NA PEDAGOGIA DE UM MOVIMENTO, UMA CONSTRUÇÃO DE SABERES: PERCORRENDO OS CAMINHOS DA HISTÓRIA E MEMÓRIA DA “LUTA DO POVO DE ALAGAMAR” Gildivan Francisco das Neves Dr.Orlandil de Lima Moreira O contexto histórico compreendido entre os anos de 1940 e 1960 foi caracterizado pela intensificação dos movimentos sociais no campo. Essas ações no período do Golpe de 1964 foram repremidas, porém, não desarticuladas. Foi nesse âmbito de repressão política e social que eclodiu, entre os anos de 1975 e 1980, a “Luta do Povo de Alagamar”. Nesta perspectiva, tencionamos compreender o desenrolar deste movimento social do campo, enfatizando sua ação pedagógica e a necessidade de considerar os saberes e experiências dos trabalhadores rurais que estiveram envolvidos nesse processo. Para tanto, recorremos a autores como Arroyo (2003), Batista (2011) e Freire (1987). Metodologicamente nos aportamos na História Oral e como técnica de coleta de dados recorremos às entrevistas semi-estruturadas realizadas com quatro sujeitos que participaram do movimento em estudo. O artigo está estruturado em três momentos. A princípio, discorremos a respeito da pedagogia dos movimentos sociais e suas ações educativas. Em seguida, contextualizamos a “Luta do Povo de Alagamar” apresentando os fatores que levaram a sua sistematização. Por fim, buscamos elucidar, através da memória dos sujeitos que participaram desta ação, a pedagogia e os saberes produzidos no movimento em análise. Empreender discussões no âmbito da articulação entre memória e movimentos sociais do campo nos permite trazer à tona a voz e a história de sujeitos que reivindicaram seus direitos e que historicamente foram silenciados pela escrita de uma História urbanocêntrica que não direciona o seu olhar para as questões do campo, bem como despreza os saberes e conhecimentos que são produzidos nesse espaço. Palavras-chave: Memória. Luta do Povo de Alagamar. Saberes. Introdução Historicamente, o campo foi compreendido como o espaço do atraso, do estranho e do exótico. Tal concepção foi gestada principalmente a partir da afirmação do Capitalismo na Modernidade que propôs como sinônimo de progresso e prosperidade a cidade. De acordo com Arroyo (2003), esta construção permitiu que a lógica do campo, com seus saberes e práticas fosse marginalizada ou em outros casos estereotipada como, por exemplo, na figura do Jeca-Tatu. Assim sendo, foi sistematizado um modelo de educação rural que se destinava aos sujeitos do campo, mas que, como evidencia Ribeiro (2012), não contemplava as realidades e singularidades da vida cotidiana nesse espaço. Mestrando em Educação, na linha de Educação Popular, no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba – UFPB. E-mail: [email protected] Orientador. Professor Dr. vinculado a linha de Educação Popular, no Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGE, na Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Na atualidade, a partir das reivindicações e mobilizações dos Movimentos Sociais do Campo, tem, como propõe Batista (2011a), ocorrido uma articulação na busca da construção de uma Educação do Campo, paradigma que procura contemplar os saberes, vivências e experiências dos diversos sujeitos que compõem o campo. Partindo desse pressuposto, nos debruçaremos na “Luta do Povo de Alagamar” tencionando compreender o desenrolar deste movimento social do campo, enfatizando sua ação pedagógica e a necessidade de considerar os saberes e experiências dos trabalhadores rurais que estiveram envolvidos nesse processo. 1 Movimentos Sociais, Ações Pedagógicas e Saberes Quando falamos em Educação quase que instantaneamente remetemos a escola como o único espaço onde essa se efetiva. Tal aspecto deve-se ao lugar de destaque que essa instituição adquiriu historicamente em nossa sociedade. Porém, como propõe Bonetti (2007), a construção de ações pedagógicas e saberes está para além das instituições clássicas, podendo ocorrer em vários espaços de pesquisa, de vivência e de intervenção social. Em diversas situações cotidianas, fora e dentro das escolas, os indivíduos constroem experiências que, de acordo com Thompson (1998), possibilitam a constituição de uma nova forma de compreender e interpretar o mundo que os cerca e o contexto no qual estão inseridos. Dentre os espaços onde ocorrem ações pedagógicas e produção de saberes, podemos destacar os movimentos sociais, e, em específico, os movimentos sociais do campo. Através da participação nos movimentos sociais, os sujeitos formulam uma melhor leitura da realidade a que pertencem, bem como no decorrer do processo e na