UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 SUMÁRIO RESUMOS EXPANDIDOS CAPACIDADE REPRODUTIVA DE SPODOPTERA ERIDANIA CRAMER (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM DUAS CULTURAS DE ENTRESSAFRA DA SOJA Bruna Magda Favetti *, Alessandra Regina Butnariu, Luis Amilton Foerster_________________05 DIETA E BIOMETRIA DE HYPHESSOBRYCON SANTAE (CHARACIFORMES, CHARACIDAE) EM RIACHOS DE CABECEIRA Bruno Felipe Camera*, Tatiane Deoti Pelissari, Divina Sueide de Godoi, Lilian Rebecca Pereira, Eduardo Bessa________________________________________________________________10 ESPÉCIES PIONEIRAS E BIOMASSA AÉREA DA BORDA DE DOIS FRAGMENTOS FLORESTAIS URBANOS DE ALTA FLORESTA – MT Antônio Carlos Silveiro da Silva*, Wesley Vicente Claudino, Charles Caioni, Jessica Borges da Veiga, Ademilso Sampaio de Oliveira_______________________________________________17 MORFOLOGIA E MORFOMETRIA DE PASSIFLORA ALATA Lais Alves Lage*, Simone Santos de Oliveira Cobra, Daianny Correia Dias, Sabrina Aparecida Antoniazzi, Celice Alexandre Silva_________________________________________________22 AUTOECOLOGIA DE ASTYANAX MARIONAE (CHARACIFORMES, CHARACIDAE) EM RIACHOS DE CABECEIRA Bruno Felipe Camera*, Nayara Evellin, Lilian Rebecca da Silva, Divina Sueide de Godoy, Eduardo Bessa_______________________________________________________________________27 ETNOCONHECIMENTO DOS FEIRANTES DE TANGARÁ DA SERRA SOBRE PLANTAS MEDICINAIS Nadia Botini*, Higor Vendrame Ribeiro, Jessica Cocco, Amanda Fernanda Nunes, Auclar Felipe Botini_______________________________________________________________________32 OCORRÊNCIA DE EPÍFITAS E PARASITAS EM UMA ÁREA FLORESTAL DA FAZENDA TRÊS PALMEIRAS, MUNICÍPIO DE BARRA DO BUGRES – MATO GROSSO Nadia Botini*, Auclar Felipe Botini, Amanda Fernanda Nunes, Tassiana Andruchack de Azevedo, Talita Hevilla de Souza_________________________________________________________36 PRIMEIRO REGISTRO DE NEMATOIDES DO GÊNERO MELOIDOGYNE EM RAÍZES DE FICUS ADHATODIFOLIA (SCHOTT EX SPRENG. (MORACEAE) PROPAGADAS POR ESTACAS Marilza Machado*, Lin Chau Ming, Diones Krinski, Marlon Jocimar Rodrigues da Silva, Maria de Fátima Almeida Silva___________________________________________________________40 FAUNA DE ARTRÓPODES NA SERRAPILHEIRA DO BOSQUE MUNICIPAL ILTO FERREIRA COUTINHO NA CIDADE DE TANGARÁ DA SERRA, MATO GROSSO Auclar Felipe Botini *, Cleber Aparecido Barros, Bruna Magda Favetti, Talitha Hévilla de Souza, Nadia Botini___________________________________________________________________46 Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 ESTRUTURA HORIZONTAL DE UM SISTEMA AGROFLORESTAL E SEU POTENCIAL PARA FIXAÇÃO DE CARBONO NO MUNICIPIO DE ALTA FLORESTA – MT Antônio Carlos Silveiro da Silva*, Jessica Borges da Veiga, Charles Caioni, Ademilso Sampaio de Oliveira, Wesley Vicente Claudino_________________________________________________52 FATORES QUE FAVORECERAM A EXPANSÃO DA AGRICULTURA NA BACIA DO RIO DO SANGUE Jéssica Cocco*, Edinéia Aparecida dos Santos Galvanin, Rogerio Gonçalves Lacerda de Gouveia, Higor Vendrame Ribeiro_________________________________________________________59 DIVERSIDADE DE PEIXES NO RIO BENTO GOMES UTILIZANDO REDE DE ESPERA – PANTANAL, MATOGROSSENSE Auclar Felipe Botini, Cleber Aparecido Barros, Talitha Hevilla de Souza, Nadia Botini, Nelson Antunes de Moura______________________________________________________________66 DIETA DO ASTYANAX SP. NO CÓRREGO RUSSO, TANGARÁ DA SERRA-MT Auclar Felipe Botini, Nadia Botini, Talitha Hevilla de Souza, Tassiana Andruchak, Divina Sueide de Godoi_______________________________________________________________________73 DENSIDADE E OBSERVAÇÃO DE TRÊS COMPORTAMENTOS DE AVES ÀS MARGENS DO RIO BENTO GOMES, PANTANAL DE POCONÉ-MT Andréia Izabel Mikovski, Kaliane Zaira Camacho Maximiano da Cruz, Lidiane Miranda da Silva, Geyce Kelly Sales Santos Firmino, Nelson Antunes Moura_____________________________79 DIETA E BIOMETRIA DE HYPHESSOBRYCON EQUES (CHACARACIFORMES: CHARACIDAE) EM RIACHOS DE CABECEIRA Bruno Felipe Camera, Tatiane Deoti Pelissari, Nayara Evelin da Silva, Lilian Rebeccva Pereira da Silva, Eduardo Bessa___________________________________________________________86 INFLUÊNCIA DA LUZ NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FICUS ADHATODIFOLIA SCHOTT EX SPRENG. (MORACEAE) Machado, M. ; Ming, L. C. ; Krinski, Diones ; Souza, N. M. ; Silva, M. J. R__________________92 EFEITO DE ÓLEOS ESSENCIAIS DE INFLORESCÊNCIAS E FOLHAS DE PIPER GAUDICHAUDIANUM (PIPERACEAE) SOBRE OVOS DO PERCEVEJO TIBRACA LIMBATIVENTRIS (PENTATOMIDAE) Krinski, Diones ; Foerster, L. A____________________________________________________96 TRAPOERABA (COMMELINA BENGHALENSIS) E HORTELÃ-DO-CAMPO (MARSYPIANTHES CHAMAEDRYS): PLANTAS DANINHAS POTENCIAIS PARA UTILIZAÇÃO COMO SUBSTRATO NATURAL DE OVIPOSIÇÃO DO PERCEVEJO ASA PRETA (EDESSA MEDITABUNDA) Diones Krinski e Bruno Felipe Camera_____________________________________________103 EFEITO OVICIDA DO EXTRATO DE SEMENTES DA FRUTA-DO-CONDE, ANNONA MUCOSA (ANNONACEAE) SOBRE POSTURAS DA MARIPOSA DO TRIGO, PSEUDALETIA SEQUAX (NOCTUIDAE) Krinski, Diones ; Paixao, M. F. ; Mateus, M. A. F. ; Massaroli, A. ; Foerster, L. A.____________109 Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 2 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 SIMULANDO O ATAQUE DE INSETOS DESFOLHADORES EM CULTURA ARROZ DE TERRAS ALTAS CULTIVADO NO ESTADO DO PARÁ E SEU EFEITO NA PRODUÇÃO DE GRÃOS Krinski, Diones ; Foerster, L. A.__________________________________________________115 PRIMEIRO REGISTRO DE NEMATOIDES DO GÊNERO MELOIDOGYNE EM RAÍZES DE ESTACAS DE PROPAGAÇÃO DA FIGUEIRA, FICUS ADHATODIFOLIA (MORACEAE) Machado, M. ; Ming, L. C. ; Krinski, Diones ; Silva, M. J. R. ; Silva, M. F. A__________120 LEVANTAMENTO RÁPIDO DA FAUNA DE NYMPHALIDAE (INSECTA: LEPIDOPTERA) NO SUDOESTE DO PARÁ, BRASIL Bruno Felipe Camera e Diones Krinski______________________________________124 RESUMOS SIMPLES AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO VEGETAL DE TRÊS ESPÉCIES ARBÓREA NATIVAS DA REGIÃO SUDOESTE DO ESTADO DE MATO GROSSO Margarida Maria Da Silva Mota1, Leydyane Marizete Vieira da Silva, Fernanda Carla Sousa Silva, Edenir Maria Serigatto_________________________________________________________139 AVALIAÇÃO DA CURVATURA DO ESTILE E COMPRIMENTO DO ANDROGINÓFORO NUMA POPULAÇÃO DE MARACUJAZEIRO AZEDO EM TANGARÁ DA SERRA, MT Simone Santos de Oliveira Cobra*, Sabrina Antoniazzi, Daianny Correia Dias, Lais Lage, Celice Alexandre Silva_______________________________________________________________140 MORFOANATOMIA DA FOLHA E PECÍOLO DE CROTON URUCURANA BAILL (EUPHORBIACEAE) Camila Aparecida Antoniazzi*, Sabrina Aparecida Antoniazzi, Rogério Benedito da Silva Añez_141 USO DE ARMADILHA DE SUCÇÃO TIPO ASPIRADOR PARA COLETA DE ARTRÓPODES José Victor Alves Ferreira*, Fabrícia Bruna da Silva, Luana De Souza Medeiros, Bruna Magda Favetti______________________________________________________________________142 MOVIMENTO VERTICAL EM FITOPLANCTÔNICOS DA CACHOEIRA SALTO MACIEL, TANGARÁ DA SERRA/MT Tiago Nunes Farias *, Max Júnior Lima Portela, Alex César Sauer, Sarah Krause, Nelson Antunes de Moura____________________________________________________________________143 DESENVOLVIMENTO INICIAL DE TRÊS ESPÉCIES ARBÓREAS COM DIFERENTES TRATAMENTOS DE ADUBAÇÃO Eva Patricia Oliveira Porto*, Valeria Daiane Bonfante Domingos, Arieley Patricia Cordeiro Paiva, Edenir Maria Serigatto_________________________________________________________144 CONHECIMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS: RELATOS DE UM RAIZEIRO Sabrina Antoniazzi*, Daianny Correia Dias, Ingrid Estrazulas Pires, Rafaela Fernanda Lima, Patricia Campos______________________________________________________________145 Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 3 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 ESTUDO TAXONÔMICO DE SMILAX FLUMINENSIS STEUD. (SMILACACEAE) Sabrina Antoniazzi*, Daianny Correia Dias, Simone Santos de Oliveira Cobra, Lais Lage, Celice Alexandre Silva_______________________________________________________________146 LEPIDÓPTEROS COLETADOS NA CULTURA DO MILHETO NO SUDOESTE DE MATO GROSSO Bruna Magda Favetti *, Thais Lohaine Braga dos Santos, Alessandra Regina Butnariu, Alexandre Specht______________________________________________________________________147 CRESCIMENTO IN VITRO DE ENCYCLIA CAXIMBOENSIS (ORCHIDACEAE) COM ADIÇÃO DE CARVÃO ATIVADO E ÁCIDO GIBERÉLICO (GA3) Andréia Izabel Mikovski*, Kaliane Zaira Camacho Maximiano da Cruz, Jéssica Fernandes Duarte, Nadia Botini, Rodrigo Faria de Brrito______________________________________________148 Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 4 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 MEIO AMBIENTE RESUMOS EXPANDIDOS Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 5 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 CAPACIDADE REPRODUTIVA DE SPODOPTERA ERIDANIA CRAMER (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM DUAS CULTURAS DE ENTRESSAFRA DA SOJA Bruna Magda Favetti *, Alessandra Regina Butnariu, Luis Amilton Foerster * Universidade Estadual Paulista. [email protected] Palavras-chave: Polifagia, lagarta-da-vagem, manejo. 1. Introdução Spodoptera eridania (Cramer) (Lepidoptera: Noctuidae), conhecida como lagarta-davagem, possuía uma incidência esporádica associada à soja (Fundação MT, 2011). Com sua ocorrência em expansão e casos de surtos populacionais, tornou-se um problema crescente, passando a ser verificada também em outras culturas como o algodão (Santos et al., 2010). Entre as causas para estes surtos, em cultivos de soja, destaca-se a aplicação intensiva de produtos químicos de largo espectro, diminuindo a incidência de inimigos naturais, que controlavam naturalmente esta espécie mantendo-a em equilíbrio (Bavaresco et al., 2003; Habib et al., 1983). Outro fator que pode estar contribuindo para a dificuldade de manejo deste inseto, é a ampla oferta de plantas hospedeiras disponíveis ao longo do ano, em decorrência da sucessão ou rotação de culturas (Tomquelski e Maruyama, 2009). Por ser considerada uma desfolhadora polífaga (King e Saunders 1984; Nora e Reis-Filho 1988; Savoie, 1988; Sosa-Gómez et al., 1993; Picanço et al., 2003; Dias et al., 2009; Miranda, 2010), S. eridania, possuem maior sucesso no que diz respeito à permanência em áreas com alternância de culturas, quando comparada com insetos oligófagos e monófagos, pela disponibilidade contínua de alimento. Registros da permanência desta espécie no campo foram feitos por Santos et al., (2005), onde este inseto migrou de lavouras de soja no final do ciclo para abrigos constituídos por hospedeiros alternativos, como as plantas daninhas (corda-de-viola) e lavouras de algodão vizinhas às áreas de cultivo de soja, sendo utilizadas como refúgio e local de alimentação. Diante do aumento e frequência de surtos de infestação de S. eridania nos cultivos de soja, torna-se fundamental a realização de estudos para o conhecimento de como as plantas, utilizadas em um sistema de rotação de culturas, podem estar interferindo no ataque de S. eridania em plantios de soja, possibilitando assim que novas táticas de manejo possam ser implantadas para o controle desta espécie no campo. A partir disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de duas culturas de entressafra da soja, na capacidade reprodutiva de S. eridania em laboratório. 2. Material e métodos As mariposas utilizadas foram oriundas de lagartas alimentadas, quando larvas, com algodão (FMT 701) e girassol (Embrapa 122-V2000). Para cada tratamento, foram separados 15 casais de acordo com a data de emergência, em gaiolas de tubos de PVC (10 cm de diâmetro e 21.5 cm de altura). Essas gaiolas eram mantidas em sala climatizada à temperatura de 25 ± 2 Cº, cobertas na parte superior com tecido branco e fino do tipo “voil” e na parte inferior com uma placa Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 6 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 de Petri, revestidas internamente com folhas de papel sulfite como substrato de oviposição. Para alimentação dos adultos foi oferecida uma solução de mel a 10% colocada em frascos plásticos com algodão na parte inferior das gaiolas. As folhas de sulfite e o “voil” contendo posturas foram removidos diariamente, e as posturas acondicionadas em placas de petri (10 cm diâmetro) e mantidas em câmara climatizada (25±1ºC, umidade relativa de 70% e fotofase de 12h) até a eclosão das lagartas. Para avaliar o desempenho reprodutivo de S. eridania nos dois tratamentos (culturas), as variáveis biológicas aferidas foram: fecundidade (total), viabilidade dos ovos, duração da fase de ovo, pré-oviposição e oviposição. Para o registro da fecundidade e viabilidade dos ovos, as posturas foram retiradas diariamente e individualizadas em placas de petri até a eclosão das lagartas. A contagem dos ovos foi realizada com o auxílio de registro fotográfico, onde fotos de cada postura foram tiradas com o auxílio de uma câmera e um microscópio estereoscópico, e, posteriormente, transferidas para o computador, onde foi procedida a contagem dos ovos na tela. A viabilidade total dos ovos foi feita através do registro da eclosão das larvas, durante todo o período de oviposição. Os experimentos foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado e os resultados submetidos ao teste de normalidade de Shapiro Wilk (p>0.05). Os dados que não atingiram a normalidade foram submetidos ao teste de teste de Mann-Whitney (5%), e os demais, submetidos à ANOVA a 5%, e as médias comparadas pelo teste t de Student (5%). Os softwares utilizados foram o R Studio e Statistica 7.0. 3. Resultados Os períodos de pré-oviposição, oviposição e a fecundidade de larvas alimentadas com algodão e girassol não foram influenciados pelo alimento consumido na fase larval (Tabela 01). A viabilidade e duração da fase de ovo foram significativamente influenciadas pelo girassol, indicando uma interferência desta planta hospedeira nestes parâmetros (Tabela 01). Tabela 01. Aspectos reprodutivos de Spodoptera eridania mantidos quando larva em folhas de algodão e girassol. Culturas Duração (dias) Viabilidade (%) Fecundidadens Pré-oviposiçãons Oviposiçãons1 Ovo¹ Total Algodão 3,2 ± 0,5 b 2,1 ± 0,4 9,8 ± 1,5 58,7 ± 26,9 a 2417,6 ± 2351,9 Girassol 3,5 ± 0,3 a 2,3 ± 0,6 10,8 ± 2,0 31,1 ± 24,2 b 2776,7 ± 3222,1 U 38,0 110,5 - 46,0 124,0 t - - 1,5 - - p <0,05 >0,05 >0,05 <0,05 >0,05 Ovo¹ ¹Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferiram significativamente pelo teste de Mann Whitney (P<0.05). nsNão significativo de acordo com o teste de Mann Whitney a 5 % de probabilidade. ns¹Não significativo segundo o teste t de Student a 5%. Os ovos de S. eridania alimentada com folhas de algodão no período larval foram viáveis, com valores em torno de 60% do 1º ao 10º dia de oviposição (Figura 01). No girassol, os ovos Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 7 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 deste inseto, tiveram uma viabilidade próxima de 50% ao longo de toda a oviposição (Figura 01). Figura 01. Viabilidade dos ovos (%) durante o período de oviposição (dias) de Spodoptera eridania. Os maiores picos de fecundidade de S. eridania ocorreram no 2º, 3º e 4º dias no girassol, e no 3º, 4º e 5º dias no algodão, ocorrendo um decréscimo no número de ovos e larvas, em ambos os tratamentos, ao final da oviposição (Figura 02). Figura 02. Número total de ovos e larvas de Spodoptera eridania durante o período de oviposição, alimentada na fase larval com algodão (a) e girassol (b). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 8 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 4. Discussão A reprodução de S. eridania foi afetada apenas na viabilidade e duração da fase de ovo quando alimentada, na fase larval, com folhas de girassol. Existem vários fatores envolvidos no processo de reprodução dos insetos, no entanto, um dos mais importantes ocorre durante a fase larval, que é a aquisição de recursos nutricionais que serão destinados para manter o crescimento e/ou a reprodução destes animais (Milano et al., 2010). Os recursos energéticos presentes no alimento ingerido durante a fase larval contribuem no processo de vitelogênese e maturação de óvulos antes da emergência do adulto, fundamentais para um maior potencial reprodutivo dos insetos (Milano et al., 2010). Sendo assim, a possível interferência na viabilidade e duração da fase de ovo verificada na cultura do girassol pode ter ocorrido pela baixa qualidade do conteúdo nutritivo existente no ovo para o embrião de S. eridania, que, provavelmente, se deu a partir da baixa propriedade nutricional das folhas de girassol ingeridas pelas larvas (Vendramim e Guzzo, 2009). A partir disso, conclui-se que S. eridania, alimentada, quando larva, com algodão e girassol, possui um potencial reprodutivo, durante a fase adulta, favorável para o desenvolvimento desta espécie, apesar da redução que a cultura de girassol causou na viabilidade e duração da fase de ovo. Sendo assim, estes resultados contribuem para um melhor manejo de S. eridania durante o período da entressafra da soja. 5. Agradecimentos Os autores agradecem a CAPES pela concessão da bolsa de estudos, a UNEMAT e ao programa de pós-graduação em Zoologia da UFPR, pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho. 6. Referências bibliográficas Bavaresco A, Garcia MS, Grützmacher AD, Foresti J, Ringenberg R. 2003. Biologia comparada de Spodoptera cosmioides (Walk.) (Lepidoptera: Noctuidae) em cebola, mamona, soja e feijão. Ciência Rural, 33: 993-998. Dias NS, Micheletti SMFB, Tourinho LL, Rodrigues VM. 2009. Primeiro registro de ocorrência de Spodoptera spp. (Lepidoptera: Noctuidae) atacando crotalária no estado de Alagoas, Brasil. Revista Caatinga, 22: 01-03. Fundação MT. Boletim de pesquisa de soja, Mato Grosso, Brasil. 2011. Nº 15. Habib MEM, Paleari ML, Amaral MEC. 1983. Effect of three larval diets on the development of the armyworm, Spodoptera latifascia Walker, 1856 (Noctuidae: Lepidoptera). Revista Brasileira de Zoologia, 01: 177-182. King ABS e Saunders JL. 1984. The invertebrate pests of annual food crops in Central America. London: Overseas Development Administration, 166p. Milano P, Berti-Filho E, Parra JRP, Oda ML, Cônsoli FL. 2010. Efeito da Alimentação da Fase Adulta na Reprodução e Longevidade de Espécies de Noctuidae, Crambidae, Tortricidae e Elachistidae. Neotropical Entomology, 39: 172-180. Miranda JE. 2010. Manejo integrado de pragas do algodoeiro no Cerrado brasileiro. Campina Grande, Embrapa Algodão. 36 p. (Circular Técnica, 131). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 9 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Nora I e Reis-Filho W. 1988. Damage to apple (Malus domestica, Bork.) caused by Spodoptera spp. (Lepidoptera: Noctuidae). Acta Horticulturae, 232: 209-212. Picanço MC, Galvan TL, Galvão JCC, Silva EC, Gontijo LM. 2003. Intensidades de perdas, ataque de insetos-praga e incidência de inimigos naturais em cultivares de milho em cultivo de safrinha. Ciência e Agrotecnologia, 27: 339-347. Sosa-Gomez DR, Gazzoni LD, Corrêa-Ferreira B, Moscardi F. 1993. Pragas da soja e seu controle. In: Arantes NP e Souza PIM (Eds). Cultura da soja nos cerrados. Piracicaba: Potafós, p.299 - 331. Santos KB, Meneguim AM, Neves PMOJ. 2005. Biologia de Spodoptera eridania (Cramer) (Lepidoptera: Noctuidae) em diferentes hospedeiros. Neotropical Entomology, 34: 903-910. Santos KB, Meneguim AM, Santos WJ, Neves PMOJ, Santos RB. 2010. Caracterização dos danos de Spodoptera eridania (Cramer) e Spodoptera cosmioides (Walker) (Lepidoptera: Noctuidae) a Estruturas de Algodoeiro. Neotropical Entomology, 39: 626-631. Savoie KL. 1988. Selective feeding by species of Spodoptera (Lepidoptera: Noctuidae) in a bean field with minimum tillage. Turrialba 38: 67-70 Tomquelski GV e Maruyama LC. 2009. Em migração. Revista Cultivar, 117: 20-22. Vendramim JD e Guzzo EC. 2009. Resistência de plantas e a bioecologia e nutrição dos insetos. In: Panizzi AR, Parra JRP (Org.) Bioecologia e Nutrição de Insetos: base para o manejo integrado de pragas. Brasília: Embrapa, p.1055-1105. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 10 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 DIETA E BIOMETRIA DE HYPHESSOBRYCON SANTAE (CHARACIFORMES, CHARACIDAE) EM RIACHOS DE CABECEIRA Bruno Felipe Camera*, Tatiane Deoti Pelissari, Divina Sueide de Godoi, Lilian Rebecca Pereira, Eduardo Bessa * Universidade do Estado de Mato Grosso. Faculdade de Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. Tangará da Serra - MT. [email protected] Palavras-chave: Ecologia, Ecoturismo, Importância alimentar 1. Introdução Riachos de cabeceira são ambientes de pequeno volume e muito susceptíveis a diversos impactos (Casatti, 2010). A falta de estudos nestes ambientes torna urgente a realização de trabalhos voltados à biologia de seus peixes, como alimentação, reprodução, crescimento e dinâmica populacional, que muitas vezes são endêmicos destes ambientes (Braga, 2006). Uma das ameaças que pode afetar riachos é a prática de turismo desordenado. Em riachos de cabeceira já foram constatadas perdas de diversidade de espécies devido ao impacto dos turistas sobre a estrutura do habitat (Teresa et al., 2011a), de teias tróficas (Teresa et al., 2011b) e de comportamento (Bessa e Gonçalves-de-Freitas, no prelo). Além da presença dos turistas, a oferta de alimento também leva a impactos nos peixes de riachos usados para turismo (Sabino et al., 2005) e à perda de biodiversidade em ambientes de recife (Ilarrí et al., 2008). O turismo de natureza, apesar de ser uma alternativa de uso econômico de áreas naturais íntegras, precisa ser feito de maneira adequada para não causar, ele próprio, os impactos que pretende evitar. Outra ameaça é a exploração comercial dos organismos presentes nestes ambientes para utilização em aquarismo, o que pode facilmente levar à sobrexploração do recurso (Andrews, 1990). Um destes casos pode ser representado pelo gênero Hyphessobrycon, que é amplamente utilizado com finalidade ornamental, sendo 62 espécies legalizadas para tal finalidade no Brasil (IBAMA, 2004). Trabalhos existentes que tratam da espécie Hyphessobrycon santae se limitam a registros de ocorrência nas bacias hidrográficas do Rio São Francisco (Barbosa e Soares, 2009) e do Rio Paraguai (Britski et al., 2007). Por isso buscamos acrescentar informações sobre abundância, tamanho e dieta desta espécie em riachos de cabeceira na Bacia do Rio Paraguai, auxiliando para a melhor compreensão das características deste grupo e sua importância ecológica em áreas menos explorados. 2. Materiais e métodos Nossas coletas foram realizadas no município de Nobres, Mato Grosso (14º43’13” S; 56º19’39” W), um importante destino turístico na região. O turismo em Nobres subsiste de trilhas contemplativas e da observação de peixes em riachos integrantes da Bacia do Rio Paraguai. A vegetação nativa é do tipo Cerrado e o clima é classificado como AW com um inverno seco e verão chuvoso e quente (Camargo, 2011). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 11 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 As coletas ocorreram entre abril de 2009 e setembro de 2011, sempre durante a estação seca. Amostramos sete trechos de 30 m de riachos de cabeceira com auxílio de duas peneiras (90 x 70 cm, 2 mm de entre-nós), e de armadilhas do tipo covo (cinco armadilhas iscadas com farinha embebida em óleo de sardinha, isolada por uma tela, exposta), ambos durante 1 h. Fixamos os animais imediatamente após a coleta em formalina a 10% e os transferimos para etanol 70% após 72 h. A coleta e transporte dos animais foi autorizada pelo IBAMA (SISBIO 16482-1) e os espécimes testemunho foram depositados na coleção zoológica do Instituto de Biologia, Letras e Ciências Exatas (IBILCE) na UNESP de São José do Rio Preto, São Paulo. Medimos o comprimento padrão dos peixes com paquímetro digital (precisão 0,5 mm) e obtivemos a massa dos indivíduos em balança analítica de precisão (precisão 0,01 g). Todos os espécimes analisados (exceto o testemunho) estão depositados no Museu de Zoologia da Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Tangará da Serra, anexados aos itens referentes no Laboratório de Ecologia Comportamental da Reprodução. Analisamos as medidas do comprimento padrão por meio de histograma e a razão peso x comprimento padrão por meio de um gráfico de pontos. Calculamos o coeficiente intestinal conforme proposto por Fugi e Hahn (1991) e o fator de condição conforme proposto por Vazzoler (1996). Retiramos o trato digestivo através de incisão ventral longitudinal e o medimos. Após isso, identificamos o conteúdo estomacal em categorias ecológicas e medimos o volume dos itens. Quantificamos a dieta por meio da Importância Alimentar do Item (IAi) conforme proposto por Kawakami & Vazzoler (1980), onde a frequência e o volume dos itens são levados em consideração. 3. Resultados Coletamos 72 espécimes de Hyphessobrycon santae, compondo 4,6% da diversidade de peixes dos riachos estudados. Medimos 29 espécimes, que apresentaram tamanho médio de 21,04 ± 4,44 mm (Média ± Desvio Padrão; Figura 1), pesaram 0,17 ± 0,10 g (Figura 2) e o trato digestivo de 16,63 ± 6,13 mm. H. santae tem fator de condição 1,626 ± 3,061 e coeficiente intestinal de 0,80 ± 0,26. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 12 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 1 – Distribuição das categorias de comprimento padrão (mm) de Hyphessobrycon santae. Figura 2 – Regressão linear da relação peso x comprimento acompanhada da equação da reta e sua validade (R²). Dissecamos 19 espécimes para análise da dieta. Um indivíduo não apresentou conteúdo estomacal. Nos demais (18 indivíduos) identificamos quatro itens alimentares, sendo que insetos alóctones apresentaram maior representatividade na dieta (IAi = 0,52) aparecendo em 36% dos indivíduos e somando 44% do volume total dos itens, seguido por insetos autóctones (IAi = 0,38), restos de artrópodes não identificados (IAi = 0,05) e material vegetal (IAi = 0,04) (Figura 3). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 13 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 3 – Importância alimentar dos itens ingeridos por Hyphessobrycon santae. 4. Discussão Adultos de Hyphessobrycon santae podem medir até 60 mm (Britski et al., 2007). Em nossa amostra os animais tiveram tamanho médio de 21 mm, sugerindo que riachos de cabeceira podem servir como berçário para esta espécie. A relação peso-comprimento é usada para descrever o crescimento dos peixes, sem considerar a idade do mesmo (Gomiero et al., 2010). Ela pode ser usada como um indicador do bem-estar do animal, visto que peso e o comprimento são parâmetros influenciados principalmente pela disponibilidade de alimento, período reprodutivo e fatores abióticos (Satake et al., 2009), para estimar o peso do peixe quando o seu comprimento é conhecido e vice-versa (Tavares-Dias et al., 2010) e ainda para indicar investimentos energéticos para crescimento e/ou reprodução (Santos et al., 2004). Tanto a inclinação da reta de regressão da relação pesocomprimento quanto o fator de condição indicam que H. santae tem crescimento alométrico positivo (b>3), encontrando maior suficiência nutricional durante o período de maturação, indicando bem-estar na população (Gomiero e Braga, 2003). O gênero Hyphessobrycon apresenta um grande espectro alimentar. Existem espécies onívoras (Hyphessobrycon griemi), alguívoras/detritívoras (H. elachys, H. luetkenii e H. meridionalis) e comedores de invertebrados (H. anisitsi, H. eques, H. igneus e H. wajat) (Barreto e Aranha, 2006, Soneira et al.,2006). Inexistem dados sobre a dieta de H. santae na principal rede de informações sobre peixes (Froese e Pauli, 2014). Adaptada para o consumo de um determinado item, ou conjunto deles (Moraes et al., 1997), o comprimento do intestino relaciona-se diretamente com seus hábitos alimentares (Gatz, 1979, Seixas Filho et al., 2000). Frente a isto, a plasticidade na dieta dos peixes obedece a limites pré-estabelecidos pela forma de seu tubo digestivo. Fugi e Hahn (1991) o interpretaram de forma Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 14 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 matemática, o coeficiente intestinal. Assim sendo, este coeficiente nos indica que Hyphessobrycon santae é uma espécie predadora de invertebrados. No entanto, este resultado discorda daquele obtido pela análise da dieta. Segundo o conteúdo estomacal H. santae é um onívoro, atuando como consumidor primário que ingere algas, ou secundário, capturando pequenos animais autóctones. Esta espécie compôs 4,6% da diversidade ictiológica dos riachos amostrados e atua no fluxo de matéria e energia dentro do sistema aquático, o que demonstra sua importância ecológica nestes riachos. Hyphessobrycon santae também integra a cadeia trófica como presa de outros peixes e adicionam matéria e energia ao sistema lótico ao se alimentar de itens de origem alóctone. Concluímos que H. santae é um importante integrante dos riachos de cabeceira em Nobres, cuja frequente avaliação do estado de conservação é primordial para a manutenção desse ecossistema tão ameaçado. 5. Agradecimentos Agradecemos a prof. Msc. Lilian Rebecca Pereira pelo auxílio na identificação do conteúdo estomacal. Também agradecemos a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) pelo auxílio financeiro (Processo 002.191/2007). 6. Referências Bibliográficas Andrews C. 1990. The ornamental fish trade and fish conservation. Journal of Fish Biology. 37 (Suppl. A), 53–59. Barbosa JM Soares EC. 2009. Perfil da ictiofauna da bacia do São Frascisco: estudo preliminar. Revista Brasileira de Engenharia de Pesca 4: 155-172. Barreto AP e Aranha JMR. 2006. Alimentação de quatro espécies de Characiformes de um riacho da Floresta Atlântica, Guaraqueçaba, Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia 23: 779788. Bessa E e Gonçalves-de-Freitas E. no prelo. Monitored tourism conserves territorial fish. Journal of Tourism Management. Braga FMS. 2006. Aspectos da reprodução no gênero Characidium Reinhardt, 1867 (Crenuchidae, Characidiinae), na microbacia do Ribeirão Grande, serra da Mantiqueira, sudeste do Brasil. Acta Scientiarum. Biological Sciences, 28: 365-371. Britski HA Silimon KZS e Lopes BS. 2007. Peixes do Pantanal: manual de identificação, 2 ed. Brasília, DF: Embrapa. 227 p. Camargo L. 2011. Atlas de Mato Grosso: abordagem socioeconômico-ecológica. Cuiabá, MT : Entrelinhas. 96 p. Casatti L. 2010. Alterações no Código Florestal Brasileiro: impactos potenciais sobre a ictiofauna. Biota Neotropica, 10: 31-34. Froese R e Pauly D. 2014. FishBase. World www.fishbase.org. Acesso em 12 abril de 2014. Wide Web electronic publication. Fugi R e Hahn NS. 1991. Espectro alimentar e relações morfológicas com o aparelho digestivo de três espécies de peixes comedores de fundo do rio Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Biologia, 51: 873-879. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 15 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Gatz Jr AJ. 1979. Ecological morphology of freshwater stream fishes. Tulane studies in zoology and botany, 21: 91-124. Gomiero LM Villares Jr GA Braga FMS. 2010. Relação peso-comprimento e fator de condição de Oligosarcus hepsetus (Cuvier, 1829) no Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo Santa Virgínia, Mata Atlântica, estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica, 10: 101-105. IBAMA. 2004. Listas de espécies de peixes permitidas - Águas Continentais. http://www.ibama.gov.br/areas-tematicas-recursos-pesqueiros/listas-de-especies-de-peixespermitidas-aguas-continentais. Acesso em 24 de março de 2014. Ilarrí MI Souza AT Medeiros PR Grempel RG Rosa IML. 2008. Effects of tourist visitation and supplementary feeding on fish assemblage composition on a tropical reef in the Southwestern Atlantic. Neotropical Ichthyology, 6: 651-656. Kawakami E e Vazzoler G. 1980. Método gráfico e estimativa de índice alimentar aplicado no estudo de alimentação de peixes. Boletins do Instituto Oceanográfico 29: 205-207. Lima FCT Malabarba LR Buckup PA Silva JFP, Vari RP Harold A Benine R, Oyakawa OT, Pavanelli CS Menezes NA Lucena CAS Malabarba MCSL Lucena ZMS Reis RE Langeani F Moreira C et al. 2003. Genera Incertae Sedis in Characidae. In Reis RE Kullander SO e Ferraris Jr. CJ (eds.). Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America. Porto Alegre: EDIPUCRS, p. 106-168. Moraes MFPG Barbola IF Guedes EAC. 1997. Alimentação e relações morfológicas com o aparelho digestivo do "Curimbatá", Prochilodus lineatus (Valenciennes) (Osteichthyes, Prochilodontidae), de uma lagoa do sul do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 14: 169-180. Sabino J Medina Jr PB Andrade LP. 2005. Piraputangas obesas e visitantes mal-comportados: a pressão da visitação pública sobre Brycon hilarii no Balneário Municipal de Bonito, Mato Grosso do Sul, Brasil. In: IV ENPIC - Encontro Nacional de Inovação para o Homem do Século XXI, Campo Grande: Editora da UNIDERP, 1: 321-332. Santos ALB Pessanha ALM Costa MR Araújo FG. 2004. Relação peso-comprimento de Orthopristis ruber (Cuvier) (Teleostei, Haemulidae) na baía de Sepetiba, Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 21: 185-187. Satake F Ishiawa MM Hisano H Pádua SB Tavares-Dias MT. 2009. Relação peso-comprimento, fator de condição e parâmetros hematológicos de Dourado Salminus brasiliensis cultivado em condições experimentais. EMBRAPA: Boletim de pesquisa e desenvolvimento 51. 22p. Seixas Filho JT Brás JM Gomide ATM Oliveira MGA Donzele JL Menin E. 2000. Anatomia Funcional e Morfometria dos Intestinos e dos Cecos Pilóricos do Teleostei (Pisces) de Água Doce Brycon orbignyanus (Valenciennes, 1849). Revista Brasileira de Zootecnia, 29: 313-324. Soneira PA Ruíz Díaz FJ Bechara JA Alimirón A Casciotta JR. 2006. Hábitos tróficos de las especies del genero Hyphessobrycon (Characidae) en los Esteros del Iberá . Comunicaciones Cientpificas y Tecnológicas, Universidad Nacional Del Nordeste, Argentina. 4 p. Tavares-Dias M Araújo CSO Gomes ALS e Andrade SMS. 2010. Relação peso-comprimento e fator de condição relativo (Kn) do pirarucu Arapaima gigas Schinz, 1822 (Arapaimidae) em cultivo semi-intensivo no estado do Amazonas, Brasil. Revista Brasileira de Zoociências, 12: 59-65. Teresa FB Romero RM Casatti L Sabino J. 2011a. Fish as indicators of disturbance in streams used for snorkeling activities in a tourist region. Environmental Management, 47: 960-968. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 16 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Teresa FB Romero RM Casatti L Sabino J. 2011b. Habitat simplification affects nuclear-follower foraging association among stream fishes. Neotropical Ichthyology, 9: 121-126. Vazzoler AEAM. 1996. Biologia da Reprodução de Teleósteos: Teoria e Prática. Maringá, Brazil: Eduem. 169 p. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 17 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 ESPÉCIES PIONEIRAS E BIOMASSA AÉREA DA BORDA DE DOIS FRAGMENTOS FLORESTAIS URBANOS DE ALTA FLORESTA – MT Antônio Carlos Silveiro da Silva*, Wesley Vicente Claudino, Charles Caioni, Jessica Borges da Veiga, Ademilso Sampaio de Oliveira * Universidade do Estado de Mato Grosso. Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos, Alta Floresta - MT. [email protected] Palavras-chave: Efeito de borda, Biomassa florestal, Fragmentação. 1. Introdução A floresta amazônica apresenta alta diversidade biológica, porém o desmatamento, e a urbanização de suas áreas de floresta intacta, são uma grande ameaça a sua sobrevivência. Para Tabarelli e Gascon (2005) a fragmentação de habitats representa os primeiros passos de uma ampla modificação das paisagens naturais, inserindo fragmentos em paisagens não florestais, Nunes et al (2003) cita que os fragmentos florestais estão mais susceptíveis a ações antrópicas e ao efeito de borda. Com o desmatamento e a fragmentação, grandes quantidades de Dióxido de Carbono (CO2) deixam de ser incorporadas pelas plantas e são liberadas para a atmosfera, Dias Filho et al. (2001) demonstra que a conversão de floresta amazônica em pastagens pode emitir para atmosfera cerca de 100 a 200 t ha-1 de C, em função do processo de desmatamento e queima da biomassa aérea, nesse contexto a biomassa florestal é cada vez mais importante e vem sendo massivamente estudada em diversos trabalhos (Nelson et al., 1999; Chambers et al., 2001; Higuchi et al., 2004) Com base nos pressupostos, o presente estudo tem por objetivo avaliar o efeito de borda através da ocorrência de espécies pioneiras e a biomassa florestal de dois fragmentos florestais urbanos do munícipio de Alta Floresta – MT. 2. Material e Métodos O estudo foi desenvolvido no perímetro urbano do município de Alta Floresta-MT localizada à 800 km ao norte de Cuiabá-MT, ligados pelas rodovias BR 163, e MT 208, A região de Alta Floresta apresenta clima tropical quente úmido, com temperaturas médias elevadas (23 e 26°C) durante o ano, com máximas diárias de 34 a 37°C. Não raramente, registram-se temperaturas próximas de 40°C (IBGE, 1998). Alta Floresta apresenta solo predominantemente Argilossolos Vermelho-Amarelo Distrófico, ocorrendo, como subdominante na maioria das manchas, latossolo vermelho-amarelo e latossolo amarelo (IBGE, 1999). O município está situado em uma área de tensão ecológica, com manchas de cerrado em contato com floresta amazônica. Para a analise de efeito de borda foram alocadas quatro unidades amostrais, sendo duas no fragmento florestal A, localizado nas coordenadas 09º52’51,16”, 56º05’58,84” e duas parcelas no fragmento B, 09º52’34,04”, 56º03’54,45”. As parcelas foram implantadas perpendicularmente a borda dos fragmentos escolhidas aleatoriamente, cada parcela possui 10 m X 100 m, demarcados Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 18 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 com barbante, foram amostrados todos os indivíduos com CAP superior a 15,7 cm para posterior transformação em DAP pela Razão DAP= CAP/π, as alturas foram estimadas com auxilio de vareta graduada com 3 m, para a análise de espécies pioneiras foram escolhidas as espécies Schizolobium amazonicum Ducke, espécies do gênero Cecropia spp. e a espécie Apeiba echinata Gaertn, todas espécies heliófitas, exigentes de luz características de ambiente de borda (Carvalho, 2007; Salomão et al., 1995; Lorenzi 2000) As espécies foram identificadas in loco, com o auxilio de bibliografias especificas. A estimativa de biomassa florestal seguiu a metodologia da amostragem clássica não destrutiva, sendo utilizada apenas a variável DAP, seguindo a metodologia proposta por Arevalo et al. (2002), utilizando-se a equação alométrica para os indivíduos vivos (em Mg.ha-1): BA = 0,1184 DAP^2,53*0,1. Onde BA= biomassa aérea, DAP= diâmetro do fuste e 0,1 = fator de conversão para unidade amostral com dimensão de 100 m2. Os dados foram tabulados no software Microsoft Excel 2010, sendo analisada a representatividade das espécies pioneiras ao longo das unidades amostrais, a frequência relativa e a densidade relativa das espécies selecionadas. 