O REMANESCENTE 1 A R E V I S TA D I G I TA L D A O P B C B - A G O / 2 0 1 3 - N º 1 Agora neste tempo ficou um remanescente. (Rm 11.5) ORDEM DOS PASTORES batistas Clássicos do BRASIL OPBCB O Remanescente http://opbcb.org Remanescente é uma publicação semestral da OPBCB - Ordem dos Pastores Batistas Clássicos do Brasil Conselho Editorial Wagner Antonio de Araújo, Carlos Firme, Aparecido Fernandez, Ibraulino de Souza, Luiz Antonio Ferraz Diretor de Arte Luiz Antonio Ferraz Colunistas Wagner Antonio de Araújo, Luiz Antonio Ferraz Informações url: http://opbcb.org email: [email protected] 2 Editorial Com grande satisfação lançamos a Revista Remanescente. O propósito do lançamento desse revista é oferecer aos membros da OPBCB e da ABACLASS um meio para divulgação da OPBCB, de forma eficiente e atrativa. O nome Remanescente caracteriza muito bem a luta da OPBCB pela presevação das doutrinas batistas, que ultimamente tem sido alvo de investidas do pós-modernismo e do liberalismo teológico. Este secularismo propagou-se por todo o mundo, e já atingiu muitos pastores e igrejas batistas do Brasil. Muitos já se conformaram ao seus modelos, apesar do alerta bíblico para sermos transformados , e não sermos conformarmos com este mundo (Rm 12.2). Mas graças a Deus existe ainda um remanescente fiel de homens de Deus que se levantam para batalhar pela verdade (Jd 3). Cremos que a OPBCB é e será um instrumento divino para empunhar a Espada do Espírito nessa batalha contra as trevas. Por isso, o nome Remanescente, é bem apropriado para representar os ideais da OPBCB. A revista será produzida em diversos formatos: 1. Formato HTML para leitura online no Blog com efeitos de Flip Book. 2. Formato PDF para leitura offline. 3. Formato ZIP para ser distribuido em CD-ROM ou Pendrive. 4. Formato EXE, auto-executável, para ser distribuída por e-mail. Neste número especial de lançamento publicamos quatro artigos do Pastor Wagner sobre os quatro encontros da OPBCB, todos eles com fotos. Incluímos o Nosso Protesto e o Nosso Manifesto. No final da Revista incluímos uma lista dos pastores membros da OPBCB. Boa leitura. Divulge e distribua aos seus amigos. Pr. Luiz Antonio Ferraz 3 O REMANESCENTE Edição Especial de Lançamento 4-Como Surgiu a OPBCB Relato do nosso presidente sobre os preparativos da semana que antecedeu a criação da OPBCB, em 26/05/2012. 9-Segundo Encontro da OPBCB No segundo encontro realizado em 04/08/2012, na Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel, a OPBCB promoveu conferência sobre as traduções da Bíblia, tendo como preletores os Pastores Thomas L. Gilmer, Presidente da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, e Harol Gilmer, e a participação especial do Pastor José Vieira Rocha. 14-Terceiro Encontro da OPBCB O terceiro encontro ocorrido em 03/11/2012 na Igreja Batista do Bairro do Limão, foi realizado com o propósito da criar a ABACLASS, a Associação dos Batistas Clássicos do Brasil, o braço leigo da OPBCB. 15-Quarto Encontro da OPBCB Ocorrido em 17/03/2013 no sítio Caucaia do Alto, realizou-se a eleição da nova Diretoria. TAMBÉM nesta edição: 24-Protesto da OPBCB O Protesto da OPBCB contra... 26-Manifesto da OPBCB O Manifesto da OPBCB contra... 32-Membros da OPBCB Conheça os Pastores da OPBCB 4 COMO SURGIU A OPBCB? Pastor Wagner Antonio de Araújo Presidente da OPBCB Em 26 de maio de 2012 um grupo de pastores e irmãos batistas, inconformados com os rumos da denominação, reuniram-se para fundar uma nova Ordem de Pastores. No depoimento a seguir o pastor Wagner narra com minúncias os fatos que envolveram a semana da criação da OPBCB. Semana do Encontro Uma grande luta espiritual e emocional. Realizar o encontro dos pastores de uma lista de discussão, transformando-a em algo real, pessoal, pontual, era um passo ousado demais. Havia compartilhado isso com alguns dos meus conselheiros pessoais, pastores experientes, sinceros e fiéis. Um, em especial, tremendamente importante para mim e de extrema autoridade denominacional, compartilhou-me: “vá em frente. Deus abençoe o trabalho de vocês!” Compartilhei, inclusive, o meu discurso, para saber se não estava afirmando com ousadia demasiada, as razões pelas quais um encontro desses se justificava. Deu-me seu abraço e seus votos de felicidades. Era tudo o que eu precisava. Sexta-feira, dia 25. A NSS, empresa do meu irmão, presenteounos blocos de anotações, agendas, canetas e pastas. Aleluia! Imprimi o discurso, a ordem da reunião e copiei um DVD repleto de documentos batistas, um autêntico presente aos participantes (sermões de Rubens Lopes, de David Gomes, de José dos Reis Pereira, de João Filson Soren, de Timofei Diacov, de Josué Nunes de Lima, vários documentos escritos, etc.) Durante o dia correra para adquirir a indumentária necessária, recebera o Pr. Samuel de Vargem Grande do Sul e sua esposa, fora à Rua Santa Ifigênia comprar memória e bateria para a câmera, e agora à noite e durante a madrugada providenciava a impressão e a gravação de todos os documentos. Enquanto fazia isso o Pastor Marcos, de Araguari, Minas Gerais, dirigia-se de ônibus de sua cidade para São Paulo, marcando para as 6 e 30 da manhã a sua chegada. Então não daria para dormir, a não ser um breve cochilo de uma hora (e quem dorme com tanta coisa a pairar na cabeça?) Às cinco o Pr. Samuel já estava pronto. Era a minha vez de preparar-me. Saímos seis e meia da manhã até a Estação Tietê, onde 5 pegaríamos o Pastor Marcos. Graças pastores de tão longe presentes em a Deus ele chegara bem. Como o dia nossa pequenina igreja. estava nascendo e tínhamos muito O primeiro a chegar foi o Pastor tempo ainda, e como eles queriam Messias dos Santos, de São José ver o famoso Rodoanel Mário Covas, do Rio Pardo, distante quase 300 decidi seguir de carro através quilômetros da capital. Veio dele, para Carapicuíba. E isto acompanhado do Pastor Eliseu Lucas, fizemos. de Guaxupé, Minas Gerais, local Em Carapicuíba fomos à padaria mais distante ainda! Saíram de suas tomar o café da manhã, pois não cidades antes de amanhecer e, após combináramos um café desses com diversas incursões pelo bairro do os voluntários da Boas Novas e Novo Horizonte, conseguiram, enfim, a igreja ainda estava fechada. encontrar a nossa igreja. Tomamos o nosso café e fomos para Em seguida chegou o Pastor Gilson o nosso terreno. Celestino dos Santos, um dos mais O Pr. Samuel e o Pr. importantes pastores Marcos encantaram-se ao da recente história ver ao vivo e em cores batista de São Paulo, aquilo que conheciam apenas lutador incansável. por textos e por fotos: o Veio acompanhado terreno que Deus dera à de um ícone da música Sua igreja! Encantaramevangélica jovem de se com o tamanho, com todos os tempos: o as benfeitorias, com os Ministro Oséias - Som Maior ministro Oséias, cantor detalhes de embelezamento tão integrante do antigo GRUPO SOM singelos, preparados pela equipe MAIOR, cuja voz foi eternizada de voluntários da igreja. Durante em canções como CRISTO TE AMA e toda a semana os nossos voluntários RIQUEZA. O coração emocionou-se ao haviam tomado a iniciativa de ver esses amantíssimos irmãos! decorar o templo com cortinas bem De forma surpreendente e muito feitinhas, com uma nova disposição emocionante recebemos também o dos bancos da igreja, com mesas e Pastor Wilson, da Igreja Batista toalhinhas na casa 2 para o almoço do Bairro do Limão. O conhecia e o café, prepararam o gabinete há muito tempo, desde quando era pastoral e a sala de EBD com carinho membro da PIB Lausane Paulista, e cuidado, etc. Tudo estava tão mas não sabia que era padrinho lindo! Encontrei no gabinete as do Pr. Messias e que também era pastas doadas pela NSS e então um batista clássico de coração. fomos montar os “quits” que seriam Que maravilhosa e gratificante distribuídos. Logo a equipe de presença! voluntários para o almoço chegara, Regina, líder da nossa equipe feliz e muito emocionada por ver de voluntários, ofereceu-nos café 6 com bolachas (BISCOITOS, para os boca,. respectivamente). Em não-paulistas…). seguida lemos um texto bíblico intercaladamente(II Tm 3) e demos oportunidade para que