busca pela manutenção e conquista dos seus direitos, aprendem de que forma estão sistematizadas as relações sociais e podem conseguir compreender quais intencionalidades e relações de poder estão presentes nos discursos pronunciados e nas ações desencadeadas pelos representantes dos diversos setores que compõem a sociedade. Assim, Essas dispersas e diversas mobilizações populares se prolongam por todas as últimas décadas. Controladas, cooptadas ou reprimidas brotam e rebrotam tão persistentes quanto a exclusão e marginação a que continuam submetidos os setores populares, ao longo destas décadas. Não é temerário, portanto, supor que essas mobilizações agiram como pedagogos no aprendizado dos direitos sociais, especificamente do direito à educação (ARROYO, 2003, p.31). Além do aprendizado dos direitos sociais, os indivíduos que participam dessas mobilizações, constroem no decorrer do movimento conhecimentos que os permitem compreender qual a melhor forma de conduzir o processo, o como organizar as ações de resistência e luta pelos direitos, construindo, assim, uma pedagogia do movimento, além de conseguirem captar os interesses que estão presentes nas relações sociais. Neste sentido, compreendemos que As acessórias técnicas, políticas e religiosas que atuam junto aos grupos populares desempenham um papel fundamental no processo. [...]. Este processo, bastante conflituoso e tortuoso, de avanços e recuos possibilita que os participantes dos movimentos se apropriem de informações, desenvolvendo engrenagens tidas como técnicas, e, sobretudo, identificando os interesses envolvidos (GOHN, 2009, p. 1718). Concordando com Gohn (2009), compreendemos que os movimentos sociais, para além de uma ação política, possuem um caráter educativo e uma dimensão pedagógica, onde os sujeitos que participam da ação tem a possibilidade de construir experiências que resultam em saberes a partir dos quais é possível decodificar o porquê da situação de opressão e a necessidade de criar práticas de resistência e agenciamento. Partindo desses aspectos poderíamos nos questionar: Que saberes são estes que os indivíduos envolvidos nesse tipo de ação coletiva constroem a partir do diálogo com seus pares e com outras instituições que se posicionam contra ou a favor das bandeiras de luta defendidas? Nessa perspectiva, ao analisarmos a ação pedagógica e os saberes produzidos em um movimento social devemos Perguntar-nos pelas virtualidades formadoras dos movimentos sociais. Em que medida podem ser vistos como um princípio, uma matriz educativa em nossas sociedades. Que dimensões eles formam e que aspectos eles trazem para a teoria pedagógica e para o fazer educativo tanto nas propostas de educação formal quanto informal (ARROYO, 2003, p.30). Dentre os aspectos formadores construídos nesse espaço podemos evidenciar o anteriormente mencionado aprendizado dos direitos. A partir do instante que determinado grupo de trabalhadores rurais organiza um movimento para reivindicar a posse da terra, esse a partir do contato com algumas instituições pode perceber ou aprender que além dos direito a terra, possui, também, outros direitos, tais como o acesso à saúde, a educação de qualidade e a proteção. Medeiros (1989) evidencia que os Movimentos Sociais surgem a partir da percepção das contradições e desigualdade sociais vividas por um determinado grupo. É justamente esta compreensão das disparidades sociais um dos momentos ímpares de construção de saberes. Assim, É importante destacar como o aprendizado dos direitos vem das lutas por essa base material. Por sua humanização. Os movimentos sociais têm sido educativos não tanto através da propagação de discursos e lições conscientizadoras, mas pelas formas como tem agregado e mobilizado em torno das lutas pela sobrevivência, [...]. Nos relembram quão determinantes são, no constuir-nos seres humanos, as condições de sobrevivência. A luta pela vida educa por ser o direito mais radical da condição humana (ARROYO, 2003, p.32). Partindo dos aspectos anteriormente mencionados e da necessidade de trazer a tona os saberes e ações pedagógicas produzidas no interior dos movimentos sociais campesinos, nos debruçaremos nas páginas que seguem na memória da “Luta do Povo de Alagamar”. Compreendemos que as pesquisas no âmbito desta temática apresentam-se como um espaço repleto de possibilidades de investigação e que tanto os movimentos sociais tidos como tradicionais como os denominados novos movimentos sociais, se constituem como um espaço de produção de saberes. Assim, “Há toda uma história das lutas sociais e da formação do