® BRASIL ANO V | NÚMERO 49 | julho 2008 Con f e d era ç ã o N ac i ona l d o s T ra b a l h a d ore s na A g r i c u lt u ra ( Conta g ) Agricultura familiar: saída para a crise de alimentos O investimento na agricultura familiar é a melhor alternativa para aumentar a oferta de alimentos e combater a inflação. A Contag também defende a posição de que é perfeitamente possível conciliar a política de biocombustíveis com a produção de produtos agrícolas. É por essa razão que o MSTTR apóia o programa Mais Alimentos e está reivindicando um tratamento diferenciados para os agricultores e agricultoras familiares no Programa Nacional de Biodiesel. Jornada das Margaridas Reforma Agrária O legado de Margarida Alves, assassinada há 25 anos, será lembrado pelas trabalhadoras rurais de todo o País na semana de 11 a 15 de agosto A Contag prepara a Plenária Nacional da Reforma Agrária e Meio Ambiente, marcada para os dias 17 a 20 de agosto, em Brasília Pág. 4 Pág. 7 e d i to r i a l Proteçãosocialeambientalnosetorsucroalcooleiro A Contag apresentou, no final do primeiro semestre, uma proposta de regulamentação da expansão do setor sucroalcooleiro ao governo federal. O processo de elaboração do documento ficou a cargo da Secretaria de Assalariados e Assalariadas, foi amplamente discutido e aperfeiçoado pelas Fetags e contou com o apoio do Dieese. A proposta parte do pressuposto da necessidade de integrar a política energética do País com o desenvolvimento rural sustentável e solidário. Isso significa que a produção de biocombustíveis deve respeitar os direitos dos assalariados e assalariadas, fortalecer a agricultura familiar e preservar o meio ambiente. AContagtemclarezadequeaenergiadefontesrenováveispodeaprofundarrelaçõesdetrabalhodegradantes, trazer prejuízos para a biodiversidade do ecossistema e aumentar a extensãodamonoculturaparaníveiseconômicos e sociais indesejáveis, caso não seja bem regulamentada. Esta opção tambémpodeampliarofenômenoda estrangeirização das terras, compro- meteraproduçãodealimentoseinviabilizar a agricultura familiar nas áreas de produção da cana-de-açúcar e outras monoculturas. Os riscos colocados exigem uma negociação entre produtores de cana, açúcar e álcool, governo federalemovimentosindicaldostrabalhadores e trabalhadoras rurais (MSTTR). A proposta apresentada pela Contag está no centro das discussões abertas com o governo e os patrões. dos trabalhadores e trabalhadoras rurais que perderem seus postos de trabalho em função da mecanização. Não somos contra a inovação tecnológica, mas entendemos que é possível uma mecanização que humanize o trabalho sem provocar desemprego em massa. A Contag defende também que o governo adote normas de certificação social e ambiental para o setor, condicione a política de fi- A proposta da Contag para a regulamentação do setor sucroalcooleiro reivindica políticas públicas do governo e contrapartidas dos empresários Odocumentocontémtantoreivindicações para o Poder Público como exigências para os empregadores. O MSTTR entende que é de responsabilidade do governo promover o zoneamento agroecológico para regular a produção de cana-de-açúcar e construir políticas públicas que garantam alternativas de reinserção nanciamentos e isenções fiscais ao cumprimento de metas de proteção social e ambiental e aprimore os mecanismos de fiscalização do setor sucroalcooeiro nas esferas trabalhista, previdenciária e ambiental. Estamos propondo, ainda, que haja restrições para a compra de terras por estrangeiros e que o Programa de Crédito Fundiário seja ampliado como uma alternativa para a reinsenção produtiva das vítimas da mecanização. Os empresários devem, por sua vez, oferecer contrapartidas para os trabalhadores e trabalhadoras que perderem seus postos de trabalho. Eles também têm de se responsabilizar pelo cumprimento das metas de proteção social e ambiental por parte do conjunto da cadeia produtiva. O setor patronal precisa, ainda, se comprometer com a aplicação da legislação trabalhista, respeitar as convenções coletivas e garantir o exercício da atividade sindical nas plantações e usinas. A abrangência desse acordo deve ter caráter nacional e obrigatório para todo o setor patronal, sob pena de sanções e multas pelo Poder Público. Essa é a condição inegociável da Contag para apoiar qualquer processo de regulamentação do setor sucroalcooleiro. Manoel dos Santos Presidente da Contag pelo brasil afora Extrativismo e saúde Lideranças sindicais, agricultores eagricultorasfamiliaresdoMaranhão discutiram a importância do extrativismo para o fortalecimento da economia regional no sul do estado. O tema foi pauta do I Seminário e Feira sobre as Potencialidades Agroextrativistas do Cerrado Sul-Maranhense, realizado na cidade de Balsas, no dia 11 de julho. Durante a feira foram abordados os entraves da reforma agrária no cerrado sul-maranhense e a comercialização de produtos da agricultura familiar na região. Representantes da Fetaema e dirigentes sindicais do estado também participaram da segunda etapa do II Módulo de Formação de Multiplicadores do Projeto Gênero, Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos, em Morros, nos dias 21 a 24 de julho. O objetivo do curso foi fortalecer a atuação do MSTTR na formulação de políticas públicas de saúde para as populações do campo e da floresta. Dívidas rurais Um grupo de 60 agricultores familiares dos municípios de Contenda e 2 Jornal da Contag da Lapa, no Paraná, organizou um ato