HISTÓRIA DAS TRAMSMISSÕES
PROPOSTA PARA O PERÍODO DAS GUERRAS COLONIAIS
III.Período da Guerra Colonial
a.Preambulo
1. Considerações Gerais
Das Campanhas da Guerra Colonial, há que diferenciar, as da defesa do território
contra a anexação por uma potência limítrofe - como foi o caso da campanha que
se realizou ao longo dos anos de 1954 a 1961 no Estado da Índia para impedir a
anexação do território pela União Indiana – das das lutas pela independência das
colónias, como foram os casos de Angola, Guiné e Moçambique.
Na primeira, os dispositivos eram de carácter defensivo e de manutenção da
ordem.
Assim o dispositivo caracterizava-se pela implantação de Unidades de escalão
Batalhão e/ou Companhia de Infantaria em cidades ou locais importantes, e com
sectores de responsabilidade, vigiando essas áreas para intervenção na manutenção
da ordem , com planos de defesa para a hipótese de uma acção de força a partir
das fronteiras, e ainda, com unidades de Cavalaria, em auto metralhadoras, com
zonas de vigilância das fronteiras, constituídas por forças de reconhecimento
permanentemente a patrulhar o sector a seu cargo em colaboração com os postos
fixos e móveis da Guarda Fiscal, a conter e a dispersar os “satiagrais” que
entravam no território por via, e com uma conduta, pacíficas, mas pretendendo
uma progressiva ocupação do território. Havia ainda algumas Unidades e sub
Unidades de Artilharia estacionadas, para a eventualidade remota de um ataque
em força.
Não se dispunha de meios aéreos de combate.
No caso da Índia, as Transmissões caracterizaram-se sempre por uma rede rádio
em grafia ligando o Comando em Pangim a todos os Comandos de Sector e ao
comando das forças de reconhecimento e formações da Guarda fiscal, rede
operada quer no posto director quer nas Unidades - à excepção da Guarda Fiscal -,
por guarnições de Engenharia.
As ligações dos comandos dos sectores ás suas Unidades,e dentro delas, eram da
responsabilidade das respectivas guarnições e operavam em fonia.
Não havia necessidade de ligações terra-ar.
As ligações do Comando Militar à Metrópole sempre se fez através do sistema das
Estações Radionavais da Marinha.
No caso das campanhas contra a independência, o problema dos dispositivos era
completamente diferente, embora também ele constituído por áreas territoriais à
responsabilidade dos diversos escalões, a partir de Companhia instalada, Batalhão
e Sector, caracterizando um dispositivo dito de “quadrícula”, em que, cada escalão
de comando a partir de Batalhão, dispunha, em prontidão, de uma força de escalão
inferior para vigilância móvel, conhecida por “nomadização” e/ou
para
intervenção em conjunto com outras forças, em operações inopinadas ou préplaneadas.
As Companhias, por seu turno, dos seus três Pelotões, mantinha um pronto e em
actividade de vigilância e reconhecimento, ou ia, completa-deixando apenas forças
de segurança ao aquartelamento- realizar, ela própria, ou juntar-se a outras, em
operações com objectivo, planeamento operacional e conduta, a cargo do seu
Batalão, Sector, ou mesmo do Comando da RM.
No caso destas campanhas, as forças eram indescriminadamente de Infantaria,
Cavalaria ou Artilharia, actuando semelhantemente como Infantaria então
designada como de Caçadores.
No caso da Artilharia, havia Unidades dotadas de bocas de fogo para acções de
flagelação na protecção de aquartelamentos e/ou para apoio de fogos a operações
de maior envergadura, para a limpeza de áreas e destruição de bases ou de pontos
fortificados.
Também havia, em Angola e Moçambique, uma em cada, Unidades de
Reconhecimento, equipadas com auto-metralhadoras para operações conjuntas do
tipo convencional, ou para vigilância e controlo de itinerários.
Até acabou por haver em Angola, em Silva Porto, um Esquadrão a cavalo, a título
experimental, para reconhecimentos.
Assim, os sistemas de transmissões caracterizavam-se por uma malha territorial do
STM implantando-se as suas estações nas cidades onde se sediavam os comandos
principais, formando redes rádio fixas, equipadas com material de carácter
permanente, trabalhando em grafia, inicialmente em morse, posteriormente em
rádio teletipo, para servir tais comandos e para encaminhar o seu tráfego e das
Unidades, ocasionalmente na sua proximidade, para os Comandos dos quais
dependiam ou para outras Unidades, quando necessário.
Dos Comandos operacionais para os Comandos de Sector ou para forças em
operações ou, de qualquer deles, para Unidades suas dependentes, os sistemas
eram de campanha, dos quais as estações que serviam cada comando, fossem eles
de Unidade ou de Sector, lhes pertenciam, integradas nas suas sub-unidades de
comando e serviços, e eram, portanto, da sua responsabilidade, cabendo a cada
escalão a responsabilidade do funcionamento do sistema estabelecido de si para as
suas unidades ou comandos subordinados.
No caso de Operações ao nível Regional ou conjuntas ao nível de Comando-chefe,
as quais poderiam envolver forças de outros Ramos, competiria à Unidade de
Transmissões do Exercito fornecer um destacamento, com a composição
adequada, para servir o Comando da operação e sua ligação ao Comando da RM
ou ao Comando-chefe, conforme os casos.
Em termos de logística de Transmissões para o material de campanha, em todos os
casos, e independente do tipo de campanha antes considerado, o reabastecimento
de material de Tm da RM, competia sempre à sub-unidade de manutenção e
reabastecimento da Unidade de Tm da RM( Pel/CompReabMan) que, por sua vez,
os obteria do mercado local ou da 2ª Secção do DGME, sediado na Metrópole, em
Linda-a-Velha.
Quanto à manutenção desse material, cada unidade de escalão Batalhão ou
equivalente, dispunha de uma pequena oficina onde realizaria manutenção de 1º e
2º escalões. O 3º escalão era realizado na oficina do Pel/CompReabMan da
Unidade de Transmissões da RM.
O material de Tm de carácter permanente, que equipava os Destacamentos do
STM, era reabastecido e mantido pelos seus próprios mecânicos em todos os
escalões até ao 3º inclusivé e, quando excedendo a sua competência, o material
seria evacuado para a sede do STM em Lisboa.no BT
A manutenção deste material era eminentemente executada “in situ”,dada a
inviabilidade de o deslocar das suas instalações fixas.
2.Antecedentes
Embora desde 1954 se tivessem iniciado acções de ocupação dos enclaves do
Estado da Índia, Dadrá e Nagar Aveli, por invasores partindo da União Indiana e
que não puderam ser contidos pelo Pelotão neles situado, o que levou a enviar
para aquela colónia unidades de escalão Batalhão ou Grupo para guarnecerem
todo o território, o governo português aparentemente nunca acreditou que a União
Indiana alguma vez arriscasse o seu prestígio e posição internacionais atacando em
força os pequenos territórios portugueses do Estado da Índia.
Daí que, quer os efectivos de guarnição, que eram obviamente inadequados e
impossíveis de recompletar à distância a que se situavam da Metrópole, quer o
próprio material de combate, como o de transmissões, eram antiquados, senão
mesmo obsoletos, e também ele impossível de completar ou substituir.
Serviam, uns e outros – pessoal e material – contudo, para se ir garantindo a
operacionalidade nas tarefas de vigilância e de contenção, que constituíam as
acções levadas a cabo contra as invasões de fronteira pelos “satiagrais”, estes
actuando segundo o princípio da “Não Violência” de Gandhi, embora instigados
por Nehru, não sendo de esperar uma atitude militar hostil por parte da União
Indiana, até porque, esta, teria muito mais interesse em ocupar, e esse sim,
militarmente, Cachemira onde conflitualizava com o Paquistão.
Mas, em 18 de Dezembro de 1961, a União Indiana, claramente para conquistar o
território no mínimo de tempo por forma a impedir que o assunto chegasse a ser
colocado, em tempo, ao Conselho de Segurança da ONU, invadiu Goa Damão e
Diu com forças consideráveis de terra mar e ar, tendo obtido a rendição em 2 dias.
Pelo que se refere às Colónias de Angola, Guiné e Moçambique - essas visando
a sua independência - apesar das campanhas lá desenvolvidas no final do séc
XIX e mau grado os exemplos, que se multiplicavam, de conquistas de
independência por parte de colónias inglesas e belgas, algumas delas muito
sangrentas, como o foi a do Congo Belga, que confinava com Angola, o
Governo português, acreditando porventura na influência que a aceitação de que
os colonos portugueses eram alvo nessas colónias, e lançando mão de um
conceito que criou e arvorou como bandeira, de”Integração Pluricontinental e
Multiracial”, não cuidou de guarnecer convenientemente tais colónias, nem em
Unidades, nem com equipamentos e armamento adequados.
Em Angola, por exemplo, num território 14 vezes o território continental, em
1960 e já depois de ter caído o Congo Belga, havia apenas, com efectivos
reduzidos e com cerca de 75% de indígenas:
.Um Regimento de Infantaria em Luanda com um Batalhão destacado em
Carmona, um Regimento de Infantaria em Nova Lisboa e outro em Sá da
Bandeira.
.Tinha ainda, em termos de Artilharia, um Grupo de 10,5 em Luanda e outros dois
em Nova Lisboa e Sá da Bandeira, respectivamente.
.A única Unidade de Cavalaria existente era um Grupo de Reconhecimento(-)
(Dragões) em Silva Porto e um Esquadrão daquele Grupo em Luanda.
Porque, no ano anterior, as duas maiores colónias salientaram a sua imperiosa
necessidade, foram criados em Angola e em Moçambique, um Batalhão de
Engenharia, constituídos por uma CCS, uma Companhia de Construções e uma
Companhia TSF.
Em 1960 foram mandadas para Angola 4 Companhias de Caçadores Especiais, as
primeiras e por ventura as melhores que se constituíram em Portugal, que, à
chegada, foram instaladas, respectivamente, em Cabinda, no Tôto, em Malange e
ficou a quarta em Luanda, como força de intervenção.
Com estas Companhias chegou a Luanda o primeiro de quatro Destacamentos do
STM que aquele Serviço organizou, montou e equipou, este sob o comando do
Capitão Pinto Correia, para montar as primeiras redes do sistema da cobertura do
território, previamente mandadas localmente estudar pelo maj Costa Paiva.
Contra as expectativas do governo: ainda em 1960, deu-se o levantamento
violento dos trabalhadores do algodão na Baixa do Cassange ; em Fevereiro de
1961,deu-se o ataque ao quartel da Polícia Móvel e à Prisão de S.Paulo, ambas em
Luanda, pelo MPLA; e, em 15 de Março do mesmo ano, executado pela UPA
(mais tarde FNLA) o massacre dos colonos e trabalhadores das fazendas do
Congo.
No ano imediato, iniciaram-se as acções terroristas na Guiné e em Moçambique.
Estes acontecimentos, que poderiam e deveriam ter sido previstos e acautelados,
mas o não foram, levaram a que se fizesse uma mobilização, aprontamento e
embarque, sem precedentes na nossa história militar, de muitas dezenas de
Unidades de escalão Batalhão, das Armas de Infantaria, Artilharia e Cavalaria para
actuarem como Infantaria, numa táctica dita de Caçadores, de Baterias de
Artilharia e de Companhias de Engenharia, que começaram a chegar a Angola
logo a partir de Maio (2 meses depois da eclosão dos actos terroristas do Congo) e
algumas a serem encaminhadas para Guiné e Moçambique, porém, com pouco e
deficiente material, mesmo de armamento, que foi tirado das arrecadações quase
sem ser testado (entre muitíssimos casos detectados já em Angola, há um que seria
risível se não fosse criminoso, de uma metralhadora pesada Breda ter chegado
com a falta oficial do percutor).
O material de Tm que foi trazido pelas Unidades era o mais variado e em estado
muitas vezes deficiente.
Felizmente que os primeiros Batalhões a chegar haviam sido mobilizados por
Regimentos com encargos NATO e que, por isso, puderam ser dotados com
equipamentos menos antigos e tinham maior empenhamento operacional em
exercícios e manobras, pelo que beneficiavam do sistema de apoio logístico
divisionário que se baseara no BTm 3 onde havia um excelente Pelotão de
Manutenção e Reabastecimento apoiando todas as Unidades com encargos
operacionais ao longo do ano e não apenas em manobras.
Pode dizer-se que, de todos sectores militares que contribuíram com seu esforço
para a notável reacção nacional às ameaças ultramarinas, o que, de longe, teve a
maior prontidão, por ter sido o que mais atempadamente se preparou, planeou e
realizou a constituição de órgãos adequados, bem equipados e com o pessoal mais
bem seleccionado e treinado, foi o STM.
