg-1) Qmax (mg g-1) ξp ε 24 0,019 11,2 2,7 0,926 35,5 0,017 11,2 2,7 0,926 kp kp ap -1 Dh kf 2 -1 (cm s ) -1 (min ) (cm s ) 1,4×10-5 0,166 2,3×10-8 -5 0,432 6,0×10 -8 1,4×10-5 0,166 2,3×10-8 3,6×10 -5 -8 (cm s-1) 6,0×10-3 5,0×10-3 Nd ξp Nd 3,45 9,7 9,00 25,3 2,33 6,5 3,6×10 6,08 17,1 0,432 6,0×10 -1 -1 -1 Grânulos: Qmax = 11,2 ± 0,6 mg g , KM = 0,017 ± 0,005 l mg (pHAE = 4,4), KM = 0,019 ± 0,005 l mg (pHAE = 4,5). A resistência à difusão no filme para os grânulos é inferior à obtida para a alga Gelidium (maior kf, Tabelas IX.1 e IX.2) devido à diferente compactação das partículas dentro dos cestos. No caso da alga Gelidium, porque o leito é mais compacto, existe um perfil de concentrações dentro do cesto mais acentuado, e essa resistência é incorporada na resistência no filme. Como os grânulos têm uma geometria esférica, o tipo de compactação permite uma maior fluidez do fluido entre as partículas, diminuindo essa resistência. Para os grânulos verifica-se que Nf > ξ p N d , ou seja, o passo limitante no processo de adsorção de Cu é a difusão na partícula. O valor de kf estimado na ausência de agitação (Sh = 2,0), considerando o diâmetro médio dos grânulos 0,9 mm, é 1,6×10-4 cm s-1, ou seja, cerca de 30 vezes inferior ao valor determinado pelo ajuste do modelo aos resultados experimentais. Isto indica que, apesar da resistência à transferência de massa no filme não ser totalmente eliminada, a agitação reduz a resistência cerca de 30 vezes. A redução é mais acentuada com os grânulos do que com a alga Gelidium, talvez devido à geometria das partículas e ao tipo de compactação do leito que torna os sítios activos mais acessíveis. IX.1.3 Efeito da Concentração de Pb(II) na Alimentação A influência da concentração da solução de alimentação (CE) no processo de biossorção do Pb, em sistema contínuo, foi analisada usando os grânulos como adsorvente. A Figura IX.7 mostra que o aumento da concentração da solução de alimentação faz diminuir o tempo 310 Nf 120,8 67,9 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS necessário à saturação dos grânulos. Neste caso, a quantidade adsorvida nas duas experiências foi aproximadamente 12 mg Pb2+ g-1 grânulos. 6.2 CE = 25.6 mg/l 0.9 Qmax = 16 mg/g 0.8 CE = 25.6 mg/l 0.7 Qmax = 20 mg/g 6 CE = 9.5 mg/l C b / CE 5.8 Qmax = 20 mg/g 0.6 CE = 25.6 mg/l 0.5 5.6 CE = 9.5 mg/l 0.4 pH (CE = 25.6 mg/l) 0.3 pH (CE = 9.5 mg/l) 0.2 Qmax = 25 mg/g 0 0 100 200 300 400 500 5.4 5.2 CE = 9.5 mg/l 0.1 pH 1 600 700 5 800 Tempo (min) Figura IX.7 Resultados experimentais (ensaios 12 e 14) em adsorvedor de cestos para duas concentrações de alimentação (CE) diferentes de chumbo. Perfis de variação de pH e as curvas simuladas da biossorção do chumbo nos grânulos. Para CE = 25,6 mg l-1 a quantidade de Pb adsorvida não atinge a capacidade máxima do adsorvente (15,9 mg g-1), o que indica que o tempo da experiência não foi suficiente para saturar o biossorvente. Se se diminuir o valor de Qmax para 16,0 mg g-1 (quantidade adsorvida em equilíbrio com CE é 12,7 mg g-1), a curva simulada descreve bem os resultados experimentais (Tabela IX.3). Pode significar também que a capacidade de adsorção em sistema fechado foi sobrestimada, como já discutido anteriormente. Tabela IX.3 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção do chumbo pela alga Gelidium e pelos grânulos) para duas concentrações de alimentação diferentes. CE (mg l-1) KM (l mg-1) 25,2a 0,045 0,16 0,045 9,5 b 0,15 Qmax (mg g-1) ξp ε 0,983 82 26,5 40,0 40,0 20 19,7 25 24,7 53,9 0,940 kp kp ap (cm s ) (min ) Dh (cm2 s-1) 2,2×10-5 0,27 3,7×10-8 2,2×10-5 0,27 2,5×10-8 2,2×10-5 0,27 2,5×10-8 -1 -1 kf (cm s-1) Nd ξp Nd Nf 6,0×10-3 4,0 105,4 159,4 159,4 18,7 2,6 51,2 2,6 64,2 2,0×10-3 21,6 16,0 10,5 27,3 0,917 1,5×10-5 0,18 2,5×10-8 1,0×10-3 2,5 15,1 20 13,9 35,2 ªGelidium: Qmax = 53,9 ± 0,7 mg g-1, KM = 0,045 ± 0,006 l mg-1 (pHAE = 4,8); bGrânulos: Qmax = 20 ± 2 mg g-1, KM = 0,15 ± 0,03 l mg-1 (pHAE = 5,2). 25,6b 0,15 311 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS Para CE = 9,5 mg l-1 a curva (Figura IX.7) apresenta um pequeno joelho inicial, provocado pela resistência à transferência de massa no filme. Após este aumento inicial da concentração à saída, durante algum tempo a concentração de chumbo mantém-se constante, apresentando depois um aumento gradual até à saturação (Figura IX.7). Este resultado sugere que, devido à elevada difusividade dos iões chumbo na partícula, os iões que entram no adsorvedor são imediatamente adsorvidos. Após esta fase, o perfil de concentração aproxima-se de um patamar à medida que o material fica saturado. Utilizando um valor superior de Qmax, verificase (Figura IX.7) que o modelo ajusta melhor a parte inicial da curva experimental, mas a capacidade de adsorção vem superior à real. A quantidade biossorvida pela alga Gelidium foi de 36,4 mg g-1 (pHAE= 4,8). A simulação da biossorção do chumbo pela alga Gelidium (Figura IX.8) não descreve bem os resultados experimentais com o valor de Qmax determinado pela isotérmica de Langmuir (54 mg g-1). 1 5.7 KPb = 0.045 l/mg 0.8 5.5 Pb, Gelidium 0.7 C b / CE 5.6 Qmax = 54 mg/g 5.4 pH 0.6 KPb = 0.045 l/mg 5.3 0.5 Qmax = 82 mg/g 5.2 0.4 pH 0.9 5.1 0.3 KPb = 0.160 l/mg 0.2 Qmax = 54 mg/g 0.1 5 4.9 4.8 0 0 200 400 600 800 1000 4.7 1200 Tempo (min) Figura IX.8 Resultados experimentais obtidos (ensaio 4) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium. Perfil de variação de pH e curvas simuladas da biossorção de chumbo. Aumentando esse valor para 82 mg g-1 a curva simulada desloca-se para baixo e não consegue descrever os resultados experimentais. Aumentando KM (0.16 l mg-1) verifica-se que o modelo matemático descreve melhor os resultados experimentais. Isto acontece porque, na parte inicial, são ocupados os sítios com maior afinidade pelos iões metálicos. No modelo discreto apenas se utiliza a afinidade média dos centros activos. Considerando o modelo contínuo, KPb = 0,16 l mg-1 está dentro da gama de constantes de afinidade dos grupos carboxílicos. Tanto na biossorção do cobre como na biossorção do chumbo, os dados de 312 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS equilíbrio não traduzem a biossorção em contínuo no adsorvedor de cestos pelas razões apresentadas anteriormente. IX.1.4 Efeito do pH da Corrente de Alimentação Para estudar o efeito do pH na biossorção do Pb nos grânulos em sistema contínuo (Figura IX.9), variou-se o pH da solução de alimentação no processo de adsorção (pHSE = 5,4 e 4,4; pHAI = 6,0 e 4,0) a que correspondem no equilíbrio pHAE = 5,2 e 4,1. Os perfis de concentração, representados na Figura IX.9, resultam da permuta iónica entre os iões metálicos (solução) e os protões (sólido). À medida que os protões são libertados para a solução, o pH da solução diminui. Para pHSE = 4,4, o pH do efluente mantém-se praticamente constante durante a experiência porque, devido à elevada concentração de protões e à competição com os iões metálicos, a adsorção diminui. Elevando o pH inicial da solução, o tempo necessário à saturação da biomassa aumenta, visto que a capacidade de adsorção também aumenta. 1 6 pHAE = 4.1 0.9 5.8 KPb = 0.03 l/mg 0.8 5.6 pHAE = 5.2 0.6 C b / CE 5.4 Qmax = 20 mg/g 5.2 pH 0.5 5 pHAE = 5.2 0.4 4.8 Qmax = 16 mg/g 0.3 pHAE = 4.1 0.2 KPb = 0.04 l/mg pH 0.7 pHAE = 5.2 4.6 pHAE = 4.1 4.4 0.1 4.2 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 4 450 Tempo (min) Figura IX.9 Resultados experimentais obtidos (ensaios: 14 e 15) em adsorvedor de cestos para os grânulos a dois pHAE de equilíbrio diferentes. Perfil de variação de pH e curvas simuladas da biossorção do chumbo. Os parâmetros do modelo de transferência de massa para as duas experiências são apresentados na Tabela IX.4. Verifica-se que o modelo ajusta bem os resultados experimentais considerando os parâmetros de equilíbrio dentro do erro associado (Figura IX.9). 313 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS A resistência no filme aumenta com a diminuição do pH, como se pode observar na Figura IX.9 pela dimensão do “joelho” inicial da curva de “breakthrough”. Devido à competição com os protões, a diminuição do pH faz diminuir a força electrostática que atrai os iões metálicos da solução para os grupos carregados negativamente na superfície, aumentando a resistência à difusão no filme. Tabela IX.4 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção do chumbo pelos grânulos) a dois valores de pHAe de equilíbrio diferentes. pHAE KM (l mg-1) 5,2 0,15 0,04 4,1 Qmax (mg g-1) ξp 16 10,5 20 13,9 8,8 20 kp ε kp ap Dh 2 -1 kf Nd (cm s ) -1 (min ) (cm s ) (cm s-1) 0,917 1,5×10-5 0,18 2,5×10-8 1,0×10-3 2,5 0,924 1,5×10-5 0,18 2,5×10-8 8,0×10-4 2,5 -1 ξp Nd 27,3 35,2 22,3 0,03 7,0 17,5 -1 -1 -1 Grânulos: Qmax = 20 ± 2 mg g , KM = 0,04 ± 0,01 l mg (pHAE = 4,1), KM = 0,15 ± 0,03 l mg (pHAE = 5,2). Nf 15,1 11,1 IX.1.5 Biossorção do Cádmio O modelo matemático de transferência de massa também simula bem os resultados experimentais de biossorção dos iões Cd(II) pelos grânulos no adsorvedor de cestos (Figura IX.10). 1 5.9 0.9 0.8 0.6 0.5 5.5 pH C b / CE 5.7 Grânulos 0.7 0.4 0.3 5.3 0.2 pH 0.1 0 5.1 0 2 4 6 8 10 12 14 t/τ Figura IX.10 Resultados experimentais (ensaio 16) em adsorvedor de cestos para os grânulos. Perfil de variação de pH e curva simulada da biossorção de cádmio. Para a biossorção pela alga Gelidium, o modelo só ajusta bem os resultados experimentais para um valor de Qmax = 35 mg g-1 (Figura IX.11), o que significa que o equilíbrio foi 314 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS subestimado, devido às razões apresentadas na secção IX.1.1. A quantidade de cádmio biossorvido pela alga Gelidium e pelos grânulos foi, respectivamente, 11,9 e 6,4 mg g-1. 1 5.6 0.9 Qmax = 19 mg/g 5.5 0.8 5.4 0.6 Qmax = 35 mg/g 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 5.3 Gelidium 5.2 pH 5.1 0 pH C b / CE 0.7 5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 t/τ Figura IX.11 Resultados experimentais (ensaio 6) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium. Perfil de variação de pH e curvas simuladas da biossorção de cádmio. Os parâmetros do modelo de transferência de massa são apresentados na Tabela IX.5. A resistência no filme é inferior para a biossorção nos grânulos como já se tinha concluído para o chumbo e cobre. Tabela IX.5 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção do cádmio para a alga Gelidium e os grânulos). KM (l mg-1) a 0,032 Qmax (mg g-1) ξp ε 35 20,5 19 10,5 0,979 b kp kp ap -1 Dh kf 2 -1 (cm s ) -1 (min ) (cm s ) 2,8×10-5 0,34 4,7×10-8 -5 -8 (cm s-1) 4,0×10-3 6,0×10-3 Nd 5,0 ξp Nd Nf 102,5 15,0 53,1 22,5 -3 0,06 7,9 3,6 0,950 2,6×10 0,32 4,4×10 8,0×10 4,6 16,5 72,8 Gelidium: Qmax = 19 ± 1 mg g-1, KM = 0,032 ± 0,003 l mg-1 (pHAE = 5,1); bGrânulos: Qmax = 7,9 ± 0,3 mg g-1, KM = 0,06 ± 0,01 l mg-1 (pHAE = 5,4). a O valor de Nf é superior ao de ξ p N d para os grânulos e inferior para a alga Gelidium, o que indica que a adsorção do Cd nos grânulos é controlada pela difusão intraparticular e na alga Gelidium, pela resistência no filme. A biossorção do cádmio liberta para a solução, por permuta iónica, menos protões do que os que são libertados na biossorção do chumbo e do cobre, o que se traduz numa variação mais pequena no pH dentro do adsorvedor. No entanto, em sistema fechado, tinha-se concluído, através do modelo de equilíbrio contínuo, que a razão de permuta iónica dos iões Cd(II) é da 315 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS mesma ordem de grandeza das dos iões Pb(II) e Cu(II). Mas, como a permuta iónica pode ser efectuada com os iões K+, Na+, Ca2+, Mg2+ e outros, talvez a maior parte da biossorção do cádmio seja por permuta com estes iões. Por outro lado, a contribuição da ligação iónica na biossorção do cádmio é maior do que na biossorção dos iões Cu e Pb, pois a quantidade adsorvida de cádmio é mais afectada pelo aumento da força iónica da solução. IX.1.6 Dessorção Após a saturação da alga Gelidium e dos grânulos com chumbo, estudou-se o processo de regeneração dos biossorventes, efectuando a dessorção com HNO3, como eluente. Observando as Figuras IX.12 e IX.13, verifica-se que a dessorção dos iões chumbo é completa (≈ 451 e ≈ 100 mg Pb2+ foram libertados para a solução, respectivamente da alga Gelidium e grânulos). 600 5 Pb, Gelidium 400 C b (mg/l) 4.5 Modelo (KHM = 0.16) Modelo (KHM = 0.93) 4 pH 3.5 Modelo (pH; KHM = 0.16) 300 3 Modelo (pH; KHM = 0.93) pH 500 2.5 200 2 100 1.5 0 1 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 t/τ Figura IX.12 Resultados experimentais (ensaio 5) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium. Perfil de variação de pH e curvas simuladas da dessorção de chumbo. Em sistema fechado, a percentagem de dessorção dos iões cobre é de cerca de 80%, com os grânulos e de aproximadamente 95%, com a alga Gelidium, contrastando com a dessorção completa verificada no sistema contínuo (adsorvedor de cestos). Nesta situação, há uma entrada constante de uma corrente fresca de eluente. A dessorção é muito rápida, ocorrendo praticamente até t = 3 τ e atingindo valores máximos de concentração à saída do adsorvedor de aproximadamente 600 e 150 mg l-1, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos. Estes resultados são muito importantes porque permitem a reutilização do biossorvente de uma forma rápida e eficaz. A razão sólido/líquido (S/L) é 23,4 e 15,7 g l-1 e o factor de concentração (CR) é 23,8 e 15,8 respectivamente para a alga Gelidium e os grânulos. 316 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS 160 5.5 C b (mg/l) 120 Pb, Grânulos 5 Modelo, Pb 4.5 pH 100 4 Modelo, pH 3.5 80 3 60 pH 140 2.5 40 2 20 1.5 0 1 0 0.5 1 1.5 2 2.5 t/τ 3 3.5 4 4.5 5 Figura IX.13 Resultados experimentais (ensaio 13) em adsorvedor de cestos para os grânulos. Perfil de variação do pH e curvas simuladas da dessorção doe chumbo. Quando o processo de dessorção é 100% eficiente, pode-se utilizar a equação (VIII.13) para tentar prever o factor de concentração (CR). A concentração de equilíbrio em sistema fechado corresponde à concentração de alimentação no adsorvedor de cestos (CE), uma vez que esta é a concentração de equilíbrio final no adsorvedor de cestos. Utilizando os parâmetros de equilíbrio e a razão S/L, obtém-se os valores de CR 26,6 e 19,3, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos. Comparando os valores obtidos experimentalmente com os calculados, verifica-se que os valores são muito próximos, o que nos indica que os valores de CR podem ser previstos pelos parâmetros de equilíbrio, tal como se tinha concluído para os ensaios em sistema fechado. Para descrever os resultados experimentais de dessorção foi desenvolvido um modelo de transferência de massa que despreza a resistência à transferência de massa no filme, uma vez que a dessorção é extremamente rápida e completa, assumindo uma resistência à transferência de massa na partícula e o equilíbrio dado pela lei de acção de massa. A quantidade de metal ligado aos biossorventes após saturação foi de 0,178 e 0,063 mmol g-1, respectivamente para a alga Gelidium e resíduo. Nas Figuras IX.12 e IX.13 são apresentados os resultados experimentais e as respectivas curvas teóricas, simuladas através do modelo de transferência de massa, que tem como variável ajustável a difusividade homogénea na partícula. Na simulação assumiu-se para o coeficiente de selectividade (KHM = K Pb H ) o valor determinado em sistema fechado para o cobre. Nestas condições, o modelo ajusta bem os resultados experimentais e os valores dos parâmetros estão registados na Tabela IX.6. No entanto, observa-se que utilizando o valor de selectividade de 0,93, no caso da alga Gelidium, a curva 317 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS simulada não atinge o valor máximo de concentração obtido experimentalmente. Utilizando um valor inferior ( K Pb = 0,16), a curva simulada ajusta perfeitamente os resultados H experimentais. A diferença de selectividades pode dever-se aos erros associados às medições das concentrações mais elevadas, cuja análise implica uma diluição de cerca de 60 vezes, e ao facto da selectividade do ião chumbo ter sido considerada igual à do ião cobre. Tabela IX.6 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (dessorção do chumbo da alga Gelidium e grânulos). Biossorvente Gelidium Grânulos K Pb H 0,93 0,16 1,1 Qmax (mmol g-1) 0,36 0,16 ξ 'p 41,5 21,7 ε 0,983 0,917 kp kp ap -1 (cm s ) 6,0×10 -5 3,3×10 -5 1,1×10 -4 Dh 2 -1 -1 (min ) (cm s ) 0,72 1,0×10-7 0,40 5,5×10 -8 1,8×10 -7 1,30 Nd ξ 'p N d 10,8 446 5,9 245 18,6 403 Os valores de ξ 'p N d sugerem que a resistência à transferência de massa na partícula é pequena, ou seja, a difusão dos iões metálicos do sólido para a solução é extremamente rápida, devido à elevada difusividade dos protões com os quais permutam na ligação aos sítios activos no biossorvente. Nas Figuras IX.12 e IX.13 verifica-se que o pH da solução decresce rapidamente para o valor da concentração do eluente à entrada. A curva simulada pelo modelo também se aproxima dos resultados experimentais, demonstrando que a eluição destes sistemas se efectua por permuta iónica. IX.2 Sistema Multicomponente Os efluentes reais contêm, em geral, diferentes iões, metálicos e não metálicos. Para prever o comportamento destes sistemas reais, realizaram-se experiências de biossorção com misturas Cu2+/Pb2+ e Pb2+/Cd2+ e de dessorção com o sistema Cu2+/Pb2+, com vista a estudar a possibilidade de regeneração dos biossorventes nestas condições. IX.2.1 Sistema Cu2+/Pb2+ IX.2.1.1 Saturação Os resultados experimentais de biossorção pela alga Gelidium e pelos grânulos, no sistema binário Pb2+/Cu2+ são apresentados nas Figuras IX.14 e IX.15, respectivamente. No final das experiências foram removidos 0,48 e 1,81 mmol de Cu2+ e 0,18 e 0,64 mmol de Pb2+, 318 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS respectivamente, pelos grânulos e alga Gelidium. Nas duas experiências as soluções de alimentação têm uma concentração molar de Cu2+ 3,3 vezes superior à de Pb2+. Por isso, a competição pelos sítios activos do biossorvente é favorável ao cobre (Figuras IX.14 e IX.15). 1 5.9 0.9 5.7 0.8 5.5 0.6 Pb/Cu,Cu 0.5 Pb/Cu,Pb 5.3 5.1 KCu = 1.4 l/mmol 0.4 pH C b / CE 0.7 4.9 KCu = 1.0 l/mmol 0.3 4.7 0.2 pH 0.1 4.5 0 4.3 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 t/τ Figura IX.14 Resultados experimentais obtidos (ensaio 7) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium. Perfil de variação de pH e curvas simuladas na biossorção do sistema binário Pb2+/Cu2+. 1 6 0.9 5.8 0.8 5.6 5.4 0.6 Pb/Cu,Cu 0.5 Pb/Cu,Pb 0.4 KCu = 1.1 l/mmol e KPb = 2.3 l/mmol 0.3 KCu = 1.3 l/mmol e KPb = 2.9 l/mmol 5.2 5 pH C b / CE 0.7 4.8 4.6 0.2 0.1 4.4 pH 0 4.2 0 2 4 6 8 10 12 14 t/τ Figura IX.15 Resultados experimentais obtidas (ensaio 17) em adsorvedor de cestos para os grânulos. Perfil de variação de pH e curvas simuladas na biossorção do sistema binário Pb2+/Cu2+. Nas experiências monocomponente com Pb2+ nas mesmas condições de operação, foi obtida uma capacidade de adsorção de 36,4 mg g-1 (pHAE = 4,8) e 12,0 mg g-1 (pHAE = 5,2) e com Cu2+ obteve-se 12,3 mg g-1 (pHAE = 4,4) e 4,2 mg g-1 (pHAE = 4,3), respectivamente para a alga Gelidium e grânulos. Verifica-se, assim, que a capacidade de adsorção de Cu2+ diminui 319 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS ligeiramente na presença de Pb2+. A adsorção de Pb2+ é significativamente reduzida (cerca de 73% e 62%, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos) devido à competição e à elevada concentração de Cu2+ na solução de alimentação. No entanto, há que ter em consideração que o pH final nas experiências monocomponte com Pb2+ (4,8 e 5,2) é maior que o obtido nos sistemas binários (4,4 e 4,3), respectivamente para a alga Gelidium e grânulos. Nas Figuras IX.14 e IX.15 são apresentadas as curvas simuladas com o modelo de transferência de massa, cujos parâmetros de ajuste são os coeficientes de difusão no filme de cada ião metálico. Os parâmetros dos modelos são apresentados na Tabela IX.7. Tabela IX.7 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção de Pb2+/Cu2+ na alga Gelidium e grânulos). Ki (l mmol-1) Cu 1,0 a Dh ξ 'p' ε Cu Pb kf 2 -1 (cm s )×10 8 (cm s-1)×103 ξ 'p' N d Nf Cu Pb Cu Pb Cu Pb Cu Pb 12,1 20,1 2,4 0,40 30,2 100,6 0,978 28 6 3 5 905,3 646,7 1,3 2,9 1,1 2,3 0,15 6,1 20,1 0,940 6,9 6,3 8 8 42,7 130,0 1,4 b Pb Qmax (mmol g-1) 88,4 a Gelidium: Qmax = 0,40 ± 0,01 mmol g-1, KCu = 1,1 ± 0,3 l mmol-1 (pHAE = 4,5) e KPb = 2,7 ± 0,7 mmol-1 (pHAE = 4,5 -); bGrânulos: Qmax = 0,15 ± 0,01 mmol g-1, KCu = 1,6 ± 0,5 mmol-1 (pHAE = 4,3) e KPb = 3,2 ± 0,9 mmol-1 (pHAE = 4,3). A resistência no filme está relacionada com o “joelho” inicial das curvas experimentais (Figuras IX.14 e IX.15), sendo mais acentuado na alga Gelidium, porque nas respectivas partículas a resistência no filme é maior, tal como acontece no sistema simples. As curvas teóricas coincidem praticamente com as curvas experimentais considerando o valor das constantes de equilíbrio dentro do erro associado (Figuras IX.14 e IX.15). Na Tabela IX.7 os valores de Nf são inferiores aos de ξ 'p' N d para a alga Gelidium, indicando que a resistência no filme é mais importante do que a resistência nas partículas. O mesmo acontece na adsorção dos iões Pb(II) pelos grânulos. Para os iões Cu(II), o valor de Nf é superior ao do ξ N d , indicando que a resistência interna é mais importante. 320 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS IX.2.1.2 Eluição Após a saturação dos biossorventes com Pb2+/Cu2+, foi feita a dessorção de forma a analisar a possibilidade de regeneração dos biossorventes. Como eluente usou-se uma solução 0,1 M em HNO3. Nas Figuras IX.16 e IX.17 estão representadas as curvas de dessorção do cobre e do chumbo. 225 5 Cu/Pb, Cu 175 C b (mg/l) 4.5 Cu/Pb, Pb 4 KHM = 0.65 150 KHM = 0.93 125 pH (KHM=0.65) 100 pH (KHM=0.93) 3.5 3 2.5 pH 75 pH 200 2 50 1.5 25 0 1 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 t/τ Figura IX.16 Resultados experimentais obtidos (ensaio 8) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium. Perfil de variação de pH e curvas simuladas de dessorção de Pb2+/Cu2+. 80 5 Cu 60 4 pH 50 C b (mg/l) 4.5 Pb 3.5 Modelo, pH 40 3 30 2.5 20 2 10 1.5 0 pH 70 1 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 t/τ Figura IX.17 Resultados experimentais obtidos (ensaio 18) em adsorvedor de cestos para os grânulos. Perfil de variação de pH e curvas simuladas de dessorção de Pb2+/Cu2+. 321 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS A área debaixo das curvas representa a quantidade total de metal dessorvido. A dessorção de Pb2+ e Cu2+ é completa e muito rápida (≈ 32 e 118 mg Cu2+ e ≈ 37 e 132 mg Pb2+ foram libertados para a solução, respectivamente para os grânulos e a alga Gelidium). Os valores máximos de concentração à saída do adsorvedor (≈ 168 e 63 mg Cu2+ l-1 e 220 e 77 mg Pb2+ l-1, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos) são atingidos ao fim de t = 0,5 τ. A dessorção apresenta o mesmo comportamento nos sistemas simples e binários. A razão sólido/líquido (S/L), neste sistema é 25,8 e 16,0 g l-1 e o factor de concentração (CR) 6,7 e 2,5 para o cobre e 9,0 e 3,1 para o chumbo, respectivamente para a alga Gelidium e os grânulos. Quando o processo de dessorção é 100% eficiente, pode-se utilizar uma equação similar à equação (VIII.13) para tentar prever o factor de concentração CR. Neste caso, em vez de se usar a equação de Langmuir simples, usa-se a equação que traduz o equilíbrio de adsorção de dois componentes, obtendo-se a seguinte expressão: CR i = S L Q max K i 1+ 2 i =1 (IX.5) K i C final,i No caso da alga Gelidium, a experiência foi terminada antes da saturação completa do biossorvente, uma vez que os valores da concentração final, Cfinal,i, são diferentes dos valores de concentração da solução de alimentação (CEi). Por isso, usaram-se os valores de Cfinal,i na equação (VIII.13). Os valores de CR obtidos são: 6,2 e 1,7 para o cobre e 14,8 e 3,7 para o chumbo, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos. Os valores de CR, obtidos experimentalmente são próximos dos calculados, como se tinha concluído nos ensaios monocomponente. Para descrever os resultados experimentais de dessorção desenvolveu-se um modelo que despreza a resistência à transferência de massa no filme, uma vez que a dessorção é extremamente rápida e completa. O equilíbrio dado pela lei de acção de massa foi considerado independente para cada ião metálico e as constantes de selectividade dos iões foram Pb consideradas iguais (KHM = K Cu H = K H ). Nas Figuras IX.16 e IX.17 são apresentados os resultados experimentais e as curvas simuladas com o modelo de transferência de massa desenvolvido. As únicas variáveis desconhecidas são as difusividades homogéneas de cada ião metálico na partícula. O modelo 322 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS ajusta bem os resultados experimentais e os valores de difusividade homogénea (Tabela IX.8) obtidos são iguais para os dois iões metálicos (∼ 10-7 cm2 s-1). Estes valores são próximos dos obtidos no sistema multicomponente Pb2+/Cu2+ em adsorvedor fechado (Dh = 1,2×10-7 e 2,8×10-7 cm2 s-1, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos). Para uma selectividade de 0,93, no caso da alga Gelidium, a curva simulada não atinge o valor máximo de concentração obtido experimentalmente. A curva simulada só ajusta bem os resultados experimentais para K Pb H = 0,65, o que significa que o chumbo é dessorvido mais facilmente que o cobre. Analisando os valores de ξ 'p N d , constata-se que a resistência à transferência de massa na partícula é pequena, ou seja, a difusão dos iões metálicos do sólido para a solução é extremamente rápida. Nas Figuras IX.16 e IX.17 pode observar-se que o pH da solução decresce rapidamente para o valor de pH do eluente à entrada. A curva simulada pelo modelo também se aproxima dos resultados experimentais, o que sugere que a eluição nestes sistemas se faz por permuta iónica. Tabela IX.8 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (dessorção do chumbo da alga Gelidium e grânulos). Biossorvente Gelidium Grânulos K Cu H = K Pb H 0,93 0,65 1,1 Qmax (mmol g-1) ξ 'p Cu ε Pb D h (cm2 s-1) ×107 Cu 0,36 19 0,978 0,16 4,8 0,939 Pb ξ 'p N d Nd Cu Pb Cu Pb 2,0 21,5 409 5,0 53,7 1022 4,0 41,2 196 IX.2.2 Sistema Pb2+/Cd2+ No sistema Pb2+/Cd2+, o Pb2+ apresenta maior afinidade pelos sítios activos presentes nos biossorventes relativamente ao cádmio. Nas Figuras IX.18 e IX.19 verifica-se que os iões cádmio, após serem biossorvidos num período inicial, são progressivamente substituídos pelos iões chumbo, resultando em concentrações dentro do adsorvedor superiores à concentração de alimentação, o que dá origem a uma região de “overshoot”. Isto acontece porque o chumbo tem maior afinidade pelos sítios activos do biossorvente do que o cádmio. A quantidade total de iões cádmio biossorvidos deve ser calculada subtraíndo a quantidade que é removida pelo chumbo, ou seja, a área acima da linha C b C E = 1 . A experiência com a alga Gelidium foi interrompida 323 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS antes da saturação total do biossorvente. Para a adsorção nos grânulos foi possível calcular que cerca de 50% de Cd2+ (inicialmente biossorvido: 26,3 mg de Cd2+; substituído: 12,2 mg Cd2+; final: 14,1 mg de Cd2+) foi substituído por Pb2+, uma vez que a experiência decorreu até à saturação do biossorvente. Relativamente aos iões chumbo foram biossorvidos 86,5 mg. 1.2 1.1 5.3 1 0.9 5.1 0.7 4.9 0.6 pH 0.5 pH C b / CE 0.8 4.7 0.4 0.3 Pb/Cd,Cd Pb/Cd,Pb KCd = 1.2 l/mmol e KPb = 7.8 l/mmol KCd = 1.6 l/mmol e KPb = 9.8 l/mmol 0.2 0.1 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 4.5 4.3 100 t/τ Figura IX.18 Resultados experimentais obtidos (ensaio 9) em adsorvedor de cestos para a alga Gelidium. Perfil de variação de pH e curvas simuladas de biossorção de Pb2+/Cd2+. 1.2 5.9 1.1 5.7 1 0.9 5.5 0.7 5.3 pH 0.6 pH C b / CE 0.8 5.1 0.5 0.4 4.9 0.3 Pb/Cd,Cd Pb/Cd, Pb KCd = 1.9 l/mmol e KPb = 21.0 l/mmol KCd = 2.0 l/mmol e KPb = 17.0 l/mmol 0.2 0.1 0 0 2 4 6 8 4.7 4.5 10 12 14 16 18 20 22 24 26 t/τ Figura IX.19 Resultados experimentais obtidos (ensaio 19) em adsorvedor de cestos para os grânulos. Perfil de variação de pH e curvas simuladas de biossorção de Pb2+/Cd2+. As concentrações molares de cádmio na alimentação são cerca de 2,0 vezes superiores às do chumbo. No entanto, a quantidade de Pb2+ biossorvido é superior devido à sua maior 324 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS afinidade pelos centros activos (KPb/KCd = 6,5 e 11,3, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos). Nas Figuras IX.18 e IX.19 apresentam-se as curvas simuladas pelo modelo de transferência de massa e os respectivos parâmetros são apresentados na Tabela IX.9. Tabela IX.9 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em adsorvedor de cestos (biossorção de Pb2+/Cd2+ na alga Gelidium e grânulos). Ki (l mmol-1) a b Cd Pb 1,2 7,8 1,6 9,6 1,9 21,0 2,0 17,0 Qmax (mmol g-1) ξ 'p' ε Cd Pb 0,28 30,5 58,6 0,980 0,29 31,6 62,6 0,980 0,098 8,1 14,0 0,939 Dh kf 2 -1 (cm s )×10 8 ξ 'p' N d (cm s-1)×103 Cd Pb Cd Pb 8,8 6,0 4 4 5,0 6,3 4 3 Nf Cd Pb 287,8 377,4 297 403,1 41,8 95,7 Cd Pb 14,5 44,7 33,6 ªGelidium: Qmax = 0,28 ± 0,01 mmol g-1, KCd = 1,2 ± 0,4 l mmol-1 (pHAE = 4,6) e KPb = 8 ± 2 mmol-1 (pHAE = 4,6); bGrânulos: Qmax = 0,098 ± 0,002 mmol g-1, KCd = 1,8 ± 0,4 mmol-1 (pHAE = 5,0) e KPb = 23 ± 6 mmol-1 (pHAE = 5,0). As curvas simuladas ajustam bem os resultados experimentais, indicando que a difusão no filme é uma etapa importante no processo de biossorção. Este resultado é comprovado pelos valores elevados de ξ 'p' N d relativamente a Nf, com excepção da biossorção de Cd2+, em que as duas resistências são similares. Os resultados apresentados indicam que a biomassa tem maior afinidade pelos iões Cu(II) e Pb(II) do que pelos iões Cd(II). Sâg et al. (2000) estudaram a biossorção dos sistemas Pb2+/Cu2+, Pb2+/Ni2+ e Pb2+/Cu2+/Ni2+ em Rhizopus arrhizus, usando um CSTR. Os resultados experimentais foram comparados favoravelmente com os previstos por um modelo matemático multicomponente baseado em balanços materiais à fase sólida e líquida. A ordem das capacidades de adsorção na mistura ternária é Pb > Ni > Cu, que está de acordo com a obtida para o sistema monocomponente e binário. Outros trabalhos similares foram realizados usando células de Sphaerotilus natans num CSTR acoplado a um sistema de membranas de filtração, UF(ultrafiltração)/MF(microfiltração). Os testes de biossorção usando sistemas simples e binários indicaram uma maior afinidade da biomassa pelo Pb2+ relativamente ao Cu2+ (Pagnanelli et al., 2004; Beolchini et al., 2005). 325 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM ADSORVEDOR DE CESTOS Referências Benedetti, M. F., Riemsdijk, W. H. V., Koopal, L. K., Kinniburgh, D. G., Gooddy, D. C., Milne, C. J. Metal Ion Binding by Natural Organic Matter: From the Model to the Field. Geochimica et Cosmochimica Acta, 60, 2503-2513 (1996). Beolchini, F., Pagnanelli, F., Toro, L., Vegliò, F. Continuous Biosorption of Copper and Lead in Single and Binary Systems Using Sphaerotilus Natans Cells Confined by a Membrane: Experimental Validation of Dynamic Models. Hydrometallurgy, 76, 73-85 (2005). Grassi, M. T., Shi, B., Allen, H. E. Partition of Copper Between Dissolved and Particulate Phases Using Aluminium Oxide as an Aquatic Model Phase: Effects of pH, Solids and Organic Matter. Journal of Brazilian Chemical Society, 11, 516-524 (2000). 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Normalmente consegue-se estas características utilizando diferentes técnicas de imobilização, como encapsulamento, ligação química covalente, embebimento (gelificação, impregnação) num suporte inerte, crosslinking (ligação cruzada), etc. (Volesky, 1990, 2003). Neste estudo, como o resíduo se encontra pulverizado, optou-se por utilizar a técnica de encapsulamento num polímero orgânico (poliacrilonitrilo-PAN) com formação de grânulos. RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Neste processo contínuo, o afluente é continuamente alimentado à coluna fluindo através do enchimento de adsorvente e as espécies indesejáveis são retidas. O adsorvente presente na coluna torna-se gradualmente saturado, inicialmente na zona de alimentação e gradualmente até ao fundo da coluna. Quando a concentração do sorvato na corrente de saída da coluna atinge o valor da concentração de alimentação, a operação termina. Neste ponto o processo de regeneração pode começar para preparar a coluna para o próximo ciclo de operação. A curva de “breakthrough”, que representa a evolução da concentração do efluente em função do tempo, é característica para qualquer sistema contínuo de leito fixo. O tempo de “breakthrough” representa a duração da sorção até que a concentração de saída atinja ≈ 1% da concentração de alimentação. Os factores que podem afectar a forma da curva de “breakthrough” são a isotérmica de equilíbrio, os coeficientes de transferência de massa na coluna e parâmetros de operação, como o caudal, pH, força iónica e temperatura. Neste trabalho, estudou-se o efeito do caudal, concentração, pH e força iónica da solução de alimentação no processo de adsorção. Também foram realizadas algumas experiências com soluções contendo dois metais a adsorver. O desenvolvimento de modelos precisos para simulação do comportamento do sistema de adsorção em contínuo, em colunas de leito fixo, permite não só um melhor conhecimento do seu funcionamento, mas também obter previsões do funcionamento do sistema em diferentes condições de operação. No apêndice G são apresentados os dados operatórios das experiências realizadas em coluna de leito fixo. As experiências efectuadas são referidas como ensaios 1 a 78. X.2 Sistema Monocomponente X.2.1 Efeito do Caudal A influência do caudal de alimentação foi estudada mantendo constantes a concentração de chumbo e o pH na solução de alimentação (CE ≈ 50 mg l-1 e pH ≈ 5,3), e variando o caudal entre 2 e 8 ml min-1 para os grânulos e 4 e 11 ml min-1 para a alga Gelidium. O efeito do caudal de alimentação na curva de “breakthrough” pode ser observado nas Figuras X.1 e X.2, respectivamente para a alga Gelidium e para os grânulos. Aumentando o caudal de alimentação, o tempo de “breakthrough” (tBp) e o tempo final (tf) diminuem, como seria de 328 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO esperar. Macroscopicamente, quando o caudal aumenta, o tempo de residência médio da solução na coluna diminui, aumentando a velocidade superficial do fluido dentro da coluna, o 1 5.5 0.9 5.3 0.8 5.1 0.7 4.9 0.6 4.7 Q = 4 ml/min 0.5 Q = 8 ml/min Q = 11 ml/min 0.4 Q = 11 ml/min 0.3 Q = 4 ml/min 0.2 4.5 pH Cb / CE que torna a curva de “breakthrough” mais abrupta. 4.3 4.1 3.9 0.1 3.7 Q = 8 ml/min 0 0 400 800 3.5 1200 1600 2000 2400 2800 3200 Te mpo (min) Figura X.1 Influência do caudal de alimentação na curva de “breakthrough” – biossorção do Pb(II) pela 1 0.9 0.8 C b / CE 0.7 Q = 2 ml/min 0.6 Q = 4 ml/min 0.5 Q = 8 ml/min 0.4 pH (Q = 2 ml/min) 0.3 pH (Q = 4 ml/min) 0.2 pH (Q = 8 ml/min) 0.1 0 0 200 400 600 800 1000 1200 6.5 6.3 6.1 5.9 5.7 5.5 5.3 5.1 4.9 4.7 4.5 4.3 4.1 3.9 3.7 pH alga Gelidium (ensaios 9, 11 e 13). 1400 Tempo (min) Figura X.2 Influência do caudal de alimentação na curva de “breakthrough” – biossorção do Pb(II) pelos grânulos (ensaios 51, 53 e 57). Representando o perfil de concentração do efluente em função do tempo, adimensionalizado pelo tempo de residência médio associado a cada caudal, verifica-se que as curvas convergem para uma única, como se pode observar na Figura X.3. Isto indica que a variação do caudal no processo de biossorção em coluna de leito fixo apenas afecta o tempo de equilíbrio, ou seja, 329 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO para caudais mais elevados o tempo de residência médio diminui, diminuindo o tempo necessário para se atingir a saturação do material, tal como ocorreu em adsorvedor de cestos. Aos três caudais estudados, 4, 8 e 11 ml min-1, a quantidade de metal removido foi de aproximadamente 37,4 mg g-1. 1 5.5 0.9 5.3 Q = 4 ml/min C b / CE 0.7 Q = 8 ml/min 0.6 Q = 8 ml/min 0.5 5.1 4.9 4.7 Q = 11 ml/min 4.5 0.4 Q = 11 ml/min 0.3 0.2 pH 0.8 4.3 4.1 3.9 0.1 Q = 4 ml/min 0 0 20 40 60 3.7 3.5 80 100 120 140 160 180 200 220 t/τ Figura X.3 Influência do caudal de alimentação na curva de “breakthrough” – biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium em função do tempo adimensional (ensaios 9, 11 e 13). Para a biossorção do Pb(II) nos grânulos (Figura X.4), as curvas de “breakthrough”, a diferentes caudais, não convergem e o tempo de “breakthrough” aumenta na ordem de caudal 4 < 2 < 8 ml min-1. As respectivas capacidades de biossorção foram 7,3; 6,2 e 7,0 mg g-1. 1 6.6 0.9 6.1 0.7 Q = 2 ml/min 0.6 Q = 4 ml/min Q = 8 ml/min 0.5 0.4 Q = 8 ml/min 0.3 0.2 Q = 4 ml/min 5.6 5.1 pH C b / CE 0.8 4.6 4.1 0.1 Q =2 ml/min 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 3.6 100 t/τ Figura X.4 Influência do caudal de alimentação na curva de “breakthrough” – biossorção do Pb(II) pelos grânulos em função do tempo adimensional (ensaios 51, 53 e 57). 330 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Verifica-se que as diferenças das curvas de “breakthrough” podem ser devidas ao perfil de pH em cada experiência: pH de equilíbrio de 4,0; 4,1 e 4,2, respectivamente para os caudais 4, 2 e 8 ml min-1. Esta diferença no pH de equilíbrio vai afectar o equilíbrio de biossorção, resultando nas diferenças das curvas de “breakthrough”. Para os valores de caudal estudados, o tempo de residência médio foi suficiente para saturar o material biossorvente. Caudais superiores irão dar origem a tempos de residência médios mais baixos, que poderão ser insuficientes para a saturação do biossorvente. Conclusões análogas foram obtidas por diferentes autores, entre os quais Vijayaraghavan et al. (2004), Zulfadhly et al. (2001) e Aksu et al. (2002). De forma a tentar descrever os resultados experimentais, foi desenvolvido um modelo de transferência de massa (secção V.4.1.1), em que se consideram duas resistências à transferência de massa, no filme e na partícula, e a relação de equilíbrio é dada pela relação de Langmuir. Os parâmetros de equilíbrio apresentados na Tabela X.1 foram determinados pelo modelo discreto, para o pH de equilíbrio dentro da coluna (pH final). Os dados de pH de equilíbrio, massa de biossorvente e caudal, são apresentados no apêndice G. Um dos parâmetros do modelo é o número de Peclet axial, Pe, que foi calculado com base em dados experimentais, usando a expressão Pe = Pe p L' d p e considerando o número de Peclet da partícula Pep = 2 (Carberry, 1976). Os valores de Pe obtidos foram 332 para os grânulos e 3000 para a alga Gelidium. Para leitos com alturas ( L' ) maiores ou iguais a 50 vezes o diâmetro da partícula (dp), ou seja, Pe > 100, a dispersão axial pode ser desprezada. Neste caso, para os grânulos é L' d p = 15 0,09 = 167 , e, portanto a dispersão axial pode ser ignorada. Para a adsorção na alga Gelidium, se se considerar dp, a espessura das partículas em forma de placa plana (0,1 mm), a dispersão axial também pode ser desprezada. No entanto, a dispersão axial, com o valor de Peclet determinado, foi considerada na solução do modelo para ambos os materiais. Para a difusividade homogénea na partícula, Dh, usaram-se os valores determinados no estudo cinético em sistema fechado (Tabelas VIII.23 e VIII.24). No sistema monocomponente, considerou-se o valor de Dh médio obtido aos três valores de pH estudados. 331 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO As estimativas do valor do coeficiente de transferência de massa no filme, kf, foram obtidas através do número de Sherwood. Considerando o valor mínimo de Sh = 2, kf = 3,7×10-3 e 2,1×10-4 cm s-1, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos. Nas Figuras X.5 e X.6 comparam-se as curvas simuladas pelo modelo de transferência de massa com os pontos experimentais, para diferentes caudais de alimentação de uma solução de chumbo (CE ≈ 50 mg l-1). As curvas foram simuladas procurando o melhor ajuste dentro do intervalo de confiança dos parâmetros de equilíbrio. Para a adsorção na alga Gelidium, os desvios, relativamente aos resultados experimentais, são mais acentuados para caudais mais baixos e nas zonas iniciais e finais das curvas. Os resultados sugerem que a heterogeneidade dos centros activos presentes no biossorvente pode afectar a parte final da curva. 1 Qmax = 56 mg/g 0.9 kf = 8.0×10-4 cm/s 0.8 Qmax = 60 mg/g 0.7 kf = 9.0×10-4 cm/s C b / CE 0.6 Qmax = 56 mg/g 0.5 kf = 8.0×10 cm/s -4 0.4 Q = 4 ml/min Q = 8 ml/min Q = 11 ml/min Qmax = 56 mg/g 0.3 kf = 6.0×10-4 cm/s 0.2 Qmax = 60 mg/g 0.1 kf = 6.0×10-4 cm/s 0 0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400 2700 3000 Tempo (min) Figura X.5 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa, a diferentes caudais de alimentação, para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium (ensaios 9, 11 e 13). No caso dos grânulos, o patamar da curva de “breakthrough” (Cb/CE = 1), na prática, é atingido mais lentamente do que o previsto pelo modelo (Figura X.6). A diferença aumenta com a diminuição do caudal de alimentação. Os resultados sugerem uma difusão mais lenta dos iões metálicos até aos sítios activos. Na realidade, nos grânulos, as partículas de biossorvente estão envolvidas pelo polímero, e o ião metálico, para atingir um centro activo da superfície, tem que atravessar os poros entre as partículas de resíduo dentro dos grânulos. Este efeito será mais acentuado se houver ainda alguma matéria orgânica em solução que complexe com o ião metálico, aumentando o tamanho da espécie a difundir. Por outro lado, 332 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO uma vez que o biossorvente é heterogéneo, no final do processo só estão disponíveis os sítios activos com menor afinidade pelo ião metálico, o que contribui para que o processo seja mais lento nessa altura. 1 Q = 2 ml/min 0.9 Modelo (Qmax = 12.5 mg/g) C b / CE 0.8 0.7 Modelo (Qmax = 20.0 mg/g) 0.6 Q = 4 ml/min 0.5 Modelo (Qmax = 12.0 mg/g) 0.4 Modelo (Qmax = 20.0 mg/g) 0.3 Q = 8 ml/min 0.2 Modelo (Qmax = 10.0 mg/g) 0.1 Modelo (Qmax = 20.0 mg/g) 0 0 200 400 600 800 1000 1200 Tempo(min) Figura X.6 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa, a diferentes caudais de alimentação, para a biossorção do Pb(II) pelos grânulos (Ensaios 51, 53 e 57). A curva a tracejado (Figura X.6), obtida pelo modelo de transferência de massa, com os parâmetros de equilíbrio determinados em sistema fechado, prevê um tempo de “breakthrough” superior ao obtido experimentalmente. Se diminuir, em cerca de 50%, o valor de Qmax, o modelo descreve bem a parte inicial da curva experimental, mas prevê que a saturação ocorra mais cedo. O resultado sugere que só 50% dos sítios activos são ocupados pelo metal com a afinidade considerada, os restantes são centros de menor afinidade que, como já referido, são preenchidos mais lentamente. O modelo de transferência de massa apenas considera um tipo de sítios com a mesma afinidade, e não tem em conta a distribuição heterogénea dos centros activos no modelo de equilíbrio. Devido à complexidade do modelo de equilíbrio contínuo, não se conseguiu incorporá-lo no modelo de transferência de massa. A uma escala microscópica, espera-se que a variação do caudal afecte a difusão no filme, mas não a difusão intraparticular. Quanto maior o caudal, menor será a resistência no filme, logo maior o coeficiente de transferência de massa no filme (kf). Devido à proximidade dos valores de caudal, esta sequência não foi sempre verificada. Apenas para os dois maiores valores de caudal se verificou o esperado (Tabela X.1). 