COMPORTAMENTO E CULTURA HEAVY METAL: ITINERÁRIOS IDENTITÁRIOS E PROCESSOS DE SOCIABILIDADES ENTRE OS HEADBANGERS DE MOSSORÓ/RN Lázaro Fabrício de França SOUZA1 Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN [email protected] Shemilla Rossana de Oliveira Paiva2 Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN [email protected] Um Intróito de Contextualização Pouco mais de 22h. Os presentes, cerca de 150 pessoas, denotam claramente ansiedade e expectativa. Os olhos parecem reverberar, da mesma forma que “brilha a chama do Metal em nossos corações”, alguém disse. Estrutura pronta. Luzes apagam-se. Headbangers3, vestidos de preto ou não, erguem os braços para uma vez mais empunhar, simbolicamente, a bandeira do Metal. Inicia-se mais uma noite de louvor ao heavy metal, um estilo de música singular, nascido no efervescente decênio de 1960, nos seus últimos anos, mais especificamente, como um movimento de contracultura. Musicalmente, em sua gênese, com bastante influência do rock, do blues e até mesmo da música clássica e erudita. Quando as luzes são acesas novamente os primeiros acordes de guitarra são entoados para deleite dos metalheads4. O pub torna-se pequeno para a euforia dos entusiastas do “Metal”. Exímios batedores de cabeça, fazendo jus ao termo “headbanger”, sacodem seus pescoços, fecham os olhos, e de pêlos arrepiados e coração em ritmo célere, absorvem toda aquela atmosfera, de puro êxtase e significado. 1 Mestrando no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais e Humanas – PPGCISH pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Bacharel em Ciências Sociais pela mesma Instituição. 2 Mestranda no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais e Humanas – PPGCISH pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Bacharela em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, pela mesma Instituição. 3 Termo usado para designar um fã do estilo musical heavy metal ou ainda qualquer uma de suas variantes, cuja tradução pode ser entendida como “batedor de cabeça”. Uma alusão ao modo como os headbangers costumam manifestar sua performance corporal. Evitamos usar o termo “metaleiro”, em virtude de sua conotação um tanto quanto pejorativa. 4 Termo análogo à headbanger. 1 Os “stage diving” 5, movidos a um thrash6 metal pujante, também passam a fazer parte do cenário7. Cultura, expressão, sentimentos são disseminados por meio daquela música pesada, por corpos pulsantes e mentes ativas. Essa é apenas uma sintética e genérica descrição de um show de heavy metal, onde os indivíduos, como grupo, tornam-se uno, unidade, um amálgama, onde corpo e alma misturam-se numa complexa teia de significados, e embriagam-se, absortos, com a energia do ambiente. Em meio a esse fenômeno envolto em simbologias e ritos, nosso desafio é exercer o olhar treinado sobre esse fenômeno tão curioso e singular. 1. Por que estudar o heavy metal Enquanto Produção Social e Simbólica? Assentamos nossa justificativa para o presente empreendimento – além do que será explicitado mais adiante – na ausência de estudos comprometidos, sobretudo na região Nordeste do país, com um fenômeno cultural carregado de críticas sociais e simbologias e que, como disse Zagni (2009): [...] circunscrito a segmentos sociais específicos, com dinâmicas e códigos de conduta muito próprios e que se organizam parcialmente ao arrepio do Estado, parte sob controle deste e manifestando significativas condutas de contra-controle, construindo zonas de contato e resistência, negociação e incorporação. 5 Sinteticamente, pode ser definido como o ato de mergulhar do palco sobre a platéia dos shows. O thrash metal é uma subdivisão do heavy metal conhecida por uma maior velocidade e maior peso do que seus antecessores. Suas origens remontam ao fim da década de 1970 e começo da década de 1980, quando um grande número de bandas começou a incorporar elementos da NWOBHM com a nova música hardcore/punk que surgia, criando assim um novo estilo. Este gênero é muito mais agressivo do que o speed metal, considerado seu predecessor. As "quatro grandes" bandas do thrash metal são Anthrax, Megadeth, Metallica e Slayer, que estão entre os criadores do estilo e popularizaram o gênero no começo da década de 1980. 