Listas e Ordenação Pedro Barahona DI/FCT/UNL Introdução aos Computadores e à Programação 2º Semestre 2005/2006 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 1 Listas Uma lista é uma sequência de dados do mesmo tipo, simples ou complexo, para as quais estão definidas (em Octave) as operações de: • Criação: list(elem_1, elem_2, ..., elem_k) –Cria uma lista, com os elementos de 1 a k (ou uma lista vazia se k = 0) • Adição: append(nome_lista,elem_1, ...,elem_k) –Acrescenta os os elementos de 1 a k à lista com o nome indicado no 1º argumento • Acesso: nth(nome_lista, k) –Acede ao k-ésimo elemento da lista. De notar que esse elemento pode ser uma estrutura arbitrariamente complexa. 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 2 Listas • Para ilustrar o conceito de lista, vamos considerar um ficheiro com informação sobre empregados e criar uma lista com essa informação. • A cada linha do ficheiro corresponde uma estrutura, emp, com os campos cod, nome, venc e data. Por exemplo, cod nome 610 Paulo Fernandes Lopes venc 2341.36 data 15/04/1996 • A leitura dos vários campos de uma estrutura pode ser feita como anteriormente [emp.cod,emp.nome,emp.venc,emp.data,count] = fscanf(f_aux,"%i%s%f%s","C"); 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 3 Leitura de Listas O programa completo, que cria uma lista, tab_empregados, com a informação sobre os empregados do ficheiro “empresa_aux.txt”, é o seguinte: [f_aux, msg] = fopen("empresa_aux.txt", "r"); tab_empregados = list(); n = 0; [emp.cod,emp.nome,emp.venc,emp.data, count] = fscanf(f_aux,"%i%s%f%s","C"); while !feof(f_aux) n = n+1; tab_empregados = append(tab_empregados, emp); [emp.cod,emp.nome,emp.venc,emp.data, count] = fscanf(f_aux,"%i%s%f%s","C"); endwhile; fclose(f_aux); 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 4 Estruturas e Listas em Funções Estruturas e listas podem ser retornadas como resultado de uma função. Por exemplo, a função abaixo retorna a lista anterior e o número dos seus elementos: function [tabela, n] = ler_tab_emp(ficheiro); rem_sp(ficheiro,”empresa_aux.txt”) [f_aux, msg] = fopen(“empresa_aux.txt”, "r"); tabela = list(); n = 0; [emp.cod,emp.nome,emp.venc,emp.data, count] = fscanf(f_aux,"%i%s%f%s","C"); while !feof(f_aux) n = n+1; tabela = append(tabela, emp); [emp.cod,emp.nome,emp.venc,emp.data, count] = fscanf(f_aux,"%i%s%f%s","C"); endwhile; fclose(f_aux); endfunction; 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 5 Processamento de Listas • A partir deste momento, todo o processamento da informação sobre os empregados pode ser feito sem leitura do ficheiro, mas apenas por acesso à lista “tab_empregados”. • Vamos ilustrar esta situação em 3 problemas: – Cálculo da média dos vencimentos dos empregados. – Selecção dos empregados com o nome Paulo – Ordenação dos empregados por ordem crescente de antiguidade 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 6 Média de Vencimentos • Uma vez lida a informação dos empregados para a lista “tab_empregados”, com n elementos, ela pode ser acedida directamente, sem necessidade de nova leitura do ficheiro. • O cálculo do total e da média dos vencimentos é feito através de um ciclo que percorre todas as estruturas da lista e soma os correspondentes campos “venc”. %[tab_empregados, n] total = 0; for i = 1:n total = total + endfor; printf("o total de printf(“ e 11 de Maio de 2006 = ler_tab_emp(“empresa_in_var.txt”); nth(tab_empregados,i).venc; vencimentos é %7.2f \n“, total); a sua média é %7.2f \n", total/n); Listas e Ordenação 7 Selecção de Elementos de Listas • Igualmente se podem seleccionar os elementos de uma lista que satisfazem um certo critério. • No exemplo abaixo são seleccionados, e mostrados ao terminal, os empregados cujo vencimento é superior a 1000 € %[tab_empregados,n] = ler_tab_emp(“empresa_in_var.txt”); printf("Lista