PRODUTIVIDADE EM TERMINAIS LOGÍSTICOS INTERMODAIS DE ESCOAMENTO DA SAFRA AGRÍCOLA DO CENTRO-OESTE: UM ESTUDO MULTICASO [email protected] Apresentação Oral-Economia e Gestão no Agronegócio VERGILIO PRADO SOGABE; JUCILEI NEVES DA SILVA; RENATO LUIZ SPROESSER; CAMILA DA SILVA SERRA; RODRIGO CUSTODIO DE MELLO. UFMS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL, CAMPO GRANDE MS - BRASIL. Produtividade em terminais logísticos intermodais de escoamento da safra agrícola do Centro-Oeste: um estudo multicaso Grupo de Pesquisa: Economia e gestão do agronegócio Resumo O Brasil é o maior exportador mundial de grãos. A produção agrícola responde por 23% do PIB nacional e contribui significativamente com o número de empregos gerados no país. O setor tem crescido mais do que a média nacional. Esse crescimento é reflexo dos aumentos de produtividade no campo e abertura de mais distantes dos centros consumidores e de exportação. Escoar essa safra exige uma combinação mais eficaz dos modais logísticos. Assim, faz-se necessário que os terminais intermodais tenham níveis de produtividade mais elevados para atender a crescente demanda. Este trabalho procura, por meio de entrevistas junto aos operadores, estabelecer medidas de “input” e “output” dos processos de trabalho e para averiguar sua produtividade. O processo de quantificação do desempenho se dá através de algumas variáveis, neste caso analisou-se a capacidade instalada de armazenagem, transbordo e número de funcionários como “inputs” e como “outputs” foram definidos a quantidade anualmente movimentada pelos terminais e seu faturamento. Por fim, são apresentadas considerações sobre os resultados de produtividade dos terminais e são feitas sugestões de novos trabalhos e políticas públicas que favoreçam a utilização da intermodalidade e seu desenvolvimento. Palavras-chaves: intermodalidade, desempenho, eficiência, grãos, logística Abstract Brazil is the world's largest exporter of grains. Agricultural production accounts for 23% of national GDP and contributes significantly to the number of jobs generated in the country. The sector has grown more than the national average. This growth is reflected in increases in productivity in the field and opening of more distant centers of consumers and export. Sell the crop requires a combination of more efficient modal logistical. Thus it is necessary that the intermodal terminals have levels of productivity and higher efficiency to meet growing demand. This paper seeks to establish measures of input and output, through interviews with the terminals to determine their productivity. The process of quantifying the efficiency and effectiveness is done through variables in this case we analyze the capacity of storage, transshipment and number of employees as inputs and outputs is the amount set annually by Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 the busy terminals and average turnover. Finally we present our considerations on the results of productivity of the terminals and make suggestions for further work and public policies that promote the use of intermodality and its development. Key Words: intermodality, performance, efficiency, grain, logistics 1. INTRODUÇÃO O Brasil alcançou nos últimos anos o posto de maior exportador mundial em volume de grãos. O País é o segundo maior produtor de soja e o terceiro maior produtor de milho no mundo. Em 2006/07 foi colhida a maior safra de grãos do Brasil, totalizando o recorde de 131,7 milhões de toneladas. Em termos monetários chegou a R$ 611,8 bilhões, o que corresponde a 23 % do PIB nacional, o setor agrícola teve um crescimento acumulado de aproximadamente 8%, bem acima do crescimento nacional de 5,4% (MAPA- Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, 2008). Em 2007, o setor gerou 42 bilhões de dólares de superávit, respondendo por 36% de tudo o que foi exportado pelo Brasil. O Agronegócio gerou, ainda, 37% dos empregos do país (MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, 2008). A conquista dessas