7 Por falar em “stage diving”, dentro de um show de heavy metal ele tem importância ímpar na compreensão, por exemplo, do nível de autoridade e prestígio dentro do grupo. Quanto mais pessoas se posicionarem para “aparar o vôo” maior parece ser o grau de sociabilidade e prestígio desse indivíduo perante o restante do grupo. O fenômeno pode também se referir à autoridade e ao status que o sujeito usufrui dentro do grupo no qual está imerso. 6 2 Ademais, ainda em conformidade com Zagni, não é possível compreender a sociedade em sua totalidade se não entendermos suas segmentações sociais. No heavy metal encontramos segmentos marginalizados não somente pela ordem cultural e social vigente, nem pela mídia condutora de comportamentos e atitudes, “mas também pelo próprio pensamento acadêmico, fruto em larga medida desses mecanismos de controle.” (Zagni, 2009). Empreender a tentativa de adentrar no mundo heavy metal, como cientista social, já fazendo parte dele como entusiasta e apreciador do estilo, surge como um duplo desafio, ao passo em que é preciso livrar-se de alguns preconceitos, das noções antecipadas e do apego subjetivo ao universo heavy metal, conquanto acreditemos que não seja mister prescindir da subjetividade headbanger, digamos, para lograr o êxito necessário na desenvolução da pesquisa e na obtenção de seus resultados. Paralelo à pessoa do headbanger há a do cientista; enquanto pessoa do cientista também há a do headbanger, o que não exime a necessidade de transformar o “familiar em exótico” (DaMatta, 1978) ou de uma “descrição densa” (Geertz, 1989). Foi exatamente essa simbiose que deu sentido às pesquisas de Sam Dunn8 (aliar a perspectiva científica à subjetividade headbanger). Assim, em palavras de Peirano (2008, p. 3, 4), “a personalidade do investigador e sua experiência pessoal não podem ser eliminadas do trabalho etnográfico. Na verdade, elas estão engastadas, plantadas nos fatos etnográficos que são selecionados e interpretados”. Desconstruir mitos, desmistificar preconceitos, pôr às claras o cotidiano e as práticas do ser “headbanger”, do universo simbólico e ritualístico do heavy metal são alguns dos nossos grandes desafios. Sem nos intimidar pelo receio de ser seduzido pelo objeto (ou já tendo sido seduzido por ele, à maneira de Loïc Wacquant [2002]), levaremos a cabo a tentativa de fornecer uma arrazoada compreensão dos mecanismos sociais e signos que emergem e são engendrados no contexto delimitado. Segundo Sahlins (1997), antropólogo americano, 8 Antropólogo e cineasta canadense, famoso por documentários/pesquisas sobre o Universo heavy metal [como “Global Metal” e “Uma Jornada heavy metal”] e bandas como Iron Maiden, Rush, Metallica, etc. 3 a “cultura” não pode ser abandonada, sob pena de deixarmos de compreender o fenômeno único que ela nomeia e distingue: a organização da experiência e da ação humanas por meios simbólicos. As pessoas, relações e coisas que povoam a existência humana manifestam-se essencialmente como valores e significados — significados que não podem ser determinados a partir de propriedades biológicas ou físicas. É exatamente a experiência da ação humana por meios simbólicos, a cultura heavy metal, o ethos headbanger nosso escopo. Florescem então as indagações: Como são feitos os contatos, as trocas simbólicas e alianças entre os headbangers? Como suas identidades são construídas enquanto tal? Como se dá o processo de construção de laços e sociabilidade entre os integrantes dessa “cultura alternativa” e urbana? Como se afirmam perante o grupo e se auto-afirmam? Como os headbangers se constituem enquanto tribo? Como se constrói a autoridade e o status dentro do grupo? Quais as características, semelhanças e gostos em comum, para além da música, presente nesses indivíduos, e o que os une para além da perspectiva musical em comum? Qual o significado que o heavy metal tem para os headbangers? O que ele tem de tão fascinante para esses sujeitos? Por outro lado, quais os elementos que fazem do heavy metal um estilo “maculado” socialmente? Tendo como norte esses questionamentos é que pretendemos construir o itinerário dessa pesquisa. Objetivamos responder as questões supracitadas, buscando entender como as relações são tecidas entre os headbangers; como dotam esse universo de significado. Como frisado anteriormente, aqui faremos apontamentos iniciais, já que a pesquisa encontra-se em desenvolvimento. De todo modo, em termos macro, procuraremos identificar os signos e símbolos utilizados nesse