deprotestoparaimpedirquepropriedades rurais e outros bens fossem arrematados no leilão realizado no dia 15 de julho. Eles correm o risco de perder suas terras em função das dívidas rurais contraídas a partir de 1994. A Justiça colocou em leilão cerca de 20 áreas rurais de tradicionais produtoresdosdoismunicípios,além de caminhões, tratores, máquinas e outros implementos agrícolas. Juventude Rural participa de Consórcio e Festival Jovensagricultoresde Pernambuco participaram do curso de capacitação profissional do programa Consórcio Social da Juventude. O curso destinado a jovens entre 16 e 24 anos ocorreu na cidade de Petrolina, no dia 18 de julho, e contou com a presença de 100 jovens que obtiveram qualificação profissional em avicultura, ovinocultura e caprino. A Fetape também promoveu, em julho, o 3° Festival da Juventude Rural na cidade de Carpina. O evento debateu temas de interesse dos jovens e as estratégias do MSTTR para o campo. A programação contou, ainda, com a 2ª Mostra Cultura, que apresentou a diversidade das expressões culturais da juventude pernambucana. Grito da Terra Piauí A 14º edição do Grito da Terra no Piauí teve como tema “Desenvolvimento Sustentável com Distribuição de Terra, Trabalho, Renda e Cidadania". O evento mobilizou 1,8 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais em Teresina, no dia 22 de julho. O foco principal do Grito da Terra foi o fortalecimentodaagriculturafamiliarpara o estado, responsável por 85% dos alimentos consumidos pela população. O Incra e o governo do estado anunciaram, durante a manifestação, a liberação de R$ 4 milhões para as áreas de habitação rural, saneamento básico e energia elétrica dos assentamentos rurais. O programa Jovem Saber também receberá a instalação de 80 núcleos de estação digital até o final do ano. O governadorWellingtonDiastambématendeu à reivindicação do MSTTR e publicou o decreto-lei que limita o avanço das carvoarias no estado. Gestão financeira A Secretaria de Finanças da Fetag/AL ofereceu um curso de gestão financeira para os dirigentes sindicais do estado no período de 22 a 24 de julho, em Maceió. A proposta da oficina foi aumentar o nível de capacitação dos representantes dos STTRs que formam o Pólo Sindical Xucurus, que abrange 10 municípios da Zona da Mata e do Agreste alagoano. Grito da Terra Bahia O Grito Estadual da Terra da Bahia contou com a participação de cerca de 3 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais em Salvador, no dia 25 de julho. A mobilização organizada pela Fetag/BA, em parceria com mais de 400 STTRs do estado, deu visibilidade à importância do fortalecimento da agricultura familiar no combate à escassez de alimentos no País. A pauta do Grito daTerra reuniu reivindicações sobre reforma agrária, saúde, educação, moradia, segurança, infra-estrutura, assistência técnica e crédito rural. O Dia do Trabalhador Rural foi comemorado durante o evento. pelo brasil afora Marchadestacaimportânciadojovemparaagriculturafamiliar S ucessão Rural: é desde pequeno que se aprende a gostar da agricultura. Esse foi o mote da II Marcha EstadualdaJuventudeRuralpromovida pela Fetag/RS, em Porto Alegre, no dia 15 de julho. A marcha ocorreu em conjunto com o Grito Estadual da Terra e contou com a presença de cerca de 3 miljovenstrabalhadoresetrabalhadoras rurais, pais e professores. O papel dajuventudenaagriculturafamiliarea defesa de políticas públicas para fixação do jovem no campo foram o foco principal da mobilização no estado. A coordenadora de Jovens da Fetag/RS, Josiane Einloft, avalia positivamente o resultado. “Mostramos o poder de organização e mobilização da nossa juventude”, comemora. Para a coordenadora da Comissão de Jovens do STTR de Santo Antônio das Missões, Carla Simone Fernandes, 23 anos, a mobilização pode servir de exemplo para outros estados. “É um passo muito importante dado pela juventude gaúcha, que pode ser implementado em âmbito nacional.” A primeira edição da marcha foi em 2005 e teve como foco a liberação de créditos rurais destinados à política agrária. Reivindicações – A Comissão Estadual de Jovens da Fetag/RS apresentou à Delegacia Federal do MDA projeto para capacitação de agentes de desenvolvimentoterritorialdestinado a jovens trabalhadores rurais com sucessão rural. A carta encaminhada às autoridadeslocaiscontémreivindicações para geração de renda, qualificação profissional, assistência técnica, educação e legislação ambiental. Durante a marcha, a governadora Yeda Crusius anunciou a liberação de R$ 1 milhão para o programa Primeiro Crédito da Juventude Rural até o final doano.AEmatertambémvaipromover Fetag RS Milhares de jovens marcharam em Porto Alegre durante o Grito da Terra concurso público na área de assistência técnica que beneficiará jovens rurais com qualificação profissional. Grito da Terra – O Grito da Terra Estadual trouxe várias conquistas para os agricultoreseagricultorasfamiliaresdo Rio Grande do Sul. O governo estadu- al firmou compromissos nas áreas de meioambiente,créditofundiário,segurança pública e habitação rural. As famílias que possuem renda de até dois salários mínimos contarão com um auxílio, a fundo perdido, de R$ 1,5 mil para programasdeconstruçãooureformade casas no meio rural. Congressos estaduais elegem diretoria das Fetags Fetaema Manoel dos Santos representa a Contag no Congresso Estadual da Fetaema A s Federações dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais na Agricultura (Fetags) dos Estados do