LNA Ministro .................. Gemini .................... OfMec .................... N o atual contexto do planejamento da astronomia brasileira, promovido tanto pela Comissão Especial de Astronomia quanto pelo Instituto Nacional de C&T de Astrofísica, a semana do carnaval de 2010 poderá de tornar muito importante para determinar o rumo futuro. Nesses dias, o Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, Sergio Machado Rezende visitou várias instalações astronômicas de grande porte no Chile para se informar sobre o envolvimento atual do Brasil em empreendimentos importantes na área e sobre novas oportunidades. Já na abertura da Assembleia Geral da IAU no ano passado, o Ministro havia sinalizado a intenção do MCT em ampliar seu apoio à pesquisa astronômica brasileira. Impressionado com que viu no Chile, o Ministro renovou seu compromisso com um continuado e forte crescimento da astronomia brasileira. Após a Assembleia Geral da IAU, o Ministro aceitou um convite do Diretor Geral do ESO para conhecer o ALMA e o VLT, e um convite do Diretor do LNA para conhecer, na mesma ocasião, as instalações no Chile ao qual o Brasil já participa, a dizer o Gemini Sul e o SOAR. Desta forma, o Ministro teve a oportunidade de poder avaliar algumas das novas oportunidades para a astronomia brasileira na base de um conhecimento mais profundo da situação atual da astronomia ótica observacional no Brasil. Com o Diretor do ESO no Chile, Massimo Tarenghi, como guia, o Ministro inicialmente visitou as instalações da base do ALMA, próximo a San Pedro de Atacama, aonde presenciou a montagem das antenas do Atacama Large Millimetric Array. No dia seguinte ele se deslocou para Cerro Paranal, onde o Diretor Geral do ESO, Tim de Zeeuw, e o Diretor do VLT, Andreas Kauffer lhe aguardavam junto com o Diretor do LNA, convidado pelo Ministro para acompanhá-lo durante a visita, e a pesquisadora do IAG/USP Beatriz Barbuy. O Ministro gozou de uma apresentação exaustiva das instalações do VLT e VLTI e presenciou as observações científicas no início da noite a partir da sala de controle. Figura 1 - O Ministro visitando o VLT no Cerro Paranal. Da esquerda para a direita: Andreas Kauffer (Diretor do VLT), Albert Bruch (Diretor do LNA), Beatriz Barbuy (IAG/USP), Ministro Sergio Rezende, sua esposa Dona Adélia, Tim de Zeeuw (Diretor Geral do ESO). SOAR 01 03 05 Goodman .................. 07 Figura 2 - O Diretor do VLT, Andreas Kauffer (direita) explicando as instalações do VLT Interferômetro ao Ministro Sergio Rezende e sua esposa. Continuando sua viagem no próximo dia junto com o Diretor do LNA para La Serena, ele foi recebido pelo Diretor do SOAR, Steve Heathcote e pela Diretora Substitua do Gemini, Nancy Levenson que levaram o Ministro ao Cerro Pachon. O destaque durante a visita ao SOAR foi o espectrógrafo SIFS, recentemente concluído no LNA e em fase de comissionamento no SOAR. A visita ao telescópio Gemini Sul encerrou a parte “científica” da viagem do Ministro. Figura 3 - O Diretor do SOAR, Steve Heathcote (esquerda), o Ministro Sergio Rezende (centro) e o Diretor do LNA, Albert Bruch (direita) na frente do prédio do Telescópio SOAR.. Entretanto, a parte política continuou no outro dia na ocasião de um almoço em sua honra na embaixada brasileira em Santiago, aonde o Ministro se encontrou, entre outros, com Gabriel Rodriguez Garcia-Huidobro, responsável, no antigo e no novo governo chileno, pela relação com os observatórios internacionais, com a Diretora Maria Tereza Ramirez do CONICYT, e com representantes de empresas brasileiras interessadas em participar na construção de um dos grandes telescópios do futuro. Ficou óbvio que o governo chileno tem um grande interesse em um compromisso brasileiro em novos empreendimentos astronômicos no Chile. Em numerosas conversas ao longo da viagem, o Ministro enfatizou a necessidade da continuada inserção da comunidade astronômica brasileira na comunidade internacional por meio da participação em grandes projetos científicos do futuro, como forma necessária para manter a reputação como agente respeitado e bem sucedido na astronomia mundial, conquistado nas últimas décadas. O Ministro está ciente de que isso implica em despesas significativamente