1
AUTOMEDICAÇÃO E AUTOPRESCRIÇÃO:
UM ESTUDO PILOTO SOBRE O PERFIL E OS POSSÍVEIS
AGENTES INFLUENCIADORES DOS CONSUMIDORES DE
MEDICAMENTOS ALOPÁTICOS DA REGIÃO DE SÃO
BERNARDO DO CAMPO
ALMEIDA, Adilson Rogerio de1 (UMESP).
SANCHES, Marli Yukie Ariyoshi2 (UNESP)
ROCHA, Nilberto Moratti Avilla3 (UMESP).
Todas as substâncias são tóxicas. A dose
correta é que diferencia um veneno de um
remédio “·Paracelsus (1493 -1541)”.
Resumo
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), ter saúde vai muito além do
simples fato da ausência de doenças, para se ter saúde um indivíduo tem que contar,
também, com bem-estar físico, mental e social. Infelizmente, no anseio de viver com
mais saúde muitas pessoas buscam encontrar, na automedicação4, a solução para alguns
dos problemas que, momentaneamente ou comumente, se colocam como obstáculos ao
alcance deste seu bem estar. Ao “medicar a si mesmo”, num processo onde detecta seus
sintomas, da seu próprio diagnostico e se trata, administrando medicamentos sem previa
consulta ou prescrição medica, este indivíduo pode, ao mesmo tempo em que abranda
ou extingui este sintoma, estar causando um mal maior a sua saúde, seja devido à
possibilidade de intoxicação e interações medicamentosas causadas pela ingestão
indevida do medicamento ou mesmo pelo “mascaramento” de sintomas que poderiam
indicar uma doença grave.
No sentido de proporcionar uma melhor reflexão sobre o assunto, os
proponentes desta pesquisa realizaram um estudo piloto (através da aplicação de
questionários5) entre moradores da região de São Bernardo do Campo (que efetivamente
compraram medicamentos em drogarias sem receita médica) buscando, além de traçar
um perfil deste público alvo e da sua percepção sobre o assunto, identificar quais foram
os possíveis agentes influenciadores da opção pela automedicação/autoprescrição em
detrimento a consulta a um especialista.
1
Bacharel em Comunicação, Pós Graduado em Educação, Mestrando em Comunicação Social pela
UMESP.
2
Farmacêutica e Enfermeira, Pós Graduanda em Vigilância Sanitária pela UNESP de Rio Claro
3
Graduando em Biomedicina pela UMESP
4
A Port. n.º 3916/98 (Política Nacional de Medicamentos do Ministério da Saúde) define a utomedicação
como sendo o “Uso de medicamento sem a prescrição, orientação e ou o acompanhamento do médico ou
dentista”
2
Introdução:
Diversos são os possíveis fatores que levam uma pessoa à auto medicar-se e/ou
auto prescrever-se e dentre eles, pode-se citar desde a orientação de pessoas não
qualificadas para tal (amigos, parentes, etc), a influência da mídia, os problemas
econômicos, a tendência cultural, as prescrições anteriores, as recomendações dos
funcionários de farmácias (balconistas, atendentes, farmacêuticos, etc.) ou, ainda,
segundo a OMS, numa opção responsável deste indivíduo, uma automedicação
considerada como parte das suas ações de “autocuidado6”, numa prática onde as pessoas
assumem a responsabilidade sobre sua saúde, podendo tratar de seus problemas com
medicamentos aprovados e disponíveis para serem adquiridos sem prescrição - quando
indicados para “condições” auto-reconhecíveis e para algumas condições crônicas ou
recorrentes (seguindo um diagnóstico médico inicial) sendo que, em todos os casos em
que o indivíduo busca realizar esta “automedicação responsável”, através da compra e
consumo de medicamentos, estes devem ser especificamente designados para o
propósito, requerindo-se, para tal, doses e forma farmacêutica apropriadas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária7 (ANVISA) define esta
automedicação responsável como uma
Pratica pela qual os indivíduos tratam doenças, sinais e sintomas utilizando
medicamentos aprovados para venda sem prescrição médica, sendo estes de
eficácia e segurança comprovadas quando utilizados racionalmente. São
requisitos para automedicação responsável: que os Medicamentos a serem
utilizados tenham segurança, qualidade e eficácia comprovadas; serem
medicamentos utilizados em algumas doenças crônicas ou recorrentes (seguidos
de um diagnóstico médico inicial). Tais medicamentos, em todos os casos, devem
ser especificamente destinados ao uso proposto, requerendo doses apropriadas.
