1 ANÁLISE COMPARATIVA DA FORÇA DOS MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS ENTRE PRATICANTES DE TREINAMENTO DE FORÇA DO SEXO MASCULINO E SEDENTÁRIOS COM IDADE ENTRE 50 A 60 ANOS. Franck Carlos P. Pena Vanderson C. do Nascimento Evitom C. de Sousa Resumo PENA, Franck Carlos Pampolha. Análise Comparativa da Força dos Músculos Respiratórios entre praticantes de treinamento de força do sexo masculino e sedentários com idade entre 50 a 60 anos. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em Educação Física) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2012. O estudo teve por objetivo comparar a força dos músculos respiratórios de homens praticantes de treinamento de força e sedentários com idade entre 50 e 60 anos. Adotou-se a pesquisa documental em uma abordagem quantitativa. A coleta de dados foi efetuada em fichas de identificação e avaliação de homens entre os 50 a 60 anos de idade praticantes de treinamento de força e sedentários, pertencentes ao banco de dados do Laboratório de Exercício Resistido e Saúde do Curso de Educação Física da Universidade do Estado do Pará. A amostra constituiu-se dos dados de três homens entre 50 a 60 anos praticantes de treinamento de força e de três de homens entre 50 a 60 anos sedentários, submetidos à avaliação da pressão inspiratória máxima (PImax) e da pressão expiratória máxima (PEmax) através da manovacuometria. Para análise dos dados foram aplicados métodos estatísticos descritivos e inferenciais. As variáveis quantitativas foram apresentadas por meio de medidas de tendência central e de variação. Na estatística inferencial foram aplicados testes de hipótese baseados em métodos paramétricos, pois, a comparação das variáveis foi realizada pelo teste t de Student. Foi previamente fixado o nível alfa = 0.05 para rejeição da hipótese nula. O objetivo desta pesquisa foi alcançado, tendo sido refutada a hipótese nula e confirmada a hipótese da pesquisa evidenciando-se que há diferença significativa entre a força dos músculos respiratórios (PImax= -120 cmH2O, PEmax= 120 cmH2O) de homens que praticam treinamento de força e a força dos músculos respiratórios (PImax= -86,7 cmH2O, PEmax= 80 cmH2O) de sedentários, ambos com idade entre 50 a 60 anos. A relevância deste estudo ganha evidência à medida que proporciona uma investigação comparativa entre a força da musculatura respiratória e os exercícios resistidos, assunto insuficientemente explorado em nível científico. Considera-se, ainda, a importância da referida musculatura ao bom desempenho das atividades da vida diária e possibilidade da aplicação destes exercícios como alternativa metodológica à saúde, em particular àqueles que se situam na faixa etária de 50 a 60 anos. Palavras-chave: Músculos Respiratórios; Sedentarismo; Treinamento de Força. INTRODUÇÃO No século atual, muitas discussões (SIMÃO, 2009; MAZO, 2008; POLITO, 2010; SIMÃO; BALSAMO, 2007) vêm acontecendo em nível mundial sobre Graduando do curso de Licenciatura Plena em Educação Física, pela Universidade do Estado do Pará UEPA. E- mail: [email protected] Docente do curso de Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará – UEPA. Doutor em Ciências da Educação pela Universidad Autónoma de Assunción. E-mail: [email protected] Docente do curso de Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará – UEPA. Especialista em Bases Científicas da Musculação pela Universidade do Estado do Pará –UEPA. E-mail: [email protected] 2 envelhecimento e atividade física. Há nível de Brasil, o envelhecimento vem ocorrendo em ritmo acelerado. Pesquisas mostram que em 2025 o Brasil estará entre os seis primeiros países do mundo com um grande número de pessoas com 60 anos ou mais (SIMÃO, 2009). Aponta-se que o processo de envelhecimento populacional tem como algumas causas os grandes avanços tecnológicos e científicos, principalmente na medicina, com a descoberta de muitos tratamentos e prevenções de diversas doenças. Há um século no Brasil, por carências nas áreas da saúde e tecnológica, o homem vivia em media 40 anos, hoje vive 73 anos (TERRA; OPPERMANN; TERRA 2010). Para que o processo de envelhecimento ocorra com sucesso, é necessário desenvolver hábitos de vida saudáveis, entre eles, a prática de exercícios físicos. Neste aspecto, acredita-se ser importante, também, atenção ao desenvolvimento dos músculos respiratórios, pois com o avançar da idade e um estilo de vida sedentário1, acaba-se por não atingir uma função pulmonar eficiente, a qual vem sendo diretamente associada com altas taxas de mortalidade (JACOB; SOUZA, 2000). O ser humano não vem sendo preparado para alcançar um envelhecimento saudável