marcas se dá pelo uso de novas tecnologias de produção, que incluem novas técnicas de cultivo, manejo do solo, maquinário, insumos agrícolas e pela incorporação de novas áreas de cultivo, principalmente no Centro-Oeste. O novo arranjo espacial do agronegócio é fruto da abertura de novas frentes de produção. Estas, por sua vez, localizados em regiões mais distantes dos grandes centros consumidores e dos portos de exportação. Também estão mais distantes das regiões produtoras de insumos e implementos utilizados na produção, o que demanda maiores quantidades de serviços de transporte. As novas áreas agricultáveis foram abertas em regiões mais distantes e carentes de infra-estrutura de transportes. De tal forma que, enquanto os investimentos e as obras de ampliação, modernização e manutenção da infra-estrutura não atingem o patamar desejado, faz-se necessário que se busque a máxima eficiência e otimização da estrutura e recursos disponíveis. No transporte de grãos, para atender distâncias superiores a 1200 km é indicado o modal hidroviário; para distâncias entre 500 e 1200 km o modal ferroviário é mais o mais adequado; por fim, o modal rodoviário atende distâncias inferiores a 500 km com mais eficiência (Geipot, 1997). Fica evidente que os modais mais indicados para atender a nova configuração brasileira são os modais hidroviário e o ferroviário. No entanto o primeiro depende da existência de rios, sua navegabilidade, liberação de licenças ambientais e vultuosos investimentos em infra-estrutura; o segundo modal, o ferroviário, esbarra nos altos investimentos em infra-estrutura e licenças ambientais. Isso favoreceu o modal rodoviário que, com baixos custos fixos, altos custos variáveis e maior flexibilidade, tem sido o mais utilizado. Segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), aproximadamente 74% das rodovias do país são classificadas como regular, ruim ou péssima (CNT, 2007). O transporte de grãos demanda serviços que atendam as características de conformidade para alimentos, principalmente no que diz respeito à perecibilidade, além de baixo custo; observando ainda a conservação ambiental. Assim, é necessário um amplo estudo Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 2 que considere as vantagens e desvantagens de cada modal. Desta forma, a intermodalidade surge para atender as necessidades de alta flexibilidade e de baixo custo. A adequada combinação do uso de caminhão para levar os produtos das regiões mais deficientes em infra-estrutura até o local onde já exista o modal ferroviário ou hidroviário garante maior eficiência e menores custos. Assim, ganha relevância o papel dos operadores dos terminais de transbordo multi e intermodais localizados no eixo de escoamento da safra da região Centro-oeste. Os serviços de transbordo precisam, portanto, estar dentro de padrões de eficiência e produtividade para que a intermodalidade garanta a competitividade da produção agrícola nacional. Além de garantir a racionalização do sistema logístico brasileiro, a eficiência dos terminais de transbordo pode levar à redução do fluxo de caminhões na, já saturada e danificada, infra-estrutura rodoviária. O aumento do desempenho dos terminais de transbordo passa a ser um dos objetivos mais importantes a serem atingidos pelos seus gestores, dada a crescente demanda pelo serviço gerado pelas novas oportunidades de investimento e crescimento econômico para o país. Ao avaliar o desempenho de uma determinada firma ou indústria somos remetidos a idéia de comparabilidade. Esta, por sua vez, pressupõe que haja um referencial de medição, este referencial pode ser os resultados anteriores da firma ou indústria, ou ainda o resultado médio dos agentes que compõe o setor (CARRE, 1991). A análise de desempenho coloca em evidência a necessidade de um exame mais minucioso de um determinado número de agentes. Esse exame permite estabelecer variáveis de valor estratégico que vão direcionar as organizações a obter melhores desempenhos. Para tanto, este trabalho se propõe