Maranhão(Fetaema)eTocantins(Fetaet) promoveram, em junho, congressos estaduaisparaelegernovasdiretorias e definir o plano de lutas da categoria para os próximos quatro anos. Já no mês de julho, Santa Catarina comemorou os 40 anos da Fetaesc durante o 2º Congresso Estadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. O foco desse evento foi a organização do MSTTR no estado, já que a atual diretoria da entidade já havia sido eleita no início de janeiro deste ano, em Florianópolis. OpresidentedaFetaet,AntônioBatista de Sá, foi reeleito com 118 votos favoráveis para comandar a luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais em Tocantins. As lideranças sindicais e os delegados que participaram do Congresso Estadual aceitaram o desafio de construir uma sede definitiva em Palmas e fortalecer a organização dos 64 STTRs filiados que fazem parte do Sistema Contag no estado. O Congresso Estadual aconteceu no período de 1º a 6 de junho e contou com a participação de 112 delegados, além de diretores da Contag e autoridades locais. O Estatuto Social da Fetaet foi modificado para criar a Secretaria de Meio Ambiente e a Comissão da Terceira Idade, além de fazer outras adequações à luta do movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais do estado. A posse da nova diretoria foi programada para o dia 12 de julho. Maranhão – Já a chapa encabeçada pelo sindicalista Francisco Sales será empossada no dia 30 de julho. A nova diretoria eleita no Congresso Estadual da Fetaema vai comandar a luta dos trabalhadoresetrabalhadorasruraisdo Maranhão no quadriênio 2008-2012. O Congresso Estadual reuniu cerca de800delegadosedelegadassindicais na primeira semana de junho, em São Luís (MA). O novo presidente da Fetaema pretende aprofundar a política de reforma agrária no estado por meio da desapropriação de terras e da regularização fundiária em terras devolutas. A Diretoria Executiva da entidade é composta por representantes dos Pólos Regionais do Mearim, Cocais, Alto Turi, Tocantina, Sul e Baixada Oriental. A suplência da diretoria será formada por lideranças sindicais dos Pólos do Baixo Parnaíba, Baixada Maranhense e Pindaré. Santa Catarina – O presidente reeleito da Fetaesc, Hilário Gottselig, e os 24 novos dirigentes da Fetaesc, empossados no início de janeiro, participaram do Congresso Estadual da entidade nos dias 30 de junho a 2 de julho. Os 135 delegados e as lideranças sindicais aprovaram estratégias de atuação do MSTTR para a agricultura familiar e assalariados rurais nos próximos quatro anos. A nova diretoria da Fetaesc pretende garantir uma gestão qualificada e valorizar as coordenações das 18 Associações Microrregionais dos STTRs do estado. A consolidação do Plano de Reordenação Sustentável na Agricultura Familiar, implementação de um piso estadual para os(as) assalariados(as) rurais; e fortalecimento de ações de mobilização são outras prioridades da direção eleita. Jornal da Contag 3 Jornada das margaridas 25 anos sem Margarida Alves A s mulheres do campo vão demonstrar mais uma vez suaforçademobilizaçãona luta contra a fome, pobreza e violência sexista. Elas participarão de uma série de atividades, em agosto, para lembrar os 25 anos do assassinato da sindicalista Margarida Alves e dar continuidadeànegociaçãodapautada MarchadasMargaridascomogoverno federal. A agenda da Jornada das Margaridas será coordenada pela Comissão Nacional de MulheresTrabalhadoras Rurais (CNMTR) da Contag e prevê manifestações em todo o País. A programação começa no dia 11 e se estende até 15 de agosto. As reivindicaçõesdaMarchadasMargaridas que ainda não foram atendidas pelos governos federal, estaduais e municipais serão retomadas durante a Jornada das Margaridas. A coordenadora da CNMTR e vice-presidente da CUT, Carmen Foro, explica que a idéia é tornar o 12 de agosto – data do assassinato deMargaridaAlves–emumdiapermanente de luta das trabalhadoras rurais. Elaexplicaqueaagendadoevento em Brasília vai estar em sintonia com as mobilizações nos estados e municípios. “A Jornada das Margaridas será um momento de traduzir, debater, fazer valer a luta de Margarida Alves, mas também fazer valer a nossa luta e a nossa força”, afirma Carmen. Agenda – O seminário nacional“Atualização da Pauta da Marcha das Margaridas”reuniu as coordenadoras das Comissões Estaduais de Mulheres e representantes das entidades parceiras e definiu, nos dias 14 e 15 de julho, em Brasília, a agenda da Jornada das Margaridas. As principais atividades vão ocorrer em Brasília, mas os estados terão um calendário próprio ao longo do mês. A Câmara dos Deputados vai promover uma sessão especial no dia 11 para marcar a data do assassinato de Margarida Alves. As trabalhadoras rurais também participarão do seminário “Mulher: Participação, Poder e Democracia” e de uma rodada de negociações nos ministérios. A pauta atualizada das reivindicações da Marcha das Margaridas será entregue aos ministros Luiz Dulci e Nilcéia Freire. A Comissão Nacional de Mulheres está negociando, ainda, uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. Beto Oliveira As Comissões Estaduais de Mulheres já estão organizando a Jornada das Margaridas em todo o País Margarida Alves: “Prefiro morrer lutando a morrer de fome” Margarida Maria Alves presidia o SindicatodosTrabalhadoresRuraisdeAlagoa Grande (PB) quando foi assassinada a tiros em 12 de agosto de 1983. Os principais suspeitos pelo assassinato são latifundiários da região que ficaram incomodados