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PREPARANDO PROFESSORES NA PERSPECTIVA DE ESCOLAS
INCLUSIVAS PARA PESSOAS SURDAS
Sandra Arnaldo De Amorim Lima*
ESPAÇOS EDUCATIVOS, CURRÍCULO E FORMAÇÃO DOCENTE (SABERES E
PRÁTICAS)
RESUMO
Este trabalho tem como proposta apresentar a importância da formação de professores para
atuação em escolas inclusivas no tocante ao ensino de pessoas surdas. A metodologia utilizada
foi a pesquisa bibliográfica com fundamentação teórica sustentada em QUADROS (2005),
MITTLER (2003), SOUZA (2007) e TARDELLI (2002) entre outros. O estudo conclui que nos
dias atuais, as escolas precisam está embarcadas em uma preparação constante para a inclusão e
construção do processo de ensino-aprendizagem das pessoas com necessidades educacionais
especiais. Surge neste contexto, a escola e as crianças surdas desenvolvendo juntos subsídios
para alcançarem a inclusão almejada: professores capacitados, intérpretes em sala de aula e
alunos com aprendizado da língua de sinais e incluídos no ambiente escolar.
Palavras-chave: Formação de professores. Inclusão. Pessoas Surdas.
PREPARING PROFESSORS IN the PERSPECTIVE OF INCLUSIVE SCHOOLS FOR
PEOPLE DEAF
ABSTRACT
This work has as proposal to present the importance of the formation of professors for
performance in inclusive schools in regards to the education of deaf people. The used
methodology was to the bibliographical research with supported theoretical recital in
PICTURES (2005), MITTLER (2003), SOUZA (2007) and TARDELLI (2002) among others.
The study it concludes that in the current days, the schools need are embarked in a constant
preparation for the inclusion and construction of the process of teach-learning of the people with
educational necessities special. It appears in this context, to the deaf school and children
developing together subsidies to reach the longed for inclusion: enabled professors, interpreters
in classroom and pupils with learning of the language of enclosed signals and in the pertaining
to school environment.
Word-key: Formation of professors. Inclusion. Deaf People.
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* Especialista em LIBRAS pela FSLF/SE, Especialista em Educação Inclusiva pela Faculdade Pio Décimo/SE,
Graduada em Pedagogia pela Universidade Tiradentes/SE e Graduanda em Letras Português/Espanhol pela UNIT/SE.
Professora da Educação Básica do Município de Laranjeiras/SE e Membro do Núcleo de Pesquisa em Inclusão
Escolar da Pessoa com Deficiência (NUPIEPED) /UFS, [email protected]
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INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988 garante que a educação é um direito de todos os
brasileiros. Entretanto, há uma diversidade de surdos distribuídos pelo Brasil que nunca
tiveram acesso a esse direito. É evidente, que não se pode generalizar essa questão, pois
existe outro grupo de pessoas surdas que conseguiram garantir o seu espaço nestes
ambientes que viabilizam a educação inclusiva. Sabemos que os fundamentais a gentes
neste acontecimento são os pais e familiares dessas pessoas surdas e os educadores
compromissados que buscam trilhar caminhos para que a inclusão destes seja
concretizada.
Diante deste ponto, o desenvolvimento profissional de todos aqueles envolvidos
com a educação deve ser relevante e de alta qualidade. E quando se aborda “todos”,
refere-se a todos aqueles que estão diretamente vinculados a serviço da escola: as
serventes que cuidam da limpeza da escola, as merendeiras que preparam as refeições
dos alunados, do porteiro que exerce a função de segurança da portaria da escola, dos
professores que exercem o seu papel de mediadores do conhecimento, até os
coordenadores, secretários e gestores escolares, pois todos esses desempenham um
papel importantíssimo na vida escolar dos alunos.
Segundo (MITTLER, 2003) ninguém pode ser excluído de ser capacitado para
inclusão. Todos têm o direito de aprender sobre ela. Desta forma, a inclusão deve ser
uma ação com intenção e determinação para que seja atingida com plenitude.
