“Tratamento desigual para doentes renais na Europa” Relatório de resultados: Portugal Em 2011, a CEAPIR, Federação Europeia de Doentes Renais, desenvolveu um estudo europeu sobre como os doentes renais percecionam a informação, acesso e escolha de tratamento. Foram analisadas 3.867 respostas em 13 línguas. Os resultados foram publicados no relatório intitulado Tratamento Desigual para Doentes Renais na Europa, que pode ser descarregado a partir do website da CEAPIR em www.ceapir.org. Esta ficha informativa apresenta algumas conclusões do estudo da CEAPIR relacionadas com Portugal. Portugal fica atrás da Finlândia e outros países no apoio à reabilitação. Dois terços dos doentes portugueses afirmam nunca terem recebido informação ou reabilitação para os ajudar a gerir a sua vida diária. Menos de um terço (31%) afirma ter recebido esta ajuda. Esta situação é consistente com a média europeia, onde 35% dos doentes afirma ter recebido ajuda. Contudo, Portugal fica muito atrás da Finlândia, país com a melhor média, onde quase três quartos dos doentes recebem informação ou reabilitação. Doentes portugueses insatisfeitos com a informação, têm algo a dizer sobre o seu tratamento. Os doentes portugueses estão, no geral, satisfeitos com a informação que recebem sobre hemodiálise em centros e transplante. Estão consideravelmente menos satisfeitos com a informação que têm sobre diálise peritoneal e hemodiálise domiciliária. Este facto reflete uma tendência europeia geral. No entanto, em média, os doentes europeus estão mais satisfeitos com a informação sobre diálise peritoneal e hemodiálise domiciliária que os portugueses, mas menos felizes com a informação sobre tratamento em centros satélite. 42% dos doentes portugueses sentem que estiveram bastante envolvidos na tomada de decisão sobre o seu tratamento de insuficiência renal. Contudo, mais de 39% sente que não esteve envolvido no processo. Estes números são consistentes com a média europeia, mas piores em relação a países como Bélgica ou Hungria, onde até dois terços consideram que foram bastante envolvidos. 60% dos doentes portugueses referem que discutiram opções alternativas de diálise e a possibilidade de mudar de métodos de tratamento. É melhor que a média europeia, onde quase metade não se recorda desta conversa. No entanto, um em quatro refere que poderia escolher o seu método de tratamento, com outros 18% a não terem a certeza. É bastante semelhante aos números médios na Europa, onde 29% não puderam escolher o tratamento preferido e 12% não sabem. Sim Sim Não Não Sei Não aplicável 2% 5% 33% 60% Portugal: durante o tempo de tratamento, alguém falou consigo sobre opções alternativas de diálise e da possibilidade de mudar de tratamento? Não Doentes portugueses sabem a quem poderiam queixar-se 35% 65% Portugal: Se está muito insatisfeito com o seu tratamento, sabe a quem deve reclamar diretamente? Quase dois em cada três doentes portugueses sabem a quem podem apresentar queixa se estiverem insatisfeitos com o seu tratamento. É um dos melhores resultados, atrás da Polónia, Eslovénia e Hungria, consideravelmente melhor que Áustria, onde apenas dois em cada dez doentes sabem. Quatro em cada dez doentes portugueses estão bastante satisfeitos com o tratamento da sua insuficiência renal, com outros 50% de alguma forma satisfeitos. Contudo, é pior que a média Sim Não Não Sei 10% europeia, onde 63% estão bastante satisfeitos e outros 35% estão de alguma forma satisfeitos. 23% O custo é um obstáculo ao melhor tratamento possível 67% para quase um em cada quatro inquiridos portugueses. 10% não Portugal: É o custo uma barreira têm a certeza se o custo é um para um tratamento optimizado obstáculo ou não. É superior à para si? média europeia, onde apenas 16% vê o impacto económico no seu tratamento como um problema e cerca de 15% não têm a certeza. Gastos de saúde por orçamento governamental Número de doentes 10.607.000 Registos de doentes Sim, desde 1984. 15,4 % Número total de doentes renais 17.044 HD HD em centro 1.000 9.300 HD Domiciliár ia Menos de 15 A insuficiência renal crónica é a redução na capacidade dos rins filtrarem o sangue. Se a progressão da insuficiência renal crónica não for evitada, o funcionamento dos rins vai falhar ao ponto de necessitarem de um tratamento de substituição renal. Sem tratamento, a insuficiência renal é fatal. A insuficiência renal crónica é um desafio sério e subdiagnosticado na Europa atual. Muitas pessoas com insuficiência renal não são diagnosticadas ou são diagnosticadas muito tarde, o que diminui a probabilidade do tratamento ser bem-sucedido e aumenta o risco de outras doenças. Como é tratada a insuficiência renal? O tratamento renal em Portugal em números População O que é insuficiência renal crónica? DP Transplant e 734 6.000 Política de tratamento renal em Portugal A diálise é um dos aspetos críticos das recomendações da União Europeia para Portugal na pasta da saúde. Dado o elevado número de doentes de diálise em Portugal, a UE recomendou aumentar a proporção da diálise pública. Uma recomendação da Direção geral da Saúde (Norma 017/Set 2011) está atualmente a ser avaliada, para incluir o tratamento conservador e a opção informada do doente. Também insiste na implementação de informação ao doente sobre todas as opções de tratamento de substituição renal. Transplante de dador vivo ou de cadáver é a melhor opção em termos da sobrevivência do doente e qualidade de vida, bem como custo a longo prazo, mas na Europa não há órgãos suficientes disponíveis para transplante. Hemodiálise (HD) é a forma predominante de disponibilizar diálise na Europa. A hemodiálise substitui a função debilitada dos rins de um doente com um processo externo de filtrar o sangue através de um dispositivo médico. A hemodiálise pode ser feita num centro, normalmente perto da casa do doente, ou em casa. A associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR) organiza conferências anuais sobre tratamento de diálise. Em 2009, um estudo a doentes sobre a informação prédiálise foi desenvolvido para informar as autoridades de saúde e políticos. Também organiza projetos contínuos para disponibilizar formação a doentes em pré-diálise. Diálise Peritoneal (DP) é um tratamento em que o processo de retirar os resíduos acontece no corpo em vez de utilizar um dispositivo externo de filtragem. Pode ser feita durante a noite (Diálise Peritoneal Automática ou DPA), ou durante o dia, permitindo a atividade diária (Diálise Peritoneal Contínua Ambulatória ou DPCA). MEDIDAS ACONSELHADAS Para mais informação: Os doentes devem ter o mesmo acesso a cuidados em toda a Europa. Devem igualmente estar envolvidos na tomada de decisões sobre a gestão da sua doença. Precisam saber a quem se devem queixar, no caso de estarem insatisfeitos com o seu tratamento. Devem ser informados de forma satisfatória sobre todas as opções quando estão em fase de pré-diálise. Devem ser diagnosticados atempadamente para poderem tomar uma das decisões mais importantes das suas vidas. Os doentes têm o direito de saber como é feita a avaliação da qualidade dos centros de HD, pelas autoridades competentes. As entidades públicas deverão ser mais activas na prevenção da DRC. Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR) Via Principal de Peões, Lote 105, Loja B Zona I - Chelas 1900-794 Lisboa Telefone: +35 1 218 371 654 Email: [email protected] www.apir.org.pt