333 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Para os grânulos, os valores de kf que simulam melhor os resultados experimentais são maiores que o obtido na ausência de agitação (Sh = 2), o que prova que existe uma diminuição da resistência à transferência de massa no filme. Tabela X.1 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção do chumbo pela alga Gelidium e grânulos) a diferentes caudais de alimentação. Q (ml min-1) LUB (%) 60,0 123,2 9,0×10 4,38 539,6 21,3 2066 1550 7,5 60,0 123,2 6,0×10-4 4,38 539,6 14,2 8a 4,2×10-2 56,0 124,9 0,893 8,0×10-4 2,19 273,5 9,5 1038 644 11,4 a -2 -3 11 3,4×10 56,0 117,1 0,892 3,0×10 1,59 186,2 26,1 714 564 6,3 20,0 59,6 203,2 2b 3,0×10-2 0,515 5,0×10-4 3,41 107,2 12,5 36,3 123,8 715 635 3,3 20,0 66,1 111,7 4b 3,0×10-2 0,498 1,5×10-4 1,69 17,1 12,0 39,7 67,1 371 260 9,0 20,0 99,1 0,422 69,4 8b 5,0×10-2 5,0×10-4 0,7 31,9 10,0 49,5 0,422 34,7 205 134 10,4 a Gelidium: Qmax = 54 ± 2 mg g-1, KPb = 0,025 ± 0,007 l mg-1 (pHCE = 3,9), KPb = 0,033 ± 0,008 l mg-1 (pHCE = 25,0 4 3,2×10 -2 Qmax (mg g-1) ξp 56,0 115,0 kf MTZ (cm) a KM (l mg-1) ε -1 (cm s ) 6,0×10-4 0,893 Nd ξp Nd Nf 4,38 503,7 14,2 tst (min) tBp (min) -4 4,2). bGrânulos: Qmax = 20 ± 1 mg g-1, KPb = 0,03 ± 0,01 l mg-1 (pHCE = 4,0), KPb = 0,05 ± 0,01 l mg-1 (pHCE = 4,2). Os valores de ξ p N d são superiores aos valores de N f na biossorção do chumbo tanto pela alga Gelidium como pelos grânulos, o que significa que a resistência à transferência de massa no filme é o passo controlante deste processo de adsorção. Para o caudal de 8 ml min-1, verifica-se que a resistência no filme é semelhante à resistência na partícula para os grânulos. Em geral, à medida que o caudal aumenta, o comprimento da zona de transferência de massa (MTZ) e a fracção de leito não utilizado (LUB) aumentam para os dois biossorventes (Tabela X.1). O caudal de alimentação é determinante no processo de implementação dum processo deste tipo à escala industrial. Se o caudal for muito elevado, o tempo de residência médio é pequeno e a biomassa não atinge a saturação. Consequentemente, a fracção de leito usado é baixa, dando origem a um tempo de “breakthrough” baixo e o ciclo termina prematuramente. Quando o caudal de alimentação é baixo, a zona de saturação é estendida e é retida uma quantidade maior de metal, pois o tempo de residência médio dos iões metálicos na coluna é 334 38,0 21,0 11,1 30,0 34,8 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO suficiente para ocorrer a saturação da biomassa. Apesar disto, um caudal baixo origina uma baixa produtividade, pois o volume de afluente tratado é menor. Após a saturação da alga Gelidium e dos grânulos com chumbo, estudou-se a regeneração dos biossorventes, fazendo a dessorção do metal com uma solução de HNO3 0,1 M. Nas Figuras X.7 e X.8 verifica-se que a dessorção dos iões chumbo é completa, libertando para a solução a quantidade de iões inicialmente presentes no sólido saturado (≈ 400 e ≈ 90 mg Pb2+, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos). Na legenda das Figuras X.7 e X.8 os caudais apresentados foram os usados no processo de saturação. Q = 4 ml/min 7000 3.5 Q = 11 ml/min 6000 C b (mg/l) 4 Q = 8 ml/min pH (Q = 4 ml/min) 3 5000 pH (Q = 8 ml/min) 4000 pH (Q = 11 ml/min) 2.5 3000 2 2000 1.5 1000 1 0 pH 8000 0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 t/τ Eluição do Pb(II) da alga Gelidium com uma solução 0,1 M HNO3 (ensaios 10, 12 e 14). 4.5 2500 Q = 2 ml/min 2250 Q = 4 ml/min C b (mg/l) 2000 Q = 8 ml/min 1750 pH (Q = 2 ml/min) 1500 pH (Q = 4 ml/min) 1250 pH (Q = 8 ml/min) 1000 4 3.5 3 2.5 pH Figura X.7 2 750 1.5 500 1 250 0 0.5 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 22.5 25 Tempo (min) Figura X.8 Eluição do Pb(II) dos grânulos com uma solução 0,1 M HNO3 (ensaios 52, 54 e 58). Tal como já foi referido no capítulo IX, em sistema fechado, a percentagem de dessorção dos iões é de cerca de 80% nos grânulos e 95% na alga Gelidium, mas tanto em adsorvedor de 335 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO cestos como em coluna de leito fixo, a dessorção é completa. Isto ocorre devido à entrada contínua de uma corrente fresca de eluente, ao contrário do que acontece em sistema fechado, no qual a mesma solução de eluente permanece em contacto com o biossorvente desde o início até ao equilíbrio. A dessorção é muito rápida, ocorrendo praticamente durante os primeiros 25 e 17,5 min, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos, para um caudal de alimentação do eluente de 8 ml min-1. A dessorção com um caudal de 11 ml min-1 é mais rápida e fica completa nos primeiros 20 min, porque o tempo de residência médio é mais baixo e a frente de concentração do eluente arrasta mais rapidamente os iões metálicos. A utilização de um eluente forte, com uma concentração elevada, permite obter concentrações de ião metálico à saída elevadas (Tabela X.2). Os resultados obtidos indicam que, para razões S/L elevadas, a dessorção é completa e a recuperação dos iões metálicos, com pequenos volumes de eluente, é possível (≈ 140 e 200 ml de HNO3 0,1 M, respectivamente para os grânulos e a alga Gelidium). No processo de adsorção/dessorção dos iões metálicos a solução inicial foi concentrada cerca de 31 vezes, com a alga Gelidium, e 8 vezes com os grânulos. Tabela X.2 Comparação entre a razão sólido/líquido (S/L), a razão de concentração (CR), e o valor máximo de concentração à saída da coluna, CS (dessorção do chumbo pela alga Gelidium e grânulos). Biossorvente Q* (ml min-1) S/L (g l-1) Gelidium 4 8 12 161 161 163 CR Exp. 166 135 148 Calc. 102 112 113 Valor máximo de CS (mg l-1) 7868 6369 7160 2 236 a 53 52 2508 Grânulos 4 251a 51 54 2272 a 8 341 44 58 2129 * Caudal utilizado na etapa de adsorção. ª ρap = 0,25 g cm-3 Quando o processo de dessorção é 100% eficiente, pode usar-se a equação (VIII.13) para prever o factor de concentração, CR. A concentração de equilíbrio em sistema fechado corresponde à concentração de alimentação na coluna de leito fixo (CE), que é igual à concentração de equilíbrio final na coluna. Se a coluna não tiver sido saturada, a concentração final de ião metálico obtida, Cfinal (apêndice G), é a concentração que deve ser usada. Os valores de CR estimados para a alga Gelidium são inferiores aos valores experimentais, o que indica que a dessorção em coluna de leito fixo é mais eficiente do que no sistema fechado e no adsorvedor de cestos. Para os grânulos, os valores estimados são semelhantes aos 336 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO experimentais, pelo que os dados de equilíbrio podem ser usados na determinação da razão de concentração, CR. Para descrever os resultados experimentais de dessorção desenvolveu-se um modelo de transferência de massa, assumindo que há resistência à transferência de massa no filme e na partícula, e que o equilíbrio é dado pela lei de acção de massa. A quantidade de metal ligado aos biossorventes, após saturação, foi aproximadamente 0,20 e 0,045 mmol g-1, respectivamente para a alga Gelidium e resíduo. Nas Figuras X.9 e X.10 apresentam-se os resultados experimentais e as curvas simuladas pelo modelo de transferência de massa. No modelo, as únicas variáveis desconhecidas são o número de Peclet e o coeficiente de transferência de massa no filme, considerando que o valor da difusividade homogénea é igual ao determinado na dessorção de cobre em sistema fechado (8,3×10-8 cm2 s-1 e 2,1×10-7 cm2s-1, respectivamente para a alga Gelidium e para os grânulos). Para o coeficiente de selectividade Pb ( KM H = K H ) usou-se também o valor obtido em sistema fechado. t/τ 4 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 8000 4 Pe = 100 ; KHM = 0.93 6000 C b (mg/l) pH 3.5 3 Pe = 30 ; KHM = 0.25 5000 4000 2.5 3000 2 2000 1.5 1000 1 0 pH Pb 7000 0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 t/τ Figura X.9 Comparação entre as curvas experimentais de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Pb(II) da alga Gelidium (ensaio 10). Para a dessorção dos grânulos (Figura X.10), a curva experimental está deslocada, face à curva simulada. Verificou-se que aumentando a densidade aparente de 0,25 para 0,78 g cm-3 e, consequentemente, aumentando a porosidade do leito, a curva desloca-se um pouco para a esquerda, ajustando bem a curva experimental. O valor de densidade aparente de 0,78 g cm-3 foi obtido na ausência dos poros superiores a 60 Å (capítulo VII). O modelo ajusta bem os 337 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO resultados experimentais para valores do número de Peclet inferiores aos previstos, ou seja, inferiores aos usados na simulação do processo de saturação. Tempo (min) 17.5 15 12.5 2500 Pb C b (mg/l) 1500 1250 2.5 0 pH 4 3.5 3 Pe = 27 ρap = 0.25 1750 5 Pe = 90 ρap = 0.78 2250 2000 7.5 4.5 Pe = 90 ρap = 0.25 2750 10 2.5 Pe = 90 ρap = 0.25 1000 750 2 1.5 Pe = 27 ρap = 0.25 500 250 pH 20 3000 1 0 0.5 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 Tempo (min) Figura X.10 Comparação entre as curvas experimentais de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Pb(II) dos grânulos (ensaio 54). O número de Peclet é dado pela razão entre a velocidade de transporte por convecção e a velocidade de transporte por dispersão. Diminuindo o número de Peclet, a velocidade de transporte do fluído por dispersão aumenta, ou seja, aumenta a dispersão axial dentro da coluna. Quando um fluído entra numa coluna há tendência para ocorrer uma mistura axial, o que é indesejável porque reduz a eficiência da separação. A minimização da dispersão axial é, portanto, um objectivo importante no projecto da coluna para o processo de saturação (Ruthven, 1984). No processo de eluição, quanto maior a dispersão axial, mais facilmente a dessorção ocorre, porque há uma melhor mistura do eluente com as partículas, o que torna a regeneração rápida e eficiente. A alimentação de um eluente forte, como HNO3 0,1 M, resulta numa maior agitação, tendo em conta o aumento da dispersão axial, e faz com que o processo de difusão seja forte e rápido. Li et al. (2004) desenvolveram um modelo de transferência de massa para as etapas de adsorção e dessorção em coluna de eleito fixo, com o qual simularam a eluição para diferentes valores de Peclet. Verificaram que, usando valores pequenos de Peclet, a dispersão axial aumentava e a curva de eluição achatava. Consequentemente, o tempo de “breakthrough” diminuía, o que está de acordo com o modelo de eluição desenvolvido neste trabalho. 338 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Tal como tinha acontecido no processo de saturação, a resistência à transferência de massa na partícula é pequena (valores elevados de ξ 'p N d face a N f , como se pode ver na Tabela X.3), ou seja, a difusão dos iões metálicos do sólido para a solução é extremamente rápida. Isto resulta da elevada difusividade dos protões que vão permutar com os iões metálicos ligados aos sítios activos do biossorvente. Sendo assim, o processo de eluição é controlado pela velocidade de transporte do fluído por dispersão e pela difusão dos iões metálicos no filme. Tabela X.3 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (dessorção do chumbo pela alga Gelidium e grânulos), a diferentes caudais de alimentação. Biossorvente Gelidium Grânulos KM H 0,93 0,25 1,1 Qmax (mmol g-1) ξ 'p ε 0,36 180,7 0,893 0,16 150,0 0,840 Pe 100 30 90 kf Nd ξ 'p N d Nf 3,0×10-3 5,0 898,6 35,9 4,0×10-4 11,0 1650,0 6,7 (cm s-1) Nas Figuras X.9 e X.10 também são apresentados os perfis de variação de pH ao longo da experiência. O pH do eluente, à saída, decresce rapidamente para o valor da concentração de entrada. A curva simulada pelo modelo também se aproxima dos resultados experimentais, demonstrando que a eluição destes sistemas se efectua por permuta iónica. X.2.2 Efeito da Concentração Inicial A influência da concentração da solução de alimentação no processo de biossorção em leito fixo foi analisada na biossorção do cobre pela alga Gelidium e pelos grânulos. Pode observarse nas Figuras X.11 e X.12 que o aumento da concentração da solução de alimentação diminui o tempo de “breakthrough”, para um caudal de alimentação de 4 ml min-1, em cerca de 70% e 60%, respectivamente para a alga Gelidium e os grânulos. O tempo de “breakthrough” diminui, apesar da capacidade máxima de adsorção da biomassa aumentar, porque os sítios activos se tornam mais rapidamente saturados. Resultados semelhantes foram obtidos por outros autores (Ko et al., 2001; Aksu et al., 2002; Dimitrova, 2002). Apesar do aumento da concentração da solução de alimentação, as quantidades adsorvidas não se alteram. A saturação da alga Gelidium com a solução de concentração mais elevada não foi atingida. Isto indica que a quantidade de Cu removida, se a saturação fosse atingida, seria superior a 128 mg. A quantidade adsorvida nas duas experiências com a alga Gelidium foi 339 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO aproximadamente 12,7 e 12,6 mg Cu2+ g-1. Estes valores são muito superiores aos valores 1 5.4 0.9 5.2 0.8 5 pH (CE = 24.3 mg/l) 4.8 pH (CE = 47.3 mg/l) 4.6 C b / CE 0.7 0.6 0.5 0.4 CE = 24.3 mg/l 0.3 CE = 47.3 mg/l 0.2 pH dados pelo equilíbrio (pH de ≈ 4): 7,4 e 4,5 mg g-1. 4.4 4.2 4 0.1 0 0 20 40 60 80 3.8 120 100 t/τ Figura X.11 Influência da concentração de alimentação na curva de “breakthrough” – biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium (ensaios 1 e 3). 1 5.9 5.7 0.8 5.5 0.7 5.3 5.1 CE = 24.8 mg/l 4.9 CE = 45.7 mg/l pH (CE = 24.8 mg/l) 4.7 pH (CE = 45.7 mg/l) 4.5 4.3 0.6 0.5 0.4 0.3 pH C b / CE 0.9 4.1 0.2 3.9 0.1 3.7 0 3.5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 t/τ Figura X.12 Influência da concentração de alimentação na curva de “breakthrough” – biossorção do Cu(II) pelos grânulos (ensaios 41 e 45). A alga Gelidium apresenta, em coluna, capacidades de adsorção mais elevadas do que em sistema fechado. Isto pode dever-se ao facto de, nos sistemas em contínuo, o reactor está a ser alimentado com uma solução com concentração de metal constante. Como já foi referido, para o adsorvedor de cestos, a capacidade máxima de adsorção, determinada em sistema fechado, pode estar subestimada devido à complexação do metal em solução pela matéria orgânica facilmente dessorvida. Nos sistemas em contínuo, antes de se proceder ao início da 340 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO experiência, os biossorventes foram mergulhados em água destilada e submetidos a vácuo com agitação, removendo-se o ar presente nos poros, assim como a matéria orgânica facilmente dessorvida. Para além disso, a coluna com o biossorvente foi lavada com água destilada durante 2 horas antes de proceder ao início da experiência. Deste modo, poderá assumir-se que nos sistemas em contínuo, não existe matéria orgânica em solução para interferir no processo de biossorção. Para além disso, as diferenças entre a capacidade de adsorção obtida nos ensaios de equilíbrio em sistema fechado e em coluna podem ser explicadas pelos erros associados aos parâmetros de equilíbrio e experimentais, pela variação do pH dentro da coluna (considerou-se o pH final da experiência para determinar os parâmetros do equilíbrio usando o modelo de equilíbrio discreto) e também pela heterogeneidade da alga Gelidium, colhida em diferentes épocas do ano. Relativamente aos grânulos, as quantidades de cobre removidas nas experiências em coluna são aproximadamente iguais aos valores dados pelo equilíbrio (≈ 3,0 e 2,5 mg g-1, respectivamente para as concentrações 45,7 e 24,8 mg l-1). As curvas de “breakthrough” para a biossorção do cobre pela alga Gelidium são bem simuladas pelo modelo matemático, se se aumentar a capacidade máxima de adsorção. As curvas simuladas são apresentadas na Figura X.13. 1 Qmax = 33 mg/g 0.9 CE = 47.3 mg/l 0.8 C b / CE 0.7 0.6 Qmax = 33 mg/g 0.5 CE = 24.3 mg/l Qmax = 74 mg/g CE = 24.3 mg/l 0.4 0.3 0.2 Qmax = 49 mg/g 0.1 CE = 47.3 mg/l 0 0 200 400 600 800 CE = 47.3 mg/l CE = 24.3 mg/l 1000 1200 1400 1600 1800 Tempo (min) Figura X.13 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa a diferentes concentrações de alimentação – biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium (ensaios 1 e 3). 341 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Relativamente aos grânulos, verifica-se que, para a concentração mais alta, a curva simulada ajusta bem os resultados experimentais (Figura X.14). Também na Figura X.14, verifica-se que aumentando kf, diminui a resistência no filme e aumenta o tempo de “breakthrough”. 1 CE = 45.7 mg/l 0.9 0.8 kf = 1.0×10-4 cm/s C b / CE 0.7 kf = 7.0×10-4 cm/s 0.6 0.5 0.4 0.3 kf = 2.0×10-4 cm/s 0.2 0.1 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 Tempo (min) Figura X.14 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa para concentração de alimentação = 45,7 mg l-1 – biossorção do Cu(II) pelos grânulos (ensaio 41). Para a concentração mais baixa da solução de alimentação, (Figura X.15), a curva simulada com os valores dos parâmetros de equilíbrio dentro dos intervalos de confiança e com um valor da difusividade homogénea superior ao determinado em sistema fechado ajusta bem a parte inicial da curva experimental. O desfasamento na parte final da curva é devido à adsorção em sítios com menor afinidade, aumentando o tempo de difusão dos iões metálicos, e levando ao alongamento da curva experimental na parte final, como já foi referido na secção X.2.1. Analisando os coeficientes de transferência de massa no filme verifica-se que, para a concentração de alimentação mais elevada, a resistência no filme é maior e, portanto, kf é mais baixo. Na Tabela X.4 são apresentados os valores do MTZ e da LUB. Estes valores indicam que, para a concentração de alimentação mais elevada, não se forma uma zona de transferência porque o valor de MTZ é superior ao comprimento da coluna (15 cm) e, portanto, a fracção de leito não utilizado é muito alta. Para a concentração mais baixa consegue-se obter uma zona de transferência de massa com um comprimento de 6,6 e 8,4 cm, correspondendo a uma fracção de leito não utilizado mas baixa, cerca de 22,0% e 28,1%, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos. 342 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 1 CE = 24.8 mg/l 0.9 0.8 KPb = 8.6×10-3 l/mg C b / CE 0.7 Dh = 4.0×10-8 cm2/s 0.6 KPb = 1.1×10-2 l/mg 0.5 Dh = 2.3×10-8 cm2/s 0.4 0.3 0.2 0.1 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 Tempo (min) Figura X.15 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa para concentração de alimentação = 24,8 mg l-1 – biossorção do Cu(II) pelos grânulos (ensaio 45). Tabela X.4 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção do cobre pela alga Gelidium e grânulos), a diferentes concentrações de alimentação. CE (mg l-1) KM (l mg-1) 47,3a 7,0×10-3 Qmax (mg g-1) ξp ε 33 26,5 0,898 0,898 49 33 74 39,4 31,8 71,4 kf Nd ξp Nd Nf tst (min) tBp (min) MTZ (cm) LUB (%) 5,0×10-4 3,9 103,3 11,6 ----- ----- ----- ----- -4 3,9 3,8 3,8 153,7 120,8 271,3 23,2 -1 (cm s ) 1,0×10 680,0 293,0 17,1 56,9 ------------- ----24,3a 7,0×10-3 0,893 9,0×10-3 213,3 1204 939 6,6 22,0 7,0×10-5 8,8 ------------- ----45,8b 7,5×10-3 11,3 19,7 0,443 1,0×10-4 1,4 27,4 12,6 173,6 64,0 18,9 63,1 2,0×10-4 25,2 ------------- -----2 1,1×10 29,9 1,4 40,4 365,1 ------------- ----24,8 b 11,3 0,452 3,0×10-3 8,6×10-3 24,5 3,6 88,2 365,1 212,8 153,0 8,4 28,1 a -1 -1 b -1 Gelidium: Qmax = 31 ± 2 mg g , KPb = 0,006 ± 0,001 l mg (pHCE = 4,0); Grânulos: Qmax = 11,3 ± 0,6 mg g , KPb = 0,008 ± 0,003 l mg-1 (pHCE = 4,0), KPb = 0,012 ± 0,004 l mg-1 (pHCE = 4,2). A forma da curva de “breakthrough” depende de dois factores: da velocidade de difusão dos iões metálicos e da velocidade da frente de concentração. Com o aumento da concentração da solução de alimentação, a força directriz aumenta, aumentando a velocidade de difusão dos iões. Para concentrações elevadas, a frente de concentração move-se com maior velocidade e pode nem se formar, como acontece neste estudo. Assim, pode concluir-se que, neste processo, o factor limitante é a velocidade da frente de concentração que determina a forma 343 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO da curva. A forma da curva de “breakthrough”, para concentrações mais baixas, é mais abrupta, e, portanto, a resistência à difusão no filme é menor. Tal como tinha acontecido na dessorção do chumbo, a dessorção do cobre com uma solução de HNO3 0,1 M é completa. Analisando a Figura X.16 (Alga Gelidium) verifica-se que a curva de eluição, para a concentração mais alta, é mais dispersa, pelo que é necessário um maior volume de eluente para dessorver a mesma quantidade de iões metálicos. Isto pode ser explicado pela menor concentração de H+ na solução regenerante (pH = 1,0 face ao pH = 0,84), que conduz a valores máximos de concentração de metal à saída da coluna diferentes (Tabela X.5). Os valores de CR previstos pelos dados de equilíbrio estão abaixo dos obtidos experimentalmente (Tabela X.5). 2500 4.5 C b (mg/l) 2000 CE = 47.3 mg/L 4 CE = 24.3 mg/L 3.5 1750 pH (CE = 47.3 mg/L) 1500 pH (CE = 24.3 mg/L) 3 2.5 1250 2 1000 pH 2250 1.5 750 500 1 250 0.5 0 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 t/τ Figura X.16 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção na alga Gelidium, a diferentes concentrações de alimentação (ensaios 2 e 4). Tabela X.5 Comparação entre a razão sólido líquido, S/L, a razão de concentração, CR, e o valor máximo de concentração à saída da coluna, CS (dessorção do cobre pela alga Gelidium e grânulos). CR Biossorvente CE (mg l-1) S/L (g l-1) Gelidium 24,3 47,3 152 161 Grânulos 24,8 45,8 313ª 20 20 302ª 33 30 -3 ª ρap = 0,25 g cm Exp. 39 103 Calc. 25 30 Valor máximo de CS (mg l-1) 1543 2300 830 739 As curvas de eluição dos grânulos são muito similares para as duas concentrações de alimentação estudadas, embora se verifique que para a concentração mais alta seja maior a área debaixo da curva (Figura X.17). Os picos máximos de concentração à saída da coluna, a 344 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO razão S/L e CR são apresentados na Tabela X.5. Os valores de CR podem ser estimados pelos dados de equilíbrio (Tabela X.5). A dessorção dos iões chumbo é mais rápida e eficiente que a dos iões cobre, uma vez que é necessário um menor volume de eluente para dessorver uma maior quantidade de iões. 900 CE = 24.8 mg/l CE = 45.7 mg/l pH (CE = 24.8 mg/l) pH (CE = 45.7 mg/l) 800 700 3.5 3 500 2.5 400 2 pH C b (mg/l) 600 4 300 1.5 200 1 100 0 0.5 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 22.5 25 Tempo (min) Figura X.17 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção nos grânulos, a diferentes concentrações de alimentação (ensaios 42 e 46). t/τ 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 2750 4 2500 Cu 2250 pH Pe = 100 3.5 3 1750 Pe = 100 Pe = 55 1500 1250 2.5 pH C b (mg/l) 2000 2 1000 750 1.5 Pe = 55 500 1 250 0 0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 t/τ Figura X.18 Comparação entre a curva experimental de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cu(II) da alga Gelidium (CE = 24,3 mg l-1). Tal como tinha acontecido na dessorção de Pb2+, a dessorção de Cu2+ também é bem simulada pelo modelo de transferência de massa, considerando valores de Pe inferiores aos estimados, como se pode observar nas Figuras X.18 e X.19, para a alga Gelidium, e nas Figuras X.20 e X.21, para os grânulos, para duas concentrações diferentes de ião metálico na fase sólida. 345 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO t/τ 3.5 3 2.5 2 2200 2000 Cu 1800 pH 1.5 1 0.5 0 4 Pe = 100 3.5 3 Pe = 18 1400 2.5 1200 pH C b (mg/l) 1600 1000 2 Pe = 100 800 600 1.5 Pe = 18 400 1 200 0 0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 t/τ Figura X.19 Comparação entre a curva experimental de eluição e previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cu(II) da alga Gelidium (CE = 47,3 mg l-1). Tempo (min) 20 17.5 15 12.5 10 7.5 5 2.5 0 4 1000 Pe = 60 ρap = 0.25 800 Pe = 10 ρap = 0.25 Cu pH Pe = 60 ρap = 0.78 3.5 3 2.5 pH C b (mg/l) 1200 600 2 Pe = 60 ρap = 0.25 400 1.5 Pe = 10 ρap = 0.25 200 1 0 0.5 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 Tempo (min) Figura X.20 Comparação entre a curva experimental de eluição e a prevista pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cu(II) dos grânulos (CE = 24,8 mg l-1). 346 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Tempo (min) 17.5 15 12.5 10 7.5 5 2.5 0 4 Pe = 70 ρap = 0.25 1000 C b (mg/l) 20 Cu pH 3.5 Pe = 70 ρap = 0.78 800 Pe = 10 ρap = 0.25 3 2.5 600 Pe = 70 ρap = 0.25 400 2 1.5 Pe = 10 ρap = 0.25 200 0 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 Tempo (min) pH 22.5 1200 17.5 20 1 0.5 22.5 Figura X.21 Comparação entre a curva experimental de eluição e a prevista pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cu(II) dos grânulos (CE = 45,8 mg l-1). Na Tabela X.6 encontram-se registados os parâmetros utilizados na simulação do modelo de transferência de massa. Tal como acontecia na dessorção dos iões chumbo a resistência à transferência de massa no filme é maior nos grânulos do que na alga Gelidium. Em ambas as situações a resistência à transferência de massa no filme e a velocidade de transporte por dispersão axial são os passos controlantes do processo de dessorção ( ξ 'p N d > N f ). Tabela X.6 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (dessorção do cobre pela alga Gelidium e grânulos), a diferentes concentrações de alimentação. Biossorvente CE KM H Qmax (mmol g-1) 24,3 0,93 Gelidium 24,8 45,8 1,1 ε 74,6 0,898 124,0 0,893 35,9 45,8 0,822 0,825 0,36 47,3 Grânulos ξ 'p 0,16 Pe 18 100 55 100 60 70 kf Nd ξ 'p N d Nf 3,0×10-3 4,9 368,4 33,7 3,0×10-3 4,9 608,9 35,5 6,0×10-5 11,4 11,5 410,7 525,7 1,2 (cm s-1) X.2.3 Efeito do pH da Corrente de Alimentação O pH da solução de alimentação é um dos factores que mais influenciam a capacidade de biossorção, tal como já se tinha concluído em sistema fechado. Para analisar o efeito do pH na curva de “breakthrough”, ajustou-se o pH inicial, dentro da coluna, para um valor igual ao da solução de alimentação. Nas Figuras X.22 e X.23 são apresentadas as curvas de 347 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO “breakthrough” relativas à biossorção do chumbo pela alga Gelidium e pelos grânulos, a 1 5.5 0.9 5.2 0.8 4.9 0.7 4.6 0.6 4.3 0.5 4 0.4 pH C b / CE diferentes valores de pH. 3.7 pHSE=5.3 pHSE=4 pHSE=3 pH (pHSE=5.3) pH (pHSE=4) pH (pHSE=3) 0.3 0.2 0.1 0 0 200 400 3.4 3.1 2.8 2.5 800 1000 1200 1400 1600 1800 600 Tempo (min) Figura X.22 Influência do pH inicial na curva de “breakthrough” – biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium (ensaios 11, 15 e 17). 1 5.8 0.9 5.5 5.2 0.7 4.9 0.6 4.6 0.5 4.3 pH Cb / CE 0.8 4 0.4 3.7 0.3 pHSE = 5.3 pHSE = 4 pHSE = 3 pH (pHSE = 5.3) pH (pHSE = 4) pH (pHSE = 3) 0.2 0.1 0 0 50 100 150 200 250 300 350 3.4 3.1 2.8 2.5 400 Tempo (min) Figura X.23 Influência do pH inicial na curva de “breakthrough” – biossorção do Pb(II) pelos grânulos (ensaios 57, 60 e 62). Devido à permuta iónica entre os iões metálicos e os protões que se encontram ligados aos sítios activos do biossorvente, o pH à saída da coluna varia, o que se traduz nos perfis de pH apresentados nas Figuras X.22 e X.23. O pH mantém-se constante, igual ao pH da solução de entrada, até que a frente de concentração do chumbo atinja o fundo da coluna. Apesar da difusividade dos iões H+ ser superior à dos iões metálicos, as frentes de concentração dos iões metálicos e dos protões têm a mesma velocidade, uma vez que a solução tem de ser 348 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO electricamente neutra, e atingem o fundo da coluna ao mesmo tempo. No entanto, devido a efeitos dispersivos, a frente de concentração dos protões pode sair em primeiro lugar. Em termos práticos, a curva de “breakthrough” do pH pode ser usada como um indicador da curva de “breakthrough” do metal. Esta é uma forma simples de identificar o tempo de “breakthrough”, uma vez que a medição do pH é mais simples de monitorizar do que a concentração de metal. A partir da quantidade de protões libertados para a solução e da quantidade de iões metálicos adsorvidos, determinou-se uma razão de permuta iónica próxima da unidade. Analisando as Figuras X.22 e X.23, à medida que o pH da alimentação aumenta, aumenta o tempo de “breakthrough”, uma vez que a capacidade de adsorção também aumenta com o pH. Para a experiência a pH = 3,0, o pH da solução mantém-se praticamente constante, porque a capacidade de adsorção é pequena para valores de pH muito ácido. No caso da alga Gelidium, verifica-se que o pH da solução à saída da coluna aumenta na parte final da curva, porque nesta fase a alga está praticamente saturada, e o pH à saída tende para o pH da solução de alimentação. Nos grânulos, isto não acontece porque não se atingiu a saturação, e a permuta iónica continua, libertando mais protões para a solução. O alongamento da curva de “breakthrough” pode dever-se, como já referido, à adsorção do metal em sítios de menor afinidade, que são os últimos a serem ocupados. As curvas de “breakthrough” da Figura X.22, para soluções de alimentação a pH 5,3 e 4,0, são semelhantes, diferindo no tempo de “breakthrough” apenas 7%. Isto acontece porque os dois valores de pH final são muito próximos. Como o pH final é um factor determinante na capacidade de adsorção da biomassa, a pH = 3,0 verifica-se uma grande diminuição no tempo de “breakthrough”, devido à diminuição da capacidade de adsorção. Analisando a Figura X.23, observa-se que os valores de pH de equilíbrio para os três ensaios são diferentes e, consequentemente, o equilíbrio de adsorção dado pela isotérmica de Langmuir é diferente em cada caso, o que resulta em diferentes capacidades de adsorção e, por isso, diferentes tempos de “breakthrough”. Nas Figuras X.24 e X.25 são apresentadas as curvas simuladas pelo modelo de transferência de massa para os ensaios a diferentes valores de pH. Os resultados experimentais são razoavelmente previstos pelo modelo de transferência de massa para a alga Gelidium. 349 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 1 0.9 0.8 C b / CE 0.7 0.6 0.5 pHSE = 3.0 Modelo pHSE = 4.0 Modelo pHSE = 5.3 Modelo 0.4 0.3 0.2 0.1 0 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 Tempo (min) Figura X.24 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa a diferentes valores de pH inicial – biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium (ensaios 11, 15 e 17). C b / CE 1 0.9 pHSE = 3.0 0.8 Modelo (Dh = 9.0E-8 cm2/s) 0.7 Modelo (Dh = 2.5E-8 cm2/s) 0.6 pHSE = 4.0 0.5 Modelo (Qmax = 8.0 mg/g) 0.4 Modelo (Qmax = 20.0 mg/g) 0.3 pHSE = 5.3 0.2 Modelo (Qmax = 10.0 mg/g) 0.1 Modelo (Qmax = 20.0 mg/g) 0 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Tempo (min) Figura X.25 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa a diferentes valores de pH inicial – biossorção do Pb(II) pelos grânulos (ensaios 57, 60 e 62). Para os grânulos, a parte final da curva de “breakthrough” é muito alongada, como já tinha sido verificado anteriormente, e o modelo de transferência de massa não é capaz de prever este alongamento (Figura X.25). A pH = 3, a curva não apresenta alongamento, pelo que é bem simulada com o modelo de transferência de massa, usando para a difusividade homogénea um valor superior ao determinado em sistema fechado. A pH baixo, devido à competição dos protões com os iões metálicos, os sítios com menor afinidade pelo metal estão protonados. 350 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO A curva a tracejado, obtida pelo modelo de transferência de massa, com os parâmetros de equilíbrio determinados em sistema fechado, prevê um tempo de “breakthrough” superior ao obtido experimentalmente. Se se diminuir, em cerca de 50%, o valor de Qmax, o modelo descreve bem a parte inicial da curva experimental, mas prevê que a saturação ocorra antes da obtida experimentalmente. O resultado sugere que só 50% dos sítios activos com a afinidade considerada são ocupados pelo metal, sendo os restantes centros de menor afinidade que, como já referido, são preenchidos mais lentamente. O desfasamento entre as curvas experimentais e simuladas pode dever-se ao facto de o modelo de transferência de massa apenas considerar um tipo de sítios activos com a mesma afinidade e se ter demonstrado previamente que havia uma distribuição heterogénea de sítios activos. Na Tabela X.7 encontram-se os valores dos parâmetros do modelo de transferência de massa para os ensaios a pH 3,0 e 4,0. Os parâmetros de ajuste dos ensaios a pH 5,0 estão na Tabela X.1. Tabela X.7 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção do chumbo pela alga Gelidium e grânulos), a diferentes valores de pH inicial (solução e coluna). pHSE 4,0ª 3,0ª 4,0b 3,0 b KM (l mg-1) 2,5×10 -2 1,6×10 -2 Qmax (mg g-1) ξp ε 56,0 106,1 0,888 0,895 39 20,0 8,0 53,7 52,9 21,2 kf Nd ξp Nd Nf tst (min) tBp (min) MTZ (cm) LUB (%) 1,5×10-3 2,18 231,3 18,6 888 598 9,8 32,9 -3 2,19 -1 (cm s ) 2,2×10 117,6 25,6 448 284 11,0 36,6 43,4 2,1×10-2 0,495 4,0×10-4 0,82 22,4 17,4 105,5 47 16,6 55,5 3,0×10-3 3,3 30,9 19,0 9,3 0,558 6,0×10-3 292,8 3,0×10-3 0,93 8,6 52,8 35 10,1 33,7 ªGelidium: Qmax = 54 ± 2 mg g-1, KPb = 0,020 ± 0,005 l mg-1 (pHCE = 4,0), Qmax* = 37,8 mg g-1, KPb* = 0,014 ± 0,002 l mg-1 (pHCE = 3,0); bGrânulos: Qmax = 20 ± 1 mg g-1, KPb = 0,021 ± 0,007 l mg-1 (pHCE = 3,8); KPb = 0,004 ± 0,001 l mg-1 (pHCE = 3,0). * Dados obtidos a partir da isotérmica de Langmuir a pH 3,0. Após a saturação da biomassa com chumbo, procedeu-se à etapa de dessorção para cada um dos ensaios. Os resultados experimentais e as curvas simuladas são apresentados nas Figuras X.26 e X.27, respectivamente para a alga Gelidium e os grânulos. 351 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Pb, pHSE = 5.3 4 4500 4000 3500 3000 2500 2000 Pb, pHSE = 4 3.5 Pb, pHSE = 3 3 Modelo, Pb (pHSE = 5.3) 2.5 Modelo, Pb (pHSE = 4) pH C b (mg/l) 6500 6000 5500 5000 2 pH (pHSE = 5.3) 1.5 1500 1000 500 0 Modelo, Pb (pHSE = 3) pH (pHSE = 4) pH (pHSE = 3) 1 Modelo, pH (pHSE = 5.3) 0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 Modelo, pH (pHSE = 4) Modelo, pH (pHSE = 3) t/τ Figura X.26 Comparação entre as curvas experimentais de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Pb(II) da alga Gelidium (ensaios 12, 16 e 18). 4.5 Pb (pHSE = 5.3) 2250 4 Pb (pHSE = 4) 2000 3.5 2500 Modelo, Pb (pHSE = 5.3) 3 1500 pH C b (mg/l) 1750 Pb (pHSE = 3) Modelo, Pb (pHSE = 4) 1250 2.5 1000 2 pH (pHSE = 5.3) 1.5 pH (pHSE = 4) 1 pH (pHSE = 3) 0.5 Modelo, pH (pHSE = 5.3) 750 500 250 0 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 Tempo (min) Modelo, Pb (pHSE = 3) Modelo, pH (pHSE = 4) Modelo, pH (pHSE = 3) Figura X.27 Comparação entre as curvas experimentais de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Pb(II) dos grânulos (ensaios 58, 61e 63). Tal como se verificou nas outras experiências, a dessorção é completa. A quantidade de metal dessorvida corresponde à concentração de saturação. Os máximos de concentração diminuem com o pH, tal como as razões de concentração CR (Tabela X.8). Tal como já foi referido nas secções anteriores, os valores de CR estimados são muito próximos dos experimentais para os grânulos e inferiores para a alga Gelidium (Tabela X.8). 352 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Tabela X.8 Comparação entre a razão sólido líquido (S/L), a razão de concentração (CR), e o valor máximo de concentração à saída da coluna, CS (dessorção do chumbo pela alga Gelidium e grânulos). CR Biossorvente pHSE (mg l-1) S/L (g l-1) Gelidium 5,3 4,0 3,0 158 170 161 Grânulos 5,3 4,0 3,0 340ª 53,9 52,6 254ª 40,3 49,1 197ª 11,6 9,3 ª ρap = 0,25 g cm-3 Exp. Calc. 153,8 146,2 57,5 111,5 86,1 48,1 Valor máximo de CS (mg l-1) 6360 6369 3000 2500 1750 500 q M0 (mmol g-1) 0,192 0,155 0,083 0,043 0,037 0,013 Os perfis de pH à saída da coluna são constantes durante um período de tempo, normalmente metade do tempo de residência médio na coluna, e depois diminuem ligeiramente devido à libertação dos protões que ainda permaneciam ligados. Neste instante inicia-se a saída dos iões metálicos com uma concentração dentro da coluna superior à inicial (Figuras X.26 e X.27). Em seguida dá-se uma diminuição brusca do pH, que corresponde ao pico máximo da concentração de metal à saída da coluna. Isto acontece porque a frente de concentração do ácido empurra o metal, o que origina concentrações muito elevadas de metal à saída da coluna. Depois do pH estabilizar para o valor do pH do eluente à entrada, a etapa de dessorção está praticamente completa. Da mesma forma, tal como foi referido para a adsorção, o perfil de pH à saída da coluna pode ser utilizado como indicador da curva de “breakthrough” dos iões metálicos. Na Tabela X.9 são apresentados os parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aplicado à dessorção. Para a simulação do modelo torna-se necessário conhecer alguns parâmetros, cujos valores são apresentados no apêndice G, tal como as quantidades adsorvidas de chumbo no fim da saturação (Tabela X.8). As curvas de “breakthrough” são bem previstas pelo modelo de transferência de massa. O mecanismo controlante do processo de eluição é a velocidade de transporte do fluído por dispersão e a difusão dos iões metálicos no filme, tal como já tinha sido concluído para o chumbo para diferentes caudais de alimentação, uma vez que a permuta dos iões metálicos com os protões é extremamente rápida, face à concentração elevada de H+ na solução regenerante. 353 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Tabela X.9 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (dessorção do chumbo pela alga Gelidium e grânulos), a diferentes valores de pH inicial. Biossorvente pHSE Gelidium 5,3 4,0 3,0 Grânulos 5,3 4,0 3,0 kf Qmax (mmol g-1) ξ 'p ε Pe 0,93 0,36 216,3 134,2 30,3 0,893 0,888 0,895 35 80 100 3,0×10 1,1 0,16 98,6 64,7 16,1 0,816 0,839 0,859 80 55 50 4,0×10-4 KM H -1 (cm s ) -3 Nd ξ 'p N d Nf 4,9 4,9 4,9 1062,2 655,5 149,3 35,4 37,2 34,9 11,4 11,7 12,0 1118,8 754,8 192,4 8,1 7,1 6,2 X.2.4 Efeito da Temperatura Em sistema fechado, verificou-se que o aumento da temperatura favorecia a biossorção dos iões metálicos, principalmente para concentrações de metal elevadas. No sistema em coluna, o efeito da temperatura parece não afectar o processo de biossorção, uma vez que as curvas de “breakthrough” (Figuras X.28 e X.29) praticamente se sobrepõem para as duas temperaturas 1 5.4 0.9 5.2 0.8 5 0.7 4.8 0.6 4.6 T = 20ºC 0.5 T = 35ºC 4.4 0.4 pH (T = 20ºC) 4.2 0.3 pH (T = 35ºC) 4 0.2 3.8 0.1 3.6 0 0 20 40 60 80 100 pH C b / CE estudadas. 3.4 120 t/τ Figura X.28 Influência da temperatura na curva de “breakthrough” – biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium (ensaios 3 e 5). 354 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 1 6 0.9 5.8 0.8 5.6 C b / CE T=20ºC 5.2 T=35ºC 0.5 5 pH (T=20ºC) 0.4 4.8 pH (T=35ºC) 0.6 pH 5.4 0.7 4.6 0.3 4.4 0.2 4.2 0.1 4 0 3.8 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 t/τ Figura X.29 Influência da temperatura na curva de “breakthrough” – biossorção do Cu(II) pelos grânulos (ensaios 45 e 49). O pH de equilíbrio é mais baixo à temperatura mais alta sugerindo que o aumento da temperatura aumenta a capacidade de biossorção da biomassa. No entanto, operar em coluna de adsorção aquecida torna-se uma solução mais dispendiosa, pois exige um contínuo fornecimento de energia para aquecer a alimentação até à temperatura desejada, o que, em termos práticos, é colocado de parte neste tipo de processos. 4 T = 20ºC C b (mg/l) 2000 3.5 T = 35ºC 1750 pH (T = 20ºC) 1500 pH (T = 35ºC) 3 2.5 1250 2 1000 pH 2250 1.5 750 1 500 0.5 250 0 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 t/τ Figura X.30 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção na alga Gelidium, a diferentes temperaturas (ensaios 4 e 6). Do mesmo modo foi analisada a influência da temperatura no processo de dessorção. Observando as Figuras X.30 e X.31, verifica-se que o aumento da temperatura não 355 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO influenciou o processo de dessorção, resultando em ambos os casos numa dessorção completa. 4.5 700 T = 20ºC 600 pH (T = 20ºC) T = 35ºC pH (T = 35ºC) 500 4 3.5 3 2.5 400 2 300 pH C b (mg/l) 800 1.5 200 1 100 0.5 0 0 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 22.5 25 Tempo (min) Figura X.31 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção nos grânulos, a diferentes temperaturas (ensaios 46 e 50). X.2.5 Efeito da Força Iónica Uma grande parte dos ensaios foram realizados a uma força iónica baixa, próxima de 0,001 M, à semelhança dos estudos de equilíbrio e de cinética apresentados nos capítulos anteriores. Nos efluentes reais, normalmente devido à presença de outros iões em solução, a força iónica é maior podendo atingir valores de 0,1 M. Para analisar o efeito da força iónica em sistema contínuo de leito fixo, foram realizadas duas experiências: uma sem adicionar nenhum electrólito à solução de alimentação e outra adicionando KNO3 0,1 M. As experiências foram realizadas com a mesma concentração inicial de cobre ≈ 25 mg l-1 e ao mesmo pHSE. O aumento da força iónica diminuiu o tempo de “breakthrough” em cerca de 74% e 47%, respectivamente para a alga Gelidium e para os grânulos (Figuras X.32 e X.33). Com o aumento da concentração de electrólito, a componente electrostática da ligação dos iões metálicos aos sítios activos das superfícies diminuiu, por isso, a capacidade de adsorção da biomassa diminui. Na biossorção do Cu(II) pelos grânulos, usaram-se diferentes massas de adsorvente, para cada força iónica estudada, por isso a diferença entre os valores de tBp é menor. 356 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 1 5.6 0.9 5.4 0.8 5.2 5 0.6 4.8 0.5 4.6 0.4 FI = 0.001 M 0.3 FI = 0.1 M 0.2 pH (FI = 0.001 M) pH (FI = 0.1 M) 0.1 0 0 20 40 60 80 100 120 pH C b / CE 0.7 4.4 4.2 4 3.8 140 t/τ Figura X.32 Influência da força iónica (FI) na curva de “breakthrough” – biossorção do Cu(II) pela alga Gelidium (ensaios 3 e 7). 6 0.9 5.8 0.8 5.6 0.7 5.4 FI=0.001 M 0.6 5.2 FI=0.1 M 0.5 pH (FI=0.001 M) 0.4 pH (FI=0.1 M) 0.3 5 pH C b / CE 1 4.8 4.6 0.2 4.4 0.1 4.2 0 4 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 t/τ Figura X.33 Influência da força iónica (FI) na curva de “breakthrough” – biossorção do Cu(II) pelos grânulos (ensaios 45 e 47). Dado que a influência da força iónica no tBp é grande, é necessário analisar previamente o efluente, de forma a prevenir a saturação precoce da coluna de leito fixo e a contaminação do efluente com concentrações elevadas de iões metálicos. Nas Figuras X.34 e X.35 são apresentadas as curvas de eluição para as duas forças iónicas, respectivamente para a alga Gelidium e para os grânulos. Pela integração das curvas de eluição determinou-se a quantidade de iões metálicos libertados para a solução. Verifica-se que todo o metal que satura a biomassa é libertado para a solução e, portanto, a dessorção é completa. Como a concentração de metal que inicialmente satura a biomassa é maior para a 357 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO força iónica mais baixa, as concentrações máximas no processo de dessorção também são mais elevadas (Tabela X.10). 