XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 MARCOS POSSÍVEIS PARA RECONSTITUIR A HISTÓRIA DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR JULIA DE SOUZA VANDERLEI: A PRIMEIRA ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CORNÉLIO PROCÓPIO-PR. Adálcia Canedo da Silva Nogueira (PG UEL - CCHE-UENP/CJ) 1 Marlene R. Cainélli (UEL) 2 RESUMO A pesquisa pretende realizar o resgate da história institucional da Escola Normal Regional Julia de Souza Wanderlei localizado na cidade de Cornélio Procópio - PR. Trata-se de uma unidade educacional de formação docente, de natureza pública. Os estudos de recuperação documental e reconstituição histórica de instituições escolares, embora recentes, alcançaram densa produção e legitimada identidade epistemológica na tradição investigativa da história da educação brasileira. Busca-se manejar os instrumentais próprios da pesquisa histórica de abordagem qualitativa, que consistem precipuamente em levantar documentos oficiais e registros institucionais para contrapô-los aos sujeitos e temporalidades históricas e sociais diversas. Espera-se que a pesquisa produza uma sistematização documental e uma interpretação sócio-histórica referencial sobre a trajetória da escola na produção da pesquisa historiográfica no Paraná. Palavras-chave: História, história da educação, história das Instituições escolares. 1 INTRODUÇÃO A presente pesquisa filia-se aos estudos históricos no campo da Educação. Esta reflexão teve como pressuposto intencional a busca de elementos que dessem condições de efetuar a caracterização identitária de uma instituição escolar de ensino, numa ótica mais específica derivada da pesquisa de natureza histórica. Localiza-se nas áreas de configuração da história da educação visando efetuar o resgate de fontes e documentos que expressem 1 Pedagoga da Rede Pública do Estado do Paraná. Docente na Universidade Estadual do Paraná. Mestranda UEL. Aluna regular do Programa de Mestrado em Educação da UEL. Professora PDE. 2 Doutora em História (2003); Docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Orientadora do Programa de Mestrado em Educação da UEL. 412 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 sua construção histórica, a partir da compreensão da inserção da educação no processo histórico brasileiro e regional, conjuntura que fornecerá elementos para buscar entender o papel e identidade da dimensão da estrutura escolar e sua relevância na produção de um eventual ciclo de desenvolvimento social e as derivações dessa relação. O estudo situa-se na linha de pesquisa Perspectivas Filosófica, Histórica Política e Cultural da Educação institucionalmente localizada no programa de pós-graduação em educação da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Nesse programa a presente linha visa pesquisar os fundamentos filosóficos e as principais matrizes históricas da educação brasileira, tal como essas áreas vem se constituindo na pesquisa acadêmica em geral. Quanto à delimitação temporal, a pesquisa circunscreve-se ao período da criação da Escola Normal Regional, na década de 1940, e finaliza com a cessação oficial do Curso de Formação Docente na década de 1950 Visa analisar documentação escolar acervada e levantar fontes históricas que registrem as demandas e procedimentos para a organização e conseqüente registro historiográfico da instituição de ensino que constituí-se objeto de pesquisa e sua trajetória institucional em consonância com o projeto político educacional do Estado e do País. A Pesquisa em desenvolvimento propõe-se a investigação de um problema assim posto: Qual a relação entre a história documental da educação e a dimensão da história da educação que a sociedade legitima? Quais seriam as principais fontes históricas conservadas pelo Colégio? A que razões atribuem-se a manutenção documental e memorial de uma instituição escolar e quais seriam as causas de um estrutural interdito proibitório ou ausência de fontes e registros? Por força da escolha metodológica, pesquisa histórica com abordagem qualitativa, não se buscará separar de maneira estanque a história de suas determinações econômicas e políticas, ou ainda as diretrizes filosóficas que sustentaram as conquistas materiais e simbólicas efetuadas no processo social. Na amplitude da área de história da Educação a investigação limita-se a uma linha recentemente legitimada em nossa tradição de pesquisa denominada História das Instituições Escolares. Trata-se de um campo temático específico que tem como objetivo a investigação dos marcos histórico, documentos, representações sociais e materiais, de diferentes instituições e unidades educacionais logrando buscar decifrar suas contradições e possíveis identidades. 