ISSN 0104-3463 VETERINÁRIA NOTÍCIAS v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, jul./dez./2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA JOURNAL OF VETERINARY SCIENCE FEDERAL UNIVERSITY OF UBERLÂNDIA ISSN 0104-3463 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA REITOR Alfredo Júlio Fernandes Neto FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA DIRETOR Adriano Pirtouscheg EDITOR CIENTÍFICO/Scientific editor Renato Souto Severino CONSELHO EDITORIAL/Associate editors Adriano Pirtouscheg, Edmundo Benedetti, Ednaldo Carvalho Guimarães, Evandro de Abreu Fernandes, Mara Regina Bueno Mattos Nascimento e Marcelo Tavares REDATOR TÉCNICO INGLÊS /Proof reader Anael Araujo Santos Júnior SECRETÁRIOS/Secretaries Igor Lopes Monteiro CONSELHO CIENTÍFICO/Scientific Board (Veterinária Notícias, v.16, n.1, jan./jun. e n. 2, jul./dez./2010 - Journal of Veterinary Science, v.16, n.1, jan./jun. e n. 2, jul./dez./2010) André Luiz Quagliatto Santos, Ângelo João Stopiglia, Antônio João Scandolera, Aureo Evangelista Santana, Carlos Alberto Hussni, Deise Carla Almeida Leite Dellova, Duvaldo Eurides, Eduardo Mauricio Mendes de Lima, Francine Neves Calil, Frederico Ozanam Carneiro e Silva, João Batista Kochenborger Fernandes, José Wilson dos Santos,Júlio Roquete Cardoso, Maria das Graças Farias Pinto, Mirela Tinucci Costa, Noé Ribeiro da Silva, Renato Souto Severino. Os trabalhos publicados nesta revista são indexados nos sistemas AGRIS, AGROBASE, CAB International (Index Veterinarius / Veterinary Bulletin) e PERIODICA The articles published in this journal are indexed in: AGRIS, AGROBASE, CAB International (Index Veterinarius / Veterinary Bulletin) and PERIODICA VETERINÁRIA NOTÍCIAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA JOURNAL OF VETERINARY SCIENCE FEDERAL UNIVERSITY OF UBERLÂNDIA ISSN 0104-3463 Vet. Not. Uberlândia v.16 n.1 e n.2 p. 1-92 jan./jun. e jul./dez. 2010 COMITÊ AD HOC Os artigos publicados em VETERINÁRIA NOTÍCIAS são submetidos a consultoria científica. A lista de consultores está disponível no site: http://www.famev.ufu.br/vetnot/ BOARD OF SCIENTIFIC REVIEWERS Articles published in VETERINÁRIA NOTÍCIAS are submitted to scientific reviewers. The list of referees is available at: http://www.famev.ufu.br/vetnot/ Ficha Catalográfica Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UFU. Veterinária notícias, v.16, n.1, jan./jun. e n. 2, jul./dez./2010, Uberlândia, Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Medicina Veterinária. Semestral. ISSN 0104-3463 Notas: Anual (1995-1998) Semestral (1999)– 1. Veterinária – Periódicos. I. Universidade Federal de Uberlândia. Faculdade de Medicina Veterinária. CDU: 619 (05) Tiragem: 100 exemplares EDUFU – Editora da Universidade Federal de Uberlândia Av. João Naves de Ávila, 2121 – Bloco 3Q– Campus Santa Mônica Cep 38400902 – Uberlândia – MG Telefax: (34) 3239.4293 (Edufu) – Telefax: (34) 3239.4514 (Livraria) E-mail: [email protected] OBJETIVO Missão Publicar artigos científicos, relatos de caso, comunicação, notas, resumos de teses referentes à área de Ciências Agrárias. Mission Publish scientific articles, reports of case, communication, notes, and abstracts of thesis referent to Agricultural Science, Animal Science and Veterinary Medicine. Política editorial Destina-se à Publicações em Português e Inglês de temas sobre Medicina Veterinária, Zootecnia e Ciências afins. Os trabalhos publicados poderão ser científicos, relato de casos, comunicações. Os trabalhos aceitos para publicação tornam-se propriedade do periódico. Editorial policy As a modern, professional journal, is dedicated to the publication of topics in the areas of Veterinary Medicine, Animal Science and related sciences. Original articles, related to research, will be included as well as thesis abstracts. Upon publication all articles become the property of the journal. INDEXAÇÃO Os trabalhos publicados nesta revista são indexados nos sistemas AGRIS, AGROBASE, CAB International (Index Veterinarius / Veteerinary Bulletin) e PERIODICA The articles published in this journal are indexed in: AGRIS. AGROBASE, CAB International (Index Veterinarius / Veterinary Bulletin) and PERIODICA PERMUTA Desejamos estabelecer permuta com revistas similares We wish to establish exchange with all similar journals ENDEREÇO Universidade Federal de Uberlândia – Faculdade de Medicina Veterinária Rua Ceará s/n° Bloco 2T – Campus Umuarama – Uberlândia.MG – Brasil – 38400-902 Fone (34) 3218-2213 Fax (34) 3218-2521 Homepage: http://www.vetnot.famev.ufu.br E-mail: [email protected] SUMÁRIO Diabetes melito em felino - Relato de caso Feline Diabetes Mellitus – case report Tais Maria Pinheiro Soares, Valéria Magro Octaviano Bernis, Philipi Coutinho de Souza ............................ 9 Efeito dos adsorventes sobre o desempenho de juvenis de jundiá (Rhamdia quelen) alimentados com dietas contaminadas com aflatoxinas Adsorbents effect on jundiá (Rhamdia quelen) juveniles fed diets contaminated with aflatoxins Paulo Rodinei Soares Lopes, Juvêncio Luis Osório Fernandes Pouey, Dariane Beatriz Schoffen Enke, Carlos Augusto Mallmann, Gladis Ferreira Correa, Michele Freitas Santiago, Marcela Soquetta ......................... 13 Estudo morfológico dos músculos do braço de mão-pelada (Procyon cancrivorus – Cuvier 1798) Morphological study of arm muscle of crab-eating raccoon (Procyon cancrivorus - Cuvier 1798) Kleber Fernando Pereira, Firmino Cardoso Pereira, Vanessa Morais Lima................................................ 23 Influence of sire line on carcass and meat quality in pigs Influência da linhagem paterna nas qualidades da carcaça e carne de suínos Robson Carlos Antunes, Mauricio Machaim Franco, Fausto Emíllio Capparelli, Eduardo Oliveira Melo, Luiz Ricardo Goulart ........................................................................................................................................... 29 Influência da gestação sobre os constituintes bioquímicos do sangue de novilhas da raça holandês preto e branco Influence of pregnancy on the blood biochemical constituents in black and white holstein heifers Antonio Vicente Mundim, Soliene Partata Ramos, Adair Tomaz Dutra, Marcelo Tavares, Mara Regina Bueno Mattos Nascimento ...................................................................................................................................... 37 Influencia do uso de nitreto de magnésio e potássio (nmk) no crecimento de eucalipto (Eucalyptus grandis) e cedro australiano (Toona ciliata) Influence of potassium and magnesium nitrate (kmn) use in eucalyptus and cedar plants growth Herbert Vilela, Adriana de Oliveira Vilela, Regina Maria Quintão Lana, Adriane de Andrade Silva ............ 45 Metrorragia por aneurisma da artéria ovárica esquerda em equino – Relato de caso Metrorrhagia by aneurysm of the left ovarian artery in equine – case report Venilton José Siqueira, Marilú Martins Gioso, Walter Octavíano Bernis Filho, Renata Marcon Zanellato Bruzadelli, Maria Cristina Costa Resck, Aguinaldo Christian Siqueira, Raphael Ferreira Assumpção, Marina Botrel Reis Nogueira ................................................................................................................................... 51 Origem e distribuição da artéria celíaca em marrecos (Anas platyrhynchos platyrhynchos) Origins and distribution of celiac artery in teal (Anas platyrhynchos platyrhynchos) Gabrielle Gonçalves Narciso Resende, Frederico Ozanam Carneiro e Silva, Bruno Gomes Vasconcelos, Danila Barreiro Campos, Alessandro Barreiro Campos, Fernando Antônio Ferreira, Flávia Cristina Queiroz Rinaldi ..................................................................................................................................57 Origens e distribuições das artérias mesentéricas cranial e caudal em Gallus gallus da linhagem dekalb white Origin and distribution of the cranial and caudal mesenteric arteries in fowls (gallus gallus) of the dekalb white lineage Frederico Ozanam Carneiro e Silva, Bruno Gomes Vasconcelos, Renata Lima de Miranda, Cheston Cesar Honorato Pereira, Angelita das Graças de Oliveira Honorato, Eduardo Maurício Mendes de Lima, Jordana Almeida Santana, Gabriela Lúcia Bonato, Gabrielle Gonçalves Narciso Resende .................................... 63 Uso de medicamentos sem prescrição médico-veterinária-Comunicação Use of medicines without veterinary prescription - communication Ana Maria Quessada, Rubsauberes Leite de Carvalho, Roseli Pizzigatti Klein, Filipi Alexandre do Nascimento Silva, Luciano Santos da Fonseca, Dayane Francisca Higino Miranda, Severino Cavalcante de Sousa Júnior .....................................................................................................................................69 Viabilidade da punção biópsia aspirativa por agulha fina, em testículos de cães (Canis familiarisLINNAEUS, 1758) como método auxiliar de diagnóstico Study of the viability of puncture biopsy by fine needle aspiration in testicles of dogs (Canis familiaris- LINNAEUS, 1758) as an auxiliary diagnostic method Guilherme Nascimento Cunha, Marcelo Emilio Beletti, Karine Pena Fayad, Wilter Ricardo Russiano Vicente ..............................................................................................................................................73 9 DIABETES MELITO EM FELINO - RELATO DE CASO Tais Maria Pinheiro Soares1, Valéria Magro Octaviano Bernis2, Philipi Coutinho de Souza3 RESUMO O diabetes melito é um distúrbio metabólico que resulta da diminuição na disponibilidade de insulina para a função normal de muitas células do organismo. A doença em gatos geralmente está relacionada com lesões degenerativas específicas, localizadas seletivamente nas ilhotas de Langerhans. Os sintomas clínicos básicos incluem poliúria, polidipsia, polifagia e em gatos raramente a posição plantígrada. O tratamento convencional se resume em dietas corretivas, aplicação de insulina exógena e drogas hipoglicemiantes via oral. Este relato trata-se do caso de um felino diabético cujo tratamento homeopático foi realizado com sucesso, atingindo os objetivos esperados. Palavras-chave: homeopatia, diabetes melito, felino. O diagnóstico principal para diabetes melito baseia-se em realizar a dosagem sérica da glicemia do paciente, devendo para isto o animal estar em jejum de 12 horas (BICHARD; SHERDING,1998). O tratamento inclui o uso de drogas hipoglicemiantes orais e de insulina exógena e refeições fracionadas durante o dia (KIRK, 1980). O Janbolanum tem ação antidiabética, diminui a poliúria e faz desaparecer o açúcar. Experimentalmente a semente do jambo opõe-se a transformação do amido em glicose (VANNIER; PORIER, 1987). O uso da Aloxana 6 CH no tratamento da diabete tem efeitos positivos, reduzindo a hiperglicemia em camundongos (SANTOS et al., 1993). A principal queixa relatada pelo proprietário é a dificuldade no controle da diabetes e a presença de poliúria, polidipsia e polifagia apesar da insulinoterapia adequada (DANIEL et al., 2008). RELATO DE CASO INTRODUÇÃO A forma mais comumente diagnosticada de diabetes melito no gato é o DMID (diabetes melito insulino dependente). Os gatos com DMID falham em responder as drogas hipoglicemiantes orais, devendo ser tratados com insulina exógena para a obtenção do controle da glicemia e prevenir a cetoacidose (BICHARD; SHERDING, 1998; NELSON; COUTO, 2006). Aproximadamente 20% dos gatos diabéticos tornam-se “diabéticos transitórios” geralmente de 4 a 6 semanas após o estabelecimento do diagnóstico e de ser iniciado o tratamento. Nos animais diabéticos os sinais clássicos de polidipsia, poliúria, polifagia e perda de peso são notados na grande maioria dos casos. Os gatos diabéticos podem desenvolver postura plantígrada com os jarretes tocando o solo quando o animal caminha. Acredita-se que esta postura seja causada por neuropatia diabética (NELSON; COUTO, 2006). 1 2 3 Uma gata SRD, quatro anos, ovariectomizada há um ano aproximadamente, alimentando-se com dieta específica (ração premium) para a espécie e idade, apresentou dificuldade de locomoção nos membros pélvicos e de ascensão a bancos, cadeiras ou outros mobiliários, poliúria, polidipsia, polifagia, aumento do peso, da frequência de defecação e posição plantígrada (Figura 1). Ao exame clínico o animal apresentava sinais de dor nos membros posteriores, abdômen distendido, com sensibilidade à palpação e som timpânico à percussão. Mostrava-se em posição plantígrada, quando em estação e em locomoção, estando confortável somente em decúbito lateral. Realizou-se exame radiográfico para avaliar possíveis deformidades ou alterações ósseas (excluindo diagnósticos diferenciais) e a dosagem da glicemia, pois os sintomas compatíveis com diabetes melito, incluindo a posição plantígrada, eram bem evidenciados no animal. A análise radiográfica Médica Veterinária. Doutora. Professora Titular. Faculdade Medicina Veterinária. Universidade José do Rosário Vellano. Rodovia MG 179, Km 0. Alfenas-MG, 37130-000. (35) 3291-2496. [email protected]. Médica Veterinária. Mestre. Professora Auxiliar de Ensino. Faculdade Medicina Veterinária. Universidade José do Rosário Vellano. Alfenas-MG. Médico Veterinário. Mestrando. Faculdade de Ciências Médicas(UNICAMP), Campinas-SP. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 9-11, jul./dez. 2010 10 apresentou-se dentro dos padrões normais. A glicemia realizada em jejum em 19 de maio de 2008 constatou-se 300 mg/dL,sendo o valor normal para a espécie de 70 a 110 mg/dL. Confirmou-se então tratar-se de uma paciente diabética. Optou-se pelo tratamento homeopático a base de Szygium Jambolanum 6 CH, associado a Aloxana 6 CH. Os medicamentos foram administrados em gotas por via oral 3 vezes ao dia. Após 30 dias de tratamento os sintomas estavam diminuídos e no dia 07 de agosto de 2008 o animal estava assintomático e com a glicemia de 224,7 mg/dL. No dia 12 de dezembro de 2008 a glicemia apresentou resultado de 123,4 mg/dL. O tratamento estender-se-á até a normoglicemia, quando então as frequências de administração serão diminuídas até cessar o tratamento(Figura 1). Figura 1. Fotografia de gata em posição plantígrada antes do inicio do tratamento homeopático. Na vista ventral direita observa-se a mesma aos 30 dias de tratamento, já com a remissão dos sintomas e posição quadrupedal normal (Sony, 12.1 MP). RESULTADO E DISCUSSÃO Feline Diabetes Mellitus - Case report Com o tratamento homeopático, um mês após o início da administração do medicamento, o animal apresentava-se com ausência dos sintomas, inclusive com os membros pélvicos em posição normal e com facilidade de ascensão. A glicemia tende-se a valores normais. O uso da homeopatia não causou nenhum tipo de estresse ao paciente e isenta de efeitos colaterais. Além disso, com um custo extremamente baixo em relação a tratamentos conservadores. A remissão dos sinais clínicos foram restabelecidos rapidamente pela paciente. ABSTRACT Diabetes mellitus is a metabolic disorder resulting from the decrease in availability of insulin to the normal function of many cells of the organism. The disease in cats is usually associated with specific degenerative lesions localized selectively in the islets of Langerhans. The basic clinical symptoms include polyuria, polydipsia, polyphagia, and rarely in cats plantigrade position. Conventional treatments consist in corrective diets, application of exogenous insulin and oral hypoglycemic drugs. This report deals with the case of a diabetic cat which homeopathic treatment was successful, achieving the expected goals. Keywords: homeopathy, diabetes mellitus, feline SOARES, T. M. P., BERNIS, V. M. O., SOUZA, P. C. DE. 11 REFERÊNCIAS BICHARD,S.J.;SHERDING,R.G. Clínica de pequenos animais-Manual Saunders. 2.ed.São Paulo,1998. DANIEL,A.G.T.;PELLEGRINO,A.;KANAYAMA,K. K.;KANAYAMA,L.M.;JUNIOR,A. R. Hiperadrenocotricismo em felino associada ao diabetes melito insulino-resistente-relato de caso. Clínica veterinária, v.13, n.76, p.46-60, set e out 2008. KIRK,R.W. Terapêutica veterinária: Prática clínica em pequenos animales. 2. ed. México,1980. LORENZ,M.D.;CORNELIUS,L.M.;FERGUSON,D.C. Terapêutica clínica em pequenos animais. Rio de Janeiro,1996. NELSON,R.W.;COUTO,C.G. Medicina interna de pequenos animais. 3.ed. Rio de Janeiro,2006. SANTOS,E.;CIER,A.;BOIRAN,J. Apostila de farmacologia homeopática. Instituto Homeopático François Lamasson, Ribeirão Preto-SP, 1993. VANNIER,L.;PORIER,J. Tratado matéria médica homeopática. 9.ed. São Paulo,1987. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 9-11, jul./dez. 2010 13 EFEITO DOS ADSORVENTES SOBRE O DESEMPENHO DE JUVENIS DE JUNDIÁ (Rhamdia quelen) ALIMENTADOS COM DIETAS CONTAMINADAS COM AFLATOXINAS Paulo Rodinei Soares Lopes1, Juvêncio Luis Osório Fernandes Pouey2, Dariane Beatriz Schoffen Enke3, Carlos Augusto Mallmann4, Gladis Ferreira Correa5, Michele Freitas Santiago6, Marcela Soquetta7 RESUMO Avaliou-se os efeitos das aflatoxinas e de dois adsorventes (Alumíniossilicato ASSCA e Glucomanano GM)) no desempenho zootécnico de juvenis de jundiá (Rhamdia quelen). Utilizou-se 189 peixes com peso inicial de 43,13 g, criados em sistema de recirculação de água termo regulada, durante 60 dias As toxinas e os adsorventes foram incluídos na ração nos seguintes níveis: ração sem ADS: (T0 - controle; T1 - 50 μgAFkg-1; T2 - 100 μgAFkg-1); ração + 0,3% ASSCA: (T0- controle; T150 μgAFkg-1; T2- 100 μgAFkg-1); ração + 0,3% GM: (T0- controle; T1- 50 μgAFkg-1; T2- 100 μgAFkg-1). Os resultados demonstraram que a ação negativa das aflatoxinas, reduziu significativamente o ganho de peso, biomassa final, ganho médio diário e taxa de crescimento específico dos juvenis de jundiá, proporcionalmente aos níveis crescentes de aflatoxinas na dieta, em relação ao tratamento controle, sem apresentar mortalidade. Concluiu-se que os alevinos de jundiá, alimentados com aflatoxinas na dieta foram susceptíveis aos efeitos negativos, com grandes perdas no crescimento e ganho de peso. A adição de 0,3% de glucomanano na dieta neutralizou os efeitos negativos das aflatoxinas. Palavras-chave: micotoxina, aluminosilicato, glucomanano, nutrição, jundiá. INTRODUÇÃO A piscicultura brasileira evoluiu muito na última década e o seu crescimento é decorrente, 1 2 3 4 5 6 7 sobretudo, dos avanços nutricionais, genéticos e de manejo nas diferentes fases de vida dos peixes. Em um sistema que busca aprimoramento nas formulação e composição de uma dieta devidamente equilibrada em energia e proteína, qualquer fator que afete negativamente a produção, determina enormes prejuízos. Desta forma, deve-se ressaltar a importância dos contaminantes naturais dos alimentos, como as micotoxinas, as quais podem acarretar perdas consideráveis na criação de peixes. As micotoxinas são compostos quimicamente tóxicos produzidos por diversos fungos, particularmente por espécies de Aspergillus, Fusarium, Penicillium, Claviceps e Alternaria. As mais comuns são as aflatoxinas, ocratoxina A, tricotecenos, zearalenona e fumonisinas. Foi verificado que a contaminação por micotoxinas pode afetar cerca de 25% da produção de grãos no mundo a cada ano (CANOVI et al., 2003). O consumo de dietas contaminadas por micotoxinas pode induzir efeitos agudos e crônicos, resultando em teratogênese, carcinogênese, impactos estrogênicos ou imunossupressivos, não somente em animais, mas também no homem, ao passo que usualmente os animais sofrem mais devido ao consumo de grãos de baixa qualidade. Nos animais, as dietas contaminadas por micotoxinas podem levar a outras consequências, como recusa alimentar, piora na conversão alimentar, diminuição de ganho de peso, aumento na incidência de doenças devido a imunossupressão e interferência na capacidade reprodutiva, que são responsáveis por grandes perdas econômicas. As aflatoxinas (AFs) constituem um grupo de toxinas produzidas pelo fungo Aspergillus flavus Zootecnista. Doutor. Universidade Federal do Pampa. 21 de abril n 80, São Gregório. 96450-000 - Dom Pedrito-RS. (53) 32439539. Ramal: 5550. [email protected]. Médico Veterinário. Doutor. Professor Adjunto. Departamento de Zootecnia(UFPel). Engenheira de Alimentos. Doutoranda em Zootecnia(UFPel). Medico Veterinário. Doutor. Professor Titular. Departamento de Medicina Preventiva(UFSM). Medica Vetrinária. Doutora. Professora Adjunto. (UNIPAMPA). Acadêmica de Agronomia. Acadêmica de Química de Alimentos. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 13-21, jul./dez. 2010 14 e Aspergillus parasiticus e são identificadas como B1, B2, G1 e G2. As letras B e G devem-se ao fato destas apresentarem fluorescência azulada e esverdeada, respectivamente, quando observadas sob luz ultravioleta. Conforme Mallmann et al. (1994), existem atualmente mais de 400 micotoxinas que causam severos prejuízos. Para evitar as micotoxicoses nos animais, algumas estratégias são utilizadas, que podem ser divididas em métodos químicos, físicos e biológicos. Entretato, a melhor forma de evitar a contaminação de micotoxinas nos grãos é a prevenção de sua formação, por exemplo: ceifar o grão em maturidade e com baixa umidade e armazenar em condições refrigeradas e secas. Porém, a execução de tais medidas é difícil em países com clima úmido e quente. De acordo com Dilkin (2002) os consumos em doses moderadas à baixas, causam aflatoxicose crônica, desencadeando graves problemas imunossupressivos, perda de ganho de peso e de crescimento. Os efeitos tóxicos das aflatoxinas são dependentes da dose e do tempo de exposição, determinando assim intoxicações aguda e crônica. A síndrome tóxica aguda ocorre pela ingestão de alimento com alta concentração de aflatoxina, sendo os efeitos observados em curto espaço de tempo, perda de apetite, hepatite aguda, hemorragias e morte (ROSMANINHO et al., 2001). Quando as micotoxinas são ingeridas os diversos efeitos devem as suas diferentes estruturas químicas, influenciadas pelo fato de serem ingeridas por diferentes organismos animais superiores e também pela diversidade de espécies, raça, sexo, idade, fatores ambientais, manejo, condições nutricionais e outras substâncias (DILKIN, 2002). O processo físico, através do uso de adsorventes misturados a rações é o mais utilizado atualmente. Os materiais adsorventes, não nutritivos, se unem à micotoxina no trato gastrintestinal, diminuindo a biodisponibilidade da micotoxina e associações tóxicas. Os adsorventes mais eficientes são aqueles que conseguem adsorver o maior número de micotoxinas diferentes. Dentre todos esses métodos de descontaminação, a utilização de adsorventes ligados a micotoxina, é o caminho mais aplicado para proteger animais contra os efeitos prejudiciais das rações contaminadas com as toxinas fúngicas (HUWIG et al., 2001). Os compostos de aluminosilicato de sódio e cálcio (ASSCA) na concentração de 0,5% na ração têm apresentado um resultado positivo na diminuição dos efeitos adversos de aflatoxinas em varias espé- cies. Diversos experimentos demonstraram também que a bentonita sódica é um ótimo adsorvente para aflatoxinas em aves, da mesma maneira que os ASSCA (MALLMANN et al., 2007). O glucomanano (GM), outro adsorvente bastante utilizado, é um polímero extraído da parede celular de leveduras. Estudos realizados por Swamy et al. (2002) investigaram os efeitos do GM adicionado na dieta e observaram um aumento na ingesta e redução da atividade da gamaglutamil-transferase, um indicador de danos hepáticos, reduzindo o efeito da toxina, favorecendo o ganho de peso e crescimento. O cultivo do jundiá (Rhamdia quelen) vem crescendo progressivamente no sul do Brasil, devido ao interesse das instituições de pesquisas. É uma espécie nativa de grande representatividade e interesse econômico, apresenta excelente adaptabilidade a diferentes ambientes, sendo amplamente utilizada na piscicultura. Além disso, possui boa aceitação pelo mercado consumidor (GOMES et al., 2000). Muito são os efeitos negativos na produtividade de peixes causados por aflatoxinas no desenvolvimento dos animais durante o período de cultivo, sendo que a perda ao final é irreparável, contribuindo para o insucesso da criação. Portanto torna-se imperativo a continuidade a esse tipo de investigação para buscar resultados mais conclusivos, principalmente pela ação do adsorvente no desenvolvimento dos peixes. Portanto, visando à utilização de uma espécie nativa e adaptada às condições climáticas da região sul no estado do Rio Grande do Sul. O presente trabalho teve como objetivo testar diferentes níveis de aflatoxinas (AFs) e dois tipos de adsorvente (ASSCA e GM) em rações para juvenis de jundiá (Rhamdia quelen) avaliando seu efeito no desempenho zootécnico. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no Laboratório de Ictiologia do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas. O experimento deu-se no período de outubro a dezembro de 2007, com duração de 60 dias. Foram utilizadas 27 caixas de polipropileno com capacidade de 250 L, abastecidas com 200 L de água, num sistema de criação fechado e termo regulado. O sistema tem capacidade de 20000 L de água, abastecida através de um reservatório externo com água proveniente de um poço artesiano. Manteve-se a circulação da água nas unidades experimentais com um volume de 1,3 L/min, durante as 24 horas do dia. LOPES, P. R. S., POUEY, J. L. O. F., ENKE, D. B. S., MALLMANN, C. A., CORREA, G. F., SANTIAGO, M. F., SOQUETTA, M. 15 Para o experimento utilizou-se 189 juvenis de jundiá (Rhamdia quelen) com peso médio de 43,13 g, obtidos através de reprodução induzida a partir de matrizes do próprio setor (UFPel), criadas em tanque de terra, alimentadas com ração comercial contendo 45% de proteína bruta, além do plâncton originado pela adubação. Todos os peixes foram submetidos a um jejum de 24 horas antes de iniciar o experimento. Após este período selecionou-os, para que fossem realizadas as biometrias iniciais (peso e comprimento). A densidade de estocagem foi de 7 juvenis por unidade experimental. A alimentação foi ministrada duas vezes ao dia (9 e 16 horas), na proporção de 5% da biomassa. Ajustou-se a taxa de arraçoamento quando da reali- Tabela 1. zação da biometria mensal por unidade experimental, com reposição dos mesmos. Diariamente efetuou-se a limpeza das caixas, através de sifão, retirando-se os resíduos existentes nas mesmas, sendo contabilizada a eventual mortalidade. A troca diária de água foi na ordem de 5%, observando-se a necessidade de sifonagem dos dejetos e resíduos das rações. Calculou-se a dieta dos peixes de acordo com Coldebella; Radünz Neto (2002), na qual foram incluídos os níveis de aflatoxinas (AFs) e dos adsorventes (ADS) comforme os tratamentos (Tabela 1). Os ADS adicionados nas dietas dos alevinos foram: Aluminosilicato de cálcio e sódio (ASSCA) e o Glucomanano (GM). As dietas experimentais foram isoprotéicas e isocalóricas, contendo 35,2% proteína bruta e 3444 kcal kg-1 de energia digestível. Formulação e composição da ração experimental para jundiá (Rhamdia quelen), Pelotas-RS, 2007. Ingredientes % % % Farinhas de carne e osso 35,00 35,00 35,00 Farelo de soja 24,01 24,01 24,01 Milho triturado (grãos) 19,21 19,21 19,21 Farelo de trigo 6,70 6,70 7,00 Óleo de canola 13,03 13,03 13,03 Sal comum iodado1 1,00 1,00 1,00 Premix vitamínico e mineral2 0,75 0,75 0,75 Adsorvente® (GM1) 0,3 (ASSCA ) 2 Total Composição bromatológica da ração experimental 100 0,3 100 100 (%) Proteína bruta 35,22 Materia seca 90,73 Cinzas 10,65 Extrato etéreo 16,16 Fibra bruta 2,54 Cálcio 3,2 Fósforo 1,87 Energia digestível kcal kg-1 - 3444,4 1- Segundo LUCHINI (1990); 2- Composição do premix vitamínico (por kg): Vit.A: 6.000.000 UI; Vit. D: 1.000.000 UI; Vit. E: 100.000; Vit. K: 5.000 UI; Riboflavina: 10.000 mg; Ác. Pantotênico: 30.000 mg; Niacina: 60.000 mg; Vit. B12: 20.000mcg; Biotina: 600 mcg; Ác. Fólico: 2.500 mg; Tiamina: 10.000 mg; Piridoxina: 20.000 mg; Cobre: 12.001 mg; Ferro: 75.000 mg; Manganês: 99.974 mg; Iodo: 998 mg; Selênio: 250 mg; Zinco: 90.001 mg. ®1 (Mycosorb) doado pela empresa Altech ®2 ASSCA doada pela empresa Vulgel. