Edições Pedra de Ajuda Seguindo as novas tendências de se consumir livros na era digital, decidimos lançar os nossos em e-books, pois vemos nessa plataforma uma boa oportunidade de facilitar a pregação do evangelho. Além de ser mais sustentável. Porém você pode ter o impresso em sua casa, é só enviar um e-mail para [email protected] com o seu endereço, o título do livro e a quantidade. Responderemos com o valor do pedido junto com as informações de depósito. Feito o pagamento, responderemos novamente seu e-mail com o comprovante de depósito anexado. Depois é só esperar em sua casa. Esse livro foi autorizado pelo autor a ser reproduzido somente no site www.pedradeajuda.com. Você pode baixá-lo em seu computador. É EXPRESSAMENTE PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESSA OBRA SEM A AUTORIZAÇÃO DO AUTOR. Testemunhas do Apocalipse Parte I Márcio Santos 2004 (Ficção Baseada no Apocalipse) Ilustrações: Daniela Santana Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total sem a permissão por escrito por parte do autor. Catalogado pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro sob número 321839/2004. CDD 808.3 CDD236 SOUZA, Márcio Santos de As Testemunhas do Apocalipse, 1a. Edição Rio de Janeiro, 2004 50 p 1. Ficção Religiosa 2. Literatura Juvenil I.Título Pedidos: EMAIL: [email protected] SITE: http://www.pedradeajuda.com Uma Breve Palavra Este é meu primeiro livro de ficção evangélica. Ficção porque são fatos irreais. Entretanto, o leitor irá perceber que tais fatos são baseados no Apocalipse. Por isso, é importante ressaltar que pus neste livro a minha visão do que poderia acontecer na Grande Tribulação e não do que realmente vai acontecer, apesar de tais acontecimentos escritos aqui estarem bem próximos do que a Bíblia relata. Mas, o mais importante é que tenho certeza que a estória contada falará ao coração de cada um, alertando para os acontecimentos profetizados na Bíblia Sagrada. Por isso, devemos a cada dia estar vigiando! 1 “Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes. Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo. As prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas. E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram. Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saílhe ao encontro! Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando. Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta. Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço. Vigiai pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.” (Mateus 25:1-13) . Capítulo 1 A Revelação M inha família estava em nossa casa de campo comemorando o meu aniversário e Mariana, minha esposa amada, falou aos convidados: - Tive um sonho muito terrível ontem à noite! Este sonho está perturbando minha alma, desejando contá-lo a todos vocês. Sei que muitos aqui são incrédulos no tocante à fé em Jesus, mas se eu não contar eu vou explodir dentro de mim. Por favor, tenham compreensão e aceitem o que vou contar, pois me parece que este sonho trata-se de uma revelação, pois por três dias o tenho sonhado, como se fosse um filme passando dentro de mim e na última noite foi o mais terrível de todos esses sonhos.” - falou ela com lágrimas nos olhos. Muitos, na verdade, estavam curiosos em ouvir o que ela tinha para falar, mas outros não queriam nem ouvir e logo torceram a cara. Acredito que isso se dava por causa do preconceito. Mariana era um vaso nas mãos de Deus, mas agia como uma pessoa comum, normal como as outras. Ela gostava de brincar com as pessoas, sorrir. Mas tudo isso é normal, pois muitos não olham para as pessoas com olhos espirituais, mas sim carnais. Muitos esperam que os vasos sejam como os anjos, mas na verdade a perfeição só será encontrada lá na glória. Somos imperfeitos e carentes da graça de Deus em nossa vida. Mariana era, sim, uma mulher prudente, que se vestia descentemente, andava nos padrões bíblicos da temperança e fugia do pecado. O interessante é que aquelas pessoas que torceram a cara foram justamente aquelas que se diziam santas, com suas roupas de inverno, embora habitamos num país tropical, mas só Deus sabe o que se passa em seus corações! Houve até uma vez em que o Augusto, meu primo crente, não aceitou que Juliana, minha cunhada, fosse batizada com o Espírito Santo simplesmente porque ela usava calça comprida. Ele, o santo, não podia passar um dia sem falar mal de alguém. Tempo para falar mal ele tinha, só não tinha tempo de ler a Bíblia. Certa vez, pedi para que abrisse no Livro de Deuteronômio e observei que ele estava lá perto de Apocalipse, procurando o versículo. Ele, porém, era muito dedicado, vivia sempre no monte, mas quando chegava em casa sempre arrumava uma briga com a esposa. Mas em tudo, Deus nos olha com os olhos espirituais e não com os de carne. Juliana sempre serviu ao Senhor com alegria e sempre demonstrou ser uma serva fiel. O interessante é que ela amava tanto ao Senhor que não restou espaço em seu coração para contrair um matrimônio. Às vezes acho que ela preferiu ficar sozinha para servir melhor ao Senhor... Estavam na sala, no sofá maior, o que ficava de frente para a televisão, o meu tio Ilário junto com sua esposa, minha tia Lia. Meu tio Ilário fazia juz ao nome pois ele era barrigudinho, pés chatos e tinha prognatismo. Mas não era só na aparência que ele era ilárico, mas em suas conversas engraçadas e cômicas. Minha tia Lia já era o oposto dele, sempre carrancuda, ou melhor dizendo, iracunda... Em tudo ela via problemas. Eu acho que quando tudo estava certo ela arrumava um jeitinho para brigar com ele. Mas, apesar de tudo, os dois viviam bem. Augusto estava sentado no sofá menor, ao lado da televisão, com seu terno preto, camisa amarela e gravata de personagens infantis. Que mau gosto ele tinha! E ele afirmava que crente que era crente tinha que andar igual a ele! Sua esposa Jurema, então, que era exagerada! Eu fazia de tudo para ficar há metros de distância dela, pois ela acreditava que crente não podia se depilar nem usar desodorante. Imagine ela pregando para um incrédulo! Eu acho que ele vai pensar várias vezes antes de se converter! Alfredo, meu irmão mais velho, que também estava na sala, era incrédulo quanto à fé em Jesus, mas era muito estudioso. Ele dizia que o motivo de pessoas entrarem para igrejas rígidas daquela maneira era porque elas possuíam um sentimento de culpa muito grande das atrocidades cometidas no passado e, por isso, desejavam o martírio com suas ações, como se isso fosse o suficiente para a salvação. Eu até acho fundamento na explicação dele, pois, na verdade, Jurema já havia sido prostituta no passado e vivia à base de drogas para conseguir dormir. Quando ela se converteu, tudo isso acabou e, quem olha para ela nem diz que ela era assim. Mas, de tudo, eles erram porque não compreendem as escrituras nem o poder de Deus. 2 Luciana, minha prima, era espírita e só acreditava em reencarnação. Gilberto, meu irmão mais novo, era católico do pé roxo, não faltava à uma missa de domingo! Meu tio Bruno era da seita Testemunha de Jeová, acreditava num mundo terreno. Realmente éramos uma família muito democrática. Além deles, que eram meus parentes mais achegados, estava na sala um de nossos amigos, Juarez, que já estava famoso como cantor no mundo gospel, além do pastor Sérgio e do pastor Felipe, ambos pregadores de renome. Sérgio tinha muitas posses. De vez em quando nos chamava para passear em sua ilha particular em Angra, mas nunca tive vontade de ir lá. O pastor Felipe, meu amigo de anos, era meio parecido comigo, não gostava muito de ostentação, embora fosse dono de uma fábrica de móveis de luxo. Ele sim, posso dizer, tinha amor pelas almas! Uma vez ele entrou numa favela para buscar uma ovelha perdida dentro de uma boca de fumo. Que coragem! Os meninos não fizeram nada com ele, mas com certeza o Senhor fechou a boca dos leões naquele dia! Sérgio, por sua vez, já era muito social e bem diferente de Felipe, mas tinha um conhecimento da Bíblia fora de sério. Além de nós, a propósito, meu nome é Lúcio, estavam os jovens junto com nossos filhos, Brenda e Bruno, lá no quintal. Brenda era linda, parecia com a mãe, tinha treze anos. Bruno era mais parecido comigo, exceto a gordura, é claro! Com seus vinte e cinco anos já estavam doidos para casar. Ele dizia que estava apaixonado pela Ester e Ester por ele. Na verdade eles faziam um casal bonito e apaixonado. O carinho entre eles era tremendo! Era, na verdade, um amor tão puro e bonito, que muito me orgulhava. O filho de Sérgio, o Serginho, era mundano e trocava mais de namorada do que de roupa. O apelido dele era sabonete! Mas, voltando ao sonho, Mariana mandou chamar os jovens que estavam no quintal, porque ela considerava importante que todos a escutassem. Depois que todos entraram na sala, Mariana começou: - Desde a primeira noite, sonhei como se não estivesse sonhando, mas como se fosse realidade. Pois bem, eu vi uma grande cratera em forma de abismo, no meio da terra. Parecia uma guerra, pois via pessoas sendo massacradas, outras gemendo, outras chorando... O interessante é o que eu via na cratera: de um lado estavam demônios sem qualquer disfarce e do outro, pessoas comuns. Os demônios chamavam aquelas pessoas, gesticulando as duas mãos, como se