Vimos que a inclusão não é apenas uma meta que pode ser alcançada,
mas uma jornada com um propósito. Durante o curso dessa jornada, os
professores vão construir e ampliar suas habilidades sobre as
experiências que já possuem com o objetivo de alcançar todas as
crianças e suas necessidades de aprendizagem. Porém, eles também
têm o direito de esperar apoio e oportunidades para o seu
desenvolvimento profissional nesse caminho, da mesma maneira que
os pais e as mães têm o direito para esperar que suas crianças sejam
ensinadas por professores cuja capacitação preparou-os para ensinar a
todas elas. (MITTLER, 2003:183)
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O que acontece hoje na realidade da educação brasileira é que muitos
professores se recusam a se capacitarem em uma perspectiva nova de ensino para incluir
todos os tipos de alunos no ambiente escolar, pois justificam que já estão em fim de
carreira e/ou não precisam renovar o seu lado profissional.
Entretanto, existe um grande número de professores o qual sabem que não é
tarefa fácil, mas insistem na premissa de que o conhecimento não deve ser somente
adquirido no cotidiano escolar, mas também a partir de oportunidades de treinamentos
em cursos de aperfeiçoamentos voltados a questão da inclusão.
E é neste ponto de vista que surge o objeto de estudo deste artigo que é
fomentado a partir de reflexões sobre a formação dos professores que atuam no ensino
de alunos surdos em escolas inclusivas, e/ou, aquelas “ditas inclusivas”.
O estudo foi baseado em referenciais teóricos como QUADROS (2005),
MITTLER (2003), SOUZA (2007) e TARDELLI (2002) entre outros pesquisadores da
do campo de estudo que trouxeram suas contribuições na formação de professores no
ensino regular, no perfil dos educandos surdos inseridos nestas escolas e nos intérpretes
que interpretam a língua portuguesa em língua de sinais atuando em salas de aulas
inclusivas.
Contudo, foi realizado um sobrevôo nos saberes e práticas inclusivas
desenvolvidas por professores no ensino regular em ambientes escolares inclusivos e no
perfil dos educandos e surdos que estão inseridos nestas escolas.
Perfis dos educandos surdos
Muito se fala a respeito do aluno surdo, referindo-se ao seu progresso em sala de
aula e a utilização de um canal de comunicação entre eles (os surdos) e os ouvintes que
geralmente esse acontece a partir da leitura labial que os surdos realizam e a da
utilização da língua de sinais.
É certo que, existem várias histórias que circundam nas escolas sobre os diversos
tipos de alunos que já transporam neste local. Assim sendo, os mesmos comentários que
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circulam ocorrem com os alunos surdos em seu contexto escolar, pois, além disso, há
diferenças de ordem comportamental/moral e determinação para alcançar o
conhecimento voltado ao seu desempenho nas atividades escolares. Em suma, nenhuma
criança é igual à outra, seja ela com necessidades educacionais especiais ou não. E no
caso da criança surda isso não é diferente e nunca será.
O surdo é uma pessoa exatamente igual aos ouvintes, mas com uma pequena
diferença tem um grau de perda auditiva.
Afirma QUADROS (2005) que os ouvintes são acometidos pela crença de que
ser ouvinte é melhor que ser surdo, pois na ótica ouvinte, ser surdo é o resultado da
perda de uma habilidade „disponível‟ para a maioria dos seres humanos. No entanto,
essa parece ser uma questão de mero ponto de vista.
Respeitar a identidade dos surdos e a sua cultura constitui o entendimento da sua
existência e da sua valorização. É normal, que os ouvintes queiram se relacionar com os
ouvintes e assim sendo, os surdos gostam de se relacionarem com outros surdos. É
claro, que desta forma os surdos e os ouvintes estarão fortalecendo cada vez mais as
suas identidades e a sua cultura.