Devem conter as seguintes informações: modo de usar; efeitos e possíveis efeitos
colaterais; como os efeitos do medicamento podem ser monitorados; possíveis
interações medicamentosas; precauções e advertências; duração do tratamento e
quando o profissional de saúde deverá ser procurado. (Definição extraída de:
Report of the 4th Who - Consultative Group on the Role of the Pharmacist)
Mesmo sendo comum no dia a dia de todos, esta automedicação ainda é um
assunto polêmico devido, principalmente, ao fato de que a palavra “automedicação”
(relacionada ao consumo de produtos isentos de prescrição, conhecidos mundialmente
pela sigla OTC - over the counter – onde os analgésicos são a classe terapêutica que
domina este mercado no Brasil) é erroneamente e comumente entendida e utilizada para
definir o que seria na verdade "autoprescrição", que define o ato de consumir
5
Anexo I
Segundo a OMS o “auto-cuidado é o que as pessoas fazem por si mesmas para estabelecer e manter a
saúde, prevenir e lidar com a doença. É um conceito amplo, que abrange: higiene (geral e pessoa),
nutrição (tipo e qualidade do alimento ingerido), estilo de vida (atividade física, lazer, etc); fatores
ambientais (condições de vida, hábitos sociais, etc.); fatores sócio-econômicos (nível de renda, crenças
culturais, etc.); automedicação.”
7
Consulta Pública n º 95, de 19 de novembro de 2001 (D.O. de 21/11/2001) que Dispõe sobre bula de
medicamento
6
3
medicamentos tarjados sem a necessária orientação médica (neste caso se encaixam os
antibióticos, tranqüilizantes, anti-hipertensivos e antiinflamatórios).
A OMS alerta ainda que os principais riscos da automedicação são: diagnosticar a
doença incorretamente; escolher uma terapia inadequada; retardar o reconhecimento da
doença, com a possibilidade de agravá-la; tomar medicamentos de modo errado; usar
uma dosagem insuficiente ou excessiva; utilizar o medicamento por período curto ou
prolongado demais; tornar--se dependente do medicamento; possibilitar o aparecimento
de efeitos indesejáveis graves; não reconhecer riscos farmacológicos especiais;
desconhecer as possíveis interações com outros medicamentos; possibilitar o
aparecimento de reações alérgicas.
Segundo NASCIMENTO (2003) um outro fator facilitador da automedicação e
da autoprescrição é proliferação de farmácias e remédios, aliada ao precário sistema
público de saúde, ou seja, o paciente passa a se automedicar para economizar tempo e
dinheiro. Espalhadas pelo território brasileiro há um total de 50 mil drogarias, ou seja,
uma drogaria por 3,5 mil habitantes (quase o triplo do recomendado pela Organização
Mundial da Saúde - OMS) e, se não fosse mal distribuído, o número de médicos seria
suficiente para atender as necessidades da população já que, dos 280 mil ativos
cadastrados pelo Conselho Federal de Medicina, 73% se encontram nas regiões Sul e
Sudeste.
Indo de encontro a estas afirmações WEIDERPASS, BÉRIA, BARROS et.al
(1998) também diz que este consumo de medicamentos é um indicador indireto de
qualidade dos serviços de saúde, assim como da propaganda dirigida a médicos e
populações e que o seu estudo pode ser utilizado também para identificar a necessidade
de intervenções específicas como: esclarecimento à população quanto ao seu uso
adequado; formação e educação continuada de profissionais da saúde para a prescrição
racional; identificação de populações em risco de consumo crônico de medicamentos
inadequados. Além disso, pode subsidiar a elaboração de políticas públicas para conter a
venda e o uso de medicamentos desnecessários.