e com qualidade de vida. Preocupação com o status social, crescimento econômico e ascensão social, orientada no modo de produção capitalista, fez o homem dar menos atenção, ou não ter tempo para práticas de exercícios físicos voltados à saúde (POWERS E; HOWLEY, 1997). No entanto, não basta fazer com que o indivíduo viva mais, mas que viva com plenitude de vida, bem-estar e qualidade de vida que segundo Mazo (2008, p.23): “Inclui aspectos relacionados com a saúde, como o bem estar físico, funcional, emocional e mental, mas também fatores como os amigos, a família, o trabalho, entre outros que não estão diretamente relacionados com a saúde”. Acredita-se que para o sucesso do processo de envelhecimento, torna-se necessário a tomada de atitudes positivas, como hábitos de atividades físicas regulares antes mesmo da chegada da idade definida para a condição de idoso e neste aspecto, julgam-se necessárias algumas diferenciações acerca dos termos atividade física e exercício físico. ____________________ 1. Uma pessoa é considerada sedentária, se gastar poucas calorias por semana em atividades ocupacionais. A mensuração do gasto calórico é um dos fatores que definem se a pessoa é sedentária ou ativa (TERRA; OPPERMAN; TERRA, 2010). 3 Constantemente, profissionais que trabalham para a melhoria da saúde e qualidade de vida das pessoas confundem termos como atividade física e exercício físico e precisamos entender no que estes termos se diferenciam. A atividade física pode ser entendida como qualquer movimento voluntário produzido pelos músculos esqueléticos, resultando em gasto de energia. Já exercício físico, uma atividade planejada e estruturada (CASPERSEN et al, 1985 apud MAZO, 2008). O exercício físico tem sido uma das estratégias utilizadas de forma eficiente para aumentar a qualidade e expectativa de vida, diminuindo assim os anos de dependência funcional e incapacidades que acompanham as pessoas que não adotaram ao longo dos anos um estilo de vida ativo. Muitos estudos (CAMPOS, 2008, MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2009) apontam o exercício físico como forma de proporcionar melhora na saúde de modo geral, estabelecendo relação positiva com o aumento da longevidade. Sobre exercício físico e saúde, pesquisadores (MAIOR, 2008; FLECK; SIMÃO, 2008; BALSAMO; SIMÃO, 2007) vem desenvolvendo estudos sobre a prática dos exercícios resistidos2, os quais têm por objetivo aumentar a habilidade (ajustes neurais) e/ou a capacidade (ajustes metabólicos) para mobilizar ou sustentar uma determinada carga em movimento ou uma angulação e são realizado com o uso de implementos específicos (aparelhos) ou cargas livres (halteres) (POLITO, 2010). Os exercícios resistidos possuem muitos benefícios para pessoas que estão envelhecendo, entre eles, “[...] aumento da massa magra, ganho de força e potência muscular, além de ser útil para o incremento do desempenho físico” (BALSAMO; SIMÃO, 2007, p. 19). Em decorrência da falta de um estilo de vida ativo, um entre vários problemas que podem ser gerados refere-se à perda da força dos músculos respiratórios, demandando, portanto, práticas de exercícios físicos profiláticos (MAZO 2008). No enfoque do objeto deste estudo, ao se buscar publicações nos meios especializados, percebe-se limitada produção científica que estabeleça relação com os ________________ 2. Para indicar exercícios realizados com sobrecarga muscular, além do termo exercícios resistidos, na literatura brasileira são encontradas várias terminologias sinônimas como musculação, exercícios com pesos, exercícios contra a resistência, treinamento funcional, treinamento de força, dentre outros (MATSUDO; MATSUDO, 2007). Neste estudo não se adotou termo único. 4 efeitos dos exercícios físicos, em particular, o treinamento de força sobre o desenvolvimento da força dos músculos respiratórios da população em geral enquanto variável interveniente no melhor desenvolvimento das condições respiratórias. Considerando que os programas de promoção à saúde desempenham um importante papel à manutenção da capacidade física dos indivíduos, desenvolver estudos no sentido de avaliar as capacidades dos músculos respiratórios e suas relações com práticas de treinamento de força e do sedentarismo, podem colaborar para uma melhor caracterização dos referidos exercícios como medida profilática alternativa à população em estudo. Partindo deste contexto e da demanda de estudos que estabeleçam relação dos músculos respiratórios com a prática de exercícios de força em indivíduos com faixa etária entre 50 e 60 anos, desenvolveu-se uma investigação com a seguinte indagação: Qual o nível de força dos músculos