Antes de se tratar das implicações da Cultura Surda na educação e
vice-versa, é relevante ressaltar que a cultura de uma dada sociedade
não se constrói a partir dos processos de escolarização dos
conhecimentos, entretanto tais processos contribuem para a
constituição de diferentes significados culturais. (QUADROS,
2005:46)
Existem crianças surdas que não foram precocemente diagnosticadas e nem ao
longo de suas vidas, outras tem perdas auditivas severas ou profundas da audição, ou
aquelas outras com resíduos auditivos. Do mesmo modo, pode acontecer de outras
crianças não conhecerem a língua de sinais, e outras conhecerem a Libras, mas terem
vergonha de realizarem a comunicação com seus colegas, entretanto existem outros que
se comunicam fluentemente em Libras e, além disso, se sentem entusiasmados em
ensinar aos seus amigos. Outros utilizam próteses auditivas, ou implantes cocleares e
podem ou não ser acompanhados por profissionais de fonoaudiologia.
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Existe um mito de que todo surdo realiza leitura labial. (REILY, 2008) ressalta
que esta crença leva o professor a seguir com sua fala normal, confiante de que a
responsabilidade de acompanhá-lo parte do próprio aluno. Na realidade, a grande
maioria dos surdos não consegue realizar uma leitura labial eficaz.
Se um ouvinte tentar realizar a leitura labial como se fosse uma pessoa surda,
tampando os seus ouvidos, ele perceberá o quanto essa tarefa é difícil de ser realizada.
Assim sendo, se a criança surda tiver condições de aprender a língua de sinais
ela só terá benefícios na aprendizagem da língua oral-auditiva da comunidade ouvinte,
isto é, a Língua Portuguesa.
Por fim, respeitar as diferenças das crianças seja elas surdas ou não é o primeiro
passo para uma verdadeira inclusão no ambiente escolar.
Perfis de professores para salas inclusivas
Para discutir perfis de professores para salas inclusivas primeiramente é de
extrema relevância mencionar que na educação brasileira o trabalho ao docente
geralmente está vinculado às linhas metodológicas dos processos de ensinoaprendizagem, cujas escolhas se modificam ao longo dos tempos.
Destacam-se a seguir algumas das principais linhas metodológicas mencionadas
acima. Assim, a pedagogia tradicional se compõe de teorias pedagógicas modernas:
americanas e alemãs. Onde houve a implantação da escola pública universal, leiga e
obrigatória.
Já a Escola Nova surge para se contrapor com a Pedagogia Tradicional onde a
escola é o poder e equalizadora social. O professor tem o papel de estimulador e
orientador do seu aluno.
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1. LIBRAS é a sigla utilizada no Brasil desde 1992. A Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos, que
funciona no RJ, utilizou até essa data a sigla LIBRAS.
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Na concepção pedagógica produtiva, conhecida como pedagogia tecnicista a
educação, sobretudo visa um processo de produção econômica.
Com a pedagogia libertadora inspirada por Paulo Freire se insere neste quadro a
concepção humanista, onde valoriza o interesse e iniciativa dos educandos. Neste ponto
de vista a educação tinha o objetivo de abrir caminhos para a libertação dos oprimidos.
Surge então, a pedagogia histórico-crítica com a escola de Vigotski, onde o
ponto de partida é a prática social sendo assim, a prática educativa o seu ponto de
chegada.
Diante da função social desempenhada pela escola, o professor vem se tornando
um personagem de grande destaque, pois o mesmo deve sempre procurar ser um
profissional interessado e comprometido com o ensino, pois será desta maneira que ele
poderá se preparar para qualquer inovação pedagógica. É evidente, que os professores
menos comprometidos com o ensino, poderão até vivenciar a inclusão de PNEE, mas
não terão entusiasmo para lutar a favor da causa do ensino de qualidade para esses
educandos.
Sabe-se também que existem professores que procuram caminhos alternativos
para facilitarem a sua prática docente. Diante disso, o perfil de professores para salas
inclusivas vai além do quadro e do giz, sendo necessário que este tenha uma visão
inovadora onde os seus trabalhos a serem desenvolvidos com os alunos inclusivos sejam
diferenciados e provocadores de uma real prática de ensino com conteúdos a serem
transmitidos de maneira interativa.