De facto: com um ano de antecedência, enviou para Angola um notável
Destacamento preparado para instalar as redes que justamente cobririam as áreas
de operações iniciais e preparou para seguir no ano imediato três destacamentos
idênticos, evidentemente ajustados às missões que iriam desempenhar,segundo os
planeamentos de instalações previamente feitos para cada uma das colónias,
seguindo, respectivamente, para Timor, Guiné e Moçambique.
A preparação desses Destacamentos, sob orientação e empenhamento do Major
Mário Pinto da Fonseca Leitão e coadjuvado pelo Cap Silva Ramos, foi muito
cuidada com os materiais escolhidos, testados e completos, e com o pessoal
treinado sobre esses equipamentos e com instruções preparadas para a sua
instalação e operação.
Além disso, o Major Mário Leitão promoveu que fosse instalada, na então 2ª
Secção do DGME em Linda-a-Velha, a primeira oficina daquele órgão, bem
equipada e guarnecida, encarregando da sua superintendência o Maj Noé Soares,
com a intenção de passar a ser obrigatório o teste e reparação de todos os
equipamentos de rádio destinados ao Ultramar.
Esta oficina veio a dar, ao anterior órgão de armazenamento e distribuição de
material de Tm, um carácter de credenciado órgão logístico, tornando-se mais
tarde no DGMTm, e desempenhando, durante todas as campanhas coloniais, o
papel de órgão logístico-base das Tm de Campanha.
Assim se iniciaram, com inúmeras dificuldades, mas com notável determinação,
as campanhas em três Teatros de Operações que iriam demorar 14 anos.
A guerra nos três Teatros de Operações só viria a terminar por decisão da Junta de
Salvação Nacional criada após o “25 de Abril” levado a cabo pelo Movimento das
Forças Armadas, e como constava do Programa daquele Movimento, que fixava
como um dos seus principais objectivos, a descolonização e a concessão da
autodeterminação às Colónias.
Em Timor, onde durante o período das Guerras Coloniais, não haviam surgido
levantamentos militares, mas sob cujo território pendiam ameaças de tentativa de
anexação por parte da Indonésia, viriam a registar-se graves incidentes justamente
entre partidos constituídos após a concessão de autodeterminação, mas na fase
preparatória para a tomada de decisão local e ainda sob administração portuguesa,
o que levaria a Indonésia a atacar e apossar-se do território e a repatriar as nossas
forças.
Porém, apesar disso, continuaria, oficialmente, Timor a ser considerado como sob
responsabilidade administrativa portuguesa, ainda que ocupado pela Indonésia, até
a sua final independência concedida e reconhecida pela ONU em 2002 depois de
uma guerra de libertação, em táctica de guerrilha, levada a cabo pelo povo de
Timor durante perto de 30 anos..
Nas restantes Colónias, respectivamente, Cabo Verde, S.Tomé e Príncipe e
Macau, não se registaram operações militares pelo que nelas se mantinham
reduzidas forças militares como garantes da soberania, mas mais orientadas para a
ordem e segurança internas colaborando e apoiando as forças de segurança locais.
1. Transmissões de Campanha
a. Teatro de Guerra do Estado da Índia
1)Pessoal
Os oficiais de Tm do QP de Engenharia que desempenharam funções na
Unidade de Transmissões, que era uma Companhia integrada no
Destacamento de Engenharia da Índia (DEI) , foram :
Ten.Sanches da Gama, Ten.Oliveira Simões, Cap.Pinto de Abreu e,
finalmente, Cap Pedroso Lima.
Por lá passaram magníficos sargentos e cabos que vieram a atingir postos
elevados na Arma de Tm, tais como, .o Fur Nelson da Conceição Gomes,
Fur Taveira e Fur Costa como radiotelegrafistas, os 1º Sarg Brites, 1º Sarg
Conceição Dias e 2º Sarg Rogério, na manutenção, o 1º Sarg Afonso
na Chefia do Svc Tm, os 2º Sarg Vidigal e 2º Sarg Ramos na montagem
e exploração da rede telefónica e o 1ºCabo Florindo como radiotelegrafista
E muitos outros, que não foram mencionados e que por lá passaram ao
longo dos 8 anos até à ocupação revelaram grande qualidade e vieram a
ter futuro na carreira das Armas e nas Tm
O pessoal era excelente, quer graduados, quer de praças, guarnecendo bem
os postos e órgãos a seu cargo e desempenhando com qualidade as suas
tarefas , quer nos órgãos que competiam à Companhia Tm, quer mesmo
nas outras Unidades.
Por exemplo, o 2º Sarg Radiomontador de Eng Oliveira Pena, foi
mobilizado e prestou serviço no Batalhão de Caçadores Vasco da Gama
como radiomontador e viria a ser Cor do Quadros Técnicos da Arma
de TM.
A Companhia de Tm do DEI tinha a seu cargo a guarnição e a exploração
dos postos director e dirigidos da rede de comando da RM, que ligava
o QG com todos o Comandos de Sector e a Unidades e órgãos especiais
de vigilância da fronteira e ainda a manutenção e o reabastecimento do
material e manutenção dos equipamentos de Tm da Companhia e o 3º
escalão dos das restantes Unidades.
A Comp Tm não tinha missões de instrução, quer de IAO quer de ER, por
todo o seu pessoal estar permanentemente empenhado.
2) Material
O material de TSF existente e distribuido às Unidades de Caçadores, era:
-BC-611 portatil para ligação Companhia- Pelotão
-BC-1000 para transporte a dorso em AM para ligação Batalhão –
Companhia
AN-PRC 10 para ligação FM Batalhão-Companhia
P-21e ZC-1 em istalações fixas ou montado em viaturas, para
ligações entre Comandos de Sector-Batalhões ou
Companhias quando isoladas ou independentes
Para as unidades de Reconhecimento da Cavalaria, o P-19
montado em viatura ou autometralhadoras.
Para a rede do Comando da RM começou por haver P-21 e BTR-6.
Posteriormente dispunha-se de SCR-193
O material TPF era o Telefone EE-8 e S-33 e o cabo D-8 com
centrais de campanha das OGME
3) Organização Territorial
Havia no QG uma Chefia do Svc de Tm cujo Chefe era o Cmdt do Dest
de Engenharia da Índia (DEI)com funções de EM Especial do Gen Cmd
que superintendia no estado e funcionamento das Tm de toda a RM.
Ocasionalmente, o Cmdt do DEI delegava funções da Chefia do Serviço
de Tm no Cmdt da Companhia de Tm, como foi o caso da delegação
feita pelo TenCor Granate no Cap Pedroso Lima .
No DEI havia uma Companhia de Tm com o encargo operacional que se
referiu em 2.a.2) a propósito do Pessoal, não havendo STM para as
ligações de carácter Permanente que cabiam à Comp Tm..
As ligações à Metrópole eram asseguradas pela estação radionaval da
Marinha, de acordo com o que estava superiormente determinado.
4)Emprego Táctico
O emprego táctico de Tm na RMIndia , seguia a norma geral que se
descreveu em III.1, no Preambulo, não tendo havido necessidade de
montar operações a ultrapassar o escalão Sector ou Batalhão, não se
sentindo pois necessidade de recorrer à Comp Tm para instalar e operar
meios adicionais.
A situação e as previsões militares correspondiam, na pior das hipóteses,
a uma defensiva de posição sem movimentações nem alteração de
dispositivo.
O ataque feito pela União Indiana, foi tão rápido e massivo, que até
quase não deu tempo para a ocupação das posições pré planeadas.
Contudo, o Cap Pedroso Lima, em representação do Chefe Svc Tm, para
procurar contemplar as necessidades de se garantir mobilidade ao
dispositivo e, face às deficiências e fragilidades que os equipamentos
existentes já iam apresentando, embora, ainda assim, cumprindo as
missões pela qualidade e empenhamento do seu pessoal operador, já
solicitara o envio pela Metrópole de 160 AN-GRC-9, que não chegaram
a ser fornecidos.
5) Apoio Logístico
Conforme anteriormente se refere cabia às Unidades os 1º e 2º escalões
de manutenção para o que tinham radiomontadores próprios mas o 3º
escalão competia à Companhia de Tm.
2. Teatro de Guerra de Angola
a)Pessoal
Quando se iniciaram as acções terroristas, havia em Luanda um
Batalhão de Engenharia comandado pelo TenCor Fogaça e tendo como
2ºCmdt o Maj Carvalho Frazão.
Nesse BEng , criado de acordo com o pedido, com uma Comp TSF
sob o comando do Cap Pinto Correia, que chefiava a Delegação do
STM. Havia ainda o Cap Costa Ferreira igualmente de Tm.
Com a chegada do Cap Pereira Pinto este foi destacado para o QG para
a 4ªRep, mas, de facto, passou a constituir um embrião de um Cmd
Tm.
Em Junho o TenCor Fogaça foi rendido pelo TenCor Tedeshi Seabra
que assumiu as funções- que sempre couberam ao Cmt do Beng- e que
eram as de Inspector de Eng e Tm , considerando, este, o Cap Pereira
Pinto como seu delegado junto do QG.
Entretanto a CompTSF passou a ser comandada pelo Cap Costa
Ferreira..
O Dest STM, embora sob ponto de vista disciplinar e logístico
estivesse integrado na Comp TSF, em termos operacionais dependia
da sede do STM em Lisboa.
Em Novembro de 1961 deu-se o desastre do Chitado no qual faleceu o
Ten Cor Tedeshi Seabra, que foi substituído pelo Ten Cor Pais de
Azevedo mas, na mesma altura, apresentou-se o Maj Castro Neves que
assumiu as funções de Cmdt Tm da RM e tinha igualmente o encargo
de constituir sob o seu comando um BTm, que efectivamente foi
criado à custa de parte da Comp TSF do BEng, o Dest STM, alguns
elementos enviados da Metrópole para constituir uma CCS, e um Pel
de Manutenção e Reabastecimento de Mat Tm .
Este Batalhão foi designado por 361 e considerado como da guarnição
normal, tendo, por isso, encargos de instrução de formação (ER) e de
treinamento(IAO).
Como o Maj Castro Neves se mantinha no QG, delegou a conduta do
BTm no Cap Pereira Pinto, mas sem delegação das suas
responsabilidades de comando, pelo que, diariamente, dava despacho
aos responsáveis pelos sectores administrativos e logísticos do BTm.
A acompanhar o Maj Castro Neves ficou um Cap Art Pita, com o
2ºSarg Vultos e o 1ºCabo Florindo.
Os CmdtTm que se seguiram ao maj Castro Neves foram:
TenCor Sales Grade,TenCor e depois Cor Mário Leitão,TenCor
Reinas,Cor Castro Neves, Cor Corte Real,TenCor e depois Cor
Sanches da Gama e Cor Pires Afonso.
Os restantes oficiais de Tm, ou que sendo do SM vieram para as Tm,
foram:
MajIvan Serra e Costa,Cap Garrido Batista, Cap, e noutra comissão e
como TenCor, Araújo Geraldes, Maj Azeredo Basto,Cap Gonçalves
Dias,Cap Silva Ramos, TenSM Oliveira Pena,Cap Fernandes Marques
, Maj Marques Esgalhado,Cap ExplMan Tm Vargas, Cap Freitas
Lopes, Cap Saraiva Mendes, Ten SM Brites, Cap Tinoco Barradas,Cap
Maia de Freitas,Cap Silva Louro, TenSM Conceição Santos, Maj Pinto
de Abreu, CapSM França, TenSM Conceição Dias, Cap Carvalho
Gomes, CapGonçalves da Cunha, Cap Cândido Gaspar, Major Roquete
Morujão.
Não é praticável mencionar todos os sargentos de Tm que constituíram
o Btm361 e posteriormente o AgrTm de Angola em que o Btm361 se
transformou, e que passaram por estas unidades ao longo dos 14 anos
de guerra.
Quer oficiais, quer sargentos demonstraram boa qualidade e
empenhamento, havendo alguns que efectivamente se salientaram mas
que não serão aqui especialmente focados a menos que sejam directos
interventores em acções que aqui forem apresentadas.
b) Material
Como aliás se frisou em 1. b. o magno problema, no arranque das
campanhas , e não só de Angola, mas,nesta, agravada pela catadupa de
Unidades que iam chegando mal equipadas, senão mesmo quase
desequipadas, era arranjar-lhes material para que pudessem partir para
o mato e montar o seu dispositivo, que, inicialmente, era sempre de
grande dispersão para cobrirem, de pronto, áreas consideráveis.
Por outro lado, a guerra que teria de ser feita, era eminentemente apeada
e, por isso, era indispensável arranjar equipamentos portáteis ou a
dorso, que cobrissem distancias apreciáveis.