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 13-21, jul./dez. 2010 16 As rações eram preparadas no laboratório de Ictiologia do Departamento de Zootecnia. Os tratamentos avaliados incluíam diferentes níveis de aflatoxinas, as quais foram produzidas no Laboratório de Análises Micotoxicológicas - LAMIC-UFSM, certificado pelo INMETRO e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da fermentação de arroz parbolizado com uma cepa do fungo Aspergillus parasiticus. O arroz previamente esterilizado, e após ter sido inoculado era adicionado a um erlenmayer e colocado em agitador orbital com controle de temperatura pelo período de 6 dias. Os ingredientes utilizados na ração experimental estavam isentos de contaminação natural e analisados no LAMIC-UFSM, somente após rigoroso teste por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Esse cuidado se explica por tratar-se de inclusão artificial de aflatoxinas na dieta, sem que haja interferência de toxinas do próprio alimento. O pó de arroz fermentado (contendo aflatoxinas) foi acrescido à ração dos peixes, após uma prévia mistura com farelo de milho, que em seguida misturou-se aos demais ingredientes da ração em um misturador mecânico com capacidade para 5 kg, após este procedimento a ração foi peletizada e levada a estufa a 50ºC (48 h), após o processamento manteve-se em lugar seco, escuro e resfriado para evitar qualquer tipo de aparecimento e proliferação de outros fungos. Uma fração de cada tratamento enviou-se para o LAMIC -UFSM para nova análise, após obter a confirmação da quantidade de toxina, acrescentadas nas dietas. As aflatoxinas e os adsorventes na ração nos seguintes níveis: ração sem ADS: (T0 - controle; T1 - 50 μgAFkg-1; T2 - 100 μgAFkg-1); ração + 0,3% ASSCA: (T0- controle; T150 μgAFkg-1; T2- 100 μgAFkg-1); ração + 0,3% GM: (T0- controle; T1- 50 μgAFkg-1; T2- 100 μgAFkg-1). Ao final do período experimental, após jejum de 24 h, submeteram-se os peixes à biometria para determinação das seguintes variáveis: - Peso médio final, crescimento (comprimento total e padrão), ganho de peso diário (peso final - peso inicial/período experimental), biomassa (peso médio final - peso médio inicial x número de final de peixes), rendimento de carcaça (peso do peixe eviscerado x 100/peso final), taxa de crescimento especifico (100 x ((In peso final – In peso inicial)/ dias)) e sobrevivência. Para a avaliação do rendimento de carcaça retirou-se uma amostra de 10 peixes de cada tra- tamento ao final do experimento. Para esta determinação utilizou-se bisturi e tesoura, sendo que o corte para a retirada das vísceras foi feito em toda linha ventral, retirando-se as vísceras e brânquias. Determinou-se o rendimento da carcaça, através do cálculo do peso total dos peixes menos o peso das vísceras, expresso em percentagem, conforme descrito por Melo et al. (2002). Também monitorou-se diariamente (09:00 e às 16:00 h) os parâmetros da qualidade da água nas unidades experimentais (O2D, amônia total, alcalinidade, pH e temperatura) com auxílio de um oxímetro digital e kit colorimétrico. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três níveis de aflatoxinas, dois adsorventes distintos (ASSCA e GM), e três repetições cada. Os resultados foram submetidos à ANOVA, para comparação entre as médias o teste de Tukey (5%) e análise de contrastes. Utilizou-se o programa estatístico SAS (1997) para analises dos resultados observados. RESULTADOS E DISCUSSÃO As condições ambientais foram uniformes entre os tratamentos, tendo em vista a utilização do sistema de recirculação fechado termo-regulado, não interferindo nos resultados. Os valores obtidos para temperatura da água: (23,6±3,5ºC), oxigênio dissolvido: (5,4±1,5 mgL-1), amônia total: (0,5±0,1 mgL-1), alcalinidade: (55±6,2 mgL-1) e pH (7,7±0,8), estão adequados para o desenvolvimento do jundiá Piedras et al. (2004). Os resultados de desempenho de crescimento dos juvenis de jundiá, com a inclusão de diferentes níveis de aflatoxinas e de adsorventes (ASSCA e GM), estão apresentados na tabela 2. Os resultados da análise estatística indicam que houve diferença significativa dentro dos tratamentos, para peso final (P=0,0001) e TCE (P=0,0004) em relação ao tratamento controle. Os juvenis de jundiá alimentados com uma dieta contendo aflatoxinas (50 e 100 μgAFkg-1) sem ADS, apresentaram redução gradual do ganho de peso conforme o aumento nos níveis de aflatoxinas com redução em torno de 26,6% no maior nível de inclusão das aflatoxinas (100 μgAFkg-1). Não apresentando mortalidade dos peixes ao longo do período experimental. LOPES, P. R. S., POUEY, J. L. O. F., ENKE, D. B. S., MALLMANN, C. A., CORREA, G. F., SANTIAGO, M. F., SOQUETTA, M. 17 Tabela 2. Resultados de crescimento aos 60 dias, dos juvenis de jundiá (Rhamdia quelen) alimentados com rações contendo diferentes níveis de aflatoxinas, aluminosilicato e glucomanano, Pelotas-RS, 2007. Tratamentos (μg AFkg-1) Aflatoxina Aflatoxina + 0,3% GM Aflatoxina + 0,3% ASSCA CV (%) Peso inicial (g) Peso final (g) TCE T0 0 42,45±5,65ªA 70,01±4,11ªA 1,71±0,13ªA T1 50 43,29±5,49ªA 54,76±8,19bB 1,48±0,34bB T2 100 43,26±5,01ªA 51,39±11,58bB 1,43±0,38bB T0 0 40,70±5,66ªA 66,94±3,64ªA 1,57±0,22ªA T1 50 44,66±5,81ªA 63,62±4,12ªA 1,66±0,28ªA T2 100 45,83±4,99ªA 59,79±5,32bA 1,65±0,34ªA T0 0 41,80±0,40ªA 56,91±5,41ªB 1,36±0,22ªB T1 50 43,48±5,65ªA 49,53±5,85bC 1,50±0,26ªB T2 100 42,90±5,96ªA 50,70±7,20bB 1,40±0,28aB 12,52 11,66 18,9 - TCE: taxa de crescimento específico Letras minúsculas diferentes nas colunas, dentro de cada tratamento, apresentam diferença significativa (P<0,05). Letras maiúsculas diferentes nas colunas, para cada nível entre os tratamentos, apresentam diferença significativa (P<0,05). A redução observada de crescimento dos animais alimentados com 50 e 100 μgAFkg-1 na ração nesse experimento, está de acordo com Roberts; Sommerville (1982 apud CONROY, 2000), quando descreveram que tilápias alimentadas com níveis acima de 100ppb de aflatoxinas B1 e B2 apresentaram crescimento reduzido. Resultados semelhantes também foram encontrados por Tuan et al. (2002) com níveis de inclusão de 100 ppm de aflatoxina B1 kg-1 na dieta de alevinos de tilápias (Oreochromis niloticus), observaram acentuada redução do ganho de peso, porém, apresentaram mortalidade. Aranas et al. (2002), também notaram redução de ganho de peso em alevinos de tilápias (Oreochromis niloticus), com níveis de 80 μgAFkg-1 na dieta. Entretanto, Lopes et al. (2005) ao conduzirem um experimento com alevinos de jundiá (Rhamdia quelen) verificaram a diminuição de ganho de peso, com inclusão de 204 μgAFkg-1 na dieta, por 45 dias experimentais. Os resultados de biomassa e ganho de peso diário também apresentaram diferença significativa (P=0,0001) quando alimentados com dietas contendo aflatoxinas (50 e 100 μgAFkg-1), comparados com o tratamento controle. Entretanto, não ocorreu diferença significativa para rendimento de carcaça, e sobrevivência, dentro dos tratamentos (Tabela 3). Resultados semelhantes foram encon- trados em alevinos de jundiá (Rhamdia quelen) por Lopes et al. (2005), que verificaram a diminuição de ganho médio diário, com nível de inclusão de 204 μgAFkg-1 na dieta experimental. Estes autores relatam que não houve diferença significativa para rendimento de carcaça e sobrevivência. Para alevinos de tilápia dose menor de aflatoxinas na dieta (5 μg) apresentou efeito negativo sobre o desempenho zootécnico de alevinos de tilápia (CONROY, 2000). Manning et al. (2005) ao alimentarem alevinos de channel catfish (Ictalurus punctatus) com 20 μgAFkg-1 numa dieta prática, observaram que não houve diminuição no ganho de peso, consumo alimentar e demonstrando ser uma espécie resistente a toxina. Resistência à intoxicação por aflatoxina, também foram relatados por Sahoo; Mukherjee (2002) ao injetarem aflatoxinas intramuscular (1,25 mgAfkg-1 em cada peixe) por 60 dias em alevinos de carpa indiana (Labeo rohita), não observaram mortalidade, entretanto, verificaram redução do ganho de peso. A biomassa também apresentou diferença significativa (P=0,0001) em relação ao tratamento controle sem aflatoxina e quando adicionado o ADS com glucomanano na dieta dos juvenis, foi possível observar que houve uma ligeira melhora no desempenho zootécnico dos animais em relação ao ASSCA (Tabela 3). Resultados da diminuição de biomassa foram encontrados por Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 13-21, jul./dez. 2010 18 Chávez-Sánchez et al. (1994), que observaram durante os primeiros 25 dias, o efeito da inclusão de aflatoxinas (7,52, 15 e 30 mgAFB1 kg-1) na dieta de alevinos de tilápia (Oreochromis niloticus) uma diminuição no consumo alimentar, onde biomassa Tabela 3. Desempenho zootécnico dos juvenis de jundiá (Rhamdia quelen) após 60 dias experimentais alimentados com dieta contendo aflatoxinas, aluminosilicato e glucomanano, Pelotas-RS, 2007. Tratamentos (μg AFkg-1) Aflatoxina Aflatoxina + 0,3 ADSGM Aflatoxina + 0,3% ASSCA CV (%) do tratamento controle representa 20 vezes mais do que o peso inicial (P<0,01). Lopes et al. (2005) também observaram queda acentuada na biomassa quando submeteram os alevinos de jundiá a dieta com altos níveis de aflatoxinas. Rendcar (%) Biomassa (g) GPD (g) T0 Controle 82,82±7,03ªA 578,8±130,8ªA 0,46±0,10ªA T1 50 78,75±5,28ªA 240,8±176,5bB 0,19±0,11bB T2 100 78,78±3,59ªA 170,8±278,4bB 0,13±0,22bB T0 Controle 82,68±5,16ªA 550,9±128,4ªA 0,43±0,10ªA T1 50 78,04±6,05ªA 398,1±155,4bA 0,31±0,12bA T2 100 75,36±10,07ªA 293,2±152,3cA 0,23±0,12bA T0 Controle 82,14±4,72ªA 312,3±140,2ªB 0,24±0,11ªB T1 50 78,78±3,59ªA 127,0±136,5bC 0,10±0,10bC T2 100 78,48±4,93ªA 164,1±155,5bB 0,13±0,12bB - 7,49 54,39 54,89 Rendcar: Rendimento de carcaça; GPD: ganho de peso diário; Letras minúsculas diferentes nas colunas, dentro de cada tratamento, apresentam diferença significativa (P<0,05). Letras maiúsculas diferentes nas colunas, para cada nível entre os tratamentos, apresentam diferença significativa (P<0,05). Os valores observados para rendimento de carcaça entre os tratamentos não apresentaram diferença significativa (P>0,05) para todos os tratamentos propostos, ficando em torno de 79,46%. Semelhantes resultados foram descritos por Lopes et al. (2005) com valores de 204 μgAFkg-1 para alevinos de jundiá num sistema semelhante de criação, encontrando 82,16% no rendimento de carcaça. Em relação à sobrevivência nesse experimento, pode-se afirmar que os alevinos de jundiás apresentam uma alta resistência a intoxicação por aflatoxinas. Resultado semelhante foram encontrados por Lopes et al. (2005), com jundiá intoxicados por 45 dias experimentais, com níveis entre 41 a 204 μgAFkg-1, obtendo 100% de sobrevivência. Entretanto, Chavez-Sanchez et al. (1994), com inclusão de aflatoxina até 20 mgAFkg-1 na dieta de alevinos de tilápias após 25 dias experimentais, observaram elevada mortalidade. Tuan et al. (2002), também notaram mortalidade de 60% em alevinos de tilápias alimentados por 8 semanas com 100 mgAFkg-1. Entretanto Farabi et al. (2006) observaram mortalidade de 8,6% quando alimentaram juvenis de Huso huso com dieta contaminada com 10 μgAFkg-1, num período de 40 dias. Os tratamentos com aflatoxinas e com inclusão do adsorvente glucomanano (GM) nas dietas dos juvenis de jundiá, apresentaram diferença significativa para peso final, TCE, biomassa e ganho de peso diário entre os tratamentos quando contrastados por níveis de inclusão semelhante (Tabela 3). Os resultados observados indicam que os tratamentos que continham o adsorvente glucomanano melhorou os índices zootécnicos dos animais em relação aos tratamentos que apresentavam o adsorvente aluminosilicato de sódio e cálcio e também aos tratamentos sem adsorventes, não diferindo com os tratamentos controle (sem AFs e ADS) na dieta. Os tratamentos com 50 μgAFkg-1 e 0,3% de GM foi 28,4% LOPES, P. R. S., POUEY, J. L. O. F., ENKE, D. B. S., MALLMANN, C. A., CORREA, G. F., SANTIAGO, M. F., SOQUETTA, M. 19 (P<0,05) melhor do que o que continha ASSCA para peso final, TCE, GPD e biomassa dos animais. Os tratamentos com 100 μgAFkg-1 e 0,3% de GM também demonstrou-se 17,9% melhor na adsorção das aflatoxinas, contribuindo no desempenho satisfatório dos animais intoxicados (P<0,05), para peso final, TCE, GPD e biomassa em relação aos tratamentos com ASSCA, não diferindo do tratamento controle (sem AFs e ADS). Resultados semelhantes foram encontrados por Swamy et al. (2002) com adição de 0,2% de GM na dieta de suínos contaminadas com micotoxinas do genero Fusarium, para peso corporal e crescimento. Ellis et al. (2000) testando adsorvente (bentonita sódica) em juvenis de truta (Oncorhynchus mykiss) alimentadas com dietas contendo 20 μgAFkg-1, afirmaram que a inclusão de 2% de ADS na dieta reduz significativamente a absorção da aflatoxina pelo organismo animal. Segundo Uhida et al. (2000) os benefícios da utilização do adsorvente na ração em relação ao ganho de peso e conversão alimentar ainda não são bem definidos, sendo que a necessidade de utilizar nível de inclusão alto (6%) e que para outros organismos monogástricos, nível de 2% de bentonita sódica na dieta não foram o suficiente para adsorver as micotoxinas. Embora, Tomasevic-Canovic et al. (2003) afirmaram que a preparação e o processo de elaboração e inclusão do adsorvente na dieta, influência na absorção das micotoxinas. Ao longo dos 60 dias do experimento observou-se algumas características morfológicas nos juvenis que receberam dieta contaminada (50 e 100 μgAFkg-1) como despigmentação parcial da pele, próximo ao pedúnculo caudal. Sinais de aflatoxicose também foram observados por Farabi et al. (2006) com juvenil de Huso huso em dietas contaminadas com aflatoxinas. Entretanto, alevinos de tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) alimentados com uma dieta contaminada com aflatoxinas (75 e 100 μgAF kg-1), não apresentaram anormalidade morfológica e não ocorreu mortalidade ao final de 12 semanas experimentais (LIM et al., 2001). Embora, podem aparecer sinais clínicos, sintomas e um quadro patológico específico, dependendo da micotoxina ingerida, da susceptibilidade das espécies, das condições individuais do organismo e interações ou não com outros fatores (MALLMANN et al., 2007). CONCLUSÕES A ingestão de aflatoxinas influenciou negativamente o crescimento dos juvenis de jundiá; o adsorvente a base de glucomanano reduziu satisfatoriamente a ação das aflatoxinas contribuindo com o desenvolvimento peixes estudados. Adsorbents effect on jundiá (Rhamdia quelen) juveniles fed diets contaminated with aflatoxins ABSTRACT The effects of aflatoxins(AF) and two adsorbents(ADS: Aluminiossilicato ASSCA and Glucomane GM) on jundiá (Rhamdia quelen) juveniles performance were evaluated. One hundred and eighty nine (189) fishes were used, with average initial weight of 43.13 g, raised in thermo-regulated recirculation water system during 60 days Toxins and adsorbents were included in the ration at the following levels: diet without ADS: (T0 - control, T1 - 50 μgAFkg-1, T2 - 100 μgAFkg-1); Diet with 0.3% ASSCA: (T0-control; μgAFkg T1-50-1, T2-100 μgAFkg-1); Diet with 0.3% GM: (T0-control; μgAFkg T1-50-1, T2-100 μgAFkg-1). Negative effect of aflatoxins significantly (P<0,05) reduced weight gain, final biomass, daily average gain and specific growth of jundiá juveniles, proportionately to increasing levels of aflatoxins in diet, compared to the control treatment, withou mortality occurrence. Additon of 0.3% of glucomane in diet counteracts the negative effects of aflatoxins on jundiá juveniles. Keywords: micotoxin, aluminum silicate, glucomane, nutrition, fish. REFERÊNCIAS ARANAS,S.;TABATA,S.;SABINO,M.;RIGOLINO,M.G.; HERNANDEZ-BLAZQUEZ,F.J. Differential effect of chronic aflatoxin B1 intoxication on the growth performance and incidence of hepatic in triploid and diploid rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Archives Medical Veterinary, v. 34, n. 2, p.253-263, 2002. CANOVI,M.T.;DAKOVI,A.;ROTTINGHAUS,G.; MATIJASEVI,S.;DURICIC,M. Surfactant modified zeolites–new effcient adsorbents for mycotoxins. Microporous and Mesoporous Materials, v. 61, p.173–180, 2003. CHÁVEZ-SÁNCHEZ,M.C.;MARTÍNEZ PALACIOS,C. A.;OSORIO,M.I. Pathological effects of feeding Young Orechromis niloticus diets supllemented with different levels of aflatoxin B1. Aquaculture, v. 127, p. 49-60, 1994. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 13-21, jul./dez. 2010 20 COLDEBELLA,I.;RADÜNZ NETO,J. 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Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 13-21, jul./dez. 2010 23 ESTUDO MORFOLÓGICO DOS MÚSCULOS DO BRAÇO DE MÃO-PELADA (Procyon cancrivorus – Cuvier 1798) Kleber Fernando Pereira1, Firmino Cardoso Pereira2, Vanessa Morais Lima3 RESUMO O mão-pelada é um mamífero carnívoro da família Procyonidae, de ampla distribuição geográfica, ocupando todos os biomas nacionais. A anatomia do Procyon cancrivorus é uma lacuna entre os vários carnívoros silvestres existentes e pode ser comparada com os carnívoros domésticos, como o cão e o gato. O que objetivou o presente estudo na caracterização dos músculos do braço desse animal pouco estudado. Para tanto utilizou-se cinco animais mortos por acidentes em rodovias. Os músculos foram dissecados e observaram-se suas inserções proximais e distais: M. bíceps do braço, M. tríceps do braço, M. ancôneo e M. tensor da fáscia do antebraço. Eles são inervados pelo nervo radial e irrigados pela artéria braquial e seus ramos. Há grande similaridade entre os músculos do braço do carnívoro silvestre (mão-pelada) e dos carnívoros domésticos (cão e gato). Palavras-chave:músculos, braço, mão-pelada. INTRODUÇÃO O cerrado brasileiro está entre as 25 áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade mundial. Esse bioma é a segunda maior formação vegetal do Brasil, presente no planalto central e ocupando quase 25% do território nacional. Apresenta uma flora rica e sua fauna é bem diversificada, composta por muitas espécies endêmicas, raras e/ou ameaçadas de extinção. Dentre os mamíferos destacam-se o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tricactyla), o tatu-canastra (Priodontes maximus), a jaguatirica (Leopardus pardalis) e o mão-pelada (Procyon cancrivorus). 1 2 3 Segundo Câmara; Murta (2003) os mamíferos exercem um grande fascínio sobre todos nós, talvez por sermos também mamíferos. Nossa empatia por esses animais nos faz buscar conhecê-los melhor. Sua diversidade, especialmente no Brasil, é muito rica, oferecendo-nos um vasto campo para estudos. O Procyon cancrivorus, popularmente conhecido como mão-pelada, guaxinim ou jaguacinim, possui uma distribuição geográfica ampla, estendendo-se desde a América Central (Costa Rica e Panamá) até o Uruguai, nordeste da Argentina e Brasil. No território brasileiro habita todos os biomas: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Campos Sulinos (VIEIRA, 1955; CARVALHO, 1983; FONSECA et al., 1996; EMMONS; FEER, 1997; CÂMARA; MURTA, 2003; SILVA et al., 2004; LIM et al., 2006; CUBAS et al., 2006). Está entre as espécies de carnívoros brasileiros menos estudados (MORATO et al., 2004). Investigações científicas na área de sanidade animal não poderiam se desenvolver se não fossem os animais experimentais utilizados como modelos em protocolos de pesquisa cujos resultados são extrapolados para outras espécies (AVERSI-FERREIRA et al., 2005). Tendo em vista a diversidade de mamíferos existentes, o objetivo do presente trabalho é o estudo do arranjo morfológico apresentado pelos músculos do braço, e, além disso, acrescentar informações indispensáveis ao desenvolvimento da anatomia comparativa entre os mamíferos, neste caso, os carnívoros. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados cinco espécimes recolhidos pós-morte, vítimas de atropelamentos em rodovias, cujos critérios obedeceram ao Comitê de Ética Institucional e a Lei vigente (1.153/95). Educador Físico. Doutor. Professor Assistente. Curso de Ciências Biológicas. Universidade Federal de Goiás(UFG). Rua 21, n.261, quadra 34, lote 27, setor Residencial das Brisas. 75803-505. [email protected]. Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas(UFG). Bióloga. Mestranda em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Faculdade Medicina Veterinária e Zootecnia(FMVZ). Universidade de São Paulo(USP). Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 23-28, jul./dez. 2010 24 Inicialmente fez-se uma abertura abdominal, realizando-se a identificação, isolamento e canulação da artéria aorta abdominal, perfusão com água aquecida (40 ºC) e injeção de látex corado (Neoprene 450, Dupont do Brasil e Suvinil Corante, Glasurit S.A), seguido de fixação em formaldeído (10%) dos espécimes. E o armazenamento dos animais deu-se em cubas opacas tampadas para evitar a penetração da luz e a evaporação do formol. Realizou-se a dissecação para que fosse possível o estudo da musculatura do braço dos animais, visualizando suas inserções proximais e distais, suas localizações, irrigações e inervações. Posteriormente, os resultados obtidos foram documentados com câmera fotográfica digital (Sony Cyber-shot, 8.1 megapixels) e comparados com dados da literatura de animais domésticos, como cão e gato, e adotados, sempre que possível, as respectivas designações anatômicas para o grupo muscular em ênfase, obedecendo a Nomina Anatômica Veterinária. RESULTADOS Em Procyon cancrivorus o músculo bíceps do braço possui apenas uma cabeça, tem inserção proximal, por um tendão no tubérculo supraglenóide, é um músculo fusiforme que se insere distalmente, por intermédio de dois tendões, nas tuberosidades ulnar e radial (Figura 1). * 1 3 2 Figura 1. Fotografia da face cranial do braço direito do Procyon cancrivorus, onde evidenciam os músculos: 1) tríceps do braço (cabeça lateral); 2) braquial; 3) bíceps do braço e deltóide (asterisco). Ainda na figura 1 podemos notar os músculos braquial e deltóide. O músculo braquial possui inserção proximal no terço proximal da superfície lateral do úmero e inserção distal na tuberosidade do rádio. Tem a função de flexionar o cotovelo. O músculo deltóide compõe-se de dois ventres musculares que se fundem, um que possui inserção proximal na espinha da escápula e outro no acrômio PEREIRA, K. F., PEREIRA, F. C., LIMA, V. M. da escápula, mas inserem-se distalmente, juntos, na tuberosidade deltóidea. O músculo tríceps do braço consiste em quatro cabeças: longa, lateral, acessória e medial. Com um tendão único que se insere distalmente no olécrano. Somente a cabeça longa insere-se proximalmente na escápula, todas as outras três cabeças possui inserção proximal no úmero (Figuras 1 e 2). 25 4 1 2 3 Figura 2. Fotografia da face medial esquerda do braço do Procyon cancrivorus, onde se observa os músculos: 1) cabeça lateral do músculo tríceps do braço, após remoção do músculo tensor da fáscia do antebraço (seta); 2) cabeça medial do músculo tríceps do braço; 3) bíceps do braço; e ainda 4) nervo ulnar. O músculo ancôneo possui inserção proximal na crista epicondilar lateral e no epicôndilo lateral do úmero, inserindo-se distalmente ao longo da superfície lateral da extremidade proximal da ulna (Figura 3). 2 1 Figura 3. Fotografia da face lateral do braço esquerdo do Procyon cancrivorus, onde se destaca os músculos (1) ancôneo e o (2) tríceps do braço (cabeça lateral), para a observação desses músculos removeu-se o músculo tensor da fáscia do antebraço (seta). Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 23-28, jul./dez. 2010 26 O músculo tensor da fáscia do antebraço localiza-se ao longo da superfície caudomedial da porção longa do músculo tríceps do braço e insere-se distalmente no olécrano e também na fáscia antebraquial. São inervados por nervos oriundos do plexo braquial, mais especificamente por ramos dos nervos mediano e ulnar. E são vascularizados pela artéria e veia braquiais (Figura 4). 