CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS
A importância do Estudo de M eio em
Geografia no Ensino Fun damental para
análise do esp aço urbano
SANTO ANDRÉ
2010
KÁTIA RODRIGUES ARAÚJO
A importância do Estudo de M eio em
Geografia no Ensino Fun damental para
análise do esp aço urbano .
Projeto de Iniciação Cientifica apresentado
ao
Programa
de
Incentivo
à Iniciação
Científica do Centro Universitário Fundação
Santo André.
Orientadora:
Profª. Dra. FLÁVIA ULIAN
SANTO ANDRÉ
2010
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Sumário
1. Introdução e Justificativas
4
2. Objetivos
5
2.1 Objetivos Geral
5
2.2 Objetivos Específicos
5
3. Atividades Desenvolvidas
7
3.1 Coleta de Informações sobre a Cidade de Santo André e Apresentação do
projeto nas escolas da cidade
7
3.2 Atividades e Exposições Acadêmicas
8
3.3 Definição de Temas e Paradas
9
Análise dos resultados
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4. Atividades Desenvolvidas de Setembro à Outubro
12
4.1 Aulas Teóricas – Parte I
12
5. Saída de Campo – Parte II
16
6. Análises da atividade desenvolvida na saída de campo – Parte III
22
Considerações Finais
Referências
24
3
1. Introdução e Justificativa
Sendo a Geografia uma ciência que estuda relação entre o homem e o meio, o trabalho
de campo, ou estudo do meio, sempre se fez presente, mesmo no início desta ciência,
no século XIX, como fez, por exemplo, Alexander Von Humboldt em suas viagens
exploratórias, expedições. Segundo Correa (1996), “o trabalho de campo é uma
tradição cuja importância é reconhecida por todos, sobretudo àqueles que tem na
paisagem natural ou cultural a objetivação da Geografia”.
Lacoste e Kaiser (1985) discutem a importância do trabalho de campo, situando-se
mais como um instrumento político do que uma ferramenta para a ação dos geógrafos.
Desta forma pode-se interpretar que se faz necessário levantar as questões sociais da
sociedade pesquisada, preocupando-se com as relações sociais que se dão nestes
espaços analisados e não somente com o espaço isoladamente, fazendo uma análise
individual e fragmentada. Portanto é através desta compreensão, que pode-se
alcançar, com o estudo do meio, as questões sociais que estão envolvidas da
sociedade pesquisada ou observada, analisando as desigualdades, contradições,
diferenças cultur ais, política, etc.
Correa (1996) afirma ainda que:
“o trabalho de campo não deve se tornar uma armadilha para o Geógrafo a partir de
relações espaciais cada vez mais complexas e escamoteadoras. Deve ser, agora de
formar mais passado, um dos principais meios através do qual o geógrafo aprende a
ver, analisar e refletir sobre o infindável movimento de transformação do homem
em sua dimensão espacial”.
Na obra “Geografia Escolar: Construções e Desconst ruções”, explica a Metodologia
para o Trabalho de Campo no ensino fundamental, estabelecendo diretrizes para que
esta ferramenta de ensino na Geografia seja bem sucedida,inclusive sobre este, o
autor lembra que “Deve ser explicado aos alunos que a atividade não é recreadora, e
4
que o trabalho de campo deve ser encarado como uma atividade importante no
currículo escolar”.
Para Bennetss (1981), “Para os alunos de 12-14 anos, é importante basear a
aprendizagem na experiência concreta. O professor deve planejar tarefas e
experiências que se relacionam com os interesses dos alunos”.
No Estudo do Meio, a observação da paisagem urbana, mediante roteiro préestabelecido pela equipe de profissionais envolvidos na atividade, contemplará
conceitos previamente trabalhados em sala de aula, como por exemplo: urbano,
cidade, espaço, metrópole, imigração, migração, indústrias, etc, inclusive o períodos
históricos do bairro, permitindo ao aluno colocar em prática os conceitos aprendidos em
sala de aula e conhecer mais profundamente o objeto a ser estudado, assim como a
compreensão do dinamismo e da velocidade das transformações que ocorrem no
espaço urbano (SANTOS & TUNES, 2001).