campesinato brasileiro que poderia ser recuperada com esta preocupação específica de compreender os processos pedagógicos nela produzidos” (CALDART, sd, p.2). Evidenciar a memória dos movimentos sociais no campo na perspectiva de compreender os saberes e ações pedagógicas produzidos nessas ações se torna fundamental na contextura atual, no sentido em que estamos vivenciando um momento histórico no qual buscamos romper com o olhar urbanocentrico de leitura da sociedade e construir políticas públicas que reconheçam o campo como um espaço de produção de saberes, cultura e identidades. É no reconhecimento desses aspectos que se pauta, por exemplo, a proposta de uma Educação do Campo. No que se refere a esse paradigma vemos que A Educação do Campo nasceu das experiências de luta pelo direito à educação e por um projeto político pedagógico vinculado aos interesses da classe trabalhadora do campo, na sua diversidade de povos, [...]. O eixo principal do contexto de surgimento desta nova prática social foi a necessidade de lutas unitárias feitas pelos próprios trabalhadores e suas organizações por uma política pública de Educação do Campo que garantisse o direito das populações do campo à educação e que as experiências político-pedagógicas acumuladas por estes sujeitos fossem reconhecidas e legitimadas pelo sistema público nas esferas correspondentes (MUNARIM; ROCHA; MOLINA; Et.al, 2012, p.2). Recorrer à memória dos sujeitos que participaram de ações como a “Luta do Povo de Alagamar” é fornecer elementos para que as experiências político-pedagógicas desses atores sejam evidenciadas e utilizadas como elementos para a construção de um novo olhar para o campo, rompendo com os estereótipos que foram construídos para esse espaço social, tendo em vista que “A história das lutas pela terra e pela Reforma Agrária, nos últimos vinte anos, promoveu mudanças importantes no campo brasileiro, modificando a paisagem, construindo um jeito próprio de fazer e de pensar esse território” (FERNANDES; MOLINA, 2004, p.35). 2 Contextualizando a “Luta do Povo de Alagamar” Pois pronto, esses filhos nascido e criado na terra que são realmente os originais agricultor né. [...].Tendo terra para plantar ai vale a pena ser agricultor né. Agora não tendo terra fica difícil (EXPEDITO FRANCISCO GONÇALVES1, 2011). Este trecho do depoimento de um de nossos entrevistados nos permite compreender o significado e o sentido que a pose e a permanência na terra possuem para os trabalhadores rurais. Na percepção destes, a terra não se constitui apenas como um bem material e financeiro, mas como uma referência para a formulação e reformulação das suas identidades. Assim, “Os sujeitos que dependem da terra para viver sentem nela um espaço de vida, de identidade” (BATISTA, 2011b, p.132). Com o objetivo de reivindicar a permanência na terra e a ruptura com a situação de opressão a que os trabalhadores rurais estavam legados, bem como garantir a conquista de direitos civis e trabalhistas que já eram assegurados aos trabalhadores urbanos, eclodiram, no contexto da segunda metade do século XX, diversos movimentos sociais no campo. Neste sentido, observamos que Se até 1940 o messianismo e o cangaço foram as formas dominantes de organização e de manifestação de rebeldia camponesa, a partir dos anos 50 a liga camponesa e o sindicato serão as formas mais importantes de organização e luta política dos camponeses, ainda que convivendo com a persistência do messianismo e do banditismo e com outras formas de luta e de resistência. [...]. Entre o final dos anos 40 e o golpe de Estado de 1964 foram vários movimentos camponeses que surgiram nas diferentes regiões do país (MARTINS, 1986, p.67). 1 Os relatos orais presentes nesse artigo foram coletados entre os anos 2010 e 2011 para a feitura do nosso trabalho monográfico, apresentado ao curso de História da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB em 2011. Todos os depoentes assinaram termo de uso livre e esclarecido de suas falas por parte do pesquisador. É nesse âmbito que a “Luta do Povo de Alagamar” eclode. Alagamar difere de outros movimentos do campo justamente por surgir no contexto da Ditadura Militar onde essas ações coletivas estavam sendo reprimidas e desarticuladas. Alagamar nos anos 1970 correspondia a uma comunidade rural formada por 13 sítios. Por sua extensão territorial que correspondia a 13 mil hectares esta propriedade ficou conhecida como a “Grande Alagamar”. O Informativo Arquidiocesano nº83, de 1980 que foi dedicado ao Movimento de Alagamar, nos afirma a respeito da territorialidade desta comunidade que Alagamar ou como já é conhecida hoje, “A GRANDE ALAGAMAR”, é uma grande propriedade de 13.000 hectares. Esta propriedade fica nos municípios de Itabaiana e Salgado de São Felix. [...]