PATROCÍNIO: Idaulo Cunha Economista O 2015 CATARINENSE um estado aprisionado à CRISE conjuntural BRASILEIRA Pouco mais de um ano atrás, a expectativa era de que Santa Catarina fosse crescer 2,5% em 2014 – um percentual muito próximo das projeções feitas para o Brasil até então, que eram de 3%. Ninguém imaginava, porém, que o Brasil entraria numa crise de estagflação com crescimento do PIB global nulo, declínio do PIB per capita e inflação na faixa de 6,5% a 7% ao ano. Diante dessas restrições, Santa Catarina andou de lado. A existência de uma ilha de prosperidade em um quadro depressivo como esse seria mais do que um milagre. Agora, o Estado tem mais desafios pela frente. O ano de 2015 traz um cenário político-econômico muito mais sério que o de 2014, agravado por um inédito patamar de corrupção. O governo federal continua teimando em não definir metas para balizar o seu futuro e evita emitir sinais confiáveis para orientar as investimentos e estratégias do setor privado. Provavelmente, evitará a adoção de reformas estruturais e políticas, seja pela convicção dominante no ajuntamento de partidos e políticos formadores da base do governo, seja pelo receio de perder o domínio político. O restante do ano será de crise institucional e política, o que prejudicará ainda mais as limitadas faixas de manobra de medidas e políticas de restauração do crescimento brasileiro. Novas restrições – como o arrocho fiscal, o aumento das alíquotas tributárias e a criação ou reedição de tributos – agravarão ainda mais o conturbado cenário econômico, alimentando a tendência recessiva do país e, também, de Santa Catarina. Convém frisar: a crise brasileira tem raízes aqui, mesmo, no Brasil. A China deverá aumentar seu PIB em 7,1%; a Índia superará a marca dos 6,0%; e até os Estados Unidos têm condições de crescer mais que 3%. Já o Brasil deverá amargar uma expansão medíocre, entre 0,6 e 0,8% – e olhe lá. Nesse panorama desalentador, Santa Catarina, que é o Estado detentor do maior grau de industrialização do Brasil, não terá estímulo positivo para crescer no mercado interno. Mais do que isso, terá de superar fortes barreiras e entraves para conquistar espaços no mercado global. Até porque o Brasil irá adiar as reformas essenciais à restauração de sua competitividade. Resta ao governo estadual estimular o crescimento catarinense nas esferas micro e mesoeconômica. Para isso, foi anunciada recentemente uma reforma administrativa de boa aparência – mas que, de fato, não deverá aumentar a eficiência e nem a qualidade da gestão do governo estadual. O núcleo do grupo de executivos-secretários e diretores de estatais será basicamente mantido no segundo mandato do atual governador. Acrescente-se aí o fato de o governador se perfilar com o governo federal, tendo apoiado a reeleição de Dilma Rousseff – na contramão do que a maioria dos catarinenses expressou nas urnas, em outubro de 2014. O Estado poderá exibir taxas de crescimento um pouco maiores do que a média brasileira. Mas não repetirá os extraordinários desempenhos exibidos nos anos 1965-1980, cujas taxas ficaram entre 7% e 8%. Será outro ano em que os empresários deverão exercitar a criatividade que os distingue nacionalmente em nome da manutenção da competitividade na esfera microeconômica. Destaco que Santa Catarina conquistou proeminência no cenário nacional, entre 1965 e 1985, por seus próprios méritos, quando penetrou em espaços nobres no mercado global. O Estado não pode e nem deve se conformar com um longo quadro depressivo, muito menos com esse cenário que limita seu potencial de crescimento e afeta o bem-estar de sua laboriosa população. “Resta ao governo estadual estimular o crescimento catarinense. Para isso, foi anunciada recentemente uma reforma administrativa de boa aparência – mas que, de fato, não deverá aumentar a eficiência e nem a qualidade da gestão do governo estadual” AMANHÃ / 2015 / Fevereiro e Março / 93