2. Objetivos
2.1. Geral
Apresentar, durante o Estágio Supervisionado a ser realizado em 2011, a possibilidade
de realização de um Estudo de Meio com o tema “Cidade: Centro de Santo André”
como ferramenta pedagógica no ensino da Geografia para o ensino fundamental em
uma escola municipal, tendo como roteiro o centro de Santo André, a análise de sua
paisagem e interpretação critica da organização espacial da cidade.
2.2. Específicos
- Realizar levantamento bibliográfico com o propósito conhecer osperíodos históricos
do centro de Santo André assim como sua evoluçãoao longo destes anos até
atualidade;
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- Trabalhar com os alunos em sala de aulas conceitos que permeiam otrabalho de
campo;
- Estabelecer previamente o roteiro de cada ponto a ser observado;
- Reunir-se com os alunos pós-saída a campo para discussão eposteriormente solicitar
uma análise através de redação individual;
- Indicar caminhos para a melhoria da proposta pedagógica de educaçãoda Geografia
no ensino fundamental.
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3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
3.1. Coleta de informações sobre a cidade de Santo André e Apresentaçãodo
projeto nas escolas da cidade.
De acordo com o cronograma, nos dois primeiros meses Fevereiro e Março,foram
Inicialmente realizada o levantamento de bibliografias a respeito dacidade de Santo
André, assim como obras a respeito do trabalho de campo noensino de geografia e
experiências que podem a vir contribuir com o presenteprojeto.
Neste mesmo período foi apresentado em algumas escolas da cidade de SantoAndré,
da qual procurou-se verificar juntamente a coordenadoria o aceite nodesenvolvimento
do projeto e foram encontradas algumas dificuldades naaceitação do desenvolvimento
desta atividade devido a regras internas e aprópria metodologia de trabalho das
escolas em questão, como foi o caso daescola E.E. 16 De Julho, localizada também na
cidade de Santo André, quenão aceitou a saída de campo por não considerá-la como
aula e sim como umaatividade extra escolar, impossibilitando dessa maneira o
desenvolvimento daatividade.
Nos meses de Abril e Maio foi dado continuidade a leitura das bibliografiasindicadas,
prosseguindo também com a procura de escolas para que pudessedar início ao projeto.
Depois de algumas tentativas negativas conseguimoscontatos telefônicos com a
coordenadoria da escola Professora HelenaFuria II,que se localiza na Avenida Mico
Leão Dourado, nº 2.361, Bairro Recreio daBorda do Campo, Santo André.
Foi realizada primeiramente, uma visita àdireção da escola onde realizou-se uma
conversa com a Diretora Vânia ReginaSarnero Silva para apresentar-lhe o projeto. Ela
mostrou-se entusiasmadadando por sua vez o aceite a aplicação do projeto em
questão.Após o aceite foram realizadas outras reuniões, estando presentes a Diretora
Vânia RuaSarnero Silva eu e a Professora Carolina de Paula Martins para
7
definirmos como será realizada a atividade com os alunos, ficando acordadoque o
projeto será desenvolvido inicialmente com 01 (uma) sala de aula, com aturma da 8
série B do ensino fundamental II com o acompanha mento daProfessora, que tem
juntamente com a direção e coordenadoria atuado deforma participativa para que o
projeto tenha um resultado satisfatório.
3.2. Atividades e Exposições Acadêmicas.
Em Junho e Agosto foi realizado além das leituras e coleta de material paraexposição
das aulas junto aos alunos, outras atividades que pode enriquecerno processo
introdutório da pesquisa, destaco abaixo as atividadesdesenvolvidas:
- No dia 09 de Abril 2011 participei juntamente com os alunos do curso degeografia da
Universidade de São Paulo – USP de uma saída de campo noABC Paulista com a
Professora Simone Scifoni, Fizemos algumas paradas nacidade de Santo André: centro
da cidade, onde foram expostas a importânciada ferrovia para o processo de
industrialização na região, o Bairro Ipiranguinhae Vila Guiomar duas vilas operarias
com distintos contextos na política eeconomia do país, Avenida Industrial onde foi
abordado questões comovalorização e revalorização do espaço urbano e por fim
fizemos uma paradaem São Bernardo do Campo na Avenida José Odorizzi, exposto
nesta parada ocontexto político o surgimento do sindicalismo e sua importância deste
movimento para o operariado.