mais altas em comparação aos custos de hoje para prover e manter a infra-estrutura para pesquisa astronômica, e está disposto a disponibilizar os recursos necessários. Cabe aos astrônomos definir suas prioridades e o rumo futuro. Com um bem elaborado plano para o desenvolvimento da astronomia brasileira em mãos, o MCT fará sua parte. Essa clara sinalização política cria uma oportunidade inédita da qual os astrônomos brasileiros deverão tirar o máximo de proveito! Figura 4 - O Ministro Sergio Rezende inspecionando o espectrógrafo SIFS (SOAR Integral Field Spectrograph) recentemente terminado no LNA e em fase de comissionamento no SOAR. A direita, a Diretora Substitua do Gemini, Nancy Levenson. Figura 5 - O Ministro Sergio Rezende (esquerda), o Diretor do LNA, Albert Bruch (centro) e a Diretora Substituta do Gemini, Nancy Levenson (direita) na frente do telescópio Gemini Sul. Albert Bruch é Diretor do LNA A participação brasileira no Observatório Gemini teve muito sucesso, tanto no que se refere à quantidade (número de publicações) quanto à qualidade (número de citações) da produção científica dos astrônomos brasileiros com base em dados obtidos nos telescópios do Gemini. Mesmo assim, a pequena fração de tempo disponível (2,32%, descontandose ainda tempo proporcional para o Gemini staff, Director's Discrecionary Time e tempo para engenharia e manutenção) impõe limitações sérias ao escopo dos programas observacionais realizados pelo Brasil. O tamanho das missões ficou limitado em poucas horas, o que torna inviável programas que precisam de observações de mais do que apenas um número muito pequeno de alvos. Além disso, a comunidade brasileira não pode aproveitar dos convênios do Gemini com os Observatórios Keck e Subaru para uma troca de tempo nos respectivos telescópios, uma vez que essa troca sempre dar-seá por noites inteiras. Considerando as limitações mencionadas, existe uma alta demanda para o Brasil aumentar seu acesso aos telescópios do Gemini que culminou em, pelo menos, três manifestações concretas por parte da comunidade brasileira e seus representantes: 1. Em um evento específico para discutir assuntos da participação brasileira no consórcio Gemini, realizado no contexto da XXXIV Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira, em 11 de setembro de 2008, os participantes apoiaram, em sua grande maioria, uma iniciativa para aumentar a participação brasileira no Gemini e encarregaram o LNA de tomar as medidas cabíveis para esse fim. 2. O Instituto Nacional de C&T de Astrofísica – INCT-A reúne cerca de um terço de toda a comunidade astronômica brasileira, inclusive quase todos os pesquisadores 1A do CNPq. Na sua reunião de 26 de maio de 2009, o Conselho Científico do INCT-A votou unanimenmente uma resolução a favor de dobrar a cota brasileira no Gemini 3.O Conselho Técnico-Científico – CTC do LNA, em reunião de 18 de junho de 2009, tratou do assunto da participação brasileira no Gemini e também votou unanimemente uma resolução com o mesmo teor. Figura 1 - O telescópio Gemini Ao mesmo tempo o Reino Unido, parceiro do Gemini, sinalizou sua intenção para diminuir seu engajamento no Observatório e ofereceu aos outros parceiros uma parte do seu tempo observacional. Portanto, surgiu a oportunidade real, senão para ampliar a cota formal do Brasil ao Gemini, mas para adquirir tempo adicional, garantindo um maior acesso da comunidade aos telescópios. Munido com as estatísticas sobre o sucesso da participação brasileira no Gemini, com as manifestações da comunidade sobre seu desejo de ampliar seu acesso, e com a oferta do Reino Unido para cessar parte do seu tempo, o LNA se dirigiu ao MCT para sondar sua disposição para entrar em acordo com o Science and Technology Facility Council – STFC (órgão responsável no Reino Unido em gerenciar sua participação no Gemini) sobre a aquisição de tempo de telescópio. O argumentos apresentados levaram o MCT a concordar, dando, desta forma, luz verde para o LNA entrar em negociações concretas com o STFC. Essas conversas resultaram em um acordo entre a União e o STFC que foi assinado pelo Ministro de Estado da Ciência e Technologia, Sergio Machado Rezende, no dia 4 de fevereiro, e que será gerenciado pelo LNA. O contrato