com o papel de destaque da sindicalista na luta pela garantia de direitos como carteira assinada, 13º salário e férias. Margarida Alves promoveu campanhas de conscientização e, aos poucos, com a ajuda do sindicato, os trabalhadores e trabalhadoras começaram a mover ações na Justiça do Trabalho para exigir seus direitos. Antes de ser morta, ela protocolou 73 reclamações trabalhistas contra empresas da região. Por causa da intensa mobilização em defesa dos direitos humanos e trabalhistas, Margarida Alves começou a receber ameaças. Latifundiários mandavam “recados” pedindo que ela parasse de “criar caso” e deixasse a presidência do sindicato. Ela respondia às ameaças em público e afirmava não ter medo, pois preferia morrer lutando a morrer de fome. C o n s e l h o d e l i b e r at i v o Começampreparativospara10ºCongresso O MSTTRiniciouoficialmente os preparativos para o 10º Congresso da Contag, marcado para março do próximo ano. O regimento interno foi aprovado pelo Conselho Deliberativo da Contag, que se reuniu, em Brasília, nos dias 16 a 18 de julho. O documento final foi aprovado após intensos debates dos(as) conselheiros(as), que incorporaram várias propostas ao texto-base. O secretáriogeraldaContag,DavidWylkerson, afirma que a participação das Fetags foi decisiva para a elaboração do documento final. “Aprovamos um regimentoaprimorado,participativoe qualificado,quevainospermitirterum congresso bastante representativo.” Outro tema discutido pelo Conselho Deliberativo foi a aplicação da Lei 11.718/2008, que estabelece regras para a aposentadoria rural e para os contratos de trabalho por curto prazo. 4 Jornal da Contag Cesar Ramos mos para a conferência internacional sobre biocombustíveis, que vai ocorrer em novembro no Brasil. Devemos estar afinados para colocar a posição dostrabalhadoresetrabalhadorasrurais nesse processo de produção de álcool”, diz Antonio Lucas. Os dirigentes da Contag e Fetags aprovaram o regimento interno do 10º Congresso durante a reunião do Conselho Deliberativo Sancionada em 20 de junho, a norma é resultadodeumalutaantigadaContag paraassegurardireitosprevidenciários e trabalhistas para o campo. O secretário de Assalariados e Assalariadas da Contag, Antonio Lucas, também apresentou às Fetags a “PropostadoMSTTRparaaregulamentação daexpansãodosetorsucroalcooleiro”, entregue ao governo federal no final do primeiro semestre. O documento reúne reivindicações para enfrentar o processo de mecanização do corte da cana e implementar políticas públicas de requalificação profissional. Os membros do Conselho Deliberativo discutiram, ainda, os parâmetros para a negociação com os representantes dos empresários do setor da cana. “É preciso que nos prepare- Eleições – A participação do MSTTR nas eleições de outubro foi outro assunto da pauta. Os membros do Conselho avaliaram o quadro dos candidatos ligados ao Sistema Contag que disputarão as eleições de outubro. O presidente da Contag, Manoel dos Santos, convidou os dirigentes a trabalharem pelas eleições das candidaturas comprometidas com os interesses da agricultura familiar. "A chance que temos de eleger candidatos que apóiem a luta dos trabalhadores e trabalhadoras rurais é envolver a população e atuar ativamente na candidatura", afirmou. Especial Agriculturafamiliarnocentrodosdebates A crise dos alimentos e a produçãodebiodieselnoBrasil abriramespaçonosúltimos meses para uma discussão queinteressadiretamenteaoMSTTR:o fortalecimentodaagriculturafamiliarno contexto econômico e social. O lançamento do Plano Safra 2008/2009, no início de julho, foi uma indicação concreta de que o governo federal pretende transformar a suposta contradição entre aumento da produção de alimentos e o investimentonosbiocombustíveisemuma oportunidade histórica para a agricultura familiar. Aliada ao programa Mais Alimentos, essa proposta prevê investimentos em áreas estratégicas como tecnologia, recuperação de solos, implementos agrícolas, recursos financeiros e assistência técnica. De acordo com o governo, a meta é aumentaraproduçãodaagricultura familiar dos atuais 110 para 128 milhões de toneladas de alimentos por ano. O presidente Luiz Inácio Lula da SilvaafirmounolançamentodoPlano Safra que quer tratar o momento de "inflação dos alimentos" como uma oportunidade para que o País dê "um salto de qualidade". Causas da crise – Vários fatores contribuem para a alta dos alimentos no mundo e, conseqüentemente, a elevaçãodafomeedasdesigualdades sociais e regionais. Os principais são ocrescimentodapopulaçãodepaíses emergentescomoChina,índiaeBrasil, que concentram cerca de 30% da população mundial, e o aumento do preço do petróleo e derivados. O preço do barrilaumentou110%entreoiníciode 2007 e abril de 2008 e puxou o custo dostransporteseinsumos,comofertilizantes e adubos. A especulação do mercado e a queda acentuada da moeda norteamericana também agravam a crise. A cotação do dólar no mercado internacional caiu 37% nos últimos seis anos. O trigo, por sua vez, teve seu preço inflacionado em função da procura de investidores por fundos de commodi- Biodieselbrasileiroxproduçãoagrícola Diantedapreocupaçãomundialsobre o assunto, representantes de diversos organismosinternacionaisedealgunspaíses acusam os biocombustíveis ou agrocombustíveis de serem os responsáveis pela crise e atacam, até mesmo, o Programa Nacional de Produção e uso de Biodiesel (PNPB) elaborado pelo governo Lula. Mas o modelo de produção de etanol no Brasil