Quinta-feira – 24/06/2010 N° 109/2010 RECURSOS MINERAIS, HÍDRICOS E GEOLÓGICOS Exploração mineral deve ser feita de forma sustentável (Folha de São Paulo, 23/06) É inegável que, no passado, a mineração deixou cicatrizes nos terrenos onde existiram minas. Os segmentos produtivos desconheciam ou não demonstravam preocupação com os efeitos de sua operação no ambiente e nem mesmo a legislação espelhava com rigor essa necessidade. Tendo por base esse histórico conjugado à imagem de uma mina, onde há alterações do terreno, é natural que a maioria encontre dificuldade para compreender como a retirada de minérios possa ser sustentável. E também são poucos os que conseguem distinguir um projeto mineral sustentável dos dias de hoje, de outros, do passado, sem ou com baixa sustentabilidade. Em realidade, a mineração foi um dos setores que saíram à frente no desafio de incorporar os conceitos de desenvolvimento econômicosocial e ambiental no Brasil. Um projeto minerador precisa ter detalhado planejamento desde seu início até o fechamento da mina, algo impensável há várias décadas. Áreas consideradas exauridas vêm sendo mineradas novamente, graças às novas tecnologias. A mineração reutiliza mais de 80% da água que consome e realiza a extração mineral em apenas 5%, em média, dos terrenos concedidos. Além de recuperar as características ambientais desses 5%, nos 95% restantes as empresas assumem a gestão territorial de espaços estratégicos para a conservação de recursos naturais e da biodiversidade. São exemplos as florestas nacionais dos Carajás (PA) e do Jamari (RO) e áreas preservadas ou recuperadas para uso e lazer, como os parques das Mangabeiras (Belo Horizonte), do Ibirapuera (São Paulo) e das Pedreiras (Curitiba). Portanto, o minério brasileiro incorpora ativos como gestão eficiente de recursos hídricos, conversação da biodiversidade, preservação ambiental e gestão social, entre outros. Sustentabilidade é a única forma de continuidade das operações minerárias, simplesmente porque o mundo assim o exige. E quem não provar ser sustentável não participa do comércio mundial. A União Europeia tem conduzido políticas para determinar padrões de fornecimento para aquele bloco. Uma chama-se Reach. Obriga os exportadores a comprovar a não toxicidade dos produtos exportados, inclusive minérios. Outra, Raw Materials Initiative, está em maturação e vai além, evidenciando conceitos do tipo origem justa, pegada de água e pegada de carbono como critérios que irão definir a competitividade entre os exportadores. São barreiras não alfandegárias, movimentos da estratégia desse gigantesco jogo de xadrez que é o comércio internacional, no qual a exportação de minérios ocupa posição de liderança na atração de divisas para o país. PAULO CAMILLO VARGAS PENNA é presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). ********** A segunda safra do ouro em Minas (Estado de Minas) Com preços em alta e economia aquecida, AngloGold aprova aporte de R$ 347 milhões para reativar mina em Santa Bárbara Os bons preços obtidos pela indústria do ouro no mercado internacional e a reação da economia jogam por terra a crença de que minério só dá uma safra. Em Santa Bárbara, cidade histórica da Região Central de Minas Gerais com 305 anos de vida ligada à mineração, a multinacional AngloGold Ashanti, uma das maiores do setor no mundo, aprovou plano de expansão orçado em U$$ 195 milhões (R$ 347 milhões pelo câmbio de ontem) até 2012. Os recursos permitirão a reativação das antigas instalações de beneficiamento do metal que pertenceram à Mineração São Bento, adquirida pela AngloGold em dezembro de 2008. A etapa seguinte do projeto consiste na retomada da extração de ouro na área paralisada desde 2007, depois de quase duas décadas e meia de operação. Na prática, o empreendimento representará a quarta fase de exploração de ouro no município de 27,3 mil habitantes pela contagem de 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Conselho de Administração da Anglo na África do Sul deu o sinal verde, em maio, para o projeto batizado de Córrego do Sítio, reserva que a companhia está abrindo em área vizinha a que a São Bento explorou por cerca de 24 anos. O diretor de projetos e crescimento da AngloGold Ashanti, José Roberto Vago, informou ontem que as obras de terraplenagem, reforma e modernização das instalações começam em setembro. Nesta etapa inicial, será processado o minério sulfetado que a Anglo vai extrair a partir do segundo semestre na reserva de