ínterim, ressaltando os mecanismos que utilizam para se afirmarem como um membro dessa tribo urbana. Identificar ainda como são construídas as categorias de rotulação, um meio de seleção que se estabelece quase que de modo inconsciente, onde percebe-se o objetivo de crivar os indivíduos, sobremaneira os novos integrantes, ainda em processo de “afirmação”. Algumas dessas categorias, que já pudemos observar e identificar são o “true”, o “false”, o “poser”, o 4 “empolgado”. Ainda, perceber qual a finalidade e o papel que o heavy metal tem e exerce na vida desses indivíduos, no sentido de entender também até que ponto ele é utilizado como meio de expressar-se, exprimir-se socialmente e como fonte de entretenimento e diversão. Para além das categorizações supramencionadas, outro ponto-chave, no qual acreditamos fornecer razoável possibilidade de compreensão acerca do universo delimitado, será trabalhar como as diferentes gerações 9 que coexistem atualmente e entender como elas assimilam e se expressam a partir do heavy metal, na medida em que nasceram e se criarem em contextos históricos diferentes, logo possuem perspectivas de mundo, valores e referenciais também distintos. Os avanços na tecnologia, atrelado aos trâmites da cibercultura, sobretudo, mas também os novos hábitos e valores criam uma dimensão quase abissal entre as gerações.10 Por derradeiro, entender a construção dos processos identitários e de sociabilidade a partir da divisão do heavy metal em estilo e sub-estilos é-nos imprescindível, uma vez que cada estilo ou sub-estilo carrega consigo toda uma carga simbólica e de referenciais de comportamento e atitude, seja perante os pares, a sociedade ou o mundo, bem como atrelar essas perspectivas ao conceito de “cena musical”. 2. O heavy metal no mundo O heavy metal atualmente é reconhecido e tem adeptos em praticamente todos os países do mundo. Algumas das principais bandas do estilo lotam estádios inteiros mundo afora levando milhares de pessoas ao êxtase. Tem seu berço sobremaneira na Europa (mais especificamente na Inglaterra) e nos Estados Unidos. Descende 9 Quatro são as gerações que convivem simultaneamente atualmente. São elas: a “Babyboomer”, nascida entre os anos de 1940 e 1960; a “X”, nascida entre os decênios de 1960 e 1980; a “Y”, nascida entre 1980 e 2000; e a “Z”, a geração do “novo milênio”, que nasceu a partir do ano de 2000. Cada uma dessas gerações concebe a experiência musical de uma forma particular e a partir de suas referências socioculturais e temporais. Assim como no universo do trabalho, onde se percebem os maiores conflitos entre gerações, nas observações e entrevistas informais preliminares foi possível perceber o quão diferente pode ser a concepção de música e heavy metal para cada geração. 10 Esse viés da pesquisa está em desenvolução e fase de aprimoramento e escrita. O que consta aqui é apenas uma explanação inicial, e genérica, nesse sentido. 5 principalmente do Rock ‘n’ Roll, mas mostra influências do Rythm & Blues, do Jazz, da música clássica e erudita, da música barroca, e da música country. Dentre as primeiras bandas a serem denominadas heavy metal está o Black Sabbath, considerada a precursora do estilo e cuja origem remete à classe trabalhadora inglesa do decênio de 1960. Como aponta Janotti (2000), “o heavy metal surge em meio à fissura e confusão do início da década de setenta, época marcada pela perda das referências que marcaram o rock durante a década de sessenta, que culminaram nos movimentos de maio de 1968”. Janotti aponta ainda para o fato de o heavy metal fazer parte de um contexto sociohistórico em que “a tomada de consciência e a mobilização provocaram uma mostra do poder de aglutinação da juventude em busca de um espaço societal”. O estilo de música heavy metal é reconhecido por lojas de músicas, de instrumentos, grandes distribuidoras e gravadoras, pelos meios de comunicação, e, principalmente, pelo público consumidor, ratifica Campoy (2008), além de movimentar um mercado bilionário anualmente. Parece indubitável igualmente o fato de o heavy metal hoje ser um fenômeno “global”. É possível dizer, destarte, que o fenômeno do heavy metal ocupa espaço em meio aos processos de globalização/mundialização, na medida em que se encontra presente em todas as regiões do mundo, independente das culturas, religiões ou sistemas sociopolíticos dominantes. Graças, em grande medida, a existência de processos globais que transcendem as classes sociais, grupos e nações, como aponta Renato Ortiz (1994), ao falar da emergência de uma “sociedade global”, da “mundialização da cultura”. 