a avaliar a atividade nos terminais de transbordo de maneira a estabelecer indicadores de desempenho que permitam a comparação entre estes operadores. Esses indicadores de desempenho consistem na avaliação entre os resultados obtidos (outputs) e os recursos disponíveis para sua realização (inputs). Desta forma, o objetivo geral deste trabalho é avaliar a produtividade operacional em movimentação de grãos nos terminais logísticos intermodais de escoamento da safra da região Centro-Oeste. Especificamente pretende-se, elencar variáveis que indiquem a produtividade e analisar o fluxo atual de cada terminal e comparar o desempenho entre eles. 2. MÉTODO Este trabalho faz uso do método hipotético-dedutivo como método de pesquisa e o método de procedimento é o estudo multicasos. A coleta de dados secundários utilizou a pesquisa bibliográfica e a coleta de dados primários foi feita por meio da aplicação de questionário semi-estruturado junto à oito operadores de terminais multimodais no corredor agrícola Centro-Oeste. As entrevistas foram realizadas durante os meses de fevereiro e março de 2009. Os terminais foram escolhidos sob uma amostragem intencional não probabilística por conveniência e facilidade de acesso (MATTAR, 1999). Esses parâmetros de pesquisa nos permitiram desenvolver o estudo de caso envolvendo os terminais do corredor logístico de escoamento da safra Centro-Oeste. Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 3 3. TERMINAIS INTERMODAIS DO CORREDOR LOGÍSTICO CENTRO-OESTE O corredor agrícola de escoamento da safra Centro-Oeste abrange parte da região Norte do Mato Grosso, passa pelo sul de Goiás, Mato Grosso do Sul, e parte do Paraná até chegar aos dois principais portos marítimos de Santos e de Paranaguá. Os terminais multimodais estudados, estão localizados nas cidades estabelecidas como pontos de intermodalidade (OJIMA & ROCHA, 2006). A figura 1 apresenta as principais cidades nas quais os terminais multimodais estão localizados. Ca AA SS Co/L Ub BaPe M Teminais Multimodais Cas PG Ca – Cáceres Co/La – Corumbá/Ladário AA – Alto-Araguaia SS – São Simão Pe – Pederneiras Uberlândia Ba – Baurú Ma – Maringá Cas – Cascavél PG – Ponta Grossa Fonte: Adptado de ANTT e Ojima e Rocha 2007. Figura 1 - Principais terminais multimodais do corredor da safra Centro oeste . A partir da figura pode-se ter uma visualização dos “nós” que se constituem como plataformas que abrigam os terminais logísticos onde ocorre o transbordo de produtos agrícolas de um modal para o outro. Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 4 4. DESEMPENHO Segundo CARRE (1991), o desempenho está ligado a idéia de comparabilidade, ele é medido somente em relação a um referencial, como os resultados anteriores do operador ou ainda os resultados médios da indústria na qual o operador está inserido. A análise do desempenho coloca em evidência a necessidade de um exame detalhado de um certo número de operadores, tais como as que obtém os melhores resultados financeiros ou as que detém as maiores partes do mercado. Este exame permite a avaliação das variáveis estratégicas mais importantes e a compreensão de como elas devem ser manipuladas de forma a orientar os operadores para melhores desempenhos. Os principais problemas ligados à avaliação do desempenho são devidos a dificuldade de definir o desempenho através de indicadores simples e realistas e da dificuldade de conciliar estes indicadores com sistemas de informações ainda pouco desenvolvidos. Tais dificuldades são ainda mais acentuadas considerando a necessidade de medir o desempenho da atividade ao nível da indústria, assim como ao nível dos operadores que o integram. Isto nos conduz, de um lado, a visualização do desempenho de maneira global, onde intervém, sobretudo, variáveis macroeconômicas como principais fatores explicativos, e de outro lado, a visualização do desempenho específico à cada operador onde os fatores intrínsecos, sobretudo os de ordem estratégica, tomam uma importância predominante. A maioria dos