respiratórios de homens praticantes do treinamento de força comparado com o nível de força dos músculos respiratórios de sedentários, ambos com idade entre 50 a 60 anos? Objetivou-se com o estudo comparar a força dos músculos respiratórios de homens praticantes do treinamento de força e sedentários com idade entre 50 a 60 anos. Adotou-se como hipótese de pesquisa: Há diferença significativa entre a força dos músculos respiratórios de homens que praticam treinamento de força e a força dos músculos respiratórios de sedentários, ambos com idade entre 50 a 60 anos. Como hipótese nula: Não há diferença significativa entre a força dos músculos respiratórios de homens que praticam treinamento de força e a força dos músculos respiratórios de sedentários, ambos com idade entre 50 a 60 anos. (hipótese nula) REVISÃO DA LITERATURA Nos anos de 1990 o treinamento de força, em particular no Brasil, passou por diversas revisões conceituais. Naquele período, seu enfoque estava voltado para metodologia de treinamento com fins de desenvolvimento estético e performance desportiva. Nos dias atuais seus fins ampliam-se para atender às demandas de saúde e qualidade de vida (NASCIMENTO et al, 2010). Iniciou-se nesse processo de transição à ampliação dos seus fins a construção de conhecimentos que fizessem uma relação entre treinamento de força relacionado a 5 diversos grupos especiais, inclusive aqueles portadores de patologias específicas, entre estes os acometidos por déficits cardiorrespiratórios. Os déficits cardiorrespiratórios, como a diminuição da capacidade vital, podem levar ao aumento reflexo da frequência respiratória e consequente enfraquecimento da musculatura respiratória, concorrendo à diminuição da capacidade pulmonar total (TERRA; OPPERMANN; TERRA, 2010). Pesquisas (GONÇALVES et al, 2006; SIMÕES et al, 2006) relacionadas aos exercícios aeróbios e os portadores de patologias respiratórias, demonstram efeitos positivos, pelas adaptações crônicas e agudas destes exercícios sobre frequência, volumes e capacidades respiratórias. Especificamente para as pessoas que estão envelhecendo, ou para aquelas que já atingiram a condição de idoso, alguns aspectos precisam ser analisados em relação aos exercícios aeróbios, em particular aos intermitentes de longa duração. Indivíduos que envelhecem de forma sedentária, pelo natural avanço da idade e pelas limitações que esta impõe, ficam limitados de praticar determinados exercícios aeróbios. Dores articulares, vertigens, dispnéia e falta de equilíbrio podem se tornar fatores limitantes (SANTARÉM, 2011b). Em virtude destes aspectos relacionados aos exercícios aeróbios, o treinamento de força vem sendo cada vez mais indicado para pessoas que estão envelhecendo, principalmente para aquelas que já se aproximam da condição de idoso. (TERRA; OPPERMANN; TERRA; 2010). Em estudo de revisão realizado por Klitgaard et al. (1990 apud MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2009, p. 259), constataram que “pessoas que envelhecem praticando exercícios físicos com pesos conseguem conservar melhor a massa muscular e a agilidade, quando comparados com pessoas que envelhecem praticando exercícios aeróbios”. Com a prática regular do treinamento de força ocorrem muitos benefícios, entre estes, aumento da força muscular, que é definida como: “a tensão gerada por um músculo, ou um grupo muscular, contra uma resistência. Também pode ser definida como uma habilidade complexa, solicitada para executar movimentos musculares contra resistências externas” (NEWMANN, 1998 apud MAIOR, 2008, p. 19). Principalmente o fortalecimento muscular, contribui para uma diminuição de fragilidades e prevenção de quedas, auxiliando, ainda, em diversos processos 6 patológicos, como exemplo, a osteoporose, o que ratifica a importância dos exercícios resistidos e sua eficiência comparada com outras atividades físicas em geral, contrapondo-se ao envelhecimento sedentário que torna as pessoas do ponto de vista ósseo e musculoesquelético mais frágil (SANTARÉM, 2011d). Para as pessoas em geral e em particular as que estão envelhecendo e próximas (50 a 60 anos) de atingir a condição de idoso, o nível de qualidade de vida está relacionado com o que chamamos de independência funcional, ou seja, a realização de atividades diárias sem estar precisando ser auxiliados por outras pessoas, como por exemplo, sentar, levantar, caminhar, fazer sua própria higiene, etc. (SANTARÉM, 2011c). Uma questão limitante frente à independência funcional esta relacionada com a sarcopenia que pode ser entendida como o declínio de força e massa muscular relacionada com a idade (EVANS, 1995; 1996). No