- No dia 16 de Abril 2011, Fui a apresentação de alguns projetos acadêmicosno Museu
de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa, que trata da cidade de Santo André,
dos quais foram expostos:
- Conjunto IAPI Vila Guiomar – Santo André – SP: projeto e história.
- Cíntia Pessolato Efraim
- Catolicismo e Militarismo no ABC Paulista (1964-1985).
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- Felipe Cosme Damião Sobrinho
- Participação Comunitária nos processos de Educação em Saúde eAmbiental:
Região de Paranapiacaba e Parque Andreense.
- Elaine Cristina Silva
- A Rua Coronel Oliveira Lima e suas transformações nos últimos 50anos.
- José Francisco da Rocha Neto
- A dimensão educativa da participação cidadã: a experiência demutirões no
projeto Viva Cidade da Prefeitura Municipal de SantoAndré (1989-1992).
- Maria Auxiliadora Elias
- Heleny Guariba
- Caio Evangelista
- Paulo Chaves Andamentos da Cor
- José Armando Pereira da Silva
Assistir também algumas aulas de uma colega de curso da turma do 2º ano,Renata
Albuquerque do Nascimento na escola Amadeu Olivério com turma da6º série do
ensino fundamental , assim como pude acompanhar 1 (uma) aula doProfessor Izidoro
do Colégio da Fundação Santo André mediante autorizaçãoda Coordenadora Ana
Paula, no qual pude também dialogar com osprofessores Izidoro e Ricardo Alvarez
para também assistir algumas de suasaulas, para que dessa forma pudesse me
familiarizar com o ambiente escolar ecom a licenciatura.
3.3. Definição de Temas e Paradas
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A realização dessas atividades complementares contribuíram enormementepara a
definição do projeto, desde as paradas aos conteúdos que serãotratados com a turma,
ficou definido então que:
Os temas pertinentes que de serão desenvolvidos na sala de aulas serão:Paisagem,
Migração
e
Imigração,
Divisão
Internacional
do
Trabalho,
VilasOperari as,
Industrialização, preparar os alunos para saída, orientando-os quaiselementos deverão
ser observados em campo e como deverão se portar nasaída.
Para tratar os temas acima, serão utilizados trechos de filmes, documentários etextos
complementares, mapas, e letras de músicas, assim como outro materialque se mostr
ar pertinente no momento.
Quanto à saída ficou definido as seguintes paradas:
1ª. Ferrovias - Parada ferroviária Prefeito Celso Daniel -Santo André.
2ª. Vila Guiomar
3ª. Avenida Industrial – Shopping ABC Plaza
4ª.Museu De Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa com
acompanha mento do monitor do museu que ir a apresentar a turma a exposição“Santo
André: Retrato da Cidade”.
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Análise dos resultados
Devido a dificuldade inicial para conseguir uma escola que aceitasse odesenvolvimento
do projeto, ocasionou um atraso do desenvolvi mento dealgumas atividades, o que não
é exatamente um problema, já que nesteperíodo pode-se acumular material como
filmes, música, fotos, mapas e atémesmo as atividades que foram realizadas neste
período que enriqueceu emconteúdos e experiências.
Após todo o levantamento bibliográfico, a análise dos materiais já coletados,permitirá a
elaboração das atividades em sala de aula com os alunos eposteriormente a
divulgação da saída de campo para a escola que serápreparada no final do projeto,
sendo possível também a elaboração de umaproposta de melhoria nas aulas de
Geografia, sobre tudo no que diz respeito acompreensão do espaço urbano, da qual é
o objetivo da presente pesquisa.
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4. Atividades Desenvolvidas de Setembro à Outubro.