trabalhos de pesquisa concernentes ao desempenho fazem uma análise unidimensional deste, considerando apenas aspectos ligados à eficiência da indústria ou dos operadores. Todavia, o desempenho não é medido unicamente em termos de eficiência como a produtividade e a rentabilidade. Vários autores (STERN L. e EL-ANSARY, 1982; INGENE, 1984; FILSER, 1987; GOLDMAN, 1992) sugerem que as dimensões de eficácia e de igualdade também sejam consideradas para a obtenção de uma correta avaliação do desempenho global. A medição de desempenho é o processo de quantificar ação, em que medição é o processo de quantificação da ação que leva ao desempenho (CORRÊA E CORRÊA, 2007). Assim segundo os autores medição de desempenho ganha três dimensões: Processo de quantificação da eficiência e eficácia Métricas usadas para quantificar a eficiência e a eficácia das ações. Conjunto coerente de métricas usado para quantificar ambas, a eficiência e a eficácia das ações. Segundo Martins e Laugeni (2009) a avaliação de desempenho é uma ação dos operadores que estão preocupadas com o seu futuro e que procuram melhorar suas atividades em relação a outras empresas sendo estes concorrentes ou não. Um das principais ferramentas utilizadas para comparação é o benchmarking. Esta técnica que está baseada na comparação de níveis de desempenho e práticas das empresas e encontrar as “melhores práticas” (CORRÊA E CORRÊA, 2007). Para Martins e Laugeni (2009) através dessa ferramenta, as empresas determinam onde devem ocorrer as melhorias e definir os níveis a serem atingidos. Segundo Goldman (1992), o desempenho é um conceito multidimensional cuja avaliação deve ser feita segundo as especificidades de cada sistema a ser avaliado, assim como ser baseada em critérios próprios à cada atividade, e o todo ser analisado na perspectiva dos diferentes agentes econômicos do sistema. A figura 2 apresenta um enquadramento geral para análise do desempenho. Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 5 DISTRIBUÇÃO EFICÁCIA ESTIMULAÇÃO ADAPTAÇÃO DESEMPENHO IGUALDADE - Satisfação dos clientes em relação aos produtos, serviços e preços - Marketing de massa - Desenvolvimento econômico - Novos produtos - Novas tecnologias - Infra-estrutura - Acessibilidade à todos os segmentos de consumidores PRODUTIVIDADE - Otimização dos recursos físicos RENTABILIDADE - Otimização dos recursos financeiros EFICIÊNCIA Fonte: Adaptado de STERN L., El-ANSARY (1982) e GOLDMAN (1992). Figura 2 – Enquadramento para a análise do desempenho Neste sentido, este artigo procura medir a produtividade operacional dos terminais multimodais. Para tal, a discussão teórica se concentrará especificamente sobre este elemento de desempenho. A eficiência consiste na avaliação da relação entre os resultados obtidos pelo operador e os recursos colocados a disposição para sua realização. A eficiência é mais freqüentemente avaliada em termos da relação de “output/input”. A medida de “output” mais comumente utilizada é o faturamento realizado pela empresa. Como “input”, grande número dos trabalhos científicos utilizam o trabalho, medido em termos de nº de empregados ou em termos de horas–homem trabalhadas. Assim, a medida da produtividade física capta, sobretudo, os efeitos da gestão operacional das empresas. Índices financeiros como a rentabilidade dos ativos e a rentabilidade financeira são também propostos como medidas de eficiência. Enquanto a eficácia e igualdade são avaliadas, sobretudo, maneira qualitativa, a avaliação da eficiência lança mão de modelos matemáticos mais facilmente aceitos pelos pesquisadores (GOLDMAN, 1992). 