Metodologia
No caso específico desta pesquisa, o estudo piloto realizado, com a devida aplicação
dos instrumentos de coleta de dados (questionário) buscou, dentre outros fatores:

Verificar a validade do instrumento no tocante, a saber, se o mesmo era
confiável quanto à realmente obter os dados, a medida ou categoria observada
que neste caso específico se referiam a traçar um perfil do público alvo da
pesquisa (moradores do município da cidade de São Bernardo do Campo) e da
sua percepção sobre a questão da automedicação, bem como buscar identificar
quais foram os possíveis agentes influenciadores da opção pela
automedicação/autoprescrição em detrimento a consulta a um especialista;

Verificar a fidedignidade do instrumento, procurando identificar se o
questionário aplicado assegurava a precisão do dado levantado;
4

Realizar as reformulações necessárias, buscando tornar este instrumento de
levantamento de dados melhor, assegurando, assim, uma maior validade e maior
fidedignidade aos levantamentos de dados futuros;

Apresentar os resultados alcançados no desenvolvimento do estudo piloto, a fim
de melhor situar os pesquisadores acerca do assunto tratado;
Neste estudo piloto realizou-se, além da validação de instrumentos, também o
treinamento de pesquisadores e o desenvolvimento de orientações claras para futuros
trabalhos na área.
Para o alcance destes objetivos, num primeiro momento foi necessário realizar
contatos telefônicos e pessoais com proprietários de drogarias do Município, a fim de se
conseguir o consentimento destes para a aplicação dos questionários aos compradores
de medicamentos alopáticos industrializados, imediatamente após a realização da
compra8.
Após os devidos contatos, explicações e consentimentos para aplicação dos
questionários (num total de quatro drogarias) a realização da aplicação do questionário
se deu, como já citado, logo após o cliente adquirir o medicamento. O período da
aplicação da pesquisa foi de dois dias (21 e 22 de julho de 2003), nos quais foram
aplicados 82 questionários9.
8 Esta fase foi muito difícil, já que a maioria dos proprietários, mesmo dizendo-se a favor da pesquisa,
não autorizaram a realização do estudo em seus estabelecimentos, já que a venda de remédios tarjados
(comumente consumidos pela população, num ato de autoprescrição) mesmo não podendo ser realizada
sem a receita médica, é um fato comum neste tipo de estabelecimento comercial.
9
As compras de medicamentos sem receita médica foram muito superiores aos questionários aplicados já
que diversas pessoas não quiseram responder ao questionário logo após a realização da compra, a maioria
delas alegando falta de tempo...
5
Apresentação dos dados obtidos no estudo piloto
Perfil do público alvo
Após a realização da pesquisa com 82 pessoas que efetivamente compraram
medicamentos alopáticos industrializados nas 04 drogarias que autorizaram a
pesquisa, pode-se realizar uma definição do perfil deste público alvo que, com relação
faixa etária (gráfico um) temos que 32% destes compradores estavam na faixa entre
26 e 35 anos, seguido por 24% que se encontrava entre 46 e 55 anos, 15% entre 15 e
25 anos, 10% entre 56 a 65 anos e apenas 5% estava acima de 66 anos. Um dado
curioso é que apenas 2% das pessoas que compraram medicamentos estavam na
faixa etária abaixo dos 15 anos
Gráfico 1- faixa etária
Seqüência1
4
‰acima de 66 Anos
8
‰de 56 a 65 Anos
12
‰ de 46 a 55 Anos
10
‰de 36 a 45 Anos
26
‰ de 26 a 35 Anos
20
‰ de 15 a 25 Anos
‰ abaixo de 15 Anos
2
0
5
10
15
20
25
30
Outra peculiaridade da pesquisa, facilmente percebida quando da aplicação dos
questionários, foi à predominância de indivíduos do sexo masculino (76%) em
detrimento ao sexo feminino (24%) como compradores de medicamentos sem receita
médica.
Com relação à situação profissional, 83% dos participantes da pesquisa
declararam trabalhar atualmente, 10% deles estão desempregados, 5% atuam como
donas de casa e 2% são aposentados por invalidez (gráfico 2). Dentre os entrevistados,
mesmo os que estavam acima dos 65 anos, nenhum declarou estar aposentado por
tempo de serviço.
6
Gráfico 2 - Atuação profissional
2%
0%
5%
‰Trabalha
10%
‰Desempregado
‰Aposentado por tempo de serviço
‰Aposentado por invalidez
‰Do lar
83%
A grande maioria do público alvo declarou ter uma renda familiar (gráfico 3) de
três a quatro salários mínimos, seguidos por 20% com renda familiar de cinco a seis
salários, 17% acima de seis salários, 10% de um a dois salários mínimos e apenas 7%
com renda familiar abaixo de um salário mínimo (10% não quiseram declarar suas
rendas familiares).