diferencia-sedonorte-americano.Apesar de recorrer à monocultura da cana-deaçúcar, o plantio no País não ocupa áreas reservadas a outras culturas. “Não podemos culpar o Brasil por uma coisa que ele não é responsável”, afirma o presidente da Contag, Manoel dos Santos. O presidente Lula tem feito uma defesa ferrenha do biodiesel brasileiro em suas viagens internacionais. Em junho, ele fez duras críticas aos países produtores de petróleo e ao etanol norte-americano na Conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO)sobreSegurançaAlimentar,Mudanças Climáticas e Bioenergia, em Roma. NaopiniãodosecretáriodePolíticaAgrícola da Contag, Antoninho Rovaris, o Brasil tem todas as condições para se tornar um grandeprodutordeetanol,oquepreocupa os países desenvolvidos. “Temos uma tecnologiadepontanestesetor,conseguimos produzir sem excluir a agricultura familiar e aindapreservamosomeioambiente.Acho queissoincomodamuitoaopiniãointernacional, porque traz ao mundo a sensação de que o Brasil, economicamente falando, poderá ser os Estados Unidos ou a Comunidade Européia de amanhã”, afirma. Combinação de políticas – O presidente da Contag sustenta, ainda, que o Brasil é capaz de conciliar a expansão da agricultura familiar com a produção de biodiesel e alimentos sem comprometer as duas atividades. “Nós podemos, por exemplo, plantar mamona consorciada com alimentos e girassol e assim por diante”, afirma. Da mesma forma, o plantio de oleaginosas podesetornarumaimportanteopçãoderecuperação de áreas degradadas por todas as regiões do país. Antoninho Rovaris concorda com essa avaliação. A Contag está negociando com o governo federal mudanças no Programa Nacional de Produção e uso de Biodiesel. Manoel dos Santos defende a melhoria dos incentivos e garantias para os agricultores e agricultoras familiares que resultem em renda efetiva.“O governo hoje prioriza as empresas que compram produtos da agricultura familiar com incentivos fiscais. Precisamos dar vez para o trabalhador para fazermos a transformação necessária no setor.” David Hart Contag defende a produção consorciada de oleoginosas e grãos para a alimentação ties, que são aplicações financeiras em matérias-primas, como é o caso dosprodutosagrícolas.Aespeculação do mercado e a queda constante nos preços das ações são fatores que acirram ainda mais esse problema. Os dados do Fundo Monetário Mundial apontam também que o etanol norte-americano é responsável por metade do aumento da deman- da mundial de milho nos últimos três anos. O uso dessa matriz energética nos EUA aumenta o preço do grão e encarece o custo dos derivados, como as rações animais. A opção da monocultura norte-americana tambéméconsideradaagravanteporque não dá opção ao chamado consórcio, quando se alterna diversas culturas na mesma área plantada. CentenárioJosuédeCastro(1908-1973) O País vai comemorar, em setembro, o centenário de nascimento de Josué de Castro. A principal bandeira de luta do geógrafo, médico, professor, sociólogo e político foi o combate à fome no mundo. Ele é considerado um dos pioneiros no estudo dessa questão e se destacou pela publicação de inúmeros trabalhos com idéiasrevolucionáriaseconceitosinovadoressobredesenvolvimentosustentável. As obras Geografia da Fome, publicada em 1946, e Geopolítica da Fome, em 1951, são as mais importantes e foram traduzidas para 25 idiomas. Os livros consolidaramaspesquisassobreaalimentaçãobrasileira.ComaGeografiadaFome, foi premiado duas vezes e recebeu duas indicações para o Prêmio Nobel da Paz. JosuédeCastrojáalertavaparaanecessidadedetransformaçãodaestrutura agrária do País para aumentar a produção de alimentos. O pernambucano também foi presidente da FAO de 1952 a 1956; presidente da Associação Mundial de Luta Contra a Fome (Ascofam); e embaixador do Brasil em Órgãos das NaçõesUnidasemGenebra. Em 1964, teve seus direitos políticos cassados e ficou exilado na França por 10 anos. Ograndehumanistalutoudurante toda sua vida contra a desigualdade social, pobreza e miséria. Centro Josué de Castro Jornal da Contag 5 Meio Ambiente Reformaagráriaemeioambienteemdebate O Coletivo de Reforma Agrária e Meio Ambiente da Contag se reúne nos dias 18 e 19 de agosto para definir a agenda de atividades para o segundo semestre de 2008. Um dos pontos principais da pauta da reunião consistirá na discussão do texto-base que será apresentado no 10º Congresso da Contag. Os membros do coletivo vão definir a data para a realização da Plenária Nacional de Reforma Agrária e Meio Ambiente. Os debates e propostas aprovadas neste evento servirão para fundamentar o texto do Plano Nacional de Reforma Agrária e Meio Ambiente do MSTTR, baseado no Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS). “A proposta é, de acordo com essa conjuntura, desenhar um plano de reforma agrária e meio ambiente do MSTTR para o Brasil”, informa o secretário de Política Agrária e Meio Ambiente, Paulo Caralo. Os dirigentes que estão na linha de frente das questões da reforma agrária e meio-ambiente em todo o País também vão fazer uma atualização da pauta do Grito da Terra Brasil 2008, contabilizar o que foi negociado e destacar as prioridades nas negociações com o governo federal. A Contag já agendou reuniões com o titular da Secretaria de Reordenamento Agrário (SRA) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Adhemar Almeida; e com o presidente do Incra, Rolf Hackbart. As audiências com a SRA e Incra estão marcadas para o dia 19 PlenáriaNacionaldeReformaAgráriaeMeioAmbiente