3. Resultados e Discussão Foram amostrados 521 indivíduos (Tabela 1), destes 5 Schizolobium amazonicum, 5 Apeiba echinata, e 49 Cecropia spp. totalizando 59 indivíduos. As espécies pertencentes ao gênero Cecropia, representam 83% das espécies pioneiras selecionadas, em estudo realizado por Figueiredo et al. (2000), o gênero representa 59,81% da dominância relativa e 130,4% do IVI para a borda de uma floresta secundária com 15 anos de sucessão. Tabela 1. Biomassa aérea, número de indivíduos, número e representatividade de espécies pioneiras nos fragmentos florestais estudados. Biomassa Biomassa Nº Nº Tratamento % Pioneiras (Mg-1) média (Mg-1) indivíduos Pioneiras T1 19,46 0,39 50 13 26,00 T2 45,68 0,85 54 7 12,96 T3 26,72 0,83 32 2 6,25 T4* 18,22 0,36 51 5 9,80 T5 20,16 0,53 38 4 10,53 T6 21,20 0,39 55 2 3,64 T7 18,39 0,30 61 4 6,56 T8* 22,74 0,36 63 10 15,87 T9* 9,91 0,17 58 6 10,34 T10* 18,79 0,32 58 6 10,34 *Ocorrência de clareiras próximas a uma das unidades amostrais. A amostragem de espécies pioneiras variou de 2 a 13 indivíduos por tratamento (Tabela 1), no geral 11,32% dos indivíduos amostrados pertencem ao grupo escolhido para amostragem de espécies pioneiras. Para Nascimento e Laurance (2006) o tamanho do fragmento é um dos fatores que influenciam a ocorrência de espécies pioneiras. O T1 apresentou maior representatividade amostrada no levantamento, 26% do total, seguido do tratamento T8, (15,87%) ambos os tratamentos apresentaram grande incidência de luminosidade, o T1 pelo fato do contato direto da borda do fragmento com a matriz, e o T8 pela ocorrência de clareiras, os dados Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 19 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 corroboram com Rigueira et al (2012), que associou a maior ocorrência de espécies heliófitas com a incidência de luminosidade no interior de ambientes florestais. A biomassa variou 35 Mg-1 entre os tratamentos, sendo T2 com a maior biomassa e T9 com a menor, apesar da variação na biomassa os tratamentos não tiveram grande variação no número de indivíduos, porém houve variação na média de diâmetro dos indivíduos de 15,38 cm para o T2, e 9,8 cm para o T9. A grande maioria dos indivíduos possuem um menor diâmetro (Figura 1). Segundo Finol (1969), a distribuição diamétrica da floresta, dá uma ideia precisa de como as diferentes espécies estão representadas na floresta, segundo classes diamétricas. Figura 1. Número de indivíduos e biomassa aérea em relação ao diâmetro obtido nos fragmentos florestais analisados. A predominância de espécies nas classes de menor diâmetro aos fragmentos florestais revelam que apesar de um ambiente perturbado possuem potencial de regeneração. Lamprecht (1962) afirmou que uma distribuição diamétrica regular (maior número de indivíduos nas classes inferiores) é a maior garantia para a existência e sobrevivência das espécies e, ao contrário, quando ocorre uma estrutura diamétrica irregular, as espécies tenderão a desaparecer com o tempo. A distribuição de biomassa foi inversamente proporcional às classes de diâmetro, apesar de as menores classes de diâmetro apresentarem maior número de indivíduos a maioria da biomassa está concentrada nos indivíduos de grande porte, escassos em ambientes de borda. Geralmente, florestas maduras apresentam maior densidade de árvores mais grossas, enquanto aquelas em estádios iniciais de regeneração formam grandes adensamentos de árvores finas (Uhl & Murphy 1981; Parthasarathy 1999). De forma geral a incidência de espécies pioneiras está relacionada diretamente a incidência de luminosidade na floresta. Onde a maioria dos indivíduos apresentou menor DAP, conferindo potencial de regeneração aos fragmentos estudados, e a biomassa aérea sendo incorporada nos indivíduos com maior diâmetro. 4. Referências Bibliográficas Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 20 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Arevalo LA; Alegre JC e Vilcahuaman LM. 2002. Metodologia para estimar estoque de carbono em diferentes sistemas de uso da terra. Embrapa Florestas, 73. Carvalho PER. 2007. Paricá Schizolobium amazonicum. Colombo, 142: 1-8. Chambers JQ et al. 2001. Tree damage, allometric relationships, and above ground net primary production in central Amazon forest. Forest Ecology and Management, 152: 73-84 Dias-Filho MB; Davidson EA e Carvalho CJR. 2001. Linking biogeochemical cycles to cattle pasture management and sustainability in the Amazon Basin. In: Mcclain ME; Victoria RL e Richey JE (eds). The biogeochemistry of the Amazon Basin. New York, Oxford University Press, p.84-105. Figueiredo EO; Pereira NWV e Wadt LHO. 2000. Avaliação da composição estrutural e biomassa viva acima do solo, em florestas sob efeito da fragmentação na Amazônia Ocidental. Boletim de Pesquisa, 26:06-28. Finol UH. 1969. Possibilidades de Manejo Silvicultural para Ias reservas Forestales de Ia Region Occidental. Rev. For. Venez, 12: 81-107. Higuchi N et al. 2004. Dinâmica e balanço do carbono da vegetação primária da Amazônia Central. Floresta, 34:295-304. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1998. http://www.ibge.gov.br Acesso em 13 abril. 2014. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1999. http://www.ibge.gov.br Acesso em 13 abril. 2014. Lamprecht H. 1962. Ensayo sobre unos métodos para el Análisis Estructural de los bosques tropicales. Acta Científica Venezolana, 3:57-65. Lorenzi H. 2000. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3 ed. Nova Odessa, Instituto Plantarum. Nacimento HEM e Laurence WF. 2006. Efeitos de área e de borda sobre a estrutura florestal em fragmentos de floresta de terra-firme após 13-17 anos de isolamento. Acta Amazonica, 36:183192. Nelson BW et al. 1999. Allometric regresions for improved estimate of seondary forest biomass in the central Amazon. Forest Ecology and Management, 117:149-167. Nunes YRF et al. 2003. Variações da fisionomia, diversidade e composição de guildas da comunidade arbórea em um fragmento de floresta semidecidual em Lavras, MG. Acta Bot. Bras, 17: 213-229. Parthasarathy N. 1999. Tree diversity and distribution in undisturbed and human-impacted sites of tropical wet evergreen forest in southern Western Ghats, India. Biodiversity and Conservation, 8:1365-1381. Rigueira DMG et al. 2012. Influência da distância da borda e do adensamento foliar sobre a abundância de plantas pioneiras em um fragmento de floresta tropical submontana na Estação Ecológica de Wenceslau Guimarães (Bahia, Brasil). Acta Botanica Brasilica, 26: 197-202. Salomão RP et al. 1995. Estrutura diamétrica e breve caracterização ecologíca econômica de 108 espécies arbóreas da floresta amazônica brasileira – i. Interciência. 20: 20-29. http://www.interciencia.org.ve. Acesso em: 22 Abr. 2014. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 21 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Tabarelli M e Gascon C. 2005. Lições da pesquisa sobre fragmentação: aperfeiçoando políticas e diretrizes de manejo para a conservação da biodiversidade. Megadiversidade, 1: 181-188. Uhl C e Murphy PG. 1981. Composition, structure, and regeneration of a “tierra firme” forest in the Amazon Basin of Venezuela. Tropical Ecology, 22: 219-237. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 22 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 MORFOLOGIA E MORFOMETRIA DE PASSIFLORA ALATA Lais Alves Lage*, Simone Santos de Oliveira Cobra, Daianny Correia Dias, Sabrina Aparecida Antoniazzi, Celice Alexandre Silva * Universidade do Estado de Mato Grosso. Pós Graduação Genética e Melhoramento de Plantas. Tangará da Serra- MT. [email protected] Palavras-chave: Biologia reprodutiva, Características morfológicas, Passiflora 1. INTRODUÇÃO A família Passifloraceae possui distribuição pantropical, com aproximadamente 20 gêneros e 600 espécies (Souza e Lorenzi, 2005).O Brasil é o maior centro de diversidade (Oliveira e Ruggiero, 2005; Nascimento, 2006) com quatro gêneros e aproximadamente 149 espécies, sendo o gênero Passiflora L. o mais representativo com aproximadamente 135 espécies (Bernacci et al., 2013). O gênero Passiflora apresenta gavinhas axilares, nectários extraflorais no pecíolo foliar, presença de filamentos de corona, flores hermafroditas com presença de um tubo androginóforo que sustenta as estruturas reprodutivas,. (Meletti e Maia, 1999; Ulmer e Macdougal, 2004). Além das características morfológicas, flores de Passifloraceae exibem uma diversidade de cores, formas e odores (Koschnitzke e Sazima, 1997), sendo estas responsáveis pela atração, comportamento e manutenção dos polinizadores naturais. Passiflora alata C. é popularmente conhecida por maracujá-guaçu (Leitão Filho e Aranha, 1974), maracujá doce, maracujá de refresco, maracujá de comer, e maracujá-alado (Medina, 1980). É considerada nativa do Brasil e caracterizada pelos seus frutos apresentarem elevado valor nutritivo, boa qualidade gustativa, tamanho e aparência externa de grande aceitação (Vasconcellos, 1991). O principal uso do maracujá doce é na alimentação humana (Martins et al., 2003), mas também é utilizado na indústria farmacêutica (Lima e Cunha, 2004). O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, sendo P. alata a terceira espécie mais cultivada (Manica et al., 2005). As flores de P. alata são solitárias, sustentadas por um pedúnculo do qual parte um único pedicelo, geralmente são pendentes, porém quando arbustivo, ficam oclusas na folhagem (Varassin e Silva, 1999). Possuem estruturas masculinas e femininas, mas ainda assim apresentam um sistema de reprodução auto- incompatível, não realizando autopolinização (Loss et al., 2006). Todavia, estudos sobre a biometria floral poderão fornecer informações importantes para caracterizar aspectos sobre a morfologia da espécie, compreender e detectar a variabilidade genética inter-populacional e as relações entre a variabilidade e os fatores ambientais contribuindo com estudos sobre a diversidade genética, conservação e exploração dos recursos de valor econômico (Gusmão et al., 2006). Diante do exposto, o presente estudo tem por objetivo avaliar a morfologia e morfometria floral de Passiflora alata cultivados na área experimental da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), situada no município de Tangará da Serra- MT. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 23 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), situada no município de Tangará da Serra, MT, utilizando a coleção ativa de germoplasma (CAG). O município de Tangará da Serra apresenta clima tropical chuvoso, quente e úmido. A precipitação média anual é de 1.830 mm, e a temperatura média é de 24,4ºC e 26,1°C, com umidade relativa do ar de 70-80% (Dallacort et al., 2010). A espécie avaliada, Passiflora alata está presente na CAG, que possui um sistema de condução de espaldeiramento vertical, com um fio de arame liso número 12 a uma altura de dois metros do solo, com distância de seis metros entre as estacas. O espaçamento de plantio é de 3m entre plantas e 3,5m entre linhas. Coletou-se 10 flores para o estudo da morfologia e morfometria floral. Com auxilio de um paquímetro digital avaliou-se as seguintes características: Comprimento de sépalas (CS) e pétalas (CP); Diâmetro da corona (DC); Comprimento dos filamentos da corona (CFC); Número de séries da corona (Ns C); Comprimento do androginóforo (CA); Altura da antera (AA); Comprimento da antera (CAnt); Altura do estilete (AE); Comprimento da superfície estigmática (CEst) altura da câmara nectarífera até a superfície das anteras (ANSA) e curvatura do estilete. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na espécie em estudo foram observadas flores com cinco pétalas e cinco sépalas, ambas com a cor vermelho escuro. As flores apresentaram cinco séries de corona, sendo duas bem desenvolvidas e três pouco desenvolvidas próximas ao néctario. Em Passiflora alata a coloração dos filamentos da corona variaram, sendo encontrados filamentos com coloração branca na base e/ou violeta na extremidade. Em outras espécies de Passiflora são encontrados outras cores, vermelho, púrpura ou violeta, azul (Souza et al., 2010) e rosa (Mazza e Miniati, 1993) devido a um tipo de flavonóide chamado antocianina. Possivelmente esse pigmento conferiu em P. alata a cor vermelha, semelhante ao encontrado por Crochemore et al. (2003), e Lawinscky (2010). A corona de P. alata assim como ocorre em Passiflora edulis tem o papel de atrair os polinizadores. Em P. edulis a corona possui longos filamentos e a cor púrpura contrasta com as demais partes florais, funcionando como uma plataforma de pouso e um atrativo visual, estas características estão associadas a flores polinizadas por insetos como as mamangavas (Sazima & Sazima, 1989; Varassin et al., 2001). O androginóforo de Passiflora alata se caracteriza pela sua coloração verde, e por apresentar a função de sustentação das estruturas reprodutivas. O androceu é formado por cinco estames e o gineceu por um ovário súpero, normalmente afilado no ápice apresentando três estiletes. Em outras espécies de Passiflora pode ser encontrado ovário tricarpelar, unilocular e de placenta perietal, como em P. suberosa (Silvério et al., 2009); globoso, com base dilatada, glabro, como em P. mucugeana T. N. Senna (Nunes e Queiroz, 2006); oblongo ou elíptico como em P. racemosa e P. truncata Regel, respectivamente (Milward-de-Azevedo e Valente, 2004), e ovóide como em P. edulis (Siqueira et al., 2009). As características morfológicas das flores do gênero Passiflora permitem que as estruturas reprodutivas se acoplem precisamente a região dorsal do corpo do polinizador, principalmente abelhas de grande porte (Siqueira et al., 2009). Observou-se que houve grande variação entre os valores encontrados, com exceção das seguintes características: Número de séries da corona, onde 100% das repetições apresentaram o mesmo número (NsC = 5) e Curvatura do Estilete, apenas 20% das flores apresentaram estilete parcialmente curvo, e os 80% restantes totalmente curvos. A porcentagem média de estiletes totalmente curvos para as flores deste estudo foram superiores as verificadas no estudo realizado Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 24 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 por Hoffmann et al., (2000) que encontrou 76,86% de flores com estilete totalmente curvo em P. edulis. O comprimento das sépalas apresentou valor máximo de 37,42 mm e mínimo de 28,02; as pétalas variaram de 36,81 a 27,16 mm (Tabela 1). O menor e maior valor de diâmetro de corona foi de 42,08 e 77,66, respectivamente. Para comprimento de corona o menor valor encontrado foi de 11,66 e maior 52,56 (Tabela 1). O comprimento do androginóforo apresentou mínima de 12,68 e máxima de 23,04mm. A altura dessa peça floral limita as condições favoráveis para que a polinização seja realizada por abelhas de médio ou pequeno porte (Oliveira et al., 2011). Já para as características comprimento e altura das anteras, os valores oscilaram com mínimas e máximas de 8,56 a 12,61 e 8,64 a 20,62, respectivamente. Em relação a altura do estilete o menor valor encontrado foi de 10,70 a 23,47mm e 2,46 a 4,81mm para comprimento da superfície estigmática. Para a característica altura da câmara nectarífera à superfície das anteras obteve-se valores como 10,90 a 26,50mm. Tabela 1. Morfometria floral de Passiflora alata, na região de Tangará da Serra-MT. Comprimento de sépalas (CS) e pétalas (CP); Diâmetro da corona (DC); Comprimento dos filamentos da corona (CFC); Comprimento do androginóforo (CAnd); Altura da antera (AA); Comprimento da antera (CA); Altura do estilete (AE); Comprimento da superfície estigmática (CEst) altura da câmara nectarífera até a superfície das anteras (Dsat). CS CP DC CFC CA AA Cand AE CEst Dsat Máximo 37.42 36.81 77.66 42.08 12.61 20.62 23.04 23.47 4.81 10.90 Mínimo 28.02 27.16 42.08 11.66 8.56 8.64 12.68 10.70 2.46 26.50 Média 31,82 32,11 55,37 29,43 11,29 12,81 17,61 15,32 3,16 13,37 D.P 3,95 2,91 12,78 11,40 1,13 4,03 4,07 4,87 0,87 4,91 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Allard RW. 1971. Princípios do melhoramento genético das plantas. Edgard Blucher - São Paulo, 381p. Bernacci LC, Cervi AC, Milward-De-Azevedo MA, Nunes TS, Imig DC, Mezzonato, AC. 2013. Passifloraceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB182>. Acesso em: 10 Abril. Bruckner CH, Suassuna TM, Rego F, Nunes ES. 2005. Auto-incompatibilidade do maracujá: implicações no melhoramento genético. In: Faleiro FG, Junqueira NTV, Braga MF. Maracujá: germoplasma e melhoramento genético. Embrapa Cerrados, Planaltina, 315 - 338. Crochemore ML, Molinari HB, Stenzel NMC. 2003. Caracterização agromorfológica do maracujazeiro (Passiflora spp.). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, 25: 5-10. Dallacort R, Martins JÁ, Inoue MH, Freitas PSL, Krause W. 2010. Aptidão agroclimática do pinhão manso na região de Tangará da Serra, MT. Revista Ciência Agronômica, 41: 373-379. Embrapa Solos. 2006. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 2. ed. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 306 p. Ferreira DF. 2011. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, 35(6): 1039-1042. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 25 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Gusmão E, Vieira FA, Júnior EMF. 2006. Biometria de frutos e endocarpos de murici (Byrsonima verbascifolia Rich. ex. A. Juss.). Revista Cerne. Lavras, 12: 84-91. Hoffmann M, Pereira TNS, Mercadante MB, Gomes AR. 2000. Polinização de Passiflora edulis f. flavicarpa (Passiflorales, Passifloraceae), por abelhas (Hymenoptera, Anthophoridae) em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. Iheringia, 89: 149-152. Koschnitzke C, Sazima M. 1997. Biologia floral de cinco espécies de Passiflora L. (Passifloraceae) em mata semidecidua. Revista Brasileira de Botânica 20: 119-126. Lawinscky PR. 2010. Caracterização Morfológica, Reprodutiva e Fenológica de Passiflora alata Curtise Passiflora cincinnata MAST. Dissertação. Universidade Estadual de Santa Cruz. Ihéus, Bahia-Brasil. Leitão Filho HF, Aranha C. 1971. Botânica do maracujazeiro. In: Simpósio da Cultura do Maracujá, Campinas. Anais... São Paulo: Sociedade Brasileira de Fruticultura, p. 13. Lima AA, Cunha MAP (ORG). 2004. Maracujá: produção e qualidade na passicultura. Cruz das Almas: Empraba Mandioca e Fruticultura, 396p. Loss ACC, Leite YLR, Iúri D, Louro ID, Batitucci MCP. 2006. Diversidade genética de populações de maracujá-doce (Passiflora alata Curtis) no estado do Espírito Santo, Brasil.Diversidade genética de populações de maracujá doce (Passiflora alata Curtis) no estado do Espírito Santo, Brasil. Natureza on line, 4(2): 55-61, 2006. Manica I. 2005. Maracujá-doce: Tecnologia de produção, pós-colheita, mercado. Porto Alegre: Cinco Continentes, 200p. Martins MR, Oliveira JC, Di-Mauro AO, Silva PC. 2003. Avaliação de populações de maracujazeiro-doce (Passiflora alata Curtis) obtidas de polinização aberta. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, 25: 111-114. Mazza G, Miniati E. 1993. Anthocyanins in fruits, vegetables, and grains.Boca Raton–Flórida (USA): CRC Press. Medina JC. 1980. Cultura. In: Garcia JLM, Lara JCC, Tocchini RP, Hashizume T, Moretti VA, Canto WL. 1980. Maracujá: da cultura ao processamento e comercialização. Campinas: ITAL, cap.1, p. 5-105. (Série Frutas tropicais, 9). Meletti, LMM; Maia, ML. 1999. Maracujá: produção e comercialização. Campinas: Instituto Agronômico - Boletim Técnico, n.181, p. 64,. Milward-de-Azevedo, MA.; Valente, MC. 2004. Passifloraceae da Mata de encosta do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e Arredores, RJ. Arquivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v.62, n.4, p.367-374. Nascimento, AVS; Santana, EN; Braz, A. Alfenas, PF, Pio Ribeiro G. Andrade, GP. Carvalho, MG. ZEerbini, F.M. Cowpea aphid-borne mosaic vírus (CABMV) is widespread in passion fruit in Brazil and causes passion fruit woodiness disease. Archives of virology, 151, 1797 – 1809. Nunes, TS.; Queiroz, LP. 2006. Flora da Bahia: Passifloraceae. Sitientibus, v. 6, n. 3, p. 194-226. Oliveira, JC.; Ruggiero, C. 2005. Espécies de maracujá com potencial agronômico. In: Faleiro, F.G.; Junqueira, N.T.V.; Braga, M.F. (Eds.). Maracujá: germoplasma e melhoramento genético. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, p. 143-158. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 26 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Oliveira, EJ.; Santos, VS.; Lima, DS.; Machado, MD.; Lucena, RS.; Motta, TBN. 2011. Estimativas de correlações genotípicas e fenotípicas em germoplasma de maracujazeiro. Bragantia, 70(2): 255-261. Sazima, I.; Sazima, M. 1989. Mamangavas e irapuás (Hymenoptera, Apoidea): visitas, interações e consequências para a polinização do maracujá (Passifloraceae). Revista Brasileira de Entomologia, 33: 109-118. Silvério, A.; Tormes, SBF. de A.; Mariath, JE. de A. 2009. O processo da ginosporogênese e ginogametogênese de Passiflora suberosa L. (Passifloraceae). Revista Brasileira de Biociência, Porto Alegre, v. 7, n. 1, p.15-22. Souza, VC. e Lorenzi, H., 2005, “Guia ilustrado para identificação das famílias de Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Botânica Sistemática”. Souza, MM., Pereira, TNS., Viana, AP., Pereira, MG., Amaral, JR., Ate Madureira, HC. 2004. Flower receptivity and fruit characteristicsassociated to time of pollination in the yellow passion fruit Passiflora edulisSims f. flavicarpa Degener (Passifloraceae). Scientia Horticulturae, v. 101, p. 373– 385. Souza, MM.; Viana, AP.; Pereira, TNS. 2010. A putative mutant of a self-compatible yellow passion fruit with the corona color as a phenotypic marker.Bragantia, v.69, n.1, pp. 9-16, Ulmer, T.; Macdougal, JM. 2004. Passiflora - Passionflowers of the world. Portland: Timber Press, 430 p. Varassin, I. G.; Silva, AG. 1999. A melitofilia em Passiflora alata Dryander (Passifloraceae), em vegetação de restinga. Rodriguésia, v. 50, n. 76/77, p. 5-17. Varassin, IG.; Trigo, JR. e Sazima, M. 2001. The role of nectar roduction, flower pigments and odour in the pollination of four species of Passiflora (Passifloraceae) in south-eastern Brazil.Botanical Journal of the Linnean Society, v. 136, p. 139-152. Vasconcellos, MAS. 1991. Biologia floral do maracujá-doce (Passiflora alata dryand) nas condições de botucatu-sp. 1991. 99 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 27 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 AUTOECOLOGIA DE ASTYANAX MARIONAE (CHARACIFORMES, CHARACIDAE) EM RIACHOS DE CABECEIRA Bruno Felipe Camera*, Nayara Evellin, Lilian Rebecca da Silva, Divina Sueide de Godoy, Eduardo Bessa *Universidade do Estado de Mato Grosso, Faculdade de Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, Tangará da Serra, MT. [email protected] Palavras-chave: Alimentação, Índice de importância alimentar, Relação peso-comprimento. 1. Introdução O Brasil apresenta uma vasta malha hídrica na qual riachos de cabeceira desempenham importante papel na composição e manutenção ecológica de diversas espécies de peixes. Entretanto pouco se conhece sobre esses ambientes e sobre suas espécies e ecologia (Castro e Menezes, 1998). Isto é um sério problema, pois riachos estão sob constante ameaça, como represamento, assoreamento, perda de mata ciliar (Casatti et al., 2012) e uso como atrações turísticas (Teresa et al., 2011), como em nossa área de estudo (Nobres-MT). Riachos são considerados ambientes vulneráveis facilmente impactáveis pelo meio adjacente, modificando hábitos alimentares de diversas espécies ali presentes, podendo chegar ao extremo das extinções locais (Agostinho et al., 1992). Os peixes de pequeno porte servem como fonte de informação sobre as demais espécies. Eles são peças basais da cadeia alimentar, além de serem responsáveis pela ciclagem de nutrientes orgânicos que mantém vivo todo ciclo ecológico do mesmo (Wootton 1990) o que os torna bons indicadores da qualidade ambiental (Teresa et al., 2011). Dentre os Characiformes, Astyanax é o segundo gênero mais especioso, contendo 86 espécies ocorrentes nas bacias da América do Sul (Lima et al., 2003). As espécies deste gênero em geral apresentam dieta rica em insetos (Vilella et al., 2002, Ferreira et al., 2012). No entanto, pouco se sabe sobre a ecologia trófica de A. marionae, uma espécie comum em riachos de cabeceira da Bacia do Paraguai. Estudos dos seus hábitos alimentares são importantes para entender as relações entre os componentes da ictiofauna e os demais organismos da comunidade aquática (Hahn et al,1997). O presente resumo busca preencher essa lacuna ao descrever a dieta e características biométricas de Astyanax marionae, uma pequena espécie encontrada na bacia do rio Paraguai (Britski et al., 2007. Lima et al., 2003). 2. Materiais e Métodos Utilizamos como área de estudos os riachos de primeira ordem da Vila de Bom Jardim (14º43’13” S; 56º19’39” W), distrito de Nobres, a cerca de 60 km da sede do município e 145 da capital, Cuiabá, no Médio Norte do Estado de Mato Grosso. O local destaca-se no seguimento do turismo de natureza, que é voltado para a realização de trilhas e flutuações para a observação de Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 28 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 peixes. Os cursos d’água estudados pertencem à Bacia do Paraguai. O clima da região pode ser classificado como Tropical Savana (Aw) (Camargo, 2011). Coletamos 36 espécimes de Astianax marionae com auxílio de peneiras (90 x 70 cm, 2 mm de entrenós) e armadilhas do tipo covo (cinco armadilhas com isca de farinha e óleo de sardinha, isolada por uma tela). Ambas as artes de pesca utilizadas analisaram um trecho de 30 m dos riachos e foram aplicadas durante 1 h. Efetuamos a fixação em formalina a 10%, de forma a paralisar instantaneamente a ação de enzimas digestivas. Após três dias os peixes foram transferidos para álcool 70% para conservação. Analisamos as medidas do comprimento padrão por meio de histograma, a razão pesocomprimento por meio de um gráfico de pontos e calculamos o fator de condição conforme proposto por Vazzoler (1996). Retiramos o trato digestivo abrindo uma incisão ventral longitudinal. Identificamos o conteúdo estomacal em categorias ecológicas e medimos o volume dos itens. Quantificamos a dieta por meio da Importância Alimentar do Item (IAi) conforme proposto por Kawakami & Vazzoler (1980), na qual a frequência e o volume dos itens são levados em consideração. 3. Resultados Astyanax marionae compôs 2,7% da diversidade de peixes dos riachos estudados, sendo a sétima espécie mais abundante. Ele mediu 3,01 ± 0,58 cm (Figura 1). A regressão pesocomprimento foi significativamente explicativa (R²=0,905) e apresentou coeficiente de inclinação b=0,42 (Figura 2). Figura 1 – Histograma das categorias de tamanho de Astyanax marionae. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 29 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 2 – Relação peso x comprimento incluindo regressão linear representativa dos pontos obtidos, equação da reta de regressão e representatividade da reta (R²). Identificamos seis itens alimentares, sendo insetos alóctones os mais representativos (IAi= 0,86), seguido de material vegetal (IAi= 0,12). Alimentos de origem autóctone tiveram pouca representatividade na dieta (IAi= 0,03) (Figura 3) Figura 3 – Importância alimentar dos itens ingeridos por A. marionae. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 30 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 4. Discussão Estima-se matematicamente que o comprimento de primeira maturação em A. marionae seja de 3,6 cm (Froese e Pauly, 2013). Isto sugere que os peixes amostrados nestes riachos são sexualmente imaturos. A relação peso-comprimento pode descrever o desenvolvimento relacionado aos estágios de vida de uma determinada espécie, mas a modificação das condições naturais, como por exemplo, o represamento, assoreamento, perda de mata ciliar e a formação de reservatórios, pode influenciar o tipo de crescimento (Araya et al., 2005). Em nosso trabalho tanto a inclinação da reta de regressão da relação peso-comprimento quanto o fator de condição indicam que A. marionae, tem crescimento alométrico negativo (b<3). Fator de Condição é um indicador da saúde de um peixe, seu valor reflete condições nutricionais recentes e/ou gasto de reservas em atividades cíclicas, possibilitando relações com condições ambientais e aspectos comportamentais das espécies (Vazzoler, 1996). Nossos dados apresentam um fator de condição típico de uma população saudável e com alimento em abundância. A dieta da espécie foi constituída basicamente por insetos, além de apresentar outros itens, como material vegetal, ootecas, e outros invertebrados. Isto indica que a espécie pode ser considerada onívora, como constatado por Lima (2005). A onivoria é um tipo de dieta comum entre espécies do gênero Astyanax (Ferreira et al., 2012, Manna et al., 2012, Vilella et al., 2002). Em relação à origem dos itens, material alóctone teve maior representatividade na dieta de Astyanax marionae. Isto pode representar uma fragilidade para a espécie, já que ela depende de uma vegetação ciliar preservada. Entretanto, estudos com outras espécies do gênero têm mostrado uma plasticidade na dieta desses peixes dependendo das condições ambientais no local em que os animais são coletados (Vilella et al., 2002, Wolff et al., 2009). Assim, concluímos que Astyanax marionae consumiu principalmente insetos alóctones e apresenta condições de se alimentar de outros itens caso as condições ambientais lhe forcem a tal. 5. Agradecimentos Agradecemos a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) pelo auxílio financeiro (Processo 002.191/2007). 6. Referências Bibliográficas Araya PR Agostinho AA Bechara JA. 2005. The influence of dam construction on a population of Leporinus obtusidens (Valenciennes, 1847) (Pisces, Anostomidae) in the Yacyreta Reservoir (Argentina). Fisheries Research, 74:198–209. Camargo L. 2011. Atlas de Mato Grosso: abordagem socioeconômico-ecológica. Cuiabá, MT : Entrelinhas. Casatti L Teresa FB Gonçalves-Souza T Bessa E Manzotti, AR. 2012. From forests to cattail: how does the riparian zone influence stream fish? Neotropical Ichthyology, 10: 205-214. Castro RMC e Menezes NA. 1998. Estudo diagnóstico da diversidade de peixes do Estado de São Paulo. In: RMC Castro, ed. Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil: Síntese do conhecimento ao final do século XX, 6: vertebrados. WinnerGraph, São Paulo, p. 1-13. Ferreira A Gerhard P Cyrino JEP. 2012. Diet of Astyanax paranae (Characidae) in streams with different riparian land covers in the Passa-Cinco River basin, southeastern Brazil. Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre, 102: 80-87. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 31 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Froese R e Pauly D ed. 2013. FishBase. World Wide Web electronic publication. http://www.fishbase.org. Acesso em 08/2013. Lima FCT et al. 2003. Genera incertae sedis in Characidae. In: R. E. Reis, S. O. Kullander & C. L. Ferraris. (Org.). Checklist of the freshwater fishes of the South and Central America. 1ed.Porto Alegre: EDIPURS, p. 106-169. Lima FAR. 2005. Alimentação de Astyanax marionae (Eigenmann, 1911) em riachos de cabeceira do Rio Apa (Brasil-MS). Monografia, Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, UEMS, Dourados. Manna LRA Rezende CFB Mazzoni R. 2102. Plasticity in the diet of Astyanax taeniatus in a coastal stream from south-east Brazil. Braz. J. Biology, 72: 919-928. Teresa FB Romero RM Casatti L Sabino J. 2011. Fish as indicators of disturbance in streams used for snorkeling activities in a tourist region. Environmental Management, 47: 960-968. Vazzoler AEAM. 1996. Biologia da Reprodução de Teleósteos: Teoria e Prática. Maringá, Brazil: Eduem. Vilella FS Becker FG Hartz SM. 2002. Diet of Astyanax species (Teleostei, Characidae) in an Atlantic Forest River in Southern Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology, 45: 223232. Wolff LL Abilhoa V Rios FS Donatti L. 2009. Spatial, seasonal and ontogenetic variation in the diet of Astyanax aff. fasciatus (Ostariophysi: Characidae) in an Atlantic Forest river, Southern Brazil. Neotropical Ichthyology, 7: 257-266. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 32 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 ETNOCONHECIMENTO DOS FEIRANTES DE TANGARÁ DA SERRA SOBRE PLANTAS MEDICINAIS Nadia Botini*, Higor Vendrame Ribeiro, Jessica Cocco, Amanda Fernanda Nunes, Auclar Felipe Botini * Universidade do Estado de Mato Grosso. [email protected] Palavras – chave: Plantas, conhecimento popular. 1. Introdução Os estudos etnobotânicos vão além da investigação botânica, uma vez que seu ponto fundamental é a significação ou o valor cultural das plantas em determinada comunidade humana (BARRERA, 1979). O uso popular de plantas medicinais é de fundamental importância, pois quando utilizadas adequadamente funcionam eficazmente e não provocam efeitos negativos nos humanos servindo como beneficio para as pessoas, sendo então mais uma alternativa de tratamento e manutenção da saúde (FONTES et al., 2007). Além disso, o conhecimento medicinal das plantas é algo adquirido através de milhares de anos de uso por comunidades tradicionais; em determinadas situações podemos afirmar categoricamente a existência de coevolução entre humanos e plantas, em especial as plantas medicinais e as produtoras de alimentos. O saber popular quanto ao uso das plantas medicinais para tratamento de diferentes males é evidenciado em conversas com as pessoas idosas (inserindo aí os raizeiros, benzedeiras, donas-de-casa etc.) que por alguns motivos carregam essas informações, recebidas dos seus ancestrais (PASA, 2011). Esse conhecimento das propriedades medicinais das plantas é algo passado de geração para geração através da oralidade e da observação do aprendiz com as pessoas mais velhas ou com maior saber vivenciado. Assim, os estudos etnobotânicos vêm se desenvolvendo tendo como principal objetivo registrar o saber botânico tradicional relacionando-o com o uso dos recursos da flora (GUARIM NETO, 2001). No Brasil, a utilização de plantas medicinais pela população para tratar enfermidades foi sempre expressiva, principalmente devido à extensa e diversificada flora. Ainda hoje em diversas regiões do país,plantas medicinais são encontradas em quintais de residências ou até mesmo comercializadas em feiras e mercados populares (PASA, et al., 2010). Observamos que o conhecimento popular sobre as plantas medicinais locais é algo que mostra profundamente as nossas raízes indígenas, uma vez que, esses povos coevoluíram com essas plantas. O conhecimento popular pode fornecer dados importantes para novas descobertas científicas e as pesquisas acadêmicas podem originar novos conhecimentos sobre as propriedades terapêuticas das plantas (SIMÕES et al., 1988). Portanto o presente trabalho tem por objetivo identificar a origem do conhecimento dos mesmos com as plantas e se a manutenção desse conhecimento mesmo na comunidade onde ele reside e listar quais plantas medicinais serão citadas pelos feirantes e suas respectivas aplicações. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 33 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 2. Material e métodos 2.1 Área de Estudo O município de Tangará da Serra encontra-se na (Latitude 14º39’S, Longitude 57º25’W e altitude de 321,5 m). Segundo a classificação de Köppen, o clima da região é tropical úmido megatérmico (Aw) apresentando temperatura média de 24,4ºC, com uma precipitação média anual de 1.500 mm, caracterizadas por chuvas no verão e seca no inverno (MARTINS, et al., 2009). A feira municipal é uma associação de pequenos agricultores que comercializam produtos para a população da região, a feira é aberta ao público todas as quartas – feira e domingos de todas as semanas do ano, a feira têm aproximadamente 200 feirantes, sendo 3 deles dedicados ao comércio de plantas medicinais. Público Alvo: Feirantes da feira municipal de Tangará da Serra serão escolhidos os feirantes que trabalham com plantas medicinais, tanto feirantes do sexo feminino como do sexo masculino incluindo todas as faixas etárias e todos os níveis de escolaridade. 2.2 Procedimentos Metodológicos A pesquisa foi realizada com pressupostos em Etnobotânica segundo Amorozo (1996), pelo qual foram realizadas entrevistas por meio de questionários semi estruturados sobre as plantas de uso medicinal que foram aplicadas no mês de novembro de 2012. Foram entrevistados três feirantes que trabalham com plantas medicinais presentes no dia da entrevista. No questionário as 5 espécies vegetais mais vendidas foram referenciadas pelos moradores e anotadas no caderno de campo onde foi anotado o nome popular, a parte que é utilizada, como pode ser utilizada e para o que é utilizada. 3. Resultados e Discussão Segundo os entrevistados os conhecimentos que eles possuem sobre essas plantas e o uso delas para fins medicinais vieram através de conhecimentos passados através de ensinamentos que seus pais e avós dos mesmos. E hoje eles procuram passar esses conhecimentos para as pessoas mais jovens, filhos, amigos ou mesmo pessoas que procuram saber sobre. Dentre os entrevistados uma senhora relatou que teve grande parte do seu conhecimento sobre o uso terapêutico e medicinal das plantas, através de livros e pesquisas. A pesquisa nos permitiu identificar tipos de produtos utilizados como medicina popular pelos feirantes. Destas foram levantadas os 11 exemplares mais vendidos (Tabela 1), que são: Carqueja, Doradinha, Calunga, Pau de Tenente, Barbatimão, Algodãozinho, Carobinha, Nó de cachorro, Vergateiro, Sangra d'agua e Chico Magro. Tabela 1 - Lista de plantas com uso medicinais mais citadas pelos feirantes do município de Tangará da Serra - MT. NOME DA PLANTA 1 Carqueja PARTE USADA Folha PARA QUE USA? COMO USA? QUALA DOSE? Fígado Chá 1 copinho de café, 2 vezes ao dia 2 Doradinha Folha Rim Chá 1 copinho de café, 2 vezes ao dia 3 Calunga Raiz Diabete Coloca na água deixar por um tempo e ir bebendo a água 1 copinho de café, 2 vezes ao dia Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 34 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 4 Pau de Tenente Casca Fígado / Impotência Sexual 1 copinho de café, 2 vezes ao dia Infecção Coloca na água deixar por um tempo e ir bebendo a água Chá / Banho 5 Barbatimão Casca 6 Algodãozinho Casca Infecção Chá 1 copinho de café, 2 vezes por semana 7 Carobinha Casca Depurativo Garrafadas 1 copinho de café, 2 vezes ao dia 8 Nó de cachorro Raiz Tremedeira Garrafadas 1 copinho de café, 2 vezes ao dia 9 Vergateiro Raiz Cansaço Câimbras Garrafadas 1 copinho de café, 2 vezes ao dia 10 Sangra d'agua Casca Seiva Chá / Garrafada / Banho 1 copinho pequeno 3 vezes ao dia / 1 vez por semana 11 Chico Magro Casca Chá 1 copinho de café, 2 vezes ao dia / / Inflamação Diabete Emagrecer / 1 copinho de café, 2 vezes ao dia / Banho 1 vez por semana Grande maioria desses produtos são vendidas ou utilizadas “garrafadas”, que é uma mistura de vinho branco com as ervas, cascas e raiz onde ficam armazenadas por um tempo e depois é consumido. Os raizeiros possuem dessas “garrafadas” prontas para venda caso o cliente não queira fazer um, é uma maneira mais pratica segundo eles próprios, pois essa garrafada é meio que um remédio para “tudo”, devido ter vários tipos de produtos medicinais. A uma infinidade de uso dos produtos segundo os raizeiros, dentre os tratamentos indicado pelos vendedores grande maioria são para infecções e inflamações em geral, mas também se faz o uso desses medicamentos para amenizar o diabete, emagrecer, cansaços, problemas renais, impotência sexual e muito outros. A uma grande procura pelos homens para remédios para impotência sexual, remédio esse que segundo os feirantes tem efeito garantido. A coleta do material do material que é vendido pelos raizeiros, é feito manualmente por eles próprios. Essas coletas são feitas na região da cidade de Diamantino – MT e proximidades da Itamarati Norte – MT. Segundo eles é feita a retirada do material da natureza com conscientização ambiental, buscando sempre fazer o manejo das plantas utilizadas para que não falte esse meio de sustento para eles. Foi relatado pelos feirantes que há uma maior procura pelos produtos naturais, por um publico com faixa etária mais elevada (acima de 40 anos), porem eles comentam que a população mais jovem (menos de 30 anos) nos últimos tempos teve um aumento na procura por esses produtos. 