HISTÓRIA DE SANTA CATARINA BRASIL COLÔNIA 1- Expedições Exploratórias A revelação do Litoral catarinense foi feita pelas primeiras expedições exploradoras do Brasil. Em 1515 Juan Dias de Solis passou em direção ao Prata. Onze náufragos dessa expedição foram bem recebidos pelos índios carijós e iniciaram com eles uma intensa miscigenação. “A esses aborígines considerou-se “o melhor gentio desta costa”, e “ manso e propenso às coisas de Deus", segundo Anchieta. Várias expedições se assinalam em Santa Catarina: D. Rodrigo de Acuña (1525), que deixa 17 tripulantes na Ilha, onde se fixaram voluntariamente; Sebastião Caboto (1526), que ali se abastece, segue para o Prata e retorna. Dele recebeu a Ilha, que antes era denominada dos Patos, o nome de Santa Catarina. Após Caboto, nela aportaram Diego Garcia e, muito mais tarde, em 1541, o adelantado Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, sucessor de D. Pedro de Mendonza, fundador de Buenos Aires, que dali havia mandado, antes, a Santa Catarina, seu sobrinho Gonzalo de Mendonza, em busca de mantimentos e gente, auxílio este que permitiu aos espanhóis subirem o Rio Paraná e fundarem Assunção, em 1537. Para socorrer D. Pedro de Mendonza havia partido da Espanha, no mesmo ano, uma expedição comandada por Alonso Cabrera, da qual um dos navios arribou à Ilha de Santa Catarina, deixando nela missionários franciscanos (freis Bernardo de Armenta e Alonso Lebrón). Mantendo sempre o propósito de tomar posse do Brasil Meridional, o governo espanhol nomeou Juan Sanabria governador do Paraguai, com a missão de colonizar o Rio da Prata e povoar também o porto de São Francisco, em Santa Catarina. Morrendo Juan Sanabria, foi substituído por seu filho Diogo. Alguns dos navios da expedição lograram chegar à Ilha de Santa Catarina, onde os espanhóis permaneceram dois anos. Divididos em dois grupos, um deles rumou para Assunção; o outro, chefiado pelo piloto-mor Hermando Trejo de Sanabria, estabeleceu-se em São Francisco, de onde, após as maiores privações e sempre sob a ameaça de ataques pelos silvícolas, seguiu para Assunção. Merecem revelo na passagem da expedição Sanabria a participação de Hans Staden, que legou interessante narrativa da viagem, e o nascimento, em São Francisco, de Herdinando Trejo de Sanabria, filho de Hernando, futuro bispo e fundador da Universidade de Córdoba, na República da Argentina. Ainda em 1572, Ortiz de Zarate, a caminho de Assunção, esteve sete meses em Santa Catarina, onde praticou incríveis e inúteis violências. Foi Capitania de Santana de Pero Lopes de Souza esta a última expedição espanhola à região. Os portugueses, inicialmente, não demonstraram grande interesse pelo território catarinense, que pertencia à capitania de Santana cujo donatário era Pero Lopes de Souza, havendo numerosas bandeiras vicentistas (séc. XVII) mas apenas com o intuito de aprisionamento dos índios que viviam na região para escravizá-los. O contingente indígena (tupis - guaranis, chamados de carijós do litoral e o grupo Jê, os Xokleng e os Kaigang no interior) foi bastante reduzido graças a expedições como as de Manoel Preto, Antonio Raposo Tavares e Jerônimo Pedroso de Barros. O choque entre Portugal e Espanha era fatal. O primeiro conflito foi o ataque à capitania de São Vicente, o qual deu pretexto aos portugueses para combater os carijós, aliados dos espanhóis, conduzindo-os escravizados àquela capitania. Só os jesuítas se ergueram em defesa dos índios, e Nóbrega conseguiu do Governador-Geral ordem de reconduzi-los livres a Santa Catarina. Nova guerra e novo esforço jesuítico, de que resultou a lei de liberdade dos índios, de 1595. 2- Povoamento Vicentino Portugal, que já manifestara interesse em fundar uma colônia na margem esquerda do Rio da Prata, começa a encarar com muito interesse e cuidado a preservação da Ilha de Santa Catarina e avançam pacificamente. O gado, vindo de São Vicente, através dos campos, atinge o Paraguai. A notícia de minas atrai diversas levas vicentista. Em 1642 ergue-se uma capela em São Francisco que em 1660 já passa a vila. Em 1637 é o grande patriarca Francisco Dias Velho que se fixa com filhos criados e escravos na Ilha de Santa Catarina, fundando a ermida de Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis), nome da futura povoação. O mesmo faz em Laguna em 1676, Domingos de Brito Peixoto. A fundação da colônia de Sacramento em 1680 realça a importância dos núcleos catarinense. Apesar dos ataques de piratas, já existe, em 1695, comércio regular entre Paranaguá, São Francisco e Itajaí, expandindo-se os lagunenses até a colônia do Sacramento. 3- Capitania Real de Santa Catarina Desmembrada de São Paulo, a nova capitania cuja capital é o povoado de Nossa Senhora do Desterro - fundado pelo bandeirante paulista Francisco Dias Velho em 1673 -, nasce com o objetivo de ser uma base de apoio aos enfrentamentos militares com os espanhóis. Esses viam Sacramento como uma ameaça ao monopólio sobre a boca do rio do Prata, que funcionava como uma porta de extrema importância para mais da metade de suas colônias da América do Sul. A criação da capitania que tem administração própria e um comandante militar que também atua como governador diretamente subordinado aos vice-reis do Brasil, coloca em cena o Brigadeiro José da Silva Paes, escolhido para ser seu primeiro governante. Santa Catarina passa a ser, oficialmente, a partir de 1739, o posto mais avançado da soberania portuguesa na América do Sul. 4- Fortificação da Ilha de Santa Catarina Alertado sobre a importância estratégica da Ilha de Santa Catarina, situada entre o Rio de Janeiro e a