de empregados com mais de 1000 €: \n"); for i = 1:n emp = nth(tab_empregados,i); if emp.venc > 1000 printf(“ %-30s\t%7.2f\n",emp.nome,emp.venc); endif; endfor; 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 8 Selecção de Elementos de Listas • O critério utilizado para seleccionar os elementos de uma lista é arbitrário, podendo ser naturalmente outro. • No exemplo abaixo são seleccionados, e mostrados ao terminal, os empregados que têm o nome Paulo (bem como o seu vencimento) %[tab_empregados, n] = ler_tabela(“empregados_var.txt); for i = 1:n emp = nth(tab_empregados,i); if index(toupper(emp.nome),"PAULO") > 0 printf("\t%-30s\t%7.2f\t\n",emp.nome,emp.venc); endif; endfor; 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 9 Ordenação de Vectores, Matrizes e Listas • As estruturas de dados (vectores, matrizes ou listas) são frequentemente armazenadas de uma forma ordenada. • A ordenação facilita, a pesquisa de informação. Como veremos, numa lista ordenada com n elementos a procura de um elemento pode ser feito com log2(n) acessos em vez de n operações. • Por exemplo, se uma lista tiver 107 = 10 000 000 elementos (por exemplo, o número de portugueses na base de dados do BI), em vez de 10 000 000 de acessos à lista (para encontrar um #BI), são necessários apenas cerca de log2(107) ≈ 23.25, em média. • Evidentemente a ordenação tem custos. Mas como é frequentemente o caso, a ordenação é feita 1 vez, e os acessos muitas vezes, compensa manter as estruturas de dados ordenadas. 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 10 Ordenação de Vectores • Analisemos primeiro a ordenação de vectores (ou listas), para o que existem vários algoritmos (de ordenação) com vantagens e desvantagens em diferentes contextos. • Uma característica importante dos algoritmos é o espaço de memória utilizado, que não consideraremos neste caso, já que apenas se utiliza o espaço ocupado pelo vector. • Outra característica importante é a sua complexidade, medida em número de acessos ao vector. Este número depende naturalmente do número n de elementos da estrutura de dados utilizada. • Embora existam algoritmos (quicksort) mais rápidos (necessitam de cerca de nlog2 n acessos), o que apresentamos (bubblesort) é mais simples de descrever. 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 11 Ordenação de Vectores – Bubble Sort • A ideia do algoritmo é comparar dois elementos consecutivos do vector, e trocá-los se tiverem na ordem “errada”. • Esta comparação é feita entre todos os n-1 pares do vector, por uma determinada ordem, por exemplo (1,2), (2,3), ..., (n-1,n). • Se não fôr feita nenhuma troca, o vector já está ordenado. Caso contrário, repete-se o processo. • No pior caso (em que V(n) era o elemento mais pequeno do vector), é necessário executar n-1 vezes este “varrimento” do vector (mais 1 vez para “ter a certeza”). • No total, e para o pior caso, são feitas n(n-1) comparações, das quais algumas serão trocas, pelo que a complexidade será quadrática no número de elementos do vector (≈ n2). 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 12 Ordenação de Vectores – Bubble Sort • Podemos observar o comportamento deste algoritmo nos dois casos abaixo com um vector com 4 elementos, que se pretende ordenar de forma crescente. 