4.1. A MEDIDA DO “OUTPUT” A definição de “output” não é evidente na medida em que o operador agrega toda uma gama de serviços, como transbordo, secagem, armazenamento, etc., os quais são bastante Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 6 difíceis de se medir. Assim, a manipulação produto físico, é apenas uma parte do produto ampliado proposto pelo operador (ACHABAL, 1984). Esses “outputs” representam também o desempenho organizacional e estão ligados aos seguintes critérios: Qualidade: Entregar produtos isentos de erros. Rapidez: Entregar os produtos ou serviços assim que solicitado pelo cliente. Confiabilidade: Apresentar os produtos sem erros e dentro do prazo para os clientes sempre. Flexibilidade: Estar em condições de se adaptar e mudar os processos sempre que solicitado pelo cliente. Custos: Disponibilizar os produtos a um preço de acordo com o seu valor agregado, garantindo retornos satisfatórios a organização ou empresa. Esses cinco critérios passam a ser os objetivos de desempenho do operador os quais terão uma escala de importância diferente dependendo do posicionamento estratégico da empresa (CORRÊA E CORRÊA, 2007; MARTINS E LAUGENI, 2005; SLACK, CHAMBERS, E JOHNSTON, 2002). BUCKIN (1978) sugere várias medidas de “output”, entre as quais: o número de transações comerciais, o número de unidades vendidas, o valor agregado, a margem bruta, e o faturamento, as quais deverão ser utilizadas em função de qual atividade interna da firma se deseje analisar o desempenho. No que se refere a quantidade anual movimentada pelo operador como medida de “output”, ela é equivalente ao número de toneladas movimentadas. 4.2. A MEDIDA DO “INPUT” Os “inputs” de um sistema compreendem o conjunto de fatores de produção empregados pelo operador, como a mão de obra, capacidade de recepção, capacidade de expedição, capacidade de armazenagem, a logística, os sistemas de informação, etc.. Entre os recursos de produção mais utilizados como medida de “input” do sistema estão: os ativos totais, o trabalho, etc. Várias relações de eficiência podem ser obtidas segundo os diversos “outputs” e “inputs” que sejam colocados em relação. A escolha da relação mais conveniente depende essencialmente da atividade específica sobre a qual será medida a eficiência. Segundo Martins e Laugeni (2005) a produtividade é mais comumente ligada mão-deobra, por geralmente ser o fator de maior custo, e também pelo falto do avanço tecnológico estar mais associado ao deslocamento de mão de obra pelo aumento de produtividade do que ao deslocamento de outros fatores de produção. Isso vai na contra-mão do que Neely (1999) apud Corrêa e Corrêa (2007) diz, segundo este autor o desempenho tem ganhado novas formas porque houve uma mudança na natureza dos negócios. Uma vez que, a mão-de-obra não representa mais os 50-60% dos custos, ficam em torno de 10 ou 20%. Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 7 As relações de eficiência mais freqüentemente utilizadas na operação dos terminais são: quantidade anual movimentada/ nº de funcionários, quantidade anual movimentada/ capacidade de transbordo, quantidade anual movimentada/ capacidade de armazenamento e, ainda, nº de funcionários/ativos totais gerados. Para este estudo vamos considerar a capacidade instalada de armazenagem, transbordo e número de funcionários como inputs. Como “outputs” foi definida a quantidade anualmente movimentada pelos terminais e seu faturamento médio. 5. DESEMPENHO DOS TERMINAIS MULTIMODAIS ESCOAMENTO DA SAFRA CENTRO-OESTE. DO CORREDOR DE A tabela 1 apresenta os “inputs” e os “outputs” obtidos junto aos terminais multimodais. Salienta-se o fato dos terminais 6 e 7 terem uma movimentação muito baixa no ano de 2008 devido a embargos ambientais. Esse fato altera em muito o desempenho de produtividade destes. Tabela 1 – “Inputs” e “outputs” dos terminais multimodais do corredor logístico Centro-Oeste - 2008 *dados não disponíveis Fonte: elaborado pelos autores Seria interessante ressaltar aqui que o nome dos terminais foi substituído por números de 1 a 7 atribuídos de forma aleatória. O tamanho das circunferências, resultado da equação de produtividade (CORRÊA e CORRÊA, 2007; MARTINS e LAUGENI, 2005; SLACK, CHAMBERS, E JOHNSTON, 2002; GAITHER e FRAZIER, 2001), é dado por: Produtividade = A figura 3 apresenta a produtividade por funcionário dos terminais analisados. Terminal Nº médio de Capacidade de Capacidade de Movimentação Faturamento