UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ / INSTITUTO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS DO ESTADO DO AMAPÁ/EMBRAPA AMAPÁ/CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE TROPICAL Composição da fauna de dípteros frugívoros em áreas de Florestas de Terra Firme e de Várzea no Estado do Amapá MACAPÁ-AP 2009 ii EZEQUIEL DA GLÓRIA DE DEUS (Biólogo) Composição da fauna de dípteros frugívoros em áreas de Florestas de Terra Firme e de Várzea no Estado do Amapá Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Biodiversidade Tropical da Universidade Federal do Amapá como requisito para a obtenção do título de Mestre em Biodiversidade Tropical. Área de concentração Ecologia e Meio Ambiente. Orientador: Dr. Ricardo Adaime da Silva. MACAPÁ-AP 2009 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Central da Universidade Federal do Amapá Deus, Ezequiel da Glória de Composição da fauna de dípteros frugívoros em áreas de floresta de terra firme e de várzea no Estado do Amapá / Ezequiel da Glória de Deus; orientador Ricardo Adaime da Silva. Macapá, 2009. 63 f. Dissertação (mestrado) – Fundação Universidade Federal do Amapá, Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical. 1. Biodiversidade. 2. Dípteros frugívoros. 3. Floresta de várzea - Amapá. I. Silva, Ricardo Adaime da, orient.. II. Fundação Universidade Federal do Amapá. III. Título. CDD. 22.ed. 595.774 iii UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ / INSTITUTO DE PESQUISAS CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS DO ESTADO DO AMAPÁ/EMBRAPA AMAPÁ/CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE TROPICAL EZEQUIEL DA GLÓRIA DE DEUS COMPOSIÇÃO DA FAUNA DE DÍPTEROS FRUGÍVOROS EM ÁREAS DE FLORESTAS DE TERRA FIRME E DE VÁRZEA NO ESTADO DO AMAPÁ Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Biodiversidade Tropical (PPGBIO) da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) como parte das exigências para a obtenção do grau de Mestre em Biodiversidade Tropical. Área de concentração: Ecologia e Meio Ambiente. Data da aprovação: 11/12/2009 Comissão Avaliadora: ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Adaime da Silva (Orientador) Professor e Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA-AP ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Arley José Silveira da Costa Professor da Universidade Federal do Amapá - UNIFAP ___________________________________________________________________________ Profa. Dra. Ana Cláudia Silva de Lira Professora da Universidade do Estado do Amapá - UEAP ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Adilson Lopes Lima Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA-AP iv Dedico Aos meus pais Davi Pantoja de Deus e Maria Lúcia da Glória de Deus e Minha esposa Núbia Braga Ribeiro Pelo amor, incentivo e força que me proporcionam Aos colegas do PPGBIO e A equipe do laboratório de Entomologia da Embrapa Amapá Pela prazerosa convivência e Ao Sr. Carlos Alberto Moraes Pelo apoio a este trabalho Ofereço v AGRADECIMENTOS A Deus, o grande arquiteto do Universo; Aos meus pais, Davi e Lúcia, pelo carinho, pelos investimentos e por toda confiança depositada em mim; Ao Dr. Ricardo Adaime, pela orientação, pelos ensinamentos transmitidos, pela paciência, pelos investimentos, pela estrutura oferecida pelo Laboratório de Entomologia da Embrapa Amapá e pela nossa amizade; A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por oferecer apoio e estrutura física para a realização desta pesquisa; A dona Renilza, que gentilmente cedeu sua área para a realização deste estudo, Aos amigos Carlos Alberto Moraes e Adjard Loureiro, pelo apoio a este trabalho durante as coletas de campo; Ao biólogo Salustiano Vilar da Costa Neto, pela identificação do material botânico; Ao biólogo Pedro Carlos Strikis, pela identificação dos lonqueídeos e outros dípteros frugívoros; Ao Dr. Miguel Francisco Souza Filho, pela identificação de alguns exemplares de dípteros frugívoros; Ao Dr. Allen Norrbom, por ceder algumas fotos de Diptera; Ao Dr. Adilson Lopes Lima, por ceder algumas fotos de Anastrepha; A Dra. Cristiane Ramos de Jesus, pelo auxílio na análise dos dados; A Solange Moura, pelo apoio logístico; A Universidade Federal do Amapá, em especial ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical, pelos ensinamentos transmitidos ao longo do curso; Aos amigos que me acompanharam nessa longa jornada; Ao povo brasileiro, que paga seus impostos, contribuindo assim, para o funcionamento das instituições públicas. vi Depois de algum tempo você aprende... Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa aonde já chegou, mas para onde está indo… Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dádivas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar. William Shakespeare vii RESUMO As florestas de várzea e de terra firme constituem os dois maiores ambientes florestais do estado do Amapá, considerando estrutura, diversidade e representatividade espacial. Entretanto, estudos sobre a diversidade de insetos nesses ambientes são escassos. Deste modo, o presente estudo tem como objetivo, realizar um levantamento da fauna de dípteros associados a frutos silvestres em florestas de várzea e de terra firme no estado do Amapá. Os estudos foram conduzidos em duas parcelas permanentes, ambas medindo 1,0 ha. A primeira está localizada em uma floresta de várzea, no Campo Experimental da Embrapa Amapá, no município de Mazagão (00º06’51.4”S e 51º16’32.3”W), e a segunda em uma floresta de terra firme, município