Neste período permaneci acompanhando algumas aulas da professora Carolina, podendo
interferir quando necessário e ajudando-a, fazendo leituras de textos com os alunos,
acompanhando em correções de atividades, dentre outros, aproveitei também para verificar o
que já sabiam dos conteúdos que precisaria trabalhar com eles e identifiquei que quase todos
desses conteúdos introdutórios já haviam sidos trabalhados em aulas anteriores, cabia então
fazer uma discussão para recordá-las.
Para a próxima etapa restou agendar o dia e o número de aulas que teria disponível e por fim
agendar a saída de campo, inicialmente encontramos algumas dificuldades, pois há um
calendário escolar, que inclui provas, atividades, simulados e outras atividades externas, que
precisa ser respeitado e neste sentido o projeto não poderia interferir, a professora então
juntamente com a coordenadoria disponibilizou, 3 dias de aula, que contempla 6 aulas teóricas
e 1 dia de aula para a saída de campo, que foram previamente agendadas, logo após disso foi
organizado o transporte, lanche, autorizações dois pais, visita ao museu de Santo André Dr.
Octaviano Armando Gaiarsa com a Sra. RosimaraRampazo T. Barbosa.
4.1 Aulas Teóricas – Parte I
Dia 16 de outubro foi realizado o primeiro encontro com a turma do 9ºano B, da qual estavam
presentes vinte e cinco alunos e pude apresentar-me e apresentar o projeto, foi entregue aos
alunos um breve texto contendo as intenções da atividade que seria desenvolvida com eles,
explicando a importância de conhecer nosso bairro, cidade e país e o progresso que a
atividade proporcionaria em seus aprendizados.
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Foto1. Sala de Vídeo
Em seguida apresentei o vídeo do Milton Santos “Por uma outra Globalização” do autor Silvio
Tendler, o documentário foi editado para que atendesse apenas os temas que foram escolhidos
a serem tratados em sala de aula desta forma a aula não ficou cansativa e os temas puderam
ser melhor trabalhados e discutidos com eles.
A respeito do documentário, este contém vários elementos que condizem com o tema central
do projeto, tratar das questões do urbano, com isso o vídeo apresentou temas como
expropriação, injustiças sociais, divisão internacional do trabalho, migração, problemas
ambientais dentre outros. Após assistirem o documentário foi dada a iniciação com as
discussões e os alunos apresentaram suas dúvidas e opiniões.
Dentre as dúvidas que surgiram, os alunos ficaram surpresos com a cena da qual mostra uma
senhora boliviana com uma grande quantidade de dinheiro em mãos, houve outros que
perguntaram se a mesma havia roubado, pude explicar aos discentes que não se tratava de
roubo e sim de uma forte inflação e desvalorização da moeda local, fato que também ocorreu
intensamente em nosso país entre os anos de 1980 e nos anos 1990.
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Perguntei aos alunos qual ou quais cenas do documentário mais marcaram para eles, alguns
responderam que foram as grandes manifestações sociais, outros a senhora com grande
volume de dinheiro e outros o fato de milhões de pessoas não ter acesso a água.
Foto2. Sala de Vídeo
Como atividade para ser realizada em casa entreguei uma folha com o mapa do Brasil
acompanhado de algumas questões, solicitando que identificassem no mapa o local de
nascimento de seus avós, pais, irmãos e deles mesmos e em seguida que investigassem com
seus familiares seus lugares de origem e o porque vieram morar na cidade, foi solicitado
também que apontasse em sua rua, bairro o que mais e o que menos gostam e o que falta para
que este seja um lugar melhor para se viver e por fim perguntei o que conhecem do centro da
cidade local que a saída de campo foi realizada.
Como respostas, pude identificar que a maioria dos alunos pertence a famílias que migraram,
principalmente do norte e nordeste do país, e que seu motivo de vinda à cidade é pela procura
de emprego, pude constatar também que em grande parte, os alunos não gostam muito de seu
bairro e sentem carência de infraestruturas básicas como asfalto nas ruas, água encanada,
lazer e por unanimidade o shopping Plaza, a rua General Oliveira Lima, o terminal
metropolitano e o parque Celso Daniel é o que conhecem do centro da cidade de Santo André.