1 3 2 4 Figura 4. Fotografia da face medial direita do braço do Procyon cancrivorus, onde constata-se: 1) nervo ulnar; 2) veia braquial; 3) nervo mediano e 4) artéria braquial. DISCUSSÃO Os músculos estabelecem o contorno morfológico característico de cada espécie e são os órgãos ativos do movimento (DI DIO et al., 2003). A forma e disposição de cada músculo têm uma relação direta com a natureza de sua ação e a força por ele executada (AVERSI-FERREIRA et al., 2006). Em Procyon cancrivorus a diáfise do úmero fica encoberta lateralmente pela cabeça lateral do músculo tríceps do braço, cranialmente pelo bíceps do braço e caudalmente pelas demais cabeças do tríceps braquial (DYCE et al., 1997). Segundo Sisson; Grossman (1986) o músculo bíceps do braço possui uma única cabeça e tem inserção proximal, por um tendão longo, e forte, no tubérculo supraglenóide. O tendão dá origem a um músculo fusiforme que se insere distalmente, por intermédio de dois tendões, nas tuberosidades ulnar e radial, na presente investigação são similares as citações dos autores anteriormente mencionados. Esse músculo estende a articulação do ombro e flexiona a articulação do cotovelo. O músculo tríceps do braço consiste em quatro cabeças que se situam caudalmente à PEREIRA, K. F., PEREIRA, F. C., LIMA, V. M. articulação do ombro e inserem-se no olécrano. A cabeça longa é a maior e tem inserção proximal na borda caudal da escápula (estende o cotovelo e flexiona o ombro); a cabeça lateral insere proximalmente por uma aponeurose na crista lateral do úmero (estende o cotovelo); a cabeça medial possui inserção proximal na área da tuberosidade redonda do úmero (estende o cotovelo); e a cabeça acessória insere-se proximalmente no colo do úmero (estende o cotovelo) (SISSON; GROSSMAN, 1986; POPESKO, 1990; EVANS; de LAHUNTA, 1994; DYCE et al., 1997). O músculo anconeu (SISSON; GROSSMAN, 1986) ou ancôneo (DYCE et al., 1997; AVERSI-FERREIRA et al., 2006; POPESKO, 1990; EVANS; de LAHUNTA, 1994; BOYD et al., 1998; SCHALLER, 1999) possui inserção proximal na crista epicondilar lateral e no epicôndilo lateral do úmero, inserindo-se distalmente ao longo da superfície lateral da extremidade proximal da ulna. Sua ação é estender o cotovelo. De acordo com Sisson; Grossman (1986), Evans; de Lahunta (1994) e Dyce et al. (1997) o músculo tensor da fáscia do antebraço é uma fina lamina, que se situa ao longo da superfície caudomedial da cabeça longa do músculo tríceps 27 do braço e estende-se da escápula até inserir-se distalmente no olécrano, assim como encontrado nos animais analisados. Este músculo flexiona a articulação do ombro, tensiona a fáscia antebraquial e estende o cotovelo. Evans; de Lahunta (1994) informam que o plexo braquial é formado pelos ramos ventrais dos nervos espinhais cervicais (C6 C7 e C8) e nervos espinhais torácicos (T1 e T2). Esses ramos passam entre as vértebras, emergem junto à borda ventral do músculo escaleno e se estendem, através do espaço axilar, para o membro torácico. Do plexo emergem nervos, de origens mistas, que inervam as estruturas do membro torácico, como os músculos adjacentes e a pele. Os nervos mediano e ulnar surgem do plexo braquial de um tronco comum do nervo espinhal cervical (C7) e espinhais torácicos (T1 e T2). O tronco comum localiza-se na cabeça medial do músculo tríceps do braço, entre a veia e a artéria braquiais. O nervo mediano direciona-se para o antebraço em contato com a superfície caudal da artéria braquial. O nervo ulnar cruza a articulação do cotovelo caudalmente ao epicôndilo medial do úmero (POPESKO, 1990; EVANS; de LAHUNTA, 1994). CONCLUSÃO Há grande similaridade entre os músculos do braço do carnívoro silvestre (mão-pelada Procyon cancrivorus) e dos carnívoros domésticos (cão e gato), especificamente no que diz respeito a sua morfologia, inervação e vascularização. Morphological study of arm muscle of crabeating raccoon (Procyon cancrivorus - Cuvier 1798) ABSTRACT The crab-eating raccoon is a carnivorous mammal of the family Procyonidae, geographically widespread, occupying all national biomes. The anatomy of Procyon cancrivorus is a gap between the existing wild carnivores and can be compared with the domestic carnivores such as dog and cat. There is little scientific data on the anatomy of these animals. Thus, the objective of this study was to characterize the muscles of the arms of Procyon cancrivorus. Five animals killed by accidents on highways were used. The muscles were dissected and observed at the proximal and distal insertions of muscles: M. biceps, M. triceps brachii, M. anconeus and M. tensor fascia of the forearm. They are innervated by radial nerve and irrigated by the brachial artery and its branches. There are great similarities between the muscles of the arm of wild carnivorous (crab-eating raccoon) and domestic carnivores (dogs and cats). Keywords: muscles, arm, Crab-eating raccoon. REFERÊNCIAS AVERSI-FERREIRA,T.A.;AVERSI-FERREIRA,R.A. e G.M. de F.;SILVA,Z.;GOUVÊA-e-SILVA, L.F.;PENHA-SILVA,N. Estudo anatômico de músculos profundos do antebraço de Cebus apella (Linnaeus, 1766). Acta Sci. Biol. Sci., Maringá, July/Sept., 2005. v.27, n.3, p. 297-301. AVERSI-FERREIRA,T.A.;VIEIRA,L.G.;PIRES,R. 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All animals were Halothane gene free, genotyped by PCR-RFLP. No significant difference for pH 24 hours, intramuscular fat, and carcass quality were found among the three lines. However, differences related to DL, color, and WHC were found. Concluding, the inclusion of the Duroc breed in the paternal line composition improved the meat quality, and German Landrace breed is a good alternative regarding meat color. Keywords: genetics, Halotane gene, PCR-RFLP, carcass, meat, pig. INTRODUCTION The swine genetic improvement is responsible for the current development of the pig industry. However, only a small proportsyon of all the swine breeds known are used in genetic improvement programs. The pig breeds which are mostly used as paternal lines by the industry are: Landrace, Large White, Duroc, Piétrain and Hampshire. Several trials have been made in order to compare the meat quality traits of the crossbreeds from these lines. Kolstad, (2000) compared three types of crossbreeds produced from the Norwegian Landrace x Duroc line, selected 1 2 3 4 5 for high percentage of lean meat, and Norwegian Landrace selected for high backfat. This work showed that, despite no difference among them at the weaning, there was a significant variation in subcutaneous, intramuscular, and internal fat deposition at slaughter. Another experiment with several commercial and Czechoslovakian local breeds concluded that the best parental line, regarding meat quality traits, was the Large White (ADAMEC et al., 2000). These results were corroborated by Becková; David (2000). On the other hand Nowachowicz et al. (2000) using Duroc, Poland Large White, and Hampshire, showed low capacity of water retention in Poland Large White x Hampshire pigs when compared to the other breeds. The effects of Belgian Large White and Duroc on pH, color patterns, and protein solvability showed the advantage of using the Duroc line to select some meat quality parameters (MICHALSKA et al., 2000). The variations observed in the principal traits among distinct parental lines from several countries are probably due to the differences between breeding lines and, in a particular line, due to the selection applied. For example, Tribout; Bidanel (2000) published genetic parameters from French Landrace and Large White, showing that the genetic correlations among the growing rate and meat quality are practically inexistent. However, the meat quality traits were negatively correlated to feed conversion and lean meat percentage. On the other hand, distinct results were found with Piétrain breed (GEYSEN et al., 2000). It is very important to measure carcass performance (CP) in tests for the evaluation of male lines (FARIAS et al., 1990). In the present study, a mating strategy was outlined to produce offspring from three different male lines, free of the Halothane gene. These paternal lines were crossed with Rezende® maternal lines, in order to determine the carcass and meat quality of their offspring. Médico Veterinário. Doutor. Professor Adjunto III. Faculdade de Medicina Veterinária. (FAMEV). Universidade Federal de Uberlândia(UFU). Rua Ceará s/n Bloco 2T Campus Umuarama, Uberlândia - MG, 38400-092. (34)32182228. [email protected]. Médico Veterinário. Doutor. Pesquisador. EMBRAPA - Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN). Brasília-DF. Biólogo. Doutor. Pós-Doutorando Instituto de Genética e Bioquímica (INGEB). Universidade Federal de Uberlândia(UFU). Biólogo. Doutor. Pesquisador. EMBRAPA - Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN). Brasília-DF. Engenheiro Agrônomo. Doutor. Professor Titular. Instituto de Genética e Bioquímica (INGEB). Universidade Federal de Uberlândia(UFU). Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 29-35, jul./dez. 2010 30 MATERIAL AND METHODS To evaluate carcass and meat quality parameters, 175 and 195 animals were used, respectively. Three boar paternal lines, ½Piétrain and ½Large White - PILW; ½Piétrain and German Landrace - PIGLD; and pure Danish Duroc DD, were mated with ½Large White and ½Landrace LWLD females (Rezende®) in order to produce the experimental animals. Sixteen matings were done for each distinct crossbreed, with eight different boars of each paternal line, and two mates per boar. At least one male and one female of each litter, were sent to slaughter by the end of the finishing phase for meat quality evaluation. The experimental animals were: 48 castrated males and females (PILW x LWLD); 62 castrated males and females (PIGLD x LWLD); 85 castrated males and females (DD x (LWLD). For carcass quality evaluation, 34 males and 27 females, 28 males and 30 females, and 28 males and 28 females from the three lines were dissected accordingly to Antunes et al. (2001). At least one animal of each litter, all of them Halothane free, were used. The animals were slaughtered in accordance to the Brazilian legislation. The fasting period adopted was 15 hours and the resting period at the slaughter plant was 10 hours. The animals were conducted to the restrainer without the use of electric drivers. The process of insensibilization was performed manually with two points for the electric shock, being one in the chest and the other in the head. After the electric insensibilization the animals were bled in a horizontal platform, hanged by the foot, driven to the scalding tank, conducted to the depilation equipment, and then driven to the AUTOFOM to carcass evaluation. After the sniggering process, evisceration, Official Meat Inspection Services (SIF), longitudinal carcass cut, weighing (SCANVET balance), and pH measurement, the carcasses were conduced to the chilling chamber (thermal shock). The total period between electric insensibilization and carcass freezing was 48 minutes. Since the main objective of the meat processing sector of Rezende Alimentos® was the production of ham, all the meat quality measurements were applied to the semimembranosus muscle, which was collected from the shank 24 hours after the slaughter. The following meat quality parameters were determined: pH 24 hours, using an industrial pHmeter (pH-starTM, SFK); Drip Loss (DL) according to Honikel (1987); and Water Holding Capacity (WHC), by the method of compression (GRAU and HAMM, 1953). The color pattern was evaluated in a subjective way, using the Japanese Standard for the Swine Meat (JSSM) as wax standard, varying from 1 to 6 (being 1 the clearest, 6 the darkest), and the intramuscular fat (IMF) was evaluated accordingly to Franco, (1999). The DNA extraction was carried out by the salting out method (BIASE et al., 2002), and the samples were stocked at –20 C. The Hal gene genotyping was conducted under the following conditions: 2mM of Mg Cl2, 1 U of Taq DNA polymerase, 8 nmoles of dNTPs, 10 pmoles of each primer, 50-150 ng of DNA, in a final volume of 20 l, using a PCR program with: 95C for 5 minutes; 35 cycles at 94C for 30 seconds; 56C for 35 seconds; 72C for 30 seconds; and a final extension at 72C for 4 minutes. The amplicons were submitted to an enzymatic digestion using Hha I or BsiHka I enzymes. After digestion, the products were verified in agarose gel (2%) electrophoresis stained with ethidium bromide (0.5 μg/ml) and visualized under UV light. The experiment outline was entirely casual. The sex effect was not considered in the analysis of meat quality or carcass composition. The data were analyzed through the method of minimum squares, using the GLM (General Linear Models) procedures of the computer software SAS (1985), according to the following model: Yij = + li + bzij + eij where: Yij is the observed value of the jth animal, that belongs to the ith male genetic line (i = 1, 2, 3); is the general mean; li is the effect of the ith male genetic line; b is the coefficient of the linear regression for the covariable weight of hot carcass; zij is the observed carcass weight for each animal; and eij is the residual effect associated to the jth animal (repetition). To analyze the percentage of lean meat, we consider the effects of sex and its interaction with line. The data were analyzed according to the following model: Yijk = + li + Sj + lsij + bzijk + eijk where: Yijk is the observed value of the kth animal, that belongs to the ith line (i=1,2, 3), and to the jth sex (j=1, 2); is the general mean; li is the effect of the ith line; sj is the effect of the ith sex; ANTUNES, R. C., FRANCO, M. M., CAPPARELLI, F. E., MELO, E. O., GOULART, L. R. 31 lsij is the effect of the interaction between line and sex; b is the coefficient of the linear regression for the covariable weight of carcass; zijk is the observed carcass weight for each animal; and eijk is the residual effect associated to the jth animal (repetition). The carcass weight was used as covariable for all traits analyzed and the comparison between the means was obtained through the Tukey test. RESULTS AND DISCUSSION It is important to comment that the current study have used a paternal line developed by the Rezende® Company, consisting in a crossbreed from Piétrain and Landrace, which is distinct from the current commercial lines. This crossbreed was outlined in 1998, after the conclusion of a study where the purebred Landrace animals showed very good lean meat production in the shank, despite of its lower total lean meat in the carcass. When compared to Large White, the Rezende line had high production of lean meat in pestle (ANTUNES et al., 1998; FRANCO et al., 1998). Another relevant aspect is the lack of consideration of the sex effect on meat quality in the statistic model; this strategy was taken based on the results obtained by Pommier et al. (1998). Their evaluation has considered Table 1. only the meat quality of Halothane free animals. Originally, the genetic improvement program of Rezende Alimentos® aimed the replacement of Halothane positive animals for Halothane free pigs. Much has been discussed about the eradication or not of the Halothane gene from the swine herds (IRGANG, 2001). Gibson et al. (2001), as well as Nurnberg et al. (2000) recommended its elimination from the swine population of Canada and Germany, respectively. In Brazil, some trials were conducted showing the benefits of the Halothane gene for lean meat production (ANTUNES, 1997; FÁVERO et al., 1997). Recent studies showed that the Halothane free Piétrain, under selection for lean meat, presented a good carcass performance and matched the actual yearnings of the pig industry (LEROY; VERLEYEN, 2000; KORTZ et al., 2000). There were no significant differences for pH 24 hours (P0.05) among the crossbreeds, as shown in Table 1. However, despite not being significant, this result is consistent with the results of color pattern and DL. The DD x LWLD showed higher DL than the PILW x LWLD and PIGLD x LWLD (P 0.01), the same color parameter of PILW x LWLD, but worse than the PIGLD x LWLD (P 0.05). Our results present consistence regarding pH data, but not color data, when compared to the results obtained by Nowachowicz et al. (2000), even though the latter researchers did not find differences in color for the lines using Duroc. Least square means (LSMEANS) and standard deviations (S.D) observed for the evaluated traits, related to the different variables considered, Uberlândia-MG, 2001. PILW x LWLD PIGLD x LWLD DD x LWLD Traits N1 LSMEANS S.D LSMEANS S.D LSMEANS S.D pH 24 hours 113 5.78a 0.12 5.80a 0.09 5.69a 0.17 Drip loss (DL) 195 2.15a 1.04 1.82a 0.42 3.11b 1.78 Color (Japanese method) 195 2.84a,b 0.54 3.05 b 0.82 2.71a 0.68 Water holding capacity (WHC) 195 0.41a 0.05 0.42a 0.05 0.45b 0.05 Intramuscular fat (IMF) 104 2.11a 0.96 1.98a 1.08 2.5a 0.91 Carcass yeld (%) 195 75.1a 1.99 74.7a 3.22 74.1a 3.09 Lean meat percentage (LM%) 175 56.6a 3.3 56.4a 3.5 56.0a 3.0 * Means in the line that do not have a common superscript differ, P < 0.05. 1 N - number of animals evaluated Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 29-35, jul./dez. 2010 32 Regarding the discrepancy observed between WHC, and DL in DD x LWLD, it can be explained by the differences in the parameters evaluated by each methodological approach. While the DL measures only the free water lost spontaneously by gravity, the WHC measures all loss, including the water associated to the myofibers and sarcoplasmic proteins. Although the positive correlation between the WHC and DL is the standard expectation, discrepancies between both methodologies is not uncommonly found in the pig industry evaluations. For intramuscular fat it is interesting to observe that the frequent use of the same male lines is responsible for better meat quality (BAULAIN et al., 2000; BLANCHARD et al., 1999; HERMESH et al., 2000; SCHWORER et al., 2000), moreover, Puigvert et al. (2000) found higher levels of intramuscular fat in the offspring of Duroc compared to Landrace and Large White. However, in the present research we did not find any significant difference for these characteristics (P0.05). Regarding the carcass quality, there were no statistically significant differences among the three lines considering carcass performance and lean meat percentage (P0.05), corroborating the results obtained by Irgang et al. (1997a). Cardoso et al. (1990) observed superior carcass quality in crossbreeds without the presence of Duroc. However, in another trial with these same lines, the crossbreeds with Duroc components showed better growing rates (SOUZA et al., 1990). As to the lean meat percentage, Fávero et al. (1990a,b) showed that Duroc animals with 90 kg and 20.7 mm of backfat, had the worst lean meat percentage compared to Large White and Landrace animals. Some trials in the USA evaluated nine paternal lines showed that the Duroc breeders were the worst in terms of lean meat percentage compared to other meat production lines (JONES, 1998). Furthermore, there was no advantage in including Duroc in the composition of paternal lines (BUSK et al., 2000; IRGANG et al., 1997b; SOUZA et al., 1997). In our experiment the use of Duroc in the finishing crossbreed improved the meat quality in terms of water retention capacity, but showed unsatisfactory results regarding water loss by dripping, which is an undesirable trait in pig industry. However, the carcass performance and lean meat percentage observed in this study were compatible with the demand of pig industry. CONCLUSIONS The inclusion of Duroc in the paternal line improved water holding capacity, but worsen drip loss and color the meat. And it did not negatively affect the carcass performance or lean meat percentage. The use of German Landrace breed has proven also to be a good alternative for the paternal line composition, particularly regarding meat color. Influência da linhagem paterna nas qualidades da carcaça e carne de suínos RESUMO As investigações sobre o efeito de linhas paternas em características de qualidade da carcaça e de carne são muito importantes no intuito de explorar o potencial máximo das raças disponíveis. Para avaliar o efeito da raça na qualidade da carcaça e da carne, foram comparadas as características de 109 machos castrados e fêmeas do cruzamento entre (Piétrain x Large White) x (Large White x Landrace), 120 machos castrados e fêmeas do cruzamento entre (Piétrain x German Landrace) x (Large White x Landrace) e 141 machos castrados e as fêmeas do cruzamento entre (Danish Duroc) x (Large White x Landrace). Foram analisados: pH 24 horas após abate, a perda por gotejamento (PG), a capacidade de retenção de líquido (CRL), gordura intramuscular e cor da carne. Todos os animais eram livres do gene Halotano, genotipados por PCR-RFLP. Nenhuma diferença significativa para pH 24 horas, gordura intramuscular e qualidade de carcaça foi encontrada entre as três linhas. Entretanto, observou-se diferenças relacionadas à PG, cor, e CRL. Pode-se perceber que a inclusão da raça Duroc na composição da linha paternal melhorou a qualidade da carne e a raça German Landrace mostrou-se como uma alternativa favorável em relação à cor da carne. Palavras-chave:genética, gene Halotano, PCR-RFLP, carcaça, carne, suíno. REFERENCES ADAMEC,T.;NADEJE,B.;LASTOVKOVÁ,J.;KOUCKÝ,M. Comparison of several pig breeds in fattening and meat quality in some experimental conditions of a Czech region. In: CASPAR, W.;FERNÁNDEZ,J.A.;DUPUIS,M. Quality of meat and pigs as affected by genetics and nutrition. Wageningen, Netherlands: Wageningen Pers, 2000, 193-196. ANTUNES, R. C., FRANCO, M. M., CAPPARELLI, F. E., MELO, E. O., GOULART, L. R. 33 ANTUNES,R.C. 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Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 29-35, jul./dez. 2010 37 INFLUÊNCIA DA GESTAÇÃO SOBRE OS CONSTITUINTES BIOQUÍMICOS DO SANGUE DE NOVILHAS DA RAÇA HOLANDÊS PRETO E BRANCO Antonio Vicente Mundim1, Soliene Partata Ramos2, Adair Tomaz Dutra3, Marcelo Tavares4, Mara Regina Bueno Mattos Nascimento5 RESUMO Com o objetivo de avaliar a influência da gestação sobre o perfil de alguns constituintes bioquímicos sanguíneo, foram analisadas 144 amostras de sangue de novilhas da raça Holandês Preto e Branco, gestantes e não gestantes. Os valores médios e desvios padrão observados foram: proteínas totais 7,44 0,69 g/dL; albumina 3,16 0,41 g/dL; globulinas 4,28 0,83 g/ dL; razão A/G 0,78 0,24; cálcio total 8,94 0,97 mg/ dL; cálcio ionizado 4,93 0,58 mg/dL; fósforo 6,24 1,00 mg/dL; razão Ca/P 1,47 0,32; magnésio 2,33 0,38 mg/dL; glicose 64,25 8,02 mg/dL; uréia 17,51 6,97 mg/dL; creatinina 1,62 0,32 mg/dL; AST 26,60 7,62 U/L e fosfatase alcalina 85,95 25,62 U/L. Observou-se diferenças significativas entre novilhas gestantes e não gestantes na concentração de magnésio e AST. Com relação aos estádios da gestação, verificou-se diferenças nos valores de fósforo, relação Ca/P, magnésio, creatinina e AST entre o terço inicial e médio da gestação; de proteínas totais, albumina, fósforo, razão Ca/P, uréia, creatinina, AST e fosfatase alcalina entre o terço médio e final da gestação, e de creatinina e AST entre os estádios inicial e final da gestação. Concluiu-se que a gestação influencia nos valores de magnésio e AST, e os estádios da gestação nas proteínas totais, albumina, fósforo, razão Ca/P, magnésio, uréia, creatinina, AST e fosfatase alcalina. Palavras-chave: perfil bioquímico, sangue, novilha Holandesa. INTRODUÇÃO É notória a importância que a bioquímica do sangue vem assumindo na Medicina Veterinária. Conhecendo-se os valores padrões de alguns elementos do soro sanguíneo dos animais, o pro1 2 3 4 5 fissional tem um auxílio no diagnóstico, prognóstico e conduta terapêutica de determinadas doenças, principalmente as de caráteres metabólico e nutricional. Além disso, constitui-se um vasto campo para pesquisas, pois as variáveis como sexo, raça, fase reprodutiva, idade, estádio de lactação e estação do ano podem refletir em alterações na bioquímica sem significar presença de patologia (BOGIN, 1988). O estudo do perfil bioquímico sanguíneo foi iniciado por Payne at al. (1970). O conhecimento desse assunto é de grande importância na compreensão da relação entre os componentes metabólicos e nutricionais, especialmente em gado de leite, nos quais as exigências alimentares para garantir a produtividade e o bem estar do animal são maiores (GONZÁLEZ; SILVA, 2003). De acordo com Carlson (1994), os seguintes valores de referência podem ser considerados para bovinos: proteínas totais (6,7 – 7,5 d/dL); albumina (3,0 – 3,6 g/dL); globulinas (3,0 – 3,5 g/ dL); relação A/G (0,8 – 0,9); cálcio total (9,7 – 12,4 mg/dL); fósforo (5,6 – 6,5 mg/dL); magnésio (1,8 – 2,3 mg/dL); glicose (45,0 – 75,0 mg/dL); uréia (20,0 – 30,0 mg/dL); creatinina (1,0 – 2,0 mg/dL); AST (78,0 – 132,0 U/L) e fosfatase alcalina (0,0 – 488,0 U/L). Kaneko et al. (1997) citam valores padrões para elementos bioquímicos sanguíneos variando de 6,6 – 7,5 g/dL proteínas totais; 2,7 – 3,8 g/dL albumina; 3,0 – 5,2 g/dL globulinas; 8,0 – 12,4 mg/ dL cálcio total; 3,4 – 7,1 mg/dL fósforo; 1,7 – 3,0 mg/ dL magnésio; 45,0 – 75,0 mg/dL glicose; 23,0 – 58,0 mg/dL uréia; 1,0 – 2,0 mg/dL creatinina; 0,0 – 132,0 U/L aspartato aminotransferase (AST) e 0,0 – 196,0 U/L fosfatase alcalina. Variações na proteína sérica de bovinos gestantes foram encontrados por D’Angelino et al. (1975), após estudo realizado com 75 novilhas da Médico Veterinário. Doutor. Professor Adjunto. Faculdade de Medicina Veterinária. (FAMEV) Universidade Federal de Uberlândia(UFU). Av. Pará, 1720 - Bairro Umuarama. Uberlândia-MG. 38400-902. (34) 3218 2228. [email protected]. Médica Veterinária. Mestre. Médico Veterinário. Autônomo. Agrônomo. Doutor. Professor Associado. Faculdade de Matemática(FAMAT). Universidade Federal de Uberlândia(UFU). Médica Veterinária. Doutora. Professora Associada. Faculdade Medicina Veterinária(FAMEV). Universidade Federal de Uberlândia(UFU). Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 37-43, jul./dez. 2010 38 raça Holandês Preto e Branco. No final da gestação observaram aumento significativo dos teores de albumina e da razão albumina/globulina. Os autores verificaram também decréscimo nos valores de proteína total, globulinas e gama globulina. Em pesquisa desenvolvida com vacas gestantes no Chile, Wittwer et al. (1987) detectaram redução nos valores séricos de magnésio. Nos estudos de Rao et al. (1981), Mulei (1991) e Mundim et al. (2001), não foi observada alteração significativa do magnésio em bovinos gestantes e não gestantes. Conforme constatado por Nayak et al. (1991), entre os terços médio e final da gestação há uma diminuição dos valores de fósforo em cabras. Tainturier et al. (1984) verificaram em vacas Holandês Preto e Branco que a uréia se manteve estável durante as fases gestacionais. Ao estudarem cabras leiteiras, Mbassa; Poulsen (1991) encontraram uma redução da atividade sérica da aspartato aminotransferase (AST) no final da gestação. Devido à escassez de informações sobre parâmetros bioquímicos de bovinos da raça Holandês, gestantes e não gestantes, torna-se fundamental estudos mais detalhados sobre o assunto. Assim, objetivou-se estudar a influência de diferentes estádios da gestação sobre alguns constituintes bioquímicos do sangue, em novilhas da raça Holandês Preto e Branco (HPB). MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas 18 novilhas HPB, gestantes e não gestantes escolhidas aleatoriamente no plantel da Fazenda Skalada, município de Monte Alegre-MG, sendo mantidas em regime de pasto no verão (Brachiaria brizanta) e confinadas no inverno recebendo silagem de milho e ração farelada e submetidas a um criterioso programa de vacinação e desvermifugação. Coletou-se duas amostras de sangue de cada animal, uma vez por mês, através de venopunção (epigástrica caudal superficial). Na primeira, 10 mL de sangue foi colhido em tubo (vacutainer de 15 mL), sem anticoagulante, para obtenção de soro, totalizando 8 coletas por animal. Na segunda, aproximadamente 3 mL foi depositado em tubo (vacutainer) contendo três gotas de fluoreto de sódio, para obtenção de plasma fluoretado e de- terminação das concentrações de glicose. Após às coletas as amostras de sangue foram transportadas para o Laboratório Clínico Veterinário do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. A seguir, centrifugou-as a 720 x g, durante cinco minutos, obtendo-se o soro e o plasma, os quais foram transferidos para microtubos (eppendorf), previamente identificados, e armazenados -20°C durante uma semana até o processamento das análises bioquímicas. Refrigerou-se o plasma durante 24 horas, utilizado para dosagens de glicose. Determinou-se, em cada amostra de soro, a concentração de proteína total (método de biureto), albumina (método verde de bromocresol), cálcio total (método cresolftaleina complexona), fósforo (método do fosfomolibdato), magnésio (método magon sulfonado), creatinina (método do picrato alcalino), uréia (método urease colorimétrico), fosfatase alcalina (método Roy modificado) e aspartato aminotransferase (método Reitman; Frankel). Todas as análises foram realizadas colorimetricamente em espectrofotômetro (Micronal B-280) utilizando kits da Labtest Diagnóstica . Na amostra de plasma fluoretado determinou-se as concentrações de glicose (método glicose-oxidase), utilizando o mesmo equipamento e kit da Labtest Diagnóstica®. Os valores das globulinas obtiveram-se pela diferença entre a proteína total e a albumina. A razão albumina/globulina e cálcio/fósforo foram calculadas e o cálcio ionizável estimado segundo recomendação da Analisa Diagnóstico [2000]. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado. Os valores dos elementos bioquímicos analisados foram agrupados conforme procedentes de novilhas gestantes e não gestantes, terços inicial, médio e final da gestação. Para cada constituinte bioquímico calculou-se a média, desvio padrão e intervalo de confiança da média. Para comparação das médias adotou-se o teste de Tukey com 5% de probabilidade por meio do programa Statistical Analysis Sistem (1985). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores da média, desvio padrão e valores máximo e mínimo de 144 amostras de sangue de novilhas HPB referentes a 14 elementos bioquímicos são mostrados nas tabelas 1, 2 e 3. MUNDIM, A. V., RAMOS, S. P., DUTRA, A. T., TAVARES, M., NASCIMENTO M. R. B. M. 39 Tabela 1. Médias, desvio-padrão, valores mínimo e máximo dos elementos bioquímicos de 144 amostras de sangue de novilhas da raça Holandês Preto e Branco, gestantes e não gestantes, Uberlândia-MG, 2005. Valores Elemento Unidade Média Desvio padrão Mínimo Máximo Proteína total g/dL 7,44 0,69 5,69 9,20 Albumina g/dL 3,16 0,41 2,29 4,50 Globulina g/dL 4,28 0,83 2,04 6,49 0,78 0,24 0,37 1,79 Relação A/G Cálcio total mg/dL 8,94 0,97 5,41 11,12 Cálcio ionizado mg/dL 4,93 0,58 2,83 6,51 Fósforo mg/dL 6,24 1,00 3,72 8,84 1,47 0,32 0,70 2,75 Magnésio mg/dL 2,33 0,38 1,51 3,48 Glicose mg/dL 64,25 8,02 40,00 80,44 Uréia mg/dL 17,51 6,97 7,16 44,90 Creatinina mg/dL 1,62 0,32 0,97 2,51 Relação Ca/P AST U/L 26,60 7,62 10,12 47,72 F. alcalina U/L 85,95 20,62 40,33 174,82 Tabela 2. Médias e desvio-padrão dos elementos bioquímicos em 144 amostras de sangue de novilhas da raça Holandês Preto e Branco, gestantes e não gestantes, Uberlândia-MG, 2005. Gestante (112) Elemento Unidade Média Desvio padrão Não gestante (32) Média Desvio padrão Proteínas totais g/dL 7,49a 0,70 7,28a 0,63 Albuminas g/dL 3,17a 0,38 3,12a 0,53 Globulinas g/dL 4,32a 0,85 4,16a 0,78 0,78a 0,24 0,79a 0,25 Cálcio total mg/dL 8,93a 0,99 8,96a 0,95 Cálcio ionizado mg/dL 4,92a 0,56 4,98a 0,63 Fósforo mg/dL 6,23a 1,05 6,27a 0,78 1,48a 0,33 1,45a 0,26 mg/dL 2,37a 0,39 2,17b 0,35 Relação A/G Relação Ca/P Magnésio Glicose mg/dL 64,54a 7,84 63,24a 8,66 Uréia mg/dL 17,61a 6,69 17,16a 7,98 Creatinina mg/dL 1,62a 0,31 1,59a 0,36 AST U/L 27,23a 7,68 24,39b 7,07 F. alcalina U/L 86,39a 20,32 84,41a 21,89 (a, b) Médias na mesma linha seguida de letras iguais não diferem estatisticamente (Teste de Tukey para diferença entre médias, 5%). Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 37-43, jul./dez. 2010 40 Tabela 3. Médias e desvio-padrão dos elementos bioquímicos em 112 amostras de sangue de novilhas da raça Holandês Preto e Branco, durante os estádios inicial, médio e final da gestação, Uberlândia-MG, 2005. Terço inicial (57) Terço médio (45) Terço final (10) Unidade Média Desvio padrão Média Desvio padrão Média Desvio padrão Proteínas totais g/dL 7,45b 0,77 7,45ab 0,66 7,87a 0,32 Albuminas g/dL 3,09b 0,37 3,23a 0,39 3,33a 0,26 Globulinas g/dL 4,36a 0,89 4,21a 0,86 4,54a 0,44 0,75a 0,23 0,82a 0,27 0,75a 0,12 Elemento Relação A/G Cálcio total mg/dL 8,89a 0,98 8,96a 1,07 9,02a 0,58 Cálcio ionizado mg/dL 4,94a 0,57 4,91a 0,60 4,85a 0,36 Fósforo mg/dL 6,50a 1,00 5,98b 1,14 5,90b 0,50 1,41b 0,32 1,56a 0,35 1,54a 0,17 Relação Ca/P Magnésio mg/dL 2,27b 0,33 2,45a 0,44 2,55a 0,28 Glicose mg/dL 63,92a 8,46 64,93a 7,73 66,37a 3,72 Uréia mg/dL 17,13b 7,67 17,56ab 5,36 20,57a 5,82 Creatinina mg/dL 1,58b 0,31 1,62b 0,30 1,87a 0,16 AST U/L 27,16a 6,94 29,08a 8,24 19,28b 2,93 F. alcalina U/L 88,90a 19,11 85,47ab 22,64 76,28b 12,53 (a, b) Médias na mesma linha seguida de letras iguais não difere estatisticamente (Teste de Tukey para a diferença entre médias, 5%). Confrontando os valores médios dos elementos bioquímicos sanguíneos deste estudo com os citados por Carlson (1994) e Kaneko et al. (1997), observa-se que a maioria dos valores dos elementos analisados ficou próxima ou dentro dos intervalos fisiológicos. Exceção são as globulinas e o magnésio os quais tiveram valores superiores, enquanto o cálcio total e a aspartato aminotransferase (AST) apresentaram valores inferiores aos de Carlson (1994). A uréia apresentou valores inferiores aos dos pesquisadores anteriormente referidos. Acredita-se que essas divergências em relação aos autores mencionados sejam devido às diferentes metodologias adotadas, variações fisiológicas individuais, manejo e faixa etária dos animais utilizados em cada estudo. A maior concentração sérica de magnésio observada nas novilhas gestantes difere dos achados de Wittwer et al. (1987) que observaram redução nos valores deste mineral em vacas gestantes. Resultados diferentes também foram obtidos por Rao et. al. (1981), Mulei (1991) e Mundim et al. (2001), que não observaram alteração do magnésio entre vacas gestantes e não gestantes. Esta maior concentração é provavelmente devido a um maior aporte do mineral na alimentação durante os estádios finais da gestação, período em que as pastagens estavam com melhor qualidade. A maior atividade de AST nas novilhas gestantes parece ser de pouca importância, uma vez que em ambas as categorias de animais seus valores foram baixos, quando comparados aos valores de referência. Postula ser o maior valor observado para a enzima nas novilhas gestantes devido ao aumento da permeabilidade da membrana dos hepatócitos em decorrência de lipidose hepática. Rukkwamsuk et al. (1999) afirmaram que suave ou moderada lipidose hepática pode resultar em aumento da atividade sérica das enzimas hepato-específicas sem destruição de hepatócitos. Segundo Bobe et al. (2004), a infiltração de gordura no fígado propicia lesão na membrana dos hepatócitos e consequentemente aumento da atividade sérica da AST. A maior concentração de proteína total e a diferença estatisticamente significativa, observa- MUNDIM, A. V., RAMOS, S. P., DUTRA, A. T., TAVARES, M., NASCIMENTO M. R. B. M. 41 da nos terços inicial e final da gestação pode ser justificada pelo aumento significativo da albumina sérica e pela elevação, embora não significativa, das concentrações séricas das globulinas nas novilhas no terço final da gestação, o que é condizente com os achados de D’Angelino et al. (1975), que observaram aumento significativo da albumina sérica durante a gestação em novilhas. Marcos (1982) observou elevação paulatina das concentrações de albumina em vacas leiteiras durante o período seco até alcançar o pico máximo um mês antes do parto. Acredita-se que o aumento observado nos valores de proteína total, albumina, magnésio e uréia no estádio final da gestação é decorrente de um maior aporte de proteína e magnésio na dieta. Normalmente neste período (2 meses antes do parto) os animais recebem melhor alimentação e cuidados especiais, com o objetivo de suprir suas necessidades vitais e as exigências nutricionais do feto que se encontra em fase de intenso crescimento. Outro fator importante que pode ter contribuído para esta diferença é a época do ano, uma vez que a maioria das novilhas atingiu o estádio final da gestação durante o período das chuvas (outubro, novembro e dezembro), época de pastagens melhores e mais abundantes. A redução da concentração sérica de fósforo observada nos terços médio e final da gestação, condiz com o achado de Nayak et al. (1991), que ao estudarem a influência dos estádios da gestação sobre alguns constituintes bioquímicos sanguíneos em cabras, também observaram redução significativa do fósforo nos terços médio e final da gestação. Esta redução pode ser explicada pelo aumento da captação de fósforo pelo útero para o crescimento do feto nestes estádios da gestação. A razão cálcio/ fósforo acompanhou as variações ocorridas com o fósforo sérico. O aumento observado na uréia sérica das novilhas durante o terço final da gestação, comparadas ao terço inicial, possivelmente seja decorrente do aumento no metabolismo protéico durante esta fase da gestação. Este aumento da concentração de uréia no final da gestação, contradiz os achados de Tainturier et al. (1984), que observaram valores semelhantes para a uréia durante as fases da gestação. Rodriguez et al. (1996) atribuíram o aumento da uréia plasmática em ovelhas Corriedale no final da gestação a uma significativa redução na filtração glomerular e no clearance da uréia. A maior concentração sérica de creatinina, observada no terço final da gestação, é justificado pela produção desse elemento pela musculatura fetal. No final da gestação a filtração glomerular geralmente fica comprometida, colaborando com este aumento. Para El-Sherif; Assad (2001) o aumento nas concentrações sérica de uréia e creatinina durante a segunda metade da gestação nas ovelhas Barki é decorrente do maior catabolismo protéico. A redução da atividade sérica da aspastarto aminotransferase no terço final da gestação, corrobora com os achados de Mbassa; Poulsen (1991), que observaram redução da atividade sérica desta enzima no estádio final da gestação em cabras leiteiras, com Milinković-Tur et al. (2005) que relataram redução da atividade sérica da AST em éguas durante o terço final da gestação. Acredita ser esta redução observada no presente estudo, devida às variações fisiológicas individuais, pois seus valores permaneceram bastante baixos durante todo o período de gestação. Segundo Tainturier et al. (1984) a atividade da AST mostra pequenas e ocasionais alterações durante a gestação. A maior atividade da fosfatase alcalina nos terços inicial e médio da gestação é justificada pelo aumento sérico das isoenzimas ósseas oriundas do feto, decorrente do intenso crescimento esquelético do feto nestes estádios da gestação (SILVA et al., 2007). Devido à escassez de estudos sobre a influência dos estádios da gestação nos parâmetros bioquímicos sanguíneos em novilhas, os achados do presente estudo poderão servir de orientação em futuros estudos com novilhas gestantes. CONCLUSÕES Com base na análise dos resultados, concluiu-se que a gestação influencia nos valores séricos de magnésio e aspartato aminotransferase (AST), enquanto os estádios da gestação na concentração de proteínas totais, albumina, fósforo, razão Ca/P, magnésio, uréia, creatinina, AST e fosfatase alcalina nas novilhas da raça Holandês Preto e Branco. Influence of pregnancy on the blood biochemical constituents in black and white holstein heifers ABSTRACT A total of 144 blood samples from black and white Holstein heifers, was analyzed in order to evaluate the influence of the pregnancy, on the profile of se- Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 37-43, jul./dez. 2010 42 veral blood biochemical constituents. The average biochemical values and their standard deviations were: 7.44 ± 0.69 g/dL for total protein; 3.16 ± 0.41 g/dL for albumin; 4.28 ± 0.83 g/dL for globulins; 0.78 ± 0.24 for A/G rate; 8.94 ± 0.97 mg/dL for total calcium; 4.93 ± 0.58 mg/dL for ionized calcium; 6.24 ± 1.00 mg/dL for phosphorous; 1.47 ± 0.32 for Ca/P rate; 2.33 ± 0.38 mg/dL for magnesium; 64.25 ± 8.02 mg/dL for glucose; 17.51 ± 6.97 mg/dL for urea; 1.62 ± 0.32 mg/dL for creatinine; 26.60 ± 7.62 U/L for AST and 85.95 ± 25.62 U/L for alkaline phosphatase. Statistically significant differences were found between pregnant and nonpregnant heifers for magnesium and AST. Regarding the pregnancy stages, significant differences were found for total protein, albumin, phosphorous, Ca/P rate, magnesium, urea, creatinine, AST and alkaline phosphatase. In conclusion, pregnancy influences the magnesium and AST values, and the stage of gestation in the total protein, albumin, phosphorus, Ca/P rate, magnesium, urea, creatinine, AST, and alkaline phosphatase concentrations. keywords: biochemical profile, blood, Holstein heifers. REFERÊNCIAS ANALISA Diagnóstica. Cálcio. In:______.Manual de produtos e técnicas. Belo Horizonte, 2000. p. 28-31. BOBE,G.;YOUNG,J.W.;BEITZ,D.C. Pathology, etiology, prevention, and treatment of fatty liver in dairy cows. Journal of Dairy Science, Champaign, v. 87, n. 10, p. 3105-3124, 2004. BOGIN,E. Clinical enzymological species differences due to metabolic, environmental and nutritional conditions. Enzymes tools and targets, Basel, v. 6, n. 1, p. 31-38, 1988. CARLSON,P.G. Testes de química clínica, In: SMITH, B. Tratado de medicina interna de grandes animais. v. 2, São Paulo: Manole. cap. 22, p. 395424, 1994. D’ANGELINO,J.L.;ARAUJO,L.M.;BIRGEL,E.H.; REICHMANN,C.E.;ARAUJO,W.P. 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Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 37-43, jul./dez. 2010 45 INFLUENCIA DO USO DE NITRETO DE MAGNÉSIO E POTÁSSIO (NMK) NO CRECIMENTO DE EUCALIPTO (Eucalyptus grandis) E CEDRO AUSTRALIANO (Toona ciliata) Herbert Vilela1, Adriana de Oliveira Vilela2, Regina Maria Quintão Lana3, Adriane de Andrade Silva4 RESUMO INTRODUÇÃO Com o objetivo de avaliar o efeito do nitreto de magnésio e potássio (NMK) no crescimento do eucalipto e cedro cultivados em solos de diferentes fertilidades, sendo um de baixa fertilidade, o neossolo quartizarênico e um de alta fertilidade o latossolo amarelo eutrófico, no município de Campo Belo-MG. Inicialmente realizou-se a correção da acidez e alumínio do solo, com a aplicação de 2,0 t de calcário por hectare. O delineamento experimental usado foi o de blocos casualizados com três tratamentos e quatro repetições. Realizou-se uma adubação básica, em todas as plantas, com o uso de um formulado comercial 08-28-16 (NPK) na mistura nas covas de plantio na quantidade de 500 kg ha-1. Os tratamentos avaliados foram: aplicação de doses de nitreto de magnésio e potássio (0,00, 200,00 e 400,00 kg ha-1), a aplicação foi realizada através de incorporação nas covas de plantio em duas idades distintas aos seis e 12 meses após o plantio. Verificou-se no eucalipto aumento no diâmetro dos caules de 70 e 100% nos solos com alto nível de fertilidade inicial respectivamente, para os níveis de 200 e 400 kg ha-1. Porém para as plantas estabelecidas em solos com baixo nível inicial de fertilidade observou-se aumentos de 82 e 40% nos caules, respectivamente para estes mesmos níveis de NMK. Em relação ao cedro o aumento dos caules foi de 100 e 130% no solo de alta fertilidade, respectivamente para o menor e maior nível de NMK. Com esta espécie e com estes mesmos níveis de NMK os acréscimos nos caules eram de 56 e 76% respectivamente, no solo de baixa fertilidade. O nitreto de magnésio e potássio (NMK) é um subproduto da fabricação de Mg primário da Rima Industrial SA. O NMK, nitreto de magnésio e potássio, contém cerca de 40-60% de Mg, 0,5 -10% de Mg3N2, 10 - 15% de KCl, 5% de Óxidos e 30% de H2O. A granulometria é baixa (95% abaixo de 2 mm), O poder de neutralização (PN) é de 80% e o poder relativo de neutralização total (PRNT) é de 70%, sendo o Mg 80% solúvel em ácido cítrico. O conteúdo de magnésio nos solos varia de 0,1% naqueles de textura grossa, arenosos em regiões úmidas até 4% em solos de textura fina, em regiões áridas ou semi-áridas formados a partir de rochas com alto teor de Mg. O magnésio do solo naturalmente origina-se da decomposição de rochas contendo minerais primários, sendo estes: dolomita e silicatos com Mg (hornblenda, olivina, serpentina e biotita), Malavolta (2006). Altos níveis de Potássio (K) trocável no solo podem interferir na absorção de Magnésio (Mg) pelas culturas. A relação entre K/ Mg deve ser: < 5:1 para grandes culturas, 3:1 para legumes e beterraba doce e 2:1 para frutíferas e hortícolas, Marschner (1993). Entre os íons de Mg2+ e os íons de NH4+, → antagonismo indireto: Quando o NH4+ é absorvido pelas raízes, há uma troca de íons amônio e hidrogênio (H+) → o H+ exercerá influência antagônica na absorção de Mg pela planta. Quanto mais ácido o solo e maior a quantidade de fertilizante nitrogenado (com íons amônio), mais intenso é o efeito antagônico. Absorção máxima de Fósforo (P) na presença de Mg, também é facilitada (MENGEL; KIRKBY, 1987), uma vez que o Mg é carregador de P → na presença de Mg a absorção de P é aumentada. O Mg também tem participação importante na Palavras-chave: níveis de nitreto, idade da planta, diâmetros de eucalipto e cedro. 1 2 3 4 Engenheiro Agrônomo. Pós-Doutorado. Pesquisador do CNPq. Av. Brasil. 1949. Aparecida. 38400716. (34)3218 2228. UberlândiaMG. [email protected]. Engenheira Química. Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da RIMA Industrial S.A. Belo Horizonte-MG. Engenheira Agrônoma. Pós-Doutorada. Professora Titular. Instituto de Ciências Agrarias(ICIAG). Universidade Federal de Uberlândia(UFU), Uberlândia-MG. Zootecnista. Doutora. Professora Substituta. ICIAG. UFU. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 45-50, jul./dez. 2010 46 ativação de Atpases que atuam na absorção de P e nas reações de fosforização, Tedesco et al. (1985). O magnésio diminui o efeito tóxico do Al e também assegura uma alta eficiência no crescimento das culturas em condições de solos ácidos, Silva (1986), Rosalem et al. (1984) e Silva (2000) concluem que o magnésio é absorvido pelas plantas como íon Mg2+ e é transportado até a superfície das raízes preferencialmente pelo mecanismo de fluxo de massa. O Mg é retido como íon trocável por atração eletrostática em torno dos colóides negativamente carregados. Uma alta concentração de Ca no complexo de troca pode suprimir a absorção de Mg pelas plantas, altos níveis de K trocável podem interferir na absorção de Mg pelas plantas. O Mg é constituinte da célula vegetal e participa de reações essenciais no desenvolvimento da planta, e sua falta traz prejuízos antes mesmo da visualização dos sintomas na folha. Para uma correta disponibilidade de Mg para as plantas ele deve estar disponível no solo na época em que há necessidade destes. Entre as espécies de grande importância hoje no Brasil encontra-se o eucalipto e o cedro, o eucalipto é a essência florestal mais plantada no mundo, inclusive no Brasil, onde ocupa maciços gigantescos, que correspondem quase à metade da área mundial plantada (LEÃO, 2000). O cedro Australiano (Toona ciliata) é uma espécie de crescimento rápido, com propriedades físico-mecânicas e de grande valor para a indústria moveleira. Assim, o eucalipto e o cedro se apresentam com grande potencial de plantios para fins comerciais com rápido retorno econômico considerando o ciclo de desenvolvimento das espécies (PAIVA et al., 2007). O uso de adubações podem favorecer a melhoria nesses cultivos. Em relação ao conteúdo de nutrientes, verificaram que os elementos N, P, Ca, Mg, S, Zn, Cu, Fe e Mn tiveram um incremento linear de acúmulo na brotação durante a avaliação. VILELA, H., VILELA, A. DE O., LANA, R. M. Q., SILVA, A. DE A. E as avaliações, dos nutrientes que apresentaram maior acúmulo relativo, em ordem decrescente foram: Ca>Fe>S>Mg>N>B>P>Mn>K>Zn>Cu (SILVEIRA et al., 2001). Existe uma grande demanda de N e K pelas culturas estudadas de acordo com a relação nitrogênio-potássio nas adubações de cobertura varia em função da idade das mudas. Na fase de crescimento (entre 30 – 60 dias de idade), a razão N/K deverá ficar na faixa de 1,5 a 3, é nesta fase que ocorre o aumento da área foliar proporcionando uma maior atividade fotossintética. Porém, na fase de rustificação, recomenda-se que a quantidade de potássio aplicada seja superior a de nitrogênio (3K/1N), favorecendo, com isso, o engrossamento do caule e o aumento à resistência da muda ao estresse do plantio (HIGASHI; SILVEIRA, 2000). Sendo assim, a união do estudo de fontes de fertilizantes em sistemas de cultivo de importância pode contribuir para a melhoria do estado nutricional de plantas. Objetivou-se avaliar o efeito da aplicação de diferentes doses de nitreto de magnésio e potássio no crescimento de plantas de Eucalyptus grandis e Toona ciliata, em duas idades distintas de avaliação. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no município de Campo Belo, Estado de Minas Gerais, que possui como coordenadas: latitude sul-20º 53 30” e longitude 45º 16 15”, clima Tropical de altitude (Cwa) e precipitação pluviométrica de 1.250mm, no período de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2007, de acordo com estação meteorológica instalada na área experimental. Os solos foram classificados como neossolo quartizarênico e latossolo amarelo eutrófico (EMBRAPA, 1999), cujas características químicas e físicas iniciais são apresentadas na tabela 1. 47 Tabela 1. Caracterização química e de textura dos solos, neossolo quartizarênico e latossolo amarelo eutrófico, que foram submetidos a aplicação de nitreto de magnésio e potássio (NMK), Campo Belo-MG, 2007. pH CaCl21 pH H2O2 H+Al Ca3 Mg3 K3 P3 ----------------- cmolc dm-3 ---------------- * -------------g dm-3----------areia silte argila Solo 1* 5,20 5,02 29 4 2 0,70 2 798,2 374,1 127,6 Solo2 6,02 6,80 15 30 8 6,12 79 86,2 75,2 837 Extrator cloreto de cálcio 0,01 mol dm ; - Extrato água 1:2,5 -Extrator Mehlich solo 1 = neossolo quartizarênico e solo 2 = Latossolo Amarelo Eutroférico 1- Textura -3 2 3 Na tabela 1 observa-se que foram selecionados dois solos distintos, um com características arenosas (solo 1, neossolo quartizarênico) e um solo com características muito argilosas (solo 2, latossolo amarelo eutroférico), realizou-se a calagem para manter ambos com acidez ativa (pH CaCl2) equivalente, e ambos encontram-se com acidez média de acordo com a CFSEMG (1999). Em relação aos nutrientes em função da maior CTC de solos argilosos esses tem maiores teores de nutrientes adsorvidos. Utilizaram-se o eucalipto (Eucalyptus grandis) e cedro (Toona ciliata CV. Australis) como plantas testes. Empregaram o delineamento de blocos casualizados com três tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos consistiram na aplicação de NMK nas covas de plantio de eucalipto e cedro. As doses empregadas foram uma testemunha (Zero NMK), 200 kg ha-1 e 400 kg ha-1. Aplicou-se na linha de plantio, em todas as parcelas 500 kg ha-1 da formulação 08-28-16 de NPK. Para o cedro utilizou-se sementes e para o eucalipto mudas, quando as plantas apresentavam o mesmo porte, o cedro com aproximadamente vinte dias após emergência das sementes e o eucalipto com aproximadamente 30 cm, realizou-se uma cobertura nitrogenada com 150 kg ha-1 de sulfato de amônio. As parcelas -1 foram constituídas por dez linhas de plantas de eucalipto e dez linhas de plantas de cedro, com 20 m de comprimento por 9 m de largura. As plantas foram espaçadas com 2 x 3 m. Para a avaliação dos resultados, com o fim de eliminar os efeitos adversos ocasionados pelas bordas das parcelas, utilizou-se para avaliação 15 x 6 m de cada parcela. A variável avaliada foi o diâmetro do caule, com o uso de trena, tomado à 0,75 m de altura do solo em função dos níveis de fertilidade inicial e dos níveis de NMK usados. Submeteram-se os dados à análise de variância e teste de F e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de F, para os contrastes entre as quantidades de NMK aplicados com a testemunha, ambos a 5% de probabilidade, e para as doses de NMK. RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 2 representa os resultados dos diâmetros dos caules obtidos para as duas espécies avaliadas, nos dois solos e em dois estádios de desenvolvimento (aos seis e doze meses após o plantio). Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 45-50, jul./dez. 2010 48 Tabela 2. Diâmetros dos caules de eucalipto (Eucalyptus grandis) e cedro (Toona ciliata) em função das quantidades usadas de NMK, da fertilidade inicial e idade da planta e análises de variância. Eucalipto (E. grandis) Diâmetro do caule à 0,75 m ao plantio (cm) SOLO DE ALTA FERTILIDADE SOLO DE BAIXA FERTILIDADE (latossolo amarelo eutroférico) (neossolo quartizarênico) Níveis de NMK (kg ha-1) ZERO 200 2,17aA 400 2,20aA ZERO 2,16aA 200 400 2,15aA 2,14aA 2,16aA Diâmetro do caule à 0,75m com 6 meses após plantio 3,53bA 3,57bA 3,42bA 2,39aA 3,15bA 3,14bB 2,45aA 3,02bB 3,89cC Diâmetro do caule à 0,75m com 12 meses após plantio 3,70bA 3,73bA 4,40cB Cedro (Toona ciliata Var.australis ) SOLO DE ALTA FERTILIDADE SOLO DE BAIXA FERTILIDADE (latossolo amarelo eutroférico) (neossolo quartizarênico) Níveis de NMK (kg ha ) -1 ZERO 200 400 ZERO 200 400 Diâmetro do caule à 0,75m,ao plantio (cm) 1,95aA 2,00aA 2,05aA 2,00aA 2,02aA 2,05aA 2,15aA 2,81bA 2,80bA 3,00bA 3,15cB 3,62cC Diâmetro do caule à 0,75m, com seis meses após plantio 2,80bA 3,02bA 3,01bA Diâmetro do caule à 0,75m com 12 meses após plantio 3,75cA 4,10cB 4,68cC Números seguidos com letras minúsculas iguais na vertical são iguais (P<0,05); Números seguidos com letras maiúsculas iguais na horizontal são iguais. (P<0,05); Para o eucalipto em solos de alta fertilidade a quantidade de NMK afetou o diâmetro (P> 0,05), somente à idade de 12 meses. Enquanto a idade afetou o diâmetro do caule das plantas aos seis e aos 12 meses após o plantio, em relação à testemunha. Apenas o nível de 400 kg ha-1, aos 12 meses, aumentou o diâmetro do caule. Em solos de baixa fertilidade as respostas foram as mesmas em relação às anteriores exceto na idade de seis e 12 meses, no tratamento sem NMK, cujos diâmetros foram iguais. Esse comportamento indica que a adubação com NMK favorece o aumento do diâmetro do caule, o que propicia maior crescimento das plantas resultando em plantas que devem ter seu tempo de cultivo aumentado. Para o cedro em solos de alta fertilidade a idade afetou o diâmetro do caule independentemente da quantidade de NMK usada, enquanto que aos 12 meses os diâmetros foram maiores nos níveis de 200 e 400 kg de NMK ha-1. Em solos de baixa fertilidade a idade afetou o diâmetro da planta aos seis e aos 12 meses após plantio, exceto a idade VILELA, H., VILELA, A. DE O., LANA, R. M. Q., SILVA, A. DE A. de seis meses e sem NMK. O NMK afetou o diâmetro do caule só aos 12 meses após plantio. Tanto para o cultivo do eucalipto quanto para o cedro a adubação promoveu resposta na ultima avaliação, aos 12 meses, esse comportamento indica que deve-se promover o fornecimento de adubação de manutenção para esses cultivos. O eucalipto, em solo fértil apresentou um crescimento de 84,09% sob o nível de NMK de 400 kg ha-1 no primeiro ano de cultivo, enquanto sob o nível de 200 kg ha-1 promoveu aumento de 1% em relação à testemunha. O diâmetro do caule do eucalipto em solos de baixa fertilidade mostrou um crescimento de 62,98% sob o nível de 400 kg ha-1 e 11,25% sob o nível de 200 kg há1. Para o cedro, em solos baixa fertilidade o crescimento foi de 82,87% para o nível de 400 kg ha-1 e 9,52% para o nível de 200 kg ha-1, em relação à testemunha. Enquanto, em solos férteis os acréscimos eram de 80,13 e 9,15%, respectivamente nos tratamentos com 400 kg e 200 kg ha1. 