413 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 2 A História da educação, História das Instituições Escolares na Pesquisa Educacional: contextualização. A pesquisa em todas as áreas do conhecimento é uma empreitada complexa, pois o intento estrutural de toda investigação de natureza científica consiste em buscar superar as expressões e leituras superficiais, comuns e diretas, próprias do senso comum, para buscar aprofundar as leituras e interpretações dos complexos processos da realidade. Dessa forma, se buscará interpretar a realidade a partir da área própria da pesquisa em educação, conforme afirmação de Saviani (1998): [...] dada à historicidade do fenômeno educativo cujas origens coincidem com a origem do próprio homem, o debate historiográfico tem profundas implicações para a pesquisa educacional, vez que o significado da educação está intimamente entrelaçado ao significado da história (SAVIANI, 1998, p.11-12). Trata-se de buscar decifrar os sentidos expressos e as dimensões ocultas, as significações patentes e as interdições de diferentes naturezas, aquelas postas pela ideologia dominante, as lacunas da compreensão de globalidade, os esquecimentos e lapsos próprios do fenecimento de nossos sentidos e a intensa e vertiginosa transformação das coisas, pessoas e instituições. Tomaremos como referência a forma de pensamento e, conseqüentemente, de pesquisa histórica derivada dos marcos de Marx e Engels (1967), ao considerarmos que história é o resultado do que os homens produzem através de sua vida coletiva ou individual, baseados nos mais diversos interesses: A História não faz nada, não possui enorme riqueza, ela não participa de nenhuma luta. Quem faz tudo isso são os homens, quem participa das lutas é o homem como meio para realizar seus fins – como se tratasse de uma pessoa individual -, pois a história não é senão a atividade do homem que persegue seus objetivos (MARX E ENGELS, 1967, p.159) Na mesma direção, Dalarosa (1999) cita que a história, sendo produto da ação do homem, é um processo, e resulta das contradições das relações sociais que durante sua evolução, transformam suas características. 414 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 No entanto a história oficial, elaborada sistematizada de acordo com interesses governamentais, e assim ensinada nas instituições escolares, não possibilita uma rigorosa e apurada análise de contexto, ou desvelamento das condições da concretude social em cada momento histórico. Cabe então ao profissional da educação pensar que homem e que sociedade estaria formando ou simplesmente reproduzir essa abordagem da história sem questioná-la junto a seus educandos. Dalarosa (1999) afirma também que a função histórica da educação é a socialização e a formação do ser para a vida em sociedade e, partindo de sua reflexão, podemos questionar qual deva ser exatamente o papel da história da educação? História da educação tem a função e provocar esta reflexão, pois definir os fins educativos é definir ao mesmo tempo, a sociedade, a cultura, e o homem que se quer promover... O estudo da história deve possibilitar compreender as relações de poder e os mecanismos de exclusão que se produz em determinados contextos sociais, para poder alavancar mudanças que possibilitam a superação das condições de exclusão (DALAROSA,1999, p.47) No caso desta pesquisa, a imersão na Historia da Educação terá como foco a História da Instituição de Ensino com a intencionalidade de produzir um documento da História da unidade escolar que se constitui objeto da pesquisa e que foi mantida pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná, reunindo e arquivando os documentos que registram aspectos de sua história institucional estimulando o desenvolvimento da consciência histórica, a reflexão sobre o que se constituiriam em fontes no âmbito da Instituição escolar, e qual a importância político e social do registro historiográfico para a comunidade. Portanto, parte-se do pressuposto de se investigar as instituições escolares, não como uma demanda burocrática, mas como resgate do patrimônio local e perspectiva de intervenção e transformação na cotidianidade institucional, com base nas fontes históricas: No caso da história, evidentemente não se poderia falar em fontes naturais já que todas as fontes históricas, por definição, são construídas, isto é, são produções humanas [...] Além disso, é preciso considerar que, a rigor, a palavra fonte é usada em história com sentido analógico. As fontes estão na origem, constituem o ponto de partida, a base, o ponto