!" !#$ % !& '( %) +* ,- . / -+01. / 2 3 / 45-+6#758 9 . 9 / . -;:5<>=#? @ A B C D E>F G H B A IJ D A I K 1- Programa de Pós-graduação em Geologia/IGEO/UFBA 2 - Centro de Pesquisa em Geofísica e Geologia / UFBA L MN OPQRS T#P O trabalho aborda os processos de erosão policíclica-com fases de entalhamento e de sedimentação- instalados numa encosta antropizada pelas obras de construção da BA-526, rodovia Aeroporto-Centro Industrial de Aratu, km 10, margem direita da plataforma da Central de Abastecimento de Salvador/CEASA, acompanhados in situ a partir do ano de 1994. O estudo dos fatores condicionantes e dos setores morfodinâmicos diferenciados deram os elementos para a discussão. O local se insere no trecho mais representativo dos sedimentos Barreiras no município de Salvador, os quais comandam os grandes traços da organização do espaço e das feições morfológicas. Estudos recentes concordam que as coberturas sedimentares terrígenas estão frequentemente asociadas com os processos erosivos acelerados. U VW>V#UX Y WZ [X \ U V[^]_[^`_]Y a V]_[^b>VWWY \ W>V[ Para Tricart e Silva (l968) é a superfície Pós-Barreiras que se pode fixar como ponto de partida para a morfogênese atual considerada como evolução quaternária, típica de clima quente-úmido no litoral, onde as alterações são predominantes. Os autores admitem que as alterações situam-se entre o término da superfície Pós-Barreiras-Tirreniano (Interglacial Mindel/Riss) e o Oulgiano (Interglacial Riss/Würm), no quaternário pleistocênico entre 800 mil a 300 mil anos atrás. Estudos de perfis litoestratigráficos nos sedimentos Barreiras em quatro cortes na rodovia Aeroporto/CIA descrevem a composição de 20 a 24 camadas de textura contrastada: 13 a 15 camadas arenosas entre 0,12 a 9,25m de espessura; 4 a 5 argilosas entre 0,10 a 1,30m de espessura; 3 a 4 lâminas de crostas ferruginosas entre 0,03 a 0,08m de espessura (in Almeida (1978)). A posição dos diversos setores em relação com o nível de base marinho e a sucessão de ambientes diferentes durante o Quaternário explicam e justificam a organização do modelado, as formas de dissecação e sua orientação, a conservação ou não do material alterado e sedimentar. O material de cobertura, com espessura de 4 a 6m em média, é composto de argilas cauliníticas mosqueadas, cobertas por colúvios arenosos, envolvendo seixos e placas de canga retrabalhadas. A composição é mais grosseira na base, e apresenta uma carapaça ferruginosa intermediária espessa, sob 2 a 3m de argilas, com proporção variável de areias. Os relevos são dissecados em lombas e colinas com perfis variáveis, íngremes, poliformes, irregulares, convexas, convexo-côncavas, com seções retilinizadas e prolongamentos de rampas côncavas. Os interflúvios apresentam-se alongados e estreitos, com topos tabulares ou aplainados, entalhados por drenagem densa. A. parte alta apresenta traços de ablação e perfis truncados. O amplo valonamento à jusante-baixadas hidromórficas-é recoberto por alúvio-colúvio argilo-arenosos. Modificações na geometria das formas, a exposição e o desmantelamento dos pacotes arenoargilosos lateritizados do Barreiras resulta em encostas instáveis onde a ação hídrica facilita as incisões lineares-ravinas e voçorocas- e os movimentos complexos de massa, por outro lado a morfogênese é discreta onde o escoamento é laminar difuso e organizado em canais de drenagem, com um tapete vegetal contínuo protegendo a superfície do choque pluvial. c def#g1h heh^iedj;ekl mn feh^n mo g m hn j1n f pqeh As incisões lineares ocorrem a uma distancia crítica do topo recortado da encosta, onde inicia-se o fluxo concentrado em micro-canais, e evoluem regressivamente na contingência de chuvas concentradas, escavando cabeceiras em alcova para montante. Quando funcionais as torrentes entalham o fundo das calhas o que concorre para que elas permaneçam encaixadas em V. Sob a ação da gravidade e da alta competência dos escoamentos torrenciais a carga sólida transportada na VII Congresso da ABEQUA, Porto Seguro - BA 03-09 de Outubro de 1999 calha, em solução, suspensão, saltação e rolamento, principalmente a grosseira, escava um talvegue que se aprofunda em direção ao lençol freático. Nesses episódios os sedimentos são remanejados e selecionados vertical e lateralmente. Quando os canais se tornam estáveis ligam-se à rede de drenagem através do coletor principal. Assim que o fundo da