FACULDADE C€SPER L•BERO CIP – Centro Interdisciplinar de Pesquisa PROJETO DE PESQUISA Megaeventos esportivos no Brasil e seu comprometimento com a Sustentabilidade Linha de pesquisa: Comunicação e Mercado Coordenadoria de Relações Públicas São Paulo - 2009 - Sumário 1. Introdução 3 2. Tema, Problema e Hipóteses 6 3. Justificativa 7 4. Objetivos 8 5. Procedimentos Metodológicos 8 6. Quadro Teórico de Referência 8 7. Considerações Finais 9 8. Sumário da Pesquisa 9 9. Cronograma 10 10. Referências Bibliográficas 10 1. Introdução Por seu car€ter abrangente, os eventos s•o considerados pelos rela‚ƒesp„blicas, instrumentos capazes de viabilizar e estimular o di€logo de maneira sim…trica e colaboram para a obten‚•o de objetivos diversos para as organiza‚ƒes que, nas „ltimas d…cadas, foram pressionadas a investir em a‚ƒes de relacionamento com seus p„blicos de interesse, al…m promover suas marcas, produtos e servi‚os em busca de maior competitividade. Para que sejam estrat…gicos, os eventos precisam estar alinhados aos objetivos de comunica‚•o e serem concebidos e planejados dentro dos preceitos …ticos da atividade, al…m de contribuir para os objetivos de neg†cios das organiza‚ƒes. Ao fazer uso de uma comunica‚•o excelente em suas a‚ƒes, os eventos em si, podem ser utilizados como canais de m•o dupla, t•o necess€rios para harmonizar os interesses entre as organiza‚ƒes e seus diversos p„blicos de relacionamento. Com este esp‡rito … que compreendemos os eventos como a‚ƒes planejadas, com gest•o de objetivos que estejam orientados para os resultados da organiza‚•o, sempre em busca da constru‚•o de relacionamentos duradouros e confi€veis. Por estabelecer canais de di€logo e fazer uso de t…cnicas adequadas para promover o encontro de p„blicos interessados em discutir tem€ticas espec‡ficas, os eventos permitem a simetria na comunica‚•o, por meio da qual, torna-se poss‡vel a compreens•o m„tua e a busca por solu‚ƒes de problemas comuns. Por seu car€ter midi€tico, muitas vezes a promo‚•o de eventos tornase necess€ria para que novos conceitos como o de “desenvolvimento sustent€vel”1 sejam disseminados e legitimados pelos atores sociais. 1 De acordo com Fernando Almeida, do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustent€vel – CEBEDS, o termo desenvolvim ento sustent€vel foi definido pela primeira vez em 1987, pela Comiss•o Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU – Organiza‚•o das Na‚ƒes Unidas, no Relat†rio Nosso Futuro Comum, mas ficou conhecido como Relat†rio Brundtland, por ter sido redigido pela comiss•o que na …poca era presidida pela ex-primeira ministra da Noruega Gro Harlen Brundtland: “Desenvolvimento sustent€vel … aquele que atende ‹s necessidades do presente sem comprom eter a capacidade de as gera‚ƒes futuras satisfazerem suas pr†prias necessidades” (ALMEIDA, 2007, p.215). De acordo com Burckart (apud PINTO, 2006, p. 113), o objetivo do desenvolvim ento sustent€vel … satisfazer as necessidades dos mais pobres, al…m de possuir como princ‡pios a melhoria da inter-rela‚•o entre economia, tecido social e ambiente, embora ainda haja muita Œnfase nas questƒes ambientais. Em rela‚•o a este tema, observamos duas formas de utiliza‚•o dos eventos dentro da l†gica espetacular2: primeiro, sendo utilizados como momentos de encontro, ideais para troca de informa‚ƒes e formula‚ƒes de a‚ƒes que mobilizam os p„blicos na busca de solu‚ƒes ‹s consequŒncias negativas ‹ sociedade, provocadas pelo mau uso dos recursos naturais, tais como a ConferŒncia Eco 92 e a ConferŒncia Internacional das Mudan‚as Clim€ticas (COP 15), que acontecer€ em dezembro deste ano na cidade de Copenhagen, na Dinamarca. Nestes casos, a “sustentabilidade” … o conte„do, est€ inserida na programa‚•o dos eventos promovidos com os objetivos acima apresentados. Num segundo momento, o espet€culo se concretiza e o conceito de sustentabilidade extrapola os limites do conte„do do evento e passa a permear todas as suas a‚ƒes. • medida que os desastres ambientais j€ n•o podem ser mantidos em segredo3 e diante das perspectivas de que n•o podemos “congelar as sociedades em estado de subdesenvolvimento”, as corpora‚ƒes percebem a necessidade de modificar sua postura. Entre diversas a‚ƒes de comunica‚•o e de marketing, os eventos passam a ser utilizados, tamb…m, como mecanismos de exposi‚•o do discurso das empresas que precisam tornar tang‡vel a proposta de organiza‚ƒes comprometidas com o desenvolvimento sustent€vel. Desta forma, surgem os chamados “eventos sustent„veis”, ou seja, eventos capazes de transformar em pr„tica os princ†pios e as estrat‡gias da sustentabilidade, aplicados no processo de seu planejamento e organizaˆ‰o. Desta forma, 2 O espet€culo, ou seja, a valoriza‚•o das imagens (como representa‚•o visual e m ental) vinculadas ‹s mercadorias, por meio das quais as rela‚ƒes de consumo s•o mediadas, est€ presente na vida cotidiana e diz respeito ao que os meios de comunica‚•o produzem: por meio do cinema, da propaganda, da not‡cia, dos eventos e de program as televisivos, tais como notici€rios, telenovelas e programas de audit†rio, entre outros, cria-se uma experiŒncia que antecede a vivŒncia real. “Toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condi‚ƒes de produ‚•o se apresenta como um a imensa acumula‚•o de espet€culos. Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representa‚•o” (DEBORD, 1997, p. 13). 3 O espet€culo n•o esconde que alguns perigos cercam a ordem maravilhosa que ele estabeleceu. A polui‚•o dos oceanos e a destrui‚•o das florestas equatoriais amea‚am a renova‚•o de oxigŒnio na Terra; a camada de ozŽnio n•o suporta o progresso industrial; as radia‚ƒes de origem nuclear se acumulam de modo irrevers‡vel. O espet€culo conclui que isso n•o tem import•ncia. S† est€ preocupado em discutir datas e doses. Com isso, ele consegue tranq•ilizar; coisa que um esp‡rito pr…-espetacular teria considerado imposs‡vel. (DEBORD, 1997, p. 193) obt…m-se o alinhamento entre a miss•o organizacional, seu discurso e este tipo de a‚•o comunicacional. Por meio do monitoramento dos impactos positivos e negativos gerados pelos eventos nas comunidades em que s•o promovidos, torna-se poss‡vel identificar os pontos preocupantes, assim como administr€-los visando potencializ€-los quando positivos ou minimiz€-los quando negativos. Para Hall (in ALLEN (et al.), 2003, p.11), os impactos s•o observados nas seguintes esferas: social, cultural, pol‡tico, econŽmico, f‡sico ou ambiental. Danos ao meio ambiente, polui‚•o, destrui‚•o ao patrimŽnio, perturba‚•o ac„stica, engarrafamentos s•o alguns dos impactos negativos j€ identificados e que ocorrem principalmente quando os eventos s•o de grande porte e promovidos em espa‚os p„blicos, tais como parques, praias, pra‚as ou ruas. No entanto, “os pesquisadores conclu‡ram que os custos sociais n•o parecem ser importantes em rela‚•o ao sem-n„mero de benef‡cios proporcionados por um evento” (ALLEN (et al.), 2003, p. 20). Uma prova de que os interesses econŽmicos est•o acima de qualquer preocupa‚•o ambiental. A proposta de realiza‚•o de eventos sustent€veis come‚a a ser incorporada ao dia-a-dia das organiza‚ƒes e surgem uma s…rie de “dicas”, tais como: a utiliza‚•o de materiais reciclados e reutiliz€veis, a coleta e destina‚•o correta dos res‡duos gerados pelo evento, a neutraliza‚•o das emissƒes de g€s carbŽnico (devidamente certificada por consultorias especializadas que calculam a quantidade de poluentes gerados com o processo de organiza‚•o do evento, como por exemplo os poluentes gerados pelo transporte dos organizadores e dos participantes do eventos, para posterior compensa‚•o por meio do plantio de €rvores); cuidados com a acessibilidade do local; racionaliza‚•o do uso da €gua e de energia el…trica; utiliza‚•o de alimentos org•nicos; utiliza‚•o de “brindes verdes” ou produzidos por comunidades carentes; incentivo ao com…rcio justo; promo‚•o de a‚ƒes sociais, culturais e de campanhas educativas, de incentivo ‹ preserva‚•o ambiental. Os megaeventos esportivos, tais como a Copa do Mundo e os Jogos Ol‡mpicos s•o capazes de agregar valor simb†lico ‹s cidades sedes, promovem o fluxo tur‡stico internacional, geram