de apoio da construção historiográfica que é a reconstrução, no plano do conhecimento, do objeto histórico estudado. Assim, as fontes históricas não são a fonte da história, ou seja, não é delas que brota e flui a história. Elas, enquanto registros, enquanto testemunhos dos atos históricos são a fonte do nosso 415 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 conhecimento histórico, isto é, é delas que brota, é nelas que se apóia o conhecimento que produzimos a respeito da história (Saviani, 2006, p. 29). Assim, procura-se compreender o processo histórico da criação da instituição escolar também como memória e consolidação de um projeto para a estruturação de uma cultura local. E supõe-se que, com esse desígnio, foi fundado o Curso de Formação de Professores da Escola Normal Regional Julia de Souza Vanderlei, e que fatores externos à escola são um dos grandes responsáveis pelas defasagens do ensino, tudo estando interligado, constituindo as alternâncias que estabelecem os direcionamentos da educação pública, inclusive autorização de funcionamento e cessação de Curso. Nessa proposta não se concebe o sentido de uma instituição ou unidade escolar sem vinculá-lo a uma trama de relações que se materializam em suas representações políticas e históricas. Isto quer dizer que cada vez mais novos objetos de pesquisa têm sido inseridos na historicidade da pesquisa em história da educação, e pode-se citar que tal forma de pesquisa abrange tanto a história das instituições escolares, quanto às linhas elucidativas das políticas educacionais, dos documentos institucionais, das disciplinas escolares, da cultura escolar, de métodos de ensino, da história de professores, de material didático, do padrão arquitetônico, do mobiliário, da concepção espacial, os documentos históricos, e das diretrizes pedagógicas e suas pressuposições políticas que guardam estreitas relações e se constituem hoje em fidedignas fontes históricas. A história da educação hoje não é mais apenas legislação e gestão, e esses novos objetos, em conseqüência ampliam consideravelmente o conceito de fontes, ou documentos relevantes ao trabalho do historiador da educação. Partindo da concepção de educação como uma prática social, uma atividade humana e histórica que se define nos múltiplos espaços da sociedade, na articulação com os interesses econômicos, políticos e culturais dos grupos ou classes sociais, decidiu-se estudar e analisar o contexto e a forma com que se vivenciou a história da Escola Normal Regional Julia Wanderlei da cidade de Cornélio Procópio PR, tomando-se por base a teorização de Sanfelice (1999) ao afirmar que: É fundamental estudar a história da educação, atentado-se para alguns pontos fundamentais no que se refere ao papel desempenhado pela educação nas diferentes organizações da sociedade: a relação entre Estado e sociedade civil, o papel do Estado e sua representatividade, o modelo educacional desenvolvido para os trabalhadores e o modelo desenvolvido para as elites e o ideal de homem cidadão. O estudo da história deve possibilitar compreender as relações de poder e os mecanismos de exclusão que se produz e reproduz 416 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 em determinados contextos sociais, para alavancar mudanças possibilitem a superação das condições sociais (SANFELICE. 1999, 47). que Nessa direção se buscará reconstruir algumas bases interpretativas e destacar as referências históricas e políticas já densamente analisadas para encetar nossa proposição, embora se reconheça que são poucos os estudos que se dedicam a essa temática e enfocam essa região. Esse intento decorre de nossa opção metodológica, na qual não se pode entender questão da educação separada da análise das contradições econômicas e políticas. Neste trabalho pretende-se contextualizar a ocupação econômica e a formação social do Norte Pioneiro do Paraná, referência histórica e geográfica fundamental para o entendimento da presente pesquisa e propõe-se a refletir a partir do que afirma SAVIANI (1998) sobre a relação entre a História e a Educação: [...] E no âmbito da investigação histórico-educativa essa implicação é duplamente reforçada do ponto de vista do objeto, em razão da determinação histórica que exerce sobre o fenômeno educativo, e do ponto de vista do enfoque, dado que pesquisar em história da educação é investigar o objeto educação sob a perspectiva histórica. (Saviani, 1998:11-12). Mediante essa conjectura definimos como tarefa primeira de nossa pesquisa a atividade de levantamento e seleção de fontes bibliográficas referenciais, de modo a consolidar a possível apropriação de um referencial