49 Observações de Novais et al. (1986) e Neves (1983), indicam que há uma maior influencia da adubação em função do crescimento do sistema radicular, que explora um maior volume de solo e consequentemente consegue absorver mais nutrientes, e esse crescimento ocorre com o aumento da idade. CONCLUSÕES Os dados obtidos nesse estudo permitem concluir que para a espécie Eucalyptus grandis o melhor tratamento a ser utilizado é a dosagem de 400 kg ha-1 de NMK, sendo essa mesma dosagem também recomendada para Toona ciliata. Influence of potassium and magnesium nitrate (kmn) use in eucalyptus and cedar plants growth ABSTRACT In order to evaluate the effect of magnesium and potassium nitride (NMK) in eucalyptus and cedar growth in different kinds of soil and different fertilities. The soil used in this experiment were characterized as typic quartizarênico fertility (low fertility) and oxisol eutrophic (high fertility). The correction of the soil acidity was done before experiment installation, where 2.0 t of lime were used per hectare. The experimental design was a randomized block design with three treatments and four replications. Fertilization (500 kg ha-1) with a commercial fertilizer 08-28-16 (NPK) was done in planting pits. The treatments were the application of different doses of magnesium and potassium nitride (0.00, 200.00 and 400.00 kg ha-1), and the application was made through incorporation into the planting pits at two different ages of six and 12 months after planting. The results allow to conclude that there was an increase in eucalyptus stem diameters of 70 and 100% in soils with high initial fertility respectively, for the 200 and 400 kg ha-1. However, for plants grown on low fertility soil, there was an increase of 82 and 40% of the eucalyptus stem diameters, respectively for the same levels of NMK. For cedar stems diameter measurements, there was an increase of 100 and 130% in high fertility soil, respectively for lowest and highest doses of NMK; where the stems showed increase of 56 and 76% respectively, in low fertility soils. Keywords: levels of nitrate, age of plant, diameters of eucalyptus and cedar. REFERÊNCIAS EMBRAPA-Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. HIGASHI,E.N.;SILVEIRA,R.L.V.A.;GONÇALVES, A.N. Monitoramento nutricional e fertilização em macro, mini e microjardim clonal de Eucalyptus. In: GONÇALVES,J.L.M.;BENEDETTI,V. Nutrição e fertilização florestal. Piracicaba: IPEF, 2000. Cap. 6, p.191-218. LEÃO,R.M. A floresta e o homem. São Paulo: Universidade de São Paulo: Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, 2000. 434p. MALAVOLTA,E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora agronômica Ceres Ltda, 2006. 631p. MARSCHNER,H. Mineral nutrition of higher plants. 2. ed. London Press. 1993.889p. MENGEL,K.;KIRKBY,E.A. Principles of plant nutrition. 4. ed. Worblaufen-Bern.:Intertional Potash Institute, 1987. 687p. NEVES,J.C.L. Aspectos nutricionais em mudas de Eucalyptus spp: tolerância ao alumínio e níveis críticos de fósforo no solo. 1983. 87f. Tese (Mestrado) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG. NOVAIS,R.F.;BARROS,N.F.;NEVES,J.C.L. Interpretação de análise do solo para o crescimento e desenvolvimento de Eucalyptus sp: níveis críticos de implantação e manutenção. Revista árvore, v.10, n.1, p.105-111, 1986. PAIVA,Y.G.;MENDONÇA,G.S.;SILVA,K.R.;NAPPO, M.E.;CECILIO,R.A.;PEZZOPANI,J.E.M. Zoneamento agroecológico de pequena escala para Toona ciliata, Eucayptus grandis e Eucalyptus urophilla na Bacia Hidrográfica do Rio Itapemirim – ES, utilizando dados SRTM, in: XIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, p.1785-1792, 2007, Florianópolis. Anais...Florianópolis-SC. ROSALEM,C.A.;MACHADO,J.R.;BRINOLI,O. Efeito das relações Ca/Mg e Mg/K do solo na produção de sorgo sacarino. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.19, n.12, p.1443-1448.dez.1984. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 45-50, jul./dez. 2010 50 SILVA,D.J. Necessidade de calagem e diferentes relações Ca/Mg para a produção de mudas de eucalipto. 1986. 53f. Dissertação (Mestrado em solos e nutrição de plantas) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG. 1986. SILVA,S.R. Crescimento de eucalipto influenciado pela compactação de solos e doses de fósforo e de potássio. 2000. 110f. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa–MG, 2000. VILELA, H., VILELA, A. DE O., LANA, R. M. Q., SILVA, A. DE A. SILVEIRA,R.L.V.A.;HIGASHI,E.N.;SGARBI,F.;MUNIZ,M.R.A. Seja doutor do seu eucalipto. Arquivo agronômico, Piracicaba: POTAFOS, n.12, p32. 2001a. TEDESCO,M.J.;VOLKWEIS,S.J.;BOHNEN,H. Análises de solos, plantas e outros materiais. Porto Alegre: Faculdade de Agronomia,1985.188p. 51 METRORRAGIA POR ANEURISMA DA ARTÉRIA OVÁRICA ESQUERDA EM EQUINO – RELATO DE CASO Venilton José Siqueira1, Marilú Martins Gioso1, Walter Octavíano Bernis Filho1, Renata Marcon Zanellato Bruzadelli2, Maria Cristina Costa Resck1, Aguinaldo Christian Siqueira3, Raphael Ferreira Assumpção4, Marina Botrel Reis Nogueira5 RESUMO O presente relato apresenta um caso clínico de um animal, espécie equina, fêmea com idade de 5 anos, proveniente de Carmo do Rio Claro-MG, internada no Hospital Veterinário da UNIFENAS, com história de metrorragia há 2 meses. Realizados exames clínicos de rotina e laboratoriais de apoio foi solicitado ultrassonografia transretal e indicado terapia de suporte. Com a persistência do quadro indicou-se histerectomia total. Submetida a celiotomia exploratória, sob anestesia geral inalatória, observou-se dilatação irregular dos vasos do ovário direito, sendo, realizada a histerectomia total. A hemorragia foi controlada, tendo ocorrido o óbito da paciente 40 minutos do pós operatório imediato. Palavras-chave: metrorragia, aneurisma, equino. INTRODUÇÃO A menorragia ou metrorragia é uma condição patológica que requer rápido atendimento e atenção por parte do profissional. O trato reprodutivo das fêmeas pode ser alvo de infecções severas, ou mesmo hemorragias abundantes e profusas, levando a perda sanguínea de caráter relevante, expondo o animal a riscos de morte. RELATO DE CASO Relata-se o caso clínico de um animal da espécie equina, raça Campolina, fêmea, com idade de 5 anos, peso 420 kg, proveniente da cidade de Carmo do Rio Claro-MG, internada no dia 25 de maio de 2009, com história clínica de metrorragia contínua há pelos menos 60 dias, causada por 1 2 3 4 5 varizes uterinas, segundo relatos do proprietário. Após a internação da paciente, procedeu-se o exame clínico, onde evidenciou-se mucosas aparentes hipocoradas, turgor epitelial aumentado, atitude anti-álgica, debilidade evidente, apatia e metrorragia intensa. À admissão, a temperatura corporal era de 40ºC, frequência respiratória 20 epm, frequência cardíaca 60 bpm, pressão arterial sistólica de 80 mm/Hg. Solicitado hemograma, eletrocardiograma, exame coprológico, dosagem de plaquetas, uréia, creatinina, AST e ALT e urinálise. O hemograma revelou anemia macrocítica normocrômica acentuada, com leucocitose moderada, eosinopenia e hiproproteinemia, níveis de uréia e creatinina, AST e ALT normais para a espécie e raça. O eletrocardiograma nas derivações bipolares de extremidades apenas evidenciou redução do intervalo PR, taquicardia sinusal com infradesnivelamento do segmento ST. A densidade urinária estava elevada. Inicialmente, conforme protocolo de atendimento do Hospital Veterinário foi implantado e fixado na pele com sutura em padrão bailarina, um intracatéter calibre 19 de 30,4 cm pela veia jugular externa, até o ventrículo direito, para a mensuração da pressão venosa central (P.V.C.), que estava em 3,5 cm/H2O, com a paciente em estação. Utilizou-se, para hidratação parenteral 90 ml/kg/hora de solução de ringer com lactato de sódio, solução fisiológica 0,97% e glicose 5%, até a ascensão da PVC para 6 cm/H2O. Concomitante à hidratação realizou-se a aplicação de gelatina 3,5% e transfusão de sangue total fresco. Foram administrados 100 mL de gluconato de cálcio 10%, cloreto de potássio 10% na dose de 2 mEq/l/kg, Ceftiofur na dose de 3 mg/kg e fitanomenadiona na dose de 1 mg/kg, via endovenosa. Solicitou-se ainda, ultrassonografia transretal e exame ginecológico, evidenciando, ao primeiro exame que Médico(a) Veterinário(a). Doutor(a). Professor(a) Titular. Faculdade de Medicina Veterinária. UNIFENAS. Rodovia MG 179, Km 0 Câmpus da UNIFENAS. 37130 000. (35) 32993223. [email protected]. Médica Veterinária. Mestre. Professora Auxiliar. Faculdade de Medicina Veterinária(UNIFENAS). Médico Veterinário. Autônomo. Alfenas-MG. Médico Veterinário. Doutorando. UNESP.Jaboticabal-SP. Médica Veterinária. Mestre. Professora. Curso de Medicina Veterinária. Campinas-SP. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 51-55, jul./dez. 2010 52 os ovários mediam 4 cm de comprimento, com folículos menores que 1 cm com formatos normais; próximo ao ovário esquerdo, constatou-se uma estrutura anecóica, medindo 2 cm de comprimento por 5 cm de largura, com pulso regular. Útero com aumento de volume, apresentando em seu interior trabéculas com pontos anecóicos e presença de conteúdo líquido. Ao toque vaginal, caracterizou-se o cérvix aberto, flácido, com metrorragia acentuada e contínua. A paciente foi internada, sendo oferecida alimentação ad libitun com ração e feno. Administrou-se o tratamento por 48 horas, com o acompanhamento do quadro hematimétrico e do estado geral, que se agravou devido ao aumento da metrorragia. Indicou-se histerectomia para a remissão do quadro. Avaliado o risco anestésico como ASA IV e encaminhada ao centro cirúrgico dia 30/05/2009 às 18:00 hs, a paciente recebeu, via endovenosa, como medicação pré-anestésica, detomidina na dose de 30μ kg. Instalou-se um cateter transtraqueal percutâneo, calibre 20 para a suplementação de oxigênio para que se procedesse a desnitrogenização, haja visto o risco anestésico. A indução anestésica deu-se com hidrocloreto de ketamina na dose de 2 mg/Kg, via endovenosa e 0,5 mg/kg de hidrocloreto de succinilcolina, quando, ato contínuo, procedeu-se a intubação orotraqueal com um tubo calibre 24, conectado à um ventilador tipo Bird Mark 14, estabelecendo-se uma ventilação controlada sob VPPI, com um fluxo de oxigênio e de óxido nitroso 30/70%, frequência de 12 epm e pressão inspiratória de +10 cm/H2O, sensibilidade ajustada ao máximo, volatilizando halotano a 2,5 V% com um vaporizador calibrado do tipo multi agente. Monitorou-se a função hemodinâmica com um monitor de frequência cardíaca de 3 canais, ajustada na derivação DII, esfigmomanometria por Doppler e P.V.C.. O ato cirúrgico iniciou-se às 18:35 hs, sendo realizada celiototomia exploratória infra-umbelical de aproximadamente 30 cm de comprimento, realizou-se subsequentemente o inventário cuidadoso das alças intestinais, que apresentaram-se pálidas e normoperistálticas. Foram evidenciados e isolados o útero e os ovários, com o auxílio de campos operatórios, para facilitar tal procedimento. Após a inspeção do útero, procedeu-se histerectomia na linha mediana ventral do corpo do útero, para que se pudesse averiguar a sua integridade, sendo notado apenas sangramento em massa na mucosa. No ovário esquerdo observou-se a presença de dilatação irregular dos vasos sanguíneos ovarianos, provável causa do sangramento. Após o pinçamento do vaso em questão com uma pinça de Carmalt, todo o sangramento uterino foi estancado, sendo observado diretamente e por meio de infusão de solução fisiológica constante por via intra vaginal. Uma vez que estava detectado a origem da metrorragia, por cautela, optou-se pela histerectomia total e ovariectomia esquerda. Após a ligadura tripla do ligamento suspensor ovariano, caudal e proximal ao corno uterino correspondente, o mesmo foi transecçionado, sendo observado a ausência de sangramento no sítio da operação. Procedeu-se em seguida, a ligadura da região entre o corno uterino e o ovário direito, sendo preservado o ovário, isolando-se o corno uterino. O corpo do útero foi isolado, com o auxílio de duas pinças de Carmalt, sendo, em seguida, removido com o auxílio de um eletrobisturí bipolar de alta frequência. Após a remoção do útero, o corpo do mesmo foi suturado com sutura em padrão (PARKER; KERR) com fio absorvível sintético calibre 0. Após a inspeção da região operada, procedeu-se o fechamento por planos da cavidade abdominal, com fio absorvível sintético calibre 1, sendo, a dermorrafia realizada com fio de nylon calibre 0, em pontos padrão simples separados. Ainda sob ventilação controlada, a anestesia foi descontinuada, até a normoventilação, que ocorreu 10 minutos após o término da laparorrafia. Após a desnitrogenização, com a saturação de oxihemoglobina em 100%, a paciente foi conduzida à sala de recuperação anestésica, onde ocorreu o óbito 40 minutos após o procedimento, sendo então enviada ao setor de patologia para a verificação da causa mortis. SIQUEIRA, V. J., GIOSO, M. M., FILHO, W. O. B., BRUZADELLI, R. M. Z., RESCK, M. C. C., SIQUEIRA, A. C., A. C., ASSUMPÇÃO, R. F., NOGUEIRA M. B. R. 53 Figura 1. Fotografia de celiotomia exploratória infra-umbilical em égua evidenciando a exposição de vísceras abdominais e pelvinas. Figura 2. Fotografia de um campo cirúrgico em égua, mostrando o isolamento e a exteriorização do útero Figura 3. Fotografia da região perineal de égua, notando-se que após o clampeamento do pedículo ovariano esquerdo, a metrorragia cessou. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 51-55, jul./dez. 2010 54 RESULTADOS E DISCUSSÃO A circulação ovariana influencia sobremaneira o útero e seus acessórios. Segundo Nickel et al. (1981) o útero é irrigado por ramos colaterais da artéria pudenda interna, de onde emergem as artérias uterinas e umbilical. Na égua, a artéria uterina é um ramo da artéria ilíaca externa que percorre todo o mesométrio, onde emite colaterais direcionados cranialmente e caudalmente. Os ramos craniais se anastomosam com o ramo uterino da artéria ovárica e os caudais, com os ramos da artéria vaginal. A artéria ovárica, normalmente flexuosa e calibrosa, origina-se da artéria aorta descendente abdominal e, na proximidade do ovário, emite o ramo ovárico. Dois ramos principais são dai originados: o ramo tubárico e o ramo uterino, sendo que o ramo uterino alcança a extremidade do corno uterino e anastomosa-se com a artéria uterina. Todos estes vasos entram na zona vascular de inserção do mesovário. Afim de se estudar a relação útero-ovário, Prado et al. (2007) verificaram que o peso do útero de ratas não sofreu alteração significante, quando se interrompia definitivamente a irrigação dos ovários, no ramo proveniente de colaterais ováricos dos vasos do úterinos. Neste relato, em especial, a paciente apresentava um quadro hematimétrico com grandes e profundas alterações, o que repercutiu sistematicamente, inclusive não havendo resposta à terapia de suporte. A carência de informações literárias, não possibilitou o confronto de dados que pudessem esclarecer sobremaneira esta discussão. A hemorragia uterina nas fêmeas mamíferas tem seu comportamento similar quanto a fisiopatogenia, diferindo apenas sob o ponto de vista das linhas de tratamento clínico ou cirúrgico. Isto deve-se ao fato, de que as espécies tem funções diferentes e condições de vida próprias. Rooney (1964) relatou 10 casos de hemorragias fatais oriundas dos ovários, do útero ou da artéria ilíaca externa no puerpério mediato e em animais gestantes, bovinos ou equinos. O mesmo autor, cita ainda, os aneurismas ou processos degenerativos das artérias, como principal etiologia destas hemorragias, bem como pressão do feto no canal do parto, pelas vias fetais moles ou lacerações. Na mulher, a menorragia tem causas semelhantes às dos demais mamíferos, ou seja, podem ter como fisiopatogenia os distúrbios da gestação e distocias, causas endócrinas, metabólicas e hematógenas, atingindo aproximadamente 30% da população, conforme Agudelo (2007). As metrorragias ou menorragias, devem ter seu manejo pré estabelecido, bem como a avaliação clínica da paciente e a terapia de suporte, uma vez que longos períodos de sangramento podem comprometer seriamente as funções orgânicas, como neste caso relatado. Melki et al. (2003) chamaram atenção para a simplificação dos procedimentos e protocolos de atendimento, bem como o pronto atendimento e os exames de imagenologia que são indicados afim de se estabelecer o diagnóstico e o tratamento clínico ou mesmo cirúrgico. Figueiredo et al. (2004) citaram as lacerações perineais e vaginais como causas de sangramento vulvar inespecíficos em éguas, sempre relacionado com o parto distócico, concordam ainda, que tecnicamente, a abordagem e o diagnóstico e o tratamento em mulheres e em fêmeas de animais domésticos ou silvestres, parecem ter os mesmos aspectos, sob o ponto de vista clínico ou cirúrgico. Distúrbios hormonais em grandes animais, a depender da idade, da raça e das condições do proprietário, não são tratados. Metrorrhagia by aneurysm of the left ovarian artery in equine – case report ABSTRACT The present paper is a case clinical report of a 5 years old mare brought to the Veterinary Teaching Hospital with the history of a metrorrhagia for the last 2 months. After clinical examination, laboratory tests, transrectal ultrassonography and supportive therapy, the clinical signs still persisted. An exploratory celiotomy was made, under general inhalator anesthesia. An irregular dilatation of blood vessels of right ovary was found, so an hysterectomy was indicated. The metrorrhagia was then controlled, but the patient did not resist, after 40 minutes of pos-surgery. Keywords: metrorrhagya, aneurysm, equine. REFERÊNCIAS AGUDELO,P.L.E. Hemorragia uterina anormal: enfoque baseado em evidencias. Revision sistemática. Revista Médicina, v.15, n.1, p. 68-79, 2007. FIGUEIREDO,C.;FOZ FILHO,R.P.;ABREU,R.N.; MESQUITA,J.R. Modificação na técnica de correção da laceração perineal de terceiro grau–relato de caso In: CONGRESSO PAULISTA DE MEDICINA VETERINÁRIA. São Paulo, 2004. SIQUEIRA, V. J., GIOSO, M. M., FILHO, W. O. B., BRUZADELLI, R. M. Z., RESCK, M. C. C., SIQUEIRA, A. C., A. C., ASSUMPÇÃO, R. F., NOGUEIRA M. B. R. 55 M E L K I , L . A . H . ; O L I V E I R A , M . A . P. ; TO S T E S FILHO,W.;OLIVEIRA,H,C. Manejo simplificado de menorragia. Femina, v. 31, n. 9, p. 813-818, outubro, 2003. PRADO,R.A.A.;TSUTOMU,A.;ALDRIGHI,J.M. Peso do útero após ligadura no ramo ovariano do vaso uterino. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 53, n.2, p. 166-170, 2007. NICKEL,R.;SCHUMMER,A.;SEIFERLE,E. The Circulatory Sytem, the Skin and the Cutaneous Organs of the Domestic Mammals. Berlin : Verlag Paul Parey, 1981. 610p. ROONEY,E.F. Personnal communication. Cornell Veterinary, v. 54, n.11., 1964. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 51-55, jul./dez. 2010 57 ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO DA ARTÉRIA CELÍACA EM MARRECOS (Anas platyrhynchos platyrhynchos) Gabrielle Gonçalves Narciso Resende1, Frederico Ozanam Carneiro e Silva2, Bruno Gomes Vasconcelos3, Danila Barreiro Campos4, Alessandro Barreiro Campos5, Fernando Antônio Ferreira2, Flávia Cristina Queiroz Rinaldi1 RESUMO Com o avanço na criação e comercialização da carne de marreco, verificou-se a necessidade de estudos que abordem a irrigação do aparelho digestório e dentre os importantes vasos responsáveis pela sua nutrição destaca-se a artéria celíaca, a qual foi estudada em 30 exemplares de marrecos (Anas platyrhynchos platyrhynchos), machos e fêmeas, a sua origem e distribuição. Após as mortes naturais das aves, injetou-se solução marcadora de vasos sanguíneos, via artéria isquiática esquerda de Neoprene latex “450”, corada com pigmento específico e em seguida fixou-as em solução de formol a 10%, com posteriores dissecações. A artéria celíaca foi o primeiro ramo ventral da aorta descendente e distribuiu-se no esôfago, proventrículo, ventrículo, fígado, vesícula biliar, pericárdio, transição gastroduodenal, baço, duodeno, pâncreas, ceco esquerdo, íleo e jejuno. Palavras-chave: irrigação, artéria celíaca, aves. INTRODUÇÃO A popularização do hábito de comer carne de marreco no país está promovendo um avanço médio de 10% ao ano nas vendas de matrizes, filhotes, ovos e animais vivos e por consequência, já existem frigoríficos produzindo em escala internacional. O seu sistema de criação é praticamente idêntico ao frango tradicional (CENTRO..., 2010). Existem raças mistas de marrecos, que fornecem carne de boa qualidade, enquanto outras são mais direcionadas à postura (FABICHAK, 1999). 1 2 3 4 5 Intimamente relacionado com a produtividade está o aparelho digestório, pois é nele que ocorre o processamento e absorção dos alimentos. O conhecimento de suas estruturas e fisiologia é inevitável para se estabelecer uma nutrição mais adequada, voltada às particularidades digestivas, visando à obtenção de uma ração de alta digestibilidade, melhor aproveitamento pelo animal, proporcionando melhor conversão alimentar e consequentemente aumentando a sua produção (MIRANDA et al., 2009). Sendo assim, a escassez de estudos específicos sobre a vascularização dos órgãos do aparelho digestório nesta espécie, objetivou o presente o estudo, que visa determinar a origem e distribuição da artéria celíaca em marrecos. MATERIAL E MÉTODOS Para este trabalho foram utilizados 30 exemplares de marrecos Anas platyrhynchos platyrhynchos, machos e fêmeas, cedidos após mortes naturais por núcleos criatórios do estado de São Paulo. A artéria isquiática esquerda foi canulada, para injeção de solução aquosa a 50% de Neoprene látex “450” (Du pont do Brasil. Indústrias Químicas. São Paulo – SP), corada com pigmento específico (Globo S/A Tintas e Pigmentos). Em seguida, as aves foram fixadas em solução aquosa de formol 10%, mediante aplicações intramuscular, subcutânea e intracavitária, sendo posteriormente, mantidas submersas na mesma solução, tendo como intervalo mínimo para dissecação o período de 48 horas. Para dissecação da artéria celíaca utilizou-se instrumentos cirúrgicos adequados, auxiliados, Acadêmica. Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV). Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Av. Ceará, s/n, Bloco 2T, Jardim Umuarama, Uberlândia-MG. 38.400-902. (34) 3218 2197. [email protected]. Médico Veterinário. Doutor. Professor Titular. FAMEV-UFU. Médico Veterinário. Doutorando do Programa de Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia.(FMVZ) Universidade de São Paulo (USP). Médica Veterinária. Doutora. Professora Adjunto. Universidade Federal da Paraíba. Médico Veterinário. Autônomo. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 57-61, jul./dez. 2010 58 quando necessário, pelo campo visual de uma lupa monocular tipo Wild (l0X). Subsequentemente às dissecações registrou-se esquematicamente sua origem, número e distribuição. Os achados foram submetidos a análise descritiva visando verificar diferenças entre eles. A nomenclatura adotada para descrição dos resultados esteve de acordo com Baumel (1979). RESULTADOS A artéria celíaca originou-se da aorta descendente, sendo o seu primeiro ramo ventral. Ao longo do seu trajeto enviou ramos para o esôfago, proventrículo, ventrículo, fígado, vesícula biliar, pericárdio, transição gastroduodenal, baço, duodeno, pâncreas, ceco esquerdo, íleo e jejuno. A artéria proventricular dorsal foi o primeiro ramo a emergir da artéria celíaca, fornecendo posteriormente de dez a 20 ramos, sendo que 13 (26,6%), 18 (13,3%), 17, 20 (10%), dez, 12, 14, 15, 16 e 19 (6,6%). Em 26,6% das aves, esta artéria cedeu um ramo ao esôfago. Em 3,3% dos animais, a artéria celíaca enviou um ramo à vesícula biliar e dividiu-se em ramos direito e esquerdo. O ramo esquerdo emitiu as artérias proventricular ventral, gástricas ventral e esquerda, hepática esquerda, pericárdicas e ramos para transição gastroduodenal. A artéria proventricular ventral forneceu de sete a 15 ramos, sendo oito (23,3%), 11 (20%), 12 (16,6%), dez, 15 (10%), sete, 13 e 14 (6,6%). A artéria gástrica ventral oscilou cedendo de um a oito ramos, sendo que dois (43,3%), quatro (23,3%), três (10%), cinco, seis, oito (6,6%) e um (3,3%). Em 10% dos exemplares foi verificado ainda a emissão de ramos hepáticos, sendo dois (66,6%) e um (33,3%). Notou-se de dois a cinco ramos da artéria gástrica esquerda, sendo que dois (43,3%), três (26,6%), quatro (16,6%) e cinco (13,3%). Em 3,3% dos animais observou-se um ramo hepático. A artéria hepática esquerda enviou de um a dois ramos, sendo um (76,6%) e dois (23,3%). A artéria pericárdica foi encontrada em 73,3% das aves, com um a dois ramos, sendo um (95,4%) e dois (4,5%). Os ramos para transição gastroduodenal estiveram presentes em 60% dos espécimes, cedeu de um a quatro ramos, sendo dois (72,2%), um, três (11,1%) e quatro (5,5%). O ramo direito dividiu-se em artérias esplênica, hepática direita, gástrica dorsal, pancreaticaduodenal, ileocecal e ramo cístico. Os ramos da artéria esplênica variaram de dois a quatro ramos, sendo três (56,6%), dois (40%) e quatro (3,3%). A artéria hepática direita enviou de um a dois ramos para o fígado, sendo um (96,6%) e dois (3,3%); além dos ramos hepáticos ela originou a artéria da vesícula biliar, que esteve presente através de um ramo em todas as aves. A artéria gástrica dorsal emitiu de dois a seis ramos, sendo que dois (43,3%), três (23,3%), cinco (20%), quatro e seis (6,6%). A artéria pancreaticoduodenal irrigou o pâncreas e o duodeno, para o primeiro enviou de sete a 16 ramos, sendo que 11 e 12 (16,6%), oito e 13 (13,3%), nove, 14 e 16 (10%), sete (6,6%) e dez (3,3%); e para o segundo de 12 a 22 ramos, sendo que 15 (20%), 14 (16,6%), 20 (13,3%), 13, 16, 17 e 18 (10%), 12, 21 e 22 (3,3%). Encontrou-se de uma (90%) a duas (10%) artérias ileocecais, as quais distribuiram-se no ceco esquerdo e íleo, em relação a primeira observou-se de quatro a 13 ramos, sendo que oito (33,3%), sete (23,3%), seis (13,3%), dez (10%), nove (6,6%), quatro, cinco, 11 e 13 (3,3%); e para o segundo de quatro a 14, sendo que oito (20%), sete (16,6%), seis (13,3%), cinco, dez, 11, 12 (10%), quatro, nove e 14 (3,3%). Enviou também ramos ao pâncreas em 10% das aves, sendo um (66,6%) e dois ramos (33,3%) e para o jejuno dois ramos em 3,3% dos espécimes. A caracterização da origem e distribuição da artéria celíaca foi representada por meio de desenho esquemático (Figura 1). RESENDE, G. G. N., SILVA, F. O. C. E, VASCONCELOS, B. G., CAMPOS, D. B., CAMPOS, A. B., FERREIRA, F. A., RINALDI, F. C. Q. 59 Figura 1. Representação esquemática da origem e distribuição da artéria celíaca em marrecos, sendo A – aorta descendente, B – artéria. celíaca, C – artéria proventricular dorsal, D – ramo para a vesícula biliar, E – ramo esquerdo, F – ramo direito, G – artéria hepática esquerda, H – ramo para transição gastroduodenal, I – artéria proventricular ventral, J – ramos para o pericárdio, L – artéria gástrica ventral, M – artéria gástrica esquerda, N – ramo hepático, O – artéria esplênica, P - artéria hepática direita, Q – artéria da vesícula biliar, R – artéria gástrica dorsal, S – artéria pancreaticoduodenal e T – artéria ileocecal. DISCUSSÃO Na galinha doméstica (Gallus gallus), Sisson; Grossman (1975) citaram que a artéria celíaca é um vaso impar originário da aorta, Ede (1965) a descreveu tendo origem no extremo anterior da cavidade peritonial, Nickel et al. (1977) consideraram-na como sendo o primeiro grande ramo ventral da aorta e Baumel (1979) a referiu como sendo um vaso originário da aorta descendente. Nas aves da linhagem Hubbard, Silva et al. (1996) relataram que o referido vaso originou-se da face ventral da aorta descendente, o que coaduna com os achados da presente investigação. O ramo esofágico, originário da artéria celíaca, logo após a sua origem foi citada por Bhaduri et al. (1957), Schwarze; Schröder (1972) e Nickel et al. (1977), em G. gallus; Drummond et al. (2000) em G. gallus domesticus e Silva et al. (2001) na linhagem Avian Farms. Nas aves da linhagem Redbro Plumé, Miranda et al. (2005) complementaram que esse arranjo foi encontrado em 80% do exemplares. No entanto Baumel (1979) em G. gallus, afirmou que estes ramos foram derivados da artéria proventricu- lar, complementamos que nos marrecos esse ramo esofágico derivo-se da artéria proventricular dorsal, presente em 26,6% dos exemplares. A irrigação do proventrículo, referidos por Bhaduri et al. (1957), Schwarze; Schröder (1972), Sisson; Grossman (1975), Baumel (1979) e Getty (1981), em G. gallus; Drummond et al. (1997) na linhagem Petterson; Drummond et al. (2000) no G. gallus domesticus e Silva et al. (2001) na Avian Farms, foi constatada em 100% das aves. Para Miranda et al. (2005) nas aves da linhagem Redbro Plumé, esses vasos foram emitidos pela artéria proventricular dorsal e pelo ramo esquerdo da artéria celíaca através da artéria proventricular ventral, notado com uma variação de sete a 20 ramos. Silva et al. (2001) na linhagem Avian Farms, descreveram que a artéria celíaca enviou ramos para o coração, porém nos animais, ora pesquisados estes ramos surgiram do ramo esquerdo da celíaca encontrada em 73,3% das aves. Posteriormente a artéria celíaca dividiu-se em dois ramos, esquerdo e direito, oque foi notado em todos os espécimes avaliados, coincidindo assim com o informes de Bhaduri et al. (1957), Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 57-61, jul./dez. 2010 60 Schwarze; Schröder (1972), Baumel (1979) e Getty (1981) em G. gallus; Silva et al. (1996) na linhagem Hubbard; Drummond et al (1997) na Petterson; Silva et al. (2001) na Avian Farms e Miranda et al. (2005) na Redbro Plumé. Para Getty (1981) em G. gallus, o fígado e o proventrículo mostraram-se irrigados pelo ramo esquerdo através da artéria hepática esquerda e as artérias proventriculares dorsal e ventral, já o ramo direito emitiu as calibrosas artérias esplênicas e hepática direita, verificando a irrigação da vesícula biliar através da artéria hepática direita, à semelhança do que observou-se nos marrecos. Com o acréscimo de que o fígado recebeu suprimento arterial ainda da artéria gástrica ventral (10%) e da gástrica esquerda (3,3%). A vascularização do ventrículo da galinha doméstica ocorreu a partir do ramo esquerdo da artéria celíaca, denominada por Baumel (1979) de artéria gástrica ventral, além de uma artéria para face esquerda do ventrículo (EDE, 1965), nominada por Bhaduri (1957) como artéria gástrica esquerda, estas artérias estiveram presentes em 100% das aves. Na linhagem Redbro Plumé, Miranda et al. (2005) acrescentaram ainda, as artérias gástricas dorsal e direita, emitidas pelo ramo direito da artéria celíaca e variaram de seis a 12 colaterais. Como o observado, de forma menos acentuada nos marrecos, apresentando de um a oito colaterais. O baço em G. gallus, segundo Bhaduri (1957), recebeu apenas uma delgada artéria esplênica, enquanto que Nickel et al. (1977) citaram que vários pequenos vasos alcançaram este órgão. Já Schwarze; Schröder (1972) relataram duas a três artérias e Getty (1981) descreveu a irrigação do baço, como sendo efetuada pelas calibrosas artérias esplênicas cranial e caudal, não se atendo a numerá-las. Miranda et al. (2005) na linhagem Redbro Plumé verificaram que o ramo direito irrigou o baço variando de dois a cinco, nos espécimes estudados estes vasos variaram de dois a quatro. Em relação à artéria pancreaticoduodenal, Getty (1981) na G.gallus; Silva et al. (1996) na linhagem Hubbard; Drummond et al. (1997) na Petterson; Silva et al. (1997) na Ross; Drummond et al. (2000) G. gallus domesticus; Silva et al. (2001) na Avian Farms e Miranda et al. (2005) na Redbro Plumé, observaram que esse vaso é uma continuação final do ramo direito da artéria celíaca, e que enviou ramos ao pâncreas e ao duodeno, à semelhança dos marrecos, que emitiu de sete a 22 colaterais. As artérias ileocecais na galinha doméstica originaram-se a partir da pancreaticoduodenal, foram citadas por Ede (1965) como ramos secundários; Schwarze; Schröder (1972) relataram à emissão de uma artéria ileocecal após o envio das artérias esplênicas, antes do surgimento da pancreaticoduodenal, com o que somos concordantes, porém observou-se a presença de uma a duas artérias, 90% a 10% respectivamente. Miranda et al. (2005) na linhagem Redbro Plumé, acrescentaram que houve uma variação de dois a quatro, porém nas aves em estudo constatou-se a contribuição destes vasos para cada órgão, sendo que o íleo recebeu de quatro a 14 ramos e o ceco esquerdo de quatro a 13, caracterizando assim um arranjo próprio destes vasos nos marrecos. CONCLUSÕES A artéria celíaca foi o primeiro ramo ventral da aorta descendente e enviou vasos para o esôfago, proventrículo, ventrículo, fígado, vesícula biliar, pericárdio, transição gastroduodenal, baço, duodeno, pâncreas, ceco esquerdo, íleo e jejuno. Origins and distribution of celiac artery in teal (Anas platyrhynchos platyrhynchos) ABSTRACT With the advancement in the goose raising and marketing for its meat, there is a need studies that address the irrigation of the digestive tract and among the major vessels responsible for its nutrition is the celiac artery, 30 specimens of mallard (Anas platyrhynchos platyrhynchos) were studied to evaluate the origin and distribution of the celiac artery. Following the natural death of the birds, the animals were injected with tracer solution of blood vessels, through left sciatic artery, constituted of 50% neoprene latex “450”, stained with specific pigment and then the entire animal fixed in 10% formalin for later dissection. The celiac artery was the first ventral branch of the descending aorta and vessels sent to: esophagus, proventriculus, gizzard, liver, gallbladder, pericardium, gastroduodenal transition, spleen, duodenum, pancreas, left cecum, ileum and jejunum. Keywords: irrigation, celiac artery, birds. RESENDE, G. G. N., SILVA, F. O. C. E, VASCONCELOS, B. G., CAMPOS, D. B., CAMPOS, A. B., FERREIRA, F. A., RINALDI, F. C. Q. 61 REFERÊNCIAS BAUMEL,J.J. Nomina anatômica avium. Londres: Academic Press, 1979. 360-361p. BHADURI,J.L.;BISWAS,B.;DAS,S.K. The arterial system of the domestic pigeon (Columba líva gmelin). Anatomischer Anzeiger, Deerfield Beach, v. 104, n. 14, p. 1-14, 1957. CENTRO DE PRODUÇÕES TÉCNICAS. Marrecos apresentam carne tenra e de ótimo sabor, 03 de agosto de 2010. Disponível em: http://www.cpt. com.br/materia/1086/marrecos-apresentam-carne-tenra-e-de-otimo-sabor. Acesso em: 09 setembro de 2010. DRUMMOND,S.S.;CARDOSO,J.R.;SILVA,F.O.C.; SEVERINO,R.S. Origem e distribuição da artéria celíaca em aves da linhagem Petterson (matrizes pesadas de corte machos). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINARIA, 25., 1997. Gramado-RS, Anais... Gramado, 1997. p.107. 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Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 57-61, jul./dez. 2010 63 ORIGENS E DISTRIBUIÇÕES DAS ARTÉRIAS MESENTÉRICAS CRANIAL E CAUDAL EM Gallus gallus DA LINHAGEM DEKALB WHITE Frederico Ozanam Carneiro e Silva1, Bruno Gomes Vasconcelos2, Renata Lima de Miranda3, Cheston Cesar Honorato Pereira4, Angelita das Graças de Oliveira Honorato5, Eduardo Maurício Mendes de Lima6, Jordana Almeida Santana7, Gabriela Lúcia Bonato8, Gabrielle Gonçalves Narciso Resende9 RESUMO Estudaram-se 30 exemplares da espécie Gallus gallus da linhagem Dekalb White que foram obtidos de mortes naturais, com idades aproximadas de sete a oito semanas provenientes de criatórios do município de Uberlândia-MG, com o objetivo de verificar as origens e distribuições das artérias mesetntéricas cranial e caudal. No sistema vascular arterial foi injetada solução aquosa de Neoprene Látex “450” a 50%, via artéria isquiática esquerda e as aves dissecadas após 48 horas de fixação em formol a 10%. A artéria mesentérica cranial originou-se ventralmente da aorta descendente, caudalmente à emissão da artéria celíaca e distribuiu-se no jejuno, íleo e cecos. A artéria mesentérica caudal originou-se do terço caudal da aorta descendente e dividiu-se em ramos cranial e caudal, o primeiro distribuiu-se no reto e o segundo no reto, íleo, cloaca e bolsa cloacal. Ocorreram anastomoses entre as artérias mesentérica cranial e o ramo cranial da mesentérica caudal. Palavras-chave: vascularização, artérias mesentéricas, aves. INTRODUÇÃO O vigor da economia brasileira, pautado nos ganhos de massa salarial real, sugere a sustentação do consumo interno de carnes e derivados. E o mercado internacional começa a se recuperar, 1 2 3 4 5 6 7 8 9 o que permite prever um crescimento das exportações da carne de frango. A expectativa é de um crescimento próximo de 4% no consumo mundial de carnes em 2010 (ANUALPEC, 2010). Intimamente relacionado com a produtividade está o aparelho digestório, pois é nele que ocorre o processamento dos alimentos. O reconhecimento de suas estruturas e fisiologia é inevitável para se estabelecer uma nutrição mais adequada, voltada às particularidades digestivas, visando à obtenção de uma ração de alta digestibilidade, melhor aproveitamento pelo animal, proporcionando uma melhor conversão alimentar e consequentemente aumentando a sua produção (MIRANDA et al., 2009). As artérias mesentéricas são importantes vasos responsáveis pela nutrição de grande parte do aparelho digestório. Nas aves essas artérias são responsáveis principalmente pela irrigação dos intestinos e estão intimamente ligadas ao ganho de peso e conversão alimentar (PERES et al., 2005). No referente à origem da artéria mesentérica cranial, Sisson; Grossman (1975) e Baumel et al. (1979) confirmaram que este vaso origina-se da aorta descendente. Autores como Ede (1965), Schwarze; Schröder (1970), Nickel et al.(1977), Getty (1986), Dyce et al. (1997), Santana et al. (2000), Campos et al. (2000/2001), Severino et al. (2001) e Silva et al. (2001), citaram que a mesma surgiu da artéria aorta descendente, caudalmente à origem da artéria celíaca. Em relação às regiões irrigadas pela mesma artéria, Getty (1986), Pinto et al. (1998), Silva et Médico Veterinário. Doutor. Professor Titular. Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV). Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Av. Ceára, s/n, Bloco 2T. Jardim Umuarama. 38.400-902. (34)3218 2197. [email protected]. Médico Veterinário. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres.Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ). Universidade de São Paulo (USP). Médica Veterinária. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicada da UFU. Médico Veterinário. Mestre. Professor. Faculdade de Medicina Veterinária de Rio Verde-GO. Médica Veterinária. Mestre. Autônoma. Médico Veterinário. Doutor. Professor Adjunto. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. Universidade de Brasília (UnB). Médica Veterinária. Mestranda. Universidade Federal de Minas Gerais. Médica Veterinária. Mestranda em Ciências Veterinárias. FAMEV-UFU. Médica Veterinária. Autônoma. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 63-68, jul./dez. 2010 64 al. (1999) e Campos (2002) mencionaram que ela irriga a maior parte do intestino delgado e cecos. Koch (1973) detalhou que esta supre apenas o jejuno, íleo e parte proximal dos cecos. Logo após sua origem, de acordo com Nickel et al. (1977), ela emite a artéria ileocecal, o que também é relatado por Araújo et al. (1997), Silva et al. (1999) e Campos et al. (2000/2001). Getty (1986) acrescentou ainda a possibilidade de haver a emissão de uma ou mais artérias ileocecais. Pinto et al. (1998) constataram que nas proximidades da junção ileocecocólica, ela subdivide em 3 ramos, o primeiro destinado a mesma junção, as porções craniais dos cecos e segmento final do íleo, o segundo ao jejuno e o terceiro irriga as porções média e caudal do ceco direito e íleo. Enquanto que Baumel et al. (1979) mecionaram que a mesma fornece as artérias jejunais, ileais e ileocecal. Em relação à origem da artéria mesentérica caudal, Schwarze; Schröder (1970) e Sisson; Grossman (1975) citaram que é o último ramo ímpar da artéria aorta, sendo que Schwarze; Schröder (1970) e Pinto et al. (1998) ainda complementaram que a sua origem se dá ao nível do extremo caudal dos rins. Baumel et al. (1979), Getty (1986), Campos et al. (2001), Severino et al. (2001) e Silva et al. (2001) relataram que logo após sua origem, esta se divide em dois ramos, denominados de cranial e caudal. No que diz respeito à distribuição da artéria mesentérica caudal, Schwarze; Schröder (1970) relataram que os seus ramos irrigam o terço caudal do intestino grosso, a cloaca e a bolsa cloacal. Para Sisson; Grossman (1975), ela vasculariza o cólon, cecos e a cloaca. Baumel et al. (1979) descreveram-na cedendo através de seu ramo cranial, os ileais; e do ramo caudal os retais, os cloacais e a artéria bursal. Getty (1986) afirmou que a mesma divide-se em dois ramos iguais; o cranial segue o mesorreto, emitindo ramos para a parte cranial do reto, raízes dos cecos, parte distal do íleo e o ramo caudal estende-se até a metade caudal do reto. Segundo Dyce et al. (1997), a artéria mesentérica caudal cede ramos para a bolsa cloacal e intestinos. Santana et al. (2000) citaram que o vaso envia um ramo cranial para o cólon e o reto, e um ramo caudal para o reto e a cloaca. Silva et al. (2001) informaram que irriga o reto e a cloaca, sendo que em alguns casos tambem a porção final do íleo, cecos direito e esquerdo e a bolsa cloacal. Campos et al. (2000/2001) e Severino et al. (2001) acrescentaram que a artéria citada emite ramos para o íleo, ceco, reto e cloaca, podendo ainda irrigar a bolsa cloacal. Pinto et al. (1998) afirmaram que o referido vaso divide-se em dois ramos, um cranial que, por sua vez, emite dois vasos menores para o mesorreto e um ramo que se anastomosa com o vaso destinado ao cólonreto, originado da artéria mesentérica cranial. Além do ramo cranial, a artéria mesentérica caudal origina um ramo caudal que vasculariza a porção terminal do reto, a bolsa cloacal e a cloaca. A presença de anastomoses entre ramos da artéria mesentérica cranial é destacada por Schwarze; Schröder (1970), Baumel et al. (1979), Pinto et al. (1998), Severino et al. (2001) e Silva et al. (2001). Santana et al. (2000) verificaram a presença de anastomoses entre as artérias mesentéricas cranial e caudal, as mesmas foram descritas por Schwarze; Schröder (1970), Baumel et al. (1979), Pinto et al. (1998), Sampaio et al. (2001), Silva et al. (2001) e Campos (2002). Objetiva-se assim, pesquisar as origens e distribuições das artérias mesentéricas cranial e caudal em aves (Gallus gallus) da linhagem Dekalb White. MATERIAL E MÉTODOS Para realização deste trabalho utilizou-se 30 exemplares da espécie Gallus gallus, linhagem Dekalb White, obtidos após mortes naturais, com idades aproximadas de sete a oito semanas em criatórios do município de Uberlândia-MG. Após o óbito natural das aves, a artéria isquiádica esquerda foi canulada para injeção de solução marcadora de vasos sanguíneos, a 50% de Neoprene látex “450” (Du pont do Brasil. Indústrias Químicas. São Paulo – SP), corada com pigmento específico (Globo S/A Tintas e Pigmentos). Em seguida, fixou-as em solução aquosa de formol a 10%, mediante aplicações intramusculares, subcutâneas e intracavitárias, sendo posteriormente, mantidas submersas na mesma solução, tendo como intervalo mínimo para dissecação o período de 48 horas. Na dissecação das artérias mesentéricas cranial e caudal utilizou-se instrumentos cirúrgicos adequados, auxiliados, quando necessário, pelo campo visual de uma lupa monocular tipo Wild (l0X). Subsequentemente às dissecações, registraram-se a origem, o número e a distribuição das artérias mesentéricas cranial e caudal em esquemas representativos de cada espécime. Análises descritivas dos dados foram utilizadas com o intuito de verificar diferenças entre eles. SILVA, F. O. C. E, VASCONCELOS, B. G., MIRANDA, R. L. DE, PEREIRA, C. C. H., HONORATO, A. DAS G. DE O., LIMA, E. M. M. DE, SANTANA, J. A., BONATO, G. L., RESENDE, G. G. N. 65 A nomenclatura adotada para descrição dos resultados foi a Nomina anatomica avium (1979). RESULTADOS A artéria mesentérica cranial originou-se ventralmente da aorta descendente, caudalmente à artéria celíaca em 96,66% das aves. Em um caso (3,33%) ela surgiu do tronco celíacomesentérico. A artéria ileocecal foi o primeiro ramo emitido pela mesentérica cranial que distribuiu-se no íleo e cecos direito e esquerdo, variou numericamente de dois a 14 ramos, sendo que três (16,66%), quatro, cinco e seis (13,33%), dois e oito (10%), nove e dez (6,66%), 11, 12 e 14 (3,33%). Em 3,33% das aves, os ramos ileais e cecais foram emitidos diretamente da artéria mesentérica cranial. A seguir a artéria mesentérica cranial enviou ao longo de sua face lateral direita as artérias jejunais, que variaram de seis a 19, sendo nove (20%), 14 (16,66%), 12 (13,33%), 11, 17 (10%), seis, oito (6,66%), sete, dez, 13, 15 e 19 ramos (3,33%). As artérias ileais surgiram da face lateral esquerda da mesentérica cranial e variaram de um a cinco ramos, sendo três (53,33%), dois (30%), um, cinco (6,66%) e quatro (3,33%). A artéria mesentérica caudal emergiu do terço caudal da aorta descendente e dividiu-se em ramos cranial e caudal. O primeiro ramo emitiu vasos ao reto, que variaram de um a cinco, sendo um (66,66%), cinco (16,66%), quatro (13,33%) e três (3,33%). O ramo caudal enviou os seguintes colaterais: retal (100%), cloacal (90%) e bursocloacal (10%). O primeiro irrigou o reto, que variou de um a três ramos, sendo que um (56,66%), dois (30%) e três (13,33%); o segundo distribuiu-se na cloaca e oscilou de um a três ramos, sendo que um (51,85%), dois (29,62%) e três (18,51%); e o terceiro enviou ramos à bolsa cloacal em três casos, sendo variaram de um a dois, sendo dois (66,6%) e um (33,3%). Encontrou-se em 33,33% dos exemplares, anastomoses entre as artérias mesentérica cranial e o ramo cranial da mesentérica caudal. Figura 1. Esquema representativo das origens e distribuições das artérias mesentéricas cranial e caudal em Gallus gallus da Linhagem Dekalb White, sendo A – aorta descendente, B – artéria tronco celíacomesentérico, C – artéria mesentérica cranial, D – artéria ileocecal, E – artéria ileal, F - artérias jejunais, G – artéria mesentérica caudal, H – ramo cranial, I – ramo caudal, J – ramo retal, L – ramo cloacal, M – ramo bursocloacal e N – anastomose entre a artéria mesentérica cranial e o ramo cranial da artéria mesentérica caudal. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 63-68, jul./dez. 2010 66 DISCUSSÃO A origem da artéria mesentérica cranial deu-se ventralmente à aorta descendente, logo após a origem da artéria celíaca, em 96,66% das aves, o que coaduna com as observações feitas por Ede (1965), Schwarze; Schröder (1970), Nickel et al. (1977), Getty (1986), Dyce et al. (1997), Santana et al. (2000), Campos et al. (2000/2001), Severino et al. (2001) e Silva et al. (2001). Na presente investigação constatou-se ainda a sua origem do tronco celíacomesentérico em 3,33% das aves estudadas. Em relação às regiões irrigadas pela referida artéria, Getty (1986), Pinto et al. (1998), Silva et al. (1999) e Campos (2002) mencionaram que a mesma irrigou a maior parte do intestino delgado e cecos, não dando ênfase às respectivas regiões do intestino delgado. Sobre este aspecto, concordamos com os relatos de Koch (1973) que citou o jejuno, íleo e parte proximal dos cecos por ela irrigados. Logo após sua origem, de acordo com Nickel et al. (1977), ela emitiu a artéria ileocecal, sendo relatada por Araújo et al. (1997), Silva et al. (1999) e Campos et al. (2000/2001) o que está em acordo com nossos achados. Getty (1986) mencionou ainda, a possibilidade de haver a emissão de mais de uma artéria ileocecal, fato este não encontrado nas aves estudadas. Acrescentamos ainda, o fato de haver uma irrigação para o íleo e cecos diretamente da artéria mesentérica cranial, o que verificou-se em 3,33% dos exemplares. Pinto et al. (1998) relataram que nas proximidades da junção ileocecocólica, a artéria mesentérica cranial subdivide-se em 3 ramos, o primeiro destinado a esta junção, as porções craniais dos cecos e segmento final do íleo, o segundo ao jejuno e o terceiro às porções média e caudal do ceco direito e íleo. Enquanto que Baumel et al. (1979) mencionaram que as mesmas fornecem as artérias jejunais, ileais e ileocecal, com o que concordamos. Quanto à origem da artéria mesentérica caudal, Schwarze; Schröder (1970) e Sisson; Grossman (1975) citaram que é o último ramo ímpar da artéria aorta, sendo que Schwarze; Schröder (1970) e Pinto et al. (1998) ainda complementaram que a sua origem se dá no nível do extremo caudal dos rins no terço caudal da artéria aorta descendente. Baumel et al. (1979), Getty (1986), Campos et al. (2000/2001), Severino et al. (2001) e Silva et al. (2001) relataram que ela se divide-se em dois ramos cranial e caudal, o que também foi observado na presente investicação. No que diz respeito à distribuição da artéria mesentérica caudal, Schwarze; Schröder (1970) relataram que os seus ramos irrigam o terço caudal do intestino grosso, a cloaca e a bolsa cloacal. Para Sisson; Grossman (1975), ela irriga o cólon, cecos e a cloaca. Dyce et al. (1997) relataram que a artéria mesentérica caudal cede ramos para a bolsa cloacal e intestinos. Baumel et al. (1979) mencionaram-na fornecendo através de seu ramo cranial, os ramos ileais; e do ramo caudal os ramos retais, cloacais e a artéria bursal. Getty (1986) afirmou que ela divide-se em dois ramos; o cranial segue o mesorreto, emitindo ramos para a parte cranial do reto, raízes dos cecos, parte distal do íleo e o ramo caudal estendeu-se até a metade caudal do reto. Não constatamos ramos para o íleo, cólon e cecos nos animais estudados. Segundo Santana et al. (2000), a artéria mesentérica caudal enviou um ramo cranial para o cólon e o reto, e um ramo caudal para o reto e a cloaca. Silva et al. (2001) informaram que a mesma irriga o reto e a cloaca, sendo que em alguns casos também a porção final do íleo, cecos direito e esquerdo e a bolsa cloacal. Para Campos et al. (2000/2001) e Severino et al. (2001), a referida artéria emite ramos para o íleo, ceco, reto e cloaca, podendo ainda, irrigar a bolsa cloacal. Pinto et al. (1998) afirmaram que este vaso divide-se em dois ramos, um cranial que, por sua vez, emite dois vasos menores para o mesorreto e ainda, um ramo que se anastomosa com o vaso destinado ao cólonreto, originado da artéria mesentérica cranial e o ramo caudal que vasculariza a porção terminal do reto, a bolsa cloacal e a cloaca. Em nosso estudo foi observado que o ramo cranial irriga apenas o reto, já o caudal mostra-se com um comportamento semelhante ao descrito por Pinto et al. (1998), que envia ramos retal (100%), cloacal (90%) e bursocloacal (10%). A presença de anastomoses entre ramos da artéria mesentérica cranial foi destacada por Schwarze; Schröder (1970), Baumel et al. (1979), Pinto et al. (1998), Severino et al. (2001) e Silva et al. (2001). Santana et al. (2000) especificaram a presença de anastomoses entre as artérias mesentéricas cranial e caudal, as quais também foram descritas por Schwarze; Schröder (1970), Baumel et al. (1979), Pinto et al. (1998), Sampaio et al. (2001), Silva et al. (2001) e Campos (2002), o que também foi constatado nos exemplares estudados em 33,33%. CONCLUSÕES A artéria mesentérica cranial originou-se ventralmente da aorta descendente, caudalmente à SILVA, F. O. C. E, VASCONCELOS, B. G., MIRANDA, R. L. DE, PEREIRA, C. C. H., HONORATO, A. DAS G. DE O., LIMA, E. M. M. DE, SANTANA, J. A., BONATO, G. L., RESENDE, G. G. N. 67 emissão da artéria celíaca e distribuiu-se no jejuno, íleo e cecos; a artéria mesentérica caudal originou-se do terço caudal da aorta descendente e dividiu-se em ramos cranial e caudal, o primeiro direcionado ao reto e o segundo ao reto, íleo, cloaca e bolsa cloacal; ocorreram anastomoses entre a artéria mesentérica cranial e o ramo cranial da mesentérica caudal. Origin and distribution of the cranial and caudal mesenteric arteries in fowls (gallus gallus) of the dekalb white lineage ABSTRACT This study evaluated 30 specimens of the species Gallus gallus of the Dekalb White lineage of seven to eight weeks of age, obtained from natural deaths and from farms in the municipality of Uberlândia-MG, in order to describe the origins and distributions of the cranial and caudal mesenteric arteries. The arterial vascular system was injected with aqueous solution 50% of Neoprene Latex “450”, via left sciatic artery and the fowls were dissected after 48 hours fixation in 10% formalin. The cranial mesenteric artery originated from the ventral aorta, caudal to the origin of the celiac artery and distributed in the jejunum, ileum and cecum. The caudal mesenteric artery originated from the caudal third of the descending aorta and divided into cranial and caudal branches. The first distributed on the rectum and the second in the rectum, ileum, cloaca and cloacal bursa. Anastomoses occurred between the cranial mesenteric artery and the cranial branch of the caudal mesenteric artery. Keywords: vascularization, mesenteric arteries, birds. REFERÊNCIAS ANUALPEC. Oferta elevada de milho e soja melhora margem dos criatórios. São Paulo, p. 227-229,2010. ARAÚJO,C.; LOPES,D.;SILVA,F.O.C.;SEVERINO, R.S.;SANTOS,A.L.Q.;DRUMMOND,S.S.; BOMBONATO,P.P.;SANTANA,M.I.S. Origem e distribuição das artérias mesentéricas cranial e caudal em machos da linhagem Peterson (Gallus gallus domesticus). 