O equipamento que satisfazia as características técnicas mas não as de
portabilidade era o AN-GRC9, que só muito raramente vinha com as
tropas chegadas e, mesmo assim, em pequeníssimas quantidades.
Foi contudo nesse que se apostou pois era transportável em 3 cargas
e tinha a vantagem de poder ser alimentado por montagem no solo ou
em viatura ou, na falta de bateria, por gerador manual. Além disso,
era muito robusto, com sintonia variável, tinha um excelente receptor,
e com elevada fiabilidade.
Por felicidade, tinham sido recebidos em Angola, dentro de algumas
contrapartidas de uma venda de café à Alemanha, 160 AN-GRC9 que
passaram a constituir a base, muito rateada face às missões e aos
dispositivos previstos para Unidades, nas suas primeiras implantações
e necessidades.
Por exemplo, para Batalhões que tivessem de implantar 3 das suas 4
Companhias( conta-se com a CCS) em locais afastados da sede, eramlhes atribuídos apenas 5 daqueles rádios.
Desde o arranque da Guerra, o QG criou o hábito salutar de só fazer a
atribuição formal, das missões às Unidades que iam ocupar os seus
primeiros dispositivos, com presença do responsável pelas Tm da
RM ou seu delegado
Depois, era a ligação terra-ar.
Felizmente algumas das Unidades haviam sido mobilizadas por
Unidades da 3º Div e tinham levado AN-PRC10 e, durante a 2ª
quinzena de Junho, o Maj Mário Leitão, com o Cap Freitas Lopes
e o Sarg Ajud Barroca da Cunha, chegaram a Angola com várias
dezenas destes equipamentos o que permitiu, também com grande
rateio, servir as unidades antes das grandes operações que se iam
realizar com apoio da aviação, na conquista de Nambuangongo e da
Pedra Verde.
Depois punha-se o problema dos postos portáteis ou a dorso, para os
quais surgiam os SCR-536, que eram poucos e só garantiam ligações
em unidades actuando em bloco ou nos deslocamentos, o SCR-300,
também em número restrito e para pequenos alcances, depois surgiam
equipamentos canadianos e de outras procedências, poucos e em mau
estado, com a agravante de cada um ter uma específica bateria, etc..
A dado momento a Metrópole enviou a título experimental algumas
dezenas de HF-156, que haviam sido adquiridos enquanto decorria o
desenvolvimento em Inglaterra na BCC, para o render no seu
segmento, pois o HF – 156 fizera a Guerra do Kénia (Mau-Mau).
O equipamento previsto para ser a dorso era pesadíssimo e tinha o seu
C.G. muito afastado da vertical dos pés, que exigia andar-se sempre
curvado e, nem pensar em saltar de uma viatura com ele às costas.
Para além disso, a sua bateria vertia electrólito pondo em causa a
integridade dos circuitos.
Finalmente chegaram 2 equipamentos que haviam sido concebidos
para satisfazer os requisitos todos, tanto quanto a potência como em
portabilidade a dorso. Foram eles, após o desenvolvimento pela BCC,
o CHP-1 e o DHS-1, este último para render o AN –GRC 9 em
combate apeado.
Infelizmente:
-ou porque antes da montagem não foram feitas, por falta de tempo, as
pré séries que permitissem corrigir os defeitos;
-ou por erros de concepção e de projecto,na versão DHS-1,que era
resultante de amplificação linear da saída do equipamento base que
era o CHP-1;
-ou por má qualidade de fabrico e montagem, aliás feita, por acordo
com a BCC na Standard Eléctrica em Portugal;
a verdade é que não vieram a resultar mas, na falta de outros, mesmo
assim tiveram de ser empregues extensivamente..
Entretanto, na montagem dos dispositivos iniciais em zonas em que a
quadrícula era muito vasta por falta de unidades de escalão Batalhão, e em
que havia de implantar as Companhias a grandes distâncias entre elas e do
Batalhão, como sucedeu quando se enviaram Unidades para o Leste em
Setembro de 1961, os alcances do GRC-9 começaram a ser insuficientes
pelo que se solicitou da Metrópole um equipamento de campanha com
mais do que os 15 watts do GRC-9 e, então chegaram a Angola alguns
amplificadores para aquele E/R, QR-TA-1 A que elevavam os 15 para
75Watts.
A solução do material de campanha só viria alguns anos depois com os
equipamentos RACAL, quer a dorso,osTR-28, e os montados em viatura
ou como postos fixos, os RT-422, os TR-15.e o MARCONI H-4000
A guerra, com os efectivos que foram chegando, permitiam já um boa
cobertura do território e uma acção em combate compatível com
equipamentos com menores exigências de alcance, pelo que os
equipamentos AN-PRC10, rendidos por outros mais pequenos e portáteis
como os AVP-1 nas ligações aos aéreos, podiam resolver o problema das
ligações em acções de combate.
Apareceram também, no segmento dos AVP1, e até precedendo-os, os
AVF-THC-736.
Entretanto, para suprir a falta de equipamentos manuais surgiram os
handy-talkies NATIONAL e SHARP de baixo custo, sem características
militares, alimentados a pilhas comerciais e, por isso descartáveis, que
foram adquiridos e distribuídos em grandes quantidades..
Para ligações fixas vieram a adquirir-se os Marconi H-4000, os TR 15, e
RT-422.
c) Organização territorial
1)Do Teatro de Operações
Inicialmente a organização territorial, entendida como a da
implantação dos dispositivos em áreas de responsabilidade e suas
dependências relativas, seguia a linha que genericamente é
apresentada em 1.a., ou seja, na zona considerada como zona de
Operações, inicialmente a zona dos Distritos do Congo, Quanza
Norte, Quanza Sul, Malange e posteriormente a Lunda e o Moxico,
foi dividida em Sectores operacionais, com áreas e limites bem
definidos.
Estas eram repartidas pelos seus Batalhões que tinham a
responsabilidade de garantir a segurança das populações, manter
uma vigilância atenta, reagindo prontamente com operações
inopinadas quando detectados objectivos e planeando
constantemente acções em zonas suspeitas.
Os Sectores, face às informações recolhidas planeavam operações
de maior gabarito com os seus Batalhões ou pedindo reforços à RM.
Quer a RM quer os Sectores mantinham Forças ditas de intervenção
para apoio a operações dos escalões inferiores ou para, com as
forças dos Batalhões e Sectores da área considerada, montarem
operações de maior vulto, envolvendo mesmo tropas e meios
especiais e de outros Ramos por solicitação ao Comando-Chefe.
O território não integrado na zona de operações, como era o caso do
Sul e Sudeste, mantinha guarnições militares nas cidades capitais de
Distrito, mantendo-se o Regimento de Infantaria e a Escola de
Aplicação Militar e o Grupo de Artilharia em Nova Lisboa ,o
Regimento de Infantaria e o Grupo de Artilharia em Sá da Bandeira
e ainda o Grupo de Dragões(-) em Silva Porto.
Porém, a partir de1971, com o advento do General Costa Gomes
como Comandante-Chefe, e porque a guerra se estendera para
sudeste com intervenções independentes mas acutilantes dos três
Partidos, MPLA a Sul, UNITA ao centro e FNLA(antiga UPA) a
Norte, foi decidido alterar esta organização territorial e criar uma
Zona Militar directamente dependente do Cmd Chefe, para conduzir
operações coordenadas, tirando o maior partido das reservas
operacionais do CmdChefe que eram os Paraquedistas, Comando e
Fuzileiros, mais forças indígenas designadas por FLECHAS.
Esta dependência era apenas operacional, porque logísticamente a
Zona Leste continuava a depender da RMA.
Assim, separou-se por uma linha vertical, não recta, que quase
dividiu Angola em 2 partes iguais , constituindo-se a Zona de
Militar Leste que foi entregue pelo Comando chefe a um General,
na circunstância, ao General Betencourt Rodrigues.
Este decompô-la em 4 Sectores de comando de Brigadeiro,
correspondendo às áreas dos respectivos Distritos. e com sede nas
respectivas capitais. O Comando da Zona ficou no Luso, onde se
situou igualmente o respectivo comando do Sector, o da Lunda em
Henrique de Carvalho, o do Bié em Silva Porto e, em Serpa Pinto, o
do Cuango Cubango.
O Comando da Zona planeava operações, ou apoiava as operações
planeadas pelos Sectores com meios de reforço, ou ainda, realizava
directamente operações, assumindo, o comando designado para tal
operação, a responsabilidade da área onde ela se desenvolvia que
seria, durante a acção, retirada temporariamente ao respectivo
Sector, ficando as Unidades nela instaladas sob o comando da
operação e nela intervindo.
Esta alteração estratégica de dispositivo, não implicou criação de
novas Unidades de Tm porquanto já, do antecedente, o
Destacamento do STM montara as suas estações nas localidades que
vieram a ser sedes do Comando da ZML e dos Sectores, apenas
foram melhorados os meios e sistemas da ligação do Luso a
Luanda.
Os CmdSec e as Unidades envolvidas actuavam com as suas Tm
orgânicas.
2)Das Transmissões
Desde 1962 até 1968 existia um Batalhão de Tm , Btm361, que
comportava uma CCS, Companhia de Instrução e, apenas
administrativa-logísticamente, o Destacamento do STM, além de
um Pelotão de Reabastecimento e Manutenção de Material de
Tm(PelReabManMatTm).
Ao ser criado o BTm361 foi instalado em partes dos edifícios de
casernas do Depósito de Material de Guerra de Angola , um dos
módulos de um edifício oficinal do BEng e em dois edifícios, um
expressamente construído para nele se instalarem o refeitório, a
cozinha e a sala do soldado, e outro prefabricado, com estrutura e
exteriores de alumínio, para nele se instalar o Comando do BTm.
Inicialmente este BTm era comandado pelo CmdtTm que se
encontrava permanentemente no QG da RMA, ficando no BTm o
2ºCmdt.
Anos mais tarde, e após ter terminado a Comissão o então Cor
Mário Leitão, o Cmdt do BTm passou a ser um TenCor
independente do CmdtTm. Nessa Altura o Btm361 transformou-se
no Agrupamento de Tm de Angola, Comandado pelo TenCor Ávila
de Melo e assumindo o CmdTm o CorViriato Reinas.
Entretanto, foi sendo construído um aquartelamento na sua imediata
proximidade, no qual, além de um edifício para o Centro Receptor
do STM, veio a integrar-se uma capela mandada executar pelo
TenCor Mário Leitão, com projecto, para a sua cobertura, em casca
por lage de betão armado, em curva elipsoidal, com projecto da
autoria do famoso engenheiro de pontes e de estruturas, Eng Edgar
Cardoso.
A Unidade de Tm adquiriu um notável espírito de corpo,
realizando-se- iniciado pelo Cor Mário Leitão- um almoço de
confraternização das Tm às quintas feiras.
Também, no tempo daquele comandante, e sob orientação e
responsabilidade do Ten QSM Oliveira Pena, foi organizada uma
equipa de futebol de Salão que ganhou o troféu da melhor equipa
militar num torneio organizado pela CUCA.
d) Emprego Táctico
Se, efectivamente, o problema da falta de equipamentos adequados
foi um magno problema que, aliás, se veio a prolongar no tempo só
ficando totalmente resolvido a partir de 1969 com o fornecimento,
em tipos e quantidades adequadas, com os equipamentos RACAL, a
obtenção de frequências apropriadas e a organização e disciplina das
redes não o foi menor.
Esse problema surgiu especialmente no arranque da campanha, pois
Só se encontravam instaladas e em funcionamento as redes do STM
que constituíam as vias de encaminhamento territorial do tráfego
entre localidades servidas pelas suas estações, fazendo chegar, aos
comandos instalados nessas localidades, as mensagens que para eles
fossem endereçadas.
Porém as estações não serviam especificamente qualquer Unidade
ou Comando, nem lhes pertenciam, e, as redes que estavam
montadas, não podiam aceitar que nelas interviessem outros postos
de campanha.
Assim, houve que criar, nos postos do STM da zona envolvida pelas
operações, equipamentos de campanha, na circunstância GRC-9,
para fazerem escuta durante meia hora, de hora a hora, com
frequênças e indicativos específicos para cada posto, por forma a
receberem e encaminharem o tráfegoque as Unidades,eventualmente
em deslocamento por aquelas áreas, tivessem que enviar para o
Cmd RMA ou do Sector de que do qual dependessem.É evidente que
os postos do STM teriam de exigir autenticações.
Constituiu-se assim, e apenas durante a montagem dos dispositivos
iniciais , como que portais de acesso do sistema de Tm permanentes.
