OBSERVATÓRIO DO TRABALHO DO RIO GRANDE DO NORTE Estudo temático 3 As Mulheres no Mercado de Trabalho do Rio Grande do Norte Contrato de Prestação de Serviços Nº. 011/2010 - SETHAS/DIEESE Fevereiro de 2011 EXPEDIENTE DO GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE Governadora do Estado do Rio Grande do Norte Rosalba Escóssia Ciarlini Rosado Secretário de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social - SETHAS Luiz Eduardo Carneiro Costa Subsecretário do Trabalho - SETHAS: Antoir Mendes dos Santos Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 2 EXPEDIENTE DO DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS - DIEESE Direção Técnica Clemente Ganz Lúcio – Diretor Técnico Ademir Figueiredo – Coordenador de Estudos e Desenvolvimento José Silvestre Prado de Oliveira – Coordenador de Relações Sindicais Francisco José Couceiro de Oliveira – Coordenador de Pesquisas Nelson de Chueri Karam – Coordenador de Educação Rosana de Freitas – Coordenadora Administrativa e Financeira Coordenação do Projeto Ademir Figueiredo – Coordenador de Estudos e Desenvolvimento Angela Maria Schwengber– Supervisora dos Observatórios do Trabalho Maria Virgínia Ferreira Lopes – Técnica Responsável pelo Projeto Equipe Executora DIEESE DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos Rua João Pessoa, nº 265, Edifício Mendes Carlos, Sala 208, CEP. 59.025-500 Fone: (84) 3211-2609 – Fax: (84) 3611-9824 E-mail: [email protected] http://www.dieese.org.br Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 5 NOTAS METODOLÓGICAS ........................................................................................................... 6 I - CARACTERÍSTICAS DO MERCADO DE TRABALHO DA MULHER ..................................... 7 I.1 Mercado geral de trabalho ............................................................................................................. 7 I.2 Mercado de trabalho formal .........................................................................................................16 II. A POSIÇÃO DA MULHER TRABALHADORA NA FAMÍLIA .................................................22 III. A MULHER E A PREVIDÊNCIA SOCIAL ...............................................................................23 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................25 ANEXOS..........................................................................................................................................28 Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 4 INTRODUÇÃO O presente relatório configura-se no estudo temático “As Mulheres no Mercado de Trabalho do Rio Grande do Norte”, produto previsto no plano de atividades do Observatório do Trabalho do Rio Grande do Norte, parceria entre o DIEESE e a Estado do Rio Grande do Norte, através da Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (Contrato Nº. 011/2010). O estudo tem como objetivo caracterizar a situação da mulher no mercado de trabalho e no Rio Grande do Norte. Busca-se explicitar os principais indicadores da inserção feminina no mercado de trabalho, como a taxa de participação, a taxa de ocupação, a taxa de desocupação, a posição da ocupação, os rendimentos, a escolaridade e sua posição na família, entre outros. Ademais, são feitas breves considerações a respeito do papel da previdência social na vida dessas trabalhadoras. O estudo foi dividido em três partes principais, além desta introdução, notas metodológicas e das considerações finais. A primeira parte traz uma análise da inserção da mulher no mercado de trabalho do Rio Grande do Norte, sendo inicialmente analisado o mercado de trabalho geral, para depois focar no trabalho com carteira assinada. A segunda sintetiza a posição da mulher trabalhadora na família e a última explora sumariamente a questão da mulher e da previdência social. Em 8 de março comemora-se o “Dia Internacional da Mulher”, data oficializada pela ONU em 1975, que homenageia as operárias massacradas em 1857 em uma fábrica de tecidos em Nova Iorque em decorrência de uma grande greve realizada por elas. A data visa também alertar para a violência decorrente das assimetrias entre mulheres e homens, tanto na esfera pública, quanto no espaço privado do lar. O mercado de trabalho brasileiro está marcado por significativas e persistentes desigualdades, dentre elas a questão de gênero. As mulheres ainda vivem uma realidade distinta da vivida pelos homens no mercado de trabalho. Por isso, em busca de uma sociedade e de um mercado de trabalho mais justo, é preciso levar em conta essas distinções na elaboração de políticas públicas, inclusive nas políticas públicas voltadas ao mercado de trabalho. Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 5 NOTAS METODOLÓGICAS As fontes de dados utilizadas para a realização da pesquisa foram duas: Relação Anual de Informações Sociais (RAIS/MTE) e a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD/IBGE). A PNAD/IBGE é uma pesquisa domiciliar que investiga anualmente características gerais da população, de educação, trabalho, rendimento e habitação. São informações que se configuram em um importante instrumento para formulação, validação e avaliação de políticas orientadas para o desenvolvimento socioeconômico e a melhoria das condições de vida no Brasil. Nesse relatório, ela foi utilizada para a análise da inserção das mulheres no mercado geral de trabalho no Rio Grande do Norte, além de explorar características como posição na família e contribuição para a previdência social. A RAIS/MTE, por sua vez, é um registro administrativo, de periodicidade também anual e declaração obrigatória para todos os estabelecimentos (inclusive aqueles sem