estivessem dizendo vem, vem, vem... Aquelas pessoas, por sua vez, caminhavam em direção ao abismo, sem se darem conta de que exista tal abismo. Eles andavam como que hipnotizados com os olhos arregalados, como zumbis. E eu via eles caindo e não parava de vir pessoas para cair naquele abismo. As lágrimas começaram a rolar em Mariana e depois de um silêncio de trinta segundos, ela continuou: - Naquele instante, eu entendi que aquelas pessoas eram pessoas comuns que estavam cegas, pois o deus deste século cegou o entendimento de muitos para que não vejam.3 Elas estavam mortas espiritualmente mas vivas no corpo, como zumbis, realmente. Senti meu coração chorar por aquelas almas naquele instante. Depois, no segundo sonho, é como se eu havia sido transportada para um outro cenário, onde vi a Avenida Brasil (uma das principais do Rio) lotada de cadáveres pelo chão. Comecei a andar e não havia como não pisar neles! Havia muito sangue também. Era como se houvesse tido uma grande guerra, mas logo entendi que eram as pessoas que estavam mortas na Batalha da Vida Eterna, pois amaram mais o mundo do que a Deus. Depois, fui transportada para cima e voei pelo globo, passando por alguns países e passei pelos Estados Unidos o rodeando, do sudeste para o nordeste e depois para o noroeste para então ir para o suldoeste e depois para o Vaticano. Acreditei que eram os lugares onde o Senhor ainda iria me enviar a pregar o Evangelho, mas podia ser outra coisa. Depois disso, no sonho do terceiro dia, me vi deitada no chão e, de repente, num instante apenas, me levantei de maneira reta, como se estivesse levitando, saindo da horizontal para a vertical. Entendi que estava sendo arrebatada para o encontro do Senhor. 4 Depois disso, entendi que o mundo ia passar por muita tribulação, mas nós, os arrebatados, nem tomaríamos conhecimento dos sofrimentos na terra. Após isso, vi o céu sendo rasgado como uma folha de papel. 5 É interessante, pois não consigo descrever com exatidão, pois nem todos entenderiam, mas foi exatamente o que vi: o céu havia sido rasgado de cima a baixo como se o universo fosse apenas um quadro pintado e deixaram de existir as estrelas e os astros; apenas a terra havia ficado solitária no meio do nada. Então, fui transportada para mais acima da terra e enxerguei ela como se ela fosse do tamanho de uma bola. Nesse instante, vi um fogo com suas labaredas que não subiam, mas entrelaçavam uma na outra, cobrindo toda a terra.6 Depois disso, cessaram as visões. Naquele instante, começou um falatório incompreensível naquela sala. O Pastor Felipe disse: -Eu sinto, meus amados, que, com certeza, ela teve um arrebatamento de sentidos e que o Senhor lhe mostrou as coisas que estão para acontecer. Gilberto, por sua vez, replicou: - Bobagem, isso é sonho de barriga cheia. Deus só se revelou no passado, na época dos apóstolos, hoje ninguém tem essa capacidade. Ela quer ser a “Joana” do Apocalipse? Tio Bruno balançou a cabeça aceitando a explicação do Gilberto, mas tio Ilário afirmou sua crença naquele sonho. A sala estava dividida. Até o pastor Sérgio parecia desacreditar no sonho de Mariana. Alfredo, então tentou explicar: -Isso é apenas um reflexo da leitura bíblica que Mariana faz diariamente. Ela sonhou aquilo que estava em seu sub consciente. Eu, por sua vez, balancei a cabeça como sinal de negação e falei: - Ora, gente, eu acredito em minha esposa, não porque ela é minha esposa, mas porque eu conheço a voz do Senhor. Só os espirituais conhecem as coisas espirituais. Portanto, não vamos discutir, quem quiser aceitar aceite e, quem não quiser, ignore. Depois daquela discussão fomos à cozinha tomar um cafezinho que Ana, nossa ajudadora do lar, havia preparado. Que cafezinho gostoso ela preparou! Parecia que ela havia moído o café naquele instante. O pão caseiro, quentinho, o bolo de fubá, tudo era uma delícia para todos nós! Ainda mais no agradável clima da montanha! Itatiaia... ah que saudade! Aquele cheirinho da montanha, da lenha queimada... Nunca vou esquecer aquele dia! À noite, partimos o bolo, recebi meus presentes e cada um foi para o seu canto descansar. Fomos para a varanda e tio Ilário pegou sua viola e começou a tocar suas belas músicas. A parceria na música do tio Ilário com o Juarez estava até engraçado, pois tio Ilário já não tinha mais voz para cantar. Mas, apesar desses pequenos detalhes, tio Ilário trouxe do fundo do baú as mais belas canções, além de algumas canções que ele tinha composto. Eram os clássicos evangélicos. Até Alfredo gostou dos hinos! Já eram duas horas da manhã e continuávamos cantando até que veio o sono e cada um foi para o seu cantinho dormir. No outro dia, o pastor Felipe chamou à todos para um café espiritual. Comíamos o nosso pão e ao mesmo tempo nos alimentávamos da Palavra. Aquela manhã foi preciosa, pois o pastor Felipe deu um estudo em cima de Mateus 24. Eu sabia, então, que ninguém ali tinha mais desculpa de não acreditar no arrebatamento da igreja e na grande tribulação. Infelizmente, muitos até não falaram nem discutiram, mas não acreditaram naquelas palavras. Até o pastor Sérgio falou: - Religião e futebol é coisa que não se discute. Eu, por exemplo, creio que Jesus virá, mas não agora. Eu acredito que ainda falta muito tempo para ele vir. Ainda tem muita coisa a ser feito nessa vida! Juliana, nervosa em ouvir aquilo, reclamou: - Que pastor é esse que não espera Jesus para agora? O pastor Sérgio virou a cara como quem não havia gostado daquele comentário e foi procurar um canto para respirar melhor. No dia seguinte, já era quarta-feira de cinzas e logo pela manhã, cada um fez sua mala e voltou para a vida cotidiana. Capítulo 2 A vida continua... P astor Felipe não conseguiu tirar aquela revelação da cabeça e, assim, começou a visitar igrejas pregando sobre a volta de Jesus e o Arrebatamento. Pastor Sérgio, por sua vez, se mantinha ocupado com seus negócios e quase não tinha tempo para ir à igreja. Quase todo tempo estava viajando à negócios. Ele até entrou para a política! A prosperidade estava sobre sua vida, pois, além daquela ilha que ele possuía, comprou ainda uma casa em Miami e todo mês ia passear naquele lugar. Pastor Sérgio estava se sentindo um rei com tantos empregados e bens materiais. Ele até dava o seu dízimo lá na igreja. Às vezes eu ficava pensando: “Estou a tanto tempo querendo ser pastor, tenho pregado nas ruas, me aplicado na obra, mas não consigo. Como o pastor Sérgio conseguiu ser pastor? Será que o dízimo dele contou para isso? Não, é melhor eu não pensar nisso e nem murmurar. É melhor ser servo sem cargo do que ter cargo sem ser servo!” Serginho, ao contrário de seu pai, não tirava aquele dia precioso de seu coração. Parou até de ficar com uma e outra! Depois daquele dia ele mudou muito! Quando o seu pai viajava, ele preferia ficar no Brasil com a gente. Fez até um cursinho de teclado para se unir ao grupo jovem! O Bruno até disse para o Serginho: - Cara! Se fosse eu não perdia uma viagem! Mas Serginho explicou: - Não, se Jesus voltar agora, eu quero ir e não quero ficar! Bruno, então concordou. Bruno e Ester resolveram se casar e assim ficaram noivos. Certo dia, porém, depois de receber mais liberdade por causa do noivado, passaram a sair juntos e sozinhos. No início, os dois recitavam versículos e namoravam, como verdadeiros crentes. Mas, como a carne é fraca, Bruno e Ester, após longo tempo se beijando, começaram a sentir seus corpos inflamarem. 7 O Bruno me contou, certa vez, que Ester havia tocado nele e ele nela. Então a voz da consciência, que ainda falava entre eles, falou mais alto e cada um foi para sua casa. Bruno, desesperado, não conseguiu dormir naquela noite, pensando naqueles momentos. Ester sonhava com o casamento e estava ansiosa para aquele dia. Assim, no outro dia, os dois resolveram marcar o casamento. Porém, Ester era sozinha, com apenas vinte anos de idade, sem pai e sem mãe, não pôde casar na data desejada e assim, teria que esperar completar os vinte e um anos de idade. Depois dessa decepção, os dois concordaram em cometer o ato sexual. “Ah! Vamos casar mesmo né? Pra que esperar?”