entanto, não são todas as atividades físicas que podem prevenir este quadro e com isso ajudar na manutenção da independência funcional de pessoas que estão envelhecendo. Em estudo comparativo relacionado “à corrida e natação, apenas o treinamento com pesos pode evitar a sarcopenia do envelhecimento, cuja patogenia é o desaparecimento de fibras brancas, não estimuladas por atividades aeróbias” (SANTARÉM, 2011c, p. 2). Outro estudo realizado por Greenlund e Nair (2003 apud MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2009, p. 258), reforça esta análise comparativa ao posicionar-se que “dentre as intervenções, o exercício físico, especialmente o exercício resistido, mostrase como sendo um dos mais promissores tanto na prevenção quanto no tratamento da sarcopenia”. Baseado nos estudos anteriores e considerando as características anátomofisiológicas dos músculos respiratórios, estes não estão livres de sofrer os mesmos efeitos patológicos de qualquer musculoesquelético, dessa forma necessitando de cuidados para prevenir ou melhorar suas capacidades. Observa-se que a independência funcional está relacionada a alguns fatores, como um bom funcionamento do sistema respiratório e neste sentido, este sistema precisa ser trabalhado e os músculos respiratórios necessitam estar com níveis de força suficiente, para que essa independência seja preservada ou ainda desenvolvida de forma significativa. 7 Com o avançar do processo de senescência, alguns aspectos limitantes em relação à perda da força dos músculos respiratórios precisam ser estudados, principalmente suas inter-relações com a prática do exercício (CADER et al, 2006). Em estudo de coorte com 44.452 homens acompanhados por 12 anos, verificouse que uma hora de corrida por semana reduziu o risco de doença arterial coronariana em 42%; uma hora de remo por semana, em 18%; e apenas meia hora por semana de musculação, em 23%. Atualmente já encontramos revisões sobre trabalhos que documentaram importantes efeitos protetores cardiovasculares do treinamento de força (SANTARÉM, 2010b, p. 05). Com o passar dos anos e a consequente chegada do envelhecimento, ocorrem algumas alterações funcionais. Ao longo do tempo, os músculos vão perdendo força e flexibilidade nos quais os músculos respiratórios também passam por esse processo. A disfunção dos músculos respiratórios pode induzir a diversos fatores negativos, entre eles, redução na tolerância ao exercício e nos piores casos, à insuficiência respiratória (SIMÕES et al, 2006). No processo de envelhecimento, problemas se instalam causando debilidades respiratórias, como a dispnéia, que está ligada à diminuição da força da musculatura respiratória e se constituindo em um dos principais fatores que diminuem a autonomia funcional. Esse quadro uma vez instalado, associado à alteração da função pulmonar, leva progressivamente a piora do condicionamento físico (CADER et al., 2006). Portanto, sem uma musculatura respiratória bem trabalhada e fortalecida essa habilidade em realizar exercícios fica comprometida, o que acaba gerando aumento da probabilidade de exposição a fatores de riscos, como o sedentarismo. Uma pessoa que sofre de disfunções nesta musculatura tem poucas chances de suportar as cargas respiratórias impostas pelo exercício (SIMÕES et al, 2006). Simões et al. (2006) , realizaram pesquisa, com o intuito de medir a força dos músculos respiratórios utilizando as pressões respiratórias máximas (PImax e PEmax). As medidas das pressões inspiratórias e expiratórias, segundo Cook et al. (1964 apud HAJJAR, 2007) podem ser realizadas através de um manovacuômetro em escala de cmH2O. O manovacuômetro é um aparelho que tem por finalidade medir pressões positivas (manômetro) e pressões negativas (vacuômetro). Tem sido muito utilizado em pesquisas sobre o desenvolvimento dos músculos respiratórios por permitir mensuração 8 da força dos músculos inspiratórios (pressão negativa) e expiratórios (pressão positiva) (AZEREDO, 1996 apud HAJJAR, 2007, p. 97). METODOLOGIA O estudo foi do tipo documental em uma abordagem quantitativa. Segundo Minayo (2007) a pesquisa documental é elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico. O estudo foi desenvolvido em três momentos, o primeiro consistiu no acesso às fichas de avaliação pertencentes ao banco de dados do LERES/CEDF/UEPA. Após a autorização da coordenação do LERES o acesso ao banco de dados do laboratório ocorreu em Janeiro de 2012. Foram coletadas as fichas de identificação e avaliação de homens entre 50 a 60 anos praticantes de treinamento de força e sedentários, os quais participaram de avaliação da força dos músculos respiratórios, através