Trabalho 128 FUNCIONALIDADE FAMILIAR DE IDOSOS: CARACTERIZAÇÃO CONDIÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS E DE SAÚDE, GOIÂNIA-GO CONFORME VERA, I. (1); NAKATANI, A. Y. K. (2); LUCCHESE, R. (3); PAGOTTO, V. (4); CASTRO, D. C. (5) (1) Universidade Federal de Goiás; (2) Universidade Federal de Goiás; (3) Universidade Federal de Goiás; (4) Universidade Federal de Goiás; (5) Universidade Federal de Goiás Apresentadora: VALÉRIA PAGOTTO ([email protected]) INTRODUÇÃO: Uma família é considerada funcional quando há definição de tarefas ou funções claras e aceitas pelos membros familiares, no auxílio à resolução de problemas utilizando recursos próprios1. A funcionalidade familiar foi observada em famílias convivendo e cuidando de idosos em diferentes situações de vulnerabilidade social e residir em famílias nucleares2. Em situação oposta, a disfuncionalidade familiar ocorre quando há desrespeito, sobreposição na hierarquia, ruídos na comunicação e não (re)organização do sistema familiar visando, articulação de forças para resolução de problema. No entanto, a família pode apresentar dificuldades em aceitar e entender o envelhecimento de um de seus membros, o que torna, por vezes, a convivência familiar conflituosa e comprometer as relações pela convivência1. Assim, avaliação da família permite ao profissional de saúde conhecimento da sua funcionalidade, e por consequência, propõe ações que fortaleçam a qualidade da atenção à pessoa idosa. OBJETIVO: Descrever as condições sociodemográficas e de saúde em relação à disfuncionalidade familiar em idosos de Goiânia, Goiás, Brasil. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA: Recorte da pesquisa realizada pela Rede de Vigilância a Saúde do Idoso (REVISI) intitulada: ?Situação de saúde da população idosa do Município de Goiânia, Goiás?. Trata-se de estudo transversal, de base populacional com indivíduos com 60 anos ou mais de idade, vivendo em seus domicílios na área urbana de Goiânia. No cálculo da amostra probabilística considerou-se: frequência esperada de fragilidade em idosos de 25%, nível de significância de 95%; precisão absoluta de 3%. Assim, obteve-se amostra de 812 idosos. Porém foram acrescidos 15% (122 indivíduos) como possível índice de perda de dados e assim a amostra final foi de 934 idosos. Utilizou-se a amostragem por conglomerados em múltiplos estágios a partir da identificação dos setores censitários. Os dados foram coletados de dezembro de 2009 a abril de 2010. Aplicou-se um questionário semiestruturado. Foram incluídos idosos que atenderam aos seguintes critérios: idade ≥60 anos; residir no domicílio visitado na área urbana de Goiânia/GO e ter respondido todas as questões referentes ao APGAR de Família. A variável de desfecho deste estudo é a Disfuncionalidade Familiar, procedente da percepção da pessoa índice, neste caso, o idoso que respondeu o índex APGAR de Família de Smilkstein3. Traduzido e validado no Brasil, os cinco domínios auxiliam na mensuração da satisfação com os cuidados recebidos do membro familiar, sobretudo no cuidado às pessoas dependentes4. O acrônimo APGAR é derivado das palavras iniciais de: Adaptation (adaptação), Partnership (companherismo), Growth (desenvolvimento), Affection (afetividade) e Resolve (capacidade resolutiva). É uma medida unidimensional de satisfação com a dinâmica de funcionamento familiar, ao qual verifica a percepção das pessoas sobre suas famílias como um recurso ou como um fator estressor(3,4). Aos domínios são atribuídos valores que, ao final, são somados resultando num escore total cuja representação numérica relaciona-se diretamente com a condição de funcionalidade familiar (boa funcionalidade, moderada ou alta disfuncionalidade). São três as opções de resposta para cada uma das cinco questões do índex, com pontuação de 0, 1 e 2 pontos. Zero para a opção ?nunca?, 1 para ?algumas vezes? e 2 ?para sempre?. O total dos escores vão de 0 ? 