2.1 Sua Inserção Como Fenômeno Global É nesse contexto que evocamos a noção de globalização presente no pensamento do sociólogo português Boaventura de Souza Santos. Na concepção deste autor (2002, p. 26), encontramo-nos diante de um fenômeno multifacetado, interligando de modo complexo dimensões econômicas, sociais, culturais, políticas, religiosas e jurídicas, o que tornaria as explicações “monocausais” e “monolíticas” insuficientes para dar cabo 6 da questão. O autor acrescenta que a globalização das últimas três décadas parece combinar “a universalização e a eliminação das fronteiras nacionais, por um lado, o particularismo, a diversidade local, a identidade étnica e o regresso ao comunitarismo, por outro”. Ademais, a globalização interage com transformações outras no sistema mundial que lhe são simultâneas, como o drástico aumento da desigualdade entre países ricos e países pobres, as catástrofes ambientais e os conflitos étnicos, a sobrepopulação, a acentuada migração internacional, a falência ou implosão de determinados Estados e o emergir de outros. A proliferação de guerras civis, o crime organizado, bem como a democracia formal como condição política para eventual assistência internacional, etc., também entram nesse bojo. Não é possível sair incólume do processo de globalização, que perpassa todas as esferas e âmbitos nos níveis social, econômico, político e cultural. O heavy metal também se encontra em meio a esse cenário de mundialização. Mas, se o global envolve “tudo”, as especificidades encontram-se perdidas em termos de totalidade, aponta Ortiz (op. cit), para depois esclarecer que ocorre justamente o inverso: “a mundialização da cultura se revela através do cotidiano”, utilizando-se amiúde de elementos locais dentro de uma perspectiva e narrativa globais. É o local influenciando o global e global interferindo no local, numa relação dialética, articulada e interdependente. No âmbito da música pesada vários exemplos podem ser dados nesse sentido, a começar por bandas do próprio Brasil, como os dois maiores expoentes do metal nacional dentro e fora do Brasil: a banda mineira Sepultura e a paulista Angra, que se utilizam de elementos e batidas “próprias” da música e do folclore brasileiros em suas composições e discos, o que lhes assegura estilos singulares e reconhecimento dentro e fora do país, muito conquanto traga também como consequência ojeriza por parte de fãs mais conservadores, que vêem essa “mistura” como algo negativo, que corrompe o som e se dá no intuito de deixar a banda “mais acessível, comercial e vendável”. 7 2.2 A Expansão do Estilo: Idiossincrasias e Sub-divisões Com a expansão do estilo, houve várias ramificações culminando com a divisão em diversos sub-estilos. Assevera-nos Campoy (2008) que Durante os anos de 1980, além de sedimentar sua presença fora da Europa ocidental e Estados Unidos, o heavy metal começa a se desdobrar em uma série de sub-estilos. Surgem o thrash metal, o doom metal, o speed metal, o glam metal, entre inúmeros outros. Essas diferenciações certamente se deram pela intenção de gravadoras e distribuidoras de especificar seus produtos, seguindo a lógica mercadológica de constantemente oferecer mais opções ao cliente. Também são resultado de mídias e crítica especializada, os quais, na ânsia de identificar a próxima linha-mestra da estética que irá dominar o panorama do estilo, inventam rótulos que exprimem, de forma mais nítida, o tipo de música feita por esta ou aquela banda. Mas o surgimento desses sub-estilos, aponta o autor, dentro do heavy metal se deu e se dá principalmente por parte da ação das bandas e do público. Dessa forma, à medida que o número de bandas foi aumentando e a diversidade de estilos de heavy metal crescendo, as bandas e o público sentiram necessidade de caracterizar de modo mais específico o que estavam compondo, tocando, ouvindo. A assertiva de Campoy (idem) nos dá a tônica: O thrash metal, música rápida e mal gravada propositalmente, com vocais gritados e versando sobre o caos do fim do milênio e as guerras nucleares, era visto como sendo bem diferente, por exemplo, do glam metal com seus músicos