os colegas se apresentassem e dessem um preâmbulo de suas expectativas. Foi muito bom escutar cada pastor em suas considerações. Então passamos ao momento mais importante do encontro: um pronunciamento que eu faria justificando a reunião e a proposta para a criação de uma entidade Irmã Regina, líder da equipe de voluntários alternativa (não cisão ou motim) na comunhão de pastores concordantes. Enquanto isso o irmão Dival, de Foi uma longa e emocionada nossa equipe, e eu, ficamos à porta, leitura, um discurso que partiu aguardando a chegada dos que ainda do fundo da alma. A minha esposa não haviam chegado: aguardávamos ajudara-me na revisão do texto. o Pastor Ibraulino e sua esposa E, naquele momento, pedi ao Pai irmã Angelina. Mas em vão. Eles que me ajudasse a ser fiel na não apareceram. transmissão do pensamento. Falei Iniciamos as nossas atividades. o que precisava falar, o que Celebramos primeiramente um culto muitos dizem na surdina, o que de gratidão a Deus pelo nosso muitos afirmam particularmente, encontro tão esperado. Bendissemos o que muitos desejariam dizer e ao Senhor por receber colegas de não têm coragem. Não que eu fosse tão longe e pelos motivos que nos melhor do que alguém, apenas uniram no encontro: o desejo de decidi assumir posições e abraçar fazer história, de contribuir na ideais. Ser batista é ter opinião busca de soluções para o liberalismo e democraticamente poder expô-las. teológico e para o retorno às Foram quarenta minutos de sofrimento raízes distintivas batistas. e aflição, êxtase e entusiasmo, Cantamos o tradicional hino 579 cansaço, temor e tremor. Ao final do Cantor Cristão, hino da Ordem orei e convidei os amigos para o dos Pastores Batistas do Brasil, café do intervalo, preparado pela e ouvimos um solo belíssimo pelo nossa equipe, um bom sanduiche de Ministro de Música Oséias. Os metro com refrigerante e café. representantes de Minas Gerais, E, para alegria e surpresa de Pastor Marcos e Pastor Eliseu, todos, o Pastor Ibraulino e a irmã brilharam em seus instrumentos Angelina chegaram. Disseram que musicais (teclado e gaita de erraram de tal forma o caminho que 7 pagaram o pedágio do Rodoanel 3 vezes! O Pr. Ibraulino já estava a desistir, mas a irmã Angelina insistiu que tentassem mais um pouco. E então vieram, chegaram, alegraram o coração de todos nós! Recebi dos colegas abraços e felicitações pelo pronunciamento. Vi nessa atitude uma identificação com aquilo que falei, pois não se tratava de mera opinião pessoal, mas de um clamor, um grito de socorro, uma voz representativa de grande parcela da comunidade batista conservadora esparramada pelas igrejas. Os colegas manifestaram forte interesse de tirar o discurso da primeira pessoa do singular para a primeira do plural, assumindo comigo a autoria e e a responsabilidade diante de toda a comunidade cristã denominacional. Ao regressarmos à reunião tratamos de fazer segundo a reunião acontecida em 1942 na Primeira Igreja Batista de São Paulo. Na época o Pastor Salvador Farina Filho convocara os pastores da capital para um encontro de formação da Ordem dos Pastores. Reunidos ele conduziu o auditório à eleição do presidente. O Pastor Rubens Lopes foi eleito e imediatamente empossado com a oração de um dos colegas. E então seguiu-se a eleição das demais funções. Resolvemos fazer o mesmo. O nosso decano, Pastor Ibraulino, pediu para que fosse indicado um presidente. O auditório achou por bem indicar o meu nome. Votaram, elegeram e o Pastor Ibraulino orou, dando-me a posse da presidência da nova instituição. Em seguida elegemos as outras funções, que ficaram assim distribuídas: 1) Presidente: Pastor Wagner Antonio de Araújo, Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel, Carapicuíba, São Paulo, Brasil 2) Vice-presidente: Pastor Messias José dos Santos, Primeira Igreja Batista de São José do Rio Pardo, estado de São Paulo, Brasil 3) Primeiro secretário: Pastor Gilson Celestino dos Santos, Igreja Batista Holística de Vila Formosa, São Paulo, Brasil 4) Segundo Secretário: Pastor Wilson Pereira Martins, Igreja Batista do Bairro do Limão, São Paulo, Brasil 5) Tesoureiro: Pastor Aparecido Donizete Fernandes, Igreja Batista Sinai, São Paulo, Brasil (o Pastor Aparecido não estava presente, mas por absoluto motivo de força maior: a irmã Dolores, idosa da igreja, partira durante o dia anterior para os braços do Pai Celestial, e o Pastor Aparecido estava sepultando-a. Porém, foi unânime o desejo do plenário que ele ocupasse o cargo desejado, uma vez que lutara muito para que a reunião acontecesse). Como o meu desejo era de que TODOS tivessem responsabilidades, criamos relatorias para ocupação e discussão de temas pertinentes: 1) Estatutos – o Pastor Ibraulino Batista de Souza foi escolhido como relator 8 2) Ingresso e carteirinhas – o Pastor Samuel de Vargem Grande do Sul foi indicado. 3) Criação da Comunhão Batista Clássica e agendamentos – o Pastor Eliseu tornou-se seu relator. 4) Auxílio na preparação da página na internet: o Pastor Marcos Laurentino passou a compor a assessoria do Pr. Wagner Antonio de Araújo. Dividimo-nos nas 3 principais comissões e por uma hora cada uma estudou de forma geral a questão concernente a ela. Ao retornar cada relator deu o seu relatório, solicitando, então, o tempo necessário para o desenvolvimento do trabalho. Todos se comprometeram a discutir o trabalho em nossa lista de internet (COMUNHÃO BATISTA CLÁSSICA) e dar parecer no próximo encontro pessoal, a realizar-se em 4 de agosto de 2012 na própria Boas Novas. Também ficou decidido que as igrejas pastoreadas pelos membros da Ordem serão convidadas a participar da futura COMUNHÃO BATISTA CLÁSSICA, que se reunirá em 01 e 02 de novembro de 2012 na Igreja Batista do Bairro do Limão, onde, além de preletores da própria ordem, terão a oportunidade de criar uma estrutura de trabalho compatível com a enorme responsabilidade denominacional. Elegerão seus diretores de jovens, de senhoras, de homens, de diáconos, de educadores cristãos, etc. Em seguida fomos para fora do salão, onde tiramos as fotos históricas de nosso encontro. Fizemo-lo junto às famosas PEDRAS DA BOAS NOVAS. Essas pedras já têm história! E então passamos à casa dois, onde almoçamos muito, muito bem! A comida foi digna dos mais requintados palacetes e servida com amor, esmero, cuidado, carinho e dedicação! Os pastores foram muito, muito gratos à equipe da Boas Novas, que não fez um bom almoço, fez um BANQUETE DE REIS, MESMO RECEBENDO PLEBEUS! Não merecemos, mas muito agradecemos! Tudo foi simplesmente MARAVILHOSO! E então cumpriu-se João 7.53 como decisão final de nossa Ordem. Sabem o que diz lá? Não? Perguntem ao Pastor Aparecido, que sempre termina as reuniões com esse texto… Agradeço imensamente a todos pelo amor, pela confiança e pelo carinho. Em especial aos colegas de muito longe, que vieram e participaram do encontro. Ao Pr. Gilson, por ter proporcionado ao Pr. Marcos a viagem para São Paulo, bem como ao Pr. Aparecido pela estadia. Obrigado ao Pr. Wilson por ter me dispensado de pregar nesta tarde em sua igreja, uma vez que o meu cansaço tornaria a minha ida praticamente impossível. Wagner Antonio de Araújo O Segundo Encontro da OPBCB Ocorrido nas dependências da Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel, Carapicuíba, SP. Na tarde de sexta-feira, dia 03 de agosto de 2012, liguei para quase todos os pastores que tencionavam vir para o encontro. Não desejava nenhuma ausência. Seria um dia inesquecível, tomaríamos decisões importantes, precisávamos dos colegas reunidos, fortalecendo a nossa entidade e fortalecendo uns aos outros. Na igreja a equipe de limpeza estaria limpando as dependências durante a noite e a Elaine iria somar-se a eles. Contudo o Ari, nosso vice-presidente, ligou-nos, informando que um caminhão derrubara um poste embaixo do Rodoanel na entrada da igreja e que tudo estava sem força, mas que ele sentiu no coração um forte impulso para ir limpar a lgreja à tarde, e ele e Dna. Nenê já haviam feito a faxina. Assim Elaine podia vir mais cedo para casa. Foi uma noite curta e de pouco sono. Sabia que o