Gráfico 3 - Renda familiar
10%
7%
10%
‰ Abaixo de um
salário mínimo
‰ De um a dois
salários mínimo
17%
‰ De três a quatro
salários mínimos
‰ De cinco a seis
salários mínimos
20%
36%
‰ Acima de seis
salários mínimos.
não declarado
A escolaridade dos indivíduos que compraram medicamentos sem receita
medica, conforme pode ser observado no gráfico 4, foi de 30% entre pessoas que
estavam do 1º ao 3º colegial, 24% de 5ª a 8ª série, 22% com nível superior incompleto,
17% com nível superior completo e apenas 7% da 1ª a 4ª série, neste caso específico o
nível de analfabetos foi de 0%.
7
Gráfico 4 - Escolaridade
‰ Analfabeto
0% 7%
22%
‰ De 1ª a 4ª serie
30%
‰ De 1º a 3º
colegial
‰ De 5ª a 8ª serie
17%
24%
‰ Nível superior
completo
‰ Nível superior
incompleto
Quando questionados sobre o convênio médico, 61% dos participantes da
pesquisa declararam ter convênio médico, 32% não tinham e 10% não declararam.
Dados sobre a compra de medicamentos sem receita médica
A compra de medicamentos sem receita médica é fator comum na vida dos
participantes da pesquisa. Fato este que pode ser percebido quando se verifica que 93%
deles declararam não ser esta a 1ª vez que se automedicam sendo que 68% compraram
adquiriram os medicamentos para consumo próprio em detrimento de 32% que os
compraram para uso de terceiros.
Os medicamentos que necessitam de receita médica (tarjados) foram os mais
vendidos (54%) enquanto que os de venda livre ficaram um pouco atrás, ocupando os
outros (46%).
Dentre os motivos que levaram a necessidade de aquisição de algum tipo de
medicamento, 78% declararam que o surgimento de algum sintoma os levou a comprar
medicamentos, sendo que, dentre esses sintomas os principais foram, em ordem de
importância:
1. Dor de cabeça (26%)
2. Dores de estomago e dores musculares (22 % cada)
3. Inflamação da garganta (10%)
4. Vômitos, alergias e cólicas (5% cada).
Com relação ao tempo de surgimento destes sintomas, conforme é mostrado no
gráfico 5, 48% deles declaram ter detectado os sintomas de um a seis dias, 20%
disseram que os sintomas que os levaram a compra dos medicamentos já se
manifestaram a mais de um mês e 15% a mais de uma semana sendo que 46%
admitiram ser estes sintomas recorrentes.
8
Gráfico 5 - Tempo de surgimento dos sintomas que levaram a compra dos medicamentos
17%
48%
20%
‰ de um a seis
dias
‰ a mais de uma
semana
‰ a mais de um
mês.
não soube dizer
15%
Mesmo com 61% dos participantes da pesquisa possuindo convênio médico,
45% deles declarou não ter procurado ajuda médica quando da detecção dos sintomas,
sendo que, como agentes motivadores da compra dos medicamentos em detrimento da
busca do auxílio de um profissional, 33% declaram não considerar os sintomas motivos
para consulta médica, 25% admitiram ser mais fácil comprar o medicamento direto na
drogaria, 17% disseram que não procuraram um médico por falta de tempo, 17%
consideram o sistema de saúde demorado e, por isso, decidiram pela compra direta do
medicamento e 8% declaram ser os problemas econômicos que os levaram a optar pela
automedicação/prescrição. Um dado curioso que chamou a atenção foi que nenhum dos
participantes da pesquisa declarou ser a confiança no farmacêutico o motivo da compra
do medicamento em detrimento a consulta com um médico (gráfico 6).
9
Gráfico 6 - Motivos de ainda não ter procurado cuidados médicos
17%
Não considera o sintoma motivo para tal
0%
33%
Problemas econômicos
Não sabe qual profissional procurar
O sistema de saúde é demorado
É mais fácil comprar o remédio
25%
Confia na opinião do farmacêutico
8%
17%
falta de tempo
0%
A utilização da bula
Praticamente todos as pessoas que adquiriram algum medicamento sem a receita
médica, seja ele de venda livre ou não, declararam ser de extrema importância à leitura
da bula sendo que 78% disseram conhecer as indicações, contra indicações, dosagens e
efeitos colaterais do medicamento que comprou.