da manovacuometria. A amostra constituiu-se de 06 (seis) fichas, sendo 03 (três) pertencentes a homens entre 50 e 60 anos praticantes de treinamento de força e de 03 (três) de homens sedentários com idade entre 50 e 60 anos. De posse dessas informações, o momento seguinte foi a análise estatística, tendo sido aplicados métodos estatísticos descritivos e inferenciais. As variáveis quantitativas foram apresentadas por meio de medidas de tendência central e de variação. Na estatística inferencial foram aplicados testes de hipótese baseados em métodos paramétricos, pois, a comparação das variáveis foi realizada pelo teste t de Student, sob as condições recomendadas por Ayres et al. (2007, p.126). Foi previamente fixado o nível alfa = 0.05 para rejeição da hipótese nula. O processamento estatístico foi realizado no software BioEstat versão 5.3. Os dados foram agrupados e distribuídos respectivamente em formas de tabelas e gráficos contendo números absolutos e percentuais, base para o momento seguinte de interpretação e discussão dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO RESULTADOS DA PImax E PEmax DE TREINADOS E SEDENTÁRIOS 9 Tabela 1- Avaliação da PImax e PEmax dos praticantes de Exercícios Resistidos e de Sedentários. - - - - - Treinados - - - - - - - Sedentários - - - PImax PEmax PImax PEmax Mínimo -140.0 100.0 -100.0 60.0 Máximo -100.0 140.0 -70.0 100.0 Mediana -120.0 120.0 -90.0 80.0 Primeiro Quartil -130.0 110.0 -95.0 70.0 Terceiro Quartil -110.0 130.0 -80.0 90.0 Média Aritmética -120.0 120.0 -86.7 80.0 20.0 20.0 15.3 20.0 Desvio Padrão Fonte: protocolo da pesquisa A avaliação da PEmax e PImax foi realizada comparando Treinados e Sedentários: A PImax apresentou diferença estatisticamente significante (p=0.0417) entre Treinados (-120.0±20.0 cmH2O) e Sedentários (86.6±15.2 cmH2O) e a PEmax, também apresentou diferença estatisticamente significante (p=0.0352) entre Treinados (120.0±20.0 cmH2O) e Sedentários (80.0±20.0 cmH2O). Figura: Avaliação da PImax e PEmax no sexo masculino, entre praticantes de Treinamento de Força (n=03) e Sedentários(n=03) com idade de 50 a 60 anos. 10 A PImax e PEmax são valências que influenciam as variações na força dos músculos respiratórios, essas variações podem exercer efeitos na dinâmica dos movimentos respiratórios e com isso gerar consequentes alterações na mecânica respiratória (COSTA et al, 2003 apud NASCIMENTO; GUIMARÃES, 2010). A força de contração da musculatura respiratória esta relacionada às características intrínsecas dos músculos envolvidos, onde as pressões que são geradas no sistema respiratório dependem da força de contração da musculatura. O aumento da força é uma das principais transformações que podemos perceber em pessoas que praticam treinamento de força (IRWIN, 1994; OKUMA, 2002 apud NASCIMENTO; GUIMARÃES, 2010). Conforme já salientado, raros são os estudos que apontam relação entre treinamento de força, PImáx e PEmáx, principalmente para indivíduos na faixa etária de 50 a 60 anos. No entanto, alguns estudos estabelecem relação positiva entre exercícios aeróbios e PImáx e PEmáx (SIMÕES et al, 2006; CADER et al, 2006, GONÇALVES et al, 2006), os quais podem nos ajudar a melhor entender os resultados encontrados nesta pesquisa. Gonçalves et al. (2006) ao desenvolverem pesquisa com o objetivo de verificar a influência da prática de caminhada livre duas vezes por semana no incremento da força muscular inspiratória e expiratória em mulheres idosas, comparado com o grupo controle, fizeram uso de um manovacuômetro aneróide para investigar as pressões inspiratórias e expiratórias. Os resultados demonstraram que o grupo de praticantes de exercício físico apresentou aumento significativo da Pressão Inspiratória Máxima nas faixas etárias compreendidas entre 65-69 anos (p=0,0001), 70-74 anos (p=0,0046) e 7580 anos (p=0,0240) e da Pressão Expiratória Máxima nas faixas etárias entre 70-74 anos (p=0,0114) e 75-80 anos (p=0,0101). Concluíram que um exercício físico não específico para músculos respiratórios resultou em aumento da força muscular respiratória na maioria das mulheres idosas participantes do estudo. O fato da pesquisa de Gonçalves et al. (2006) ter sido desenvolvida com indivíduos em faixa etária superior a 60 anos e praticantes de caminhada, permite sugerir possíveis aproximações com os resultados encontrados neste estudo, com indivíduos praticantes de musculação, quando comparamos os resultados encontrados em um estudo de Nascimento e Guimarães, 2010, que relacionou hidroginástica e musculação. 