Pr. Marcos Gesiel Laurentino enfrentava longa estrada até São Paulo. Henri já havia chegado do Rio e Luiz já subira da Ilha Comprida. Havia tanta 9 papelada para preparar, a agenda para terminar, alguns endereços a confirmar, não foi fácil. O Pr. Aparecido ficou responsável em imprimir algumas folhas para ajudar-me. Era duas da manhã quando acomodei-me na cama. Mas às seis horas estava de pé novamente. Elaine e eu chegamos à Rodoviária do Tietê às 15 para as 8. Ali encontramos os amados Henri e Pr. Marcos, que nos esperavam. Rumamos para a Boas Novas através da Marginal do Tietê, Rodovia dos Bandeirantes e Rodoanel Mário Covas. No Rodoanel recebi a ligação do Ministro de Música Oséas Alves, que estava com o Pr. Gilson e com o Pr. Vieira. Eles erraram a entrada para Carapicuíba e estavam na Rodovia Castelo Branco rumo ao interior! Ensinei-lhes e aguardei -os na saída do pedágio de Carapicuíba. Ao vê-los seguimos juntos para a Boas Novas. Lá na igreja encontramos os amados Pr. Ibraulino e Irmã Angelina, o nosso casal tão amado! Surpresa: O Dony, de Itupeva, também chegara! A nossa equipe de cozinha trabalhava arduamente, preparando voluntariamente o nosso café com mistura (café com guloseimas, para quem não é paulista e não conhece nosso jeitão de falar…). Eu não descansava, ainda tenso sem saber se o povo realmente viria. Liguei para os ausentes, encontrando-os já à caminho. Aos poucos todos chegaram e iniciamos o nosso maravilhoso culto. Meus irmãos, foi realmente maravilhoso ter ali colegas de tão longe, irmãos tão amados e tão preciosos nas lides do Senhor! 10 Ver também os nossos conferencistas (Pr. Thomas, Pr. Harold e Pr. Vieira Rocha) trouxe-me um senso de sucesso na realização do trabalho, pois a presença deles significava credibilidade, confiança, relevância. Ver o Pastor Vieira a cantar os nossos hinos, olhar para os mais antigos sorrindo, deu-me a sensação de que estavam a viver os tempos áureos de nossas ordens de pastores, tempos de Rubens Lopes, Salvador Farina, João Filson Soren, Éber Vasconcelos, William Bagby, pois estávamos seguindo um ritmo semelhante em nosso culto. Olhar para o Henri na flauta doce, o Pr. Eliseu na gaita de boca, o Pr. Marcos no teclado eletrônico e o Ministro de Música Oséas na regência, trouxe grande regozijo espiritual para todos. Então fiz a apresentação dos presentes. Confesso aqui que, revendo as imagens, esqueci de apresentar o meu querido amigo e o mais próximo que tenho (estamos sempre juntos), o Pr. Aparecido Donizete Fernandes. Tentei apresentar de forma suscinta e positiva a cada um dos colegas, bem como aos irmãos que ali estavam presentes. Foi tão bom estarmos juntos! Tivemos uma manhã extremamente edificante. Primeiramente com a presença do nosso veterano Pr. Thomas L. Gilmer, presidente da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. Esse herói da fé, já na maturidade da vida, tem muita história para repartir e muita graça do Senhor em sua vida. Como nos honrou a sua presença e as suas dóceis palavras! Ouvir o Pr. Harold Gilmer, seu filho e executivo da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, foi um privilégio. Confesso que sempre fui consumidor da Sociedade Bíblica do Brasil, adoto a versão Almeida Revista e Atualizada e nunca havia ouvido uma palestra tão preciosa sobre a questão dos textos gregos adotados. Foram informações muito preciosas e que me levaram a uma profunda reflexão. Tendo em vista o ecumenismo da Sociedade Bíblica do Brasil e as explicações da fidelidade a Almeida que a Trinitariana obedece, talvez eu leve a Boas Novas a adotar a versão para seu uso público. Se isto não fizer, quero que cada crente ali tenha um exemplar dessa versão para sua devoção pessoal. Depois dessa brilhante palestra e uma sessão de perguntas e respostas, fomos agraciados com a palavra do Pastor José Vieira Rocha. A simples presença dele conosco, atendendo a um convite nosso foi um atestado de credibilidade. O Pastor José Vieira Rocha representa o que de melhor existe no mundo batista verdadeiro. Suas funções no Reino foram e são muito especiais: Presidente da Ordem dos Pastores Batistas do Estado de São Paulo, da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, do Lar Batista de Crianças, Presidente da Convenção Batista do Estado de São Paulo, Diretor Executivo da mesma convenção por vários anos, membro de não sei quantas juntas administrativas das convenções brasilei- Pastor Thomas L. Gilmer, Presidente da SOCIEDADE BÍBLICA TRINITARIANA DO BRASIL, seu filho Pastor Harold Gilmer e Pastor Vieira Rocha 11 ra e estadual, etc. O Pastor Vieira representa fidelidade bíblica, credibilidade cristã, ortodoxia, amizade, companheirismo, humildade e relevância. Ele trouxe-nos uma palestra onde apontou O DEDO DE DEUS NA HISTÓRIA DOS BATISTAS DO BRASIL, palestra que a todos encantou profundamente. Não posso deixar de registrar o meu sólido interesse que um dia o Pr. Vieira filie-se à nossa OPBCB, mas, enquanto isso não acontecer, ele é nosso HONORÁRIO e COOPERADOR AMISTOSO. Encerradas as palestras, recebemos presentes. Presentes muito especiais. Da Trinitariana uma sacolinha com uma bíblia da edição Fiel, além de uma revista sobre traduções e o catálogo de preços. Do nosso querido Pastor Ademir recebemos um livro de sua lavra, precioso e de caráter discipular. Ele trouxe com amor e ofertou um para cada um de nós! A NSS- New Service System, através do meu irmão Daniel Paulino de Araujo, ofertou as pastas para a apostila, as canetas e um bloquinho para anotações. A ROBERTOUR VIAGENS E TURISMO ofertou um cartãozinho e também uma caneta. Quantos presentes! Muito obrigado! Seguimos então para a CASA DOIS, no terreno da Boas Novas, que nos serviu de refeitório. Que comida boa! Que gentileza da equipe em nos servir com cuidado e esmero! Desta vez o número de participantes foi maior, precisamos de mesas extras. Mas foi lindo ver o povo feliz e bem alimentado! Todos comeram, repetiram e sentiram-se muito refeitos! Enquanto estávamos no horário de descanso reuni os que iria indicar para a nova COMISSÃO DE ÉTICA, questionei-os sobre aceitar participar e obtive um sim. Foi muito bom conversarmos com a equipe e ter da parte deles a disposição de servir com dedicação, integridade, fidelidade a Deus e transparência. Vale ressaltar o eficientíssimo trabalho de nosso secretário, Pastor Gilson Celestino dos Santos, que preencheu os certificados de partipação e tudo administrou em termos de registro. Também o trabalho da nossa querida Angelina e do querido Dony, que ficaram na mesa de recepção. Digno de destaque também o trabalho eficaz de nosso tesoureiro, Pr. Aparecido Donizete Fernandes, que recolheu as ofertas e também a ajuda que demos a um colega que precisou complementar a sua verba de passagem de ônibus. Iniciamos o período da tarde, para deliberações. O grande assunto que tratamos foi quanto à criação da ASSOCIAÇÃO BATISTA CLÁSSICA DO BRASIL – ABCB. A discussão foi ampla e muito produtiva. Estávamos sentindo que o assunto não rendia, uma vez que não encaixávamos a organização em nada que realmente fosse prático. Seria um grupo de igrejas ou de pessoas? Se fosse de igrejas, como faríamos com crentes de lá cujos pastores não cooperassem e esses crentes quisessem cooperar? E se fosse de pessoas, como convidar as igrejas? Depois de muito pensar, muito discutir, chegamos à conclusão de 12 que a ORDEM DOS PASTORES BATISTAS DO BRASIL teria um DEPARTAMENTO ESPECIAL dedicado a associar crentes que assinassem o manifesto e quisessem organizar-se para eventos, congressos, conferências e outras atividades. Com isso seria uma associação DE PESSOAS, cujos critérios seriam a concordância com o MANIFESTO, a INDICAÇÃO de alguém que já faça parte da OPBC ou da própria associação e o compromisso de participar dos eventos. As propostas dos pastores Ibraulino e Eliseu foram fundamentais, bem como as contribuições pontuais do Diácono Henri e do Dony. Na verdade TODOS participaram de uma forma ou outra e contribuiram para que o assunto amadurecesse. Assim, ficou decidido que: 1) Está criada a ABCB – ASSOCIAÇÃO BATISTA CLÁSSICA DO BRASIL, vinculada à OPBCB – Ordem dos Pastores Batistas do Brasil. 