. Moram lá 700 famílias. Até 1975, a vida em Alagamar era assim: o povo pagava o foro e plantava mandioca, macaxeira, milho e outras lavouras (INFORMATIVO ARQUIDIOCESANO, 1980, p.1). O ritmo de vida em Alagamar foi modificado a partir do ano de 1975 quando ocorreu o falecimento do Arnaldo Maroja que por não possuir herdeiros diretos, deixou esta propriedade em testamento para ser dividida entre 42 herdeiros. No que se refere a esse episódio, o mesmo documento eclesial mencionado anteriormente evidencia que Como o senhor Arnaldo Maroja era solteirão e não tinha filhos, as terras dele ficaram num testamento para serem vendidas e o dinheiro ser dividido com 42 herdeiros. Foi aí que o doutor José Valdomiro Ribeiro Coutinho, parente do senhor Maroja, e o administrador Arlindo Paulino, venderam as terras sem avisar aos moradores arrendatários. E aí começou a luta do povo; porque os novos proprietários estavam despejando muita gente (INFORMATIVO ARQUIDIOCESANO, 1980, p.2). Os novos proprietários e administradores negavam-se a expedir os recibos de pagamento do foro aos trabalhadores rurais da localidade. Cabe ressaltar que o recibo se consubstanciava como uma garantia de que as 700 famílias mencionadas anteriormente poderiam permanecer na localidade desenvolvendo as suas atividades cotidianas. Tal aspecto pode ser notabilizado partindo da fala de Severina Maria de Araújo Justino (2011) quando menciona que Ai, [...], foram pagar o foro dele e o Arlindo Paulino soltou as piadas. Ai disseram: a gente vai procurar os direitos da gente. Foi à sorte dada por Deus. Tinha os direitos né. Quando eles chegaram que buscaram os direitos e a justiça informou, aí começou tudo, aí não foi só os três não, invadiu tudo. Todo mundo se reuniu e foi um por todos e todos por um (SEVERINA MARIA DE ARAÚJO JUSTINO, 2011). Este depoimento nos evidencia que na medida em que os trabalhadores rurais diante da não expedição do recibo se negaram a pagar o foro, outros sujeitos tiveram a mesma ação. Ou seja, neste instante este acontecimento adquiriu um caráter coletivo, possibilitando a construção de uma consciência de classe, na perspectiva apontada por Thompson (1987). A partir da não expedição dos recibos de pagamento, um grupo de trabalhadores se reuniu para buscar apoio e reivindicar os seus direitos, incluindo a permanência naquela propriedade, já que estes estavam sendo expulsos para que as terras fossem vendidas. Neste sentido, Durante os anos de 1976 e 1977, Alagamar tornou-se um território de conflitos, mas também do surgimento de uma organização agrária. Para Dom José, as comunidades de Alagamar, antes mesmos dos embates com os proprietários, já possuíam uma boa organização. Contudo, o sofrimento do povo estava estampado em seu cotidiano ocasionado pelas arbitrariedades e ameaças por parte de proprietários e jagunços (PEREIRA, 2012, p.141-142). O ano de 1975, para os trabalhadores de Alagamar, representa um momento ímpar na medida em que foi marcado pela morte do Arnaldo Maroja e pelo empreendimento do início um processo de conscientização onde estes perceberam a situação de marginalização social na qual se encontravam. Esta tomada de consciência remete a Mais uma vez os homens, desafiados pela dramaticidade da hora atual, se propõem, a si mesmos, como problema. Descobrem que pouco sabem de si, de seu “posto no cosmos”, e se inquietam por saber mais. Estará, aliás, no reconhecimento do seu pouco saber de si uma das razões desta procura. Ao instalar-se na quase, senão trágica descoberta do seu pouco saber de si, se fazem problema a eles mesmos. Indagam. Respondem, e suas respostas os levam a novas perguntas (FREIRE, 1987, p.16). Partindo da eclosão de uma situação trágica, a morte do proprietário da terra, Arnaldo Maroja, os trabalhadores rurais de Alagamar colocaram a si mesmo como problema, problematizaram a realidade social na qual estavam inseridos, percebendo, assim, a existência de uma situação de negação de direitos e de exclusão social. Dessa forma, o ato de conscientizar-se permitiu que os moradores dessa comunidade pudessem organizar um movimento onde foi possível garantir a posse da terra e a consequente manutenção dos seus costumes e tradições e de suas memórias e identidades. Porém, para que pudessem obter a posse da terra, os trabalhadores rurais de Alagamar tiveram que enfrentar diversos momentos de tensão e de atos violentos empreendidos