funcionários Armazenagem transbordo anual anual (ton) (ton/dia) (ton/ano) estimado (R $/ano) 70 25000 5000 1440000 7.920.000,00 1 2 77 50000 15000 1100000 5.060.000,00 3 4 5 15 17 76 6000 50000 35000 2500 4000 21600 300000 -* 100000 350.000,00 5040000 6.300.000,00 6 7 14 14 2700 10000 1000 2500 8100 40000 74.520,00 368.000,00 Fonte: elaborado pelos autores Figura 3 - Produtividade por funcionário Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 8 A partir da figura 3, observa-se a produtividade dos funcionários por milhões de toneladas movimentadas ao longo do ano. Os terminais 6, 7 têm uma movimentação muito restrita por ser uma atividade de exportação pontual. O terminal 4 é um terminal de uma cooperativa estadual e seu fluxo está condicionado a regulação de estoques.” De um modo geral, verifica-se grande variabilidade na produtividade dos funcionários dos terminais. Segundo os operadores esta variabilidade pode ser explicada por se tratar de uma atividade sazonal e da pouca flexibilidade relativa à gestão do quantitativo de pessoal. O custo da mão de obra passa a ser encarado como um custo fixo, o que acaba por onerar o custo total da prestação de serviços, contribuindo assim para o aumento dos custos das empresas operadoras de grãos. A figura 4 apresenta a produtividade da capacidade de armazenagem dos terminais. A eficiência da utilização das instalações de armazenagem dilui os custos de operação e de capital imobilizado. Foi comum, nas entrevistas, os operadores enfatizarem que poderiam ter maior produtividade caso houvesse melhor infra-estrutura dos modais de transporte. Os referidos modais são o ferroviário e o hidroviário que são mais adequados ao escoamento de grãos (GEIPOT, 1997). Fonte: Elaborado pelos autores Figura 4 - Movimentação anual x capacidade de armazenagem dos terminais de escoamento da safra CentroOeste Observa-se mais uma vez, a ineficiência, por parte de alguns operadores, no que se refere à utilização da capacidade de armazenagem. Para parte significativa destes, os armazéns operam de maneira ociosa, implicando em maiores custos unitários devido o menor rateio dos custos fixos de armazenagem. O terminal 5 tem melhor produtividade pelo fato de contar com um suporte mais eficiente no modal ferroviário. O terminal 3 tem sua capacidade de armazenagem bastante reduzida, servindo apenas como um “pulmão” para o transbordo. A ineficiência dos terminais 6 e 7 recaem no fato de terem uma operação muito pontual, e o terminal 4, também bastante ineficiente com relação a este recurso, se justifica operar, predominantemente, como regulador de estoques. Na figura 5, que retrata a produtividade da capacidade instalada de transbordo. Como estamos falando de terminais que movimentam commodities, produtos de baixo valor agregado, os custos de operação são tão importantes quanto à rapidez do serviço. Tendo em vista que a opção de se utilizar a intermodalidade está acentada no custo e na rapidez do serviço. Essa rapidez fica comprometida, conforme nos relatou um gerente de terminal, por dois motivos. Primeiro o tempo de trânsito dos modais hidro e ferroviário é muito grande e ainda é comum acontecer atrasos nos grandes portos de exportação brasileiros. A commoditie é um ativo negociado em bolsa, e as vezes fica imobilizado por muito tempo. Tempo em o mercado de títulos pode grandes variações. O segundo motivo, que determina a opção pela intermodalidade, é o custo total do transbordo e do frete. Essa combinação precisa ser mais viável que a opção pelo modal rodoviário, que apresenta grande flexibilidade e velocidade. Fonte: Elaborado pelos autores Figura 4 - capacidade instalada de transbordo anual x movimentação anual de grãos Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 9 A figura 4 retrata a produtividade da operação de transbordo, principal finalidade dos terminais multimodais. A capacidade instalada de transbordo tem um bom aproveitamento no terminal 1 sendo que o terminal 3 e 5 está bem próximo do razoável. Isso é reflexo da baixa