14
Foto 3. Sala de Vídeo
Dia 17 de outubro
Foi realizado um breve diálogo com os alunos a respeito de suas respostas, discutimos um
pouco a respeito de suas insatisfações como a falta de infraestrutura no bairro, no início
percebi que os alunos ficaram tímidos ao falarem de seu bairro, mas que aos poucos foram de
soltando e passaram a expor seus sentimentos com relação ao lugar que moram e disseram
que gostam da represa e das árvores, mas que não gostam de morar numa rua que não tem
asfalto, a água não é encanada e não tem muito lugares para se divertirem, houve aqueles que
não gostam nada em seu bairro, porque acham longe do centro comercial da cidade e
afastados de seus lugares preferidos, como cinema, lojas e shopping.
Logo em seguida apresentei outro documentário, “A Cidade Não Pára”, que conta de forma
muito didática toda a história da cidade de Santo André, desde quando essa foi uma aldeia,
passando pela construção da ferrovia para escoamento de café ao porto de Santos,
industrialização da cidade até o que conhecemos dela hoje. Os alunos, inclusive a professora
que ainda não conhecia o vídeo, mostraram-se entusiasmados com toda a história e em
reconhecer seu bairro e os lugares por onde andam descritosno documentário.
Dia 20.10.11
Nesta data, retornamos ao documentário que foi apresentado na semana anterior e pudemos
dialogar sobre ele, levei uma imagem de satélite e um mapeamento do uso do solo urbano para
mostrar aos alunos, explicando que o bairro Recreio da Borda de Campo é um bairro com o
uso majoritariamente residencial. A professora acompanhante complementou dizendo que esse
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bairro surgiu para abrigar os trabalhadores da cidade que aos pouco foi crescendo até se tornar
o que é hoje. Eles aprenderam também em outras aulas ministradas pela professora Carolina
que o bairro é uma área de manancial e que por tanto não poderia ter ninguém morando lá,
mas que assim como em muitos outros bairros do grande ABC e do próprio munícipio de São
Paulo esses lugares passam a ser ocupados por falta de condições de moradia em lugares
mais apropriados.
Imagem 1. Fonte: http://maps.google.com.br/map
Em seguida apresentei o roteiro de saída de campo e como deveriam de comportar e o que
deveriam fazer em cada parada. Em virtude do tempo que teríamos para realizar a saída,
fizemos algumas mudanças nas paradas, pois o que foi previsto anteriormente não daria tempo
de executar todo o percurso, desta forma ficou decidido que as paradas seriam:
1ª parada – Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa;
2ª parada – Bairro Ipiranguinha – nome da rua e praça;
3º parada – Parada Ferroviária Prefeito Celso Daniel.
5. Saída de Campo – Parte II
A saída se deu no dia 17 de novembro de 2011, no horário de aula das 8:00 ao 12:00, com a
presença de dezessete alunos. Já havíamos agendado transporte que foi o próprio ônibus que
os transportam diariamente para a escola, no entanto houve um atraso de meia hora por parte
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do motorista do ônibus o que dificultou ainda mais nossa programação. No período em que
aguardávamos o transporte chegar, aproveitei a oportunidade deste tempo de espera para
retomar como deveriam se comportar na saída e o que deveria observar no trajeto até o centro
da cidade e entreguei o caderno de campo compondo uma síntese de cada parada.
1ª Parada – Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa, com a monitoria da Sra.
RosimaraRampazo T. Barbosa. Como indicação da própria monitora, optamos em fazer a
primeira parada no museu, um dos motivos foi que esta foi a parada que mais tempo ficaríamos
o que realmente aconteceu, foram incluídos palestra e exposição de fotografias e acervo do
museu 1h20min e o outro foi que pela sua experiência, ela nos orientou que as crianças ficam
mais interessadas na apresentação que é realizada por ela quando a primeira parada é no
museu e que ao contrário, ou seja quando fazem a parada no museu depois das outras o
museu é encarado mais como diversão, passeio e não como lugar de estudo. Respeitando a
opinião e experiência da monitora decidimos que melhor seria então, seguirmos a sua
orientação.