2500 4.5 FI = 0.001 M 1750 C b (mg/l) 4 FI = 0.1 M 2000 1500 pH (FI = 0.001 M) 3.5 pH (FI = 0.1 M) 3 2.5 1250 2 1000 pH 2250 1.5 750 500 1 250 0.5 0 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 t/τ Figura X.34 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção na alga Gelidium, a diferentes forças iónicas (ensaios 4 e 8). 5 700 C b (mg/l) 600 500 FI = 0.001 M 4.5 FI = 0.1 M 4 pH (FI = 0.001 M) 3.5 pH (FI = 0.1 M) 3 400 2.5 300 2 pH 800 1.5 200 1 100 0.5 0 0 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 22.5 25 Tempo (min) Figura X.35 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção nos grânulos, a diferentes forças iónicas (ensaios 46 e 48). Tabela X.10 Comparação entre a razão sólido líquido (S/L), a razão de concentração (CR), e o valor máximo de concentração à saída da coluna, CS (dessorção do cobre pela alga Gelidium e grânulos). 358 Biossorvente FI (M) S/L (g l-1) CR Valor máximo de CS (mg l-1) Gelidium 0,001 0,1 161 174 103 43 2300 997 Grânulos 0,001 0,1 302ª 33 192ª 22 ª ρap = 0,25 g cm-3 739 510 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO X.2.6 Cádmio, Zinco e Crómio A biossorção dos iões cádmio, zinco e crómio pela alga Gelidium e pelos grânulos foi estudada em coluna de leito fixo, alimentando continuamente soluções separadas de cada um dos iões metálicos. Nas Figuras X.36 a X.41 são apresentadas as curvas de “breakthrough” dos três iões metálicos para a adsorção na alga Gelidium e nos grânulos. O caudal de alimentação utilizado foi de 4 ml min-1, com uma concentração de alimentação de, aproximadamente, 50 mg l-1. 1 5.7 0.9 5.6 Qmax = 21.0 mg/g 0.8 5.5 5.4 5.3 0.6 5.2 0.5 5.1 0.4 pH C b / CE 0.7 Qmax = 32.5 mg/g 5 4.9 pH 0.3 4.8 0.2 4.7 0.1 4.6 0 0 200 400 600 800 4.5 1000 1200 1400 1600 Tempo (min) Figura X.36 Comparação entre a curva experimental de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do Cd(II) pela alga Gelidium (ensaio 19). 1 5.6 0.9 5.5 kf = 5.0×10 cm/s -4 5.4 0.8 5.3 kf = 2.0×10-4 cm/s 5.2 0.6 5.1 0.5 5 0.4 pH C b / CE 0.7 4.9 0.3 pH kf = 1.0×10-4 cm/s 0.2 4.8 4.7 0.1 4.6 0 0 50 100 150 200 250 300 350 4.5 400 Tempo (min) Figura X.37 Comparação entre a curva experimental de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do Cd(II) pelos grânulos (ensaio 64). 359 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 1 5.8 0.9 5.7 Qmax = 20 mg/g 0.8 5.6 5.5 Qmax = 29 mg/g 0.6 5.4 0.5 5.3 0.4 5.2 0.3 pH C b / CE 0.7 5.1 pH 0.2 5 0.1 4.9 0 4.8 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Tempo (min) Figura X.38 Comparação entre a curva experimental de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do Zn(II) pela alga Gelidium (ensaio 21). 1 5.7 0.9 5.6 0.8 5.5 5.4 5.3 0.6 5.2 0.5 5.1 0.4 5 pH 0.3 pH C b / CE 0.7 4.9 0.2 4.8 0.1 4.7 0 4.6 300 0 50 100 150 200 250 Tempo (min) Figura X.39 Comparação entre a curva experimental de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do Zn(II) pelos grânulos (ensaio 66). 360 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 1 5.9 0.9 5.7 0.8 5.5 5.3 Qmax = 26 mg/g 0.6 5.1 0.5 4.9 0.4 pH C b / CE 0.7 4.7 Qmax = 22 mg/g 0.3 4.5 pH 0.2 4.3 0.1 4.1 0 3.9 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Tempo (min) Figura X.40 Comparação entre a curva experimental de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do Cr(III) pela alga Gelidium (ensaio 23). 1 6.5 0.9 6.3 6.1 0.8 5.9 5.7 Dh = 3.5×10-8 cm2/s 0.6 0.5 5.5 5.3 Dh = 1.4×10-8 cm2/s 0.4 pH C b / CE 0.7 5.1 4.9 0.3 0.2 pH 0.1 4.7 4.5 4.3 0 0 50 100 150 200 Tempo (min) 250 4.1 300 Figura X.41 Comparação entre a curva experimental de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do Cr(III) pelos grânulos (ensaio 68). Verifica-se que os tempos de “breakthrough” aumentam na ordem Zn < Cr < Cd, quer para a alga Gelidium, quer para os grânulos, e sugerem que as capacidades de biossorção crescem na mesma ordem, para as mesmas condições operatórias. Verificou-se a mesma tendência crescente no comprimento da zona de transferência de massa (MTZ) e na fracção de leito não utilizado (LUB), cujos valores são apresentados na Tabela X.11. 361 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Tabela X.11 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção do cádmio, zinco e crómio pela alga Gelidium e grânulos). Metal KM (l mg-1) Cdª 2,9×10-2 Znª 1,4×10-2 Crª 1,42×10-2 Cdb Znb Crb Qmax (mg g-1) ξp 32,5 21,0 20,0 29 22 66,6 43,1 27,9 40,4 28,6 26 32,8 kf (cm s-1) Nd 0,892 5,5×10-4 5,4 0,893 5,5×10-4 5,7 0,899 8,0×10-4 5,0 0,497 0,497 0,497 0,493 -4 ξp Nd 359,6 232,7 159,0 230,3 143,0 164,0 Nf 12,8 13,2 17,9 tst (min) tBp (min) MTZ (cm) LUB (%) 1088 685 11,1 37,0 690,8 263 18,6 61,9 557,4 330 12,2 40,8 2,9 73,3 11,1 2,9 73,3 22,2 240,4 172 8,5 28,5 2,9 73,3 55,6 -2 1,5×10 6,2 4,0 56,0 32,8 131,7 79 12,0 40,0 2,20 31,5 133,9 87 10,5 35,0 8,8×10-3 8,3 14,2 0,478 5,0×10-3 576,5 0,89 12,6 a Gelidium: Cd-Qmax = 19 ± 2 mg g-1, KCd = 0,026 ± 0,003 l mg-1 (pHCE = 4,7), Zn*-Qmax = 19 ± 1 mg g-1, KZn = 0,011 ± 0,003 l mg-1 (pHCE = 4,9); Cr*-Qmax = 21 ± 1 mg g-1, KCr = 0,011 ± 0,003 l mg-1 (pHCE = 4,0); bGrânulos: Cd-Qmax = 7,9 ± 0,3 mg g-1, KCd = 0,031 ± 0,007 l mg-1 (pHCE = 4,6); Zn*-Qmax = 6,4 ± 0,2 mg g-1, KZn = 0,021 ± 0,006 l mg-1 (pHCE = 4,7); Cr*-Qmax = 8,6 ± 0,3 mg g-1, KCr = 0,009 ± 0,003 l mg-1 (pHCE = 4,1). * Os dados de equilíbrio para o Zn e Cr foram obtidos através do modelo discreto para o sistema Pb2+/Zn2+ e Cu2+/Cr3+, respectivamente. 3,0×10-2 7,9 25,3 25,3 25,3 14.0 ε 1,0×10 2,0×10-4 5,0×10-4 3,0×10-4 Tal como acontece com o cobre, a capacidade da alga Gelidium para a adsorção de Zn, Cd e Cr é maior em coluna do que em sistema fechado e, por isso, no ajuste do modelo de transferência de massa, foi necessário aumentar a capacidade máxima do adsorvente. Relativamente aos grânulos, verifica-se que as curvas simuladas descrevem razoavelmente os resultados. Os parâmetros do modelo mostram que a resistência no filme é maior que a resistência na partícula ( ξ p N d > N f ), pelo que, neste processo, o passo limitante é a resistência no filme. Os parâmetros de equilíbrio (Qmax e KM) para o crómio e zinco foram estimados ao valor de pH final, com base no ajuste do modelo discreto às isotérmicas mocomponente e multicomponente (equação (IV.10)), apresentadas na Tabela VIII.36. Para o crómio, usaramse os valores dos parâmetros do sistema Cu/Cr e, para o zinco, os valores do sistema Pb/Zn, considerando que a concentração do outro metal é nula. Nas Figuras X.37, X.39 e X.41 verifica-se que a parte final das curvas não apresenta um alongamento tão acentuado como acontecia na biossorção do cobre e do chumbo. Os resultados sugerem que, porque o pH final é superior ao das experiências com cobre e chumbo, a afinidade para esses centros activos aumenta, diminuindo o tempo de difusão dos iões. O alongamento da curva de “breakthrough” também surge na biossorção do crómio pela 362 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO alga Gelidium (Figura X.40). Por ter maior carga, o ião trivalente poderá ligar-se a outro tipo de sítios, para os quais os iões divalentes não tinham afinidade suficiente. Nos perfis de pH, a diferença entre o pH inicial e final para o cádmio e zinco é muito inferior à que se verifica para o crómio, cobre e chumbo. No estudo do equilíbrio de biossorção em sistema fechado concluiu-se que na adsorção do cádmio e do zinco aos sítios activos, a componente electrostática da ligação é mais importante que a componente covalente, por isso a influência da força iónica na capacidade de biossorção destes dois metais é maior. Com uma afinidade química baixa, a permuta dos iões cádmio e zinco com os protões dos centros activos é mais difícil e, por isso, o pH, durante a adsorção em coluna de leito fixo diminuiu pouco. Na coluna de leito fixo, a capacidade dos biossorventes para fixarem os iões cádmio é superior à determinada para os iões cobre (qCu = 12,7 e 3,6 mg g-1 e qCd = 19,8 e 4,9 mg g-1, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos). Isto acontece porque o processo de biossorção do cádmio decorre a um pH mais elevado (pHCE = 4,6) do que o do cobre (pHCE = 3,9), favorecendo a biossorção do cádmio. O zinco também tem um comportamento semelhante ao cádmio, obtendo-se as capacidades de adsorção de 12,1 e 2,7 mg g-1, respectivamente para alga Gelidium e grânulos. Por sua vez a capacidade de biossorção do crómio foi 9,8 e 2,4 mg g-1 e a do chumbo foi 41,4 e 9,3 mg g-1, respectivamente para alga Gelidium e grânulos. A dessorção completa dos iões cádmio, zinco e crómio foi conseguida usando como eluente uma solução 0,1 M de HNO3 (Figuras X.42 à X.45). A curva de eluição dos iões crómio (Figura X.46) é muito alongada e apresenta um pico muito mais baixo que o dos restantes iões metálicos, como se pode ver na Tabela X.12. Apesar de ter consumido um maior volume de eluente, ao fim de t = 40 τ ainda saía da coluna uma concentração de crómio de aproximadamente 12,4 e 2,2 mg l-1, respectivamente para a alga Gelidium e os grânulos, enquanto que a dessorção dos outros iões metálicos é completa ao fim de t = 4 τ. Apenas 30%-40% do crómio retido na biomassa é dessorvido. 363 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 5 3000 4.5 Modelo, Cd (Pe = 30) 4 Modelo, Cd (Pe = 20) 2500 3 pH 2.5 Modelo, pH (Pe = 30) 1500 pH C b (mg/l) 3.5 2000 2 1000 1.5 500 1 Modelo, pH (Pe = 20) 0.5 0 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 t/τ Figura X.42 Comparação entre a curva experimental de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cd(II) da alga Gelidium (ensaio 20). 1400 5 4.5 1200 Modelo Cd 4 3.5 800 3 Modelo pH 600 2.5 pH pH C b (mg/l) 1000 2 400 1.5 200 1 0 0.5 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 Tempo (min) Figura X.43 Comparação entre a curva experimental de eluição e a prevista pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cd(II) dos grânulos (ensaio 65). 364 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 2000 5 1800 4.5 1600 C b (mg/l) 1400 pH 4 3.5 Pe = 45; kf = 3.0×10-4 cm/s 1200 3 1000 2.5 800 2 600 1.5 400 1 200 0.5 Pe = 25; kf = 3.0×10-3 cm/s 0 0 0.5 1 1.5 2 pH Zn 0 2.5 3 3.5 4 t/τ Figura X.44 Comparação entre a curva experimental de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Zn(II) da alga Gelidium (ensaio 22). 5 Pe = 85; kf = 8.0×10-5 cm/s 4.5 600 Zn pH 4 C b (mg/l) 500 3.5 Pe = 50; kf = 2.0×10-4 cm/s 400 3 2.5 300 pH 700 2 200 1.5 100 1 0 0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 t/τ Figura X.45 Comparação entre a curva experimental de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Cd(II) dos grânulos (ensaio 67). 365 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 225 4.5 Gelidium, Cr 175 3.5 Gelidium, pH 150 C b (mg/l) 4 Grânulos, Cr 3 Grânulos, pH 125 2.5 100 2 75 1.5 50 1 25 0.5 0 pH 200 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 t/τ Figura X.46 Eluição do Cr(III) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção na alga Gelidium e nos grânulos (ensaios 24 e 69). Resultados semelhantes foram obtidos por Ferraz et al. (2004), que testaram diferentes eluentes (H2SO4, HNO3, HCl, CH3COOH e EDTA) na dessorção do Cr(III) das células S. cerevisiae. Os autores verificaram que a percentagem de recuperação do crómio aumentava com o tempo de contacto e com a concentração dos eluentes. Amorim et al. (2003), usando os eluentes HCl, H2SO4 e EDTA, verificaram que a dessorção do Cr(VI) da alga Sargassum era muito lenta, demorando cerca de 7 h em sistema fechado. Kratochvil et al. (1998) estudaram a possibilidade de dessorver crómio da biomassa com um ácido mineral, saturando a biomassa Sargassum com Cr(VI) a pH 2 e depois dessorvendo com uma solução 0,2 M H2SO4. A percentagem de crómio recuperado foi cerca de 40% e 70% para um tempo de contacto de 2 e 24 h, respectivamente. Todo o crómio dessorvido da biomassa estava na forma Cr(III), o que sugere, que devido à lenta redução do Cr(VI) adsorvido a Cr(III) pela biomassa, a dessorção não é completa. Na Tabela X.12 são apresentadas as razões sólido/líquido usadas para cada metal e para cada adsorvente. Os valores não diferem muito de metal para metal mas são bastante mais altos para os grânulos. Para este material, a razão de concentração e o pico de concentração aumentam na seguinte ordem: Cr < Zn < Cu < Cd < Pb. Para a alga Gelidium a ordem mantém-se, invertendo apenas para o Cu e Zn, talvez devido a diferentes valores do pH final em cada uma das experiências (Zn-Gelidium: pHCE = 4,9; grânulos: pHCE = 4,7; Cu- 366 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Gelidium: pHCE = 3,9; grânulos: pHCE = 3,9), o que se traduz numa diminuição da capacidade de adsorção. Tabela X.12 Comparação entre a razão sólido/líquido (S/L), a razão de concentração (CR) e o valor máximo de concentração à saída da coluna, CS (dessorção do chumbo, cobre, cádmio, zinco e crómio pela alga Gelidium e grânulos). S/L (g l-1) Gelidium Grânulos 161 251 152 313 162 252 163 256 152 272 Pb Cu Cd Zn Cr Valor máximo de CS (mg l-1) Gelidium Grânulos 7868 2272 1543 830 3160 1298 1850 646 225 101 CR Gelidium 167 39 76 43 5,5 Grânulos 111 20 32 15,4 2,4 Analisando as Figuras X.42 a X.45 verifica-se que o modelo de transferência de massa ajusta razoavelmente os resultados experimentais da eluição dos iões cádmio e zinco. Na simulação matemática considerou-se que a constante de selectividade ( K M H ) para o cádmio e zinco é igual à determinada em sistema fechado para o cobre (Tabela X.13). Tabela X.13 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (dessorção do cádmio, zinco e crómio pela alga Gelidium e grânulos). KM H Qmax (mmol g-1) ξ 'p ε Pe Cd 0,93 0,36 147,2 147,2 0,892 0,892 Zn 0,93 0,36 87,5 0,892 Cd 1,1 0,16 62,7 0,839 Zn 1,1 0,16 36,4 0,838 30 20 25 45 85 50 85 Gelidium Grânulos kf -1 (cm s ) 3,0×10-3 3,0×10-3 3,0×10-3 3,0×10-4 3,0×10-4 2,0×10-4 8,0×10-5 Nd ξ 'p N d Nf 4,91 4,91 722,1 722,1 4,90 429,2 11,4 715,0 11,7 424,1 35,8 35,8 36,0 3,6 5,2 3,6 1,4 A difusividade homogénea determinada em sistema fechado, a partir da cinética de dessorção do cobre, foi considerada igual para o cádmio e para o zinco (Dh = 8,3×10-8 e 2,1×10-7 cm2 s-1, respectivamente para a alga Gelidium e os grânulos). As curvas de eluição para os grânulos estão deslocadas da curva experimental, tal como acontece com o cobre e chumbo. Aumentando a densidade aparente de 0,25 para 0,78 g cm-3 e, consequentemente, aumentando a porosidade do leito, a curva desloca-se um pouco para a esquerda, descrevendo melhor os resultados experimentais. Analisando os valores das resistências na partícula e no filme, verifica-se que ξ 'p N d > N f , logo a resistência na partícula é menor que no filme. Sendo assim, o processo de eluição é controlado pela velocidade de transporte do fluído por dispersão e 367 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO pela difusão dos iões metálicos no filme, tal como já se tinha concluído para o cobre e o chumbo. X.2.7 Efeito da Regeneração Nas secções anteriores concluiu-se que a dessorção da biomassa é extremamente rápida e eficiente, o que permite reutilizá-la noutros ciclos de adsorção-dessorção. Após o primeiro ciclo de adsorção-dessorção realizou-se um segundo para avaliar as alterações do biossorvente. Foram realizados apenas três ensaios com os grânulos para testar o seu comportamento no 2º ciclo de adsorção-dessorção. Após a regeneração da biomassa, o pH dentro da coluna é muito baixo, por isso é necessário passar 2 l de água destilada de forma a remover o excesso de iões H+. Analisando as Figuras X.47 e X.48, verifica-se que as curvas de “breakthrough” para os dois ciclos de adsorção-dessorção são muito próximas, com tempos de “breakthrough” praticamente iguais. Os perfis de pH são diferentes na fase inicial, mas os valores de pH finais são muito próximos, resultando em capacidades de adsorção iguais. Os resultados sugerem que a dessorção com um eluente forte não danifica a estrutura da biomassa, mantendo-se a capacidade de adsorção. Nas Figuras X.50 e X.51 estão representadas as curvas de eluição para os dois ciclos. A massa de iões dessorvidos, calculada com base na medição da área debaixo da curva de eluição, é igual para os dois ciclos e igual à quantidade de saturação na etapa de adsorção. Estes resultados permitem concluir que a dessorção é completa. Na Figura X.49 verifica-se que o tempo de “breakthrough” do 2º ciclo é inferior ao do 1º, porque o pH inicial é mais baixo, o que faz com que a frente de concentração saia mais cedo. A partir deste ponto o pH aumenta porque a solução de alimentação tem pH ≈ 5,2, o que aumenta a capacidade de biossorção dos grânulos e torna o patamar final da curva mais baixo, relativamente ao 1º ciclo. O pH final da curva tende para o mesmo valor nos dois ciclos. Se se tivesse atingido a saturação, a quantidade de chumbo removida seria igual para os dois ciclos. 368 1 5.8 0.9 5.5 0.8 5.2 0.7 C b / CE 0.6 1º ciclo 4.9 2º ciclo 4.6 0.5 pH (1º ciclo) 0.4 pH (2º ciclo) 4.3 pH RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 4 0.3 0.2 3.7 0.1 3.4 0 3.1 0 10 20 30 40 50 60 70 80 t/τ Figura X.47 Influência da regeneração na curva de “breakthrough” na biossorção do Pb(II) pelos grânulos (ensaios 53 e 55). 1 5.8 0.9 0.8 5.4 1º ciclo C b / CE 5 2º ciclo 0.6 pH (1º ciclo) 0.5 4.6 pH (2º ciclo) 0.4 pH 0.7 4.2 0.3 3.8 0.2 3.4 0.1 0 3 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 t/τ Figura X.48 Influência da regeneração na curva de “breakthrough” na biossorção do Cu(II) pelos grânulos (ensaios 41 e 43). 369 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 1 5.9 0.9 5.6 0.8 5.3 1º ciclo 5 0.6 2º ciclo 0.5 pH (1º ciclo) 4.7 pH (1º ciclo) 4.4 0.4 0.3 4.1 0.2 3.8 0.1 3.5 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 pH C b / CE 0.7 3.2 90 100 110 120 t/τ Figura X.49 Influência da regeneração na curva de “breakthrough” na biossorção do Pb(II) pelos grânulos (ensaios 57 e 59). 2500 4.5 1º ciclo 2000 1750 C b (mg/l) 4 2º ciclo pH (1º ciclo) 3.5 pH (2º ciclo) 3 1500 2.5 1250 2 1000 pH 2250 1.5 750 500 1 250 0.5 0 0 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 22.5 25 Tempo (min) Figura X.50 Eluição do Pb(II) por 0,1 M HNO3 para dois ciclos consecutivos de biossorção pelos grânulos (ensaios 54 e 56). 370 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 900 4 1º ciclo 800 700 pH (1º ciclo) 600 3 pH (2º ciclo) 500 2.5 400 2 pH C b (mg/l) 3.5 2º ciclo 300 1.5 200 1 100 0 0.5 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 22.5 25 Tempo (min) Figura X.51 Eluição do Cu(II) por 0,1 M HNO3 para dois ciclos consecutivos de biossorção pelos grânulos (ensaios 42 e 44). Após a dessorção com ácido forte, a biomassa fica totalmente protonada. No entanto, a protonação não influencia a capacidade do biossorvente, como se pode verificar nas Figuras X.47, X.48 e X.49. No 2ºciclo de adsorção a permuta iónica apenas ocorre com os protões, enquanto que no primeiro ciclo, os iões metálicos podem permutar com outros iões presentes nos sítios activos na biomassa, como por exemplo iões Na+, K+, Ca2+ e Mg2+. Volesky et al. (2003) estudaram a biossorção do cobre (CE = 35 mg l-1; pH = 5,0) pela alga Sargassum filipendula em dez ciclos consecutivos de adsorção-dessorção numa coluna de leito fixo. O eluente usado foi uma solução 1% (W/V) de CaCl2/HCl a pH 3. A capacidade de biossorção do Cu permaneceu praticamente constante (38 mg Cu g-1) durante os dez ciclos consecutivos. A regeneração com CaCl2/HCl a pH 3 permitiu obter eficiências próximas dos 100%. Zulfadhly et al. (2001) estudaram a biossorção do chumbo, cobre e cádmio utilizando o fungo Pycnoporus sanguineus em coluna de leito fixo. A coluna foi regenerada com uma solução 0,1 M HCl. O biossorvente foi reutilizado durante quatro ciclos consecutivos. A eficiência de remoção dos iões metálicos foi praticamente igual para os dois primeiros ciclos e baixou cerca de 10% no terceiro e quarto ciclos. 371 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO X.3 Sistema Multicomponente Normalmente os efluentes industriais contêm diferentes tipos de iões metálicos e não metálicos. Para simular uma situação mais próxima da realidade, foram realizados alguns ensaios em coluna de leito fixo, com uma mistura de dois iões metálicos. À saturação da coluna com as misturas Pb2+/Cu2+, Pb2+/Cd2+, Pb2+/Zn2+, Cd2+/Zn2+ e Cu2+/Cr3+, seguiu-se o processo de dessorção dos iões, fazendo passar uma solução 0,1 M de HNO3. De forma a prever os resultados experimentais, desenvolveu-se um modelo matemático de transferência de massa (secção V.4.1.2), que considera o equilíbrio multicomponente, dado pela isotérmica de Langmuir binária, as resistências à transferência de massa no filme e na partícula, e a dispersão axial. Os valores da difusividade homogénea de cada ião metálico em cada sistema binário e em cada biossorvente são apresentados na Tabela VIII.24. Os números de Peclet foram considerados iguais para cada ião metálico e iguais aos usados nos estudos monocomponente. No modelo de transferência de massa, para a etapa de eluição, o equilíbrio é dado pela lei de acção de massa, considerando que a dessorção não é afectada pela presença do outro componente (secção V.4.2.2.). Por último, testou-se a eficiência do processo de biossorção com dois efluentes da indústria de tratamento de superfícies. Os resultados da caracterização analítica dos dois efluentes são apresentados na Tabela X.19 (secção X.3.5). Os efluentes foram filtrados para evitar o entupimento dos tubos da coluna e a colmatação dos filtros da entrada e da saída. O efluente A contém essencialmente cobre, com uma concentração de 720 mg l-1. Para evitar a saturação rápida da coluna diluiu-se o efluente para uma concentração próxima de 25 mg l-1. O efluente B contém essencialmente crómio, com uma concentração aproximada de 108 mg l-1. O efluente tinha uma cor amarelada e um pH de 6,3, o que indica que o crómio estava na forma hexavalente. Como o equilíbrio de biossorção foi estudado com uma solução de crómio trivalente, adicionou-se ao efluente uma solução de bissulfito de sódio e ácido nítrico para reduzir o Cr(VI) a Cr(III). A solução obtida foi misturada com o efluente A de modo a obter concentrações mássicas dos dois metais iguais (≈ 50 mg l-1). Estes ensaios com efluentes reais, permitem avaliar o comportamento do sistema de biossorção com todos os interferentes que este tipo de efluente pode conter (matéria orgânica e diferentes tipos de catiões e aniões). 372 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO X.3.1 Sistema Cu2+/Pb2+ Nas Figuras X.52 e X.53 são apresentadas as curvas de “breakthrough” experimentais para a adsorção da mistura Pb2+/Cu2+, na alga Gelidium e nos grânulos. 1.1 5.4 1 5.2 0.9 5 0.8 4.8 4.6 pH 0.6 Pb/Cu,Cu 4.4 Pb/Cu,Pb 4.2 0.3 KCu = 0.71 l/mmol 4 0.2 KCu = 0.54 l/mmol 3.8 0.5 0.4 pH C b / CE 0.7 3.6 0.1 0 3.4 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 0 Tempo (min) Figura X.52 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção de Pb2+/Cu2+pela alga Gelidium (ensaio 25). 1.1 6 5.8 1 5.6 0.9 5.4 0.8 C b / CE 0.6 pH 0.5 Pb/Cu,Cu 5 Pb/Cu,Pb 4.8 KPb = 0.46 l/mmol 0.4 KPb = 0.53 l/mmol 0.3 4.6 pH 5.2 0.7 4.4 4.2 4 0.2 3.8 0.1 3.6 0 0 25 50 75 3.4 100 125 150 175 200 225 250 275 300 Tempo (min) Figura X.53 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção de Pb2+/Cu2+ pelos grânulos (ensaio 65). 373 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO O tempo de “breakthrough” do cobre é inferior ao do chumbo nos dois biossorventes. A concentração da alimentação é aproximadamente 0,79 mmol l-1 de Cu2+ e 0,24 mmol l-1 de Pb2+. A alga Gelidium adsorve 0,171 mmol g-1 de Cu2+ e 0,067 mmol g-1 de Pb2+, por sua vez os grânulos adsorvem 0,043 mmol Cu2+ g-1 e 0,014 mmol Pb2+ g-1. Embora, em sistema fechado, se tenha concluído que a afinidade do chumbo pelos centros activos é maior que a do cobre, o segundo é adsorvido em maior quantidade porque a sua concentração molar, à entrada da coluna, é cerca de 3,3 vezes superior. A diferença de afinidade (KPb/KCu ≈ 1,69 para a alga Gelidium e ≈ 1,35 para os grânulos) provoca o fenómeno de “overshooting”, que significa que a concentração, à saída, do elemento com menor afinidade atinge valores superiores ao da alimentação. O cobre adsorvido numa primeira fase é depois dessorvido pelo chumbo. Este tipo de fenómeno já tinha sido observado por outros autores, entre os quais Volesky (2003) e Kratochvíl (1997). A região de “overshoot” é maior para a alga Gelidium do que para os grânulos, porque a diferença de afinidades é maior no primeiro caso (Figuras X.52 e X.53). Com os grânulos o “overshoot” é praticamente desprezável, uma vez que as constantes de equilíbrio para os dois iões metálicos são semelhantes. Tabela X.14 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção de Pb2+/Cu2+ pela alga Gelidium e grânulos). a b Metal KM (l mmol-1) Cu Pb Cu Pb Cu 0,71 0,92 0,54 0,92 0,39 Pb 0,46 Qmax (mmol g-1) 0,41 0,41 0,14 ξ 'p' 83,1 265,6 83,1 265,6 46,3 145,1 ε 0,894 0,894 0,499 kf (cm s-1) 7,0×10-4 1,3×10-3 7,0×10-4 1,3×10-3 3,0×10-3 Nd ξ 'p' N d Nf tst (min) tBp (min) MTZ (cm) LUB (%) 33,2 14,2 33,2 14,2 4,45 1364 3778 1364 3778 206,3 16,4 30,5 16,4 30,5 460 567 180 385 18,3 9,6 60,9 32,1 97 67 9,3 30,9 5,36 777,4 108 91 4,7 15,7 323,7 Cu 0,39 46,3 4,45 206,3 0,14 0,499 3,0×10-3 323,7 Pb 0,53 145,1 5,36 777,4 a Gelidium: Qmax = 0,40 ± 0,01 mmol g-1, KCu = 0,3 ± 0,1 l mmol-1 (pHCE = 3,6), KPb = 0,8 ± 0,3 l mmol-1 (pHCE = 3,6); bGrânulos: Qmax = 0,15 ± 0,01 mmol g-1, KCu = 0,4 ± 0,1 l mmol-1 (pHCE = 3,6), KPb = 0,8 ± 0,3 l mmol-1 (pHCE = 3,6). Para prever as curvas de “breakthrough” no sistema binário foi desenvolvido o modelo de transferência de massa apresentado na secção V.4.1.2. Considerando o pH final da experiência como o pH de equilíbrio, determinou-se as constantes de equilíbrio de adsorção para cada ião metálico, usando as equações (VIII.14) e (VIII.15), e as constantes apresentadas na Tabela VIII.19. As curvas simuladas pelo modelo descrevem bem as curvas experimentais 374 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO de “breakthrough” (Figuras X.52 e X.53). Na Tabela X.14 são apresentados os parâmetros do modelo. As linhas a cheio representam as curvas simuladas que melhor ajustam os resultados experimentais, variando a constante de equilíbrio dentro do intervalo de confiança. Para simular os resultados de adsorção do cobre na alga Gelidium, foi necessário usar valores da constante de afinidade que excedem o intervalo de confiança. O modelo de equilíbrio usado na simulação admite uma constante de afinidade média para a ligação do metal a todos os sítios activos que, devido à heterogeneidade dos sítios activos, será tanto mais baixa quanto maior o número de sítios de baixa afinidade. Os valores de kf (Tabela X.14) indicam que, para a alga Gelidium, a resistência no filme é o passo limitante do processo de biossorção e que a transferência de massa na partícula é muito rápida ( ξ 'p' N d >> N f ). Nos grânulos, a resistência no filme é o passo limitante para a adsorção do chumbo, mas a resistência na partícula é o passo mais lento do processo de adsorção do cobre. O comprimento da zona de transferência de massa é maior para o cobre do que para o chumbo, devido à menor resistência à transferência de massa na partícula dos iões chumbo face aos iões cobre. A percentagem de leito não utilizado é maior para os iões cobre. O valor de MTZ para a biossorção do cobre pela alga Gelidium é superior ao comprimento da coluna (15 cm), o que indica que não se formou uma frente de concentração. Comparando estes resultados com os obtidos em sistema monocomponente, verifica-se que a presença simultânea de Pb2+ e Cu2+ diminui a capacidade de biossorção de cada ião metálico, face à sua capacidade individual em sistema monocomponente, devido à competição entre os iões pelos mesmos sítios activos. Esta diminuição de ambos os metais é, aproximadamente, de 41% e 45%, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos. A capacidade total de biossorção também é menor em sistema binário. Esta diminuição é devida ao facto de o pH final ser inferior na experiência com Pb2+/Cu2+ (≈ 3,6), face às experiências com um só ião metálico (≈ 4,0), o que diminui a capacidade de adsorção no equilíbrio para cada ião metálico. De acordo com os perfis de pH, o valor de pH começa a diminuir quando a frente de concentração do cobre atinge o fim da coluna. Uma diminuição mais acentuada acontece quando a frente de concentração do chumbo atinge o fim da coluna. Esta situação é ainda mais evidente na Figura X.53, na qual se verificam dois patamares. 375 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Nas Figuras X.54 e X.55 são apresentadas as curvas de eluição dos iões cobre e chumbo em sistema binário e em sistema individual. 3000 2000 1500 3.5 3 2.5 pH 2500 C b (mg/l) 4 Pb/Cu, Cu Pb/Cu,Pb Cu Pb pH (Pb/Cu) pH (Cu) pH (Pb) 2 1000 1.5 500 1 0 0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 t/τ Figura X.54 Eluição do Pb(II) e Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pela alga Gelidium (ensaios 2, 10 e 26). 900 800 700 C b (mg/l) 4.5 Pb/Cu,Cu Pb/Cu,Pb Cu Pb pH (Pb/Cu) pH (Cu) pH (Pb) 600 500 4 3.5 3 2.5 2 400 pH 1000 1.5 300 200 1 100 0.5 0 0 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 Tempo (min) Figura X.55 Eluição do Pb(II) e Cu(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pelos grânulos(ensaios 42, 54 e 66). A dessorção dos iões cobre e chumbo ocorre de uma forma rápida e eficaz, e não é afectada pela presença simultânea de outro ião. A curva de eluição do cobre da alga Gelidium, em sistema binário, atinge um pico de concentração maior do que em sistema simples, porque neste, é mais alongada. A competição entre os iões metálicos resulta numa diminuição da 376 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO capacidade de biossorção do chumbo (≈ 66% e 71%), mais acentuada do que para o cobre ( ≈ 15% e 23%), porque a concentração molar de cobre na alimentação (que é igual à de equilíbrio) é cerca de 3,3 vezes superior à do chumbo. As curvas de eluição do sistema binário também foram simuladas com um modelo de transferência de massa. Este modelo considera que o valor da selectividade é igual para os dois iões metálicos, e igual ao determinado para a dessorção do cobre em sistema fechado e a lei de equilíbrio, dada pela lei de acção de massa, independente para cada ião metálico. Nas Figuras X.56 e X.57 são apresentados os resultados experimentais e as curvas de eluição previstas pelo modelo de transferência de massa. Na Tabela X.15 são apresentados os parâmetros usados na aplicação do modelo. Os valores baixos do número de Peclet estão de acordo com os obtidos em sistema monocomponente. A resistência à transferência de massa na partícula é desprezável face à resistência no filme, indicando que o processo de dessorção é controlado pela difusão dos iões no filme. 2750 4 Pe = 80; kfCu = 1.2× 10-4 cm/s; 2500 3.5 kfPb = 2.2×10-4 cm/s 2250 3 1750 Pe = 40; kfCu = 3.0× 10 cm/s; 1500 kfPb = 3.0×10-3 cm/s -4 2.5 pH C b (mg/l) 2000 1250 2 1000 Pb/Cu,Cu 750 Pb/Cu, Pb 500 1.5 pH 1 250 0 0.5 0 5 10 15 20 25 Tempo (min) Figura X.56 Comparação entre a curva experimental de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Pb(II) e Cu(II) da alga Gelidium (ensaio 26). 377 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 800 4.5 Pb/Cu,Cu Pb/Cu,Pb 600 C b (mg/l) 4 3.5 Modelo, Cu 500 Modelo, Pb 3 pH (Pb/Cu) 400 2.5 Modelo, pH 2 300 pH 700 1.5 200 1 100 0.5 0 0 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 Tempo (min) Figura X.57 Comparação entre a curva experimental de eluição e as previstas pelo modelo de transferência de massa – dessorção do Pb(II) e Cu(II) dos grânulos (ensaio 66). Tabela X.15 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (dessorção do chumbo e cobre pela alga Gelidium e grânulos). Biossorvente Gelidium Grânulos Metal Cu Pb Cu Pb Cu Pb KM H 0,93 1,1 Qmax (mmol g-1) ξ 'p ε Pe 45,5 0,898 80 45,5 0,898 40 19,8 0,840 38 0,36 0,16 kf -1 (cm s ) 1,2×10-4 2,2×10-4 3,0×10-4 3,0×10-3 8,0×10-5 3,0×10-3 Nd ξ 'p N d 4,94 225 4,94 225 11,7 231 Nf 1,35 2,47 3,4 33,7 1,4 53,0 X.3.2 Sistema Pb2+/Cd2+ Nas Figuras X.58 e X.59 são apresentados os resultados experimentais e as curvas simuladas pelo modelo de transferência de massa para a adsorção simultânea de Pb e Cd na alga Gelidium e nos grânulos, respectivamente. Neste sistema verifica-se que a região de “overshoot” é muito maior que no sistema Pb2+/Cu2+, porque a razão entre as constantes de afinidade dos iões (2,9 e 3,7, respectivamente para a alga Gelidium e grânulos) é muito superior à do sistema Pb2+/Cu2+. O tempo de “breakthrough” do cádmio é inferior ao tempo de “breakthrough” do chumbo e a respectiva curva de “breakthrough” é mais abrupta, atingindo C b C E = 1 muito rapidamente. A partir deste momento os iões cádmio adsorvidos começam a ser expulsos dos sítios activos pelos iões chumbo, devido à diferença de afinidade, apesar da concentração molar da solução de alimentação do cádmio ser ≈ 2 vezes superior à 378 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO do chumbo. A competição determina que a concentração de iões cádmio à saída da coluna seja superior à da alimentação, atingindo uma concentração máxima de 62,5 e 66,5 mg l-1, respectivamente da alga Gelidium e dos grânulos. Durante o “overshoot” foram removidos cerca de 25% e 58% do cádmio adsorvido, respectivamente para a alga Gelidium e para os grânulos (removido: ≈ 27 e 10 mg; adsorvido: 83 e 14 mg, respectivamente para a alga Gelidium e os grânulos). A competição pelos sítios activos dos grânulos é maior porque é maior a razão das constantes de afinidade Pb2+/Cd2+. Para além disso, a experiência com a alga Gelidium foi interrompida antes do equilíbrio. 1.3 5.1 1.2 4.9 1.1 Pb/Cd,Cd 0.8 Pb/Cd,Pb 4.7 KCd = 1.2 l/mmol 4.5 0.7 pH C b / CE 1 0.9 0.6 4.3 0.5 0.4 KCd = 0.54 l/mmol 0.3 4.1 pH 0.2 3.9 0.1 0 3.7 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 Tempo (min) Figura X.58 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do sistema binário Pb2+/Cd2+ pela alga Gelidium (ensaio 27). Tal como acontecia com o sistema Pb2+/Cu2+, a competição diminui a capacidade global de biossorção em cerca de 45% e 33%, respectivamente para a alga Gelidium e os grânulos. A adsorção dos iões chumbo pelos grânulos não é afectada pela presença dos iões cádmio, porque o pH final é maior no sistema Pb2+/Cd2+ (pHfinal = 4.6) relativamente à experiência só com Pb2+ (pHfinal = 3,9). Relativamente aos iões cádmio, para os grânulos, o pH final foi o mesmo para os dois sistemas (4,6). Para a alga Gelidium, o pH final da biossorção do chumbo foi 3,9 face a 3,8 no sistema binário e a 4,7 na biossorção dos iões cádmio. Sendo assim, uma parte da diminuição da capacidade de biossorção dos iões cádmio em sistema binário (61%) é devida à competição com os iões chumbo e a outra parte é devida à diminuição do valor do pH final. 379 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 1.4 KPb = 11.8 l/mmol 1.3 6.1 1.2 1.1 5.9 1 5.7 KPb = 4.8 l/mmol 0.9 0.8 5.5 0.7 Pb/Cd,Cd 0.6 Pb/Cd,Pb 0.5 0.4 0.3 5.3 pH C b / CE 6.3 5.1 4.9 pH 0.2 4.7 0.1 0 0 4.5 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 Tempo (min) Figura X.59 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção do sistema binário Pb2+/Cd2+ pelos grânulos (ensaio 67). Nas Figuras X.58 e X.59 são apresentadas as curvas simuladas pelo modelo de transferência de massa, respectivamente para a alga Gelidium e para os grânulos. Os parâmetros de equilíbrio usados foram os obtidos pelo modelo discreto, resultando nas linhas a tracejado das Figuras X.58 e X.59. Aumentando o valor de KCd para 1,2 l mmol-1 para a alga Gelidium e diminuindo o valor de KPb para 4,8 l mmol-1 para os grânulos, verifica-se que as curvas simuladas descrevem bem os resultados experimentais, havendo apenas um desvio na parte final da curva de “breakthrough” do chumbo para a alga Gelidium. Os parâmetros do modelo, apresentados na Tabela X.16, indicam que a resistência no filme é maior que a resistência na partícula, e que, portanto, o processo de biossorção é controlado pela difusão dos iões cádmio e chumbo no filme. Como os iões cádmio apresentam menor afinidade pelos sítios activos, a resistência à difusão destes iões no filme é maior. Tal como se tinha concluído no sistema binário Pb2+/Cu2+, o comprimento da zona de transferência de massa é maior para o ião com menor afinidade pelos sítios activos, portanto, a fracção de leito não utilizado para estes iões também é maior (Tabela X.16). 380 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Tabela X.16 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção de Pb2+/Cd2+ pela alga Gelidium e grânulos). a b Metal KM (l mmol-1) Cd Pb Cd Pb Cd 1,2 3,5 0,54 3,5 1,3 Pb 4,8 Qmax (mmol g-1) 0,28 0,28 0,10 ξ 'p' 113,6 203,4 113,6 203,4 49,6 89,3 ε 0,885 0,885 0,531 kf (cm s-1) 9,0×10-4 3,0×10-3 9,0×10-4 3,0×10-3 3,0×10-4 6,0×10 -4 Nd ξ 'p' N d Nf tst (min) tBp (min) MTZ (cm) LUB (%) 11,7 3,5 11,7 3,5 4,9 1332,0 715,9 1332,0 715,9 240,9 22,9 76,2 22,9 76,2 31,1 573 1196 335 907 12,5 7,2 41,5 24,2 167 113 9,7 32,3 3,7 326,9 62,1 384 290 7,3 24,5 -4 Cd 1,3 49,6 3,0×10 4,9 240,9 31,1 0,10 0,531 Pb 11,8 89,3 6,0×10-4 3,7 326,9 62,1 a -1 -1 Gelidium: Qmax = 0,28 ± 0,01 mmol g , KCd = 0,5 ± 0,2 l mmol (pHCE = 3,8), KPb = 3,4 ± 0,9 l mmol-1 (pHCE = 3,8); bGrânulos: Qmax = 0,098 ± 0,002 mmol g-1, KCd = 1,3 ± 0,4 l mmol-1 (pHCE = 4,6), KPb = 16 ± 5 l mmol-1 (pHCE = 4,6). A partir do momento em que a frente de concentração do cádmio atinge o fim da coluna, o pH que inicialmente era constante, baixa para um novo patamar e desce de forma mais acentuada quando a frente de concentração dos iões chumbo atinge o fim da coluna. Esta diminuição mais acentuada ocorre porque a quantidade de iões chumbo que se liga à biomassa é maior, libertando por isso uma maior quantidade de protões por permuta iónica. O perfil de pH permite identificar o tempo de “breakthrough” dos iões com menor e maior afinidade e o final da experiência. Deste modo, não é necessário efectuar medições da concentração dos iões metálicos ao longo da experiência; esta pode ser monitorizada por um medidor de pH, que permite medições contínuas praticamente sem custos. Nas Figuras X.60 e X.61 são apresentadas as curvas de eluição dos iões cádmio e chumbo no sistema binário Pb2+/Cd2+ e as curvas de eluição de cada sistema monocomponente. Os dois iões começam a sair da coluna ao mesmo tempo, atingindo concentrações máximas diferentes consoante a maior ou menor quantidade adsorvida inicialmente. A partir da determinação da área debaixo da curva calculou-se a massa de iões removidos, que é igual à quantidade de iões no biossorvente saturado, pelo que se conclui que a dessorção é completa. As quantidades dessorvidas de ião cádmio e chumbo no sistema binário são inferiores às quantidades dessorvidas no sistema monocomponente, o que está de acordo com o ocorrido no processo de adsorção. É de salientar que, na Figura X.61, a área debaixo da curva do 381 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO chumbo para as duas situações é igual. A menor quantidade de cádmio dessorvido no sistema binário face ao sistema individual é devido à presença dos iões chumbo, que diminui a capacidade de biossorção dos iões cádmio. 8000 5 6000 Pb/Cd,Pb 4 Cd 3.5 Pb 5000 C b (mg/l) 4.5 Pb/Cd,Cd 3 pH (Pb/Cd) 4000 3000 pH (Cd) 2.5 pH (Pb) 2 pH 7000 1.5 2000 1 1000 0.5 0 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 t/τ Figura X.60 Eluição do Pb(II) e Cd(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pela alga Gelidium (ensaios 10, 20 e 28). 2000 Pb/Cd, Pb 4.5 Cd 4 Pb 3.5 pH (Pb/Cd) 3 pH, Cd 2.5 pH, Pb 2 1600 1400 1200 1000 800 pH Pb/Cd,Cd 1800 C b (mg/l) 5 2200 1.5 600 400 1 200 0.5 0 0 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 Tempo (min) Figura X.61 Eluição do Pb(II) e Cd(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pelos grânulos (ensaios 54, 65 e 68). Tal como no processo de saturação, o perfil de pH permite identificar o que se está a passar dentro da coluna. Inicialmente o pH mantém-se constante, começa a descer com a chegada das frentes de concentração dos iões metálicos, sendo a diminuição mais rápida coincidente com o pico máximo de concentração, e estabiliza quando termina o processo de dessorção. 382 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO X.3.3 Sistema Cd2+/Zn2+ Os resultados experimentais apresentados nas Figuras X.62 e X.63 referem-se à adsorção de uma mistura Cd2+/Zn2+ na alga Gelidium e nos grânulos, respectivamente. Neste sistema, a região de “overshoot” não é muito significativa, porque as razões das constantes de afinidade Cd2+/Zn2+ são menores (1,6 para a alga Gelidium e 1,3 para os grânulos) e a concentração molar dos iões Zn (0,76 mmol l-1) é cerca de 1,8 vezes superior à do Cd (0,42 mmol l-1), compensando o efeito da razão das constantes de afinidade. 1.2 5.3 1.1 5.2 1 5.1 0.9 5 0.7 0.6 Cd/Zn,Zn 0.5 Cd/Zn,Cd 0.4 4.9 4.8 pH C b / CE 0.8 4.7 0.3 4.6 0.2 4.5 0.1 0 0 4.4 100 200 300 400 500 600 700 800 900 100 110 0 0 Tempo (min) Figura X.62 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção de Cd2+/Zn2+ pela alga Gelidium (ensaio 29). Figueira et al. (2000) estudaram a biossorção de uma mistura Cd2+/Zn2+ na alga Sargassum e também detectaram uma região de “overshoot”, bastante mais acentuada, porque consideraram uma razão de constantes de afinidade Cd2+/Zn2+ mais alta (KCd/KZn = 2). Partiram da biomassa saturada com potássio e obtiveram curvas de “breakthrough” para o cádmio, zinco e potássio, a partir das quais puderam confirmar que os iões potássio são permutados com os iões cádmio e zinco. A frente de concentração dos iões potássio atinge o fundo da coluna no tempo de passagem e, quase instantaneamente, atinge o valor da concentração molar dos iões metálicos na alimentação. Depois permanece constante até que se atinja a saturação. A partir deste momento todo o K+ foi trocado por Cd2+ e Zn2+ e a concentração de K+ diminui rapidamente para zero, fazendo com que o perfil de concentração de Zn2+ atinja o fim da coluna. Como a constante de afinidade do cádmio é maior que a do zinco, os iões zinco, inicialmente adsorvidos, são expulsos pelos iões cádmio, obtendo-se concentrações de zinco à saída da coluna muito superiores à da entrada (≈38%), ou seja 383 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO ocorre uma região de “overshooting”. À medida que os iões zinco são expulsos, vão-se ligando mais iões cádmio, tornando a curva de “breakthrough” mais alongada, até que se atinja o equilíbrio. Esta análise permite concluir que a remoção de Cd2+ e Zn2+ é feita por permuta iónica com K+ até à saturação dos sítios com os iões metálicos. Após esta primeira fase ocorre a permuta iónica entre Zn2+ e Cd2+, até se atingir o equilíbrio. As curvas de “breakthrough” do zinco e cádmio são o espelho da curva de eluição dos iões potássio, indicando que os iões zinco e cádmio são permutados com os iões potássio. 