Cal Neto, j. o. a. p.; Miguel, j. a. m. Unidades utilizadas para força de adesão Diferentes unidades têm sido utilizadas para quantificar a força de adesão obtida em testes, dentre elas o Megapascal, o Newton ou Quilograma-força e outras. A tabela 7 apresenta a distribuição destas. O Megapascal foi a unidade mais freqüente (111), representando 87% dos artigos selecionados. Tabela 5 - Número de espécimes por grupo nos testes. Espécimes por grupo Número de Publicações 06--10 28 11--15 30 16--20 33 20+ 36 Total 127 A velocidade de operação da máquina de ensaios A tabela 8 apresenta a utilização de diferentes velocidades de operação da máquina de ensaios, conforme o ensaio adotado pelo estudo. Quando o ensaio adotado era de cisalhamento, a velocidade mais freqüente foi de 5,0 mm/min (36%), sendo seguida pela de 1,0mm/min (35%) e pela de 0,5 mm/min (20%). Já quando em ensaios de tração, a velocidade mais freqüentemente adotada foi de 1,0mm/min (47%), seguida pela de 0,5 mm/min (24%). Tabela 6 - Tipo de braquetes utilizados por estudo. Tipo de braquetes Número de Publicações Metálicos 102 Cerâmicos 11 Metálicos e Cerâmicos 8 Plásticos 2 Metálicos e Plásticos 2 Metálicos, Cerâmicos e Plásticos 2 Total 127 Método para avaliação da resina remanescente Artun e Bergland1 desenvolveram o Índice de Adesivo Remanescente (ARI), que se tornou bastante difundido entre os pesquisadores. A tabela 9 avalia a utilização do ARI, comparando-a com outros ARI modificados e outros métodos. Foi observado que em 73% dos artigos selecionados foi utilizado algum método para avaliação da resina remanescente. O ARI desenvolvido por Artun & Bergland1 foi utilizado em 40% dos casos, ao passo que em 38% se optou pela modificação ou adaptação do ARI original, e em 22% foi preconizado um outro tipo de avaliação como, por exemplo o local da falha da adesão. Tabela 7 - Unidades para quantificar a força de adesão. Unidades Número de Publicações Mpa(N/mm , NM/m ) 111 N (KgF) 6 2 Kg/mm 5 Kg/cm2 4 2 2 Kg 1 Total 127 Tabela 8 - Velocidade da célula de carga por publicação, conforme o ensaio adotado. Velocidade Publicações por tipo de ensaio* Total Cisalhamento Tração 0,5 mm/min 21 5 25 1,0 mm/min 36 10 43 2,0 mm/min 4 4 8 5,0 mm/min 37 1 38 mais de 5,0 mm/min 5 1 6 103 21 127 não mencionada Total Análise estatística empregada A tabela 10 apresenta a análise estatística empregada, sendo distribuída de acordo com a quantidade de grupos comparados. Apenas três artigos não apresentaram análise estatística dos resultados obtidos. Além dos resultados expostos, foi avaliada a utilização da análise de Weibull, que ocorreu em apenas cinco artigos, representando cerca de 4% da amostra estudada. 7 *Em algumas publicações foram realizados ambos os ensaios, sendo computados no total como apenas uma publicação. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 47 Maringá, v. 9, n. 4, p. 44-51, jul./ago. 2004 Uma análise dos testes in vitro de força de adesão em Ortodontia Tabela 9 - Utilização de método para avaliação da resina remanescente. Método utilizado Número de Publicações ARI original 37 ARI modificado Tabela 10 - Análise estatística empregada nos artigos. Análise Estatística Número de grupos testados por artigo Dois Três ou mais ANOVA/Multiple Range Test 10 82 35 Teste t 11 9 Outro método 21 Teste t e ANOVA 1 1 Não realizado 34 Kruskal-Wallis 0 2 Total 127 Mann-Whitney U 0 4 Kruskal + Mann Whitney U 0 2 Wilcoxon 1 1 1 2 Total 24 103 • A força de adesão poderia ser quantificada tanto em Newtons como em MegaPascais. Para que seja discutida a validade de uma padronização ou mesmo novas sugestões para a elaboração de um protocolo se fazem necessárias algumas considerações prévias. No que se refere ao tipo de substrato utilizado, os dentes humanos permanentes são utilizados na maioria dos estudos, como observado neste levantamento, apesar da crescente utilização de dentes bovinos em testes de adesão. Os dentes bovinos têm sido considerados uma boa alternativa, já que além de serem mais facilmente obtidos, têm a estrutura do esmalte similar aos dentes humanos. Embora os dentes bovinos possam ser utilizados satisfatoriamente para se estudar a adesão ao esmalte in vitro, os níveis de força de adesão de braquetes ao esmalte bovino são de 21% a 44% menores que no esmalte humano, provavelmente devido a cristais mais largos, diferenças na formação e mais defeitos que o esmalte humano11, 13. Desta forma, para efeito de padronização, parece mais apropriado que os pré-molares continuem a ser o substrato de eleição para tais estudos. Com a crescente demanda de tratamento pelos adultos, outros substratos tais como, restaurações em amálgama, cerâmica e ouro, surgem