Córrego do Sítio. Os equipamentos já encomendados para a usina chegam em janeiro de 2011 e os testes serão iniciados em abril. A usina deverá entrar em funcionamento em agosto do ano que vem. Até lá, o minério extraído será estocado. “Entendemos que este é o momento para a AngloGold tornar realidade a sua estratégia de crescimento no país”, afirma Roberto Vago. Crescimento Com o projeto, a mineradora vai contabilizar um acréscimo de 40% na sua produção de ouro em Minas Gerais, que este ano deverá alcançar 350 mil onças (cada onça troy equivale a 31,1 gramas), ou seja, 11 toneladas das 13 toneladas estimadas no país. Além das reservas de Minas, a AngloGold tem ativos em Goiás. O prefeito de Santa Bárbara, Antônio Eduardo Martins, comemora os planos de retomada da mineração na área paralisada pela extinta São Bento, que gerou desemprego na cidade. “Representa algo histórico, já que mais de 600 pessoas chegaram a trabalhar na mina”, afirma. Na primeira etapa do projeto serão abertos 230 postos de trabalho para a operação e 800 empregos temporários na construção. Segundo Roberto Vago, a pesquisa mineral no local explorado pela São Bento já indicou recursos minerais da ordem de 25 toneladas e as sondagens continuam. “São resultados promissores. Nesta semana, estamos reunidos com técnicos da África do Sul já para definir as dimensões da fábrica metalúrgica de que precisaremos para tratar esse minério”, afirma. Na segunda etapa, que consiste na reabertura da mina, a expectativa é de que serão desembolsados US$ 230 milhões (R$ 430 milhões). Com base no cronograma do projeto, que demandará aprovação do Conselho de Administração, a reserva voltará a produzir em 2016. ********** ECONOMIA ANS quer novo cálculo de mensalidade para planos de saúde dos idosos (O Globo) RIO - A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão que regulamenta e fiscaliza o setor, quer mudar o método de cálculo das mensalidades dos planos de saúde dos idosos. O objetivo é fazer com que eles não paguem mensalidades tão altas. O presidente da ANS, Maurício Ceschin, tem planos para negociar a criação de uma espécie de capitalização, na qual parte do que os usuários mais jovens pagassem agora serviria para ajudar o custeio do plano no futuro. Por outro lado, a agência tem a preocupação de não afastar os mais jovens do serviço, o que traria um desequilíbrio ao setor. Assim, se esse modelo for criado, seria opcional. Caso entre em vigor, a mudança valeria, pelo menos inicialmente, apenas para os planos considerados novos, aqueles contratados a partir de janeiro de 1999, quando a ANS passou a regular a prestação de serviços de planos de saúde. Cerca de três milhões de pessoas com mais de 60 anos têm planos novos e poderiam ser beneficiados com a alteração em estudo. A ANS poderá criar uma câmara técnica para discutir o tema com representantes das operadoras, dos órgãos de defesa do consumidor e dos médicos, ou colocar o projeto em consulta pública. É preciso verificar ainda se é necessário fazer alguma mudança na legislação. A ANS também vai determinar prazos para atendimento dos clientes de planos de saúde. O primeiro passo é a coleta de dados sobre esses períodos com as próprias empresas. Para isso, a agência pôs em seu site (www.ans.gov.br) um questionário para que as operadoras informem quanto tempo demoram para liberar consultas, exames, internações e cirurgias, entre outros procedimentos. Os dados serão analisados por um grupo criado para elaborar as novas regras para os clientes dos planos de saúde. ********** DIVERSOS Aposentados terão dois meses de alívio no bolso (O Dia/RJ) Em agosto, a Previdência Social vai pagar os atrasados devidos pela revisão do aumento de 6,14% para 7,72%. Em setembro, a metade do 13º já vem com o reajuste maior Rio - Aposentados e pensionistas do INSS que ganham acima do salário mínimo não contavam que iriam embolsar um dinheiro imprevisto por dois meses seguidos. Em agosto e setembro, os segurados vão engordar seus ganhos com o reajuste de 7,72%. Além dos seis meses em atrasados devidos — que serão depositados com os vencimentos de julho pagos no mês de agosto —, terão a primeira metade do 13º salário, em seguida. A antecipação do abono natalino sai na folha de agosto, creditada em setembro, com o ganho já incorporado aos benefícios. O dinheiro a mais vai somar de R$ 286,10 para quem passou de R$ 481, em dezembro do ano passado, para R$ 518,13, em julho, de acordo com previsão de pagamento anunciada pelo