fronteira portenha, pelo general Gomes Freire de Andrade, D. João V, rei de Portugal, em 1738 incumbiu Silva Paes de fortificar os pontos estratégicos da Ilha. Sob a orientação de Silva Paes, e seguindo seus próprios planos, teve início a construção das primeiras fortalezas da Ilha. 1 Planejou um sistema de fortificações permanentes que, apesar dos bons objetivos e da monumentalidade, não teve o utilitarismo necessário à boa defesa das entradas das barras do Norte e do Sul da Ilha. Entretanto, historicamente o sistema acabou se constituindo no maior conjunto arquitetônico militar do sul do Brasil. Para a entrada de Barra Norte, por exemplo, implantou um sistema de triangulação formado por três fortalezas, duas situadas nas ilhotas de Anhatomirim e Ratones e a terceira na Ponta Grossa (atual Praia do Forte), na Ilha de Santa Catarina. Foram denominadas respectivamente, de Santa Cruz, Santo Antônio e Ponta Grossa. Outras fortificações foram construídas posteriormente, sem contudo fechar-se o perímetro da Ilha. Apesar da excelente situação estratégica dessas obras o material bélico existente em cada uma delas estava aquém das necessidades. Haveria também a necessidade de tropas para guarnecer estas fortalezas e criou-se um batalhão, mais tarde transformado em regimento - o Regimento de Infantaria da Ilha de Santa Catarina - e, ainda, dada à fraca densidade populacional da região, haveria necessidade de braços para prover o sustento, produzindo alimentos, bem como para preencher os claros na tropa: daí a proposta do povoamento açoriano. 5- Colonização Açoriana A sede de colonos na nova capitania coincide com a crise de superpopulação nos Açores e Madeira. Há um movimento espontâneo de vinda para o Brasil. Resolve então o Conselho Ultramarino realizar a maior migração sistemática de nossa história. Em várias viagens foram transportados cerca de 4.500 colonos. Deu-lhes boa acolhida o Governador Manuel Escudeiro, sucessor do Brigadeiro Paes. Mas nem todas as promessas da administração colonial podiam ser cumpridas, por falta de recursos. Além disso, nem todos os imigrantes, entre os quais muitos nobres, estavam dispostos a dedicar-se à agricultura ou aos ofícios mecânicos, em obediência às ordens régias, que tinham o propósito de evitar a entrada de escravos. Outro problema era o da localização. Recomendava a Metrópole que os colonos não se concentrassem na Ilha, mas formassem, também, núcleos no litoral, sob normas urbanísticas, insistindo ainda que casais se encaminhassem para o Rio Grande do Sul. Essas determinações que, apesar das dificuldades, foram sendo cumpridas, levaram a migração açoriana até o extremo sul do país, implantando as características do seu tronco racial: fortaleza de ânimo, simplicidade e vivacidade. E aos seus descendentes transmitiram modismos, hábitos, linguagem, que ainda neles se notam, principalmente na Ilha de Santa Catarina e no litoral que vai até o Rio Grande do Sul. Radicados os casais na Ilha e no litoral, foram tentadas várias culturas agrícolas: o trigo, sem êxito devido à "ferrugem" que o atacava; o linho e o cânhamo, com relativo aproveitamento, e o algodão, cujo cultivo a Metrópole forçava, sob penalidades severas. Mas na realidade, a cultura que prevaleceu foi a da mandioca, que os colonos aprenderam no novo continente e dela conseguiram safras promissoras, permitindo até a sua exportação. Houve no séc. XVII a criação da cochonilha, mas que desapareceu n o séc. XIX, por falta de incentivo. 6- Invasão Espanhola Em 1777, o governador de Buenos Aires, D. Pedro de Cebalos, desembarcou suas forças invasoras na enseada de Canasvieiras sem que as fortalezas disparassem um só tiro de canhão. A tomada da ilha foi tranqüila, até hoje é difícil compreender com não houve resistência de uma força de quase 2.000 homens, dos quais faziam parte tropas do Reino, do Rio de Janeiro e contingentes locais. Só em julho de 1778, em virtude do Tratado de Santo Ildefonso, obtido pelos estadistas do governo de D. Maria I, foi a Ilha restituída. Mas ficara completamente arrasada. O próprio hospital estava destruído, desde os alicerces. Entre o novo governador, Veiga Cabral da Câmara, e o vice-rei, Marquês de Lavradio, foi decidida, após troca de importante correspondência, a distribuição de casais pelo litoral, estabelecidos em lotes que lhes permitissem a manutenção, evitando-se, assim, a sua concentração na Ilha, onde empobreciam. O último governador da capitania foi Tomás Joaquim Pereira Valente, depois general e Conde do Rio Pardo. BRASIL INDEPENDENTE Proclamada a Independência, aderiu Santa Catarina, já com o título de Província, ao movimento constitucional, elegendo seu representante às Cortes de Lisboa o Padre Lourenço Rodrigues de Andrade, que assinou a Constituição do Reino Unido em 1822. Em seguida cooperou a Província com as demais no movimento da Independência, elegendo deputado à Constituinte brasileira, em 1823, Diogo Duarte Silva. Em decorrência da Carta Imperial de 1824 passou a ser governada por presidentes nomeados pelo poder central. Logo após a aceitação dessa Carta, instalou-se o Conselho Provincial e, até 1889, foram 39 os que ocuparam o Executivo. Em 1834 o Ato Adicional transformou o Conselho em Assembléia Provincial, com poderes muito mais amplos. 