Dos medicamentos que foram adquiridos nestas drogarias durante a pesquisa,
apenas 5% não continham bula sendo que todos eles eram os medicamentos de venda
livre.
Das 82 pessoas que participaram da pesquisa, 54% admitiram não saber se, nos
medicamentos que adquiriram, havia alguma restrição ou contra indicação que as
impedisse de utilizá-los. Destas 82 pessoas 27% disseram estar utilizando outros
medicamentos no momento da realização da compra sendo que, 45% delas admitiram
também não ter lido a bula destes outros medicamentos e, o pior de tudo, 85% não
souberam informar se o medicamento que adquiriu pode ser administrado em conjunto
com aquele que já está tomando.
Possíveis agentes influenciadores
Quando questionados sobre onde adquiriram as informações que os levaram a
querer fazer uso daqueles medicamentos sem a devida receita médica, 27% apontaram
as prescrições anteriores como agentes influenciadores da compra. Outros 27%
disseram ter obtido estas informações junto a médicos enquanto que 17% apontaram os
amigos, parentes e vizinhos como fornecedores destas informações. Para 17% as
10
informações foram adquiridas nas propagandas veiculadas em jornais, na televisão e
rádio e apenas 12% disse ter tomado, sozinho, a decisão de comprar e tomar um
determinado medicamento.
Novamente, neste caso, o farmacêutico não foi citado como agente influenciador
da compra dos medicamentos.
Gráfico 7 - Possíveis agentes influenciadores
Am igos, parentes,
vizinhos,
conhecidos
12%
Um farm acêutico
17%
0%
17%
27%
27%
Um m édico
Prescrições
anteriores
Propagandas em
jornais, televisão,
radio
Decisão própria
Considerações finais:
Este estudo piloto teve, como principais finalidades, verificar a aplicabilidade e
fidedignidade do instrumento de levantamento de dados (orientando os pesquisadores
acerca dos ajustes e alterações necessários para torná-lo melhor) e realizar o treinamento
dos pesquisadores na busca destas informações.
A realização de um trabalho com estes objetivos e características foi também uma
excepcional oportunidade de se verificar o aceite e as resistências, tanto dos
proprietários e funcionários de drogarias quanto dos consumidores, no que se refere a
fornecer informações sobre a venda e a compra de medicamentos alopáticos
industrializados sem a devida receita médica e para determinar um perfil deste público
alvo, no que ser refere a essas práticas de consumo.
Cabe ressaltar que todos os meios, medidas e resultados apresentados neste trabalho
deverão ser analisados sempre à luz da característica base que esteve na origem do
trabalho efetuado – Estudo Piloto. Nesse sentido, os resultados obtidos, quer a nível
metodológico, quer em nível de conclusões e recomendações, deverão sempre obedecer
e enquadrar-se nesse âmbito. Mais do que conclusões definitivas sobre uma avaliação
exaustiva dos perfis e dos possíveis agentes influenciadores dos consumidores de
11
medicamentos alopáticos da região de São Bernardo do Campo, este estudo procura,
através dos meios mobilizados e das estratégias implementadas, produzir informações
que possam servir de “indicadores” e/ou “facilitadores” para pesquisas futuras que
busquem, através de investigações e de avaliações mais abrangentes e aprofundadas,
chegar a melhores análises sobre o assunto aqui abordado.
Bibliografia:
ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública nº 95, de 19 de
novembro de 2001. D.O. de 21/11. Disponível no site http://www.anvisa.gov.br/
acesso em 20/08/2003.
BARROS, J. C. Propaganda de Medicamentos: Atentado à Saúde. São Paulo:
Editora Hucitec, 1995.
LOPES, Maria Imaculatta Vassalo de. Pesquisa de Comunicação. Formulação de um
modelo metodológico. São Paulo; Loyola, 1990.
EPSTEIN, Isaac. Comunicação e Saúde. In Revista Comunicação & Sociedade Programa de Pós Graduação em Comunicação Social: Universidade Metodista de São
Paulo. Ano 22, nº 35, 2000.
EPSTEIN, Isaac. A importância da comunicação na promoção da Saúde. Jornal do
Cremesp. São Paulo, ano XVIII, nº 132, p. 4, 1998.