- disse Bruno. O que poderia ser uma alegria passou a ser uma decepção. Após os momentos de prazer Bruno e Ester ficaram com suas consciências pesadas e os dois se arrependeram. O problema é que os dois só se arrependiam depois do ato, todas as vezes. Certa vez, era tão comum para eles aquilo que 8, ao invés de ir à igreja, procuraram um “lugar” para ficarem. No demais, o mundo estava vivendo seu momento normal. As coisas estavam caminhando. Tinha até um maluco dizendo que a violência ia acabar se todos mudassem de calendário!9 Onde já se viu isso? Ele chamava de Calendário da Paz. Dizia que esse calendário era proveitoso para todas as religiões e que o universo era regido pelos números e que Deus era apenas um número. Quanta heresia e blasfêmia! Tinha até uma estátua que ele a chamava “A Pedra Que Fala”, uma tal de Tolektanon, coisa da antiga civilização Asteca. Dizia que se todos meditassem cada dia nas profecias de Tolektanon e usassem o Calendário da Paz, que tinha treze meses de trinta dias e um dia livre para celebrar a Paz Mundial, o quinto Buda viria nos ensinar a ter Paz na Terra. Tinha até um tal de Maytreia que se dizia o tal quinto Buda, com genealogia supostamente comprovada em Abraão, Davi, Maomé e outros, se dizendo o centro das religiões. Ele dizia que ele era a Raiz de Davi e que todas as religiões levavam a ele e que Buda e Jesus tinham sido instruídos por ele, mas que agora ele mesmo havia vindo para trazer mil anos de paz sobre a terra e que ele só precisava de sete anos para realizar isso. 10 Ele dizia que todas as coisas boas que acontecera no Mundo era influência dele, coisas do tipo: a derrubada do muro de Berlim, os acordos de paz entre Judeus e Palestinos. (Ele só não falava das coisas ruins, como a queda das torres gêmeas!) Seus seguidores até pregavam sobre sinais que ele havia feito nos céus e na terra, aparições milagrosas etc. Ele tinha até uma certa aparência de bonzinho e só falava de coisas boas. Naquela época eu achei tudo aquilo muito estranho e procurei até estudar sobre essas falsas doutrinas. E o pior é que o Vaticano era a favor do novo calendário, dizendo que se isso era importante para a Paz, porque não adotálo? Afinal haveria até datas festivas para todas as religiões! Ainda, eu ficava pasmado em ver quantos queriam ser o anticristo. Eram muitos em vários lugares do mundo. Ainda havia um homem que fundou uma igreja que adorava o número seiscentos e sessenta e seis, dizendo que esse número atraía riquezas. Aquele homem, que se dizia o Cristo, pregava a liberdade sexual e a depravação era coisa comum. E o pior, eram muitos que entravam para a seita dele. Mas o que mais me assustava era ver a inércia espiritual de muitos crentes. Parecia que as coisas materiais eram mais importantes do que as espirituais! Estava difícil ouvir dizer que alguém havia sido batizado pelo Espírito Santo. Tinha igreja que só abria as portas aos domingos e nos outros dias funcionava com outras atividades. A falta de amor à Deus e aos homens, a terrível violência nas grandes cidades, o grande número de desviados, homens casando com homens e mulheres com mulheres, praças livres para qualquer tipo de pecado, a televisão mostrando tudo com normalidade... 11 Do outro lado, uma coisa que eu sempre observava era a política internacional. Todos estavam ligados através de acordos.12 O mundo já parecia um só bloco antes de tudo acontecer. Até o Brasil despertou para a globalização e foi conhecido como o país que trouxe luz à Nova Ordem.13 Mas, apesar de tudo isso, ainda existiam igrejas, poucas, que se preocupavam em manter-se fiéis às doutrinas dos apóstolos e viviam pregando a palavra com ousadia. Apesar do grande número de igrejas apóstatas, parecia que o Senhor havia levantado para a última colheita homens e mulheres preciosos que lutavam para pregar a Palavra com ousadia. Os irmãos da China eram os mais fervorosos. Aqueles até morriam por amor à Cristo nos países muçulmanos, sem temor. Tudo isso me fazia acreditar que algo estava para acontecer. O Brasil se destacava pelas explosões de cura, pelo avivamento precioso do Espírito, pelos missionários que cada vez mais iam para os campos não alcançados. Capítulo 3 O arrebatamento N aquele dia, após passarem a noite no motel, Bruno ficou preocupado com a desculpa que ele me daria por ter dormido fora e nem me avisado. É claro que fiquei preocupado, mas pensei que ele estava em alguma vigília. Assim, Bruno ligou para minha casa e ninguém respondeu. Bruno, então, achando que eu estava na igreja, se despreocupou e ligou o rádio daquele motel. Sem ele esperar, ouviu uma notícia que amargou dentro dele: -Até agora, as autoridades não têm resposta para o que aconteceu no mundo, pois sabe-se que desapareceram milhões de pessoas. A ONU convocou reunião extraordinária com os líderes dos países. Sabe-se, porém, que três aviões caíram e em vários lugares sucedeu um engarrafamento onde foram encontrados vários carros abandonados pela rua. Houve tragédias, ônibus desgovernados. O mais preocupante é que foi dado queixa de desaparecimento de milhares de crianças de colo. Médicos estão espantados pois faziam ultra sonografia e os fetos desapareceram de repente. Mulheres estão chorando pelas ruas. Homens que parecem fortes não cessam de chorar, como se fossem crianças. Até os mais fortes homens caíram em choro pelas ruas. Ninguém até agora está entendendo o que aconteceu. Ainda, o mais curioso acontecido foi no Rio de Janeiro, no Cemitério de Irajá, onde uma família evangélica estava cortejando o seu morto e de repente o caixão ficou leve como uma pena. Abriram o caixão e não havia mais corpo. As autoridades ainda não se pronunciaram quanto aos fatos, mas existem muitos boatos de que eles foram abduzidos pelos ETs. Voltaremos logo, logo com mais notícias... Naquele instante, Bruno olhou para Ester e os dois ficaram pálidos e com os olhos arregalados. Os dois entenderam que o arrebatamento de que Mariana falara havia acontecido naquele dia. - Senhor, tem misericórdia de mim! Eu me arrependo do que fiz. Prometo que não vou pecar mais! Abre-me a porta para eu entrar. - Clamou Bruno, arrependido. Ester, por sua vez, com a voz sem esperança, soluçando, falou: -Bruno, não adianta mais... (soluçou) Eu até li uma passagem a esse respeito. Agora, só nos resta a bênção de Deus de nós sermos mortos por amor a Cristo ou conseguirmos permanecer vivos até a volta do Senhor, daqui há sete anos. Bruno aceita: - Você tem razão... Devemos permanecermos fiéis ao Senhor a todo custo! Ester, então, pede para Bruno sairem daquele lugar e ir até a igreja, para ver quem mais havia ficado na terra. Quando os dois chegaram na igreja, como por um espanto, nos achou lá, com os olhos cheios de lágrimas e com nossas cabeças inclinadas para o chão, desanimados e atônitos com aquela situação. A experiência do arrebatamento para mim foi terrível, pois eu estava de mãos dadas com minha amada esposa Mariana quando, de repente,4 deixo de sentir suas mãos e somem de minhas vistas o Pastor Felipe e o Gastão, tecladista da igreja. Quando me dei conta, notei que apenas seis irmãos estavam comigo na igreja. Naquele momento, me perguntavam porque eu não fui achado digno de subir com o Senhor, já que eu estava na igreja naquele instante. Foi um golpe muito duro para mim. Foi aí que me dei conta de que havia me afastado do Senhor. Não sei quando isso aconteceu, mas sei que aconteceu, pois antes, eu era tão ativo na obra, mas depois que eu comecei a deixar a igreja por causa do trabalho, já que a situação estava difícil e precisava ganhar algumas horas extras, eu fui me esfriando. Na verdade, quando estava no culto, não cultuava ao Senhor, mas estava sempre pensando nas dívidas que se acumulavam. Parece até que quanto mais eu trabalhava, mais dinheiro eu gastava e nunca minhas finanças se equilibravam. Eu não conseguia dar o dízimo! Hoje, eu sei que tudo aquilo era em vão, pois o devorador estava assolando minha vida para eu não ter mais tempo para Deus e eu caí nessa armadilha. Mas, logo naquele dia que tive um tempinho para ir à igreja aconteceu o arrebatamento. Não deu tempo de encher a candeia, só pode ser isso! O mundo, naquele dia, estava um cáos. Muitas pessoas morreram nos acidentes, um medo pairava no coração da humanidade. Muitos se mataram. Eu me lembro, numa reportagem, assim que aconteceu o arrebatamento, que um repórter entrevistava ao vivo um senhor evangélico, chorando, dizendo que os fiéis subiram e que o fim estava próximo. A transmissão foi cortada na hora. Talvez o pessoal da televisão estava preocupado em causar mais medo do que as pessoas já estavam se sentindo. A verdade é que só os fiéis é que subiram. Me lembro que vi pessoas quebrando alguns salões dos Testemunhas de Jeová e gritando: “Vocês nos ensinaram tudo errado! Os crentes estavam certos! Jesus voltou agora e não em 1948!” Os padres explicavam nas igrejas que os extraterrenos é que haviam raptado os crentes, para fazer um mundo melhor sem diferença de crença e por isso levaram eles, para que não atrapalhasse o plano da religião única e a instituição da paz. Eles diziam que Elias também havia sido levado por eles no passado e que o mundo é regido por eles, que Nossa Senhora de Fátima, que havia aparecido em maio de 1917, era, na verdade, uma mensagem dos Extra-terrenos. Eles diziam que em breve tudo ia ficar calmo, pois o Vaticano havia falado que isso tudo já estava planejado. Chegou a noite e ninguém conseguiu dormir, com os olhos fixos na televisão, aguardando qualquer pronunciamento. Capítulo 4 O novo governo N o dia seguinte, a WZNN, em cadeia mundial, televisionou o pronunciamento do presidente da ONU. Este, reuniu os dez países mais ricos da terra com seus líderes e começou o pronunciamento: – Devido aos fatos que tem ocorrido, decidimos unir os dez países mais ricos do mundo para que achemos uma solução para o problema. Queremos pôr ordem na situação, pois as últimas horas têm sido de grande alarme e desespero, onde pessoas estão saqueando lojas, aumentou o número de roubos de carros, pessoas estão matando umas as outras por desconfiarem da culpa de cada um, brigas religiosas estão trazendo várias mortes em vários países. O mundo está um cáos e se nós não nos organizarmos para solucionar esses problemas, não sabemos o que mais poderá acontecer. Desse modo, as nações unidas, junto com os demais órgãos existentes, chegamos a um consenso em que façamos de todo mundo