1- Terras paulistas de Lages A designação de Luiz Antônio de Sousa Botelho Mourão, o morgado de Mateus, para governador e capitão general da Província de São Paulo, em dezembro de 1764, tem profunda repercussão no povoamento do Planalto e na fixação dos limites entre Santa Catarina e as futuras terras do Paraná. Um dos primeiros atos do morgado é o de fazer povoar metodicamente os sertões de Curitiba e todos os imensos campos da região, até a margem direita dos rios Pelotas e Uruguai. O forte argumento para essa tomada de decisão é o de fazer frente aos espanhóis confinantes, que haviam ocupado uma grande parte do território do Rio Grande do Sul. Antônio Corrêa Pinto de Macedo, rico e experimentado fazendeiro daqueles sertões paulistas, em fins de 1766, instala-se “na paragem chamada as Lages”. Para facilitar a tarefa, o fundador está autorizado a convocar todos os índios carijós já civilizados “que andam vadios e não têm casa, nem domicílio certo”, nem são úteis à coisa pública. E ele pode obrigá-los a ir povoar as ditas terras. 2 A viajada oficial de Antônio Corrêa Pinto para o Sul e a missão de fundar uma povoação na referida “parada das tropas” irrita as autoridades do Rio Grande do Sul porque garantem deter a jurisdição de parte daquele território até a margem esquerda do Rio Canoas, afluente do Pelotas. E transtorna os catarinenses porque eles defendem que o limite sul é pelo Rio Pelotas e, ao norte, pelos rios Negro e Iguaçu. Passado meio século, 9 de setembro de 1820, toda a região do Planalto é desanexada de São Paulo e unida à Província de Santa Catarina, com os seus limites a oeste indefinidos. Com a decisão do governo de Portugal, os paulistas fundadores de Lages e seus descendentes tornam-se catarinenses com papel passado em Lisboa. Mas São Paulo e, a partir de 1853, o Paraná não abrem mão de seu território e continuam a banhar-se nas águas do Pelotas e do Uruguai. Até que um dia, meio século depois, acontece o estouro da peonada que não se rendeu e acaba destruída pelas armas de um governo que age em nome da lei. 2- Cidades nascem no caminho dos tropeiros O povoamento do Planalto de Santa Catarina adota uma estratégia bem diferente daquela que resultou da ocupação do Litoral, do Vale do Itajaí e das planuras do Sul. Na Serra-Abaixo, ao longo de 150 anos, adotase a fixação do imigrante europeu em pequenas glebas de terra - o sítio, o lote, a colônia - como ponto de partida para a abertura do processo civilizador. No planalto central da Serra-Acima a qualidade do solo não se adapta à fixação definitiva de um colono dedicado à agricultura. As imensas pastagens naturais obrigam a substituir o manejo da terra pela convivência com o gado. Esse mesmo gado resultará na produção do imenso estoque de carnes no Rio Grande do Sul. O perigo de utilizar o transporte marítimo para entregar o boi gordo no mercado devorador de São Paulo e do Rio de Janeiro torna-se evidente pelos riscos que a medida acarreta como naufrágio, pirataria e a necessidade de alimentar os animais no decorrer do trajeto que, além de tudo, fica dependendo da colaboração de ventos favoráveis para empurrar o navio cargueiro. A solução encontrada é simples e copia o exemplo de Alvaro Nuñez Cabeza de Vacca e sua comitiva deslocando-se a pé entre o porto de São Francisco do Sul e a capital do Paraguai. Dessa maneira, os próprios animais se deslocam ao local de consumo através do “caminho das tropas”, também chamado Estrada Real ou Caminho do Sul, que liga Vacaria, os campos de Lages e da Estiva com as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Dezenas de povoados e de cidades do Planalto Catarinense resultam de um “descanso das tropas e dos tropeiros”. Mas ocorre um fato novo na história desse povoamento. Enquanto Santa Catarina alega que tem a seu favor uma série de leis que lhe garantem a propriedade das terras, os paulistas, na quase totalidade proprietários das vacarias do Rio Grande, vão se fixando pelo Planalto e pelos campos de Palmas, muito ao sul dos rios Negro e Iguaçu. 3- Revolução Farroupilha e a República Juliana O período regencial foi caracterizado por uma série de agitações. Muitas revoltas em diversos pontos do país, várias das quais colocando em perigo a unidade nacional, ocorriam motivadas pelo descontentamento político. O mais longo movimento - que duraria 10 anos -, a Revolução Farroupilha, eclodiu em 1835, no Rio Grande do Sul e se estendeu a Santa Catarina. Este movimento Revolucionário objetivava libertar aquela província de um controle econômico do governo imperial, considerado intolerável pela população gaúcha, e era alimentado por ideais republicanos e federalistas, sob o comando do coronel Bento Gonçalves. Em Santa Catarina, especialmente nas regiões mais próximas do Rio Grande, como Laguna e Lages, o número de simpatizantes pela causa rio-grandense aumentava, incentivados por famílias fugitivas gaúchas que haviam escapado às perseguições e à Guerra dos Farrapos. Lages foi invadida pelos farrapos em 1838 e declarada parte da República Rio-grandense, que já havia sido declarada. No ano seguinte, liderados pelo italiano Guiseppe Garibaldi, os farrapos invadiram Laguna pelo mar. E chegaram por terra comandados por Davi Canabarro. Apoiados pela população, estabeleceram uma república com o nome provisório de Cidade Juliana de Laguna, presidida por Canabarro. Com a convocação de eleições, foi eleito para presidente da República o coronel Joaquim Xavier Neves, de São José. Neves, porém, não foi diplomado presidente pelos revolucionários gaúchos, assumindo o cargo o Padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro, de Enseada do Brito, que havia sido derrotado na eleição. Laguna foi designada Capital Provisória da República Juliana. Foram instituídas as cores oficiais - verde, amarela e branca - e Lages considerada parte integrante do território. Todos os impostos sobre o comércio do gado e indústria pastoril foram abolidos. A reação do governo