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Foram realizadas 94 entrevistas com proprietários de cães e gatos observando-se que 75,33% dos proprietários nunca levou o animal ao médico veterinário. Todas as pessoas entrevistadas consideraram o seu animal como membro da família, e 86,17% afirmaram acreditar que os animais compartilham os mesmos sentimentos dos seres humanos. Em relação à administração de medicamentos, 37,23% dos animais nunca haviam recebido medicamentos, seja por conta do proprietário, seja por indicação de médico veterinário. Dos 62,76% animais medicados, 86,44% receberam medicação sem orientação profissional e apenas 13,56% foram medicados com prescrição veterinária. Conclui-se que no bairro Buenos Aires (zona norte de Teresina-PI) há um grande índice de uso indiscriminado de medicamentos, sem orientação médico-veterinário. Desta forma, verifica-se necessidade de implantação de programas educacionais no bairro e no município. Palavras-chave: médico veterinário, medicamento, pequenos animais. TEXTO A automedicação é um procedimento caracterizado fundamentalmente pela iniciativa de um doente, ou de seu responsável, em obter ou produzir e utilizar um produto que acredita lhe trará benefícios no tratamento de 1 2 3 4 5 6 7 doenças ou alívio de sintomas (PAULO; ZANINE, 1988). O uso inadequado de medicamento pode ter como consequência efeitos indesejáveis, enfermidades iatrogênicas e mascaramento de doenças evolutivas, representando, portanto, problema a ser prevenido. O risco dessa prática está correlacionado com o grau de instrução e informação dos usuários sobre medicamentos (CAMPOS et al., 1985). Os prejuízos mais frequentes decorrentes da prática da administração de medicamentos sem prescrição são gastos supérfluos, atraso no diagnóstico e na implementação de terapêutica adequada, reações adversas, intoxicações e confusão entre sintomatologias que ficam mascaradas, criando novos A situação da utilização de medicamentos sem orientação profissional em Medicina Veterinária é praticamente desconhecida e com poucos relatos (LEITE et al., 2006; MELLO et al., 2008). No entanto, infere-se que a administração de medicamentos aos animais, sem prescrição médico-veterinária, pelos proprietários também é um problema comum, já que a automedicação é praticada frequentemente pela população humana de maneira geral (AQUINO, 2008). Objetivou-se com este trabalho registrar a ocorrência da administração de medicamentos sem orientação profissional em cães e gatos em um bairro carente do município de Teresina-PI. Durante uma Ação Social em Medicina Veterinária no bairro Buenos Aires, localizado na zona norte do Município de Teresina-PI, no dia 21 de abril de 2009, procedeu-se à aplicação de um questionário (Figura 1) a 94 proprietários de caninos e felinos, bem como atendimento clínico e orientação sobre os cuidados necessários à criação de animais de estimação. Médica Veterinária. Doutora. Professora Associada. Departamento de clínica e cirurgia veterinária (DCCV). Centro de Ciências Agrárias(CCA). Universidade Federal do Piauí (UFPI). 64049550, Teresina, PI. [email protected]. Médico Veterinário. Autônomo. Médica Veterinária. Doutora. Professora Adjunta. DCCV. CCA-UFPI. Médico Veterinário. Mestrando. Programa de Pós-graduação em Ciência Animal-UFPI. Médico Veterinário. Doutorando. Programa de Pós-graduação em Ciência Animal-UFPI. Médica Veterinária. Residente. Hospital Veterinário-UFPI. Zootecnista. Professor Adjunto-UFPI. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 69-71, jul./dez. 2010 70 1. O senhor considera seu animal como membro da família? SIM NÃO 2. O senhor acha que seu animal tem sentimentos parecidos com os seus? SIM NÃO 3. Seu animal já foi consultado por médico veterinário? SIM NÃO 4.O seu animal já tomou remédio caseiro? SIM NÃO 5. Quem indicou? Médico veterinário Outros 6. O seu animal já tomou algum medicamento de laboratório? SIM NÃO 7. Quem indicou? Médico veterinário Outros O senhor medica ou medicou seu animal por conta própria? SIM NÃO Figura 1. Questionário sobre o uso de medicamentos sem prescrição médico-veterinária em cães e gatos no bairro Buenos Aires em Teresina-PI, no dia 21 de abril de 2009. A análise estatística dos dados coletados constou de estatística descritiva mediante determinação das frequências percentuais observadas das categorias das variáveis. Dos noventa e quatro entrevistados apenas 23 (24,46%) haviam levado seu animal ao médico veterinário. Deste dado infere-se que os moradores do bairro não consideram importante consultar um profissional para criar o seu animal de estimação ou não possuem condições financeiras para tal. Embora não tenham o hábito de consultar o médico veterinário, a população do bairro Buenos Aires em Teresina-PI considera que o seu animal de estimação faz parte da família e 86,17% afirmam que os animais compartilham os mesmos sentimentos dos seres humanos. Esta postura introduz mudanças no cotidiano das pessoas criando-se novos conceitos familiares com os animais de estimação inseridos na concepção moderna de família. Desta forma, os serviços médicos veterinários deverão rever suas abordagens para se ajustar aos novos tempos (FARACO; SEMINOTTI, 2004). Em relação à administração de medicamentos, seja caseiro ou laboratorial, 62,76% dos animais já tinham sido medicados e 37,23% nunca receberam medicamentos seja por conta do proprietário ou por indicação de um médico veterinário. Dentre estes medicamentos estão incluídos vacinas e vermífugos. Desta forma, observa-se que muitos moradores do bairro não estão informados a respeito de zoonoses, grave problema de saúde pública, especialmente em Teresina onde são alarmantes os índices de ocorrência deste tipo de enfermidade. Por isso, considera-se urgente a adoção de medidas de vigilâncias sanitária e ambiental, planejamento urbano e programa de educação em saúde voltados para a posse responsável de animais (OLIVEIRA et al., 2008.). Dos animais medicados, 86,44% receberam medicação sem orientação profissional, demonstrando que o problema é comum não só na medicina humana (AQUINO, 2008), mas também na veterinária (LEITE et al., 2006; MELLO et al., 2008), reforçando a idéia de que os animais, considerados membros da família, estão sujeitos ao mesmo tratamento destinado aos seres humanos (AQUINO, 2008). O fato de que apenas 13,56% dos animais medicados tiveram indicação veterinária demonstra o descaso com a saúde animal, seja por questão cultural ou financeira. Como a saúde animal reflete na saúde humana, reforça-se a necessidade de campanhas educacionais para melhorar a situação da saúde pública em Teresina (OLIVEIRA et al., 2008). Diante dos resultados obtidos com o questionamento dos proprietários de animais de estimação, e dos riscos da administração de medicamentos sem prescrição médico-veterinária, verifica-se que há necessidade de implantação de programas educacionais, de saúde animal e de saúde pública com acesso a informações e serviços pela população do bairro e do município, melhorando os indicadores de saúde pública em Teresina-PI. QUESSADA, A. M., CARVALHO, R. L. DE, KLEIN, R. P., SILVA, F. A. DO N., FONSECA, L. S. DA, MIRANDA, D. F. H., JÚNIOR, S. C. DE S. 71 Use of medicines without veterinary prescription - communication ABSTRACT This study aimed to diagnose the occurrence of the use of medication without a veterinary prescription in animals by the population of Buenos Aires district, Teresina-PI. 94 interviews were conducted with owners of dogs and cats. It was observed that 75.33% of owners never took the animal to the veterinarian. All respondents considered their pet as a family member, and 86.17% said they believe the animals share the same feelings of human beings. In relation to the administration of medicines, 37.23% of the animals had never received medication, both on its own owner, whether an indication of veterinary practitioner. 62.76% of the treated animals, 86.44% received medication without professional guidance and only 13.56% were treated with veterinary prescription. It was concluded that the Buenos Aires district (north of Teresina-PI) has a high rate of indiscriminate use of medication without guidance from veterinary practitioner. Thus, there is a need to implement educational programs in the district and the city. Keywords: veterinary, medicine, small animals. REFERÊNCIAS AQUINO,S. Por que o uso racional de medicamentos deve ser uma prioridade? Ciência e saúde coletiva. v.13, suppl., p. 733-736, 2008. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo. php?pid=S1413-81232008000700023&script=sci_ arttext&tlng=pt>. Acessado em 11 jun 2009. BER,S. Prescrição de medicamentos veterinários por leigos: um problema ético. Curitiba, Revista Acadêmica, v.4, n.4, p. 43-47, 2006. Disponível em: <http://www2.pucpr.br/reol/index.php/ ACADEMICA?dd1=1030&dd99=view> Acessado em 15 jun. 2009. LIMA,A.A.A.;RODRIGUES,R.V. Automedicação - o uso indiscriminado de medicamentos pela população de Porto Velho. 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Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 69-71, jul./dez. 2010 73 VIABILIDADE DA PUNÇÃO BIÓPSIA ASPIRATIVA POR AGULHA FINA, EM TESTÍCULOS DE CÃES (Canis familiaris- LINNAEUS, 1758) COMO MÉTODO AUXILIAR DE DIAGNÓSTICO Guilherme Nascimento Cunha1, Marcelo Emilio Beletti2, Karine Pena Fayad3, Wilter Ricardo Russiano Vicente4 RESUMO Objetivou-se avaliar a viabilidade do uso de biópsia por punção aspirativa por agulha fina (PAAF) em testículos de cães, como técnica auxiliar na realização de diagnóstico.Foram utilizados 20 cães machos, adultos, hígidos, distribuidos em 4 grupos com 5 animais cada: Ga, Gb, Gc e Gd sendo orquiequitocmizados respectivamente 3, 7, 14 e 62 dias após a biópsia. Submeteu-se o material colhido pela PAAF à avaliação citológica, e o parênquima testicular proveniente da orquiectomia submetido à histopatologia. Foi identificado os seguintes tipos celulares: espermatogônias (4,74%), espermatócitos (5,57%), espermátides (42,10%), espermatozóides (7,00%), células de Sertoli (11,23%) e células não identificadas (5,73%). Na histopatologia a PAAF revelou pequena área de lesão hemorrágica e reação inflamatória com degeneração testicular nos primeiros dias, seguido de cicatrização tecidual aos 62 dias. A amostra direcionada para citologia e histologia, demonstrou ser quantitativamente e qualitativamente suficiente para o diagnóstico. As alterações histopatológicas encontradas nos diferentes momentos mostraram uma evolução transitória, finalizando com cicatrização e recuperação do parênquima testicular. O uso da biópsia por agulha fina demostrou ser pouco traumática, sendo pois recomendada em procedimentos de rotina na clínica médica veterinária. Palavras-chave: punção, biópsia por agulha fina, testículo, cão. INTRODUÇÃO glândulas hipófise e adrenais, obstruções dos ductos deferentes, podendo esta ser congênita, pós-cirúrgica ou inflamatória (JOHNSTON et al., 2001). A avaliação da fertilidade no homem e nos animais domésticos pode ser realizada por exame clínico, características sexuais secundárias, avaliação seminal, determinação de anticorpos, dosagens hormonais, ultra-sonografia e biópsia testicular (AL-JITAWI et al., 1997; CRAFT et al., 1997; MANSOUR et al., 1999). Segundo Pianton et al. (1985) uma alternativa a biópsia testicular na investigação das afecções reprodutivas é a biópsia por punção aspirativa com agulha fina (PAAF), porém tem sido pouco utilizada desde sua publicação original por Huhner (1928). A biópsia aspirativa, considerada como excelente procedimento para diagnóstico de infertilidade no homem, é pouco difundida na prática veterinária (MANSOUR et al., 1999; ZAHN et al., 1999). Nota-se que as investigações clínicas na infertilidade de machos caninos são limitadas, não sendo possível ao clínico realizar diagnóstico preciso (DAHLBOM et al., 1997). Mais recentemente a citologia testicular obtida por aspiração tem sido utilizada como método auxiliar no diagnóstico clínico em casos de azoospermia e afecções testiculares em cães (DAHLBOM et al., 1997; LEME; PAPA, 1997), equinos (MANSOUR et al., 1999), lhamas (HEATH et al., 2000) e em onça pintada (PAZ et al., 2003). O presente estudo visa avaliar como método auxiliar de diagnóstico, em testículos de cães, a biópsia por punção aspirativa com agulha fina (PAAF). A infertilidade no cão pode ser devida a etiologias testiculares ou não. As que não tem origem gonodal podem decorrer de alterações nas 1 2 3 4 Médico Veterinário. Doutorando. Professor. Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM, Rua Diógenes de Morais, 190, Bairro Cazeca, Uberlândia- MG. [email protected]. Médico Veterinário. Doutor. Professor Associado. Instituto de Ciências Biomédicas(ICB). Universidade Federal de Uberlândia(UFU). Acadêmica. Faculdade de Medicina Veterinária(FAMEV) Univesidade Federal de Uberlândia (UFU). Médico Veterinário. Doutor. Professor Titular. UNESP-Campus de Jaboticabal. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 73-79, jul./dez. 2010 74 MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados 20 cães machos, adultos, da espécie canina, sem predileção por raça, provenientes da Associação de Proteção aos Animais de Uberlândia (APA), sendo considerados hígidos após exames clínico e laboratorial (hemograma, bioquímica e urinálise). Realizaram-se todos os procedimentos (biópsia e orquiectomia) nas dependências do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Distribuíram-se os cães em quatro grupos experimentais, com cinco animais em cada: Ga, Gb, Gc e Gd sendo orquiequitocmizados respectivamente 3, 7, 14 e 62 dias após a biópsia. Utilizou-se como medicação pré-anestésica a acepromazina e buprenorfina, por via intramuscular, nas doses de 0,025/Kg e 0,01mg/Kg, respectivamente. Todos os animais foram submetidos à anestesia dissociativa, pela aplicação de 5mg/Kg de tiletamina associado a 5 mg/Kg de zolazepam (Zoletil®50), por via intramuscular. Manteve-se o testículo entre os dedos indicador e polegar. Foi utilizada agulha (BD, Curitiba-PR) de 22G (0,70X25mm) adaptada a uma seringa (Industrias Cirúrgicas Ltda, Ourinhos-SP) de 20mL, perfurando a cútis do escroto e demais lâminas até atingir o parênquima testicular. Fez-se a punção no terço médio da borda livre do testículo. A agulha acoplada a seringa foi movimentada cranialmente e caudalmente, com o êmbolo tracionado, promovendo a formação de vácuo, perfazendo cinco punções. Ao final do procedimento fez-se uma pressão digital suave no local da aspiração (ROSENLUND et al., 1998; LEME; PAPA, 1999). A técnica cirúrgica da orquiectomia foi a descrita por Crane (1996). Após a cirurgia, retirou-se com bisturi as extremidades capitata e caudata, bem como as faces lateral, medial e borda epididimária dos testículos. Estes foram então devidamente identificados, seguido de sua imersão em solução de Buin por 24 horas, e processados para análise histológica. Dividiu-se o material aspirado em três lâminas, para microscópio 26x76mm, devidamente CUNHA, G. N., BELETTI, M. E., FAYAD, K. P., VICENTE, W. R. R. identificadas, e secas à temperatura ambiente. Sendo fixadas e coradas pela técnica de May-Grunwald-Giensa. As três lâminas foram avaliadas contando-se randomicamente um total de 100 células em cada, utilizando-se para leitura a mesma microscopia de luz na objetiva de 100x. Avaliou-se a presença de hemácias e leucócitos utilizando-se um escore de zero a três cruzes, conforme a quantidade presente nas mesmas. Depois de fixado seguiu-se os processos de desidratação em álcool, diafanização por xilol e inclusão em parafina. Posteriormente, fez-se cortes de 5μm e coloração com HE para avaliação do processo inflamatório. As lâminas foram submetidas a avaliação descritiva observando-se os seguintes parâmetros: área de lesão, hemorragia, células mononucleares, células polimorfonucleares, destruição mecânica de túbulos seminíferos, presença de fibras colágenas (fibrose) e degeneração testicular. Para tal, utilizou-se microscopia de luz na objetiva de 10x e 40x. Para a análise estatística aplicou-se o teste paramétrico T de Student e não paramétrico de Kruskal-Wallis para encontrar possíveis diferenças significativas (p<0,05) (FLEMING; HARRINGTON, 1991). RESULTADOS A média percentual da contagem de células obtidas na PAAF foi: espermatogônias (4,74%), espermatócitos (5,57%), espermátides (42,10%), espermatozóides (7,00%), Sertolis (11,23%) e células não identificadas (5,73%) (Figura 1). Das 120 lâminas obtidas 51 (42,5%) observou-se a cor vermelho intenso, devido à presença de eritrócitos (contaminação), o que dificultou a avaliação. Não foi possível realizar a leitura em 24 (20%) destas por terem poucas células; 18 (15%) por contaminação e 5 (4,1%) por não estarem coradas. 75 Figura 1. Fotomicrografia de células obtidas por biópsia, com agulha fina (PAAF) em testículos de cães. A- nota-se: espermatócito (Es); espermátide primária (S1) B- espermatozóide (Sptz) C- espermatogônia (Sg); espermátide primária (S1); espermátide secundária (S2); hemácia (Hm) D- espermatogônia (Sg); células de Sertoli (Sc) E- campo repleto de hemácias (A a D - barra corresponde a 30 μm; E – barra corresponde a 75μm). Após a punção, o material coletado foi dividido em três lâminas. Quando se comparou a quantidade de células encontradas para verificar a homogeneidade da amostra, não foi observada diferença significativa (p>0,05) para os tipos celulares espermatogônias, espermátides, espermatozóides, Sertolis e células não identificadas. Já referente aos espermatócitos foi observado diferença (p<0,05) na distribuição do material celular colhido apenas entre a primeira e última lâmina (Tabela 1) e em relação às hemácias e leucócitos não houve diferenças estatísticas (p>0,05). Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 73-79, jul./dez. 2010 76 Tabela 1. Médias e desvios padrão do número de células da linhagem germinativa e de Sertoli obtidas por punção biópsia com agulha fina em testículos de cães, Jaboticabal-SP, 2008. * Células Lâmina 1 Lâmina 2 Lâmina 3 Espermatogônia 6,14 ± 7,08ª 8,15 ± 17,30a 8,99 ± 18,57ª Espermatócito 6,74 ± 1 0,42ª 13,45 ± 9,29 a,b 4,91 ± 9,29b Espermátide 54,39 ± 14,97a 53,73 ± 19,75ª 54,72 ± 17,89 a Espermatozóide 9,08 ± 9,50ª 7,64 ± 7,94ª 9,98 ± 11,15ª Sertoli 14,43 ± 9,20ª 15,93 ± 11,99ª 14,34 ± 8,63ª Células não identificadas 8,21 ± 4,84ª 7,05 ± 5,34a 7,03 ± 5,94a Valores seguidos de letras minúsculas diferentes na mesma linha são estatisticamente diferentes (p<0,05). Nos achados histológicos do grupo 1, grupo Ga (3 dias pós biópsia) observou-se lesões mecânicas não bem delimitadas provocadas pela introdução da agulha, onde as áreas destruídas e adjacentes mostraram-se hemorrágicas (Figura 2B), com destruição de túbulos seminíferos e li- beração de células germinativas para o interstício testicular em 70% dos testículos avaliados (Figura 2B). Observou-se infiltrado de células inflamatórias mono e polimorfo nucleares, no local da lesão e adjacente a esta. Figura 2. Corte histológico transversal (HE) de testículo de cão coletado no sétimo dias após a biópsia com agulha fina. A - nota-se processo degenerativo testicular por presença de células gigantes multinucleadas no interior dos túbulos seminíferos (Gi), B – presença de células germinativas no interstício (Ge), devido destruição dos túbulos seminíferos com hemorragia (h). C - área hemorrágica (h) com destruição e degeneração dos túbulos seminíferos (T). D - área de infiltrado de células mono e polimorfonucleares (A e B - barra corresponde a 75 μm. C e D - barra corresponde a 300 μm). CUNHA, G. N., BELETTI, M. E., FAYAD, K. P., VICENTE, W. R. R. 77 Já referentes ao grupo Gb (7 dias pós biópsia) notou-se que 30% dos testículos revelaram a presença de fibroblastos na área de lesão, com início de formação de tecido conjuntivo e processo de cicatrização. Observaram-se neste local túbulos seminíferos destruídos (Figura 2C), sendo que 10% dos casos com degeneração testicular (Figura 2A). Já as células germinativas no interstício mostraram-se reduzidas, cerca de 10%, decorrentes do processo de cicatrização e reorganização tecidual. Hemorragia facilmente observada, devido a sua extensão, presente em 50% dos casos; e o infiltrado de células inflamatórias (Figura 2D) manteve-se constante. No grupo Gc (14 dias pós biópsia) não verificou-se áreas hemorrágicas, e processo de cicatrização, com aumento na quantidade de fibroblastos levando a formação de fibras colágenas (cicatriz), estando este em processo de reorganização. Evidenciou-se ainda, presença de túbulos seminíferos lesionados mecanicamente, mostrando em apenas um caso alterações características de processo degenerativo. Na região da lesão e adjacente a esta registrou-se discreta presença de células germinativas no interstício, bem como de células inflamatórias, ambas em 30% dos casos. Já o grupo Gd (62 dias pós biópsia) os locais biopsados encontraram-se já cicatrizados com fibras colágenas organizadas, e poucos fibroblastos. Os túbulos seminíferos destruídos remanescentes revelaram alterações de degeneração testicular, em 10% dos testículos avaliados, estando os túbulos envolvidos por fibras colágenas. Notou-se em um caso, área de reabsorção do coágulo com formação de fibrina e fibras colágenas (fibrose), com grande infiltrado de células inflamatórias. DISCUSSÃO Referente às células encontradas no aspirado observaram-se espermatogônias, espermatócitos, espermátides, espermatozóides, Sertolis e células não identificadas. Estes resultados mostram similares aos de Gottschalk-Sabag et al. (1993) em humanos, Leme; Papa (1997) em cães e Leme; Papa (1999) em equinos, no entanto estes autores subdividiram os espermatócitos e espermátides em primários e secundários, o que não foi por nós adotado. Conforme Leme; Papa (1997) os espermatócitos secundários são muito difíceis de serem identificados devido à curta duração desta fase celular. Quanto a morfologia celular as espermatogônias mostraram-se com citoplasmas basófilos e núcleos acidófilos arredondados. Nos espermatócitos primários observaram-se cordões de cromatina fazendo o contorno do núcleo de forma irregular, porém fortemente corado e acidófilo. Quanto às espermátides observou-se que as iniciais mostraram núcleos e citoplasmas pouco densos sendo estes levemente acidófilos e basófilos respectivamente. Já as espermátides finais apresentaram núcleos fortemente corados e alongados. Os espermatozóides presentes coraram-se em fraco tom roxo, sendo que suas caudas em muitos casos não se apresentaram-se coradas. As células de Sertolis caracterizaram-se com núcleos isolados arredondados com cromatina granular e nucléolo bastante visível. Achados estes similares aos de Gottschalk-Sabag et al. (1993) em humanos, Dahlbom et al. (1997) e Leme; Papa (1999) em cães, Leme; Papa (1999) e Mansour et al. (1999) em garanhões. As células não identificadas no presente estudo referem-se àquelas rompidas durante a produção dos esfregaços, ou devido a aglomerado celular intenso, não sendo possível a diferenciação celular. Referente à análise quantitativa do esfregaço citológico, este mostrou-se viável por ser possível identificar as linhagens celulares da espermatogênese. Quanto à distribuição celular nas três laminas, os espermatócitos foram o único tipo celular diferente, provavelmente decorrente de uma possível distribuição desigual destas células, bem como de sua identificação, sendo esta dificuldade um dos fatores limitantes ao uso da citologia. De acordo com Foresta et al. (1992), Mansour et al. (1999) e Batra et al. (1999) o aumento do número de células de Sertoli acima de um terço da linhagem espermatogênica está relacionado a síndrome de Sertoli, onde observa-se diminuição das células espermatogênicas. Fato este não constatado na presente investigação, o que se traduz na condição normal de espermiogênese dos animais estudados. Achados histopatológicos tais como hemorragia local, ruptura de túbulos seminíferos com liberação de células germinativas para o interstício foram observados também por Craft et al. (1997) em humanos imediatamente após a biopsia. Leme; Papa (1999) avaliando garanhões observaram que em 35 dias pós biópsia apenas uma pequena região de lesão com túbulos seminíferos irregulares e desorganizados compatíveis com degeneração, bem como infiltrado de células inflamatórias mononucleares. Já Mansour et al. (1999) encontraram uma semana após o procedimento as mesmas alterações em garanhões, acrescido de fibrose tecidual; também nós encontrada. Uma importante alteração verificada no presente estudo foi que no período de 14 a 62 dias Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 73-79, jul./dez. 2010 78 após a biópsia, observou-se a presença de tecido conjuntivo, que inicialmente estava desorganizado, finalizando em um tecido organizado (cicatriz). Todas essas modificações histopatológicas notadas nos diferentes grupos em momentos diferentes, mostraram uma evolução transitória finalizando em cicatrização e recuperação do parênquima testicular. CONCLUSÕES Conclui-se que a biópsia PAAF é uma técnica viável, pouco invasiva, de fácil execução, que fornece material suficiente para análise e diagnóstico de doenças testiculares em cães. Study of the viability of puncture biopsy by fine needle aspiration in testicles of dogs (Canis familiaris- LINNAEUS, 1758) as an auxiliary diagnostic method ABSTRACT The objective of this study was to evaluate the viability of the use of the biopsies by fine needle aspiration (PAAF) in testicles of dogs as an auxiliary diagnostic method. Twenty healthy adult male dogs were used in this study. They were distributed in 4 groups with 5 animals each (Ga, Gb, Gc e Gd) and orchidectomized at 3, 7, 14 and 62 days after biopsy, respectively. The sample collected by PAAF was submitted to cytological evaluation, and the testicular parenchyma samples from the orchiectomy subjected to histopathology. The following cell types were identified: spermatogonia (4.74%), spermatocytes (5.57%), spermatids (42.10%), sperm (7.00%), Sertoli cells (11.23%) and unidentified cells (5.73%). Histopathology PAAF showed small area of hemorrhagic lesion and inflammatory reaction with testicular degeneration in the first days followed by tissue healing at 62 days. The samples obtained by the studied technique for cytology and histology showed to be quantitatively and qualitatively sufficient to diagnostic. The histopathological changes found throughout the case study showed a transient evolution ending with healing and recovery of testicular parenchyma. The use of fine needle biopsy has shown to be less traumatic and is therefore recommended for routine procedures in veterinary medicine. Keywords: puncture, biopsy by fine needle, testicle, dog. CUNHA, G. N., BELETTI, M. E., FAYAD, K. P., VICENTE, W. R. R. REFERÊNCIAS AL-JITAWI,S.A.;AL-RAMAHI,S.A.;HAKOOZ,A.B. Diagnostic role of testicular fine needle aspiration biopsy in male infertility. Acta Cytologica, St. Louis, v. 41, n. 6, p. 1705-1708, 1997. BATRA,V.V.;KHADGAWAT,R.; AGARWAL,A.; KRISHNANI,N.;MISHRA,S.K.;MITHAL, A.;PANDEY,R. Correlation of cell count and indices in testicular FNAC with histology in male infertility. Acta cytological, St Lois, v. 43, n. 4, p. 617-623, 1999. CRAFT,I.;TSIRIGOTIS,M.;COURTAULD,E.; FARRER-BROWN,G. Testicular needle aspiration as an alternative to biopsy for the assessment of spermatogenesis. 