um só bloco político e econômico, formado pelos dez países mais ricos do mundo, por estarem melhores preparados para esse assunto. Assim, poderemos acabar com o problema atual e também aproveitar e acabar com a pobreza e a miséria daqueles países mais pobres. Vamos lutar para um mundo melhor... Sendo assim, assinamos um tratado entre os líderes dos povos da terra passando o governo mundial para esses países mais ricos, fundando a “Nova Ordem Mundial”, em inglês, “New World Order NWO”. Com isso, todos os países estarão sujeitos às leis que serão escritas mais adiante.14 “ Os dez chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam o reino, mas receberão autoridade, como reis, por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à besta.” (Ap 17.12,13) Os líderes, um a um, desesperados e atônitos com os acontecimentos, convencidos pela liderança desse novo governo, inclusive com o apoio do Vaticano, assinaram o tratado passando a direção de seus países e reinos para esses dez presidentes dos dez países mais ricos. E, aqueles que não entendiam, aplaudiram aquele feito e se sentiram aliviados com tal decisão. Muitos festejaram naquela hora, muitos idealistas acharam que aquela era a atitude que já deveria ter sido tomada há muito tempo, pois isso traria justiça social ao mundo e todos seriam tratados como um só povo e com dignidade. Os espíritas diziam que tinha chegado o tempo da justiça e da igualdade. Aqueles, porém, que conheceram o evangelho e eram sábios, entendiam o que estava para acontecer e ficaram calados, aguardando. Depois dos dez homens tomarem posse, assinando o tratado, passou uma hora e a WZNN voltou a focalizálos. E aconteceu conforme estava previsto em Apocalipse 17:12,13. Sim, aqueles dez governantes, em pronunciamento ao mundo disse: -Pareceu-nos por bem, instituir um líder dentre nós, para centralizar o governo da Nova Ordem, pois assim estaremos evitando problemas futuros que poderiam acontecer. Por isso, o Governo da Nova Ordem ficará sob comando e autoridade do Sr. Mytra, que em breve revelará o seu plano de governo que trará paz à terra. Ele é um homem bom que só faz o bem. Temos presenciado suas ações e conhecemos suas idéias de paz... O mundo passou à mão de um só homem, na esperança de alcançar a paz mundial. Quem era entendido sabia que ele era o que a Bíblia revelava: O Anticristo. E então, cada um respirou atônito com o que poderia acontecer. O mundo, diferentemente, estava sentindo um alívio por verem as coisas se encaminhando para um mundo melhor e, por isso, todos estavam ansiosos por saber das novas leis e prontos para cumprirem pelo bem da paz mundial. “ Olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vencendo, e para vencer.” (Apocalipse 6:2) - O anticristo receberá autoridade para trazer a aparente paz à terra, simbolizado pelo branco. Capítulo 5 A nova lei N o dia seguinte, o anticristo (somente os sábios sabiam quem ele era), em cadeia mundial, decretou suas leis: -Para o bem de todos e da Paz mundial entre as nações, no futuro bem próximo não haverá mais circulação do dinheiro vivo entre os povos. Cada cidadão deverá ter um cartão pessoal, que será validado pelo polegar ou pelas córneas, que irá controlar suas movimentações financeiras, suas compras e seus negócios. A moeda será apenas uma, que converterá as outras para o mesmo valor. Esta é a maneira mais confiável de acabar com o roubo. Também, cada um receberá um chips, contendo sua identificação mundial, poderá funcionar como localizador, de maneira que, caso haja algum crime, nossos satélites identificarão quem estavam e onde estão as pessoas que participaram do evento. Sendo assim, meu intuito será o de aniquilar o crime e, para isso, fica instituído a pena de morte para todos os criminosos e ficará sobre a terra somente aqueles que forem de bem. Por isso, todo cidadão será obrigado a se cadastrar e receber o chips, que será colocado na mão direita ou na testa, caso a pessoa seja defeituosa e não tenha a sua mão direita para se cadastrar. E, todo aquele que não receber a identificação no prazo máximo de um ano, será levado a julgamento e será tratado como criminoso, pois somente os criminosos não quererão receber o identificador, para não serem apanhados e, para o bem de todo o Governo e de todos os povos da terra, tal identificação é obrigatória. Meu outro decreto é que não podemos mais tolerar o que chamamos de intolerância religiosa, por isso, todos devem se esforçar e terão que se unirem à Comunidade da Luz e, para isso, decreto que todo templo ou igreja sejam fechadas ou deverão aderir à convenção, onde líderes do meu governo fiscalizará a cada uma para que cumpram os regulamentos. Para isso, escolho o Vaticano para liderar essa Comunidade, uma vez que ela é a mais numerosa em adeptos da Terra e é conhecida como a mais antiga. Decreto que todas as instituições comerciais e financeiras deverão seguir as ordens da Nova Ordem e, por isso, deverão se organizar pois não haverá emissão de papel moeda num prazo máximo de quatro anos, mas toda operação será realizada através do chips de identificação. Para isso, durante os três primeiros anos, o Governo Mundial fornecerá todo equipamento necessário para esse fim. Para enfatizar o início de um novo mundo, decreto que hoje, senhoras e senhores, é uma nova era. Por isso, hoje é o primeiro dia do reinado do Novo Mundo e as datas serão agora contadas a partir de hoje. Usaremos o Calendário da Paz, orientado pelo meu estudioso Gurú, o grande profeta de todos os tempos, Pacal Votan, conhecedor do mistério dos números e do universo. Hoje é o dia livre, o dia da Paz. Festejemos esse dia!... Com aquela notícia, encheu dentro de mim um desejo ardente de acabar com aquele homem, pois eu sabia quem ele era. Foi aí que tomei a decisão que me faria parar aqui nesse corredor da morte: decidi pregar contra ele. Fui para Atlanta, na Geórgia e me uni com os crentes de lá. Havia alguns irmãos que tinha conhecido numa missão na cidade de Americus que por descuido também ficaram. Formamos um grupo de sete irmãos e saimos anunciando o Evangelho e desmascarando o sr. Mytra. Recebemos apoio de muitos. Iniciamos nossa jornada em Miami mas depois de três dias tivemos que fugir dali. Nos dirigimos para a estação do Amtrak e pegamos o trem para a Carolina do Norte. Na Carolina do Norte conseguimos alguns adeptos ao nosso movimento. Foi então que seguimos de carro em direção a Washington. Passamos por uma cidadela que nem o nome se via no mapa, mas lá todos já estavam endemoniados e chegaram a sequestrar um de nós. Foi terrível, mas a unção de Deus veio sobre nós e com ousadia pregamos e anunciamos a Ira de Deus contra aquela cidade. Perdemos o Derek e agora éramos apenas seis. Saímos daquela cidade, limpamos nossos pés 15 e seguimos para Washington. Lá, não conseguimos nem falar com ninguém, tamanha a batalha espiritual que tivemos que enfrentar. Era comum ver os demônios nos seguindo e os agentes nos vigiando. Seguimos então para Nova Iorque. Em Nova Iorque, a Grande Maçã, observamos no meio da Times Square a depravação que os jovens cometiam. Eram jovens do mundo inteiro, japoneses, franceses, ingleses, portugueses... Pregar já não fazia mais efeito. Todos estavam com seus ouvidos e entendimentos fechados. Ninguém nos ouvia. Decidimos, então, pegar o trem até Chicago. Em Chicago as coisas ficaram piores. A violência contra os que se diziam crentes era tanta que foi difícil encontrarmos alguém para se unir a nós. O povo daquele lugar dizia que era necessário lutar contra todos que se opunham ao Calendário da Paz. Não nos restou outra saída a não ser irmos para Seatle. Em Seatle conseguimos encontrar um grupo de resistência que tinha um plano para acabar com o anticristo. Mas alguém tinha que ser o voluntário. Daí eu aceitei fazer parte daquele plano. Eu teria que simplesmente me infiltrar no Vaticano no dia da Missa do Galo, que fora substituída pela Missa da Paz, e atirar nele no meio da multidão. Assim, segui para Los Angeles para pegar o vôo para Milão. Quando cheguei ao Vaticano, na praça da Paz, esperei ele sair para a janela. Ele estava ao lado do Papa e começou a falar no microfone. Peguei minha arma e atirei em sua testa. Foi um tiro certeiro. É claro que pensei muito antes de aceitar essa missão. Nunca tinha tirado a vida de ninguém, mas, afinal, era o anticristo e eu, na minha igenuidade e falta de entendimento das escrituras, pensei que poderia abreviar as coisas. Que tolo que fui! Não sei onde estava com a cabeça. Se tivesse lido mais as Escrituras eu ia ver que só Jesus terá o poder de aniquilá-lo. E, na mesma hora, os seguranças me prenderam e fui condenado mesmo sem julgamento. O interessante é que, após eu ter feito aquilo, a notícia correu rapidamente, as televisões filmaram ele. Quando todos estavam assistindo atônitos, ele declarou: - Não se preocupem, pois nada poderá me derrotar. Sou aquele que deveria vir para trazer Paz na Terra e nada poderá me subsistir. O mundo está seguro comigo! Eu sou aquele que tem o poder de restaurar o Reino de Israel. Tudo isso parecia mostrar que ele era o Messias, pois além de tudo o que aconteceu, ele se reuniu com o governo Israelita e prometeu, através de um acordo de paz, conseguir reconstruir o Templo de Jerusalém