5. Conclusão Os raizeiros da feira municipal de Tangará da Serra tem um conhecimento de plantas medicinais amplo sendo a maioria adquirido por experiências e troca de experiência, sabendo essa importância o conhecimento etnobotânico continua sendo repassado por eles. Amorim (1999) destacaque há uma troca de conhecimentos entre as pessoas em relação ao uso de Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 35 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 plantas medicinais, pois a maioriado conhecimentos sobre plantas medicinais dos entrevistados surgiua partir de familiares, amigos, vizinhos. A maioria das plantas vendidas geralmente é utilizada por pessoas com mais 40, geralmente a procura está relacionada a alguma enfermidade como infecções, problemas nos rins, a parte mais jovem e feminina geralmente a procura está relacionada ao emagrecimento. Podemos então perceber a importância de preservar e repassar o conhecimento etnobotânico a fim que as novas gerações também possa usufruir dela. 6. Referências Bibliográficas AMOROZO, M. C. M. A abordagem etnobotânica na pesquisa de plantasmedicinais. In: DI STASI, L. C (Org.). Plantas Medicinais: arte e ciência. Um guia de estudo interdisciplinar. São Paulo, UNESP, p.47 – 68. 1996. Amorim JA. Fitoterapia popular e a saúde da comunidade:diagnóstico para proposta de integração nos serviços desaúde em Campina Grande, Paraíba, Brasil.São Paulo (SP): Faculdade de Saúde Pública USP; 1999. Disponívelem: http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/ BARRERA, A, La Etnobotânica. In: Barrera. (Ed.).La Etnobotânica: trespuntos de vista y uma perspectiva. Xalapa: Instituto de Investigación sobre Recursos Bióticos, p.19-25, 1979. FONTES, D. J.; COELHO, V. A. T.; GOMES, F. T. Uso de Plantas Medicinais pelos Moradores da Comunidade de Conceição de Ibitipoca, MG. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre. v. 5, n. 1, p. 237-239, 2007. GUARIN NETO, G., “Flora medicinal, populações humanas e o ambiente de cerrado”. Horticultura brasileira, 19: p. 203-206, 2001. MARTINS, J. A. et al. Caracterização agroclimática da região de Tangará da Serra –MT. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA. Juazeiro, Juazeiro, 2009. p. 1-4. PASA, M. C. O saber local e a medicina popular: A etnobotânica em Cuiabá, Mato Grosso. Brasil. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 6, n. 1, p. 179-196, 2011. PASA, M. C.; SOARES, J. J.; GUARIM NETO, G. Estudo etnobotânico da comunidade de Conceição - Açu (alto da bacia do rio Aricá Açu, MT, Brasil). Acta BotanicaBrasilica. v.19, p.195207, 2010. SIMÕES, C.M.O.; MENTZ, L.A.; SCHENKEL, E.P.; IRGANG, B.E.; STEHMANN, J.R. Plantas da medicina popularno Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS. 1988. 173p. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 36 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 OCORRÊNCIA DE EPÍFITAS E PARASITAS EM UMA ÁREA FLORESTAL DA FAZENDA TRÊS PALMEIRAS, MUNICÍPIO DE BARRA DO BUGRES – MATO GROSSO Nadia Botini*, Auclar Felipe Botini, Amanda Fernanda Nunes, Tassiana Andruchack de Azevedo, Talita Hevilla de Souza * Universidade do Estado de Mato Grosso. [email protected] 1.INTRODUÇÃO Epífitas, conforme definidas por Madison (1977), são plantas que em algum estágio de sua vida utilizam-se de suporte, mas não diretamente de nutrientes, das plantas em que se apóiam (forófitos), sem estarem conectadas ao solo. (Kersten & Silva, 2002). Segundo as classificações sobre formas biológicas aplicadas às plantas aquáticas, epífitas são aquelas espécies que se estabelecem e se desenvolvem sobre indivíduos de espécies flutuantes livres ou fixas (Pivari, Pott e Pott, 2008). O recente reconhecimento do ambiente da copa das árvores das florestas tropicais como um dos celeiros da biodiversidade do planeta tem incentivado estudos que procuram o entendimento de processos ligados à comunidade epifítica, destacando o seu papel na funcionalidade dos ecossistemas. Suas formas de vida têm estimulado a criação de vários sistemas de classificação, como o de Benzing, 1990 (apud Oliveira, 2004), que leva em consideração categorias de relação com o suporte, hábito de crescimento e formas de obtenção de água e nutrientes. Em contrapartida das epífitas, existem as plantas parasitas, que se nutrem do individuo parasitado sem o hábito mutualístico. As plantas parasitas necessitam retirar nutrientes das hospedeiras e utilizam os haustórios para invadir tecidos vasculares de outras espécies (Riopel & Timko et al apud Batista, 2007). Portanto, parasitas são organismos que vivem sobre ou dentro de outro organismo de espécie diferente e obtém seus nutrientes deste; a associação é benéfica para o parasita e prejudicial para o hospedeiro (Haven, Evert & Eichhorn, 2001). Observando esse caráter fisiológico distinto existente entre epífitas e parasitas, este trabalho tem por objetivo fazer um levantamento de ocorrência de epífitas e parasitas na fazenda Três Palmeiras localizada próxima ao distrito de Nova Fernandópolis no município de Barra do Bugres – Mato Grosso. 2.MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado em uma fazenda do distrito de Nova Fernandópolis à 54 km do município de Barra do Bugres. Fazenda esta, localizada próxima ao Rio Sepotuba. A área foi dividida em três transectos partindo da margem do Rio Sepotuba em direção à pastagem e circundando a sede da fazenda. Cada transecto possui 25m de largura e 80m de extensão com intervalo de 10m na largura entre um transecto e outro. Em todos os transectos foram feitas observações ativas para contagem das epífitas e parasitas. O primeiro transecto seguia à 25m na margem do rio, formado de uma vegetação mais fechada com predominância de espécies de plantas arbóreas até a delimitação da pastagem. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 37 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 O segundo transecto circunda a sede da fazenda, apresenta maior área com pastagem, portanto, poucas espécies de plantas arbóreas. O terceiro transecto tem vegetação aberta e plantas arbóreas. Primeiro Transecto Intervalo Segundo Transecto Intervalo Terceiro Transecto 25 m 10 m 25 m 10 m 25 m Em todos os transectos foram feitas observações ativas para contagem das epífitas e parasitas. 4.Resultados E DISCUSSÃO Com a observação dos transectos foram identificadas quatro tipos de epífitas, ou seja, quatro morfotipos, aqui classificadas como morfotipo I, II, III e IV, no total foram encontradas onze epífitas. Já os tipos de parasita encontrados foram três, classificadas como parasita morfotipo I, II e III, no total nove parasitas foram encontradas. O número de epífitas de cada transecto, de acordo com o morfotipo, está apresentado na tabela 1, assim como o número de parasitas, de acordo com o morfotipo, está apresentado na tabela 2. No primeiro transecto foi encontrada uma epífita morfotipo I, uma epífita morfotipo II (anexo 1), duas epífitas morfotipo III e quatro parasitas morfotipo I (anexo 3). Nesse transecto foi constatada a riqueza de epífita de 3 morfotipos com abundância de 4 indivíduos. Já as parasitas estão em menor riqueza, pois foi encontrado apenas um morfotipo, porém a abundância de parasitas se iguala a de epífitas, com 4 indivíduos. No segundo transecto, que circundava a sede da fazenda, sendo uma área mais aberta, não foram encontradas parasitas ou epífitas, talvez por ser uma área onde o pasto e a construção são predominantes. No terceiro transecto, que partia do corpo d’água do rio Sepotuba e apresentava maior fragmento vegetal, foram encontradas duas parasitas morfotipo I, duas parasitas morfotipo II (anexo 2), uma parasita morfotipo III, duas epífitas morfotipo III e cinco epífitas morfotipo IV. Foram encontradas dois morfotipos de epífitas, tendo assim uma riqueza baixa, porém abundância de 7 indivíduos, maior que a do primeiro transecto que apresentou abundância 4 e riqueza 3. Nesse transecto, foram encontradas todos os morfotipos de parasitas o que o define como o transecto de maior riqueza de parasitas e maior abundância, com 5 indivíduos. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 38 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Tabela 2: Número de epífitas encontradas em cada transecto de acordo com seu Morfotipo. . Epífitas 1° Transecto 2° Transecto 3° Transecto Morfotipo I 1 0 0 Morfotipo II 1 0 0 Morfotipo III 2 0 2 Morfotipo IV 0 0 5 Total 4 0 7 Tabela 2: Número de parasitas encontradas em cada transecto de acordo com seu Morfotipo. Parasitas 1° Transecto 2° Transecto 3° Transecto Morfotipo I 4 0 2 Morfotipo II 0 0 2 Morfotipo III 0 0 1 Total 4 0 5 5.CONCLUSÃO No primeiro e terceiro transecto, foi encontrado um maior número de epífitas e parasitas, isso pode ser justificado pelo fato de a vegetação estar mais presente, com maior número de plantas arbóreas. Acredita-se que foi por esse mesmo motivo, que foi encontrado maior incidência de indivíduos parasitas e epífitas no terceiro transecto, já que este, comparado aos outros dois transectos, apresentava maior número de plantas arbóreas e menos pastagem. Segundo Haven, 2001 os frutos e sementes transportados pelo vento são leves e comumente têm alas e tufos de pêlos que auxiliam a sua dispersão. Os frutos de algumas plantas expelem as sementes explosivamente. Algumas sementes e frutos são levados pela água e para tanto necessitam ser capazes de bóiar e ter envoltórios resistentes à água. Outros são disseminados por pássaros ou mamíferos, tendo coberturas carnosas que são comestíveis ou ainda ganchos, espinhos ou outros mecanismos para aderir aos pelos dos mamíferos ou penas de aves. Considerando que os pássaros são os animais, que na maioria das vezes, alcançam a copa das árvores com grande facilidade, trazendo consigo as sementes de epífitas, parasitas e até mesmo de outras plantas e que eles são mais abundantes em locais com mais vegetação, podemos concluir então que, esse foi o motivo de o primeiro e terceiro transecto apresentarem mais plantas epífitas e parasitas, enquanto o segundo transecto com mais pastagem e menos vegetação não apresentou a mesma quantidade dessas plantas, pois os pássaros não possuem locais adequados para se abrigarem, construírem seus ninhos, por exemplo, consequentemente, não transportando sementes para esse local. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATISTA, E. K. L., MOURÃO, F. A., JACOBI, C. M., FIGUEIRA, J. E. C. Mimosa Calodendron (Leguminosa): Influência do parasitismo por struthanthus flexicaules (Loranthaceae) na produção e predação de sementes. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, Caxambu – MG: 2007. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 39 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Disponível em: www.seb-ecologia.org.br/viiiceb/p df/149.pdf, acessado em 16 de setembro de 2009 às 21:00h HAVEN. P.H., EVERT R.F., EICHHORN S.E. Biologia Vegetal 6ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A: 2001 p. 866. KERSTEN Rodrigo A; SILVA Sandro M. Florística e estrutura do componente epifítico vascular em floresta ombrófila mista aluvial do rio Barigüi, Paraná, Brasil. Vol 25 São Paulo: Revista Brasileira de botânica, 2002. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S010084042002000300002&lang=pt, acessado em 16 de setembro de 2009 às 20:41h OLIVEIRA, Rogério Ribeiro de. Importância das bromélias epífitas na ciclagem de nutrientes da Floresta Atlântica. Vol 18. São Paulo: Acta Botânica Brasílica, 2004. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-3306200400040000 9&lang=pt, acessado em 16 de setembro de 2009 às 2:13h PIVARI, Marco Otávio; POTT, Vali Joana; POTT, Arnildo. Macrófitas aquáticas de ilhas flutuantes (baceiros) nas sub-regiões do Abobral e Miranda, Pantanal, MS, Brasil. Vol. 22. São Paulo: Acta Botânica Brasílica: 2008. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?sc ript=scarttext&pid=S010233062008000200023&lang=pt, acessado em 16 de setembro de 2009 às 20:30h Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 40 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 PRIMEIRO REGISTRO DE NEMATOIDES DO GÊNERO MELOIDOGYNE EM RAÍZES DE FICUS ADHATODIFOLIA (SCHOTT EX SPRENG. (MORACEAE) PROPAGADAS POR ESTACAS Marilza Machado*, Lin Chau Ming, Diones Krinski, Marlon Jocimar Rodrigues da Silva, Maria de Fátima Almeida Silva * Universidade Estadual Paulista. [email protected] Palavras-chave: nematoides, ficus, Plantas Medicinais. 1.Introdução Entre espécies consagradas pela medicina popular no Brasil, estão algumas espécies da família Moraceae que possui cerca de 1100 espécies, distribuídas em 37 gêneros. A maioria dos gêneros da família ocorre na região pantropical. Para a região neotropical, a família é constituída por 19 gêneros, com cerca de 270 espécies (Berg, 1998, 2001). Além do gênero Ficus, a família das moráceas possui outras espécies importante tais como: a jaqueira, (Artocarpus heterophyllus), a árvore da fruta-pão (Artocarpus altilis), o pau-rainha (Brosimum rubescens), o carapiá (Dorstenia cayapia), a tatajuva (Maclura tinctoria), a falsa espinheira santa (Sorocea bonplandii), a amora (Morus alba), figueira branca (Ficus adhatodifolia Schott ex Spreng.), entre outras (Carauta e Diaz, 2002; Berg, 2001 apud Mendonça-Souza, 2006). As plantas do gênero Ficus são conhecidas popularmente como figueiras e estão entre as primeiras plantas cultivadas pelo homem há mais de 11 mil anos (KISLEV et al., 2006). Gregos, Romanos, Egípcios, Maias, Astecas entre outros povos antigos, as utilizavam na medicina, alimentavam-se dos figos e extraiam do caule fibras para tecer (Alves et al., 2001; Carauta e Diaz, 2002). Igual as outras Moráceas, as figueiras ao serem cortadas, exudam látex (Fredericksen et al., 1998), sendo este reputado como medicinal em várias regiões do mundo. No Brasil, desde a época do pré-descobrimento, o látex das espécies nativas de Ficus do subgênero Pharmacosycea são considerados como vermífugo pelos indígenas e mais tarde pelos brasileiros de outras descendências. Em algumas regiões, as figueiras são denominadas popularmente como lombrigueiras, por causa da sua utilização no combate de vermes do sistema digestório (Alves et al., 2001; Carauta e Diaz, 2002; Peckolt e Peckolt, 1888). As espécies nativas no Brasil pertencem a dois subgêneros, Urostigma e Pharmacosycea. No grupo Pharmacosycea, cujo nome se deve às propriedades medicinais de suas plantas (Carauta e Diaz, 2002), encontra-se a espécie Ficus adhatodifolia conhecida como figueira branca ou figueira vermífuga. A indicação como vermífugo também remete à possibilidade de controle de nematoides, como é frequente, principalmente na cultura de Ficus carica, que constituem um problema agrícola de importância econômica e de difícil controle. A conscientização dos danos ambientais causados pelo controle químico convencional de pragas e patógenos, além da ocorrência de formas resistentes, tem direcionado pesquisas da área agronômica para o controle biológico e para o controle com produtos naturais de menor impacto ambiental. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 41 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 2.Material e Métodos O experimento foi conduzido em estufa da Fazenda Experimental São Manoel, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), nos meses de novembro de 2013 a fevereiro de 2014, no município de São Manoel – SP, no encontro aproximado das coordenadas geográficas 22° 44’ de latitude sul e 48° 34’ de longitude ocidental, com altitude em torno de 750 metros. As estacas caulinares foram obtidas a partir de mudas de aproximadamente um ano e meio de idade, propagadas via sementes tendo entre 0,5 a 1 cm de diâmetro. As sementes para a produção das mudas foram coletadas no município de Iporanga, São Paulo, no ano 2011, no mês de junho. O substrato utilizado foi areia grossa, em canteiros 30 cm de profundidade. Após 200 dias em campo, foi coletado o material vegetal para proceder as análises das variáveis físicas nas estacas caulinares. Foi observada a presença de “nós” nas raízes de F. adhatodifolia que estavam sendo avaliadas. Coletou-se 50 amostras de raízes e foi encaminhado para o departamento de fitopatologia da UNESP, e após as análises. 3.Resultados e Discussão Foi emitido pelo laboratório de Fitopatologia da UNESP laudo registrando a presença de nematoides do gênero meloidogyne nas fases ovos, juvenis e adultos tais amostras de raízes. Porém ainda não foi possível determinar a espécie, está se procedendo analises de eletroforese de enzimas para determinar a espécie do nematoide (Figura 1). A presença de nematoides em F. adhatodifolia é registrada pela primeira vez. Por se tratar de uma espécie vegetal utilizada para curar doenças de ascaridíase, ancilostomose entre doenças originadas por parasitas do filo nematoda. Porém, a suscetibilidade da figueira, F.carica a Meloidogyne spp. tem sido relatada em várias regiões do mundo (Ichinoe, 1965). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 42 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 1. Colocar legenda. Recentemente foi demonstrado por vários autores que Ficus possui atividade anticâncer e anti-inflamatória eficaz (Shukla et al., 2004; Shi et al., 2011, Niranjan e Garg, 2012). Isso se deve à sua potente atividade citotóxica e da ação dos alcaloides, flavonoides, compostos fenólicos e antioxidantes presentes em diversas espécies do gênero, demonstrando que as espécies do gênero possuem grande potencial para o desenvolvimento de medicamentos para o tratamento do câncer. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 43 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Algumas espécies de Ficus, nativas, demonstraram possuir propriedades medicinais, principalmente a ação anti-helmíntica do seu látex, Assunpção, (2008). O efeito baseia-se na presença de enzimas proteolíticas que operam na digestão do revestimento mucoso dos helmintos (Mali e Mehta, 2008, Rizzini e Mors, 1976 apud Assunpcão, 2008). No século XIX foi desenvolvida uma preparação farmacêutica com látex de Ficus doliaria, que foi comercializada no Rio de Janeiro com o nome “Pó de Doliarina e Ferro”, indicado conta opilação (anemia profunda) provocada por vermes (Amorim et al., 1999). Thomen (1939), realizou um estudo sobre o uso de figueiras nativas no tratamento de verminoses, da América do Sul, por meio de um levantamento de artigos e textos publicados no início do século 18. Esses trabalhos relatam o uso das figueiras por populações tradicionais, além de artigos que comprovam a eficiência do látex dessas plantas como Ficus doliaria e Ficus glabrata no combate a verminoses. Peckcolt e Peckcolt (1888), descrevem o uso no século XIX, de F. adhatodifolia, misturando-se uma colher de chá de látex com igual quantidade de cachaça e uma xícara de leite bem adoçado, para eliminação de vermes intestinais. O subgênero Pharmacosycea, recebeu esse nome justamente em virtude das propriedades medicinais de suas plantas, dentre elas a espécie F. adhatodifolia, (Carauta e Diaz, 2002). Essa espécie, além da atividade anti-helmíntica, é também recomendada no tratamento de ancilostomose e no tratamento de icterícia. Aos seus frutos são atribuídas propriedades afrodisíacas e estimulantes de memória. (Amorim et al., 1999; Lorenzi e Matos, 2008; Schultes e Raffauf, 1990). O uso do látex como medicamento anti-helmíntico pode trazer diversos riscos, devido principalmente à alta dosagem, pois apresenta ação purgativa muito drástica, podendo ocorrer até o sangramento de órgãos do sistema digestório (Lorenzi e Matos, 2008). Os riscos com o uso de látex de F. insipida, foi relatado por Hansson et al., (2005), na Amazônia Peruana, através do levantamento dos casos de intoxicação com látex no Hospital Regional de Pucallpa, Peru. Os resultados demonstram que em um período de 12 anos, a maioria dos 37 casos de intoxicação, foram provocadas por overdose, ou seja, ingestão de quantidades superiores à indicada, 1,5 cm3/Kg e em cinco apresentaram intoxicação em doses inferiores à indicada e duas foram à óbito. É crescente o interesse da ciência em desenvolver pesquisas com F. adhatodifolia, em virtude do seu poder anticancerígeno e anti-helmíntico. Porém, O fato do registro de nematoides nas raízes de F. adhatodifolia no o experimento realizado, levanta algumas questões inerentes à fisiologia da planta, a exemplo da localização do princípio ativo presente no látex que é eficaz no combate a nematoides. O registro de tal parasita na espécie se faz importante para subsidiar trabalhos futuros com propagação da espécie, uma vez que é uma planta de grande interesse medicinal. 4.Agradecimentos Os autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação em Horticultura da Universidade Estadual Paulista-UNESP-FCA, Campus de Botucatu pelo suporte logistíco; aos pesquisadores prof. Dr. Lin Chau Ming, do departamento de Horticultura pelo apoio na pesquisa e a prof. Drª Silvia Renata S. Wilcken e a laboratorista Maria de Fátima Almeida Silva do Laboratório de Nematologia do departamento proteção de plantas pelas analises nematológicas Agradecemos também, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por fornecer as bolsas de estudos durante esta pesquisa. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 44 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 5.Referências Bibliográficas Alves BA, Caruta JPP e Pinto AC. 2001. A história das figueiras ou gameleiras. Sociedade Brasileira de Química. Disponível em: <http://www.sbq.org.br/filiais/adm/Upload/subconteudo/pdf/Historias_Interessantes_de_ProdutosN aturais12.pdf >. Acesso em: 15 março de 2014. Amorim A, Borba HR, Carauta JP, Lopes D e Kaplan MA. 1999. Anthelmintic activity of the latex of Ficus species. Journal of Ethnopharmacology, 64: 255-258. Assumpção JVL. 2008. Desenvolvimento inicial de Ficus Mill. Em reflorestamento puro e misto em Cotriguaçu/MT. 2008. 51 p. Dissertação (Mestrado/ Ciências Florestais e Ambientais)- Faculdade de Engenharia Florestal-Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 51 p. Berg CC. 2001. Moraceae, Artocarpeae, and Dorstenia (Moraceae) with introductions to the family and Ficus and with additions and corrections to Flora Neotropica . Flora Neotropica Monographs, New York Botanical Garden, Nova York, v. 83, p. 1-346. Berg CC. 1998. Phytogeography, systematics and diversification of African Moraceae compared with those of other tropical areas. In: Huxley, C.R.; Lock, J; Cutler, D.F. Chorology, taxonomy and ecology of the floras of Africa and Madagascar. Royal Botanic Gardens, Kew. p. 131-148. Carauta JPP e Diaz BE. 2002. Figueiras no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 208 p. Fredericksen, TS, Justiniano MJ, Rumiz D, McDonald E e Aguape R. 1998. Ecologia y silvicultura de especies menos conocidas – Bibosi Higuerón - Ficus spp. Moraceae, Santa Cruz/ Bolívia: Bolfor, 57 p. Hansson A, Zwlada JC e Noriega HP. 2005. Reevaluation of risks with the use of Ficus insipida latex as a traditional anthelmintic remedy in the Amazon. Journal of Ethnopharmacology, 98: 251257. Ichinoe M. 2006. Nematodes en los cultivos perenes. Biokemia, Midland, v. 9, p. 10–13, 1965. Kislev, M. E.; Hartmann, A.; Bar-Yosef, O. Early domesticated fig in the Jordan valley. Science, Washington, 312: 1372-1374. Lorenzi H e Matos FJA. 2008. Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas. 2ª Ed, Nova Odessa, São Paulo: Instituto Plantarum,. 544 p. Mali RG e Mehta AAA. 2008. Review on anthelmintic plants. Natural Product Radiance, 7: 466-475. Mendonça-Souza L. 2006. Ficus (Moraceae) no Estado de São Paulo. 2006. 140 p. 51p. Dissertação (Mestrado/Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente) - Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente. São Paulo, 140p. Niranjan S e Garg VK. 2012. Ficus virens (white fig): an overview of its phytochemistry and pharmacology. The Global Journal of Pharmaceutical Research, 1: 318-324. Peckolt T e Peckolt G. 1888. História das plantas medicinais e úteis do Brazil. Rio de Janeiro: Laemmert, 918 p. Rizzini CT e Mors WB. 1976. Botânica econômica brasileira, São Paulo/SP, Editora EDUSP, 207 p. Schultes RE e Raffauf RF. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazonia. Portland : Dioscorides Press, 484 p. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 45 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Shi YX, Xu YK, Hu HB, Na Z e Wang WH 2011. Preliminary assessment of antioxidant activity of young edible leaves of seven Ficus species in the ethnic diet in Xishuangbanna, Southwest China. Food Chemistry, 128: 889-894. Shukla R, Gupta S, Gambhir JK, Prabhu KM e Murthy PS. 2004. Antioxidant effect of aqueous extract of the bark of Ficus bengalensis in: hypercholesterolaemic rabbits. Journal of Ethnopharmacology, 92: 47-51. Thomen LF. 1939. The latex of Ficus trees and derived anthelmintics: historical account. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 19: 409-418. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 46 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 FAUNA DE ARTRÓPODES NA SERRAPILHEIRA DO BOSQUE MUNICIPAL ILTO FERREIRA COUTINHO NA CIDADE DE TANGARÁ DA SERRA, MATO GROSSO Auclar Felipe Botini *, Cleber Aparecido Barros, Bruna Magda Favetti, Talitha Hévilla de Souza, Nadia Botini * Universidade do Estado de Mato Grosso. Faculdade de Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. Tangará da Serra - MT. [email protected] Palavras-chave: Biodiversidade, Ecossistemas, Invertebrados. 1.INTRODUÇÃO Os artrópodes compreendem mais de 1 milhão de espécies e ocupam uma grande variedade de nichos nos ecossistemas (Aquino 2006), e estima-se que cerca de 96.660-129.840 de artrópodes ocorram no Brasil (LEWINSOHN & PRADO, 2005). Segundo Seastedt (1984) e Moore et al. (1991) a fauna de artrópodes em serrapilheira destaca-se nos ecossistemas florestais pela sua importância na ciclagem de nutrientes e degradação da matéria orgânica, já que estes organismos são os principais responsáveis pela fragmentação da serrapilheira acumulada proveniente da vegetação circundante. O que explica o crescente número de estudos das comunidades de invertebrados e da utilização desses dados na formulação de estratégias de conservação e diretrizes para o manejo de ecossistemas (SIVESTRE, 2000). A serrapilheira abriga uma enorme diversidade de artrópodes terrestres, integrantes de um grupo que desempenha inúmeras funções ecológicas nos ecossistemas e são importantes para a conservação e manejo de reservas biológicas. A composição e a estrutura das comunidades de artrópodes de serrapilheira são influenciadas por condições ambientais como umidade, tipo de formação vegetal, volume e profundidade de serrapilheira (CORREIA & OLIVEIRA, 2000). No centro de Tangará da Serra está localizado o Parque Natural Ilto Ferreira Coutinho que possui uma vegetação de transição para a Floresta Amazônica (Moura, 2002) e possui três diferentes áreas denominadas área de lazer, área alterada e reserva natural, conforme seu estado de degradação e de utilização (Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2002). Sendo assim, esse ambiente apresenta características que favorecem o acúmulo de serrapilheira, constituída de matéria orgânica vegetal e animal que é depositada sobre o solo, sob diferentes estágios de decomposição (BARBOSA & FARIA, 2006). Com base nas informações acima, este estudo apresenta como principal objetivo avaliar a composição das espécies, riqueza e abundância da fauna de artrópodes na serrapilheira da mata de galeria no Bosque Municipal Ilto Ferreira Coutinho na cidade de Tangará da Serra, Mato Grosso. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 47 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 2.MATERIAIL E MÉTODOS 2.1- Local da coleta A coleta de artrópodes ocorreu no Bosque Municipal Ilto Ferreira Coutinho, localizado no município de Tangará da Serra em Mato Grosso. O bosque é caracterizado por ter um clima do tipo tropical quente e semiúmido, com quatro a cinco meses de seca ao ano. A temperatura média deste ambiente é de 24ºC anualmente. Coodernadas geográficas: 14.627785, -57.492909 2.2- Coletas da fauna As coletas de organismos pertencentes ao filo Arthropoda ocorreram no fim da estação da seca e inicio da estação chuvosa de 2013, no período matutino aproximadamente oito horas da manhã no horário local. Para a coleta dos artrópodes de serrapilheira foram selecionados dez pontos aleatoriamente. Para todos os pontos de coleta da serrapilheira foi utilizado um quadrado feito de madeira, com 40 x 40 cm. O material coletado foi condicionado em sacos plásticos e levado do local de coleta para o laboratório de microscopia da Universidade do Estado do Mato Grosso/UNEMAT, Campus de Tangará da Serra. Para a realização da triagem, que foi dividida em duas etapas: a primeira foi a coleta manual dos animais separado-os da serrapilheira e a segunda etapa foi utilizado um método a partir de indução de luz, onde a serrapilheira do quadrante foi posta dentro de uma peneira e abaixo desta peneira foi posto um balde, e sobre a peneira com serrapilheira foi posto uma luz para incidir calor sobre o material coletado, desta forma os animais migravam do local que estava incidindo o calor luminoso para o local interior do balde onde eram capturados e posteriormente armazenados em sacos plásticos, após levar o material para o laboratório utilizou-se álcool 70% para armazenar e preservar o material até o momento da identificação, posteriormente foi realizado a identificação dos animais em nível de ordem segundo Brandão & Cancello (1999). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 48 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 3.RESULTADOS E DISCUSSÕES Os invertebrados que ocorrem em ambientes terrestres são: Acanthocephala, Tardigrada, Onychophora, Platyhelminthes, Nematoda, Arthropoda, Annelida e Mollusca (Brandão & Cancello, 1999). Neste estudo, foram considerados apenas os exemplares pertencentes ao Filo Arthropoda. No presente trabalho foi possível coletar artrópodes das ordens Hymenoptera, Isoptera e Hemíptera estas ordens são representadas respectivamente pelos seguintes animais: Tabela 1. Ordens capturadas e seus representantes. ORDEM PRINCIPAIS REPRESENTANTES Hymenoptera Vespa, Formigas, Abelhas, Marimbondos Isoptera Cupins, Aleluias Hemíptera Percevejos, Barbeiros, Chupanças O seguinte gráfico mostra a quantidade de animais coletados em cada ordem, sendo 134 indivíduos da ordem Hymenoptera, 86 indivíduos da ordem Isoptera e 1 indivíduo da ordem Hemíptera (Figura 1). Figura 1. Frequência absoluta e ordens capturadas no Bosque Ilto Ferreira Coutinho. As porcentagens encontradas de cada ordem foram respectivamente, Hymenoptera (60,63%), Isoptera (38,91% e Hemíptera (0,41%) de animais coletados (Figura 2). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 49 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 2. Frequência relativa das ordens encontradas. Das duas espécies dentre as três espécies coletadas, as espécies maior abundância na coleta foram formigas com 134 indivíduos e cupins com 86 indivíduos. A figura a seguir mostra esta quantidade de forma mais facilitada. Figura 3. Frequência absoluta das espécies capturadas. Segundo Marques et al. (2005), a diversidade da fauna do solo depende da matéria orgânica disponível e seu arejamento adequado, bem como pouca exposição ao sol. Além disso, a estrutura física do solo pode contribuir para o desaparecimento de grande parte dos habitats, permitindo o estabelecimento apenas daquelas espécies adaptadas às condições adversas. No trabalho de Copatti & Daudt, (2009) eles relatam que em sua coleta observou-se que todos os indivíduos da ordem Hymenoptera eram pertencentes à família Formicidae, sendo este o táxon mais abundante na área de mata nativa. Brandão & Cancello (1999) afirmam que em muitas comunidades ecológicas, Formicidae é dominante, ocupando todos os espaços disponíveis, onde exercem um grande número de funções. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 50 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 SILVEIRA et al., 2002 afirma que este grupo é bastante sensível à heterogeneidade fisionômica, já que apresenta diferentes especialidades tanto na forma de colonização, quanto na escolha de nichos ecológicos. Santos et al. (2003), quando investigaram a fauna de artrópodes em Attalea phalerata Mart. (Arecaceae), obtiveram Formicidae como o segundo grupo dominante no período de seca no Pantanal de Mato Grosso. O segundo grupo mais coletado foram os cupins, segundo Bandeira (1983), esses insetos sociais pertencentes à ordem Isoptera, são conhecidos principalmente pelo seu aspecto de praga. Ocorrem em todos os habitats, desempenhando importante papel na decomposição orgânica, contribuindo na ciclagem dos nutrientes em ambientes naturais. Além disso, o comportamento construtor dos cupins causa modificações na estrutura dos solos, promovendo um aumento de porosidade e do transporte de partículas minerais para a superfície e vice-versa (LEE & WOOD, 1971; WOOD & SANDS, 1978). 4.CONCLUSÃO Com presente trabalho presente foi possível concluir que a diversidade de espécies de Artrópodes no Bosque Municipal Ilto Ferreira Coutinho não obteve os resultados esperados. Podem ter ocorrido vários fatores que influenciaram direto ou indiretamente nos resultados, entre eles: A estação seca, a influência de turistas, já que o bosque é aberto ao publico, ou até mesmo o método de coleta não ter sido adequado ao ambiente, onde armadilhas passivas poderiam ter apresentados melhores resultados do que a ativa. Isto abre espaços para novos estudos sobre qual o método mais eficaz para o local, e se realmente o publico tem influencia direta ou indireta na comunidade do bosque. 5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, J. H. C.; FARIA, S. M. Porte de serrapilheira ao solo em estágios sucessionais florestais na reserva biológica de poço das antas, Rio de Janeiro, Brasil. Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, v. 57, n. 3, p. 461. 2006. BRANDÃO, C. R. F.; CANCELLO, E. M. Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil. São Paulo: Fapesp, 1999. 279 p. CORREIA, M. E. F.; OLIVEIRA, L. C. M. de. Fauna de Solo: Aspectos Gerais e Metodologicos. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, p. 46, fev. 2000. COPATTI, C. E., DAUDT, C. R. Diversidade de artrópodes na serrapilheira em fragmentos de mata nativa e Pinus elliotti. Ciência e Natura, UFSM, 31 (1): 95-113, 2009. Fundação Estadual Meio Ambiente. 2002. Parque Natural Municipal Ilto Ferreira Coutinho. Laudo técnico. Tangará da Serra-MT. LEE, K. E. &. WOOD, T. G. 1971. Termites and soils. London, Academic. 251p. Lewinsohn, T. M. e P. I. Prado. 2005. Quantas espécies há no Brasil? Conservation Biology, 19: 619-624. MARQUES, M.I.; ADIS, J.; BATTIROLA, L.D.; PINHO, N.G.C.; MANHERT, V. Canopy and soil inhabitants of Vochysia divergens (Vochysiaceae) in the northern Pantanal. In: The Annual Meeting of the Association for Tropical Biology and Conservation - Frontiers in Tropical Biology and Conservation, 2005, Uberlândia-MG. Anais… Annual Meeting of the Association for Tropical Biology and Conservation, 2005. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 51 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Moura, C.B. 2002. Projeto de recuperação de áreas degradadas – Parque Natural Ilto Ferreira Coutinho. Prefeitura Municipal de Tangará da Serra-MT. MOORE, J. C., H. W. Hunt e E. T. Elliotti. Interactios between soil organisms and herbivores. In: P. Barbosa, V. Kirschik and C. Jones (eds.) Multitrophic-level interactions among microorganisms, plants and insects. John Wiley, New York, 385p. SANTOS, G.B.; MARQUES, M.I.; ADIS, J. Atrópodos associados à copa de Attalea phalerata Mart. (Arecaceae), na região do Pantanal de Poconé, Mato Grosso, Brasil. Revista Brasileira de Entomologia, Curitiba, v.47, p.211-224, 2003. SEASTED, T. R. 1984. The role of microarthropods n decomposition and mieralization processes. Annu. Rev. Entomol, v.29, p.25-46. Silveira, F.A., G.A.R. Melo e E.A.B. Almeida. 2002. Abelhas Brasileiras - sistemática e identificação. Belo Horizonte: Edição do Autor. 253p. SILVETRE, R. Estrutura de comunidades de formigas no cerrado. 2000. 216 p. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 52 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 ESTRUTURA HORIZONTAL DE UM SISTEMA AGROFLORESTAL E SEU POTENCIAL PARA FIXAÇÃO DE CARBONO NO MUNICIPIO DE ALTA FLORESTA – MT Antônio Carlos Silveiro da Silva*, Jessica Borges da Veiga, Charles Caioni, Ademilso Sampaio de Oliveira, Wesley Vicente Claudino * Universidade do Estado de Mato Grosso. Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Agroecossistemas Amazônicos, Alta Floresta - MT. [email protected] Palavras-chave: Manejo de agroecossistemas, Crédito de carbono, Ciclo biogeoquímico. 1.Introdução Entre os diversos serviços ambientais prestados pelos ambientes florestais, destacam-se o sequestro e estocagem do carbono, em função da intensificação do efeito-estufa e do consequente aquecimento global. Esses fenômenos ocorrem devido ao aumento da concentração dos gases de efeito-estufa, principalmente dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), provenientes de emissões antrópicas (Ribeiro et al., 2009). Uma das formas mais eficientes de diminuir os impactos ambientais ligados às alterações climáticas é reduzir as emissões de carbono, sequestrando-o, fixando-o e mantendo-o pelo maior tempo possível na biomassa vegetal (Alvarado et al., 2008). Em geral, a fixação de carbono pode aumentar através de intervenções como de programas de manejo de solos com reflorestamentos, sistemas agroflorestais e práticas conservacionistas de solos (Arevalo et al., 2002). Desta forma os sistemas agroflorestais se prestam como importantes ecossistemas na manutenção de serviços ambientais, e sendo de tal forma, de interesse o estudo de sua estrutura, arranjo e composição, para que se possa aferir com maior veracidade sua relevância ecológica. Como descrito por Wolf et al. (2012) e Alvarado et al. (2003) os sistemas agroflorestais além de garantirem uma renda adicional para a sustentabilidade financeira do sistema através da produção de alimentos, os mesmos apresentam potencial na retenção de carbono, servindo como sumidouro deste elemento em quantidades consideráveis. Diante do exposto, o presente estudo objetivou analisar a estrutura horizontal e estimar o potencial de estoque de biomassa aérea, fixação de carbono e sequestro de dióxido de carbono em um sistema agroflorestal da região norte do estado de Mato Grosso. 