11 de Maio de 2006 9 7 7 7 9 4 4 4 9 1 1 1 t t t 7 4 4 4 7 1 1 1 7 9 9 9 t t 4 1 1 1 4 4 7 7 7 9 9 9 t 1 1 1 4 4 4 7 7 7 9 9 9 Pior caso 4*3 = 12 comparações 6 trocas Caso “típico” 3*3 = 9 comparações 3 trocas Listas e Ordenação 1 1 1 9 9 7 7 7 9 4 4 4 1 1 1 7 7 4 4 4 7 9 9 9 1 1 1 4 4 4 7 7 7 9 9 9 t t t 13 Ordenação de Vectores – Bubble Sort • A função abaixo implementa o algoritmo de bubble sort. No início de cada ciclo for a variável troca é falsa. Se se mantiver falsa no fim do ciclo, o vector já se encontra ordenado e não é necessário mais nenhum ciclo for. function V = bubble_vec(V); % bubble sort n = length(V) do troca = false; for i = 1:n-1 if V(i) > V(i+1) troca = true; x=V(i); V(i)=V(i+1); V(i+1)=x; %troca endif; endfor; until ! troca; endfunction; 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 14 Ordenação de Listas – Bubble Sort • A função abaixo implementa o algoritmo de bubble sort mas para uma lista de estruturas, ordenada por um campo (venc). function L = bubble_list(L); % bubble sort n = length(L); do troca = false; for i = 1:n-1 reg1 = nth(L,i); reg2 = nth(L,i+1); if reg1.venc < reg2.venc troca = true; L(i) = reg2; L(i+1) = reg1; endif; endfor; until ! troca; endfunction; • Nota: o campo não pode ser passado como parâmetro. Porquê? 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 15 Pesquisa em Vectores • Consideremos um vector V, não ordenado, onde queremos encontrar o número x. O algoritmo abaixo determina se o número x está ou não incluído no vector, comparando x com todos os valores da lista. • A função retorna o índice i onde se encontra x (ou seja, V(i) = x), ou retorna 0 se x não estiver incluído no vector function i = procura_vec(x,V); for i = 1:length(V); if V(i) == x return; endif endfor; i = 0; endfunction; 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 16 Pesquisa em Vectores • A complexidade do algoritmo, em termos do número de acessos ao vector, pode ser analisado da seguinte forma: – Se x não pertence ao vector, então terão de ser feitas n leituras. – Se x pertencer ao vector, o número de leituras é variável. Assumindo que x pode estar em qualquer posição, deverão ser lidos, em média, n/2 valores. • Assumindo que x pode estar em V com uma probabilidade p (e não estar com uma probabilidade q = 1-p), o número médio de acessos será de aproximadamente p n/2 + q n • Se p = q = ½ teremos uma complexidade média de ½½n+½n =¾n o que indica uma complexidade assintótica linear, O(n). 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 17 Pesquisa Linear em Vectores Ordenados • A complexidade da pesquisa pode ser melhorada se o vector está ordenado. Assumindo uma ordenação crescente, a pesquisa pode terminar se o valor V(i) já exceder o valor de x, porque nesse caso, os valores de V(j) com j > i serão ainda maiores! function i = procura_vec_lin(x,V); i = 1; while i < length(L) & x > V(i); i = i + 1; endwhile if x != V(i) i = 0 endif; endfunction; 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 18 Pesquisa Linear em Vectores Ordenados • A complexidade, em termos do número de acessos ao vector, pode ser analisado da seguinte forma: – Como anteriormente, se x pertencer ao vector, o número de leituras é variável, sendo em média lidos n/2 valores. – Se x não pertencer ao vector, esse facto poderá ser descoberto no início ou no fim, consoante o valor de x. Em média, podemos assumir que apenas metade dos valores são testados • Como x está em V com uma probabilidade p, e não está com probabilidade 1-p, o número médio de acessos será de p n/2 + (1-p) n/2 = n/2 • O número de acessos baixa assim de ¾ n para ½ n, mas mantém a mesma complexidade assintótica linear, O(n). 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 19 Pesquisa Bipartida em Vectores Ordenados • Se o vector está ordenado, podemos sempre determinar se x, a existir no vector está à frente ou atrás de um elemento testado. • Assim em vez de testar sequencialmente os valores de V, podemos testá-los “em saltos”, delimitando em cada teste a zona do vector onde valerá a pena pesquisar. • Esquemáticamente, podemos considerar um esquema de bipartição x < V(i) x > V(i) i • O algoritmo pode pois considerar um intervalo de pesquisa cada vez menor, como exemplificado de seguida. 