Foto 4 – ParadaI Museu “Dr. Octaviano Armando Gaiarsa”.
Ao chegar ao museu, logo de entrada paramos para observar a arquitetura do prédio, o
movimento das ruas e como de praxe para fotografar também. De inicio vimos a exposição
“Retrato da Cidade” um pequena mostra de fotografia da história da cidade de Santo André e
alguns mapas e fotografia aéreas da sua evolução.
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Fotos5 e 6 - ParadaI Museu “Dr. Octaviano Armando Gaiarsa”.
Os alunos ficaram impressionados como as pessoas antigamente se vestiam e como elas se
divertiam nas pescarias e piqueniques ao redor de rios que hoje estão sepultados por
canalizações e asfaltos dando passagens a automóveis e pessoas e também com os artigos e
objetos usados por eles.
Fotos7, 8 e 9 - Parada I Museu “Dr.
Octaviano Armando Gaiarsa”, conhecendo a
Exposição “O retrato e o tempo”.
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Fotos10, 11 e 12- Parada I Museu “Dr. Octaviano Armando Gaiarsa”, conhecendo a
Exposição “O retrato e o tempo”.
Dando seguida a parada, a expositora que nos monitorou após se apresentar expôs uma
apresentação de Power Point com fotografias dos bairros, do centro da cidade e do museu,
pode contar a historia do próprio do museu, edifício que teve sua construção iniciada em 1912
e concluída em 1914, abrigando o primeiro grupo escolar da região do grande ABC que
funcionou como instituição de ensino por 64 anos.
Fotos13 e 14 - Parada I Museu “Dr. Octaviano
Armando Gaiarsa”, Palestra com a Monitora do
Museu.
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Pudemos aproveitar a oportunidade do encontro e do conhecimento de alguns bairros
importantes da cidade e da própria ferrovia, elemento importante para o desenvolvimento
econômico e social da cidade para discutirmos o valor de conhecermos os nossos lugares de
origem e de morada dando os valores e cuidados de que merecem, apesar de todas as
dificuldades ao invés de apenas valorizarmos o que é de fora o que é apresentado pelas
revistas e programas de televisão.
Senti que sua apresentação pode tocar esses alunos de ruas sem asfaltos e de esgoto a céu
aberto, dos 17 alunos presentes na saída apenas 1 já havia visitado o museu outros deles já
havia ouvido falar, mas não tinha conhecido pessoalmente e há outros que nunca haviam
ouvido falar, deste modo acredito que foi uma parada enriquecedora, finalizando essa parada
os alunos receberam do museu livros da literatura brasileira de autores como José de Alencar,
Álvares de Azevedo, Graciliano Ramos, dentre outros.
Nesta mesma parada foram reforçadas questões chaves como o desenvolvimento industrial,
iniciado pela produção do café, ferrovia, a indústria moveleira, etc.
2ª Parada – Bairro Ipiranguinha
Por volta das 11h10 chegamos neste bairro, a intenção inicial era de que fossemos
direto para a Rua do Sol para conhecer e observar as poucas casas que ainda restam do
tempo em que deu origem ao bairro, no entanto fomos a professora Carol e eu surpreendidas
com a informação dada pelos os alunos de que nunca haviam ido no parque que se localiza em
frente à rua, desta forma a professora e eu decidimos deixá-los um tempo à vontade para
circular e conhecer o parque.
Imagem 2.–fonte: Google– Praça Antonio Flaquer
Foto 16 - Parada II Rua do Sol.
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Em seguida fomos a Rua do Sol e parados na pequena calçada, pudemos contar um pouco da
origem do bairro e das construções ali presentes, das casas pequenas algumas ainda sem
garagem e com porões o que deixou os alunos instigados, pois nunca haviam visto casas com
porões. Dando uma volta no quarteirão observando o entorno e de que como os prédios
pareciam encurralar o pequeno bairro operário, íamos observando as impressões e opiniões
dos alunos, percebemos que eles estranharam, não gostaram daquelas casas de arquitetura
diferente, antigas e criticaram de como elas eram velhas e pequenas, a professora mais uma
vez interviu, reforçando a importância de conhecer e valorizar a nossa história.