teórico-metodológico consistente e específico da história e da história da educação, garimpando os elementos constituintes do que se define como uma tendência de investigação da "história das instituições escolares", pautando-nos pelos referenciais de LOMBARDI (2004), de SANFELICE (2006), NASCIMENTO (2007) SAVIANI (2007) e toda a produção especializada nessa temática do Grupo de Pesquisas denominado Histedbr3, com a dimensão de recorte regional, para reconhecimento dos marcos cronológico e das motivações ideológicas e políticas da organização de um sistema educacional no município de Cornélio Procópio, Norte do Paraná delimitado pela AMUNOP.4 3 Grupo de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação - sediado na Faculdade de Educação da UNICAMP – SP, tem articulado desde 1986 a participação de grupos de pesquisa da área de História da Educação em várias instituições de ensino superior, públicas e privadas do país. 4 AMUNOP - Há duas associações que disputam a representação dos interesses municipais da região: a primeira denominada AMUNORPI (Associação do Municípios do Norte Pioneiro) fundada em 1969 e a segunda chamada AMUNOP ( Associação dos Municípios do Norte do Paraná), fundada em 1996. Pretendemos tomar como base a segunda agremiação representativa. 417 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 Pretende-se, na realização do intento, buscar estas fontes nos arquivos no próprio Colégio, no Núcleo Regional de Ensino (NRE), levantar os registros das Atas da Câmara Municipal de Vereadores de Cornélio Procópio, como tarefa inicial. Não encontrando, deve-se buscá-las junto à Secretaria Estadual da Educação do Paraná. Para que se efetive a proposição se tomará como referencial de sustentação à o aporte da História com particular endosso da história da educação no que concerne a seleção dos documentos se constituam fontes e a partir dos quais se organize acervo que preserve a historia da instituição escolar. Trata-se, portanto do empenho em superar dificuldades teóricas como enuncia SAVIANI. Deve-se, porém, reconhecer que os investigadores-educadores especializados na história da educação tem feito um grande esforço de sanar lacunas teóricas, adquirindo competência no âmbito historiográfico capaz de estabelecer um diálogo [...] com os historiadores. E, ao menos no Brasil, cabe frisar que esse diálogo tem se dado por iniciativa os educadores, num movimento que vai dos historiadores da educação para os, digamos assim, “historiadores de ofício. (SAVIANI, p.12). Neste aspecto Catani (2007) propõe analisar percursos e desafios da pesquisa e do ensino de história e que tais diferenças próprias a um campo do conhecimento perfazem o nascimento de novos saberes. Sinaliza uma concepção de História como ciência que investiga, conhece e expõe as ações dos homens no passado, ações racionais por eles praticadas como sujeitos sociais, elementos da macro esfera com a qual interagem e não apenas relato factual sistemático. Sem abandonar o diálogo com as fontes, propõe intuir, argumentar e exercer desempenho crítico, entendendo que criticar exige competência, requer proficiência em muitos saberes e que para tanto o estudo, a pesquisa, a coleta de informações precisa ser ampla. É necessário, ainda segundo Catani (2007) buscar grande número de autores conceituados quanto à metodologia de pesquisa em história, aprofundando igualmente estudos sobre a análise qualitativa de textos, sem perder de vista o que já se conquistou na área e que merece ser preservado, rememorado e interpretado. Por meio das fontes espera-se delinear a identidade histórica da instituição expressando seu constructo histórico social, bem como sua caracterização da vida e realidade institucional, mas não se tem intenção, ou a pretensão de desvelar todos os elementos envolvidos na criação da referida escola. A pesquisa buscará evidenciar alguns 418 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 expostos, contudo, cabe salientar que descobrir ou revelar dados não significa um trabalho de coligir dados com uma visão de história estática, factual, freqüentemente parcial ou míope. A esse respeito Buffa e Nosella (1996), advertem para o seguinte: [...] é preciso dizer que tudo isso (fontes históricas, leituras, etc.) não é suficiente para se escrever uma história. Sem questões e hipóteses definidas, sem uma determinada orientação teórica, os dados empíricos amontoam-se confusamente e não revelam seu significado profundo (Buffa e Nosella 1996, p.115). Buffa (2002) considera que pesquisar uma instituição escolar é uma forma de estudar a filosofia e história da educação brasileira porque as