1.2 6 1.1 1 5.8 0.9 5.6 0.7 Cd/Zn,Zn 0.6 Cd/Zn,Cd 0.5 Qmax = 0.075 mmol/g 0.4 5.4 Qmax = 0.093 mmol/g 0.3 pH C b / CE 0.8 5.2 pH 0.2 5 0.1 0 0 50 100 150 200 250 300 4.8 350 Tempo (min) Figura X.63 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção de Cd2+/Zn2+ pelos grânulos (ensaio 69). A competição dos iões cádmio e zinco diminui a capacidade de biossorção total em cerca de 42% e 38% (cerca de 50% atribuídos ao cádmio e 26%, ao zinco), respectivamente para a alga Gelidium e para os grânulos. Uma parcela desta diminuição deve-se à diferença do pH final, entre o sistema binário e o sistema monocomponente (Alga Gelidium: pH = 4,5 para a mistura Cd2+/Zn2+, pH = 4,9 para o Zn2+ e pH = 4,6 para o Cd2+; Grânulos: pH = 5,0 para a mistura Cd2+/Zn2+, pH = 4,7 para o Zn2+ e pH = 4,6 para o Cd2+). Nas Figuras X.62 e X.63 também são apresentadas as curvas simuladas pelo modelo de transferência de massa. Para a alga Gelidium, as curvas simuladas descrevem bem os resultados experimentais, enquanto que para os grânulos a capacidade do leito é sobrestimada (curvas a tracejado). Diminuindo a capacidade do leito, tanto para o cádmio como para o zinco, as curvas experimentais ajustam melhor os resultados experimentais. Os parâmetros do modelo são apresentados na Tabela X.17. 384 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Tabela X.17 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção de Cd2+/Zn2+ pela alga Gelidium e grânulos). a b Metal KM (l mmol-1) Cd Zn Cd 1,1 0,7 2,0 Zn 1,5 Qmax (mmol g-1) 0,28 0,075 ξ 'p' 99,5 53,7 37,6 20,9 ε 0,899 0,547 kf (cm s-1) 4,5×10-4 4,0×10-4 1,5×10-4 1,5×10 -4 ξ 'p' N d Nf tst (min) tBp (min) MTZ (cm) LUB (%) 10,1 8,9 2,2 815,9 440,3 82,7 419 323 106 286 210 67 9,5 10,5 11,0 31,7 35,0 36,8 5,0 104,5 90 60 10,0 33,3 Nd 8,2 15,0 Cd 2,0 46,6 1,5×10-4 2,2 102,5 0,093 0,547 15,0 -4 Zn 1,5 25,9 1,5×10 5,0 129,5 a Gelidium: Qmax = 0,26 ± 0,02 mmol g-1, KCd = 1,1 ± 0,3 l mmol-1 (pHCE = 4,5), KZn = 0,7 ± 0,2 l mmol-1 (pHCE = 4,5); bGrânulos: Qmax = 0,097 ± 0,004 mmol g-1, KCd = 3,3 ± 0,8 l mmol-1 (pHCE = 4,9), KZn = 3,3 ± 0,8 l mmol-1 (pHCE = 4,9). Figueira et al. (2000) desenvolveram um modelo de transferência de massa para descrever a remoção dos iões cádmio e zinco pela alga Sargassum, saturada com potássio. O tempo de “breakthrough” obtido foi cerca de 20% inferior ao experimental. No perfil de pH verifica-se que a diminuição do valor de pH é muito pequena face aos sistemas binários Pb2+/Cu2+ e Pb2+/Cd2+. Esta diminuição está relacionada com a quantidade de iões que permutam com os protões. Nas Figuras X.64 e X.65 são apresentadas as curvas de eluição dos iões cádmio e zinco no sistema binário e no sistema monocomponente. Tal como acontece nos outros sistemas binários, a dessorção dos iões cádmio e zinco é completa e rápida (volume de eluente gasto ≈ 160 ml). Para o sistema binário o valor máximo de concentração é inferior ao verificado em sistema monocomponente, uma vez que é proporcional à quantidade adsorvida inicialmente na biomassa. Os valores da razão de concentração, CR, também são inferiores ao verificado em sistema monocomponente 385 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 5 Cd/Zn,Cd 4.5 Cd/Zn,Zn 2500 C b (mg/l) 2000 Cd 4 Zn 3.5 pH (Cd/Zn) 3 pH (Cd) 1500 2.5 pH (Zn) pH 3000 2 1000 1.5 500 1 0 0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 t/τ Figura X.64 Eluição do Cd(II) e Zn(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pela alga Gelidium (ensaios 20, 22 e 30). 5 1200 Cd/Zn,Cd 1100 Cd/Zn,Zn 4.5 1000 Cd 4 900 Zn 800 pH (Cd/Zn) 700 pH, Cd 600 pH, Zn 3.5 3 2.5 500 2 400 1.5 300 pH C b (mg/l) 1300 1 200 0.5 100 0 0 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 Tempo (min) Figura X.65 Eluição do Cd(II) e Zn(II) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pelos grânulos (ensaios 65, 67 e 70). X.3.4 Sistema Cu2+/Cr3+ A biossorção do sistema binário Cu2+/Cr3+ foi estudada alimentando a coluna de leito fixo com uma solução 0,78 mmol l-1 de Cu2+ e 0,94 mmol l-1 de Cr3+. Nas Figuras X.66 e X.67 são apresentadas as curvas de “breakthrough” do cobre e do crómio, respectivamente para a alga Gelidium e para os grânulos. 386 1.5 1.4 1.3 1.2 1.1 1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 5.6 5.4 5.2 5 Cu/Cr,Cu Cu/Cr,Cr KCr = 0.95 l/mmol KCr = 0.71 l/mmol KCr = 10.0 l/mmol 4.8 4.6 pH C b / CE RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 4.4 4.2 4 3.8 pH 3.6 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 Tempo (min) Figura X.66 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção de Cu2+/Cr3+ pela alga Gelidium (ensaio 31). 1.2 6.2 1.1 5.9 1 0.9 5.6 5.3 0.7 0.6 Cu/Cr,Cu 0.5 Cu/Cr,Cr 0.4 pH 0.3 0.2 5 pH C b / CE 0.8 4.7 4.4 4.1 0.1 0 0 25 50 3.8 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 Tempo (min) Figura X.67 Comparação entre as curvas experimentais de “breakthrough” e as previstas pelo modelo de transferência de massa – biossorção de Cu2+/Cr3+ pelos grânulos (ensaio 71). Para alga Gelidium a parte inicial da curva de “breakthrough” é semelhante para os dois catiões, consequentemente, os tempos de “breakthrough” também. A partir dos 270 min, as duas curvas começam a separar-se, a curva do cobre atinge rapidamente a concentração de alimentação, enquanto que a do crómio estabiliza, a partir do momento em que o cobre atinge a concentração máxima. Inicialmente os iões cobre e crómio são adsorvidos nos sítios para os quais têm maior afinidade. A partir do momento que esses sítios começam a ficar saturados, as frentes de concentração do cobre e do crómio, quase em simultâneo, atingem o fundo da 387 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO coluna. A curva de “breakthrough” do cobre apresenta uma região de “overshoot”, que atinge uma concentração máxima de 66 mg l-1, mais 24% do que a concentração da alimentação, porque a razão das constantes de afinidade Cr3+/Cu3+ é superior à unidade (1,37; KCr =0.71 l mmol-1 e KCu = 0,52 l mmol-1) e pela afinidade electrostática do crómio ser maior que a do cobre, pois é um catião trivalente. Durante o período de “overshoot”, o cobre é expulso pelos iões crómio que apresentam uma maior afinidade pelos sítios activos. A experiência não se prolongou pelo tempo necessário à saturação da coluna, mas a tendência do sistema é para que os iões cobre vão sendo lentamente substituídos pelos iões crómio. Nos grânulos, o tempo de “breakthrough” do crómio é inferior ao do cobre, o que está de acordo com os dados de equilíbrio. A curva de “breakthrough” é muito abrupta atingindo a concentração de 44,6 mg l-1 (Cb/CE = 0,93) aos 102 min. A partir deste momento a frente de concentrações do cobre atinge o fim da coluna. Na parte final da curva de “breakthrough” do crómio, a concentração mantém-se abaixo da concentração de alimentação, o que sugere a existência de sítios activos com menor afinidade pelos iões crómio, que só são preenchidos depois de todos os outros estarem ocupados, e/ou que existe uma especiação do crómio em solução. A competição entre Cu2+ e Cr3+ diminui a capacidade de biossorção de cada um dos iões face à quantidade biossorvida em sistema monocomponente. Segundo os dados obtidos, a quantidade biossorvida do cobre diminuiu em 48% tanto para a alga Gelidium como para os grânulos, enquanto que a quantidade biossorvida dos iões crómio diminuiu 66,5% e 35,7%, respectivamente para a alga Gelidium e para os grânulos. É de salientar que estas percentagens podem sofrer alteração, visto que a saturação dos biossorventes não foi atingida e o pH final nas diferentes experiências é diferente (Cu2+ – 3,9; Cr3+ – 4,3 e Cu2+ / Cr3+ – 4,1). As curvas simuladas pelo modelo de transferência de massa não descrevem os resultados experimentais obtidos na biossorção de Cu2+/Cr3+ (Figuras X.66 e X.67). Os parâmetros do modelo são apresentados na Tabela X.18. Para o caso da alga Gelidium, com os valores das constantes de afinidade do modelo discreto (KCr = 0,71 l mmol-1), a parte inicial das curvas de “breakthrough” é bem descrita pelo modelo, mas a região de “overshoot” do cobre não, tal como a parte final da curva do crómio, na qual se atinge a saturação rapidamente. Aumentando a constante de afinidade do crómio para 0,95 l mmol-1, verifica-se que a concentração máxima da região de “overshoot” é bem 388 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO prevista, mas a parte final das curvas não, sendo a capacidade de biossorção do crómio subestimada. Por último, aumentou-se a constante de afinidade do crómio para 10,0 l mmol-1, obtendo as curvas de “breakthrough” a tracejado, as quais não conseguem prever o perfil de concentrações do cobre e crómio. A partir do momento em que a concentração de cobre atinge o seu máximo, o pH começa a aumentar muito lentamente, devido ao maior valor do pH da solução de alimentação (5,0). De facto, a partir desse momento, a libertação de protões é pouco significativa. A adsorção final dos iões crómio ocorre lentamente, por permuta com os iões cobre, de tal modo que o modelo não consegue prever. Tabela X.18 Parâmetros de ajuste do modelo de transferência de massa aos resultados experimentais em coluna de leito fixo (biossorção de Cu2+/Cr3+ pela alga Gelidium e grânulos). a b Metal KM (l mmol-1) Cu Cr Cu Cr Cu 0,52 0,95 0,52 0,71 0,52 Cr 10,0 Qmax (mmol g-1) 0,41 ξ 'p' 84,9 70,9 84,9 70,9 84,9 70,9 ε 0,893 0,893 0,893 kf (cm s-1) 1,0×10-3 4,0×10-4 1,0×10-3 6,0×10-4 1,0×10-3 Nd ξ 'p' N d Nf tst (min) tBp (min) MTZ (cm) LUB (%) 32,3 9,2 32,3 9,2 32,3 2745 655 2745 655 2745 23,1 9,3 23,1 13,9 23,1 230 973 180 203 6,5 23,7 21,7 79,1 3,0×10-4 9,2 655 6,9 -3 Cu 0,42 52,1 3,0×10 237 333,3 103 75 8,2 0,165 0,497 4,6 -3 Cr 0,30 43,7 2,0×10 199 222,2 86 60 9,1 Gelidiuma: Qmax = 0,41 ± 0,02 mmol g-1, KCu = 0,6 ± 0,2 l mmol-1, KCr = 0,6 ± 0,2 l mmol-1 (pHCE = 4,1); Grânulosb: Qmax = 0,165 ± 0,004 mmol g-1, KCu = 0,6 ± 0,2 l mmol-1, KCr = 0,4 ± 0,1 l mmol-1 (pHCE = 4,1). Para os grânulos, verifica-se que as curvas simuladas pelo modelo de transferência de massa ajustam bem a curva de “breakthrough” do cobre e a parte inicial da curva de “breakthrough” do crómio. A curva simulada apresenta um “overshoot” para o crómio que não ocorre experimentalmente. Analisando as Figuras X.68 e X.69, verifica-se que as áreas debaixo das curvas de eluição dos iões cobre, no processo binário, são inferiores às áreas correspondentes no processo monocomponente. Isto indica que a capacidade de biossorção do cobre no sistema binário diminui, devido à competição com os iões crómio. 389 27,2 30,2 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Cu/Cr,Cu Cu/Cr,Cr Cu Cr pH (Cu/Cr) pH (Cu) pH (Cr) 700 600 C b (mg/l) 500 400 4.5 4 3.5 3 2.5 2 300 pH 800 1.5 200 1 100 0.5 0 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 t/τ Figura X.68 Eluição do Cu(II) e Cr(III) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pela alga Gelidium (ensaios 2, 24 e 32). Cu/Cr,Cu 800 Cu/Cr,Cr C b (mg/l) 700 Cu 5 4.5 4 3.5 600 Cr 500 pH (Cu/Cr) 400 pH, Cu 300 pH, Cr 3 2.5 2 1.5 200 1 100 0.5 0 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 pH 900 20 0 22.5 Tempo (min) Figura X.69 Eluição do Cu(II) e Cr(III) por 0,1 M HNO3 para as experiências de biossorção pelos grânulos(ensaios 42, 69 e 72). Para os iões crómio, a quantidade adsorvida no sistema binário é inferior à quantidade adsorvida em sistema monocomponente em cerca de 48%. A eficiência da dessorção dos iões crómio é maior no sistema binário (≈ 80%) do que em sistema monocomponente (≈ 29%). Para os grânulos obtém-se o mesmo tipo de resultados, sendo a eficiência da dessorção dos iões crómio no sistema binário de ≈ 80% e, no sistema monocomponente, de ≈39%. A dessorção dos iões cobre é completa em ambos os biossorventes. 390 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO X.3.5 Caracterização Química do Efluente Industrial Como modelo de um efluente real, contaminado por iões metálicos, foi seleccionado o efluente de uma indústria de recobrimento metálico de superfícies. Os efluentes são gerados nas lavagens das peças, após a imersão nos banhos. Na indústria são gerados dois tipos de efluentes, um rico em Cu2+ (efluente A) e outro rico em Cr6+ ( HCrO −4 , CrO 24− e Cr2 O 72− efluente B). Os resultados da caracterização química dos dois efluentes estão apresentados na Tabela X.19. Tabela X.19 Caracterização dos efluentes da indústria de curtumes. Parâmetros pH 2+ Cu (mg l-1) Pb2+ (mg l-1) Cd2+ (mg l-1) Cr total (mg l-1) Zn2+ (mg l-1) Al3+ (mg l-1) Fe2+ (mg l-1) Ni2+ (mg l-1) Mn2+ (mg l-1) Condutividade (mS cm-1) ORP (mV) COT (mg l-1) C total (mg l-1) Efluente A 1,6 720 0,5 0,05 3,9 2,5 26,9 49,1 25 1,0 11,5 382,0 123,7 124,3 Efluente B 6,3 0,5 < 0,1 < 0,05 108 < 0,15 <1 < 0,2 < 0,2 < 0,1 1,1 343,0 15,1 15,8 O crómio na forma hexavalente é solúvel a pH ácido ou alcalino e muito tóxico. Geralmente, o tratamento de efluentes contendo Cr6+ é feito reduzindo-o à forma trivalente e precipitando o hidróxido de Cr3+. Neste trabalho estudou-se a biossorção do crómio trivalente, obtido por redução do ião Cr6+. Normalmente esta redução é feita pela acção do dióxido de enxofre ou bissulfito a pH inferior a 2,5 (a velocidade da reacção diminui rapidamente se o pH for superior a 3,5). 2 H 2 CrO 4 + 3 SO 2 → Cr2 (SO 4 )3 + 2 H 2 O (X.1) 4 H 2 CrO 4 + 6 NaHSO 3 + 3 H 2 SO 4 → 2 Cr2 (SO 4 )3 + 3 Na 2 SO 4 + 10 H 2 O (X.2) H 2 Cr2 O 7 + 3 NaHSO 3 + 3 H 2 SO 4 → Cr2 (SO 4 )3 + 3 NaHSO 4 + 4 H 2 O (X.3) ou 391 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Segundo as reacções apresentadas, 3 moles de bissulfito de sódio podem reduzir 2 moles de crómio hexavalente, ou seja, 3 g de bissulfito de sódio podem reduzir 1 g de crómio hexavalente. No entanto, para garantir uma redução praticamente completa, devido à presença de compostos orgânicos oriundos dos banhos de galvanoplastia, o consumo de bissulfito deve aumentar cerca de 15%, sendo necessário adicionar 3,45 g NaHSO3 por g de Cr6+. Durante a adição de bissulfito, a solução mudou de uma cor amarelada para esverdeado, sinónimo da redução do Cr6+ a Cr3+. Após a redução, a condutividade da solução aumentou 2,4 vezes, devido à adição de ácido e de bissulfito de sódio. Os efluentes antes de serem tratados por biossorção em leito fixo, foram filtrados por vácuo através de um filtro Whatman de 0,45 µm de porosidade e diluídos com água destilada de forma a obter concentrações de cobre e de crómio da ordem dos 25 e 50 mg l-1. Para testar a eficiência do processo de biossorção com o sistema binário Cu2+/Cr3+, preparou-se um efluente misto, misturando os dois efluentes de forma a obter uma concentração, em massa, de 50 mg l-1 para cada um dos metais. A condutividade do efluente misto é cerca de 2,2 mS cm-1 e a concentração de matéria orgânica de 15,3 mg COT l-1. X.3.6 Efluente Industrial com Cu(II) A biossorção dos iões presentes no efluente A, filtrado e diluído, foi realizada com a alga Gelidium em três ciclos consecutivos e com os grânulos em dois ciclos consecutivos. Nas Figuras X.70 e X.71 apresentam-se os resultados obtidos. Os tempos de “breakthrough” do primeiro e segundo ciclo de adsorção do cobre são ligeiramente diferentes, devido à diferença no pH final (1ºciclo – 4,0; 2ºciclo – 4,1). No 3ºciclo de biossorção, o tempo de “breakthrough” é cerca de 35% inferior ao do 2ºciclo, porque o pH final é inferior (pH final = 3,7). Relativamente à biossorção do cobre a partir de uma solução pura, o tempo de “breakthrough” do 1ºciclo diminuiu cerca de 13%. As curvas de “breakthrough” apresentam a mesma forma, mas estão desfasadas no tempo. Esta diferença pode ser devida à presença de outros iões no efluente, essencialmente Fe(II), Al(III) e Ni(II) e ao carbono orgânico. A presença destes iões aumenta a concentração iónica na alimentação em cerca de 9% relativamente à solução pura de cobre, diminuindo a contribuição da ligação electrostática na adsorção. 392 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 1 6.1 0.9 5.8 0.8 5.5 Efluente, Cu (2ºciclo) 5.2 0.7 Efluente, Cu (3ºciclo) 4.9 0.6 4.6 0.5 4.3 0.4 4 0.3 3.7 pH C b / CE Efluente, Cu (1ºciclo) pH, Cu [Efluente (1ºciclo)] pH, Cu [Efluente (2ºciclo)] 3.4 0.2 3.1 0.1 pH, Cu [Efluente (3ºciclo)] 2.8 0 0 10 20 30 40 50 Cu pH, Cu 2.5 60 70 80 90 100 110 120 t/τ Figura X.70 Comparação das curvas de “breakthrough” para três ciclos consecutivos da biossorção do efluente A com a curva da biossorção de uma solução pura de cobre na alga Gelidium e perfis de pH (ensaios 1, 33, 35 e 37). 1 6 0.9 5.7 Efluente, Cu (1ºciclo) 0.7 5.4 Efluente, Cu (2ºciclo) 0.6 5.1 0.5 4.8 0.4 4.5 pH, Cu [Efluente (1ºciclo)] 0.3 4.2 pH, Cu [Efluente (2ºciclo)] 0.2 3.9 0.1 3.6 0 Cu pH C b / CE 0.8 pH, Cu 3.3 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 t/τ Figura X.71 Comparação das curvas de “breakthrough” para os dois ciclos consecutivos da biossorção do efluente A com a curva da biossorção de uma solução pura de cobre nos grânulos e perfis de pH (ensaios 41, 73 e 75). Para os grânulos (Figura X.71), o tempo de “breakthrough” do 2ºciclo de biossorção do cobre é superior ao da solução pura e esta, superior à do 1ºciclo. Estas diferenças são essencialmente devidas ao pH final, que segue a mesma tendência (2ºciclo ≈ 3,7; solução de cobre ≈ 3,6; 1ºciclo ≈ 3,5). As Figuras X.72 e X.73 representam os resultados obtidos no processo de dessorção. Os resultados indicam que a dessorção é completa, tanto para a alga Gelidium como para os grânulos. 393 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 2400 2100 Efluente, Cu (1ºciclo) 3.7 Efluente, Cu (2ºciclo) 3.2 Efluente, Cu (3ºciclo) 2.7 Cu 1500 1200 900 600 300 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 pH C b (mg/l) 1800 4.2 2.2 pH, Cu [Efluente (1ºciclo)] 1.7 pH, Cu [Efluente (2ºciclo)] 1.2 pH, Cu [Efluente (3ºciclo)] 0.7 pH, Cu 3 t/τ Figura X.72 Comparação das curvas de eluição para três ciclos consecutivos de biossorção do efluente A com a curva de eluição da biossorção de uma solução pura de cobre na alga Gelidium e perfis de pH 800 4 700 3.5 600 3 500 2.5 400 2 300 1.5 200 1 100 0.5 0 0 0 2.5 5 Efluente Cu (1ºciclo) Efluente Cu (2ºciclo) pH C b (mg/l) (ensaios 2, 34, 36 e 38). Cu pH [Efluente Cu (1ºciclo)] pH [Efluente Cu (2ºciclo)] pH, Cu 7.5 10 12.5 15 17.5 20 22.5 25 Tempo (min) Figura X.73 Comparação das curvas de eluição para dois ciclos consecutivos de biossorção do efluente A com a curva de eluição da biossorção de uma solução pura de cobre nos grânulos e perfis de pH (ensaios 42, 74 e 76). Pode-se concluir que o tratamento deste tipo de efluentes pode ser realizado por biossorção em colunas de leito de fixo, utilizando a alga Gelidium e grânulos. A regeneração do biossorvente permite operar em diversos ciclos de adsorção-dessorção. Para que a eficiência de adsorção seja mantida de ciclo para ciclo, torna-se necessário, após a dessorção com uma corrente ácida forte, passar uma corrente de água para remover o excesso de protões e, se necessário, adicionar uma base forte para que o pH da coluna aumente para um valor de pH igual ao do 1ºciclo. 394 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO X.3.7 Efluente Industrial de Cu/Cr A partir dos efluentes industriais A e B foi preparado um efluente misto contendo 0,68 mmol l-1 de Cu e 0,88 mmol l-1 de Cr. Este efluente foi tratado numa coluna de leito fixo com alga Gelidium. A Figura X.74 apresenta as curvas de “breakthrough” para o processo de biossorção dos iões 1.3 1.2 1.1 1 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 5.8 5.6 Efluente (Cu/Cr,Cu) 5.4 5.2 Efluente (Cu/Cr,Cr) 5 4.8 4.6 4.4 4.2 pH C b / CE cobre e crómio, do efluente e de uma solução pura de Cu2+/Cr3+. Cu/Cr,Cu Cu/Cr,Cr pH [Efluente (Cu/Cr)] 4 3.8 pH (Cu/Cr) 3.6 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 t/τ Figura X.74 Comparação das curvas de “breakthrough” para a biossorção do efluente Cu/Cr na alga Gelidium com a curva de biossorção de uma solução pura de Cu2+/Cr3+ e os perfis de pH (ensaios 31 e 39). A frente de concentração do crómio do efluente atinge o fim da coluna após o tempo de passagem, para um caudal de alimentação de 4 ml min-1, ou seja, os iões crómio não são adsorvidos e saem imediatamente da coluna. Este resultado poderá ser devido ao facto do processo de redução do Cr(VI) a Cr(III), não ter sido 100% eficiente e de haver matéria orgânica em solução, ficando o Cr3+ complexado em solução. Devido à sua carga negativa, as espécies HCrO −4 , CrO 24− e Cr2 O 72− não se ligam aos grupos de superfície carregados negativamente e, portanto, não são adsorvidas. O aumento da força iónica da corrente de alimentação e a especiação do crómio em solução podem ser responsáveis pela saída precoce da frente de concentração do crómio. A frente de concentração dos iões cobre só atinge o fim da coluna ao fim de ≈ 160 min, o que coincide aproximadamente com a saída da concentração do cobre para a adsorção Cu2+/Cr3+ a partir de uma solução pura. No entanto, a curva de “breakthrough” do cobre do efluente é 395 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO mais alongada que a da solução pura de Cu2+/Cr3+, atingindo a concentração da alimentação num tempo 34% superior. Isto pode ser devido à diferença entre os valores de pH final das duas experiências (efluente - 4,2 e solução pura - 4,0). A partir desse momento observa-se uma região de “overshoot”, que atinge uma concentração máxima de 52 mg l-1, cerca de 13% superior à da entrada. Este fenómeno também ocorre na biossorção do crómio a partir da solução pura Cu2+/Cr3+. Os iões cobre, previamente ligados aos sítios activos da alga, são substituídos por iões crómio, tornando a curva de “breakthrough” do crómio bastante alongada, tal como se verifica na biossorção da solução pura Cu2+/Cr3+. A experiência de adsorção foi terminada antes de se atingir o equilíbrio e a etapa de dessorção só foi realizada no dia seguinte (passadas 8 horas). A primeira amostra da etapa de regeneração continha 82 mg l-1 de cobre e 2 mg l-1 de crómio, o que significa que quase todo o crómio presente no fluído intersticial foi adsorvido, libertando os iões cobre. Este resultado sugere que o Cr(VI), ainda presente no efluente, está a ser reduzido a Cr(III), que é adsorvido por permuta com os iões Cu2+ previamente ligados aos sítios activos do biossorvente. Kratochvil et al. (1998) concluíram que a adsorção de Cr(VI) poderia resultar da redução de CrO 24− e Cr2 O 72− a Cr(III) por oxidação da biomassa e posterior adsorção de Cr(III) pelos grupos carregados negativamente na superfície da alga Sargassum, como também na adsorção das espécies negativas nos grupos carregados positivamente na superfície do biossorvente. Verificaram ainda que o processo de oxidação era muito lento e que a redução do Cr(VI) era maior para valores de pH < 2,0. Resultados similares também foram obtidos utilizando as bactérias Bacillus sp. e a alga castanha Ecklonia (Chirma e Wang, 1997; Park et al., 2004). De acordo com estes resultados, verifica-se que após uma saída precoce da solução de crómio na fase inicial devido à presença de algum Cr(VI) e à sua lenta redução a Cr(III), este é adsorvido, originando um estado quase estacionário, onde a concentração de crómio total à saída da coluna se mantém praticamente constante. Nas curvas de eluição do cobre (Figura X.75) verifica-se que a quantidade dessorvida após tratamento do efluente é maior que na solução pura, o que pode ser devido ao facto de o processo de biossorção do efluente ter terminado mais cedo que o da solução pura, havendo portanto uma diferença na quantidade de iões Cu2+ que saíram por troca com os iões crómio. Para além disso, há ainda a considerar os iões Cu2+ libertados para a solução por permuta com os iões crómio presentes no fluído intersticial dentro da coluna, entre o fim da etapa de 396 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO saturação e o início da etapa de regeneração. Se o processo de biossorção do efluente tivesse decorrido durante o mesmo tempo que o da solução pura ( t τ = 87 ), seriam dessorvidos mais 57 mg de cobre, ou seja, todo o cobre seria dessorvido. Assim, pode-se concluir que no tratamento de uma mistura de Cu2+/Cr3+ por biossorção, numa coluna de leito fixo de alga Gelidium, até ser atingido o equilíbrio, apenas os iões crómio são retidos. Esta conclusão não está de acordo com os dados de equilíbrio obtidos para a biossorção do Cr(III). Para compreender o fenómeno seria necessário estudar o equilíbrio de adsorção das diferentes 800 4.5 700 4 600 3.5 Efluente (Cu/Cr,Cu) Efluente (Cu/Cr,Cr) 3 500 2.5 400 2 300 pH C b (mg/l) espécies de crómio em solução. 1.5 200 1 100 0.5 0 0 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 Cu/Cr,Cu Cu/Cr,Cr pH [Efluente (Cu/Cr)] pH (Cu/Cr) 4 t/τ Figura X.75 Comparação das curvas de eluição do efluente Cu/Cr com a curva de eluição da solução pura Cu2+/Cr3+ na alga Gelidium e perfis de pH (ensaios 32 e 40). Para alimentação da coluna de leito fixo de grânulos preparou-se um efluente misto em concentrações de 0,71 mmol l-1 de Cu e 0,62 mmol l-1 de Cr. As curvas de “breakthrough” para a biossorção do efluente misto e da solução pura Cu2+/Cr3+ são apresentadas na Figura X.76. As curvas de eluição são apresentadas na Figura X.77. Tal como na alga Gelidium, a frente de concentração do crómio atinge o fundo da coluna no tempo de passagem, atingindo um valor máximo de concentração de 27 mg l-1 e depois diminui, como acontece na biossorção da solução pura. Neste caso, também se verifica a redução de algum Cr(VI) presente no efluente a Cr(III), e a partir de t ≈ 10 τ, a concentração de crómio total à saída da coluna começa a diminuir, levando a um aumento da concentração de cobre a partir de t ≈ 20 τ, por substituição dos iões Cu2+ adsorvidos pelos iões Cr3+. 397 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO 1 6.2 0.9 5.9 0.8 5.6 Efluente Cu/Cr,Cr 5.3 0.6 5 0.5 4.7 0.4 pH C b / CE 0.7 Efluente Cu/Cr,Cu Cu/Cr,Cr 4.4 0.3 0.2 4.1 0.1 3.8 0 3.5 0 5 10 15 20 25 30 35 Cu/Cr,Cu pH (Efluente Cu/Cr) pH (Cu/Cr) 40 t/τ Figura X.76 Comparação das curvas de “breakthrough” para a biossorção do efluente Cu/Cr com a curva de biossorção de uma solução pura de Cu2+/Cr3+ nos grânulos e perfis de pH (ensaios 71 e 77). 600 4.5 4 500 3.5 Efluente (Cu/Cr,Cr) 3 2.5 300 2 200 Cu/Cr,Cu pH 400 C b (mg/l) Efluente (Cu/Cr,Cu) Cu/Cr,Cr 1.5 1 100 0.5 0 pH [Efluente (Cu/Cr)] pH, Cu/Cr 0 0 2.5 5 7.5 10 12.5 15 17.5 20 22.5 25 Tempo (min) Figura X.77 Comparação das curvas de eluição do efluente Cu/Cr com a curva de eluição da solução pura Cu2+/Cr3+ nos grânulos e perfis de pH (ensaios 72 e 78). Relativamente à curva de “breakthrough” do cobre, verifica-se que a frente de concentrações de cobre atinge mais rapidamente o fim da coluna do que na experiência com a solução pura, devido à diferença de pH. Como anteriormente, o equilíbrio não foi atingido. O tratamento deste efluente por biossorção em coluna de leito fixo, com os dois biossorventes estudados, não é o indicado porque levaria à saída de concentrações elevadas de crómio após o tempo de passagem na coluna. Seria necessário estudar a especiação do crómio no efluente e estudar o equilíbrio de biossorção de cada uma das espécies. 398 RESULTADOS E DISCUSSÃO: ENSAIOS EM COLUNA DE LEITO FIXO Referências Aksu, Z., Gonen, F., Demircan, Z. Biosorption of Chromium(VI) Ions by MowitalR B30H Resin Immobilized Activated Sludge in a Packed Bed: Comparison with Granular Activated Carbon. Process Biochemistry, 00, 1-12 (2002). Amorim, W. B., Hayashi, A. M., Pimentel, P. F., Silva, M. G. C. d. 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Para avaliar a eficiência deste material em coluna de leito fixo e em adsorvedor de cestos, foi necessário imobilizar o resíduo em poliacrilonitrilo de forma a estabilizar e reforçar as propriedades mecânicas e a resistência química. Como a extracção do agar é feita a partir da alga Gelidium sesquipedale, achou-se interessante estudar também a capacidade de adsorção dos mesmos iões metálicos por este biossorvente. XI.1.1 Caracterização dos Biossorventes O método de azul-de-metileno para a determinação da área superficial específica disponível para a adsorção conduz a valores na seguinte ordem: alga Gelidium > resíduo > grânulos. Os biossorventes apresentam uma estrutura macroporosa, com um volume de poros na ordem grânulos > resíduo > Gelidium. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO Contêm baixas concentrações de Cu2+, Pb2+, Cd2+, Zn2+ e Cr3+, evitando a contaminação da solução por lixiviação, que pode ocorrer para elementos em concentrações mais elevadas, como o Al3+, Fe2+, Ca2+, Mg2+, K+ e Na+. A análise por espectroscopia de Infravermelho (FTIR) mostra diferentes picos de absorvância, o que indica uma natureza complexa da biomassa. Foram identificados o grupo hidroxilo (-OH), presente na maioria dos constituintes da parede celular (celulose e agar) e reservas glucídicas (amido-florídeo), o grupo carboxílico (-C=O e -C-O) presente no ácido glucopiranosidurónico e ácido pirúvico, monómeros da agaropectina do agar, e o grupo sulfonato (S=O e C-S-O), presente no éster sulfatado, monómero da galactana sulfatada do agar. A titulação potenciométrica ácido-base revela uma distribuição heterogénea dos grupos maioritários: carboxílicos e hidroxilo. A alga Gelidium é o adsorvente com maior número de grupos carboxílicos e os grânulos apresentam o menor número. A função distribuição de constantes de afinidade evidencia dois picos; um relativo aos grupos carboxílicos e outro ao hidroxilo. O pico dos grupos carboxílicos é mais largo, o que significa que estes grupos são mais heterogéneos. XI.1.2 Adsorvedor Fechado (Cinética, Equilíbrio, Sistema Binário e Dessorção) A remoção dos iões metálicos é rápida numa primeira fase e diminui gradualmente até atingir a saturação. Na primeira fase são ocupados os sítios activos com maior afinidade para o metal e mais acessíveis fisicamente e, na fase mais lenta, os sítios com menor afinidade. Este comportamento é típico da biossorção de iões metálicos envolvendo forças de ligação fracas (adsorção física). O modelo cinético de pseudo-segunda-ordem descreve bem os resultados de adsorção dos iões metálicos (Cu2+, Pb2+, Cd2+, Zn2+ e Cr3+) pelos três biossorventes, em sistema fechado, para diferentes concentrações iniciais, pH, força iónica e temperatura da solução. As constantes cinéticas e a velocidade inicial de biossorção aumentam com a temperatura, diminuindo o tempo necessário para atingir o equilíbrio na biossorção dos iões Pb(II). A energia de activação é inferior a 12 kcal mol-1 (50 kJ mol-1) para a alga Gelidium e para o resíduo, sugerindo que o equilíbrio é atingido rapidamente e é facilmente reversível. 402 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO A biossorção do cobre e chumbo é independente do tamanho das partículas, uma vez que estas têm forma de placa plana, e a difusão dos iões metálicos ocorre na direcção perpendicular às paredes laterais das partículas. Em sistema fechado os equilíbrios de adsorção são bem descritos pelos modelos de Langmuir e Langmuir-Freundlich, para diferentes valores de pH, força iónica e temperatura da solução. A afinidade dos iões metálicos para os diferentes adsorventes segue na seguinte ordem: Pb > Cu > Cr > Cd > Zn, provavelmente devido à diminuição do carácter covalente da ligação. Quando o pH da solução aumenta, o número de sítios desprotonados com carga negativa também aumenta, favorecendo a capacidade de biossorção. No entanto, para valores muito elevados de pH, a distinção entre adsorção e precipitação, na remoção dos metais, torna-se difícil. De um modo geral, a constante de afinidade de Langmuir, KL, diminui à medida que o pH diminui, devido à competitividade dos iões H+ presentes em excesso relativamente à concentração de ião metálico. Os valores negativos da variação da energia livre de Gibbs, ∆G 0 , indicam a natureza espontânea da biossorção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) na alga Gelidium, resíduo e grânulos. Os valores mais negativos, que correspondem a processos energeticamente mais favoráveis, foram obtidos para o chumbo e são semelhantes para os três biossorventes. Os valores de ∆H 0 são pequenos, sugerindo um processo de adsorção física. A variação de entropia ( ∆S 0 ) na biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) é positiva, o que reflecte a afinidade dos iões metálicos para os três biossorventes, e sugere haver algumas alterações estruturais dos adsorventes durante o processo de biossorção. Também indica o aumento da desorganização na interface sólido/líquido durante a biossorção dos iões metálicos no biossorvente. O aumento da temperatura da solução favorece ligeiramente a capacidade de biossorção. O aumento da força iónica da solução prejudica a capacidade de biossorção dos iões Cu(II), Pb(II) e Cd(II), como resultado da perda parcial da carga das superfícies e do consequente enfraquecendo da força de interacção electrostática. A força iónica tem maior influência na 403 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO biossorção do cádmio do que na do chumbo, sugerindo que é maior a componente electrostática na ligação do cádmio. Os dois modelos de equilíbrio considerados para a distribuição dos grupos carboxílicos (modelo discreto e modelo contínuo) descrevem bem a adsorção dos iões metálicos nos três biossorventes, para a gama de pH estudada (3 a 5,3 para os iões Cu(II) e Pb(II) e 4 a 6,5 para o ião Cd(II)). O modelo contínuo (adsorção não-ideal competitiva) consegue descrever a adsorção de todos os iões metálicos em sistema simples ou binário a diferentes valores de pH. Neste modelo, a heterogeneidade varia na ordem alga < resíduo < grânulos. Os iões cobre, crómio e chumbo ligam-se a ligandos mais homogéneos, enquanto que os iões cádmio e zinco apresentam uma distribuição mais alargada de constantes de afinidade, tanto em sistema simples como sistema binário. A razão de permuta iónica obtida através do modelo contínuo é próxima da unidade, sugerindo que a permuta iónica dos iões metálicos com os protões se dá na razão de 1:1. A ordem de afinidade dos biossorventes para os iões metálicos é: Pb > Cu >≈ Cr > Cd > Zn, de acordo com as constantes de afinidade determinadas pelo modelo contínuo de equilíbrio. Em sistema binário, a ligação do cádmio é muito mais sensível à presença do Pb do que à do Zn, assim como a ligação do zinco é muito mais sensível à presença do Pb do à do Cd. Para concentrações equimolares de Cu e Pb os biossorventes mostram maior afinidade pelo Pb. À medida que o pH diminui, a eficiência de dessorção aumenta, atingindo um valor superior a 90% para pH inferior a 2. A dessorção ocorre essencialmente por permuta iónica entre os protões da solução e os iões metálicos ligados aos grupos activos do biossorvente, numa razão metal-protão de 1:1. Para concentrações de cobre na fase sólida inferiores a 2,5 mg g-1, a eficiência da eluição é de 100%. A eficiência diminui aumentando a quantidade inicial de metal saturado no biossorvente, pois estabelece-se um novo equilíbrio entre a concentração de metal em solução e a quantidade adsorvida. O diâmetro das partículas não interfere significativamente na eficiência de eluição. A dessorção com Na2EDTA também foi eficiente. A complexação de Cu(II) pelo EDTA ocorre numa estequiometria 1:1. 404 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO A cinética de biossorção dos iões metálicos, nos três biossorventes, é bem representada pelo modelo de transferência de massa que considera difusão homogénea na partícula e pelo que assume uma força directriz linear. Os tempos de difusão diminuem à medida que a concentração inicial aumenta, porque diminui a resistência à transferência de massa na partícula. Os valores da difusividade homogénea dos iões metálicos seguem a ordem: grânulos < Gelidium < resíduo e diminui com o pH. A concentração de metal dentro da partícula segue inicialmente um perfil parabólico e um perfil linear perto do equilíbrio. Os valores da difusividade homogénea dos iões metálicos em sistema binário são superiores aos determinados em sistema simples, porque é maior o gradiente de concentração, o que diminui a resistência à transferência de massa na partícula. A dessorção dos iões Cu(II) do resíduo é a que ocorre mais rapidamente, sendo maior com HNO3 do que com Na2EDTA. A eficiência de eluição é aproximadamente a mesma com os dois eluentes, 97%, 100% e 83%, respectivamente para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. O modelo de transferência de massa, para a etapa de dessorção, considerando apenas a resistência à transferência de massa intraparticular e a lei de equilíbrio de acção de massa, representa bem a cinética de dessorção dos iões Cu(II) nos três biossorventes, obtendo-se valores de difusividade homogénea próximos dos encontrados no processo de adsorção. Em termos de capacidade máxima de biossorção, a alga Gelidium é melhor biossorvente do que o resíduo, e este melhor do que os grânulos, para todos os iões metálicos estudados. No entanto, para concentrações baixas de iões metálicos em solução, a eficiência dos três biossorventes é semelhante. O resíduo é um material sem valor comercial, passível de reutilização antes da deposição final em aterro. Os grânulos também apresentam um custo baixo, visto que utilizam o resíduo como componente activo. XI.1.3 Adsorvedor de Cestos O coeficiente de transferência de massa no filme pode ser determinado pelo “joelho” inicial da curva que representa a variação da concentração de metal em solução ao longo do tempo. A resistência à difusão no filme, para os grânulos, é inferior à obtida para a alga Gelidium, devido ao tipo de compactação das partículas dentro dos cestos. 405 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO O aumento do caudal leva a um aumento da inclinação da curva de “breakthrough” e à diminuição da resistência no filme. O aumento de concentração da solução de alimentação diminui o tempo de saturação dos grânulos. A quantidade adsorvida dos iões Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium é superior aos valores obtidos no equilíbrio em sistema fechado. O resultado sugere que a matéria orgânica dissolvida, libertada pelas partículas em sistema fechado, compete com as superfícies pela ligação dos iões metálicos. Diminuindo o pH da solução, a afinidade dos sítios activos pelos iões chumbo diminui devido à competição com os protões. A componente electrostática da ligação entre os iões metálicos na solução e os grupos carregados negativamente na superfície do biossorvente diminui e aumenta a resistência à difusão no filme. A adsorção dos iões Pb(II), Cu(II) e Cd(II) é controlada pela difusão intraparticular e no filme, respectivamente para os grânulos e para a alga Gelidium. Os resultados sugerem que, para além da permuta iónica com os protões, os catiões metálicos podem permutar com os iões cálcio, magnésio, sódio e potássio das superfícies. A dessorção dos iões chumbo é rápida e completa, e os valores da razão de concentração podem ser previstos pelos parâmetros de equilíbrio. O modelo de transferência de massa, considerando apenas a resistência à difusão intraparticular e o equilíbrio dado pela lei de acção de massa, ajusta bem os resultados experimentais de dessorção. O pH da solução decresce rapidamente para o valor da concentração do eluente à entrada. A curva simulada pelo modelo também se aproxima dos resultados experimentais, demonstrando que a eluição nestes sistemas se efectua por permuta iónica. Nos sistemas binários, a capacidade de adsorção dos iões Cu(II) diminui ligeiramente na presença dos iões Pb(II). A adsorção dos iões Pb(II) é significativamente reduzida devido à competição e à elevada concentração de cobre na alimentação. 406 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO O modelo de transferência de massa, incluindo a resistência à transferência de massa intraparticular e externa, ajusta bem os resultados experimentais da biossorção dos sistemas binários Pb2+/Cu2+ e Pb2+/Cd2+. No sistema binário Pb2+/Cd2+, os iões cádmio, após serem biossorvidos, são progressivamente substituídos pelos iões chumbo, resultando em concentrações dentro do adsorvedor superiores à concentração de alimentação, o que dá origem a uma região de “overshoot”. Isto acontece porque o chumbo tem maior afinidade pelos sítios activos do biossorvente do que o cádmio. Para a adsorção nos grânulos foi possível calcular que cerca de 50% do cádmio foi substituído pelo chumbo. O modelo de transferência de massa do processo de dessorção multicomponente, assumindo constantes de selectividade iguais para os iões Cu(II) e Pb(II), descreve bem os resultados experimentais. XI.1.4 Coluna de Leito Fixo Aumentando o caudal de alimentação, diminui o tempo de “breakthrough” e o tempo final, aumenta a velocidade superficial do fluido dentro da coluna e a curva de “breakthrough” é mais abrupta. Em geral, quanto maior o caudal, maior o coeficiente de transferência de massa no filme, tal como acontece em adsorvedor de cestos, e maiores o comprimento da zona de transferência de massa e a fracção de leito não utilizado. O modelo de transferência de massa, para a etapa de adsorção, considerando a resistência à transferência de massa no filme e intraparticular, ajusta bem as curvas de “breakthrough” para os diferentes iões metálicos, se se considerar uma capacidade de equilíbrio superior à determinada pelas isotérmicas de adsorção, no caso da alga Gelidium. Para o caso dos grânulos, a parte final da curva de breakthrough não é prevista pelo modelo de transferência de massa. O resultado sugere que só 50% dos sítios activos são ocupados pelo metal com a afinidade considerada, sendo os restantes de menor afinidade e preenchidos mais lentamente. O modelo de transferência de massa apenas considera um tipo de sítios com a mesma afinidade e não tem em conta a distribuição heterogénea dos centros activos no modelo de equilíbrio. 407 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO O modelo de transferência de massa para a etapa de dessorção, considerando a resistência à transferência de massa no filme e intraparticular, ajusta bem as curvas de dessorção para os diferentes iões metálicos para a alga Gelidium e para os grânulos. A utilização de um eluente forte, como o HNO3 0,1 M, provoca uma maior agitação e, consequentemente, um aumento da dispersão axial. Conclui-se que o processo de eluição é controlado pela velocidade de transporte do fluido por dispersão e pela difusão dos iões metálicos no filme. Aumentando a concentração da solução de alimentação, o tempo de “breakthrough” diminui, apesar da capacidade máxima de adsorção da biomassa aumentar, porque os sítios activos são mais rapidamente saturados. A velocidade da frente de concentração determina a forma da curva de breakthrough, que é mais abrupta para concentrações mais baixas e menor resistência à difusão no filme. Devido à permuta iónica entre os iões metálicos e os protões que se encontram ligados aos sítios activos do biossorvente, o pH à saída da coluna varia. Em termos práticos, a curva de “breakthrough” de pH pode ser usada como um indicador da curva de “breakthrough” do metal. Esta é uma forma simples de identificar o tempo de “breakthrough”, uma vez que a medição do pH é mais simples de monitorizar do que a concentração de metal. À medida que o pH da alimentação aumenta, aumenta o tempo de “breakthrough”, uma vez que a capacidade de adsorção também aumenta com o pH. O pH de equilíbrio é mais baixo à temperatura mais alta sugerindo que o aumento da temperatura aumenta ligeiramente a capacidade de biossorção da biomassa. O aumento da força iónica diminuiu o tempo de “breakthrough”, devido à diminuição da componente electrostática da ligação dos iões metálicos aos sítios activos, que faz diminuir a da capacidade de adsorção da biomassa. A razão de concentração e o pico de concentração, na etapa de dessorção, aumentam, para os grânulos, na ordem: Cr < Zn < Cu < Cd < Pb. Para a alga Gelidium a ordem mantém-se, invertendo apenas para o Cu e Zn, devido aos diferentes valores de pH final em cada uma das experiências. 