na prática clínica e junto com estes, surgem produtos que possibilitam o atendimento de tais pacientes. DISCUSSãO Fox, McCabe e Buckley6 há quase uma década foram incisivos no sentido de demonstrar a necessidade de uma padronização da metodologia dos estudos, por não haver um consenso entre os pesquisadores. Nesta ocasião foram propostas as seguintes sugestões no sentido de se desenvolver um protocolo para futuros trabalhos em Ortodontia: • Deveriam ser usadas superfícies de pré-molares extraídos em adolescentes por razões ortodônticas • Os dentes poderiam ser utilizados após um mês e até seis meses depois da extração, devendo ser conservados em água destilada • Após a colagem, os espécimes deveriam ficar armazenados em água a 37° C durante 24 horas • A descolagem deveria ser realizada em Máquinas Instron ou similares operando a uma velocidade de 0,1 mm/min. • Deveria haver cuidado no sentido de garantir que todos os espécimes recebessem a carga de descolagem em direção e sentido similares. • Pelo menos 20 e preferivelmente 30 espécimes deveriam ser utilizados por teste • O sítio da falha adesiva deveria ser citado • A análise estatística deveria incluir uma análise de sobrevivência para fornecer uma predição do desempenho do material, que pode ser relacionada à situação clínica. R Dental Press Ortodon Ortop Facial Sem análise 48 Maringá, v. 9, n. 4, p. 44-51, jul./ago. 2004 Cal Neto, j. o. a. p.; Miguel, j. a. m. da entre os quatro intervalos adotados, sendo que apenas 28% dos artigos tiveram mais de 20 espécimes por grupo. A padronização da unidade de medida para a força de adesão é extremamente importante no sentido de facilitar a comparação de resultados. A utilização do Megapascal (MPa), ou de medidas equivalentes como Newtons por milímetro quadrado (N/mm2) ou Mega Newtons por metro quadrado (MN/m2), é mais apropriada por representarem a força por unidade de área necessária para deslocar o braquete de sua posição. Foi observada uma larga utilização do MegaPascal (87%) como unidade neste presente estudo o que é animador, embora seja importante mencionar que a utilização de Newtows para se quantificar as forças obtidas também é apropriada, desde que as dimensões da base do braquete empregado sejam mencionadas. Embora não seja um tema muito discutido, a padronização da velocidade de operação da máquina de ensaios é de extrema importância para que possam ser realizadas comparações entre diferentes trabalhos. Neste estudo ficou constatada a enorme variação existente no que se refere à adoção de um valor para esta velocidade. Tal situação é preocupante, pois se constitui numa das principais causas para discrepância entre trabalhos que analisam variáveis similares. Isto ocorre devido a uma tendência que existe de serem obtidos baixos valores de força de adesão ao esmalte quando é adotada uma maior velocidade de operação, ao passo que quando tal velocidade é menor, a tendência é que os valores de força sejam maiores7. Fox, Mc Cabe e Buckley6 recomendaram que os ensaios em máquinas Instron ou similares fossem conduzidos com uma velocidade de 0,1mm/min. Devido a tal valor proposto ser pouco utilizado na literatura, talvez valores variáveis entre 0,1 e 1 mm/min representem uma proposta mais razoável para uma padronização universal, o que está de acordo com os resultados obtidos neste estudo, já que se somados os trabalhos que adotaram 0,5 mm/min com os que optaram por 1mm/min, chegaremos a 55% (57) dos que realizaram ensaios Diversos estudos avaliaram a força de adesão de braquetes ortodônticos a estas diferentes superfícies. Nestes casos, um ponto importante seria a utilização de braquetes para incisivos centrais por possuírem uma base mais planificada, que se adaptariam mais facilmente às superfícies a serem testadas, que normalmente são planas, já que é incomum a confecção de espécimes com contornos coronários. A tabela 3 revela a grande freqüência da utilização da água destilada para armazenamento dos espécimes. A utilização de substâncias como o Timol a 0,1% parece interessante no sentido de preservar os espécimes livres de contaminação, especialmente em períodos mais prolongados, embora existam alguns estudos que demonstraram não haver diferença estatisticamente significante na força de adesão entre intervalos que variem de 3 horas a 6 meses de estocagem10, 16. Os ensaios de cisalhamento foram os mais aplicados para análise da força de adesão, em detrimento dos ensaios de tração. Dentre as hipóteses para justificar este achado, talvez esteja a idéia de similaridade que o ensaio de cisalhamento tem com as forças que mais freqüentemente resultam em falhas na adesão de braquetes clinicamente9, embora estas