A crise dos alimentos, a necessidade de proteção ambiental da Amazônia e demais biomas brasileiros, além do fenômeno da estrangeirização das terras, entre outros fatores, apontam para a necessidade de colocar a reforma agrária e a proteção ambiental no centro dos debates do MSTTR. Esses temas terão destaques na Plenária Nacional de Reforma Agrária e Meio Ambiente, que será agendada na reunião do coletivo. A elaboração de um Plano Nacional de Reforma Agrária e Meio Ambiente será o principal objetivo da plenária. A proposta será apresentada no 10º Congresso da Contag. Se aprovada, começará a ser implementada na gestão da próxima diretoria da entidade. As Fetags e STTRs de vários estados já começaram a discutir essa pauta nos dois últimos meses. de agosto. Os membros do coletivo querem discutir a renegociação das dívidas em relação ao Programa Nacional de Crédito Fundiário com o secretário Adhemar Almeida. Os assuntos a serem tratados no Incra são a agilização do licenciamento ambiental nos assentamentos, o processo de obtenção de terras e a aplicação do crédito de reforma agrária. A efetivação dos convênios de assistência técnica e extensão rural (Aters) e o recadastramento de famílias assentadas também constarão da pauta com o presidente Rolf Hackbart. C a m pa n h a S a l a r i a l Acordosbeneficiamcortadoresdecana Luiz Enrique Parahiba Assembléia dos cortadores e cortadoras de cana aprovam convenção coletiva negociada pela Fetaeg e Contag com o setor patronal em Goiás O movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (MSTTR) firmou acordos coletivos que beneficiam milhares de assalariados(as) rurais do setor da cana em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Maranhão, Minas Gerais e Rondônia. O secretário de Assalariados e Assalariadas Rurais da Contag, Antônio Lucas, faz uma avaliação positiva do resultado das campanhas salariais da categoria: 6 “Conseguimos manter as conquistas que já haviam sido alcançadas nas negociações passadas, além de reajustes acima da inflação com ganho real”, comemora. As negociações com os empresários começaram em Rondônia. O trabalho conjunto entre a Contag, Fetag e STTRs conquistou o pagamento de horainitinere(deslocamentodotrabalhador de casa até a usina), concessão de cesta básica no valor de R$ 70, alimentação gratuita e um aumento no piso salarial de R$ 415 para R$ 490. “Rondôniafoiumdosestadosaconseguiralimentaçãogratuitaepagamento da hora in itinere para os trabalhadores”. A convenção coletiva passou a vigorar em junho, com vigência até o final de fevereiro do próximo ano. Já a pauta do MSTTR em Mato Grosso teve 80% das reivindicações atendidas, com destaque para o reajuste de 10% no piso salarial dos cortadores e o aumento no abono salarial para R$ 250. Os acordos coletivos também determinam o atendimento de primeiros-socorros nas usinas maiores; o cumprimento da NR 31, que regulariza as condições de trabalho na área rural; e melhorias na alimentação por parte das empresas, que terão de oferecer comida típica do Nordeste duas vezes por semana. Os 30 mil cortadores de cana que trabalham em Goiás também tiveram avanços na Convenção Coletiva assinada no dia 12 de junho. O processo de negociação, que durou um mês, garantiureajustesde8,17%nopisosalarial, que passou a R$ 526 e de 7% na tabela de produção. A meta da Fetaeg para 2009 é assegurar alimentação gratuita e com qualidade para os(as) assalariados(as) rurais do estado. Campanhas em curso – O processo de mobilização para as campanhas salariais no Maranhão e Pernambuco já começaram. Os dois estados reúnem mais de 100 mil cortadores de cana. A Fetape está programando, a partir de agosto, uma série de reuniões com delegados sindicais para definir a estratégia para a mobilização e o processo de negociação. A database da categoria é 1º de outubro. A expectativa da Contag para as campanhas salariais do próximo ano é eliminar a contratação de terceirizados e garantir pisos melhores para os trabalhadores das Regiões Norte e Nordeste. “A nossa meta é estender o patamar dos pisos salariais do Centro-Oeste e Sudeste para todo o País”, anuncia Antônio Lucas. Políticas Sociais Maisproteçãocontragolpesfinanceiros A reivindicaçãoapresentada pelo movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadorasrurais(MSTTR) durante o Grito da Terra Brasil para a regulamentaçãodocréditoconsignadofoiatendidapelogovernofederal.O DiárioOficialdaUniãopublicou,nodia 16 de maio, uma instrução normativa (IN) que altera a Lei 10.820/03. Uma das medidas da IN é a proibição de as instituições financeiras fazerem operações com beneficiários de outros estados.Destaforma,osempréstimos deverão,obrigatoriamente,sercontratados na região em que o aposentado vive ou recebe o benefício. O uso do crédito consignado em operações de financiamento e arrendamento mercantil, o chamado leasing, também foi proibido. A IN traz, ainda, um formulário para que os(as) aposentados(as)epensionistaspossam fazerobloqueiooudesbloqueioemseu benefício, de modo a evitar que a operação seja executada por terceiros. Na opinião da secretária de Políticas So- ciais da Contag, Alessandra Lunas, as mudançasimpedirãoqueaterceiraidade do campo tenha prejuízos.