ocorrência de vínculos empregatícios no exercício), criada com a finalidade de suprir as necessidades de controle, de estatísticas e de informações às entidades governamentais da área social. Constitui um instrumento imprescindível para o cumprimento das normas legais, como também é de fundamental importância para o acompanhamento e a caracterização do mercado de trabalho formal (Notas Técnicas da RAIS, MTE). Essa base foi utilizada para a análise das mulheres no mercado de trabalho formal no estado. Os anos utilizados em ambas as bases foram 2001, 2005 e 2009, buscando retratar a evolução da inserção das mulheres no mercado de trabalho ao longo dos anos 2000. Em algumas análises não foi possível utilizar os três anos dadas diferenças metodológicas existentes. Quando esse for o caso, as diferenças serão citadas. O estudo foi dividido em três partes principais, além da introdução, notas metodológicas e das considerações finais. A primeira parte traz uma análise da inserção da mulher no mercado de trabalho do Rio Grande do Norte, sendo inicialmente analisado o mercado de trabalho geral, para depois focar no trabalho com carteira assinada. A segunda sintetiza a posição da mulher trabalhadora na família e a última explora sumariamente a questão da mulher e da previdência social. Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 6 I - CARACTERÍSTICAS DO MERCADO DE TRABALHO DA MULHER I. 1 Mercado geral de trabalho - A inserção feminina no mercado de trabalho A taxa de participação (População Economicamente Ativa/População em Idade Ativa – PEA/PIA) é um indicador que reflete a parcela da população com 10 anos ou mais que está trabalhando ou procurando emprego, mostra o potencial da força de trabalho no mercado local. Analisando a taxa de participação por sexo para o Rio Grande do Norte (PEA/PIA), nos anos de 2001, 2005 e 2009, verifica-se expansão tanto do contingente masculino quanto do feminino no período (Gráfico 1). GRÁFICO 1 Taxa de participação por sexo para maiores de 10 anos (%) Rio Grande do Norte – 2001, 2005 e 2009 Homem 80,0 70,0 Mulher 73,2 69,6 66,9 60,0 50,0 42,6 46,1 48,7 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 2001 2005 2009 Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE O mercado de trabalho feminino no Rio Grande do Norte apresenta uma combinação de trabalhadoras com elevado grau de desocupação, chegando em 2009, com uma porcentagem de 12,8%, representado 87 mil mulheres, enquanto em 2001, foi de 8,6%, contabilizando 43 mil trabalhadoras, segundo Tabela 1. Essas altas taxas, em geral, são atribuídas em grande parte pelo setor empresarial, aos elevados custos relacionados à licença maternidade e a estabilidade no emprego decorrente da mesma. Só que o fato em si já é uma instabilidade de emprego, porque não garante todo o Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 7 período de desenvolvimento da criança, da amamentação e alfabetização. Daí, muitas empresas evitam contratar mulheres, esquecendo-se que esses benefícios são pagos pela previdência, não se constituindo em custos assumidos diretamente pelas empresas. Além do mais, essas mulheres/mães estão em casa trabalhando cuidando dos filhos, trabalho essencial para a reprodução social. Quando se analisam os dados da PNAD de 2001 a 2009, observa-se que praticamente não ocorreram alterações das mulheres potiguares no conjunto da população economicamente ativa (PEA) e na população ocupada. Na PEA, em 2001, registrava-se cerca de 500 mil mulheres, que representavam o percentual de 39,9% e, em 2009, esse número aumentou para 665 mil mulheres, significando um percentual de 40,7% (Tabela 1). Enquanto na população ocupada os percentuais ficaram na casa dos 39,0% - em 2001, o total da população ocupada somava 1.157 mil trabalhadores, sendo 457 mil de mulheres e, em 2009, dos 1.473 mil trabalhadores, 580 mil eram mulheres. O fato de a população feminina representar algo em torno de 40,0% mostra um movimento de conquista de espaço das mulheres em atividade, segundo Tabela 1, muito embora, existam muitas mulheres que se encontram nos subterrâneos do mercado de trabalho, exercendo funções ocultas de trabalhos domésticos, cuidado com a família (crianças, idosos, doentes e vizinhos), dentre outras atividades rurais e urbanas, que são mascaradas pelas próprias estatísticas. TABELA 1 PIA, PEA, População Ocupada e Desocupada por sexo Rio Grande do Norte – 2001 e 2009 Condição de atividade Total 2001 Homem Mulher Total 2009 Homem Mulher PIA (População em Idade Ativa) 2.302 1.127 1.175 2.691 1.325 1.366 PEA (População Economicamente Ativa) 1.254 754 500 1.635 970 665 PO (População Ocupada) 1.157 700 457 1.473 893 580 97 54 77 85 PD (População Desocupada) 43 162 Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE - Ocupação e precarização na contratação A entrada das mulheres no mercado de trabalho, em um ambiente de crescimento econômico, levou ao aumento na taxa da desocupação, mas ocorreu uma redução nas trabalhadoras domésticas com idade até 17 anos e nas de mais de 50 anos, no período de 2001/2009. Tudo indica que essas mulheres, antes restritas às atividades domésticas, muitas vezes sem carteira assinada, passaram a trabalhar em outras atividades menos vulneráveis e Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 8 com proteção social. Isso pode ser comprovado na elevação da ocupação das mulheres no setor formal da economia e na Tabela 2, que demonstra uma redução do trabalho doméstico sem carteira assinada. TABELA 2 Posição na ocupação por faixa etária para mulheres Rio Grande do Norte – 2001 e 2009 2001 2009 Posição na ocupação Nº % Nº % Trabalhadoras domésticas 70.000 15,3 93.000 Ate 17 anos 7.000 15.000 9.000 