3ª Parada – Terminal Ferroviário Prefeito Celso Daniel
Ao fazer a última parada, nos deparamos com um outro impedimento, a chuva, começou a
chover na hora de realizarmos essa parada e para não deixarmos de fazer, decidimos dar uma
volta no entorno do terminal e dentro do próprio ônibus.
Observamos o movimento e a circulação de carros, caminhões e pessoas, o som e o cheiro
que ela emite, pudemos ver o Rio Tamanduateí que apesar de canalizado ainda mostra um
pouco do seu movimento turvo ao lado do terminal, retomamos um pouco da sua história e do
seu objetivo e sua importância para a mobilidade urbana.
O Shopping que praticamente todos já conheciam também estava lá com seu estacionamento
cheio de carros. Verificando essa realidade íamos conversando no trajeto a respeito da função
deste centro de comércio e de que como ele confere à paisagem urbana contornos muito
peculiares, os alunos puderam constatar que no entorno dos shoppings que eles conhecem há
sempre belas casas e prédios, a ruas são melhor cuidadas, pude assim explicar de como que
cada um desses lugares são apropriados e comercializados de formas diferentes e de como
que aqueles que não podem pagar, que não se encaixam no padrão de consumo acabam por
não ter acesso rápido ou muitas vezes nenhum acesso a essas belas ruas onde há praças,
escolas, museus, cinema, etc.
Quase ao meio dia, precisamos encerrar a atividade, combinamos então que estes produziriam
um texto sobre a saída dando-lhes algumas perguntas para que se orientassem e que esses
textos deveriam ser entregues na próxima semana, ou seja, dia 22 de novembro de 2011.
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6. Análises da atividade desenvolvida na saída de campo – Parte III
Os alunos que participaram da saída de campo entregaram como combinado o texto solicitado,
dei um pequeno roteiro que deveriam observar no trajeto e nas paradas, seguido das
perguntas:
1.Observe no decorrer do trajeto da escola até o centro da cidade as seguintes mudanças:
a. Que tipo de ocupação: residencial, industrial ou comercial.
b. Qual a sensação térmica que vocês percebem no trajeto da escola ao centro da cidade.
c. Outras mudanças na paisagem como: presença de áreas verdes, trânsitos de automóveis,
pessoas, etc.
2.Anote o que mais lhe mais chamou a sua atenção no decorrer da atividade e porque.
3.Observe e descreva como é o cheiro, o som, o movimento das pessoas e as construções que
existem no centro da cidade que diferencia do seu bairro.
Ao invés de se guiarem pelas perguntas para produzir uma redação eles acabaram por
responder as questões, contudo ainda pode-se notar que quase tudo o que foi comentado em
nossos diálogos foi anotado pelos alunos, eles notaram que a ocupação diversifica-se na
medida em que nos aproximamos do centro da cidade e que há mais movimento de pessoas,
carros, caminhões. O som barulhento das buzinas e dos ambulantes também foi notado por
alguns dos alunos. O que mais chamou a atenção dos alunos na saída foi a parada do museu e
no bairro Ipiranguinha, pois podem se deparar com aqueles lugares até então desconhecidos.
As impressões deixadas tanto da saída como nas leituras das respostas assim como seus
comportamentos em todo o percurso é de que esses jovens não diferem da grande maioria da
juventude brasileira. Estão intensamente ligados à cultura de consumo e não participam, não
conhecem ou não tem acesso a exposições culturais ou outros tipo de lazer que não o do
shopping ou o calçadão da Rua Oliveira Lima.
A opção em escolherem esses lugares como entretenimento, em parte pode ser explicado por
não serem apresentados a outras alternativas ou por realmente preferirem estar próximos a
algum tipo de comércio que lhes proporciona algum tipo de consumo, realidade que ao meu ver
precisa ser seriamente trabalhada em sala de aula que é justamente onde a docência se faz
presente.