sejam de difícil reprodução devido à sua grande complexidade. Outro ponto a ser considerado talvez seja uma maior facilidade na metodologia aplicada, apesar do ensaio de cisalhamento ser muito mais sensível a falhas na confecção dos espécimes que o ensaio de tração8. Outro ponto de grande discussão diz respeito ao número apropriado de espécimes por grupo. No intuito de se generalizar os trabalhos e até de os tornar mais significativos seria interessante que se utilizasse um número mínimo de 20 espécimes por grupo em estudos in vitro, ao passo que trabalhos com amostras menores poderiam ser utilizados para pesquisas de divulgação interna em instituições, não para publicações6, 19. Neste levantamento foi observada uma grande variação neste ponto, havendo uma distribuição equilibra- R Dental Press Ortodon Ortop Facial 49 Maringá, v. 9, n. 4, p. 44-51, jul./ago. 2004 Uma análise dos testes in vitro de força de adesão em Ortodontia conforme observado neste estudo, a Análise de Weibull constitui um excelente recurso estatístico. Consiste em elaborar a probabilidade de falha na adesão a partir de diferentes valores de força aplicados no braquete. Seu uso é interessante por fornecer estimativas da performance clínica de diferentes produtos, apresentando informações mais relevantes ao ortodontista, do que simplesmente a menção dos valores médios de força de adesão17. de cisalhamento e 71% (15) dos de tração. Uma preocupação de todos os clínicos é manter a superfície do esmalte sem danos após o procedimento de descolagem. Falhas adesivas dentro do adesivo ou na interface adesivo-braquete se tornam mais desejáveis, do que na interface esmalte-adesivo, já que esta última tem sido responsável pelo surgimento de fraturas e fissuras no momento da descolagem4. O índice de resina remanescente (ARI) constitui um excelente recurso no sentido de prover informações a respeito da qualidade da adesão do compósito ao dente e do compósito à base do braquete. Neste levantamento foi observada uma grande variação no que se refere à forma como a resina remanescente ou a falha adesiva foi analisada. O método sugerido inicialmente por Artun e Bergland1 é interessante por ser simples, prático e largamente difundido em todo o mundo, sendo apropriadamente o mais indicado no sentido de se padronizar os testes de força de adesão in vitro. Como apresentado na tabela 10, o Teste t foi o mais utilizado em trabalhos onde foram comparados 2 grupos diferentes (48%), sendo ainda empregado em 9 artigos para comparar 3 ou mais grupos. Na realidade, o utilização do Teste t para se comparar mais de 2 grupos representa um equívoco, já que a probabilidade de erro é aumentada, o nível de significância é alterado, e os testes aplicados não são independentes. A Análise de Variância (ANOVA) representa a opção correta em grande parte dos casos onde 3 ou mais grupos são comparados, tendo sido aplicada em 82 artigos (79,6%). Apesar disso, é importante que seja enfatizado que o Teste t e a Análise de Variância não representam a melhor opção em todos os casos. Na realidade, tais testes são apropriados quando as amostras avaliadas possuem uma distribuição normal, o que não ocorre sempre5. Nestas situações a melhor opção é a utilização de testes não-paramétricos, como os de Kruskal-Wallis e de MannWhitney U. Embora não seja utilizada em larga escala, R Dental Press Ortodon Ortop Facial CONCLUSÕES Neste estudo, ficou evidenciado que persiste a falta de consenso na metodologia dos testes de força de adesão in vitro em Ortodontia. Apesar de decorridos quase dez anos desde as sugestões realizadas por Fox, McCabe e Buckley6, em diversos pontos discutidos fica inerente a necessidade de que seja estabelecida uma padronização. Suas sugestões continuam sendo pertinentes, havendo apenas outras sugestões e algumas modificações já consideradas, relativas à velocidade de operação da máquina de ensaios e ao uso do ARI conforme preconizado por Artun e Bergland1, que deveriam ser realizadas no sentido de tornar um possível protocolo mais adaptável aos métodos utilizados por diferentes pesquisadores em todo o mundo. Um protocolo único continua sendo vital, e seria desejável no sentido de facilitar o preparo dos espécimes, tornar os métodos mais simples e exeqüíveis, ao passo que tornaria os resultados obtidos pelos pesquisadores muito mais compreensíveis e valorosos, facilitando comparações entre materiais em diferentes trabalhos, oferecendo orientações muito mais seguras e práticas ao ortodontista. Enviado em: Setembro de 2003 Revisado e aceito: Novembro de 2003 50 Maringá, v. 9, n. 4, p. 44-51, jul./ago. 2004 Cal Neto, j. o. a. p.; Miguel, j. a. m. An analysis of in vitro bond