2.Material e Métodos 2.1. Área de estudo O experimento foi conduzido no município de Alta Floresta, localizado no extremo norte do estado de Mato Grosso, entre as coordenadas geográficas de 09º 02’ 29" a 11º 15’ 45” de Latitude sul e 56º 44' 55" a 58º 45’ 10” de Longitude oeste, estando a uma altitude de 283 metros (Figura 1). O municipio possui uma área territorial de 8.947 km2 (IBGE, 2007), ocupada por um total de 49.164 habitantes (IBGE, 2013). Apresenta clima Equatorial continental úmido com estação seca definida da Depressão sul amazônica, com temperatura média anual entre 24,3 e 24,8 ºC (Butturi et al., 2013), com precipitação pluviométrica de 2.000 a 2.300 mm (SEPLAN, 2006). O relevo faz parte do Planalto Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 53 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Apiacás-Sucurundi e da Depressão Interplanáltica Amazônica Meridional. Os solos presentes na região variam de Argissolos Amarelo e Vermelho-Amarelos e, em menor proporção os Latossolos e solos Hidromórficos (Ferreira, 2001). A cobertura vegetal dominante no município de Alta Floresta é do tipo Floresta Ombrófila Aberta Tropical, Floresta densa tropical, Savanas e Áreas de tensão ecológica que ocorre associada às palmeiras e cipós. Este tipo de floresta caracteriza-se pela presença de árvores de grande porte, muitas vezes bastante espaçadas, pelo frequente agrupamento de palmeiras e, também pela grande quantidade de fanerófitas sarmentosas (Oliveira, 2006). Figura 1. Localização do municipio de Alta Floresta – MT. O levantamento foi realizado em um sistema agroflorestal (SAFs), pertencente a uma propriedade rural de Alta Floresta. O sistema possui uma área de 30 x 80m, sendo desenvolvido pelo proprietário á 15 anos. A principal cultura agrícola empregada é o cacau (Theobroma cacau L.) no espaçamento 3 x 4m, estando consorciado com outras espécies florestais distribuídas aleatoriamente pelo SAFs (Tabela 1). Tabela 1. Espécies florestais utilizadas no Sistema Agroflorestal (em estudo), localizado no município de Alta Floresta - MT. Área Sistema agroflorestal Nome científico Aristida pallens Nuff Theobroma cacau L. Ocotea sp. Cedrela fissilis Vell. Sapium glandulatum (Vell.) Pax. Senegalia polyphylla (DC) Britton & Rose Chlorophora tinctoria (L.) Gaud. Calycophyllum spruceanum (Benth.) K. Schum. Schizolobium amazonicum Ducke Nome comum Barba de bode Cacau Canela Cedro rosa Leitero Monjoleiro Moreira Mulateiro Pinho cuiabano Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 54 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Enterolobium sp. Timburi 2.2. Coleta e analise de dados Para coleta de dados foram estabelecidas dez parcelas aleatórias, de 10 x 10m (100m2), e realizado o inventário florestal medindo-se o diâmetro do fuste a 1,3 m de altura (DAP), com auxilio de uma fita diamétrica. Todos os indivíduos tiveram o DAP mensurado, independente do diâmetro. Os indivíduos (cacau e espécies florestais) foram divididos em classes de diâmetro. Para melhor compreensão da estrutura vegetacional presente no SAFs, utilizou-se o intervalo de 5 cm para cada centro de classe, iniciando-se a partir de 10 cm. A análise fitossociológica foi feita de acordo com a metodologia usada por Jardim e Hosokawa (1986) e Ribeiro et al. (1993). Esta metodologia utiliza parâmetros das espécies como: Frequência, Densidade e Dominância, colocados de modo relativo e agrupados em um único valor que indica a importância ecológica (IVI) da espécie na floresta. Também foi analisado o índice valor de cobertura (lVC), o qual destaca a ordem de importância das espécies e pode ser expresso pela somatória da densidade relativa e dominância relativa (Santos, 1996). Para a estimativa da biomassa florestal foi utilizada apenas a variável DAP, seguindo a metodologia proposta por Arevalo et al. (2002), utilizando-se a equação alométrica para os indivíduos vivos (em Mg.ha-1): BAVT = 0,1184 DAP^ 2,53* 0,1 Onde: BAVT= biomassa aérea total de indivíduos vivos, DAP= diâmetro do fuste, 0,1 = fator de conversão para parcelas que possui dimensão de 100 m2. O estoque de carbono foi obtido multiplicando-se a biomassa florestal aérea pelo fator 0,45 (Brown, 1997). A determinação do CO2 foi adquirida pela razão entre a massa molecular do dióxido de carbono (CO2) e a massa atômica do carbono (C) (Brown et al., 1986). Os valores obtidos para biomassa, carbono e dióxido de carbono foram expressos para cada espécie encontrada no sistema agroflorestal. 3.Resultados e Discussão No sistema agroflorestal foram encontrados um total de 127 indivíduos, dos quais aproximadamente 70% são representados pela cultura do cacau e os outros 30% pelas espécies florestais. A distribuição diamétrica dos mesmos encontra-se ilustrada na Figura 2. Para espécie cacau evidenciou-se uma maior concentração na segunda e terceira classe de diâmetro (Figura 2A), as quais corresponderam a 68,53% dos indivíduos amostrados. Já para as espécies florestais houve uma maior concentração entre as classes de 20,1 a 45 cm, o que correspondeu a aproximadamente 71% dos indivíduos florestais presentes no sistema (Figura 2B). Para o sistema agroflorestal, como um todo, houve uma maior concentração nas primeiras classes amostradas (Figura 2C). A segunda, terceira e quarta classe de diâmetro tratadas conjuntamente revelaram que 63,77% dos indivíduos tinham o diâmetro à altura do peito entre 10,1 a 25 cm. Esta distribuição fez com que a curva da Figura 2C não apresentasse uma distribuição típica para ambientes conservados (Jurinitz e Jarenkow, 2003), no entanto tal resultado é esperado, uma vez que o mesmo é observado para vegetações naturais e não para ambientes artificiais. A espécie que contribuiu com os maiores valores de diâmetro encontrado foi o Pinho cuiabano, variando de 65 a 77 cm, sendo os menores diâmetros encontrados na cultura de cacau. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 55 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 (A) (B) (C) Figura 2. Distribuição diamétrica encontrada no sistema agroflorestal. (A) Diâmetro da espécie cacau. (B) Diâmetro das espécies florestais. (C) Diâmetro total das espécies analisadas. Os índices encontrados para o valor de importância (IVI) de cada espécie estão evidenciados na tabela 2, com os valores de densidade, freqüência e dominância relativa e o valor de cobertura (IVC). A espécie que apresentou maior IVC e IVI foi o Cacau, devido a sua alta densidade e frequência em comparação aos demais. A espécie florestal Leiteiro obteve a maior percentagem de dominância relativa, contribuindo com 2,52 m2 da área basal total do sistema agroflorestal (6,78 m2). Este valor de dominância fez com que a espécie obtivesse o segundo melhor resultado de IVC e IVI. Observa-se que algumas espécies tiveram sua densidade relativa semelhantes entre si, mas o seu valor de importância diferenciou significativamente. Tal resultado pode ser explicado pela dominância relativa que cada espécie apresentou, portanto as espécies que apresentaram uma dominância relativa maior que as demais (com densidade e frequência iguais) demonstram um diferencial em suas características fisionômicas e uma maior adaptabilidade no local. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 56 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Tabela 2. Lista da ordem decrescente das espécies com maior valor de importância do sistema agroflorestal no municipio de Alta Floresta – MT. Espécies NI DR % FR % DoR % IVC IVI Cacau 89 70,08 37,03 26,25 96,33 133,36 Leitero 25 19,68 29,63 37,17 56,85 86,48 Pinho cuiabano 4 3,14 7,41 22,13 25,27 32,68 Canela 3 2,36 3,70 4,87 7,23 10,93 Moreira 1 0,79 3,70 2,80 3,59 7,29 Timburi 1 0,79 3,70 2,21 3,00 6,70 Cedro rosa 1 0,79 3,70 1,62 2,41 6,11 Mulateiro 1 0,79 3,70 1,33 2,12 5,82 Monjoleiro 1 0,79 3,70 1,03 1,82 5,52 Barba de bode 1 0,79 3,70 0,59 1,38 5,08 NI = número de indivíduos; DR = densidade relativa; FR = frequência relativa; DoR = dominância relativa; IVC = índice valor de cobertura; IVI = índice valor de importância. Os valores encontrados para biomassa aérea, estoque de carbono e estimativa de sequestro de CO2 para as espécies presentes no SAFs, estão evidenciados na tabela 3. A espécie Leiteiro apresentou as maiores proporções de biomassa aérea (2.731,09 Mg ha-1) seguida de Pinho cuiabano e Cacau, as quais contribuíram com 85,48% da biomassa total presente no levantamento. Estes resultados só foram possíveis devido ao número e ao diâmetro do fuste de cada indivíduo das respectivas espécies. No entanto, nota-se que a cultura Cacau apresentou os maiores valores de indivíduos no sistema (Tabela 2) e os menores valores de DAP (Figura 2) o que não se mostrou suficiente para superar a quantidade de biomassa aérea apresentada pelas espécies florestais Leiteiro e Pinho cuiabano. Para as variáveis carbono e dióxido de carbono os resultados foram semelhantes aos apresentados pela biomassa aérea, uma vez que a fixação e sequestro de carbono estão intimamente ligadas aos valores obtidos pela biomassa de cada indivíduo e espécie presentes no sistema agroflorestal. De modo geral, o SAFs se mostrou importante para a fixação e sequestro de carbono, uma vez que o mesmo contribui com 3.237,00 Mg ha-1 de carbono e 11.819,86 Mg ha1 de CO2 respectivamente. Tais resultados corroboram com a ideia de que os sistemas agroflorestais são potenciais para a fixação de carbono e, portanto apresentam potencial para melhorar a qualidade ambiental via regulação do clima (Izac e Sanchez, 2001). Tabela 3. Quantidade total de biomassa aérea, carbono e CO2 para as espécies do sistema agroflorestal, localizado no municipio de Alta Floresta – MT. Biomassa Aérea Carbono CO2 Espécies Mg ha-1 Leitero 2.731,09 1.229,14 4.510,94 Pinho Cuiabano 2.139,45 962,75 3.533,31 Cacau 1.278,09 575,14 2.110,77 Canela 343,47 154,56 507,24 Moreira 231,81 104,31 382,84 Timburi 171,31 77,09 282,92 Cedro Rosa 106,90 48,10 176,54 Mulateiro 96,85 43,58 159,95 Monjoleiro 63,55 28,60 104,95 Barba de bode 30,52 13,73 50,40 Total 7.193,04 3.237,00 11.819,86 Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 57 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Portanto, o sistema agroflorestal se mostrou dinâmico em relação sua estrutura horizontal e seu potencial para fixação de carbono, tendo a participação efetiva de suas essências florestais. Este apresentou grande importância ecológica, demonstrando potencial para sugestão de utilização como crédito de carbono e desempenhando um papel significativo no ciclo biogeoquímico deste elemento. Corroborando com a ideia de que os sistemas agroflorestais se apresentam como protótipos alternativos de sustentabilidade para utilização dos ecossistemas (Vale, 2004). 5.Referência Bibliográfica Alvarado JR, Veiga JB, Santana AC. 2008. Quantificação do carbono em sistemas de uso-da-terra no distrito de José Crespo e Castillo, Peru. Asociación Latinoamericana de Producción Animal, 16: 139-152. Arevalo LA, Alegre JC, Vilcahuaman LM. 2002. Metodologia para estimar estoque de carbono em diferentes sistemas de uso da terra. Colombo: Embrapa Florestas. Brown S. 1997. Estimating biomass and biomass change of tropical forests: a primer. Rome: FAO. Brown S, Lugo AE, Chapman J. 1986. Biomass of tropical tree plantations and its implication for the global carbon budget. Canadian Journal of Forest Research, 13: 390-394. Butturi W, Nunes EJS, Silva EP. 2013. Banco de dados geográfico aplicado ao cadastro ambiental rural do município de Alta Floresta-MT. Revista de Ciências Agro-Ambientais, 11: 1-8. Ferreira, JCV. 2001. Mato Grosso e Seus Municípios. Cuiabá: Secretaria de Estado de Educação. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 2007. Censo 2007. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=510025#. Acesso em: 09 abr. 2014. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 2013. Censo 2013. http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=510025&search=mato-grosso|altafloresta. Acesso em: 09 abr. 2014. Izac AMN, Sanchez PA. 2001. Towards a natural resource management paradigm for international agriculture: the example of agroforestry research. Agricultural Systems, 69: 5-25. Jardim FCS, Hosokawa RT. 1986. Estrutura da Floresta Equatorial Úmida da Estação Experimental de Silvicultura Tropical do INPA. Acta Amazonica, 16/17 (único): 411-508. Jurinitz CF, Jarenkow J. 2003. A estrutura do componente arbóreo de uma floresta estacional na Serra do Sudeste, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, 26: 475-487. Oliveira AS. 2006. Qualidade do Solo em Sistemas Agroflorestais em Alta Floresta-MT. Dissertação de Mestrado, Curso de Pós-Graduação em Ciências do Solo e Nutrição de Plantas, UFV, Viçosa. Ribeiro RI, Higuchi N, Azevedo C.P. 1993. Estudos Fitossociológicos nas Regiões de Carajás e Marabá-PA. Monografia, UTAM, Manaus. Ribeiro SC, Jacovine L.AG, Soares CPB, Martins SV, Souza AL, Nardelli AMB. 2009. Quantificação de biomassa e estimativa de estoque de Carbono em uma floresta madura no município de viçosa, Minas gerais. Revista Árvore, 33: 917-926. SANTOS I. 1996. Análise de Modelos de Regressão para Estimar a Fitomassa da Floresta Tropical Úmida de Terra-Firme da Amazônia Brasileira. Tese de Doutorado, UFV, Viçosa. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 58 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPLAN). 2001. Unidades Climáticas do Estado de Mato Grosso. In: Zoneamento Sócio Econômico Ecológico. Cuiabá: PRODEAGRO. Wolf R. 2012. Sistemas agroflorestais: potencial para sequestro de carbono e produção de outros serviços ambientais. In: Seminário de Agroecologia de Mato Grosso do Sul, 4., Glória de Dourados. Anais... Glória de Dourados: seminário de agroecologia de mato grosso do sul, p. 1-5. VALE, R. S. 2004. Agrossilvicultura com eucalipto como alternativa para o desenvolvimento sustentável da Zona da Mata de Minas Gerais. Tese de Doutorado, Curso de Pós-Graduação em Ciências Florestais. UFV, Viçosa. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 59 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 FATORES QUE FAVORECERAM A EXPANSÃO DA AGRICULTURA NA BACIA DO RIO DO SANGUE Jéssica Cocco*, Edinéia Aparecida dos Santos Galvanin, Rogerio Gonçalves Lacerda de Gouveia, Higor Vendrame Ribeiro * Universidade do Estado de Mato Grosso. Programa de Pós Graduação Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola. Tangará da Serra- MT. [email protected] Palavras-chaves: desmatamento, declividade, migração 1.Introdução O estado de Mato Grosso começou a ser ocupado no século XVII, desde então houve algumas transformações do espaço, devido às pressões antrópicas (KLINK e MOREIRA, 2002). No entanto, nos anos 80, a soja levou o progresso e o desenvolvimento para regiões despovoadas e desvalorizadas no Brasil Central (FREITAS, 2011). Deste modo como houve a evolução das áreas destinadas ao cultivo de soja, em consequência houve o aumento de áreas desmatadas, causando alguns prejuízos ao ambiente, como a destruição das florestas, da biodiversidade genética, a erosão dos solos e a contaminação dos recursos hídricos (BALSAN, 2006; OLIVEIRA-FILHO e LIMA, 2002). Além disso, vale ressaltar que o Estado de Mato Grosso contribui para o incremento da produção hídrica de seis bacias hidrográficas brasileiras, Amazônica, Araguaia-Tocantins, ParanáParaguai, São Francisco, Atlântico Norte-nordeste e Atlântico Leste (LIMA e SILVA, 2002). O Rio do Sangue pertence à bacia hidrográfica Amazônica, e é considerado como um dos principais afluentes da sub-bacia do Rio Juruena (MATO GROSSO, 2010). As principais atividades na região da bacia do Rio do Sangue são a pecuária, a agricultura e usinas de geração de energia (BRASIL, 2006). Neste contexto, atividades como agricultura, pecuária, usinas de geração de energia e áreas de lazer, presentes na bacia Rio do Sangue, modificam o ambiente natural. Ao passo que esse processo vai avançando ocorre à redução do ambiente natural, quando de forma desordenada grandes problemas ambientais são causados (SILVA e FRANCISCHETT, 2012), como o desrespeito com as áreas de preservação permanentes uso ilegal da mata ciliar pelos proprietários de terras (SERIGATTO, 2006). Portanto este trabalho propõe identificar e analisar os fatores que favoreceram o processo de ocupação na região da bacia do Rio do Sangue. 2.Material e Métodos 2.1 Área de Estudo A bacia do Rio do Sangue situa-se na região centro norte do Estado de Mato Grosso, entre as coordenadas geográficas 12°15’ a 14°45’ de latitude S e 56°45’ a 58°15’ de longitude W, ocupando uma área de aproximadamente 2.890.412,65 ha (Figura 01). Compreendendo os Municípios de Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis, Diamantino, Nova Marilândia, Nova Maringá e Brasnorte. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 60 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 01: Mapa de localização da bacia do Rio do Sangue, Mato Grosso Brasil. A bacia apresenta dois tipos de vegetação principais, Floresta Estacional e a Savana, contidas nos biomas Amazônia e Cerrado (BRASIL, 2004). O clima da região é Tropical com regime pluviométrico composto por uma estação chuvosa, de outubro a março e, outra seca, de abril a setembro, temperatura e precipitação média anual são 24,4°C e 1500 mm, respectivamente (DALLACORT et al., 2010). O solo da bacia é composto por Latossolo Vermelho distrófico, Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico e Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico, principalmente (BRASIL, 2001). 2.2 Procedimentos metodológicos Foi realizado um levantamento dos motivos que levaram a ocupação das terras na região da bacia do Rio do Sangue por meio de análise de dados secundários, tais como valoração das culturas, incentivos governamentais, estradas, valor das terras, entre outros. Esses dados foram analisados por meio de revisão bibliográfica e busca em bancos de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Para a elaboração dos arquivos vetoriais do mapa de solo foi utilizado como referencia o Mapa de solos do Brasil na escala de 1:5.000.000 elaborado pelo IBGE e EMBRAPA (IBGE, 2001), que no contexto deste estudo foram recortados pela máscara da área de estudo e inseridos no Banco de Dados Geográficos visando a integração com as demais informações espaciais. Para o mapa de declividade foi seguida a metodologia de Sousa Junior e Dêmatte (2008), onde o modelo digital de elevação (MDE) foi gerado utilizando as curvas de nível, por meio da Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 61 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Rede Irregular de Triangulações (Irregular Triangulated Networks – TIN) que reproduz elevação ao plotar pontos em vértices de triângulos. A classificação das declividades foi realizada conforme proposto pela Embrapa (2009), que considera: 0–3 cm m-1 (plano), 3–8 cm m-1 (suave ondulado), 8–20 cm m-1 (ondulado), 20–45 cm m-1 (forte ondulado), 45–75 cm m-1 (montanhoso) e 75–100 cm m-1 (escarpado). Para a confecção dos mapas de declividade e de solos utilizou-se o software ArcMap, versão 9.2 (ESRI, 2008). 3. Resultados e Discussões De acordo com Ferreira (2001), a atividade econômica na região baseia-se na agricultura, pecuária, extrativismo (mineral e vegetal), agroindústria e ecoturismo. A agricultura está em destaque, uma vez que esta representa a base econômica da região, em decorrência do cultivo de soja, arroz, milho, cana-de-açúcar, algodão e feijão, principalmente (CONAB, 2013). De acordo com Coutinho (2009), as características do solo, relevo, clima e precipitação, presentes na bacia do Rio do Sangue possibilitaram a expansão da agricultura e pecuária na região. Além disso, fatores históricos e econômicos como incentivos governamentais, preços de terras e produtos, também influenciaram no processo de ocupação da região. (a) (b) Figura 02: (a) Mapa de solos e (b) mapa de declividade da bacia do Rio do Sangue-MT. A partir do mapa de solos foi possível constatar que os principais tipos de solo presentes na Bacia são Argilossolo vermelho-amarelo (5,42), Latossolo vermelho-amarelo (52,65%), Neossolo litólico (0,25%), Neossolo Quartzarênico (5,85), Latossolo Vermelho (35,83) (figura 02 a). O Latossolo vermelho-amarelo e o Latossolo vermelho apresentam alta profundidade, baixa densidade aparente (0,92g a 1,15g/cm3) a porosidade varia de alta a muito alta (60% a Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 62 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 69%), boa permeabilidade, acidez elevada e a baixa fertilidade química, requerendo, assim, correção da acidez e adubação fertilizante (SANTOS et al., 2006). Ademais por possuírem excelentes condições físicas, tendem a favorecer a sua utilização para o cultivo de diversas culturas, quando associado ao relevo plano a suave ondulado e clima adaptado (SANTOS et al., 2006). A bacia apresenta em sua maior parte (77,37) relevo plano a suave ondulado (tabela 01 e figura 02 b), sendo que este é um fator importante para o desenvolvimento da agricultura, uma vez que possibilitam melhores condições para o uso de maquinário agrícola, facilitando o processo de plantio e colheita (COELHO et al., 2002). Tabela 01: Declividade, tipo de relevo e a área da bacia do Rio do Sangue-MT. Declividade Relevo Área em % 0-3 cm m-1 Plano 59,06 3-8 cm m-1 Suave Ondulado 18,31 8-20 cm m-1 Ondulado 14,05 20-45 cm m-1 Forte Ondulado 8,45 45-100 cm m-1 Montanhoso a escarpo 0,13 Além disso, regiões de altos declives, normalmente são usadas para pastagem, reflorestamento e preservação da biodiversidade local, uma vez que a ocupação inadequada pode causar erosão, lixiviação, deslizamentos, dificuldade nas manobras dos maquinários, entre outros (COELHO et al., 2002; ALMEIDA, 2005). A migração marca o contexto da ocupação do Mato Grosso, sendo estimulada por incentivos governamentais, acesso ao financiamento e o baixo preço das terras do estado em relação aos demais estados (DESCONSI, 2010). Houve um aumento de 29,72% da população na região da bacia do Rio do Sangue de 1990 até 2010 (IBGE, 2013). Desconsi (2010) ressalta ainda que o fluxo migratório para a região mato-grossense era advindo basicamente da Região Sul, desencadeada pelos grandes incentivos governamentais, inovações tecnológicas na agricultura e baixo custo das terras na região (REZENDE, 2002; SANTOS et al., 2010; GASQUES et al., 2008). O preço dos produtos da agricultura e da pecuária de acordo com Strassburg et al. (2013), se mantiveram de 1990 a 2010 sem grandes variações, no entanto houve um aumento na produção das culturas (milho, sorgo, soja, algodão e arroz) (27%) e da pecuária (12%) bem como um aumento na área destinada à essas atividades, 27% e 13% respectivamente (STRASSBURG et al., 2013). Atualmente a agricultura no estado de Mato Grosso tem passado por problemas no transporte da produção, de acordo com Almeida (2005), os principais problemas são a precariedade das estradas e a distância do estado em relação aos principais portos do país, que contribuem para o elevado custo do transporte dos produtos em virtude dos pedágios. De acordo com Brasil (2002), a região da bacia do Rio do Sangue possui quatro rodovias estaduais (MT 170, MT 358, MT 160, MT 220) e uma federal (BR 364), juntas fornecem 528 km de estradas, no entanto somente 50% destas possuem asfalto, demonstrando assim a necessidade de investimentos nesse setor na região, a fim de melhorar as condições de transporte da produção. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 63 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 4.Considerações Finais A bacia do Rio do Sangue apresenta condições climáticas, de solo e de relevo que favorecem o uso das terras da região para o cultivo de diversas culturas agrícolas, como soja, milho, sorgo, algodão. Além disso, no decorrer do processo de colonização da região fatores como preço das terras no estado, a valorização econômica dos produtos agrícolas, também são fatores importantes no processo de expansão da agricultura na bacia do Rio do Sangue. 5.Referencias bibliográficas ALMEIDA, I. R. 2005. O clima como um dos fatores de expansão da cultura da soja no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso. Tese de Doutorado, Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Presidente Prudente. BALSAN, R. 2006. Impactos decorrentes da modernização da agricultura brasileira. Revista de geografia agrária, v. 1, n. 2, p. 123-151. BRASIL, 2006. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Caderno da Região Hidrográfica Amazônica. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos. – Brasília: MMA, p. 124. BRASIL. 2002. Ministério dos Transportes. Mapa Rodoviário de Mato Grosso. Escala 1:2.000.000, Departamento Nacional de Infra - Estrutura de Transportes – DNIT. BRASIL. 2004. Ministério do Meio Ambiente e Instituto Brasileiro de Geografia – IBGE. Mapa de Biomas do Brasil (primeira aproximação). Rio de Janeiro, Mapa color. Escala 1: 500.0000. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente e Instituto Brasileiro de Geografia – IBGE. Mapa de Biomas do Brasil (primeira aproximação). Rio de Janeiro: 2004. Mapa color. Escala 1: 500.0000. Disponível em <ftp://geoftp.ibge.gov.br/mapas_tematicos/mapas_murais/biomas.pdf> Acessado em abril de 2013. COELHO, M. R.; SANTOS, H. G.; SILVA, E. F.; AGLIO, M. L. D. 2002. O recurso natural solo. In: MANZATTO, C. V.; FREITAS JR, E.; PERES, J. R. R. Uso agrícola dos solos brasileiros. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, p. 18-28. CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento. Séries históricas. Disponível em: < http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/13_07_09_09_04_53_boletim_graos_junho_ _2013.pdf >. Acesso em outubro de 2013. COUTINHO, A. C. 2009. Queimadas no estado de Mato Grosso: clima, relevo, vegetação, solos. EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Disponível em:< http://www.qmdmt.cnpm.embrapa.br/>. Acessado em junho de 2013. DALLACORT, R.; MARTINS, J. A.; INOUE, M. H.; FREITAS, P. S. L.; KRAUSE, W. 2010. Aptidão agroclimática do pinhão manso na região de Tangará da Serra, MT. Revista Ciência Agronômica, v. 41, n. 3, p. 373-379. DESCONSI, C. 2010. A marcha dos “pequenos proprietários rurais” no Mato Grosso - a construção de estratégias de acesso a terra e trabalho no período pós 90. VIII Congresso Latinoamericano de Sociologia Rural, Porto de Galinhas, Pernambuco, Brasil, p. 1- 20. EMBRAPA. 2009. Sistema brasileiro de classificação de solos. EMBRAPA-SPI: Rio de JaneiroRJ, p. 412. ESRI. 2008. ArcGIS. Mapping and Spatial Analysis. Versão 9.2 ArcGIS Desktop. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 64 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 FERREIRA, J. C. V. 2001. Mato Grosso e seus municípios. Cuiabá: Secretaria de Estado da Educação. Disponível em:< http://www.mteseusmunicipios.com.br/NG/indexint.php?sid=236>. Acessado em julho de 2013. FREITAS, M. C. M. 2011. A cultura da soja no Brasil: o crescimento da produção brasileira e o surgimento de uma nova fronteira agrícola. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer: Goiânia, v. 7, n. 12, p. 1-12. GASQUES, J. G.; BASTOS, E. T.; VALDES, C. 2008. Preços da Terra no Brasil. XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia Administração e Sociologia Rural, Anais, Rio Branco-Acre, p. 1-16. IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Download Dados estatísticos. Disponível em: <http://downloads.ibge.gov.br/downloads_estatisticas.htm>. Acessado em outubro de 2013. IBGE. 2001. Mapa de solos do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE– Escala 1:5000.000. KLINK, C. A.; MOREIRA, A. G. 2002. Past and current human occupation and land-use. In: OLIVEIRA, P. S.; MARQUIS, R. J. (org.) The Cerrado of Brazil: Ecology and natural history of a neotropical savanna. New York, Columbia University Press, p. 69-88, p. 424. LIMA, J. E. F. W.; SILVA, E. M. 2002. Contribuição hídrica do Cerrado para as grandes bacias hidrográficas brasileiras. Simpósio de recursos hídricos do Centro Oeste, Campo Grande: Anais. MATO GROSSO. 2010. Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA, Relatório de Monitoramento da Qualidade da Água da Região Hidrográfica Amazônica – 2007 a 2009. ARAÚJO, A.; FIGUEIREDO, S. B.; ALMEIDA, A. R.; NUNES, A. C. S. (orgs) - Cuiabá: SEMA/MT; SMIA, p. 90. OLIVEIRA-FILHO, E. C.; LIMA, J. E. F. W. 2002. Impacto da agricultura sobre os recursos hídricos na região do cerrado. Planaltina – DF, Embrapa Cerrados, p. 50. REZENDE, G. C. 2002. Ocupação agrícola e estrutura agrária no cerrado: o papel do preço da terra, dos recursos naturais e da tecnologia. (Texto para discussão n. 913), Rio de Janeiro, IPEA, p. 23. SANTOS, H. G.; FIDALGO, E. C. C.; COELHO, M. R.; ÁQLIO, M. L. D. 2006. Cultivo do arroz de terras altas no estado de Mato Grosso: Solos. Sistema de Produção, n. 7. Embrapa Arroz e Feijão, versão eletrônica. SANTOS, M. A.; BARBIERI, A. F. CARVALHO, J. A. M.; MACHADO, C. J. O 2010. Cerrado brasileiro: Notas para estudo. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, Texto para discussão; 387, p. 15. SERIGATTO, E. M. 2006. Delimitação automática das Áreas de Preservação Permanente e identificação dos conflitos de uso da terra na bacia hidrográfica do Rio Sepotuba. Tese de doutorado, Programa de Pós Graduação em Ciências Florestal. Visoça, Minas Gerais, p. 203. Disponível em: <http://www.bibliotecaflorestal.ufv.br/bitstream/handle/123456789/45/137869_c.pdf?sequence=2> Acessado em maio de 2013. SILVA, I. O. R.; FRANCISCHETT, M. N. 2012.A relação sociedade–natureza e alguns aspectos sobre planejamento e gestão ambiental no Brasil. Revista eletrônica Geographos, p. 1-24. SOUSA-JUNIOR, J. G. A. E DÊMATTE, J. A. M. 2008. Modelo digital de elevação na caracterização de solos desenvolvidos de basalto e material arenítico. R. Bras. Ci. Solo, 32, p. 449-456. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 65 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 STRASSBURG, B., MICOL, L., RAMOS, F., MOTTA, R. S., LATAWIEC, A., LIKAUSAS, F. Aumentando a produção agrícola e evitando o desmatamento – um estudo de caso para o Mato Grosso, Brasil. Disponível em:<http://www.pcfisu.org/wp-content/uploads/2012/07/Relatorio-MatoGrosso-IIS-ICV-PRP.pdf>. Acessado em outubro de 2013. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 66 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 DIVERSIDADE DE PEIXES NO RIO BENTO GOMES UTILIZANDO REDE DE ESPERA – PANTANAL, MATOGROSSENSE. Auclar Felipe Botini, Cleber Aparecido de Barros, Talitha Hevilla de Souza, Nadia Botini, Nelson Antunes de Moura Universidade do Estado de Mato Grosso Palavras-chave: Diversidade de peixes. Abundância. Pantanal. 1. INTRODUÇÃO A América do Sul apresenta a fauna de peixes de água doce mais rica do mundo, com uma grande diversidade morfológica e adaptativa (Uieda, v.s, Castro, R. M. C, 1999). Assim a quantidade de informações disponíveis acerca da ecologia de peixes de rios é consideravelmente menor do que aquela disponível para as espécies de peixes marinhos, devido não somente ao valor econômico comparativamente menor dos primeiros, mas também, em grande parte, às dificuldades envolvidas nas técnicas de amostragem em rios (Whitton apud Ueida, V, S, 1999). O Pantanal é uma vasta planície alagável localizada na Bacia do Alto Paraguai (BAP), que abrange áreas do Brasil, Paraguai e Bolívia, considerado Patrimônio Nacional pela Constituição Federal de 1988 e reconhecido, em 2000, como Reserva da Biosfera e Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Esta região apresenta um regime hidrológico peculiar que se caracteriza pela alteração sazonal dos níveis dos rios, chamada pulso de inundação, que está entre os principais fatores que regem o funcionamento do sistema e garantem a biodiversidade, representada por mais de 650 espécies de aves, 80 espécies de mamíferos, 50 espécies de répteis, 2.000 espécies de plantas e mais de 260 espécies de peixes. Britski e colaboradores, no livro “Peixes do Pantanal”, publicado em 1999, listaram a ocorrência de 11 ordens de peixes, representadas por 109 espécies de Characiformes, 105 de Siluriformes, 16 de Perciformes, 12 de Gymnotiformes, 11 de Cyprinodontiformes e 11 de espécies distribuídas nos grupos Myliobatiformes, Clupeiformes, Beloniformes, Synbranchiformes, Pleuronectiformes e Lepidosireniformes. Com isto, a diversidade da fauna de peixes do Pantanal existe graças a processos evolutivos, com desenvolvimento de diferentes estratégias de uso dos recursos ambientais, principalmente quanto à obtenção de energia por meio da alimentação. Assim, nesta região, há peixes detritívoros (que se alimentam de restos de animais e vegetais, encontrados no fundo dos rios), herbívoros (alimentam-se de folhas e frutos), carnívoros (que se alimentam de peixes, por exemplo) e suas variações, que são outras formas de alimentação, como, por exemplo, insetívoros, iliófagos (que se alimentam lodo), lepidófagos (que se alimentam de escamas), etc. O pantanal é uma das maiores áreas alagáveis do mundo, ainda carece de estudos que avaliem a diversidade a estrutura e a dinâmica das comunidades de peixes. Sabendo dessas informações, o objetivo deste trabalho foi verificar a diversidade e abundância de espécies de peixes em diferentes horários em um trecho do rio Bento Gomes localizado no município de Poconé – MT. Delimitar a ocupação das comunidades nos horários amostrados; Comparar Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 67 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 diversidade de espécies coletadas em cada horário e Identificar o horário de maior abundância de espécies. 2.MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa foi realizada no rio Bento Gomes, localizada na cidade de Poconé- MT. O trabalho de campo foi realizado nos dias 18, 19, 20 de novembro de 2013. As coletas foram realizadas em três pontos do rio: P1, P2, P3, utilizando a coleta passiva, ou seja, consiste na captura de peixes utilizando apetrechos que não são movidos ativamente pelo coletor, produzindo supostamente uma menor perturbação no ambiente. O apetrecho utilizado foi a rede de espera. As redes de espera possuíam malhas 4, 6, 8, mm entre nós opostos com 25m de comprimento e altura de 2,5m, utilizada por trinta minutos por ponto. Os horários para as coletas foram: 7:00 às 8:00 h, 8:00 às 9:00 h, 9:00 às 10:00 h. Os exemplares coletados foram fixados em formol 30% em sacos plásticos no campo para o transporte até o laboratório e após dois dias foram transferidos para álcool 70%. Os exemplares estão armazenados no Laboratório de Genética do Centro de Pesquisas, Estudos e Desenvolvimento Agro-Ambientais – CPEDA, da Universidade do Estado de Mato- Grosso (UNEMAT), campus Tangará da Serra. No laboratório os peixes foram triados e identificados com apoio da chave de identificação. 2.1- Área de estudo O rio Bento Gomes pertence à porção norte do Pantanal Matogrossense situado na cidade de Poconé. Como quase todos os rios da região, trata-se de um rio de meandros, que associado à sua baixa declividade, propicia inundações anuais (Hamilton et al., 1996), as quais geralmente ocorrem de dezembro a março. Ao longo de suas margens encontra-se um complexo de lagoas de diferentes tipos, formadas pelas depressões naturais ou por mudanças naturais do curso do rio (Figura 1). Figura 1. Área de coleta no rio Bento Gomes, Poconé – MT. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 68 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 4.RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram capturados 111 indivíduos pertencentes três ordens, sete famílias e dezessete espécies de peixes. A ordem com maior número de espécies foi Characiformes com onze espécies, seguida por Siluriformes (três espécies), Perciformes (três espécies). A ictiofauna da América do Sul, segundo Lowe-McConnell (1999), é caracterizada pela dominância de Characiformes sobre Siluriformes (Figura 2). Figura 2. Riqueza absoluta de espécies nas três ordens capturadas no rio Bento Gomes, Mato Grosso. A distribuição de abundâncias das espécies na comunidade mostrou que poucas espécies foram muito abundantes, algumas com abundâncias intermediárias e a maioria com baixa abundância, sendo que 55.86% das espécies apresentaram abundância inferior a 7 indivíduos e 44,14% das espécies foram representadas por 10 ou mais indivíduos. Por outro lado, a espécie mais abundante, Cyphocharax gillii representou 44,14 % da amostra (49 indivíduos) (Figura 3). A ordem Characiformes representa o maior grupo de peixes da America do Sul, com mais de 1100 espécies conhecidas neste continente e apresenta variabilidade adaptativa a diversidade de habitat na região neotropical (MELO et al., 005). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 69 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 3. Abundância absoluta das dezessetes espécies encontrados durante a coleta no rio Bento Gomes, Mato Grosso. A família Curimatidae foi a mais abundante, apresentando 64 indivíduos (57.66 %) seguida por Characidae 28 indivíduos (25,23%), Cichlidae com 9 indivíduos (8,1%), Callichthyidae 5 (4,50%), Anostomidae 3 (2,7%), enquanto que as famílias menos abundantes foram Auchenipteridae, Loricariidae com apenas um indivíduo (0,90 %) cada (Figura 4). Figura 4. Frequência absoluta das 7 familías coletadas. Esse domínio dos Characiformes ficou bem nítido nos resultados das coletas, em todos os horários, onde a ordem foi dominante tanto em diversidade quanto em abundância. O ponto com maior abundância de indivíduos foi o ponto 2, com 68 indivíduos coletados (61.26%), com rede de espera malha 6 mm entre nós opostos, seguido pelo ponto um com 30 Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 70 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 indivíduos (27.02%) e malha de 4 mm entre nós opostos, o ponto três teve menor abundância com 13 indivíduos (11.71%) com malha de 8 mm entre nós opostos (Figura 5). Figura 5. Número de indivíduos capturados nos três pontos amostrados. O ponto dois também teve o maior índice de espécies, totalizando treze espécies (56,72%) capturadas pertencentes a três ordens e seis famílias, o ponto um com cinco espécies capturadas (21.73%) pertencentes a três ordens e três famílias, o ponto três também com cinco espécies capturadas (21,73%) pertencentes a duas ordens e três famílias (Figura 6). Figura 6. Diversidade de espécies encontradas nos pontos amostrais. O horário que apresentou maior riqueza de espécies foi das 8 às 9h, com 13 espécies capturadas (Figura 7). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 71 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 7. Abundância de espécies nos diferentes horários de coleta no rio Bento Gomes, Mato Grosso. Isto demonstra que variações na dieta podem estar relacionadas com a disponibilidade de alimento ao longo do período do dia, e consequentemente, enunciando na amplitude do nicho alimentar das espécies. Assim concluímos que o horário de maior abundância e diversidade foi das 8:00 as 9:00 h, que demonstra um horário que tenha maior disponibilidade de alimento. A Ordem mais abundante foi a Characiformes, destacando a espécie Cyphocharax gillii, com mais de 44,14% do total de indivíduos coletados, isso demonstra que a espécie é a dominante no sistema. 5.AGRADECIMENTOS Ao Dr. Nelson Antunes de Moura pelo comprometimento da ida a campo e pelo auxílio na identificação dos peixes. Ao IFMT (Instituto Federal de Mato Grosso) pela disponibilidade do alojamento. 6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRISTKI, H. A.; SILIMON, K. DE S.; LOPES, B. S. Peixes do Pantanal: manual de identificação. Brasília: Embrapa – SPI, 184p.,1999. LAGLER, K. F. 1971. Capture, sampling and examination of fishes. pp. 7-44. In: W.E. Ricker (ed.), Methods for assessment of fish production in freshwaters. Second Edition, Blackwell, Oxford & Edinburgh. LOWE-McCONNELL, R.H. 1999. Estudos ecológicos de comunidades de peixes tropicais. Edusp, São Paulo. MELO, E. R. LIMA, D. J. MELO, L. T. Peixes do rio da morte, Unemat. Cáceres, 2005 UIEDA, V.S, CASTRO, R. M. C, 1999. Coleta e fixação de peixes de riachos. pp. 01-22. In Caramaschi, E.P.; Mazzoni, R. & P.R. Peres- Neto (eds). Ecologia de peixes de riachos. Série Oecologia Brasiliensis, vol. VI. PPGE-UFRJ. Rio de Janeiro, Brasil. WHITTON, B. A. 1975. River ecology. University California Press, Berkeley. 725 pp. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 72 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 DIETA DO ASTYANAX SP. NO CÓRREGO RUSSO, TANGARÁ DA SERRA-MT. Auclar Felipe Botini, Nadia Botini, Talitha Hevilla de Souza, Tassiana Andruchak, Divina Sueide de Godoi Palavras – Chaves: Habito alimentar, dieta, ordem Charaiformes. 1.Introdução A alimentação de uma espécie é a chave para a compreensão de aspectos básicos da sua biologia, como: reprodução, crescimento e adaptação, bem como entender a maneira como exploram, utilizam e compartilham os recursos do meio ambiente. Adicionalmente, propiciam informações úteis sobre as relações tróficas entre os organismos (Silva, et al., 2012). A ordem Characiformes comporta a mais numerosa ordem de peixes de água doce da América do Sul e apresenta destacada importância na pesca comercial e de subsistência, na aquariofilia e na ecologia geral dos ecossistemas (Santos et al., 2004; Santos & Santos, 2005). A família Characidae é a mais representativa dentro da ordem Characiformes possuindo 12 subfamílias, 167 gêneros e 98 espécies reconhecidas (Castro, 2005). Segundo Winemiller (1989), um dos grandes objetivos da biologia atual é o conhecimento da bionomia de uma população animal, principalmente em se tratando de peixes teleósteos, que, dentre os vertebrados, apresentam uma grande variabilidade de estratégias e táticas de sobrevivência. Os peixes ocupam virtualmente todos os grupos tróficos possíveis, incluindo espécies herbívoras, carnívoras, algívoras, lepidófagas, entre outros (Wootton, 1999). Assim variações bióticas e abióticas podem levar a uma mudança nos itens que compõem a dieta dos peixes, sugerindo que a maioria pode se utilizar de uma ampla gama de alimentos, e quando um destes itens encontra-se em proporções diferentes do normal, em escassez ou em excesso, os peixes mudam seu comportamento alimentar (HARTZ et al., 1996; WINEMILLER; JEPSEN, 1998; BENNEMANN et al., 2005). O conhecimento da dieta possibilita a compreensão das relações entre a ictiofauna e os demais componentes do sistema aquático, servindo de base para o entendimento do papel ecológico desempenhado pelos peixes e fornecendo subsídios para a conservação dos ambientes aquáticos (Agostinho, 2005). Por isso o presente estudo teve por objetivo fazer análise da dieta do Astyanax sp. no córrego Russo, Tangará da Serra MT. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 73 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 2.Material e Métodos As coletas foram realizadas acima e abaixo da cachoeira do rio Russo, que fica localizado nas coordenadas geográficas (14º37’29.02”5 57º37’45.55”0), é possível ver a área da coleta que está dentro do circulo vermelho na figura 1 que está logo abaixo. Figura 1. Cachoeira do rio Russo. Para as coletas foram utilizados: • Uma rede de arrasto (8 m de comprimento por 1,80m de altura com malha de 10 mm). A rede foi passada cinco vezes ao longo de 10m do rio, sendo manejada por 4 pessoas. • Uma tarrafa de malha de 12 mm, com 1,40m de altura e 5m de diâmetro, ela foi utilizada por 2 horas. Os peixes coletados foram fixados em formol 30%, e após 2 dias, transferidos para álcool 70%. Em laboratório os peixes foram triados e identificados com ajuda do professor Dr. Waldo Pinheiro Troy. Somente o Astyanax sp. foi utilizado para o estudo da dieta. Para fazer a biometria da espécie foi utilizada régua, o comprimento usado foi o padrão e foram medidos 15 exemplares de Astyanax sp. Em laboratório fiz analise do conteúdo estomacal com apoio das professoras Dr. Divina Sueide de Godoy e Dr. Monica Josene Barbosa, onde foi possível fazer a identificação dos organismos presentes nos estômagos dos peixes, utilizando lupa, microscópio óptico, pinça e tesoura. Foram realizados seguintes índices: 1) Freqüência de Ocorrência dos itens alimentares, através da fórmula: Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 74 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Onde: і: Freqüência de ocorrência do item alimentar i na amostra; nі: números de estômagos da amostra que contem o item alimentar i; N: número total de estômagos com conteúdos na amostra. (Hyslop, 1980). 2) Freqüência volumétrica dos itens alimentares, foi obtida pelo método de compressão do material (itens alimentares) com lamina de vidro sobre placa milímetrada até uma altura conhecida (1 mm), e o resultado convertido em milímetros (1mm3 = 0,001 mL ) ( Hellawel & Abel, 1971). 3) Determinação da importância dos diferentes itens alimentares utilizando o índice alimentar proposto por Kawakami & Vazzoler (1980), segundo a fórmula: Onde: IAi = índice alimentar; i = 1, 2,... n = determinado item alimentar; Fi = freqüência de ocorrência (%) do determinado item; Vi = volume (%) do determinado item. 3.Resultados O tamanho dos espécimes de Astyanax sp. utilizados nas análises dos conteúdos estomacais variaram entre 6 a 7,5 cm, apresentando média geral no comprimento padrão de 6,79 cm. Os itens alimentares consumidos e o índice de importância alimentar do Astyanax sp. no córrego Russo estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Freqüência de Ocorrência (F%) Porcentagem Volume (V%) e índice importância alimentar (IAi), do Astyanax sp. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 75 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 O Índice de Importância alimentar (IAi) demonstrou que Astyanax sp., alimentou- se mais de matéria animal, sendo (16,31%) de insetos, (0,6%) coleóptera, (0,03%) crustáceos e (0,15%) Hemíptera. Os alimentos de origem vegetal foram algas filamentosas (9,14%), restos vegetais (1,47%). A figura 1, representa a Freqüência de Ocorrência e Porcentagem de Volume dos itens encontrados no estômago do Astyanax sp. Os maiores valores de ocorrência e volume, respectivamente, foram Restos de Insetos (60% e 43,38%) e Alga Filamentosa (46,6% e 21,32%). Figura 1. Freqüência de Ocorrência e Porcentagem de Volume dos itens encontrados no estômago. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 76 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Esses dados mostram que a partir desse estudo é possível saber o que uma determinada espécie utiliza como alimento, onde isso depende muito do local, pois se o local estiver sofrendo com a poluição, a diversidade de espécies nesse ambiente vai ser baixa. Por isso se torna importante estudo nessa área, e várias outras. 4. Discussão Apesar da dominância de insetos na dieta de Astyanax sp. a espécie demonstrou flexibilidade na dieta ao consumir outros itens alimentares, Agostinho & Zalewski (1995) enfatizam que em ambientes aquáticos tropicais, grande parte dos peixes apresenta uma ampla flexibilidade alimentar. Dill (1983) comenta que a flexibilidade é uma importante característica adaptativa do comportamento alimentar de peixes, uma vez que ambientes naturais variam espacial e temporalmente, e os peixes respondem a baixa disponibilidade alimentar alterando seu comportamento. No presente estudo, Astyanax sp. apresentou um habito alimentar onívoro com tendência a insetívora. Lowe-McConnell (1999) define como eurifagia a capacidade das espécies de explorar vários tipos de alimentos, possibilitando uma ampla distribuição das mesmas, permitindo que as espécies onívoras se tornem mais distribuídas do que as especialistas. A ampla variação no espectro alimentar de espécies desse gênero foi relatada por Vilella et al. (2002) que a descreveu como espécie onívora, predando uma ampla variedade de itens, com insetos e plantas representando os alimentos de maior importância na dieta, sendo que os itens de origem vegetal encontrados foram restos de macrófitas, algas e sementes (Silva, et al., 2012). A dieta dos peixes representa uma integração entre preferências alimentares, disponibilidade e acessibilidade do alimento (Angermeier & Karr, 1984), assim os onívoros podem elevar sua probabilidade de sobrevivência, principalmente frente às mudanças ambientais (Gerking, 1994). 5. Referências Bibliográficas AGOSTINHO, A. A., HAHN, N. S. & GOMES.,1997, Luiz Carlos et al. Estrutura trófica. In: Ana Emilia Amato de Moraes Vazzoler; Angelo Agostinho; Norma Segatti Hahn. (Org.). A Planície de inundação do alto rio Paraná: aspectos físicos, biológicos e socioeconômico. Maringá, PR, p. 229248. AGOSTINHO, A. A.: ZALEWSKI, M. The dependence of fish community structure and dynamics on foodplain and riparian ecotone zone in paraná River, Brazil. Hydrobiologia, v.303, p.14114,1995. ANGERMEIER, P.L.; KARR, J.R. Fish communities along environmental gradients in a system of tropical streams. In: ZARET, T.M (Ed.). Evolutinary ecology of neotropical freshwater fishes. Dordrecht: Dr. W. Jung, 1984. P.39-57. BENNEMANN, S. T.; GEALH, A. M.; ORSI, M. L.; SOUZA, L. M. Ocorrência e ecologia trófica de quatro espécies de Astyanax (Characidae) em diferentes rios da bacia do rio Tibagi, Paraná, Brasil. Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre, v. 95, n. 3, p. 247-254, 2005. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 77 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 DILL. L.M. Adaptative flexibility in the foraging behavior of fishes. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences,v.40, p.398-408,1993. GERKING, S.D. Feeding ecology of fish. San Diego: Academic Press. 1994.416p. HARTZ, S. M.; SILVEIRA, C. M.; BARBIERI, G. Alimentação de Astyanax Baird & Girard, 1854 ocorrentes na Lagoa do Caconde, RS, Brasil(Teleostei,Characidae). Revista Unimar, v. 18, n. 2, p. 269-281, 1996. HELLAWELL, J.; ABEL, R. A rapid volumetric method for the analysisof the food of fishes.Journal of Fish Biology, v.3, p. 29-37,1971. HYSLOP, E.J. Stomach contents analysis – a review of methods and their applications. Journal of Fish Biology, v.17, p.411-429,1980. KAWAKAMI, E.; VAZZOLER, G. Método gráfico e estimativa de índice alimentar aplicado no estudo de alimentação de peixes. Bolm Inst. Oceanogr., S. Paulo, v.29, n.2. p.205-207. 1980. LOWE-McCONNELL, R.H. Estudos ecológicos de comunidades de peixes tropicais. São Paulo: EDUSP, 1999. 534P. PORTO-FORESTI, F.; CASTILHO-ALMEIDA, R.B. & FORESTI, F. 2005. Biologia e criação do lambari-do-rabo-amarelo (Astyanax altiparanae). In: Espécies nativas para piscicultura no Brasil. BALDISSEROTO, B. & GOMES, L. C. (Org.). Editora UFSM: Santa Maria, 468 p. SANTOS, A. J. Métodos de estudos em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Larry Cullen Jr., Cláudio Valladares-Padua, Rudy Rudren (organizadores); Adalberto José dos Santos (Cap. 1, p. 19-41)...[et al.]. Curitiba: Ed. da UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 2004. SANTOS, G. M. DOS & SANTOS, A. C. M. Sustentabilidade da Pesca na Amazônia. Estudos Avançados. 19 (54), 2005. pp.165-182. SILVA, D. A.; PESSOA, E. K. R.; COSTA, S. A. G. L.; CHELLAPPA, N. T.; CHELLAPA, S. Ecologia alimentar de Astyanax lacustris (Osteichthyes: Characidae) na Lagoa do Piató, Assu, Rio Grande do Norte, Brasil. Biota Amazônia, Macapá, v. 2, n. 1, p. 74-82, 2012. VILELLA, F. B.; BECKER, F. G.; HARTZ, S. M. Diet of Astyanax species (Teleostei, Characidae) in an Atlantic Forest River in Southern Brasil. Brazilian Arquives of Biology and Tecnology. v. 45, n. 2, p. 223-232, 2002. WINEMILLER, K. O. & D. C. TAPHORN.,1989, La evolución de lãs estratégias de vida em los peces de los Llanos occidental de Venezuela. Biollania, Caracas, 6: 77-122. WOOTTON, R. J.,1999, Ecology of teleost fish. The Netherlands Kluwer Academic Publishers, 386p. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 78 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 DENSIDADE E OBSERVAÇÃO DE TRÊS COMPORTAMENTOS DE AVES ÀS MARGENS DO RIO BENTO GOMES, PANTANAL DE POCONÉ-MT Andréia Izabel Mikovski(1), Kaliane Zaira Camacho Maximiano da Cruz(1), Lidiane Miranda da Silva(1), Geyce Kelly Sales Santos Firmino(1), Nelson Antunes Moura(2). 1 Universidade do Estado de Mato Grosso Palavras-chave: Área, Estiagem, Avifauna. 1. Introdução O pantanal abrange uma área de 140.000 Km2 nas planícies da Bacia do Alto Paraguai, sendo este uma das maiores regiões alagáveis do planeta. Esta região apresenta uma imensa riqueza de espécies aquáticas e terrestres, sendo a planície inundável mais rica em espécies de aves com 463 espécies registradas (Harris, et al., 2005). A região do pantanal divide-se em duas épocas distintas: cheia e estiagem. Durante a cheia as aves pernaltas espalham-se por toda a região, geralmente em grupo. Quando as águas baixam, as lagoas se convertem em pequenas poças abrigando, assim, imensos cardumes de peixes que se tornam presas fáceis, atraindo uma grande quantidade de aves aquáticas, dentre as quais se destacam os jaburus, biguás, colhereiros e as garças (Gwynne et al., 2010). Essa alternância entre o período de estiagem e cheia faz com que diferentes grupos taxonômicos ocupem a região de forma sazonal como, por exemplo, as aves, uma vez que os quatro biomas que contornam o Pantanal (Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Chaco e Cerrado) influenciam na sua fauna e flora (Fernandes et a., 2010). Esta ocupação ocorre devido a capacidade das aves percorrerem longas distâncias, onde um dos fatores que levam a essa migração é o inverno que vem juntamente com a baixa oferta de alimentos, o que induz essas aves a migrarem dos Hemisférios Norte e Sul para os lugares vizinhos onde há alimentos disponíveis, permanecendo nesses locais até a primavera (Nunes & Tomas, 2004). O trabalho teve como objetivo, avaliar densidade a e a frequência da ocorrência de três comportamentos de aves do pantanal em três horários e três diferentes pontos às margens do rio Bento Gomes, pantanal de Poconé-MT. 2. Materiais e Métodos O estudo de observação e comparação foi realizado no Pantanal Matogrossense, subpantanal de Poconé (Adámoli, 1981), (Figura 1), no período de estiagem (outubro de 2013). Foram escolhidos três pontos para serem as áreas de observação das frequências de três comportamentos, onde o primeiro ponto foi a Área de Rio (A.R), o segundo Área Alagada (A.A) e o terceiro Área de Mata (A.M), conforme a Figura 1. Posteriormente, as mesmas foram medidas com fita métrica e demarcadas com barbante, onde cada área teve delimitação de 56m de comprimento. x 36m de largura, total de 2.016 m2. Os pontos amostrais localizam-se nas seguintes coordenadas geográficas: (A.R) teve a coordenada de S16°19’09.6” e W056°32’36.8”; a (A.A) de S16°19’09.3” e W056°32’38.4” e a (A.M) S16°19’09.1” e W056°32’38.0”. Esses dados foram registrados com o uso de GPS. A área está localizada no município de Poconé, distante 100km da capital do Estado de Mato Grosso- Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 79 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Cuiabá. Os pontos de observação distanciam 15 km da área urbana do município acima citado, em um local próximo ao Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), campus de Cáceres. O primeiro ponto (Área de rio) é caracterizado pela presença nas duas margens de mata ciliar com presença de árvores de grande porte, sendo que o lado direito apresenta algumas partes livres, predomínio de espécies rasteiras ou por apresentar uma área ocupada pelo gado e, portanto, desmatada. No período de estiagem é possível visualizar nas margens as áreas de extravasamento do leito do rio e a formação de áreas alagadas no período anterior da cheia. A área alagada neste período é caracterizada por um solo sedimentar arenoso e em alguns pontos com presença de matéria orgânica (húmico) oriunda dos sedimentos em suspensão carreados pelas águas do rio. Devido à diminuição do seu leito, o rio faz com que a presença de macrófitas aquáticas seja também escassa nos pontos observados. A área de mata está em um relevo mais acentuado do rio, é ocorre o aparecimento de árvores do tipo lenhosas e também de pequenos arbustos. Para a observação dos comportamentos das aves (forrageamento, pouso ou sobrevôo) foram utilizados binóculos com expanse de 30x40 e as imagens foram capturadas com câmera digital Sony Cyber Shot 12.1. A identificação taxonômica dos espécimes foi realizada inicialmente no campo e posteriormente utilizando chaves de identificação de aves e auxílio de especialistas da área da avifauna do Pantanal de Mato Grosso. Para cada observação e em cada um dos pontos, foi cronometrado o tempo médio de 30 minutos (variação de 20 a 45 minutos), onde delimitou-se três horários: Amanhecer (Am), Manhã e tarde. No primeiro ponto (A.R), o período compreendeu das 05:40h às 06:15h, 09:20h às 09:50h e 16:35h às 17:11h; o ponto de Área Alagada (A.A) as observações ocorreram das 06:17h as 06:42h; 09:55h às 10:25h e 17:13h às 17:35h e o ponto de Área de Mata (A.M) observou-se das 06:43h as 07:23h; 09:56h às 10:26h e 17:36h às 18:15h. Durante as observações, utilizou-se uma planilha com os dados para anotações das espécies bem como das áreas de ocorrências para, posteriormente análise da densidade e dos comportamentos das aves nos três pontos e horários. As mesmas foram identificadas com o auxílio do livro Aves da Planície Alagável do Alto Rio Paraná (Autor, Ano). Poconé Figura 1. Mapa do Brasil com destaque para o Pantanal Mato-grossense, área de estudo (em vermelho) e Imagens dos pontos de coleta (Google Earth, 2013). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 80 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 3. Resultados e Discussão A partir das observações de campo pode-se quantificar um total 103 indivíduos distribuídos em 28 espécies nos três pontos de estudo (Tabela 1). Apesar deste trabalho ter sido realizado em apenas um dia, pode-se observar que a diversidade de aves, principalmente as aquáticas é grande (diversidade gama), e isso deve-se ao próprio ambiente que se apresenta de forma ecologicamente complexa, Tubelis e Tomas citado por Nunes (2011). De acordo com a análise de Frequência Absoluta e Relativa (Tabela 1) as espécies com maiores densidades foram: Cacicus cela (11,65%), Pitangus sulphuratus (8,74%), Paroaria dominicana e Tigrisoma lineatum (7,77%). Tabela 1. Frequências absoluta e relativa do total de espécies rio, área alagada e mata, em ordem alfabética. Nome científico Nome popular Freq. Absoluta Actitis macularia Maçarico pintado 1 Anhinga anhinga Biguatinga 6 Aramides cajanae Saracura-três1 potes Ardea cocoi Garça-moura 7 Brotogeris chiriri Periquito-de4 Encontro-Amarelo Cacicus cela Xexéu 12 Calidris fusciollis Maçarico-de1 sobre-branco Casiornes rufus Caneleiro 4 Casmerodius albus Garça-branca2 grande Ceryle torquata Martim pescador 4 grande Columbina talpacoti Rolinha 4 Crotophaga ani Anú preto 4 Himantopus himantopus Pernilongo 2 Jacana jacana Jaçanã 5 Molothrus bonariensis Chopim 2 Notharchus Macurú de testa 1 macrorynchos branca Nycticorax nycticorax Savacu 2 Paroaria capitata Cavalaria 2 Paroaria dominicana Cabecinha8 vermelha Penelope ochrogaster Jacú-de-barriga1 castanha Phalacrocorax Biguá 1 brasilianus Philohydor lictor Bentevizinho-do1 observadas nos pontos de Freq. Relativa 0,97% 5,82% 0,97% 6,80% 3,88% 11,65% 0,97% 3,88% 1,94% 3,88% 3,88% 3,88% 1,94% 4,85% 1,94% 0,97% 1,94% 1,94% 7,77% 0,97% 0,97% 0,97% Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 81 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 brejo Pitangus sulphuratus Tachycineta albiventer Theristicus caerulescens Bentevi Andorinha-do-rio Curicaca cinza Tigrisoma lineatum Turdus ruventris Vanellus chilensis TOTAL Socó-boi Sabiá laranjeira Quero-quero 1 1 9 8,74% 0,97% 0,97% 8 2 7 103 7,77% 1,94% 6,80% 100% Dentre as áreas estudadas, pode se observar que o maior número de indivíduos foi encontrado na Área de Rio (A.R.) apresentando um total de 46 indivíduos (Figura 2). Para Swarts citado por Morrison (2008), o Pantanal apresenta-se como uma das maiores áreas úmidas e importantes para aves aquáticas na América do Sul. Esta riqueza pode estar correlacionada com o fato de o rio ser circundado por áreas de mata fechada, o qual tende a apresentam uma rica fonte de alimentação e abrigo. A área estudada que apresentou maior número de indivíduos observados foi (A.R), no período das 05:40h às 07:23h, com 21 representantes. Já na Área de Mata (A.M), nos horários de 09:20h às 10:55h, obteve-se o menor número de indivíduos observado, apenas 3 aves (Figura 3). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 82 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 O comportamento observado nas aves durante os três períodos de observação e as três áreas estudadas, mostra que das 05:40h às 07:23h as aves encontravam-se em pouso, com maior frequência na Área Alagada (A.A.). Em relação ao ambiente, a maior frequência foi na Área de Rio (A.R.), onde apresentaram como principal comportamento o voo, tendo o pouso como o segundo comportamento mais evidente. Independente do horário e do tipo de ambiente, o comportamento de forrageamento apresentou as menores frequências (Figura 4). Segundo Nunes (2010), a avifauna concentra-se ao longo de corpos d’água no período de estiagem, em alguns momentos do dia é possível encontrar esses animais próximos de rios e bacias. O comportamento de forrageamento, de acordo com as observações, foi realizado por aves de pequeno porte que estavam em busca de alimento, principalmente insetos que ficam na parte das margens do rio e das áreas alagadas. Para Marques (2007), os diferentes comportamentos em cada ambiente se deve a adaptação de cada indivíduo, assim deve-se levar em consideração durante seu estudo a ligação que o indivíduo possui com determinado lugar. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 83 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 4. Conclusão O trabalho realizado no Pantanal de Mato Grosso possibilitou a observação de um pouco da grande diversidade de animais, especificamente das aves aquáticas e dos seus tipos de comportamentos, o que nos mostra que estudos prolongados e com maior acuidade de observação são necessários para conhecer a grande riqueza ecológica que este bioma nos oferece. 5. Agradecimentos A Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) por proporcionar a aula de campo realizada na disciplina de Ecologia de Comunidades. Ao Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), por possibilitar a realização da pesquisa. Ao Profº. Drº. Nelson Moura, pela atenção e ensinamentos. Aos colegas de sala pelo agradável convívio. 6. Referências Bibliográficas Fernandes IM; Signor CA e Penha J. 2010. Biodiversidade no Pantanal de Poconé..CuiabáMT: Centro de Pesquisas do Pantanal. P. 16. Gwynne JÁ; Ridgely RS; Tudor G e Argel M. 2010. Aves do Brasil Pantanal & Cerrado. WILDLIFE CONSERVATION SOCIETY. Ed. Horizonte. Vinhedo SP. P. 05. Disponível em <http://www.horizontegeografico.com.br/arquivos/arquivo_109.pdf> Acesso em: 09/10/2013 às 09:45 Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 84 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Horris MB; Tomas M; Mourão G; Silva CJ; Guimarãe E; Sonoda F e Fachim E. 2005. Desafios para proteger o Pantanal brasileiro: ameaças e iniciativas em conservação. Mega Diversidade. Vol. 1. Marques, MS. 2007. Estudo comportamentalde Caiman yacare (Jacaré-do-Pantanal)in situ e ex situ. Revista Científica da Faminas. V.3. N.3. p. 13. Morrison RIG; Serrano II; Antas PTZ e Ross K. 2008. Aves Migratórias do Pantanal: Distribuição de Aves Limícolas Neárticas e outras espécies aquáticas no pantanal. WWF BRASIL, Brasília. Nunes AP. 2011. Quantas espécies de Aves ocorrem no Pantanal Brasileiro. Atualidades Ornitológicas On-line Nº 160. P. 45. Nunes AP e Tomas WM. 2004. Aves Migratórias Ocorrentes no Pantanal: Caracterização e Conservação. Embrapa. Corumbá, MS. Nunes JRS. 2010. Avifauna do Rio Paraguai, Pantanal de Cáceres, Mato Grosso. Tese de Doutorado. Universidade Federal de São Carlos. São Carlo – SP. P. 127. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 85 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 DIETA E BIOMETRIA DE HYPHESSOBRYCON EQUES (CHACARACIFORMES: CHARACIDAE) EM RIACHOS DE CABECEIRA Bruno Felipe Camera, Tatiane Deoti Pelissari, Nayara Evelin da Silva, Lilian Rebeccva Pereira da Silva, Eduardo Bessa Palavras-chave: Ecologia, Mato Grosso, Peixe ornamental. Introdução A aquariofilia é uma prática milenar, presente tanto na cultura oriental quanto na cultura ocidental (Mills, 1998; Rowland e Cox, 1998), que vem ganhando popularidade e que se mostra uma atividade comercial rentável. Nesse sentido, há uma crescente necessidade de informação sobre ecologia e biologia dos peixes utilizados em aquário (Chellappaet al., 2005). A espécie Hyphessobrycon eques, conhecida popularmente como Mato-Grosso é amplamente utilizada na aquariofilia e está presente tanto no mercado nacional quanto internacional (Hunziker, 1986). Sua coloração avermelhada ou rosada e o pequeno porte o torna muito procurado (Britski et al., 2007). Endêmico da região Neotropical (Lima et al., 2003), H. eques é encontrado em riachos nas bacias hidrográficas do Amazonas, do Paraguai (Cole e Haring, 1999), Pará-Tocantins (Weitzman e Palmer, 1997) e na Bacia do rio Paraná (López et al., 2005). Prefere águas de correnteza suave (Cole e Haring, 1999), com temperatura entre 22 e 26° C e pH levemente ácido, variando entre 5,0 e 7,8 (Baensch e Riehl, 1995; Fujimoto et al., 2013). De reprodução ovípara (Breder e Rosen, 1966), são peixes pacíficos (Planquette et al., 1996) e onívoros, que se alimentam de vermes, crustáceos, insetos e plantas (Mills e Vevers, 1989). Riachos são geralmente ambientes frágeis e pouco estudados. São urgentes trabalhos voltados para a biologia dos peixes que habitam esses ambientes, incluindo a alimentação, reprodução, crescimento e dinâmica populacional de espécies, muitas vezes endêmicas (Braga, 2006). Diversas práticas econômicas podem impactar estes sistemas, como o turismo desordenado e a captura de peixes, levando à sobrexploração do recurso e afetando a dinâmica do ambiente (Andrews, 1990; Teresa et al., 2011a, 2011b; Sabino et al., 2005). Considerando o exposto, buscamos no presente estudo, descrever a abundância, tamanho e dieta de Hyphessobrycon eques em riachos de cabeceira utilizados para o ecoturismo, a fim de gerar dados que contribuam para melhor compreensão das características da espécie e sua importância ecológica no meio onde vive. 2.Materiais e métodos As coletas foram realizadas no município de Nobres, Mato Grosso (14º43’13” S; 56º19’39” W), um importante destino turístico na região. O turismo em Nobres subsiste de trilhas contemplativas e da observação de peixes em riachos integrantes da Bacia do Rio Paraguai. A vegetação nativa é do tipo Cerrado e o clima é classificado como AW com um inverno seco e verão chuvoso e quente (Camargo, 2011). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 86 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 As coletas ocorreram entre abril de 2009 e setembro de 2011, sempre durante a estação seca. Amostramos sete trechos de 30 m de riachos de cabeceira com auxílio de duas peneiras por 1 h cada (90 x 70 cm, 2 mm de entre-nós), e de armadilhas do tipo covo (cinco armadilhas iscadas com farinha embebida em óleo de sardinha, isolada por uma tela). Fixamos os animais imediatamente após a coleta em formalina a 10% e os transferimos para etanol 70% após 72 h. A coleta e transporte dos animais foram autorizados pelo IBAMA (SISBIO 16482-1) e os espécimes testemunho foram depositados na coleção zoológica do Instituto de Biologia, Letras e Ciências Exatas (IBILCE) na UNESP de São José do Rio Preto, São Paulo. Medimos o comprimento padrão dos peixes com paquímetro digital (precisão 0,5 mm) e obtivemos a massa dos indivíduos em balança analítica de precisão (precisão 0,01 g). Todos os espécimes analisados (exceto o testemunho) estão depositados no Museu de Zoologia da Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Tangará da Serra, anexados aos itens referentes no Laboratório de Ecologia Comportamental da Reprodução. Analisamos as medidas do comprimento padrão por meio de histograma e a razão peso x comprimento padrão por meio de um gráfico de pontos. Calculamos o coeficiente intestinal conforme proposto por Fugi e Hahn (1991), e o fator de condição conforme proposto por Vazzoler (1996). Retiramos o trato digestivo através de incisão ventral longitudinal e o medimos. Após isso, identificamos o conteúdo estomacal em categorias ecológicas e medimos o volume dos itens. Quantificamos a dieta por meio da Importância Alimentar do Item (IAi) conforme proposto por Kawakami e Vazzoler (1980), onde a frequência e o volume dos itens são levados em consideração. 3.Resultados Coletamos 11 espécimes de Hyphessobrycon eques, compondo 0,9% da abundância total de peixes dos riachos estudados. Os espécimesmediram 20 ± 2,4 mm (Média ± Desvio Padrão; Figura 1) e pesaram 0,13 ± 0,05 g (Figura 2). Hyphessobrycon eques tem fator de condição de 0,008 ± 0,001, com b=3,94 e coeficiente intestinal de 0,59 ± 0,17. Figura 1 – Distribuição de frequências do comprimento padrão de H. eques em Nobres, Mato Grosso. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 87 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 2 – Relação peso x comprimento de Hyphessobrycon eques, incluindo a equação da reta e a representatividade da reta em relação aos pontos (R²). Nos nove indivíduos cujo conteúdo estomacal foi analisado (um indivíduos foi depositado como testemunho e outro não apresentou conteúdo estomacal) identificamos cinco itens alimentares. A matéria vegetal apresentou maior importância na dieta (IAi = 0,75) aparecendo em mais de 60% dos indivíduos, seguido por insetos autóctones (IAi = 0,11), semente (IAi = 0,07), crustáceos autóctones (IAi = 0,05) e material orgânico digerido (IAi = 0,01) (Figura 3). Figura 3 – Importância alimentar dos itens ingeridos por H. eques. 4.Discussão Hyphessobrycon eques, pode medir ate 40 mm e tem primeira maturação com 21 mm (Britski et al., 2007), o que significa que os espécimes que coletamos ainda eram imaturos. Isso indica que riachos de cabeceira servem de berçário para esta espécie. A relação peso-comprimento é usada para descrever o crescimento dos peixes, sem considerar a idade do mesmo (Gomieroet al., 2010). Tanto a inclinação da reta de regressão da Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 88 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 relação peso-comprimento quanto o fator de condição indicam que H. eques tem crescimento alométrico positivo (b>3), encontrando maior suficiência nutricional durante o período de maturação, indicando bem-estar na população (Gomiero e Braga, 2003). Este é um bom indicador da qualidade ecológica na área de estudos. O comprimento do intestino relaciona-se diretamente com os hábitos alimentares dos peixes (Gatz, 1979; Seixas Filho et al., 2000). Conforme as medidas propostas por Fugi e Hahn (1991), Hyphessobrycon eques seria uma espécie predadora. Nossos dados de dieta não concordam com tal conclusão, tendo como principal item em nossa amostra o material vegetal. Outros autores consideram H. eques primariamente um predador pelágico (Mills e Vevers, 1989). De fato, não é só a morfologia e o comportamento alimentar do peixe que determinam sua dieta. A disponibilidade de alimento também é um fator que determina a dieta desses animais oportunistas e plásticos (Pillay,1952). A diversidade de itens consumidos pela espécie nos riachos amostrados concorda com a literatura. O Mato-Grosso é um peixe onívoro tanto de acordo com nossas observações quanto com outros estudos (Mills e Vevers, 1989; Soneira et al., 2006) e dependem principalmente de organismos de origem autóctone para se alimentar. Hyphessobrycon eques é um peixe de notória importância por atuar no fluxo de matéria e energia dentro do sistema aquático como espécie consumidora primária, ingerindo vegetais, ou secundária, ingerindo pequenos animais autóctones. Eles também integram a cadeia trófica como presas de outros peixes e servem como indicadores de ambientes preservados em riachos na margem esquerda do Rio Paraguai (Teresa et al. 2011a), assim como na nossa área de estudo. 5.Agradecimentos Agradecemos a Prof. Dr. Divina Sueide de Godoi pelo auxílio na identificação do conteúdo estomacal. Também agradecemos a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) pelo auxílio financeiro (Processo 002.191/2007). 6.Referências Bibliográficas Andrews C. 1990. The ornamental fish trade and fish conservation. Journal of Fish Biology. 37 (Suppl. A), 53–59. Baensch HA e Riehl R. 1995. Aquarien Atlas. Band 4.MergusVerlag GmbH, VerlagfürNatur-und Heimtierkunde, Melle, Germany.864 p. Braga FMS. 2006. Aspectos da reprodução no gênero CharacidiumReinhardt, 1867 (Crenuchidae, Characidiinae), na microbacia do Ribeirão Grande, serra da Mantiqueira, sudeste do Brasil. ActaScientiarum. Biological Sciences, 28: 365-371. Breder CM e Rosen DE. 1966. Modes of reproduction in fishes. T.F.H. Publications, Neptune City, New Jersey.941 p. Britski HA Silimon KZS Lopes, BS. 2007. Peixes do Pantanal: manual de identificação, 2 ed. Brasília, DF: Embrapa. 227 p. Camargo L. 2011. Atlas de Mato Grosso: abordagem socioeconômico-ecológica. Cuiabá, MT : Entrelinhas. 96 p. Chellappa S Câmara MR Verani JR. 2005. Ovarian Development in the amazonian red discus, Symphysodon discusHeckel (Osteichthyes: Cichlidae). Brazilian Journal of Biology, 65: 609-616. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 89 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Cole B Haring M. 1999.Spawing and Production of the Sarpae Tetra, Hyphessobrycon sarpae. School of Ocean and Earth Science and Technology. Center for Tropical and Subtropical Aquaculture Publication Number 138 Fugi R e Hahn NS. 1991. Espectro alimentar e relações morfológicas com o aparelho digestivo de três espécies de peixes comedores de fundo do rio Paraná, Brasil. Revista Brasileira de Biologia, 51: 873-879. Fujimoto RY Almeida ES Diniz DG Eiras JC Martins ML. 2013. First occurrence of Quadrigyrus nickoli (Acanthocephala) in the ornamental fish Hyphessobrycon eques. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 22:110-113 Gatz Jr AJ. 1979. Ecological morphology of freshwater stream fishes. Tulane studies in zoology and botany, 21: 91-124. Gomiero LM e Braga FMS. 2003. Relação peso-comprimento e fator de condição para Cichlacf. ocellarise Cichlamonoculus(Perciformes, Cichlidae) no reservatório de Volta Grande, rio Grande MG/SP. Acta Scientiarum: BiologicalSciences Maringá, 25: 79-86. Gomiero LM Villares Jr GA Braga FMS. 2010. Relação peso-comprimento e fator de condição de Oligosarcus hepsetus (Cuvier, 1829) no Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo Santa Virgínia, Mata Atlântica, estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica, 10: 101-105. Hunziker III RE. 1986. Tetras – The right way. Trop. Fish Hobbyist 34: 10–16. Kawakami E e Vazzoler G. 1980. Método gráfico e estimativa de índice alimentar aplicado no estudo de alimentação de peixes. Boletins do Instituto Oceanográfico 29: 205-207. Lima FCT et al. 2003. Genera Incertae Sedis in Characidae. In Reis RE Kullander SO e Ferraris Jr. CJ (eds.). Checklist of the Freshwater Fishes of South and Central America.Porto Alegre: EDIPUCRS, p. 106-168. López HL Miquelarena AM Gómez JP. 2005. Biodiversidad y distribución de la ictiofauna Mesopotámica. Miscelánea, 14: 311-354. Mills D. 1998. Peixes de aquário. Ediouro, Rio de Janeiro. Mills D e Vevers, G. 1989. The Tetra encyclopedia of freshwater tropical aquarium fishes. Tetra Press, New Jersey. 208 p. Moraes MFPG Barbola IF Guedes EAC. 1997. Alimentação e relações morfológicas com o aparelho digestivo do "Curimbatá", Prochilodusllneatus(Valenciennes) (Osteichthyes, Prochilodontidae), de uma lagoa do sul do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 14: 169-180. Pillay TVR. 1952. A critique of the methods of study of food of fishes. Journal of ZoologySoc. India, Orissa, 4: 185-200. Planquette P Keith P e Le Bail PY. 1996. Atlas des poissons d'eau douce de Guyane. Tome 1. Collection Patrimoines Naturels 22: 429p. Paris: Publications scientifiques du Muséum national d'Histoire naturelle. Rowland LW Cox LJ. 1998. Opportunities in Ornamental Aquaculture – Pacific Business Center Program. University of Hawaii, Hawaii. Sabino J Medina Jr PB Andrade LP. 2005. Piraputangas obesas e visitantes mal-comportados: a pressão da visitação pública sobre Bryconhilarii no Balneário Municipal de Bonito, Mato Grosso do Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 90 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Sul, Brasil. In: IV ENPIC - Encontro Nacional de Inovação para o Homem do Século XXI, Campo Grande: Editora da UNIDERP, 1: 321-332. Seixas Filho JT Brás JM Gomide ATM Oliveira MGA Donzele JL Menin E. 2000.Anatomia Funcional e Morfometria dos Intestinos e dos Cecos Pilóricos do Teleostei (Pisces) de Água Doce Bryconorbignyanus(Valenciennes, 1849).Revista Brasileira de Zootecnia, 29: 313-324. Soneira PA Ruíz Díaz FJ Bechara JA Alimirón A Casciotta JR. 2006. Hábitos tróficos de las especies del genero Hyphessobrycon (Characidae) en los Esteros del Iberá . Comunicaciones Cientpificas y Tecnológicas, Universidad Nacional Del Nordeste, Argentina. 4 p. Teresa FB Romero RM Casatti L Sabino J. 2011a.Fish as indicators of disturbance in streams used for snorkeling activities in a tourist region.Environmental Management, 47: 960-968. Teresa FB Romero RM Casatti L Sabino J. 2011b.Habitat simplification affects nuclear-follower foraging association among stream fishes. Neotropical Ichthyology, 9: 121-126. Vazzoler AEAM. 1996. Biologia da Reprodução de Teleósteos: Teoria e Prática. Maringá, Brazil: Eduem. 169 p. Weitzman SH e Palmer L. 1997. A new species of Hyphessobrycon (Teleostei: Characidae) from Neblina region of Venezuela and Brazil, with comments on the putative 'rosy tetra clade'. Ichthyological Exploration ofFreshwaters, 7: 209-242. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 91 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 INFLUÊNCIA DA LUZ NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FICUS ADHATODIFOLIA SCHOTT EX SPRENG. (MORACEAE) Machado, M. ; Ming, L. C. ; Krinski, Diones ; Souza, N. M. ; Silva, M. J. R Palavras-chave: sementes, ficus, Plantas Medicinais, germinação. 1.Introdução As figueiras possuem inflorescências especiais, conhecidas como figos, e designados cientificamente como sicônios. As minúsculas flores das figueiras estão inseridas na face interna do receptáculo do figo, que possui sempre uma abertura para o exterior designada ostíolo (Assumpção, 2008; Carauta e Diaz, 2002). Outra característica das figueiras é a forma de reprodução, considerada excepcional entre as plantas. A polinização é feita exclusivamente por pequenas vespas, que geralmente têm menos de 2 mm. Os ovos dessas vespas só se desenvolvem dentro do figo, e o mesmo somente é polinizado por elas (Pereira e Peng, 2008). Muitos fatores podem influenciar a propagação e produção de mudas de espécies medicinais. Com relação à germinação, os principais fatores são a luz, a temperatura, a disponibilidade de água e o oxigênio, a qualidade das sementes, o substrato a dormência entre outros (Brasil, 2009; Ferreira e Borghetti, 2004). F. adhatodifolia é conhecida popularmente como figueira vermífuga, figueira branca ou figueira de barranco e pode ser encontrada no Sudeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil. Foi descrita pela primeira vez pelo botânico alemão Heinrich Wilhelm Schott (1794-1865). O tipo foi coletado pelo próprio Schott e a primeira descrição data de 1827. O epíteto adhatodifolia refere-se à semelhança de suas folhas com as do gênero Adhatoda da família Acanthaceae (Carauta e Diaz, 2002) e pertence ao subgenero Pharmacosycea. O subgênero Pharmacosycea, recebeu esse nome em virtude das propriedades medicinais de suas plantas, dentre elas a espécie F. adhatodifolia, (Carauta e Diaz, 2002). Essa espécie, além da atividade anti-helmíntica, é também recomendada no tratamento de ancilostomose e no tratamento de icterícia. Aos seus frutos são atribuídas propriedades afrodisíacas e estimulantes de memória. (Amorim et al., 1999; Lorenzi e Matos, 2008; Schultes e Raffauf, 1990). O uso do látex como medicamento anti-helmíntico pode trazer diversos riscos, devido principalmente à alta dosagem, pois apresenta ação purgativa muito drástica, podendo ocorrer até o sangramento de órgãos do sistema digestório (Lorenzi e Matos, 2008). Aparentemente, a regeneração natural das figueiras requer ambientes com alta luminosidade e certas perturbações do solo. Portanto, em condições de manejo em floresta o gênero Ficus estaria adaptado à retirada por grupos ou manchas, em vez de extração seletiva. Contudo, é importante manter um número relativamente alto de árvores adultas, já que os polinizadores dependem da existência de uma fonte contínua de árvores com frutos adultos e sem estes polinizadores, não existirão sementes viáveis para a regeneração (Fredericksen et al.,1998). Apesar da crescente o número de trabalhos sobre análise de sementes de espécies nativas, ainda há carência de informações sobre as condições ideais de germinação de muitas espécies, como a F.adhatodifolia Schott ex Spreng. (Moraceae). A germinação é uma sequência de eventos fisiológicos influenciados por fatores externos (ambientais) e internos (dormência, inibidores e promotores da germinação). O processo de germinação é um fenômeno biológico que pode ser considerado pelos botânicos como a retomada do crescimento do embrião, com o subsequente rompimento do tegumento pela radícula. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 92 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Entretanto, para os tecnólogos de sementes, a germinação é definida como a emergência e o desenvolvimento das estruturas essenciais do embrião, manifestando a sua capacidade para dar origem a uma plântula normal, sob condições ambientais favoráveis (Nassif et al., 1998). Por razões articuladas acima, existe a necessidade de se estudar técnicas de germinação de sementes na propagação de F. adhatodifolia, por se tratar de uma espécie nativa e indicada na recuperação de áreas degradadas, como apresenta (Carauta e Diaz, 2002), Silveira e Coelho, (2008) além de ser uma planta medicinal indicada para tratamentos de verminoses. 2.Material e Métodos O experimento foi conduzido no Laboratório de plantas Medicinas do Departamento de Horticultura da UNESP, campus de Botucatu SP, no mês de Janeiro de 2014. As sementes foram coletadas no ano de 2012, no município de Iporanga – SP. O delineamento experimental foi definido com dois tratamentos (fotoperíodo, 24 horas luz e 24 horas escuro) e quatro repetições de 100 sementes cada. A germinação foi conduzida em caixas de germinação tipo gerbox (11 x 11 x 3 cm), em germinadores tipo Marconi®, com circulação interna de água, com temperatura constante de 30°C, um com 24 horas luz, e outro com 24 horas sem luz sob mesmas condições de temperatura e umidade. A cada 3 dias realizavase a avaliação das sementes germinadas. Foi utilizado lâmpada da cor verde, em ambiente totalmente escuro para realizar analise da germinação para as sementes que permaneceram no tratamento sem luz. As caixas gerbox contendo as sementes que permaneceram no termogerminador 24 horas escuro ficaram ainda envolvidas em papel alumínio. O parâmetro avaliado foi à porcentagem de germinação (% G) e comparada entre os fatores (24 horas Luz e 24 horas escuro). Após o período de 28 dias, as caixas gerbox contendo as sementes que estavam no fotoperíodo 24 horas escuro foram levadas para a BOD com fotoperíodo de 24 horas luz. 3.Resultados e Discussão Os resultados mostraram positivos em relação ao fator luz na germinação das sementes da espécie, pois não ocorreu germinação de nenhuma semente nas quatro repetições. Já as sementes que foram submetidas ao tratamento de 24 horas luz constante apresentaram 52 % de sementes germinadas. É notável a importância da luz para germinação de F. adhatodifolia, uma vez que na ausência desta, para o este experimento não ocorreu germinação nas sementes submetidas a 24 horas de escuro constante. Após esse período as mesmas caixas gerbox contendo as sementes removendo- se o papel alumínio foram levadas para a B.O.D com fotoperíodo de 24 horas luz, e após 15 dias ocorreu a germinação de 48% das sementes. A tabela 1 apresenta os resultados obtidos para experimento. Tabela 1. Porcentagem de germinação de sementes de F. adhatodifolia em tratamentos de fotoperíodo de 24 horas luz e 24 horas escuro Tratamentos (fotoperíodo) 24 horas luz Repetições T1 Porcentagem de germinação (%) 49 % 24 horas luz T2 56 % 24 horas luz T3 54 % 24 horas luz T4 53 % Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 93 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Média - 53% 24 horas escuro T1 0% 24 horas escuro T2 0% 24 horas escuro T3 0% 24 horas escuro T4 0% Média - 0% Os fatores temperatura e luz podem apresentar interações. De acordo com Labouriau (1983), a presença de luz para muitas espécies favorece, de alguma forma, a germinação das sementes, designando-se esse efeito como fotoblástico positivo; em outras espécies, o comportamento germinativo das sementes é melhor na ausência do que na presença de luz, o que se designa como fotoblastismo negativo. Klein e Felippe (1991) denominaram o caráter fotoblástico positivo de “preferencial” quando alguma germinação ocorre na ausência de luz e de “absoluto” quando a germinação é nula na ausência de luz. Segundo Felippe e Silva (1984), as sementes de Stylosanthes macrocephala M. B. Ferr. et S. Costa são fotoblásticas negativas a 10 e 15 ºC e indiferentes a 20 e 30 ºC. Thanos et al. (1995) verificaram que as sementes de Satureja thymbra L. possuem comportamento de fotoblásticas negativas na faixa de temperatura de 5 a 25 ºC, exceto a 15 ºC, onde são neutras, enquanto as de Origanum vulgare L. são fotoblásticas positivas entre 5 e 25 ºC. Já as sementes de Ocotea catharinensis Mez., se comportaram como fotoblásticas negativas preferenciais a 20 ºC (Silva e Aguiar, 1998) e as de Triplaris surinamensis Cham., como fotoblásticas positivas preferenciais de 25 a 30 ºC e neutras acima dessa temperatura (Silva e Matos,1998). Para Silva et al. (2002), sementes de Myracrondrun urundeuva Fr. All. são fotobláticas negativas preferenciais na faixa de temperatura entre 20 e 30 ºC. Sugere-se então, de acordo com os autores supracitados que a espécie F. adhatodifolia para este experimento, seja fotobláticas positiva, uma vez que não ocorreu germinação das sementes no período em que estas permaneceram no escuro. 4.Agradecimentos Os autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação em Horticultura da Universidade Estadual Paulista-UNESP-FCA, Campus de Botucatu pelo suporte logistíco; aos pesquisadores prof. Dr. Lin Chau Ming, do departamento de Horticultura pelo apoio na pesquisa, ao Departamento de Agricultura - Laboratório de sementes e a laboratorista Valéria Giandoni pelo apoio com as BODs. Agradecemos também, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por fornecer as bolsas de estudos durante esta pesquisa. 5.Referências Bibliográficas Amorim A, Borba HR, Carauta JP, Lopes D e Kaplan MA. 1999. Anthelmintic activity of the latex of Ficus species. Journal of Ethnopharmacology, 64: 255-258. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 94 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Assumpção JVL. 2008. Desenvolvimento inicial de Ficus Mill. Em reflorestamento puro e misto em Cotriguaçu/MT. 2008. 51 p. Dissertação (Mestrado/ Ciências Florestais e Ambientais)- Faculdade de Engenharia Florestal-Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 51 p. Brasil. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. 2009. Regras para análise de sementes. Brasília: SNAD/DNDV/CLAV, 365p. Carauta JPP e Diaz BE. 2002. Figueiras no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 208 p. Ferreira AG e Borghetti F. 2004. Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed, 323 p. Fredericksen, TS, Justiniano MJ, Rumiz D, McDonald E e Aguape R. 1998. Ecologia y silvicultura de especies menos conocidas – Bibosi Higuerón - Ficus spp. Moraceae, Santa Cruz/ Bolívia: Bolfor, 57 p. Lorenzi H e Matos FJA. 2008. Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas. 2ª Ed, Nova Odessa, São Paulo: Instituto Plantarum, 544 p. Nassif SML, Vieira IG e Fernandes GD. 1998. Fatores Externos (ambientais) que Influenciam na Germinação de Sementes. Piracicaba: IPEF/LCF/ESALQ/USP, Informativo Sementes IPEF. Disponível em: <Http://www.ipef.br/sementes/>. Acesso em: 07 jun. 2012. Pereira RAS e Peng YQ. 2008. Uma árvore versátil. Ciência Hoje, 42: 70-72. Schultes RE e Raffauf RF. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazonia. Portland: Dioscorides Press, 484 p. Schott, H. 1827. Fasciculus plantarum brasiliensium. In: Sprengel, C.P.J. Systema Vegetabilium. Ed. 16. 4: 409-410. Silveira, CJA e Coelho AN. 2008. Nota Técnica para o Programa de Fomento Florestal – IEF. Belo Horizonte: IEF. Disponível em<http://www.ief.mg.gov.br/florestas/notas-tecnicas-e-publicacoes>. Acesso em: 18 abr. 2014. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 95 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 EFEITO DE ÓLEOS ESSENCIAIS DE INFLORESCÊNCIAS E FOLHAS DE PIPER GAUDICHAUDIANUM (PIPERACEAE) SOBRE OVOS DO PERCEVEJO TIBRACA LIMBATIVENTRIS (PENTATOMIDAE) Krinski, Diones ; Foerster, L. A Palavras-chave: plantas inseticidas, pimenta de macaco, inseticidas vegetais. 1.Introdução O percevejo-do-colmo, Tibraca limbativentris Stål, 1860 ocorre em todas as regiões orizícolas da América Latina, apresentando-se como importante praga nos diferentes sistemas de cultivo, pois o ataque do inseto ocorre tanto durante o ciclo vegetativo quanto o reprodutivo da cultura, sendo registradas perdas expressivas para ataques durante as fases de pré-floração e enchimento dos grãos (Silva et al., 2004; Prando et al., 1993). A ocorrência dessa praga tem aumentado expressivamente nas lavouras de arroz, onde a alta densidade de plantas, o clima e o posicionamento das lavouras favorecem a ocorrência e o aumento populacional do inseto (Martins et al., 2004; Prando, 2002; Rampelotti et al., 2007). Atualmente, o controle de T. limbativentris é realizado através de pulverizações com inseticidas químicos (Rampelotti-Ferreira et al., 2010; Souza et al., 2009). No entanto, novas técnicas e metodologias de controle são necessárias para reduzir os riscos ao ambiente e, mesmo porque o uso abusivo do controle químico pode acarretar na perda da eficiência sobre o alvo de controle (surgimento de populações resistentes) além de também afetar os agentes de controle biológico presentes no ambiente (Loureiro et al., 2002; Petroski e Stanley, 2009; RampelottiFerreira et al., 2010). Assim, estratégias integradas para o manejo desse inseto-praga devem ser definidas utilizando-se o controles alternativos ao inseticidas convencionais. Diante de todos estes problemas ocasionados pelo uso destes produtos químicos, uma alternativa viável para o controle deste percevejo é a utilização fitoinseticidas, que apresentam baixa toxicidade e pouca persistência no ambiente (Costa et al., 2004). Neste contexto as plantas das famílias Piperaceae surgem com alternativa promissora para o controle de pragas em geral, uma vez que, possuem em sua composição substâncias que apresentam alto potencial inseticida (Barbosa et al., 2012; Estrela et al., 2006; Fazolin et al., 2007, 2005). Alguns estudos relatando as propriedades ovicida de outras famílias de plantas foram realizados principalmente para controlar insetos vetores de doenças, como em espécies de triatomíneos (Reduviidae) (Carneiro et al., 2011; Laurent et al., 1997). No entanto, são incipientes pesquisas que relatem a atividade ovicida de Piperaceae sobre posturas de percevejos pentatomídeos, onde nenhuma ou poucas espécies foram estudadas. Frente à necessidade da busca de métodos alternativos que preconizem uma agricultura menos impactante ao meio ambiente, este trabalho tem por objetivo verificar a ação ovicida de óleos essenciais de folhas e inflorescências da espécies Piper gaudichaudianum (Piperaceae), sobre ovos do percevejo-docolmo do arroz, Tibraca limbativentris. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 96 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 2.Material e Métodos As posturas utilizadas para os bioensaios foram obtidas de uma criação de T. limbativentris estabelecida pelo Laboratório de Entomologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Arroz e Feijão) situada no município de Santo Antônio de Goiás/GO (Figuras 1ab). Para obtenção dos óleos essenciais foram utilizadas folhas e inflorescências de Piper gaudichaudianum Kuntze coletadas nas proximidades do Parque Tingui, município de Curitiba/PR (25°23’30”S e 49°18’22”W - 908 m). A espécie foi identificada pela botânica Dra. Micheline Carvalho-Silva na Universidade de Brasília (UnB), e as exsicatas dessa espécie foram depositadas na Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Tangará da Serra (UNEMAT/CUTS) no Herbário Tangará (TANG) (Figura 1c). Após a coleta, o material foi levado à estufa onde permaneceu durante 96 horas a 37°C, para secagem. Em seguida cada parte da planta foi triturada em moinho do tipo faca para a obtenção do pó vegetal. O material já moído foi encaminhado para o Laboratório de Ecofisiologia Vegetal da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde foram feitas as extrações dos óleos em aparelho tipo Clevenger, por arraste de vapor d’água. Para cada extração dos óleos, 50 gramas do pó vegetal foi colocado em um balão de 2 L contendo 1 L de água destilada. Este balão foi aquecido em manta aquecedora e após iniciar a fervura do material vegetal, este permaneceu durante 3 horas realizando a extração por arraste de vapor e obtenção do óleo essencial puro (Figuras 2abc). Para avaliar a atividade dos óleos essenciais de P. gaudichaudianum sobre posturas de T. limbativentris com até 24 horas de idades foi realizado um bioensaio por imersão dos ovos em delineamento inteiramente casualizado, com 10 repetições por tratamento, contendo 10 posturas com 10 ovos cada. As posturas foram imersas nas cinco concentrações (0,25; 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0 %) além dos dois controles (controle 1 – com água destilada, e controle 2 - com a solução de Tween20 à 5%) (Figuras 2def). Os dados foram submetidos ao teste de normalidade, e o teste estatístico utilizado foi o Mann-Whitney, ambos a 5% de probabilidade. Figura 1. Tibraca limbativentris em oviposição (A); postura de ovos de Tibraca limbativentris sobre folhas de arroz (B); e planta de Piper gaudichaudianum com inflorescências (C). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 97 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 2. Material vegetal seco de Piper gaudichaudianum sendo pesado (A); Extração dos óleos essenciais por arraste de vapor d’água em aparelho tipo clevenger (B); oléo essencial acumulado no aparelho tipo clevenger (C); posturas de ovos de Tibraca limbativentris (D); imersão das posturas nas diferentes concentrações dos óleos essenciais (E); posturas de ovos de Tibraca limbativentris secando sobre papel filtro (F). 3.Resultados e Discussão Os óleos essenciais de folhas e inflorescências de P. gaudichaudianum não apresentaram atividade ovicida satisfatória (maior que 70%), porém, ocasionaram o atraso na eclosão das ninfas, uma vez que, só nos controles ocorreu a emergência de ninfas após 4 dias de aplicação dos óleos (Fig. 3A). A eclosão no sexto dia também foi menor em todas as concentrações quando comparadas com os controles, mas alcançou 50% e 70% para os óleos de folhas e inflorescências respectivamente (Fig. 3B). No nono dia de avaliação, apenas o óleo de folhas na concentração de 4% demonstrou atividade ovicida com apenas 23% de emergência de ninfas (Fig. 3C). Nas demais concentrações, a eclosão de ninfas de T. limbativentris foi superior a 70%. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 98 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 99 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 3. Emergência de ninfas de Tibraca limbativentris após 4, 6 e 9 dias da aplicação dos óleos essenciais de folhas e inflorescências de Piper gaudichaudianum sobre posturas com até 24 horas de idade. Quando comparamos o efeito dos óleos entre as diferentes partes (folhas e inflorescências) de P. gaudichaudianum notamos que a emergência de ninfas foi maior em quase todas as concentrações para o óleo proveniente das folhas, com exceção da maior concentração, onde o óleo obtido das inflorescências inviabilizou menor número de ovos, permitindo assim, uma maior emergência de ninfas de Tibraca limbativentris (Figura 4). Isso abre possibilidades para duas hipóteses, (1) que os óleos não estão entrando nos ovos e portanto, não afetam as ninfas, ou (2), que os óleos entram nos ovos, todavia, as ninfas conseguem se desintoxicar, o que pode explicar o retardamento na eclosão destas. Portanto, nota-se que mais estudos devem ser realizados para verificar a bioatividade das diferentes partes de P. gaudichaudianum, por exemplo, sobre ninfas e adultos do percevejo do colmo Tibraca limbativentris. Figura 4. Comparação do efeito dos óleos essenciais de folhas e inflorescências de Piper gaudichaudianum sobre posturas com até 24 horas de idade. (Teste de Mann-Whitney: 1% - U=82.000; p=0.015; 4% - U=3.000; p=0.000) 4.Agradecimentos Os autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), pelo suporte logistíco; aos pesquisadores Dr. José Alexandre Freitas Barrigossi da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão (EMBRAPA/CNPAF) e Cícero Deschamps do Laboratório de Ecofisiologia Vegetal, Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 100 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 do Departamento de Fitotecnia, da Universidade Federal do Paraná, que acompanharam e ajudaram durante este estudo. Agradecemos também, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por fornecer as bolsas de estudos durante esta pesquisa. 5.Referências Bibliográficas Barbosa QPS, Câmara CAG, Ramos CS, Nascimento DCO, Lima-Filho JV e Guimarães EF. 2012. Chemical composition, circadian rhythm and antibacterial activity of essential oils of Piper divaricatum: a new source of safrole. Química Nova, 35: 1806-1808. Carneiro AP, Pereira MJB e Galbiati C. 2011. Efeito biocida do extrato de Annona coriacea Mart 1841 sobre ovos e ninfas recém-eclodidas do vetor da doença de Chagas Rhodnius neglectus Lent 1954 (Hemiptera, Reduviidae). Neotropical Biology and Conservation, 6: 131-136. Costa ELN, Silva RFP e Fiuza LM. 2004. Efeitos, aplicações e limitações de extratos de plantas inseticidas. Acta Biologica Leopoldensia. 26: 173-185. Estrela JLV, Fazolin M, Catani V, Alécio MR e Lima MS. 2006. Toxicidade de óleos essenciais de Piper aduncum e Piper hispidinervum em Sitophilus zeamais. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 41: 217-222. Fazolin M, Estrela JLV, Catani V, Alécio MR e Lima MS. 2007. Propriedade inseticida dos óleos essenciais de Piper hispidinervum C. DC.; Piper aduncum L. e Tanaecium nocturnum (Barb. Rodr.) Bur. & K. Shum sobre Tenebrio molitor L., 1758. Ciência e Agrotecnologia, 31: 113-120. Fazolin M, Estrela JLV, Catani V, Alécio MR e Lima MS. 2005.Toxicidade do óleo de Piper aduncum L. a adultos de Cerotoma tingomarianus Bechyné (Coleoptera: Chrysomelidae). Neotropical Entomology, 34: 485-489. Laurent D, Vilaseca LA, Chantraine JM, Ballivian C, Saavedra G e Ibañez R. 1997. Insecticidal activity of essential oils on Triatoma infestans. Phytotherapy Research 11: 283-290. Loureiro ES, Moino-Junior A, Arnosti A e Souza GC. 2002. Efeito de produtos fitossanitários químicos utilizados em alface e crisântemo sobre fungos entomopatogênicos. Neotropical Entomology, 31: 263-269. Martins JFS, Grützmacher AD e Cunha US. 2004. Descrição e manejo integrado de insetospragas em arroz irrigado. In: Gomes, A.S.; Magalhães Jr., A.M. (Ed), Arroz irrigado no sul do Brasil. Brasília: Embrapa Informações Tecnológicas, p.635-675. Petroski RJ e Stanley DW. 2009. Natural compounds for pest and weed control. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 57: 8171–8179. Prando HF. 2002. Manejo de pragas em arroz irrigado. In: EPAGRI: A cultura do arroz irrigado pré-germinado. Florianópolis, 273p. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 101 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Prando HF, Kalvelage HK e Ferreira RA. 1993. Ciclo de vida de Tibraca limbativentris Stål, 1860 (Hemiptera: Pentatomidae) em condições de laboratório. Revista Brasileira de Entomologia, 37: 335-339. Rampelotti FT, Ferreira A, Prando HF, Grützmacher AD, Martins JFS, Tcacenco FA e Mattos MLT. 2007. Patogenicidade de Metarhizium anisopliae (Metsch.) sorokin sobre as fases do desenvolvimento de Tibraca limbativentris Stål (Hemiptera: Pentatomidae) em condições de laboratório. Arquivos do Instituto Biológico, 74: 141-148. Rampelotti-Ferreira FT, Ferreira A, Prando HF, Tcacenco FA, Grützmacher AD e Martins JFS. 2010. Seletividade de agrotóxicos utilizados na cultura do arroz irrigado ao fungo Metarhizium anisopliae, agente de controle microbiano de Tibraca limbativentris. Ciência Rural, 40: 745-751. Silva CCA, Cordeiro DM, Laumann R, Moraes MCB, Barrigossi JAF e Borges M. 2004. Ciclo de vida e metodologia de criação de Tibraca limbativentris Stål, 1860 (Heteroptera: Pentatomidae) para estudos de ecologia química. Brasília, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 16p. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento). Souza JR, Ferreira E, Cargnelutti-Filho A, Boiça-Junior AL, Chagas EF e Mondego JM. 2009. Divergência genética de cultivares de arroz quanto à resistência a Tibraca limbativentris Stål (Hemiptera: Pentatomidae). Neotropical Entomology, 38: 671-676. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 102 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 TRAPOERABA (COMMELINA BENGHALENSIS) E HORTELÃDO-CAMPO (MARSYPIANTHES CHAMAEDRYS): PLANTAS DANINHAS POTENCIAIS PARA UTILIZAÇÃO COMO SUBSTRATO NATURAL DE OVIPOSIÇÃO DO PERCEVEJO ASA PRETA (EDESSA MEDITABUNDA) Diones Krinski e Bruno Felipe Camera Palavras-chave: plantas reservatório, preferência de oviposição, substrato natural. 1.Introdução O gênero Edessa (Fabricius) tem cerca de 260 espécies descritas, com uma ampla gama de distribuição na Região Neotropical (Fernandes et al 2011; Silva et al 2006). Na América do Sul, algumas espécies se alimentam de várias plantas de importância econômica (Panizzi et al, 2000). No Brasil, as espécies de Edessa são comumente referenciadas para a cultura da soja, Glycine max (Leguminosae), no entanto, outras plantas hospedeiras foram relatadas nas famílias Malvaceae, Solanaceae, Cucurbitaceae, Pedaliaceae, Poaceae, Rutaceae (Silva et al, 1968; Perioto et al 2004). A espécie Edessa meditabunda (Fabricius, 1794), já foi encontrada em diversas culturas hospedeiras, como: abóbora, alface, algodão, arroz, batata, berinjela, beterraba, boldo-brasileiro, camapú, chicória, chuchu, citros, ervilha, fumo, girassol, mandioca, melão, pimenta, pimentão, soja e tomate, podendo causar danos econômicos (Buzzi e Miyazaki, 1993; Krinski e Pelissari 2012; Krinski et al., 2012; Krinski 2013a,b; Lima e Racca-Filho, 1996; Lourenção et al., 1999). Danos causados por E. meditabunda podem limitar a produção agrícola, dependendo do número de insetos que estejam se alimentando do fito-hospedeiro e da estrutura fenológica da planta por eles utilizada (Gonçalves et al., 2008). Na cultura da soja, por exemplo, este inseto pode provocar retenção foliar, deformações e diminuição do tamanho das sementes, redução do teor de óleo e do poder germinativo e a diminuição da produção (Vernetti, 1983; Gallo et al., 1988; Lourenção et al., 1999). Edessa meditabunda também pode se alimentar e se reproduzir em hospedeiros alternativos ou ocupar plantas daninhas como locais de hibernação. Infelizmente, a maioria dos estudos sobre a biologia de diversos percevejos se concentram apenas em culturas de interesse econômico. As plantas daninhas são ignoradas completamente, embora algumas delas, como a trapoeraba, Commelina benghalensis L. (Commelinaceae) e o hortelã-do-campo, Marsypianthes chamaedrys (Vahl) Kuntze (Labiatae) sejam comuns em cultivos agrícolas e podem ser reservatórios de insetos pragas. A trapoeraba é uma planta daninha perene, herbácea, ereta ou semi-prostrada, com reprodução por sementes e vegetativa (Lorenzi, 1991). A espécie é bastante frequente em lavouras anuais, apresentando nítida preferência por solos argilosos, úmidos e sombreados. A presença desta planta dificulta a colheita mecânica da cultura da soja e confere excesso de umidade aos grãos (Voll et al., 1997). O hortelã-do-campo pertence à família Lamiaceae e ocorre nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde também é conhecida popularmente como paracarí, hortelã-do-mato, betônica-brava, erva-de-cobra, corta-hérpes e bóia-caá, sendo muito utilizada pela população local para combater o veneno de cobra (Menezes et al., 1998). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 103 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Desta forma, este trabalho teve como objetivo verificar se percevejos E. meditabunda utilizam a trapoeraba e o hortelã-do-campo como substratos de oviposição, uma vez que estes insetos podem sem encontrados nestas plantas, e também se os percevejos tem preferência entre estas plantas daninhas. 2.Material e Métodos Os exemplares de E. meditabunda utilizados foram coletados em plantação de soja cultivada na Fazenda Florentino, localizada no município de Novo Progresso/PA, na safra de 2011/12 (Figura 1). As duas espécies de plantas daninhas (C. benghalensis e M. chamaedrys) também foram obtidas no entorno da plantação de soja (Figura 2). Figura 1. Área de coleta dos percevejos e plantas daninhas. Fazenda Florentino, Estado do Pará. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 104 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 2. Plantas daninhas utilizadas para os experimentos. A) Marsypianthes chamaedrysi (hortelã-do-campo); b) Commelina benghalensis (trapoeraba). Dois experimentos foram realizados, o primeiro sem chance de escolha das plantas para oviposição, e o segundo com chance de escolha entre as plantas daninhas.No experimento sem chance de escolha, duas gaiolas de criação (60x40x40cm) foram utilizadas. Em cada uma delas foi colocado um vaso de cada uma das plantas daninhas. E em cada gaiola foram acondicionados 20 casais de E. meditabunda. Para o experimento com chance de escolha, uma terceira gaiola foi utilizada, está contendo dois vasos, cada um com uma das espécies de plantas daninhas, foi utilizada para verificar a preferência de oviposição. As plantas foram avaliadas diariamente durante 17 dias, até as fêmeas pararem a oviposição. Durante os experimentos, os percevejos foram alimentados com vagem de feijão e grãos de soja que eram trocados a cada 2 dias. Os dados foram submetidos ao teste de Shapiro-Wilk a 5% e por não apresentarem distribuição normal foram submetidos ao teste Mann-Whitney a 5%. 3.Resultados e Discussão Durante o experimento sem chance de escolha, os percevejos colocaram 65 posturas (3,8±0,6 posturas/dia) em trapoeraba e 58 posturas (3,4±0,7 posturas/dia) em hortelã-do-campo, não apresentando diferença significativa entre as plantas (U= 158.5; p= 0.638). No experimento Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 105 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 com chance de escolha os percevejos colocaram 64 posturas, sendo 27 posturas (1,6±0,3 posturas/dia) em trapoeraba e 37 (2,2±0,5 posturas/dia) em hortelã-do-campo, e também não mostraram preferência significativa para oviposição entre as plantas (U= 133.5; p= 0.701). O número de ovos por postura também não mostrou diferença significativa, tanto no experimento sem chance de escolha (U=160.5; p=0.563) quanto no experimento com chance de escolha (U= 142.0; p= 0.942) (Figura 3). Esses resultados mostram que ambas as espécies de plantas daninhas, C. benghalensis e M. chamaedrys, podem ser utilizadas como substratos de oviposição de E. meditabunda. Figura 3. Oviposição de Edessa meditabunda (quantidade de ovos por posturas e posturas por dia) em trapoeraba e hortelã-do-campo. Experimentos sem e com chance de escolha. Os pesquisadores que trabalham com a biologia de diversas espécies de percevejos pragas sabem a dificuldade de se manter uma criação destes insetos em laboratório. A espécie E. meditabunda, em especial, é considerada um dos percevejos mais difíceis de se manter em laboratório, devido a diversos fatores, entre eles a diminuição de oviposição, o que consequentemente acarreta no decaimento da população destes insetos em laboratório. Por isso, a realização de experimentos visando encontrar substratos naturais (e também artificiais) são importantes, para manutenção e estabilidade populacional de insetos oriundos de laboratório, principalmente visando sua posterior utilização em estudos bioecológicos. 4.Agradecimentos Os autores agradecem os agricultores, Marlete Florentino, Eurides Florentino e Nadir de Lima Florentino (in memoriam) por permitir a realização desta pesquisa em sua propriedade. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 106 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 5.Referências Bibliográficas Buzzi ZJ e Miyazaki RD. 1993. Entomologia didática. Editora Universidade Federal do Paraná. Fernandes JAM e Campos LD. 2011. A new group of species of Edessa Fabricius, 1803 (Hemiptera: Heteroptera: Pentatomidae). Zootaxa, 3019: 63-68. Gallo D, Nakano O, Silveira-Neto S, Carvalho RPL, Batista GC, Berti-Filho EB, Parra JRP, Zucchi RA e Alves SB. 1988. Manual de Entomologia Agrícola. Editora Agronômica Ceres. Gonçalves L, Almeida FS e Mota FM. 2008. Effects of temperature on the development and reproduction of Edessa meditabunda (Fabricius, 1794) (Hemiptera: Pentatomidae). Acta Biol. Paranaense 37:111-121. Lima AF e Racca Filho F. 1996. Manual de pragas e praguicidas: receituário agronômico. EDUR. Lorenzi H. 1991. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas, tóxicas e medicinais. 2.ed. Ed. Plantarum. Lourenção AL, Pereira JCNA, Miranda MAC e Ambrosiano GMB. 1999. Danos de percevejos e de lagartas em cultivares e linhagens de soja de ciclos médio e semi-tardio. An. Soc. Entomol. Brasil 28: 157-167. Voll E, Karam D e Gazziero DLP. 1997. Population dynamics of Commelina benghalensis L. under soil and herbicide management practices. Pesq. agropec. bras. Brasília, 32: 571-578. Krinski D. 2013. First report of phytophagous stink bug in chicory crop. Ciênc. Rural. 43: 42-33. Krinski D e Pelissari TD. 2012. Occurrence of the stinkbug Edessa meditabunda F. (Pentatomidae) in differents cultivars of lettuce Lactuca sativa L. (Asteraceae). Biosci. J. 28: 654-659. Krinski D, Favetti BM e Butnariu AR. 2012. First record of Edessa meditabunda (F.) on lettuce in Mato Grosso State, Brazil. Neotrop. Entomol. 41: 79-80. Krinski D. 2013. Physalis angulata L. (Solanaceae): a potential host-plant of stink bugs Edessa meditabunda F. (Hemiptera, Pentatomidae). Biota Neotropica,13: 336-339. Menezes FS, Borsatto AS, Pereira NA, Matos FJA e Kaplan MAC.1998. Chemical constituents from Marsypianthes chamaedrys. An. Acad. Bras. Ci., 70: 7616. Panizzi AR, McPherson JE, James DJ, Javahery M e McPherson RM. 2000. Stink bugs (Pentatomidae). In: Schaefer CW Panizzi AR (Ed.). Heteroptera of economic importance. Boca Raton, Florida, USA: CRC. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 107 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Perioto NW, Lara RIR, Coutinho D e Milani D. 2004. Pentatomídeos (Insecta, Hemiptera) fitófagos associados a gergelim Sesamum indicum L. (Pedaliaceae) em Ribeirão Preto, SP, Brasil. Arq Inst Biol 71: 93-94. Silva AGA, Gonçalves CR, Galvão DM, Gonçalves AJL, Gomes J, Silva MN e Simoni L. 1968. Quarto catálogo dos insetos que vivem nas plantas do Brasil, seus parasitos e predadores. Parte II, 1º tomo. Insetos, hospedeiros e inimigos naturais. Ministério da Agricultura. Silva EJE, Fernandes JAM e Grazia J. 2006. Caracterização do grupo Edessa rufomarginata e descrição de sete novas espécies (Heteroptera, Pentatomidae, Edessinae). Iheringia, Série Zool, 96: 345-362. Vernetti E. 1983. Soja: planta, clima, pragas, moléstias, invasoras. Fundação Cargill. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 108 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 EFEITO OVICIDA DO EXTRATO DE SEMENTES DA FRUTA-DOCONDE, ANNONA MUCOSA (ANNONACEAE) SOBRE POSTURAS DA MARIPOSA DO TRIGO, PSEUDALETIA SEQUAX (NOCTUIDAE) Krinski, Diones ; Paixao, M. F. ; Mateus, M. A. F. ; Massaroli, A. ; Foerster, L. A Palavras-chave: plantas inseticidas, lepidópteros pragas, inseticida botânico. 1.Introdução A utilização de extratos e óleos essenciais de plantas no controle de insetos-praga, em geral, tem aumentado nos países industrializados, inclusive no Brasil, principalmente por sua flora possuir uma grande diversidade. Ao observar os dados de literatura envolvendo publicações que utilizaram plantas inseticidas percebe-se o quanto é vasta esta abordagem e observamos a eficácia destes produtos como alternativa de controle contra insetos. E além do mais, por estes apresentarem compostos biodegradáveis, produtos não tóxicos e potencialmente adequados para utilização no controle de pragas (Krinski et al., 2014). A lagarta-do-trigo, Pseudaletia sequax Franclemont, ocorre nos trópicos das Américas Central e do Sul (Franclemont, 1951). Durante a fase larval, P. sequax alimenta-se de folhas de uma grande variedade de culturas economicamente importantes (Biezanko et al., 1974). No Brasil, esta espécie foi encontrada em culturas de trigo no sul e sudeste do país (Amante, 1962; Bertels, 1970), mas Biezanko et al., (1974) mencionam, ainda, a presença desta espécie em culturas de arroz, aveia, centeio, cevada e sorgo, entre outras gramíneas com menor potencial econômico. Segundo Marchioro e Foerster (2012) a longevidade média dos adultos é de 39 e 28 dias para machos e fêmeas respectivamente, quando criados em plantas de quicuio, uma fonte natural de alimento de P. sequax. As posturas são feitas de forma agrupada, algumas vezes com mais de 200 ovos dispostos em fileiras e presos por uma substância pegajosa. A fecundidade pode atingir mais de 1000 ovos por fêmea (Gassen, 1996). Atualmente, para o controle desta praga são utilizados inseticidas neurotóxicos, no entanto, nem sempre estes produtos são eficientes devido ao hábito desta lagarta permanecer na face abaxial das folhas, dificultando assim, o contato com o produto (Oliveira, 2010). Outrossim, a falta de monitoramento adequado, para aplicação no momento certo e a utilização de produtos inadequados tem contribuído para o estabelecimento desta espécie como praga-principal nas culturas de diversos cereais (Schaafsma et al., 2007). Além da baixa eficiência dos produtos químicos, estes agrotóxicos também oferecem riscos à saúde humana, contaminação ambiental, seleção de pragas resistentes e diminuição dos inimigos naturais, o que contribui para o aumento populacional da praga. Portanto, deve-se adotar outras estratégias na tentativa de controlar este inseto e consequentemente, minimizar os impactos ambientais. Umas das opções é a utilização de produtos de origem vegetal, como extratos e óleos essenciais. Diversas famílias de plantas já tiveram seu potencial inseticida comprovado por diversos autores e apesar do potencial da família Annonaceae e das vantagens de sua utilização, não há estudos de seu efeito sobre a lagarta do trigo, a qual vem trazendo prejuízos aos agricultores (Jacobson 1989; Isman 2006; Krinski et al., 2014). A espécie Annona mucosa Jacq. é uma planta Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 109 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 nativa da Floresta Amazônica e Mata Atlântica, onde é conhecida popularmente como biribá, araticum, ariticum, condessa, fruta-da-condessa, fruta-de-conde ou graviola brava (Lorenzi, 2002). Portanto, é evidente que a utilização de inseticidas a partir de plantas da família Annonaceae pode ser uma ferramenta vantajosa em relação aos inseticidas sintéticos, especialmente com a descobertas de novas substância, como as acetogeninas encontradas nas anonáceas (Alali et al., 1999). Assim este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial ovicida do extrato de sementes de Annona mucosa (Annonaceae) sobre posturas da mariposa do trigo, Pseudaletia sequax (Noctuidae). 2.Material e Métodos As posturas utilizadas para o bioensaio foram obtidas de uma criação de Pseudaletia sequax estabelecida pelo Laboratório de Controle Integrado de Insetos (LCII) vinculado ao Programa de Pós-graduação em Zoologia da Universidade Federal do Paraná UFPR), situada no município de Curitiba/PR. Os frutos de A. mucosa foram coletados na área urbana de Tangará da Serra-MT e após a confirmação da espécie, a exsicata foi depositada no Herbário da Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Tangará da Serra (UNEMAT/CUTS) sob o registro № 92 (Figura 1). Dos frutos coletados foram retiradas as sementes e estas foram desidratadas em estufa de circulação de ar a 40ºC por 72 horas. Após a secagem, as sementes foram trituradas em moinho tipo faca e o pó obtido foi levado ao laboratório de Bioquímica de Carboidratos da Universidade Federal do Paraná, onde foi submetido à deslipidificação por três dias com solvente orgânico clorofórmio-metanol (2:1), utilizando aparelho extrator Soxhlet em manta aquecida a 60°C até a exaustão (Figura 2). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 110 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 1. A) Frutos de Annona mucosa (Annonaceae) coletados em Tangará da Serra/MT; B) Sementes de Annona mucosa secos e prontas para serem trituradas e submetidas à deslipidificação. O material foi triturado e submetido a deslipidificação por 3 dias com solvente orgânico clorofórmio-metanol (2:1) utilizando aparelho extrator Soxhlet em manta aquecida a 60°C (Figura 2). O material extraído foi rotaevaporado a 40º C para remoção dos solventes, obtendo-se então, o extrato bruto. A partir deste extrato, foram feitas as diluições nas concentrações de 0,5; 1,0; 2,0 e 4,0% utilizando-se Tween20 (5%) para solubilização, além de três tratamentos controles (água, Tween20 5%, e Neem 5%). 7Posturas com 10 ovos de P. sequax, com até 24 horas de idade, foram mergulhadas por 10 segundos em cada concentração. As avaliações ocorreram diariamente até o sexto dia após a aplicação dos tratamentos. Por não seguirem a distribuição normal, os dados foram submetidos ao teste não paramétrico de Kruskal-Wallis a 5% de probabilidade. As plantas foram avaliadas diariamente durante 17 dias, até as fêmeas pararem a oviposição. Durante os experimentos, os percevejos foram alimentados com vagem de feijão e grãos de soja que eram trocados a cada 2 dias. Os dados foram submetidos ao teste de ShapiroWilk a 5% e por não apresentarem distribuição normal foram submetidos ao teste Mann-Whitney a 5%. Figura 2. Deslipidificação do material vegetal (sementes) por 72 horas com solvente orgânico clorofórmio-metanol (2:1) utilizando aparelho extrator Soxhlet em manta aquecida a 60°C. A) Aparelho Soxhlet e manta aquecida preparados para a extração do extrato; B) Momento da obtenção do extrato vegetal. 3.Resultados e Discussão Os resultados mostraram que o extrato de sementes de A. mucosa apresentou ação ovicida em todas as concentrações testadas, pois nenhuma lagarta emergiu dos ovos durante os Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 111 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 seis dias de avaliação. Entre os controles, a eclosão foi baixa chegando a 21% com diferença estatística entre os tratamentos (H=18.3051) (Figura 3). A baixa eclosão entre os controles pode ser decorrente ao manuseio de posturas jovens (com até 24 horas), e desta forma, estudos com posturas de diferentes idades devem ser realizados visando verificar se este padrão se repete. Além disso, a inviabilidade de 100% das posturas nas diferentes concentrações pode estar relacionada a presença das acetogeninas, que são substancias encontradas apenas em plantas da família Annonaceae e com potencial inseticida reconhecido na literatura. As acetogeninas constituem uma classe de produtos naturais promissora como protótipos de agentes inseticidas, sendo encontradas nas cascas, raízes e, principalmente, em sementes de plantas da família Annonaceae (Bermejo et al., 2005; Castillo-Sánchez et al., 2010). A uvaricina foi à primeira acetogenina isolada a partir de Uvaria accuminata em 1982, o que evidencia o quão recente são os estudos com estas substâncias (Alali et al., 1999). Infelizmente a grande diversidade de espécies de Annonaceae conhecida cientificamente não reflete a quantidade de estudos destas plantas visando o controle de insetos pragas. Segundo Krinski et al., (2014) isso deve-se provavelmente a recente descoberta das propriedades biocida das anonáceas contra insetos. Além disso, Krinski et al., (2014) ainda ressaltam que ao observarmos a diversidade de espécies de anonáceas conhecidas mundialmente, notamos que apenas cerca de 1% das espécies desta família possuem informações acerca do seu potencial inseticida. Isso demonstra que muito ainda se tem para pesquisar com este grupo de plantas em relação ao conhecimento de suas propriedades inseticidas. Também deve-se aumentar a quantidade de experimentos com outras espécies de insetos pragas ainda não estudadas. Figura 3. Número médio e erro padrão de larvas emergidas de posturas (n=10) de Pseudaletia sequax após a aplicação de diferentes concentrações do extrato de sementes de Annona mucosa. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 112 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 4.Agradecimentos Os autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), pelo suporte logistíco; ao pesquisador Dr. Guilherme Lanzi Sassaki do Laboratório de Química de Carboidratos, do Departamento de Bioquímica, da Universidade Federal do Paraná, que proporcionou a extração do extrato das sementes de Annona mucosa, e a todos os membros do seu laboratório que contribuíram quando necessário. Agradecemos também, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por fornecer as bolsas de estudos durante esta pesquisa. 5.Referências Bibliográficas Alali FQ, Liu XX e McLaughlin JL. 1999. Annonaceous acetogenins: recent progress. Journal of Natural Products, 62: 504-40. Amante E. 1962. Indicações para o controle das lagartas dos trigais. Biológico, 28: 267-268 Bermejo A, Figadere B, Zafra-Polo MC, Barrachina I, Estornell E e Cortes D. 2005. Acetogenins from Annonaceae: recent progress in isolation, synthesis and mechanisms of action. Natural Product Reports, 22: 269-303. Bertels A. 1970. Pragas do trigo no campo e seu combate. Pesquisa Agropecuária Brasileira. 5: 81-89. Biezanko CM, Ruffinelli A e Link D. 1974. Plantas y otras substancias alimentíceas de las orugas de los lepidópteros uruguayos. R. Centro de Ciências Rurais, 4: 107-147. Castillo-Sánchez LHC, Jiménez-Osornio JJ e Delgado-Herrera MA. 2010. Secondary metabolites of the Annonaceae, Solanaceae and Meliaceae families used as biological control of insects. Tropical and Subtropical Agroecosystems, 12: 445 -462. Franclemont JG. 1951. The species of the Leucania unipuncta group, with a discussion of the generic names for the various segregates of Leucania in North America. Proceedings of the Entomological Society of Washington, 53: 57-85. Gassen, DN. 1996. Manejo de pragas associadas à cultura do milho. Passo Fundo: Aldeia Norte, 134p. Isman MB. 2006. Botanical insecticides, deterrents, and repellents in modern agriculture and an increasingly regulated world. Annual Review of Entomology, 51, 45–66. Jacobson, M. 1989. Botanical pesticides: past, present and future. In: Arnason JT, Philogène BJR e Morand P. Insecticides of plant origin. Washington, DC, American Chemical Society, 387, 69-77. Krinski D, Massaroli A e Machado M. 2014. Potencial inseticida de plantas da família Annonaceae. Revista Brasileira de Fruticultura, 36: 225-242. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 113 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Lorenzi H. 2002. Árvores Brasileiras - manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil, v.2, Nova Odessa, São Paulo. Machioro CA e Foerster LA. 2012. Performance of the wheat armyworm, Pseudaletia sequax Franclemont, on natural and artificial diets. Neotropical Entomology, 41: 288-295. Oliveira JRG, Ferreira MC e Román RAA. 2010. Diferentes diâmetros de gotas e equipamentos para aplicação de inseticida no controle de Pseudoplusia includens. Engenharia Agrícola, 30: 9299. Schaafsma AW, Holmes ML, Whistlecraft J e Dudley SA. 2007. Effectiveness of three Bt corn events against feeding damage by the true armyworm (Pseudaletia unipunctata Harworth). Canadian Journal of Planta Science, 87: 599-603. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 114 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 SIMULANDO O ATAQUE DE INSETOS DESFOLHADORES EM CULTURA ARROZ DE TERRAS ALTAS CULTIVADO NO ESTADO DO PARÁ E SEU EFEITO NA PRODUÇÃO DE GRÃOS Krinski, Diones ; Foerster, L. A Palavras-chave: Oryza sativa, lepidópteros pragas, nível de dano econômico. 1.Introdução O arroz (Oryza sativa L.) é uma das mais antigas espécies de plantas cultivadas e atualmente ocupa aproximadamente 10% do solo agricultável do planeta (Barrigossi et al., 2004). Por ser o alimento básico para mais de 1/3 da população mundial, é considerado um dos cereais de maior importância econômica no mundo, sendo que a produção anual de arroz é de aproximadamente 606 milhões de toneladas. A Ásia é o principal produtor com mais de 90% do arroz produzido no planeta e o Brasil participa com 13.477.000t (2,17% da produção mundial) e destaca-se como único país não-asiático entre os nove maiores produtores (Fao, 2011). A região da floresta Amazônica, devido às grandes áreas desmatadas nas últimas décadas, principalmente para a pecuária (criação de gado de corte), torna-se uma região potencial para produção de grãos (Kirby et al. 2006). Em condições de campo, a cultura de arroz está sujeita a perdas de área foliar por insetos desfolhadores das ordens Coleoptera, Orthoptera, Hymenoptera (Formicidae, Myrmicinae) e principalmente Lepidoptera (Didonet et al., 2001; Ferreira, 2006; Machado e Garcia 2010). A ação destes insetos é um dos principais fatores que reduzem a produtividade em cultivos de arroz, mas alguns deles recebem maior importância por ocasionarem danos econômicos à cultura (Pathak e Khan 1994; Gomes e Magalhães-Junior 2004). A avaliação do efeito da desfolha artificial em plantas de importância econômica, como o arroz, é uma metodologia útil para simular os danos, pois permite mensurar quanto de desfolha a cultura pode suportar em determinado estádio fenológico, e assim quantificar a perda de produtividade para os diferentes níveis de desfolha (Moscardi e Villas-Bôas 1983; Fazolin e Estrela 2003). Além disso, esse parâmetro, pode ser utilizado para estimar o nível de dano econômico (NDE), como ocorre na cultura de soja, onde o número de insetos pragas é utilizado para indicar o momento em que se deve realizar o controle químico (Hoffmann-Campo et al., 2000; Bueno et al., 2012). Portanto, neste estudo simulamos através de níveis crescentes de desfolha artificial em diferentes estádios fenológicos de arroz, os danos causados por insetos desfolhadores na produção de grãos. Além disso, verificamos em qual fase de desenvolvimento as plantas são mais vulneráveis ao desfolhamento. 2.Material e Métodos O estudo foi realizado durante a safra de arroz de 2011/2012 sob condições de campo, em uma plantação de arroz de terras altas, variedade Cambará, na Fazenda Florentino (7°07’45.71”S 55°23’21.13”W), município de Novo Progresso, estado do Pará (região de floresta Amazônica). O experimento consistiu de 5 níveis de desfolha, sendo 0% (controle), 25%, 50%, 75% e 90%, que foram realizadas em três estádios fenológicos do arroz, sendo dois no período vegetativo, estádio V8 (formação do colar na 8ª folha do colmo principal) e estádio V12 (formação da folha bandeira) Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 115 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 e um estádio reprodutivo R3/R4 (liberação da panícula ou antese), perfazendo 15 tratamentos. Para a obtenção dos níveis de desfolha estabelecidos foram retiradas manualmente, de todas as folhas da planta, as porcentagens correspondentes ao desfolhamento estabelecido (Fig. 1). Para cada tratamento foram selecionadas aleatoriamente 50 plantas (repetições) de arroz de uma mesma linha da plantação. Para garantir que as plantas não fossem atacadas por insetos durante o experimento, utilizou-se quinzenalmente o controle químico com Pounce 384 EC até a colheita. Avaliou-se a produção total de espiguetas por panícula, a quantidade de espiguetas cheias e vazias, a porcentagem de danos para cada nível de desfolha nos diferentes estádios fenológicos (danos: EV/TE*100, onde EV é o número de espiguetas vazias por panícula e TE é o número total de espiguetas). Os dados obtidos foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk a 5%. Aqueles que apresentaram distribuição normal foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e à comparação de médias pelo teste de Tukey a 5%. Os dados que não apresentaram distribuição normal foram submetidos ao teste não paramétrico de Kruskal-Wallis a 5%. Figura 1. Porcentagens de desfolha utilizadas para os experimentos. 2.Resultados e Discussão Entre as porcentagens de desfolha nos diferentes estádios fenológicos a quantidade média total de espiguetas (espiguetas cheias e vazias) variou de 93.7 ± 5.1 a 183.5 ± 4.5 por panícula. No estágio vegetativo, a quantidade total de espiguetas foi significativamente reduzida a partir de 25% de desfolhamento em relação à testemunha sem desfolha (V8: H=109.993, p< 0.000; V12: F=8.925, p< 0.000). Quando o dano ocorreu no estágio reprodutivo, apenas as perdas de 75% ou mais na área foliar apresentaram redução significativa no número de espiguetas, enquanto que desfolhas de até 50% nesta fase fenológica não provocaram redução no número total de espiguetas (H= 49.109, p< 0.000) (Fig. 2). A quantidade de espiguetas vazias aumentou com o aumento da porcentagem de desfolha entre os diferentes estádios fenológicos variando de 16.3 ± 1.3 a 58,0 ± 3.5. As desfolhas de até 75% mostraram diferença significativa entre os estádios V8, V12 e R3/R4 (25%: H= 6.882; p< 0.032; 50%: H= 39.15; p< 0.000; 75%: H=34.041; p< 0.000). Este padrão não foi observado para a porcentagem de 90% nos diferentes estádios fenológicos. O estádio V12 foi o que apresentou maior quantidade de espiguetas vazias por panícula para todas as porcentagens de desfolhas (H= Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 116 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 87.092; p< 0.000) (Fig. 2). No estádio V8 as plantas suportaram até 50% de desfolha sem aumento na quantidade de espiguetas vazias quando comparado com o controle sem desfolha (H= 125,378; p< 0.000). No estágio reprodutivo R3/R4 os resultados foram semelhantes com os diferentes níveis de desfolhamento obtidos em V12 (H= 59.016; p< 0.000) (Fig. 2). A porcentagem de danos (EV/TE*100) provocados pelos diferentes níveis de desfolhamento variaram de 11.2± 0.9 % a 45.9 ± 1.7 % entre os tratamentos e estádios fenológicos analisados. Em todas as porcentagens de desfolhas os danos foram maiores no estágio vegetativo (Table 1). Considerando-se cada estádio fenológico, observa-se que os danos foram maiores no estádio vegetativo V8 com diferenças significativas a partir da desfolha de 25%. O mesmo padrão foi observado para o estádio reprodutivo R3/R4. Já no estádio V12 os danos na desfolha de 25% não mostraram-se diferentes do controle, sendo maior apenas a partir da desfolha de 50% (Tabela 1). Figura 2. Quantidade média de espiguetas cheias e vazias após crescentes porcentagens de desfolhamento em diferentes estádios fenológicos. Barras de mesma cor seguidas de letras iguais entre as porcentagens de desfolha não diferem pelo teste Kruskal-Wallis (p <0.05). Barras pretas: espiguetas cheias (H= 227.225; p< 0.001); Barras cinzas: espiguetas vazias (H= 254.884; p< 0.001); Acima das barras: total de espiguetas (H=222.582; p< 0.001). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 117 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Tabela 1. Porcentagem de danos (EV/TE*100) ocasionados por diversas porcentagens de desfolha na produção média de grãos por cacho de arroz de terras altas em diferentes estádios fenológicos. Novo Progresso, PA, 2011-2012. Estádio 1 * 0% * Porcentagem de desfolha (média ± EP ) 25% 50% 75% 90% H 2 p V8 11.1 ± 0.9 C 17.4 ± 1.1 aB 21.6 ± 1.6 bB 45.9 ± 1.7 aA 40.6 ± 2.0 aA 163,235 0,000 V12 11.1 ± 0.9 B 16.6 ± 1.5 aB 32.6 ± 2.3 aA 36.3 ± 2.0 bA 33.2 ± 2.5 bA 105,944 0,000 R3/R4 111,372 0,000 11.1 ± 0.9 C 12.4 ± 1.1 bB 16.5 ± 0.7 bB 24.7± 1.5 cA 29.5 ± 1.4 bA 2 - 18,984 29,765 - 12,553 3 - - - 35,210 - - 0,0001 0,000 0,000 0,0019 H F p 1 2 Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas linhas e de letras minúsculas nas colunas não diferem pelos testes Kruskal3 * Wallis ou Tukey (p <0.05). Erro Padrão (EP). Os resultados encontrados neste trabalho corroboram com informações de Watson (1952) ao verificar que a variação da área foliar está entre as principais causas de perdas na produção em diversas culturas, sendo determinante na produção de matéria seca, e, portanto, no rendimento final. De acordo com Walter et al. (2012) a fase vegetativa é considerada como o período em que a cultura do arroz tem maior sensibilidade ao fotoperíodo. E como a produção de matéria seca desta cultura é calculada em função da eficiência do uso da radiação e do índice de área foliar, a perda de área foliar nesta fase pode interferir diretamente na quantidade de radiação solar interceptada para o crescimento das plantas, e consequentemente na produção de grãos. Isso ocorreu, principalmente quando o desfolhamento foi realizado no estágio vegetativo (Fig. 2). Embora estudos similares devam ser realizados com outras variedades e tipos de cultivo de arroz (irrigado ou de inundação, por exemplo), os dados apresentados neste estudo servem como modelo para cultivares utilizadas nos diferentes países produtores de arroz. Observamos para o arroz de terras altas, variedade Cambará, que quando as desfolhas ocorrem principalmente no estádio vegetativo, os produtores devem utilizar uma alternativa de controle dos insetos desfolhadores 4.Agradecimentos Os autores agradecem os agricultores, Marlete Florentino, Eurides Florentino e Nadir de Lima Florentino (in memoriam) por permitir a realização desta pesquisa em sua propriedade. Agradecemos também, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por fornecer as bolsas de estudos durante esta pesquisa. 5.Referências Bibliográficas Barrigossi JAF, Lanna NA, Ferreira E. 2004 Agrotóxico no cultivo de arroz no Brasil: análise do consumo e medidas para reduzir o impacto ambiental negativo. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão: Circular Técnica, 67. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 118 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Bueno AF, Panizzi AR, Corrêa-Ferreira BS, Hoffmann-Campo CB, Sosa-Gomez DR, Gazzoni DL, Hirose E, Moscardi F, Corso IC, Oliveira LJ, e Roggia S. 2012. Histórico e evolução do manejo integrado de pragas da soja no Brasil. In: Hoffmann-Campo CB, Corrêa-Ferreira BS e Moscardi F (Org.) Soja: Manejo Integrado de Insetos e outros Artrópodes-Praga. 1ed. Brasília, DF: Embrapa, p. 37-74. Didonet J, Didonet APP, Erasmo EL e Santos GR. 2001. Incidência e densidade populacional de pragas e inimigos naturais em arroz de terras altas, em Gurupi-TO. Bioscience Journal, 17: 67-76. Fao – Food and Agriculture Organization of the United Nations. Productions indices. 2011. Disponível em: < http://faostat.fao.org/site/339/default.aspx>. Acesso em: 18 jul. 2013. Fazolin M e Estrela JLV. 2003. Comportamento da cv. Pérola (Phaseolus vulgaris L.) submetida a diferentes níveis de desfolha artificial. Ciência e Agrotecnologia, 27: 978-984. Ferreira, E. 2006. Fauna prejudicial. In: Santos AB, Stone LF e Vieira NRA. (Ed.). A cultura do arroz no Brasil. 2. ed. rev. e ampl. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, p. 485-560. Gomes AS e Magalhães-Júnior AM. 2004. Arroz irrigado no Sul do Brasil. Pelotas: Embrapa Clima Temperado; Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 899p. Hoffmann-Campo CB, Moscardi F, Corrêa-Ferreira BS, Oliveira LJ, Sosa-Gomez DR, Panizzi AR, Corso IC, Gazzoni DL e Oliveira EB. 2000. Pragas da soja no Brasil e seu manejo integrado. Londrina, Embrapa Soja, 70p. (Circular Técnica/ Embrapa Soja, ISSN 1516-7860, nº. 30). Kirby KR, Laurance WF, Albernaz AK, Schroth G, Fearnside PM, Bergen S, Venticinque EM e Costa C. 2006. The future of deforestation in the Brazilian Amazon. Futures, 38:432-453. Machado RCM e Garcia FRM. 2010. Levantamento de pragas e inimigos naturais ocorrentes em lavoura de arroz no município de Cachoeirinha, Rio Grande do Sul. Revista de Ciências Ambientais 4:57-68. Moscardi F e Villas-Bôas GL. 1983. Influência da desfolha artificial, em quatro diferentes estádios fenológicos da planta, sobre o rendimento e outras características do girassol. In: EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Soja. Relatório de pesquisa. Londrina: Centro Nacional de Pesquisa de Soja, p. 22-26. Pathak MD e Khan ZR. 1994. Insect Pests of Rice. International Rice Research Institute, International Centre of Insect Physiology and Ecology, Philippines. 89p. Walter LC, Rosa HT, Streck NA e Ferraz SET. 2012. Adaptação e avaliação do modelo infocrop para simulação do rendimento de grãos da cultura do arroz irrigado. Engenharia Agrícola, 32:510521. Watson DJ. 1952. The physiological basis of variation in yield. Advances in Agronomy, 4: 101-145. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 119 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 PRIMEIRO REGISTRO DE NEMATOIDES DO GÊNERO MELOIDOGYNE EM RAÍZES DE ESTACAS DE PROPAGAÇÃO DA FIGUEIRA, FICUS ADHATODIFOLIA (MORACEAE) MACHADO, M. ; MING, L. C. ; Krinski, Diones ; SILVA, M. J. R. ; SILVA, M. F. A Palavras-chave: nematoides, ficus, Plantas Medicinais. 1.Introdução Entre espécies consagradas pela medicina popular no Brasil, estão algumas espécies da família Moraceae que possui cerca de 1100 espécies, distribuídas em 37 gêneros. A maioria dos gêneros da família ocorre na região pantropical. Para a região neotropical, a família é constituída por 19 gêneros, com cerca de 270 espécies (Berg, 1998, 2001). Além do gênero Ficus, a família das moráceas possui outras espécies importante tais como: a jaqueira, (Artocarpus heterophyllus), a árvore da fruta-pão (Artocarpus altilis), o pau-rainha (Brosimum rubescens), o carapiá (Dorstenia cayapia), a tatajuva (Maclura tinctoria), a falsa espinheira santa (Sorocea bonplandii), a amora (Morus alba), figueira branca (Ficus adhatodifolia Schott ex Spreng.), entre outras (Carauta e Diaz, 2002; Berg, 2001 apud Mendonça-Souza, 2006). As plantas do gênero Ficus são conhecidas popularmente como figueiras e estão entre as primeiras plantas cultivadas pelo homem há mais de 11 mil anos (KISLEV et al., 2006). Gregos, Romanos, Egípcios, Maias, Astecas entre outros povos antigos, as utilizavam na medicina, alimentavam-se dos figos e extraiam do caule fibras para tecer (Alves et al., 2001; Carauta e Diaz, 2002). Igual as outras Moráceas, as figueiras ao serem cortadas, exudam látex (Fredericksen et al., 1998), sendo este reputado como medicinal em várias regiões do mundo. No Brasil, desde a época do pré-descobrimento, o látex das espécies nativas de Ficus do subgênero Pharmacosycea são considerados como vermífugo pelos indígenas e mais tarde pelos brasileiros de outras descendências. Em algumas regiões, as figueiras são denominadas popularmente como lombrigueiras, por causa da sua utilização no combate de vermes do sistema digestório (Alves et al., 2001; Carauta e Diaz, 2002; Peckolt e Peckolt, 1888). As espécies nativas no Brasil pertencem a dois subgêneros, Urostigma e Pharmacosycea. No grupo Pharmacosycea, cujo nome se deve às propriedades medicinais de suas plantas (Carauta e Diaz, 2002), encontra-se a espécie Ficus adhatodifolia conhecida como figueira branca ou figueira vermífuga. A indicação como vermífugo também remete à possibilidade de controle de nematoides, como é frequente, principalmente na cultura de Ficus carica, que constituem um problema agrícola de importância econômica e de difícil controle. A conscientização dos danos ambientais causados pelo controle químico convencional de pragas e patógenos, além da ocorrência de formas resistentes, tem direcionado pesquisas da área agronômica para o controle biológico e para o controle com produtos naturais de menor impacto ambiental. 2.Material e Métodos O experimento foi conduzido em estufa da Fazenda Experimental São Manoel, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), nos meses de novembro de 2013 a fevereiro de 2014, no município de São Manoel – SP, no encontro aproximado das coordenadas geográficas 22° 44’ de latitude sul e 48° 34’ de longitude ocidental, com altitude em torno de 750 metros. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 120 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 As estacas caulinares foram obtidas a partir de mudas de aproximadamente um ano e meio de idade, propagadas via sementes tendo entre 0,5 a 1 cm de diâmetro. As sementes para a produção das mudas foram coletadas no município de Iporanga, São Paulo, no ano 2011, no mês de junho. O substrato utilizado foi areia grossa, em canteiros 30 cm de profundidade. Após 200 dias em campo, foi coletado o material vegetal para proceder as análises das variáveis físicas nas estacas caulinares. Foi observada a presença de “nós” nas raízes de F. adhatodifolia que estavam sendo avaliadas. Coletou-se 50 amostras de raízes e foi encaminhado para o departamento de fitopatologia da UNESP, e após as análises. 3.Resultados e Discussão Foi emitido pelo laboratório de Fitopatologia da UNESP laudo registrando a presença de nematoides do gênero meloidogyne nas fases ovos, juvenis e adultos tais amostras de raízes. Porém ainda não foi possível determinar a espécie, está se procedendo analises de eletroforese de enzimas para determinar a espécie do nematoide (Figura 1). A presença de nematoides em F. adhatodifolia é registrada pela primeira vez. Por se tratar de uma espécie vegetal utilizada para curar doenças de ascaridíase, ancilostomose entre doenças originadas por parasitas do filo nematoda. Porém, a suscetibilidade da figueira, F.carica a Meloidogyne spp. tem sido relatada em várias regiões do mundo (Ichinoe, 1965). Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 121 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 1. Colocar legenda. Recentemente foi demonstrado por vários autores que Ficus possui atividade anticâncer e anti-inflamatória eficaz (Shukla et al., 2004; Shi et al., 2011, Niranjan e Garg, 2012). Isso se deve à sua potente atividade citotóxica e da ação dos alcaloides, flavonoides, compostos fenólicos e antioxidantes presentes em diversas espécies do gênero, demonstrando que as espécies do gênero possuem grande potencial para o desenvolvimento de medicamentos para o tratamento do câncer. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 122 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Algumas espécies de Ficus, nativas, demonstraram possuir propriedades medicinais, principalmente a ação anti-helmíntica do seu látex, Assunpção, (2008). O efeito baseia-se na presença de enzimas proteolíticas que operam na digestão do revestimento mucoso dos helmintos (Mali e Mehta, 2008, Rizzini e Mors, 1976 apud Assunpcão, 2008). No século XIX foi desenvolvida uma preparação farmacêutica com látex de Ficus doliaria, que foi comercializada no Rio de Janeiro com o nome “Pó de Doliarina e Ferro”, indicado conta opilação (anemia profunda) provocada por vermes (Amorim et al., 1999). Thomen (1939), realizou um estudo sobre o uso de figueiras nativas no tratamento de verminoses, da América do Sul, por meio de um levantamento de artigos e textos publicados no início do século 18. Esses trabalhos relatam o uso das figueiras por populações tradicionais, além de artigos que comprovam a eficiência do látex dessas plantas como Ficus doliaria e Ficus glabrata no combate a verminoses. Peckcolt e Peckcolt (1888), descrevem o uso no século XIX, de F. adhatodifolia, misturando-se uma colher de chá de látex com igual quantidade de cachaça e uma xícara de leite bem adoçado, para eliminação de vermes intestinais. O subgênero Pharmacosycea, recebeu esse nome justamente em virtude das propriedades medicinais de suas plantas, dentre elas a espécie F. adhatodifolia, (Carauta e Diaz, 2002). Essa espécie, além da atividade anti-helmíntica, é também recomendada no tratamento de ancilostomose e no tratamento de icterícia. Aos seus frutos são atribuídas propriedades afrodisíacas e estimulantes de memória. (Amorim et al., 1999; Lorenzi e Matos, 2008; Schultes e Raffauf, 1990). O uso do látex como medicamento anti-helmíntico pode trazer diversos riscos, devido principalmente à alta dosagem, pois apresenta ação purgativa muito drástica, podendo ocorrer até o sangramento de órgãos do sistema digestório (Lorenzi e Matos, 2008). Os riscos com o uso de látex de F. insipida, foi relatado por Hansson et al., (2005), na Amazônia Peruana, através do levantamento dos casos de intoxicação com látex no Hospital Regional de Pucallpa, Peru. Os resultados demonstram que em um período de 12 anos, a maioria dos 37 casos de intoxicação, foram provocadas por overdose, ou seja, ingestão de quantidades superiores à indicada, 1,5 cm3/Kg e em cinco apresentaram intoxicação em doses inferiores à indicada e duas foram à óbito. É crescente o interesse da ciência em desenvolver pesquisas com F. adhatodifolia, em virtude do seu poder anticancerígeno e anti-helmíntico. Porém, O fato do registro de nematoides nas raízes de F. adhatodifolia no o experimento realizado, levanta algumas questões inerentes à fisiologia da planta, a exemplo da localização do princípio ativo presente no látex que é eficaz no combate a nematoides. O registro de tal parasita na espécie se faz importante para subsidiar trabalhos futuros com propagação da espécie, uma vez que é uma planta de grande interesse medicinal. 4.Agradecimentos Os autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação em Horticultura da Universidade Estadual Paulista-UNESP-FCA, Campus de Botucatu pelo suporte logistíco; aos pesquisadores prof. Dr. Lin Chau Ming, do departamento de Horticultura pelo apoio na pesquisa e a prof. Drª Silvia Renata S. Wilcken e a laboratorista Maria de Fátima Almeida Silva do Laboratório de Nematologia do departamento proteção de plantas pelas analises nematológicas Agradecemos também, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) por fornecer as bolsas de estudos durante esta pesquisa. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 123 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 5.Referências Bibliográficas Alves BA, Caruta JPP e Pinto AC. 2001. A história das figueiras ou gameleiras. Sociedade Brasileira de Química. Disponível em: <http://www.sbq.org.br/filiais/adm/Upload/subconteudo/pdf/Historias_Interessantes_de_ProdutosN aturais12.pdf >. Acesso em: 15 março de 2014. Amorim A, Borba HR, Carauta JP, Lopes D e Kaplan MA. 1999. Anthelmintic activity of the latex of Ficus species. Journal of Ethnopharmacology, 64: 255-258. Assumpção JVL. 2008. Desenvolvimento inicial de Ficus Mill. Em reflorestamento puro e misto em Cotriguaçu/MT. 2008. 51 p. Dissertação (Mestrado/ Ciências Florestais e Ambientais)- Faculdade de Engenharia Florestal-Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 51 p. Berg CC. 2001. Moraceae, Artocarpeae, and Dorstenia (Moraceae) with introductions to the family and Ficus and with additions and corrections to Flora Neotropica . Flora Neotropica Monographs, New York Botanical Garden, Nova York, v. 83, p. 1-346. Berg CC. 1998. Phytogeography, systematics and diversification of African Moraceae compared with those of other tropical areas. In: Huxley, C.R.; Lock, J; Cutler, D.F. Chorology, taxonomy and ecology of the floras of Africa and Madagascar. Royal Botanic Gardens, Kew. p. 131-148. Carauta JPP e Diaz BE. 2002. Figueiras no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 208 p. Fredericksen, TS, Justiniano MJ, Rumiz D, McDonald E e Aguape R. 1998. Ecologia y silvicultura de especies menos conocidas – Bibosi Higuerón - Ficus spp. Moraceae, Santa Cruz/ Bolívia: Bolfor, 57 p. Hansson A, Zwlada JC e Noriega HP. 2005. Reevaluation of risks with the use of Ficus insipida latex as a traditional anthelmintic remedy in the Amazon. Journal of Ethnopharmacology, 98: 251257. Ichinoe M. 2006. Nematodes en los cultivos perenes. Biokemia, Midland, v. 9, p. 10–13, 1965. Kislev, M. E.; Hartmann, A.; Bar-Yosef, O. Early domesticated fig in the Jordan valley. Science, Washington, 312: 1372-1374. Lorenzi H e Matos FJA. 2008. Plantas Medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas. 2ª Ed, Nova Odessa, São Paulo: Instituto Plantarum,. 544 p. Mali RG e Mehta AAA. 2008. Review on anthelmintic plants. Natural Product Radiance, 7: 466475. Mendonça-Souza L. 2006. Ficus (Moraceae) no Estado de São Paulo. 2006. 140 p. 51p. Dissertação (Mestrado/Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente) - Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente. São Paulo, 140p. Niranjan S e Garg VK. 2012. Ficus virens (white fig): an overview of its phytochemistry and pharmacology. The Global Journal of Pharmaceutical Research, 1: 318-324. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 124 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Peckolt T e Peckolt G. 1888. História das plantas medicinais e úteis do Brazil. Rio de Janeiro: Laemmert, 918 p. Rizzini CT e Mors WB. 1976. Botânica econômica brasileira, São Paulo/SP, Editora EDUSP, 207 p. Schultes RE e Raffauf RF. 1990. The Healing Forest. Medicinal and Toxic Plants of the Northwest Amazonia. Portland : Dioscorides Press, 484 p. Shi YX, Xu YK, Hu HB, Na Z e Wang WH 2011. Preliminary assessment of antioxidant activity of young edible leaves of seven Ficus species in the ethnic diet in Xishuangbanna, Southwest China. Food Chemistry, 128: 889-894. Shukla R, Gupta S, Gambhir JK, Prabhu KM e Murthy PS. 2004. Antioxidant effect of aqueous extract of the bark of Ficus bengalensis in: hypercholesterolaemic rabbits. Journal of Ethnopharmacology, 92: 47-51. Thomen LF. 1939. The latex of Ficus trees and derived anthelmintics: historical account. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, 19: 409-418. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 125 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 LEVANTAMENTO RÁPIDO DA FAUNA DE NYMPHALIDAE (INSECTA: LEPIDOPTERA) NO SUDOESTE DO PARÁ, BRASIL Bruno Felipe Camera e Diones Krinski Palavras-chave: Inventário de fauna, Borboletas, Amazônia 1.Introdução O termo popular, borboleta, refere-se àqueles lepidópteros de hábitos diurnos e crepusculares (Sackis e Morais, 2008) e constituem cerca de 13% de uma riqueza de 146.000 espécies de lepidópteros no mundo (Brown-Junior e Freitas, 1999). Seus representantes estão distribuídos em seis famílias, Hesperiidae, Papilionidae, Pieridae, Lycaenidae, Riodinidae e Nymphalidae (Wahlberg et al., 2005) que distinguem-se da mariposas, sobretudo por apresentar antenas claviformes e hábitos predominantemente diurnos (Heppner, 1991). Ganha destaque dentre esta diversidade, a família Nymphalidae, das quais já foram registradas cerca de 2.850 espécies para a região Neotropical, entre estas, no Brasil são encontradas 788 espécies, que a torna a mais família mais especiosa (Brown-Junior e Freitas, 1999; Lamas, 2008). Além disso, esta família também costuma apresentar maior representatividade nos trabalhos desenvolvidos com as borboletas (Biezanko e Freitas, 1938; Biezanko, 1949; Krüger e Silva 2003; Iserhard e Romanowski, 2004) o que ocasiona frequentemente em novos registros (Dessuy e Morais 2007). Por apresentarem uma notável diversidade referente à forma das asas, colorido e tipo de voo, são agrupadas em 12 subfamílias (Wahlberg et al., 2009) e seus adultos podem ser classificados ecologicamente em duas guildas: as espécies nectarívoras, que se alimentam do néctar encontrado nas flores; e as frugívoras, que se alimentam de frutos fermentados, exsudados de árvores, carcaças e excrementos de mamíferos (Devries, 1997; Devries et al., 1999; Devries e Walla, 2001). Listas regionais de espécies de borboletas tem grande relevância no conhecimento sobre qualquer grupo animal, porque apresentam informações básicas sobre sua diversidade taxonômica, ecológica e genética (Motta, 2002). A comparação entre ocorrência de espécies entre locais ou hábitats depende da disponibilidade dessas listas, e servem de base para que se definam formas de manejo adequadas a cada situação (Balmer, 2002). Com a crescente demanda do mercado econômico global, o desmatamento tem reduzido muitas áreas tropicais a fragmentos de florestas, com consequente alteração dos hábitats. A área de mata, bem como com seu grau de isolamento tem relação direta com a diversidade de borboletas (Baz e Boyero, 1995). Isso acontece devido a disponibilidade dos recursos utilizados por estes insetos. Por serem especialistas em determinados recursos, as borboletas respondem prontamente as alterações no ambiente e seus hábitats, que constitui sua ameaça mais frequente (Dessuy e Morais, 2007). Estudos indicam que as espécies das subfamílias Nymphalinae e Satyrinae são boas indicadoras de perturbação, tanto de origem natural, quanto antrópica (Brown Jr. & Freitas 2000). Pouquíssimos estudos foram conduzidos na região do Pará, no que se refere a borboletas. Frente ao pouco conhecimento e a importância da realização de levantamentos com a fauna de borboletas em nosso país, realizamos este levantamento rápido acerca das espécies de Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 126 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Nymphalidae em uma área de floresta amazônica desmatada no sudeste do estado do Pará, Brasil. 2.Metodologia Nossas coletas aconteceram na Fazenda Florentino, situada no município de Novo Progresso, estado do Pará, Brasil, sudeste da floresta amazônica (-55.389167°, -7.129167°, 235 m a.s.l; DATUM= WGS84) durante os meses de outubro de 2011 a março de 2012 (Figura 1). As coletas foram feitas ocasionalmente nos períodos matutino, vespertino e no crepúsculo apenas por procura ativa com auxílio de rede entomológica, no interior de fragmentos florestais, bordas e áreas abertas. Matamos os espécimes com compressão do tórax e os acondicionamos em envelope entomológico, para posterior montagem. A identificação foi feita pelo prof Dr. Olaf Hermann Hendrix Mielke e por seu aluno de doutorado Ricardo Siewert, ambos do Laboratório de Estudos dos Lepidoptera Neotropical da Universidade do Estado do Paraná (UFPR) e a nomenclatura segue a proposta pela Fundação Butterflies of America. Para algumas espécies em que não foram capturadas, utilizamos o registro fotográfico para a identificação. Figura 1. Áreas de coleta. Fazenda Florentino, sudoeste do estado do Pará. Brasil. 