Os conteúdos pedagógicos muitas vezes já são definidos pelo sistema, mas o
professor deve ter autonomia para diferenciá-los gerando assim, construção de
conhecimentos não somente já preestabelecidos, pois existem atividades de interação
que possibilitam não só a reprodução dos conteúdos, mas a recreação dos mesmos.
Ao trabalhar o conteúdo por meio de uma metodologia dialógica, o
professor deixa de ser aquele que detém o conhecimento; ao contrário,
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2 . A pessoa com necessidades educacionais especiais estará representada no texto pela sigla PNEE.
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trabalha em parceria com o aluno, atua como mediador na construção
do saber, embora ocupe um estatuto superior em grau de
conhecimento, pois é inerente à sua função visualizador o horizontes
para os quais irá direcionar a ação educativa. (TARDELLI, 2002: 56)
Deverá sempre que necessário ter a presença de um intérprete em língua de
sinais nas salas de aulas inclusivas com alunos surdos, pois para QUADROS (2005) ele
será um profissional que domina a língua de sinais e a língua falada do país e que é
qualificado para desempenhar a função de intérprete.
Contudo, os professores devem realizar uma boa formação, atualizar-se sempre que
possível com as novas didáticas que surgem a cada dia, trabalhar sempre que possível
em equipes, planejar suas aulas e avaliar os seus alunos e a si mesmo sempre e acreditar
que todos os tipos de alunos podem aprender.
Conclusão
SOUZA (2007) afirma que os efeitos na socialização dos alunos surdos da
modalidade escolar inclusiva obedecem sem dúvidas a um progressivo aperfeiçoamento
das estratégias e dos procedimentos integradores.
Esses melhoramentos devem partir sem sombra de dúvidas do ambiente escolar
em que este aluno surdo está inserido. As mudanças devem se fazer presentes
independentemente da linguagem que este surdo domine: ora leitura labial, ora
linguagem oral (seja ela a partir da aplicação das novas tecnologias ou/e da atuação
precoce) e/ou das línguas de sinais.
Para SOUZA (2007), todas as pessoas surdas devem ser reconhecidas e
respeitadas socialmente. Para que isso se torne realidade depende das políticas
transformadoras de cada país e da aplicação concreta das bases tecnocientíficas com que
contamos, utilizando, frequentemente, métodos de pesquisa ação.
É preciso urgentemente que os professores os quais almejam trabalhar com a
inclusão busquem meios de aperfeiçoamento daquilo que já dominam e capacitações
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para tal, de modo que aqueles que ainda continuam embaraçados no tocante a inclusão
de alunos surdos em sala de aula, tenham estímulos para alcançarem promoção de
atividades a serem desenvolvidas com estes educandos. Por fim, estes professores
devem agir a favor da garantia dos direitos que cada aluno surdo deve ter em sala de
aula, pois é a partir do respeito ao ser humano que começa verdadeiramente a inclusão
não somente em ambientes escolares, mas da sociedade como um todo.
A presença de um intérprete em sala de aula é necessária, pois este profissional
exercerá a função de tradutor de tudo aquilo que é explanado pelo professor através da
sua fala na Língua Portuguesa, no ambiente escolar, em língua de sinais, a LIBRAS.
Segundo (QUADROS, 2005) cada profissional desempenha a sua função e papel
que se diferenciam imensamente. O professor de surdos deve saber e utilizar bem a
língua de sinais... O professor tem o papel fundamental associado ao ensino e, portanto,
completamente inserido no processo interativo social e lingüístico.
Contudo, as salas de aulas inclusivas para os surdos devem dispor de
profissionais intérpretes para que esses realizem a interpretação simultânea da fala dos
professores regentes no ambiente escolar. Além disso, os gestores e os secretariados
municipais, estaduais e federais da educação do Brasil precisam rapidamente motivar a
prática de um sistema de educação que respeite verdadeiramente crianças com NEE
para que estes inclusive os surdos possam ter acesso as escolas regulares inclusivas
independentemente das suas diferenças ou dificuldades individuais. Garantindo dessa
forma, apoio aos professores na prática das escolas inclusivas e na colaboração
pedagógica que precisam inclusive o direito a intérpretes em salas de aulas inclusivas
para surdos.
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