15.000 13.000 11.000 10,0 21,4 12,9 21,4 18,6 15,7 7.000 20.000 13.000 26.000 21.000 6.000 7,5 21,5 14,0 28,0 22,6 6,5 38.000 8,3 38.000 6,6 8.000 5.000 4.000 8.000 5.000 8.000 21,1 13,2 10,5 21,1 13,2 21,1 6.000 5.000 3.000 7.000 8.000 9.000 15,8 13,2 7,9 18,4 21,1 23,7 49.000 10,7 60.000 10,3 4.000 5.000 4.000 11.000 9.000 16.000 8,2 10,2 8,2 22,4 18,4 32,7 3.000 6.000 5.000 6.000 11.000 29.000 5,0 10,0 8,3 10,0 18,3 48,3 18 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 ou mais Não remuneradas Ate 17 anos 18 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 ou mais Consumo Próprio Ate 17 anos 18 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 ou mais 16,0 Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE As trabalhadoras não remuneradas, em 2001, representavam 8,3% e em 2009 passaram para 6,6% do total. Em linhas gerais, fica claro que as mulheres, com muita luta, conseguiram romper as cercas que as aprisionavam no próprio lar, na sociedade patriarcal, mas, no mercado de trabalho a resposta vem pelos baixos salários, além dos assédios e outros tipos de discriminações. No caso da remuneração, a situação é tão evidente que se torna risível, se não fosse parte de uma realidade tão cruel. As mulheres podem ocupar maciçamente o mercado de trabalho, com maior nível educacional, ter o mesmo desempenho ou até melhor do que os homens, só que com salários mais baixos. Hoje, isso é evidente. Amanhã pode ser que não. No Rio Grande do Norte, Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 9 93,5% das mulheres ganham até 1 salário mínimo, segundo a PNAD, de 2009. Em 2001, esse percentual era 81,2% e as que produziam para o consumo próprio representavam 9,8%. No intervalo de 2001 para 2009, as mulheres que produziam para consumo próprio ficaram com participação em torno de 10,0%, mas ocorreu um fato interessante que foi a queda da participação das jovens mulheres de até 17 anos e das mulheres entre 30 e 49 anos. No primeiro caso, jovens até 17 anos, houve uma redução de 8,2% para 5,0% e, no segundo caso, das mulheres entre 30 e 49 anos de idade, a redução da participação foi de 22,4% para 10,0%. É fácil constatar, pelos dados apresentados, que uma grande proporção de mulheres ingressa e compõe um quadro marcado pelo trabalho precário, aviltante remuneração, baixa proteção social, com grande parte delas exercendo o trabalho doméstico e ocupações sem remuneração. Mas existem algumas mudanças e a Tabela 3 mostra que houve redução da participação feminina nos setores Agrícola e de Transporte, armazenagem e comunicação mas, nos outros setores, a variação da participação foi positiva. TABELA 3 Grupamento de atividade econômica e posição na ocupação das mulheres Rio Grande do Norte – 2005(1) e 2009 Grupamento de atividade e posição na ocupação Total Agrícola Indústria Indústria de transformação Construção Grupamentos Comércio e reparação de atividade Alojamento e alimentação econômica Transporte, armazenagem e comunicação Administração pública Educação, saúde e serviços sociais Serviços domésticos Outros serviços coletivos, sociais e pessoais Empregados Trabalhadores domésticos Conta própria Posição na Empregadores ocupação Trabalhadores na construção para o próprio uso Trabalhadores na produção para o próprio consumo Não remunerados Nº de ocupados 2005 2009 502.000 580.000 81.000 81.000 54.000 58.000 52.000 58.000 1.000 2.000 96.000 117.000 21.000 35.000 2.000 1.000 28.000 29.000 99.000 104.000 77.000 94.000 28.000 36.000 502.000 580.000 225.000 278.000 77.000 94.000 95.000 94.000 14.000 13.000 0 0 59.000 61.000 Participação Variação 2005 2009 2009/2005 100,0 100,0 15,5 16,1 14,0 0,0 10,8 10,0 7,4 10,4 10,0 11,5 0,2 0,3 100,0 19,1 20,2 21,9 4,2 6,0 66,7 0,4 0,2 -50,0 5,6 5,0 3,6 19,7 17,9 5,1 15,3 16,2 22,1 5,6 6,2 28,6 100,0 100,0 15,5 44,8 47,9 23,6 15,3 16,2 22,1 18,9 16,2 -1,1 2,8 2,2 -7,1 0,0 0,0 0,0 11,8 10,5 3,4 Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE Nota (1): Dados para 2001 não disponíveis na série disponibilizada pelo IBGE. Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 10 - Rendimento e Escolaridade O rendimento médio mensal do trabalho das pessoas ocupadas do Rio Grande do Norte, nos anos de 2001, 2005 e 2009, mostra uma elevação tanto para os homens quanto para as mulheres. A diferença é a média do rendimento pago às mulheres em detrimento dos homens. Nos anos de 2001 e de 2009, os rendimentos das mulheres permaneceram inalterados proporcionalmente em relação ao dos homens, correspondendo a 72,3% e 72,2%, respectivamente, não representando qualquer avanço no período. GRÁFICO 2 Rendimento médio mensal do trabalho das pessoas ocupadas por sexo (R$ dez/2010 – INPC) Rio Grande do Norte – 2001, 2005 e 2009 Homem Mulher 847,1 734,9 710,8 593,1 612,0 514,1 2001 2005 2009 Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE A revolução silenciosa das mulheres no mercado de trabalho começa pela educação. O estudo é uma conquista e começa na sala de aula. Em parte, pela própria imposição da família patriarcal: meninas em casa estudando e meninos na rua trabalhando. O fato é que as mulheres ocupam cada vez mais espaço no mercado de trabalho qualificado no país. No Brasil, 14,8% das pessoas de 10 ou mais de idade, ocupadas na semana de referência, em 2009, sem instrução e com até sete anos de estudo, são mulheres; enquanto 25,4% são homens. Em 2001, as mulheres somavam 19,8% e os homens 34,9%. (ver Tabelas 3 e 4) Na região Nordeste, em 2009, as mulheres representam 18,1% contra 34,7% dos homens; em 2001, o patamar era de 45,2% para os homens e as mulheres ficaram no percentual de 24,7%. No Rio Grande do Norte, o índice das mulheres, nos anos de 2009 e Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 11 2001, é de 15,7% e 20%, respectivamente, enquanto que os homens tiveram um desempenho de 34,6% e 42,6% no mesmo período. Ou seja, a taxa de mulheres com pouca escolaridade no Rio Grande do Norte está um pouco acima da taxa do país e abaixo da Região Nordeste; e, em todos os âmbitos, a taxa de mulheres com baixa escolaridade é bem menor do que a dos homens, segundo Tabelas 3 e 4. TABELA 4 Ocupados com 10 anos ou mais por sexo e anos de estudo Brasil, Nordeste e Rio Grande do Norte – 2001 Brasil Grupos de Anos de Estudo Sem instrução e menos de 1 ano Nordeste Rio Grande do Norte Total Homem Mulher Total Homem Mulher Total Homem 11,6 7,6 4,0 23,9 16,1 7,8 16,5 11,6 Mulher 4,9 1 a 3 anos 13,9 9,0 4,9 20,6 13,5 7,1 18,2 13,0 5,3 4 a 7 anos 29,2 18,3 10,9 25,4 15,6 9,8 27,8 18,0 9,8 8 a 10 anos 16,0 9,6 6,4 10,6 6,1 4,6 11,7 6,6 5,2 11 a 14 anos 21,7 11,1 10,6 15,3 7,1 8,2 20,2 8,6 11,6 15 anos ou mais 7,1 3,5 3,6 3,8 1,7 2,1 5,5 2,7 2,9 Não determinados 0,4 0,2 0,2 0,4 0,2 0,2 0,2 0,2 - Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE Por outro lado, o percentual de mulheres com 11 anos ou mais de estudo, ocupadas na semana de referência, no Brasil, é de 21,2% contra 21,98% dos homens, no ano de 2009. Em contrapartida, em 2001, os homens somam 14,5% e as mulheres 14,6%. Na região Nordeste, nos anos de 2009 e 2001, as mulheres têm uma participação de 16,78% e os homens de 15,81% e de 10,3% e de 8,8%, respectivamente. No Rio Grande do Norte, em 2001, as mulheres somavam 14,5% e os homens 11,3%, sendo que no ano de 2009, as mulheres passaram para 17,04% contra 16,58% dos homens. Ou seja, entre as pessoas de 10 ou mais de idade, com escolaridade alta, a taxa das mulheres no RN está abaixo da taxa do Brasil, mas está acima do índice da região Nordeste. Resumindo as Tabelas 3 e 4, pode-se verificar que as mulheres para se inserirem como Ocupadas precisam ter maior nível de escolaridade do que os homens e no Grupo acima de 15 anos de estudos, ela é um pouco superior no Brasil, no Nordeste e no Rio Grande do Norte, em um mercado de trabalho predominantemente masculino. Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 12 TABELA 5 Ocupados com 10 anos ou mais por sexo e anos de estudo Brasil, Nordeste e Rio Grande do Norte – 2009 Brasil Grupos de Anos de Estudo Total Nordeste Homem Mulher Total Rio Grande do Norte Homem Mulher Total Homem Mulher Sem instrução e menos de 1 ano 7,7 5,1 2,7 15,4 10,6 4,9 12,5 8,7 3,8 1 a 3 anos 9,1 6,0 3,2 13,4 9,1 4,4 13,1 9,5 3,6 4 a 7 anos 23,2 14,4 8,9 24,1 15,2 8,9 24,8 16,5 8,3 8 a 10 anos 16,5 9,9 6,6 14,2 8,4 5,8 15,7 9,3 6,4 11 a 14 anos 32,5 17,1 15,4 26,3 13,2 13,1 26,8 13,8 13,0 15 anos ou mais 10,7 4,9 5,8 6,3 2,6 3,7 6,8 2,8 4,0 0,2 0,1 0,1 0,3 0,1 0,1 0,3 0,1 0,2 Não determinados Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE Mesmo com maior escolaridade, as mulheres têm rendimento médio inferior ao dos homens. No Brasil, em 2009, o total de mulheres ocupadas que recebia até um salário-mínimo era de 15% contra 10,2% dos homens; na região Nordeste, a relação não foi diferente: 21,9% para as mulheres e 17,8% para os homens; e, por fim, no Rio Grande do Norte, esse cenário se repete: as mulheres com 20,7% e os homens com 17,3%. Ou seja, o RN, em termos proporcionais, tem um número maior de mulheres que recebem até um salário-mínimo do que o Brasil, mas está em situação ligeiramente melhor quando comparado com a região Nordeste. No entanto, no âmbito geral, tem-se um número maior de mulheres recebendo até um salário-mínimo, conforme Gráfico 3. GRÁFICO 3 Ocupados com 10 anos ou mais com rendimento mensal de até um salário mínimo Brasil, Nordeste e Rio Grande do Norte – 2009 Total 45,0 Homem Mulher 39,7 40,0 38,0 35,0 30,0 25,2 25,0 21,9 20,0 15,0 15,0 20,7 17,8 17,3 Nordeste Rio Grande do Norte 10,2 10,0 5,0 Brasil Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 13 Por outro lado, quando se analisa a situação das pessoas de 10 anos ou mais no país, na região Nordeste e no Rio Grande do Norte, verifica-se que a equação se inverte em relação ao quadro anterior. Têm-se, em todos os âmbitos, mais homens e menos mulheres com rendimentos acima de cinco salários mínimos. Observando-se, com atenção, o Gráfico 4, percebe-se que essa diferença, em todos os níveis (nacional, regional e estadual), corresponde a uma razão de 2/3. Do índice de 6,0%, no Brasil, os homens respondem por 4,0%; do índice de cerca de 3,0%, no Nordeste, os homens respondem por 1,9%; e da taxa de 3,6% no Rio Grande do Norte, os homens dominam 2,4%, aproximadamente, correspondendo ha mesma proporcionalidade brasileira de 2/3. GRÁFICO 4 Ocupados com 10 anos ou mais com rendimento mensal acima de cinco salários mínimo Brasil, Nordeste e Rio Grande do Norte – 2009 Total Homem Mulher 7,0 6,0 6,0 5,0 4,0 4,0 3,6 3,0 3,0 2,0 2,0 2,4 1,9 1,3 1,1 1,0 0,0 Brasil Nordeste Rio Grande do Norte Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE Um dado que chama a atenção é que, entre as mulheres que têm rendimento até 1 salário mínimo, a jornada de trabalho mais comum é até 39 horas semanais. Na faixa de pessoas de 10 ou mais de idade, com rendimento até 1 salário mínimo, a jornada de trabalho é maior entre os homens do que entre as mulheres, de acordo com o Gráfico 5. Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 14 GRÁFICO 5 Pessoas de 10 anos ou mais de idade, com rendimento mensal de até 1 Salário Mínimo e grupos de horas habitualmente trabalhadas por semana em todos os trabalhos Brasil, Nordeste e Rio Grande do Norte – 2009 Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE Por sua vez, o Gráfico 6 mostra que as mulheres, com rendimento mensal acima de 5 salários mínimos, tendem a ter uma jornada de trabalho de 40 horas acima. Pode-se supor que as mulheres que percebem 5 salários mínimos têm mais condições econômicas de contratar outras mulheres para exercer trabalhos domésticos e assim dedicar mais horas ao trabalho, mas ao mesmo tempo geram desigualdades dentro do mercado de trabalho feminino. Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 15 GRÁFICO 6 Pessoas de 10 anos ou mais de idade, com rendimento mensal acima de 5 Salários Mínimos e grupos de horas habitualmente trabalhadas por semana em todos os trabalhos Brasil, Nordeste e Rio Grande do Norte – 2009 Fonte: PNAD/IBGE; Elaboração: DIEESE I. 2 Mercado de trabalho formal O mercado de trabalho formal do Rio Grande do Norte conta com 538.757 empregados segundo os dados da RAIS 2009, sendo que 42,6% são mulheres (229.367 trabalhadoras) (Anexo 1). A participação feminina no mercado de trabalho formal no país é de 41,4% e tem crescido ano após ano (em 2001 era de 39,5%). No Nordeste essa participação é de 42,3%, ficando a frente do Centro-Oeste (38,7%), Sudeste (40,9%) e do Norte (41,4%), ou seja, atrás apenas do Sul que possui a maior participação feminina no mercado de trabalho formal com 43,6%. Dentro do Nordeste, o estado que apresenta maior participação de mulheres é o Ceará com 45,1%. O Rio Grande do Norte aparece em 5º lugar no ranking de maior participação feminina da região Nordeste, ficando na frente da Bahia, Sergipe, Pernambuco e Alagoas (Tabela 6). Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 16 TABELA 6 Participação das mulheres no trabalho formal e taxa de crescimento anual Grandes regiões e Unidades da federação selecionadas – 2005/2001, 2009/2005 e 2009/2001 Participação das mulheres (%) Região/UF 2001 Norte Nordeste Maranhão Piauí Ceará Rio Grande do Norte Paraíba Pernambuco Alagoas Sergipe Bahia Sudeste Sul Centro-Oeste Total 42,3 42,8 45,8 46,7 43,9 46,8 47,3 38,6 37,6 43,6 42,5 38,5 40,3 36,3 39,5 2005 37,9 42,7 44,7 48,3 45,9 43,7 45,0 39,9 35,9 42,6 42,1 39,6 41,8 38,0 40,3 Taxa anual de crescimento (%) 2009 41,5 42,3 43,6 44,6 45,1 42,6 43,7 40,1 36,2 41,7 42,3 40,9 43,6 38,7 41,4 2005/ 2001 6,2 6,2 6,1 7,6 7,3 5,7 2,8 6,0 5,2 5,6 7,0 5,2 5,6 7,3 5,7 2009/ 2005 9,7 6,0 8,2 3,8 7,2 3,9 5,8 6,5 5,2 4,9 5,9 6,1 6,0 6,1 6,2 2009/ 2001 8,0 6,1 7,1 5,7 7,2 4,8 4,3 6,3 5,2 5,3 6,4 5,6 5,8 6,7 6,0 Fonte: RAIS/MTE Elaboração: DIEESE Entre 2001 a 2009, o mercado de trabalho formal teve um crescimento em torno de 5,3% ao ano, sendo que, para as mulheres, essa taxa foi de 6,0% enquanto a de homens ficou em 4,9%, ou seja, houve ampliação importante da mão de obra feminina no mercado formal. Esse crescimento tornou-se mais intenso no período mais recente, entre 2005 e 2009 (6,2% contra 5,7% entre 2001 e 2005). No Nordeste, a taxa de crescimento anual das mulheres ficou ligeiramente acima da média nacional (6,1%), ficando atrás apenas do Norte e do CentroOeste. No Rio Grande do Norte, o crescimento das mulheres foi um pouco menor 4,8%, tendo sido superior apenas a Paraíba (4,3% a.a). Ao contrário do movimento nacional, no Rio Grande do Norte a taxa de crescimento anual das mulheres trabalhadoras foi maior no período 2001/2005 do que no período 2005/2009 (Anexo 2). A participação de homens e mulheres por setor de atividade econômica é bastante distinta. Elas são maioria na Administração pública com 58,5% e chegaram a ser 65,8% dos empregados em 2001. As mulheres possuem participação bastante efetiva também no setor de serviços, com 43,0% dos empregados em 2009 (em 2001 chegaram a ser 44,7%). Em seguida, aparece o setor de Comércio com 38,8% de mulheres. Na Construção civil, Extrativa mineral e Agricultura a participação feminina é, entretanto, ainda bastante restrita, sendo de apenas Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 17 6,8%, 7,4% e 9,2%, respectivamente. No período analisado, o maior crescimento anual do número de mulheres ocorreu no setor da indústria Extrativa mineral (16,3%), seguido pelo Comércio (10,2%). O número de mulheres declinou apenas na Agricultura entre 2001 e 2009 (1,5%) (Tabela 7). TABELA 7 Participação das mulheres por setor de atividade e taxa de crescimento anual Rio Grande do Norte – 2001, 2005 e 2009 Participação das Taxa anual de mulheres (%) crescimento (%) Setor de Atividade 2005/ 2009/ 2009/ 2001 2005 2009 2001 2005 2001 Extrativa mineral 4,7 6,5 7,4 16,4 16,2 16,3 Indústria de transformação 37,1 31,6 34,2 2,3 8,8 5,5 Serviços industr utilidade pública 13,2 17,0 11,7 20,1 -1,9 8,5 Construção civil 6,6 7,5 6,8 11,6 6,9 9,2 Comércio 37,3 38,7 38,8 12,5 8,0 10,2 Serviços 44,7 44,3 43,0 6,9 6,3 6,6 Administração pública 65,8 59,3 58,5 4,1 0,8 2,5 Agricultura 8,7 9,6 9,2 7,2 -9,4 -1,5 Total 46,8 43,7 42,6 5,7 3,9 4,8 Fonte: RAIS/MTE Elaboração: DIEESE Em relação à faixa etária, nota-se uma participação mais elevada das mulheres na faixa entre os 50 e 64 anos. Em 2009, essa participação foi de 48,5%, mas chegou a ser ainda maior em 2001 (54,3%) (Tabela 8). Entre 2001 e 2009 constata-se que o maior crescimento na participação das mulheres por faixa etária ocorreu dentre os ocupados com até 17 anos com 10,1% no período. A faixa dos 25 a 29 anos também teve crescimento importante no período, mas acabou tendo uma perda de participação de 40,5% para 38,4% no início e no final do período, respectivamente. Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 18 TABELA 8 Participação das mulheres por faixa etária e taxa de crescimento anual Rio Grande do Norte – 2001, 2005 e 2009 Participação das Taxa anual de mulheres (%) crescimento (%) Faixa etária 2005/ 2009/ 2009/ 2001 2005 2009 2001 2005 2001 Ate 17 anos 36,1 42,0 46,0 24,5 -2,7 10,1 18 a 24 anos 40,1 38,2 37,5 6,9 1,7 4,3 25 a 29 anos 40,5 38,9 38,4 8,3 5,2 6,7 30 a 39 anos 46,0 42,4 40,8 2,9 3,1 3,0 40 a 49 anos 52,1 48,8 47,2 7,7 3,2 5,4 50 a 64 anos 54,3 50,4 48,5 5,3 7,3 6,3 65 ou mais 60,0 41,9 40,9 -11,8 7,4 -2,7 Ignorado 42,2 50,0 75,0 -44,1 -9,6 -28,9 Total 46,8 43,7 42,6 5,7 3,9 4,8 Fonte: RAIS/MTE Elaboração: DIEESE Quando se analisa a participação das mulheres de acordo com o grau de instrução, nota-se que elas são a maioria dentre os trabalhadores formais com Educação superior incompleto (52,7%) e completa (60,6%). O número de mulheres com educação superior completa cresceu 11,8% ao ano no período 2001/2009. Já a menor participação é vista dentre os ocupados analfabetos com apenas 11,9% de mulheres cujo número absoluto declinou 19,4% ao ano, no período analisado. No geral, nota-se que as mulheres possuem participação menor dentre os ocupados com menor grau de instrução, e participação maior dentre aqueles com maior nível de escolaridade, como pode ser constatado na tabela 9. Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 19 TABELA 9 Participação das mulheres por grau de instrução e taxa de crescimento anual Rio Grande do Norte – 2001, 2005 e 2009 Participação das mulheres (%) Grau de instrução 2001 Analfabeto Até o 5ª ano Incompleto do Ensino Fundamental 5ª ano Completo do Ensino Fundamental Do 6ª ao 9ª ano Incompleto do Ensino Fundamental Ensino Fundamental Completo Ensino Médio Incompleto Ensino Médio Completo Educação Superior Incompleta Educação Superior Completa Total 26,2 22,0 33,0 38,8 39,1 43,0 61,6 60,6 57,4 46,8 2005 2009 12,4 25,9 29,6 34,8 31,6 35,2 53,3 57,5 58,4 43,7 11,9 15,5 25,7 33,3 30,5 32,8 46,9 52,7 60,6 42,6 Taxa anual de crescimento (%) 2005/ 2009/ 2009/ 2001 2005 2001 -28,0 -9,8 -19,4 11,2 -22,3 -7,0 -1,0 -5,8 -3,5 3,9 -2,2 0,8 -3,6 3,3 -0,2 0,9 1,5 1,2 7,8 5,0 6,4 3,7 3,2 3,5 11,9 11,8 11,8 5,7 3,9 4,8 Fonte: RAIS/MTE Elaboração: DIEESE Em relação à família ocupacional na qual as trabalhadoras formais se inserem, nota-se que houve alteração no quadro entre 2005 e 20091 das ocupações que mais empregaram as mulheres no período. Em 2005, as famílias ocupacionais que mais empregavam mulheres eram Agentes, assistentes e auxiliares administrativos (17,9% das ocupações), Operadores do comércio em lojas e mercados (7,0%) e Supervisores administrativos (6,0%). Ademais, a remuneração das mulheres era, em média, 19,0% inferior a dos homens. Em 2009 o quadro se alterou, mostrando-se menos favorável para as mulheres com a saída do ranking da família ocupacional dos Supervisores administrativos. Os Agentes, assistentes e auxiliares administrativos (18,7%) e os Operadores do comércio em lojas e mercados (7,8%) continuaram liderando o ranking. Em terceiro lugar veio à família dos trabalhadores nos serviços e manutenção de edificações com 7,7% das ocupadas. A diferença salarial média entre homens e mulheres mostrou avanço, tendo decaído de 19,0% para 14,4%. A tabela abaixo apresenta as demais famílias ocupacionais que mais empregam mulheres no Rio Grande do Norte (Tabela 10). 1 Em 2002 criou-se a nova CBO (Classificação Brasileira de Ocupações) que foi adotada pela RAIS a partir de 2003. Dado que não é possível a comparação dos dados ocupações antes e depois de 2003, optou-se por trabalhar apenas com as RAIS 2005 e 2009. Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 20 TABELA 10 Ranking das ocupações que mais empregam mulheres e diferença entre o rendimento dos homens e das mulheres Rio Grande do Norte – 2005 e 2009 Família ocupacional - ordenado pelo maior número de mulheres Total 2005 Mulheres Nº Nº (%) 247.246 100,0 (%) 192.415 100,0 Dif. Rend. Mulheres/ rend. Homens -19,0 1º Agentes, assistentes e auxiliares administrativos 26.894 10,9 34.384 17,9 -14,1 2º Operadores do comércio em lojas e mercados 14.944 6,0 13.559 7,0 -15,9 3º Supervisores administrativos 5.955 2,4 11.596 6,0 -23,3 4º Professores de nível superior ensino fundamental (5ª a 8ª série) 2.119 0,9 10.436 5,4 -4,8 5º Trab. serviços coleta resíduos, limpeza e conserv. áreas públicas 10.594 4,3 9.315 4,8 -11,8 6º Professores do ensino médio 3.401 1,4 7.792 4,0 -15,2 7º Prof. de nível superior do ensino fundamental (1ª a 4ª séries) 1.819 0,7 7.423 3,9 -49,3 8º Professores de nível médio no ensino fundamental 1.475 0,6 6.595 3,4 -10,9 9º Mantenedores de edificações 5.232 2,1 6.175 3,2 -8,4 1.066 0,4 5.572 2,9 20,0 300.115 100,0 10º Operadores de máquinas para costura de peças do vestuário Total 2009 Homens 222.887 4,2 -14,4 1º Agentes, assistentes e auxiliares administrativos 29.621 9,9 41.779 18,7 -18,3 2º Operadores do comércio em lojas e mercados 19.333 6,4 17.360 7,8 -13,6 3º Trabalhadores nos serviços de manutenção de edificações 11.221 3,7 17.256 7,7 1,8 4º Professores do ensino médio 5.674 1,9 15.098 6,8 0,4 5º Operadores de máquinas para costura de peças do vestuário 1.714 0,6 9.834 4,4 -0,5 6º Prof. de nível superior do ensino fundamental (1ª a 4ª séries) 2.980 1,0 8.420 3,8 -49,2 7º Trab. serviços coleta resíduos, limpeza e conserv. áreas públicas 8.952 3,0 6.652 3,0 -6,3 8º Recepcionistas 1.845 0,6 6.256 2,8 -9,2 9º Professores de nível médio no ensino fundamental 1.472 0,5 6.198 2,8 -3,0 1.781 0,6 6.085 2,7 -22,8 10º Caixas e bilheteiros (exceto caixa de banco) Fonte: RAIS/MTE Elaboração: DIEESE Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 21 II. A POSIÇÃO DA MULHER TRABALHADORA NA FAMÍLIA A participação das mulheres na chefia familiar tem se mostrado crescente em todo o país. Em 2001 elas chefiavam apenas 25,2% das famílias no Rio Grande do Norte. Em 2005 elas passaram a chefiar 29,3% das famílias e em 2009 atingiram 35,9% (Gráfico 7). O