strength testing in Orthodontics Abstract The aim of this study was to examine the recent methodology used in laboratory analysis of bond strength in orthodontics. The material used was all the articles published in the American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopaedics or The Angle Orthodontics in which the bonding between the bracket and several surfaces were evaluated by Instron Universal Testing Machine or similar devices. It was found 127 articles, in which 86% tested the specimens in shear mode, and 14% used the tensile technique. Among the studies with human teeth (68%) premolars were the most frequent (57%), followed by molars (31%). According to the number of specimens per group, 28 studies analysed from 6 to 10; 30 from 11 to 15; 33 from 16 to 20; and 36 analyzed more than 20 specimens. According to nature of the storage solution, the most used were distilled water (43%), followed by 0.1% Timol (28%) and 0.9% saline solution (12%). With regard to the cross head speed, in 25 studies were of 0,5mm/min; in 43 were of 1.0mm/min; in 8 was of 2.0mm/min; and in 38 was of 5.0mm/min. The authors concluded that there was not an agreement in the methodology on those studies, and so there is a potential need of technique standardization. Key words: Composites. Orthodontic Bonding. Orthodontics. Referências 1. ARTUN, J.; BERGLAND, S. Clinical trials with crystal growth conditioning as an alternative to acid-etch enamel pretreatment. Am J Orthod, St. Louis, v. 85, p. 333-340, 1984 2. BISHARA, S. E. et al. Effect of a self-etch primer/adhesive on the shear bond strength of orthodontic brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v.119, p. 621-624, 2001. 3. BUONOCORE, M. G. Simple method of increasing the adhesion of acrylic filling materials to enamel surface. J Dent Res, Chicago, v. 34, p. 849-853, 1955. 4. CARTENSEN, W. Clinical results after direct bonding of brackets using shorter etch times. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 89, no.1, p.70-72, 1986. 5. FOX, N. A.; McCABE, J. F. An easily removable ceramic bracket? Br J Orthod, London, v.19, p.305-309, 1992. 6. FOX, N. A.; McCABE, J. F; BUCKLEY, J. G. A critique of bond strength testing in orthodontics. Br J Orthod, London, v. 21, p. 33-43, 1994. 7. LINDEMUTH, J. S.; HAGGE, M. S. Effect of universal testing machine crossheadspeed on the shear bond strength and bonding failure mode of composite resin to enamel and dentin. Military Medicine, Erlanger, v. 165, no.10, p. 742-746, 2000. 8. KATONA, T. R. The effects of load location and misalignment on shear/peel testing of direct bonded orthodontic brckets- a finite element model. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 106, no. 4, p. 395-402, 1994. 9. MILLET, D.T.; McCABE, J. F. Orthodontic bonding with glass ionomer cement : a review. Eur J Orthod, Essex, v.18, no. 4, p. 385-399, 1996. 10. NAGEL, N. J. A materials evaluation of ten direct bonding sys- 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. tems utilizing polycarbonate brackets. Am J Orthod, St. Louis, v. 67, p. 460-461, 1975. NAKAMICHI, I.; IWAKU, M.; FUSAYAMA, T. Bovine teeth as possible substitutes in the adhesion test. J Dent Res, Chicago, v. 62, p.1076-1081, 1983. NEWMAN, G.V. Epoxy adhesives for orthodontic attachments: progress report. Am J Orthod, St. Louis, v. 51, no.12, p. 901912, 1965. OESTERLE, L. J.; SHELLHART, W. C.; BELANGER, G. K. The use of bovine enamel in bonding studies. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v.114, no.5, p. 514-519, 1998. RETIEF, D. H.; SADOWSKY, P. L. Clinical experience with the acid etch technique in orthodontics. Am J Orthod, St. Louis, v. 68, no. 6, p. 645-654, 1975. REYNOLDS, I. R. A review of direct orthodontic bonding. Br J Orthod, London, v. 2, no. 3, p.171-178, 1975. REYNOLDS, I. R.; VON FRAUNHOFER, J. A. Direct bonding of orthodontic brackets, a comparative study of adhesives. Br J Orthod, London, v. 3, p.143-146, 1976. SARGISON, J. F.; McCABE, J. F.; MILLETT, D.T. A laboratory investigation to compare enamel preparation by sandblasting or acid etching prior to bracket bonding. Br J Orthod, London, v. 26, p.141-146, 1999. WEBSTER, M. J. et al. The effect of saliva on shear bond strengths of hydrophilic bonding systems. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 119, p. 54-58, 2001. WELBURY, R. R. et al. Factors affecting the bond strength of composite resin to etched glass ionomer cement. J Dent, Bristol, v.16, p.188-193, 1988. Endereço para correspondência Julio Orrico de Aragão Pedra e Cal Neto Rua Almirante Luis Belart, 190 - Apto. 206 Jardim Guanabara CEP 21941-100 Rio de Janeiro - RJ E-mail: [email protected] R Dental Press Ortodon Ortop Facial 51 Maringá, v. 9, n. 4, p. 44-51, jul./ago. 2004 Artigo Inédito Composição química e resistência mecânica da base de braquetes “Straight-Wire” Luciana de Paula Gontijo*, Enio Tonani Mazzieiro**, Janes Landre Júnior*** Resumo Esse trabalho objetivou comparar as durezas superficiais e as características metalográficas das bases de braquetes “straight-wire” de quatro marcas comerciais: Morelli, Abzil Lancer, Unitek e A-Company. As durezas superficiais foram avaliadas por meio de um teste de dureza realizado com o auxílio de um microdurômetro. Os resultados indicaram diferenças entre as marcas comerciais testadas onde os braquetes da A-Company apresentaram os valores mais altos de dureza (314 HV), seguidos da Unitek (325 HV), Abzil (230 HV) e Morelli (192 HV). As características metalográficas das bases de braquetes foram avaliadas por meio de um espectrômetro, onde observou-se a presença de elementos de liga como o cromo, o níquel, o silício, o cobre, o alumínio, o enxofre e o nióbio. A quantidade de cada elemento de liga variou entre as marcas, provavelmente devido ao processo de fabricação industrial, mas sem interferir na qualidade final da liga. Palavras-chave: Braquetes. Base de braquete. Dureza Vickers. Metalografia. desvios compensatórios das espessuras dos dentes em conjunto com arcos retos, alcançando automaticamente uma boa oclusão. Contudo, para que isso ocorra, torna-se necessário que os braquetes possuam uma estabilidade estrutural, isto é, que não se deformem durante o tratamento. Os materiais utilizados na confecção dos aparelhos devem ser manufaturados, de tal forma que as dimensões internas do encaixe do “slot” sejam precisas, pelo menos em um milésimo de polegada. Além disso, devem ser resistentes às deformações decorrentes das forças da mastigação a que estão submetidos11. O metal mais utilizado na confecção de braquetes é o aço inoxidável austenítico (AISI aço inoxidável tipo 316L), o qual possui 18 % de cromo, Introdução A evolução dos acessórios ortodônticos é marcada por uma busca incessante de se posicionar os dentes em todos os três planos do espaço. O aparelho mais difundido atualmente utiliza braquetes do tipo “edgewise” modificados, onde foram incorporadas em suas estruturas as dobras de 1ª, 2ª e 3ª ordem, com a finalidade de se atingir o controle tridimensional do movimento dentário utilizando-se arcos retos. Esse sistema recebeu a denominação de “straight-wire”. De acordo com Andrews1,2,3 a orientação dos dentes em boa oclusão e a morfologia dentária mostram-se suficientemente similares, de paciente para paciente, o que permite o uso generalizado de braquetes pré-torqueados, pré-angulados e com * Aluna do curso de Mestrado em Ortodontia do COP-PUCMinas. ** Doutor em Ortodontia. Coordenador do Mestrado em Ortodontia do COP-PUCMinas. Orientador do trabalho. *** Doutor em Engenharia Mecânica. Professor do Departamento de Engenharia da PUCMinas. Co-Orientador do trabalho. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 52 Maringá, v. 9, n. 4, p. 52-59, jul./ago. 2004 Gontijo, L. P.; Mazzieiro, E. T.; landre Júnior, J. necessário ter uma idéia aproximada da natureza e fabricação de certos materiais metálicos9. Os ensaios mecânicos determinam valores numéricos que caracterizam, de certa maneira, as propriedades mecânicas do material. Estas determinações são feitas com auxílio de máquinas apropriadas que, ao mesmo tempo que aplicam o esforço, acusam a sua intensidade. O ensaio pode ser feito sobre peças inteiras ou sobre pedaços de forma conveniente (corpos de prova) extraídos das peças. Neste caso, os resultados obtidos representam as propriedades mecânicas do material de que a peça é feita e não propriamente as da peça em si, como um todo7. O ensaio de dureza é largamente utilizado na especificação e comparação de materiais. Intrinsecamente traduz uma característica referente à superfície do metal, entretanto, para materiais homogêneos, é tomado como uma propriedade global e representativa do material. Dentre os vários métodos utilizados para se avaliar a dureza, o Método Vickers, é muito indicado quando se deseja a determinação da dureza de constituintes individuais de uma certa estrutura, ou ainda de materiais frágeis e peças de pequenas dimensões ou espessura12. O termo dureza assume diversos significados devido à existência de uma grande divergência de opiniões entre os estudiosos das mais diversas áreas, portanto, não é possível encontrar um conceito único para esta característica. Ainda assim, o ensaio é utilizado para que se possam efetuar comparações entre os mais distintos materiais. Em geral, para os metais, a dureza implica em