vestidos com roupas fortemente coloridas e usando laquê e purpurina nos cabelos, fazendo um metal dançante que tratava de carros, mulheres, bebidas e dinheiro. Hoje em dia, a quantidade existente dessas diferenciações nos faz pensar se ainda é possível falar de heavy metal como um grande estilo contendo vários subestilos. Desde sua origem, o movimento cultural heavy metal parece seguir amiúde na contramão do que se denomina “cultura de massas”, fugindo, portanto, da adaptação e do consumo para as massas, primando pelo consumidor como sujeito e não meramente um objeto, mormente levando em consideração que se pretende, inclusive, romper com 8 o status quo também nesse sentido. Noutras vezes, no entanto, de algum modo, parece ir ao seu encontro, assumindo padrões comerciais facilmente reproduzidos. Abda Medeiros (2008), no que concerne à organização e produção de shows undergrounds, corrobora essa perspectiva assinalando que [...] esses eventos configuram-se e realizam-se seguindo os princípios da filosofia denominada underground, ou seja, orientam-se pela ideia “faça você mesmo” independente de patrocinadores, apoios institucionais públicos e/ou privados, seguindo uma lógica de mercado diferenciada da difundida pela “cultura de massa”; Ainda na perspectiva da autora, em certas ocasiões, na busca por espaços, apoio financeiros para a realização dos eventos, e igualmente nas formas de divulgação e difusão dos trabalhos produzidos pelas bandas e consumidos pela platéia e por outras bandas ligadas ao estilo, recorram às formas de produção, organização, disseminação e distribuição características da indústria cultural para o estabelecimento de trocas simbólicas e materiais, o que enseja novos laços de sociabilidade e provoca, amiúde, um enriquecimento cultural por meio desses contatos, embora possíveis antagonismos de interesses possam eclodir. 3. A Noção de “Cena” e o heavy metal Acessar a concepção de “cena” auxilia a pensar o heavy metal enquanto fenômeno social. A ideia de cena, mostra-nos Janotti, foi pensada buscando dar cabo de uma série de práticas sociais, econômicas, tecnológicas e estéticas ligadas às formas como a música se faz presente nos espaços urbanos. Sob o prisma do autor: Isso inclui processos de criação, distribuição e circulação, além das relações sociais, afetivas e econômicas decorrentes desses fenômenos. São poucos os conceitos relacionados à música que se firmaram com tanta influência no imaginário de jornalistas, fãs e músicos ao redor do mundo. O primeiro uso remete à década de 40, quando o termo foi criado por jornalistas norte-americanos, para caracterizar o meio cultural do Jazz, de modo a abranger a movimentação em torno do 9 gênero musical. Bandas, público, locais de shows, produtores culturais, críticos, gravadoras, entre outros atores sociais, todos estavam sendo englobados dentro do universo denominado cena musical. (Janotti, 2011, p. 11) A ideia e o termo “cena” se tornou popular e foi amplamente utilizado por jornalistas, nos decênios de 80 e 90, assinala Janotti, para conceituar as práticas musicais presentes em determinados espaços urbanos. Mas, não somente. Os desdobramentos sociais, afetivos culturais e econômicos também entram nesse rol conceitual. Geralmente, quando existe certa efervescência na produção musical em determinado local, ela é logo nomeada, ou legitimada, pelo discurso da crítica cultural, que procura delimitar a existência de uma cena em torno de expressões musicais distintas. (idem) O autor, em outras palavras, assevera que a cena é uma forma das práticas musicais ocuparem o espaço urbano e ser foco dos processos sociais dos atores envolvidos na produção, consumo e circulação da música nas cidades. 4. Identidade, Comportamento e Sociabilidade: Construções a Partir de Uma Lógica Headbanger Uma das características marcantes do heavy metal é o grupo de seguidores e adeptos do estilo: os headbangers. Como supracitado, um dos interesses principais desse projeto é aclarar os meandros acerca de como são construídas as identidades desses sujeitos enquanto “headbangers”. Enquanto grupo, ou tribo, esses indivíduos parecem compor o que Maffesoli denominou neotribalismo11. Maffesoli enxerga o individualismo sendo substituído pela necessidade de identificação com um grupo, com uma tribo. Não se trata, no entanto, de uma nova cultura, afirma o sociólogo, mas de sua