número de mulheres chefiando a família saltou de 205.000 para 368.000 no período, o que representa um crescimento de 79,5%. Os homens, em contra partida, saíram de 609.000 para 657.000 em 2009, crescimento de apenas 7,9%. GRÁFICO 7 Distribuição dos chefes de família por sexo Rio Grande do Norte – 2001, 2005 e 2009 Homem Mulher 100% 90% 205.000 266.000 609.000 643.000 2001 2005 80% 368.000 70% 60% 50% 40% 30% 657.000 20% 10% 0% 2009 Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE-RN Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 22 III. A MULHER E A PREVIDÊNCIA SOCIAL A contribuição para institutos de previdência cresceu 45,7% entre 2001 e 2009 no Rio Grande do Norte (saiu de 418 para 609 mil contribuintes). A participação dos homens no início do período era de 54,4% e passou para 58,6% em 2009, representando uma leva queda na participação das mulheres, que representava 45,6% e ficou com 41,4%, respectivamente. Enquanto o número de contribuintes homens cresceu 56,5% no período, o de mulheres teve ampliação de apenas 31,9% (Gráfico 8). Esses dados mostram que quase 60% das mulheres não recolhem para a previdência pública e que estão excluídas da proteção de uma aposentadoria e deverão ficar na dependência do companheiro, filhos e familiares ou ajuda alheia. A questão é que a previdência é uma rede de proteção social que envolve não só aposentadoria, mas seguro desemprego, licença maternidade, pensão por morte, auxilio doença, entre outros. Na realidade esse tema deveria entrar na pauta do debate público, quando são discutidas as políticas públicas para as mulheres, porque a denominada feminilização da velhice começa a fazer parte do nosso dia a dia e nada mais atual do que o combate as desigualdade, que nasce dentro da nossa casa e extravasa por todos os cantos da sociedade. GRÁFICO 8 Ocupados com 10 anos ou mais de idade que contribuem para instituto de previdência por sexo Rio Grande do Norte – 2001, 2005 e 2009 Homem Mulher 100% 90% 80% 191.000 196.000 252.000 228.000 266.000 357.000 2001 2005 2009 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE-RN Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 23 Entretanto, quando se analisa a contribuição para a previdência privada por sexo, notase uma ampliação na participação das mulheres. Enquanto que em 2001 elas eram 33,3% dos contribuintes, em 2009 elas passaram a ser 38,1%. Ademais, o número de mulheres contribuindo para esse tipo de instituição se ampliou em 60,0%, enquanto os homens tiveram crescimento de 30% entre os anos analisados (Gráfico 9), apesar desse universo representar menos de 6% do total da previdência pública no Rio Grande do Norte, em 2009. GRÁFICO 9 Ocupados com 10 anos ou mais de idade que contribuem para previdência privada por sexo Rio Grande do Norte – 2001, 2005 e 2009 Homem Mulher 100% 90% 80% 5.000 5.000 8.000 10.000 9.000 13.000 2001 2005 2009 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: DIEESE-RN Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante da lei: todos são iguais. É o que estabelece o artigo 5° da Constituição Federal. No cotidiano, o que se vê é uma realidade bem diferente da prevista na Constituinte de 1988. Principalmente quando se analisa a situação das mulheres trabalhadoras, que ganham salários inferiores aos homens, embora com maior escolaridade e qualificação. São elas as mais atingidas pela precarização do trabalho e pela falta de reconhecimento do valor de seu trabalho. No período de 2001 a 2008, período em que a economia norte-rio-grandense cresceu em média de 4%, as mulheres, diferentemente do conjunto das brasileiras, não tiveram o avanço esperado no mercado de trabalho, enquanto o Brasil estava e está passando por aceleração da atividade econômica, com distribuição de renda e que traz consigo a geração de mais empregos, com melhoria da qualidade de vida, as mulheres norte-rio-grandenses entrou e lutou numa guerra de poucas medalhas. No Rio Grande do Norte, nos anos de 2001 e de 2009, a participação feminina no mercado de trabalho aumentou de 42,6% para 48,7%, respectivamente. Como ocorreu também a taxa de desocupação, que passou de 8,6% para 12,8%, em igual período. 93,5% dessas mulheres em 2009 ganhavam até um salário mínimo, enquanto em 2001, esse percentual era de 81,2%. Mas, diminuiu as que trabalhavam sem remuneração no período, que passou de 8,3% (2001) para 6,6% (2009). O mercado de trabalho formal do Rio Grande do Norte conta com 538.757 empregados segundo os dados da RAIS 2009, sendo que 42,6% são mulheres (229.367 trabalhadoras). Entre 2001 a 2009, o mercado de trabalho formal teve um crescimento em torno de 5,3% ao ano, sendo que, para as mulheres, essa taxa foi de 6,0% enquanto a de homens ficou em 4,9%, ou seja, houve ampliação importante da mão de obra feminina no mercado formal. Esse crescimento tornou-se mais intenso no período mais recente, entre 2005 e 2009 (6,2% contra 5,7% entre 2001 e 2005. No Rio Grande do Norte, o crescimento das mulheres foi um pouco menor 4,8%, tendo sido superior apenas a Paraíba (4,3% a.a). Ao contrário do movimento nacional, no Rio Grande do Norte a taxa de crescimento anual das mulheres trabalhadoras foi maior no período 2001/2005 do que no período 2005/2009. Elas são maioria na Administração pública com 58,5% e chegaram a ser 65,8% dos empregados em 2001. As mulheres possuem participação bastante efetiva também no setor de Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 25 serviços com 43,0% dos empregados em 2009 (em 2001 chegaram a ser 44,7%). Em seguida aparece o setor de Comércio com 38,8% de mulheres. Quando se analisa a participação das mulheres de acordo com o grau de instrução, nota-se que elas são a