pelos novos proprietários. Tal momento de conflito teve início efetivo quando os administradores da “Grande Alagamar”, Arlindo Paulino e José Valdomiro Coutinho, sem o consentimento e aviso prévio aos moradores, venderam a propriedade. Desta forma, “Os acontecimentos faziam os moradores da “Grande Alagamar” ficarem desconfiados de que os proprietários começariam a fazer investidas para tirá-los da terra” (SILVA, 2010, p.10). O clima de tensão instaurado na comunidade em estudo pode ser notabilizado partindo do Jornal O Norte (31/12/1979) quando menciona que Doze pessoas que se queixam de terem sido agredidas em Alagamar, durante a escaramuça da última sexta-feira entre colonos e policiais, serão submetidos a exame de corpo delito, no Instituto de Polícia Técnica de João Pessoa. De acordo com as informações, durante a refrega a polícia, além de desferir socos e pontapés em mulheres e crianças, também usou gás lacrimogêneo, que chegou a atingir um menor de três meses de idade (JORNAL O NORTE, 31/12/1979, s/p). Conscientes dos seus direitos, a primeira medida tomada pelos trabalhadores foi procurar nas instituições representativas, tais como o sindicato dos trabalhadores rurais e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Paraíba - FETAG, o apoio e orientação de que necessitavam para conduzir o movimento. De acordo com o Informativo Arquidiocesano de 1980, diante deste quadro, os trabalhadores rurais foram a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado da Paraíba – FETAG, localizada em João Pessoa para relatar os fatos que estavam acontecendo na Comunidade de Alagamar. Partindo desta orientação, os trabalhadores rurais de Alagamar encaminharam a sua resistência no sentido de buscar a desapropriação das terras e o direito de permanecer nessas. A delineação de tal objetivo pode ser elucidada no depoimento de Manuel Justino de Araújo (2010) quando este nos afirma que E o que é que nós queria com o movimento? Nós queria a desapropriação, que era um bicho estranho, mas, a Lei 4.504 garantia que o proprietário é o dono da terra, mas, não pode usar do jeito que muito lhe convier (MANUEL JUSTINO DE ARAÚJO, 2010). Na “Luta do Povo de Alagamar” os trabalhadores rurais receberam o apoio do Governo Estadual e Federal e principalmente da Igreja Católica, através da sua Ala Progressista. Nas idas a João Pessoa, Lagoa Seca, dentre outras cidades, nas reuniões realizadas, os trabalhadores apresentavam as suas experiências e recebiam dos representantes destas instituições o suporte jurídico e organizacional necessário para empreender a ação. O primeiro contato de representantes de um dos segmentos da Igreja Católica com o Movimento de Alagamar se deu quando ao voltar da FETAG os trabalhadores rurais procuraram o então pároco da cidade de Salgado de São Félix, Padre José Diácono, e relataram o que estava acontecendo naquela comunidade. De acordo com Silva (2010), o referido padre concordou com a orientação dada pela FETAG e comunicou ao Arcebispo Dom José Maria Pires a situação de opressão, marginalização social e ameaça de expulsão que os moradores de Alagamar estavam vivenciando. A presença de um setor da Igreja Católica no movimento de Alagamar foi realizada no sentido da orientação, na medida em que mostrava caminhos que os trabalhadores poderiam trilhar, e no da ação, na perspectiva em que os próprios religiosos participaram de atos como o da expulsão do gado. Tais aspectos nos permitem compreender, como evidencia Medeiros (1989), que com a intensificação dos movimentos envolvendo os trabalhadores rurais, o segmento progressista da Igreja Católica participou de forma ativa de algumas ações de resistência. Dentre estas, podemos citar a “Luta do Povo de Alagamar”. Esse aspecto pode ser elucidado na narrativa de Expedito Francisco Gonçalves (2011) quando menciona que Rapaz se não fosse a Igreja, acho que agente não tinha tido a vitória. Ela tava sempre aqui com a gente orientando para ninguém brigar, nem matar né. Eu sei que foi uma participação ótima. Teve aqui na minha casa, na minha roça, [...], isso depois de um ataque, [...], Dom Helder que já é falecido, Dom Francisco da Ingazeira e Dom Manuel de Campina Grande (EXPEDITO FRANCISCO GONÇALVES, 2011). A narrativa de Expedito Francisco Gonçalves (2011) nos apresenta algumas das orientações que os trabalhadores de Alagamar recebiam do segmento da Igreja Católica que apoiava o movimento. Dentre estas orientações destaca-se a de que a ação deveria ser conduzida por meios pacíficos, pelo uso da não-violência. Na busca pela desapropriação da terra, os trabalhadores