metamorfose como aspecto decisivo e factual. Desse modo, na perspectiva do sociólogo 11 Essa compreensão, a partir do conceito de “socialidade eletiva”, presente em Maffesoli, aplica-se somente à parte da geração X e às gerações Y e Z. 10 francês (2006) “podemos dizer que a partir da concepção que determinada época faz da alteridade é que se pode determinar a forma essencial de uma dada sociedade”. Destarte, Maffesoli manifesta que ao lado da existência de uma sensação coletiva, assistimos ao desenvolvimento de uma “lógica de rede”. Ou seja, “os processos de atração e repulsão se farão por escolha”. Ademais, assevera ainda Maffesoli (idem) que assistimos um processo que ele denomina de “socialidade eletiva”, percebendo que, embora este mecanismo sempre tenha existido, no que diz respeito à modernidade, ele foi temperado pela restrição do político que faz intervir o compromisso e a finalidade, ultrapassando de muito os interesses particulares e o localismo. No que concerne às identidades, como aponta-nos Woodward (2008, p. 08), elas adquirem sentido através “da linguagem e dos sistemas simbólicos pelos quais elas são representadas”, ao passo em que, como atesta Velho (1999, p. 119), a cultura é uma expressão simbólica. Ainda em consonância com o pensamento de Woodward a construção da identidade, além de simbólica é também social. Ademais, seu caráter é eminentemente relacional, uma vez que, em grande parte dos casos, demanda, para existir, de algo fora dela, a saber, de outra identidade. “A identidade é, na verdade, relacional, e a diferença é estabelecida por uma marcação simbólica relativamente a outras identidades”. (ibidem, p. 09). Contudo, mesmo dentro de um grupo, sociedade, tribo ou congênere, as identidades podem não ser unificadas. Contradições podem surgir no seu interior tendo que ser negociadas. No contexto em pauta, a música heavy metal é um dos meios pelos quais os indivíduos podem fazer afirmações sobre si próprios e sobre seu universo. Parafraseando a supracitada autora (2008), podemos dizer que a identidade headbanger se distingue por aquilo que ela não é, o que remete-nos a outro ponto capital que é o fato de as identidades serem marcadas pela “diferença”. Para Judith Butler (2003) a identidade não é algo, mas sim efeito que se manifesta num jogo de referências, em meio a um regime de diferenças. A identidade remete, portanto, segundo Michel Agier (2001) “a um alhures, a um antes e aos outros.”. Não há mais a presença de identidades totalmente coerentes e integrais, como já expunha Hall (2006, p. 84). 11 Em toda parte, estão emergindo identidades que não são fixas, mas que estão suspensas, em transição, entre diferentes posições; que retiram seus recursos, ao mesmo tempo, de diferentes tradições culturais; e que são produtos desses complicados cruzamentos e misturas culturais que são cada vez mais comuns num mundo globalizado. (ibidem, 2006, p. 88) De todo modo, há toda uma esfera simbólica e que se dá no âmbito dos signos que assegura uma certa “unidade” em termos de uma identidade grupal e enquanto indivíduos headbangers, que se manifesta desde as vestimentas até o compartilhamento do êxtase coletivo dos shows, das relações de sociabilidade, das paixões por bandas e músicos e de uma certa perspectiva de mundo e de relacionamento com a música, com a arte e com a constituição da subjetividade, por meio de uma ética da resistência, em uma acepção foucaultiana.12 Segundo o jamaicano Stuart Hall (2006), a questão da “identidade” tem enfrentado extensa discussão na teoria social. Roberto Cardoso de Oliveira (2000, p. 07), antropólogo brasileiro, segue em perspectiva análoga afirmando que “o interesse sobre o tema da identidade tem tido ultimamente, entre nós, estudiosos de ciências sociais, uma frequência extraordinária!”. Com efeito, o argumento para tal profusão é o seguinte: “As velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado.” (Hall, 2006, p. 07). Para Hall, as identidades modernas encontram-se em processo de fragmentação, onde indivíduos são descentrados de si mesmos, mas também de seu lugar no mundo social e cultural. Há um deslocamento dos “sujeitos”, uma perda do “sentido de si” estável13. Essa configuração constitui uma “crise de identidade”, segundo o autor jamaicano, dando conta de sublinhar que essa é a linha de raciocínio dos teóricos que acreditam estarem em colapso as identidades modernas diante da modernidade tardia. Sob a pena de Kobena Mercer (1990, p. 43 apud Hall, 2006, p. 09), verbi gratia, a identidade se 12 Uma compreensão mais aprofundada a esse respeito, com a utilização de Bourdieu, Jung, Foucault, dentre outros se encontra em gestação e estará presente na versão para qualificação da dissertação. 