A obtenção de frequências disponíveis e livres, para satisfazerem as
necessidades das Tm de campanha, foi sempre um problema difícil,e
este era agravado pela indisciplina das Tm a nível de PU, pois só
procuravam utilizar as que melhor as satisfaziam e não as que lhe iam
sendo atribuídas, criando-se problemas delicados e com perigosas
consequências de interferências de redes distintas, algumas delas civis
e com autorização de utilização internacionalmente consagrada.
Este problema viria a agravar-se com aumento das áreas envolvidas, o
acréscimo de potência dos equipamentos, e a maior necessidade
manifestada por comandos de escalões elevados, em contactarem
com comandos seus subordinados envolvidos em operações.
Entretanto, com a distribuição dos Racal TR-28, com as frequências
cristalizadas, o problema ainda se agravou mais quanto aos critérios e
distribuição das cristalizações, para se garantir a maior flexibilidade
na distribuição, a mais segura cobertura pela distância e a potência
envolvidas, e na do próprio empenhamento das Unidades..
Este problema foi muito bem equacionado e resolvido em 1969 pelo
Cap Garcia dos Santos, que produziu umas excelentes NEP e ITTm
que solucionaram o problema.
O BTm 361 e mesmo o Agr 1, não tinham uma directa intervenção
operacional, cabendo-lhes a de apoio de base e logístico, e ainda a
missão de instrução de formação e de aperfeiçoamento e operacional.
As ligações terra-ar, como anteriormente se referiu, foi feita no início
pelos PRC-10 e posteriormente pelos AVF-THC-736 e pelo AVP-1.
e) Apoio Logístico
Como antes se refere, havia, inicialmente,um Pelotão de Manutenção
e Reabastecimento de Material de Transmissões que mais tarde se
transformou em Companhia e veio a montar órgãos seus destacados
em S.Salvador, Negage, S.Eulália, Tete e Luso.
Quer quando Pelotão, quer como Companhia, o apoio logístico que
era de 3º escalão, cabendo a Linda-a-Velha o 4º escalão, foi sempre
excelente pela qualidade dos técnicos de que sempre dispuzeram.
As únicas dificuldades vinham por vezes da falta de reabastecimento
pronto por parte da Metrópole.
3.Teatro de Guerra de Moçambique
a)Pessoal
Tal como sucedeu em Angola, a partir de 1959 foi determinado que se
constituísse um Batalhão de Engenharia com uma companhia de
Construções e outra de Transmissões.
Quando eclodiu, em 1962, a revolta no Planalto dos Macondes, mais
especificamente em Nangololo, a mais de 2000 Km da sede da RMM
que se situava em Lourenço Marques, as forças mais próximas
encontravam-se em Nampula, Porto Amélia, um Batalhão em cada uma
das cidades e uma Companhia de Caçadores em Mueda.
As Tm existentes, a ligar a sede da RM a Nampula e Porto Amélia
pertenciam ao BEng onde ainda não chegara o Destacamento do STM
que foi comandado pelo Cap Pires Afonso e que levava como missão
instalar os postos constantes do sistema de redes previsto pelo Maj
Costa Paiva assumindo os que já se encontravam instalados e,
eventualmente, melhorar o seu material e antenas.
Dos oficiais de Transmissões que passaram por Moçambique após
1962, foram, sucessivamente, o Cap Pinto de Abreu, Cap Simões, Ten
Cor Aranda, Cap Corte Real,Cap Ferreira Correia, Cap Mateus da
Silva, TenCor Serra e Costa, Maj Pinto Correia Maj Pereira Pinto, Cap
Oliveira Pinto, Cap Amaral Marques, Cap Veríssimo da Cruz, TenCor
Frazão, Maj Garrido Batista,Cap Cruzinha Soares, Maj Simões, Cap
Cruz Fernandes, TenCorAzeredo Basto, Cap Pinto dos Santos, Cap
Oliveira Gardete, e Cap Falcão.
Os sargentos, pelo seu grande número difícil se torna registá-los, foram
todavia excelentes executantes e de grande empenhamento.
O pessoal em quantidade e qualificações satisfazia às missões que eram
atribuídas às Tm.
A Companhia de Transmissões do BEng, então sob o comando do Cap
Mateus da Silva, em fim de comissão, foi substituída pelo BTm2 que se
constituiu com os efectivos da CTm, mais a Comp de ManReabMat
Tm, a qual tinha sede em Nampula, onde se encontrava o QG/RMM e
tinha destacado em LMarques um Pelotão a cobrir as poucas
necessidades logísticas da rectaguarda mas, principalmente, a realizar
um possível apoio de 3º/4º escalões, por poder tirar partido das
aquisições de sobressalentes no mercado local.
O Btm2 foi criado tendo inicialmente como comandante o TenCor Ivan
Serra e Costa que era também o CmdtTm e que, por isso, teria de se
manter em Nampula junto ao QG, pelo que, depois, passou a ser
comandado pelo 2ºCmdt Maj Pereira Pinto, até que fosse possível
transferi-lo para Nampula onde se estava a construir um aquartelamento
para ele.
O Btm2 era uma unidade da guarnição normal, e, por isso cabia-lhe a
realização das ER e a IAO ao pessoal de Tm destinado a seguir para as
zonas operacionais, que, ao tempo, eram as áreas dos Distritos de Tete,
Cabo Delgado, Niassa, Marrupa e Moçambique., quer esse pessoal
resultasse da mobilização local, quer do que chegava da Metrópole e se
destinava a guarnecer Batalhões de Caçadores, saindo dos navios em
LMarques e indo juntar-se às suas unidades, de avião, nos locais onde
lhes coubesse no dispositivo.
b) Material
Tem aqui perfeitamente cabimento as considerações que oportunamente
foram feitas a propósito de idêntico assunto no Teatro de Guerra de Angola
apenas com a ressalva de que as necessidades de intervenção não foram tão
importantes, no seu início, como as verificadas em Angola e foram também
posteriores, o que permitiu adoptar aqui já soluções que haviam sido lá
consagradas.
Contudo, teve a desvantagem de se ter também iniciado a guerra na Guiné,
a qual, porque mais difícil de combater- pelas suas condições de terreno e de
comunicações, agravada pela pequenês do seu território, com extensa
fronteira terrestre,dando grande possibilidade aos terroristas de se acoitarem
em permanência em países limítrofes- levaram a considerar esta campanha
de uma grande prioridade, com reflexos negativos sobre a prontidão dos
envios de novos materiais para Moçambique.
Assim, Moçambique, foi o último teatro a receber os RACAL TR-28 e os
Marconi H-4000, e o último a manter os CHP-1 e DHS-1, com todos os seus
defeitos e limitações.
Por exemplo, a operação NÓ GORDIO, que foi a operação mais extensa- em
área, em tempo de duração e em efectivos (cerca de 8000 homens)-de toda a
nossa história militar recente, foi realizada com equipamentos DHS-1 e
CHP-1, com alguns TRT e um RF 301-A.
Para tornar operacionais os CHP-1 foi preciso abandonar as inúteis baterias
cádmio-níquel e criar conjuntos série–paralelo de pilhas secas 211 Tudor e
as ter de reabastecer de 3 em 3 dias.
c)Organização Territorial
1)Do Teatro deOperações
O teatro de operações de Moçambique, comportava:
- A Zona Operacional, que acima se refere, tendo os Sectores de Cabo
Delgado com comando em Porto Amélia, Sector de Marrupa com comando
em Marrupa, Sector do Niassa com comando emVila Cabral, Sector de,
Tete com comando em Tete, e Sector de Nampula com comando na própria
cidade onde igualmente se situava o CmdRMM, Comando Chefe, Cmd
Naval e Cmd Força Aérea;
-Zona Territorial do Centro com sede na Beira sem acção operacional,
estando o Sector de Tete integrado na Zona Operacional;
-Zona Territorial do Sul, a sul do Save, com comando em LMarques, sem
actividade operacional e onde se situava o BTm2.
Com a substituição do Brig Costa Gomes pelo Brig Kaulsa de Arriaga,
entrou o novo comandante a implementar a melhoria no apoio logístico,
pela obtenção de ligações aéreas de transporte de pessoal e materiais na
dorsal LMarques-Beira-Nampula, permitindo mais prontas transferências
de homens e materiais, e a preparar um novo conceito operacional.
Consistia esse conceito em criar um Comando estratégico para planear
operações e as conduzir na RMM, sem alteração do dispositivo, em zonas
que fossem consideradas prioritárias para emprego de uma importante força
com base em Comandos.
Esse Comando foi designado por Comando Operacional de Forças de
Intervenção (COFI).
A técnica de emprego seria a de retirar, durante as operações, da
responsabilidade dos Sectores instalados, a área de actuação do COFI, que
assumiria esse encargo operacional. As unidades já instaladas nessa área
ficariam sob a dependência daquele Comando, que as poderia utilizar na
operação, mas, normalmente, mantendo, em coordenação com o COFI, a
cobertura e segurança de áreas críticas da sua zona de acção.
Pouco depois de ter assumido o CmdRMM o Brig Kaulsa de Arriaga foi
promovido a General e foi-lhe atribuído o Comando-Chefe.
Assim, a estruturação das forças a atribuir ao COFI passaram a ser, além
dos Comandos, as do Fuzileiros, as dos Paraquedistas e a dos GE, que
eram tropas indígenas que recebiam prémios pelo material capturado ao
inimigo.
O COFI passou a ser um comando directamente dependente do ComandoChefe que o iria empregar em qualquer ponto da área operacional.
2) Das Transmissões
Tal como se refere acima, a unidade de Tm da RMM, que foi o BTm2, foi
criada para ser comandada pelo próprio CmdtTm, só o não tendo podido ser
pelo permanente afastamento daquele, mas que passaria àquela situação
logo que fosse possível transferi-lo para Nampula, o que só se viria a
verificar em finais de 1970.
O BTm2, como também se disse antes, não tinha directa intervenção
operacional, pois que os CmdSec e as Unidades teriam ( ou deveriam ter)
Tm orgânicas para se ligarem entre si e, internamente, para instalarem as
suas redes fixas e de operações.
Porém, com o emprego do conceito estratégico do Cmdt Chefe, passou a
haver necessidade de um Destacamento para apoiar o COFI, para as suas
ligações internas às forças especiais constituintes e ao CmdChefe.
Aí entrou a funcionar operacionalmente o BTm2.
d) Emprego Táctico
Na primeira operação realizada pelo COFI, que foi a Operação NÓ
GORDIO, foi o Maj Pereira Pinto - que na altura já não estava no BTm2
mas era Adjunto do CmdTm - nomeado oficial de Tm do COFI e criado um
Destacamento com elementos do BTm2, que viria a ser comandado pelo
Cap Cruzinha Soares.
A esta operação realizada no planalto dos Macondes - que era a “pátria” da
subversão- independentemente dos seus resultados estritamente militares,
que poderão não ter sido brilhantes, teve efeitos importantes a nível
estratégico-que aliás era o que se pretendia-, pois a FRELIMO deixou de
poder continuar a fazer esforço em Cabo Delgado, para ter de deslocar as
suas forças cerca de 1200Km, através dos países vizinhos, para reforçar a
sua acção em Tete e iniciar a subversão na Zambézia.
A operação NÓ Gordio consistiu na implantação, no contorno do planalto
do Macondes, com base em 4 pontos fortes servindo de suporte, um cerco
ao planalto, o qual corria o risco de vir a ser requerido internacionalmente,
pela FRELIMO, como zona libertada..
Esses pontos fortes eram: Mueda, que era a sede do COFI e onde se situava
a base aérea de apoio logístico e de combate, um comando de Artª com uma
Bateria de Peças 11,4 em apoio geral e reforço de fogos, além de forças de
reserva, quer de Caçadores, com o Batalhão de quadrícula sediado em
Mueda, quer de 3 Companhias de Engenharia, e ainda, Miteda, Nangololo
e Sagal onde se situavam os comandos dos Batalhões de cerco.
A dar alguma continuidade ao cerco, um esquadrão de autometralhadoras,
permanentemente percorria o seu contorno.
No interior, tendo como objectivos as bases conhecidas do IN, actuavam 3
Agrupamentos com base, cada um , num Batalhão de Forças Especiais,
Comandos, Fuzileiros e Paraquedistas, individualmente tendo como
elementos de apoio de combate, uma Companhia de Engenharia para a
abertura de itinerários e demolições e uma Bateria de Artª de 10,5 em apoio
directo, actuando pois como forças de ataque convencional à viva força.
Estava previsto, e foi o que veio a suceder, que, após a operação que durou
cerca de 2 meses, os únicos Batalhões de Caçadores que retiraram da zona
de acção, foram os do cerco, que de resto já tinham, ou estavam a concluir
as suas comissões, e as forças especiais- porque a ocupação de terreno não
é a sua vocação- porque os outros Batalhões intervenientes e os que
renderam os que regressaram, foram ocupar, dentro do planalto os pontos
fortes que o dominavam e que haviam sido bases do IN.