2) Essa associação terá como membros os que PARTICIPAREM DAS CONFERÊNCIAS NO BAIRRO DO LIMÃO e todos os sócios da Comunhão Batista Clássica que também desejarem, uma vez que já houve as primeiras inscrições no ato, pois os irmãos que ali estavam sentiram-se altamente motivados a COMEÇAR IMEDIATAMENTE, e não temos dúvidas que alguns sócios da Comunhão Batista Clássica também desejarão inscrever-se imediatamente. 3) Foi eleita a COMISSÃO DE ESTRUTURAÇÃO da ABCB, composta pelos pastores Gilson Celestino dos Santos (Relator), Pastor Ademir Soares, Pastor Marcos Gesiel Laurentino, tendo como consultor o Diácono Henri. Estes irmãos estudarão os critérios para o funcionamento da mesma e deverão trocar e-mails e telefonemas na preparação e elaboração disto. Primeiro Logotipo da ABACLASS O encerramento deu-se com uma palavra de gratidão de cada participante. Um dos agradecimentos foi do Pastor Francisco. Este pastor, que hospedou o querido Pastor Luiz, é um colega muito enfermo, que sofreu um derrame celebral, e, infelizmente, não está em pleno uso de suas faculdades de raciocínio. Portanto, gostaríamos que os colegas relevassem qualquer palavra estranha, e que orassem intensamente por ele, que, nos tempos áureos, foi um pastor excelente, segundo o testemunho do Pastor Luiz. Todos agradeceram com palavras dóceis e carinhosas. As lágrimas chegaram aos nossos olhos, pois, depois de um convívio tão sadio, tão precioso, tão produtivo durante o sábado todo, despedir-se é difícil. Terminado o hino e a bênção fomos para a CASA 2, onde 13 nossa equipe havia preparado um gostoso lanche de despedida. Comemos, conversamos e, com gratidão e dor no coração nos despedimos uns dos outros. Elaine e eu ficamos responsáveis em levar o Diácono Henri e o Pastor Marcos até a Rodoviária do Tietê. Trouxemo-los até a minha casa, onde verificaram a situação de nossa reforma e a nossa necessidade de uma intervenção divina no assunto “retorno da Milú e fim das obras de reforma”. Daqui fomos até a rodoviária. No caminho recebemos com extrema alegria a ligação telefônica do Pastor Barreto, lá de Roraima, que carinhosamente nos saudou, nos felicitou e disse que envidará esforços para estar conosco em breve. Que alegria. Deixamos os colegas na rodoviária e certamente o Senhor os acompanhou. Dessarte a OPBCB realizou com grande sucesso e com as mais ricas bênçãos divinas a sua segunda reunião. Se na primeira ainda palmilhávamos em ovos, com medo de algo quebrar-se, ou sem ter firmeza no piso, agora sentimos muito maior segurança, uma vez que já experimentamos a eficácia de nossa união, a unidade de nossa fé, os valores de nossos compromissos e manifesto e a convicção de que esta é uma obra iluminada pelo nosso Deus. Seja Deus engrandecido por tudo o que vimos, ouvimos, sentimos, fizemos e decidimos e que Ele nos ajude a construir passo a passo uma expressiva organização de cooperação e firmeza bíblica. Muito, muito, muito obrigado a todos que participaram! Muito obrigado a todos que oraram! Muito obrigado a todos que telefonaram! Muito obrigado a todos que oram e torcem pelo progresso de nosso trabalho! Anuncio oficialmente o funcionamento de nosso site: http://opbcb. org Este texto ainda é restrito à nossa lista. Assim que os vídeos estiverem postados emitiremos um comunicado geral, que deverá ser retransmitido para todas as mídias. O mundo tem que saber que a OPBCB e a ABCB vieram para ficar e para marcar presença. No amor de Cristo, o irmão Wagner Antonio de Araújo, servindo como presidente. Abaixo os Selos de Qualidade da ABACLASS, criados posteriormente http://opbcb.org/abaclass 14 O Terceiro Encontro da OPBCB Nesse Encontro ocorrido em 03/11/2013, houve a criação oficial da ABCB que passou a chamar-se ABACLASS, ASSOCIAÇÃO DOS BATISTAS CLÁSSICOS DO BRASIL. Confira as fotos: Pastor Wagner, Presidente da OPBCB, e Diácono Henri, Presidente da ABACLASS 15 Quarto Encontro Realizado em Caucaia do Alto Pastor Wagner Antonio de Araújo “O coração do homem planeja o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos” (Pv 16:9). Diletos irmãos, sócios da OPBCB - Ordem dos Pastores Batistas Clássicos do Brasil, e diletos irmãos, associados da ABACLASS Associação dos Batistas Clássicos do Brasil, com o texto em epígrafe saúdo a todos os irmãos. Tal expressão bíblica tornou-se uma realidade para todos nós. Podemos saturar a mente, o computador e a agenda de planejamentos, mas do Senhor vem a direção de nossos passos. Foi o que aconteceu com a OPBCB no último final de semana, em seu primeiro retiro anual, realizado no Rancho Caucaia do Alto, no município de Cotia, Grande São Paulo. A nossa organização iniciou as suas atividades em 26 de maio de 2012 com a presença de nove ministros do Evangelho. Na ocasião o idealismo moveu ações construtivas e trouxe enorme progresso. Em agosto do mesmo ano já éramos 18 e em novembro 21 associados, já descontando os dois desligamentos realizados. 16 Tal era a paixão pelo trabalho que atraiu a atenção de própria OPBB, exigindo dela um pronunciamento em prol da seccional de SP, onde manifestaram apoio único à organização oficial, não à nossa. Em novembro de 2012 realizamos o grande evento para ministros do evangelho e leigos, a criação da ABACLASS. Um encontro inesquecível e profundamente pujante. Elegemos diretorias setoriais e um executivo. Mas a antítese contra a tese de nossa criação começou a atuar. Colegas perderam o ânimo e o entusiasmo, a comunhão esfriou, a atuação tornou-se rarefeita. Alguns mudaram de domicílio eclesiástico e residencial e outros estavam por demais ocupados. As responsabilidades passaram a não ser cumpridas e em nossa lista de e-mails a participação diminuiu. Eu, na qualidade de presidente, senti-me desconfortável, uma vez que não recebia o retorno necessário nem dos diretores e nem dos dirigidos. Após muita reflexão e grande luta interior, decidi deixar a presidência, entregando-a para outro colega (e diga-se de passagem: todos, sem exceção, são mais capazes do que eu) e assim dar prosseguimento ao trabalho. Como disse Paulo, um semeia, o outro rega e Deus dá o crescimento. Decidi deixar a liderança. Mantive, entretanto, uma brecha de porta aberta: se não fosse da vontade de Deus, eu veria algo que me convenceria do contrário. Foi nesse espírito que me reuni com os colegas em Caucaia do Alto. As nossas atividades começaram na sexta-feira à tarde. Fui buscar o querido Pastor Carlos Alberto Teófilo Firme na Rodoviária da Barra Funda, São Paulo. Ele chegara pela AZUL em Viracopos, Campinas, e terminou o percurso de ônibus grátis da companhia, chegando a São Paulo. Fui um privilegiado em receber o Pr. Firme em minha casa. Passamos uma tarde trabalhosa, porém, boa. Logo depois chegou o Pastor Luiz Antonio Ferraz e sua esposa Irmã Vandinha, juntamente com o Seminarista Hélio. Que alegria e felicidade tê-los todos aqui! Para terminar, o Serginho veio buscar o carro da Elaine, uma vez que o seu estava avariado e teria que buscar o Pr. Helcias no Aeroporto Internacional André Franco Montoro, em Cumbica, Guarulhos, São Paulo. Depois de jantarmos, fizemos as malas e o Pr. Luiz e eu seguimos com os dois carros para Caucaia. Estava garoento e frio. Seguimos pela Rodovia Raposo Tavares até o quilômetro 39 e dali mais 12 quilômetros até Caucaia do Alto. Paramos em frente à casa do Pr. Manoel Gonçalves de Oliveira, que seguiu conosco para o sítio. Depois de errarmos a entrada chegamos ao recanto. Instalamo-nos nos alojamentos e tomamos chá com bolachas. Agradecemos muito a Deus porque até ali Deus havia nos conduzido. Eu, particularmente, estava um pouco incrédulo com relação à chegada de outros. Pensei que não acertariam a entrada do local. 