13 O mesmo Stuart Hall mostra as limitações dessa perspectiva que, para ele, malgrado parecer uma formulação simplista, possibilita esboçar um quadro coerente e aproximado pertinente às conceptualizações e mudanças do sujeito moderno e sua ligação com a formulação das identidades. Para mais cf.: HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. 12 transmuda em querela somente em vias de crise, quando algo tido como fixo, estável, coerente, é deslocado pela experiência da incerteza e da dúvida. O colapso da identidade exsurge como “resultado das mudanças estruturais e institucionais. O próprio processo de identificação, através do qual nos projetamos em nossas identidades culturais, tornou-se provisório, variável e problemático”. (Hall, 2006, p.12). A globalização, enquanto fenômeno mundial, também é fator impactante sobre as identidades culturais, que são influenciadas, outrossim, pela existência de processos globais que transcendem as classes sociais, grupos e nações, como aponta Renato Ortiz (1994), ao falar da emergência de uma “sociedade global”, da “mundialização da cultura”. A associação entre os headbangers parece se aproximar, em grande medida, a o modelo de interação e sociabilidade concebido por Simmel. Georg Simmel elaborou um conceito de sociabilidade enquanto “tipo ideal”, um “social puro”, segundo Frúgoli Jr. (2007). A saber, um conceito de sociabilidade entendido como “uma forma lúdica arquetípica de toda a socialização humana, sem quaisquer propósitos, interesses ou objetivos que a interação em si mesma, vivida em espécies de jogos, nos quais uma das regras implícitas seria atuar como se todos fossem iguais”. (Frúgoli Jr., 2007, p. 09). Tal modo de associação se mostra de forma mais evidente entre os headbangers nos shows e eventos destinados ao metal. 5. Apontamentos Metodológicos Aqui explicitaremos acerca do trabalho metodológico e de campo – recéminiciado – que está sendo desenvolvido e que será intensificado doravante, a fim de dar resposta à pesquisa aqui apresentada. Utilizaremo-nos principalmente da descrição etnográfica e do trabalho empírico: técnicas de observação direta e participante, além de entrevistas semi-estruturadas, que dão mais flexibilidade à pesquisa e ensejarão mais facilmente relatos e histórias de vida centradas na experiência do heavy metal. A etnografia será realizada nas cidades de Mossoró/RN e Fortaleza/CE. Embora cidades com características distintas, situadas em Estados diferentes e que denotam cenários e contextos diferentes, essas cidades historicamente, no que concerne às cenas musicais 13 alternativas e particularmente do Heavy Metal, sempre apresentaram aspectos semelhantes e os adeptos do estilo sempre mantiveram uma forte ligação e laços de sociabilidade. Estabeleceremos a partir daí uma relação de analogia e diferenças. A opção sobremaneira pela etnografia, enquanto metodologia, se dá por acreditarmos que ela possibilitará nos aproximarmos factualmente da realidade a qual nos propomos compreender e estudar. Outrossim, por acreditarmos que o método etnográfico, como postula a antropóloga Urpi Uriarte (2012), “consiste num mergulho profundo e prolongado na vida cotidiana desses Outros que queremos apreender e compreender”. Nessa perspectiva Magnani (2002, p.17) aponta que o método etnográfico não se confunde nem se reduz propriamente a uma técnica, mas pode usar ou servir-se de várias, de acordo com as circunstâncias de cada pesquisa; é, antes de tudo, um modo de acercamento e apreensão do que um conjunto de procedimentos. Goldman (2008, p. 7), por sua feita, nos fala que os discursos e práticas nativos devem servir, fundamentalmente, para desestabilizar nosso pensamento e, de modo eventual, nossos sentimentos. Desestabilização, segundo ele, que incide sobre nossas formas dominantes de pensar, e que permitem, simultaneamente, novas conexões com as forças minoritárias que pululam em nós mesmos. Seguimos, então, na perspectiva de Urpi Uriarte (2012), onde, a rigor, fazer etnografia não consiste