Imperial foi a nomeação do marechal Francisco José de Sousa Soares de Andréa para presidente de Santa Catarina, pois ele era conhecido por sua energia e rispidez. Nobre e de brilhante carreira militar, Andréa acompanhara D. João VI e a família real para o Brasil e fora comandante das forças brasileiras em Montevidéu. Enviando às terras barrigas-verdes somente para resolver os problemas do sul, Andréa governou apenas de 1839 a 1840. Com 400 homens que trouxera do Rio de Janeiro e 3.000 de Santa Catarina, 20 navios e com amplos poderes, Andréa preferiu os caminhos diplomáticos para acabar com os republicanos: habilmente fez afastar o Padre Cordeiro e cooptar Neves para a causa imperial, prestigiando e elogiando o coronel publicamente e o tornando o comandante da Guarda Nacional de São José. Os demais revolucionários de Laguna foram derrotados por tropas navais do governo brasileiro, fazendo Garibaldi e sua companheira Anita refugiarem-se no Rio Grande, de onde saíram para lutar na Itália. A instalação da República Juliana de Laguna, ainda que por pouco tempo, foi uma das páginas mais gloriosas da história catarinense, projetando internacionalmente o nome de Anita Garibaldi, denominada a Heroína dos Dois Mundos. 4- Revolução Federalista Júlio de Castilhos era o Presidente do Rio Grande do Sul no governo de Floriano. A situação reinante no Estado era a mesma do restante do Pais, agravada pelo progressivo antagonismo entre os políticos. O gaúcho Gaspar Silveira Martins levantou a bandeira do federalismo contra a opressão autocrática do governo estadual, em decorrência da Constituição elaborada por Júlio de Castilhos, moldada na filosofia política de Augusto Comte, aprovada em 14 de julho de 1891. Os partidários de Silveira Martins admitiam a autoridade do governo central, embora esposassem o sistema parlamentarista e julgassem que o único modo de salvar o país era a adoção do federalismo. Alegavam que o sistema presidencialista não atendia à causa da Democracia, por se tratar de um regime do qual o povo não participava diretamente e em vez disto uma elite governava em favor dos próprios interesses. 3 Daí surgiram entrechoques, gerando violências. Não era possível contrapor-se às exigências da opinião pública. Avolumava-se a agitação, sendo mobilizadas tropas do norte do país. Começaram as perseguições políticas e as fugas para a Argentina e o Uruguai. Surgiram bandos armados e outras forças para se oporem ao governo. Com 400 homens reunidos no Uruguai, o caudilho Gumercindo Saraiva entrou em solo gaúcho em 2 de fevereiro de 1893. Suas forças juntaram-se às do General João Nunes da Silva Tavares, atingindo perto de 3 mil homens. O refluxo do movimento revolucionário deu-se através de três grupamentos, com uma junção prevista no sul de Santa Catarina, na confluência dos rios Pelotas e do Peixe. No ponto de junção previsto pelos federalistas constatou-se que as baixas eram muito numerosas e que uma das colunas, a de Juca Tigre (José Serafim de Castilhos) não chegara, tendo-se dispersado na região de Chopim, Paraná. Não houve possibilidade de reagrupamento, tal a pressão das tropas governistas; os revoltosos resolveram então internar-se em território argentino, na altura da foz do rio Iguaçu. Apesar disso, Gumercindo Saraiva não se abateu, atravessou o rio Pelotas e levou de roldão as forças de Salvador Pinheiro Machado e do Coronel Bernardino Bormann. Tomou posição em Passo Fundo e decidiu empreender um movimento ofensivo, como ocorrera em Inhanduí. Os revoltosos procuraram de novo dividir os legalistas, por meio de evoluções, o que surtiu efeito. Logo após reagruparamse e atacaram de surpresa o restante das tropas acampadas, que eram cinco brigadas. Estas só não foram totalmente destruídas graças à pronta reação da vanguarda do Coronel Salvador Pinheiro Machado. A Revolução Federalista caminhava para o ocaso. A última oportunidade de apoio aos federalistas pela Armada esvaiu-se quando o Almirante Custódio de Melo não conseguiu tomar o porto de Rio Grande em 6 de abril e o encouraçado Aquidaban foi torpedeado no litoral catarinense, em 16 de abril de 1894, pela torpedeira Gustavo Martins, comandada pelo Tenente Altino Correa. O epílogo dessa trágica revolução foi bastante triste, pois houve crueldade e vingança de alguns governistas contra os vencidos. O fuzilamento sumário ao pé da cova, no quilômetro 65 da ferrovia Curitiba-Paranaguá, consternou o país. Em Santa Catarina, a repressão mostrou-se violenta sob a condução do bravo e competente Coronel Antônio Moreira César; sua perversidade provocou a liquidação sumária do Barão de Batovi, Marechal Lobo d'Eça, o Capitão-de-Mare-Guerra Frederico de Lorena e todos os aderentes ao governo provisório que se formara no Desterro. As duas corvetas portuguesas singraram para águas do rio da Prata conduzindo os asilados. Fundeadas em frente a Buenos Aires, convidaram a muitos deles à fuga. Na noite de 26 de abril, Saldanha da Gama escapou com 243 homens, sendo recebido em Montevidéu. Após uma curta estada na Europa, retornou ao Sul do Brasil resolvido a prosseguir na luta. Reuniu as forças federalistas dispersas enfrentando as forças legais. Registrou tudo em um diário, pacientemente escrito. E não abandonou a luta, apesar da atitude conciliatória de Prudente de Morais, eleito Presidente da República. Em 24 de junho de 1895, no Campo dos Osórios, Saldanha da Gama foi envolvido pelas colunas do General Hipólito Ribeiro e do Coronel Paula Castro. Tentou fugir, mas encontrou a morte, lanceado pelo Capitão Salvador de Sena e seu irmão, o Alferes Alexandre de Sena. Em 23 de agosto de 1895, o representante do Presidente, General Inocêncio Galvão de Queiroz ajustou uma paz honrosa com o General João Nunes da Silva Tavares. O decreto legislativo nº 310, de 21 de outubro de 1895, concedeu anistia aos revoltosos." 