uma resistência à deformação plástica6. Enquanto os ensaios siderúrgicos visam testar as características estruturais dos materiais metálicos, a análise química dosa os elementos que intervêm na composição do material. Para os aços comuns determinam-se as percentagens de carbono, silício, manganês, fósforo, enxofre. Nos produtos comuns existem ainda outros elementos como o oxigênio, o nitrogênio, o hidrogênio, que também 8% de níquel, 2 a 3% de molibdênio e baixo conteúdo de carbono10. As propriedades mecânicas deste tipo de aço, como boa resistência mecânica e tenacidade, boas características de fabricação, resistência moderada ao calor, e ótima resistência à corrosão atmosférica e química, o tornam bastante atrativo9. Alguns elementos de liga podem ser incorporados ao aço, alterando as suas propriedades. A introdução do níquel melhora consideravelmente a resistência à corrosão e a resistência à oxidação a altas temperaturas e, além disso, forma uma camada de óxido que protege o aço espontaneamente. O cromo atua como anti-oxidante. O molibidênio fornece maior resistência à corrosão em soluções clorídricas, e o cobre ajuda o molibidênio no aumento da resistência à corrosão, aumentando-a apreciavelmente, porém com decréscimo da ductabilidade8. O silício age como o molibidênio e é usado para aumentar a resistência mecânica e a resistência à oxidação. Geralmente, o silício é mantido em pequenas quantidades apenas para “acalmar” os aços. O alumínio é utilizado para desoxidar e refinar o grão, diminuindo o seu tamanho. O nióbio é usado para serviços em altas temperaturas, pois pequenos teores de nióbio elevam o limite de escoamento do aço e, em menor proporção, o limite de resistência à tração8. Observando-se os catálogos dos fabricantes de braquetes nota-se que as diversas marcas comerciais de acessórios ortodônticos utilizam o aço inoxidável para a produção industrial. Contudo, nenhuma informação a respeito de suas ligas é fornecida, a não ser quando se trata do nível de níquel incorporado. Especial atenção é dada a esse elemento devido à sua conhecida capacidade alérgica tecidual4,5. Contudo a adição de outros elementos de liga podem influenciar a resistência mecânica arquitetural dos braquetes, influenciando sua resistência à deformação. Na engenharia, o controle e o ensaio de produtos siderúrgicos são realizados quando se torna R Dental Press Ortodon Ortop Facial 53 Maringá, v. 9, n. 4, p. 52-59, jul./ago. 2004 Composição química e resistência mecânica da base de braquetes “Straight-Wire” influenciam nas propriedades do metal, mas como ocorrem, geralmente, em baixa percentagem e são de dosagem mais trabalhosa, sua determinação deixa habitualmente de ser feita9. Na espectrografia, com o auxílio de um espectrômetro, pode-se fazer análises mais rápidas e simultâneas de numerosos elementos, detectando qualquer metal estranho que entre na composição do material examinado, mesmo que seu teor seja relativamente pequeno. Esse trabalho intencionou verificar as características estruturais e a composição química do aço utilizado na fabricação de braquetes metálicos comumente encontrados no mercado, determinando-se, respectivamente, a resistência à deformação quando submetidos ao teste de dureza Vickers e a porcentagem dos principais elementos de liga na espectografia. Métodos de análises Teste de Dureza Vickers Para o teste de dureza Vickers, as amostras dos quatro fabricantes foram imersas em moldes empregando-se resina acrílica (co-polímero de acrílico auto polimerizante) e catalisador líquido, segundo método descrito por Colpaert9, em 1974. Os braquetes foram posicionados com a superfície da base voltada para a área de teste (Fig. 1). Após as amostras terem sido embutidas em resina acrílica procedeu-se a seqüência de lixamento, segundo metodologia de Colpaert9, com lixas de granulações 120, 220, 320, 400, 500, 600, preparando as superfícies testes. Com o intuito de se evitar grandes variações nos valores obtidos nos testes de dureza, seja pela recuperação elástica, seja pela obtenção de impressões muito pequenas que poderiam induzir a erros significativos de leitura, realizou-se uma avaliação piloto da carga ideal para execução dos ensaios. Nesse estudo piloto, escolheu-se aleatoriamente a marca “Morelli”, e foram testados 3 braquetes desta mesma marca; as cargas empregadas foram de 0,5, 1, 2, 3, 4 e 5 Kgf. O aparelho utilizado foi o microdurômetro Brivisor KL 2 da Georg Reicherter (Fig. 2). Os resultados do teste piloto demonstraram que com a aplicação de uma carga de 5Kgf, os valores de dureza obtidos para os três braquetes apresentaram uma menor dispersão (Tab. 1, Gráf. 1). Esse valor foi tomado com referência para os demais testes. MATERIAIS E MÉTODOS Amostra Para a realização deste trabalho, utilizou-se braquetes das marcas comerciais “Morelli” (modelo: 10.10.901-CRTZ-01- lote20000809, prescrição Roth-.022” x.030”), “Abzil Lancer” (modelo: Kirium Line .022”, prescrição Roth), “Unitek” (modelo: Gemini mesh .022” prescrição Roth ref: 119-701) e “A-Company” (modelo: True StraightWire, tamanho médio, prescrição Roth), obtidos através dos seus representantes comerciais. FIGURA 1 - Amostras embutidas em moldes acrílicos e preparadas para o teste de Dureza Vickers, segundo metodologia descrita por COLPAERT9. R Dental Press Ortodon Ortop Facial FIGURA 2 - Microdurômetro Brivisor KL 2. 