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Citologia aspirativa por agulha fina (CAAF), em testículo de onça pintada (Panthera onça), utilizada como ferramenta no diagnóstico de infertilidade. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v. 40, p. 100-107, 2003. Vet. Not., Uberlândia, v. 16, n. 1, jan./jun. e n. 2, p. 73-79, jul./dez. 2010 INSTRUÇÕES AOS AUTORES / Instructions for authors Veterinária Notícias é uma revista científica editada semestralmente em Português ou Inglês pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. A revista destina-se à publicação de temas relacionados à Medicina Veterinária, Zootecnia e Ciências afins. Os trabalhos publicados poderão ser sob a forma de: artigo científico, relato de caso, comunicação, resumo de tese e de dissertação. Os trabalhos enviados para publicação serão submetidos à aprovação do Conselho Científico, Conselho Editorial e especialistas da área indicados pelo Editor Científico. NORMAS PARA PUBLICAÇÃO 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Os conceitos contidos nos artigos são de responsabilidade exclusiva do(s) autor (es); As eventuais correções gramaticais serão efetuadas após prévia consulta ao autor; Os trabalhos enviados para publicação e não aprovados serão devolvidos; Os artigos aceitos para publicação passarão a ser de propriedade da revista; Os artigos deverão ser digitados em disquete 3 ½ de alta densidade devidamente identificados com o título(s) do(s) artigo(s) e nome do(s) autor(es). Os artigos deverão ser impressos em uma só face em formato A4 (21,0 x 29,7cm), fonte Times New Roman, tamanho 12, em espaço 1,5, deixando-se o mínimo de 2,5cm de margens laterais e 2,0cm de margens superior e inferior, numeradas e em três vias. O autor principal deverá enviar juntamente com o trabalho, um ofício assinado por todos os autores, solicitando a publicação nesta revista; Os nomes dos autores deverão ser relacionados por extenso abaixo do título, um ao lado do outro, identificados com números arábicos sobrescritos que serão repetidos no rodapé da primeira página para especificar a formação profissional, titulação e endereço completo. O número de publicações por periódico de relato de caso, comunicação, e resumo de tese deverá ser definido pelo Conselho Editorial. TIPOS DE PUBLICAÇÃO 1. Artigo científico Deverá contemplar os seguintes tópicos: Título (Português); Nome(s) do(s) Autor(es); Resumo; Palavras-chave; Introdução; Material e Métodos; Resultados; Discussão (ou Resultados e Discussão); Conclusão(ões); Título (Inglês), Abstract; Keywords; Referências; Agradecimentos (quando se fizer necessário). O trabalho não deverá ultrapassar 16 laudas. 2. Relato de caso Deverá conter os tópicos: Título (Português); Nome(s) do(s) Autor(es); Resumo; Palavras-chave; Introdução; Relato de caso(s); Resultados e Discussão; Comentários – deverão conter opiniões baseadas na experiência do(s) autor (es); Título (Inglês); Abstract; Keywords; ReferênciZas; Agradecimentos (quando se fizer necessário). O trabalho não poderá ultrapassar 8 laudas. 3. Comunicação Poderá ser artigo original ou não, referindo-se a ensino, extensão, pesquisa, saúde pública e exercício profissional. O artigo deverá conter: Título (Português); Nome(s) do(s) Autor(es) Resumo; Palavras-chave; Texto; Título (Inglês); Abstract; Keywords; Referências; Agradecimentos (quando se fizer necessário); O trabalho não deverá ultrapassar 6 laudas. 4. Resumo de tese e de dissertação Deverá conter Título (Português); Resumo; Palavras-chave; Título (Inglês); Nome do Autor, Abstract; Keywords. O resumo deverá conter de 150 a 500 palavras. As palavras-chave, limitadas a cinco, corresponde a palavras ou expressões que identifiquem o conteúdo do artigo e devem estar escritas a primeira na forma maiúscula e as demais minúsculas. CITAÇÃO DOS AUTORES NO TEXTO As citações dos autores no texto deverão ser feitas com letras maiúsculas e minúsculas e, quando estiverem entre parênteses, devem ser em letras maiúsculas seguidas do ano de publicação da seguinte forma: Conforme Nigro (1972), a integração do tecido... Fontes e Moreira (1988) observaram que... Segundo Souza; Silva; Diniz (2002)... Foi indicado por Campbell et al. (1973) o uso... ... reparo de tendões flexores de eqüinos (MOREIRA, 1970; FERNANDES et al., 1972; SCHIVER, 1980). Até três autores é obrigatório a citação de todos eles. Quando mais de três autores citar o primeiro seguido de et al. Citação de Citação: Utilizar somente quando for impossível o acesso ao documento. No texto deve ser indicado o sobrenome do autor do documento original, seguido da expressão citado por. Exemplo: Iwamoto e Smelser (1980 citado por MORRINS et al., 1982) ou (IWAMOTO; SMELSER citado por MORRINS et al., 1982). O trabalho onde foi retirada a citação: MORRINS et al. (1982), deverá constar na lista de referências bibliográficas. Toda citação feita no decorrer do texto deverá ser incluída na referência bibliográfica e todo item referenciado deverá ser citado no texto. REFERÊNCIAS As referências bibliográficas incluídas no final de cada artigo devem estar em ordem alfabética de autore0s, os títulos de periódicos devem ser mencionados todos por extenso e estar de acordo com normas da ABNT – NBR6023: ago de 2002. Apenas nas entradas das referências mencionar todos os autores (excluir et al.). a) Citação de livro no todo COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL (CBRA). Manual para exame andrológico e avaliação de sêmen animal. 2. ed. Belo Horizonte, 1998. 49p. SCHEBITZ, H.; BRASS, W. Cirurgia general veterinária. Buenos Aires: Hemisferio Sur, 1979. 530p. CARVALHO, F. A. N.; BARBOSA, F. A., , McDOWELL, L. R. Nutrição de Bovinos a Pasto. Belo Horizonte: Papelform, 2003. 428 p. b) Capítulo de livro com autoria própria GINGERICH, D. A. Pathophysiologic basis for fluid therapy. In: AMSTUTZ, H. E. Bovine medicine & surgery. Santa Barbara: American Veterinary Publication, 1980. cap. 16, p. 805-816. c) Capítulo de livro sem autoria própria COSBY, P. C. Ética na pesquisa. In: ______. Métodos de pesquisa em ciências do comportamento. Tradução de Paula Inez Cunha; Emma Otta. São Paulo: Atlas, 2003. p.51-79. d) Artigo de periódico PAHLAVANI, M. A.; VARGAS, D. A. Action-induced apoptosis in T cell from young and old fisher 344 rats. International Archives of Allergy and Immunology, Basel, v. 22, n. 3, p. 182-189, July 2000. e) Trabalhos apresentados em eventos (congressos, reuniões, etc) BRANDÃO, A. C. F.; BARBOSA, G. V. S.; DE MIRANDA, E. C. Programas de luz no desempenho de frangos de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41., 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande: SBZ, 2004. CD-ROM. f) Tese e dissertação RODRIGUES, M. A. M. Resposta imune e modificações morfológicas de vilosidades intestinais de leitões suplementados com probióticos. 2002. 96f. Tese (Doutorado em Alimentos e Nutrição) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002. g) Boletim MARUS, F. A. Produção de enlatados. São Paulo: Departamento de Produção Animal, 1962. 22p. (Boletim técnico, 15). h) Livro on-line PARRISH, T. J. Teaching of the new testament on slavey. New York: J. H. Ladd, 1856. Disponível em: < http:// www.cs.deu/book.html>. Acesso em: 17 set. 1995. i) Artigo de revista on-line OLIVEIRA, M. M. N. F. de; TORRES, C. A. A.; VALADARES FILHO, S. C.; SANTOS, A. D. F.; PROPERI, C. P. Uréia para vacas leiteiras no pós-parto: desempenhos produtivo e reprodutivo. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.33, n. 2, nov./dez. 2004. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ issuetoc&pid=1516-359820040009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 06 maio 2005. j) Citação de citação Referir-se ao documento consultado, onde foi retirada a citação. (Ver: Citação dos autores no texto). MORRINS, L. A.; WARRING, G. O.; SPANGLER, W. Oval lipid corneal opacities in Beagles: ultrastructure of normal Beagle cornea. American Journal of Veterinary Research, Chicago, v. 43, n. 3, p. 443-453, 1982. NOTAS Explicativas (Tipo especificação do produto) Devem ser reduzidas ao mínimo e colocadas em rodapé. No texto: Para fotografar foi utilizada câmera de formato pequeno1 para maior agilidade. No rodapé: __________ 1 câmera Nikon F2 Photomic (35mm). Bibliográficas (Comunicação pessoal) No texto: O medicamento estará disponível até o final do semestre (informação verbal)2 No rodapé: __________ 2 Notícia fornecida por John Smith no Congresso Internacional de Engenharia Genética, em Londres, em outubro de 2001. ILUSTRAÇÕES 1. Gráficos, desenhos e fotografias deverão ser citadas como Figuras e numeradas consecutivamente em algarismos arábicos, ex: Figura 2, e apresentados em folha à parte, cada uma sendo considerada uma lauda. Os desenhos deverão ser a nanquim, em papel vegetal, ou em editor gráfico impresso a laser, nas dimensões de 11x17cm. As fotografias devem ser bem nítidas, no tamanho de 9x12cm contendo no verso o nome do autor, orientação de borda superior e a legenda. 2. As tabelas deverão ser representadas pela palavra Tabela, seguida do número de ordem em algarismos arábicos e encabeçadas pelo título, ex: Tabela 3, não exceder uma lauda. Toda tabela deverá ser citada no texto. Na montagem das tabelas seguir: IBGE. Normas de apresentação tabular. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE,1993. 61p. 3. O limite de ilustrações por trabalho deverá ser de 6 (seis), incluindo gráficos, desenhos e fotografias. DISPOSIÇÕES FINAIS Os artigos serão publicados na ordem de aprovação. É proibida a reprodução e tradução de qualquer artigo para fins comerciais. As dúvidas e questões omissas serão resolvidas pelo Conselho Editorial. INSTRUCTIONS FOR AUTHORS VETERINÁRIA NOTÍCIAS is a scientific journal published every semester by the Faculty of Veterinary Medicine of the Federal University of Uberlândia, Minas Gerais, Brazil. It is dedicated to the publication of topics related to Veterinary Medicine, Animal Science and related sciences. Articles likely to be published are: scientific articles, review articles by editor’s request, case reports, research communications, summaries of thesis and dissertations. Articles submitted for publication will be forwarded to the Editorial Board and specialists of the area for approval. PUBLICATION NORMS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. The information contained in the submitted articles is of entire responsibility of the author(s). Corrections in grammar will be made after consultation with the author(s). Articles not accepted for publication will be returned to the author(s). Articles accepted and published become property or the journal. Articles must be typed in 3 ½ – inch floppy disk, identified with the title(s) of the article(s) and name(s) of the author(s). Articles must be typed on single sided A4 size paper (21 x 29,7 cm). The typing should use font Times New Roman, size 12, with line spacing 1.5, leaving a minimum margin of three centimeters on all sides. Pages should be numbered and three copies submitted. The principal author should submit, together with the article, a cover letter requesting publication. The complete names of the authors should be placed below the title in English, side by side, and identified by addressed arabic numbers, which will be repeated in a footnote on the first page to detail the profession, qualification and address of the author(s). The associate editors will determine the number of case reports, research communications and thesis summaries published in each journal. CONTRIBUTIONS FOR PUBLICATION: 1. Scientific articles should include a title (in Portuguese and English); name(s) of the author(s); an abstract; keywords; introduction; material and methods; results; discussion; ( or results and discussion); conclusions; acknowledgments (if any) and references. The complete article must not exceed 16 pages. 2. Case reports should include a title (in Portuguese and English); name(s) of the author(s); abstract; keywords; introduction; results and discussion; acknowledgments (if any) and references. The complete article must not exceed 8 pages. 4. Research communications may involve original articles referring to teaching, research, extension, public health or other professional activities. The communication should contain a title (in Portuguese and English); name(s) of the author(s); an abstract, keywords; text; discussion; acknowledgments (if any) and references. The complete report must not exceed 6 pages. 4. Thesis abstracts will include a title (in Portuguese and English); name of the author; an abstract; keywords. The complete report should not be more than 2 pages. The keywords, limited to five, correspond to words or expressions which identify the content of the article, and should be written in a capital and small letter form. Citation of Author(s) in the Text The citations in the text must be done in a capital and small letter form, and when between parenthesis, must be only in capital letters followed by the year of publication, as shown below: In conformity to Nigro (1972) the integration of the tissue... Fontes and Moreira (1988) observed that... According to Souza; Silva; Diniz (2002)... It was indicated by Campbell et al. (1973) the use of... ... the repair of equine flexor tendons (MOREIRA, 1970; FERNANDES et al., 1972; SCHIVER, 1980). Up to three authors, all of them should be quoted. When more than three, quote only the first one, followed by et al. Citation from another citation: Make use of this resource only when it is impossible to access the original document. The text must indicate the author’s last name from the original document, followed by the expression apud. For instance: Iwamoto and Smelser (1980 apud MORRINS et al., 1982) or (IWAMOTO; SMELSER apud MORRINS et al., 1982). The article from where the citation was taken: MORRINS et al. (1982), must be evident in the list of bibliographic references. Every citation made during the text must be included in the list of bibliographic references, and every item indicated must be quoted in the text. A BIBLIOGRAPHY WILL BE PRESENTED ACCORDING TO THE FOLLOWING EXAMPLES: Citations of articles: MILFORD, R; HAYDOCK, K. P. The nutritive value of protein in sub-tropical pasture species in Southeast Queensland. Australian Journal of Experimental Agriculture Animal Husbandry, Melbourne, v. 5, p. 13-17, 1965. Citations of books: COLÉGIO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL (CBRA). Manual para exame andrológico e avaliação de sêmen animal. 2. ed. Belo Horizonte, 1998. 49p. HALL, L. W. Anestesia y analgesia veterinária. 2. ed. Zaragoza: Acribia, 1970. 407 p. or SCHEBITS, H., BRASS, W. Cirurgia general veterinária. Buenos Aires: Hemisfério Sur, 1979. 530p. Chapters in books: COSBY, P. C. Ética na pesquisa. In: ______. Métodos de pesquisa em ciências do comportamento. Tradução de Paula Inez Cunha; Emma Otta. São Paulo: Atlas, 2003. p.51-79. Authored chapters in books: GINGERICH, D. A. Pathophysiologic basis for fluid therapy. In: AMSTUTZ, H. E. Bovine medicine & surgery. Santa Barbara: American Veterinary Publication, 1980. cap. 16, p. 805-816. Articles presented in events (congresses, seminars, meetings, etc) BRANDÃO, A. C. F.; BARBOSA, G. V. S.; DE MIRANDA, E. C. Programas de luz no desempenho de frangos de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41., 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande: SBZ, 2004. CD-ROM. Thesis and dissertations: RODRIGUES, M. A. M. Resposta imune e modificações morfológicas de vilosidades intestinais de leitões suplementados com probióticos. 2002. 96f. Tese (Doutorado em Alimentos e Nutrição) – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002. Bulletins: MARUS, F.A. Produção de enlatados. São Paulo: Departamento de Produção Animal, 1962. 22p. (Boletim técnico 15) Internet citations: COWEN, B.S. Inclusion body hepatitis: a re-emerging disease. [On line]. Disponível: http://vs247.cas. psu.edu/poultry/COWEN.html. [Data de acesso: 23 out 1996]. NOTES Explaining: Should be reduced to minimum and written as footnote. In the text: A small camera1 was used to take pictures. In the footnote: ______________ 1 camera Nikon F2 Photomic (35mm). Þ Bibliographic (Personal Communication) In the text: The medicine will be available by end of this semester. (Personal communication)2. In the footnote: __________ 2 Information provided by John Smith in International Congress of Genetic Engineering, London, October 2001. Illustrations: graphics, drawings and photographs should be labeled “Figure” and numbered using arabic numbers. Example: Figure 2. Drawings should be done using India ink, and submitted on separate pages of 11x17cm. Photographs must be distinct and suitable for rephotographing. They should be 9x12cm. with the figure number, legend and name of the author on the back. Tables should be presented with the word “Table”, followed by their numbers, using Arabic numbers, example: Table 3. They must not exceed one page. FINAL CONSIDERATIONS Articles will be published in the order that they are approved. The reproduction and/or translation of articles for commercial purposes is prohibited. The Scientific Council of VETERINÁRIA NOTÍCIAS will decide questions pertaining material to be published. REGULAMENTO DA REVISTA VETERINÁRIA NOTÍCIAS CAPÍTULO I Da definição, objetivos, constituição, atribuições e serviços Art. 1º – A Revista Veterinária Notícias é um órgão de divulgação científica da Faculdade de Medicina Veterinária – FAMEV, da Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Art. 2º – O Conselho Editorial da Revista Veterinária Notícias da FAMEV – UFU é um órgão assessor desta Faculdade, à qual se encontra administrativamente subordinado. Art. 3º – O Conselho Editorial tem como objetivo: I. promover publicações de caráter acadêmico-científico; II. definir, implantar e implementar a política editorial da FAMEV – UFU; e III. divulgar, junto à comunidade científica, a produção acadêmico-científica da FAMEV – UFU ou a de pesquisadores vinculados a outras instituições de ensino e pesquisa. Art. 4° – O Conselho Editorial será constituído de no máximo 10 (Dez) e, no mínimo 05 (cinco) professores doutores, com produção científica regular e vínculo direto com o curso de graduação em Medicina Veterinária e/ou no Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, sendo no máximo 02 (dois) docentes de cada Núcleo da FAMEV e, no máximo 02 (dois) docentes lotados em outras unidades. § 1 º – O Conselho da FAMEV homologará os nomes dos 10 (dez) professores titulares do Conselho Editorial mais votados, por voto direto, em ordem decrescente, pelos docentes da FAMEV, após realização de pleito divulgado através de Edital, com prazo de 30 (trinta) dias para inscrição dos interessados. § 2 º – O Conselho da FAMEV, órgão máximo deliberativo da FAMEV, elegerá em reunião, dentre os membros eleitos para comporem o Conselho Editorial, um presidente, que será o Editor Científico da Revista e um Vice-presidente, seu substituto natural nos casos de vacância, impedimento ou afastamento. § 3 º – O mandato do Conselho Editorial será de 02 (dois) anos. Art. 5 º – O Conselho Editorial tem as seguintes atribuições de caráter executivo: I. estabelecer as modalidades de publicações acadêmico-científicas; II. definir diretrizes para a criação e orientação de um Conselho Científico; III. definir normas para apresentação dos trabalhos por parte dos autores; IV. indicar consultores ad hoc, internos e/ou externos à Faculdade, para a avaliação dos trabalhos recebidos para apreciação; V. receber, analisar preliminarmente e encaminhar aos consultores ad hoc os trabalhos recebidos para apreciação; VI. deliberar sobre a possibilidade e pertinência da publicação dos trabalhos que receberam pareceres; VII. estabelecer o cronograma das publicações sob sua responsabilidade; VIII. zelar pela qualidade acadêmica e editorial das publicações sob sua responsabilidade, mediante acompanhamento direto do recebimento dos trabalhos e seu encaminhamento aos consultores ad hoc; IX. zelar pela qualidade dos serviços de revisão, projeto gráfico, editoração, diagramação, impressão, distribuição, armazenamento e comercialização das publicações. X. Parágrafo Único – para receberem o logotipo da Revista Veterinária Notícias, as publicações de que trata este Regulamento deverão ser obrigatoriamente submetidas à apreciação do Conselho Editorial. Art. 6 º – Para o desenvolvimento de suas atividades, o Conselho Editorial deverá contar com o apoio: I. de um funcionário técnico-administrativo para exercer as funções de secretaria, subordinado à Diretoria da FAMEV; II. dos órgãos de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão da UFU, sob cuja responsabilidade estará a execução dos serviços de editoração e de diagramação das publicações deste Conselho; do Serviço Técnico de Biblioteca da UFU, sob cuja responsabilidade estarão as revisões documentárias; de terceiros, quando for o caso, sob cuja responsabilidade estará a execução dos serviços de revisão técnica-editorial, lingüistica, de projeto gráfico, de distribuição e de comercialização das publicações sob a responsabilidade deste Conselho; V. os serviços de revisão técnica-editorial e de projeto gráfico deverão ser contratados de acordo com as normas vigentes na UFU, ou, ainda, por meio de recursos provenientes de auxílio à publicação obtido junto a agências de fomento à pesquisa ou da iniciativa privada; VI. da gráfica da UFU, sob cuja responsabilidade estarão os serviços de impressão das publicações deste Conselho; Parágrafo Único – a fim de obter subsídios para o exercício de suas atribuições, o Conselho Editorial deverá ser periodicamente informado pelo Editor Científico sobre o andamento dos serviços acima descritos. III. IV. CAPÍTULO II Das modalidades de publicações e do idioma Art. 7º – ARTIGO ORIGINAL: Textos contendo resultados inéditos e consolidados de pesquisa experimental ou teórica, não publicados em periódicos nacionais ou estrangeiros, apresentados de maneira abrangente e discutidos nas suas implicações. Os originais deverão ter até 16 laudas, incluindo-se nesse total o espaço ocupado por resumos, figuras, tabelas, notas e referências. O autor dividirá o texto de acordo com os usos do domínio de pesquisa em que se situa o artigo, para a definição dos materiais e métodos utilizados. Os subtítulos Introdução; Material e Métodos; Resultados e Discussão; Conclusão(ões) e Referências são obrigatórios. Art. 8º – RELATO DE CASO: Contempla principalmente as áreas médicas, em que o resultado é anterior ao interesse de sua divulgação ou a ocorrência dos resultados não é planejada. Elementos do corpo do texto: Introdução, Casuística, Discussão, Conclusão(ões) e Referências. Art. 9º – COMUNICAÇÃO: É o relato sucinto de resultados parciais de um trabalho experimental, dignos de publicação, embora insuficientes ou inconsistentes para constituírem um artigo científico. Levantamentos de dados (ocorrência, diagnósticos, etc.) também se enquadram aqui. Deve ser compacto, com no máximo quatro páginas impressas, sem distinção dos elementos do corpo do texto especificados para “Artigo Original”, embora seguindo aquela ordem. Quando a comunicação for redigida em português deve conter um “Abstract” e quando redigida em inglês deve conter um “Resumo”. Art. 10º – NOTA PRÉVIA: É o relato sucinto de um achado excepcional, de um invento ou de uma descoberta que requer publicação rápida para garantir a originalidade ou autoria. Art. 11º – EDITORIAL: Nessa modalidade serão publicados análise de um tema da atualidade de áreas afins, solicitado pelo Conselho Editorial. Art. 12º – RESUMO DE TESE ou DISSERTAÇÃO. Art. 13º – O idioma oficial de publicação é o Português, porém serão publicados em Português/Inglês ou Português/Espanhol os artigos do exterior nacionais desde que enviados nas duas línguas. Quando for o caso de autores estrangeiros, estes deverão enviar carta autorizando a tradução e isentando a revista de qualquer erro ou prejuízo que possam resultar da tradução. CAPÍTULO III Das normas para apresentação de trabalhos por parte dos autores Art. 18º – Os trabalhos destinados à apreciação com fins de publicação em qualquer uma das modalidades de que trata o Capítulo II deste Regulamento, deverão ser encaminhados, digitados em disquete e em 3 (três) cópias impressas, ao Conselho Editorial e apresentados em conformidade com as normas vigentes da ABNT cabíveis para cada modalidade de publicação, a saber: I. Normas para elaboração de trabalhos acadêmicos; II. Normas para elaboração de referências; III. Normas para apresentação de citações em documentos; IV. Normas para elaboração de resumos; V. Normas para numeração em documentos; VI. Normas para elaboração de sumário; VII. Normas para apresentação dos dados de catalogação na publicação; VIII. Normas para apresentação de tabelas; IX. Normas para abreviação de títulos de publicações periódicas; X. Normas para apresentação de legenda bibliográfica; XI. Normas para apresentação de artigos em publicações periódicas; XII. Normas para apresentação de publicações periódicas; XIII. Todas as unidades de medida devem ser do sistema internacional de medidas (SI) ou aquelas oficialmente aceitas para uso com o SI, de modo permanente ou temporário. § 1 º – Os trabalhos recebidos para apreciação serão, preliminarmente, analisados pelo Conselho Editorial que verificará a observância às normas citadas no caput deste artigo. § 2 º – Os trabalhos cuja apresentação estiver em desacordo com as normas citadas no caput deste artigo serão devolvidos aos respectivos autores. § 3 º – Os trabalhos serão apreciados por dois consultores ad hoc e caso um deles dê parecer desfavorável, o artigo não será publicado na revista Veterinária Notícias Art. 19º – Todos os autores principais de publicações em Veterinária Notícias terão direito a 01(um) exemplar da revista. CAPÍTULO IV Dos direitos autorais e do contrato de publicação Art. 20º – No caso de trabalhos aprovados para publicação na Revista Veterinária Notícias, de que tratam os Artigos 7º a 18 do Capítulo II deste Regulamento, seus autores deverão assinar Termo de Cessão de Direitos Autorais à Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. CAPÍTULO V Dos casos omissos Art. 21º – Os casos não constantes deste Regulamento serão resolvidos pelo Conselho Editorial da Revista Veterinária Notícias. CAPÍTULO VI Disposições Finais Art. 22º – Questões relevantes e de interesse da revista Veterinária Notícias, não previstas expressamente neste Regulamento, ou superveniente ao mesmo, serão objeto de inserção no corpo da presente norma, por decisão do Conselho Editorial, mediante aprovação do Conselho da FAMEV. Art. 23º – Este Regulamento entra em vigor nesta data. Imprensa Universitária/Gráfica UFU