5- Colonização Européia Foi no final do Primeiro Reinado que se iniciou um grande movimento de colonização em todo o país. A província de Santa Catarina foi um dos setores em que ele produziu resultados mais promissores, quer o de iniciativa oficial, quer o particular. Do primeiro tipo foram: São Pedro de Alcântara, de alemães (1829); Itajaí, de nacionalidades diversas (1836); Piedade, de alemães (1847); Santa Tereza (1854), com soldados agricultores, destinada a ligação entre Lages e a capital; Teresópolis, de alemães (1860); Brusque, idem (1860); Angelina, de diversas nacionalidades (1862); Azambuja, de italianos (1877); Luís Alves, de diversas nacionalidades (1877). De iniciativa particular foram: Nova Itália, de italianos (1836); Flor da Silva, com elementos mistos (1844); Blumenau, com alemães (1850); D. Francisca, com alemães (1851), que deu origem à cidade de Joinville; Leopoldina, com nacionais, belgas, e alemães (1853); Príncipe D. Pedro, com irlandeses e americanos (1860); o Grão-Pará, com italianos, espanhóis, russos, polacos, franceses, ingleses e holandeses (1882). Referência especial merece a colônia de Saí (1842), tentativa malograda de concretização das idéias comunistas de Fourier, na Baia da Babitonga. Desse núcleos surgiram outros, e o território ficou coberto por uma rede de colônias, no seio das quais foram surgindo cidades, vilas e povoados. 6- A Guerra do Contestado Povoamento e Disputa O povoamento do planalto serrano foi diferente da do litoral catarinense na sua composição de recursos humanos. As escarpas serranas, densamente cobertas pela Mata Atlântica, junto com os povos indígenas, representavam sérios obstáculos para o povoamento da região. A ocupação se deu de através do comércio de gado entre o Rio Grande do Sul e São Paulo já no século XVIII, fazendo surgir os primeiros locais de pouso. A Revolução Farroupilha e Federalista também contribuíram para o aumento de contingente humano, que buscavam fugir dessas situações beligerantes. Em 1853 começa a disputa de limites entre Santa Catarina e Paraná, quando este último se desmembra de São Paulo e firma posse sobre o oeste catarinense. Com a constituição de 1891, é assegurada aos Estados o direito de decretar impostos sobre as exportações e mercadorias, como também indústrias e profissões, o que acirra ainda mais a questão dos limites, pois a região era rica em ervas. Em 1904 Santa Catarina tem ganho de causa perante o Supremo Tribunal Federal, mas o Paraná vai recorrer perdendo novamente em 1909 e 1910. Porém a discussão não finda por aqui, sendo resolvida em 1916 quando os governadores Felipe Schmidt (SC) e Afonso Camargo (PR), por intermédio do Presidente Wenceslau Bráz, assinam um acordo estabelecendo os limites atuais entre os dois estados. 4 Vale lembrar que essa disputa não tinha muita relevância na população, pois o poder era sempre representado pelos coronéis, tanto fazia pertencer à Santa Catarina ou Paraná. O poder dos monges A figura dos monges teve valor fundamental para a questão do Contestado, sendo mais destacado o José Maria. O primeiro monge foi João Maria, de origem italiana, que peregrinou entre 1844 a 1870 quando morre em Sorocaba. João Maria levava uma vida extremamente humilde, e serviu para arrebanhar milhares de crentes, porém não exerceu influência dos acontecimentos que viriam a acontecer, mas serviu para reforçar o messianismo coletivo. O segundo monge, que também se chamava João Maria surge com a Revolução Federalista de 1893 ao lado dos maragatos. De começo vai mostrar sua posição messiânica, fazendo previsões a respeito dos fatos políticos. Seu verdadeiro nome era Atanás Marcaf, provavelmente de origem Síria. João Maria vai exercer forte influência sobre os crentes, que vão esperar pela sua volta após seu desaparecimento em 1908. Essa espera vai ser preenchida em 1912 pela figura do terceiro monge: José Maria. Surgiu como curandeiro de ervas, apresentando-se com o nome de José Maria de Santo Agostinho. Ninguém sabia ao certo qual a sua origem, seu verdadeiro nome era Miguel Lucena Boaventura e, de acordo com um laudo da polícia da Vila de Palmas/PR, tinha antecedentes criminais e era desertor do exército. monge João Maria As riquezas da região A região planaltina vai exercer grande cobiça entre os Estados de Santa Catarina e Paraná, assim como para o Grupo Farquhar (Brazil Railway Company, como veremos adiante), apropriando-se do maior número de terras possíveis. A vida econômica da região, durante muito tempo, vai girar em torno da criação extensiva do gado bovino, na coleta da erva mate e na extração de madeira, material empregado na construção de praticamente todas as residências. Os ervais encontravam seu mercado na região do Prata. Nas terras dos coronéis os agregados e peões podiam servir-se das ervas sem qualquer proibição, porém quando o mate adquiriu valor comercial, os coronéis começaram a explorar a coleta abusiva do mate em suas terras. Como região fornecedora de gado para a feira de Sorocaba e erva mate para os países do Prata, o planalto catarinense inseria-se economicamente a nível nacional, no modelo agráriocomercial-exportador dependente. Imbuia com 10 metros de circunferência. Brazil Railway Company Locomotiva da estrada de ferro Tropa de segurança montada pela Lumber Com a expansão da área cafeicultora brasileira, surgiu a necessidade de se interligar os núcleos