54 Maringá, v. 9, n. 4, p. 52-59, jul./ago. 2004 Gontijo, L. P.; Mazzieiro, E. T.; landre Júnior, J. “Morelli”, foram submetidos a um teste para a avaliação do perfil de dureza da sua base. Para tanto, dois braquetes (corpos de prova 1 e 2) foram embutidos em moldes, segundo metodologia descrita anteriormente9 expondo e preparando sua base. Empregou-se, nesta operação, uma carga mais baixa (2 Kgf). O teste foi feito no sentido mésiodistal da base do braquete, nas distâncias de 0.2, 0.4, 0.6, 0.8, 1, 1.2 e 1.4 mm. A dureza foi avaliada em três pontos diferentes de cada corpo de prova de cada marca comercial, sendo o resultado expresso na sua média aritmética. Perfil de dureza Os braquetes da marca “Morelli” aprepresentam soldas em suas estruturas. Dessa forma, a influência da soldagem na dureza do material também foi testada. Para isso, os braquetes da marca Análise química Para a realização da análise química dos braquetes, utilizou-se o espectrômetro da marca Noran, que é capaz de fazer a análise quantitativa dos elementos de liga (Fig. 3). Este aparelho emite radiações, em freqüências específicas, predeterminadas, para cada elemento; então durante a análise do material, realiza-se uma varredura dessas freqüências e quando encontrada, avalia-se a sua amplitude. Tabela 1 - Resultado do teste piloto para a determinação da carga ideal para o teste de dureza Vickers. Relação de dureza Vickers X carga. Carga (Kgf) Dureza (Vickers) Cp1 Cp2 Cp3 0,5 179 201 195 1 205 189 185 2 172 176 189 3 186 220 188 5 172 185 177 RESULTADOS Os resultados dos testes serão apresentados a seguir, de forma descritiva, em valores absolutos e representam as características individuais de cada aço utilizado na fabricação dos acessórios. Cp - Corpo de prova Tabela 2 - Resultados do teste de dureza Vickers para os diferentes fabricantes. Identificação Dureza HV5 HV Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 MÉDIA MORELLI 195 190 192 192 ABZIL 227 230 232 230 A-COMPANY 330 340 352 341 UNITEK 321 325 330 325 240 Cp 1 220 Cp 1 Teste de dureza Vickers Através do teste de dureza Vickers, com a carga selecionada no estudo piloto de 5Kgf, realizado em três locais diferentes do mesmo braquete, obteve-se a dureza média final de cada Cp 1 200 180 160 140 0 1 2 3 Carga (Kgf) 4 5 6 Gráfico 1 - Gráfico de dispersão das cargas testes aplicadas. Com a carga de 5Kgf obteve-se resultados com menor dispersão. R Dental Press Ortodon Ortop Facial FIGURA 3 - Espectrômetro da marca Noran. 55 Maringá, v. 9, n. 4, p. 52-59, jul./ago. 2004 Composição química e resistência mecânica da base de braquetes “Straight-Wire” Tabela 3 - Perfil de dureza dos braquetes da marca Morelli, avaliados com uma carga de 2Kgf. Distância- mm 180 Durezas Cp 1 Cp 2 0,2 154 143 0,4 165 149 0,6 169 151 0,8 163 161 1 167 131 1,2 163 167 1,4 169 152 160 140 120 100 80 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 Distância da borda (mm) Gráfico 2 - Perfil de dureza dos braquetes da marca Morelli. Cp - Corpo de prova Tabela 4 - Resultado da espectografia: Porcentual de átomos de cada elemento químico, para cada marca comercial analisada. Fe Si Cr Ni Cu Al S Nb Morelli Marca 69.51 1.64 19.20 8.19 __ 0.86 0.60 __ A-Company 73.14 1.30 21.25 3.25 __ __ __ 1.06 Unitek 74.12 1.13 17.57 4.49 2.68 __ __ __ Abzil 71.27 1.01 19.40 8.32 __ __ __ __ marca comercial. Os resultados para cada marca avaliada podem ser observados na tabela 2. DISCUSSÃO Teste de dureza Vickers A dureza Vickers foi selecionada para testar a resistência superficial dos braquetes. A carga de 5 Kgf selecionada para o teste de dureza dos braquetes analisados baseou-se em um estudo piloto onde determinou-se o valor de carga com uma menor dispersão, o que implica, talvez, em uma menor influência da recuperação elástica ou mesmo em um menor erro de leitura. O teste de dureza mostrou que as marcas analisadas apresentaram durezas diferentes (Tab. 1). Verificou-se que valores mais altos de dureza foram obtidos para os da marca “ACompany” (341 