instituições estão impregnadas de valores e as políticas educacionais deixam marcas na escola (Buffa. p. 25-27). Para que e efetive essa intenção pressupõe que só se interpreta a sociedade mediante um pressuposto teórico definido, pois entende-se que sem a opção por um caminho epistemológico seguro a seguir poderia se perder de foco o objeto a ser analisado. Trata-se aqui de buscar entender a educação na trama das relações sociais, superando as teorias não-críticas e as que se definem como crítico-reprodutivistas na célebre tipologia analítica proposta por SAVIANI (1980). Também o estudo da instituição escolar indica a contingência de superação de teorizações que se distanciam do chão da escola e os trabalhos emergiriam na concretude cotidiana, porque lá está inserido o pensamento educacional da sociedade que permeia a criação, autorização e funcionamento de respectiva instituição escolar. Esses autores propõem um tripé metodológico para o estudo da história das instituições: princípios teórico-metodológicos, categorias de análise e como trabalhar com as fontes de pesquisa que além de documentos, relatórios, livros de matrícula, programas das disciplinas e fotografias existentes na escola, também supõem consulta à legislação, aos jornais de época, à literatura pertinente e entrevistas com atuais ou ex-professores, diretores e alunos da escola. Entre os princípios teórico-metodológicos se destacam a relação entre trabalho e educação, estudar o particular (a instituição) como expressão do desenvolvimento geral isto é, descrever o particular, explicitando suas relações com o contexto econômico, político, social e cultura, dialeticamente relacionados. 419 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 Materializa-se nossa intenção na direção de buscar escrever uma história que não seja apenas factual nem descritiva, mas interpretar os fatos estudados em função de uma concepção filosófica. Quanto às categorias de análise, Buffa (2002) propõe: Investigar o processo de criação e de instalação da escola, a caracterização e a utilização do espaço físico (os elementos arquitetônicos do prédio, sua implantação no terreno, seu entorno e acabamento), o espaço de poder (diretoria, secretaria, sala dos professores), a seleção de conteúdos escolares, os professores, a legislação, as normas e a administração da escola. Estas categorias permitem traçar um retrato da escola com seus atores, aspectos de sua organização, seu cotidiano, seus rituais, sua cultura e seu significado para aquela sociedade (Buffa, 2002, p.27). Em face do contexto histórico e geográfico no qual se situa a instituição escolar Julia de Souza Wanderlei partiu-se da analise dos principais atos e documentos de oferta e estruturação do sistema educacional e suas especificidades durante o ciclo de colonização do Norte do Paraná, em específico na microrregião protagonizada pela liderança regional da cidade de Cornélio Procópio buscando decifrar as relações orgânicas entre economia e escolarização, analisando essa relação no Norte do Paraná com destaque para Cornélio Procópio e suas filiações e derivações. Após efetuar um levantamento de estudos escassos sobre a história da educação da microrregião da AMUNOP observamos que há pouco material produzido, e que, a tarefa de reconstituir a História das Instituições Escolares, especificamente a Escola Normal Regional Julia Wanderlei no município de Cornélio Procópio, seria uma tarefa árdua, visto que em dissertações de mestrado anteriores, efetuadas por pesquisadores e docentes da Universidade Estadual do Paraná – UENP, Campus de Cornélio Procópio esta instituição escolar inexiste ou é descurada, não se configura historicamente como primeira Escola de Formação Professores do município sendo deste modo denegada como instituição escolar e como fato histórico. As fontes históricas documentais sobre essa escola estão sendo garimpadas e as esparsas e raras documentações encontradas até o momento estão mantidas no arquivo inativo do Núcleo Regional de Cornélio Procópio, portanto, o registro histórico que se empreende terá que buscar outros meios e qualificar novas fontes, tais como as fontes orais, coletando relatos, dados e informações institucionais com pessoas que fizeram parte da comunidade escolar, como professores e como ex-alunas, para reconstituir esse universo. 