a cria‚•o de novos postos de trabalho, estimulam a capta‚•o de recursos para investimentos em infraestrutura, entre outros benef‡cios econŽmicos. Pela paix•o que desperta e pelos atributos positivos que possui, o esporte contribui para promo‚•o de marcas e os eventos esportivos s•o tratados como neg†cio pelas empresas promotoras, bem como para as empresas patrocinadoras e apoiadoras destas iniciativas. Os grupos de m‡dia d•o ampla cobertura aos eventos que se tornam conte„dos de sua programa‚•o e o torcedor, transforma-se em consumidor. No entanto, ao assumir o compromisso de sediar os dois principais eventos esportivos no mundo, o Brasil assume in„meros desafios e a popula‚•o brasileira dever€ assumir um papel que vai al…m do “torcedor-consumidor”. De acordo com o ministro dos Esportes, Orlando Silva, Uma lista de metas para tornar a Copa um evento sustent€vel come‚ou a tomar corpo na Alemanha, em 2006, e vai continuar na ‘frica, no ano que vem. Mas, de acordo com os organizadores, ser€ no Brasil, em 2014, que acontecer€ a grande aplica‚•o deste projeto, que eles chamam de green goals. (...) A Copa de 2014 no Brasil apresentar€ ao mundo diversos exemplos de sustentabilidade ambiental. Ser€ uma de nossas marcas. (SILVA, 2009, p.7) Nos pr†ximos anos, o brasileiro dever€ assumir o seu papel de cidad•o, capaz de estabelecer mecanismos de fiscaliza‚•o e de press•o para que o poder p„blico, juntamente como os comitŒs organizadores, gerencie os recursos de forma …tica e transparente e promova megaeventos realmente sustent€veis, capazes de estimular, tamb…m, o desenvolvimento social e econŽmico. 2. Tema, Problema e Hipóteses A promessa de realiza‚•o de uma Copa Verde no Brasil em 2014 e os investimentos governamentais para capta‚•o dos Jogos Ol‡mpicos de 2016 na cidade do Rio de Janeiro, fundamentados na possibilidade de benef‡cios econŽmicos e sociais proporcionados por eventos deste porte, despertaram o interesse pelo desenvolvimento desta pesquisa. De uma maneira geral, os ve‡culos de comunica‚•o noticiam os eventos com enfoques positivos, que estimulam a receptividade e o apoio dos brasileiros aos eventos e desde já, criam uma grande expectativa em relação aos diversos benefícios que serão gerados, além do legado positivo às cidades após a realização dos eventos. Esse estudo parte da hipótese de que a utilização do discurso da sustentabilidade contribui para construção de uma imagem positiva dos eventos e permite a percepção de que seus promotores e organizadores estão comprometidos com as questões relacionadas com a sustentabilidade. Outra hipótese considera que o discurso apresentado pelos comitês organizadores dos eventos e seus respectivos apoiadores é organizado apenas em torno das questões de caráter ambiental. Desta forma, podemos estabelecer uma terceira hipótese: os membros dos comitês organizadores dos eventos não estão efetivamente interessados em contribuir para o desenvolvimento sustentável, especialmente em relação aos aspectos sociais das comunidades afetadas pelos eventos. 3. Justificativa A realização de eventos calcados nos princípios da sustentabilidade torna-se, cada vez mais, uma preocupação por parte dos profissionais que atuam nos processos de planejamento e organização de eventos. Seja por exigência dos diversos grupos de pressão, do mercado ou das empresas patrocinadoras; seja para legitimar a adoção de discursos positivos e favoráveis à construção de uma imagem positiva aos promotores, as ações com apelos ambientais passam a ser destaque na divulgação dos eventos. Desta forma, a compreensão dos princípios da sustentabilidade e a análise crítica acerca das iniciativas organizacionais são necessárias para uma melhor formação e atuação do profissional de relações públicas, num mercado em que os eventos são amplamente utilizados como ferramenta estratégica de comunicação e marketing. 