Assim, outras operações do COFI se seguiram, nomeadamente a
OPERAÇÂO FRONTEIRA e, com elas, as exigências do CmdtChefe em
se ligar directamente às forças em operações, o que impôs a necessidade de
se encontrarem soluções técnicas de campanha.
Dada a relativamente baixa potência dos equipamentos de campanha
disponíveis, que não ultrapassavam os 100w, e tendo em conta o desejo e a
necessidades de se comunicar a qualquer hora, para direcções que
abrangiam praticamente todo o horizonte, houve que fazer importantes
estudos de propagação e de reflexão ionosférica, muito perfeitos, para se
poderem projectar antenas especiais.
Além disso, houve que ser realizado um estudo muito ponderado das
frequências disponíveis, bem como da localização mais adequada para o
posto director da rede do CmdChefe, para o que houve que fazer medições
de recepção do sinal/ruido e de se evitarem as zonas de silêncio rádio e,
pelo contrário, encontrar o ponto de maior fiabilidade de recepção e os
locais com as melhores condições de emissão.
Esses estudos, bem como a revisão da cristalização dos equipamentos
distribuídos, após terem surgido incompatibilidades inesperadas em GRC9, foram levados a cabo pelo Cap Cruz Fernandes, que fora colocado no
BTm2 , mas desde logo colocado em Nampula, feitos em colaboração com
o Maj Garrido Batista, o qual actuava, simultaneamente, no Btm2 e no
CmdTm.
Assim, foi criado- no local seleccionado de Nampula pelas suas especiais
condições de fiabiliade na recepção-, um Centro de Tm de campanha, que
funcionava 24 horas por dia, com antenas em tetraedro, preparadas para
escutar e emitir na banda dos 3 aos 30 megahertz cobrindo, especialmente,
as três direcções fundamentais para as operações estratégicas em
planeamento ou em curso: Cabo Delgado-Niassa-Tete.
O CmdtChefe podia, querendo-o, entrar, do seu gabinete, imediatamente
em contacto com os seus comandos operacionais onde quer que estivessem
a operar.
Foi igualmente este oficial, por falta de empresa especializada, quem teve
de montar o cabo suspenso, auto suportado, entre o centro emissor do STM
junto à barragem de alimentação de água a Nampula e o centro receptor no
aquartelamento do Btm2, numa distância s de vários Km, atravessando
parte da cidade, linha férrea e passando por baixo de linhas de energia,
havendo para isso de projectar e construir postes em betão armado, obter o
alinhamento e implantá-los, e ainda de ter de desenhar e mandar fabricar as
ferragens de suspensão , que não existiam.
Este cabo era essencial para se poder estabelecer a ligação directa a Lisboa
e a LMarques em fonia full- duplex, grafia e teleimpressor.
Este trabalho, que fazia parte dos encargos do Destacamento do STM, ao
tempo chefiado pelo Cap Figueira, foi-lhe atribuído pelo Maj Oliveira
Simões, como CmdtBTm2, tendo apenas nele sido utilizado pessoal da
CompTm que não tinha conhecimentos nem experiência para este tipo de
trabalhos, pelo que as técnicas empregadas foram improvisadas, mas
resultaram excelentemente.
Entre os trabalhos que foram realizados pelo Cap Cruz Fernandes - que se
manteve em Moçambique durante 4 anos - contam-se entre outros ( alguns
dos quais para entidadades exteriores ao Exército, como, por exemplo, para
autarquias e outros) o do estudo e montagem de equipamentos de guiasradio, em helicópteros para os orientar no regresso às bases, as quais
consistem numa espécie de radiolocalização inversa, tecnicamente referido
como”fazer homing”.
Fora do âmbito das Tm, e em colaboração com o Major Garrido Batista,foi
o estudo da montagem, a pedido do CmdtChefe, de um centro de TV para
propaganda e expansão da APSIC e a aplicação de aparelhagem de som
para a mesma APSIC em helicópteros e aviões. .
e) Apoio Logístico
Como se refere, a propósito do material, havia , com sede em Nampula e
com um Pelotão recuado em L Marques comandado pelo Ten SM
Sepúlveda,uma Companhia de Manutenção e Reabastecimento de Mat Tm
Comandada pelo Cap SM Teixeira de Carvalho, com um chefe de oficina
Ten. SM Birrento.
Esta Companhia veio a destacar orgãos de apoio aos Sectores.
A existência de um excelente mercado local em LMarques e a boa
qualidade e empenhamento do seu pessoal, levou a que o apoio logístico
passasse a ser satisfatório, especialmente após o melhoramento da cadeia
logística geral, para o que fora também criado um Cmd de Transportes á
custa dos meios resultantes do desmembramento de um Batalhão de
Cavalaria donde saiu o Cmdt para 2ºCmdt do COFI.
4.Teatro de Guerra da Guiné
a)Pessoal
Quando, em 1962, o CapGarcia dos Santos chegou a Bissau a comandar um
Destacamento do STM, não havia no CTIG nenhum oficial de Transmissões
sendo os assuntos de Tm tratados, e sobre eles responsável, no QG, um Cap
de Artª, o Cap Castelo da Silva, a chefiar o Destacamento da CHERET.
Embora destinado a realizar a montagem e exploração dos sistemas que lhe
haviam sido determinados na Chefia em Lisboa, e até que viesse a surgir
em 1963 o Cap Marques Esgalhado, teve de , também, superintender nos
meios e redes de campanha, tendo realizado, para a DAT várias experiências
com equipamentos de campanha apreciando o seu comportamento e também
o seu desempenho em operações de nomadização.
O Destacamento- que aliás não levava meios logísticos próprios- na
falta de um aquartelamento, e não havendo sequer uma Unidade de Tm,
teve de ficar instalado e ser apoiado pela CCS do QG.
A Delegação e o Destacamento do STM eram constituídos por 70 elementos,
com 1 Cap,1 1º Sarg radiomontador, um 2ºSarg TSF, 4 Fur Milº ( 2 de CMsg
1 TPF e 1 TSF ) e os restantes 63 praças, em geral, das especialidades de
radiomontador ,radiot, telefonista, guarda-fios e CMsg.
O 1º sarg radiomontador foi evacuado tempos depois e substituído, a
princípio, pelo 2º Sarg Amador e depois pelo1ºSarg Silva Santos.
A substituir o Cap Esgalhado foi nomeado o Maj Sanches da Gama para
CmdtTm e, para render o Cap Garcia dos Santos, foi mobilizado o Cap
Góis Ferreira para chefiar o Destacamento (Delegação) do STM.
Depois viriam, sucessivamente, o Maj Pires Afonso, o Cap Falcão, o Cap
Frade, o Cap Silva Ramos, o TenCor Mateus da Silva, o Cap Cordeiro, o
Cap Coutinho, o Cap Golias, o Cap Daniel Ferreira, o Cap Camilo, o Cap
Praça, o CapSegundo e o Cap Cunha Lima.
Houve muitos mais oficiais mas esses serão registados nas Tm Permanentes
pois foram destinados e actuaram sempre no STM. Só se mencionou aqui o
Cap Garcia dos Santos porque teve de operar ambos os âmbitos das Tm.
Não se especificam os Sargentos a menos que importe mencioná-los ao focar
missões ou tarefas que lhes coube desempenhar.
A não ser alguns casos pontuais que não foram significativos, o pessoal foi
sempre de muito boa qualidade , revelando um grande empenhamento e
criatividade para ultrapassar as inúmeras dificuldades com o material e
antenas.
É de justiça salientar, por ter sido um caso paradigmático, o Cap Carlos
Alberto Falcão que, embora adjunto de operações do CmdTm, foi quem
resolveu, mercê dos seus conhecimentos técnicos e prática e da sua
notável criatividade, muitos desses problemas, improvisando antenas e peças
de equipamentos que, de outra maneira, não iria obter.
A princípio não havia outra unidade de Tm para além do Destacamento do
STM mas, posteriormente, foi constituída uma CompTm contendo um
PelReabManMat Tm .
Esta CompTm só dava IAO ao pessoal chegado da Metrópole, deslocando-se
o pessoal envolvido nessa instrução, e para tal, aos Centros de Instrução
Militar de Cumeré e de Bolama.
b)Material
Os problemas com a falta em quantidade e adequabilidade do material para
a condução deste tipo de guerra, que se verificaram neste Teatro de Guerra,
foram em tudo análogos aos dos outros 2 Teatros.
A diferença esteve nas quantidades necessárias, e ao especialíssimo tipo de
terreno, plano e alagável ao longo do dia, com as marés na extensão de 1/3
da sua área, à sua situação equatorial, que lhe dava especial vantagens para
as altas frequências, embora com muitos ruídos estáticos e a grande
cobertura arbórea o que obrigava a colocar, para os E/R VHF, antenas RC292 a altura conveniente para fugir aos obstáculos.
Já acima se focou, a propósito do pessoal, a necessidade de encontrar
soluções de emergência para manter as ligações em difíceis situações.
Aliás, a Guiné, porque estava mais próxima, de certo modo, desempenhou
para a DATm o campo de experimentação dos equipamentos que iam sendo
adquiridos, nomeadamente os AVP-1 e os CHP-1 e DHS-1, que eram
montados na STANDARD ELÉCTRICA, a qual enviou por várias vezes té
cnicos seus observar e até reparar “in loco” equipamentos das primeiras
séries distribuídas.
De qualquer forma, os equipamentos lá utilizados foram:
Para PU e pressupostamente para serem descartáveis, quando avariados:
SHARP,ONKIO, NATIONAL e HITACHI ;
Para ligações terra-ar, inicialmente o PRC-10, que a breve trecho foi
preferivelmente utilizado para as ligações terrestres com antenas RC-292
passando essa tarefa a ser cometida aos AVF 736, AVP-1 e IRET PRC-236
Os CHP-1, mais tarde substituídos pelo RACAL TR-28,foram utilizados
para serem operados a dorso por tropas apeadas.
Os GRC-9 e os DHS-1 para as ligações operacionais, fixas ou móveis, não
apenas para as ligações entre forças do Exército mas também para ligar às
redes de apoio aéreo.
Para ligações moveis havia ainda os AN/VRC-10, os IRET PRC- 239 e os
STORNO CQP-612 .
Estes últimos equipamentos poderiam ser operados a dorso ou montados
em viatura.
Havia ainda um equipamento portátil, que se usava para as ligações terra-ar
em operações e entre aquartelamentos, neste caso com a antena adequada,
que era o STORNO CQP-512
O material TPF de campanha eram os telefones EE-8 e BLC-63 e centrais
BD-72 e TC-4
As quantidades existentes dos equipamentos eram satisfatórias.
c)Organização Territorial
1)Do Teatro de Operações
A Guiné teve desde princípio uma divisão sectorial em 4 Zonas,
respectivamente, Zona central com sede em Bissau, Zona Norte com sede
em Farim, Zona Leste com sede em Bafatá e Zona Sul com sede em
Bolama.
Essas zonas seguiam o figurino tradicional da quadrícula com Comandos
de Agrupamento e os seus Batalhões repartindo entre si a área que lhes
estava atribuída, tendo, cada um, um Pelotão, na sua CCS, para segurança
e, uma vez reforçado por elementos das suas companhias, para
intervenção.
Cada Companhia tinha igualmente o seu sector de responsabilidade, que
não era apenas de segurança do território, mas também de fixação e de
segurança das populações, e mantinham sempre um Pelotão pronto para
sair em operações inopinadas ou em nomadização.
Contudo, com o evoluir da guerra e com o aumento de agressividade do
inimigo, que começou a apresentar armamento moderno e de muito boa
qualidade, aliado ao facto de que, qualquer que fosse o local em que o IN
se apresentasse, estava sempre perto da fronteira onde se acoitaria após as
acções, começaram a surgir áreas da mais elevada actividade operacional,
por toda a Guiné.
Então o Comando Chefe, Gen Spínola, decidiu assumir directamente o
comando das operações, ficando o CTIG, exclusivamente, com a
responsabilidade do planeamento e a execução do apoio logstico para as
operações do Comando Chefe, e deixou de haver descentralização em
Zonas operacionais, mas em constituir Comandos Operacionais que se
implantariam no terreno com uma dotação de forças dimensionada para o
seu específico tipo e sua periculosidade.
Assim, passou a haver , com valor decrescente de importância, os CAOp
(Comando de Apoio Operacional), os COp (Comando Operacional ) e os
COT (Comando Táctico).