MARQUES DE MELO, José. EPSTEIN, Isaac. SANCHES, Conceição. BARBOSA,
Sérgio. Mídia e Saúde. Adamnatina: UNESCO/UMES/FAI, 2001.
NASCIMENTO, Marilena Cabral do. Medicamentos: ameaça ou apoio à saúde? Rio
de Janeiro. Editora Vieira&Lent, 2003.
WEIDERPASS, E; BERIA, J; BARROS, F. C; VICTORIA, C. G; TOMASI, E;
HALPERN, Rua Epidemiologia do consumo de medicamentos no primeiro
trimestre de vida em centro urbano do Sul do Brasil. Revista de Saúde Pública. v 32;
n 4; ago. 1998.
12
ANEXO I - O questionário aplicado
AUTOMEDICAÇÃO E AUTOPRESCRIÇÃO: UM ESTUDO PILOTO SOBRE O
PERFIL E OS POSSÍVEIS AGENTES INFLUENCIADORES DOS
CONSUMIDORES DE MEDICAMENTOS ALOPÁTICOS DA REGIÃO DE
SÃO BERNARDO DO CAMPO
Data: ___/___/___ Hora: ___: ___ Local da aplicação: ____ Nº do questionário: _____
1) Faixa Etária:
 abaixo de 15 Anos  de 15 a 25 Anos  de 26 a 35 Anos de 36 a 45 Anos
 de 46 a 55 Anos
 de 56 a 65 Anos  acima de 66 Anos
2) Sexo:  Feminino  Masculino
3) Situação Profissional:
Trabalha Desempregado Aposentado por tempo de serviço
Aposentado por invalidez  Do lar
4) Renda Familiar:
 Abaixo de um salário mínimo  De um a dois salários mínimo
 De três a quatro salários mínimos  De cinco a seis salários mínimos
 Acima de seis salários mínimos.
5) Grau de escolaridade:
 Analfabeto  De 1ª a 4ª serie  De 5ª a 8ª serie  De 1º a 3º colegial
 Nível superior incompleto  Nível superior completo
6) Possui convenio medico?  Sim  Não
7) É a primeira vez que compra medicamentos sem receita médica?
 Sim  Não
8) O medicamento que comprou é:  para consumo próprio  para terceiros
9) Com relação ao tipo, o remédio que comprou é:
 de venda livre  necessita de receita médica (tarjado)
10) Comprou o medicamento devido ao surgimento de algum sintoma específico?
 Sim  Não  Não soube informar
Se, sim, quais?
 Dores de cabeça Dores musculares  Dores de estomago Enjôos  Vômitos
 Alergias Outros ___________________________________
11) Há quanto tempo sente tais sintomas?
13
 de um a seis dias  a mais de uma semana
 a mais de um mês  Não soube informar
12) São sintomas recorrentes?  Sim  Não  Não soube informar
13)Já procurou cuidados médicos devido a este sintoma?
 Sim  Não  Não soube informar Se sim: Qual foi o diagnóstico? ___________
Se não: Qual o motivo de ainda não ter procurado cuidados médicos?
 Não considera o sintoma motivo para tal  Problemas econômicos
 Não sabe qual profissional procurar
 O sistema de saúde é demorado
 É mais fácil comprar o remédio  Confia na opinião do farmacêutico
 falta de tempo  Outros: _________________________________________
14) Considera importante a leitura da bula antes do uso do medicamento?
 Sim  Não
15) Conhece as indicações, contra indicações, dosagens e efeitos colaterais do
medicamento que comprou?
 Sim  Não  Não sabe
16) O medicamento que comprou possui bula?  Sim  Não
17) Há, nas contra indicações do medicamento que adquiriu, alguma restrição na
qual você se encaixe?
 Sim  Não Não sabe
18) Está fazendo uso de outro medicamento no momento?
 Sim  Não  Não soube informar
Se sim:
a) Leu a bula do remédio que já está tomando?  Sim  Não
b) Sabe dizer se o medicamento que está utilizando pode ser administrado em conjunto
com o que acabou de adquirir?  Sim Não
19) Decidiu fazer uso do medicamento baseado em informações obtidas junto a:
 Amigos, parentes, vizinhos, conhecidos  Um farmacêutico  um médico.
 Prescrições anteriores
 Propagandas em jornais, televisão, radio.
 decisão própria  Outros: ____________________________________
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