sobre a Mesquita Muçulmana. Ele falava com eles que a paz Muldial dependia disso. Surpreendentemente, os líderes mulçumanos e israelitas assinaram um acordo de paz e iniciaram a reconstrução iniciando sobre o Muro das Lamentações, ao lado da Mesquita Mulçumana. Eles diziam que os judeus e mulçumanos poderiam viver em harmonia, uma vez que a bondade e a misericórdia deveriam prevalecer aos descendentes de Abraão. Alguns judeus até creram que aquele homem era diferente. Criam até que ele poderia ser o Messias enviado por D´us e até acreditavam que ao fazer esse acordo de paz estariam fazendo a vontade do Eterno. E, com isso, ele decretou que ninguém mais poderia lutar nem contra Mulçumanos nem contra Israelitas, pois eram povos de boas práticas e que amavam fazer o bem e condenou de uma vez por todas todo ataque terrorista ou de qualquer natureza entre todos os povos. Israel, assim, fez aliança com ele e permitiu que ele construísse lá o Palácio do Governo Mundial. Meu amigo, acredite, ele é o anticristo, e fique sabendo que virá ainda uma outra besta que fará sinais nos céus e na terra. Nesse instante, Lúcio, após ter contado sua estória para seu colega de cela, Carlos, suspirou e começou a chorar, pois faltavam apenas alguns dias para sua execução. Ele lembrou da época que era crente fiel, da felicidade que sentia ao ir à igreja e se arrependeu por não ter ficado firme com Jesus. - Ah! Como eu queria ter sido arrebatado também. Não estaria sofrendo como estou! Carlos, a nossa única esperança é não negar a Jesus e morrer por amor a ele! Carlos, então, abaixou a cabeça, ficou pensando por alguns instantes e declarou: “Lúcio, você não precisa dizer isso. Eu já sei. Eu era fervoroso na igreja também, mas dei vazão à minha carne. Havia uma irmã na igreja, Maria, que declarou seu amor por mim. Eu sabia que aquilo era uma atuação maligna contra mim, pois era casado e, por isso, resisti à tentação. Mas parece uma coisa! Tudo veio para me enfraquecer: minha esposa não me queria mais, vivia me atormentando. Ela dizia que sexo era pecado e tínhamos que nos santificar. Meu apetite sexual crescia, meu casamento estava um cáos e aquilo me enfraquecia espiritualmente e, como já estava na carne, cheio de desejos carnais e carente por afeto, não resisti. Foi aí que caí. Pedi separação, saí da igreja e estraguei a minha vida. Não muito tempo depois, eu caí num estado de miséria tão grande que caí nas drogas e na bebida. Na verdade, esses acontecimentos de agora foram a razão de eu voltar a si. Nem sei se sou digno de morrer por amor a Cristo. Sinto minha fé enfraquecida.” Lúcio, então, replicou: “Deixa disso! Essa é a sua única oportunidade de voltar para Cristo. Se Ele não nos amasse, certamente já estaríamos mortos sem esperança. Mas, se estamos aqui, é uma oportunidade única de voltarmos para ele. Não desanime. Em breve estaremos com Ele. Veja: por que nós não cantamos hinos para ele?” Naquele instante, Lúcio começou a cantar o Hino 15 da harpa. Carlos, então, começou a chorar e depois de duas estrofes, ele acompanhou Lúcio com o Hino. Naquele instante, o guarda superior estava passando e, ouvindo, se irritou amargamente e, sem mais nem menos, colocou cada um na solitária e disse: “Vocês só sairão daí quando negar a esse Jesus que vocês estão cantarolando!” Passado, então, os trinta dias de solitária, o guarda superior ainda ouvia aquela canção e, por isso disse: “É, vocês não têm jeito mesmo. Vou tirar vocês daí, mas para que morram!” Carlos e Lúcio ficaram um olhando para o outro, debaixo da guilhotina. Parece que aquela solitária serviu para aumentar a fé de cada um. Um olhou para o outro, sorridentes e muito, mas muito felizes, pois sabiam que toda aquela dor seria transformada em alegria dentro de instantes. 16 O Oficial Executor ficou curioso em ver o rosto deles alegres e não entendeu, mas, ao soar do apito, ele liberou a guilhotina e suas cabeças caíram, mas ainda com aquele sorriso estampado nos lábios! Chegou, dessa maneira, não o fim de Lúcio, nem de Carlos, mas o início de uma vida com Cristo! Quando Bruno ficou sabendo da morte de seu pai ele até ficou triste, mas logo ele se lembrou que o seu pai agora, sim, estava salvo! Assim, Bruno e Ester resolveram se casar para passarem juntos por aquela tribulação. O problema é que eles não poderiam fazer isso no cartório, pois teriam de se identificar e eles sabiam que essa identificação seria para início da perseguição. “Você se lembra dos judeus que, após se identificarem como tais, foram levados aos campos de concentração?” - disse Bruno. “É mesmo, e eu ouvi dizer há algum tempo atrás que existiam vários campos de concentração clandestinos espalhados pelo mundo e ainda com guilhotinas!” - replicou Ester. . Por isso, fizeram de tudo para encontrarem algum pastor pela região deles. Bruno disse: “Nunca pensei que seria raro encontrar um pastor!” Capítulo 6 A ilha dos anjos B runo e Ester, por não quererem se identificar e não encontrarem mais nehum pastor, resolveram fugir para a ilha do Pastor Sérgio e pedí-lo para casar os dois. Chegando em sua ilha, o pastor Sérgio lhes cumprimenta: “Olá, meus irmãos, graças a Deus vocês vieram. Já estava preocupado com vocês. Como é? Vocês já se identificaram perante a lei?” Na mesma hora, Bruno se indigna e lhe responde: “Ora, pastor, o senhor acha que somos loucos? É certo que erramos, mas conhecemos a Palavra e sabemos que não podemos fazer assim.” Nesse momento, o Pastor Sérgio sorri e lhes fala: “Não se preocupem, meus irmãos, eu só estava tentando verificar se vocês eram espiões. Sabem, depois do arrebatamento, analisei melhor minha vida espiritual e descobri que estava errado. Para amenizar minha situação com Deus, eu criei em minha ilha uma comunidade para passarmos bem por essa trribulação. Vocês gostariam de se juntar a nós?” Na mesma hora, Bruno e Ester olharam um para o outro sorridente e balançaram a cabeça dizendo que sim. Bruno acrescentou: “Pastor, eu gostaria que o senhor nos casasse ainda hoje!” O Pastor Sérgio, então, sorriu e disse: “Tudo bem, vamos para a aldeia. Aliás, batizei o nome da ilha como Ilha dos Anjos...” Caminharam, então, conversando e falando dos irmãos que ainda estavam na terra. Ao chegar na Ilha dos Anjos, o Pastor Sérgio chamou a todos e apresentou os mais novos membros e disse: “Se preparem porque hoje vai ter casamento!” Todos, então cantaram ao Senhor hinos de alegria. As irmães trataram de cuidar de Ester, alisou seu cabelo, ornamentaram-na com flores do campo. Os irmãos pegara Bruno e o levaram para a praia para fazer-lhe a despedida de solteiro. Bruno teve que pescar peixes com as mãos como parte da brincadeira. Bruno então observou junto às pedras um canal onde os peixes passavam. Tapou o lugar com galhos e logo então encurralou os pobres peixes. Conseguiu pescar setenta peixes e logo pensou: “Isso me faz lembrar de Jesus! Ele disse a Pedro que ele seria pescadores de homens. E eu aqui, me divertindo, enquanto muitos caminham para a perdição eterna!” 17 Chegando a noite, Bruno e Ester se casaram e se amaram durante toda a noite. Os dois se amavam muito! Ao amanhecer, foram para o culto matinal e se alegraram com todos. O culto foi uma bênção. Cantaram hinos de vitória e relembraram o quanto os cristãos da igreja primitiva também sofreram. Ao entardecer, o Pastor Sérgio convocou uma reunião com todos e lhes expôs sua idéia: “Meus filhos, sinto que é necessário convocar alguns para buscar outros irmãos antes que eles sejam pegos pela NWOP (New World Order Police Polícia da Nova Ordem Mundial) Por isso, gostaria de voluntários, um de cada igreja diferente para buscar os irmãos de vossa respectivas igrejas. Será uma bênção!” Na mesma hora todos disseram amém e muitos foram os voluntários. Depois de selecionar, o Pastor Sérgio levou- os em seu hiate até Angra dos Reis. Não levou nem uma semana para juntar os irmãos dispersos de cada igreja. Em duas semanas já estavam chegando na ilha cerca de 200 pessoas para se agregar na comunidade. Passado um mês, a ilha já estava com mil duzentos e sessenta irmãos. Os cultos eram repletos, os irmãos estavam orando a cada dia, a igreja estava cheia de pessoas arrependidas por não terem subido. O pastor Sérgio estava a cada dia surpreendendo os dois. Após dois meses de bênçãos, três irmãos se reuniram e decidiram convocar uma reunião dizendo: “Estamos todos aqui, aguardando os acontecimentos, longe do mundo e das notícias. Acho que essa atitude nossa é puramente egoísta. Deveríamos nos reunir e sair desta ilha para pregar o evangelho àqueles que ainda não aceitaram.” O Pastor Sérgio ficou indignado, chamou-os de rebeldes e decidiu que eles deveriam deixar a ilha, para evitar problemas. Entretanto, parece que já era tarde, pois o povo estava dividido. A maioria queria deixar a ilha junto com eles e pretendiam pregar o evangelho e resistir até à morte, pois sabiam que essa era a vontade de Deus. Foi aí que o Pastor Sérgio pediu que todos tivessem compreensão e esperassem mais um dia, pois ele iria providenciar as embarcações. O povo, então, concordou em esperar e aproveitaram para buscar a Deus. Bruno falou para Ester: “Que saudade tenho daqueles dias em que íamos para o Retiro de Carnaval! O Poder de Deus caía! Agora buscamos, buscamos, mas onde está o Espírito do Senhor? Só consigo sentir alegria no coração lendo a Palavra.” Ester então lhe falou: “Verdade! Mas agora só nos resta viver da Palavra!” 