apenas em “ir a campo”, ou “ceder a palavra aos nativos” ou ter um “espírito etnográfico”. Fazer etnografia supõe uma vocação de desenraizamento, uma formação para perceber o mundo de forma descentrada, uma preparação teórica para entender o “campo” que se almeja pesquisar, um “se jogar de cabeça” no mundo que pretendemos desvendar, um tempo prolongado dialogando com as pessoas que buscamos entender, levando a cabo, seriamente, a sua palavra, encontrando uma ordem nas coisas e, depois, colocar as coisas em ordem por meio de uma escrita realista, polifônica e inter-subjetiva. O estudo da cultura Heavy Metal será empreendido prioritariamente com os frequentadores de shows. Pretendemos aplicar 30 questionários, com headbangers com idade entre 14 e 70 anos. De todo modo, os produtores e os proprietários de estabelecimentos voltados ao estilo também podem aparecer, consonante com a 14 demanda da pesquisa, como sujeitos desta. Serão igualmente entrevistados, em um total de 06 questionários. Esses grupos, embora distintos, contribuem para a composição e manutenção de uma cena Rock/Metal local. O total de shows etnografados será de 05, sendo 03 em Mossoró e 02 em Fortaleza. Acreditamos que a cultura Heavy Metal contribua no processo de construção das práticas identitárias e de construção dos laços e das sociabilidades. A exemplo de Fontanari (2003), na sua pesquisa entre frequentadores de raves no RS, procuraremos “dar especial atenção à dimensão ritualperformática e experiencial” das experiências headbangers, “buscando apreender os códigos que orientam as práticas culturais” dos atores envolvidos. Optaremos pela descrição etnográfica e “densa”, seguindo a prescrição de Geertz (1989), procurando encarar o que sucede em campo como textos dotados de significação e relevância, buscando igualmente captar a essência do discurso e das posturas nativas, procurando entender todos os elementos da cultura analisada à luz desta textualidade, como algo intrínseco à realidade em questão. No entanto, também sabemos que, como inscreve Velho (1999) “a idéia de pôr-se no lugar do outro14 e de captar vivências e experiências particulares exige um mergulho em profundidade difícil de ser precisado e delimitado em termos de tempo”. Fica patente nossa escolha por usar proeminentemente métodos qualitativos, o que pode ser justificado na explanação de Dias (2000): Os métodos qualitativos são apropriados quando o fenômeno em estudo é complexo, de natureza social e não tende à quantificação. Normalmente, são usados quando o entendimento do contexto social e cultural é um elemento importante para a pesquisa. Para aprender métodos qualitativos é preciso aprender a observar, registrar e analisar interações reais entre pessoas, e entre pessoas e sistemas. A análise dos resultados, por meio de etnografia, das anotações, observações de campo e literatura, será feita de modo que possamos associar estes ao contexto social 14 Grifo do autor. 15 investigado, ensejando uma cosmovisão a partir dos elementos e realidades sociais abordados, procurando dar sentido e significado aos estudos empreendidos. Para uma maior proficuidade no que diz respeito ao tempo dispensado para a pesquisa tentaremos sistematizá-la ao máximo. Essas definições ficarão mais claras no decorrer do processo de pesquisa. De perto e de dentro (MAGNANI, 2002) esforçar-nos-emos para contribuir de forma substancial, tentando articular teoria e dados empíricos para tornar a análise rica e relevante, até mesmo porquanto há uma carência de trabalhos e pesquisas que voltem suas energias para analisar as questões postas nesse projeto, outro ponto que justifica a necessidade dessa pesquisa. Respeitando as particularidades e idiossincrasias do nosso campo, temos como certo que o caminho para a consecução de nossos objetivos nessa pesquisa será longo e árduo, não há dúvida. Mas o prazer proveniente da descoberta e do desafio nos impele e energiza. Cremos, ainda, que o aferimento, pois, das questões erigidas, bem como a pesquisa em si, tendo como objetivo cerne a formação de um arcabouço necessário para a reflexão e compreensão dos problemas expostos denotam parte da relevância e justificativa do projeto ora em voga. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGIER, Michel. Distúrbios Identitários em Tempos de Globalização. 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