408 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO A razão de concentração estimada para a alga Gelidium, usando os parâmetros de equilíbrio, é inferior à real, o que indica que a dessorção em coluna de leito fixo é mais eficiente do que no sistema fechado e no adsorvedor de cestos. Para os grânulos, os valores estimados são semelhantes aos experimentais, pelo que os dados de equilíbrio podem ser usados na determinação da razão de concentração. A dessorção é completa e a regeneração do biossorvente permite a sua reutilização num 2º ciclo de adsorção-dessorção, sem qualquer alteração das capacidades do material. Concluiu-se também que a protonação não influencia a capacidade do biossorvente. O tempo de “breakthrough” para o cobre é menor que para o chumbo. Embora em sistema fechado se tenha concluído que a afinidade do chumbo pelos centros activos é maior que a do cobre, o segundo é adsorvido em maior quantidade porque a sua concentração molar, à entrada da coluna, é superior. A diferença de afinidade provoca o fenómeno de “overshooting”, que significa que a concentração à saída do elemento com menor afinidade atinge valores superiores ao da alimentação. A região de “overshoot” é maior para a alga Gelidium do que para os grânulos, porque a diferença de afinidades é maior no primeiro caso. O comprimento da zona de transferência de massa é maior para o cobre do que para o chumbo, devido à menor resistência à transferência de massa na partícula dos iões chumbo. A percentagem de leito não utilizado é maior para os iões cobre. O tempo de “breakthrough” para o cádmio e zinco é inferior ao do chumbo e as respectivas suas curvas de “breakthrough” são mais abruptas. A região de “overshoot” nos sistemas Pb2+/Cd2+ e Pb2+/Zn2+ é muito maior que no sistema Pb2+/Cu2+, porque a razão das constantes de afinidade dos iões é muito superior. A resistência no filme é maior que a resistência na partícula, pelo que o processo de biossorção é controlado pela difusão dos iões cádmio e chumbo no filme. Tal como se tinha concluído no sistema binário Pb2+/Cu2+, o comprimento da zona de transferência de massa é maior para o ião com menor afinidade pelos sítios activos, e a fracção de leito não utilizado para estes iões também é maior. Para a mistura Cd2+/Zn2+, a região de “overshoot” não é muito significativa, porque as razões das constantes de afinidade Cd2+/Zn2+ são próximas da unidade e a concentração molar de 409 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO Zn2+ é cerca de 1,8 vezes superior à de Cd2+, contrabalançando o efeito da razão das constantes de afinidade. O modelo de transferência de massa consegue prever de forma razoável os resultados experimentais para os sistemas Pb2+/Cu2+, Pb2+/Cd2+ e Cd2+/Zn2+. A descontaminação dum efluente de uma indústria de tratamento de superfícies, contendo essencialmente cobre, foi conseguida, com sucesso, em três ciclos consecutivos usando a alga Gelidium e dois ciclos consecutivos usando os grânulos. As curvas de “breakthrough” de ambas os ciclos com o efluente e com a solução pura de cobre, apresentam a mesma forma, mas estão desfasadas um pouco no tempo. Esta diferença pode ser devida à presença de outros iões no efluente, essencialmente Fe(II), Al(III) e Ni(II), ao carbono orgânico, ou ainda à diferença do pH final. A regeneração dos biossorventes permite reutilizá-los em diversos ciclos de adsorção-dessorção A descontaminação do efluente de uma indústria de tratamento de superfície contendo cobre e crómio não foi bem sucedida, levando à saída dos iões crómio ao fim de t = τ. Os resultados sugerem que, ou a redução do Cr(VI) a Cr(III) não foi completa, e/ou o Cr(III) formou complexos com a matéria orgânica dissolvida e, por isso, não foi adsorvido. Após a saída, a frente de concentração do crómio mantém-se constante e começam a sair os iões cobre, que são substituídos pelos iões Cr(III). A coluna de leito fixo é mais eficiente do que o adsorvedor de cestos na remoção de iões metálicos, em solução simples ou mistura binária, pois permite obter, durante o tempo de “breakthrough”, uma concentração à saída da coluna inferior ao limite de descarga. A eliminação de iões metálicos em solução aquosa por biossorção na alga Gelidium e resíduo de extracção do agar revelou-se um processo interessante, podendo ser aplicado à depuração de determinados tipos de águas residuais industriais. XI.2 Sugestões para Trabalho Futuro Com a experiência adquirida pode ser interessante dar continuidade a este trabalho, tendo em vista uma possível implementação do processo para tratamento de efluentes reais contaminados com iões metálicos. Nessa perspectiva, sugere-se o seguinte: 410 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHO FUTURO • Protonação do material de forma a eliminar interferências da matéria orgânica e carbonatos libertados para a solução durante a adsorção; • Estudo do mecanismo de permuta iónica, saturando inicialmente a biomassa com iões sódio; • Desenvolvimento de um modelo de equilíbrio considerando o efeito da força iónica na capacidade de adsorção; • Estudo da especiação do crómio e da adsorção das diferentes espécies em solução; • Desenvolvimento de modelos de transferência de massa mais complexos que descrevam melhor a realidade experimental, incluindo o pH na lei de equilíbrio de forma a obter o perfil de pH dentro da coluna de leito fixo e inclusão do modelo de equilíbrio contínuo; • Validação dos resultados obtidos usando efluentes reais de indústrias de galvanização, revestimento metálico, curtumes, e outras geradoras de efluentes contaminados por iões metálicos tóxicos. 411 APÊNDICE A A. Extracção do Agar A.1 Produção do Agar Durante a II Guerra Mundial, o surto de agar asiático na Europa encorajou a procura de espécies produtoras de colóides em Portugal. Inicialmente, na década de 40, a agarófita Gelidium sesquipedale era colhida ao longo da costa continental portuguesa durante a maré baixa e depois exportada. A primeira fábrica de extracção de agar em Portugal foi construída em 1947. A elevada abundância da agarófita Pterocladia capillacea nos Açores representava um potencial comercial significativo (Santos e Duarte, 1991). Por volta de 1971 existiam em Portugal seis fábricas de extracção de agar, duas delas localizadas nos Açores. Actualmente apenas uma continua a operar, a Iberagar, sedeada em Setúbal. Em 1997, a produção de agar na Iberagar era cerca de 160 t em contraste com 250-300 t ano-1 na década de 80 (Melo, 1998). Em 1997, a Iberagar exportou cerca de 50% da sua produção para o Japão e o resto para a Europa e EUA. Em 1964, a actividade foi pela primeira vez regulamentada, sendo incrementada a posse de licenças e definida uma época de colheita. Contudo, a apanha levada a cabo por mergulhadores e o delineamento de zonas de colheita só foi regulamentado em 1967. Relativamente às zonas de colheita, passaram a existir seis ao longo da costa continental e nove nos Açores, correspondentes a cada uma das nove ilhas. A partir dessa data foi também estabelecido o número de apanhadores que podiam operar com embarcações. Todas as algas apanhadas são secas ao sol e vendidas a “intermediários” licenciados, que só podem adquirir produto proveniente duma determinada zona de colheita. Estes, por sua vez, vendem-no aos extractores que o processam. O início da época de apanha é determinado por membros da Direcção Geral das Pescas em conjunto com os apanhadores, sendo, normalmente, de Julho a Dezembro. Esta delimitação não inclui a apanha de algas que dão à costa, ao longo de todo o ano, em tempo de tempestade. 413 APÊNDICE A Portugal tem os requisitos necessários para uma indústria bem sucedida, baseada nas algas marinhas, uma vez que existem recursos naturais suficientes, técnicas de apanha, mão-de-obra disponível, condições climatéricas favoráveis e a remuneração dos apanhadores parece ser adequada, possibilitando o sustento da actividade. A produção de alga Gelidium sesquipedale atingiu um pico máximo na década de 60, com um valor máximo de 3500 t em 1965, havendo um declínio ao longo da década de 70 para valores inferiores a 1000 t em 1979, e recuperou outra vez durante a década de 1980 atingindo 3000 t em 1988 (Melo, 1998). A partir de 1989 e até 1998, a produção anual de alga Gelidium s. iniciou um novo declínio, atingindo um valor mínimo de 354,6 t em 1992. A partir deste ano houve um aumento para valores de 820-870 t (1993-95) e, em 1996-97, verificou-se outra diminuição para valores de 565-575 t. Existem seis zonas de colheita ao longo da costa Portuguesa: a zona norte (zona 1), zona centro de Aveiro (zona 2), S. Martinho do Porto (zona 3), Peniche (zona 4), Cabo Espichel (zona 5), e costa sul (zona 6), incluindo Algarve (Melo, 1998). As zonas 1 e 2 nunca foram muito importantes, e presentemente não são efectuadas colheitas. A zona de colheita 3 ganhou um peso considerável, de apenas 10% no período mais produtivo, 1960-1979, até 47%, em 1997. A zona de colheita 4 foi a mais importante no período de 1970-79 mas diminuiu para 5% em 1997. Na zona 5, a colheita foi maior durante o período de 1960-1969 (47%), mas diminuiu depois, representando cerca de 20% em 19901997. Finalmente, a zona 6 manteve o segundo lugar desde 1980 (34%) até 1997 (27%). Durante 1995-1997, a produção de alga Gelidium s. foi de 670 t ano-1 em Portugal, 5200 t ano-1 em Espanha e 6950 t ano-1 em Marrocos (entre 1994-1996). Outros importantes recursos de agarófitas estão localizadas na África do Sul (140 t ano-1 de G. pristoides em 1996), México (750 t ano-1de G. robustum em 1987-1996) e, Chile (460 t ano-1 de espécies da alga Gelidium em 1990-1992) (Santos e Duarte, 1991). O preço da alga Gelidium s. no mercado interno Português foi de 1,20 US$ kg-1 em 1990, atingindo o valor mínimo em 1992 (0,88 US$ kg-1) e 1,36 US$ kg-1 em 1996. Os preços internos em Marrocos em 1995 eram de 1,10 US$ kg-1 e, para exportação, 1,54 US$ kg-1 (Melo, 1998). 414 APÊNDICE A A.2 Alga Gelidium Sesquipedale A alga Gelidium sesquipedale é uma alga vermelha, cujo nome provém de um termo grego que significa algas secas e são utilizadas no Oriente, desde há muitos séculos, na elaboração de alimentos. Este tipo de alga pertence à família dos Rodófitos que, para além da Gelidium, inclui a Gracilaria, Chondrus, Pterocladia, Mastocarpus, Ahnfeltia, entre outras. As propriedades estruturais e bioquímicas das algas podem ser divididas em: pigmentos, natureza química das reservas glucídicas e parede celular. Os pigmentos dos cromatóforos dos Rodófitos são divididos nas seguintes classes (Smith, 1979): • Clorofilas (o principal pigmento é a clorofila a, sendo que a clorofila d representa uma pequena fracção); • Carotenos (o principal pigmento é o β-Caroteno, sendo que o α-Caroteno representa uma pequena fracção); • Xantofilas (contituída por diversos pigmentos, no qual a Luteína representa menos de metade dos pigmentos totais do grupo); • Ficobilinas (o principal pigmento é a r-ficoeritrina, sendo que a r-ficocianina representa uma pequena fracção. As variações nas percentagens destes dois pigmentos são responsáveis pela diversidade de cores e de tons que se verificam nos Rodófitos. A iluminação intensa parece favorecer a formação da r-ficocianina e atrasa a da rficoeritrina. Por causa disto, a maior parte das algas de água doce e as espécies marinhas da zona intercotical superior raramente apresentam a cor vermelha característica dos Rodófitos. As espécies marinhas da zona litoral inferior e de níveis mais baixos, nunca expostos durante a maré baixa, possuem em regra cor rósea ou vermelha intensa devido à maior quantidade presente de r-ficoeritrina (ex: Alga Gelidium sesquipelade). As reservas glucídicas das algas vermelhas acumulam-se em regra sob a forma de pequenos grânulos inclusos no citoplasma, são insolúveis e denominam-se por amido-florídeos. É uma substância considerada próxima da amilopectina do amido das plantas verdes. Muitas algas 415 APÊNDICE A vermelhas também acumulam um glúcido solúvel, o floridosido, composto de galactose e de glicerina (Smith, 1979). São os constituintes da parede celular que indicam as diferenças entre as principais classes de algas. As propriedades estruturais e bioquímicas das algas dependem dos pigmentos, natureza química das reservas glucídicas e parede celular. A biossorção em algas tem sido atribuída essencialmente à parede celular por atracção electrostática e complexação, pelo que é muito importante conhecer as características da parede celular. A parede celular da alga Gelidium sesquipedale é constituída por celulose e por vários compostos pécticos (galacturonanos). O agar é o principal composto péctico presente na alga Gelidium sesquipedade, constituindo cerca de 43% da alga seca (Vignon et al., 1994). O agar é considerado como uma mistura de, pelo menos, três polissacarídeos, a agarose (Figura A.1), a agaropectina (Figura A.2) e a galactana sulfatada (Figura A.3). O agar contém uma elevada percentagem de agarose e baixas quantidades de agaropectina e galactana sulfatada (1,0 – 1,6 %) (Mouradi-Givernaud et al., 1999). A agarose é constituída essencialmente por unidades repetidas do dissacárido agarobiosos (1→4)-3,6-anidro-α-L-galactopiranose-(1→3)-β-D- galactopiranosilo ligadas em C1→3, como está descrito na Figura A.1. HO C H 2O H Alternadas O O O OH Unidades (1→3) β-D- galactopiranosilo Figura A.1 416 CH 2 OH O O O HO Unidades (1→4)-3,6-anidro-α-L-galactopiranose Representação esterioquímica da estrutura da agarose APÊNDICE A R=H ou Ácido glucopiranosidurónico Figura A.2 4,6 Acetal de ácido pirúvico Representação esterioquímica da estrutura da agaropectina. Poucas unidades ou Figura A.3 Representação esterioquímica da estrutura galactana sulfatada. A celulose é um polissacarídeo linear formado por moléculas de glucose unidas entre si por ligação β-1,4 (Percival e McDowell, 1967). 417 APÊNDICE A Figura A.4 Representação esterioquímica da estrutura da celulose. O amido-florídeo é um polissacárido semelhante à amilopectina (Yu et al., 2002 e Fournet et al., 1999). Figura A.5 A.3 Representação esterioquímica da estrutura da amilopectina. Processo de Extracção O agar é uma substância de natureza amorfa, insolúvel em água fria, mas absorvendo vinte vezes o seu peso em água. Dissolve-se facilmente em água fervente e forma um gel firme a concentrações baixas, mesmo da ordem de 0,5 %. Esta substância natural é constituída por uma cadeia longa de D-galactopiranose unida por ligações 1-3 glucosídicas, tendo como extremidade redutora L-galactopiranose, a qual se liga à cadeia pelo átomo C4 e tendo o carbono 6 esterificado por um grupo H2SO4 (Ramalho, 1966, Vignon et al., 1994 e MouradiGivernaud et al., 1999) (Figura A.6). De entre as propriedades físicas, a capacidade de gelificar a cerca de 35 ºC (em concentrações de 1%), fundindo o gel quando aquecido a 90 ºC, caso notável de histerese, leva-nos a considerar o agar como matéria-prima largamente aplicável em diversas indústrias, como fotográfica, alimentar, farmacêutica, têxtil, de papel e tintas (Mouradi-Givernaud et al., 1999). 418 APÊNDICE A Figura A.6 Estrutura do agar. Para fins científicos, é de incalculável valor em laboratórios de bacteriologia como meio de cultura e, por isso o seu fabrico está sujeito a normas rígidas, que evitem qualquer contaminação por microorganismos. Conhecido o facto de o agar permanecer líquido até 42 ºC, podem os organismos a cultivar ser distribuídos no meio de cultura a uma temperatura que não é impeditiva para o seu posterior desenvolvimento. O facto de gelificar à temperatura óptima de desenvolvimento e de resistir à liquefacção bacteriana torna-o vantajoso em relação aos meios sólidos obtidos como gel (McHugh, 2003). O agar provém da subcamada externa da parede celular de algumas espécies da subclasse das florídeas, a qual pertence a alga Gelidium sesquipedale Figura A.7. Figura A.7 Alga Gelidium sesquipedale. O processo de extracção do agar a partir das algas traduz-se num conjunto de etapas muito simples. Depois de seca ao sol, a alga é lavada com água durante 12 a 14 horas. 419 APÊNDICE A Posteriormente, transfere-se o material a extrair para autoclaves, onde se submete a um aquecimento de 6 horas a pressão de 15 psi. Para facilitar a digestão, adiciona-se soda cáustica aos autoclaves onde se realiza a extracção, meia hora antes. A adição da soda cáustica tem como funcionalidade tornar a estrutura da alga mais permeável, facilitando a posterior extracção do agar (McHugh, 2003 e Ramalho, 1966). Fazem-se duas extracções posteriores em circunstâncias semelhantes, todavia mais demoradas, respectivamente 8 a 12 horas. Como o terceiro extracto é muito pobre, pode vir a utilizar-se numa primeira extracção subsequente de novo material. Os extractos quentes clarificam-se por filtros prensas com adjuvantes de filtração (terra de diatomáceas) e recolhem-se em recipientes. A solução é bombada directamente para um tapete rolante com cerca de 50 metros de comprimento por um metro de largura, onde, ao longo do percurso, a solução vai perdendo a água por gravidade, formando no final do tapete uma película de gel com cerca de 1% de agar (Figura A.8). Por outro lado, a solução pode ser transferida para tanques cilíndricos onde sofre um processo de congelação a uma temperatura de cerca -10ºC, e permanece durante dois dias. Depois dá-se a descongelação e posterior elevação da solução para o tapete rolante, onde se forma o gel. Utilizando o primeiro processo obtém-se no final partículas de agar mais amorfas, enquanto que o segundo processo possibilita obter partículas de agar com um maior valor comercial. A solução de agar é posteriormente seca em ciclones. As partículas obtidas são trituradas, obtendo-se um pó branco (agar) que é embalado e posteriormente comercializado (McHugh, 2003 e Ramalho, 1966). Figura A.8 Gel de agar formado no final do tapete rolante. O resíduo sólido resultante da extracção do agar (Figura A.9) não apresenta qualquer valor comercial, sendo necessária a sua deposição em aterro. Daí que a sua potencial utilização 420 APÊNDICE A como biossorvente para remoção de iões metálicos possa ser interessante para as empresas produtoras de agar e para as produtoras do efluente. Figura A.9 Resíduo sólido resultante do processo de extracção do agar. 421 APÊNDICE A Referências Fournet, I., Zinoun, M., Deslandes, E., Diouris, M., Floc´h, J. Y. 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A absorvância a 650 nm é proporcional à concentração, com um coeficiente de correlação elevado (R2=0,994) e um erro residual S 2R = 1,6 × 10 −3 . Os parâmetros estatísticos obtidos para a curva de calibração permitem confirmar a aplicabilidade da lei de Beer no intervalo de concentração considerado. Verificouse que a adsorção do azul-de-metileno na cuvete de vidro é desprezável. 1.6 1.4 Absorvância 1.2 1 0.8 Abs = 0.148*CMB R2 = 0.994 0.6 0.4 0.2 0 0 2 4 6 8 10 12 C MB (mg/l) Figura B.2 Curva de calibração do azul-de-metileno. 423 APÊNDICE B B.2 Experiências Cinéticas Para determinar o tempo de equilíbrio e concentração de MB necessária para a saturação dos três materiais utilizados foram realizadas experiências cinéticas para diferentes concentrações iniciais. Como a concentração de saturação determinada para a alga Gelidium foi próxima de 600 mg l-1, para os outros dois materiais, que apresentam características físicas/químicas similares, mas com capacidade de adsorção inferior, foi assumido este valor como suficiente para a saturação. A adsorção do MB pela alga Gelidium ocorre essencialmente na primeira hora, como se pode verificar na Figura B.3 (a). Para o resíduo e os grânulos a adsorção é mais rápida, ocorrendo essencialmente nos primeiros vinte minutos, como se pode observar na Figura B.3 (b) e (c). A remoção da molécula de MB da solução é rápida numa primeira fase e diminui gradualmente até à saturação do material. Na fase inicial, a força directriz de concentração é maior, diminuindo a resistência à transferência de massa desde a solução até à fase sólida, onde os sítios activos com maior afinidade são ocupados primeiro. Por fim, a concentração de MB em solução diminui, diminuindo a força directriz, sendo ocupados os sítios activos com menor afinidade. A percentagem de remoção do azul-de-metileno da solução aumenta à medida que a concentração inicial diminui. Resultados similares foram obtidos na remoção de MB pela macroalga Sargassum muticum (Rubin et al., 2005). A percentagem máxima de remoção obtida foi de 96% (Cini = 101 mg l-1 e Cfinal = 5 mg l-1) para a alga Gelidium. A percentagem de remoção da molécula de MB, para a mesma concentração de partida (Cini = 600 mg l-1), foi maior para a alga Gelidium, seguida pelo resíduo e os grânulos (48%, 32% e 23%, respectivamente). Verifica-se que os modelos cinéticos de pseudo-primeira e pseudo-segundaordem ajustam bem os resultados experimentais para os três materiais e diferentes concentrações iniciais, de acordo com os parâmetros estatísticos apresentados na Tabela B.1 e B.2. A comparação do ajuste entre os dois modelos, feita através de um Test-F (Tabela B.2), indica que para concentrações mais elevadas de MB o modelo de segunda ordem ajusta melhor os resultados experimentais, enquanto que para concentrações mais baixas não se pode afirmar que um modelo é estatisticamente melhor que o outro. 424 APÊNDICE B 160 qt (mg MB / g Gelidium) 140 120 100 80 60 40 Cini = 101 mg/l Cini = 420 mg/l 20 Cini = 206 mg/l Cini = 658 mg/l 0 0 20 40 60 80 100 120 140 Tempo (min) (a) 80 qt (mg MB / g Gânulos) qt (mg MB / g Resíduo) 100 80 Cini = 209 mg/l 60 Cini = 644 mg/l 40 60 Cini = 635 mg/l 40 20 20 0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Tempo (min) Figura B.3 0 10 20 30 40 50 60 70 Tempo (min) (b) (c) Evolução da concentração de MB adsorvido nos materiais (alga Gelidium (a), resíduo (b) e grânulos (c)) com o tempo de contacto para diferentes concentrações iniciais (Cini). ---- Lagergren pseudo-primeira-ordem; ____ pseudo-segunda-ordem. Nas Tabelas B.1 e B.2 também são apresentados os valores da velocidade inicial de biossorção. Verifica-se que à medida que a concentração de MB aumenta, a velocidade inicial de adsorção aumenta. Da mesma forma, com o aumento da força directriz inicial (diferença de concentrações na solução e no sólido) diminui o tempo de difusão dos catiões da solução para os sítios activos. Observa-se ainda que os valores da rads(i) aumentam pela seguinte ordem: alga Gelidium < grânulos < resíduo. O resíduo resulta da extracção do agar da alga Gelidium. Neste processo são utilizadas altas concentrações de NaOH e altas temperaturas, o que faz aumentar a porosidade das partículas, tornando os sítios activos mais acessíveis aos catiões. Por outro lado, como o componente activo dos grânulos é o resíduo, a única diferença entre 425 80 90 APÊNDICE B estes dois materiais é a resistência provocada pela camada fina de PAN, utilizada para imobilizar o resíduo. Tabela B.1 Parâmetros cinéticos do modelo de pseudo-primeira-ordem para a biossorção de MB. Biossorvente Cini (mg l-1) Modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem S2R qM (mg g-1) k1,ads (min-1) ×102 R2 Gelidium 658 420 206 101 156 ± 2 142 ± 2 94,0 ± 0,3 47,8 ± 0,2 4,2 ± 0,3 4,0 ± 0,2 5,5 ± 0,1 6,8 ± 0,1 0,991 0,993 0,999 0,999 (mg g ) 31,9 20,9 0,7 0,2 Resíduo 644 209 93 ± 3 76 ± 2 110 ± 30 70 ± 14 0,916 0,966 83,2 22,5 102± 28 61± 11 Grânulos 635 70 ± 2 23 ± 3 0,976 16,2 16 ± 2 Tabela B.2 -1 2 rads(i) (mg g-1 min-1) 6,6 ± 0,4 5,7± 0,3 5,2± 0,1 3,3± 0,1 Parâmetros cinéticos do modelo de pseudo-segunda-ordem para a biossorção de MB e Teste-F. Modelo de pseudo-segunda-ordem Cini Biossorvente (mg /l) Gelidium Resíduo Grânulos B.3 qM (mg g-1) k2,ads (g mg-1 min-1) ×104 R2 658 182 ± 3 2,9 ± 0,2 420 167 ± 1 206 S2R Teste-F (mg g ) rads(i) (mg g-1 min-1) Fcal F1-α 0,995 15,1 9,7 ± 0,8 2,1 1,9 2,9 ± 0,1 0,999 1,7 8,1 ± 0,3 12,7 1,9 107 ± 2 6,7 ± 0,1 0,992 10,0 7,7± 0,8 16,1 1,9 101 53,3 ± 0,8 18 ± 1 0,990 2,7 5,0± 0,5 13,8 1,9 644 97,0 ± 0,3 148 ± 5 0,950 49,4 137± 45 1,7 2,3 209 79 ± 1 135 ± 16 0,993 4,8 84± 10 4,7 2,3 635 75 ± 2 50 ± 7 0,989 6,9 27 ± 4 2,3 2,2 -1 2 Equilíbrio de Biossorção Os resultados experimentais de equilíbrio foram ajustados à isotérmica de Langmuir (Figura B.4). Os parâmetros da equação de Langmuir (qL e KL) e os parâmetros estatísticos são apresentados na Tabela B.3. Os valores experimentais correlacionam-se bem com os valores estimados pela equação de Langmuir e indicam que a alga Gelidium apresenta maior capacidade de adsorção que o resíduo e os grânulos. A afinidade (KL) da molécula MB é semelhante para os três materiais, ou seja, para concentrações baixas de MB os adsorventes apresentam a mesma capacidade de adsorção. Têm sido utilizados diferentes materiais na remoção de MB em solução aquosa. A Tabela B.4 compara as capacidades máximas de adsorção de MB em diferentes adsorventes e permite 426 APÊNDICE B concluir que a alga Gelidium, o resíduo e os grânulos podem ser usados como biossorventes efectivos para a remoção de azul-de-metileno. 180 160 qMB (mg MB/ g biomassa) 140 120 100 80 60 40 Gelidium Pontos de equilíbrio obtidos nas experiências cinéticas 20 Resíduo Grânulos 0 0 100 200 300 400 500 600 C MB (mg/l) Figura B.4 Tabela B.3 Isotérmicas de biossorção do MB para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. Parâmetros cinéticos e estatísticos de ajuste do modelo de equilíbrio de Langmuir. Biossorvente Gelidium Resíduo Grânulos Tabela B.4 Parâmetros do modelo Langmuir KL qL (l mg-1)×102 (mg g-1) 171± 3 7,9 ± 0,8 104 ± 2 6,7 ± 0,7 74 ± 2 8,1 ± 0,8 GL R2 SR2 (mg g-1)2 18 18 18 0,982 0,965 0,962 73,8 36,0 15,9 Capacidades máximas de adsorção de azul-de-metileno em vários adsorventes nas condições óptimas. Adsorvente Carvão activado Alga Sargassum muticum Resíduo de algodão Hydrilla verticillata Musgo Perlite Spirodela polyrrhiza (lentilha d’água) Raiz de jacinto d’água Terra de descoloração exausta (Extracção do hexano) Capacidade máxima de adsorção (mg g-1) 373,9 279,2 240 198 185 162,3 144,9 128,9 120,5 Referência (Kannan e Sundaram, 2001) (Rubin et al., 2005) (Low et al., 1995) (Dogan et al., 2000) (Waranusantigul et al., 2003) (Low et al., 1995) (Lee et al., 1997) Terra de descoloração exausta carbonizada 94,5 Caroço de tâmara 80,3 (Banat et al., 2003) Zeólito 53,1 (Dogan et al., 2000) 427 APÊNDICE B A adsorção do MB pode resultar da interacção electrostática entre os grupos carregados negativamente, presentes na superfície dos biossorventes, e a forma catiónica da molécula de MB em solução. Palit e Moulik (2003) estudaram o efeito de um electrólito na adsorção do MB na superfície de Colesterol, caracterizado pela presença de grupos hidroxilos. Aumentando a concentração de KCl, a capacidade de adsorção diminuiu, devido à presença dos iões potássio junto à interface líquido/sólido, o que faz diminuir a atracção electrostática entre as moléculas de MB e os sítios activos. Rubin et al. (2005) estudaram a adsorção de MB numa macroalga, na gama de valores de pH de 1 a 10. A capacidade de adsorção não foi afectada pelo pH na gama 4-10 mas para valores mais baixos de pH a adsorção de MB foi menos favorável. Resultados semelhantes foram obtidos por Dogan et al. (2000) e Waranusantigul et al. (2003). Os autores verificaram que, para baixos valores de pH, os sítios activos estão protonados mas continuam a adsorver uma quantidade significativa de MB, sugerindo que a adsorção de MB é devida a dois tipos de interacções, electrostática e hidrofóbica (Imamura et al., 2002; Rubin et al., 2005). 428 APÊNDICE B Bibliografia Banat, F., Al-Asheh, S., Al-Makhadmeh, L. 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Kinetics of Basic Dye (Methylene Blue) Biosorption by Giant Duckweed (Spirodela Polyrrhiza). Environmental Pollution, 125, 385-392 (2003). 429 APÊNDICE C C. Caracterização dos Biossorventes C.1 Densidade Real, Densidade Aparente e Porosidade C.1.1 Picnometria de Hélio A picnomotria de hélio foi usada para determinar a densidade real dos adsorventes. Na picnometria de hélio todos os poros e cavidades dos materiais que estão a ser analisados são preenchidos por um gás de dimensões atómicas reduzidas, aplicando-se o princípio do deslocamento de fluidos de Arquimedes e a lei de Boyle para a determinação do volume. C.1.2 Porosimetria de Mercúrio Quando um sólido é imerso em mercúrio, uma vez que a maioria dos sólidos não são molhados pelo Hg, este não entra nos poros. Normalmente a uma pressão de 0,01 atm, o mercúrio não consegue penetrar em poros de diâmetro inferior a cerca de 1230 µm (Mata, 1998). O volume de mercúrio (VHg) necessário para encher o penetrómetro com a amostra é calculado pela seguinte forma: VHg = m penet + amostra + Hg − m penet + amostra ρ Hg (C.1) onde mpenet é a massa do penetrómetro vazio, mpenet+amostra+Hg é a massa total do penetrómetro cheio com a amostra e mercúrio e ρHg é a densidade do mercúrio. A densidade aparente da amostra é calculada pela expressão seguinte: ρ ap = m amostra m amostra = Vamostra Vpenet − VHg (C.2) onde mamostra é a massa de amostra, Vpenet é o volume do penetrómetro vazio e Vamostra é o volume da amostra. Após esta fase inicial, o mercúrio é forçado a entrar nos poros das partículas por aplicação de uma pressão crescente controlada e o volume de mercúrio intrudido é medido pela diminuição do volume de mercúrio no penetrómetro. A força aplicada 431 APÊNDICE C está directamente relacionada com o tamanho dos poros pela equação de Washburn (Figueiredo e Ribeiro, 1989), considerando poros cilíndricos e uma amostra estável. O equipamento utilizado opera numa gama de pressões compreendida entre 0,5 psia e 30000 psia permitindo assim a intrusão de mercúrio em poros de diâmetro compreendido entre 360 µm, para a pressão mínima, e 60 Å, para a pressão máxima. O volume de poros com diâmetro inferior a 60 Å pode ser obtido a partir da definição de densidade aparente: ρ ap = mS (C.3) VS + VP > 60 Å + VP < 60 Å O volume específico de mercúrio (cm3 g-1), representa a quantidade de mercúrio que entra nos poros com diâmetro superior a 60 Å e define-se como: VHg (int rudido ) = VP > 60 Å (C.4) mS A porosidade (εp) é definida como o espaço intraparticular da seguinte forma: εp = VP VP + VS 1 − εp = VS VP + VS (C.5) A soma do volume de poros (Vp) e de sólido verdadeiro (VS) é obtida por: ρ ap = mS VP + VS VP + VS = mS ρ ap (C.6) O volume de sólido verdadeiro é dado pela razão da massa de sólido (mS) e a densidade real (ρre): ρ re = mS VS VS = mS ρ re (C.7) A porosidade pode ser definida apenas como função da ρre e ρap: εp = 1− 432 ρ ap ρ re (C.8) APÊNDICE C O diâmetro médio em volume, dV, é o valor de diâmetro para o qual o volume de intrusão é metade do volume total de intrusão por unidade de massa da amostra. O valor de dV é obtido por interpolação na curva experimental de porosimetria. Este é um valor calculado pelo software do porosímetro, embora só tenha validade nos casos em que a derivada da curva de intrusão é unimodal e simétrica. Se se admitir um modelo de poros cilíndricos, o diâmetro equivalente de poro, de, pode ser calculado a partir dos valores de volume total de intrusão por unidade de massa de amostra, VHg (intrudido), e da área superficial específica total, Asp, usando a seguinte relação: de = 4 C.2 VHg (int rudido ) A sp (C.9) Área Superficial Específica A área superficial específica, Asp, é uma das características físicas mais importantes dos adsorventes. Em sólidos porosos a área superficial específica é definida como a razão entre a área superficial da partícula (incluindo a área superficial dos poros) e o volume (ou massa) total do meio poroso, ou seja, a área da superfície do sólido acessível por unidade de massa ou volume da partícula. C.2.1 Porosimetria de Mercúrio O valor de Asp pode ser calculado a partir de dados experimentais de porosimetria de mercúrio (Gregg e Sing, 1982). Se se relacionar o trabalho requerido para forçar um volume de mercúrio dV a entrar num poro duma amostra porosa desgaseificada com o trabalho requerido para formar um elemento de área dA, pertencente à interface sólido-líquido, obtém-se a expressão: σ mv cos θ c dA = − P dV (C.10) onde σ mv é a tensão superficial do mercúrio em contacto com o ar, θ c o ângulo de contacto entre o mercúrio e o sólido e P a pressão aplicada no mercúrio. Considera-se que o poro tem uma área da secção transversal constante. Integrando a equação (C.10), sobre toda a gama de pressões onde ocorreu intrusão de mercúrio, resulta a expressão: 433 APÊNDICE C A sp = − 1 σ mv cos θ c V 0 P dV (C.11) A intrusão de mercúrio também foi usada por Cormack et al. (1980) na caracterização de vários tipos de géis de alumina, obtidos em diferentes condições experimentais. As áreas superficiais, obtidas por porosimetria de mercúrio e adsorção de azoto foram concordantes para os casos em que a curva de porosimetria da amostra apresentava um patamar na região dos mesoporos. Nas amostras em que isso não acontecia, os valores de área superficial obtidos por adsorção gasosa eram significativamente maiores do que os obtidos por porosimetria de mercúrio, porque o valor de Asp, obtido por porosimetria, não incluía as contribuições das áreas dos poros com diâmetro inferior a 60 Å. C.2.2 Adsorção de N2 No método de adsorção de um gás, as moléculas gasosas são atraídas para a superfície sólida por forças de van der Waals (adsorção física) e há a possibilidade de se formarem múltiplas camadas adsorvidas. Este procedimento, por via seca, é obtido por aquecimento e desgaseificação das partículas. O aquecimento pode alterar quimicamente algum tipo de materiais causando uma redução da área específica (Klein, 1999). Uma das formas de determinação de Asp é através do método Brunauer, Emmett e Teller (B.E.T.) (Brunauer et al., 1938). Obtêm-se isotérmicas de adsorção física que relacionam a variação da quantidade adsorvida, Vads, com a pressão relativa, P/P0, sendo P0 a pressão de saturação da substância adsorvida à temperatura do ensaio e P a pressão aplicada em cada momento da experiência. A quantidade adsorvida pode ser determinada gravimetricamente, com uma microbalança eléctrica, ou volumetricamente, com base na equação dos gases ideais, conhecido o volume do sistema. É usual fazer-se a adsorção de azoto a 77 K em sólidos que possuem uma área específica maior do que 5 m2 g-1, embora possam ser usadas outros gases inertes, como o crípton, árgon e xénon. Para materiais orgânicos, a desgaseificação do material terá de ser feita a uma temperatura próxima da temperatura ambiente para não ocorrer danificação do material. 434 APÊNDICE C C.2.3 Adsorção de Azul-de-Metileno (MB) A determinação da área superficial específica por adsorção de MB a partir da solução tem sido adoptada para vários tipos de sólidos como óxido de ferro (Mak e Chen, 2004), argilas (Gürses et al., 2004), carvão activado (Barton, 1987), sílica e zeólitos (Handreck e Smith, 1988), etc.. Admite-se que a adsorção se dá em monocamada e que o processo é descrito pelo modelo de Langmuir. As isotérmicas de adsorção de MB pelos três biossorventes são apresentadas no Apêndice B. Se se representar por q L a quantidade máxima necessária para cobrir a superfície com uma camada monomolecular de MB (gMB g-1), a área específica do sólido é dada por: A sp = q L N Av a MB M MB (C.12) onde aMB é a área ocupada por uma molécula de MB (m2 molécula-1), NAv é o número de Avogadro (6,02 x 1023 molécula mol-1) e MMB é a massa molar do MB (355,89 g mol-1). A molécula de MB apresenta uma forma rectangular, com dimensões de aproximadamente 17 Å × 7,6 Å × 3,25 Å. Esta molécula pode ligar-se na superfície da biomassa segundo várias orientações, pelo que o valor de aMB pode variar: i. Se a molécula se ligar à superfície pela face maior, a área coberta é cerca de 130 Å2 por molécula (Hang e Brindley, 1970; Aringhieri et al., 1992 e Chen et al., 1999); ii. Se a molécula estiver inclinada (65-70º) sobre a superfície, a área coberta é cerca de 66 Å2 por molécula (Hähner et al., 1996); iii. Se a aresta maior estiver orientada perpendicularmente à superfície, a área coberta é cerca de 24,7 Å2 por molécula (Borkovec et al., 1993). Neste trabalho adoptou-se para a área ocupada por cada molécula de MB os valores de 24,7 e 130 Å2. A técnica de determinação da Asp por MB envolve adsorção, com ligações muito fortes (atracção electrostática-quimissorção) e é geralmente limitada a uma monocamada. 435 APÊNDICE C C.3 Titulação Potenciométrica C.3.1 Complexação Local do Protão Se se considerar que a superfície dos biossorventes são polifuncionais, cada sítio activo, i, de uma dada classe de grupo funcional, L, reage com o protão, segundo a reacção: K int i ,H L i (s ) + H (+aq ) ← → L i H (s ) (C.13) Esta reacção é caracterizada pela constante de equilíbrio intrínseca do protão para os sítios activos i, K int i , H . Considerando que os coeficientes de actividade na fase sólida são iguais ( f Li = f Li H ) obtém-se: K int i ,H = C Li H (C.14) C Li C HS onde C HS = C H exp − Fψ S RT (C.15) em que C Li é a concentração total do sítio activo Li, C Li H é a concentração dos sítios activos protonados, C HS e CH representam a concentração do protão na superfície e na solução, F é a constante de Faraday, exp(− Fψ S / RT ) é o factor Boltzmann que expressa a interacção coulombiana a que o protão está sujeito devido ao campo eléctrico e ψ S é o potencial local do grupo funcional no polielectrólito em relação ao potencial no interior da solução. Esta definição é uma aproximação, pois admite que todos os grupos estão sujeitos ao mesmo potencial, ψ S . Pode definir-se o grau de protonação, θ i ,H , para um grupo do tipo i como: θ i ,H = 436 C Li H C Li H + C HS (C.16) APÊNDICE C Combinando a equação (C.14) com a equação (C.16) obtém-se uma equação que é matematicamente equivalente à isotérmica de Langmuir: θ i ,H = K iint,H C HS (C.17) 1 + K iint,H C HS Num ligando heterogéneo a equação anterior representa a ligação a um tipo específico de grupo e designa-se por isotérmica local. Uma opção alternativa é definir uma constante de afinidade aparente: K i ,H = K int i , H exp − Fψ S RT (C.18) que conduz a: θ i ,H = K i ,H C H (C.19) 1 + K i ,H C H Esta equação tem a vantagem de CH ser experimentalmente acessível e a desvantagem de K i ,H ser uma constante condicional, dependente da força iónica do meio e do pH. Para adsorventes heterogéneos, com uma distribuição contínua de afinidades, o grau de protonação total, θ T ,H , dado pelo integral do grau de protonação dos diferentes grupos na ausência de metais, é: θ T ,H = ( ) ( ) ( int int θ i ,H K int i , H , C H S f i log K i , H d log K i , H ) (C.20) ∆ log K int i ,H ( em que f i log K int i,H ) é a função de distribuição contínua das constantes de afinidade ( intrínsecas do protão, θ i ,H K int i ,H , C HS ) é a isotérmica local e ∆ log K int i , H é o intervalo de log K iint,H considerado. Esta equação pode ser resolvida analiticamente, assumindo que a isotérmica local do protão é dada pela equação (C.17) e que a função de distribuição contínua das constantes de afinidade 437 APÊNDICE C aparente é dada por uma distribuição quase-Gaussiana sugerida por Sips (1948), representada pela equação seguinte: ( ln(10)sin (m H π ) ) f i log K iint,H = K π int i ,H ' H −mH K + 2 cos(m H π ) + K (C.21) mH int i ,H ' H K O resultado da integração é conhecido como a isotérmica de Langmuir-Freundlich: θ T ,H (K C ) = 1 + (K C ) mH ' H H ' H (C.22) mH H onde K 'H é o valor médio da distribuição de afinidades do protão e mH está relacionada com largura da distribuição de Sips, podendo tomar valores entre 0 e 1, que representam respectivamente uma largura infinita e uma largura nula. É importante notar que o parâmetro mH é uma medida da heterogeneidade global, em que se inclui a heterogeneidade química e as repulsões electrostáticas. A Figura C.1 apresenta um exemplo do efeito da variação de mH sobre a distribuição de Sips. Como se pode verificar, à medida que se aumenta o valor de mH a heterogeneidade diminui, isto é, os sítios activos apresentam constantes de afinidade intrínsecas muito próximas, o que nos permite identificá-los como um grupo homogéneo. Em sentido oposto, à medida que se diminui mH, a distribuição de constante de afinidades intrínsecas é mais alargada, o que caracteriza o biossorvente como um conjunto de grupos heterogéneos. 1 1.0 0.8 0.6 f 0.75 0.4 0.5 0.2 0.25 0 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 log(Kinti,H) Figura C.1 438 Distribuição de Sips (f) para mH = 0,25;0,5; 0,7 e 1,0, considerando log K 'H = 0 . APÊNDICE C A medida experimental a que se tem acesso é quantidade de grupos desprotonados, QH, que por sua vez depende do grau de protonação, através da equação seguinte: QH = QT j ( ) γ j 1 − (θ T ,H )j = j ( Q max, j 1 − (θ T ,H )j ) (C.23) onde γ j é a fracção da classe de sítios activos j, Q T é a quantidade total de centros activos (mmol g-1) e Qmax,j é a carga total da classe de sítios activos j. Neste estudo foram considerados dois tipos de ligandos diferentes, os carboxílicos e os hidroxilos. Sendo assim, a equação é dada por: Q H = Q max, 1 (K C ) 1− 1 + (K C ) m H ,1 ' 1, H H ' 1, H m H ,1 + Q max, 2 H (K C ) 1− 1 + (K C ) ' 2,H mH , 2 H ' 2,H mH , 2 (C.24) H Rearranjando a equação (C.24) obtém-se a equação do modelo contínuo: QH = ( Q max, 1 1 + K 1' ,H C H + ) m H ,1 ( Q max, 2 1 + K '2,H C H ) mH , 2 (C.25) Se considerar uma distribuição discreta de grupos nas partículas, sendo cada grupo caracterizado por duas constantes aparentes ( K 1,H e K 2,H ), obtém-se a equação do modelo discreto: QH = Q max, 1 1 + K 1,H C H + Q max, 2 1 + K 2,H C H (C.26) C.3.2 Conversão dos Resultados As curvas de calibração dos eléctrodos para duas forças iónicas 0,005 e 0,1 M estão representadas na Figura C.2. Os resultados experimentais da titulação potenciométrica em termos de E (mV) vs VNaOH (ml), pH vs VNaOH (ml) e QH (mmol g-1) vs pH estão representados na Figura C.3 (alga Gelidium), na Figura C.4 (resíduo) e na Figura C.5 (grânulos). 439 APÊNDICE C O primeiro passo nos cálculos é converter os resultados experimentais de E vs. volume de base adicionada (VNaOH) em QH vs. pH. Essa conversão é feita com base nas curvas de calibração dos eléctrodos que relaciona o potencial (mV) com o pH para toda a gama de titulação. 205 220 200 210 195 E1 (mV) = -55.739*pH + 331.97 R2 = 0.9998 185 180 Eléctrodo 1 175 Eléctrodo 2 170 190 Eléctrodo 1 Eléctrodo 2 180 E2 (mV) = -57.500*pH + 335.808 R2 = 1.000 170 E2 (mV) = -55.621*pH + 322.88 R2 = 0.9992 165 E1 (mV) = -58.089*pH + 345.25 R2 = 0.9998 200 E (mV) E (mV) 190 160 160 2.2 2.4 2.6 2.8 3 2.2 2.4 pH Figura C.2 2.6 2.8 pH FI = 0,005 M FI = 0,1 M Curvas de calibração dos eléctrodos de pH para duas forças iónicas (FI = 0,005 M e 0,1 M). A carga da partícula em cada ponto da titulação é obtida por um balanço material: QH = C B − C A + C H − C OH a (C.27) C NaOH VNaOH VNaOH + Vo (C.28) em que, CB = em que, CNaOH - concentração da solução titulante (base), mol l-1; VNaOH - volume da solução titulante adicionada (base), ml; Vo - volume inicial de solução de electrólito (NaNO3) na célula, ml; CB - concentração de base em solução após cada adição, mol l-1; CA - concentração de ácido a adicionar (HNO3), mol l-1; 440 3 APÊNDICE C ( ) CH - concentração do hidrogenião em solução = 10 − pH , mol l-1; COH - concentração do hidróxido em solução, dada pela constante de protonação da ( ) água = K W 10 − pH , mol l-1; a - massa de material por volume total de solução, g l-1; Estes resultados experimentais (QH vs pH) foram ajustados às equações (C.25) e (C.26) para se obterem as constantes de protonação e os outros parâmetros das equações. Os valores dos parâmetros do modelo contínuo, para as duas forças iónicas, são apresentados na Tabela C.1. Na Tabela C.2 estão registados os valores dos parâmetros do modelo discreto. 