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Alunos Presente nas aulas teóricas:
Evandro, Geisiele de Jesus T. Reis, Paloma I. G. Soares, Tais Lemes Ferreira, Natália Duarte,
Ariane, Tatiane Lima, Gabriel, Leonardo Alves, Maurício, Bruno Daniel, Douglas, Danilo,
Beatriz, Isabela, Thalia Corrêa, Bianca Nunes, Giovana Guedes Morchetto, Bianca, Ana
Carolina Gomes, Karolina, Carolina, Thailine Pereira, Daniel S. de Jesus, Jeferson Arandas.
Alunos presentes na saída de campo:
Natália Duarte, Bianca Moreira, Bruno Daniel, Danilo Patricio, Jeferson F. S. de Arandas,
Paloma I. G. Soares, Geisiele de Jesus T. Reis, Karolina Marcelino, Ana Carolina Gomes,
KeitaStefanin, Giovana Guedes Morchetto, Bruna Cristina A. Formena, Bianca P. Venancio,
Vanessa Miranda de Oliveira, Tatilce Ferreira da Silva, Sara Gomes dos Santos e Tais Lemes
Ferreira.
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Considerações Finais
É sabido que alguns profissionais da educação tem buscado alternativas para ensinar, outras
práticas que visem valorizar, resgatar o conhecimento prévios dos alunos como um importante
elemento que agrega no processo do aprendizado e se perguntando o que ensinar, porque
ensinar e para quem ensinar, com a intenção de que os mesmos aprendam a aprender de fato
e não apenas memorizar algumas informações não conectando-as com suas vidas cotidianas.
Nesse contexto o trabalho de campo vem justamente para mostrar aos alunos aquilo que eles
já conhecem e aqueles lugares que nunca visitaram nunca pararam para observar e se
perguntarem por que aquelas casas, aquele parque, museu, terminais de ônibus, etc estão ali
presente.
Ainda é um desafio elaborar tais práticas e pô-las em curso, a dificuldade em articular os
conteúdos com outras disciplinas ainda é um obstáculo que precisa ser enfrentado, mas
primeiramente
reconhecido
como
um
obstáculo,
não
se
vê
discussões
sobre
interdisciplinaridade em salas de professores e corredores das escolas da qual pude ter
contato.
Foram encontradas no desenvolvimento do projeto diferentes dificuldades, obstáculos que o
acompanhou desde o inicio até sua finalização, para encontrar a escola que aceitasse o
desenvolvimento da atividade, para encaixar as aulas teóricas e a saída dentro do calendário
escolar, atrasos do transporte, chuvas, falta de experiência com a docência, enfim, no entanto
acredito que no final, todos ganharam de alguma forma, seja por entrar num museu que não
conheciam, conhecer casas antigas que possivelmente não existirão mais, brincar num parque
da qual não se sabia ao menos o seu nome
Finalmente aceitar seu bairro não como um lugar feio, mas um lugar que foi esquecido do
ponto de vista de infraestrutura e que pode ser melhorado com diferentes ações e posições e
que podemos contribuir de alguma forma, começando pela nossa casa, rua, escola, etc.
Entendemos também que projetar propostas não quer dizer que essas serão concretizadas, por
isso mesmo uma atitude flexível de saber ouvir e falar contribui muito para que todos ganhem
em aprendizados e novas experiências
24
Referências
ALESSANDRI, Ana Fani Carlos (org.), Vários autores.A Geografia em Sala de Aula. São Paulo. Ed. Contexto. 1999.
CAVALCANT I, Lana de Souza. Geografia, Escola e Construção de Conhecimentos.
Campinas: Papirus, 1998.
CAVALCANT I, Lana de Souza. A Geografia Escolar e a Cidade: Sobre o Ensino de
Geografia para a Vida Urbana Cotidiana. Campinas, S: Papirus, 2008.
CITELLI, Adilson (Coord.). Aprender e ensinar com textos não escol ares. São Paulo:
Cortez, 1999.
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A importância do Estudo de Meio em Geografia no Ensino Fun