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1985 '
ORNAL DO BRASIL
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ê só e sem mais nada
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nados, não há nem pode haver tranqüilidade para o
S Õ são apenas âs
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debate sensato.
barbas eleitorais
do Deputado Gastone
Muita tolice vem sendo dita e repetida. Ainda
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Righi que se eriçam em "•
agora, os que acusaram a estocada da exigência da
prestimosa oferta de
maioria absoluta para a eleição presidencial direta,
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oportuna emenda para
A* *
restabelecida pela emenda de iniciativa do Presidente
garantir a convocação
José Sarney, investem contra a fórmula adotada dos
mais do que assegurada
dois turnos. Ora, a saída sacramentada é uma das
da Constituinte em 86.
muitas aceitas pela experiência internacional. O novo
Por toda parte pululam Coisas da política
pluripartidarismo de portas escancaradas impõe o corsugestões e fórmulas e
retivo da maioria absoluta para prevenir as hipóteses da
os mais ardentes defensores de uma cidadela conquista- eleição de candidatos a cargos majoritários no Executida nas ruas, nas praças e comícios da campanha das vo por escassas maiorias ocasionais. Com a pulverizadiretas e, depois, consolidada na campanha das mu- ção do eleitorado, abre-se a brecha para a infiltração
danças.
oportunista do candidato da demagogia ou que represente, minorias. E, por descuido podem ser eleitos
A pobrezinha da Constituinte caiu na moda] está
com um grande charme como tema de um alto poten- presidente, governadores, prefeitos, com 20% dos
votos do eleitorado dividido.
cial de sedução e até já foi identificada pelos espertos
como um dos temas obrigatórios para as duas campaA maioria absoluta acerta as contas no segundo
nhas escalonadas no calendário político: a deste ano,
turno,
disputado apenas pelos dois candidatos mais
para as prefeituras das capitais e municípios que
votados, num racha bipolarizado. Aí sim, será apurada
recuperaram a autonomia, e a de 86, ainda no figurino
a decisão conseqüente da verdadeira maioria.
antigo que tanto renegaa as urnas que não se importava
' A maioria absoluta como contrapeso corretivo do
de entupi-las devotos por atacado: para governadores,
prefeitos; senadores, deputados federais, estaduais e pluripartidarismo sem limites nãp se justifica apenas
pelos argumentos da legitimidade da decisão das umas.
vereadores.
Ufa! Olhe que é dose. Pensem no atarantado Mas, também, pela conveniência de o eleito contar com
eleitor analfabeto — e são 20 milhões— que vai o respaldo parlamentar, com o apoio de uma presumi-;
debutar depois de uma luta centenária e que terá vel maioria sustentada pelo partido ou por coligação,
apenas alguns segundos para, com as mãos suadas e o na Casa Legislativa do seu diálogo democrático.
coração saltando pela boca, assinalar 'com cruzes,
Pois os dois turnos, tal como se consagra na
traços ou rabiscos, em seis quadrinhos, as suas escolhas exemplar emenda aprovada, conduzem necessariamende cidadão livre:
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' te à montagem de uma sustentação parlamentar. Na ,
Mas, fechemos o parênteses para voltar ao fio da segunda eleição, a que será para valer, os dois candidaconversa. A Constituinte está aguçando cobiças e tos que sobrarem da eleição classificatória serão apoiacutucando ambições. Os seus donos fazem fila, não há dos por esquemas partidários armados com a precisa e
quem não tenha uma idéia para melhorar o que não desejável separação dos campos, do lado de lá e a
tem nenhum segredo e está estudado à exaustão pelos banda de cá, cada um com a sua coloração ideológica e
especialistas de todo o mundo. Ainda agora, só como os seus compromissos de campanha. E o vencedor, com
introdução a um anteprojeto de Constituição, Mestre toda a mais consistente probabilidade, emergirá do bis
Afonso Arinos rascunha calhamaço que já passa das das urnas com a sua base parlamentar acertada e
100 páginas.
solidária. São os companheiros e aliados da segunda
No momento, em cima de duas campanhas, a viagem, a que conduzirá ao destino.
Constituinte é muito mais um instrumento eleitoral do
O Governador Leonel Brizola pretende encaixar
que uma coisa séria, que merecia melhor tratamento.
na penca eleitoral ajeitada pelo arbítrio, mais" uma
Cada um tenta pendurar no cabide o gorro na medida
eleição. Exatamente a qué se ajusta aos seus sonhos e
da sua cabeça. È a Constituinte está sendo empurrada • interesses que é a eleição presidencial direta. E já, em
aos trompaços, sem nenhuma cerimônia.
86. Esta é a receita da zorra total. Pois o recomendável
O avanço infla num tal ímpeto que, nesse andar, s é precisamente o oposto. A eleição para a Constituinte
.do Congresso deslumbrado com a redescóberta dos
deveria ser isolada e solitária. Só ela e mais nada. Para
seus poderes, em pouco a Constituinte poderá ser . que a campanha concentrasse todo o debate e todo o
dispensada por falta de objetivo. Pois o Congresso, na
interesse* nacional na definição dos destinos do País,
fúria rebelada com que passou a aprovar o que passa
aprofundando cada tema; abrindo espaço para que
pela Ordem do Dia, está quase esgotando a pauta de . cada segmento da sociedade apresentasse as suas
uma soberana Assembléia Nacional Constituinte. E
legítimas e respeitáveis reivindicações. Em lugar da
daqui para 86, sobra muito tempo para completar a -\ barafunda de sete eleições simultâneas fundindo a cuca
obra tumultuaria das reformas sem plano, à'Ia doida,
do povo, a Constituinte mereceria, pela sua importânno embalo da desforra pelos anos de márginalização
• cia, ser apartada do bolo para ser cuidada com todo o
humilhante e cabisbaixá.
respeito, como a eleição fundamental, a eleição do
• .•
Pena que, ria avalanche dó oportunismo, as refór- • Brasil.
,mas políticas reivindicadas pelo povo e esperadas pelo
País vão se deformando grotescamente. No clima de '
ViLLAS BOAS CORRÊA
ebulição de véspera de eleição, com os apetites desatiRepórter político do JORNAL DO BRASIL
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ê só e sem mais nada