governo. São R$ 240,50 decorrentes da antecipação de metade do 13º salário, mais R$ 45,60 em atrasados devidos pela diferença mensal de R$ 7,60. Os que ganham o teto previdenciário — que em dezembro era de R$ 3.218,90 e chegará a R$ 3.467,40 em julho, com a aplicação dos 7,72% em lugar dos 6,14% — poderão receber até R$ 1.914,60 nos dois meses de contracheque mais gordo. Serão R$ 1.609,45 de antecipação do abono de Natal, mais R$ 305,15 em atrasados sobre R$ 50,86 a mais a cada mês, pagos em relação ao período devido, de janeiro a junho. GRANDE AJUDA Para o aposentado Aprígio de Jesus Matheus, 69 anos, que ainda se vê obrigado a trabalhar como caseiro, sem carteira assinada, o dinheiro vai ajudar bastante. Como a renda do benefício não é suficiente, ele mora no sítio em que trabalha, em Austin, na Baixada Fluminense, e não paga o aluguel. “Fico feliz por saber que vai entrar um dinheiro a mais dois meses seguidos. Confesso que nem sei o que vou fazer, mas é uma grana que dá para quebrar o galho. Dá para melhorar um pouco a situação”, diz, animado, apesar de não ter feito as contas. Déficit será menor este ano O Ministério da Previdência divulgou ontem os resultados dos pagamentos dos benefícios. Segundo o ministro Carlos Eduardo Gabas, a diferença entre a receita e as despesas do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) de janeiro a maio atingiu R$ 20,075 bilhões, 5,4% maior do que no mesmo período do ano passado. Para Gabas, o impacto maior se deve ao ganho real do salário mínimo. Até o fim do ano, segundo as contas do governo, a diferença chegará a R$ 45 bilhões ou R$ 47 bilhões, menor que a previsão de R$ 50 bilhões. Ganho real crescerá em 2011 O senador Paulo Paim (PT-RS) apresentou emenda ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2011, em discussão no Congresso, que estende aos aposentados do INSS o mesmo reajuste real concedido ao salário mínimo. A proposta é similar à do relator do projeto da LDO, senador Tião Viana (PT-AC), que incluiu artigo determinando que o salário mínimo receba em 2011, além da inflação, aumento real equivalente à média do crescimento da economia em 2008 e 2009: reajuste real de pelo menos 2,4%, fora a inflação de 5%. ********** Receita Federal amplia retificação online (O Dia/RJ) Quem fez declaração simplificada já pode corrigir dados direto no site Brasília - O contribuinte que fez a declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) 2010, ano-base 2009, usando o modelo simplificado agora pode fazer a retificadora via online, no site da Receita Federal. Segundo o Fisco, não há necessidade de instalar nenhum programa no computador. Todo o processo é realizado no próprio site. A ferramenta já está disponível para acesso, na página www.receita.fazenda.gov.br. Anteriormente, a retificadora online estava disponível apenas para as declarações dos anos de 2008 e 2009 e para quem optou pelo modelo de preenchimento completo. Além disso, a própria retificação completa foi ampliada e agora contém campos que antes não podiam ser corrigidos online. Os erros no documento são apontados pelo extrato da Receita, que também pode ser consultado no site. CAMPOS NOVOS No novo modelo de declaração retificadora, foram incluídos diversos campos novos, como os que se destinam a rendimentos sujeitos à tributação exclusiva, rendimentos de isentos e não tributáveis, doações para partidos políticos e dívidas e ônus reais. Coordenadora de Atendimento e Educação Fiscal, Maria Helena Cotta elogia as mudanças. “Não me lembro de nada importante que tenha ficado de fora”, diz. De acordo com Maria Helena, mais de 7 milhões de contribuintes já entregaram a declaração 2010 retificada pelo site da Receita. A possibilidade de correção online passou a ser oferecida em julho de 2009. Como saber se é preciso fazer as alterações Para saber se é necessário retificar a declaração, o contribuinte precisa consultar o extrato da Receita Federal. Já para encontrar a versão da retificadora online, basta acessar o Centro Virtual de Atendimento ao Cidadão. No sistema, é preciso criar um código, informando o CPF, a data de nascimento e o número do recibo das declarações de 2009 e 2010. A coordenadora Maria Helena Cotta diz que 63% dos contribuintes pegos na malha fina ano passado foram liberados pelo processo online. Ela destacou ainda que as facilidades tecnológicas reduziram o atendimento presencial nas unidades da Receita, e o tempo caiu de 45 minutos, em 2009, a 15 minutos, em 2010. **********