Cada um desses comandos- que podiam ser alterados em área e, por isso,
em composição, ou em comando - mantinham, nas suas áreas de
responsabilidade, a actividade de acordo com directivas do CmdChefe,
aos quais reportavam directamente, e poderiam ser reforçados com forças
especiais, se ainda disponíveis à ordem do CmdChefe, as quais também
poderiam ser de Comandos Africanos.
Este dispositivo era de grande flexibilidade exigindo um apurado sistema
de informações, uma pronta ligação e um constante planeamento e pronta
decisão.
A cada um dos Comandos foi atribuída uma viatura especial de Tm para
as ligações operacionais ao CmdChefe e aos CmdFA e Cmd FN,
preparadas para as ligações em AM na rede de comando do Comando
Operacional e ainda rede FM para ligação a forças empenhadas e FM de
apoio aéreo no local da acção.
2)Das Transmissões
Como acima se refere a propósito do Pessoal, o Cap Garcia dos Santos
partiu em 1962 para a Guiné a comandar o Destacamento e a Delegação
do STM, tendo como missão montar as redes de acordo com o plano
fixado no trabalho do Maj Costa Paiva,fazer a ligação a Lisboa com relé
em Cabo Verde e, ainda, montar redes de feixes e a rede telefónica
automática dentro de Bissau.
Todavia, antes de partir para a Guiné, foi mandado a Cabo Verde com
o 2ºSarg Radiot Lopes e o 2ºSarg Radiomont Amador, para montarem, a
ligação com Lisboa para fazer relé da Guiné, um E/R RÇA de 4 canais
com amplificador de1Kw, com mastros de antena CTH e a antena em X.
A instalação foi feita no aquartelamento de uma Bat Artª na ilha do Sal.
Quando regressou a Lisboa teve de seguir via aérea juntar-se ao seu
Destacamento que já partira por via marítima.
Como se viu anteriormente, no início da guerra, havia só o Destacamento
do STM, sendo o seu Comando uma Delegação do STM, para marcar
bem a independência em relação ao CTIG.
Porém, porque nada mais existia, o Destacamento teve de arcar com as
missões que caberiam a outros.
Seguidamente, apresentou-se um Pelotão de Reabastecimento e
Manutenção destinado às Tm de Campanha, o que, com os elementos de
apoio logístico para o pessoal, veio a transformar-se em Companhia.
A integração do Destacamento, ainda por cima com independência em
relação ao CmdtTm, que entretanto apareceu, criou grandes problemas de
relacionamento entre aquele Cmdt e o do Destacamento.
Posteriormente o PelReabMan ,foi transformado em Companhia e criouse mais uma Companhia, esta de Tm, que se destinava a dar apoio em
meios de pessoal e material às operações, no qual se conta o envio de
viaturas de Tm para os CAOp,COP e COT, além de ministrar IAO a
tropas recém chegadas da Metrópole.
Então a Companhia transformou-se em Agrupamento de Tm,
continuando a manter as suas missões, agora com total integração de
todos os órgãos.
A este AgrTm foram atribuídas edificações próprias, com grandes
pavilhões ao estilo colonial.
O Agr ganhou um notável espírito de corpo e foi aproveitado um pintor,
eventualmente lá mobilizado, o pintor António Carmo, para fazer a
decoração das Messes e Bares com quadros, como aquele que está no
museu representando o radiotelegrafista, e ainda outros com motivos
locais, tornando-se local de visita habitual de militares de outras
Unidades e Comandos..
Esse facto levou a que, no Agr Tm, se tivesse vindo a situar a sede do
contestatário Movimento dos Capitais, o que prorcionou que tivesse
vindo a ser nomeado, como primeiro Encarregado do Governo, após o 25
de Abril, o TenCor Mateus da Silva, que era, ao tempo, o comandante
daquele Agrupamento..
A revista do Agr”ZOE” atingira também elevado nível e prestígio, tendo
até, em tempos, sido elogiada pelo Gen Spínola, em comunicação deste
ao Comandante do Agr.
d)Emprego Táctico
As ligações fixas do CTIG passaram a ser da responsabilidade do
Destacamento do STM e, como as localidades onde se situavam as
Unidades principais e os Comandos Operacionais, tinham já estações do
STM, as redes para os servir e encaminhar o seu tráfego era exclusivamente
encargo do STM.
Com o destacamento das viaturas de Tm para os CO a companhia de Tm
teve a sua principal intervenção em permanência. Em caso de necessidade,
e se tal lhe fosse solicitado, poderia ainda fornecer meios adicionais, mas
não parece que tal tivesse sido necessário.
Entretanto na Guiné havia uma salutar e útil ligação do pessoal de Tm às
operações em curso e às próprias condições de instalação e funcionamento
das Tm instaladas no mato. Esta ligação era importante, quer de pessoal de
manutenção quer de operações de Tm do CmdTm, pois assim se
melhoravam práticas e se antecipavam necessidades.
Como acima se disse a propósito do material, as ligações terra-ar e terramar era realizado por AVP-1, ou THC-736, ou IRET PRC-236, ou
STORNO CQP-512 e, finalmente, o que deixou de ser utilizado por ser
mais útil em ligações terrestres, como já foi oportunamente citado, o PRC10.
e)Apoio Logístico
Apesar de haver, primeiro um Pelotão, e depois uma Companhia de
Manutenção e Reabastecimento, sempre muito bem guarnecidos de
técnicos, e de haver em cada Batalhão um radiomontador com os seu
ajudantes de mecânicos, o apoio logístico era relativamente deficiente.
Havia duas razões fundamentais e outras delas derivadas, para que assim
acontecesse.
As razões fundamentais eram, desde logo, a existência de uma grande
multiplicidade de tipos e procedências de equipamentos o que se agravava
pelo facto de, na Guiné, não haver mercado local devidamente abastecido
em peças e sobressalentes, o que fazia depender a prontidão das reparações
exclusivamente dos pedidos à Metrópole que tinha, ela própria, um tempo
de requisição muito elevado.
Daí resultavam outras consequências perniciosas sob o ponto de vista
logístico, que advinham da requisição injustificada ou excessiva para autoarmazenamento.
Sobre este e outros problemas há um importantíssimo Relatório, feito na
sequência de uma notável Inspecção realizada por uma equipa chefiada
pelo então TenSM Oliveira Pena, com mais um sargento radiomontador e
outro radiotelegrafista, em 11Jun69, poucos meses antes daquele oficial ser
mobilizado, justamente para o CTIG para comandar o Pelotão de
Manutenção, o qual acabou por se transformar em Companhia ainda
durante a sua comissão..
A esta inspecção e posterior mobilização do seu responsável, muito ficou a
dever o apoio logístico e, consequentemente, a operacionalidade das Tm de
campanha da Guiné.
5.Timor
a)Considerações Prévias
Não consideraremos Timor como um Teatro de Guerra, pois, enquanto
mantivemos tropas em Timor, estas não foram nunca envolvidas em operações
militares e, quando as FA Indonésias ocuparam Timor, já as nossas forças se
encontravam em zona de reunião, não chegando a haver combate e, por isso,
foram prontamente repatriadas, à excepção de um pequeno grupo que ficou
prisioneiro da Indonésia e posteriormente libertado.
Houve sim, operações militares e de guerrilha feita entre si e contra os
indonésios por grupos pertencentes aos três partidos FRETILIN, UDT e
APODETI.
.
Por isso, procuraremos tratar Timor como o fizemos para o Estado da Índia,
onde a ocupação territorial visava fundamentalmente a cobertura territorial,
mantendo a ordem e segurança no território e nas populações, mantendo-se
vigilância da fronteira e tendo planos de defesa preparados para nos opormos a
uma eventual tentativa de anexação, a qual viria de facto a acontecer mas em
condições muito especiais, que não cabe neste trabalho tratar.
b)Pessoal
Tal como aconteceu na Guiné, e já havia acontecido em Angola, quando o
Destacamento do STM chegou a Timor em 1962 para montar a respectiva
Delegação, comandado por um Alf Milº Eng de Tm,Pereira Gonçalves, quem
tomava conta das Tm era um oficial de outra Arma que não a Engenharia do
ramo de Tm, como seria de esperar..
O primeiro oficial do QP, Eng de Tm, que foi mobilizado para Timor, foi o
CapEng do ramo Tm, Freitas Lopes a que se seguiu o CapEng Tm João
Honrado Gomes que também ainda encontrou, no CmdTm, o CapArtª
Mendonça o qual, segundo informações do Cap Honrado Gomes, tinha as Tm
muito bem organizadas com NEP, IPTm e ITTm muito bem feitas.
O pessoal do Qp de Tm era constituído por aquele oficial, mais um Ten SM e
outro Ten QSGE, mais um sarg de Exploração a chefiar o Centro de Tm do Qg
e um sarg radiomontador a chefiar a oficina.
O Major Honrado Gomes, que esteve 4 anos em Timor, entretanto promovido
a major, veio a ser rendido pelo Cap Praça que tinha como seu Chefe do
Depósito o Ten Rocha.
O Destacamento de Transmissões tinha em Dili cerca de 90 homens.
O Destacamento dava instrução de ER a cerca de 120 instruendos timorenses,
com excelente aproveitamento.
Assim, em Janeiro de 1975, terminaram com aproveitamento da ER: 4
telefonistas,10 radiotelefonistas,6 operadores de mensagens, 10 guarda-fios,
54 radiotelegrafistas e 2 ajudantes de radiomontador.
Entretanto o Cap Praça adoeceu tendo sido evacuado pelo que ficou o Ten
Rocha a implementar o planeamento que fora realizado pelocap Praça.
c)Material
O material existente e operacional era o AN/GRC-9 e o AVP-1 e, mais tarde
surgiram os TR-28.
Além desse haveria decerto, em arrecadações, antigo material da série inglesa
e neozelandesa, senão mesmo japonesa deixado pelas forças japonesas da II
Grande Guerra, mas, garantidamente, muito degradado e inoperacional
Os GRC-9 eram os equipamentos que ligavam o QG com os Sectores e postos,
em instalação fixa, trabalhando sempre em grafia .
Faltava efectivamente um equipamento que garantisse as ligações em
operações apeadas. Só com a chegada dos TR-28, tal viria a ser possível..
Além disso, só com estes equipamentos se conseguiu estabelecer ligações em
fonia para o Enclave do Oecussi durante quase todo o dia. No entanto, as
quantidades deste equipamento lá recebidas foram, naturalmente, muito
reduzidas.
d)Organização Territorial
O CTIT estava dividido em Sectores, que, á sua responsabilidade, tinham
vários postos na área que lhes estava atribuída.
O QG tinha um Pelotão de Tm para guarnecer os postos e centrais que o
serviam, e cada aquartelamento dispunha de um posto que ligava em grafia,
quer para o QG, quer para postos dependentes do comando nele instalado.
e)Emprego Táctico
O tipo de dispositivo adoptado em Timor era o de uma cobertura territorial de
manutenção de ordem pública, num território que não manifestava perigo de
levantamento insurreccional militar por parte dos timorenses.
Embora existindo AVP-1 eles não se destinavam à ligação a aéreos que não
havia em Timor, mas sim às ligações Companhia-pelotão em operações de
treino ao nível desse escalão.
Já se viu que a chegada dos TR-28 veio possibilitar o comandamento de
operações apeadas com Comandos de escalão Batalhão.
f)Apoio Logístico
Havia, ao nível do QG, um Depósito de material e uma Oficina de Material de
Tm, órgãos que eram únicos no CTIT, embora nas Unidades de escalão
Batalhão, houvesse o radiomontador na sua orgânica..
Dado que a actividade era muito baixa, não surgiram nunca situações críticas
no âmbito logístico.
Contudo, se tivesse surgido uma situação de guerra, subversiva ou de
anexação, dada a obsolescência do material e a sua limitada dotação, bem
como dada a falta de canais de reabastecimento e uma linha de comunicações
de 20.000Km, o problema teria sido sério e insustentável.
c.Transmissões Permanentes
1.No Continente
Desde 9 de Janeiro de 1901, com a passagem para a Arma de Engenharia do Serviço
Telegráfico Militar que, com sede no aquartelamento da Cruz dos Quatro Caminhos,
mais conhecido por Quartel de Sapadores no Largo de Sapadores à Graça, se
conduziu e geriu o sistema de telégrafos por rádio, e por fio, posteriormente
ampliada por redes locais telefónicas, servindo guarnições.
Em 1951 foi criado o Serviço de Telecomunicações Militares pelo Dec-Lei
38:568 de 20Dez51, com Regulamento publicado pela Portaria 13:888 de 18Mar 52,
o qual, genericamente, atribuía àquele Serviço, sob directa dependência do
Ministro do Exército e administrativamente dependente da 2ªRepartição da 2ª
Direcção Geral do Ministério do Exército- a qual, durante vários anos, foi chefiada
pelo TenCor Tedeshi Seabra .