HV), seguidos pela marca “Unitek” (325), “Abzil” (230) e “Morelli” (192). Segundo Souza12, para um metal, a dureza está diretamente ligada à sua resistência à deformação Perfil de dureza A tabela 3 mostra as durezas obtidas em cada uma das distâncias (0,2; 0,4; 0,6; 0,8; 1; 1,2 e 1,4 mm), para os braquetes (corpos de prova 1 e 2) da marca “Morelli”. Esses resultados podem ser melhor visualizados no gráfico 2. Análise química A tabela 4 apresenta o resultado, em porcentagem, dos elementos químicos de cada amostra analisada. É importante salientar que em alguns casos, não há presença de determinado elemento de liga, ou a sua porcentagem mostrou-se tão baixa que o espectrômetro não foi capaz de identificar. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 56 Maringá, v. 9, n. 4, p. 52-59, jul./ago. 2004 Gontijo, L. P.; Mazzieiro, E. T.; landre Júnior, J. ficuldade na leitura das impressões, pois estas se tornaram cada vez menores com a redução da carga. Portanto, esses resultados apresentam uma baixa confiabilidade para este caso em específico. Apesar disso, decidimos manter a sua apresentação, alertando para a possibilidade da influência dos procedimentos de soldagem na fabricação dos braquetes. De acordo com a fabricação do braquete, se injetado ou soldado, os resultados devem ser diferenciados, pois as estruturas soldadas tendem a se deformar mais facilmente. Em um processo mecânico onde existe uma solda, nota-se uma maior possibilidade de ocorrer deformações se comparado a um processo de conformação. plástica. A resistência à deformação plástica é uma boa característica, pois permite a aplicação de forças nos braquetes, seja através da colocação de fios espessos, da retração ou do uso de acessórios auxiliares acoplados aos mesmos, sem que alterem suas características incorporadas, dobras de 1ª, 2ª e 3ª ordens, permitindo o correto controle tridimensional do dente durante o movimento ortodôntico ou a resistência à deformação das aletas e canaletas dos braquetes. Contudo, nenhum estudo quantificou quais os valores mínimos necessários que os braquetes devem possuir nos testes de dureza para suportarem as forças das mecânicas ortodônticas ou mesmo da mastigação. Dessa forma, não podemos determinar uma superioridade de uma marca comercial. Porém, pode-se observar que a “Morelli” apresentou resultado bastante inferior às demais marcas, sugerindo maior tendência à alteração arquitetural de sua base. No aspecto clínico, atualmente, muitos ortodontistas têm reciclado os seus braquetes. Nesse caso, a dureza superficial do material torna-se fundamental. A remoção dos braquetes, realizada por meio de alicate, incorpora uma pressão sobre o acessório descolando-o do dente. Aquele que apresentar o aço mais resistente sofrerá menor distorção durante sua remoção, estando mais apto para a reciclagem. Por apresentar o pior resultado no teste de dureza Vickers e considerando que a “Morelli” é um dos fabricantes analizados nesse trabalho que utiliza o processo de soldagem dos braquetes, procurou-se avaliar a influência da solda na dureza do material, através do levantamento do perfil de dureza no sentido mésiodistal da base do acessório. A análise da tabela 1 e do gráfico 1, sugere que a carga utilizada no teste (2 Kgf) mostrou-se elevada e, em algumas situações a amostra ensaiada foi totalmente perfurada, o que levou à obtenção de valores muito baixos. Não foram realizados testes com aplicações de valores mais baixos de cargas, devido à di- R Dental Press Ortodon Ortop Facial Análise química Na análise química do aço utilizado para a fabricação dos braquetes buscou-se avaliar a qualidade e o tipo de metal usado. Para a sua realização utilizou-se um espectrômetro da marca Noran, que é capaz de fazer a análise quantitativa dos elementos de liga. Segundo Chiaverini8, os aços inoxidáveis austeníticos possuem o teor médio de cromo de 18% e de níquel de 8 % O cromo atua como anti-oxidante. A introdução do níquel melhora consideravelmente a resistência à corrosão e a resistência à oxidação. Em um dos raros trabalhos na literatura, Platt10 verificou a presença de oxidação nos acessórios ortodônticos e afirmou que o metal utilizado na fabricação dos braquetes ortodônticos era aço inoxidável do tipo austenítico, o que foi confirmado por meio dos resultados da análise química feita nas amostras. Na tabela 4 podemos verificar que os valores médios de cromo e níquel encontrados, respectivamente foram: 19.20% e 8,19% nos braquetes da “Morelli”, 21.5 % e 3,25% nos da “A-Company”, 17.57 % e 4,49% nos da “Unitek” e 19,40 % e 8,32% na “Abzil”. Além destes componentes, cromo e níquel, 57 Maringá, v. 9, n. 4, p. 52-59, jul./ago. 2004