17 Graças a Deus enganei-me. No dia seguinte, sábado, dia 16 de março de 2013, levantamonos cedo. Aliás, eu só levanteime, pois tive dificuldades para dormir. Conquanto tenha brincado bastante sobre ter dormido numa lagoa (havia 4 sapos, irmãos roncadores no alojamento), na verdade tive dificuldades de conciliar o sono, pois orava intensamente e mantinha o coração em luta com o Senhor, no sentido de pedir a Ele que me mostrasse qual era a Sua vontade para a minha vida. O meu desejo, o de deixar, poderia não ser o dEle, mas eu tinha que ter certeza absoluta. Seguimos para o restaurante onde desfrutamos de um excelente café da manhã. Conquanto a diária tenha sido de baixíssimo valor (50 reais apenas!), os proprietários irmão Paulo e irmã Maria Aparecida decidiram dar-nos o melhor que tinham, e fizeram um café da fazenda. O irmão Paulo reservou uma área do refeitório para os nossos encontros. Colocamos as mesas juntas e as cadeiras ao redor, fazendo uma grande mesa redonda. Realizamos o culto ao Senhor, cantando hinos do Cantor Cristão. Minha esposa Elaine serviu ao Senhor como organista, pelo que muito agradeço ao Senhor essa capacidade que Ele lhe deu. Iríamos ouvir o Pr. Carlos Alberto Teófilo Firme, da Igreja Batista da Fé em Aparecida de Goiânia, Goiás, Brasil. Contudo, sentindo o clima instável e ansioso de todo o grupo (a começar de mim) resolvemos entrar na discussão fundamental deste encontro: a relevância (ou não) de nossa OPBCB e a sua continuidade. A reunião foi extremamente produtiva. Houve um peso emocional muito grande também, pois avaliávamos o progresso da OPBCB, o declínio na cooperação e o afastamento do presidente. Na verdade apenas deixar a liderança, jamais a OPBCB. Após introduzir o assunto, rememorar a nossa história e transmitir os motivos de não desejar mais a liderança do trabalho, passei a palavra a todos os presentes, independentemente de serem ou não pastores. Todos ali estavam envolvidos no assunto. Cada um teve a oportunidade de opinar sobre tudo: sobre a história, sobre os motivos do esfriamento, sobre as perspectivas para o futuro. Uma unanimidade foi clara: todos desejavam que continuássemos na liderança por pelo menos mais um ano, até que a Ordem se estabilizasse e se consolidasse. Alguns falaram de forma emocionada e tremendamente piedosa. O meu coração foi sendo quebrantado palavra após palavra. Ainda que eu soubesse que algo parecido pudesse acontecer, parecia que não estava preparado para ouvir tudo aquilo. Já havia planejado tudo: daria posse à nova diretoria, colocar-me-ia à disposição de todos e iria priorizar os meus projetos pessoais (ministério, rádio, literatura, seminário). Após a palavra de todos fomos chamados para almoçar. Precisei retirar-me para 18 caminhar e orar. Uma luta íntima profunda acontecia. Lágrimas quentes desciam sem parar. E a alma orava. “Senhor, novamente não! Estou cansado! Responsabilidades são assumidas e não cumpridas; eu tenho que chamar a responsabilidade para mim, para que a obra não sofra acusação de irresponsabilidade; ajuda-me! Chame outra pessoa, Senhor, todos aqui são mais capazes e melhores do que eu, por favor!” Minha esposa foi ao meu encontro e comigo também chorou e orou. Almoçamos muito bem. A comida foi feita com muito carinho. Após o almoço alguns ficaram conversando, outros foram caminhar, e eu fui tentar dormir. Mas às 2 horas já estávamos todos à mesa. Ouvimos, então, a brilhante mensagem do Pastor Carlos Alberto Teófilo Firme. Sua prédica bem fundamentada, sua expressão tão clara e sincera, seu amor por Cristo, tudo isso encantou e marcou. Se tivéssemos ido ao r e t i r o apenas para ouvir o Pr. Firme já Pastor Carlos Firme teria valido a pena. Após sua mensagem tratamos da eleição da nova diretoria. Antes, contudo, oramos a Deus para que a Sua soberana vontade fosse feita. Discutimos também sobre a relevância de mais funções e chegamos à seguinte conclusão: DIRETORIA ELEITA • Presidente: Wagner Antonio de Araújo • Vice-Presidente: Carlos Alberto Teófilo Firme • 1º Secretário: Luiz Antonio Ferraz • 2º Secretário: Ibraulino Batista de Souza • Tesoureiro: Aparecido Donizete Fernandes • Correspondente Postal: Gilson Celestino dos Santos • Secretário Regional para o Estado de Goiás: Carlos Alberto Teófilo Firme • Secretário Regional para o Estado de Minas Gerais: Helcias Rodrigues de Souza • Secretário Regional para o Estado de Sergipe: Ediel Carvalho da Silva O serviço de correspondência postal será o envio de cartas de papel pelo correio tradicional, com os nossos comunicados, manifesto e atividades, para cada igreja de cada associação batista onde os colegas cooperarem. Centralizaremos Minas Gerais com o Pr. Helcias e Goiás com o Pr. Firme. Os demais serão realizados pelo Pr. Gilson e os fundos postais virão de nosso caixa. Também mandaremos imprimir envelopes para a ordem com o nosso símbolo. Tratamos também de nossas carteirinhas de pastor e de nosso cartão pastoral. Durante o ano apresentaremos o resultado de nosso trabalho. Tratamos da questão dos “sócios ausentes”. Há pessoas cuja associação não representa participação efetiva. Assim, ficou determinado que o Pr. Aparecido Donizete Fernandes fará uma comunicação telefônica com todos os sócios que não participaram do congresso, buscando uma palavra 19 pontual de participação efetiva (isto não significa que TODOS os que não puderam vir sejam ausentes; significa que os que estavam presentes comprometeram-se a ser efetivamente participantes na medida das possibilidades e os que não foram precisam fazer o mesmo compromisso). A reunião terminou tarde. Alguns tiveram tempo de tomar um banho; outros não. A chuva caia copiosa. O frio chegava de mansinho. Às 19 horas todos estavam no jantar. Tivemos um maravilhoso culto de adoração e louvor ao Senhor. Dividimo-nos em 2 grupos: AS FILHAS DO REI, as irmãs esposas de pastores, e OS GENROS DO REI, já que se casaram com as Suas filhas (claro, não passou de um gracejo, pois todos são filhos e filhas). Cada conjunto cantou 2 músicas. A congregação, entretanto, cantou vários hinos, bem como no jantar cantaram inúmeros corinhos antigos. A noite reservava momentos de extrema comunhão com Deus. Parte disto foi fruto da mensagem pastoral trazida pelo querido Pastor Helcias Pastor Helcias, de Belo Horizonte. Um homem de extrema brandura, de prédica formidável, de carisma e profundo poder espiritual. Falounos ao coração, usado pelo Espírito Santo na transmissão da Palavra de Deus. Foi um ponto alto para todos nós. Em seguida realizamos mais algumas consultas e chegamos à seguinte conclusão: a ABACLASS, do jeito que está, precisa ser reestruturada. Mas não podemos fazer isso enquanto a OPBCB não estiver consolidada. Assim, decidimos suspender as atividades da mesma, exceto da JUBACLASS, que realizará neste ano um ACAMPAMENTO BATISTA CLÁSSICO, com boa música, com estudo de doutrinas batistas, com esportes, gincana e muita comunhão. Reuniremos em breve o executivo da ABACLASS e os diretores da JUBACLASS para oficializar o nosso acampamento. Cansados como estávamos, resolvemos descansar. Estava frio lá fora. Mas a comunhão entre todos aquecia os nossos corações. Bendito seja Deus que nos deu a oportunidade de participar desse retiro! No dia seguinte alguns acordaram bem cedo, enfrentando o chuveiro. Outros resolveram ir até perto da hora do café. Às oito e meia estávamos todos no café da fazenda. Durante a manhã tivemos a honra de ouvir o Pastor Gilson Celestino dos Santos. Palestrante experiente e profundamente preparado, falou-nos sobre assuntos complexos, envolvendo teologia e filosofia, sempre com aquela pitada de humor e bom gosto que lhe é peculiar. Sua preleção foi uma verdadeira aula, uma palestra digna de ser transmitida pela 20 DIRETORIA ELEITA - 2013 a 2014 Cargo Eleito Presidente Pr. Wagner Antonio Araújo Vice-Presidente Pr. Carlos Alberto Teófilo Firme 1º Secretário Pr. Luiz Antonio Ferraz 2º Secretário Pr. Ibraulino de Souza Tesoureiro Pr. Aparecido Donizete Fernandes Pastores presentes no retiro Wagner Araújo, Enéas Nogueira, Luiz Ferraz, Carlos Firme, Aparecido Fernandes, Ibraulino Souza, Manoel Oliveira, Helcias Pastor Gilson Celestino TV Cultura no CAFÉ FILOSÓFICO. Souza e Gilson Santos. Ficamos tremendamente agradecidos pela contribuição incomensurável Esposas dos pastores: do querido Pastor Gilson. Também deliberamos preparar 2 Elaine Araújo (Pr. Wagner) Andréa Souza (Pr. Helcias) PRONUNCIAMENTOS PÚBLICOS GERAIS: 1) Um, sobre a “bíblia freestyle”, escrita por um pastor de Goiás. 