Este oficial foi em 1961, foi nomeado Comandante do Batalhão de Telegrafistas e,
por inerência, Director do STM.
Em Julho desse ano, este oficial foi mobilizado para Angola para Comandar o BEng
passando assim a ser, simultaneamente, o Inspector de Engenharia e Transmissões
de Angola.
Vem a propósito referir- embora estejamos a tratar do Continente- que este notável
oficial, que tanto apoiara o desenvolvimento do STM, na 2ª Repartição/2ª DGMEque chefiou- em Novembro do mesmo ano em que chegara a Angola e quando
desempenhava o cargo mais importante das Transmissões da Região Militar, faleceu
no desastre aéreo do Chitado onde também pereceu o Comandante da RMA
Gen Silva Freire, ele próprio oriundo da Arma de Engenharia.
No auditório do CNT, figura uma placa de homenagem a este oficial, com um baixo
relevo das suas feições e com um notável epitáfio da autoria do Cor Mário Leitão.
Ao STM cabia a cobertura militar territorial do país e ilhas adjacentes com
meios e sistemas de Telecomunicações que permitissem uma centralizada acção do
comando, através das Regiões Militares e Comandos Territoriais, onde, de resto, se
situavam as Secções daquele Serviço.
Assim, em todos os QG das Regiões e Comandos Territoriais e nas cidades onde se
situassem aquartelamentos de Unidades, havia um posto de rádio do STM, sempre
trabalhando em grafia (morse) e, nos QG, e destes para as suas unidades situadas
na sua imediata, ou relativamente curta, proximidade, eram instaladas, exploradas
e mantidas, redes TPF, nelas incluindo as respectivas centrais telefónicas.
Estas redes de fio, em circuitos exteriores, foram inicialmente em cobre sobre postes
e postaletes onde se amarravam em isoladores de vidro ou de porcelana; mais tarde
foram sendo substituídos, nas cidades, por cabos múltiplos enterrados e, finalmente,
por cabos de fibras ópticas.
Fora das cidades e para locais de relativamente curta distância, os fios de cobre
vieram a ser substituídos por cabos auto-suportados suspensos de postes de
madeira ou de betão.
Bastante mais tarde essas ligações filares,entre localidades, viriam a ser substituídas
por ligações hertzianas.
Ao começar o Período das Guerras Coloniais, os sistemas eram os inicialmente
apontados relativamente às redes rádio e, nomeadamente, as ligações dentro da
RML,quer na cidade, quer para postos ou quartéis nas suas imediações, incluindo a
ligação a Mafra, eram feitas em fio de cobre nú, com centrais manuais.
Dessas, as montadas e exploradas pelo STM na cidade de Lisboa, situavam-se
no Aquartelamento de Sapadores, no edifício do EME, no QG do GML e no
pavilhão sul do Terreiro do Paço,junto ao Gabinete do Ministro do Exército.
As centrais telefónicas eram de agulhetas e vieram mais adiante a ser substituídas
inicialmente por centrais automáticas Strowger
Os postos de rádio, directores das redes nacionais, eram os do Aquartelamento e da
Ajuda .
O STM dispunha, na sua sede, de uma oficina para a manutenção dos seus próprios
equipamentos.
Todavia, a manutenção fundamental deste Serviço sempre foi, e sempre teria
de ser, a executada no próprio local onde esses equipamentos se encontrassem
instalados, dada a sua fixidez de instalação.
É interessante referir que, nos primórdios deste Serviço, e mesmo ainda como
Corpo Telegráfico Militar, nas oficinas deles foram construídos equipamentos,
com projecto dos seus oficiais engenheiros, pelos seus mecânicos radiomontadores.
Apetece aqui recordar o Maj Quaresma, que mais tarde veio a comandar o BT
e que foi um símbolo desses notáveis pioneiros das Tm e, como tal, recordado pelo
historiador militar TenCor Afonso do Paço.
Por despacho ministerial de 25Fev59, o Maj Costa Paiva, ao tempo Sub-Director
do STM, foi nomeado- como já tem vindo a ser copiosamente referido neste
trabalho- para se deslocar Angola, Moçambique e Guiné, afim de poder aí vir a
elaborar os estudos das redes a montar num sistema de Tm Permanentes militares
de cobertura daqueles territórios ultramarinos, na perspectiva de uma ocupação
militar indispensável à sua segurança na sua ordem interna.
Tais estudos foram realizados e foram desde logo planeados os Destacamentos
que o STM teria de preparar para a montagem da 1ª fase dos sistemas propostos.
Foi com base nesses planeamentos que se organizaram os Destacamentos que
Viriam a partir: em 1960 para Angola comandado pelo Cap Pinto Correia, em 1961
comandado pelo Cap Pires Afonso para Moçambique e, em 1962 para a Guiné,
comandado pelo Cap Garcia dos Santos .
Na preparação e aprontamento desses Destacamentos, aliás notáveis, teve papel
preponderante o Major Mário Leitão, ao tempo Sub-Director do STM e, muito
relevante, o Cap Silva Ramos.
Com o Cap Garcia dos Santos já nomeado para o Comando do Destacamento da
Guiné, teve este oficial de colaborar na preparação do Destacamento a enviar para
Timor, que iria ser comandado por um alferes milº Eng Tm, que frequentara, até ao
Tirocínio, o curso de Tm da AM, o Alf Gonçalves, e que em Timor viria a realizar
excelente trabalho.
O STM, sob a orientação, e depois mesmo direcção, do Major e posteriormente Ten
Cor Mário Leitão, teve uma evolução extraordinária.
Pelo que se refere às ligações para, e no Ultramar, a sua acção foi notável na senda
da obtenção de autorizações, apoios e verbas, bem como na concepção, proposta e
impulsionamento de aquisição e montagem de novos sistemas e a modernização
dos antiquados e obsoletos.
Assim, e mesmo contrariando decisões anteriores tomadas a nível do Governo que
atribuía a exclusividade à Armada, nas ligações da Metrópole com o Ultramar, para
o que aquele Ramo das FA beneficiara de verbas especiais com as quais montara
excelentes estações rádio-navais, o Maj Mário Leitão, tendo partido apenas
com equipamentos de potência e características limitadas, apenas a trabalharem em
grafia simplex, passou para sistemas com grafia e fonia full-duplex, com teletipo,
fac símile e telefotografia, possibilitando até, aos 3 teatros de Guerra, manter o
contacto dos homens empenhados em combate com os seus familiares na
Metrópole.
Para tal teve de montar um bem apetrechado e funcional Centro de Tm no próprio
Aquartelamento do BT, que designou como Centro Nacional de Tm (CNT) e
construir e equipar, com material de qualidade e adequado, bem como campos de
antenas amplos e bem dimensionados, um centro emissor no Bairro da Encarnação
em Lisboa e um Centro Receptor no Campo de Tiro de Alcochete, ligados ao CNT
respectivamente, por cabo enterrado e por feixes hertzianos.
Progressivamente, foi procurando substituir os circuitos filares de Lisboa por
cabos enterrados e substituir as centrais telefónicas manuais por centrais
automáticas Strowger.
Em todo este enorme trabalho, que demorou anos, o TenCor e depois Cor Mário
Leitão, teve à sua volta notáveis colaboradores como o Maj Silva Ramos, o Cap e
depois Maj Garcia dos Santos e muitos outros, bem como um excelentes lote de
sargentos, tendo-se transformado o BT numa autentica escola técnica das Tm
Permanentes.
A complementar estas realizações no campo dos sistemas de Tm, o Cor Mário
Leitão montou, no CNT, um excelente laboratório de electrónica e de propagação,
por onde passaram gerações de oficiais do QP e Milicianos Eng Electrotécnicos,
alguns até já com participação pedagógica no IST, laboratório que, em 1970, sob
direcção do Cap Alcides de Oliveira, chegou a ser local de estágio universitário
a formandos civis .
Nesse laboratório havia um aparelho de lazer que foi o que primeiro entrou em
Portugal, e, como tal, apresentado na 27ªExposição Europeia de Ciência, em
vitrine privada, na Casa dos Bicos.
Embora o principal esforço feito tenha sido em Lisboa e no, e para o, Ultramar, as
ligações internas na Metrópole não foram esquecidas, pois foram-se melhorando e
reequipando as redes rádio e telefónica, estas,quer a internas dos aquartelamentos,
quer as externas das cidades, onde existiam vários órgãos ou aquartelamentos
dispersos .
2. Para o Ultramar
Ao apresentar-se a evolução do STM já foram focadas, desde logo, as acções que
foram realizadas em prol do Ultramar, pelo envio, direcção e apoio logístico aos
seus Destacamentos, aos quais ia fornecendo novos equipamentos mais adequados
e até a introdução de novos sistemas sempre que viável, como foi o caso do Cabo
Hertziano no CTIG, porque as condições orográficas o permitiam e, também, a
Angola, num ou noutro caso.
Foi a prontidão da intervenção do STM nos 3 Teatros de Guerra, já pela
oportunidade do envio dos seus Destacamentos, já pela preparação e planeamento
feitos quando da organização deles em Lisboa e, finalmente, pela constante
ampliação e melhoria de ligações, que a Direcção do STM foi proporcionando aos
três Teatros, especialmente aos da Guiné e de Angola, que tornou possível neles
terem sido adoptados os dispositivos estrategicamente flexíveis e eficazes que lá
foram empregados, desde os da difícil implantação inicial, até aos que foram
implementados na parte final da guerra.
3. No Ultramar.
a)No Estado da Índia
Como ao tratarmos das Tm de Campanha foi então referido, na Índia não
chegou a haver STM e as ligações à Metrópole faziam-se através da Estação
Rádio- Naval.
Contudo, será errado dizer que não havia ligações com características ditas
permanentes, ainda que operadas com equipamentos móveis de campanha,
porém em instalação fixa.
Neste caso se incluem igualmente as instalações telefónicas construídas com
material,cabos,telefones e indicadores, de campanha mas servindo em, e para,
instalações fixas e permanentes.
b) Em Angola
1) Pessoal
Tal como se referiu ao tratar da acção do STM em relação ao Ultramar,
o primeiro Chefe do Destacamento e da Delegacão do STM neste TO foi o
Cap Francisco Pinto Correia.
Seguiram-se-lhe, o Cap Mário David dos Santos, o Cap Fernando Oliveira
Pinto, Cap Almeida Viana, Cap Rodrigo Leitão.
A Chefiar a oficina havia sempre um Ten QSM.O primeiro foi o Ten Gomes
O DestSTM tinha muitos Sargentos radiotelegrafistas a chefiarem as
múltiplas estações que iam sendo instaladas de acordo com o planeamento
inicial e à medida das prioridades que o alastramento da subversão ia
impondo ao dispositivo.
Não parece ser viável referi-los aqui.
2) Material
Os Postos fundamentais, a guarnecer o centro emissor de Luanda,eram os
Marconi HS-31 de 3,5Kw e, para a ligação ao Luso, em cada uma das
estações,os Marconi H-113 .
Nas restantes estações havia Marconi e RÇA de 1KW, Standard de 300W e
até nalguns casos, pelo menos inicialmente, Standard de 75 w.
Foram ainda instaladas ligações por feixes hertzianos ligando Luanda para o
Ambriz com material ATE-800.
3) Organização
Como tem sido referido, o Destacamento do STM, embora integrado,
como uma companhia, no BEng, no Btm361 e, finalmente, no AgrTm1,
dependeu sempre, para efeitos operacionais, da Direcção do STM. em
Lisboa ( BT).
As necessidades e prioridades que fossem apresentadas pelo CmdTm ,
desde que alterassem as directivas gerais fixadas, haviam que ser postas
pela Delegação a Lisboa.
Os primeiros Centros de Transmissões intalados foram:
Luanda (inicialmente com um centro emissor e receptor, posteriormente
com dois centros separados)Carmona ( igualmente com centro emissor e
centro receptor), Toto, Ambrizete,Salazar, Malange, S.António do
Zaire,Cabinda Ginge e Chiaca, Luso ( também com centros emissor e
receptor), Henrique de Carvalho,Serpa Pinto,Nova Lisboa, Silva Porto,
Benguela e Sá da Bandeira
A decisão estratégica de criar a Zona Militar Leste sob o comando
operacional do CmdChefe, impôs o aumento de vias de comunicação entre
Luso e Luanda, e na adequada ampliação das facilidades da Central do
Luso. Esta ligação entre Luanda e Luso, compreendia ligações
radioteletipo, fonia em duplex e circuitos directos entre o CmdZIL e
CmdChefe
Com a evolução táctica e estratégica, foram criadas novas instalações para
o AGrTm, dentre as quais um edifício designado por Centro Regional de
Tm para onde foram transferidos os receptores anteriormente instalado no
quartel do BEng e onde foi instalada uma central telefónica automática de
100 linhas, ligada por cabo enterrado ao QG/RMA, CmdChefe, RAA, Cmd
Naval, e outros aquartelamentos e órgãos militares situados em Luanda e
Grafanil.