rurais de Alagamar organizaram várias comissões que se dirigiam a João Pessoa para realizar manifestações. Uma destas idas ocorreu em Outubro de 1978 quando um grupo se direcionou a capital da Paraíba na tentativa de falar com o Governo do Estado, reivindicando a posse da terra e proteção policial. Este episódio pode notabilizado a partir do Informativo Arquidiocesano (1980) quando menciona que Numa outra parte da carta os agricultores contam: No dia 10 de Outubro de 1978 fomos ao Palácio da Redenção em João Pessoa e falamos com o Senhor Dorgival Terceiro Neto, pedindo que ele socorresse nós, afastando os pistoleiros. Entregamos uma carta a ele pedindo a desapropriação de Alagamar, Piacas e Caipora. Mas ele disse o que tivesse com ele ia ter providência, mas a desapropriação era de competência do Presidente da República (INFORMATIVO ARQUIDIOCESANO, 1980, p.2). As ações empreendidas por estes moradores possibilitaram a permanência desses na terra. O primeiro ato de desapropriação foi expedido em 1978 e assegurava apenas a conquista de 2.000 dos 13.000 hectares que correspondiam à extensão territorial completa da fazenda. Neste sentido, Em 08 de novembro de 1978, o Presidente Geisel desapropriou 2.000 hectares de terras em Piacas e Alagamar por meio do Decreto 82.614/78. A decisão de desapropriar essas terras foi vista por muitos como uma medida para conquistar votos, tendo em vista as vésperas das eleições parlamentares. Com uma quantidade pequena de terra para ser desapropriada só seria possível assentar 80 famílias de Alagamar (PEREIRA, 2012, p.144). Mesmo após a assinatura do Decreto, as manifestações dos trabalhadores rurais continuaram já que estes queriam a desapropriação de outras parcelas da área. Os proprietários permaneceram, assim empreendendo atos violentos e perseguindo os moradores que participavam do movimento. Assim, A pressão dos trabalhadores aumentava, era mais evidenciada pela mídia e o movimento ganhava cada vez mais apoio. Com isso, ainda em Janeiro, o governo federal e estadual se comprometeram a resolver o problema através da retirada do gado das lavouras; criação de uma cooperativa para ser a concessionária das terras e por último, comprar a Fazenda Maria de Melo. Em Junho de 1980, o Presidente João Batista Figueiredo, acompanhado do cantor Luiz Gonzaga e do Governador Tarcísio Burity, veio pessoalmente a Maria de Melo e entregou o título de propriedade de posse da terra aos agricultores da Grande Alagamar (SILVA, 2010, p.21). A desapropriação da Fazenda Alagamar resultou da sistematização do movimento e da resistência empreendida cotidianamente pelos trabalhadores rurais desta localidade. Essa ação permitiu que os homens e mulheres desta comunidade tivessem os seus direitos sociais assegurados, distando da situação anterior onde o gado era tratado como gente e as pessoas eram “tangidas” do lugar onde haviam crescido e construído suas sociabilidades. Como mencionou Dom Francisco Austragélio, Alagamar era “[...], uma terra onde se tange o homem como gado e se defende o gado como homem, [era] uma terra desvalorizada” (JORNAL O NORTE, 6/1/1980). 3 Na memória dos trabalhadores rurais de Alagamar, a Pedagogia de um movimento e a construção de saberes Como mencionamos anteriormente, os movimentos sociais podem ser considerados como um espaço de produção de saberes diversos, de ações educativas e de existência de uma pedagogia. Assim, “A Pedagogia do Movimento afirma os movimentos sociais como um lugar, ou um modo específico, de formação de sujeitos sociais coletivos” (CALDART, 2012, p.548). Ao agenciar cotidianamente no interior da ação, os sujeitos constroem experiências que permitem que estes possam formular uma nova compreensão da realidade que os cerca. Deste modo, “Nos movimentos sociais a educação é autoconstruída no processo e o educativo surge de diferentes fontes” (GOHN, 2009, p.51). No que se refere ao movimento social do campo que nos debruçamos no presente estudo, compreendemos a partir das narrativas dos trabalhadores, que as reuniões se consubstanciavam em um dos momentos de discussão da pedagogia do movimento e produção de saberes. Nas reuniões eram discutidos os caminhos e as perspectivas que a ação deveria tomar, partindo dos últimos acontecimentos que tinham sido desencadeadas na comunidade. Uma de nossas depoentes evidenciou que Fazia muito canto assim de luta, ai então, isso a gente vinha para aqui, quando chegava aqui, formava as reuniões ai o povão, sabe? Ai já juntava tudo. Para ir para lá não ia todo mundo, ia só um grupo. [...]