2) E outro mineiro. O outro será sobre a eleição de uma “pastora batista” para compor a diretoria da OPBB nacional. Nos próximos dias esse pronunciamento estará escrito e será divulgado de forma maciça, pela mídia virtual e impressa. Em seguida o próprio Pastor Vanderléa Ferraz (Pr. Luiz Ferraz) Gilson chamou a nova diretoria Sônia Fernandes (Pr. Aparecido) e orou por ela, dando posse. Foi um momento muito especial. Também apresentamos os dois novos sócios da OPBCB: Pastor Enéas Alves Nogueira e Pastor Manoel Gonçalves de Oliveira. A OPBCB cresceu, graças a Deus! 21 Trabalhar com empenho e dedicação nesta Causa que é do Senhor. Recomendar Angelina Souza (Pr. Ibraulino) Elaine Nogueira (Pr. Enéas) aos demais colegas batistas que venham integrar a nossa OPBCB. Andar em demais sócios, comunhão com os compartilhando vida e ministério Buscar o ou Após as fotos fomos arrumar as malas e almoçar. A chuva tornou-se muito volumosa e os nossos carros corriam o risco de não sair do estacionamento por causa da grama com barro. Almoçamos muito bem e fizemos as nossas malas. Bendito seja o nosso Deus e Pai, soberano sobre as nossas vidas, que nos permitiu participar de momentos tão gratificantes. Nós fizemos parte da história! Agora precisamos seguir algumas regras, condensadas neste TRABALHAR acróstico: (Veja Acróstico ao lado) Que o Senhor nos abençoe abundantemente e que sejamos-Lhe fiéis em tudo. Wagner Antonio de Araújo OPBCB 001 Presidente que a excelência em tudo fizer, seja como como pastor irmão Abraçar a OPBCB como a nossa causa, a nossa ordem, a nossa comunhão Lançar futuros idéias e desafios para projetos de nossa agremiação Humildade e simplicidade: virtudes a perseguir em todo o nosso trabalho Aceitar responsabilidades fazê-las com Respeitar e amor os nossos valores, princípios, manifesto, doutrina e objetivos. 22 FOTOS DO RETIRO DE PASTORES DA OPBCB DE 2013 Diretoria eleita (2013 a 2014) - Da esquerda para a direita: Pr. Luiz Ferraz (1º Secretário), Pr. Carlos Firme (VicePresidente), Pr. Wagner Araújo (Presidente), Pr. Ibraulino Souza (2º Secretário) e Pr. Aparecido Fernandes (Tesoureiro). Pr. Wagner Araújo, Pr. Enéas Nogueira, Pr. Luiz Ferraz, Pr. Carlos Firme, Pr. Aparecido Fernandes, Pr. Ibraulino Souza, Pr. Manoel Oliveira, Pr. Helcias Souza e Pr. Gilson Santos. 23 Esposas de Pastores Seminarista Hélio Pereira Seminarista Paulo Sérgio 24 Protesto da OPBCB NÓS PROTESTAMOS Protestamos contra a dança e a coreografia no culto que prestamos a Deus e em nossas igrejas batistas. O culto que agrada a Deus não é estético, é espiritual; não é profano, é sacro; não é fundamentado na sociologia e na antropologia, mas na teologia. Protestamos contra as igrejas batistas que transformaram suas plataformas de púlpito, obreiros e músicos em palcos para a realização de espetáculos! O culto não é show! Protestamos contra aqueles que defendem os dons de sinais como contemporâneos às igrejas. Protestamos contra os atuais profetas de igreja, contra aqueles que dizem receber revelações extrabíblicas, contra aqueles que dizem ter “ministrações” em português ou em línguas estranhas. Protestamos contra a teologia da prosperidade, que invade a nossa teologia e os nossos cultos, escravizando o povo ao mero sucesso financeiro em detrimento da verdadeira riqueza celestial! Protestamos contra as unções que inventaram para a atualidade! Nós não cremos – e desafiamos quem crê – a mostrar-nos nas Escrituras Sagradas as tais “unção de primogenitura”, “unção de conquista”, unção apostólica” ou quaisquer outras! Protestamos contra a existência de apóstolos modernos, pois não houve nem sucessão nem restauração deste ministério. Eles, os bíblicos, foram suficientes e foram escolhidos por Cristo. Nós somos apenas auxiliares do Supremo Pastor, nada mais que isso. Não há mais apóstolos! Protestamos contra sistemas de crescimento de igreja que tendem a transformá-las em fábrica de adeptos ou postos de venda de grandes indústrias religiosas. Protestamos contra esquemas mirabolantes de ampliação e de modificação de igrejas, à luz de supostos líderes evangélicos que mantém fé dúbia e pouco ortodoxa! Protestamos contra G12, M12, contra Igrejas Com Propósitos ou qualquer outro sistema que queira impor uma eclesiologia diferente a uma igreja batista! Protestamos contra o pastorado feminino! Mulheres e homens são iguais perante Deus; mulheres e homens têm livre acesso ao Senhor. Mas mulheres têm funções diferentes das dos homens e nas páginas da bíblia não foi confiado às mulheres o ministério pastoral. Isto não as desmerece diante dos homens. Deus nos criou com ministérios diferentes e nós ainda cremos na Bíblia sem precisar mudála, ampliá-la ou adaptá-la! Não reconhecemos o ministério pastoral feminino batista! 25 Cremos na Bíblia como única Palavra de Deus, inerrante, verdadeira, fiel, isenta de manchas ou erros. Nós cremos na Bíblia e só na Bíblia. Não precisamos de novos intérpretes, novas versões ou traduções contemporâneas para compreender qual é a Palavra de Deus revelada. Protestamos contra as versões modernas e adulteradoras da Palavra e não aceitamos a chamada re-leitura das Escrituras! Protestamos contra o culto antropocêntrico, que faz do homem e de suas necessidades a razão de ser das atividades eclesiásticas e religiosas. Protestamos também contra todo culto que não seja direcionado a Deus! Protestamos contra o culto que exalta o homem e que busca a glória humana! Rejeitamos o ecumenismo e não admitimos uma fé misturada com paganismos, tradições, modismos e com opiniões meramente humanas. Protestamos contra igrejas batistas que perderam os seus distintivos, os seus princípios, as suas raízes e se tornaram meras agremiações liberais religiosas! Protestamos contra as organizações eclesiásticas dominadoras, que querem transformar as igrejas em entidades dirigidas por uma convenção ou associação. Nós ainda cremos na autonomia das igrejas locais e na independência das igrejas! Cremos na cooperação dos batistas, mas não na intromissão das entidades na administração local. Protestamos contra a tendência atual de bispado e de sedes eclesiásticas para batistas! Protestamos contra o modernismo religioso, contra o liberalismo teológico, contra o evolucionismo e neopentecostalismo que já encontramos em nossas literaturas batistas e em nossos seminários infiéis. Sim. Somos protestantes. 26 Manifesto da OPBCB No último sábado, dia 26 de maio de 2012 foi organizada a ORDEM DOS PASTORES BATISTAS CLÁSSICOS DO BRASIL. A reunião ocorreu nas dependências da Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil. O encontro, além de criar a organização, gerou um manifesto, o qual transcrevemos a seguir, autorizando toda a mídia interessada a publicar o texto para o conhecimento da coletividade evangélica: Há menos de cinqüenta anos havia um jeito próprio de ser batista. Na ortodoxia doutrinária tínhamos uma mesma hermenêutica para a interpretação bíblica. Havia seminários credenciados no preparo de pastores. Havia editoras confiáveis para a aquisição de literatura teológica de alto nível. Havia confissão doutrinária nas instituições de ensino teológico. Não havia discussão pneumatológica. Éramos todos conservadores: não aceitávamos o falar em línguas estranhas como dom atual do Espírito Santo, não tínhamos curandeiros na prática de supostas curas, não admitíamos profecias ou revelações extra-bíblicas e não possuíamos pastoras ou apóstolos no rol de obreiros eclesiásticos. A liturgia de culto era do tipo reformada. O púlpito ficava no centro das atenções, pois a pregação bíblica tinha importância crucial. A música era religiosa, era sacra, direcionava a igreja no ato da adoração, transmitia mensagens cantadas e apelava evangelisticamente ao pecador inconverso. Não havia “números especiais”, mas “participações no culto”. Não havia “equipes de louvor”, mas músicos, cantores, orquestra, coro e instrumentistas. Os oficiais mantinham reverência, uma postura de formalidade sagrada, apresentando-se bem trajados, pois compreendiam estar realizando