441 APÊNDICE C 80 80 Eléctrodo 1 30 Eléctrodo 2 Eléctrodo 2 -20 E (mV) E (mV) -20 Eléctrodo 1 30 -70 -120 -70 -120 -170 -170 -220 -220 -270 -270 0 1 2 3 4 0 1 2 11 11 10 10 9 9 8 8 Eléctrodo 1 7 Eléctrodo 1 7 Eléctrodo 2 6 Eléctrodo 2 6 5 5 4 4 0 1 2 3 4 0 1 2 VNaOH (mL) 3 4 VNaOH (mL) 0.5 0.5 0.4 QH (mmol/g) 0.4 QH (mmol/g) 4 VNaOH (mL) pH pH VNaOH (mL) 3 0.3 0.2 Eléctrodo 1 0.3 0.2 Eléctrodo 1 Eléctrodo 2 0.1 Eléctrodo 1 0.1 0 4 5 6 7 8 9 10 11 pH Figura C.3 4 5 6 7 8 9 10 pH FI = 0,005 M FI = 0,1 M Resultados experimentais da titulação de 50 ml duma solução 1 g l-1 de alga Gelidium com NaOH 0.01 M em meio 0,005 M e 0,1 M de NaNO3. 442 0 11 APÊNDICE C 80 80 Eléctrodo 1 30 30 Eléctrodo 2 -20 E (mV) E (mV) -20 -70 -120 -70 -120 -170 -170 -220 -220 -270 Eléctrodo 1 Eléctrodo 2 -270 0 1 2 3 4 0 1 2 VNaOH (mL) 3 4 VNaOH (mL) 10.5 11 9.5 10 8.5 9 Eléctrodo 1 8 pH pH 7.5 Eléctrodo 2 Eléctrodo 1 6.5 7 Eléctrodo 2 5.5 6 4.5 5 3.5 4 0 1 2 3 4 0 1 2 0.45 0.4 0.4 0.35 0.35 0.3 0.3 0.25 0.2 Eléctrodo 1 0.15 Eléctrodo 2 0.2 0.05 0.05 0 6 7 8 9 10 11 pH Figura C.4 Eléctrodo 1 0.15 0.1 5 4 0.25 0.1 4 3 VNaOH (mL) QH (mmol/g) QH (mmol/g) VNaOH (mL) Eléctrodo 2 0 4 5 6 7 8 9 10 pH FI = 0.005 M FI = 0.1 M Resultados experimentais da titulação de 50 ml duma solução 1,5 g l-1 de resíduo com NaOH 0.01 M em meio 0,005 M e 0,1 M de NaNO3. 443 11 APÊNDICE C 80 30 Eléctrodo 1 30 -20 Eléctrodo 2 -20 E (mV) E (mV) 80 -70 -120 -120 -170 -220 -220 0 0.5 1 Eléctrodo 2 -70 -170 -270 Eléctrodo 1 -270 1.5 0 1 VNaOH (mL) 3 11 11 10 10 9 9 8 8 pH pH 2 VNaOH (mL) Eléctrodo 1 7 Eléctrodo 1 7 Eléctrodo 2 6 Eléctrodo 2 6 5 5 4 0 0.5 1 4 1.5 0 VNaOH (mL) 1 2 3 VNaOH (mL) 0.3 0.3 0.25 0.2 QH (mmol/g) QH (mmol/g) 0.25 0.15 Eléctrodo 1 0.1 Eléctrodo 2 0.05 0.2 0.15 Eléctrodo 1 0.1 Eléctrodo 2 0.05 0 4 5 6 7 8 pH Figura C.5 9 10 11 0 4 5 6 7 9 10 pH FI = 0.005 M FI = 0.1 M Resultados experimentais da titulação de 50 ml duma solução 1,5 g l-1 de grânulos com NaOH 0,02 M em meio 0,005 M NaNO3 e 0,01 M NaOH em meio 0,1 M de NaNO3. 444 8 11 APÊNDICE C Tabela C.1 Constante de protonação, parâmetros de distribuição do modelo contínuo e parâmetros estatísticos para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. Parâmetros Gelidium Resíduo Grânulos FI (M) FI (M) FI (M) 0,005 0,1 0,005 0,1 0,005 0,1 0,366 ± 0,003 0,360 ± 0,006 0,24 ± 0,05 0,22 ± 0,05 0,16 ± 0,009 0,16 ± 0,005 0,145 ± 0,005 0,147 ± 0,009 0,15 ± 0,06 0,15 ± 0,05 0,10 ± 0,01 0,091 ± 0,009 pK1' ,H 5,01 ± 0,02 5,08 ± 0,04 5,4 ± 0,3 5,3 ± 0,3 4,5 ± 0,1 4,31 ± 0,08 pK '2,H 9,33 ± 0,02 9,17 ± 0,04 8,4 ± 0,3 8,0 ± 0,4 8,8 ± 0,1 9,00 ± 0,04 m H,1 0,411 ± 0,004 0,438 ± 0,009 0,36 ± 0,03 0,39 ± 0,02 0,33 ± 0,04 0,33 ± 0,02 m H,2 0,65 ± 0,03 0,64 ± 0,05 0,42 ± 0,08 0,38 ± 0,06 0,60 ± 0,04 0,57 ± 0,05 S 2R 2,8×10-3 5,3×10-3 5,0×10-3 2,9×10-3 2,8×10-3 2,5×10-3 0,999 0,999 0,999 0,999 0,997 0,998 Q max, 1 (mmol g-1) Q max, 2 (mmol g-1) (mmol g-1)2 R2 Tabela C.2 Constante de protonação, parâmetros de distribuição do modelo discreto e parâmetros estatísticos para a alga Gelidium, resíduo e grânulos. Parâmetros Gelidium Resíduo Grânulos FI (M) FI (M) FI (M) 0,005 0,1 0,005 0,1 0,005 0,1 0,283 ± 0,003 0,287 ± 0,002 0,200 ± 0,003 0,200 ± 0,003 0,16 ± 0,002 0,16 ± 0,002 0,190 ± 0,003 0,188 ± 0,003 0,171 ± 0,003 0,162 ± 0,003 0,099 ± 0,003 0,099 ± 0,004 pK1,H 4,52 ± 0,02 4,65 ± 0,02 4,94 ± 0,03 4,81 ± 0,03 4,80 ± 0,04 4,49 ± 0,04 pK 2,H 8,38 ± 0,04 8,47 ± 0,03 8,00 ± 0,03 7,79 ± 0,04 8,87 ± 0,06 8,90 ± 0,08 S 2R 1,9×10-2 1,5×10-2 1,5×10-2 1,4×10-2 1,4×10-2 2,1×10-2 0,981 0,989 0,976 0,979 0,925 0,880 Q max, 1 (mmol g-1) Q max, 2 (mmol g-1) (mmol g-1)2 R2 445 APÊNDICE C Bibliografia Aringhieri, R., Pardini, G., Gispert, M., Solé, A. Testing a Simple Methylene Blue Method for Surface Area Estimation in Soils. Agrochimica, 36, 224-232 (1992). Barton, S. S. The Adsorption of Methylene Blue by Active Carbon. Carbon, 25, 343-350 (1987). Borkovec, M., Wu, M., Degovics, G., Laggner, P., Sticher, H. Surface Area and Size Distributions of Soil Particles. 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Biossorvente Cini (mg l-1) Gelidium 104 54 30 Modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem rads(i ) k 1,ads qM S2R 2 R -1 -1 -1 2 (mg g ) (min ) (mg g-1 min-1) (mg g ) 39 ± 1 0,26 ± 0,04 0,960 7,48 10 ± 2 26,1 ± 0,7 0,19 ± 0,02 0,962 3,55 5,0 ± 0,6 17,0 ± 0,4 0,13 ± 0,01 0,977 0,99 2,2 ± 0,2 Resíduo 102 42 29 24,2 ± 0,8 14,0 ± 0,4 10,5 ± 0,2 0,93 ± 0,16 1,3 ± 0,2 1,9 ± 0,3 0,934 0,937 0,959 4,56 1,33 0,44 23 ± 4 18 ± 3 20 ± 3 Grânulos 95 42 30 19,5 ± 0,6 16,0 ± 0,5 14,0 ± 0,3 0,21 ± 0,03 0,15 ± 0,02 0,13 ± 0,01 0,963 0,984 0,996 2,19 0,80 0,13 4,1 ± 0,6 2,4 ± 0,4 1,8 ± 0,2 Tabela D.2 Percentagem de remoção e Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Pb(II). Cini (mg l-1) 104 54 30 n-1 Fcal F1−α Estatisticamente melhor 13:13 13:13 13:13 3,77 3,78 5,07 2,58 2,58 2,58 2ª ordem 2ª ordem 2ª ordem Resíduo 102 42 29 11:11 11:11 11:11 3,97 4,13 4,78 2,82 2,82 2,82 2ª ordem 2ª ordem 2ª ordem Grânulos 95 42 30 11:11 12:12 11:11 3,01 1,06 1,36 2,82 2,69 2,82 2ª ordem Nenhuma diferença Nenhuma diferença Biossorvente Gelidium 449 APÊNDICE D Tabela D.3 Parâmetros do modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem para a biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos, para diferentes valores de pH (valor ± erro). Biossorvente Metal pH Gelidium Resíduo Cu Grânulos Gelidium Resíduo Pb Grânulos Gelidium Resíduo Grânulos 450 Cd Cini (mg l-1) Modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem rads(i ) k1,ads S2R qM 2 R -1 -1 -1 2 (mg g ) (min ) (mg g-1 min-1) (mg g ) 5,3 4 3 102 94 94 17,3 ± 0,6 10,1 ± 0,1 4,6 ± 0,1 0,31 ± 0,05 0,24 ± 0,01 0,20 ± 0,01 0,948 0,997 0,990 1,79 0,05 0,04 5,4 ± 0,9 2,4 ± 0,1 0,90 ± 0,05 5,3 4 3 98 94 94 11,5 ± 0,3 5,0 ± 0,1 2,10 ± 0,02 0,9 ± 0,1 0,33 ± 0,04 0,183 ± 0,006 0,968 0,972 0,998 0,45 0,09 0,001 10 ± 1 1,7 ± 0,2 0,40 ± 0,01 5,3 4 3 5,3 4 3 94 94 94 104 106 106 11,1 ± 0,2 3,60 ± 0,05 1,38 ± 0,03 39 ± 1 28,2 ± 0,5 19,2 ± 0,5 0,20 ± 0,02 0,17 ± 0,02 0,14 ± 0,01 0,26 ± 0,04 0,55 ± 0,06 0,56 ± 0,09 0,992 0,993 0,992 0,960 0,972 0,930 0,15 0,01 0,003 7,48 2,15 2,54 2,2 ± 0,2 0,60 ± 0,07 0,20 ± 0,02 10 ± 2 16 ± 2 11 ± 2 5,3 4 3 102 112 106 24,2 ± 0,8 22,7 ± 0,6 7,0 ± 0,1 0,9 ± 0,2 0,9 ± 0,1 0,97± 0,08 0,934 0,960 0,984 4,56 2,54 0,10 22 ± 5 20 ± 2 6,8 ± 0,6 5,3 4 3 6,5 5,3 4 95 100 98 100 95 84 19,5 ± 0,7 14,9 ± 0,6 7,2 ± 0,2 14,9 ± 0,3 13,3 ± 0,3 10,1 ± 0,3 0,21 ± 0,03 0,20 ± 0,03 0,10 ± 0,01 0,43 ± 0,04 0,48 ± 0,06 0,55 ± 0,08 0,963 0,955 0,992 0,984 0,974 0,960 2,19 1,54 0,06 0,57 0,72 0,50 4,1 ± 0,6 3,0 ± 0,5 0,72 ± 0,07 6±1 6,4 ± 0,8 5,6 ± 0,8 6,5 5,3 4 100 93 82 9,8 ± 0,1 8,7 ± 0,1 5,1 ± 0,1 1,12 ± 0,06 2,4 ± 0,2 0,9 ± 0,1 0,995 0,988 0,964 0,06 0,09 0,10 11,0 ± 0,6 21 ± 2 4,6 ± 0,5 6,5 5,3 4 78 90 78 7,3 ± 0,2 6,7 ± 0,2 3,8 ± 0,1 0,25 ± 0,03 0,40 ± 0,05 0,36 ± 0,04 0,987 0,966 0,971 0,14 0,22 0,05 1,8 ± 0,2 2,7 ± 0,3 1,4 ± 0,2 APÊNDICE D Tabela D.4 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) a diferentes pH. Biossorvente Metal Gelidium Resíduo Cu Grânulos Gelidium Resíduo Pb Grânulos Gelidium Resíduo Cd Grânulos Tabela D.5 n-1 Fcal F1−α Estatisticamente melhor 5,3 4 3 Cini (mg l-1) 102 94 94 12:12 11:11 11:11 1,09 4,68 3,48 2,69 2,82 2,82 Nenhuma diferença 1ª ordem 1ª ordem 5,3 4 3 98 94 94 10:10 11:11 11:11 4,05 11,6 5,15 2,98 2,82 2,82 2ª ordem 2ª ordem 1ª ordem 5,3 4 3 5,3 4 3 94 94 94 104 106 106 13:13 11:11 11:11 13:13 13:13 13:13 1,27 1,28 3,16 3,77 2,84 3,78 2,58 2,82 2,82 2,58 2,58 2,58 Nenhuma diferença Nenhuma diferença 1ª ordem 2ª ordem 2ª ordem 2ª ordem 5,3 4 3 102 112 106 11:11 11:11 11:11 3,97 5,85 2,51 2,82 2,82 2,82 2ª ordem 2ª ordem Nenhuma diferença 5,3 4 3 6,5 5,3 4 95 100 98 100 95 84 11:11 11:11 11:11 10:10 11:11 10:10 3,01 3,26 1,03 2,96 1,73 2,52 2,82 2,82 2,82 2,98 2,82 2,98 2ª ordem 2ª ordem Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença 6,5 5,3 4 100 93 82 9:9 11:11 10:10 1,02 2,88 2,12 3,18 2,82 2,98 Nenhuma diferença 2ª ordem Nenhuma diferença 6,5 5,3 4 78 90 78 10:10 12:12 10:10 2,75 2,46 1,60 2,98 2,69 2,98 Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença pH Parâmetros do modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem para a biossorção do Cr(III) e Zn(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulo a pH 5,3 (valor ± erro). Modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem rads(i ) k 1,ads S2R qM R2 -1 -1 -1 2 (mg g ) (min ) (mg g-1 min-1) (mg g ) Biossorvente Metal Cini (mg l-1) Gelidium Zn2+ Cr3+ 85 100 8,8 ± 0,3 10,8 ± 0,3 0,48 ± 0,08 0,35 ± 0,05 0,951 0,960 0,56 0,59 4,2 ± 0,7 3,8 ± 0,6 Resíduo Zn2+ Cr3+ 81 97 5,3 ± 0,1 7,9 ± 0,1 0,76 ± 0,08 0,90 ± 0,08 0,980 0,983 0,08 0,12 4,0 ± 0,4 7,1 ± 0,6 Grânulos Zn2+ Cr3+ 80 94 4,1 ± 0,1 6,6 ± 0,1 0,58 ± 0,08 0,961 0,097 ± 0,005 0,995 0,08 0,03 2,4 ± 0,3 0,64 ± 0,03 451 APÊNDICE D Tabela D.6 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Cr(III) e Zn(II), a pH 5,3. Gelidium Zn2+ Cr3+ Cini (mg l-1) 85 100 Resíduo Zn2+ Cr3+ 81 97 11:11 11:11 2,40 11,40 2,82 2,82 Nenhuma diferença 2ª ordem Grânulos Zn2+ Cr3+ 80 94 12:12 12:12 4,52 1,96 2,69 2,69 2ª ordem Nenhuma diferença Biossorvente Metal Tabela D.7 n-1 Fcal F1−α 11:11 11:11 2,33 4,03 2,82 2,82 Estatisticamente melhor Nenhuma diferença 2ª ordem Parâmetros do modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem para a biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium e resíduo a pH 5,3 e diferentes temperaturas (valor ± erro). Cini T Biossorvente (mg l-1) (ºC) Gelidium Resíduo Tabela D.8 Modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem rads(i ) k 1,ads S2R qM 2 R -1 -1 -1 2 (mg g ) (min ) (mg g-1 min-1) (mg g ) 106 104 104 10 20 35 36,4 ± 0,5 39 ± 1 36,8 ± 0,8 0,17 ± 0,01 0,26 ± 0,04 0,55 ± 0,08 0,990 0,960 0,947 1,56 7,48 6,98 6,2 ± 0,4 10 ± 2 20 ± 3 107 45 37,4 ± 0,8 1,1 ± 0,2 0,940 7,76 41 ± 8 105 102 106 106 10 20 35 45 22,1 ± 0,5 24,2 ± 0,8 25,4 ± 0,4 26,7 ± 0,3 1,9 ± 0,3 0,9 ± 0,2 2,4 ± 0,3 4,0 ± 0,4 0,947 0,934 0,978 0,990 2,62 4,56 1,34 0,63 42 ± 7 22 ± 5 61 ± 8 107 ± 11 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Pb(II) a pH 5,3 e diferentes temperaturas. Biossorvente Gelidium Resíduo 452 Cini (mg l-1) 106 104 104 107 T (ºC) 10 20 35 45 n-1 Fcal F1−α 12:12 13:13 13:13 14:14 1,02 3,77 3,70 4,30 2,69 2,58 2,58 2,48 Estatisticamente melhor Nenhuma diferença 2ª ordem 2ª ordem 2ª ordem 105 102 106 106 10 20 35 45 11:11 11:11 11:11 11:11 3,08 3,97 4,80 1,70 2,82 2,82 2,82 2,82 2ª ordem 2ª ordem 2ª ordem Nenhuma diferença APÊNDICE D Tabela D.9 Parâmetros do modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem para a biossorção do Cd(II) e Pb(II) pela alga Gelidium e resíduo a pH 5,3 e T = 20ºC e diferentes forças iónicas (valor ± erro). Cini Biossorvente Metal (mg l-1) Cd Gelidium Pb Cd Resíduo Pb Modelo de Lagergren de pseudo-primeira-ordem rads(i ) k 1,ads S2R qM R2 -1 -1 -1 2 (mg g ) (min ) (mg g-1 min-1) (mg g ) FI (M) 95 100 93 104 104 0,001 0,01 0,1 0,001 0,1 13,3 ± 0,3 12,0 ± 0,4 4,6 ± 0,1 39 ± 1 27,8 ± 0,8 0,48 ± 0,06 0,37 ± 0,05 0,55 ± 0,06 0,26 ± 0,04 0,30 ± 0,04 0,974 0,968 0,977 0,960 0,951 0,72 0,90 0,08 7,48 4,89 6,4 ± 0,8 4,4 ± 0,6 2,5 ± 0,3 10 ± 2 8±1 93 93 95 102 98 0,001 8,7 ± 0,1 0,01 6,0 ± 0,1 0,1 3,90 ± 0,07 0,001 24,2 ± 0,8 0,1 23,2 ± 0,6 2,4 ± 0,2 0,82 ± 0,09 0,27 ± 0,02 0,9 ± 0,2 1,5 ± 0,2 0,988 0,973 0,989 0,934 0,949 0,09 0,11 0,03 4,56 2,85 21 ± 2 4,9 ± 0,5 1,1 ± 0,1 22 ± 5 35 ± 5 Tabela D.10 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Pb(II) a pH 5,3 e a T = 20ºC a diferentes forças iónicas. Biossorvente Metal Cd Gelidium Pb Cd Resíduo Pb Cini FI (mg l-1) (M) 95 0,001 100 0,01 93 0,1 104 0,001 104 0,1 93 93 95 102 98 0,001 0,01 0,1 0,001 0,1 n-1 Fcal F1−α Estatisticamente melhor 11:11 11:11 11:11 13:13 12:12 1,73 1,30 1,82 3,77 4,00 2,82 2,82 2,82 2,58 2,69 Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença 2ª ordem 2ª ordem 11:11 12:12 11:11 11:11 11:11 2,88 4,40 3,80 3,97 4,16 2,82 2,69 2,82 2,82 2,82 2ª ordem 2ª ordem 2ª ordem 2ª ordem 2ª ordem 453 APÊNDICE D D.2 Equilíbrio de Biossorção Monocomponente Tabela D.11 Parâmetros da isotérmica de Langmuir-Freundlich (valor ± erro) para a biossorção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a diferentes pH à T = 20ºC. Modelo Langmuir-Freundlich Biossorvente Metal Cu2+ Gelidium Pb2+ Cd2+ Cu2+ Resíduo Pb2+ Cd2+ Cu Grânulos Pb2+ Cd 454 2+ 2+ R2 S 2R (mg g-1)2 0,71 ± 0,05 1,4 ± 0,4 0,6 ± 0,1 0,9 ± 0,1 0,95 ± 0,08 0,59 ± 0,06 1,3 ± 0,1 1,1 ± 0,2 0,8 ± 0,1 0,993 0,940 0,952 0,973 0,985 0,984 0,994 0,968 0,961 0,52 2,17 0,20 9,65 2,27 1,45 0,26 1,11 0,79 5,8 ± 1,0 2,0 ± 1,0 0,5 ± 0,3 1,1 ± 0,1 1,0 ± 0,4 (7 ± 3)×10-3 0,9 ± 0,5 3,3 ± 0,7 0,4 ± 0,1 1,6 ± 0,3 1,8 ± 0,5 0,8 ± 0,2 0,8 ± 0,2 0,8 ± 0,1 0,4 ± 0,1 2,2 ± 0,6 1,2 ± 0,2 0,68 ± 0,05 0,956 0,950 0,910 0,973 0,978 0,947 0,941 0,976 0,994 0,89 0,23 0,10 5,10 2,80 0,90 1,05 0,36 0,04 15 ± 3 14 ± 7 3±2 25 ± 3 19 ± 1 9±1 27 ± 6 2,8 ± 0,7 1±1 25 ± 5 4±1 4±2 2,5 ± 0,7 1,6 ± 0,4 1,1 ± 0,7 1,8 ± 0,4 1,0 ± 0,2 1,1 ± 0,3 0,910 0,953 0,738 0,915 0,967 0,890 0,59 0,17 0,18 3,10 1,00 0,48 6,5 8,3 ± 0,6 4±2 0,9 ± 0,2 0,938 0,35 5,3 4 11 ± 5 5,0 ± 0,5 18 ± 7 0,4 ± 0,4 2,4 ± 0,8 0,6 ± 0,1 0,910 0,933 0,32 0,22 5,3 4 3 5,3 4 3 6,5 5,3 4 q LF (mg g-1) 27,2 ± 0,8 26 ± 2 5,9 ± 0,4 61 ± 3 44 ± 2 28,4 ± 1 24 ± 1 21 ± 2 14 ± 1 K LF (l mg-1)×102 0,48 ± 0,1 2,7 ± 0,1 0,2 ± 0,1 2,7 ± 0,9 3,0 ± 0,9 0,2 ± 0,1 9,4 ± 0,8 3,3 ± 0,9 0,8 ± 0,3 5,3 4 3 5,3 4 3 6,5 5,3 4 24 ± 7 25 ± 7 3,6 ± 0,5 39 ± 1 32 ± 2 10.1 ± 0,5 28 ± 10 17 ± 3 7,7 ± 0,3 5,3 4 3 5,3 4 3 pH nLF APÊNDICE D Tabela D.12 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Cu(II), Pb(II) e Cd(II) a diferentes pH. Biossorvente Metal Cu2+ Gelidium Pb2+ Cd2+ Cu2+ Resíduo Pb2+ Cd2+ Cu Grânulos 2+ Pb2+ Cd 2+ pH 5,3 4 3 5,3 4 3 6,5 5,3 4 n-1 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 Fcal F1−α 2,42 1,23 1,74 1,01 1,04 2,28 1,93 1,05 1,06 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 Estatisticamente melhor L-F Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença L-F Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença 5,3 4 3 5,3 4 3 6,5 5,3 4 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 1,38 1,41 1,02 1,86 1,30 2,37 1,11 1,04 2,41 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença L-F Nenhuma diferença Nenhuma diferença L-F 5,3 4 3 5,3 4 3 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 2,12 1,32 1,31 1,38 1,06 1,05 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença 6,5 19:19 1,04 2,18 Nenhuma diferença 5,3 4 19:19 19:19 1,57 1,16 2,18 2,18 Nenhuma diferença Nenhuma diferença 455 APÊNDICE D Tabela D.13 Parâmetros da isotérmica de Langmuir-Freundlich (valor ± erro) para a biossorção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a diferentes temperaturas, pH = 5,3 e FI = 0,001 M. Biossorvente Metal Cu2+ Gelidium Pb2+ Cd2+ Cu2+ Resíduo Pb2+ Cd2+ Cu2+ Grânulos Pb2+ Cd2+ R2 S 2R (mg g-1)2 20 35 20 35 20 35 Modelo Langmuir-Freundlich q LF K LF nLF -1 (mg g ) (l mg-1)×102 27,2 ± 0,8 0,48 ± 0,1 0,71 ± 0,05 34 ± 3 0,3 ± 0,2 0,7 ± 0,1 61 ± 3 2,7 ± 0,9 0,9 ± 0,1 62 ± 6 3±1 1,0 ± 0,2 24 ± 1 9,4 ± 0,8 1,3 ± 0,1 21 ± 2 7,2 ± 0,8 1,3 ± 0,1 0,993 0,947 0,973 0,936 0,994 0,991 0,52 7,47 9,65 24,2 0,26 0,27 20 35 20 35 20 35 24 ± 7 20 ± 2 39 ± 1 39 ± 2 14,4 ± 0,7 18 ± 5 6±1 9±2 1,1 ± 0,1 1,2 ± 0,4 2,4 ± 0,3 12 ± 3 1,6 ± 0,3 1,4 ± 0,2 0,8 ± 0,2 0,78 ± 0,09 0,35 1,7 ± 0,5 0,956 0,956 0,973 0,977 0,976 0,940 0,89 0,91 5,10 3,91 0,38 0,89 20 35 20 35 20 35 15 ± 3 28 ± 17 25 ± 3 24 ± 1 8,3 ± 0,6 11 ± 4 27 ± 6 13 ± 7 25 ± 5 64 ± 7 4±2 28 ± 8 2,5 ± 0,7 2,6 ± 0,9 1,8 ± 0,4 1,9 ± 0,3 0,9 ± 0,2 2,3 ± 0,9 0,910 0,916 0,915 0,957 0,938 0,880 0,59 1,35 3,1 0,97 0,35 0,41 T (ºC) Tabela D.14 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Cu(II), Pb(II) e cd(II) a diferentes temperaturas, pH = 5,3 e FI = 0,001 M. Biossorvente Metal Cu2+ Gelidium Pb2+ Cd2+ Cu2+ Resíduo Pb2+ Cd2+ Cu2+ Grânulos Pb2+ Cd2+ 456 T (ºC) 20 35 20 35 20 35 20 35 20 35 20 35 20 35 20 35 20 35 FI (M) 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001 n-1 Fcal F1−α Estatisticamente melhor 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 2,42 1,16 1,01 2,10 1,05 1,41 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 L-F Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 1,38 1,22 1,86 1,21 1,04 1,10 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 2,12 1,74 1,38 2,00 1,57 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença 19:19 1,32 2,18 Nenhuma diferença APÊNDICE D Tabela D.15 Parâmetros da isotérmica de Langmuir-Freundlich (valor ± erro) para a biossorção de Cu(II), Pb(II) e Cd(II) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a diferente FI, pH = 5,3 e T = 20ºC. Biossorvente Pb2+ Cd2+ Cu2+ Resíduo Pb2+ Cd2+ Cu2+ Grânulos Pb2+ Cd2+ Modelo Langmuir-Freundlich R2 S 2R (mg g-1)2 0,71 ± 0,05 0,8 ± 0,1 0,9 ± 0,1 1,0 ± 0,1 1,3 ± 0,1 0,8 ± 0,2 0,993 0,948 0,973 0,964 0,994 0,885 0,52 1,31 9,65 5,74 0,26 0,38 6±1 12 ± 3 1,1 ± 0,1 6±2 2,4 ± 0,3 1,7 ± 3 1,6 ± 0,3 1,5 ± 0,3 0,8 ± 0,2 0,9 ± 0,1 0,35 1,2 ± 0,3 0,956 0,947 0,973 0,965 0,976 0,947 0,89 0,43 5,10 3,58 0,38 0,22 15 ± 3 10 ± 2 25 ± 3 18,3 ± 0,6 27 ± 6 9±3 25 ± 5 8±3 2,5 ± 0,7 1,5 ± 0,4 1,8 ± 0,4 0,8 ± 0,1 0,910 0,913 0,915 0,935 0,59 0,33 3,10 1,25 8,3 ± 0,6 11 ± 10 4±2 1,8 ±0,9 0,9 ± 0,2 1,4 ± 0,5 0,938 0,910 0,35 0,20 0,001 0,1 0,001 0,1 0,001 0,1 q LF (mg g-1) 27,2 ± 0,8 17 ± 2 61 ± 3 45 ± 4 24 ± 1 5,4 ± 0,6 K LF (l mg-1)×102 0,48 ± 0,1 0,6 ± 0,4 2,7 ± 0,9 2,3 ± 0,9 9,4 ± 0,8 2±1 0,001 0,1 0,001 0,1 0,001 0,1 24 ± 7 14 ± 2 39 ± 1 29 ± 2 14,4 ± 0,7 10 ± 3 0,001 0,1 0,001 0,1 0,001 0,1 Metal Cu2+ Gelidium FI (M) nLF Tabela D.16 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Cu(II), Pb(II) e cd(II) a diferente FI, pH = 5,3 e T = 20ºC. Biossorvente Metal Cu2+ Gelidium Pb2+ Cd2+ Cu2+ Resíduo Pb2+ Cd2+ Cu2+ Grânulos Pb2+ Cd2+ FI (M) 0,001 0,1 0,001 0,1 0,001 0,1 n-1 Fcal F1−α Estatisticamente melhor 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 2,42 1,00 1,01 1,06 1,05 1,03 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 L-F Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença 0,001 0,1 0,001 0,1 0,001 0,1 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 19:19 1,38 1,39 1,86 1,02 1,04 1,03 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 2,18 Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença 0,001 0,1 0,001 0,1 19:19 19:19 19:19 19:19 2,12 1,16 1,38 1,03 2,18 2,18 2,18 2,18 Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença Nenhuma diferença 0,001 0,1 19:19 19:19 1,57 1,25 2,18 2,18 Nenhuma diferença Nenhuma diferença 457 APÊNDICE D Tabela D.17 Parâmetros da isotérmica de Langmuir-Freundlich (valor ± erro) para a biossorção de Zn(II) e Cr(III) pela alga Gelidium, resíduo e grânulos a pH =5,3 e T = 20ºC. Modelo Langmuir-Freundlich K LF (l mg-1)×102 4±2 3,5 ± 0,9 nLF R2 Zn2+ Cr3+ q LF (mg g-1) 15 ± 5 25 ± 9 1,2 ± 0,4 1,4 ± 0,3 0,900 0,941 S 2R (mg g-1) 1,27 1,23 Resíduo Zn2+ Cr3+ 7,3 ± 0,6 18 ± 5 5±1 6±1 1,1 ± 0,2 1,7 ± 0,3 0,973 0,964 0,11 0,35 Grânulos Zn2+ Cr3+ 5,4 ± 0,5 8,3 ± 0,6 3±1 2±1 0,9 ± 0,2 0,9 ± 0,2 0,942 0,932 0,16 0,34 Biossorvente Metal Gelidium Tabela D.18 Teste-F para um nível de confiança de 95% aplicado à biossorção do Zn(II) e Cr(III). pH n-1 Fcal F1−α Estatisticamente melhor Gelidium 2+ Zn Cr3+ 5,3 5,3 19:19 18:18 1,03 1,13 2,18 2,21 Nenhuma diferença Nenhuma diferença Resíduo Zn2+ Cr3+ 5,3 5,3 19:19 19:19 1,05 1,55 2,18 2,18 Nenhuma diferença Nenhuma diferença Zn2+ 5,3 19:19 1,04 2,18 Nenhuma diferença 3+ 5,3 19:19 1,03 2,18 Nenhuma diferença Biossorvente Grânulos 458 Metal Cr APÊNDICE D D.3 Equilíbrio de Biossorção Bicomponente D.3.1 Pb2+/Cu2+ (d) (a) 0.2 0.35 0.15 0.25 q[Pb] (mmol/g) q[Pb] (mmol/g) 0.3 0.2 0.15 0.1 0.1 0.05 0.05 0 1.2 1 0 1.2 0.8 0.6 C[Pb] (mmol/l) 0.4 0.2 0 2 1 0 4 3 1 4.5 0.8 0.6 0.4 C[Pb] (mmol/l) C[Cu] (mmol/l) 0.2 0 (b) 0.2 q[Cu] (mmol/g) q[Cu] (mmol/g) 0.2 0.1 0.15 0.1 0.05 0 4.5 4 3 2 C[Cu] (mmol/l) 1 0 0 0.2 0.4 0.6 0.8 4 1.2 1 3 2 1 C[Cu] (mmol/l) C[Pb] (mmol/l) 0 0 0.2 0.6 0.4 0.8 1.2 1 C[Pb] (mmol/l) (f) (c) 0.25 0.45 0.4 0.2 q[Cu+Pb] (mmol/g) q[Cu+Pb] (mmol/g) C[Cu] (mmol/l) 0.25 0.3 0.3 0.2 0.1 0 1.2 2 1 4.5 (e) 0.4 0 4.5 0 4 3 1 0.15 0.1 0.05 0 1.2 0.8 0.6 C[Pb] (mmol/l) 0.4 0.2 0 0 1 2 3 C[Cu] (mmol/l) 4 4.5 1 0.8 0.6 C[Pb] (mmol/l) 0.4 0.2 0 0 1 2 3 C[Cu] (mmol/l) 459 4 4.5 APÊNDICE D (g) 0.12 q[Pb] (mmol/g) 0.1 0.08 0.06 0.04 0.02 0 1.4 1.2 1 0.8 C[Pb] (mmol/l) 0.6 0.4 0.2 0 0 1 2 3 6 5 4 C[Cu] (mmol/l) (h) 0.2 q[Cu] (mmol/g) 0.15 0.1 0.05 0 6 5 4 3 C[Cu] (mmol/l) 2 1 0 0 0.2 0.4 0.6 1 0.8 1.2 1.4 C[Pb] (mmol/l) (i) q[Cu+Pb] (mmol/g) 0.2 0.15 0.1 0.05 0 1.4 1.2 1 0.8 0.6 C[Pb] (mmol/l) Figura D.1 0.4 0.2 0 0 1 2 3 4 5 6 C[Cu] (mmol/l) Isotérmica de biossorção Pb2+/Cu2+ de superfície: (a), (b) e (c) – Gelidium; (d), (e) e (f) – Resíduo; (g), (h) e (i) – Grânulos. Modelo contínuo com 1 sítio activo. 460 APÊNDICE D [Cu+Pb] CPb 2.5 mmol/l qT 0.30 Cu Pb [Cu+Pb] 0.25 (mmol/g) 0.1 mmol/l 0.35 Cu 0.30 1.0 mmol/l Pb 0.25 0.20 0.20 0.15 0.15 0.10 0.10 0.05 0.05 0.00 0.00 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 (mmol/g) 0.35 CCu 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 4.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 4.0 qT 0.5 mmol/l CCu (mmol/l) CPb (mmol/L) Gelidium CPb CCu 0.20 2.5 mmol/l qT 0.18 Cu Pb 0.20 0.18 Cu 1.0 mmol/l Pb [Cu+Pb] 0.16 0.14 0.08 0.06 0.06 0.04 0.04 2.0 2.5 0.8 1.0 1.5 0.0 0.1 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 0.00 0.1 0.5 0.8 0.02 0.00 0.0 0.02 CPb (mmol/L) 4.0 0.10 0.08 2.0 2.5 3.0 0.10 0.5 1.0 1.5 0.12 4.0 0.0 (mmol/g) 0.12 2.0 2.5 3.0 0.14 0.5 1.0 1.5 [Cu+Pb] 0.16 (mmol/g) 0.1 mmol/l 0.0 qT 0.5 mmol/l CCu (mmol/l) Resíduo CCu (mmol/g) 0.12 qT Cu Pb [Cu+Pb] 0.10 (mmol/g) 0.14 0.12 0.08 0.06 0.06 0.04 0.04 0.02 0.02 0.00 0.00 Figura D.2 Cu 1.0 mmol/l Pb 0.10 0.08 CPb (mmol/L) 0.1 mmol/l 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 4.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 4.0 [Cu+Pb] 0.14 CPb 2.5 mmol/l 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 qT 0.5 mmol/l CCu (mmol/l) Grânulos Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Cu2+/Pb2+ a pH 4,0. 461 APÊNDICE D D.3.2 Pb2+/Cd2+ (a) (d) 0.35 0.2 0.15 0.25 q[Pb] (mmol/g) q[Pb] (mmol/g) 0.3 0.2 0.15 0.1 0.1 0.05 0.05 0 1.2 0 1.2 1 0.75 0.5 C[Pb] (mmol/l) 0.25 0 0 1 0.5 1.5 1 2.5 2 0.8 0.6 C[Pb] (mmol/l) C[Cd] (mmol/l) 0.4 0.2 0 0.18 0.15 0.15 0.125 q[Cd] (mmol/g) q[Cd] (mmol/g) 0.5 2.5 2 1.5 C[Cd] (mmol/l) (e) (b) 0.125 0.1 0.075 0.05 0.1 0.075 0.05 0.025 0.025 0 0 2.4 2 1.6 1.2 C[Cd] (mmol/l) 0.8 0.4 0 0 0.2 0.4 0.6 0.8 2.4 1.2 1 2 1.6 1.2 C[Cd] (mmol/l) C[Pb] (mmol/l) 0.8 0.4 0 (c) 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 C[Pb] (mmol/l) (f) 0.35 0.22 0.2 0.3 0.25 q[Cd+Pb] (mmol/g) q[Cd+Pb] (mmol/g) 0 1 0.2 0.15 0.1 0.15 0.1 0.05 0.05 0 1.2 0 1.2 1 0.75 0.5 C[Pb] (mmol/l) 0.25 0 462 0 0.5 1 1.5 2 C[Cd] (mmol/l) 2.5 1 0.75 C[Pb] (mmol/l) 0.5 0.25 0 0 0.5 1 1.5 2 C[Cd] (mmol/l) 2.5 APÊNDICE D (g) 0.12 q[Pb] (mmol/g) 0.1 0.08 0.06 0.04 0.02 0 1.5 1.25 1 0.75 0.5 C[Pb] (mmol/l) 0.25 0 0 0.5 1.5 1 2.5 2 3 C[Cd] (mmol/l) (h) 0.08 q[Cd] (mmol/g) 0.06 0.04 0.02 0 3 2.5 2 1.5 C[Cd] (mmol/l) 1 0.5 0 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 C[Pb] (mmol/l) (i) 0.12 q[Cd+Pb] (mmol/g) 0.1 0.08 0.06 0.04 0.02 0 1.25 1 0.75 C[Pb] (mmol/l) 0.5 0.25 0 Figura D.3 0 0.5 1 1.5 2 2.5 C[Cd] (mmol/l) Isotérmica de biossorção Pb2+/Cd2+ de superfície: (a), (b) e (c) – Gelidium; (d), (e) e (f) – Resíduo; (g), (h) e (i) – Grânulos. Modelo contínuo com 1 sítio activo. 463 APÊNDICE D CCd 0.05 0.05 0.00 0.00 0.0 2.5 0.10 2.0 0.10 1.5 0.15 1.0 0.15 0.5 (mmol/g) 0.20 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 (mmol/g) 0.20 Pb 0.0 Cd [Cd+Pb] 0.25 2.5 Pb 1.0 mmol/L 2.0 Cd [Cd+Pb] 0.25 0.30 1.5 qT 0.1 mmol/L 1.0 0.30 CPb 2.5 mmol/L 0.5 qT 0.5 mmol/L CCd (mmol/L) CPb (mmol/L) Gelidium Cd 0.16 0.06 0.04 0.04 0.02 0.02 0.00 0.00 0.0 2.5 0.06 2.0 0.08 1.5 0.10 0.08 1.0 (mmol/g) 0.12 0.10 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 (mmol/g) 0.12 0.5 0.14 0.0 0.14 1.0 mmol/L Pb 2.5 [Cd+Pb] 2.0 Pb 0.18 1.5 Cd 0.16 [Cd+Pb] qT CPb 0.1 mmol/L 1.0 0.18 2.5 mmol/L 0.5 qT 0.5 mmol/L CCd CCd (mmol/L) CPb (mmol/L) Resíduo CCd 0.11 0.10 Cd CPb 2.5 mmol/L qT Pb 0.1 mmol/L 0.11 0.10 Cd 1.0 mmol/L Pb [Cd+Pb] 0.09 [Cd+Pb] 0.09 0.08 (mmol/g) 0.07 CPb (mmol/L) Figura D.4 464 CCd (mmol/L) Grânulos Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Pb2+/Cd2+ a pH 4,0. 2.5 1.5 0.00 2.0 0.00 1.0 0.01 0.0 0.02 0.01 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.02 0.5 0.04 0.03 2.5 0.04 0.03 1.5 0.05 2.0 0.06 0.05 1.0 0.06 0.5 0.08 (mmol/g) 0.07 0.0 qT 0.5 mmol/L APÊNDICE D D.3.3 Pb2+/Zn2+ (d) (a) 0.2 0.35 0.3 0.15 q[Pb] (mmol/g) q[Pb] (mmol/g) 0.25 0.2 0.15 0.1 0.1 0.05 0.05 0 1.25 0 1.2 1 0.75 C[Pb] (mmol/l) 0.5 0.25 0 0 2 1 4 3 1 4.5 0.8 0.6 0.4 C[Pb] (mmol/l) C[Zn] (mmol/l) 0.2 0 0 4 3 2 4.5 C[Zn] (mmol/l) 1 (e) (b) 0.15 0.175 0.125 q[Zn] (mmol/g) q[Zn] (mmol/g) 0.15 0.1 0.075 0.05 0.1 0.05 0.025 0 4.5 0 4.5 4 3 2 C[Zn] (mmol/l) 1 0 0 0.2 0.6 0.4 0.8 1.2 1 4 3 2 C[Zn] (mmol/l) C[Pb] (mmol/l) 1 0 (c) 0.2 0.4 0.8 1.2 1 C[Pb] (mmol/l) (f) 0.36 0.22 0.2 q[Zn+Pb] (mmol/g) 0.3 q[Zn+Pb] (mmol/g) 0 0.6 0.2 0.1 0.15 0.1 0.05 0 1.2 0 1.25 1 0.75 C[Pb] (mmol/l) 0.5 0.25 0 0 1 2 3 C[Zn] (mmol/l) 4 4.5 1 0.8 0.6 C[Pb] (mmol/l) 0.4 0.2 0 0 1 2 4 3 C[Zn] (mmol/l) 465 4.5 APÊNDICE D (g) 0.12 q[Pb] (mmol/g) 0.1 0.08 0.06 0.04 0.02 0 1.4 1.2 1 0.8 4 0.6 C[Pb] (mmol/l) 3 0.4 0.2 0 2 1 C[Zn] (mmol/l) 0 (h) 0.08 q[Zn] (mmol/g) 0.06 0.04 0.02 0 4 3 2 1 C[Zn] (mmol/l) 0 0 0.2 0.4 0.8 0.6 1.2 1 1.4 C[Pb] (mmol/l) (i) 0.12 q[Zn+Pb] (mmol/g) 0.1 0.08 0.06 0.04 0.02 0 1.2 1 0.8 4 0.6 C[Pb] (mmol/l) Figura D.5 3 0.4 0.2 0 1 0 2 C[Zn] (mmol/l) Isotérmica de biossorção Pb2+/Zn2+ de superfície: (a), (b) e (c) – Gelidium; (d), (e) e (f) – Resíduo; (g), (h) e (i) – Grânulos. Modelo contínuo com 1 sítio activo. 466 APÊNDICE D CPb 0.05 0.05 0.00 0.00 0.0 CPb (mmol/L) 2.5 0.10 1.5 0.10 2.0 0.15 0.0 0.15 0.5 (mmol/g) 0.20 Pb 2.5 (mmol/g) 0.20 Zn 1.5 [Zn+Pb] 0.25 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 [Zn+Pb] 0.25 1.0 mmol/l 2.0 qT Pb 0.30 1.0 Zn 0.1 mmol/l 0.5 qT 0.30 2.5 mmol/l 1.0 CZn 0.5 mmol/l CZn (mmol/L) Gelidium Zn 0.16 0.10 0.08 0.06 0.04 0.02 0.02 0.00 0.00 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.0 0.06 0.04 CPb (mmol/L) 2.5 0.10 0.08 2.0 (mmol/g) 0.12 1.5 (mmol/g) 0.12 1.0 0.14 0.5 0.14 1.0 mmol/l Pb 0.0 [Zn+Pb] 2.5 Pb 2.0 Zn 0.18 1.5 0.16 [Zn+Pb] qT CPb 0.1 mmol/l 1.0 0.18 2.5 mmol/l 0.5 qT 0.5 mmol/l CZn CZn (mmol/L) Resíduo CPb 0.02 0.02 0.00 0.00 CPb (mmol/L) Figura D.6 CZn (mmol/L) Grânulos Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Pb2+/Zn2+ a pH 4,0. 467 2.5 0.04 2.0 0.04 1.5 0.06 0.5 0.06 Pb 0.0 (mmol/g) 0.08 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 0.0 0.1 0.5 0.8 1.0 1.5 2.0 2.5 (mmol/g) 0.08 Zn 2.5 [Zn+Pb] 0.10 1.0 mmol/l 2.0 Pb 1.5 Zn 0.12 1.0 [Zn+Pb] 0.10 qT 0.5 0.12 0.1 mmol/l 0.0 qT 2.5 mmol/l 1.0 CZn 0.5 mmol/l APÊNDICE D D.3.4 Cd2+ / Zn2+ (a) (d) 0.2 0.15 q[Cd] (mmol/g) q[Cd] (mmol/g) 0.15 0.1 0.05 0.1 0.05 0 2.5 0 2.5 2 1.5 C[Cd] (mmol/l) 1 0.5 0 0 2 1 4 3 2 4.5 1.5 C[Cd] (mmol/l) C[Zn] (mmol/l) 1 0.5 0 (b) 0.15 q[Zn] (mmol/g) q[Zn] (mmol/g) C[Zn] (mmol/l) 0.125 0.15 0.1 0.05 0.1 0.075 0.05 0.025 0 4.5 4 3 2 C[Zn] (mmol/l) 1 0 0 0.5 1.5 1 2.5 2 4 3 2 C[Zn] (mmol/l) C[Cd] (mmol/l) 1 0 0 0.5 1 2.5 2 1.5 C[Cd] (mmol/l) (f) (c) 0.2 0.3 q[Zn+Cd] (mmol/g) 0.25 q[Zn+Cd] (mmol/g) 2 1 4.5 (e) 0.2 0 4.5 0 4 3 0.2 0.15 0.1 0.05 0 2.5 0.15 0.1 0.05 0 2.5 2 1.5 3 1 C[Cd] (mmol/l) 0.5 0 468 0 1 2 C[Zn] (mmol/l) 4 4.4 2 1.5 C[Cd] (mmol/l) 1 0.5 0 0 1 2 3 C[Zn] (mmol/l) 4 4.5 APÊNDICE D (g) 0.08 q[Cd] (mmol/g) 0.06 0.04 0.02 0 3 2.5 2 1.5 1 C[Cd] (mmol/l) 0.5 0 0 2 1 4 3 4.5 C[Zn] (mmol/l) (h) 0.1 q[Zn] (mmol/g) 0.08 0.06 0.04 0.02 0 4.5 4 3 C[Zn] (mmol/l) 2 1 0 0 0.5 1.5 1 2 2.5 3 C[Cd] (mmol/l) (i) 0.12 q[Zn+Cd] (mmol/g) 0.1 0.08 0.06 0.04 0.02 0 3 2.5 2 1.5 C[Cd] (mmol/l) Figura D.7 1 0.5 0 0 1 2 3 4 4.5 C[Zn] (mmol/l) Isotérmica de biossorção Cd2+/Zn2+ de superfície: (a), (b) e (c) – Gelidium; (d), (e) e (f) – Resíduo; (g), (h) e (i) – Grânulos. Modelo contínuo com 1 sítio activo. 469 APÊNDICE D CCd CZn 2.5 2.0 1.5 0.0 1.0 0.00 0.5 0.00 0.0 0.02 2.5 0.02 2.5 0.04 2.0 0.04 1.5 0.06 1.0 0.06 0.5 0.08 0.0 0.08 2.5 0.10 2.0 Cd 0.12 (mmol/g) 0.10 1.5 Zn 2.5 mmol/L 2.0 0.12 0.14 1.5 [Zn+Cd] 0.16 1.0 Cd 0.5 mmol/L 0.5 Zn 0.14 0.0 (mmol/g) 2.5 mmol/L qT 1.0 [Zn+Cd] 0.16 0.5 qT 0.5 mmol/L CZn (mmol/L) CCd (mmol/L) Gelidium CCd CZn 0.10 qT 0.09 Zn [Zn+Cd] 0.08 Cd 0.5 mmol/L 0.10 0.09 Zn [Zn+Cd] 0.08 0.07 (mmol/g) 0.06 0.05 2.5 mmol/L Cd 0.07 0.06 CCd (mmol/L) 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 0.0 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 2.5 2.0 0.00 1.5 0.00 1.0 0.01 0.5 0.02 0.01 0.0 0.02 2.5 0.03 2.0 0.04 0.03 1.5 0.05 0.04 1.0 (mmol/g) 2.5 mmol/L 0.5 qT 0.5 mmol/L CZn (mmol/L) Resíduo CCd CZn 470 CZn (mmol/L) Grânulos Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Cd2+/Zn2+ a pH 4,0. 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 0.00 2.5 0.00 2.5 0.01 2.0 0.01 1.5 0.02 1.0 0.02 0.5 0.03 0.0 0.03 2.5 0.04 2.0 0.04 1.5 0.05 Figura D.8 Cd 0.06 (mmol/g) 0.05 CCd (mmol/L) Zn 2.5 mmol/L 2.0 0.06 0.07 1.5 [Zn+Cd] 1.0 Cd 0.08 0.5 Zn 0.5 mmol/L 0.0 0.07 1.0 (mmol/g) 2.5 mmol/L qT 0.5 [Zn+Cd] 0.08 0.0 qT 0.5 mmol/L APÊNDICE D D.3.5 Cu2+/Cr3+ (a) (d) 0.3 0.15 0.2 q[Cu] (mmol/g) q[Cu] (mmol/g) 0.25 0.15 0.1 0.1 0.05 0.05 0 4 0 4 3 3 2 C[Cu] (mmol/l) 3 3.5 2 1 1 0 4 3 2 C[Cu] (mmol/l) C[Cr] (mmol/l) 1 0 0 (b) 1 0 2 C[Cr] (mmol/l) (e) 0.25 0.15 q[Cr] (mmol/g) q[Cr] (mmol/g) 0.2 0.15 0.1 0.1 0.05 0.05 0 3.5 0 4 3 3 4 2 3 C[Cr] (mmol/l) 1 0 2 1 C[Cr] (mmol/l) C[Cu] (mmol/l) 0 4 3 2 1 0 2 C[Cu] (mmol/l) (f) 0.4 0.2 0.3 0.15 q[Cu+Cr] (mmol/g) q[Cu+Cr] (mmol/g) (c) 1 0 0.2 0.1 0.1 0.05 0 4 0 4 3 4 3 2 C[Cr] (mmol/l) 1 0 1 0 2 C[Cu] (mmol/l) 3 4 3 2 C[Cr] (mmol/l) 1 0 1 2 C[Cu] (mmol/l) 0 471 APÊNDICE D (g) q[Cu] (mmol/g) 0.15 0.1 0.05 0 5 4 4 3 3 2 1 C[Cu] (mmol/l) 0 2 1 C[Cr] (mmol/l) 0 (h) 0.12 q[Cr] (mmol/g) 0.1 0.08 0.06 0.04 0.02 0 4 3 2 C[Cr] (mmol/l) 1 0 0 1 2 3 4 5 C[Cu] (mmol/l) (i) q[Cu+Cr] (mmol/g) 0.15 0.1 0.05 0 4 3 2 C[Cr] (mmol/l) 1 0 Figura D.9 0 1 2 4 5 C[Cu] (mmol/l) Isotérmica de biossorção Cu2+/Cr3+ de superfície: (a), (b) e (c) – Gelidium; (d), (e) e (f) – Resíduo; (g), (h) e (i) – Grânulos. Modelo contínuo com 1 sítio activo. 472 3 APÊNDICE D CCu (mmol/g) Cu Cr 0.25 0.20 0.20 0.15 0.15 0.10 0.10 0.05 0.05 0.00 0.00 0.0 0.5 3.0 3.5 0.25 0.30 1.5 2.0 2.5 [Cu+Cr] 2.5 mmol/L 0.5 1.0 Cr 3.5 0.0 Cu 0.35 0.0 0.1 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 0.0 0.1 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 (mmol/g) 0.30 qT CCr 0.5 mmol/L 2.5 3.0 [Cu+Cr] 0.35 2.5 mmol/L 1.0 1.5 2.0 qT 0.5 mmol/L CCu (mmol/L) CCr (mmol/L) Gelidium 0.16 Cu Cr 0.14 (mmol/g) 0.12 (mmol/g) 0.12 0.10 0.10 0.08 0.08 0.06 0.04 0.02 0.02 0.00 0.00 0.0 0.1 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 0.0 0.1 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 0.0 0.5 0.06 0.04 3.0 3.5 [Cu+Cr] 1.5 2.0 2.5 Cr 0.14 2.5 mmol/L 0.5 1.0 Cu 0.18 3.5 0.0 0.16 [Cu+Cr] qT CCr 0.5 mmol/L 2.5 3.0 0.18 2.5 mmol/L 1.0 1.5 2.0 qT 0.5 mmol/L CCu CCu (mmol/L) CCr (mmol/L) Resíduo CCr CCu 0.08 0.06 0.06 0.04 0.04 0.02 0.02 0.00 0.00 CCu (mmol/L) Grânulos Figura D.10 Representação discreta das “iso-concentrações” para o sistema Cu2+/Cr3+ a pH 4,0. 473 3.0 3.5 0.10 0.08 CCr (mmol/L) Cr 1.5 2.0 2.5 (mmol/g) Cu 0.5 1.0 [Cu+Cr] 0.10 0.12 3.5 0.0 Cr 2.5 mmol/L 2.5 3.0 Cu 0.14 1.0 1.5 2.0 (mmol/g) 0.12 qT 0.5 mmol/L 0.0 0.5 [Cu+Cr] 0.14 2.5 mmol/L 0.0 0.1 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 0.0 0.1 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 qT 0.5 mmol/L APÊNDICE E E. Análise Estatística E.1 Ajuste Não-Linear E.1.1 Uma Variável Independente No presente trabalho os resultados experimentais dos ensaios em adsorvedor fechado foram ajustados aos modelos cinéticos de pseudo-primeira ordem de Lagergren e pseudo-segunda ordem e aos modelos de equilíbrio de Langmuir e Langmuir-Freundlich, apresentados no Capítulo 8, por regressão não linear, usando o programa Fig P 2.5 da Biosoft. Este programa utiliza um algoritmo de Marquardt-Levenberg para minimizar o somatório dos quadrados dos desvios residuais entre os valores experimentais e os calculados. O programa permite obter os valores dos parâmetros de ajuste, os respectivos desvios e ainda o coeficiente de correlação e a variância residual. Para comparar a qualidade do ajuste de dois modelos diferentes a uma série de resultados experimentais usou-se o Teste-F. O parâmetro F é calculado como o quociente das variâncias dos dois modelos em comparação (Montgomery, 2001): Fcal = S 2R (A ) S 2R (B ) (E.1) em que S 2R (A ) e S2R (B ) são as variâncias residuais dos modelos A e B, respectivamente. Geralmente, a variância do modelo que produz o melhor ajuste é colocada no denominador ( S2R (B ) ). O Teste-F permite saber se um dado modelo é mais preciso que o outro e, por outro lado, se existe uma diferença estatisticamente significativa na precisão dos dois modelo, comparando os valores de F calculados (Fcal) com os valores tabelados de F crítico ( F1−α ), para um dado grau de confiança ( 1 − α , usou-se α = 5%), e tendo em conta os graus de liberdade do sistema (n-1, com n = número de pontos experimentais). Fcal < F1−α indica que não existe diferença estatística entre os dois modelos, para um dado grau de confiança ( 1 − α ). 475 APÊNDICE E E.1.2 Duas Variáveis Independentes Os resultados experimentais de equilíbrio em sistema fechado, monocomponente, a diferentes valores de pH, foram ajustados a dois modelos de equilíbrio: modelo discreto e modelo contínuo. Para o ajuste destes modelos, que apresentam duas variáveis independentes, foi utilizado o software FigSys da Biosoft, que também utiliza um algoritmo de MarquardtLevenberg para minimizar o somatório dos quadrados dos desvios residuais entre os valores experimentais e os calculados. O programa permite obter os valores dos parâmetros de ajuste, os respectivos desvios e ainda o coeficiente de correlação e a variância residual. Este programa também foi usado no ajuste dos dados experimentais de potenciometria e de dessorção (aplicando a lei de acção de massas). Em determinadas circunstâncias, devido à dependência de uma variável de outras duas variáveis, foi necessário determinar a superfície tridimensional (gráfico a três dimensões), recorrendo ao programa MATLAB 6.5. Para o ajuste dos dados experimentais de equilíbrio em sistema fechado, com dois adsorvatos, a uma equação com três variáveis independentes ( C H , C M1 e C M 2 ), foi desenvolvido um algoritmo em Excel usando o solver. Neste caso procedeu-se à minimização da seguinte função objectivo: Minimizar Fobj = n i =1 (q 2 exp i , M1 −q teo i , M1 ) + n i =1 (q 2 exp i ,M 2 −q teo i ,M 2 ) + n i =1 (q 2 exp i ,T −q teo i ,T ) (E.2) exp onde q iexp e q iexp são as quantidades adsorvidas no equilíbrio, determinadas , M1 , q i , M 2 ,T teo teo experimentalmente, e q iteo , M1 , q i , M 2 e q i ,T são as quantidades adsorvidas no equilíbrio, determinadas teoricamente. Usando o solver foi possível determinar os valores dos parâmetros das equações de ajuste. As estimativas iniciais dos parâmetros foram feitas considerando uma extrapolação quadrática. As estimativas iniciais das derivadas parciais da função objectivo e das restrições foi calculada a partir das diferenças finitas centradas. O algoritmo de quasi-Newton foi utilizado para determinar a direcção de procura em cada iteração (Chapra e Canale, 1998). 476 APÊNDICE E Para determinar os erros residuais dos parâmetros calculados utilizou-se o método da matriz inversa (Chapra e Canale, 1998). Definiu-se a função não linear da seguinte forma: y i = f (x i ; a 0 , a 1 ,.....a m ) (E.3) em que y i é o valor medido da variável dependente, f (x i ; a 0 , a 1 ,.....a m ) é a equação que é função da variável independente x i e função não linear dos parâmetros a0, a1, …., am. A matriz [Z] das derivadas parciais da função em relação aos parâmetros para o conjunto de pontos experimentais é definida da seguinte forma: [Z] = ∂ f1 ∂ a0 ∂ f1 ∂ a1 . . . ∂ f1 ∂ am ∂ f2 ∂ a0 ∂ f2 ∂ a1 . . . ∂ f2 ∂ am (E.4) ........ ........ . . . ........ ........ ........ . . . ........ ........ ........ . . . ........ ∂ fn ∂ a0 ∂ fn ∂ a1 . . . ∂ fn ∂ am em que n = é o número de pontos experimentais, m = é o número de parâmetros da equação e ∂f i ∂a m = é a derivada parcial da função com respeito ao parâmetro am avaliado no ponto experimental i. Após o cálculo da matriz [Z] , determina-se a matriz transposta [Z] T e multiplica-se pela [ ] própria matriz [Z] . Em seguida determina-se a matriz inversa deste produto [Z] [Z] . [[Z] [Z]] T −1 = ∂ f1 ∂ a0 ∂ f2 ∂ a0 ∂ fn . . . ∂ ao ∂ f1 ∂ a0 ∂ f1 ∂ a1 ∂ f1 . . . ∂ am ∂ f1 ∂ a1 ∂ f2 ∂ a1 . . . ∂ fn ∂ a1 ∂ f2 ∂ a0 ∂ f2 ∂ a1 . . . ........ ........ . . ........ ........ . . ........ ........ . . ∂ f1 ∂ f2 . . ∂ am ∂ am . ........ . ........ . ........ ∂ fn . ∂ am −1 −1 z11 z12 . . . z1m ∂ f2 ∂ am ........ ........ . . . ........ ........ ........ . . . ........ ........ ........ . . . ........ ∂ fn ∂ fn ∂ fn . . . ∂ a 0 ∂ a1 ∂ am T z 21 z 22 . . . z 2 m = z31 z32 . . . z3m ..... ...... . . ..... ..... ...... . . ..... z m1 z m 2 . . . z mm (E.5) 477 APÊNDICE E O valor da variância de cada parâmetro é determinado pelo produto dos elementos da diagonal dessa matriz inversa, z ii−1 , pela variância residual do modelo ( S2R ). −1 2 var (a k −1 ) = z kk S R , k = 1, m (E.6) em que: n S R2 = i =1 (q exp i ,T − q iteo ,T ) 2 (E.7) n−m Para os dois primeiros parâmetros obtém-se: −1 2 var (a 0 ) = z 11 SR (E.8) var (a 1 ) = z −221S 2R (E.9) O coeficiente de correlação do ajuste não linear pode ser determinado da seguinte forma: S 2R R = 1− 2 Sy / y 2 (E.10) em que S 2y / y corresponde à variância dos valores experimentais ( q iexp ,T ) relativamente à sua média ( q T ) e é dado pela expressão seguinte: n S 2y / y = E.2 i =1 (q exp i ,T − qT ) 2 n−m (E.11) Propagação de Erros Foi feita uma avaliação das incertezas experimentais e da sua propagação na obtenção dos resultados dos ensaios cinéticos e de equilíbrio a pH = 4 na biossorção do Pb(II) pela alga Gelidium com uma razão sólido (S)/líquido (L) = 1 g l-1. Quando uma medição depende de vários factores (ou variáveis, ditas primárias), pode ser útil, ou necessário, estimar qual a contribuição de cada incerteza nas variáveis primárias para o 478 APÊNDICE E erro final, assim como estimar esse erro final. Chama-se a isto avaliar a propagação de incertezas e pode-se exprimir matematicamente do seguinte modo: S (y ) = 2 i =1 ∂y ∂ xi 2 S 2 (x i ) (E.12) em que xi e y são as variáveis independentes e dependente, respectivamente, e S 2 (x i ) e S 2 (y ) são as variâncias associadas a essas variáveis. E.2.1 Incerteza Associada aos Parâmetros da Regressão Linear O método de calibração mais comum de um espectrofotómetro de AA consiste no traçado de uma recta de calibração a partir de, pelo menos, 5 padrões de concentração conhecida e de um branco. A gama de absorvância deve variar entre 0,01 e 0,8. O branco é usado para definir o zero do aparelho. Os padrões devem ser analisados por ordem crescente de concentração. A curva de calibração é dada pela seguinte relação linear entre a absorvância e a concentração do ião metálico (Figura E.1). Abs = a + b × C (E.13) Aos parâmetros a e b da equação linear estão associados os desvios Sa e Sb dados pelo programa de ajuste usado. 0.70 Padrões de Calibração do Pb 0.60 Abs 0.50 0.40 0.30 0.20 Abs = 0.0784*C - 0.0101 R2 = 0.9989 0.10 0.00 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 C Pb (mg/l) Figura E.1 Recta de calibração do Pb2+. 479 APÊNDICE E E.2.1.1 Limite de Detecção Define-se como limite de detecção, ou limite de sensibilidade analítica, a menor quantidade dum dado elemento que se pode identificar, sob determinadas condições experimentais. Uma vez definido o limite de detecção, resta saber como determiná-lo a partir dos dados experimentais, para um dado método e um dado elemento. Esta grandeza é calculada por vários autores de modos diferentes, muito embora todos admitam que o limite de detecção deve ser definido, em termos estatísticos, como o menor valor que se pode distinguir de zero (Gonçalves, 2001). Em absorção atómica, a ordenada na origem normalmente é diferente de zero, devido essencialmente ao ruído de fundo do aparelho. Sendo assim, é usual calcular o limite de detecção usando a curva de calibração para o elemento em estudo (Miller e Miller, 2000). Abs (limite) = a + 3 × S Abs C (E.14) em que: S Abs C = i (Abs exp i − Abs ical ) 2 n−2 (E.15) onde SAbs C é o desvio residual e a é o valor da ordenada na origem da curva de calibração. Calculando a absorvância limite, determina-se o limite de detecção pela curva de calibração. E.2.1.2 Sensibilidade A sensibilidade, S, dum dado método analítico, ou dum aparelho, pode definir-se como o quociente entre o acréscimo do valor lido ( ∆Abs ) e a variação da concentração ( ∆C ) correspondente àquele acréscimo (Gonçalves, 2001): S= ∆C ∆Abs O valor limite para acréscimos infinitamente pequenos será: 480 (E.16) APÊNDICE E S= dC dAbs (E.17) Deste modo, se existir uma relação linear Abs = f (C ) , a sensibilidade do método será o inverso do declive da recta, caso contrário, será a tangente à curva em cada ponto e variará conforme o ponto que se considere. A sensibilidade em espectrofotometria de absorção atómica também é designada como concentração característica e corresponde à concentração do elemento que produz uma transmitância de 99%, ou seja, uma absorvância de 0,0044 (Gonçalves, 2001). S = 0,0044 × E.2.1.3 C 0,0044 = Abs declive da curva de calibração (E.18) Incerteza da Concentração O cálculo da concentração a partir da absorvância, usando a equação (E.13), envolve o declive (b) a ordenada de origem (a) e o erro associado a cada um destes parâmetros. Além disso, o sinal do instrumento é também sujeito a erros aleatórios. Sendo assim, a determinação do erro global na concentração é extremamente complexa e a maioria dos autores usam a seguinte equação (Miller e Miller, 2000): SC' = ( S2 1 1 2 + S Abs C + b2 Abs'− Abs m n b 1 b ) (E.19) Nesta equação, Abs' é o valor experimental de Abs , a partir do qual o valor da concentração C' é determinado, S C' é o desvio residual do valor C' , m é o número de leituras para obter Abs' , Abs é o valor médio das absorvâncias lidas das soluções padrão e S2b é a variância residual do declive da curva de calibração, dada pela equação seguinte: S 2Abs C S = 2 b i (C i −C ) 2 (E.20) Na Figura E.2 é apresentado o erro relativo (%) e absoluto (mg l-1) (equação (E.19)) na determinação da concentração do chumbo pela curva de calibração. O aparelho efectua 3 481 APÊNDICE E leituras de absorvância para cada amostra. Os valores dos parâmetros estatísticos da curva de calibração necessários para calcular o erro da concentração, são apresentados na Tabela E.1. Analisando a Figura E.2, verifica-se que à medida que a concentração de chumbo aumenta, o erro absoluto também aumenta, mas o erro relativo mantém-se praticamente constante. Tabela E.1 Parâmetros estatísticos associados à curvas de calibração do espectrofotómetro de AA para a análise de Pb(II). a Sa b Sb Abs S Abs C R2 n LD (mg/l) S Isotérmica 0,030 0,018 0,063 0,003 0,408 0,023 0,998 5 1,0 0,07 Cinética 0,032 0,017 0,063 0,0023 0,410 0.022 0,998 5 1,0 0,07 0.50 5 4 . 