. Ai a gente reunia e a gente ia aplicar o que a gente conversou lá, né, aplicava para os outros, todo mundo ficava por dentro da História. [...]. Vinha Padre, vinha Bispo, vinha Freira, vinha tudo, né, para orientar a gente, como é que fazia a coisa né (SEVERINA MARIA DE ARAÚJO JUSTINO, 2011). A fala acima transcrita apresenta que estas reuniões, além de um momento de discussão da pedagogia do movimento, remetiam ao instante no qual os trabalhadores rurais construíam saberes a partir do contato com as assessorias e instituições que interferiam ou estiveram presentes no desenrolar da ação. De acordo Gohn (2009), tendo como norte a relação que os sujeitos participantes do movimento estabelecem com as assessorias técnicas, políticas e religiosas estes conseguem compreender a dimensão da organização política da ação. O depoimento de Severina Maria de Araújo Justino (2011) elucida também que embora não existissem líderes nesse movimento, existia uma comissão denominada base dos trabalhadores que participava das reuniões fora da comunidade e posteriormente, se reunia com os demais trabalhadores para discutir os rumos do movimento, bem como quais ações deveriam ser tomadas. A existência do grupo denominado a base dos trabalhadores pode ser visualizada ainda na fala de Manuel Justino de Araújo (2010) quando destaca que A gente se reunia, né. Tinha um grupo que, eu não digo especial, mas com uma visão melhor e nós se reunia, elaborava uma pauta de documento, [...], e a gente levava para cobrarmos da FETAG para o INCRA. [...]. Olhe eu digo de forma sadia: nesse tempo não tinha, é, interesses individuais (MANUEL JUSTINO DE ARAÚJO, 2010). De acordo com Silva (2010), a denominação base dos trabalhadores remetia a presença de um segmento católico no movimento social e das Comunidades Eclesiais de Base onde à tomada de decisões era feita a partir de três pilares, a saber, o ver que remetia ao momento de expor os problemas da comunidade, o julgar referente à reflexão sobre a situação de opressão e o agir que se relacionava a forma de reação. No depoimento de Manuel Justino de Araújo (2010) visualizamos que o grupo base era responsável pela formulação da pauta de reivindicações, o que nos evidencia que a ação empreendida em Alagamar foi organizada e conduzida através de uma reflexão das situações cotidianas que ocorriam. As reuniões remetiam a problematização da realidade em que se encontrava a comunidade e era um instante onde os trabalhadores recebiam as orientações dos agentes externos. Nesse momento eram estabelecidos os “[...], princípios norteadores, assimilados por todo o grupo, que constroem a metodologia da ação seguindo as necessidades que a conjuntura lhes coloca” (GOHN, 2009, p.20). A “Luta do Povo de Alagamar” foi empreendida a partir da junção dos conhecimentos jurídicos e da reflexão dos problemas da comunidade com o empreendimento de ações práticas, tais como a expulsão do gado, construção de roças coletivas que se constituíam como a forma de protesto dos trabalhadores de Alagamar. No tocante aos saberes produzidos nesse movimento social destacamos o aprendizado dos direitos. Partindo da orientação recebida de religiosos como Dom José Maria Pires e Dom Helder Câmara, os trabalhadores de Alagamar compreenderam que o caminho para o êxito do movimento não era a violência, mas sim a reivindicação da posse da terra partindo do estabelecimento de manifestações sem o uso da violência, respaldados pelos pressupostos jurídicos. A respeito dessa questão, um dos entrevistados evidencia que “Uma das coisas que nos fez obter êxito foi não usar a violência, mas, mas sim nossa organização, com o apoio dos advogados, das instituições, da Igreja e nós não corria da parada” (JOSÉ JUSTINO NETO, 2011). O depoimento evidencia a compreensão dos participantes da ação de que a busca dos direitos deveria ser feita a partir do agenciamento dos subsídios legais que possuíam, desprezando, assim, o uso da violência. Cabe ressaltar mais uma vez que a questão da “nãoviolência” remeteu a presença de um setor da Igreja Católica nesse movimento. Para ratificar este aspecto foram sistematizadas várias mobilizações na comunidade que visavam deixar claro que as “armas” dos trabalhadores de Alagamar não eram as armas da violência usadas pelos jagunços, mas sim os seus direitos, a justiça e união. A respeito de uma dessas mobilizações observamos que O “movimento simbólico em prol da não-violência” constava de uma marcha silenciosa dos agricultores e religiosos pelos roçados da fazenda, tocando o gado pelo cercado. Os bispos, mulheres, crianças e adultos empunhavam talos de jurema e carrapateira, improvisando cruzes. D. José muniu-se de uma vara de marmelo, mas ele mesmo fez questão de argumentar que “aquilo era apenas um símbolo, pois não bateu em nenhuma rês”. [...]