Também se transferiu para um novo centro emissor construído no campo
Militar do Grafanil, os emissores antes instalados no BEng e agora
reforçados por novos e mais potentes equipamentos.
No Luso o Centro Receptor situava-se junto ao QG e o centro emissor no
aquartelamento da Comp Eng a uns 3 Km do CReceptor. Ligados por cabo
enterrado.
As redes que o STM tinha instalados na parte final da Guerra eram as
seguintes:
Rede de Cmd RMA. Luanda –Carmona-Cabinda-Luso-Nova Lisboa- Sá da
Bandeira
Rede de Cmd ZML-Luso-Henrique de Carvalho-Silva Porto-Serpa Pinto
Rede do Sector do Moxico: Luso-Teixeira de Sousa-Cazombo-Cangamba
Rede da Zona Militar Norte:Carmona-S.A.Zaire-Toto-Ambrizete-Maquela
do Zombo
Rede da Zona Militar Sul: Nova Lisboa Benguela-Mossâmedes e Lobito
Rede de Cabinda: Cabinda-Dinge -Chiaca
4) Apoio Logístico
O Destacamento do STM continha na sua orgânica uma oficina com
radiomontadores, que por vezes tinham de se deslocar às estações fora de
Luanda.
Pela sua importância e/ou por razão do seu isolamento, o Destacamento
acabou por ter de instalar oficinas avançadas em Luso e em Cabinda.
Contudo, as oficinas de campanha destacadas, muitas vezes, lhe deram o
seu apoio local.
O apoio logístico ao Destacamento era directamente da sede do STM em
Lisboa, notando-se alguma dificuldades nos reabastecimentos sem que,
todavia, tivessem surgido dificuldades graves ou insuperáveis que não
pudessem ser compensadas com a preparação técnica e com a dedicação
do pessoal técnico.
c) Em Moçambique
1) Pessoal
Tal como em Angola, também em Moçambique o STM só lá chegou pela
primeira vez com o Destacamento sob o comando do CapEng Manuel
Adelino Pires Afonso em 1961 preparado para instalar as redes
prioritárias dentre as constantes do sistema previamente estudado.
Posteriormente comandaram o Destacamento, o Cap Pinto de Abreu, Cap
Tinoco Barradas, Cap Cunha Lima, Cap Alcides de Oliveira, Cap Homero
Figueira.
Muitos foram os sargentos que passaram pelo STM de Moçambique,o que
impede que se tente registá-los sem cometer erros que conduziriam a
injustiças lamentáveis.
2) Material
O material instalado foi em tudo semelhante ao que se refere para Angola.
Foram instalados, um centro emissor na Machava e um centro receptor no
QG, ligados por feixes para permitir a fonia full-duplex e o rádio TT.
Posteriormente, com o deslocamento para Nampula do CmdChefe, e do
Cmd/RMM, houve que montar em Nampula um centro receptor no local e
em edificação a integrar no quartel do BTm2 , e um centro emissor junto à
represa de abastecimento de água à cidade
3) Organização
Tal como em Angola, o Destacamento veio a ser integrado, para efeitos
administrativos logísticos, no BTm2, mas, a Delegação do STM,
conservou a sua dependência directa de Lisboa, cooperando contudo com o
CmdTm.
As redes eram as seguintes:
Vila Cabral-Marrupa-Nova Freixo-.Metangula
Porto Amélia-Mocímboa da Praia-Mueda
Nampula-Vila Cabral-Porto Amélia
Beira-Mocuba-Vila Pery
Lourenço Marques-Beira-Nampula
No Centro receptor foi montada uma central automática de 100 linhas que
ligava por cabo enterrado ao CmdChefe, CmdRMM, Cmd MAérea e
CmdNaval, além de todos os aquartelamentos e ouitros orgãos militares,
como p.ex. a Messe Oficiais e Hospital Militar.
4) Apoio Logístico
Da mesma forma que em Angola, a logística do STM pertencia-lhe
organicamente, ainda que houvesse a melhor colaboração por parte da
Companhia de ReabMan .
O apoio logístico pode considerar-se como tendo sido satisfatório.
d) Na Guiné
1)Pessoal
O comandante do Destacamento do STM que partiu para a Guiné, e lá
estabeleceu a Delegação daquele Serviço, foi o Cap Amadeu Garcia dos
Santos que aí desempenhou um notabilíssimo trabalho, montando, durante
a sua comissão, as infraestrutas técnicas fundamentais que os seus
seguidores apenas tiveram de ampliar e melhorar com os novos materiais
que iam sendo enviados de Lisboa.
A elevada e prontidão que as Tm Permanentes vieram a adquirir, muito
especialmente com a sua ligação por feixes e a rede telefónica automática
de Bissau ligada com a de Lisboa, especialmente quando se punha o
Ministro do Exercito, pelo seu telefone, a ligar directamente com os Cmd
Bat Caç de Bafatá, ou de Bolama,vieram a constituir o Ex-Libris do STM
junto do Governo.
Isto teve vantagens extraordinárias para a credibilidade deste Serviço e do
seu principal mentor e posterior Director, Maj/ TenCor Mário Leitão e,
consequentemente, na maior facilidade em obter verbas , para a aceitação
das ligações inter territoriais para o Ultramar pelo STM- as quais estavam
concedidas em exclusividade à Marinha - permitindo-se assim a sua maior
ampliação e melhoramento.
Seguiram-se-lhe, o Cap Lino Góis Ferreira, o Cap Roquete Morujão, o
Cap Bento Soares, o Cap Oliveira Pinto, o Cap Pinho de Almeida, e o
Cap Mário Oliveira Dias.
2) Material
O material rádio era constituído por Marconi de 3,5 Kw, posteriormente
com um amplificador de 30K, e o emissor RÇA de 1 Kw para as ligações
a Lisboa.
Nas 4 redes internas eram utilizados, RÇA,Marconi H-4000,KAAR e
Standards de 100 e de 75W, Racal RT-422 que ligavam o CmdChefe, à
Base Aérea 12, Teixeira Pinto, Mansoa, Bula,Bafatá, Bolama, Tite,Catió,
Bambadica, Brá e Nova Lamego.
A central telefónica automática Strowger tinha 100 linhas e foi
posteriormente ampliada para 200.
Com a instalação dos dois centros , emissor e receptor, para tal preparados
devidamente com os híbridos, foi estabelecida a ligação entre as redes
automáticas do STM de Bissau e de Lisboa
3) Organização
Enquanto que, nos outros teatros de operações, o Destacamento do STM se
integrou em unidades de Eng já existentes e se garantiu independência
operacional à Delegação do STM, na Guiné,onde não havia ainda CmdTm
nem sequer uma Unidade de Tm, teve de ser o próprio comandante do
Destacamento a montar o seu sistema e, além disso, a prover às
necessidades das Tm Campanha.
Só mais tarde se apresentou o CmdtTm que não interferiu na missão da
Delegação ; contudo, foi neste teatro de guerra que vieram a surgir
conflitualidades entre o CmdTm e o Delegado do STM, conflitos que só
viriam a desaparecer com a criação do Agrupamento de Tm e nele ter
ficado integrado o Destacamento.
Como aliás ficou referido a propósito da missão do Destacamento do STM,
foi este Destacamento que instalou o STM na Guiné, montou as redes fixas
de cobertura do CTIG, construiu a rede telefónica automática militar de
Bissau, montou circuitos por feixes hertzianos monovia para Comandos
de Sector, instalou os centros emissor em Antula a cerca de 3 Km de
Bissau, o centro receptor em instalações próprias em Bissau.
Posteriormente, com a chegada do Cap Góis Ferreira, consolidou-se todas
essas montagens passando a garantir em permanência:
-Ligação em fonia, grafia e TT entre o CTIG, o CTICV e Lisboa
-Ligação em grafia entre o QG/CTIG e os Comandos de Batalhão
Instalados
-Ligaçãoem fonia, TT, por feixes VHF, entreo QG/CTIG e os Batalhões
Instalados em Bolama eBafatá
- A rede automática militarde Bissau
As Transmissões Permanentes do Comando Territorial Independente de
Cabo Verde , CTICV onde não havia operações militares, embora,
curiosamente, o Partido que nos combatia na Guiné se chamasse Partido para
a Independência de Guiné e Cabo Verde ( PAIGC), e os seus principais
dirigentes fossem caboverdianos.
Por isso Cabo Verde nunca foi um Teatro de Guerra, tinha uma pequena
guarnição com um Regimento de Infantaria com Batalhões e Companhias
destacados em algumas ilhas e um Grupo de Artilharia mixto, também com
Baterias destacadas. As suas transmissões eram as orgânicas.
As duas estacões de Tm Permanentes estavam na dependência da Delegação
do STM da Guiné , tendo-se inicialmente instalado na Ilha do Sal, como foi
referido, uma estação de relé para encaminhamento das ligações de Bissau
para Lisboa.
O STM instalou ainda, ligação entre a ilha do Sal e o QG/ CTIVC em
Mindelo com E/R RÇA de 1Kw e Standard 100w.
5) Apoio Logístico
O STM dispunha de oficinas próprias e a sua prontidão e eficiência
dependiam da que lhe fosse proporcionada pela sede em Lisboa, pois o
mercado local era inexistente, o que não sucedia nos outros dois teatros.
Contudo o apoio revelou-se satisfatório, até porque o material era de
excelente qualidade.
Na manutenção da rede telefónica automática, quando a avaria excedia os
meios ou capacidade do sargento radiomontador, era solicitada a presença
do técnico dos CTT que prestava apoio por avença.
e) Em Timor
1) Pessoal
Como anteriormente se refere, o primeiro Chefe do Destacamento do
STM foi o AlfMilº Eng Tm Gonçalves, que para lá marchou com o seu
Destacamento em 1962.
Estiveram, no desempenho daquela missão, o CapEng, Ramo de Tm
Aníbal Freitas Lopes ,o Cap e posteriormente Maj EngTmHonrado Gomes
e, finalmente, o Cap Eng TmPinto Praça .
Na fase final havia um chefe de Depósito Ten Rocha e um sargento, chefe
do Centro Emissor 1ºSarg Ferreira.
Embora as condições de trabalho não fossem as melhores, até porque o
material era altamente deficiente, o pessoal era dedicado e muito
motivado, especialmente o que estava sedeado no enclave Oecussi, talvez
pelo seu isolamento.
2) Material
O material existente no centro emissor era um emissor Marconi de 7,5 Kw
que estava totalmente inoperacional pois tinha o andar final queimado,
um emissor Marconi de 5Kw a dar uma saída de apenas 0,5Kw sempre
vigiado pelo chefe do Centro, um E/R Standard 280 que ligava a Macau.
Salienta-se que as avarias do material resultavam da falta de
sobressalentes com a oportunidade que uma linha de comunicações de
20.000Km não consentia.
As ligações para o escoamento do tráfego eram por grafia( morse).
Porém, com o Marconi de 5Kw a funcionar e com uma notável antena
rômbica de baixíssimo ângulo de fogo, calculada e instalada pelo Alf Milº
Gonçalves, faziam-se ligações em fonia para Lisboa, permitindo até que
os militares falassem com a sua família.
O Centro receptor era no QG e nele havia dois receptores servidos por um
dipolo dobrado, por não haver espaço para uma antena de maiores
dimensões, e com melhores características.
Com o emissor em boas condições, chegou-se a prestar serviço a Macau,
actuando como seu relé para Lisboa.
Havia uma central telefónica automática Strowger e estava em fase de
instalação, já com a rede filar pronta, uma central Pentaconta.
Dili tinha uma razoável rede telefónica automática, ligando os
aquartelamentos, Cmd CTIT e outros órgãos militares.
3) Organização
Como igualmente se referiu , não havia propriamente uma Unidade de Tm
mas sim um Destacamento, que, por seu turno, destacara pessoal para
guarnecer os postos das unidades de comandos de Sector e mantivera , na
CCS do QG, um efectivo de pouco mais que um Pelotão, a guarnecer os
centros e a apoiar ao Delegação e CmdTm.
As Tm Permanentes, ou seja, o emprego do Destacamento do STM,
dependiam da Direcção do STM de Lisboa, através da respectiva
Delegação.
O Cmd Tm dependia do Cmd CTIT.
4) Apoio Logístico
O Destacamento tinha oficina com bom pessoal mas a falta de
sobressalentes impedia que o seu apoio fosse realmente satisfatório.
Download

Gen Pereira Pinto - HISTÓRIA DAS TRAMSMISSÕES II