Extração de argila e problemas ambientais na Bacia Hidrográfica do Caeté,
Bragança, Pará
Clay extraction and environmental problems in Caeté River Basin, Bragança, Pará
Iracely Rodrigues da Silva
Laboratório de Oceanografia Costeira e Estuarina-UFPA, Campus de Bragança - [email protected]
Luci Cajueiro Carneiro Pereira
Laboratório de Oceanografia Costeira e Estuarina-UFPA, Campus de Bragança - [email protected]
Rauquírio Marinho da Costa
Laboratório de Plâncton e Cultivo de Microalgas, UFPA, Bragança - [email protected]
Danielly de Oliveira Guimarães
Laboratório de Oceanografia Costeira e Estuarina-UFPA, Campus de Bragança - [email protected]
Raimunda Kelly da Silva Gomes
Laboratório de Oceanografia Costeira e Estuarina-UFPA, Bragança, [email protected]
A extração de recursos minerais na Amazônia brasileira tem sido uma atividade economicamente rentável.
Por outro lado, também é uma fonte de desequilíbrio ecológico que pode esgotar os recursos minerais. Um
estudo foi realizado entre setembro de 2006 a abril de 2007, no qual foram aplicados questionários em 100%
das residências para a caracterização do perfil socioeconômico e do Índice de Condições de Vida e Moradia
(ICV-MO). Para a caracterização ambiental, foi utilizado um check list. A qualidade da água para consumo
humano (turbidez, cor real, cor aparente, pH, temperatura, ferro dissolvido, coliformes fecais e coliformes
totais) foi analisada de acordo com o CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) e ANVISA
(Agencia Nacional de Vigilância Sanitária). A pesquisa teve como objetivo caracterizar o perfil
socioeconômico, as condições de vida e moradia e os aspectos ambientais da comunidade de Fazendinha,
buscando recomendar ações de gerenciamento integrado para elevação da qualidade de vida local.
Fazendinha localiza-se a margem esquerda do rio Caeté, a 5 km da sede do Município de Bragança, com
extensão territorial de 4.000 m², no qual habitam 79 moradores distribuídos em 15 famílias, sendo 46% do
sexo feminino e 54% do sexo masculino. Os moradores (64,71%) ocupam-se com a exploração de argila,
fabricação de telhas e tijolos, além da fabricação de artesanatos (vasos, potes e outros). Ressalta-se que a
comunidade transformou-se ao longo do tempo, em uma área essencialmente de exploração de argila e
emprega em torno de 120 homens que não residem na comunidade. Dezoito olarias locais exploram cerca de
80 toneladas por dia. Da população economicamente ativa quase 79% ganha < 1 salário mínimo, e 21% entre
1 e 1,5 salários mínimo. Quanto ao nível de escolaridade, 75,25% tem o ensino fundamental incompleto,
1,27% tem ensino médio incompleto, 2,53% tem ensino médio completo, e 2,53% são analfabetos. A
comunidade reclama a falta de infraestrutura e serviços (posto de saúde, telefones públicos, área de lazer,
entre outros) fato que dificulta a permanência por muito tempo das famílias na área. Fazendinha apresenta
um Índice de Condições de Vida e Moradia de 0,587, considerado bastante baixo se compararmos com o
padrão mínimo aceitável (0,707). Dentre os problemas ambientais, observou-se o desmatamento as margens
do Caeté, a extinção dos igarapés Camarão e Simão e as escavações provenientes da extração de argila, que
resulta na presença de poças profundas que servem de hábitat para os transmissores de malária, dengue e
febre amarela. Moradores tradicionais vêm fazendo referência a respeito da diminuição dos depósitos de
argila na área. Frente aos problemas sociais e ambientais observados recomenda-se a viabilização do manejo
sustentável na área. Para tanto, aponta-se a necessidade de identificação da origem do depósito de argila e
estimativa do potencial e vida útil dos depósitos. Medidas de usos alternativos devem ser tomadas nas áreas
de escavações, como cultivos de organismos (e.g. camarões e peixes), que pode contribuir com o aumento da
renda local.
Agradecimentos: Projetos CT-Agro (Proc. # 552760/2005-6) e Universal (Proc. # 471985/2004-0),
financiados pelo CNPq.
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