maioria dentre os trabalhadores formais com Educação superior incompleto (52,7%) e completa (60,6%). O número de mulheres com educação superior completa cresceu 11,8% ao ano no período 2001/2009. Já a menor participação é vista dentre os ocupados analfabetos com apenas 11,9% de mulheres cujo número absoluto declinou 19,4% ao ano, no período analisado. Em 2005, as famílias ocupacionais que mais empregavam mulheres eram Agentes, assistentes e auxiliares administrativos (17,9% das ocupações), Operadores do comércio em lojas e mercados (7,0%) e Supervisores administrativos (6,0%). Ademais, a remuneração das mulheres era, em média, 19,0% inferior a dos homens. Em 2009 o quadro se alterou, mostrando-se menos favorável para as mulheres com a saída do ranking da família ocupacional dos Supervisores administrativos. Os Agentes, assistentes e auxiliares administrativos (18,7%) e os Operadores do comércio em lojas e mercados (7,8%) continuaram liderando o ranking. Em terceiro lugar veio à família dos trabalhadores nos serviços e manutenção de edificações com 7,7% das ocupadas. A diferença salarial média entre homens e mulheres mostrou avanço, tendo decaído de 19,0% para 14,4%. A contribuição para institutos de previdência cresceu 45,7% entre 2001 e 2009 no Rio Grande do Norte - passou de 418 para 609 mil contribuintes. A participação dos homens no início do período era de 54,4% e foi para 58,6% em 2009, representando uma leva queda na participação das mulheres, que representava 45,6% e ficou com 41,4%, respectivamente. Enquanto o número de contribuintes homens cresceu 56,5% no período, o de mulheres teve ampliação de apenas 31,9% Esses dados mostram que quase 60% das mulheres não recolhem para a previdência pública e que estão excluídas da proteção de uma aposentadoria e deverão ficar na dependência do companheiro, filhos e familiares ou ajuda alheia. Mais de 1/3 das mulheres do Rio Grande do Norte são responsáveis pela família, muitas vivem na solidão e na pobreza. São as consideradas famílias partidas, conduzidas por mulheres separadas, solteiras ou viúvas que têm filhos, solteiras sem filhos, morando sozinhas... E silenciosamente enfrentando o preconceito social. O Livro O Segundo Sexo (1949) de Simone de Beauvoir, faz lembrar que a hierarquia entre os sexos não é uma fatalidade biológica e sim Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 26 uma construção social. Para além da luta pela igualdade de direitos, incorpora o questionamento das raízes culturais das desigualdades. De 2001 a 2009, a proporção de famílias chefiadas por mulheres no RN subiu aproximadamente 36% do total. São 368 mil o número de famílias que identificaram como principal responsável uma mulher, no ano de 2009. Esse fenômeno tem a ver com a maior participação das mulheres no mercado de trabalho. Além disso, vale salientar a forma como as mulheres estão se inserindo nos diferentes espaços públicos e as mudanças culturais em relação aos lugares ocupados por homens e mulheres na sociedade. Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 27 ANEXOS Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 28 ANEXO 1 Trabalhadores formais por sexo Grandes regiões e Unidades da federação selecionadas – 2001, 2005 e 2009 2001 2005 2009 Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Norte 669.846 491.934 1.161.780 1.024.411 626.426 1.650.837 1.282.585 908.680 2.191.265 Nordeste 2.604.842 1.950.177 4.555.019 3.326.739 2.481.851 5.808.590 4.284.608 3.137.578 7.422.186 Maranhão 167.158 141.321 308.479 221.370 178.784 400.154 317.199 245.076 562.275 Piauí 114.652 100.505 215.157 144.424 134.774 279.198 194.966 156.735 351.701 Ceará 406.632 318.322 724.954 497.658 422.503 920.161 679.291 556.970 1.236.261 Rio Grande do Norte 179.391 157.769 337.160 253.691 197.106 450.797 309.390 229.367 538.757 Paraíba 189.335 169.800 359.135 231.529 189.306 420.835 306.069 237.306 543.375 Pernambuco 549.621 345.794 895.415 658.933 436.618 1.095.551 837.949 562.048 1.399.997 Alagoas 178.951 107.722 286.673 235.262 131.854 367.116 284.616 161.520 446.136 Sergipe 123.209 95.270 218.479 159.376 118.412 277.788 200.527 143.525 344.052 Bahia 695.893 513.674 1.209.567 924.496 672.494 1.596.990 1.154.601 845.031 1.999.632 Sudeste 8.876.721 5.560.895 14.437.616 10.388.156 6.813.296 17.201.452 12.478.332 8.619.803 21.098.135 Sul 2.899.753 1.960.040 4.859.793 3.391.359 2.440.431 5.831.790 3.995.231 3.083.212 7.078.443 Centro-Oeste 1.386.620 788.786 2.175.406 1.701.446 1.044.502 2.745.948 2.094.269 1.323.248 3.417.517 Total 16.437.782 10.751.832 27.189.614 19.832.111 13.406.506 33.238.617 24.135.025 17.072.521 41.207.546 Fonte: RAIS/MTE Elaboração: DIEESE Região/UF ANEXO 2 Taxa de crescimento ao ano dos trabalhadores formais por sexo Grandes regiões e Unidades da federação selecionadas – 2005/2001, 2009/2005 e 2009/2001 Região/UF Norte Nordeste Maranhão Piauí Ceará Rio Grande do Norte Paraíba Pernambuco Alagoas Sergipe Bahia Sudeste Sul Centro-Oeste Total 2005/2001 Homens Mulheres 11,2 6,2 6,3 6,2 7,3 6,1 5,9 7,6 5,2 7,3 9,1 5,7 5,2 2,8 4,6 6,0 7,1 5,2 6,6 5,6 7,4 7,0 4,0 5,2 4,0 5,6 5,2 7,3 4,8 5,7 Total 9,2 6,3 6,7 6,7 6,1 7,5 4,0 5,2 6,4 6,2 7,2 4,5 4,7 6,0 5,2 2009/2005 Homens Mulheres 5,8 9,7 6,5 6,0 9,4 8,2 7,8 3,8 8,1 7,2 5,1 3,9 7,2 5,8 6,2 6,5 4,9 5,2 5,9 4,9 5,7 5,9 4,7 6,1 4,2 6,0 5,3 6,1 5,0 6,2 Total 7,3 6,3 8,9 5,9 7,7 4,6 6,6 6,3 5,0 5,5 5,8 5,2 5,0 5,6 5,5 2009/2001 Homens Mulheres 8,5 8,0 6,4 6,1 8,3 7,1 6,9 5,7 6,6 7,2 7,1 4,8 6,2 4,3 5,4 6,3 6,0 5,2 6,3 5,3 6,5 6,4 4,3 5,6 4,1 5,8 5,3 6,7 4,9 6,0 Total 8,3 6,3 7,8 6,3 6,9 6,0 5,3 5,7 5,7 5,8 6,5 4,9 4,8 5,8 5,3 Fonte: RAIS/MTE Elaboração: DIEESE Contrato de Prestação de Serviços N° 011/2010 29