10 pontos, a saber: 0 a 4 = elevada disfunção familiar; 5 a 6 = moderada disfunção familiar e 7 a 10 = boa funcionalidade familiar(1,3,4). Portanto, escores ≥ 7 se referem à Funcionalidade Familiar e escores <7 a Disfuncionalidade Familiar. A análise dos dados foi obtida por medidas de frequência absoluta e relativa, média e desvio padrão no SPSS for Windows (15.0). A pesquisa foi aprovada pelo CEP/UFG, protocolo nº 050/2009. RESULTADOS: De 934 entrevistas, 824 idosos responderam as cinco questões acerca do APGAR de Família. Destes, 149 (18,1%) relataram disfuncionalidade familiar expressa pela moderada disfuncionalidade e elevada disfuncionalidade familiar, com 10,2% e 7,9%, respectivamente. A pontuação máxima do escore 218 Trabalho 128 referente à disfuncionalidade foi 6, mínimo zero e média 4,0 (±1,8). A média de idade dos sujeitos de pesquisa foi 68,6 anos (±6,8). Observou-se que na amostra de idosos estudada, a prevalência de disfuncionalidade familiar foi estimada em mulheres (60,4%), na faixa etária 60-69 anos (64,42%), estado civil casado (47,6%) escolaridade primária (51%), com filhos (89,26%), renda familiar acima de 1-3 salários mínimos (SM) (56,4), residir com alguém (79,9%), em casa própria (70,5%). Em relação às condições de saúde, observou-se: 45,64% autopercepção de saúde regular, 70,27% relataram dor nos últimos 3 meses, 63% referiram hipertensão arterial (HAS), 21,5% diabetes, 16,22% doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), 5,37% acidente vascular encefálico (AVE), 20,55% doença osteomuscular, 19,47% osteoporose, 2,67% câncer, 5,37% infarto agudo do miocárdio (IAM), 88,51% déficit visual, 26,18% déficit auditivo e 29% quedas. A procura do serviço de saúde foi de 62,84% e a estimativa de hospitalização no último ano foi de 24,62%. CONCLUSÕES: A disfuncionalidade familiar foi mais frequente nas mulheres, na faixa etária de 60-69 anos, casadas, com filhos, escolaridade primária, residindo com alguém em casa própria, com renda entre 1 e 3 salários mínimo. Em relação às doenças crônicas não transmissíveis, a estimativa da HAS foi maior em relação à diabetes, DPOC e osteoporose. Avaliar a funcionalidade do idoso fomenta o desenvolvimento de estratégias de atenção, com demandas cada vez maiores, em relação ao idoso e sua família em busca da harmonia familiar no gerenciamento dos conflitos e resolução de problemas. CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM: Este trabalho é pioneiro na região Centro-Oeste, possibilitando o reconhecimento precoce da disfuncionalidade familiar, com vista às ações de atenção ao idoso inserido na família. Considerando o papel do enfermeiro na atenção ao idoso, em especial naqueles que tem acesso a Atenção Básica, a avaliação da família por meio do Apgar, possibilita a detecção de disfuncionalidade familiar, fundamentando a definição de intervenções que potencializem as forças da família para o bem-estar e convívio com os idosos. Os dados descritivos deste estudo também contribuem para o reconhecimento das condições de vida e saúde da população idosa, o que amplia o olhar para a atenção integral a este grupo. REFERENCIAS 1.Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento. Área técnica saúde do idoso. Série B. Textos Básicos de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2007. 2.Santos AA, Pavarini SCI. Funcionalidade familiar de idosos com alterações cognitivas em diferentes contextos de vulnerabilidade social. Rev. Eletr. Enf. 2011; 13(2):361-7. 3.Duarte YAO. Família: rede de suporte ou fator estressor. A ótica de idosos e cuidadores familiares. [these] São Paulo: Universidade de São Paulo -Escola de Enfermagem; 2001. 4.Smilkstein G. The family APGAR: a proposal for a family function test and its use by physicians. J Fam Practice. 197 219