urbanos com a região sulina, para que esta os abastecesse com produtos agro-pastoris. É criada então uma comissão para a construção de uma Estrada de Ferro para ligar esses dois pólos. A concessão da Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande, iniciou com o engenheiro João Teixeira Soares em 1890, abandonando o projeto em 1908, transferindo a concessão para uma empresa norte-americana Brazil Railway Company, pertencente ao multimilionário Percival Farquhar, que além do direito de terminar a estrada, ganha também o direito de explorar 15 Km de cada lado da estrada. Farquhar cria também a Souther Brazil Lumber and Colonization Co., que tinha por objetivo de extrair a madeira da região e depois comercializá-la no Brasil e no exterior. Além disso, a empresa ganha também o direito de revender os terrenos desapropriados às margens da estrada de ferro. Esses terrenos seriam vendidos preferencialmente aos imigrantes estrangeiros que formavam suas colônias no sul do Brasil. Para a construção do trecho que faltava da ferrovia, a empresa contratou cerca de 8000 homens da população urbana do Rio de Janeiro, Santos, Salvador e Recife, prometendo salários compensadores. Ao encerrar a construção da ferrovia, esses funcionários foram demitidos, sem ter para onde ir pois a empresa não honrou o acorde de levá-los de volta ao término do trabalho. Passam então a engrossar a população carente que perambulava a região do Contestado. A Brazil Lumber providencia a construção de duas grandes serrarias, uma em Três Barras, considerada a maior da América do Sul, e outra em Calmon, no qual dão início a devastação dos imensos e seculares pinherais. 5 A Guerra A guerra inicia-se oficialmente em 1912, com o combate do Irani, que resultou nas mortes do monge José Maria e também do coronel João Gualberto, e vai até a prisão de Adeodato, último e mais destacado chefes dos fanáticos, em 1916. É também neste ano em que é assinado o acordo de limites entre Santa Catarina e Paraná. Durante esse período, podemos observar uma mudança nos quadros dos fanáticos com a adesão dos exfuncionários da Brazil Railway Company. Juntam-se também ao movimento um expressivo número de fazendeiros que começavam a perder terras para o grupo Farquhar e para os coronéis. Com essas mudanças o grupo vai tornar-se mais organizado, distribuindo funções a todos, utilizando também táticas de guerrilha. No episódio em que o José Maria monta sua "farmácia do povo" nas terras do coronel Almeida, cresce absurdamente sua popularidade, sendo convidado para participar da festa do Senhor do Bom Jesus, em Taquaruçu – município de Curitibanos. Atendendo ao convite José Maria participa acompanhado de 300 fiéis, ao terminar a festa José Maria continuou em Curitibanos atendendo pessoas que não tinham mais aonde ir. Curitibanos era uma cidade sob o domínio do coronel Francisco de Albuquerque, que preocupado com acúmulo dos "fiéis" manda um telegrama para a capital pedindo auxílio contra "rebeldes que proclamaram a monarquia em Taguaruçú", sendo atendido com o envio de tropas. Diante dessa situação, José Maria parte para o Irani com toda essa população carente. Porém na época Irani pertencia a Palmas, sob controle do Estado do Paraná, que via nesse movimento de pessoas uma "estratégia" de ocupação por parte do Estado de Santa Catarina. Logo é enviada tropas do Regimento de Segurança do Paraná, sob o comando do coronel João Gualberto, que junto com José Maria, morre no combate. Terminada a luta com dezenas de corpos e com a vitória dos fanáticos, José Maria é enterrado com tábuas para facilitar a sua ressurreição, que aconteceria acompanhado de um Exército Encantado, ou Exército de São Sebastião. Os caboclos defendiam a Monarquia Celeste, pois viam na República um instrumento do diabo, dominado pelas figuras dos coronéis. Caboclos moradores da região do Contestado Em dezembro de 1913, organiza-se em Taquaruçú um novo reduto que logo reuniu 3000 crentes, que atenderam ao chamado de Teodora, uma antiga seguidora de José Maria que dizia ter visões do monge. Ao final deste ano, o governo federal e uma Força Pública catarinense, atacam o reduto. O ataque fracassa e os fanáticos se apoderam das armas. A partir de então começam a surgir novos redutos, cada vez mais em locais afastados para dificultar o ataque das tropas legais. Vista parcial do reduto Em janeiro de 1914 um novo ataque feito em conjunto com os dois Estados e o governo federal que arrasa completamente o acampamento de Taquaruçú. Mas a maior parte dos habitantes já estavam em Caraguatá, de difícil acesso. No dia 9 de março de 1914 os soldados travam uma nova batalha, sendo derrotados. Essa derrota repercute em todo o interior, trazendo para o reduto mais e mais pessoas. Neste momento, formam-se piquetes para o arrebanhamento de animais da região para suprir as necessidades do reduto. Mesmo com a vitória é criado outro reduto, o de Bom Sossego, e perto dele o de São Sebastião. Este último chegou a ter aproximadamente 2000 moradores. Os fanáticos não ficam só a esperar os ataques do governo, atacam as fazendas dos coronéis retirando tudo o que precisavam para as necessidades do reduto. Partiram também para atacar várias cidades, como foi o caso de Curitibanos. O principal alvo nesses casos eram cartórios onde se encontravam registros das terras, sendo incendiados. Outro ataque foi em Calmon, destruindo a segunda serraria da Lumber, destruindo-a completamente. No auge do movimento, o território ocupado equivalia ao Estado de Alagoas, totalizando 20.000. Até o fim do movimento haviam morrido cerca de 6000. 