algo sublime. Os pregadores buscavam a excelência, numa linguagem sadia e rica, numa prédica bem lógica e num sermão bem formatado, pois criam estar formando opiniões e entendiam que seus auditórios eram compostos de pessoas inteligentes e sensatas, que cresceriam na cultura e no conhecimento bíblico. As relações entre igrejas eram de, no mínimo, entre “co-irmãs”, isto é, que tivessem o máximo de pontos de igualdade e o mínimo de divergências. Assim, era comum o intercâmbio entre igrejas batistas, às vezes entre batistas e protestantes, mormente presbiterianos, mas praticamente nunca com igrejas pentecostais. Os ritos de oração eram ordeiros: alguém orava e outros acompanhavam com “amém” intercalado, ou diziam pequenas frases baixas, para não atrapalhar nem quem orava e nem o auditório. Os crentes possuíam ética comportamental por onde iam: não participavam de 27 danças ou bailes, suas filhas não celebravam aniversários de quinze anos em programação idêntica a das debutantes seculares, não iam a cinemas e teatros com programa e auditório indecentes, não bebiam nem em casa e nem socialmente, não falavam palavrões, não contavam piadas chulas, não participavam de arruaças, não compartilhavam de cultos ecumênicos, não assistiam novelas imorais. Os pastores tinham postura diferenciada na sociedade: não faziam dívidas que não pudessem pagar; andavam decentemente trajados e não participavam de diversões que colocassem em risco sua postura sóbria e solene de ser; eram hospitaleiros e queridos; buscavam aprimorar sua cultura; tinham sólida formação teológica e sabiam defender a sua fé; eram leais no matrimônio, cordatos nas relações, graves em suas colocações; não compactuavam com os pecados do rebanho, mas disciplinavam com coragem e determinação; não pregavam auto-ajuda, mas anunciavam o “assim diz o Senhor”. Pastores batistas não participavam de organizações pentecostais, não aceitavam ceder a fé em prol do convívio pacífico com outros cristãos. Eram leitores contumazes, eram mestres do bem, eram elegantes em suas colocações, eram destacados na sociedade. A Ordem dos Pastores funcionava como um centro de reciclagem teológica, de recuperação espiritual, de convívio com os pares e de referência para o ministério. Seus encontros eram todos considerados solenes, não havendo es- paço para transformá-los em meras reuniões informais de amigos. Tudo era visto com extrema importância e valor. Mas meio século se passou. O tempo trouxe mudanças radicais na sociedade, nas regras sociais, e, para surpresa e decepção nossas, nas igrejas e na postura pastoral dos batistas. A hermenêutica tornou-se de múltipla escolha. Hoje a filosofia que impera na interpretação bíblica é a relativista: o que vale para uma igreja, ministério, pastor, época ou situação podem variar inesgotavelmente. Cada um interpreta a bíblia a seu bel-prazer. Não há mais um seminário ou uma rede de seminários dignos para preparar os pastores; hoje qualquer um busca preparo onde desejar, independentemente da confissão de fé que a instituição tenha. Assim, há pastores formados em instituições pentecostais, ecumênicas, fundamentalistas, protestantes e batistas liberais. A literatura evangélica consultiva tornou-se extensa e comercial. A cada mês surgem novas versões bíblicas, novas teorias da Alta Crítica, novas filosofias de ministério, novas propostas de crescimento de igreja, novos sistemas mirabolantes de revolução eclesiástica, e nossos obreiros, seduzidos pelo crescimento rápido, fácil e abundante, cedem ao canto da sereia e à lábia da serpente. Hoje é “pecado” dizer-se cessacionista. Mais da metade dos pastores batistas crêem em manifestações pentecostais, ainda que 28 veladas, ainda que não confessadamente como sinais do Batismo do Espírito Santo. Outros, muito mais ousados, transformaram suas igrejas em autênticas agências neopentecostais, com cópias malfeitas do sistema dessas seitas: noite dos empresários, sessão de descarrego, quebra de maldições etc. Há igrejas batistas com ações tão pentecostais que chegam a assustar os próprios membros de igrejas carismáticas. Há pastores que procuram “açucarar” a questão pentecostal, tolerando quem faz suas investidas em casa ou em reuniões de grupos pequenos, sem causar tumulto no ato público geral. Outros tentam conciliar o irreconciliável, tecendo longos discursos inócuos que não dizem absolutamente nada. Há ainda os que se sentem tão doutos, tão gabaritados nas línguas mortas que crêem ser os próprios oráculos da fé, aptos para interpretar a pneumatologia à luz de sua própria auto-suficiência. O púlpito foi para o canto ou transformou-se em apetrecho desnecessário. A plataforma das igrejas transformou-se em palco para shows. Normalmente os instrumentos musicais, equipamentos eletrônicos e outros elementos de mídia ocupam todo o espaço. Não há diferença dos palcos de programas televisivos. Geralmente, o pastor é o animador de auditório. Há os dançarinos, que ocupam a parte de baixo, rapazes e moças, com roupas de balé ou de candomblé (esvoaçantes e de tecidos soltos) fazendo coreografias de acordo com o ritmo, com o tema ou com o momento vivido no culto. Os músicos seguem a moda: ou tocando rock ou músicas chamadas de “comunidade, louvor e adoração” ou emotivas como as dos mantras da Lagoinha. Geralmente há as “ministrações” que são simulacros de manifestações pneumatológicas, onde os dirigentes dizem receber mensagens, falando “assim diz o Senhor”. Há também aqueles “ministradores de louvor” que fazem pequenos sermões entre músicas, ocupando praticamente o culto todo. Na hora do sermão do pastor não há mais o que pregar ou não há mais tempo ou não há mais paciência para ouvi-lo. Na verdade diluiu-se o púlpito em cápsulas de nada. Hoje se paga para alguém louvar a Deus. Convidam-se grupos de sucesso, cantores de mídia ou “testemunhadores” profissionais que consigam atrair grande público, aos quais se paga um bom cachê, além de dividir a oferta da noite; práticas essas neopentecostais declaradas, que se transformaram em praxe moderna de cultos protestantes. Os pregadores perderam a homilética, transformando-a em prática de palestras seculares de auto-ajuda. Não há mais diferença entre prédica, sermão, oratória sacra e palestra de auto-ajuda. A tecnologia, que deveria ser apetrecho para auxiliar os palestrantes, tornou-se moda e muleta, pois os pregadores modernos não sobem ao púlpito sem um notebook e uma tela para datashow. Seus sermões estão cheios de cliparts, de powerpoints, de músicas de Yan- 29 ni ao fundo, um misto de paganismo com palestra empresarial. E os seus temas? “Matando sete leões por dia”, “como vencer as barreiras”, “a arte de transformar derrotas em vitórias” etc. Geralmente, seus compêndios preparatórios são as publicações da internet, são os ícones da mídia evangélica que publicam em pequenas quantidades as suas adaptações do que aprendem em palestras de hotéis e cursos de vendas. Há pastores que se limitam a comentar as manchetes dos jornais do dia ou ler as orelhas dos últimos livros da editora preferida ou então tecem críticas sobre política, novelas, esportes ou ainda sobre eventos denominacionais. Falar sobre Céu, Inferno, salvação, perdição, moral, espiritualidade, ética, tudo isso fica para alguma resenha no boletim ou algum suposto curso teológico para leigos, que geralmente não passa de um livreto americano mal traduzido e mal aplicado. Resultado: igrejas às vezes até cheias, porém fracas, sem bíblia, sem doutrina, sem espiritualidade. A linguagem no púlpito tornou-se também coloquial. No afã de transformar a prédica em algo inteligível para todos, ousou-se mudar também a língua, rebaixando-a ao seu mais ínfimo nível. Assim, não é raro ouvir palavrões na pregação. Palavras feias, chulas, frases de mídia, chavões, português mal aplicado, tudo ao gosto da modernidade. Assim como a mídia faz questão de trazer a linguagem dos antros e dos redutos da imoralidade para a tela e para os lares, os púlpitos refletem também a mesma pobreza, mau gosto e qualidade: púlpitos feios, chulos e pecaminosos. As igrejas batistas passaram a não se