“A instruçãonormativanãotraztudoquereivindicamos no Grito da Terra, mas já é um passo. Na verdade, o que buscamos é principalmente a proibição do assédio feito de casa em casa pelos chamados pastinhas’", afirma. Filão para os bancos – Segundo dados do Ministério da Previdência e da Secretaria da Receita Federal, foram mais de R$ 30,6 bilhões de empréstimos para aposentados e pensionistas durante o período de 2004 a 2007. Esse valor é resultado de 23.635 milhões de operações de empréstimos. As operações de empréstimo consignado também envolvem a participação de instituições financeiras que aplicam golpes fraudulentos contra os (as) aposentados (as) e pensionistas. A OuvidoriadoMinistériodaPrevidência Social já identificou 16,8% de contratos feitos sem o conhecimento e autorização dos beneficiários. O número de casos pode ser muito maior, já que muitasreclamaçõessãoanalisadasdiretamentenoPoderJudiciárioemdecorrência de ações de queixa-crime contra a pessoa idosa, conforme estabelecido no Estatuto do Idoso. Campanha – A Contag lançou em junho, durante o Encontro Nacional de Construção das Políticas para Terceira Idade, a campanha “Dinheiro Fácil? Cuidado” para orientar os idosos. Os participantes do evento receberam instruções para alertar os trabalhadores e trabalhadoras rurais sobre os riscos do crédito consignado. “A nossa luta é pela conscientizaçãodaquela pessoa que muitas vezes não necessita desse crédito, mas que é assediada pelas financeiras que lucram em cima disso. Oobjetivodacampanhaéevitarnovas vítimasdeinteressesalheiosegarantir que a renda dessa pessoa se mantenha preservada para atender as suas necessidades”, esclarece Alessandra. Plenária Nacional MSTTRdiscutePlanodeReformaAgrária A crise dos alimentos, as medidas adotadas para a proteção ambiental do Bioma Amazônia e o fenômeno da estrangeirização das terras compõem o pano de fundo da Plenária Nacional de Reforma Agrária e Meio Ambiente, programada para os dias 17 a 20 de agosto, em Brasília. O objetivo da Contag é inserir nesta conjuntura a agenda da reforma agrária e da proteção ambiental sob a ótica dos assentamentos e da agricultura familiar. Osdebatesepropostasaprovadas na Plenária Nacional vão embasar a elaboração de um Plano Nacional de Reforma Agrária e Meio Ambiente do MSTTR, baseado no Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS). “A proposta é, de acordo com essa conjuntura, desenhar um plano de reforma agrária e meio ambiente do MSTTR para o Brasil”, informa o secretário de Política Agrária e Meio Ambiente, Paulo Caralo. A proposta do Plano Nacional de ReformaAgráriaeMeioAmbienteserá apresentada ao 10º Congresso da Contag, programado para março do próximo ano. Se aprovada, começará a ser implementada na gestão da próxima diretoria da entidade. Além da diretoria da Contag e das Fetags, dirigentes dos STTRs, lideranças dos acampamentos e assentamentos,erepresentantesdeentidades parceiras do campo e da cidade estão participandodasatividadespreparatórias que começaram no início do ano (ver quadro). As diretrizes e propostas discutidas e aprovadas nesses encontros vão ser apreciadas pelos(as) delegados(as) da Plenária Nacional. Após a realização deste evento, a Secretaria de Política Agrária e Meio Ambiente da Contag organizará uma série de plenárias regionais para divulgar o resultado das discussões em nível nacional e acelerar a preparação do 10º Congresso.“Com os elementos e contribuições dos estados faremos a Plenária Nacional, construiremos o documento-base e depois discutiremos esse documento nas regionais”, explica Caralo. Diretrizes – A Secretaria de Política Agrária e Meio Ambiente da Contag elaborou um texto para subsidiar os debates nos encontros estaduais e na Plenária Nacional. O documento destacaasupervalorizaçãodapropriedade rural, a ênfase dada à produção de agroenergias, o interesse cada vez mais crescente do mercado internacional por terras brasileiras e a ampliação da concentração de terras para produção de monoculturas. APlenáriaNacionalseráumaoportunidade para reforçar as campanhas pelo Limite da Propriedade da Terra, em Defesa da Reforma Agrária e daSoberaniaTerritorialeAlimentareContra a Violência no Campo. A primeira é coordenada pelo Fórum Nacional de Reforma Agrária e foi relançada, no primeiro semestre deste ano, durante oAcampamentoNacionaldaReforma Agrária, em Brasília. Encontrosestaduais Manaus – Amazonas Ji-Paraná – Rondônia Belo Horizonte – Minas Gerais Agudos – São Paulo Cabo Frio – Rio de Janeiro João Pessoa – Paraíba Pernambuco – Recife Teresina – Piauí Natal – Rio Grande do Norte Aracaju – Sergipe Cuiabá – Mato Grosso Curitiba – Paraná Florianópolis – Santa Catarina Porto Alegre – Rio Grande do Sul. Jornal da Contag 7 Div ulg açã oM inis tér io da S aúd e conversa de pé de ouvido Jornal da Contag Estudorevelaaumentodecesarianas emortalidadeinfantilnomeiorural Ministério da Saúde constata, em pesquisa, que houve crescimento do número de partos cesarianos no meio rural nos últimos anos. A coordenadora de Saúde da Mulher do Ministério, Regina Viola, participou da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) e explica que o fato de as mulheres terem mais acesso ao acompanhamento de médicos no período da gestação contribuiu para o resultado. O estudo feito com 5 mil crianças com até 5 anos de idade também revelou que os piores indicadores de mortalidade infantil no campo estão no Norte e Nordeste. O que mudou na saúde das mulheres do campo no período de 1996 a 2006? A PNDS de 2006 não apresenta um recorte específico para a saúde das mulheres do campo. Entretanto, alguns dados gerais podem ser aplicados a essa população. A média de filhos por mulher brasileira caiu de 2,5 para 1,8 entre 1996 e 2006. No