11 Nascimento e Guimarães (2010), ao pesquisarem um grupo de idosas praticante de hidroginástica e outro praticante de musculação, não encontraram diferença significativa entre os grupos nas valências de PImax (p-valor= 0.7823) e PEmax (pvalor= 0.3344). Ao evidenciarem inexistência de diferença significativa na PImax e PEmax de idosas praticantes de hidroginástica e musculação, permite certa relação com os resultados deste estudo onde os valores da PImax e PEmax indicaram diferença significativa entre os praticantes de exercícios resistidos comparada com indivíduos sedentários. Com base nestes resultados pode-se inferir sobre a musculação como possível metodologia aplicável na melhora da força muscular respiratória de senescentes a exemplo da hidroginástica aplicada em idosas. No entanto, aspecto importante a ser abordado sobre os benefícios de alguns exercícios aeróbios e de caráter cíclico de execução, comparado com exercícios resistidos e de caráter intermitente de execução, refere-se ao fato dos exercícios aeróbios imporem algumas barreiras para pessoas que estão em processo de envelhecimento, assim como para aquelas que já são considerados idosos. A este respeito Santarém (2011a) informa sobre o fato da falta de equilíbrio, dores articulares entre outros fatores, se constituírem pontos limitantes em relação a pratica de exercícios aeróbicos para pessoas idosas e para aquelas que estão próximas desta faixa etária, a exemplo àqueles situados entre 50 a 60 anos. Em contrapartida, a prática do treinamento de força vem sendo cada vez mais indicada para pessoas que estão envelhecendo. Neste tipo de treinamento há um melhor controle da sobrecarga, tempo de duração entre outros aspectos positivos. Pessoas que envelhecem praticando exercícios aeróbios como corrida e natação apresentam o mesmo nível de hipertrofia muscular do que pessoas sedentárias. Pessoas que envelhecem praticando treinamento de força apresentam níveis de massa muscular compatíveis com o de pessoas mais jovens (SANTARÉM, 2011a). Santarém (2011d) refere que o treinamento de força vem sendo indicado como uma adequada estratégia para se trabalhar com a população que esta envelhecendo, fato reforçado pelos achados desta pesquisa ao evidenciar melhores resultados da força dos músculos respiratórios de praticantes de exercícios resistidos. Em análise realizada por Nascimento e Souza (2010), sobre a biomecânica do treinamento de força, estabelecendo relação com os músculos respiratórios, enfatizam 12 alguns aspectos que também podem auxiliar no entendimento dos resultados encontrados nesta pesquisa: a) Exercício abdominal ao fazer parte do programa de exercícios resistidos proporciona fortalecimento de importantes músculos expiratórios; b) Em todos os outros exercícios realizados, há necessidade do músculo abdominal agir de forma estabilizadora, através de contrações isométricas, promovendo exigência continuada destes músculos para manutenção da postura corporal, contribuindo também à sua melhora de força e resistência; c) Solicitação de expiração na fase concêntrica e inspiração na fase excêntrica durante a realização dos exercícios abdominais implica, na fase de inspiração, necessidade de contração isométrica dos músculos abdominais para manter a estabilidade do tronco, promovendo uma desvantagem mecânica controlada do diafragma para superar esta resistência; d) O exercício de desenvolvimento trabalhado de forma dinâmica demanda usos sinérgicos dos músculos trapézios (porção superior) e escalenos, importantes músculos auxiliares da respiração; e) Outros exercícios não específicos à ação dos músculos respiratórios, como o supino e a remada, em suas fases excêntricas (alongamento sobre contração), promovem resistência contrária à ação dos músculos inspiratórios, em particular do diafragma; f) A solicitação de expiração na fase concêntrica da realização dos exercícios e inspiração na fase excêntrica, com duas séries de 8 RPM a 12 RPM, constituem-se exercício respiratório diretamente relacionados aos músculos inspiratórios e expiratórios. Em pesquisa realizada por Simões et al. (2006), buscando investigar a influencia da idade e do sexo em 100 indivíduos entre homens e mulheres com idade entre 40 e 89 anos, averiguou que há uma diminuição progressiva e expressiva com o avançar de cada década nos valores da PImáx e PEmáx nos dois grupos. Entretanto, esta redução ocorre designadamente a partir da quarta década de vida. O estudo de Simões et al. (2006) ao indicar queda progressiva nos valores da PImax e PEmax com o avanço da idade, permite ratificar a importância dos resultados do presente estudo, onde foram encontrados valores estatisticamente significantes (PImax, p=0.0417 e PEmax, p=0.0352) para homens treinados em relação