420 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 Intentar uma pesquisa histórica exige recuperar o percurso, olhar para trás, sair de si mesmo, entender que a história é feita de homens construídos historicamente, que se movem, agem e se transformam, portanto, a história não está pronta e acabada, é viva e dinâmica. Os fatos históricos passados são determinantes, para alguns e condicionantes para outros, sobre as direções que esta história irá tomar, ela é necessária para entendermos a realidade, porque a história é a própria construção da realidade. De acordo com Nóvoa (1995): A contextualização social e política das instituições escolares, bem como a apropriação ad intra dos seus mecanismos de tomada de decisão e das suas relações de poder. As escolas constituem uma territorialidade espacial e cultural, onde se exprime o jogo dos actores educativos internos e externos; por isso, a sua análise só tem verdadeiro sentido se conseguir mobilizar todas as dimensões pessoais, simbólicas e políticas da vida escolar, não reduzindo o pensamento e a acção educativa a perspectivas técnicas, de gestão ou de eficácia stricto sensu (NÓVOA, 1995, p. 16). Esta pesquisa visa investigar a memória institucional e os sujeitos que contribuíram para sua concretização, recuperando fontes primárias que descrevam sua história revelando sujeitos que fizeram parte da sua história e portanto da história local, inserindo-a num contexto regional, procurando compreender como uma instituição é historicamente constituída, de modo a dar conta do engendramento social, político e econômico, de suas intenções até sua consolidação. Os cidadãos e cidadãs parecem não ter consciência histórica de suas próprias vidas e muito menos da História local, e por conseguinte parecem não entender o significado que a criação da escola engendra, da mobilização política social que envolve a criação/autorização de um Curso como uma contingência cultural e educacional do país . Sequer tem a noção dos embates que se travaram para que gerações possam ter acesso à educação formal, ao conhecimento elaborado e à liberdade de expressão, dessa forma nem sempre valorizam os bens que logram dispor, especialmente os bens culturais. Como historiador/asda educação não se pode ser mero reprodutor/a da história visto que através da história pode-se produzir a formação da consciência social e aqui menciona-se o aporte teórico de Gadotti (1982) na premissa de compreensão e socialização sobre a importância da leitura histórica enquanto possibilidade de desvelamento, de compreensão da realidade: 421 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 A leitura histórica ultrapassa o fixismo do sentido literal para nos introduzir em um trem em marcha que envolve um trem onde há pessoas que falam que fazem discursos, peritos que explicam o papel do condutor, como o trem corre sobe os trilhos, quantas pessoas podem viajar, , os seguros, etc.,um trem tem a sua história, um ponto de partida, um ponto de chegada, enfim, um trem que anda. Mas, tomar o trem, compreender o trem, explicá-lo não senão mais uma etapa do percurso. Para que o discurso nos atinja e torne possível outros trens, outros caminhos, outras possibilidades de ver as coisas, é preciso descer do trem e retomar todo discurso sobre o trem. A leitura histórica nos exige sair dela mesma e ir além, procurar as origens. Ela nos faz descer, ir olhar por baixo (GADOTTI, 1982, p. 49). Retrospectando a partir dessa premissa, para que se possa analisar as atuais formas de organização social, as instituições e as matrizes da cultura do norte pioneiro têm origem na formação econômica do Paraná que se efetua na transição do século XIX para o século XX, com a estrutural expansão da produção cafeeira e a agregação de ciclos produtivos derivados e incidentais, como a pecuária extensiva, a criação de porcos, as lavouras de milho, feijão e arroz em processo de minifúndio de subsistência. Em entrevista concedida o historiador Roberto Bondarick5 remete a uma economia à base de troca, produção artesanal e os produtos para a venda eram o suíno (sistema de safra) e o plantio de fumo que o porco não comia quando plantado no meio dos mangueirões. Vamos ter registros de produção para o mercado a partir da construção da ferrovia na década de 1930. A criação de porcos se dá entre a Serra da Esperança (Congonhinhas - Ribeirão do Pinhal - Nova Fátima - Abatiá - até o Rio Itararé). Tivemos ainda neste espaço geográfico a extração de madeira (a peroba, principalmente). Quanto à agricultura tivemos o plantio do café e de algodão. Insistiu-se na base do café até 1975 com o acontecimento da trágica Geada Negra de 18 de julho. As cidades se caracterizavam por prestação de serviços e comércio sempre voltado para o campo, inclusive com a venda a crédito (Pagar na colheita ou na safra). Neste contexto, o desenvolvimento de Cornélio Procópio se deu a partir da construção da “Ferrovia Sorocabana”, ou seja, as margens da Ferrovia São Paulo/Paraná Ferrovia e, portanto, as histórias da ferrovia e da colonização, o surgimento e organização e desenvolvimento da cidade se mesclam. 