mesmo período, o percentual de mulheres que utilizam o SUS como fonte de acesso a pílulas anticoncepcionais praticamente triplicou. O que contribuiu para a diminuição da taxa de fecundidade das mulheres do campo? A redução da taxa de fecundidade da mulher é acompanhada pelo aumento da distribuição gratuita de métodos contraceptivos pelo SUS, que saltou de 7,8% para 21,3% no período pesquisado. A queda da taxa de fecundidade é creditada à ampliação do acesso aos serviços e aos métodos, mesmo que ainda não se tenha 100% de cobertura. Os partos cesáreas aumentaram de 20% para 35% nas áreas rurais. Por que ocorrem mais cesáreas nas mulheres que moram no campo? Em 1996, 31,9% das mulheres grávidas não haviam sido submeti- das à consulta pré-natal. Em 2006, esse número caiu para 3,6%. Como o fenômeno já estava consolidado nas áreas urbanas e vêm sendo desenvolvidas ações para redução das cesáreas desnecessárias no País como um todo, o aumento nas áreas urbanas é menor. Espera-se que as ações desenvolvidas estanquem o processo de cesáreas desnecessárias também no campo. Por que o atendimento pré-natal foi ampliado nos últimos 10 anos? O ministério vem desenvolvendo ações de capacitação e qualificação de recursos humanos na atenção ao pré-natal por meio do SISPRENATAL, que prevê uma remuneração a mais às unidades que cumprirem determinados requisitos como captação precoce da gestante, número mínimo de consultas durante a gravidez. A adesão a esse programa é voluntária e pactuada entre municípios e estados. Quais são as doenças que mais atingem as mulheres do campo? E as causas de óbito mais comuns? As principais causas de óbito são as endócrinas – a diabetes mellitus encabeça a lista – e as doenças do aparelho circulatório (hipertensão e aparelho respiratório). Já com relação às causas de internação, a primeira é o parto espontâneo, seguida de complicações de gravidez e pneumonia. A qualidade de vida das crianças residentes nas áreas rurais melhorou durante esse período? A mortalidade infantil no campo é maior em relação às cidades. As causas dessarealidadesãodiversas.Podemos citar, entre outras, o menor nível de escolaridade das mães, a renda familiar mais baixa, o menor acesso à água potável e rede de esgotos, e um percentualmaiordeinsegurançaalimentar,que se reflete nos percentuais de déficit peso/altura (retardo de crescimento). O que mais a pesquisa constatou sobre a realidade da criança no campo? Os piores indicadores de saúde foram encontrados nas Regiões Norte e Nordeste. A mortalidade infantil foi 25% maior para crianças cujas mães se declararam negras e 34% para aquelas que afirmaram ter menos de quatro anos de estudo em relação às com mais de oito anos de estudo. Como está o estado de saúde e nutricional das crianças do campo? Opercentualdesegurançaalimentar é menor na área rural (56,3%) comparado com a área urbana (63,8%). O retardo de crescimento na infância (déficit altura/idade) também é percentualmentemaiornocampo(7,6%) em relação à cidade (6,9%). Entretanto, o risco de obesidade medido pelo excesso de peso/altura é menor na área rural (6,3%) comparando com a urbana (6,7%). Quais são as principais doenças e causas dos óbitos das crianças do campo? Seja no campo ou na cidade, as doenças prevalentes na infância são as diarréicas agudas e as afecções respiratórias como infecções de vias aéreas superiores, pneumonias e asma, além de otites e sinusites. Em algumasregiõesougrupospopulacionais, a desnutrição ainda é relevante apesar da redução importante apresentada nas últimas décadas. Entretanto, os dados da pesquisa revelam que, em crianças, as proporções de internaçõeshospitalarespordiarréias, pneumonias e bronquite são maiores na área rural que na urbana. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2005 as principais causas de óbitos em menores de 1 ano foram afecções perinatais (57,5%), anomalias congênitas (15,2%), seguidas de doenças infecciosas e parasitárias (incluindo diarréias), doenças do aparelho respiratório e causas endócrinas. expediente Jornal da Contag - Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) | Diretoria Executiva – Presidente Manoel dos Santos 1º Vice-Presidente/ Secretário de Relações Internacionais Alberto Ercílio Broch | Secretário Geral David Wilkerson R. de Souza | Secretários: Finanças e Administração Juraci Moreira Souto | Assalariados e Assalariadas Rurais Antônio Lucas Filho | Política Agrária e Meio Ambiente Paulo de Tarso Caralo | Política Agrícola Antoninho Rovaris | Organização e Formação Sindical Raimunda Celestina de Mascena | Políticas Sociais Alessandra da Costa Lunas | Coordenação da Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais Carmen Helena Ferreira Foro | Coordenação da Comissão Nacional de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Maria Elenice Anastácio | Endereço SMPW Quadra 1 Conjunto 2 Lote 2 Núcleo Bandeirante CEP: 70.735-102, Brasília/DF | Telefone (61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299 | E-mail [email protected] | Internet www.contag.org.br | Assessoria de Comunicação Jacumã - Soluções Criativas em Comunicação Ltda. | Edição Patrícia Cunegundes e Ronaldo de Moura| Reportagem Ciléia Pontes, Danielle Santos e Patrícia Cunegundes | Projeto Gráfico Wagner Ulisses | Diagramação Fabrício Martins | Diretor responsável: Ronaldo de Moura | Revisão Luciana Melo | Capa Montagem com fotos de Ubirajara Machado e Bart de Visser| Impressão Dupligráfica 8 Jornal da Contag