a sedentários, permitindo inferir que o treinamento de força, atua melhorando a força da musculatura 13 respiratória, tão importante à qualidade de vida dos indivíduos em geral e em particular para os objetivos desta pesquisa, para aqueles situados na faixa etária de 50 a 60 anos. CONCLUSÃO A partir das alterações que surgem com o processo de envelhecimento, torna-se de grande importância considerar as diversas variáveis que influenciam neste processo, entre elas o treinamento de força e a força dos músculos respiratórios. O objetivo desta pesquisa foi alcançado, tendo sido refutada a hipótese nula e confirmada a hipótese da pesquisa evidenciando-se que há diferença significativa entre a força dos músculos respiratórios (PImax= -120 cmH2O, PEmax= 120 cmH2O) de homens que praticam treinamento de força e a força dos músculos respiratórios (PImax= -86,7 cmH2O, PEmax= 80 cmH2O) de sedentários, ambos com idade entre 50 a 60 anos. A relevância deste estudo ganha evidência à medida que proporciona uma investigação comparativa entre a força da musculatura respiratória e os exercícios resistidos, assunto insuficientemente explorado em nível científico. Considera-se, ainda, a importância da referida musculatura ao bom desempenho das atividades da vida diária e possibilidade da aplicação destes exercícios como alternativa metodológica à saúde, em particular àqueles que se situam na faixa etária de 50 a 60 anos. Pode-se indicar também, como metodologia de intervenção para a melhora da musculatura respiratória, a pesquisa realizada por Nascimento e Sousa (2010), onde foram realizadas importantes analises biomecânicas em relação ao treinamento de força estabelecendo importante relação com a musculatura respiratória. Reconhece-se o fator limitante do grupo amostral para possíveis induções dos resultados, no entanto, considerando que número de pessoas que vem atingindo uma maior longevidade tem aumentado significativamente, torna-se necessário que mais pesquisas e com maior número de investigados sejam realizadas, para que se possa aumentar a evidência sobre o tema, gerando maiores contribuições para esta área de investigação. 14 Comparison of Respiratory Muscle Strength Among Athletes Strength Training and Sedentary Males with Age 50 to 60 years. Abstract Pena, Carlos Franck Pampolha. Comparison of Respiratory Muscle Strength among practitioners of strength training and sedentary males aged 50-60 years. Completion of course work (Full Degree in Physical Education) - University of Pará, Belém, 2011. The study aims to compare the strength of respiratory muscles of men among practitioners of strength training and sedentary aged between 50 and 60 years. Has descriptive character of documentary research with a quantitative approach. It was developed in two distinct stages: the first collection of documents and other content analysis. The documents were collected tokens for identification and evaluation of men between 50 and 60 years of strength training practitioners and sedentary investigated in the database of the Laboratory of Resistance Exercise and Health Physical Education Course at the University of Pará - you read / CEDF / UEPA. The sample collected and analyzed consisted of 03 (three) chip of men between 50 and 60 years practicing strength training and 03 (three) chip of men between 50 and 60 sedentary. Accordingly, we investigated the MEP and MIP for each participant. To perform comparative analysis of respiratory muscle strength among practitioners of Strength Training and sedentary were applied descriptive and inferential statistical methods. Quantitative variables were presented by means of measures of central tendency and variation. In inferential statistics were used hypothesis tests based on parametric methods, for comparison of variables was performed by Student's t test. It was previously set alpha = 0.05 level to reject the null hypothesis. The statistical processing was performed in BioEstat software version 5.3. The objective was achieved, having been rejected the null hypothesis and confirmed the hypothesis of the research showing that there is significant difference between respiratory muscle strength (MIP = -120 cmH2O cmH2O MEP = 120) of men who have training strength and respiratory muscle strength (MIP = -86.7 cmH2O, MEP = 80 cmH2O) were sedentary, both aged 50 to 60 years. The relevance of this study gains as evidence that provides a comparative research between respiratory muscle strength and endurance exercises, subject insufficiently explored scientific level. It is also the significance of the muscles to properly perform activities of daily living and the possibility of applying these exercises as a methodological alternative to health, particularly those that fall in the age group 50-60 years. Keywords: Respiratory Muscles. Sedentary lifestyle. Strength Training REFERÊNCIAS BALSAMO, Sandor; SIMÃO, Roberto. Treinamento de Força: para Osteoporose, Fibromialgia, Diabetes Tipo 2, Artrite Reumatóide e Envelhecimento. 