6 O contra-ataque do governo Gal Setembrino Com a nomeação do General Setembrino de Carvalho para o comando das operações contra os fanáticos, a guerra muda de posição. Até então os rebeldes haviam ganho grande parte dos combates e as vitórias do governo eram inexpressivas. Setembrino vai reunir 7000 soldados, dispondo também de dois aviões de observação e combate. Em seguida manda um manifesto aos habitantes das áreas ocupadas garantindo a devolução de terras para quem se entregasse, e tratamento inóspito para quem continuasse. Setembrino vai adotar uma nova postura de guerra, ao invés de ir ao combate direto, cerca os fanáticos com tropas vindas de todas as direções: norte – sul – leste – oeste. Avião usado na Guerra do Contestado Com esse cerco, começa a faltar comida nos acampamentos, fazendo com que alguns fanáticos começassem a se entregar, mas na sua maioria eram velhos, mulheres e crianças, talvez para que sobrasse mais comida aos combatentes. Começa a se destacar do reduto a figura do Adeodato, o último líder dos fanáticos, que muda o reduto-mor para o vale de Santa Maria, que contou com cerca de 5000 homens. Na medida em que ia faltando comida, Adeodato começa a se revelar autoritário, não aceitando ser desafiado. Aos que queriam desertar, ou se entregar, era aplicada a pena máxima: a morte. Em dezembro de 1915 o último reduto é devastado pelas tropas de Setembrino. Adeodato foge, vagando com tropas ao seu alcanço, conseguindo escapar de seus perseguidores, mas a fome e o cansaço faz com que Adeodato se entregue em início de agosto de 1916. Em 1923, sete anos após ter sido preso, Adeodato é morto numa tentativa de fuga pelo próprio diretor da cadeia, chegava ao fim a trajetória do último comandante dos fanáticos da região do Contestado. Fontes: http://geocities.yahoo.com.br/joatan74/sc/sc.html http://cadete.aman.ensino.eb.br/histgeo/HistMildoBrasil/ConflInRep/2RevFedRS.htm www.viegasdacosta.hpg.ig.com.br http://www.alca-bloco.com.br/ocontestado/parte_I.htm#dentro TESTES 1. (Acafe—SC) O passado e o presente das culturas indígenas em Santa Catarina têm sido de imensas dificuldades. Referindo-se ao exposto, é falso afirmar: a) Profundamente transformados em sua cultura e depauperados, os grupos indígenas, ainda existentes, caminham para a extinção ou completa descaracterização cultural. b) As culturas indígenas do interior de Santa Catarina eram seminômades e viviam da caça, da coleta e de uma agricultura bastante simples. c) Os imigrantes europeus que chegaram a Santa Catarina, no século XIX, mantiveram conflitos contínuos com os indígenas, levando à destruição destes últimos. d) Quando os indígenas já não possuíam mais áreas para onde fugir, acabaram sendo aldeados em reservas que, até hoje, mantêm os seus remanescentes. e) Os índios carijós, originais habitantes da Ilha de Santa Catarina, foram aldeados pelos jesuítas na missão estabelecida no Ribeirão da Ilha. 2. (Acafe—SC) A afirmação incorreta sobre o desenvolvimento de Santa Catarina é: a) O desenvolvimento capitalista das áreas alemãs e italianas dos vales atlânticos catarinenses atraiu a população de origem luso-brasileira das vizinhanças em decadência. b) O povoamento alemão, estruturado a partir da companhia estatal de colonização do Brasil imperial, teve início no final do século XIX no vale do Itajaí Mirim. d) Os açoriano-madeirenses que se estabeleceram, sobretudo, na Ilha de Santa Catarina, a partir de meados do século XVIII, praticavam policultura de subsistência com pequenos excedentes exportáveis. e) A atividade econômica desenvolvida pelos paulistas que povoaram, desde o século XVII, o planalto catarinense baseava-se na criação extensiva de gado e em grandes propriedades. 3. (Acafe—SC) Sobre a cultura açoriana que marcou o litoral catarinense, é falso afirmar: a) A imigração açoriana resultou de um projeto colonizador da Coroa portuguesa em meados do século XVIII. b) Além do litoral, a cultura açoriana marcou também povoados lusos do interior, como Lages e Chapecó. c) Típica manifestação cultural e religiosa, a festa do divino é realizada até hoje nas comunidades litorâneas de Santa Catarina. d) A farra do boi, que tem provocado muita polêmica, também é manifestação açoriana. e) As comunidades açorianas têm procurado preservar suas tradições, apesar do contínuo processo de integração cultural que as descaracteriza. c) Desde o século XVII até o início do século XX, Santa Catarina foi alvo de processos imigratórios que contribuíram para o povoamento do seu território. 4. (UFSC) Sobre a ocupação do espaço que hoje corresponde ao estado de Santa Catarina é correto afirmar que: 01) os açorianos vieram reforçar a escassa população existente no litoral. 02) os paulistas, trilhando o caminho das tropas, fundaram a vila de Laguna. 04) os imigrantes europeus, no século XIX, ocuparam os vales dos rios Tubarão e Itajaí-Açu. 08) o oeste do Estado foi ocupado, mais recentemente, por migrantes vindos do Rio Grande de Sul. 5. (Acafe—SC) A colonização do litoral catarinense por populações açorianas e madeirenses, dos meados do século XVIII, procurava atender vários objetivos, dentre os quais se pode apontar: a) Ampliar o contingente de brancos numa área onde o número de escravos negros era muito elevado. b) Fornecer mão-de-obra abundante e barata para a lavoura cafeeira em processo de expansão. 7 c) Estimular a mineração de ouro e de prata que era realizada ali em larga escala. d) Estabelecer um ponto de apoio para eventuais intervenções militares na fronteira sul. e) Assegurar trabalhadores experimentados para os esforços de industrialização. 