calha atinge o nível de base de descarga os sedimentos são depositados e se acumulam a jusante do canal erosivo. (Foto 1). Isso eleva o nível de base relativo reduzindo a erosão linear regressiva e ativando a erosão lateral das cristas internas. Havendo déficit na remobilização dos sedimentos sua permanência tende a colmatar o canal e estabilizar o nível de base de erosão. A jusante das calhas em V o canal se alarga e as bordas suavizam apresentando a forma em U. Neste nível o freático aflora na base do perfil Barreiras e as acumulações arenosas recobrem o topo do embasamento alterado, (Foto 2) onde o material mais argiloso dificulta o entalhamento. Com a redução do declive na baixa vertente, junto a da capacidade e da competência da enxurrada, nos estágios de espraiamento da corrente e finalização dos aguaceiros há a deposição seletiva da carga, originando desde depósitos de detritos grosseiros até cones aluviais. (Foto 3). Movimentos de massa ocorrem no interior das incisões lineares provocando o deslocamentos de pacotes de material alterado ou sedimentar, nos contatos solo-sedimento e sedimento-embasamento alterado. A água infiltrada reduz o coeficiente de fricção, ao expandir o volume e elevar o peso do material, e imprime maior força direcional. Nos setores de aclives entre os 14 e 27o médio a inferior, ocorre o solapamento basal quando o escoamento concentrado atinge o nível hidrostático nas camadas arenosas, ou quando corta o contato entre as camadas arenosas e as argilosas menos permeáveis. Atingindo o limite de liquidez o material em posição superior deslizam ou escorregam (Foto 1). A partir de fendas de tração que se aprofundam, isolando as massas estas desabam ou desmoronam. A saturação hídrica também contribui para esse processo mais rápido e que exige declives superiores a 27o.relacionados à erosão linear após o solapamento da base do canal devido a evolução por tunelamento, quando ocorre a convergência de escoamentos superficial e subsuperficial (Foto 2). A granulometria das camadas alternadas e a existência de crostas ferruginosas, gerando descontinuidades nos sedimentos Barreiras ajudam na ocorrência desses processos. rstr#u1v wxy1w Em consequência da ampla ocupação da faixa costeira capeada pelos sedimentos Barreiras a ocorrência de fenômenos erosivos acelerados é progressiva, disseminando ao longo de superfícies modificadas pela implantação de rodovias, pavimentações, instalações urbanas e outros equipamentos, as feições lineares integradas ou não à drenagem fluvial, cicatrizes de movimentos de massa, pacotes evacuados e depósitos de colmatação em vales e depressões, mudando a organização espacial da rede de drenagem local. A intervenção humana surge, indiscutivelmente, na ausência de medidas mitigadoras, como agente catalisador para a ocorrência de erosões lineares, embora estas pareçam um reflexo tardio de uma fase erosiva anterior, atingindo atualmente os interflúvios e rupturas de declive. As cavidades erosivas, segundo os estudiosos, em grande percentagem são anteriores à ação do homem. Teria havido uma fase prévia natural de ocorrência dos processos erosivos semelhantes à voçorocas durante a última oscilação climática pleistocênica, há cerca de 15 mil anos atrás (Ponçano e Prandini (1987)). Do exposto, a ação antrópica atual tem desencadeado consequências comparáveis às das últimas fases de clima seco, determinando a evolução de processos erosivos lineares sobre os mesmos sítios em que feições semelhantes desenvolveram-se durante a fase seca correlativa do glacial Würm. z{ z|1{ }~>1{ ALMEIDA, Maria C. B. 1978. Caracterização Geomorfológica do Sítio de Salvador. In: PLANDURB. SALVADOr/BA. Conv. Prefeitura Municipal. p. 47-96. VII Congresso da ABEQUA, Porto Seguro - BA 03-09 de Outubro de 1999 PEREIRA, Maria C. G. 1998. Fatores de Erosão em Vertentes na Formação Barreiras-Estudo de Caso em Salvador/BA (Dissertação) Mestrado em Geoquímica e Meio Ambiente-Geomorfologia. IGEO. UFBA. 192 p. il. (ANEXOS). PONÇANO, Waldir. L., e PRANDINI, Fernando L., 1987. Boçorocas no Estado de São Paulo: Uma Revisão. 4o Simpósio Nacional de Controle da Erosão. Marília S.P. (ANAIS). São Paulo. ABGE/ADAE. 571p. p.149-177. TRICART, Jean e SILVA, Teresa C. 1968. Estudos da Geomorfologia da Bahia e Sergipe. FDCB. Salvador/BA. 167 p. il. (ANEXOS) VII Congresso da ABEQUA, Porto Seguro - BA 03-09 de Outubro de 1999