5 Mestre (2007), pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Ponta Grossa, Professor Titular da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Cornélio Procópio. Docente em História do Paraná e Formação Histórica Paranaense; 422 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 A construção da ferrovia teve inicio em 1920 foi um projeto de expansão capitalista de São Paulo em absorver a produção de café iniciada no Norte do Paraná e a posterior produção agrícola da região. Precipuamente o projeto visava que a ferrovia cumprisse o percurso de Guaíra até Assunção, capital do Paraguai. Um projeto oneroso e que carecia de altos investimentos que possibilitassem atravessar os sertões, além do que havia a necessidade de concessão do Governo Federal. Concessão obtida, o primeiro trecho construído da ferrovia ligando Ourinhos a Cambará atendia a interesses privados e por falta de capital a construção permaneceu estacionada na importante fazenda do líder do grupo econômico por um longo período. Empresários ingleses, atraídos pela prospecção de lucros, na desocupação e fertilidade das terras paranaenses compraram ações da “Sorocabana” e deram continuidade a sua construção que inauguraria uma Estação em Cornélio Procópio, em homenagem ao Coronel Cornélio Procópio de Araújo Carvalho. Neste momento histórico o povoado nascente, como em todo norte velho ou 6 pioneiro , era colonizado principalmente por habitantes de São Paulo e Minas Gerais e que eram detentores de capital e para cá convergiam atraídos pela fertilidade da terra para o plantio do café, atividade que, em conseqüências das fortes geadas, posteriormente, passou-se ao cultivo de algodão. Porém, os sertões do Norte pioneiro tiveram suas picadas abertas por muitas outras correntes migratórias, econômicas e sociais. Com a inauguração da estação ferroviária tornou-se rapidamente uma cidade, porém, ainda não emancipada, tendo dependência administrativa até 1938 da cidade de Bandeirantes e quando Cornélio Procópio contava com 62 anos, interesses locais mobilizaram uma comitiva que pleiteou politicamente a criação do Município. Esta se deu em 18 de janeiro de 1938 pelo decreto de nº.6.12 que simultaneamente elevava o povoado à categoria de comarca cuja implantação se deu em 15 de fevereiro daquele mesmo ano, vindo Cornélio Procópio a ser sede e comarca também de Jataizinho. Do ponto de vista de Bondarick7 o diferencial do desenvolvimento de Cornélio Procópio em relação a outras cidades do norte Pioneiro, e que a destaca no cenário regional, é ter assumido a identidade de ser sede de secretarias estaduais, de agências de prestação 6 Costuma-se classificar como Norte Velho ou Norte Pioneiro como convencionou-se chamar, o conjunto de cidades e lugarejos formados a partir do fim do século XIX, ocupado mais intensamente pelos ciclos colonizadores do extrativismo da madeira, da exploração do mate, da ocupação da pecuária e criação extensiva de suínos, até nuclear-se na economia regional do café, efetuada entre 1910 a 1940. 7 Entrevista concedida pelo Professor Roberto Bondarick em 05/05/2011. 423 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 serviços estaduais e federais, ter se tornado pólo educacional e universitário que atendem toda a região e por ter uma origem histórica e econômica de autonomia e influência. Em primeiro lugar, o povoado era ponto de pouso antes de se seguir viagem. Descanso para homens e animais. Além do que, era entroncamento de estradas, fornecia suprimentos para toda a região como alimentos, tecidos, querosene, etc. Posteriormente vieram residir na cidade quatrocentas (400) famílias dos ferroviários responsáveis para a manutenção da ferrovia. A maioria desses profissionais tinha pequena formação escolar e via a educação como forma de ascensão social, derivada dessa cultura trazida por esses habitantes se travam lutas conseqüentes e novas exigências de escolaridade. Eram assalariados do setor privado e configurava uma identidade de uma categoria profissional organizada em sindicato, o que atraiu comerciantes para Cornélio Procópio. Por fim, não se pode descartar o distanciamento sócio cultural da cidade de Jacarézinho, que era o pólo regional dominante também no campo político e religioso. E nesse contexto econômico, político e social, assim como em todo o Brasil, havia a carência para a formação de professores na educação básica. Como enuncia WEREBE (1994, p.32-33) desde o Período Imperial são fundadas as