0.40 0.35 0.30 3 0.25 0.20 Erro Absoluto (Isotérmica) 0.15 Erro Absoluto (Cinética) 0.10 Erro Relativo (Isotérmica) 0.05 Erro Relativo (Cinética) 2 Erro Relativo (%) Erro Absoluto (mg Pb / l) 0.45 1 0.00 0 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Concentração (mg Pb /l) Figura E.2 Erro relativo e absoluto na determinação da concentração do Pb pela curva de calibração de EAA. E.2.2 Incerteza Total da Concentração O erro total da concentração (SC) é a soma do erro da determinação da concentração dada pela curva de calibração e o erro associado à diluição da amostra. S C2 = C2 482 S pi Vpi 2 S + bl Vbl 2 + SC' C' 2 (E.21) APÊNDICE E em que S pi e S bl são as incertezas associadas às medições dos Vpi e Vbl (respectivamente o volume da pipeta e o volume do balão de diluição) e S c ' é o erro da curva de calibração para uma dada concentração C’. Analisando a Figura E.3 verifica-se que, à medida que a concentração aumenta, o erro absoluto, aumenta tanto para os dados da isotérmica como para os da cinética, enquanto que o erro relativo se mantém praticamente constante. O erro total da concentração corresponde à soma do erro da diluição com o erro dado pela curva de calibração. A curva de calibração do chumbo foi obtida para a gama de 1–12 mg l-1, ou seja, todas as concentrações acima dessa gama têm de ser diluídas, o que significa que se realizaram diluições de 5, 10, 25 e 50 vezes. A diluição da amostra irá aumentar o erro global da concentração. Apesar dos erros na leitura da concentração da amostra diluída serem pequenos, pois o erro originado pela curva de calibração é pequeno, o factor de diluição amplifica o erro substancialmente. Sendo assim, a diluição deve ser evitada quando possível, por exemplo, escolhendo o comprimento de onda apropriado para a gama de concentrações a medir. 14 5 4.5 4 10 3.5 3 8 2.5 6 2 4 2 Erro Absoluto (Isotérmica) 1.5 Erro Absoluto (Cinética) 1 Erro Relativo (Isotérmica) Erro Relativo (Cinética) 0 0 50 100 150 200 250 Erro Relativo (%) . Erro Absoluto (mg Pb / l) 12 0.5 0 300 Concentração (mg Pb / l) Figura E.3 Erro relativo e absoluto na determinação da concentração (influência do factor de diluição e curva de calibração). E.2.3 Determinação da Incerteza Associada à Concentração de Metal Adsorvido A incerteza da quantidade de metal adsorvido é calculada derivando a equação (VIII.1) em ordem a cada variável independente e substituíndo na equação (E.12), obtendo-se a seguinte expressão: 483 APÊNDICE E Sq2 2 S 2V S 2W S Cinit + S C2 = + + q 2 V 2 W 2 (C init − C )2 (E.22) A incerteza da medição do volume S 2V e da massa S 2W são as associadas aos instrumentos de medida usados. A incerteza associada ao cálculo da concentração depende do erro da diluição da amostra e do erro associado à determinação da curva de calibração. O cálculo da incerteza associada à concentração de metal adsorvido, equação (E.22), apresenta uma elevada sensibilidade ao valor da 3ª parcela da equação. Sendo assim, pode ser conseguida uma diminuição da incerteza S q em condições experimentais que conduzam a um aumento da concentração adsorvida (Cini-C). A Figura E.4 representa a variação dos erros relativos e absoluto associados à concentração de metal adsorvido. Verifica-se um aumento abrupto do erro absoluto e relativo para uma quantidade adsorvida de cerca de 34 mg Pb g-1, o que corresponde à capacidade máxima de adsorção do adsorvente (patamar da isotérmica). Nesta gama de valores de concentração adsorvida o erro aumenta muito porque as concentrações em solução são altas e as 18 100 16 90 14 Erro Absoluto 80 12 Erro Relativo 70 60 10 50 8 40 6 30 4 20 2 10 0 Erro Relativo (%) . Erro Absoluto (mg Pb / g) . quantidades adsorvidas mantêm-se constantes. 0 0 10 20 30 40 50 Quantidade Adsorvida (mg Pb / g) Figura E.4 Influência da concentração de metal adsorvido no erro relativo e absoluto. Quando o erro da concentração (soma dos erros da concentração inicial e final) é da mesma ordem de grandeza da diferença entre a concentração inicial e final, o erro total da quantidade adsorvida é grande. Para minimizar este erro é necessário aumentar a diferença entre a concentração inicial e final, o que só pode ser conseguido pelo ajuste da razão sólido/líquido 484 APÊNDICE E (S/L). A razão S/L depende porém, das condições operatórias, como o pH e força iónica. Para baixos valores de pH e forças iónicas elevadas, a capacidade de biossorção é baixa, sendo necessário utilizar uma maior razão S/L para obter uma maior diferença entre a concentração inicial e final. Neste estudo foi utilizada uma razão S/L de 1 g l-1, que conduziu a erros elevados para as quantidades adsorvidas mais altas. Na Figura E.5 são apresentados os erros relativo e absoluto da quantidade adsorvida no estudo cinético de biossorção do chumbo a pH 4, partindo de uma concentração inicial de 105,5 mg/l e de uma razão S/L = 1 g l-1. Verifica-se que o erro absoluto se mantém praticamente constante e o erro relativo diminui à medida que a quantidade adsorvida aumenta. Isto acontece porque à medida que a experiência decorre, a concentração de metal em solução vai diminuindo. Sendo assim, como o erro absoluto se mantém praticamente constante, o aumento da quantidade adsorvida faz diminuir o erro relativo. Uma forma de diminuir o erro é aumentar a razão S/L, aumentando a diferença entre a concentração inicial e final em cada instante. 40 35 5.0 30 4.0 25 3.0 20 15 2.0 Erro Absoluto 1.0 Erro Relativo (%) . Erro Absoluto (mg Pb / g) . 6.0 10 Erro Relativo 5 0.0 0 10 15 20 25 30 35 Quantidade Adsorvida (mg Pb / g) Figura E.5 Influência da concentração inicial e final de chumbo na determinação da incerteza da quantidade adsorvida na cinética de biossorção do chumbo. E.2.4 Comparação do Erro Experimental com o Erro dos Modelos Teóricos A reprodução de um modelo não depende apenas da formulação matemática utilizada e da determinação dos parâmetros mas também da incerteza das variáveis independentes alimentadas ao modelo. Os erros associados aos parâmetros dos modelos usados (Equilíbrio – 485 APÊNDICE E Langmuir; Cinética - pseudo-segunda-ordem) são comparados com os erros experimentais na Figura E.6. O erro total relativo, soma dos erros experimentais com os erros do modelo para cada ponto da isotérmica de adsorção e cinética, apresenta um desvio muito pequeno face ao erro experimental relativo, evidenciando a importância dos erros experimentais nos resultados e a necessidade de os minimizar. 50 Erro Total Relativo (%) . Erro Total Relativo (Isotérmica) Erro Total Relativo (Cinética) 40 Erro Experimental Relativo 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 Erro Experimental Relativo (%) Figura E.6 486 Comparação entre o erro total relativo e o erro experimental relativo. APÊNDICE E Bibliografia Chapra, S. C., Canale, R. P. Numerical Methods for Engineers. Third edition. McGraw-Hill, 1998. Gonçalves, M. L. S. S. Métodos Instrumentais para Análise de Soluções. 4ª edition. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2001. Miller, J. N., Miller, J. C. Statistics and Chemometrics for Analytical Chemistry. Fourth edition. Pearson Education, London, 2000. Montgomery, D. C. Design and Analysis of Experiments. 5th edition. John Wiley & Sons, Inc., New York, 2001. 487 APÊNDICE F F. Simulação dos Ensaios Neste apêndice apresentam-se as subrotinas auxiliares elaboradas para os modelos desenvolvidos no capítulo V. Para as várias simulações, cujos resultados figuram nos capítulos VIII, IX e X, estas subrotinas são compiladas e ligadas às rotinas de integração numérica, nomeadamente a PDECOL, LSODA e PARSET. F.1 Simulações em Reactor Fechado F.1.1 Modelo de Difusão Homogéneo nas Partículas Esféricas MODULE PARAM DOUBLE PRECISION :: XLEFT, XRIGHT, W, V, qmax, b, Taup, ZETA, Cb0 END MODULE PROGRAM MAINPDECOL USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NINT, KORD, NCC, NPDE, MITER, METH, MF, NPTS,IQUAD, ML, MAXDER, FWORK, FIWORK, INDEX DOUBLE PRECISION ::T, T0, TOUT, DT, DELTAT, TFINAL, EPS, DX, DNINT INTEGER, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: IWORK DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: XBKPT, WORK, SCTCH DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:,:) :: U EXTERNAL F, BNDRY, UINIT, DERIVF WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA DA BIOMASSA(W)(g) = " READ*, W WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " VOLUME DA SOLUCAO(V)(l) = " READ*, V WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONST. DA ISOT. DE LANGMUIR (b) = " READ*, b WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") "CONST.ISOT.LANGMUIR (qmax)(mg/g) = " READ*, qmax WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENT. METAL INIC. BULK(mg/l) = " READ*, Cb0 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE TEMPO DIFUSAO NA PARTICULA (min) = " READ*, Taup ZETA=W*qmax/(V*Cb0) OPEN(UNIT=1,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT1") OPEN(UNIT=2,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT2") NPDE=1 NINT=30 NPTS=NINT+1 DNINT=30.0D0 DX=1.0D0/DNINT ALLOCATE(XBKPT(NPTS)) XBKPT(1)=0.0D0 DO I=2, NPTS XBKPT(I)=XBKPT(I-1) END DO XLEFT=XBKPT(1) XRIGHT=XBKPT(NPTS) KORD=4 NCC=2 T0=0.0D0 TOUT=0.0D0 DT=1.0E-3 EPS=1.0E-6 MITER=2 METH=2 MF=10*METH+MITER ALLOCATE(U(NPDE,NPTS)) ALLOCATE(WORK(6481)) ALLOCATE(IWORK(404)) ALLOCATE(SCTCH(200)) INDEX=1 IWORK(1)=6481 IWORK(2)=404 TFINAL=60 DELTAT=0.1 DO WHILE (TOUT.LT.TFINAL) TOUT=TOUT+DELTAT CALL PDECOL (T0, TOUT, DT, XBKPT, EPS, NINT, KORD, NCC, NPDE, MF,INDEX,WORK, IWORK) CALL VALUES(XBKPT, U, SCTCH, NPDE, NPTS, NPTS, 0, WORK) PRINT "(8(F10.3))", TOUT, U(1,1)*qmax, U(1,NPTS/4)*qmax, U(1,NPTS/2)*qmax, U(1,3*NPTS/4)*qmax, U(1,NPTS)*qmax, U(1,NPTS)/(b*(1-U(1,NPTS))), qmax/ZETA*(1-U(1,NPTS)/(b*Cb0*(1U(1,NPTS)))) WRITE(1,"(8(F10.3))") TOUT, U(1,1)*qmax, U(1,NPTS/4)*qmax, U(1,NPTS/2)*qmax, U(1,3*NPTS/4)*qmax, U(1,NPTS)*qmax, U(1,NPTS)/(b*(1-U(1,NPTS))), qmax/ZETA*(1-U(1,NPTS)/(b*Cb0*(1U(1,NPTS)))) END DO END PROGRAM SUBROUTINE F (T, X, U,UX,UXX,FVAL,NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NPDE DOUBLE PRECISION :: T, X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U, UX, UXX, FVAL IF (X.NE.XRIGHT) THEN FVAL(1)=1/Taup*(UXX(1)+2/X*UX(1)) ELSE FVAL(1)=-3*ZETA*b*Cb0/Taup*UX(1)*(1-U(1))**2 END IF END SUBROUTINE SUBROUTINE BNDRY (T, X, U, UX, DBDU, DBDUX, DZDT, NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NPDE DOUBLE PRECISION :: T, X DOUBLE PRECISION, DIMENSION (NPDE) :: U, UX, DZDT DOUBLE PRECISION, DIMENSION (NPDE,NPDE) :: DBDU, DBDUX IF( X.NE.XRIGHT ) THEN DBDU(1,1)=0.0D0 DBDUX(1,1)=1.0D0 DZDT(1)=0.0D0 ELSE DBDU(1,1)=0.0D0 DBDUX(1,1)=0.0D0 DZDT(1)=0.0D0 END IF END SUBROUTINE BNDRY SUBROUTINE UINIT (X, U, NPDE) 489 APÊNDICE F USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NPDE DOUBLE PRECISION :: X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U IF ( X.NE.XRIGHT) THEN U(1)=0.0D0 ELSE U(1)=b*Cb0/(1+b*Cb0) END IF END SUBROUTINE UINIT SUBROUTINE DERIVF(T,X,U,UX,UXX,DFDU,DFDUX,DFDUXX,NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NPDE DOUBLE PRECISION :: T,X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U, UX, UXX DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE,NPDE) DFDU,DFDUX,DFDUXX END SUBROUTINE DERIVF :: F.1.2 Modelo de Difusão Homogéneo nas Partículas em Forma de Placa Plana (1 Componente) MODULE PARAM DOUBLE PRECISION :: XLEFT, XRIGHT, W, V, qmax, b, Taup, ZETA, Cb0 END MODULE PROGRAM MAINPDECOL USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NINT, KORD, NCC, NPDE, MITER, METH, MF, NPTS,IQUAD, ML, MAXDER, FWORK, FIWORK, INDEX DOUBLE PRECISION ::T, T0, TOUT, DT, DELTAT, TFINAL, EPS, DX, DNINT INTEGER, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: IWORK DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: XBKPT, WORK, SCTCH DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:,:) :: U EXTERNAL F, BNDRY, UINIT, DERIVF WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA DA BIOMASSA(W)(g) = " READ*, W WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " VOLUME DA SOLUCAO(V)(l) = " READ*, V WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONST. DA ISOT. DE LANGMUIR (b) = " READ*, b WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") "CONST.ISOT.LANGMUIR (qmax)(mg/g) = " READ*, qmax WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENT. METAL INIC. BULK(mg/l) = " READ*, Cb0 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE TEMPO DIFUSAO NA PARTICULA (min) = " READ*, Taup ZETA=W*qmax/(V*Cb0) OPEN(UNIT=1,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT1") OPEN(UNIT=2,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT2") NPDE=1 NINT=30 NPTS=NINT+1 DNINT=30.0D0 DX=1.0D0/DNINT ALLOCATE(XBKPT(NPTS)) XBKPT(1)=0.0D0 DO I=2, NPTS XBKPT(I)=XBKPT(I-1)+DX END DO XLEFT=XBKPT(1) XRIGHT=XBKPT(NPTS) KORD=4 NCC=2 T0=0.0D0 TOUT=0.0D0 DT=1.0E-3 EPS=1.0E-6 MITER=2 METH=2 MF=10*METH+MITER ALLOCATE(U(NPDE,NPTS)) ALLOCATE(WORK(6481)) ALLOCATE(IWORK(404)) ALLOCATE(SCTCH(200)) INDEX=1 IWORK(1)=6481 IWORK(2)=404 TFINAL=80 DELTAT=0.1 DO WHILE (TOUT.LT.TFINAL) 490 TOUT=TOUT+DELTAT CALL PDECOL (T0, TOUT, DT, XBKPT, EPS, NINT, KORD, NCC, NPDE, MF,INDEX,WORK, IWORK) CALL VALUES(XBKPT, U, SCTCH, NPDE, NPTS, NPTS, 0, WORK) PRINT "(8(F10.3))", TOUT, U(1,1)*qmax, U(1,NPTS/4)*qmax, U(1,NPTS/2)*qmax, U(1,3*NPTS/4)*qmax, U(1,NPTS)*qmax, U(1,NPTS)/(b*(1-U(1,NPTS))), qmax/ZETA*(1-U(1,NPTS)/(b*Cb0*(1U(1,NPTS)))) WRITE(1,"(8(F10.3))") TOUT, U(1,1)*qmax, U(1,NPTS/4)*qmax, U(1,NPTS/2)*qmax, U(1,3*NPTS/4)*qmax, U(1,NPTS)*qmax, U(1,NPTS)/(b*(1-U(1,NPTS))), qmax/ZETA*(1-U(1,NPTS)/(b*Cb0*(1U(1,NPTS)))) END DO END PROGRAM SUBROUTINE F (T, X, U,UX,UXX,FVAL,NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NPDE DOUBLE PRECISION :: T, X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U, UX, UXX, FVAL IF (X.NE.XRIGHT) THEN FVAL(1)=1/Taup*UXX(1) ELSE FVAL(1)=-ZETA*b*Cb0/Taup*UX(1)*(1-U(1))**2 END IF END SUBROUTINE SUBROUTINE BNDRY (T, X, U, UX, DBDU, DBDUX, DZDT, NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NPDE DOUBLE PRECISION :: T, X DOUBLE PRECISION, DIMENSION (NPDE) :: U, UX, DZDT DOUBLE PRECISION, DIMENSION (NPDE,NPDE) :: DBDU, DBDUX IF( X.NE.XRIGHT ) THEN DBDU(1,1)=0.0D0 DBDUX(1,1)=1.0D0 DZDT(1)=0.0D0 ELSE DBDU(1,1)=0.0D0 DBDUX(1,1)=0.0D0 DZDT(1)=0.0D0 END IF END SUBROUTINE BNDRY SUBROUTINE UINIT (X, U, NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NPDE DOUBLE PRECISION :: X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U IF ( X.NE.XRIGHT) THEN U(1)=0.0D0 ELSE U(1)=b*Cb0/(1+b*Cb0) END IF END SUBROUTINE UINIT SUBROUTINE DERIVF(T,X,U,UX,UXX,DFDU,DFDUX,DFDUXX,NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NPDE DOUBLE PRECISION :: T,X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U, UX, UXX DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE,NPDE) :: DFDU,DFDUX,DFDUXX END SUBROUTINE DERIVF APÊNDICE F F.1.3 Modelo de Difusão Homogénea nas Partículas em Forma de Placa Plana (2 Componentes) MODULE PARAM DOUBLE PRECISION :: XLEFT, XRIGHT, W, V, qmax, b1, b2, Taup1, Taup2, Cb01, Cb02 END MODULE PROGRAM MAINPDECOL USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NINT, KORD, NCC, NPDE, MITER, METH, MF, NPTS,IQUAD, ML, MAXDER, FWORK, FIWORK, INDEX DOUBLE PRECISION ::T, T0, TOUT, DT, DELTAT, TFINAL, EPS, DX, DNINT INTEGER, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: IWORK DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: XBKPT, WORK, SCTCH DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:,:) :: U EXTERNAL F, BNDRY, UINIT, DERIVF WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA DA BIOMASSA(W)(g) = " READ*, W WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " VOLUME DA SOLUCAO(V)(l) = " READ*, V WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONST. DA ISOT. DE LANGMUIR (L/mmol)(b1) = " READ*, b1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONST. DA ISOT. DE LANGMUIR (L/mmol)(b2) = " READ*, b2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") "CONST.ISOT.LANGMUIR (qmax)(mmol/g) = " READ*, qmax WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENT. METAL INIC. BULK COMPONENTE 1 (mmol/l) = " READ*, Cb01 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENT. METAL INIC. BULK COMPONENTE 2 (mmol/l) = " READ*, Cb02 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE TEMPO DIFUSAO NA PARTICULA COMPONENTE 1 (min) = " READ*, Taup1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE TEMPO DIFUSAO NA PARTICULA COMPONENTE 2 (min) = " READ*, Taup2 OPEN(UNIT=1,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT1") NPDE=2 NINT=30 NPTS=NINT+1 DNINT=30.0D0 DX=1.0D0/DNINT ALLOCATE(XBKPT(NPTS)) XBKPT(1)=0.0D0 DO I=2, NPTS XBKPT(I)=XBKPT(I-1)+DX END DO XLEFT=XBKPT(1) XRIGHT=XBKPT(NPTS) KORD=4 NCC=2 T0=0.0D0 TOUT=0.0D0 DT=1.0E-3 EPS=1.0E-6 MITER=2 METH=2 MF=10*METH+MITER ALLOCATE(U(NPDE,NPTS)) ALLOCATE(WORK(6481)) ALLOCATE(IWORK(404)) ALLOCATE(SCTCH(200)) INDEX=1 IWORK(1)=6481 IWORK(2)=404 TFINAL=60 DELTAT=0.1 DO WHILE (TOUT.LT.TFINAL) TOUT=TOUT+DELTAT CALL PDECOL (T0, TOUT, DT, XBKPT, EPS, NINT, KORD, NCC, NPDE, MF,INDEX,WORK, IWORK) CALL VALUES(XBKPT, U, SCTCH, NPDE, NPTS, NPTS, 0, WORK) PRINT "(9(F10.5))", TOUT, U(1,1), U(2,1), U(1,NPTS), U(2,NPTS), U(1,NPTS)/(b1*(qmax-U(1,NPTS)-U(2,NPTS))),U(2,NPTS)/(b2*(qmaxU(1,NPTS)-U(2,NPTS))), V/W*(Cb01-U(1,NPTS)/(b1*(qmax-U(1,NPTS)U(2,NPTS)))), V/W*(Cb02-U(2,NPTS)/(b2*(qmax-U(1,NPTS)U(2,NPTS)))) WRITE(1,"(9(F10.5))") TOUT, U(1,1), U(2,1), U(1,NPTS), U(2,NPTS), U(1,NPTS)/(b1*(qmax-U(1,NPTS)-U(2,NPTS))),U(2,NPTS)/(b2*(qmaxU(1,NPTS)-U(2,NPTS))), V/W*(Cb01-U(1,NPTS)/(b1*(qmax-U(1,NPTS)U(2,NPTS)))), V/W*(Cb02-U(2,NPTS)/(b2*(qmax-U(1,NPTS)U(2,NPTS)))) END DO END PROGRAM SUBROUTINE F (T, X, U,UX,UXX,FVAL,NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NPDE DOUBLE PRECISION :: T, X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U, UX, UXX, FVAL IF (X.NE.XRIGHT) THEN FVAL(1)=1/Taup1*UXX(1) FVAL(2)=1/Taup2*UXX(2) ELSE FVAL(1)=(qmax-U(1)-U(2))*W/(V*qmax)*(b2/Taup2*U(1)*UX(2)b1*(qmax-U(1))/Taup1*UX(1)) FVAL(2)=(qmax-U(1)-U(2))*W/(V*qmax)*(b1/Taup1*U(2)*UX(1)b2*(qmax-U(2))/Taup2*UX(2)) END IF END SUBROUTINE SUBROUTINE BNDRY (T, X, U, UX, DBDU, DBDUX, DZDT, NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NPDE DOUBLE PRECISION :: T, X DOUBLE PRECISION, DIMENSION (NPDE) :: U, UX, DZDT DOUBLE PRECISION, DIMENSION (NPDE,NPDE) :: DBDU, DBDUX IF( X.NE.XRIGHT ) THEN DBDU(1,1)=0.0D0 DBDU(1,2)=0.0D0 DBDU(2,1)=0.0D0 DBDU(2,2)=0.0D0 DBDUX(1,1)=1.0D0 DBDUX(1,2)=0.0D0 DBDUX(2,1)=0.0D0 DBDUX(2,2)=1.0D0 DZDT(1)=0.0D0 DZDT(2)=0.0D0 ELSE DBDU(1,1)=0.0D0 DBDU(1,2)=0.0D0 DBDU(2,1)=0.0D0 DBDU(2,2)=0.0D0 DBDUX(1,1)=0.0D0 DBDUX(1,2)=0.0D0 DBDUX(2,1)=0.0D0 DBDUX(2,2)=0.0D0 DZDT(1)=0.0D0 DZDT(2)=0.0D0 END IF END SUBROUTINE BNDRY SUBROUTINE UINIT (X, U, NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NPDE DOUBLE PRECISION :: X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U IF ( X.NE.XRIGHT) THEN U(1)=0.0D0 U(2)=0.0D0 ELSE U(1)=b1*qmax*Cb01/(1+b1*Cb01+b2*Cb02) U(2)=b2*qmax*Cb02/(1+b1*Cb01+b2*Cb02) END IF END SUBROUTINE UINIT SUBROUTINE DERIVF(T,X,U,UX,UXX,DFDU,DFDUX,DFDUXX,NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NPDE 491 APÊNDICE F DOUBLE PRECISION :: T,X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U, UX, UXX F.2 DOUBLE PRECISION, DFDU,DFDUX,DFDUXX END SUBROUTINE DERIVF DIMENSION(NPDE,NPDE) :: Simulações em Adsorvedor de Cestos em Contínuo F.2.1 Saturação - Modelo de Difusão no Filme e Difusão na Partícula (LDF) (Um Componente) MODULE PARAM INTEGER :: IFLAG DOUBLE PRECISION :: W, VR, DENSIDADE, QMAX, CME, Q, L, ZETA, TAU, TAUF, TAUD, EPSON, QME, KF, DH, ND, NF, KM, KP END MODULE PROGRAM MAINODE USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NEQ, ITOL, ITASK,ISTATE,IOPT,LRW,LIW,JT DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE,DIMENSION(:) ::Y,YT DOUBLE PRECISION :: T,TOUT, RTOL, ATOL,JAC, TFIN,DTOUT DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:):: RWORK INTEGER, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: IWORK EXTERNAL FCN WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA DA BIOMASSA(W)(g) = " READ*, W WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " VOLUME DO REACTOR (VR) = " READ*, VR WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DENSIDADE APARENTE DAS PARTÍCULAS (g/ml) = " READ*, DENSIDADEP WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAPACIDADE MÁXIMA DA BIOMASSA (QMAX)(mg/g) = " READ*, QMAX WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENTRAÇAO DE ALIMENTACAO DE METAL AO RPA (mg/l) = " READ*, CME WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE DE LIGACAO DO METAL (KM) (l/mg) = " READ*, KM WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAUDAL DE ALIMENTAÇÃO (ml/min) = " READ*,Q WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " ESPESSURA DAS PARTICULAS (cm) = " READ*,L WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE HOMOGÉNEA DO METAL (DHM) (cm2/s) = " READ*, DHM WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE NO FILME DO METAL (DFM) (cm/s) = " READ*, DFM QME=QMAX*KM*CME/(1+KM*CME) EPSON=1-W/(DENSIDADE*VR) ZETA=(1-EPSON)/EPSON*DENSIDADE*1000*QME/CME TAU=EPSON*VR/Q TAUF=EPSON/(1-EPSON)*L/(60*KF) TAUD=L**2/(60*DH) NF=TAU/TAUF ND=3*TAU/TAUD KP=3*L/TAUD OPEN(UNIT=1,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT1") OPEN(UNIT=2,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT2") WRITE(2,"(A60,F6.2)") " MASSA DE BIOMASSA = " , W WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CAUDAL DE ALIMENTACAO (Q)(= ", Q WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CONCENTRACAO INICIAL DO METAL (mg/dm3) = ", CME WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CAPACIDADE MAXIMA DO ADSORVENTE (mg/g) = ", QMAX WRITE(2,"(A60,ES12.3)") " CARACTERISTICA DA ISOTERMICA (b)(dm3/mg) = ", KM WRITE(2,"(A60,F10.3)") " DENSIDADE DA PARTICULA (g/cm3) = ", DENSIDADE WRITE(2,"(A80,F10.3)") " QUANTIDADE ADSORVIDA EM EQUILIBRIO COM A CONCENTRACAO INICIAL (mg/g) = ", QME WRITE(2,"(A60,F10.3)") " CAPACIDADE DA COLUNA (ZETA) = ", ZETA 492 WRITE(2,"(A60,F6.5)") " ESPESSURA DA PARTICULA (L) (cm) = ",L WRITE(2,"(A60,F6.2)") " VOLUME DO RPA (cm3) = ",VR WRITE(2,"(A80,ES10.3)") " COEFICIENTE DE TRANSFERENCIA DE MASSA NA PARTICULA Kp (cm/s) = ", KP WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE HOMOGENEA NA PARTICULA (Dh)(cm2/s) = ", DH WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DE DIFUSAO NO FILME (cm/s) = ", KF WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO (min) =", TAU WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NA PARTICULA (min) =", TAUD WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NO FILME (min) =", TAUF WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NO FILME Nf =", NF WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA Nd =", ND WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " POROSIDADE DO LEITO =", EPSON ALLOCATE(Y(2)) ALLOCATE(YT(2)) Y(1)=0.0D0 Y(2)=0.0D0 T=0 DTOUT=0.01 TFIN=90 ITOL=1 ATOL=1.0D-6 RTOL=1.0D-4 ITASK=1 ISTATE=1 IOPT=0 JT=2 NEQ=2 LRW = 22 + NEQ * MAX(16,(NEQ+9)) LIW = 20 + NEQ ALLOCATE(RWORK(LRW)) ALLOCATE(IWORK(LIW)) DO WHILE (TOUT < TFIN) TOUT=T+DTOUT CALL LSODA (FCN, NEQ, Y, T, TOUT, ITOL, RTOL, ATOL, ITASK, & & ISTATE, IOPT,RWORK, LRW,IWORK, LIW, JAC, JT) IFLAG=1 CALL FCN(NEQ, T, Y, YT) IFLAG=0 END DO END PROGRAM SUBROUTINE FCN(NEQ, T, Y, YT) USE PARAM IMPLICIT NONE DOUBLE PRECISION :: T, ALFA, LAMBDA, BETA, A, B, YMF INTEGER :: NEQ DOUBLE PRECISION, DIMENSION(2) :: Y,YT A=NF/(ND*ZETA) B=KM*CME LAMBDA=A*B ALFA=1+A+B-B*(A*Y(1)+Y(2)) BETA=A*Y(1)+Y(2) YMF=(-ALFA+SQRT(ALFA**2+4*LAMBDA*BETA))/(2*LAMBDA) YT(1)=1-Y(1)-NF*(Y(1)-YMF) YT(2)=ND*((1+B)*YMF/(1+B*YMF)-Y(2)) IF(IFLAG==1) THEN PRINT "(4(F10.3))",T , Y(1), Y(2), YMF WRITE(1,"(4(F10.3))") T, Y(1), Y(2), YMF END IF END SUBROUTINE APÊNDICE F F.2.2 Saturação - Modelo de Difusão no Filme e Difusão na Partícula (LDF) (Dois Componentes Componente) MODULE PARAM INTEGER :: IFLAG DOUBLE PRECISION :: W, VR, DENSIDADE, KM1, KM2, QT, CME1, CME2, KF1, KF2, DH1, DH2, ZETA1, ZETA2, Q, L, TAU, TAUD1, TAUD2, TAUF1, TAUF2, EPSON, QME1, QME2, NF1, NF2, ND1,ND2 END MODULE PROGRAM MAINODE USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NEQ, ITOL, ITASK,ISTATE,IOPT,LRW,LIW,JT DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE,DIMENSION(:) ::Y,YT DOUBLE PRECISION :: T,TOUT, RTOL, ATOL,JAC, TFIN,DTOUT DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:):: RWORK INTEGER, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: IWORK EXTERNAL FCN WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA DA BIOMASSA(W)(g) = " READ*, W WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " VOLUME DO REACTOR (VR) = " READ*, VR WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DENSIDADE APARENTE DAS PARTÍCULAS (g/mL) = " READ*, DENSIDADEP WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAPACIDADE MÁXIMA DA BIOMASSA (QT)(mmol/g) = " READ*, QT WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENTRAÇAO DE ALIMENTACAO DE METAL1 AO RPA (mmol/L) = " READ*, CME1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENTRAÇAO DE ALIMENTACAO DE METAL2 AO RPA (mmol/L) = " READ*, CME2!WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE DE LIGACAO DO METAL (KM1) (L/mmol) = " READ*, KM1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE DE LIGACAO DO METAL (KM2) (L/mmol) = " READ*, KM2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAUDAL DE ALIMENTAÇÃO (mL/min) = " READ*,Q WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " ESPESSURA DAS PARTICULAS (cm) = " READ*,L WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE HOMOGÉNEA DO METAL (DH1) (cm2/s) = " READ*, DH1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE HOMOGÉNEA DO METAL (DH2) (cm2/s) = " READ*, DH2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE NO FILME DO METAL (KF1) (cm/s) = " READ*, KF1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE NO FILME DO METAL (KF2) (cm/s) = " READ*, KF1 QME1=QT*KM1*CME1/(1+KM1*CME1+KM2*CME2) QME2=QT*KM2*CME2/(1+KM1*CME1+KM2*CME2) EPSON=1-W/(DENSIDADE*VR) ZETA1=(1-EPSON)/EPSON*DENSIDADE*1000*QT/CME1 ZETA2=(1-EPSON)/EPSON*DENSIDADE*1000*QT/CME2 TAU=EPSON*VR/Q TAUF1=EPSON/(1-EPSON)*L/(60*KF1) TAUF2=EPSON/(1-EPSON)*L/(60*KF2) TAUD1=L**2/(60*DH1) TAUD2=L**2/(60*DH2) NF1=TAU/TAUF1 NF2=TAU/TAUF2 ND1=TAU/TAUD1 ND2=TAU/TAUD2 OPEN(UNIT=1,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT1.DAT1") OPEN(UNIT=2,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT2.DAT2") WRITE(2,"(A60,F6.2)") " MASSA DE BIOMASSA = " , W WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CAUDAL DE ALIMENTACAO (Q) = ", Q WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CONCENTRACAO INICIAL DO METAL (mmol/L) = ", CME1 WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CONCENTRACAO INICIAL DO METAL (mmol/L) = ", CME2 WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CAPACIDADE MAXIMA DO ADSORVENTE (mmol/g) = ", QT WRITE(2,"(A60,ES12.3)") " CARACTERISTICA DA ISOTERMICA (KM1)(L/mmol) = ", KM1 WRITE(2,"(A60,ES12.3)") " CARACTERISTICA DA ISOTERMICA (KM2)(L/mmol) = ", KM2 WRITE(2,"(A60,F10.3)") " DENSIDADE DA PARTICULA (g/cm3) = ", DENSIDADE WRITE(2,"(A60,F10.3)") " CAPACIDADE DO RPA (ZETA1) = ", ZETA1 WRITE(2,"(A60,F10.3)") " CAPACIDADE DO RPA (ZETA2) = ", ZETA2 WRITE(2,"(A60,F6.5)") " ESPESSURA DA PARTICULA (L) (cm) = ",L WRITE(2,"(A60,F6.2)") " VOLUME DO RPA (cm3) = ",VR WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE HOMOGENEA NA PARTICULA (Dh)(cm2/s) = ", DH1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE HOMOGENEA NA PARTICULA (Dh)(cm2/s) = ", DH2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE no filme (KF)(cm/s) = ", KF1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE no filme (KF)(cm/s) = ", KF2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO (min) =", TAU WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NO FILME (min) =", TAUF1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NO FILME (min) =", TAUF2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NA PARTICULA (min) =", TAUD1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NA PARTICULA (min) =", TAUD2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NO FILME Nf =", NF1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NO FILME Nf =", NF2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA Nd =", ND1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA Nd =", ND2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " POROSIDADE DO LEITO =", EPSON ALLOCATE(Y(6)) ALLOCATE(YT(6)) Y(1)=0.0D0 Y(2)=0.0D0 Y(3)=0.0D0 Y(4)=0.0D0 Y(5)=0.0D0 Y(6)=0.0D0 T=0 DTOUT=0.01 TFIN=100 ITOL=1 ATOL=1.0D-6 RTOL=1.0D-4 ITASK=1 ISTATE=1 IOPT=0 JT=2 NEQ=6 LRW = 22 + NEQ * MAX(16,(NEQ+9)) LIW = 20 + NEQ ALLOCATE(RWORK(LRW)) ALLOCATE(IWORK(LIW)) DO WHILE (TOUT < TFIN) TOUT=T+DTOUT CALL LSODA (FCN, NEQ, Y, T, TOUT, ITOL, RTOL, ATOL, ITASK, & & ISTATE, IOPT,RWORK, LRW,IWORK, LIW, JAC, JT) IFLAG=1 CALL FCN(NEQ, T, Y, YT) IFLAG=0 END DO END PROGRAM SUBROUTINE FCN(NEQ, T, Y, YT) USE PARAM IMPLICIT NONE DOUBLE PRECISION :: T, A, B, LAMBDA1, LAMBDA2, AM, AN, C, BETA1, BETA2, ALFA1, ALFA2, D, F, G, H INTEGER :: NEQ DOUBLE PRECISION, DIMENSION(6) :: Y,YT A=KM1*CME1 B=KM2*CME2 LAMBDA1=ND1*ZETA1/NF1 LAMBDA2=ND2*ZETA2/NF2 C=(1+A*Y(3)+B*Y(4))**2 493 APÊNDICE F BETA1=A*B*Y(4)/C BETA2=B*(1+A*Y(3))/C ALFA1=A*(1+B*Y(4))/C ALFA2=A*B*Y(3)/C D=1+LAMBDA1*ALFA1+LAMBDA2*BETA2+LAMBDA1*LAMBDA2*( ALFA1*BETA2-ALFA2*BETA1) F=1+LAMBDA1*ALFA1+LAMBDA2*BETA2+LAMBDA1*LAMBDA2* ALFA1*BETA2 G=1+LAMBDA1*ALFA1 H=LAMBDA1*ALFA2*G YT(1)=1-Y(1)-ZETA1*ND1*(A*Y(3)/(1+A*Y(3)+B*Y(4))-Y(5)) YT(2)=1-Y(2)-ZETA2*ND2*(B*Y(4)/(1+A*Y(3)+B*Y(4))-Y(6)) YT(3)=((LAMBDA1*(ND1*(A*Y(3)/(1+A*Y(3)+B*Y(4))-Y(5)))+(1-Y(1)ZETA1*ND1*(A*Y(3)/(1+A*Y(3)+B*Y(4))- Y(5))))*F+(LAMBDA2*(ND2*(B*Y(4)/(1+A*Y(3)+B*Y(4))-Y(6)))+(1Y(2)-ZETA2*ND2*(B*Y(4)/(1+A*Y(3)+B*Y(4))-Y(6))))*H)/(G*D) YT(4)=((LAMBDA2*(ND2*(B*Y(4)/(1+A*Y(3)+B*Y(4))-Y(6)))+(1-Y(2)ZETA2*ND2*(B*Y(4)/(1+A*Y(3)+B*Y(4))Y(6))))*G+(LAMBDA1*(ND1*(A*Y(3)/(1+A*Y(3)+B*Y(4))-Y(5)))+(1Y(1)-ZETA1*ND1*(A*Y(3)/(1+A*Y(3)+B*Y(4))Y(5))))*LAMBDA2*BETA1)/D YT(5)=ND1*(A*Y(3)/(1+A*Y(3)+B*Y(4))-Y(5)) YT(6)=ND2*(B*Y(4)/(1+A*Y(3)+B*Y(4))-Y(6)) IF(IFLAG==1) THEN PRINT "(7(F10.3))",T , Y(1), Y(2), Y(3), Y(4), Y(5), Y(6) WRITE(1,"(7(F10.3))") T, Y(1), Y(2), Y(3), Y(4), Y(5), Y(6) END IF END SUBROUTINE F.2.3 Eluição - Modelo de Difusão na Partícula (LDF) (Um Componente) MODULE PARAM INTEGER :: IFLAG DOUBLE PRECISION :: W, VR, DENSIDADEP, KHM, QT, CMO, PHE, PHO, DHM, Q, L, ZETAM,TAU, TAUDM, EPSON, CHO, CHE, QHO, QMO, NDM END MODULE PROGRAM MAINODE USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NEQ, ITOL, ITASK,ISTATE,IOPT,LRW,LIW,JT DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE,DIMENSION(:) ::Y,YT DOUBLE PRECISION :: T,TOUT, RTOL, ATOL,JAC, TFIN,DTOUT DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:):: RWORK INTEGER, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: IWORK EXTERNAL FCN WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA DA BIOMASSA(W)(g) = " READ*, W WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " VOLUME DO REACTOR (VR) = " READ*, VR WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DENSIDADE APARENTE DAS PARTÍCULAS (g/mL) = " READ*, DENSIDADEP WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE DA LEI DE ACCAO DE MASSA (KHM) = " READ*, KHM WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAPACIDADE MÁXIMA DA BIOMASSA (QT)(mmol/g) = " READ*, QT WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENTRAÇAO INICIAL DE METAL DENTRO DO RPA (mmol/L) = " READ*, CMO WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " pH INICIAL A ENTRADA DO RPA (pHE) = " READ*, PHE WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " pH INICIAL DENTRO DO RPA (pHO) = " READ*, PHO WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE HOMOGÉNEA DO METAL (DHM) (cm2/s) = " READ*, DHM WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAUDAL DE ALIMENTAÇÃO = " READ*,Q WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " ESPESSURA DAS PARTICULAS = " READ*,L WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " QUANTIDADE ADSORVIDA INICIAL = " READ*, QMO CHE=10**(3-PHE) CHO=10**(3-PHO) EPSON=1-W/(DENSIDADEP*VR) ZETAM=(1-EPSON)/EPSON*DENSIDADEP*1000*QMO/CMO TAU=EPSON*VR/Q TAUDM=L**2/(60*DHM) NDM=3*TAU/TAUDM OPEN(UNIT=1,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT1.DAT1") OPEN(UNIT=2,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT2.DAT2") WRITE(2,"(A60,F6.2)") " MASSA DE BIOMASSA (PARTICULAS)(g) = " ,W WRITE(2,"(A60,F6.3)") " CAUDAL DE ALIMENTACAO (Q)(cm3/min) = ", Q WRITE(2,"(A60,F6.4)") " CONCENTRACAO INICIAL DO METAL (mMOL/dm3) = ", CMO WRITE(2,"(A60,F10.4)") " CONCENTRACAO INICIAL DO HIDROGENIAO (mMOL/dm3) = ", CHO WRITE(2,"(A60,F10.4)") " CONCENTRACAO INICIAL DO HIDROGENIAO (mMOL/dm3) = ", CHE 494 WRITE(2,"(A60,F6.4)") " pH INICIAL DENTRO DA COLUNA = ", PHO WRITE(2,"(A60,F6.4)") " pH DA SOLUCAO REGENERADORA = ", PHE WRITE(2,"(A60,F6.4)") " CAPACIDADE MAXIMA DO ADSORVENTE (mMOL/g) = ", QT WRITE(2,"(A60,ES12.3)") " CARACTERISTICA DA ISOTERMICA = ", KHM WRITE(2,"(A60,F10.3)") " DENSIDADE DA PARTICULA (g/cm3) = ", DENSIDADEP WRITE(2,"(A80,F10.3)") " QUANTIDADE ADSORVIDA EM EQUILIBRIO COM A CONCENTRACAO INICIAL (mMOL/g) = ", QMO WRITE(2,"(A60,F10.3)") " CAPACIDADE DO RPA(ZETA) = ", ZETAM WRITE(2,"(A60,F6.5)") " ESPESSURA DA PARTICULA (L) (cm) = ",L WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE HOMOGENEA NA PARTICULA (DHM)(cm2/s) = ", DHM WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VOLUME DO REACTOR (Vr) (cm3) = ", VR WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO (min) =", TAU WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NA PARTICULA (min) =", TAUDM WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA NDH =", NDM ALLOCATE(Y(3)) ALLOCATE(YT(3)) Y(1)=1.0D0 Y(2)=1.0D0+CHO/CMO Y(3)=1.0D0 T=0 DTOUT=0.01 TFIN=10 ITOL=1 ATOL=1.0D-6 RTOL=1.0D-4 ITASK=1 ISTATE=1 IOPT=0 JT=2 NEQ=3 LRW = 22 + NEQ * MAX(16,(NEQ+9)) LIW = 20 + NEQ ALLOCATE(RWORK(LRW)) ALLOCATE(IWORK(LIW)) DO WHILE (TOUT < TFIN) TOUT=T+DTOUT CALL LSODA (FCN, NEQ, Y, T, TOUT, ITOL, RTOL, ATOL, ITASK, & & ISTATE, IOPT,RWORK, LRW,IWORK, LIW, JAC, JT) IFLAG=1 CALL FCN(NEQ, T, Y, YT) IFLAG=0 END DO END PROGRAM SUBROUTINE FCN(NEQ, T, Y, YT) USE PARAM IMPLICIT NONE DOUBLE PRECISION :: T INTEGER :: NEQ DOUBLE PRECISION, DIMENSION(3) :: Y,YT YT(1)=-Y(1)-NDM*ZETAM*(QT*KHM*Y(1)/(QMO*(Y(2)+(KHM1)*Y(1)))-Y(3)) YT(2)=CHE/CMO-Y(2) YT(3)=NDM*(QT*KHM*Y(1)/(QMO*(Y(2)+(KHM-1)*Y(1)))-Y(3)) IF(IFLAG==1) THEN PRINT "(5(F10.3))",T , Y(1), Y(2), Y(3), 3.0D0-LOG10(CMO*(Y(2)-Y(1))) WRITE(1,"(5(F10.3))") T, Y(1), Y(2), Y(3), 3.0D0-LOG10(CMO*(Y(2)Y(1))) END IF END SUBROUTINE APÊNDICE F F.2.4 Eluição - Modelo de Difusão na Partícula (LDF) (Dois Componentes) MODULE PARAM INTEGER :: IFLAG DOUBLE PRECISION :: W, VR, DENSIDADEP, KHM1, KHM2, QT, CMO1, CMO2, PHE, PHO, DHM1,DHM2, Q, L, ZETA,TAU, TAUDM1, TAUDM2, EPSON, CHO, CHE, CTO, QHO, QMO1, QMO2, NDM1,NDM2 END MODULE PROGRAM MAINODE USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NEQ, ITOL, ITASK,ISTATE,IOPT,LRW,LIW,JT DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE,DIMENSION(:) ::Y,YT DOUBLE PRECISION :: T,TOUT, RTOL, ATOL,JAC, TFIN,DTOUT DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:):: RWORK INTEGER, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: IWORK EXTERNAL FCN WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA DA BIOMASSA(W)(g) = " READ*, W WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " VOLUME DO REACTOR (VR) = " READ*, VR WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DENSIDADE APARENTE DAS PARTÍCULAS (g/ml) = " READ*, DENSIDADEP WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE DA LEI DE ACCAO DE MASSA (KHM1) = " READ*, KHM1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE DA LEI DE ACCAO DE MASSA (KHM2) = " READ*, KHM2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAPACIDADE MÁXIMA DA BIOMASSA (QT)(mmol/g) = " READ*, QT WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENTRAÇAO INICIAL DE METAL DENTRO DO RPA (mmol/L) = " READ*, CMO1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENTRAÇAO INICIAL DE METAL DENTRO DO RPA (mmol/L) = " READ*, CMO2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " pH INICIAL A ENTRADA DO RPA (pHE) = " READ*, PHE WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " pH INICIAL DENTRO DO RPA (pHO) = " READ*, PHO WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE HOMOGÉNEA DO METAL (DHM) (cm2/s) = " READ*, DHM1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE HOMOGÉNEA DO METAL (DHM) (cm2/s) = " READ*, DHM2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAUDAL DE ALIMENTAÇÃO (ml/min) = " READ*,Q WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " ESPESSURA DAS PARTICULAS (cm) = " READ*,L WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " QUANTIDADE ADSORVIDA INICIAL M1 = " READ*, QM1O WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " QUANTIDADE ADSORVIDA INICIAL M2 = " READ*, QM2O CHE=10**(3-PHE) CHO=10**(3-PHO) CTO=CHO+CMO1+CMO2 EPSON=1-W/(DENSIDADEP*VR) ZETA=(1-EPSON)/EPSON*DENSIDADEP*1000*QT/CTO TAU=EPSON*VR/Q TAUDM1=L**2/(60*DHM1) TAUDM2=L**2/(60*DHM2) NDM1=3*TAU/TAUDM1 NDM2=3*TAU/TAUDM2 OPEN(UNIT=1,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT1.DAT1") OPEN(UNIT=2,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT2.DAT2") WRITE(2,"(A60,F6.2)") " MASSA DE BIOMASSA (PARTICULAS)(g) = " ,W WRITE(2,"(A60,F6.3)") " CAUDAL DE ALIMENTACAO (Q)(cm3/min) = ", Q WRITE(2,"(A60,F6.4)") " CONCENTRACAO INICIAL DO METAL (mMOL/dm3) = ", CMO1 WRITE(2,"(A60,F6.4)") " CONCENTRACAO INICIAL DO METAL (mMOL/dm3) = ", CMO2 WRITE(2,"(A60,F10.4)") " CONCENTRACAO INICIAL DO HIDROGENIAO (mMOL/dm3) = ", CHO WRITE(2,"(A60,F10.4)") " CONCENTRACAO INICIAL TOTAL (mMOL/dm3) = ", CTO WRITE(2,"(A60,F10.4)") " CONCENTRACAO INICIAL DO HIDROGENIAO (mMOL/dm3) = ", CHE WRITE(2,"(A60,F6.4)") " pH INICIAL DENTRO DA COLUNA = ", PHO WRITE(2,"(A60,F6.4)") " pH DA SOLUCAO REGENERADORA = ", PHE WRITE(2,"(A60,F6.4)") " CAPACIDADE MAXIMA DO ADSORVENTE (mMOL/g) = ", QT WRITE(2,"(A60,ES12.3)") " CARACTERISTICA DA ISOTERMICA = ", KHM1 WRITE(2,"(A60,ES12.3)") " CARACTERISTICA DA ISOTERMICA = ", KHM2 WRITE(2,"(A60,F10.3)") " DENSIDADE DA PARTICULA (g/cm3) = ", DENSIDADEP WRITE(2,"(A80,F10.3)") " QUANTIDADE ADSORVIDA EM EQUILIBRIO COM A CONCENTRACAO INICIAL (mMOL/g) = ", QMO1 WRITE(2,"(A80,F10.3)") " QUANTIDADE ADSORVIDA EM EQUILIBRIO COM A CONCENTRACAO INICIAL (mMOL/g) = ", QMO2 WRITE(2,"(A60,F10.3)") " CAPACIDADE DO RPA(ZETA) = ", ZETA WRITE(2,"(A60,F6.5)") " ESPESSURA DA PARTICULA (L) (cm) = ",L WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE HOMOGENEA NA PARTICULA (DHM)(cm2/s) = ", DHM1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE HOMOGENEA NA PARTICULA (DHM)(cm2/s) = ", DHM2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VOLUME DO REACTOR (Vr) (cm3) = ", VR WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO (min) =", TAU WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NA PARTICULA (min) =", TAUDM1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NA PARTICULA (min) =", TAUDM2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA NDH =", NDM1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA NDH =", NDM2 ALLOCATE(Y(5)) ALLOCATE(YT(5)) Y(1)=CMO1/CTO Y(2)=CMO2/CTO Y(3)=1.0D0 Y(4)=QMO1/QT Y(5)=QMO2/QT T=0 DTOUT=0.01 TFIN=10 ITOL=1 ATOL=1.0D-6 RTOL=1.0D-4 ITASK=1 ISTATE=1 IOPT=0 JT=2 NEQ=5 LRW = 22 + NEQ * MAX(16,(NEQ+9)) LIW = 20 + NEQ ALLOCATE(RWORK(LRW)) ALLOCATE(IWORK(LIW)) DO WHILE (TOUT < TFIN) TOUT=T+DTOUT CALL LSODA (FCN, NEQ, Y, T, TOUT, ITOL, RTOL, ATOL, ITASK, & & ISTATE, IOPT,RWORK, LRW,IWORK, LIW, JAC, JT) IFLAG=1 CALL FCN(NEQ, T, Y, YT) IFLAG=0 END DO END PROGRAM SUBROUTINE FCN(NEQ, T, Y, YT) USE PARAM IMPLICIT NONE DOUBLE PRECISION :: T INTEGER :: NEQ DOUBLE PRECISION, DIMENSION(5) :: Y,YT YT(1)=-Y(1)-NDM1*ZETA*(KHM1*Y(1)/(Y(3)+(KHM1-1)*Y(1))-Y(4)) YT(2)=-Y(2)-NDM2*ZETA*(KHM2*Y(2)/(Y(3)+(KHM2-1)*Y(2))-Y(5)) YT(3)=CHE/CTO-Y(3) YT(4)=NDM1*(KHM1*Y(1)/(Y(3)+(KHM1-1)*Y(1))-Y(4)) YT(5)=NDM2*(KHM2*Y(2)/(Y(3)+(KHM2-1)*Y(2))-Y(5)) 495 APÊNDICE F IF(IFLAG==1) THEN PRINT "(7(F10.3))",T , Y(1), LOG10(CTO*(Y(3)-Y(1)-Y(2))) F.3 Y(2), Y(3), Y(4), Y(5), 3.0D0- WRITE(1,"(7(F10.3))") T, Y(1), LOG10(CTO*(Y(3)-Y(1)-Y(2))) END IF END SUBROUTINE Y(2), Y(3), Y(4), Y(5), 3.0D0- Simulações em Ensaios em Coluna de Leito Fixo F.3.1 Saturação - Modelo de Difusão no Filme, Difusão na Partícula (LDF) e Dispersão Axial (Um Componente) MODULE PARAM DOUBLE PRECISION ::XLEFT, XRIGHT, W, qmax, b, ZETA, CE, Taup, Tauf, EPSON, QE, Kp, NdP,DENSIDADE, L, DC, AREA, Dax, Pe, Nf, Nd, Lp, Dh, Kf, Q, Vr, Ui, Us, Tau, PI END MODULE PROGRAM MAINPDECOL USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NINT, KORD, NCC, NPDE, MITER, METH, MF, NPTS,IQUAD, ML, MAXDER, FWORK, FIWORK, INDEX DOUBLE PRECISION ::T, T0, TOUT, DT, DELTAT, TFINAL, EPS, DX, DNINT INTEGER, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: IWORK DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: XBKPT, WORK, SCTCH DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:,:) :: U EXTERNAL F, BNDRY, UINIT, DERIVF WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA DA BIOMASSA(W)(g) = " READ*, W WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAUDAL DE ALIMENTAÇÃO (Q) (cm3/min)= " READ*, Q WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " COMPRIMENTO DA COLUNA (L) (cm)= " READ*, L WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIÂMETRO DA COLUNA (DC) (cm)= " READ*, DC WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DENSIDADE APARENTE DA PARTICULA (g/cm3) = " READ*, DENSIDADE WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONST. DA ISOT. DE LANGMUIR (b) (dm3/g) = " READ*, b WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") "CONST.ISOT.LANGMUIR (qmax)(mg/g) = " READ*, qmax WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") "ESPESSURA DA ALGA (Lp)(cm) = " READ*, Lp WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENTRACAO DA ALIMENTACAO (mg/dm3) = " READ*, CE WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE HOMOGÉNEA NA PARTÍCULA (Dh) = " READ*,Dh WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " COEFICIENTE DE TRANSFERENCIA DE MASSA NO FILME (cm/s) = " READ*, Kf WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " NUMERO DE PECLET (Pe) = " READ*, Pe PI=3.14159 QE=qmax*b*CE/(1+b*CE) AREA=PI*DC**2/4.0D0 Vr=AREA*L EPSON=1.0D0-W/(DENSIDADE*Vr) ZETA=(1-EPSON)/EPSON*DENSIDADE*QE*1000.0D0/CE Us=Q/(AREA) Ui=Us/EPSON Tau=EPSON*Vr/Q Tauf=EPSON/(1-EPSON)*Lp/(Kf*60.0D0) Kp=3.0d0*Dh/Lp Dh=Kp*Lp/3.0D0 Taup=Lp**2/(Dh*60.0D0) Dax=L*Ui/(Pe*60.0D0) Nf=Tau/Tauf Nd=Tau/Taup NdP=3.0*Nd OPEN(UNIT=1,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT1") 496 