1. Resultados e Discussão. Encontramos 83 espécies (Figuras 2-5), distribuídas em nove subfamílias e vinte e quatro tribos, sendo elas: Apaturinae: Doxocopa sp.; Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 127 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Biblidinae/Ageroniini: Ectima thecla (Fabricius, 1796); Hamadryas laodamia (Cramer, 1777); Hamadryas sp.1; Hamadryas sp.2; Biblidinae/Biblidini: Biblis hyperia (Cramer, 1779); Biblidinae/Catenophelini: Catonephele numilia (Cramer, 1775); Biblidinae/Callicorini: Callicore sp.1; Callicore sp.2; Catacore kolyma kolyma (Hewitson, 1852); Diaethria clymena clymena (Cramer, 1775); Biblidinae/Epiphelini: Nica flavilla (Godart, [1824]); Pyrrhogyra sp.1; Pyrrhogyra sp.2; Temenis laothoe (Cramer, 1777); Biblidinae/Eubagini: Dynamine sp.; Charaxinae/Anaeini: Consul fabius (Cramer, 1776); Fountainea cf. ryphea (Cramer, 1775); Fountainea sp.1; Hypna clytemnestra clytemnestra (Cramer, 1777); Memphis sp.1; Memphis sp.2; Memphis sp.3; Memphis sp.4; Charaxinae/Preponini: Archaeoprepona demophon (Linnaeus, 1758); Cyrestinae/Cyrestini: Marpesia chiron marius (Cramer, 1779); Marpesia sp.1; Marpesia sp.2; Danainae/Danaini: Lycorea halia ssp. (Hübner, 1816); Danaus gilippus (Cramer, 1775); Danainae/Ithominiini: Aeria sp.; Dircenna sp.; Hypothyris euclea barii (H. Bates, 1862); Hypothyris sp.; Mechanitis polymnia polymnia (Linnaeus, 1758); Mechanitis sp.; Melinaea sp.; Napeogenes sp.; Oleria sp.; Scada sp.; Thyridia sp.; Heliconiinae/Acraeini: Actinote sp.; Heliconiinae/Argynnini: Chlosyne sp.; Eresia sp.; Euptoieta hegesia ssp. (Cramer, 1779); Heliconiinae/Heliconiini: Agraulis vanillae (Linnaeus, 1758); Dryas sp.; Eueides aliphera (Godart, 1819); Eueides sp.; Heliconius doris doris (Linnaeus, 1771); Heliconius erato ssp. (Linnaeus, 1758); Heliconius sara thamar (Fabricius, 1793); Heliconius sp.1; Heliconius sp.2; Heliconius wallacei wallacei Reakirt, 1866; Limenitidinae/Limenitini: Adelpha sp.1A; Adelpha sp.1B; Adelpha sp.2; Adelpha sp.3; Nymphalinae/Coeini: Historis odius dious Lamas, 1995; Baeotus aeilus (Stoll, 1780); Nymphalinae/Junoniini: Junonia sp.; Nymphalinae/Melitaeini: Tegosa sp.; Nymphalinae/Nymphalini: Colobura dirce (Linnaeus, 1758); Nymphalinae/Victorinini: Anartia jatrophae (Linnaeus, 1763); Napeocles jucunda (Hübner, [1808]); Siproeta stelenes (Linnaeus, 1758); Satyrinae/Brassolini: Caligo illioneus (Cramer, 1775); Caligopsis seleucida (Hewitson, 1877); Catoblepia sp.; Opsiphanes cassiae (Linnaeus, 1758); Opsiphanes invirae ssp. (Hübner, [1808]); Satyrinae/Haeterini: Haetera sp.; Satyrinae/Morphini: Morpho achilles (Linnaeus, 1758); Morpho achilles ssp. (Linnaeus, 1758); Morpho cisseis C. Felder & R. Felder, 1860; Morpho deidamia ssp. (Hübner, [1819]); Morpho helenor (Cramer, 1776); Morpho helenor ssp. (Cramer, 1776); Morpho menelaus ssp. (Linnaeus, 1758); Morpho telemachus (Linnaeus, 1758); Satyrinae/Satyrini: Pareuptychia ocirrhoe (Fabricius, 1776); Taygetis sp.; Hermeuptychia sp.; Cissia sp. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 128 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 A subfamília Biblidinae apresentou maior diversidade de tribos (seis tribos) e Heliconiinae apresentou a maior diversidade de espécies, com dezesseis espécies (19,27%), seguida por Biblidinae, com quinze espécies (18,07%). Apaturinae foi a subfamília menos diversa e presentou apenas uma espécie (1,20%), em seguida as subfamílias menos diversas foram Cyrestinae e Limenitidinae, ambas com uma diversidade de apenas três espécies (3,61%). Estudos feitos na região sudoeste do Rio Grande do Sul, abrangendo três ambientes diferentes (serra, encosta e litoral) apresentou uma riqueza de 100 espécies de Nymphalidae (Paz et al 2008) e em áreas de Mata Atlântica do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro foram encontradas 20 espécies (Corso e Hernández, 2012). Em Santa Maria-RS em região de floresta estacional decidual considerada de rica de borboletas, Dessuy e Morais (2007) encontraram 51 espécies desta família. Visto que as condições de relevo, composição florística, topografia, micro-clima e os diferentes esforços amostrais aplicados nas investigações têm influência nos resultados observados, além de que quanto maior a extensão temporal dos inventários, maior tendência a aumentar o número total de espécies registradas (Summervile et al., 2001), nosso trabalho mostrou resultados satisfatórios por ter acontecido em um intervalo pequeno de tempo e com recurso de coleta limitado. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 129 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 130 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 2. Napeocles jucunda (A); Caligo illioneus (B); Morpho menelaus ssp. (C); Morpho helenor ssp. (D); Morpho deidamia ssp. (E); Morpho achilles ssp. (F); Siproeta stelenis (G); Consul fabius (H); Haetera sp. (I); Taygetis sp. (J); Cissia sp. (K); Junonia sp. (L); Dynamine sp. (M); Catacore holyma holyma (N); Diaethria clymena clymena (O); Euptoieta hegesia ssp. (P); Closyne sp. (Q); Danaus gilippus (R); Barra: 1cm. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 131 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 132 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 3. Lycorea halia ssp. (A); Melinaea sp. (B); Heliconius sp. (C); Mechanitis polymnia polymnia (D); Mechanitis sp. (E); Hypothyris euclea barii (F); Hypothyris sp. (G); Napeogenes sp. (H); Thyridia sp. (I); Heliconius doris doris (J); Heliconius wallacei wallacei (K); Heliconius sara thamar (L); Heliconius erato ssp (M); Dryas sp. (N); Baeotus aeilus (O); Marpesia sp1. (P); Marpesia chiron marius (Q); Marpesia sp2. (R). Barra: 1cm. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 133 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 134 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Figura 4. Hamadryas laodamia (A); Hamadryas sp1. (B); Agraulis vanillae (C); Biblis hyperia (D); Catonephele numilia (E); Hypna clytemnestra clytemnestra (F); Adelpha sp. (G); Adelpha sp. (H); Fountainea cf. ryphea (I); Memphis sp1. (J); Memphis sp2. (K); Memphis sp3. (L); Memphis sp4. (M); Doxocopa sp. (N); Doxocopa sp. (O); Opsiphanes invirae ssp. (P); Catoblepia sp. (Q); Colobura dirce (R). Barra: 1cm. Figura 5. Morpho cisseis (A); Morpho telemachus (B); Archaeoprepona demophon (C); Pyrrhogyra sp1. (D); Pyrrhogyra sp2. (E); Ectima thecla (F); Callicore sp1. (G); Nica flavilla (H); Temenis laothoe (I). Barra: 1cm. 4.Referências Baz A e Boyero AG. 1995. The effects of forest fragmentation on butterfly communities in central Spain. Journal of Biogeography 22: 129-140. Balmer O. 2002. Species lists in ecology and conservation: abundances matter. Conserv. Biol. 16: 1160-1161. Biezanko CM. 1949. Acraeidae, Heliconidae e Nymphalidae de Pelotas e seus arredores. Arquivos de Entomologia. Série A, Edição do autor. Biezanko CM e Freitas RG. 1938. Catálogo dos insetos encontrados na cidade de Pelotas e seus arredores. Fasc. 1 – Lepidópteros. Boletim Nº 25 da Escola de Agronomia Eliseu Maciel, Edição do autor. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 135 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Brown Jr. KS Freitas AVL. 1999. Lepidóptera. In: Brandão CRF Cancello EM. (org.). Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil: síntese do conhecimento ao final do século XX, 5: invertebrados terrestres. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Brown Jr KS e Freitas AVL. 2000. Atlantic Forest Butterflies: indicators for landscape conservation. Biotropica, 32: 934-956. Corso G e Hernández MIM 2012. Borboletas frugívoras da Mata Atlântica no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, Santa Catarina, Brasil. Biotemas, 25: 139-148. Dessuy MB e Morais ABB. 2007. Diversidade de borboletas (Lepidoptera, Papilionoidea e Hesperioidea) em fragmentos de Floresta Estacional Decidual em Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. Rev. Bras. Zoologia,24: 108-120. Devries PJ Murray D Lande R. 1997. Species diversity in vertical, horizontal, and temporal dimensions of a fruit-feeding butterfly community in an Ecuadorian rainforest. Biological Journal of the Linnean Society, 62: 343-364. Devries PJ Walla TR. 2001. Species diversity and community structure in neotropical fruit-feeding butterflies. Biological Journal of the Linnean Society, 74: 1-15. Devries PJ Walla TR Greeney HF. 1999. Species diversity in spatial and temporal dimensions of fruit-feeding butterflies from two Ecuadorian rainforests. Biological Journal of the Linnean Society, 68: 333-353. Heppner JB. 1991. Faunal regions and the diversity of Lepidoptera. Tropical Lepidoptera, 2: 1-85. Iserhard CA Romanowski HP. 2004. Lista de espécies de borboletas (Lepidoptera, Papilionoidea e Hesperioidea) da região do vale do rio Maquiné, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 21: 649-662. Krüger CP e Silva EJE. 2003. Papilionoidea (Lepidoptera) de Pelotas e seus arredores, Rio Grande do Sul, Brasil. Entomologia y Vectores, 10: 31-45. Lamas G. 2008. La sistemática sobre mariposas (Lepidoptera: Hesperioidea y Papilionoidea) en El mundo: Estado actual y perspectivas futuras. In: Llorente-Bousquets J Lanteri (ed.). Contribuciones taxonómicas en órdenes de insectos hiperdiversos. México: Las Prensas de Ciencias. Motta PC. 2002. Butterflies from the Uberlândia region, central Brasil: species list and biological comments. Braziliam Journal of Biology, 62: 151-163. Paz ALG Romanowski HP Morais ABB. 2008. Nymphalidae, Papilionidae e Pieridae (Lepidoptera: Papilionoidea) da Serra do Sudeste do Rio Grande do Sul, Brasil. Biota Neotropica, 8: 141-149. Sackis GD e Morais ABB. 2008. Borboletas (Lepidoptera: Hesperioidea e Papilionoidea) do campus da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Rio Grande do Sul. Biota Neotropica, 8: 151-158. Summerville KS Metzler EH Crist TO. 2001. Diversity of Lepidoptera in Ohio forests at local and regional scales: how heterogeneous is the fauna? Annals of the Entomological Society of America, 94:583-591. Wahlberg N Braby MF Brower AVZ Jong R Lee M Nylin S Pierce NE Sperling FAH Vila R Warren AD Zakharov E. 2005. Synergistic effects of combining morphological and molecular data in resolving the phylogeny of butterflies and skippers. Proc. R. Soc. B., 272: 1577-1586. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 136 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 Wahlberg N Leneveu J Kodandaramaiah U Peña C Nylins S Freitas AVL Brower AVZ. 2009. Nymphalid butterflies diversify following near demise at Cretaceous/Tertiary boundary. Proceedings of the Royal Society, 276: 4295-4302. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 137 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 MEIO AMBIENTE RESUMOS SIMPLES Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 138 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO VEGETAL DE TRÊS ESPÉCIES ARBÓREA NATIVAS DA REGIÃO SUDOESTE DO ESTADO DE MATO GROSSO Margarida Maria Da Silva Mota1, Leydyane Marizete Vieira da Silva, Fernanda Carla Sousa Silva, Edenir Maria Serigatto 1 Universidade do Estado de Mato Grosso. Faculdade de Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. Tangará da Serra- MT. [email protected] Palavras Chaves: Semeadura direta, adubação, desenvolvimento vegetal Nos processos de regeneração da vegetação nativa, o plantio de mudas é o mais utilizado, principalmente por fornecer uma boa densidade inicial de plantas, porém, estudos demonstram que esta técnica apresenta custos muito elevados chegando a ser de três a quatro vezes mais onerosas quando comparado à semeadura direta. O objetivo deste trabalho foi verificar o desenvolvimento inicial de três espécies nativa Enterolobium timbouva, Jacaranda cuspidifolia e Handroanthus impetiginosus com diferentes tratamentos de adubação. O experimento foi conduzido em área degradada próximo a uma represa nas dependências do Campus da Universidade do Estado de Mato Grosso, localizado no município de Tangará da Serra, entre as coordenadas geográficas: S 14°38' 56. 25" e O 57°26' 07. 98". Foram demarcadas e limpas por meio manual (capina) 4 parcelas. Em cada parcela foram delimitada 7 linhas com área de 1 metro de largura por 10 metros de comprimento (1m x 10m). Os tratamentos corresponderam a dois tipos de esterco orgânico (esterco aviário e esterco bovino) e 3 dosagens, sendo eles distribuídos em: controle 0kg (T1) , esterco aviário 5kg (T2), esterco bovino 5Kg (T3), esterco aviário 8kg (T4), esterco bovino 8Kg (T5), esterco aviário 12kg (T6), esterco bovino 12Kg (T7). As sementes foram semeadas a lanço em janeiro de 2013. Após um ano de desenvolvimento verificou-se que a altura media das plantas das três espécies avaliadas em cada tratamento foram: Enterolobium timbouva, T1 = 105,61cm. T2 = 112,36cm, T3 = 96,36cm, T4 = 123,30cm, T5 = 92,44, T6 = 140cm e T7 = 102,80cm. Jacaranda cuspidifolia, T1 = 31cm. T2 = 29,40cm, T3 = 29,13cm, T4 = 26,80cm, T5 = 51,40cm, T6 = 40,25cm e T7 = 27,86cm. Handroanthus impetiginosus T1 = 29,6cm, T2 = 18cm, T3 = 21,67cm, T4 = 29,43cm, T5 = 45,57cm, T6 = 16,50cm e T7 = 22,40cm. A análise estatística ANOVA demonstrou que houve diferença significativa entre os tratamentos apenas no desenvolvimento da espécie Enterolobium timbouva (Orelha de Negro), e somente no tratamento T6. Para o desenvolvimento das demais espécies os tratamentos adotados não apresentaram estatisticamente diferenças significativas. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 139 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 AVALIAÇÃO DA CURVATURA DO ESTILE E COMPRIMENTO DO ANDROGINÓFORO NUMA POPULAÇÃO DE MARACUJAZEIRO AZEDO EM TANGARÁ DA SERRA, MT Simone Santos de Oliveira Cobra*, Sabrina Antoniazzi, Daianny Correia Dias, Lais Lage, Celice Alexandre Silva * Universidade do Estado de Mato Grosso. Programa de Pós Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas. Tangará da Serra - MT. [email protected] Palavras-chave: Passiflora edulis, morfologia floral, polinização natural. O maracujazeiro azedo (Passiflora edulis Sims) é uma fruteira nativa do Brasil, na flor a curvatura do estilete e o tamanho do androginóforo são características que interferem no sucesso da polinização. Uma flor com androginóforo de comprimento menor, associado à estiletes totalmente curvos, pode viabilizar a polinização natural. Portanto, este trabalho objetivou verificar a porcentagem de flores com estilete totalmente curvo e comprimento do androginóforo numa população de maracujazeiro azedo oriunda de cruzamentos de cultivares comerciais. O experimento foi conduzido na área experimental da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), município de Tangará da Serra, MT. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com dez repetições. Os tratamentos foram constituídos de oito cruzamentos, sendo (BRS Gigante Amarelo x Rubi), (BRS Sol do Cerrado x Rubi), (BRS Ouro Vermelho x Rubi), (FB 100 x Rubi), (FB 200 x Rubi), (IAC 275 x Rubi), (IAC 275 x BRS Sol do Cerrado) e (IAC 275 x BRS Ouro Vermelho). As flores foram avaliadas quanto a curvatura do estilete e comprimento do androginóforo. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott à 5% de probabilidade. A análise de variância demonstrou que as características curvatura do estilete e comprimento do androginóforo diferiram entre os cruzamentos (p< 0,05). A progênie resultante dos cruzamentos entre as cultivares BRS Sol do Cerrado x Rubi do Cerrado e FB100 x Rubi do Cerrado apresentaram maior porcentagem de flores com estilete totalmente curvo, sendo 93,2% e 89,2%, e menor comprimento do androginóforo, 9,35cm e 9,32, respectivamente. Nestes cruzamentos ocorre alta porcentagem de flores com o estilete totalmente curvo, além de obterem menor comprimento do androginóforo em relação aos demais cruzamentos. Estas características podem otimizar a polinização, pois permite que o polinizador contate mais facilmente as estruturas reprodutivas. Órgão financiador: FAPEMAT Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 140 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 MORFOANATOMIA DA FOLHA E PECÍOLO DE CROTON URUCURANA BAILL (EUPHORBIACEAE) Camila Aparecida Antoniazzi*, Sabrina Aparecida Antoniazzi, Rogério Benedito da Silva Añez * Universidade do Estado de Mato Grosso. Faculdade de Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. Tangará da Serra - MT. [email protected] Palavras-chave: Planta medicinal, Cerrado, Etnobotânica O cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, apresentando enorme riqueza em espécies medicinais, entre elas se destaca a sangra d’água (Croton urucurana – Euphorbiaceae), a segunda família mais representativa. A espécie é importante por suas propriedades químicas e farmacológicas como antidiurético e anti-flamatório. A coleta se deu no Viveiro Minas Azul, Tangará da Serra – MT. As amostras de C.urucurana foram estocadas em álcool 70% no Laboratório de Botânica (CPEDA,EMPLAMEC-UNEMAT) com objetivo de analisar a morfoanatomia foliar. Após o estoque, realizou-se a técnica de decalque e secções anatômicas, folhas de Croton urucurana foram cortadas com uso do micrótomo rotativo. Duas secções foram utilizadas para o decalque com cola instantânea em lâmina de vidro, deixando evidentes as faces abaxial e adaxial. Os cortes em historeina se mantiveram aderidos á lâmina, logo foram confeccionadas laminas permanentes em historesina e cobertas com Permount entre lamina e laminula. Foi utilizado azul-de-toluidina para destacar tecidos de parede celular primária e secundária. A epiderme apresenta células uniestratificada com tamanhos variados, as da face abaxial são menores que a adaxial. A folha é anfiestomática e o complexo estomático são dos tipos paracítico e anomocítico. O mesofilo possui parênquima paliçádico uniestratificado e lacunoso homogêneo, variando de seis á oito camadas. Apresentam dois tipos de tricomas tector unicelular único ou estrelado que variam em ambas as faces da epiderme com maior frequência do estrelado na epiderme que recobre as nervuras. Em seção transversal, o limbo apresenta nervura principal com contorno biconvexo sendo mais amplo e proeminente na fase abaxial. O parênquima paliçádico é interrompido pelo colênquima angular de uma ou duas camadas logo abaixo das células da epiderme adaxial sobre a nervura central. O parênquima cortical apresenta células isodiamétrica. Na expansão do limbo nota-se feixe acessório acima do cilindro vascular da nervura central. O sistema vascular é um feixe central, em forma de um semi-arco fechado. O pecíolo é arredondado, levemente achatada na região do polo abaxial. O cilindro vascular tem formato semelhante á de ferradura. Compostos fenólicos são identificados com abundância ao longo de toda a estrutura foliar e peciolar, nas células do parênquima paliçádico e fundamentalmente no mesófilo e no parênquima cortical. Os padrões anatômicos são os mesmo descritos para Euphorbiaceae e as células secretoras sugerem látex contendo as propriedades medicinais na folha. Testes histoquímicos são recomendados para a confirmação do grupo químico que indica a planta como medicinal. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 141 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 USO DE ARMADILHA DE SUCÇÃO TIPO ASPIRADOR PARA COLETA DE ARTRÓPODES José Victor Alves Ferreira*, Fabrícia Bruna da Silva, Luana De Souza Medeiros, Bruna Magda Favetti * Universidade do Estado de Mato Grosso. Faculdade de Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. Tangará da Serra- MT. [email protected] Palavras-chave: Coletor de sucção, Arthropoda, área verde urbana. Os artrópodes são considerados o grupo mais diverso dentro do reino Animalia com mais de um milhão de espécies conhecidas. Para a realização de estudos científicos e práticas de ensino com estes animais, a utilização de armadilhas de captura é uma importante ferramenta para a coleta, levantamento e flutuação populacional destes organismos. Devido à grande quantidade de artrópodes e os seus mais diversos habitats, uma variedade de modelos de armadilhas foram criados visando facilitar a captura e desta forma, obter melhores resultados. A partir disso, este trabalho objetivou demonstrar a eficiência no uso de uma armadilha de sucção do tipo aspirador na coleta de artrópodes terrestres. Para a confecção dos aspiradores, utilizaramse materiais alternativos e de fácil manuseio (uma garrafa pet, duas mangueira com comprimento de 15 cm cada e pedaços de tecido tipo gaze), no qual foram feitos dois furos nas laterais da garrafa pet, em um foi inserido um pedaço de mangueira com uma ponta livre para o contato com o animal, e no outro, uma mangueira protegida em sua base por um pedaço de tecido tipo gaze (para evitar a ingestão de sujeiras ou até mesmo dos animais capturados). A coleta foi realizada no parque natural municipal “Ilto Ferreira Coutinho” em Tangará da Serra-MT, no dia 26 de outubro de 2013. Para tanto, 15 pontos foram distribuídos em três áreas (cinco ponto por área) sendo elas: mata fechada (área 01), campo aberto (área 02) e próximo a trilha (área 03). Em cada área, os pontos distanciavam-se cinco metros um do outro. Para a sucção, delimitou-se 2m2 em cada ponto, coletando os artrópodes encontrados durante cinco minutos. No total, foram amostrados 129 indivíduos pertencentes às classes Arachnida (ordem: Araneae) e Insecta (ordens: Hymenoptera, Hemiptera e Coleoptera) como a mais representativa. Na área 01 coletouse 30 formigas (Formicidae) e 01 besouro (Coleoptera); área 02, 26 formigas (Formicidae), 06 ninfas de percevejo (Hemiptera) e 03 aranhas (Araneae); área 03, 62 formigas (Formicidae) e 01 besouro (Coleoptera). A partir disso, conclui-se que o aparelho de sucção tipo aspirador foi eficiente na coleta de artrópodes nas três áreas amostradas dentro do parque municipal, apesar de ter sido feito apenas uma única coleta. Assim, sugere-se a utilização desta armadilha por ser um método de fácil confecção, manuseio e eficiente na captura de artrópodes. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 142 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 MOVIMENTO VERTICAL EM FITOPLANCTÔNICOS DA CACHOEIRA SALTO MACIEL, TANGARÁ DA SERRA/MT Tiago Nunes Farias *, Max Júnior Lima Portela, Alex César Sauer, Sarah Krause, Nelson Antunes de Moura * Universidade do Estado de Mato Grosso. Faculdade de Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. Tangará da Serra - MT. [email protected] Palavras-chaves: produtores primários, fotossíntese, ambiente aquático. Chama-se de produtores primários, os seres autótrofos que assimilam a luz do Sol ou de compostos orgânicos reduzidos e a utilizam para sintetizar compostos orgânicos mais complexos. São representados principalmente pelas plantas no ambiente terrestre, e pelos chamados fitoplânctons no ambiente aquático. Este processo é chamado de fotossíntese ou produção primária, e a matéria orgânica resultante se torna a base da cadeia alimentar na biosfera. Fitoplanctônicos possuem grande importância no que se refere a concentração de oxigênio na terra, visto que contribuem com a maior parte desta produção. Assim sendo, as características do ambiente tem grande influência na distribuição dos micro-organismos. A comunidade de fitoplânctons, por exemplo, é influenciada por diversos fatores, sendo eles temperatura, salinidade, distribuição de nutrientes, entre outros. Aspectos físicos como turbulência, no ambiente aquático, exercem um papel decisivo na composição do fitoplâncton, principalmente no que se refere ao maior acesso à luz e aos nutrientes. A partir disso, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o movimento vertical de componentes do fitoplâncton, da cachoeira Salto Maciel em Tangará da Serra/MT em diferentes pontos, horários e profundidades da mesma. Foram realizadas coletas de amostras de água na cachoeira Salto Maciel, no Município de Tangara da Serra/MT com auxílio de garrafa tipo PET de 600mL, e posteriormente identificadas com o ponto (A, B e C), horário (manhã – 8:00h; meio dia – 12:00 h; tarde – 15:00 h) e profundidade (30cm, 60cm e 90cm), respectivamente. A profundidade foi medida com régua artesanal. Após, as amostras foram deslocadas até o Laboratório de Microscopia, da UNEMAT, campus de Tangará da Serra/MT, e analisadas com auxílio de Microscópio Ótico. As amostras foram quantificadas quanto a presença ou ausência de algas. Os dados foram tabulados por meio de Software Microsoft Excel®. Das coletas analisadas no ponto A, a que se mostrou com maior quantidade de fitoplânctons foi aquela realizada no por volta do meio dia na profundidade de 60 cm, com um total de 44% das amostras visualizadas. No ponto B, foram encontrados os mesmos 38% tanto no período matutino, por volta das oito horas da manhã, quanto no período vespertino, às 17:00 horas. Estes valores foram observados nos primeiros 30 cm de profundidade. O ponto C obteve maior número de componentes do fitoplânctons à 60 cm de profundidade, totalizando 46% dos indivíduos encontrados no período da manhã. Pode-se observar que não ouve variações significativas entre a quantidade de organismos encontrados. No entanto, estes resultados mostram que há uma enorme influência da correnteza em relação ao movimento vertical dos organismos produtores, devendo-se realizar outros testes em regiões mais afastadas da queda d’água para certificação dos dados obtidos, visto que tais organismos necessitam da energia solar para a fotossíntese. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 143 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 DESENVOLVIMENTO INICIAL DE TRÊS ESPÉCIES ARBÓREAS COM DIFERENTES TRATAMENTOS DE ADUBAÇÃO Eva Patricia Oliveira Porto*, Valeria Daiane Bonfante Domingos, Arieley Patricia Cordeiro Paiva, Edenir Maria Serigatto * Universidade do Estado de Mato Grosso. Faculdade de Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. Tangará da Serra - MT. [email protected] Palavras chaves: Desenvolvimento vegetal, Espécies nativas, Semeadura direta A semeadura direta tem se destacado como uma das técnicas mais promissoras para recomposição da vegetação nativa em áreas degradadas. Isto porque, além da possibilidade de plantar uma maior diversidade de espécies de uma só vez, também reduz o custeio ao eliminar todo o custo de produção das mudas em viveiro. Para a região sudoeste do estado do Mato Grosso ainda não estão definidas quais espécies permitem este tipo de manejo com isto, o objetivo deste trabalho foi verificar o desenvolvimento inicial de três espécies arbóreas nativa da região de Tangará da Serra-MT com diferentes tratamentos de adubação. O experimento foi conduzido em uma área degradada nas dependências do Campus da Universidade do Estado de Mato Grosso, localizado no município de Tangará da Serra, entre as coordenadas geográficas: S 14°38' 56. 25" e O 57°26' 07. 98". As espécies avaliadas foram: Astronium flaxinifolium (Aroeira), Anadenanthera macrocarpa (Angico), e Sterculia striata (arixixa). O delineamento utilizado foram de 4 parcelas, no esquema fatorial 3x2x18+1 onde os tratamentos corresponderam a 3 dosagens de esterco orgânico, sendo eles: controle 0kg (T1), esterco aviário 5kg (T2), esterco bovino 5Kg (T3), esterco aviário 8kg (T4), esterco bovino 8Kg (T5), esterco aviário 12kg (T6), esterco bovino 12Kg (T7). Em cada parcela foram delimitada 7 linhas com área de 1 metro de largura por 10 metros de comprimento (1m x 10m). As sementes foram semeadas a lanço em janeiro de 2013. Após um ano de desenvolvimento verificou-se que a altura media das plantas em cada tratamento e para cada espécie foram: Aroeira T1 = 34,8cm. T2 = 48,12cm, T3 = 36,58cm, T4 = 38,28cm, T5 = 34,8 cm, T6 = 41cm e T7 = 29,27cm. Angico T1 = 56,6cm. T2 = 107,4cm, T3 = 67,25cm, T4 = 138,25cm, T5 = 70cm, T6 = 122,9cm e T7 = 129cm. Arixixa T1 = 44cm. T2 = 40,11cm, T3 = 40,4cm, T4 = 48,8cm, T5 = 58cm, T6 =66cm e T7 = 63,83cm. A análise estatística ANOVA demonstrou que houve diferença significativa entre os tratamentos no desenvolvimento da espécie Anadenanthera macrocarpa (Angico), nos tratamentos T4, T6 e T7. Para o desenvolvimento das demais espécies os tratamentos adotados não apresentaram estatisticamente diferenças significativas. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 144 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 CONHECIMENTO ETNOBOTÂNICO DE PLANTAS MEDICINAIS: RELATOS DE UM RAIZEIRO Sabrina Antoniazzi*, Daianny Correia Dias, Ingrid Estrazulas Pires, Rafaela Fernanda Lima, Patricia Campos * Universidade do Estado de Mato Grosso. Faculdade de Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. Tangará da Serra - MT. [email protected] Palavra-chave: Etnobotânica, raizeiro, plantas. A Etnobotânica é uma área da Biologia que vem sendo estudada pela ciência desde 1895, abordando a relação dos homens com as plantas medicinais e o modo como utilizam este recurso natural para consumo próprio. As plantas medicinais são utilizadas para curar doenças desde o início das civilizações, além disso, é uma prática milenar onde os povos passam seus conhecimentos de geração a geração. O foco da Etnobotânica é estudar como diferentes povos tradicionais interagem com as plantas. Este conhecimento local dos povos possui uma grande importância, pois é através dele que o homem consegue extrair alimentos, remédios e matériasprimas. O conhecimento tradicional popular que no passado estava bem enraizado nas populações, hoje com o deslocamento das pessoas do campo para as cidades e o uso constante dos mesmos por meios tecnológicos, influenciam o seu desaparecimento e é por este motivo que a Etnobotânica interfere, para impedir que estes saberes populares não morram. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo estabelecer um perfil básico e as práticas de um raizeiro da cidade de Tangará da Serra – MT. A coleta de dados foi realizada através de uma pesquisa de campo com a utilização de um roteiro de entrevistas semiestruturadas com perguntas objetivas diretas onde o foco principal é o entrevistado. A entrevista consistiu de um roteiro com as principais perguntas, podendo obter informações também livres. O senhor entrevistado nos passou que as plantas/raízes que ele adquiriu vêm de uma cidade do Sul do Mato Grosso, sendo que algumas das plantas ele busca no Paraguai e muitas são do próprio quintal. As principais plantas que o mesmo possui são: Carqueja, Santa Maria, Alfavaca, Manjericão, Quebra- pedra roxa, Saia Branca, Parim Paroba, Gtika, Sangra D’água e Chico Magro. As principais pessoas que vão procurar estas plantas são jovens (homens e mulheres) e adultos (homens e mulheres), e as principais plantas vendidas são Quina, que é bom para o fígado, rim e intestino, e a Gtika, que cura inflamações. Este senhor além de vender as plantas e raízes, ele também as utiliza para seu próprio consumo, principalmente a Gtika para tomar junto com o Chimarrão. Durante a entrevista o senhor nos conta que passou muito pouco de seus conhecimentos para outras pessoas e que aprendeu desde muito novo sobre as plantas medicinais. O senhor nos conta que foi bem difícil aprender sobre as plantas, pois o livro que usava para estudar era muito grosso e de leitura complicada de entender. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 145 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 ESTUDO TAXONÔMICO DE SMILAX FLUMINENSIS STEUD. (SMILACACEAE) Sabrina Antoniazzi*, Daianny Correia Dias, Simone Santos de Oliveira Cobra, Lais Lage, Celice Alexandre Silva * Universidade do Estado de Mato Grosso. Faculdade de Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. Tangará da Serra - MT. [email protected] Palavras-chave: Japecanga, monocotiledônea, taxonomia. A família Smilacaceae pertence ao grupo das monocotiledôneas. É representada por dois gêneros, Smilax sp. e Heterosmilax sp., distribuídas predominantemente nas regiões tropicais e subtropicais. Smilax sp. é considerado um grupo monofilético e possui sinapomorfias como: inflorescências umbeladas, anteras biesporangiadas e gavinhas peciolares. As espécies de Smilacaceae são popularmente conhecidas como dente-de-cachorro, inhapecanga, japecanga, jupicanga, salsa-americana, salsa-de-espinho, salsaparrilha, salsaparrilha-das-boticas, entre outros nomes. O presente estudo tem como objetivo descrever a espécie de Smilax fluminensis em um Fragmento Florestal de Mata Estacional Semidecidual, no município de Tangará da Serra, região sudoeste de Mato Grosso. O material botânico foi coletado durante o período de agosto de 2012 a outubro de 2013, realizando marcações nos indivíduos existentes no local, e posterior coleta de material fértil para a herborização. Smilax fluminensis. distribui-se nas regiões Norte (RR, PA), Nordeste (BA), Centro-Oeste (MT, GO, DF, MS) e Sudeste (MG, SP, RJ), em vegetação de Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal; é uma liana, dioica, espinescentes com base subterrânea e com muitos caules; folhas com bainha e pecíolo sem acúleos; lâmina coriácea, de coloração esverdeada, de 11,5-16 x 7-9 cm, quando jovem ovada ou elíptica, 1º par de nervura lateral mais delgado que a mediana, venação proeminente nas duas faces; possui inflorescência do tipo umbela, com flores inconspícuas. Seus botões florais são elípticos ou ovoides, tépalas com dois verticilos diferentes entre si. Flor feminina com seis estaminódios, filiformes, de tamanhos semelhantes, ultrapassando a metade do comprimento do ovário, papilosos no ápice e nas margens; flor masculina com anteras lineares, de mesmo comprimento ou maiores que o filete. Fruto do tipo baga globosa de coloração verde passando de alaranjada a preta na maturidade e com sementes alaranjadas. Suas folhas são utilizadas em forma de chá, como depurativo do sangue. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 146 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 LEPIDÓPTEROS COLETADOS NA CULTURA DO MILHETO NO SUDOESTE DE MATO GROSSO Bruna Magda Favetti *, Thais Lohaine Braga dos Santos, Alessandra Regina Butnariu, Alexandre Specht * Universidade Estadual Paulista. [email protected] Palavras-chave: Entomofauna, entressafra, manejo. O plantio de milheto vem se expandindo de forma acelerada no Brasil, tendo destaque ao longo dos anos como uma planta de cultivo na região de cerrado, atuando principalmente como cobertura de solo para o sistema de plantio direto, além de, potencialmente, servir como alimento e abrigo de vários insetos pragas de outras culturas. Levando em consideração a crescente utilização do milheto como planta cultivada, torna-se fundamental o conhecimento da entomofauna ocorrente nesta cultura para um melhor controle e manejo de pragas. Assim, este trabalho teve como objetivo fazer um levantamento dos lepidópteros presentes na cultura do milheto na região sudoeste de Mato Grosso. O estudo foi conduzido na fazenda Aparecida da Serra (14°18’59” S, 57°45’16” W) (14°20’23” S, 57°42’. 39” W), localizada entre os municípios de Tangará da Serra e Nova Marilândia, sudoeste do estado de Mato Grosso. A cultivar de milheto plantada foi ADR 7010 (plantio em 15 de março de 2013), e as coletas foram realizadas a partir de 48 dias do plantio até próximo à colheita (120 dias). O talhão utilizado possuía 145 ha, com bordas próximas a uma área de cerrado e um plantio de eucalipto. Foram estabelecidos 12 pontos, distribuídos em um transecto ao longo do talhão. Este transecto foi dividido em três áreas (próximo a borda de cerrado (BC), meio do talhão (M) e próximo a borda de eucalipto (BE)), onde a distância entre cada ponto, dentro destas áreas (BC, M e BE), foi de 67 metros, e as áreas distanciavam-se 134 m entre si. O método de coleta adotado foi o metro linear utilizando uma trena para demarcação, no entanto, alguns indivíduos foram coletados aleatoriamente. As espécies ocorrentes foram Mocis latipes (Guenée) (Lepidoptera: Noctuidae) (n=61), Spodoptera frugiperda (Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) (n=28), Helicoverpa sp (Lepidoptera: Noctuidae) (n=12), Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) (n=09), Mythimna (Pseudaletia) sequax Franclemont (Lepidoptera: Noctuidae) (n=03), Urbanus proteus (Linnaeus) (Lepidoptera: Hesperiidae) (n=02), Helicoverpa zea (Boddie) (Lepidoptera: Noctuidae) (n=01), Leucania latiuscula Herrich-Schäffer (Lepidoptera: Noctuidae) (n=01) e um espécime de Geometridae. Notase que as espécies mais abundantes foram M. latipes e S. frugiperda. Este é o primeiro registro de ocorrência de lepidópteros no milheto da região sudoeste do Mato Grosso. A partir disso, este trabalho contribui para o conhecimento das espécies que compõem o complexo de insetos praga desta cultura, e potencialmente para o manejo integrado de pragas desta e outras plantas cultivadas. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 147 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO III BIOTA III Ciclo de Estudos em Biologia de Tangará da Serra II Ciclo Nacional de Estudos de Biologia 28 a 30 de Maio de 2014 ISSN 2175-‐6392 CRESCIMENTO IN VITRO DE ENCYCLIA CAXIMBOENSIS (ORCHIDACEAE) COM ADIÇÃO DE CARVÃO ATIVADO E ÁCIDO GIBERÉLICO (GA 3 ) Andréia Izabel Mikovski(1), Kaliane Zaira Camacho Maximiano da Cruz(1), Jéssica Fernandes Duarte(1), Nadia Botini(2), Rodrigo Faria de Brrito(2). 1 Acadêmicas do curso de Ciências Biológicas – UNEMAT. Campus Universitário de Tangará da Serra – email: [email protected]; 2Graduados em Ciências Biológicas. Palavras-chave: Orquídea, propagação, fitossanitária A família Orchidaceae compreende uma das maiores famílias de plantas ornamentais e de maior importância econômica devido a cor, forma, tamanho e exuberância de suas flores, apresentando 35.000 espécies distribuídas em 1.800 gêneros, podendo estas ser encontradas em quase todo o mundo. Porém, muitas espécies dessa família estão ameaçadas de extinção, por consequência do desaparecimento de seu habitat natural, que vem sendo causado pelo extrativismo e a destruição de seu ecossistema, o que acaba dificultando a propagação e a reprodução dessas plantas. Devido a sua importância econômica, ameaça de extinção e a baixa germinação de orquídeas na natureza por meio de sementes, o cultivo in vitro vem sendo uma alternativa cada vez mais utilizada devido a obtenção de plântulas em um curto espaço de tempo e com alta qualidade fitossanitária. Estima-se que 95% do cultivo de orquídeas comercializadas anualmente, seja feito de forma artificial com o propósito de diminuir a retirada dessas plantas do seu habitat natural. O trabalho teve como objetivo a indução de enraizamento e alongamento de plantas de Encyclia caximboensis cultivadas in vitro. Plantas com ± 2 cm de altura foram isoladas em tubos de ensaio contendo meio MS acrescido de 30g L-1 de sacarose, 100 mg L-1 de inositol, 8,5 g L-1 de Agar, 0,50 mg de ácido giberélico (GA3) e carvão ativado a 1% e pH ajustado a 5,7. As plantas foram mantidas em sala de cultivo com fotoperíodo de 12 horas e temperatura de 27 ± 2 º C e µmolm-2s-1 de luminosidade. Foram isoladas 72 plantas, onde aos 240 dias após a transferência das mesmas para os tubos de ensaio, observou-se a presença de raízes e um alongamento de 13 cm. Esse crescimento das plantas, mostra que o uso da giberilina GA3 foi eficiente, proporcionando a obtenção de plantas sadias e vigorosas, pois este hormônio estimula o crescimento das plantas, aumentando o seu tamanho devido a sua divisão e expansão celular. O uso de carvão ativado em meio de cultura para o cultivo de orquídeas tem sido um dos maiores compostos utilizados para o aumento da produção dessas plantas. Este composto tem como principal função a absorção de substâncias que pode ou não ser inibitórias para as plantas como os fenóis, etileno, vitaminas e outras substâncias orgânicas, modificando assim o meio de cultura e regulando o crescimento. Após atingirem o comprimento de 15cm, as plantas foram aclimatizadas em fibra de coco triturada e sfagno, apresentando 95% de sobrevivência, pois o sfagno mantém a humidade necessária para a sobrevivência da planta. Apoio: UNEMAT/Tangará da Serra; Núcleo de Educação em Ciências Tabebuia aurea (NECTAR) 148