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 20 Pesquisa Bipartida em Vectores Ordenados • Consideremos um vector V, ordenado por ordem crescente, com 31 números, onde queremos encontrar o número x. Inicialmente os índices onde se faz a pesquisa estão no intervalo (1,31). • Podemos comparar x com o número intermédio 16 (i.e. (1+31)/2). – Se V(16) = x, este está encontrado. – Se V(16) < x, este deverá ser procurado no intervalo (17,31). – Se V(16) > x, este deverá ser procurado no intervalo (1,15). • Neste último caso, podemos comparar x com o número intermédio 8 (i.e. (1+15)/2). – Se V(8) = x, este está encontrado. – Se V(8) < x, este deverá ser procurado no intervalo (9,15). – Se V(8) > x, este deverá ser procurado no intervalo (1,7). 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 21 Pesquisa Bipartida em Vectores Ordenados • No segundo caso, podemos comparar x com o número intermédio 12 (i.e. (9+15)/2). – Se V(12) = x, este está encontrado. – Se V(12) < x, este deverá ser procurado no intervalo (13,15). – Se V(12) > x, este deverá ser procurado no intervalo (9,11). • No segundo caso, podemos comparar x com o número intermédio 14 (i.e. (13+15)/2). – Se V(14) = x, este está encontrado. – Se V(14) < x, este deverá ser procurado no intervalo (15,15). – Se V(14) > x, este deverá ser procurado no intervalo (13,13). • Nestes últimos casos, são feitas comparações com um só elemento V(13) ou V(15), que indicam se x está ou não no vector V . 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 22 Pesquisa Bipartida em Vectores Ordenados • No máximo, são feitas 5 comparações, com V(16), V(8), V(12), V(14) e V(15), o que confirma que o número máximo de acessos é da ordem de log2(n), já que log2(31) = 4.95 ≈ 5. • Em geral, o intervalo inicial, de largura n, é reduzido para metade em cada um de p passos, sendo feita uma comparação em cada passo, e terminando o processo quando o intervalo tiver largura 1. Assim, temos n ½ ½ ... ½ = 1, donde n / 2p = 1 e portanto n = 2p ou p = log2(n). • Como p é o número de comparações, a pesquisa bipartida tem, como visto atrás, complexidade assintótica logaritmica O( log2(n)) 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 23 Pesquisa Bipartida em Vectores Ordenados • O algoritmo descrito pode ser implementado através das funções procura_vec_bip e p_vec_bip, que retornam o índice do elemento do vector V onde se encontra o valor x, caso ele exista. Caso contrário retornam o valor 0. • A função procura_vec_bip apenas conta os elementos do vector e chama a função p_vec_bip, que procura o elemento x no vector V nos elementos com índices entre dois limites, inferior e superior (no início estes limites são 1 e n, respectivamente): function i = procura_vec_bip(x,V); n = length(V); i = p_vec_bip(x,V,1,n); endfunction. 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 24 Pesquisa Bipartida em Vectores Ordenados • A função p_vec_bip verifica se x é o elemento “do meio” do vector. Se não, procura nos índices ou inferiores ou superiores, consoante x for menor ou maior que esse elemento. • A pesquisa para quando os limites superior e inferior forem os mesmos, testando-se se x é o valor desse elemento. function i = p_vec_bip(x,V,lo,up); i = 0; while up >= lo & i == 0 mid = floor((lo+up)/2); if x > V(mid) lo = mid+1; elseif x < V(mid) up = mid-1 else i = mid; endif endwhile endfunction 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 25 Pesquisa Bipartida em Listas Ordenadas • As funções pesquisa_list e p_list, abaixo apresentadas, são as correspondentes funções de acesso a uma lista L, ordenada por um determinado campo (no exemplo, cod). function i = procura_lista_bip(x,L); i = p_lista_bip(x,L,1,length(L)); endfunction. function i = p_lista_bip(x,L,lo,up); i = 0; while up >= lo & i == 0 mid = floor((lo+up)/2); if x > V(mid).cod lo = mid+1; elseif x < V(mid).cod up = mid-1 else i = mid; endif endwhile endfunction 11 de Maio de 2006 Listas e Ordenação 26