surtirá efeitos a partir do semestre 2010B e prevê que o SFTC ceda para o Brasil 70 horas do seu tempo de telescópio, abribuído pelo Gemini (i.e., tempo bruto, sujeito a descontos para o tempo do Gemini Staff, Director's Discrecionary Time e tempo de engenharia e manutenção), em cada semestre até o semestre 2012B. Em princípio, esse tempo fica igualmente distribuído entre os telescópios Gemini Norte e Sul. Entretanto, o acordo tem a flexibilidade de permitir uma distribuição diferente e também de alterar o número total de horas disponibilizadas para o Brasil, caso seja conveniente. Desta forma, o LNA pode oferecer aos astrônomos brasileiros no futuro mais do que o dobro do tempo no Gemini do que nos anos anteriores. A Comissão Nacional de Programas do Gemini irá revogar qualquer limitação referente ao tempo máximo para missões no Gemini impostos anteriormente. Além disso, propostas para aproveitar os acordos de troca de tempo entre o Gemini e os Observatórios Keck e Subaru são encorajadas. A chamada para propostas para o semestre 2010B será emitida no início de março. Pensem em projetos, e pensem grande! O LNA se orgulha de ter tido mais uma vez sucesso em ampliar o acesso da sua comunidade de usuários a telescópios competitivos! Figura 2 - O aumento do acesso ao Observatório Gemini permitirá maior proveito da comunidade brasileira nos convênios com os Observatórios Keck e Subaru Albert Bruch é Diretor do LNA O Brasil está se destacando no cenário internacional no campo de pesquisas astronômicas e o LNA é o representante brasileiro em importantes projetos componentes do Telescópio SOAR. O espectrógrafo SIFS foi o primeiro instrumento astronômico de grande porte a ser projetado, executado e montado pelo LNA. Foi necessário inovar a oficina mecânica do LNA (Ofmec), estruturando na Sede do LNA uma outra seção de mecânica de precisão e essa estrutura muito contribuiu na implantação e construção do Laboratório de Óptica, que foi responsável pelo desenvolvimento, aquisição de componentes, fabricação e montagem da IFU (Integral Field Unity) componente fundamental do SIFS. Nestes últimos 10 anos estivemos focados no desenvolvimento deste equipamento. Em nov/2009 terminamos e o enviamos ao SOAR, onde foi montado. Figura 1 - Centro de usinagem Veker 2- Tentou-se adquirir uma outra máquina semelhante à primeira, mas que tivesse um alcance maior, isto é, usinar peças com dimensões maiores. Conseguimos então um outro centro de usinagem CNC, também para fresamento a PETRUS 80130R - Nardine, mesa 500 x 1600 mm, magazine com 20 ferramentas, que foi montada no final de 2008. O segundo instrumento será o STELES, que está na fase inicial de aquisição de materiais, ferramentas e acessórios diversos. A instituição encontra-se em fase de expansão de sua infra-estrutura, em seus diferentes laboratórios para adequar às necessidades do fomento em pauta. A Ofmec/LNA, nos últimos anos, vem adquirindo novos equipamentos, máquinas e softwares de CAD e CAM com tecnologia de ponta. A Ofmec está plenamente apta para a fabricação de peças mecânicas de alta qualidade e para atender as tolerâncias e alta precisão que exigem os componentes optomecânicos destes instrumentos. Os principais equipamentos recém-adquiridos são: 1- Centro de usinagem CNC de fresamento CV-600 - Veker, mesa de 400 x 750 mm, magazine com 16 ferramentas. Primeira máquina que o LNA adquiriu e que foi a alavanca para o despertar para esta nova realidade. Foi adquirida com recursos do Instituto do Milênio. Figura 2 - Centro de usinagem Petrus 80130R 3- Vimos que estávamos deficientes no desenvolvimento de peças cilíndricas e, neste ano de 2009 adquirimos um Torno CNC GL240 - Romi com barramento inclinado, torre com 12 ferramentas e placa de 165 mm de diâmetro, que após aquisição dos acessórios e treinamento operacional irá, de certo modo, contribuir para uma adequação melhor neste campo de desenvolvimento mecânico. Figura 3 - Romi GL 240 4- Foi preciso adquirir algumas outras máquinas e equipamentos para enfatizar a manufatura da Ofmec. 