distinguir mais em seus distintivos. Assim, intercambiar ou fazer coisas com igrejas de qualquer fé e ordem transformouse em algo normal. Já é possível ver vigílias entre igrejas batistas, pentecostais e neopentecostais. É comum ver igrejas batistas e igrejas católicas realizando atos sociais e cultos ecumênicos. Tornou-se prática habitual a realização de “marchas para Jesus” ou “louvorzões” ou “congressos”, com “ministrações” pentecostais em seu bojo. Pastores batistas, inclusive pessoas da diretoria da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil e das convenções brasileira e estaduais, participam de organizações de pastores ecumênicos, onde seus presidentes são “apóstolos” ou “bispos”, sem o menor constrangimento. Numa convenção estadual, o seu executivo é tesoureiro de uma organização ecumênica de pastores. Com efeito, os limites do aceitável e do não recomendável transformaram-se em nada! O ministério pastoral batista transformou-se de forma aviltante. Hoje nós já temos apóstolos. Sim. O que era considerado heresia há cinqüenta anos (era consenso geral que apóstolos foram as testemunhas oculares do ministério de Jesus, incluindo sua morte e ressurreição e estava restrito aos doze, ou, quando muito, ao grupo próximo dos doze), hoje transformou-se, pela atual ciência da má interpretação bíblica, uma “opção ministerial”, 30 uma “restauração do ministério cristão”. Tomou-se o termo, deu-se a tradução e aplicou-se de forma contemporânea a sua eficácia. Então, temos hoje, no Rio de Janeiro e em Santa Catarina, os primeiros apóstolos batistas convencionais. Não diferindo na má interpretação hermenêutica, temos atualmente pastoras. Mulheres, que antes serviam a Deus nas qualificações e ministérios bíblicos claros e definidos, agora invadiram o pastorado também. Claro, sob a ótica e a égide dos tempos modernos, das supostas “conquistas”, as mulheres precisavam tomar também esse “reduto machista”, que é o ministério pastoral. Já temos mais de duzentas pastoras batistas convencionais. Os seminários batistas não apenas aceitam a realidade como já mantém cursos específicos para suprir essa “demanda eclesiástica”. Há cinqüenta anos isso era impensável, porém hoje se considera “pecado” e “opinião politicamente incorreta” ser contra o pastorado feminino. Nossas instituições cooperativas posicionam-se cada vez mais favoráveis. E os pastores que mantém sua fé cristã batista ortodoxa são cada dia mais execrados, sem espaço, sem opinião, fadados e relegados ao ostracismo e à marginalidade funcional. Com tudo isso, a nova moralidade também tomou conta de nossas igrejas. Não há mais limite entre o sacro e o profano. Hoje há bailes dentro das igrejas. Há festas de fantasias. Há “baladas”. Casamentos há que terminam seus festejos com verdadeiras discotecas nos salões sociais. A bebida alcoólica transformou-se em coisa comum. O sexo entre jovens e adolescentes agora é tolerado. Há igrejas distribuindo preservativos às uniões de jovens. Há acampamentos que terminam em bebedeira. Há igrejas batistas que participam do Carnaval com escolas de samba e com bailes de máscaras. Estamos numa situação tão ridícula que custanos a acreditar. Já há sex-shop gospel! Junto a isto, soma-se o grave pecado dos “teólogos da corte”, frase cunhada por um padre católico ortodoxo. É a mistura entre a Igreja e o Estado, a troca de favores, o recebimento de terrenos do Estado para a construção de igrejas; os pastores a transformar seus púlpitos em plataformas políticas ou em trampolins para se lançarem candidatos a funções públicas, igrejas que se tornam meros centros de convivência social a serviço da política, congregações que recebem verbas do governo para realizar aquilo que deveriam fazer às suas próprias expensas. É o mesmo que aconteceu com Israel no passado, é o mesmo que aconteceu com a igreja romana e Constantino, e é o mesmo que acontece agora entre batistas e os partidos trabalhistas ou governamentais desta época. Religião e política misturadas. A nossa Ordem de Pastores está realmente representando o ministério pastoral batista? Está ela contribuindo para a nossa edificação, reciclagem teológica, fundamentação bíblica e compartilhamento fraterno sadio? Ou estaremos nos tornando “peixes fora d’água” 31 no meio de um oceano de novidades e de práticas incompatíveis com os ensinamentos bíblicos que recebemos e nos quais cremos? A impressão que se tem é que temos que pedir desculpas aos colegas cada vez que nos afirmamos cessacionistas ou que não apoiamos o ministério pastoral feminino ou que não cremos em apóstolos modernos ou que não aceitamos sistemas mirabolantes de crescimento ou que divergimos de campanhas esdrúxulas de 40 dias, de 100 dias, de semanas ou de novenas. Parece que é crime ser batista tradicional e clássico no meio dos colegas modernos, que são a vasta maioria. Somos considerados retrógrados, quadrados, ultrapassados, imbecis, xiitas, conservadores, fundamentalistas, reacionários, museus ambulantes, doentes mentais etc. Para um bom convívio, temos de dizer que “juntos somos mais” ou “minha vida, impacto para as nações”. Temos que receber os dvds das juntas missionárias cheias de coreografias e aceitar isso como bom. Temos que cantar a mesma música, rezar na mesma cartilha, praticar a mesma campanha, bajular os mesmos ícones, ler as mesmas aberrações, tudo em nome do “bom convívio e da harmonia”. E bem sabemos: não seremos convidados sequer para fazer uma oração silenciosa, uma vez que os cargos são marcados, numerados e direcionados a quem aglutina, a quem bajula, a quem aceita tudo. Não foi isso que os saudosos pastores Salvador Farina Filho e Rubens Lopes, em São Paulo, e José de Souza Marques, na Bahia, pensa- ram, ao criarem as ordens de pastores batistas de São Paulo e do Brasil, respectivamente (1942 e 1940). Sem nenhum cunho separatista ou de cisão pela cisão, queremos registrar o nosso protesto contra toda essa situação teratológica que vivemos neste início do século XXI e fazer uma proposta para ações concretas de retorno à sensatez, à sã doutrina e aos valores basilares de nossas instituições. 32 Membros da OPBCB 1. Wagner Antonio de Araújo Nº OPBCB: 1 7. Eliseu Lucas Nº OPBCB: 8 2. Messias José dos Santos Nº OPBCB: 2 8. Marcos Gesiel Laurentino Nº OPBCB: 9 Igreja Batista Boas Novas do Rodoanel Missão Bat. Pirapozinho PIB em Pres. Prudente PIB em Paraíba do Sul/RJ - Paraiba do Sul, RJ Igreja Batista Fundamental em Araguari - MG 3. Gilson Celestino dos Santos Nº OPBCB: 3 9. Jonas Jorge Duarte Nº OPBCB: 12 1ª Igreja Batista Holística em Vila Formosa 1ª Igreja Batista de Capoeiras - Florianópolis, SC 4. Aparecido Donizete Fernandes Nº OPBCB: 5 10. Luiz Rodrigues de Oliveira Nº OPBCB: 13 Igreja Evangélica Batista Sinai 5. Ibraulino Batista de Souza Nº OPBCB: 6 1ª Igreja Batista da Penha 6. Samuel Lima de Oliveira Nº OPBCB: 7 1ª Igreja Batista em Vargem Grande do Sul Congregação Batista em Ilha Comprida 11. Carlos Alberto Teófilo Firme Nº OPBCB: 15 1ª Igreja Batista da Fé Aparecida de Goiânia, GO. 12. Ediel Carvalho da Silva Nº OPBCB: 16 Primeira Igreja Batista em Itaporanga - Itaporanga D’ajuda, SE 33 13. Luiz Antonio Ferraz Nº OPBCB: 17 Igreja Batista Vida Nova - SP. 14. Gidalth Pereira de Souza Nº OPBCB: 18 1ª Igreja Batista em Canudos – Lins – SP. 19. Enéas Alves Nogueira Nº OPBCB: 24 1ª Igreja Batista da Penha São Paulo, SP 20. Manoel Gonçalves de Oliveira Nº OPBCB: 25 1ª Igreja Batista... 15. José Ribeiro da Rocha Filho Nº OPBCB: 19 21. Erasto Diogo Valim Nº OPBCB: 26 16. Timofei Diacov Nº OPBCB: 20 22. Paulo Henrique Almeida da Silva Nº OPBCB: 28 1ª Igreja Batista em Mairiporã - SP. Igreja Batista de Cafelândia – SP. 17. Helcias Rodrigues de Souza Nº OPBCB: 22 1ª Igreja Batista no Barreiro de Cima – MG 18. Oséias Tavares de Lima Nº OPBCB: 23 1ª Igreja Batista em Laranjal Paulista - Laranjal Paulista, SP. 1ª Igreja Batista de Barra Bonita – SP. Igreja Batista 8ª em Jardim Catarina - São Gonçalo, RJ. 23. Demétrio de Souza Mendes Nº OPBCB: 29 Igreja Batista PIB Magé RJ. 34 OPBCB Batalhando “...pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 1.3).