capacidade instalada no terminal 3. O terminais 1 tem instalações mais adequadas ao volume demandado da operação de transbordo em sua região. O terminal 2 tem uma capacidade muito grande dado o fato deles terem sido por muito tempo o único operador intermodal da sua região, hoje é sub-utilizada. Mais uma vez, verifica-se grande variabilidade na taxa de utilização desses ativos, havendo terminais que operam com 2% de sua capacidade instalada de transbordo enquanto que outros operam com até 80% de sua capacidade de transbordo. Os terminais 6 e 7 são destinados a operações pontuais destinadas à exportação, justificando, assim, sua baixa produtividade. O terminal 4, também de baixa produtividade no que se refere a operação de transbordo, justifica-se por estar vinculado , prioritariamente, à operação de regulação de estoques. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS As variáveis elencadas e aqui utilizadas para medir o desempenho produtivo dos terminais mostraram-se consistentes. A análise das relações entre os “outputs” e os “inputs” nos levam a perceber que os terminais multimodais operam geralmente abaixo das suas capacidades instaladas. Isso se deve principalmente pelas restrições nas capacidades e disponibilidade dos modais. Essas restrições de capacidade e disponibilidade no caso do modal ferroviário acontece pelo pequeno número de vagões, restrições de capacidade das linhas em relação à velocidade, tamanho dos comboios, bitolas estreitas, congestionamentos de comboios em grandes centros e próximo aos portos marítimos. Já o modal hidroviário enfrenta restrições de navegabilidade em alguns trechos e, em algumas épocas do ano, restrições quanto à largura e comprimento dos comboios, calados pouco profundos, eclusas combaixa capacidade de operação, pequeno número de embarcações, velocidade média muito baixa além de várias restrições e exigências ambientais. O escoamento de grãos, no caso dos dois modais, precisam competir ainda com outros produtos de maior valor agregado que acabam ocupando a maior parte da infra-estrutura modal disponível. Nas atuais condições de pouca operância dos modais ferroviário e hidroviário, os terminais não apresentam gargalos e restrições de capacidade que comprometam sua operação ou empecilhos que os impeçam de atingir melhores índices de produtividade. Em geral podese afirmar que os terminais apresentam diferenças em seus desempenhos não por aspectos relacionados ao processo produtivo e sim as suas localizações e dificuldades com os modais de transporte já expostos. Dos “inputs” analisados o número médio de funcionários parece apresentar grande disparidade entre os terminais. Estudos relacionados à otimização da gestão e capacitação de pessoas poderiam amenizar esse problema. Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 Este trabalho apresenta a limitação de analisar apenas duas variáveis de cada vez, e não fornece uma perspectiva de analise global dos “inputs” e “outputs” de cada terminal. Fica como sugestão de trabalhos futuros a utilização de modelos mais complexos de avaliação. Esse trabalho evidencia a necessidade da ampliação das capacidades dos modais ferroviário e hidroviário. Ao Estado cabe o desenvolvimento de políticas públicas pra que hajam maiores investimentos em infra-estrutura, não só de origem pública, mas também privados. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACHABAL, D.D. “Issues and perspectives on retail productivity.” Journal of Retailing, vol 60, nº 3, fall 1984, pp. 107-27. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIO (ANTQ). Disponível em: < http://www.antaq.gov.br/Portal/default.asp> Acesso: 11 de maio de 2008. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES TERRESTRES (ANTT). Relatório anual de acompanhamento das concessões ferroviárias – Ano 2006. Mapas Ilustrativos. Disponível em: < http://www.antt.gov.br/relatorios/ferroviario/concessionarias2006/index.asp> Acesso: 10 de maio de 2008. AHIPAR. 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