2 ed. São Paulo: Phorte, 2007. CADER, Samária. et al. Efeitos do treino dos músculos inspiratórios sobre a pressão inspiratória máxima e a autonomia funcional de idosos asilados. Revista Motricidade, 2006, p. 16-25 Disponível em: <www.googleacademico.com.br>. Acesso em: 22 mar. 2011. CAMPOS, Maurício de Arruda. Musculação: diabéticos, osteoporóticos, idosos, crianças, obesos. 4 ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2008. DORNELLES, Beatriz; COSTA, Gilberto José Corrêa. Investindo no Envelhecimento Saudável. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2003. 15 EVANS, W. J. What is sarcopenia? J. Gerontol. A. Biol. Sci. Med. Sci., v 50, n 5-8, 1995. FLECK, Steven, J.; SIMÃO, Roberto. Força: Princípios Metodológicos para o Treinamento. São Paulo: Phorte, 2008 GONÇALVES, M. P. et al. Avaliação da força muscular inspiratória e expiratória em idosas praticantes de atividade física e sedentárias. Revista Brasileira Ciência e Movimento, 2006, p. 37-44. HAJJAR, Nabil El. Avaliação da força muscular em idosos. Pleiade Foz do Iguaçu, v. 1, n.1, p. 95 – 112, jan./jun. 2007. JACOB FILHO, W, SOUZA, R. R. Anatomia e fisiologia do envelhecimento. In: CARVALHO FILHO, E.T.; PAPALÉO NETTO, M. Geriatria: fundamentos, clínica e terapêutica. São Paulo. Atheneu: 2000. MAIOR, Alex Souto. Fisiologia dos Exercícios Resistidos. São Paulo: Phorte, 2008. MATSUDO, Sandra Marcela Marecha; MATSUDO, Victor Keihan Rodrigues. Atividade Física e Obesidade: prevenção e tratamento. São Paulo: Atheneu, 2007. MAZO, Giovana Zarpellon. Atividade Física, Qualidade de Vida e Envelhecimento. Porto Alegre: Sulina, 2008. MAZO, Giovana Zarpellon; LOPES, Marize Amorim; BENEDETTI, Tânia Bertoldo. Atividade Física e o Idoso: Concepção Gerontológica. 3 ed. Porto Alegre: Sulina, 2009. MINAYO M.C. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Rio de Janeiro: Abrasco, 2007. NASCIMENTO, Vanderson Cunha et al. Análise Comparativa da PImáx e PEmáx de idosos praticantes de Exercícios Resistido e idosos sedentários. Belém, 2010. NASCIMENTO, Vanderson Cunha do; SOUSA, Evitom Correa de. Exercício Resistido Terapêutico, 2010. 43 slides: color. Formação continuada de estagiários do Laboratório de Exercício Resistido e Saúde, Curso de Educação Física, Universidade do Estado do Pará. NOVAES, Jefferson S.; VIANA, Jeferson M. Personal Training e Condicionamento Físico em Academia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003, p.404. NASCIMENTO, Isabel Barbosa; GUIMARÃES, Karla Patrícia Costa. Avaliação da Força Muscular Respiratória em Idosas Praticantes de Atividade Física. Belém, 2010. 16 POWERS, Scott; HOWLEY, Edward. Fisiologia do Exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. São Paulo: Manole, 1997. Revisão Científica para língua portuguesa: Francisco Navarro e Reury Frank Pereira Bacurau. POLITO, Marcos Doederlen. Prescrição de exercícios para a saúde e qualidade de vida. São Paulo: Phorte, 2010. PALMA, Alexandre. Exercício Físico e Saúde; Sedentarismo e Doença: Epidemia, Causalidade e Moralidade. Motriz Rio Claro, v. 15, n.1, p. 185-191, jan./mar. 2009. SANTARÉM, José Maria. Promoção da saúde do idoso. Disponível em: <www.saudetotal.com.br>. Acesso em: 22 mar. 2011 a. ___________________. Qualidade dos exercícios resistidos. Disponível em: <www.saudetotal.com.br> Acesso em: 22 mar. 2011 b. ___________________. Atualização em exercícios resistidos: exercícios com pesos e qualidade de vida. Disponível em: <www.saudetotal.com.br>. Acesso em: 22 mar. 2011 c. ___________________. Exercícios Resistidos. Disponível http://www.biodelta.com.br/textos.asp>. Acesso em: 06 fev. 2011 d. em: SILVA, Lidiane Rodrigues Campêlo da. et al. Pesquisa Documental: alternativa investigativa na formação docente. PUCPR, 2009. Disponível em: http://www.teses.ufc.br/>. Acesso em: 15 jul. 2008. SIMÃO, Roberto. Treinamento de força na saúde e qualidade de vida. 2 ed. São Paulo: Phorte, 2009, p. 133-134. SIMÕES, Rodrigo Polaquini et al. Influência da idade e do sexo na força muscular respiratória. Revista Fisioterapia e Pesquisa, 2006, p. 36-41. Disponível em: <www.googleacademico>. Acesso em: 22 mar. 2011. TERRA, Newton; OPPERMANN, Rosemary & TERRA, Pedro. Doenças Geriátrica e Exercícios Físicos. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2010.