18 Capítulo 7 O espião N aquele instante, pastor Sérgio foi para seu gabinete, pegou seu telefone, ligou para o DIBOM (Departamento de Inteligência Brasileira da Ordem Mundial) e disse: “Alô, águia mãe, aqui é águia solitária em apuros.” Nesse instante, Ester passa pelo gabinete e, ao escutar aqueles dizeres, silenciosamente parou para escutar. O pastor Sérgio continuou: “Não estou conseguindo mais reter o ninho de cobra longe dos seus ovos.” Do outro lado, o agente responde: “Não tem problema, estaremos mandando ajuda hoje à noite. Leve-os para o campo central e fique longe por 300 metros de raio.” O pastor Sérgio, então, responde: “Entendido águia mãe. Águia Solitária desligando.” Ao ouvir aquelas palavras, Ester se desespera dentro de si e descuidadosamente, deixa cair o copo d’água que ela estava carregando. Imediatamente, o pastor Sérgio corre e pega-a pelo braço, tampando sua boca. Ester era fraquinha, magrinha, não conseguiu resistir. Sérgio, então, lacra sua boca e exclama: “Você não pode mais sair daqui! O meu plano tem que se cumprir.” Naquele instante, Sérgio conta para Ester os seus planos: “Recebi muito dinheiro para manter vocês longe das outras pessoas. Elas não podem associar o sumisso dos crentes ao que eles pregavam sobre arrebatamento.” Ester, naquele instante, olha bem para os olhos de Sérgio e ainda sem entender o que estava acontecendo, olha para ele como quem olha pergutando. Nesse instante, Sérgio revela a sua verdadeira intenção: “Eu queria poupar vocês, mas agora todos deverão morrer ainda esta noite. Se eu não fizer isso, eu é que morrerei. Você deve estar pensando o porquê de um pastor agir assim. Ora, eu amo minha vida, meus bens. Ainda tenho muita vida pela frente. Não quero perder tudo isso. Quando esse cáos passar vou me dar bem nos negócios.” Ester lhe faz sinal de que gostaria de falar. Sérgio, então, pega sua arma, aponta para ela e diz que se ela gritasse ele a mataria. Após ela balançar a cabeça concordando, Sérgio tira o tampão de sua boca. Ela fala: “Jesus disse: aquele que amar a sua vida perde-la-á e aquele que a perder por amor a mim acha-la-á. Por isso, desista do seu intento enquanto há tempo!” 19 Sérgio então replica: “Não, eu não consigo. Já estou muito compromissado com eles. Já até aceitei a identificação. Onde eu for, eles me acharão!” Ester, então, baixa a cabeça e perde as esperanças em convencê-lo. Segundos depois, Ester pede a Sérgio para poupar Bruno, mas ele estava determinado a acabar com todos. Naquele instante, porém, Bruno sente a falta de Ester e pergunta a todos sobre ela. Ana, a cozinheira, revela que viu Ester entrando no Gabinete do pastor. Foi aí que Bruno correu até lá, pressentindo como se alguma coisa ruim estivesse para acontecer. Ao chegar no gabinete, ele o encontra trancado. Bruno bate à porta desesperado. Sérgio, então, resolve abrir a porta, mas apontando uma arma para a cabeça de Bruno. “O que é isso?” - Pergunta Bruno, muito assustado. “Entra e fique calado.” - ordenou Sérgio. Bruno, semelhante à Ester, ficou sem saber o que estava acontecendo. Nesse instante, Sérgio tranca-os dentro do banheiro e sai do gabinete. “Ester, o que deu nesse pastor?” - pergunta Bruno muito assustado. Ester, então, lhe explica que o pastor, na verdade, era um agente do DIBOM, que já havia recebido a identificação e que ele foi corrompido pelo dinheiro. Ainda, Ester lhe revela o plano de Sérgio. Na mesma hora, Bruno olha para todos os lados, para ver se encontrava algum jeito de sair daquele lugar. Sem ter como escapar, resolvem gritar por socorro. O grito foi em vão, pois o banheiro ficava na parte mais funda da casa e longe de quem pudesse ouvir. Capítulo 8 O massacre e a fuga C hegando à noite, os agentes do DIBOM chegaram com seus helicópteros Comanche, doados pelo governo americano. Lançaram bombas, foguetes, mísseis e tiros. Parecia uma guerra. No outro dia, ao amanhecer, aquele campo estava inundado de sangue. As pessoas amontoadas umas sobre a outras. Era uma cena terrível. Até os adolescentes não escaparam. Era, realmente, uma cena de guerra. Ainda pela manhã, os guardas chegaram perto de cada pessoa caída para assegurar que estavam mortas. Após a contagem dos corpos, descobriram que tinham escapado cento e quarenta e quatro pessoas e, por isso, resolveram fazer as buscas pelo mato. Aonde eles encontrassem alguém vivo, sem a marca de identificação, eles matavam, seja velho, novo, homem, mulher ou até mesmo adolescentes. Ainda conseguiram matar mais setenta e quatro pessoas e descobriram que setenta tinham fugido pelo mar. Assim, passaram o rádio para a guarda costeira, que passaram a patrulhar as praias. Foram encontrados quarenta corpos na areia vítimas de afogamento. Trinta aparentemente escaparam do massacre. Era difícil ter certeza, uma vez que o mar estava revolto naqueles dias. Chegou a vez de Bruno e Ester saírem do cativeiro. Eles esperavam morrer assim que abrissem a porta. Mas Sérgio diz que lhes daria mais uma chance: “Vou levá-los à Angra, onde vocês serão julgados. Mas, lembrem-se: Negue a Jesus e receba a identificação, pois senão eles irão cortar a cabeça de vocês!” Bruno e Ester, então, são levados pelos guardas até à barca, onde ficam aprisionados no porão. Bruno, então, teve uma idéia: “Ester, vamos fugir enquanto é tempo!” Ester, então, lhe responde: “Como? Além do mais, acho que agora é o fim. E isso para mim acredito que é até bom. Iremos morrer como mártires!” Bruno, então replica: “Tudo bem, mas acho que devemos lutar por nossas vidas para podermos prosseguir com nosso plano de pregar o evangelho. Ou será que toda aquela gente morreu em vão?” Ester, então, continua: “Pense, Bruno. Eles não morreram em vão, eles morreram como mártires. Pra quê continuar sofrendo assim? Você está amando sua vida?” Bruno respira fundo e fala: “Não sei se o que vou fazer será o certo, mas quero lutar contra o governo do anticristo. Quero revelar a todos quem ele é. Vou quebrar o casco dessa barca. Assim que ele estiver afundando, com certeza eles terão que vir aqui e é aí que vamos fugir. Vamos pular na água. A essa hora já estamos perto da praia. Cada um deve fugir para um lado diferente.” Ester, então, chora: “E nós, como vamos nos encontrar depois disso?” Daí Bruno responde: “Vamos nos encontrar no Cemitério de Irajá. De lá vamos ver o que faremos!” Após ditas aquelas palavras, Bruno pega o machado e fura o casco, que começa a vazar. Em poucos minutos, os marinheiros se aproximam desesperadamente da porta e abre-a. Olhando o vazamento, correram para consertar o casco. Foi aí que Bruno e Ester, silenciosamente, sem ninguém perceber, fogem e pulam no mar. Quando a barca chegou em terra firme, perceberam que eles tinham fugido e logo passaram o rádio para as autoridades, dando a descrição de cada um. Capítulo 9 O desencontro A o chegar na praia, Bruno e Ester deitaram na areia para descansar. Eram duas da tarde quando se deram conta de que o perigo tinha passado. Bruno, então, fala com Ester: “Meu amor, estamos bem. Por que não vamos comer alguma coisa? Eu conheço um restaurante aqui perto.” Ester, então, chorando, lhe responde: “Meu amor, com que dinheiro? Você se esqueceu que não temos dinheiro, nem como usar o que foi guardado no banco, uma vez que somos fugitivos?” Bruno abaixa a cabeça e começa a pensar. “Já sei! Vamos para o porto e lá acharemos trabalho. Você vai para o Cemitério de Irajá e fica me esperando lá.” Bruno, então, se levanta e caminha até o porto. - “Vocês estão precisando de mão-de-obra aí?” Pergunta Bruno, esperançoso. - “Estamos sim! Você chegou bem na hora! São doze por hora.” Diz o encarregado. Nesse momento, Bruno acompanha o encarregado e começa a trabalhar duro, esperando receber no fim da noite. Quando o trabalho parou, Bruno vai à sala do encarregado receber seu salário. Chegando lá, Bruno não recebe seu salário, mas recebe uma notícia desagradável: “Qual a sua conta corrente?” - Perguntou o encarregado. Bruno, então, arregala os olhos e pergunta: “Ué, pensei que ia receber dinheiro vivo”. O encarregado sorri e fala: “Você andou afastado do mundo, meu jovem? Ninguém mais usa dinheiro vivo. Essa era já passou.” Então Bruno coça a cabeça e fala: “Meu senhor, eu vim de longe, onde não tem energia elétrica nem civilização. Inclusive, estou com fome e tenho que levar comida para minha esposa.” O encarregado, então, olha espantado e diz: “Cara, você tem que se identificar no CMPF (Cadastro Mundial de Pessoas Físicas) que eles vão abrir uma conta pra você. Hoje, nós só podemos comprar, vender, pagar, negociar pela identificação única. Sem essa identificação, não posso fazer nada por você! Fique aqui que eu vou explicar o seu caso para o oficial e ele te levará para se identificar.” Quando o encarregado saiu, Bruno foge daquele lugar. Ele já estava fraco e nem se aguentando mais. Porém, como um milagre, ele encontra um irmão do grupo jovem. “E aí Romero, como você está?” Romero sorri e fala: “Cara, eu estou bem, apesar das dificuldades que tenho encontrado.” Bruno lhe pede: “Você podia me fazer um favor: poderia me levar até a praça de Irajá?” Romero convida: “Claro, entre no carro!” Durante o caminho, Bruno lhe fala o que aconteceu na ilha, como ele conseguiu escapar e que havia se casado com Ester. Passado 15 minutos, Bruno estranha o caminho e pergunta: “Ué, não estávamos indo para Irajá? Que caminho é esse?” Romero explica: “Não, é que eu tenho que resolver um assunto rápido em Água Santa.” Passado alguns instantes Bruno percebe que algo estava errado, pois estavam se aproximando do Presídio de Água Santa. Bruno, então, golpea a cabeça de Romero e o carro fica desgovernado, batendo no poste da esquina com o presídio. Na mesma hora, os guardas vieram e perguntaram: “O que foi que aconteceu?” Bruno tenta explicar: “Não sei! Acho que ele pegou no sono! Levemno para o hospital que eu aviso à família.” O policial concordou e Bruno consegue escapar mais uma vez. Foi aí que começou a caminhar. Chegando no Méier, Bruno, sem aguentar mais e aproveitando que já era madrugada, começou a futucar as latas de lixo dos restaurantes. Ele fez a festa! Comeu sobra de pizza, pão e bolo e o resto dos refrigerantes. De dez copos ele conseguiu fazer meio copo. Parecia até que ele já estava por dentro de como se virar por aí, mas tudo aquilo ele aprendeu observando os moleques da favela que faziam aquilo por não terem o que comer em casa. O frio da noite fez com que a sua angústia aumentasse. Mas tudo o que ele queria era descansar o suficiente para prosseguir caminho. Então, quando o sol nasceu, Bruno se levantou e começou sua jornada. Afinal, ainda faltavam 15 kilômetros de caminhada. Quando a tarde chegou, Bruno conseguiu alcançar o cemitério, mas, ao chegar lá, o seu coração gelou, pois não encontrou Ester. Nesse instante, Bruno decide esperar. “Possa ser que ela tenha ido buscar alimento, quem sabe?” - pensa Bruno. Naquele lugar, Bruno encontrou um pé de abacate e fez a festa. Já haviam passado três dias e Ester ainda não havia aparecido. Bruno, então, começa a chorar e entende que alguma coisa poderia ter acontecido com ela. Foi aí que ele decide sair do cemitério. Ele estava fedendo, descabelado, sua roupa amarrotada e suja. Bruno tinha virado mendigo. O problema é que a polícia não permitia mais que os mendigos andassem pela rua. No início, o novo governo tinha prometido restaurar aquelas pessoas que moravam nas ruas, mas, não muito depois, eles começaram a executá-los, para limpar a cidade. Por isso, Bruno corria sério perigo em ficar andando por ali. Quando ele percebeu isso, resolveu sair da cidade, pela ferrovia, pensando que as coisas iam ficar mais fáceis para ele. O problema é que ele só podia andar à noite e bem sutilmente e a pé. Durante o dia, Bruno passou a se esconder em boeiros para dormir. Tudo era um risco. Pior ainda ficava quando chovia. E o pior é que Bruno falou tanto em pregar o Evangelho, mas não sentia coragem de fazê-lo. As coisas estavam difíceis para Bruno. E à cada noite que passava, Bruno ficava a imaginar onde estaria o seu amor. Capítulo 10 A procura A angústia apertou no coração dele. O amor se misturava com a saudade e, a cada dia que passava, Bruno temia não encontrar mais o amor de sua vida. “O que devo fazer?” - se perguntou Bruno. Bruno pensou tanto que doeu sua cabeça. Cançado de pensar, Bruno começa a caçar seu almoço quando, de repente, passa um trem cargueiro, o qual ele chamava de milheiro, pois carregava carvão e outros minérios para o porto de Sepetiba. Foi aí que ele se lembrou que ela tinha família na praia Grande e, quem sabe se ela tivesse ido para lá! Tudo é uma questão de tempo para descobrir -pensou ele. Quando o cargueiro passou sua velocidade era pequena, pois estava carregado. Foi aí que ele pulou e se deitou na caçamba de carvão. Chegando no Porto de Sepetiba, ele pulou e se escondeu no mato, à espera do cargueiro que ia para Angra. Quando este passou, pulou e entrou dentro da caçamba que, por sorte dele, estava vazia. Mais tarde, quando passava pela Praia Grande, ele saltou do trem, correu para o mar e, aliviado, tomou o seu banho tão sonhado. A noite estava chegando e ele não queria perder mais tempo naquele lugar. Ele continuou andando pela linha do trem, pois a família dela morava bem na beirinha. Quando ele avistou a casa de seus tios o seu coração palpitou. Estava certo de que encontraria Ester naquele lugar. Foi aí que ele correu e correu e, quando chegou, encontrou a casa aberta. Gritou: “Olá! Tem alguém em casa! É o Bruno!” Quando percebeu que não tinha ninguém, as lágrimas começaram a cair e seu coração parecia que tinha virado cera. Entrou pela casa, olhou os quartos, o banheiro, a cozinha... Parecia que aquela família havia também sido arrebatada. Naquele instante, Bruno parece ter perdido a esperança e se deitou naquela cama. Ele queria dormir e não mais acordar. A depressão havia tomado conta dele e dormiu. Pela manhã, logo após o nascer do sol, uma voz doce e suave vinha lá de fora. Parecia a voz de um anjo a cantar. E aquela melodia começou a fluir dentro do coração dele: “Manso e suave Jesus lhe chamando vem já vem já... Alma cançada vem já!” Será que estou no céu? pensou ele. Quando ele abriu seus olhos viu que ainda estava naquela casa. Na mesma hora ele deu um pulo da cama e correu para ver quem cantava. Era apenas a vizinha, uma jovem que Bruno já não via desde pequeno. “Cintia, é você?” - perguntou Bruno. Então Cintia lhe responde: “Sou eu mesma. E você quem é?” Ela já não se lembrava mais dele, pois Bruno tinha apenas nove anos quando eles se conheceram e ela, apenas três. “Eu sou Bruno, marido de Ester, sobrinha do Henrique, que morava nesta casa.” “Você disse marido de Ester?” - se espantou ela. “Sim, mas isso nem o tios dela sabiam, mas casamos e ela sumiu. Por isso estou aqui tentando achá-la.” “Você não vai acreditar” -disse ela. “Ester esteve aqui há dois dias atrás.” “Onde está ela?!” - perguntou Bruno alegre. “Ela me disse que esperou pelo marido em Irajá, no caso, você, mas como você não apareceu ela decidiu não esperar mais, pois já estava com fome e teve medo de ser pega pelos guardas. Aliás, eu sei para onde ela foi!” “Bruno, então, revigorou o seu ânimo e lhe pediu: “Por favor, me diga logo para que eu vá ao seu encontro!” Cintia coçou a cabeça e lhe disse: “Olha, ela foi para Santo Eduardo, perto de Bom Jesus, fronteira com o Espírito Santo. Ela disse que ia te procurar lá, na casa de seus parentes.” “Meu Deus!” - se espantou Bruno. “Lá não é um bom lugar para ela ir. Há parentes lá que faziam parte da guarda municipal e nunca aceitaram a Jesus! Tenho que ir lá depressa! Mas como?” “Ela foi de carona com Edu, meu irmão. Ele é caminhoneiro. Nesse instante ele já deve ter chegado lá.” - replicou Cintia. “Mas, se você sabe dirigir, o carro do Henrique está na garagem e já havia verificado antes que o tanque está cheio. Acho que dá para chegar lá sem precisar comprar gasolina.” “Vou agora mesmo!” “Espere! Não vai se alimentar antes? Assim você não vai nem conseguir chegar lá!” “Tem razão!” - respondeu Bruno. “Deixa que eu faço uma gororoba pra você!” Enquanto ela fazia a comida os dois conversavam sobre o arrebatamento, sobre as pessoas que subiram e as que ficaram. Entretanto, nem um nem outro tinha coragem de perguntar o porquê de cada um ter ficado. Cintia até sabia, pois Ester havia lhe contado, mas Bruno nada sabia sobre Cintia. Ele até se indagava e relutava dentro de si desejando perguntar. Mas, se perguntasse e ela ficasse ofendida como iria receber sua ajuda? Ela, naquele momento, era a chance dele encontrar Ester, sua amada. Assim, ele ficou em silêncio quanto a esse assunto. Após o almoço, Cintia tentou convencê-lo em ficar mais um dia para que ele pudesse descansar. Mas Bruno estava convicto do que queria e começou a arrumar o carro, colocar mantimentos, roupas etc. Quando ele estava quase saindo Cintia lhe fala: “Deixa eu ir com você? Estou sozinha mesmo, sem companhia e tenho até mesmo medo de ficar aqui sem ninguém. Eu sei que posso ajudá-lo, de alguma maneira!” “Não sei não.” - relutou Bruno. “Talvez não seja uma boa idéia. E se Ester pensar mal de nós dois juntos? Ela nunca me perdoaria e eu a amo muito.” “Não seja bobo! Se nós sairmos agora chegaremos lá em seis horas. E, além do mais, chegando lá eu saio e você encontra ela. Só não quero ficar aqui. Depois, se vocês não se importarem, gostaria de me unir a vocês. Melhor ficarmos juntos do que separados!” - replicou Cintia. “Tem razão. Vamos então...” Seguiram viagem por Teresópolis, pois julgaram ser mais fácil ficar longe da Polícia Federal. Quando chegaram em Além Paraíba, pararam para almoçar. Foram até um lugar escondido, conzinharam a comida no mini fogão que eles trouxeram. Olhando para a estrada, viram um comboio da Polícia Federal indo adiante. “Será que vamos passar por eles?” - perguntou Bruno. Então Cintia decide: “É melhor ficarmos aqui mais meia hora por via das dúvidas.” Passado meia hora, seguiram viagem. Quando chegaram em Piratininga o engarrafamento era grande. Um senhor passou perto do carro e perguntaram: “O que aconteceu lá na frente?” O velho respondeu: “Eles estão fazendo blitz na saída da cidade para ver se todos estão identificados.” Assim, antes de chegar na praça, Bruno virou na primeira rua à direita e estacionou. “E agora?” - perguntou Bruno. “É melhor deixar o carro aqui e se esconder em algum lugar até eles irem embora.” - Cintia respondeu. Assim, eles sairam do carro e, calmamente, para não levantar surpresa, saíram da cidade e caminharam para a roça. Encontraram lá uma senhora, sozinha naquela pequena casa de madeira e pediram para beber água. Aquela senhora se alegrou com eles ali e convidou-os a entrar. A hospitalidade era grande. Capítulo 11 Bruno chega em Santo Eduardo Q uando chegaram no carro, viram que a blitz havia terminado e seguiram viagem. Passaram em Santo Antônio de Pádua, desconfiados e preocupados, esperando para ver se haveria mais alguma blitz pelo caminho. Mas, felizmente, estava tudo calmo e Bruno segue caminho. “Agora falta menos de uma hora para chegarmos!” - disse ele, com o coração alegre. Após todas essa dificuldades, chegaram na antiga usina de cana-de-açúcar. Bruno deixou Cintia no carro e seguiu a pé. Já estava de noite, o breu era muito grande. Quando estava chegando perto ele escutou: “Mas rapaz, o José ganhô uma medaia de honra hoje! Esse negócio de capturar crente tá sendo um bom negócio mesmo. Eu é que vou ficar de olho pra ver se encontro alguém.”