4-1- Máquina de solda Master Tig; 4-2- Serra de fita vertical: Romarfra; 4-3- Afiadora de ferramentas: Ricavi; 4-4- Durômetro digital: Mitutoyo; 4-5- Centro de controle dimensional: Mitutoyo; 4-6- Rosqueadeira pneumática: Dauer. A Ofmec/LNA já recebeu todas essas máquinas e equipamentos e, com exceção da afiadora e do torno GL240 (que aguardam aquisição de acessórios), todos estão disponíveis para trabalho. Figura 4 - Centro de controle dimensional – Mitutoyo Figura 5 - Durômetro digital - Mitutoyo Osvaldo José da Silva é chefe da Oficina de Usinagem de Precisão do LNA D esde sua disponibilização efetiva para ciência em 2008B, o espectrógrafo Goodman tem sido o instrumento mais solicitado pelos astrônomos brasileiros no SOAR, sendo que para 2010A, por exemplo, reponde por mais da metade do tempo de observação concedido. Por esse motivo, fornecemos à comunidade astronômica um guia com dicas para a preparação do seu projeto de observação ou para uma observação remota. Baseados na experiência acumulada nos últimos anos, discorremos sobre algumas orientações e cuidados básicos no planejamento e execução das observações. Por problemas de espaço, uma versão mais completa deste documento pode ser consultada em: http://www.lna.br/soar/NSO/DicasGoodman.pdf. 1 - Procedimentos para Lidar com as Franjas de Interferência: Imagens e espectros no Goodman são fortemente afetados por franjas de interferência no vermelho (Fig. 1). Como metodologia para minimizar esse problema sugere-se o procedimento de observação a seguir. (a) Apontar para o objeto; (b) Obter lâmpadas de calibração e quartzo nesta posição; (c) Com a fenda de interesse no caminho óptico e o espectrógrafo ainda no modo de imageamento obter a imagem da fenda para determinar as posições xy de seu centro; (d) Desloquear o telescópio por meio do recurso de “Offset” da interface gráfica de modo a centralizar o objeto na fenda; (e) Obtenher uma imagem para verificar se o objeto está na fenda; (f) Introduzir a rede no caminho óptico escolhendo um dos modos espectroscópicos de observação; Figura 1 - Mapa de intensidade de uma imagem de flatfield normalizado (acima) e o gráfico de intensidades ao longo de uma linha horizontal que passa pelo centro de tal mapa (abaixo), deixando em evidência as franjas na região do vermelho. 2 - Use Filtros para Evitar a Contaminação de Segunda Ordem: recomenda-se o uso de filtros para remover a contaminação de segunda ordem em alguns modos de observação. Para rede de 300 l/mm a melhor opção é o filtro GG-385. No entanto, mesmo com o filtro é possível notar resquícios de contaminação. Por outro lado o filtro GG-455 elimina a contaminação, mas também remove a parte azul do espectro. Para rede de 600 l/mm Blue não é necessário nenhum filtro, no entanto, para rede de 600 l/mm Mid sugere-se o uso do filtro GG-455 e para rede de 600 l/mm Red usa-se o filtro GG-495. Para as redes de 1200 l/mm deve-se usar os filtros de ordem para os modos M5, M6 e M7. No caso do modo M5 usa-se o filtro GG-455, e tanto para o modo M6 quanto o M7 pode-se usar o filtro OG570. 3 - Dê Preferência aos Modos de Observação Padrão: Procure se restringir às configurações de rede e de câmera padrões (ver Tab.1), visto que essas atendem às demandas mais comuns de observação. Qualquer solicitação de um comprimento de onda central e cobertura espectral personalizados devem ser devidamente justificados a aprovados pela comissão avaliadora. Tabela 1 - Configurações padrões para as 3 redes de difração disponíveis no Goodman 4 - Indique a Qualidade da Pré-imagem: 5 - Facilite a Identificação dos Alvos Científicos: Para economizar tempo na execução de uma fila de observações, os pedidos exclusivamente de espectroscopia são acompanhados por pré-imagens com o mesmo foco utilizado para espectroscopia e tomadas em readout mais curto. Como os focos para o modo imageamento, e para cada combinação de filtros, orientação de rede e de câmera são distintos, então as pré-imagens podem estar ligeiramente desfocadas. Caso o PI deseje pré-imagens para uso científico, um pedido explícito com o Goodman em modo imageamento deve ser submetido em paralelo. Qualquer coordenada informada sem outra especificação será admitida como para J2000. A contradição entre a carta apresentada e o campo observado é um critério para abortar a observação até que o problema seja solucionado em conjunto com os responsáveis pelo projeto. Uma carta de localização deve ser anexada junto a cada objeto de ciência a ser observado. Especialmente em campos muito densos, o alvo deve ser realçado com algum tipo de indicação que o diferencie de objetos próximos. Para a observação de objetos extensos deve-se indicar não apenas o lugar onde a fenda pode ser centralizada, mas também a orientação da mesma. 