6. (Udesc—SC) O período que segue a criação da Capitania de Santa Catarina em 1738 e a chegada das primeiras levas de imigrantes europeus foi a mais importante para a economia da região em seus primeiros tempos de povoamento de imigração européia. A economia da capitania desse período constituía-se de: a) pesca artesanal, produção de cachaça e farinha de mandioca. b) pesca da baleia, produção de charque e cachaça. c) pesca da baleia, produção de farinha de mandioca e tecelagem de algodão. d) pesca artesanal, produção de charque e farinha de mandioca. 7. (Acafe—SC) O processo de ocupação do atual território catarinense remonta ao período colonial. Sua característica marcante é a variabilidade de povoamentos e estratégias de ocupação do espaço. Sobre esse contexto é falso afirmar: a) A ocupação das áreas litorâneas foi feita com uma certa rapidez, destruindo grande parte dos grupos indígenas aqui existentes, ou então, empurrando-os para o interior do continente. b) A presença portuguesa no litoral catarinense era, em seu início, muito mais um jogo estratégico de ocupação de espaços do que a busca de atividades econômicas rentáveis. c) A exploração do litoral iniciou-se no século XVI, quando para cá vieram imigrantes açorianos para colonizar a região, defendendo-a das pretensões expansionistas dos espanhóis e desenvolvendo atividades econômicas como o cultivo do açúcar para exportação e a criação de gado. d) A chegada dos açorianos, em meados do século XVIII, foi uma das poucas iniciativas efetivas de colonização no Brasil Colonial que obtiveram sucesso. e) A integração do interior de Santa Catarina ocorreu com as incursões de colonizadores paulistas no século XVIII (região de Lages) e europeus de diversas procedências no século XIX. 8. (UFSC) Sobre o artesanato, legado pelos açorianos e ainda existente no litoral catarinense, é correto afirmar: 01) A renda de bilro, cuja técnica é transmitida de mãe para filha, é encontrada na Lagoa da Conceição. 02) A olaria, com peças utilitárias e decorativas, é produzida na região da Grande Florianópolis. 04) Os objetos entalhados em madeira são confeccionados próximos a Laguna. 08) As peças em cristal e porcelana são produzidas manualmente no litoral norte. 9. (Udesc — SC) A cidade de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, foi fundada com o nome de: a) Nossa Senhora dos Anjos da Laguna. b) Santo Antônio de Lisboa. c) Nossa Senhora do Desterro. d) São José da Terra Firme. e) Nossa Senhora da Conceição da Lagoa. 10. (Udesc—SC) Os grupos mais importantes no processo de colonização de Santa Catarina foram: a) italianos, soviéticos e japoneses. b) italianos, alemães e açorianos. c) gregos, soviéticos e açorianos. d) alemães, poloneses e franceses. e) alemães, japoneses e gregos. 11. (Udesc—SC) Associe a coluna da esquerda (município) com a coluna da direita (grupo colonizador), indicando a colonização correspondente. Município Grupo colonizador I — Treze Tilhas ( ) Açoriano II — Blumenau ( ) Austríaco III — Florianópolis ( ) Paulista IV — Lages ( ) Alemão Assinale a alternativa que contém a associação correta, de cima para baixo. a) III, IV, I e II b) II, IV, III e I c) III, I, IV e II d) IV, II, I e III 12. (UFSC) Entre os filhos ilustres de Santa Catarina destaca-se a figura de João da Cruz e Sousa, nascido na cidade de Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, em 24 de novembro de 1861. Além de poeta, destacou-se pela participação na luta abolicionista. Os acontecimentos que culminaram com o Decreto da Abolição, em 1888, inspiraram Cruz e Sousa a escrever o soneto A Pátria Livre, reproduzido um fragmento: Nem mais escravos e nem mais senhores! Jesus descendo às regiões celestes, Fez das sagradas perfumosas vestes Um sudário de luz p’ra tantas dores. [...] Então Jesus que sempre em todo mundo Quis ver o amor ser nobre e ser profundo Falou depois a escrava gerações: — Homens! A natureza é apenas uma... se não existe distinção alguma por que não se hão de unir os corações? Assinale a(s) proposição(ões) verdadeira(s) nas suas referências a Cruz e Sousa e dê o valor total. 01) Participou do movimento modernista, juntamente com Mário e Oswald de Andrade, Sílvio Back e Antônio Conselheiro. 02) No fragmento do soneto A Pátria Livre, Cruz e Sousa faz referência à igualdade entre as pessoas. 04) Aderiu ao movimento simbolista, cujos participantes expressavam seus sentimentos e a visão que tinham da vida através de símbolos. 08) Foi um poeta negro, que participou de atos públicos em defesa da abolição da escravatura. 16) Entre os escritos de Cruz e Sousa destacam-se Broquéis, Faróis e Últimos Sonetos. 32) Cruz e Sousa, por ser abolicionista, participou dos acordos que encerraram os conflitos do Contestado. 13. (UFSC) O filme curta metragem intitulado Desterro expõe cenas que envolveram a Revolução Federalista de 1893. Sobre esse movimento revolucionário é correto afirmar que: 01) teve sua origem no Rio Grande do Sul, mas estendeu-se a Santa Catarina como reação ao governo de Floriano Peixoto. 02) muitas fortalezas foram destruídas por aqueles que acompanhavam com simpatia a ação dos revolucionários. 04) a rebelião federalista se aliou à Guerra do Contestado, pois seus objetivos eram comuns — combater o governo central. 08) o coronel Moreira César instalou o terror, ao mandar prender e fuzilar na fortaleza de Anhatomirim os considerados inimigos da legalidade. 16) residências da cidade do Desterro foram invadidas pelos soldados, e famílias foram desrespeitadas. GABARITO 1- D 2- D 3- B 4- 13 (01+04+08) 5- D 6- A 7- C 8- 07 (01+02+04) 9- C 10- B 11- C 12- 26 (02+08+16) 13- 31 (01+02+04+08+16) 8