4. Objetivos O objetivo central deste projeto de pesquisa é evidenciar o compromisso do comitê organizador da Copa do Mundo de 2014, com a questão da sustentabilidade e discutir o tema sob a ótica das Relações Públicas Excelentes. Pretende-se, também, conhecer a percepção dos alunos de Relações Públicas da Faculdade Cásper Líbero sobre o tema. 5. Procedimentos Metodológicos Será realizada uma pesquisa qualitativa, com enfoque exploratório e descritivo por meio do estudo de caso da proposta do evento, contida nos sites oficiais dos Ministérios do Esporte e do Turismo e do comitê organizador da Copa de 2014. Segundo Yin, o estudo de caso é uma forma de se fazer pesquisa empírica que investiga fenômenos contemporâneos dentro do seu contexto de vida real, em situações em que as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não estão claramente estabelecidas, onde se utilizam múltiplas fontes de evidência. (YIN, 2001, p.32) Pretende-se iniciar o trabalho por meio de uma pesquisa bibliográfica, bem como pela coleta de informações e material para análise. Torna-se necessário, elaborar um projeto de pesquisa específico para avaliar a percepção dos alunos de Relações Públicas da Cásper Líbero, acerca da existência ou não, de um comprometimento por parte dos organizadores em promover, por meio do evento, o desenvolvimento sustentável. Para tanto, serão identificadas e analisadas as ações propostas ou em execução no período de 2009 a 2010, para posteriormente estabelecer os indicadores da pesquisa. 6. Quadro Teórico de Referência Serão utilizadas como base teórica para o desenvolvimento deste estudo, obras relacionadas com a sociedade do espetáculo e seus desdobramentos, tais como, consumo, entretenimento e comunicação. Autores como Guy Debord, David Harvey, Ignácio Ramonet e Gilberto Dupas serão abordados, juntamente com autores de obras que discutem as relações públicas e o marketing, os eventos e a sustentabilidade. Será, ainda, tomada como base teórica para análise do estudo de caso, os métodos apresentados por Robert Yin. 7. Considerações Finais A documentação e a análise das informações pertinentes à organização da Copa do Mundo de 2014, assim como o registro de seus desdobramentos durante e após sua realização, requerem uma sistematização que, certamente terá início com o desenvolvimento desta pesquisa. Por se tratar de um evento complexo, cujos processos iniciam com muita antecedência, este estudo será um recorte desta fase inicial, preparatória. Porém, espera-se que este estudo permita a ampliação do conhecimento sobre o tema, ao ponto de permitir novos olhares, sempre estimulados pela visão crítica das ações comunicacionais. 8. Sumário da Pesquisa 1. Introdução 2. Revisão Bibliográfica 3. Caracterização do Objeto de Estudo e Análise das ações 4. Pesquisa 5. Considerações Finais 6. Referências Bibliográficas 7. Anexos 9. Cronograma Mar‚o a dezembro de Revis•o bibliogr€fica e levantamento de informa‚ƒes 2010 para an€lise. Janeiro e fevereiro de In‡cio da an€lise do material e elabora‚•o do projeto 2011 de pesquisa de percep‚•o sobre o tema. Mar‚o a julho de 2011 Aplica‚•o e tabula‚•o da pesquisa e in‡cio da reda‚•o dos cap‡tulos preliminares. Agosto e setembro de An€lise da pesquisa e desenvolvimento das 2011 considera‚ƒes. Outubro a dezembro Desenvolvimento das considera‚ƒes finais e do de 2011 relat†rio final da pesquisa. 10. Referências Bibliográficas ALLEN, Johnny (et al.). Organização e Gestão de Eventos. Rio de Janeiro: Campus, 2003. ALMEIDA, Fernando. Os desafios da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. DEBORD, Guy. A Sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. DUPAS, Gilberto. O mito do progresso. S•o Paulo: Editora Unesp, 2006. HARVEY, David. A arte de lucrar: globalização, monopólio e exploração da cultura in Por uma outra comunica‚•o – m‡dias, mundializa‚•o cultural e poder. Rio de Janeiro: Record, 2003. PINTO, Mario Couto Soares. Economia de comunhão: empresas para um capitalismo transformado. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. SILVA, Orlando. A Copa que o Brasil quer fazer in Conjuntura da Infraestrutura. S•o Paulo: ABDIB/Funda‚•o Get„lio Vargas, julho de 2009. YIN, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos 2.ed. – Porto Alegre: Bookman, 2001.