6 - Leve em Conta os Efeitos da Aplicação de “Offsets”: Desaconselhamos o procedimento de obter a espectroscopia de objetos específicos por meio de “offsets” da fenda sem pré-imagens intermediárias. É possível fazer pequenos deslocamentos do telescópio em torno de uma dada referência onde a guiagem do telescópio é efetuada (poucos segundos de arco dependendo do campo da estrela de guiagem), mas não se pode confiar que o objeto esteja bem centralizado na fenda após o deslocamento, especialmente ao se usar fendas estreitas. O mesmo vale com relação à aplicação de diferentes ângulos de posição. 7 - Faça Estimativas da Razão Sinal/Ruído Apropriadas: Forneça a razão sinal/ruído (S/N) desejada em um dado comprimento de onda, no máximo do contínuo ou nos extremos espectrais. Valores muito discrepantes em relação ao esperado serão tomados como indício para abortar o programa até que seja identificado o problema com o PI. Lembre-se de considerar a resposta espectral em diferentes comprimentos de onda ao avaliar a razão S/N de interesse para o seu objeto. Em uma rede de 300 l/mm, por exemplo, é difícil obter bons espectros de quartzo ao longo de todos os comprimentos de onda, visto que no vermelho o espectro satura rapidamente. 8 - Verifique se as Correções por Overscan são Críticas: A associação das áreas antes e depois da região de sensibilização do CCD no modo espectroscópico à região de over- scan ainda precisa ser confirmada com os desenvolvedores do instrumento, de modo que correções por overscan devem ser interpretadas com cautela e quando possível evitadas. 9 - Facilite a Observação das Estrelas Padrão: Indique explicitamente a estrela padrão a ser observada, verificando se suas coordenadas são próximas às do objeto de ciência. Quando possível, evite as estrelas padrão mais afastadas. Não se deve indicar apenas o artigo de referência onde foram extraídas, como por exemplo: “observar uma estrela padrão de Amamas et al. (2008)”. Verifique com antecedência a qualidade das informações astrométricas e forneça a carta de localização para o objeto. 10 - Utilize Ângulos de Posição Alternativos: A direção de orientação padrão da fenda do Goodman é norte-sul. Por questões mecânicas, a direção de rotação da fenda depende da posição relativa do objeto em relação ao meridiano local. Assim sendo, ao solicitar um ângulo de posição este deve ser indicado segundo o padrão para medidas deste tipo de ângulo, ou seja, um ângulo anti-horário medido desde a direção norte para leste. Caso a orientação da fenda não seja explicitada, a direção norte-sul será adotada. Esteja atento ao fato de que em campos estelares densos, diversos espectros serão gerados dentro de uma mesma fenda. (Fig.2). Se isso for um problema escolha um ângulo de posição melhor para observação. Figura 2 - . Uso de um ângulo de posição para evitar muitos espectros numa mesma fenda, ou num raciocínio oposto, para colocar os espectros de diversos objetos numa mesma integração. 11 - Tenha Cuidado com a Magnitude Integrada de Objetos Compostos: Não confunda o brilho integrado de um conjunto de objetos com o brilho individual dos astros que compõem esse objeto, visto que isso pode fornecer uma estimativa errônea da razão S/N esperada. Em uma observação com condição de seeing boa é possível resolver espacialmente os membros individuais de um objeto composto, o que exige a escolha de um astro para ser centralizado na fenda para que assim seja executada a espectroscopia. Essa escolha pode fornecer um espectro que não representa o objeto como um todo. 12 - Escolha o Seeing, Largura e Orientação de Fenda de Maneira Crítica: Atenção aos propósitos dos pedidos no que diz respeito ao seeing, largura da fenda e orientação da fenda. (a) Se a calibração em fluxo é crítica, então se deve tomar cuidado para que o tamanho do disco de seeing seja com- patível com a largura de fenda