- falou um matuto. “Ora, cumpade, se eu fosse o zé eu tinha ficado é na minha. Essa tal de Ester lá do Rio é danada de bonita mesmo. Se fosse eu... Eu ia preferir é namorar com ela!” - falou o outro. Então o matuto respondeu: “Deixa de ser bobo, ela era casada com um tal de Bruno, sobrinho do zé. Ele até falô que se ele chegá lá ele entregue ele também.” Ouvindo aquilo, Bruno chorou, pois sabia que ela estava em apuros. Foi aí que ele correu para a delegacia e estava decidido a se entregar. “Quem sabe se assim não encontro Ester?” - suspirava ele. Mas, quando ele chegou ouviu o delegado falando: “Rapaz, aquela mulher que foi levada para o Rio fugiu no caminho. Eles fizeram até blitz em Piratininga pra ver se capturava ela mas ela fugiu.” Ouvindo isso, Bruno saiu de fininho. Voltou, então, para o vilarejo da Usina, mas não viu sua amada. “Onde estaria Ester nessa hora?”, indagou Bruno. A chuva começou a cair e o desespero de Bruno aumentou. “Senhor. Até agora não lhe pedi, mas lhe peço, que proteja minha amada Ester. Proteja-a da chuva, dos homens maus. Ajude-me a achá-la! Meu sofrimento tem sido notório aos teus olhos. Ajuda-me, Senhor...” Bruno ora pela sua amada e sente em seu coração uma esperança que o levanta. Capítulo 12 A sedução N a mesma hora Bruno correu de volta para onde o carro estava e contou para Cintia tudo o que havia acontecido. Então ele disse: “Vamos logo para lá. Quem sabe se não alcançamos ela?” Assim, tomaram rumo à Piratininga. Chegando lá, andaram perguntando a um e a outro se por acaso eles não viram uma jovem perdida por ali. Mas, ninguém a viu nem mesmo ouviu dizer algo a respeito. Assim, não restava outro jeito senão passar aquela noite ali. Foram então para a casa daquela senhora que havia lhes oferecido abrigo naquele dia. Ao chegar lá, aquela senhora lhes preparou uma janta bem gostosa: quiabo com agú. O quiabo, fresquinho, e o angú feito à sal e água, junto com o cheiro do forno à lenha trouxeram boas lembraças a Bruno. Quando ele era pequeno seu pai o levava para roça e juntos pescavam e almoçavam na casa de sua tia. Mas, onde estava Ester? Será que ela estava numa casa quentinha como aquela, com comida boa? Será que ela havia sido recapturada? Ou será que ela estava em perigo? Bruno não conseguia parar de pensar nisso. Mais tarde, quando chegou a hora de dormir, aquela senhora colocou os dois no mesmo quarto, pois achava que se tratava de uma casal e eles ficaram sem jeito de falar diferente, para não atrapalhar a chance de dormir bem aquela noite. Quando era lá para meia-noite Bruno acorda e percebe que Cintia está dormindo abraçada a ele. Bruno se espantou, acordou Cintia e lhe disse: “O que é isso? Não sabe que sou casado e que amo minha esposa?” Cintia, calmamente lhe diz: “Me desculpe, é que estava muito frio e pensei se não poderia me aquecer em seu corpo.” - falou Cintia demonstrando uma certa inocência. Então Bruno pegou o seu cobertor, colocou nela e se afastou para dormir cheio de frio. Mas Cintia replicou: “Ora Bruno. Por que você está com medo. Se você ama Ester então não tem problema se você dormir aqui comigo. Eu sei que você vai me respeitar e não fará nada que te leve ao pecado. Sua mente é que é suja.” Bruno pensou e sentiu a obrigação de demonstrar que nada poderia fazer ele pecar, uma vez que Ester era o seu amor. Mas, ao mesmo tempo, estava com medo de se sentir atraído pela Cíntia, pois ela era uma jovem muito bonita. De tanto Cintia insistir ele falou: “Tudo bem, mas vamos deitar um de costas para o outro.” Passados cinco minutos e Bruno não conseguia dormir, nem Cintia. Algo estava acontecendo, parecia que algo estava envolvendo os dois num romance. Cintia se vira e beija a nuca de Bruno. Bruno finge que dorme, mas começa a suspirar fundo, com medo, ou confuso. Cintia lhe declara: “Bruno, meu amor. Você nunca mais vai ver Ester outra vez.Talvez ela esteja até morta, quem sabe? Eu estou aqui e preciso de você. Estou sozinha. Vai, tenta esquecer ela comigo. Eu te amo desde o primeiro dia que te vi. Então ela começou a acariciar os seus cabelos com suas mãos macias. Ela começou a beijá-lo, querendo que ele virasse e a beijasse também. Suas mãos escorregavam pelo corpo de Bruno. Nesse instante, a tentação o cercou de tal maneira que parecia não ter escape. A sua carne já começou a despertar para o pecado, o seu coração começou a ficar fraco, começou a sentir uma forte atração por ela. Talvez Ester já não exista mesmo! pensou ele. Além do mais, eu não estou agüentando mais... Mas, naquele instante, ele lembrou do José do Egito e rapidamente se levantou e disse: “Cintia, é melhor nos separarmos por aqui. Essa nossa amizade não vai dar em coisa boa. Já não subi porque estava fora da comunhão. Agora eu quero fazer a coisa certa. Eu quero, na verdade, é morrer por Jesus.” Então Cintia, com raiva disse: “Esquece isso, fica comigo. Eu quero você. Você é meu”. Quando ela falava ele viu o seu rosto se transformar. Foi aí que ele percebeu que ela estava possessa e quem estava dizendo aquelas palavras era o próprio inimigo das almas. Ele repreendeu, saiu correndo, deixando ela no quarto, pegou o carro e fugiu. “Nunca mais quero ver essa mulher novamente!” Pensou Bruno, desesperado. Capítulo 13 O reencontro Q uando Bruno estava indo para Além Paraíba, ele pensou em Ester, começou a chorar e seus olhos se encheram de lágrimas. Naquele instante viu uma pessoa andando a pé e pensou: “Dou ou não dou carona a esse matuto?” Estava muito escuro; era lua nova. Pensou e pensou e decidiu conceder a carona. Mas, quando ele foi parando o carro, aquele matuto correu para o mato. Bruno parou, ficou sem entender e decidiu prosseguir viagem. Quando ele ligou o carro e ia acelerar ele escuta um grito vindo do mato e pensou: “Ora, esse grito parece o de Ester!” Na mesma hora ele saiu do carro e correu e deparou com o matuto parado e uma cobra perto dele. Então ele ficou sem entender e disse:“Moço, vem para cá bem devagarzinho que a cobra não vai te morder. Então aquele matuto se vira bem lentamente e um olha para o outro e, como um milagre, não era um matuto qualquer, era Ester disfarçada de matuto. Os dois correram um para o braço do outro, choraram e choraram, se beijaram. Um esfregou as mãos no rosto do outro e ambos soluçavam de alegria. Parecia um sonho! Bruno leva Ester para o carro e os dois falam sobre o que cada um passou. Após longas horas de conversas e beijos, dormiram ali naquela noite e os dois se amaram. Por volta da manhã, quando o galo cantou, Bruno e Ester acordaram, sorrindo um para o outro como dois apaixonados. Finalmente estavam juntos novamente e parecia que nada podia lhes separar. Os dois fizeram uma oração a Deus agradecendo pela grande vitória. Capítulo 14 O Meteoro De repente, apareceu um clarão no céu e logo depois um grande barulho e um grande terremoto. O céu ficou escuro, não se via mais o sol. Havia muita fumaça ali. Então Ester lembrou: “É o absinto! Está no livro de Apocalipse!” O temor tomou conta dos seus corações e ambos se abraçaram. Eles sabiam que a partir dali muita coisa ruim ia acontecer. Tomaram rumo para o Rio e Ester lhe falou: “Vamos para Sepetiba. Lá eu encontrei uma jovem muito legal. Ela é muito prestativa.” Bruno arregalou os olhos e disse: “Não, lá é muito perigoso. No caminho eu conto o que aconteceu. Aquela mulher não é flor que se cheire! Vamos para minha casa. Talvez encontremos alguém lá.Ah, quando chegarmos lá é momento de decidirmos algo!” “ O quê?” - perguntou Ester. “A coisa certa...” Continua... REFERÊNCIAS 1 Este livro foi escrito em três volumes para aguçar a curiosidade do leitor e o apetite pela leitura. 2 Mt 22.29;Mc 12.24; Mt 5.15; Mt 6.22; Lc 8.16 3 2 Co 4.4 4 Mt 24.40 5 Mt 24.29 6 2 Pe 3.7 7 1 Co 7.9; 8 Ef 4.18 9 Dn 7.25 10 Vide google: calendário paz e maytreya; Mt 24.24; 2 Ts 2.7-10 11 1 Tm 4.1; 2 Tm 4.3 12 Dn2.41 13 ref. entrega do plano da Nova Ordem pelo Lula. 14 em 2004, quando escrevi, não me lembro de ter ouvido falar de governos fazerem a Nova Ordem Mundial, hoje esse nome já é comum. (vers. 10 chifres ) Dn 7.24; Ap 12.3; 17.12 15 Jo 13.10 16 Rm 8.18; Sl 34.19; 17 Mt 4.19 18 Jo 6.63 19 Mc 8.35,36