OPEN(UNIT=2,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT2") OPEN(UNIT=3,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT3") WRITE(2,"(A60,F6.2)") " MASSA DE BIOMASSA (PARTICULAS)(g) = " ,W WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CAUDAL DE ALIMENTACAO (Q)(cm3/min) = ", Q WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CONCENTRACAO INICIAL DO METAL (mg/dm3) = ", CE WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CAPACIDADE MAXIMA DO ADSORVENTE (mg/g) = ", qmax WRITE(2,"(A60,ES12.3)") " CARACTERISTICA DA ISOTERMICA (b)(dm3/mg) = ", b WRITE(2,"(A60,F10.3)") " DENSIDADE DA PARTICULA (g/cm3) = ", DENSIDADE WRITE(2,"(A80,F10.3)") " QUANTIDADE ADSORVIDA EM EQUILIBRIO COM A CONCENTRACAO INICIAL (mg/g) = ", QE WRITE(2,"(A60,F10.3)") " CAPACIDADE DA COLUNA (ZETA) = ", ZETA WRITE(2,"(A60,F6.5)") " ESPESSURA DA PARTICULA (Lp) (cm) = ",Lp WRITE(2,"(A60,F6.2)") " COMPRIMENTO DA COLUNA (L) (cm) = ",L WRITE(2,"(A60,F6.2)") " DIAMETRO DA COLUNA DC (cm) = ",DC WRITE(2,"(A80,ES10.3)") " COEFICIENTE DE TRANSFERENCIA DE MASSA NA PARTICULA Kp (cm/s) = ", Kp WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE HOMOGENEA NA PARTICULA (Dh)(cm2/s) = ", Dh WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DE DIFUSAO NO FILME (cm/s) = ", Kf WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DISPERSAO AXIAL (cm2/s) = ", Dax WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NUMERO DE PECLET = ", Pe WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VOLUME DA COLUNA (Vr) (cm3) = ", Vr WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " AREA DE SUPERFICIE (AREA) (cm2) = ", AREA WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VELOCIDADE INTERTICIAL (Ui) (cm/min) = ", Ui WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VELOCIDADE INTERTICIAL (Us) (cm/min) = ", Us WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO (min) =", Tau WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NA PARTICULA (min) =", Taup WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NO FILME (min) =", Tauf WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NO FILME Nf =", Nf WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA Nd =", Nd WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " POROSIDADE DO LEITO =", EPSON WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA NdP =", NdP NPDE=2 NINT=30 NPTS=NINT+1 DNINT=30.0D0 DX=1.0D0/DNINT ALLOCATE(XBKPT(NPTS)) !THE ARRAY OF PIECEWISE POLYNOMIAL BREAKPOINTS XBKPT(1)=0.0D0 DO I=2, NPTS XBKPT(I)=XBKPT(I-1)+DX ! VARIÁVEL ADIMENSIONALIZADA DA DIMENSÃO X END DO XLEFT=XBKPT(1) XRIGHT=XBKPT(NPTS) KORD=4 NCC=2 T0=0.0D0 TOUT=0.0D0 DT=1.0E-3 EPS=1.0E-6 APÊNDICE F MITER=2 METH=2 MF=10*METH+MITER ALLOCATE(U(NPDE,NPTS)) ALLOCATE(WORK(6481)) ALLOCATE(IWORK(404)) ALLOCATE(SCTCH(200)) INDEX=1 IWORK(1)=6481 IWORK(2)=404 TFINAL=150 DELTAT=0.05 DO WHILE (TOUT.LT.TFINAL) TOUT=TOUT+DELTAT CALL PDECOL (T0, TOUT, DT, XBKPT, EPS, NINT, KORD, NCC, NPDE, MF,INDEX,WORK, IWORK) CALL VALUES(XBKPT, U, SCTCH, NPDE, NPTS, NPTS, 0, WORK) PRINT "(8(F10.3))", TOUT,TOUT*TAU, U(1,1), U(1,NPTS/4), U(1,NPTS/2), U(1,3*NPTS/4), U(1,NPTS), U(2,NPTS) WRITE(1,"(8(F10.3))") TOUT,TOUT*TAU, U(1,1), U(1,NPTS/4), U(1,NPTS/2), U(1,3*NPTS/4), U(1,NPTS), U(2,NPTS) END DO END PROGRAM SUBROUTINE F (T, X, U,UX,UXX,FVAL,NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NPDE DOUBLE PRECISION :: T, X, DELTA, ALFA, BETA, Yf DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U, UX, UXX, FVAL DELTA=b*CE*Nf/(ZETA*NdP) ALFA=1+b*CE+Nf/(ZETA*NdP)-b*CE*(U(2)+Nf/(ZETA*NdP)*U(1)) BETA=U(2)+Nf/(ZETA*NdP)*U(1) Yf=(-ALFA+SQRT(ALFA**2+4*DELTA*BETA))/(2*DELTA) FVAL(1)=1/Pe*UXX(1)-UX(1)-NdP*ZETA*((1+b*CE)*Yf/(1+b*CE*Yf)U(2)) FVAL(2)=NdP*((1+b*CE)*Yf/(1+b*CE*Yf)-U(2)) END SUBROUTINE SUBROUTINE BNDRY (T, X, U, UX, DBDU, DBDUX, DZDT, NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NPDE DOUBLE PRECISION :: T, X,aaa DOUBLE PRECISION, DIMENSION (NPDE) :: U, UX, DZDT DOUBLE PRECISION, DIMENSION (NPDE,NPDE) :: DBDU, DBDUX IF( X.NE.XRIGHT ) THEN aaa=50 DBDU(1,1)=1.0D0 DBDUX(1,1)=-1.0D0/Pe DZDT(1)=aaa*exp(-aaa*T) DBDU(1,2)=0.0D0 DBDUX(1,2)=0.0D0 DBDU(2,1)=0.0D0 DBDUX(2,1)=0.0D0 DZDT(2)=0.0D0 DBDU(2,2)=0.0D0 DBDUX(2,2)=0.0D0 ELSE DBDU(1,1)=0.0D0 DBDUX(1,1)=1.0D0 DZDT(1)=0.0D0 DBDU(1,2)=0.0D0 DBDUX(1,2)=0.0D0 DBDU(2,1)=0.0D0 DBDUX(2,1)=0.0D0 DZDT(2)=0.0D0 DBDU(2,2)=0.0D0 DBDUX(2,2)=0.0D0 END IF END SUBROUTINE BNDRY SUBROUTINE UINIT (X, U, NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NPDE DOUBLE PRECISION :: X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U U(1)=0.0D0 U(2)=0.0D0 END SUBROUTINE UINIT SUBROUTINE DERIVF(T,X,U,UX,UXX,DFDU,DFDUX,DFDUXX,NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NPDE DOUBLE PRECISION :: T,X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U, UX, UXX DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE,NPDE) DFDU,DFDUX,DFDUXX END SUBROUTINE DERIVF :: F.3.2 Saturação - Modelo de Difusão no Filme, Difusão na Partícula (LDF) e Dispersão Axial (Dois Componentes) MODULE PARAM INTEGER :: NCUP, IFLAG,NPX DOUBLE PRECISION :: PE1, PE2, EPSON, ZETA1, ZETA2, Q, QT, W, L, LP, DC, DENSIDADE, CME1, CME2, KM1, KM2, DH1, DH2, TAU, TAUD1, TAUD2, ND1, ND2, AREA, VR, PI, US, Ui, DAX1, DAX2, KP1, KP2,KF1, KF2, NF1, NF2, TAUF1, TAUF2 DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:,:) :: YX, YXX DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: X, C, BETA1, BETA2, ALFA1, ALFA2, D, F, G, H, AN, AM DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:,:,:):: BC END MODULE PROGRAM MAINODE USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NEQ, ITOL, ITASK,ISTATE,IOPT,LRW,LIW,JT,NWORK,I DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE,DIMENSION(:,:) ::Y,YT DOUBLE PRECISION :: T,TOUT, RTOL, ATOL,JAC, TFIN,DTOUT DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:):: RWORK INTEGER, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: IWORK EXTERNAL FCN WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA DA BIOMASSA(W)(g) = " READ*, W WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " COMPRIMENTO DA COLUNA (L) (cm)= " READ*, L WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIÂMETRO DA COLUNA (DC) (cm)= " READ*, DC WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DENSIDADE APARENTE DAS PARTÍCULAS (g/mL) = " READ*, DENSIDADEP DENSIDADE=0.249 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAPACIDADE MÁXIMA DA BIOMASSA (QT)(mmol/g) = " READ*, QT WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENTRAÇAO DE ALIMENTACAO DE METAL1 (mmol/L) = " READ*, CME1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENTRAÇAO DE ALIMENTACAO DE METAL2 (mmol/L) = " READ*, CME WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE DE LIGACAO DO METAL (KM1) (L/mmol) = " READ*, KM1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE DE LIGACAO DO METAL (KM2) (L/mmol) = " READ*, KM2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAUDAL DE ALIMENTAÇÃO (mL/min) = " READ*,Q WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " ESPESSURA DAS PARTICULAS (cm) = " READ*,L WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE HOMOGÉNEA DO METAL (DH1) (cm2/s) = " READ*, DH1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE HOMOGÉNEA DO METAL (DH2) (cm2/s) = " READ*, DH2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE NO FILME DO METAL (KF1) (cm/s) = " READ*, KF1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE NO FILME DO METAL (KF2) (cm/s) = " READ*, KF1 497 APÊNDICE F WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " NUMERO DE PECLET (Pe) = " READ*, PE1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " NUMERO DE PECLET (Pe) = " READ*, PE2 PI=3.14159 AREA=PI*DC**2/4.0D0 VR=AREA*L EPSON=1-W/(DENSIDADE*VR) ZETA1=(1-EPSON)/EPSON*DENSIDADE*1000*QT/CME1 ZETA2=(1-EPSON)/EPSON*DENSIDADE*1000*QT/CME2 US=Q/(AREA) Ui=US/EPSON DAX1=L*Ui/(PE1*60.0D0) DAX2=L*Ui/(PE2*60.0D0) TAU=EPSON*VR/Q TAUF1=EPSON/(1-EPSON)*LP/(60*KF1) TAUF2=EPSON/(1-EPSON)*LP/(60*KF2) TAUD1=LP**2/(60*DH1) TAUD2=LP**2/(60*DH2) KP1=3.0D0/TAUD1 KP2=3.0D0/TAUD2 NF1=TAU/TAUF1 NF2=TAU/TAUF2 ND1=3*TAU/TAUD1 ND2=3*TAU/TAUD2 OPEN(UNIT=1,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT1") OPEN(UNIT=2,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT2") OPEN(UNIT=3,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT3") WRITE(2,"(A60,F6.2)") " MASSA DE BIOMASSA (PARTICULAS)(g) = " ,W WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CAUDAL DE ALIMENTACAO (Q)(cm3/min) = ", Q WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CONCENTRACAO INICIAL DO METAL (mMOL/L) = ", CME1 WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CONCENTRACAO INICIAL DO METAL (mMOL/L) = ", CME2 WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CAPACIDADE MAXIMA DO ADSORVENTE (mMOL/g) = ", QT WRITE(2,"(A60,ES12.3)") " CARACTERISTICA DA ISOTERMICA (KM1)(L/MMOL) = ", KM1 WRITE(2,"(A60,ES12.3)") " CARACTERISTICA DA ISOTERMICA (KM1)(L/MMOL) = ", KM2 WRITE(2,"(A60,F10.3)") " DENSIDADE DA PARTICULA (g/cm3) = ", DENSIDADE WRITE(2,"(A60,F10.3)") " CAPACIDADE DA COLUNA (ZETA) = ", ZETA1 WRITE(2,"(A60,F10.3)") " CAPACIDADE DA COLUNA (ZETA) = ", ZETA2 WRITE(2,"(A60,F6.5)") " ESPESSURA DA PARTICULA (Lp) (cm) = ",LP WRITE(2,"(A60,F6.2)") " COMPRIMENTO DA COLUNA (L) (cm) = ",L WRITE(2,"(A60,F6.2)") " DIAMETRO DA COLUNA DC (cm) = ",DC WRITE(2,"(A80,ES10.3)") " COEFICIENTE DE TRANSFERENCIA DE MASSA NA PARTICULA Kp (cm/s) = ", KP1 WRITE(2,"(A80,ES10.3)") " COEFICIENTE DE TRANSFERENCIA DE MASSA NA PARTICULA Kp (cm/s) = ", KP2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE HOMOGENEA NA PARTICULA (Dh)(cm2/s) = ", DH1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE HOMOGENEA NA PARTICULA (Dh)(cm2/s) = ", DH2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DE DIFUSAO NO FILME (cm/s) = ", KF1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DE DIFUSAO NO FILME (cm/s) = ", KF2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DISPERSAO AXIAL (cm2/s) = ", DAX1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DISPERSAO AXIAL (cm2/s) = ", DAX2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NUMERO DE PECLET = ", PE1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NUMERO DE PECLET = ", PE2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VOLUME DA COLUNA (Vr) (cm3) = ", VR WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " AREA DE SUPERFICIE (AREA) (cm2) = ", AREA WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VELOCIDADE INTERTICIAL (Ui) (cm/min) = ", Ui WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VELOCIDADE INTERTICIAL (Us) (cm/min) = ", US WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO (min) =", TAU WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NA PARTICULA (min) =", TAUD1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NA PARTICULA (min) =", TAUD2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NO FILME (min) =", TAUF1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NO FILME (min) =", TAUF2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NO FILME Nf =", NF1 498 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NO FILME Nf =", NF2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA Nd =", ND1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA Nd =", ND2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " POROSIDADE DO LEITO =", EPSON ITOL=1 ATOL=1.0D-7 RTOL=ATOL ITASK=1 ISTATE=1 IOPT=1 JT=2 T=0 DTOUT=0.1 TFIN=120 NPX=101 NEQ=6*NPX NCUP=3 ALLOCATE(X(NPX)) ALLOCATE(Y(NPX,6)) ALLOCATE(C(NPX)) ALLOCATE(BETA1(NPX)) ALLOCATE(BETA2(NPX)) ALLOCATE(ALFA1(NPX)) ALLOCATE(ALFA2(NPX)) ALLOCATE(D(NPX)) ALLOCATE(F(NPX)) ALLOCATE(G(NPX)) ALLOCATE(H(NPX)) ALLOCATE(AN(NPX)) ALLOCATE(AM(NPX)) ALLOCATE(YT(NPX,6)) ALLOCATE(YX(NPX,6)) ALLOCATE(YXX(NPX,6)) ALLOCATE(BC(4,2,6)) DO I=1, NPX X(I)=DFLOAT(I-1)/DFLOAT(NPX-1) END DO NWORK = 3 + 6 * NEQ LRW = 22 + NEQ * MAX(16,(NEQ+9)) LIW = 20 + NEQ ALLOCATE(RWORK(LRW)) ALLOCATE(IWORK(LIW)) Y(:,1)=0.0D0 Y(:,2)=0.0D0 Y(:,3)=0.0D0 Y(:,4)=0.0D0 Y(:,5)=0.0D0 Y(:,6)=0.0D0 DO WHILE (TOUT < TFIN) TOUT=T+DTOUT CALL LSODA (FCN, NEQ, Y, T, TOUT, ITOL, RTOL, ATOL, ITASK, & & ISTATE, IOPT, RWORK, LRW, IWORK, LIW, JAC, JT) IFLAG=1 CALL FCN(NEQ, T, Y, YT) IFLAG=0 END DO END PROGRAM SUBROUTINE FCN(NEQ, T, Y, YT) USE PARAM IMPLICIT NONE DOUBLE PRECISION :: T, A, B, LAMBDA1, LAMBDA2 INTEGER :: NEQ,I DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPX,6) :: Y,YT CALL CFRONT(T) CALL PARSET(6, NPX, Y, YX, YXX, NCUP, .TRUE., .TRUE., X , .FALSE., BC, T) DO I=1, NPX A=KM1*CME1 B=KM2*CME2 LAMBDA1=ND1*ZETA1/NF1 LAMBDA2=ND2*ZETA2/NF2 C(I)=(1+A*Y(I,3)+B*Y(I,4))**2 BETA1(I)=A*B*Y(I,4)/C(I) BETA2(I)=B*(1+A*Y(I,3))/C(I) ALFA1(I)=A*(1+B*Y(I,4))/C(I) ALFA2(I)=A*B*Y(I,3)/C(I) D(I)=1+LAMBDA1*ALFA1(I)+LAMBDA2*BETA2(I)+LAMBDA1*LAM BDA2*(ALFA1(I)*BETA2(I)-ALFA2(I)*BETA1(I)) F(I)=1+LAMBDA1*ALFA1(I)+LAMBDA2*BETA2(I)+LAMBDA1*LAM BDA2*ALFA1(I)*BETA2(I) G(I)=1+LAMBDA1*ALFA1(I) APÊNDICE F H(I)=LAMBDA1*ALFA2(I)*G(I) END DO DO I=1, NPX YT(I,5)=ND1*(A*Y(I,3)/(1+A*Y(I,3)+B*Y(I,4))-Y(I,5)) YT(I,6)=ND2*(B*Y(I,4)/(1+A*Y(I,3)+B*Y(I,4))-Y(I,6)) END DO DO I=1, NPX YT(I,1)=1.0D0/PE1*YXX(I,1)-YX(I,1)ZETA1*ND1*(A*Y(I,3)/(1+A*Y(I,3)+B*Y(I,4))-Y(I,5)) YT(I,2)=1.0D0/PE2*YXX(I,2)-YX(I,2)ZETA2*ND2*(B*Y(I,4)/(1+A*Y(I,3)+B*Y(I,4))-Y(I,6)) END DO DO I=1, NPX AM(I)=LAMBDA1*YT(I,5)+YT(I,1) AN(I)=LAMBDA2*YT(I,6)+YT(I,2) YT(I,3)=((LAMBDA1*YT(I,5)+YT(I,1))*F(I)+(LAMBDA2*YT(I,6)+YT(I, 2))*H(I))/(G(I)*D(I)) YT(I,4)=((LAMBDA2*YT(I,6)+YT(I,2))*G(I)+(LAMBDA1*YT(I,5)+YT(I, 1))*LAMBDA2*BETA1(I))/D(I) END DO IF(IFLAG==1) THEN PRINT "(8(F10.3))",T , T*TAU, Y(NPX,1), Y(NPX,2), Y(NPX,3), Y(NPX,4), Y(NPX,6), Y(NPX,6) WRITE(1,"(8(F10.3))") T , T*TAU, Y(NPX,1), Y(NPX,2), Y(NPX,3), Y(NPX,4), Y(NPX,6), Y(NPX,6) END IF END SUBROUTINE SUBROUTINE CFRONT (T) USE PARAM IMPLICIT NONE DOUBLE PRECISION :: T BC(1,1,1)=1.0D0 BC(2,1,1)=-PE1 BC(3,1,1)=-PE1 BC(4,1,1)=0.0D0 BC(1,2,1)=1.0D0 BC(2,2,1)=0.0D0 BC(3,2,1)=0.0D0 BC(4,2,1)=0.0D0 BC(1,1,2)=1.0D0 BC(2,1,2)=-PE2 BC(3,1,2)=-PE2 BC(4,1,2)=0.0D0 BC(1,2,2)=1.0D0 BC(2,2,2)=0.0D0 BC(3,2,2)=0.0D0 BC(4,2,2)=0.0D0 BC(:,:,3)=-2 BC(:,:,4)=-2 BC(:,:,5)=-2 BC(:,:,6)=-2 END SUBROUTINE F.3.3 Eluição - Modelo de Difusão no Filme, Difusão na Partícula (LDF) e Dispersão Axial (Um Componente) MODULE PARAM DOUBLE PRECISION :: XLEFT, XRIGHT, W, QT, QMO, KHM, ZETAM, CHE, CTE, CMO, CHO, CTO, PHO, PHE, TAUD, TAUF, EPSON, & & DENSIDADE, L, DC, AREA, DAX, PE, NFM, NDM, LP, DHM, KF, Q, VR, Ui, US, TAU, PI, KP, M END MODULE PROGRAM MAINPDECOL USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NINT, KORD, NCC, NPDE, MITER, METH, MF, NPTS,IQUAD, ML, MAXDER, FWORK, FIWORK, INDEX DOUBLE PRECISION ::T, T0, TOUT, DT, DELTAT, TFINAL, EPS, DX, DNINT INTEGER, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: IWORK DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: XBKPT, WORK, SCTCH DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:,:) :: U EXTERNAL F, BNDRY, UINIT, DERIVF WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA DA BIOMASSA(W)(g) = " READ*, W WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAUDAL DE ALIMENTAÇÃO (Q) (cm3/min)= " READ*, Q WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " COMPRIMENTO DA COLUNA (L) (cm)= " READ*, L WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIÂMETRO DA COLUNA (DC) (cm)= " READ*, DC WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DENSIDADE APARENTE DA PARTICULA (g/cm3) = " READ*, DENSIDADE WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " LEI DE ACÇÃO DE MASSA QT(mmol/g) = " READ*, QT WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") "LEI DE ACÇÃO DE MASSA KHM = " READ*, KHM WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") "ESPESSURA DA ALGA (Lp)(cm) = " READ*, Lp WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENTRACAO METAL INICIAL BULK (DENTRO DA COLUNA)(mmol/dm3) = " READ*, CMO WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " pH INICIAL BULK (DENTRO DA COLUNA) = " READ*, PHO WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " pH DA SOLUCAO DE ELUICAO (ENTRADA DA COLUNA) = " READ*, PHE !WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE HOMOGÉNEA NA PARTÍCULA (cm2/s)) = " !READ*,DHM WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " COEFICIENTE DE TRANSFERENCIA DE MASSA NO FILME(Kf) = " READ*, KF WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " NUMERO DE PECLET (Pe) = " READ*, PE WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " QUANTIDADE ADSORVIDA INICIAL = " READ*, QMO WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA MOLAR DO METAL = " READ*, M PI=3.14159265 CHO=10**(3-PHO) CHE=10**(3-PHE) CTO=CMO+CHO CTE=CHE AREA=PI*DC**2/4.0D0 VR=AREA*L EPSON=1.0D0-W/(DENSIDADE*VR) ZETAM=(1-EPSON)/EPSON*DENSIDADE*QT*1000.0D0/CTO US=Q/(AREA) Ui=US/EPSON TAU=EPSON*VR/Q TAUF=EPSON/(1-EPSON)*LP/(KF*60.0D0) KP=3*DHM/LP TAUD=LP**2/(DHM*60.0D0) DAX=L*Ui/(PE*60.0D0) NFM=TAU/TAUF NDM=3*TAU/TAUD OPEN(UNIT=1,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT1") OPEN(UNIT=2,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT2") OPEN(UNIT=3,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT3") WRITE(2,"(A60,F6.2)") " MASSA DE BIOMASSA (PARTICULAS)(g) = " ,W WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CAUDAL DE ALIMENTACAO (Q)(cm3/min) = ", Q WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CONCENTRACAO INICIAL DO METAL DENTRO DA COLUNA (mmol/dm3) = ", CMO WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CONCENTRACAO INICIAL DO HIDROGENIAO DENTRO DA COLUNA (mmol/dm3) = ", CHO WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CONCENTRACAO TOTA INICIAL DENTRO DA COLUNA (mmol/dm3) = ", CTO WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CONCENTRACAO DA SOLUCAO DE ELUICAO(ENTRADA DA COLUNA (mmol/dm3) = ", CTE WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CAPACIDADE MAXIMA DO ADSORVENTE (mmol/g) = ", QT WRITE(2,"(A60,ES12.3)") " LEI DE ACÇÃO DE MASSA KHM = ", KHM WRITE(2,"(A60,F10.3)") " DENSIDADE DA PARTICULA (g/cm3) = ", DENSIDADE WRITE(2,"(A80,F10.3)") " QUANTIDADE ADSORVIDA EM EQUILIBRIO COM A CONCENTRACAO INICIAL DE METAL(mmol/g) = ", QMO 499 APÊNDICE F WRITE(2,"(A60,F10.3)") " CAPACIDADE DA COLUNA (ZETA) = ", ZETAM WRITE(2,"(A60,F6.5)") " ESPESSURA DA PARTICULA (Lp) (cm) = ",LP WRITE(2,"(A60,F6.2)") " COMPRIMENTO DA COLUNA (L) (cm) = ",L WRITE(2,"(A60,F6.2)") " DIAMETRO DA COLUNA DC (cm) = ",DC WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " COEFICIENTE DE TRANSFERENCIA DE MASSA NA PARTICULA Kp (cm/s) = ", KP WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE HOMOGENEA NA PARTICULA (Dh)(cm2/s) = ", DHM WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DE DIFUSAO NO FILME KF(cm/s) = ", KF WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DISPERSAO AXIAL (cm2/s) = ", DAX WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE PECLET = ", PE WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VOLUME DA COLUNA (Vr) (cm3) = ", VR WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " AREA DE SUPERFICIE (AREA) (cm2) = ", AREA WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VELOCIDADE INTERTICIAL (Ui) (cm/min) = ", Ui WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VELOCIDADE INTERTICIAL (Us) (cm/min) = ", US WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO (min) =", TAU WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NA PARTICULA (min) =", TAUD WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NO FILME (min) =", TAUF WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NO FILME NMF =", NFM WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA Nd =", NDM WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " POROSIDADE DO LEITO =", EPSON NPDE=3 NINT=30 NPTS=NINT+1 DNINT=30.0D0 DX=1.0D0/DNINT ALLOCATE(XBKPT(NPTS)) XBKPT(1)=0.0D0 DO I=2, NPTS XBKPT(I)=XBKPT(I-1)+DX END DO XLEFT=XBKPT(1) XRIGHT=XBKPT(NPTS) KORD=4 NCC=2 T0=0.0D0 TOUT=0.0D0 DT=1.0E-3 EPS=1.0E-6 MITER=2 METH=2 MF=10*METH+MITER ALLOCATE(U(NPDE,NPTS)) ALLOCATE(WORK(7661)) ALLOCATE(IWORK(248)) ALLOCATE(SCTCH(200)) INDEX=1 IWORK(1)=7661 IWORK(2)=248 TFINAL=6 DELTAT=0.01 DO WHILE (TOUT.LT.TFINAL) TOUT=TOUT+DELTAT CALL PDECOL (T0, TOUT, DT, XBKPT, EPS, NINT, KORD, NCC, NPDE, MF,INDEX,WORK, IWORK) CALL VALUES(XBKPT, U, SCTCH, NPDE, NPTS, NPTS, 0, WORK) PRINT "(6(F8.3))", TOUT, TOUT*TAU, U(1,NPTS)*CTO*M, U(2,NPTS), U(3,NPTS), 3-LOG10(CTO*(U(2,NPTS)-U(1,NPTS))) WRITE(1,"(6(F8.3))") TOUT, TOUT*TAU, U(1,NPTS)*CTO*M, U(2,NPTS), U(3,NPTS), 3-LOG10(CTO*(U(2,NPTS)-U(1,NPTS))) END DO END PROGRAM SUBROUTINE F (T, X, U,UX,UXX,FVAL,NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NPDE DOUBLE PRECISION :: T, X, B, ALFA, BETA, LAMBDA, YF DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U, UX, UXX, FVAL B=NDM*ZETAM/NFM ALFA=KHM-1 BETA=U(2)+KHM*B-ALFA*(B*U(3)+U(1)) 500 LAMBDA=U(2)*(B*U(3)+U(1)) YF=(-BETA+SQRT(BETA**2+4*ALFA*LAMBDA))/(2*ALFA) FVAL(1)=1/PE*UXX(1)-UX(1)-NDM*ZETAM*(KHM*YF/(U(2)+(KHM1)*YF)-U(3)) FVAL(2)=1/PE*UXX(2)-UX(2) FVAL(3)=NDM*(KHM*YF/(U(2)+(KHM-1)*YF)-U(3)) END SUBROUTINE SUBROUTINE BNDRY (T, X, U, UX, DBDU, DBDUX, DZDT, NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NPDE DOUBLE PRECISION :: T, X,AAA DOUBLE PRECISION, DIMENSION (NPDE) :: U, UX, DZDT DOUBLE PRECISION, DIMENSION (NPDE,NPDE) :: DBDU, DBDUX IF( X.NE.XRIGHT ) THEN AAA=50.0D0 DBDU(1,1)=1.0D0 DBDUX(1,1)=-1.0D0/PE DZDT(1)=-AAA*exp(-AAA*T) DBDU(1,2)=0.0D0 DBDUX(1,2)=0.0D0 DBDU(1,3)=0.0D0 DBDUX(1,3)=0.0D0 DBDU(2,1)=0.0D0 DBDUX(2,1)=0.0D0 DZDT(2)=CTE/CTO*AAA*exp(-AAA*T) DBDU(2,2)=1.0D0 DBDUX(2,2)=-1.0D0/PE DBDU(2,3)=0.0D0 DBDUX(2,3)=0.0D0 DBDU(3,1)=0.0D0 DBDUX(3,1)=0.0D0 DZDT(3)=0.0D0 DBDU(3,2)=0.0D0 DBDUX(3,2)=0.0D0 DBDU(3,3)=0.0D0 DBDUX(3,3)=0.0D0 ELSE DBDU(1,1)=0.0D0 DBDUX(1,1)=1.0D0 DZDT(1)=0.0D0 DBDU(1,2)=0.0D0 DBDUX(1,2)=0.0D0 DBDU(1,3)=0.0D0 DBDUX(1,3)=0.0D0 DBDU(2,1)=0.0D0 DBDUX(2,1)=0.0D0 DZDT(2)=0.0D0 DBDU(2,2)=0.0D0 DBDUX(2,2)=1.0D0 DBDU(2,3)=0.0D0 DBDUX(2,3)=0.0D0 DBDU(3,1)=0.0D0 DBDUX(3,1)=0.0D0 DZDT(3)=0.0D0 DBDU(3,2)=0.0D0 DBDUX(3,2)=0.0D0 DBDU(3,3)=0.0D0 DBDUX(3,3)=0.0D0 END IF END SUBROUTINE BNDRY SUBROUTINE UINIT (X, U, NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I, NPDE DOUBLE PRECISION :: X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U U(1)=CMO/CTO U(2)=1.0D0 U(3)=QMO/QT END SUBROUTINE UINIT SUBROUTINE DERIVF(T,X,U,UX,UXX,DFDU,DFDUX,DFDUXX,NPDE) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: NPDE DOUBLE PRECISION :: T,X DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE) :: U, UX, UXX DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPDE,NPDE) :: DFDU,DFDUX,DFDUXX END SUBROUTINE DERIVF APÊNDICE F F.3.4 Eluição - Modelo de Difusão no Filme, Difusão na Partícula (LDF) e Dispersão Axial (Dois Componentes) MODULE PARAM INTEGER :: NCUP, IFLAG,NPX DOUBLE PRECISION :: PE1, PE2, EPSON, ZETA, Q, QT, W, L, LP, DC, DENSIDADE, CM1O, CM2O, M1, M2, & & KHM1, KHM2, DH1, DH2, KF1, KF2, TAU, TAUD1, TAUD2, ND1, ND2, NF1, NF2, AREA, VR, PI, US, Ui, DAX1, & & DAX2, KP1, KP2, A1, A2, B1, B2, PHO, PHE, CTE, CHE, QM1O, QM2O, CTO, TAUF1, TAUF2, CHO, ALFA1, ALFA2 DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:,:) :: YX, YXX DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: X , QAL, QBL, U, V, LAMBDA1, LAMBDA2, BETA1, BETA2 DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:,:,:) :: BC END MODULE PROGRAM MAINODE USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER:: NEQ, ITOL, ITASK,ISTATE,IOPT,LRW,LIW,JT,NWORK,I DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE,DIMENSION(:,:) ::Y,YT DOUBLE PRECISION :: T,TOUT, RTOL, ATOL,JAC, TFIN,DTOUT DOUBLE PRECISION, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: RWORK INTEGER, ALLOCATABLE, DIMENSION(:) :: IWORK EXTERNAL FCN WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA DA BIOMASSA(W)(g) = " READ*, W WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " COMPRIMENTO DA COLUNA (L) (cm)= " READ*, L WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIÂMETRO DA COLUNA (cm)= " READ*, DC WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DENSIDADE APARENTE DAS PARTÍCULAS (g/ml) = " READ*, DENSIDADEP WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAPACIDADE MÁXIMA DA BIOMASSA (QT)(mmol/g) = " READ*, QT WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENTRAÇAO INCIAL DENTRO DA COLUNA DO M1 (mmol/l) = " READ*, CM1O WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONCENTRAÇAO INCIAL DENTRO DA COLUNA DO M2 (mmol/l) = " READ*, CM2O WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " pH INICIAL BULK (DENTRO DA COLUNA) = " READ*, PHO WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " pH DA SOLUCAO DE ELUICAO (ENTRADA DA COLUNA) = " READ*, PHE WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE DE LIGACAO DO METAL (KM1) (l/mmol) = " READ*, KM1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CONSTANTE DE LIGACAO DO METAL (KM2) (l/mmol) = " READ*, KM2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " CAUDAL DE ALIMENTAÇÃO (ml/min) = " READ*,Q WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " ESPESSURA DAS PARTICULAS (cm) = " READ*,L WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE HOMOGÉNEA DO METAL 1 (DH1) (cm2/s) = " READ*, DH1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " DIFUSIVIDADE HOMOGÉNEA DO METAL 2 (DH2) (cm2/s) = " READ*, DH2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " COEFICIENTE DE TRANSFERENCIA DE MASSA NO FILME (KF1) (cm/s) = " READ*, KF1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " COEFICIENTE DE TRANSFERENCIA DE MASSA NO FILME (KF2) (cm/s) = " READ*, KF2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " NUMERO DE PECLET (PE1) = " READ*, PE1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " NUMERO DE PECLET (PE2) = " READ*, PE2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA MOLAR DO M1 = " READ*, M1 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " MASSA MOLAR DO M2 = " READ*, M2 WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " QUANTIDADE ADSORVIDA INICIAL M1 = " READ*, QM1O WRITE(*,"(a)", ADVANCE="NO") " QUANTIDADE ADSORVIDA INICIAL M2 = " READ*, QM2O PI=3.14159 CHO=10**(3-PHO) CHE=10**(3-PHE) CTO=CM1O+CM2O+CHO CTE=CHE AREA=PI*DC**2/4.0D0 VR=AREA*L EPSON=1-W/(DENSIDADE*VR) ZETA=(1-EPSON)/EPSON*DENSIDADE*1000*QT/CTO US=Q/(AREA) Ui=US/EPSON DAX1=L*Ui/(PE1*60.0D0) DAX2=L*Ui/(PE2*60.0D0) TAU=EPSON*VR/Q TAUF1=EPSON/(1-EPSON)*LP/(KF1*60.0D0) TAUF2=EPSON/(1-EPSON)*LP/(KF2*60.0D0) TAUD1=LP**2/(60*DH1) TAUD2=LP**2/(60*DH2) KP1=3.0D0/TAUD1 KP2=3.0D0/TAUD2 NF1=TAU/TAUF1 NF2=TAU/TAUF2 ND1=3*TAU/TAUD1 ND2=3*TAU/TAUD2 OPEN(UNIT=1,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT1") OPEN(UNIT=2,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT2") OPEN(UNIT=3,STATUS="UNKNOWN", FILE="RESULT.DAT3") WRITE(2,"(A60,F6.2)") " MASSA DE BIOMASSA (PARTICULAS)(g) = " ,W WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CAUDAL DE ALIMENTACAO (Q)(cm3/min) = ", Q WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CONCENTRACAO INICIAL DO METAL (mmol/l) = ", CM1O WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CONCENTRACAO INICIAL DO METAL (mmol/l) = ", CM2O WRITE(2,"(A60,F6.2)") " CAPACIDADE MAXIMA DO ADSORVENTE (mmol/g) = ", QT WRITE(2,"(A60,ES12.3)") " CARACTERISTICA DA ISOTERMICA (KHM1)(l/mmol) = ", KHM1 WRITE(2,"(A60,ES12.3)") " CARACTERISTICA DA ISOTERMICA (KHM1)(l/mmol) = ", KHM2 WRITE(2,"(A60,F10.3)") " DENSIDADE DA PARTICULA (g/cm3) = ", DENSIDADE WRITE(2,"(A60,F10.3)") " CAPACIDADE DA COLUNA (ZETA) = ", ZETA WRITE(2,"(A60,F6.5)") " ESPESSURA DA PARTICULA (Lp) (cm) = ",LP WRITE(2,"(A60,F6.2)") " COMPRIMENTO DA COLUNA (L) (cm) = ",L WRITE(2,"(A60,F6.2)") " DIAMETRO DA COLUNA DC (cm) = ",DC WRITE(2,"(A60,F6.2)") " QUANTIDADE ADSORVIDA INICIAL M1 (mmol/g) = ", QM1O WRITE(2,"(A60,F6.2)") " QUANTIDADE ADSORVIDA INICIAL M2 (mmol/g) = ", QM2O WRITE(2,"(A80,ES10.3)") " COEFICIENTE DE TRANSFERENCIA DE MASSA NA PARTICULA Kp (cm/s) = ", KP1 WRITE(2,"(A80,ES10.3)") " COEFICIENTE DE TRANSFERENCIA DE MASSA NA PARTICULA Kp (cm/s) = ", KP2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE HOMOGENEA NA PARTICULA (Dh)(cm2/s) = ", DH1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DIFUSIVIDADE HOMOGENEA NA PARTICULA (Dh)(cm2/s) = ", DH2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " Coeficiente de difusão no filme (KF1)(cm/s) = ", KF1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " Coeficiente de difusão no filme (KF2)(cm/s) = ", KF2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DISPERSAO AXIAL (cm2/s) = ", DAX1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " DISPERSAO AXIAL (cm2/s) = ", DAX2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NUMERO DE PECLET1 = ", PE1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NUMERO DE PECLET2 = ", PE2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VOLUME DA COLUNA (Vr) (cm3) = ", VR WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " AREA DE SUPERFICIE (AREA) (cm2) = ", AREA 501 APÊNDICE F WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VELOCIDADE INTERTICIAL (Ui) (cm/min) = ", Ui WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " VELOCIDADE INTERTICIAL (Us) (cm/min) = ", US WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO (min) =", TAU WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NO FILME (min) =", TAUF1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NO FILME (min) =", TAUF2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NA PARTICULA (min) =", TAUD1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " CONSTANTE DO TEMPO DE DIFUSAO NA PARTICULA (min) =", TAUD2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA Nd =", ND1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA Nd =", ND2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA Nd =", NF1 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " NÚMERO DE UNIDADES DE TRANSFERENCIA NA PARTICULA Nd =", NF2 WRITE(2,"(A60,ES10.3)") " POROSIDADE DO LEITO =", EPSON ITOL=1 ATOL=1.0D-7 RTOL=ATOL ITASK=1 ISTATE=1 IOPT=1 JT=2 T=0 DTOUT=0.01 TFIN=10.0 NPX=101 NEQ=5*NPX NCUP=3 ALLOCATE(X(NPX)) ALLOCATE(Y(NPX,5)) ALLOCATE(QAL(NPX)) ALLOCATE(QBL(NPX)) ALLOCATE(U(NPX)) ALLOCATE(V(NPX)) ALLOCATE(LAMBDA1(NPX)) ALLOCATE(LAMBDA2(NPX)) ALLOCATE(BETA1(NPX)) ALLOCATE(BETA2(NPX)) ALLOCATE(YT(NPX,5)) ALLOCATE(YX(NPX,5)) ALLOCATE(YXX(NPX,5)) ALLOCATE(BC(4,2,5)) DO I=1, NPX X(I)=DFLOAT(I-1)/DFLOAT(NPX-1) END DO NWORK = 3 + 6 * NEQ LRW = 22 + NEQ * MAX(16,(NEQ+9)) LIW = 20 + NEQ ALLOCATE(RWORK(LRW)) ALLOCATE(IWORK(LIW)) Y(:,1)=CM1O/CTO Y(:,2)=CM2O/CTO Y(:,3)=1.0D0 Y(:,4)=QM1O/QT Y(:,5)=QM2O/QT DO WHILE (TOUT < TFIN) TOUT=T+DTOUT CALL LSODA (FCN, NEQ, Y, T, TOUT, ITOL, RTOL, ATOL, ITASK, & & ISTATE, IOPT, RWORK, LRW, IWORK, LIW, JAC, JT) IFLAG=1 CALL FCN(NEQ, T, Y, YT) IFLAG=0 END DO END PROGRAM SUBROUTINE FCN(NEQ, T, Y, YT) USE PARAM IMPLICIT NONE DOUBLE PRECISION :: T INTEGER :: NEQ,I DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPX,5) :: Y,YT CALL CFRONT(T) CALL PARSET(5, NPX, Y, YX, YXX, NCUP, .TRUE., .TRUE., X , .FALSE., BC, T) CALL ISOTER (Y) DO I=1, NPX YT(I,3)=2.0D0/(PE1+PE2)*YXX(I,3)-YX(I,3) END DO DO I=1, NPX 502 YT(I,4)=ND1*(QAL(I) - Y(I,4)) YT(I,5)=ND2*(QBL(I) - Y(I,5)) END DO DO I=1, NPX YT(I,1)=1.0D0/PE1*YXX(I,1)-YX(I,1)-ZETA*YT(I,4) YT(I,2)=1.0D0/PE2*YXX(I,2)-YX(I,2)-ZETA*YT(I,5) END DO IF(IFLAG==1) THEN PRINT "(8(F10.3))",T , T*TAU, Y(NPX,1)*CTO*M1, Y(NPX,2)*CTO*M2, 3-LOG10(CTO*(Y(NPX,3)-Y(NPX,1)-Y(NPX,2))),Y(NPX,3), Y(NPX,4), Y(NPX,5) WRITE(1,"(8(F10.3))") T, T*TAU, Y(NPX,1)*CTO*M1, Y(NPX,2)*CTO*M2, 3-LOG10(CTO*(Y(NPX,3)-Y(NPX,1)-Y(NPX,2))), Y(NPX,3), Y(NPX,4), Y(NPX,5) END IF END SUBROUTINE SUBROUTINE CFRONT (T) USE PARAM IMPLICIT NONE DOUBLE PRECISION :: T BC(1,1,1)=1.0D0 BC(2,1,1)=-PE1 BC(3,1,1)=0.0D0 BC(4,1,1)=0.0D0 BC(1,2,1)=1.0D0 BC(2,2,1)=0.0D0 BC(3,2,1)=0.0D0 BC(4,2,1)=0.0D0 BC(1,1,2)=1.0D0 BC(2,1,2)=-PE2 BC(3,1,2)=0.0D0 BC(4,1,2)=0.0D0 BC(1,2,2)=1.0D0 BC(2,2,2)=0.0D0 BC(3,2,2)=0.0D0 BC(4,2,2)=0.0D0 BC(1,1,3)=1.0D0 BC(2,1,3)=-(PE1+PE2)/2 BC(3,1,3)=-(PE1+PE2)/2*(CTE/CTO) BC(4,1,3)=0.0D0 BC(1,2,3)=1.0D0 BC(2,2,3)=0.0D0 BC(3,2,3)=0.0D0 BC(4,2,3)=0.0D0 BC(:,:,4)=-2 BC(:,:,5)=-2 END SUBROUTINE SUBROUTINE ISOTER (Y) USE PARAM IMPLICIT NONE INTEGER :: I DOUBLE PRECISION, DIMENSION(NPX,5) :: Y A1=KHM1 A2=KHM2 B1=ND1*ZETA/NF1 B2=ND2*ZETA/NF2 ALFA1=KHM1-1 ALFA2=KHM2-1 DO I=1,NPX BETA1(I)=Y(I,3)+KHM1*B1-ALFA1*(B1*Y(I,4)+Y(I,1)) BETA2(I)=Y(I,3)+KHM2*B2-ALFA2*(B2*Y(I,5)+Y(I,2)) LAMBDA1(I)=Y(I,3)*(B1*Y(I,4)+Y(I,1)) LAMBDA2(I)=Y(I,3)*(B2*Y(I,5)+Y(I,2)) END DO DO I=1, NPX U(I)=(BETA1(I)+SQRT(BETA1(I)**2+4*ALFA1*LAMBDA1(I)))/(2*ALFA1) V(I)=(BETA2(I)+SQRT(BETA2(I)**2+4*ALFA2*LAMBDA2(I)))/(2*ALFA2) END DO DO I=1, NPX QAL(I) =KHM1*U(I)/(Y(I,3)+(KHM1-1)*U(I)) QBL(I) =KHM2*V(I)/(Y(I,3)+(KHM2-1)*V(I)) END DO END SUBROUTINE APÊNDICE G G. Dados dos Ensaios em Contínuo G.1 Adsorvedor de Cestos Material Ensaios Metal Tipo Q (cm min-1) pHSE pHAI pHAE 100 5,2 5,3 4,4 180 5,2 5,7 4,4 270 5,2 5,5 4,4 5,3 5,7 4,8 25,2 / 0 1,1 4,5 1,1 0 / 18,0 5,3 5,6 5,2 19,5 5,4 5,7 4,5 Cu - 25,1 / 0 Pb - 24,4 / 0 1,2 4,5 1,2 Cu – 0 / 23,0 Pb – 0 / 21,0 5,3 5,4 4,6 Pb - 26,1 / 0 Cd - 28,1 / 0 24,0 5,2 5,7 4,5 26,1 / 0 35,5 5,2 5,8 4,4 25,9 / 0 5,3 5,9 5,2 9,5 / 0 1,1 5,1 1,1 0 / 9,4 5,4 6,0 5,2 25,6 / 0 4,4 4,0 4,1 25,0 / 0 5,4 5,9 5,4 20,4 / 0 5,4 5,7 4,3 Cu - 25,1 Pb - 24,8 1,1 4,6 1,1 Cu – 0 / 25,0 Pb – 0 / 24,8 5,3 5,7 5,0 Pb - 23,4 / 0 Cd - 22,1 / 0 1 2 Cu Saturação 35,5 3 4 5 Gelidium 6 Pb Cd 7 Saturação Eluição Saturação 8 9 10 11 14 16 Saturação Cu Saturação 270 35,5 Saturação Pb 270 Eluição 270 270 35,5 Saturação Cd 17 Saturação 35,5 270 Saturação Cu / Pb 18 19 35,5 35,5 Pb / Cd 15 Grânulos 270 Eluição 12 13 35,5 Saturação Pb / Cu 35,5 270 Eluição Pb / Cd Saturação CE / CAI (mg l-1) rpm 3 35,5 270 25,5 / 0 503 APÊNDICE G Material Ensaios Metal Tipo Q 3 (cm min ) 1 2 Cu 6 Pb Saturação 35,5 Saturação Cd Saturação 8 35,5 25,3 Saturação Cu Saturação 17,8 Pb – 21.0 35,5 Pb – 20,7 Cd – 26,5 10,0 0.986 9,5 0.987 9,7 0.987 20 12,4 0,983 20 14,9 0,979 14,9 20 13,7 0,981 14,9 20 14,4 0,980 14,9 20 25,6 10,0 0,926 20,8 35,5 24,7 10,0 0,926 14,1 8,0 0,941 14,3 25,5 11,1 0,917 14,0 24,5 10,3 0,924 14,1 20 6,7 0,950 14,0 20 8,1 0,940 14,3 20 8,2 0,939 14,3 13 Eluição 0,6 Pb 35,5 Saturação 15 Cd 17 Saturação 35,5 18 35,5 Saturação Pb – 24,8 Cu – 0,7 Eluição Pb / Cd 19,5 20 Cu – 25,0 Saturação Cu / Pb 15,0 24,0 9,4 14 (min) Pb – 0,6 Saturação 19 (g) τ Cu – 0,7 Eluição Pb / Cd 18,0 12 16 (ºC) ε Cu – 23,0 35,5 11 Grânulos W 0,5 Saturação Pb / Cu 10 35,5 Eluição 7 9 (mg l ) T 24,8 5 Gelidium -1 25,0 3 4 Cfinal -1 Pb – 0,9 35,5 Pb – 22,5 Cd - 22,1 pHSE – pH da solução de alimentação; pHAI – pH inicial no adsorvedor; pHAE – pH de equilíbrio no adsorvedor; CE - concentração de metal na solução de alimentação ;CAI - concentração inicial de metal no adsorvedor; Cfinal- concentração final de metal após a etapa de adsorção ou dessorção 504 APÊNDICE G G.2 Coluna de Leito Fixo Material Ensaios Tipo Q (cm3 min-1) pHSE pHCI pHCE CE / CCI Cfinal (mg l-1) (mg l-1) 1 Saturação 3,9 5,3 5,2 4,0 47,3 / 0 40,0 2 Eluição 8,0 1,0 4,0 1,0 0 / 40,0 8,0 3 Saturação 4,0 5,3 5,3 3,94 24,3 / 0 23,0 Eluição 8,0 0,84 3,9 0,84 0 / 23,0 0,3 5 Saturação 4.1 5,3 5,1 3,7 24,9 / 0 23,1 6 Eluição 8,0 0,7 3,7 0,7 0 / 23,1 0,12 7 Saturação* 4,1 5,3 5,4 4,4 24,8 / 0 23,4 8 Eluição 7,6 1,0 4,4 1,0 0 / 23,4 0,4 9 Saturação 4,0 5,3 5,4 3,9 47,3 / 0 47 10 Eluição 7,9 1,0 4,0 1,0 0 / 47 0,47 11 Saturação 8,0 5,3 5,1 4,2 47,3 / 0 47,0 12 Eluição 8,0 1,0 4,2 1,0 0 / 41,4 0,15 Saturação 11,0 5,4 5,4 4,2 48,5 / 0 46,8 14 Eluição 11,0 1,0 4,2 1,0 0 / 46,8 0,05 15 Saturação 8,0 3,9 4,1 4,0 49,6 / 0 43,5 16 Eluição 8,0 0,94 3,6 0,94 0 / 43,5 0,01 17 Saturação 8,0 3,0 3,0 3,0 52,2 / 0 52,2 18 Eluição 8,0 0,95 2,8 0,95 0 / 52,2 0,17 Saturação 4,1 5,3 5,6 4,7 45,0 / 0 44,0 Eluição 8,0 0,92 4,7 0,92 0 / 41,8 < 0,02 Saturação 4,0 5,3 5,3 4,9 45,6 / 0 43,0 Eluição 8,0 0,9 4,9 0,9 0 / 43,0 < 0,03 Saturação 4,0 5,1 5,5 4,1 48,2 / 0 41,0 Eluição 7,8 0,93 4,0 0,93 0 / 41 12,4 4 Gelidium Metal 13 19 Cu Pb Cd 20 21 Zn 22 23 24 Cr 505 APÊNDICE G Material Ensaios Q T W (cm min ) (ºC) (g) 3 -1 ε τ (min) Saturação 3,9 20 10,1 0,897 17,0 2 Eluição 8,0 20 10,1 0,897 8,3 3 Saturação 4,0 20 10,6 0,893 16,4 Eluição 8,0 20 10,6 0,893 8,2 5 Saturação 4.1 35 10,8 0,891 16,0 6 Eluição 8,0 35 10,8 0,891 8,2 7 Saturação* 4,1 20 11,3 0,885 15,9 8 Eluição 7,6 20 11,3 0,885 8,6 9 Saturação 4,0 20 10,6 0,893 16,4 10 Eluição 7,9 20 10,6 0,893 8,3 11 Saturação 8,0 20 10,6 0,893 8,3 12 Eluição 8,0 20 10,6 0,893 8,3 Saturação 11,0 20 10,7 0,892 6,0 14 Eluição 11,0 20 10,7 0,892 6,0 15 Saturação 8,0 20 11,1 0,888 8,2 16 Eluição 8,0 20 11,1 0,888 8,2 17 Saturação 8,0 20 10,4 0,895 8,2 18 Eluição 8,0 20 10,4 0,895 8,2 Saturação 4,1 20 10,7 0,892 16,0 Eluição 8,0 20 10,7 0,892 8,2 Saturação 4,0 20 10,7 0,891 16,4 Eluição 8,0 20 10,7 0,891 8,2 Saturação 4,0 20 10,0 0,899 16,5 Eluição 7,8 20 10,0 0,899 8,5 13 19 Cu Pb Cd 20 21 Zn 22 23 24 506 Tipo 1 4 Gelidium Metal Cr APÊNDICE G Material Ensaios Metal 25 Tipo Q 3 -1 (cm min ) pHSE pHCI pHCE Saturação 4,1 5,3 5,3 3,6 26 Eluição 8,0 0,71 3,6 0,71 27 Saturação 4,0 5,6 4,9 3,8 28 Eluição 8,0 0,76 3,8 0,76 29 Saturação 4,0 5,4 5,2 4,5 30 Eluição 7,8 0,78 4,4 0,78 31 Saturação 4,1 5,0 5,4 4,1 Eluição 8,0 0,72 4,1 0,72 Pb/Cu Pb/Cd Cd/Zn Gelidium Cu/Cr 32 CE / CCI -1 Cfinal (mg l ) (mg l-1) Cu – 50,0 / 0 Cu – 48,0 Pb – 51,0 / 0 Pb – 48,0 Cu – 0 / 48,0 Cu – 0,3 Pb – 0 / 48,0 Pb – 0,1 Cd – 48,1 / 0 Cd – 50,0 Pb – 49,6 / 0 Pb – 40,0 Cd – 0 / 45,0 Cd – 0,01 Pb – 0 / 38,5 Pb – 0,08 Cd– 47,8 / 0 Cd – 48,0 Zn – 51,5 / 0 Zn – 51,0 Cd – 0 / 53,0 Cd – 0,01 Zn – 0 / 56,0 Zn – 0,01 Cu – 49,8 / 0 Cu – 53,0 Cr – 48,8 / 0 Cr – 29,0 Cu – 0 / 52,5 Cu – 0,3 Cr – 0 / 27,3 Cr – 22,0 33 Cu (Efluente) Saturação 4,0 5,3 5,6 4,0 21,6 / 0 21,2 34 (1ºCiclo) Eluição 8,0 0,8 3,9 0,8 0 / 21,8 0,43 35 Cu (Efluente) Saturação 4,0 5,3 4,8 4,1 22,9 / 0 22,0 36 (2ºCiclo) Eluição 8,0 0,8 4,1 0,8 0 / 21,5 0,07 37 Cu (Efluente) Saturação 4,1 5,3 3,6 3,7 22,1 / 0 18,5 38 (3ºCiclo) Eluição 8,0 0,80 3,7 0,8 0 / 18,3 0,25 Saturação 4,0 5,0 5,8 4,1 Cu – 43,0 / 0 Cu – 52,0 Cr – 45,8 / 0 Cr – 15,0 Eluição 8,0 1,0 4,1 0,8 Cu – 0 / 80,0 Cu – 1,4 Cr – 0 / 2,0 Cr – 10,0 39 Cu/Cr (Efluente) 40 507 APÊNDICE G Material Ensaios 25 Metal Pb/Cu 26 27 Pb/Cd 28 29 Cd/Zn 30 31 Gelidium 32 W (cm min ) (ºC) (g) Saturação 4,1 20 10,5 0,894 16,1 Eluição 8,0 20 10,5 0,894 8,2 Saturação 4,0 20 10,0 0,899 16,5 Eluição 8,0 20 10,0 0,899 8,3 Saturação 4,0 20 10,0 0,899 16,5 Eluição 7,8 20 10,0 0,899 8,5 Saturação 4,1 20 10,6 0,893 16,0 Eluição 8,0 20 10,6 0,893 8,2 3 -1 ε (min) 33 Cu (Efluente) Saturação 4,0 20 10,5 0,894 16,4 34 (1ºCiclo) Eluição 8,0 20 10,5 0,894 8,2 35 Cu (Efluente) Saturação 4,0 20 10,5 0,894 16,4 36 (2ºCiclo) Eluição 8,0 20 10,5 0,894 8,2 37 Cu (Efluente) Saturação 4,1 20 10,5 0,894 16,4 38 (3ºCiclo) Eluição 8,0 20 10,5 0,894 8,2 Saturação 4,0 20 11,8 0,880 16,2 Eluição 8,0 20 11,8 0,880 8,1 39 40 508 Cu/Cr Q τ T Tipo Cu/Cr (Efluente) APÊNDICE G Material Ensaios Tipo Q 3 -1 (cm min ) pHSE pHCI pHCE CE / CCI -1 Cfinal (mg l ) (mg l-1) 41 Saturaçãoª 3,9 5,4 5,8 4,0 45,7 / 0 43,5 42 Eluiçãoª 8,0 0,89 4,0 0,89 0 / 40,8 13,8 43 Saturaçãob 3,9 5,3 5,0 3,7 46,8 / 0 41,2 44 Eluiçãob 8,0 0,89 3,7 0,89 0 / 41,2 13,2 Saturação 4,0 5,3 5,7 4,2 24,8 / 0 22,2 Eluição 8,0 0,89 3,6 0,89 0 / 22,2 0,25 47 Saturação* 4,0 5,6 5,5 4,3 25,1 / 0 23,1 48 Eluiçãoc 8,0 1,0 4,3 1,0 0 / 23,1 0,20 49 Saturação 4,0 5,1 5,7 3,9 24,8 / 0 22,5 50 Eluição 8,0 0,93 3,9 0,91 0 / 22,5 0,35 51 Saturação 2,0 5,2 6,1 4,0 47,6 / 0 40,0 52 Eluição 8,0 0,85 4,0 0,85 0 / 40,0 0,1 53 Saturaçãoª 3,9 5,2 5,4 4,0 44,6 / 0 37,8 54 Eluiçãoª 8,5 1,0 4,1 1,0 0 / 20,4 0,5 55 Saturaçãob 4,0 5,2 4,9 4,0 44,9 / 0 39,0 56 Eluiçãob 8,0 1,0 4,0 1,0 0 / 39,0 0,6 Saturaçãoª 8,0 5,3 5,6 4,2 48,9 / 0 46,5 58 Eluiçãoª 8,0 1,0 4,22 1,0 0/ 46,5 0,5 59 Saturaçãob 8,0 5,2 4,4 4,0 43,6 36,0 60 Saturação 8,0 4,0 4,1 3,8 49,3 / 0 44,0 61 Eluição 8,0 0,94 3,8 0,94 0 / 44,0 0,02 62 Saturação 8,0 3,0 3,0 3,0 48,1 / 0 47,0 63 Eluição 8,0 1,0 3,0 1,0 0/ 47,0 0,46 Saturação 4,0 5,3 5,3 4,6 45,2 / 0 41,3 Eluição 8,0 1,0 4,6 1,0 0 / 40,0 0,05 Saturação 4,1 5,2 5,2 4,7 46,5 / 0 44,0 Eluição 8,0 0,89 4,7 0,89 0 / 42,0 0,1 Saturação 4,0 5,1 5,4 4,2 45,5 / 0 41,9 Eluição 8,0 0,9 4,2 0,90 0 / 41,9 2,1 45 46 Grânulos Metal 57 64 65 66 67 68 69 Cu Pb Cd Zn Cr 509 APÊNDICE G Material Ensaios Q T W (cm min ) (ºC) (g) 3 -1 ε τ (min) Saturaçãoª 3,9 20 10,2 0.443 8,4 42 Eluiçãoª 8,0 20 10,2 0.443 4,1 43 Saturaçãob 3,9 20 10,2 0.443 8,4 44 Eluiçãob 8,0 20 10,2 0.443 4,1 Saturação 4,0 20 10,1 0,452 8,3 Eluição 8,0 20 10,1 0,452 4,2 47 Saturação* 4,0 20 8,0 0,565 10,4 48 Eluiçãoc 8,0 20 8,0 0,565 5,2 49 Saturação 4,0 35 8,7 0,527 9,7 50 Eluição 8,0 35 8,7 0,527 4,9 51 Saturação 2,0 20 8,9 0,513 18,9 52 Eluição 8,0 20 8,9 0,513 4,7 53 Saturaçãoª 3,9 20 9,2 0,498 9,4 54 Eluiçãoª 8,5 20 9,2 0,498 4,3 55 Saturaçãob 4,0 20 9,2 0,498 9,2 56 Eluiçãob 8,0 20 9,2 0,498 4,6 Saturaçãoª 8,0 20 10,6 0,422 3,9 58 Eluiçãoª 8,0 20 10,6 0,422 3,9 59 Saturaçãob 8,0 20 10,6 0,422 3,9 60 Saturação 8,0 20 9,3 0,495 4,6 61 Eluição 8,0 20 9,3 0,495 4,6 62 Saturação 8,0 20 8,1 0,558 5,1 63 Eluição 8,0 20 8,1 0,558 5,1 Saturação 4,0 20 9,2 0,497 9,1 Eluição 8,0 20 9,2 0,497 4,5 Saturação 4,1 20 9,3 0,493 8,9 Eluição 8,0 20 9,3 0,493 4,5 Saturação 4,0 20 9,6 0,478 8,8 Eluição 8,0 20 9,6 0,478 4,4 46 57 64 65 66 67 68 69 510 Tipo 41 45 Grânulos Metal Cu Pb Cd Zn Cr APÊNDICE G Material Ensaios Metal 65 Tipo Q 3 -1 (cm min ) pHSE pHCI pHCE Saturação 4,1 5,3 5,8 3,6 66 Eluição 8,0 0,67 3,6 0,67 67 Saturação 4,0 5,6 5,9 4,6 68 Eluição 8,0 0,76 4,7 0,76 69 Saturação 4,0 5,3 5,6 5,0 70 Eluição 8,0 0,73 5,0 0,73 71 Saturação 4,0 5,0 5,8 4,1 Eluição 7,8 0,72 4,1 0,72 Pb/Cu Pb/Cd Cd/Zn Grânulos Cu/Cr 72 CE / CCI -1 Cfinal (mg l ) (mg l-1) Cu – 48,0 / 0 Cu – 47,1 Pb – 50,0 / 0 Pb – 47,0 Cu – 0 / 47,1 Cu – 0,2 Pb – 0 / 47,0 Pb – 0,1 Cd – 49,8 / 0 Cd – 51,7 Pb – 51,0/ 0 Pb – 50,3 Cd – 44,5 / 0 Cd – 0,16 Pb – 38,9 / 0 Pb – 0,01 Cd– 46,2 / 0 Cd – 47,0 Zn – 48,4 / 0 Zn – 49,0 Cd – 0 / 43,6 Cd – < 0,01 Zn – 0 / 45,9 Zn – < 0,01 Cu – 49,1 / 0 Cu – 49,1 Cr – 48,0 / 0 Cr – 36,2 Cu – 0 / 49,6 Cu – 0,08 Cr – 0 / 49,8 Cr – 2,0 73 Cu (Efluente) Saturação 4,0 5,5 5,2 3,7 21,3 / 0 20,0 74 (1ºCiclo) Eluição 8,0 0,6 3,7 0,6 0 / 14,0 0,45 75 Cu (Efluente) Saturação 4,0 5,3 5,2 3,7 22,2 / 0 19,0 76 (2ºCiclo) Eluição 8,0 0,6 3,6 0,6 0 / 12,0 0,6 Saturação 4,0 5,0 5,8 4,0 Cu – 44,8 / 0 Cu – 32,6 Cr – 32,3 / 0 Cr – 19,0 Eluição 8,0 1,0 4,0 1,0 Cu – 0 / 32,0 Cu – 0,6 Cr – 0 / 18,0 Cr – 2,4 77 Cu/Cr (Efluente) 78 511 APÊNDICE G Material Ensaios 65 Metal Pb/Cu 66 67 Pb/Cd 68 69 Cd/Zn 70 Grânulos 71 Cu/Cr 72 Q τ T W (cm min ) (ºC) (g) Saturação 4,1 20 9,2 0,499 9,0 Eluição 8,0 20 9,2 0,499 4,6 Saturação 4,0 20 8,6 0,531 9,8 Eluição 8,0 20 8,6 0,531 4,9 Saturação 4,0 20 8,3 0,546 10,1 Eluição 8,0 20 8,3 0,546 5,0 Saturação 4,0 20 9,2 0,497 9,2 Eluição 7,8 20 9,2 0,497 4,7 Tipo 3 -1 ε (min) 73 Cu (Efluente) Saturação 4,0 20 8,6 0,533 9,8 74 (1ºCiclo) Eluição 8,0 20 8,6 0,533 4,9 75 Cu (Efluente) Saturação 4,0 20 8,6 0,533 9,8 76 (2ºCiclo) Eluição 8,0 20 8,6 0,533 4,9 Saturação 4,0 20 10,0 0,457 8,4 Eluição 8,0 20 10,0 0,457 4,2 77 78 Cu/Cr (Efluente) ª – 1ºCiclo; b – 2ºCiclo; * - FI = 0,1 M; pHSE – pH da solução de alimentação; pHCI – pH inicial na coluna; pHCE – pH de equilíbrio na coluna; CE - concentração de metal na solução de alimentação; CCI - concentração inicial de metal na coluna; Cfinal - concentração final de metal após a etapa de adsorção ou dessorção 512