escolhida, com a resolução espectral desejada e condições fotométricas. Embora o efeito da obstrução da fenda possa ser modelado a partir de algumas hipóteses geométricas, recomenda-se o uso de fendas largas para a observação das estrelas padrão. Por outro lado, mesmo que o efeito geométrico da obstrução da fenda possa ser estimado, o efeito da refração diferencial (ver Fig.3) é mais complicado de ser modelado. Ainda, o ângulo paraláctico deve ser aplicado devido à refração diferencial. Como não há acompanhamento do ângulo paraláctico ao longo de uma observação, um ângulo médio para observação é estimado. Considerando tempos de integração longos, as medidas de fluxo serão mais afetadas no início e no fim da observação do que no meio dela. Visto que a refração diferencial depende da massa de ar, faça uma estimativa dos fluxos considerando as piores condições observacionais permitidas pelo seu programa. Figura 3 - Representação em cores do efeito de refração diferencial na observação de uma estrela com uma fenda. Como as pré-imagens são feitas no visível a estrela pode estar centralizada nos comprimentos de onda verde e vermelho, mas como a refração afeta mais os comprimentos de onda no azul, este fluxo pode sair fora da fenda caso ela não se encontre no ângulo paralático. (b) Se as observações não necessitam de calibração em fluxo (eg. velocidades radiais, razões de linhas próximas, etc) evite as complicações mencionadas nos tópicos anteriores e utilize a fenda com uma orientação padrão. 13 - Escolha as Lâmpadas de Calibração Apropriadas ao seu Projeto: Os modos padrão de observação foram pensados de forma que pelo menos uma das lâmpadas de calibração pos- sua linhas espectrais em número e intensidade suficiente para calibrações em comprimento de onda. Se você precisar de um número grande de linhas espectrais no azul, recomenda-se o uso da lâmpada de CuAr, que demanda um tempo relativamente grande de integração (~120 s). Caso o tempo perdido com lâmpadas de calibração seja crítico em seu programa e a calibração em comprimento de onda admita incertezas maiores, sugere-se a utilização da lâmpada de HgAr (tempo de ex posição de ~20 s). Em outros casos pode-se fazer a observação das duas lâmpadas separadamente, somar digitalmente as imagens e fazer o reconhecimento das linhas espectrais em conjunto. Embora seja possível usar duas lâmpadas de calibração ligadas ao mesmo tempo, isso não é conveniente, pois as linhas espectrais de cada uma delas saturam em tempos diferentes. 14 - Uso alternado de Fendas Estreitas e Fendas Largas: Atenção ao alternar o uso de fendas largas e fendas estreitas no mesmo programa. Devido ao fato de o centro geométrico das diferentes fendas não coincidirem entre si, tem-se por consequência que o espectro obtido com uma fenda está ligeiramente deslocado do outro, dentro do limite de 50 Å. 15 - Limites para Acompanhamentos Não-Siderais: Observações com acompanhamento não sideral são possíveis, mas até o momento foram testadas com sucesso apenas integrações da ordem de 15 minutos e 3 seqüências de integrações com esse tempo. 16 - Atenções Especiais em Observações em Modo Clássico/Remoto: No caso de observações remotas, a obtenção de arquivos de calibração também é de responsabilidade do observador. Por isso, ele/ela deve entrar em contato com os Astrônomos Residentes e os Operadores do Telescópio previamente à noite de observação, e em tempo hábil para que seja possível fazer os preparativos até o crepúsculo da tarde. Enfatizamos que com o conjunto de dicas acima não temos a pretensão de ter coberto todos os tópicos necessários para a elaboração de projetos imunes a falhas de planejamento técnico. Por isso, fazemos um chamado aos usuários que experimentaram problemas com questões não abordadas nesse documento e mesmo àqueles que encontraram soluções próprias para qualquer questão envolvendo o espectrógrafo Goodman: colabore com dicas para que possamos acumular material e compartilhar, com os devidos créditos, as experiências de todos os usuários do Goodman em uma versão on-line dessas dicas, que serão constantemente atualizadas em http://www.lna.br/soar/NSO/info.html#Goo dman. Sérgio Scarano Jr. é Astrônomo Residente do Telescópio SOAR