. Diálogos inteiros entre os bispos e os policiais foram gravados pelos repórteres e transcritos nos jornais. Apelando pela não-violência, pedindo fé e esperança aos trabalhadores, utilizando símbolos religiosos improvisados e rezando com os agricultores, os bispos criaram um acontecimento político em Alagamar (NOVAES, 1985, p.219). Este aprendizado dos direitos pode ser elucidado também na fala de outro depoente quando afirma que “Foi à sorte dada por Deus. Tinha os direitos né. Todo mundo se reuniu e foi um por todos e todos por um” (SEVERINA MARIA DE ARAÚJO JUSTINO, 2011). Outro aprendizado gestado no âmbito do movimento em estudo foi à percepção da necessidade e importância do agir em coletividade, do organizar-se para poder romper com a situação de opressão na qual os trabalhadores de Alagamar se encontravam. Tal aspecto pode ser visualizado no depoimento a seguir quando destaca que [...], nós comecemos a procurar os direitos da gente com muito apoio do Sindicato, da Diocese, próprio do Governo. Encontremos esse caminho dessa luta e com isso começou essa luta e estamos aqui até hoje. Enfrentamos tudo o que foi de, tudo quanto foi pesado, mas com fé em Deus escapemos e não tiremos sangue, não matemos, não se machuquemos, ai começou a luta pela terra e considerar a vitória que tivemos né, junto com todo o pessoal junto né, dizem que a união é quem faz a força né? Nós se uniu e conseguiu estar aqui hoje contando essa história e vamos prosseguir se Deus quizer (EXPEDITO FRANCISCO GONÇALVES, 2011). A fala transcrita nos evidencia como na “Luta do Povo de Alagamar” a partir do reconhecimento dos direitos, os trabalhadores rurais envolvidos na ação construíram um saber balizado em uma memória coletiva que permitiu a permanência destes na propriedade. Ressalta também a compreensão desses trabalhadores de que um dos elementos responsáveis pelo êxito do movimento foi à união/organização coletiva. Desta forma, podemos compreender que nos movimentos sociais “O importante é estar junto, a construção é coletiva” (GOHN, 2009, p.20). Considerações Se direcionarmos o nosso olhar para o campo, contemplaremos um ritmo de vida, formas de sociabilidade, de relações econômicas e políticas ímpares. Estes aspectos diferem dos tipos de relações que vivenciamos no meio urbano. Neste sentido, tendemos a fazer uma análise comparativa que relega o campo, bem como os moradores deste espaço ao atraso, a barbárie e a selvageria. Partindo desta perspectiva, historicamente os indivíduos que residem neste espaço tiveram as suas experiências de vida legadas a tônica do esquecimento. Neste âmbito, diversos movimentos sociais do campo tiveram a sua História esmaecida, a exemplo, da “Luta do Povo de Alagamar”. Ao nos debruçarmos na “Luta do Povo de Alagamar” compreendemos que este movimento enquanto uma ação política que permitiu a permanência dos sujeitos na terra, se constituiu, também, como um espaço de produção de saberes e de uma pedagogia. Nas reuniões, nas idas e vindas a João Pessoa e a outras cidades em busca de formação e orientação para conduzir a ação, os indivíduos foram construindo saberes e experiências que possibilitaram o empreendimento de leituras a cerca da realidade na qual se encontravam. Recorrer à memória e História de movimentos sociais do campo como o de Alagamar nos permite compreender que o campo não é o espaço do atraso, mas, sim, que este possui singularidades que historicamente foram renegadas pela lógica capitalista de desenvolvimento. Compreendemos ainda que evidenciar as histórias e trajetórias dos trabalhadores que participaram da “Luta do Povo de Alagamar” nos permite romper com a percepção de que no campo não são produzidos saberes e conhecimentos. Consideramos que trazer a tona os saberes produzidos no âmbito dos movimentos sociais do campo se constitui como um elemento ímpar para a formulação de uma Educação do Campo, tendo em vista que este paradigma, como evidencia Silva (2011), não pode silenciar as trajetórias de luta dos trabalhadores do campo na busca pelo direito de trabalhar, viver e construir as suas identidades. Referências ARROYO, Miguel G. Pedagogias em Movimento: o que temos a aprender dos movimentos sociais? In. 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Lista dos Entrevistados: Expedito Francisco Gonçalves, 2011; José Justino Neto, 2011; Manuel Justino de Araújo, 2010; Severina Maria de Araújo Justino, 2011.