primeiras escolas normais, a primeira em Niterói, criada em 1835 e extinta em 1849; em Minas criada em 1835, instalada em 1840, fechada em 1852, criada novamente em 1859, foi reinstalada em 1860. Na Bahia, em 1836 é criada a Escola Normal que passou a funcionar em 1843; já em São Paulo foi aberta em 1846 fechada em 1867, e reaberta em 1875 e novamente extinta dois anos depois para funcionar definitivamente em 1880. Já no longínquo estado do Ceará, assim como os demais estados observaram-se a mesma instabilidade na criação e cessação de instituições escolares de formação de professores de séries iniciais. Em virtude desta realidade educacional, melancolicamente dizia, em 1867, o Presidente da Província do Paraná: Reconheço a necessidade de estabelecimento próprio de uma Escola para preparação dos professores à carreira do magistério, não só na província, como também no país, ponderava que essas escolas tinham que ser consideradas “plantas exóticas: nascem e morrem quase o mesmo dia... Porque será?” (RELATÓRIO,1867, p.3031. Apud Nascimento). E aqui gostaríamos de demonstrar que essa concepção de educação e sociedade pressupõe que em economias baseadas na produção de subsistência não há exigência estrutural ou necessidade de um sistema educacional universal, pois a escola acaba sendo 424 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 espaço reservado para alguns ilustrados, e quase sempre a educação é realizada em condições precárias e improvisadas. Trata-se do reconhecimento de uma intrínseca relação entre os interesses que movem as relações econômicas, e as especificas diretrizes que regem a escola, a sociedade e a cultura como derivação. Neste sentido, nosso pressuposto histórico contempla o pensamento de Gramsci (1987) de que as relações econômicas históricas sociais e da cultura engendram os diversos processos de formação de interesses do estado e da sociedade capitalista dos quais se originam a matriz da escola, e, portanto, de como a Escola Normal Regional Julia de Souza Wanderlei desenvolveu um projeto sócio educativo para as camadas sociais que dela dependiam. Valendo-se de Manacorda (1989) de que o econômico, o político e pedagógico são dimensões indissociáveis, e que a história da escola pública, desde sua gênese nas sociedades divididas em classes, surge como privilégio reservado aos jovens das classes mais abastados, considera-se necessário à observação e descrição da trajetória histórica da respectiva instituição escolar que teve sempre a tradição de curso profissionalizante, a priori de formação docente: foi criada como Normal Regional, foi cessada e posteriormente constitui-se outro Curso de formação docente. Nosso ponto de partida é o reconhecimento da dinâmica própria da prática social: como esta instituição escolar foi criada, como foi historicamente constituída, por quais interesses foi cessada, qual sua relação com a sociedade procopense e qual seu lastro para a população. Para se compreender melhor as finalidades e intenções da criação de uma instituição escolar, visto que isto pode significar a própria construção da identidade educacional de parcela da população, e se entender como se consolidou a formação de professores e de parcela da região do Norte do Pioneiro a investigação tem a finalidade de registrar e definir fontes da historiografia dessa primeira escola de formação de professores de Cornélio Procópio. Assim, com esse estudo da história institucional da Escola Normal Regional de formação docente, espera-se contribuir para que se faça uma crítica reflexiva frente aos fatos ocorridos na história da educação de Cornélio Procópio. Por fim, intenciona-se apresentar elementos para a compreensão do processo de formação econômica e produção social da identidade do norte do Paraná e dentro dela, as possíveis motivações e supostas contradições que marcaram a criação e efêmera vida institucional da Escola Normal Regional Julia Wanderlei de Cornélio Procópio aprofundando o 425 XI C ON GR ES SO D E ED U CAÇÃ O D O N OR T E PI O N EI R O Educar para a Emancipação: a Reorganização da Escola e do Espaço Pedagógico U EN P- CCH E- CL CA–C AM P U S J AC AR EZI N H O AN AI S – 2 0 1 1 I SSN – 1 8 08 - 3 5 7 9 significado institucional e as contradições, os registros e as lacunas historiográficas referentes a essa unidade escolar. 3 REFERÊNCIAS DALAROSA,Angelo, Anotações à questão: Para que estudar História da Educação? In: LOMBARDI, José Claudinei (org) Pesquisa em Educação: História, filosofia e temas transversais. Campinas, SP: Autores Associados:HSITEDBR, Caçador. SC: UnC, 1999. GADOTTI, Moacir. 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