de Porto Grande (00º37’57.9”N e 51º48’10.0”W). Foram realizadas coletas de frutos de diversas espécies vegetais silvestres, a cada 15 dias, no período de junho de 2008 a maio de 2009, nas duas parcelas. Em toda a área demarcada era feita uma varredura coletando-se frutos da planta e recém-caídos no solo. No Laboratório de Entomologia da Embrapa Amapá os frutos foram processados segundo metodologia utilizada para obtenção de dípteros frugívoros. Na parcela localizada na floresta de várzea foram identificadas 12 espécies de dípteros frugívoros, pertencentes a seis famílias. Na parcela localizada na floresta de terra firme foram identificadas sete espécies, pertencentes a quatro famílias. As espécies predominantes foram Richardia sp. (Richardiidae) e morfoespécie 2 (Stratiomyiidae), na floresta de várzea, e morfoespécie 6 (Syrphidae), na floresta de terra firme. Os índices de diversidade foram baixos nas duas comunidades. A análise de riqueza em espécies de dípteros frugívoros demonstrou que o esforço de coleta foi suficiente para amostrar a diversidade de dípteros frugívoros na floresta de várzea e insuficiente na floresta de terra firme. Os maiores índices de infestação dos frutos foram registrados em urucuri (Attalea excelsa), em floresta de várzea, e “frutinho alaranjado”, em floresta de terra firme. Mouriri acutiflora foi registrado pela primeira vez no Brasil como hospedeiro de Anastrepha fraterculus e Anastrepha zenildae. Neosilba morfotipo AP2 e Neosilba morfotipo AM1 constituem duas novas espécies de Lonchaeidae em fase de descrição. Palavras-chave: Amazônia, Diptera, Diversidade, Hospedeiro, Insecta, Richardia. viii ABSTRACT The floodplain forest and upland forest constitute the two larger forestry ecosystems of the State of Amapá, considering structure, diversity and space representativeness. However, studies about the diversity of insects in those ecosystems are scarce. This way, the present work aimed to accomplish a survey of the dipterous fauna associated to wild fruits in floodplain forest and upland forest in the State of Amapá. The studies were carried out in two permanent portions, both measuring 1,0 hectare. The first one was located in a floodplain forest, in Embrapa Amapá's Experimental Field, in Mazagão county (00º06'51.4"S and 51º16'32.3"W), and the second one in an upland forest, in Porto Grande county (00º37'57.9"N and 51º48'10.0"W). We collected fruits of several wild vegetable species, every 15 days, from June of 2008 to May of 2009, in the two portions. In the whole demarcated area, we made a sweeping collecting fruits of the plant and recently-fallen on the soil. In the Laboratory of Entomology of Embrapa Amapá the fruits were processed according to methodology used for obtaining frugivorous dipterous. We identified 12 species of frugivorous dipterous belonging to six families in the portion located in the floodplain forest. In the portion located in the upland forest we identified seven species, belonging to four families. The predominant species were Richardia sp. (Richardiidae) and morphospecie 2 (Stratiomyiidae), in the floodplain forest and morphospecies 6 (Syrphidae) in the upland forest. The diversity indexes were low in the two communities. The richness analysis in species of frugivorous dipterous demonstrated that the collection effort was enough for survey the diversity of frugivorous dipterous in the floodplain forest and insufficient in the upland forest. The largest indexes of infestation of fruits were registered in “urucuri” (Attalea excelsa) in floodplain forest and "frutinho alaranjado" in upland forest. M. acutiflora was registered for the first time in Brazil as host of Anastrepha fraterculus and Anastrepha zenildae. Neosilba morfotipo AP2 and Neosilba morfotipo AM1 constitute two new species of Lonchaeidae in description phase. Keywords: Amazon, Diptera, Diversity, Host, Insecta, Richardia. ix LISTA DE TABELAS Tabela 1 Famílias e espécies de dípteros frugívoros obtidas de frutos em floresta de várzea e de terra firme. Mazagão e Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009................................................................................................................... 39 Tabela 2 Índices faunísticos das espécies de dípteros frugívoros obtidas de frutos em floresta de várzea e de terra firme. Mazagão e Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009...................................................................................................... 44 Tabela 3 Número de amostras e de frutos, peso das amostras, número de pupários e de dípteros frugívoros em floresta de várzea. Mazagão. Junho de 2008 a maio de 2009............................................................................................................... 50 Tabela 4 Número de amostras e de frutos, peso das amostras, número de pupários e de dípteros frugívoros em floresta de terra firme. Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009...................................................................................................... 51 Tabela 5 Espécies de dípteros frugívoros associadas a frutíferas coletadas em floresta de várzea. Mazagão. Junho de 2008 a maio de 2009......................................... 52 Tabela 6 Espécies de dípteros frugívoros associadas a frutíferas coletadas em floresta de terra firme. Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009........................... 55 Tabela 7 Número de dípteros frugívoros obtidos de frutos em floresta de várzea e de terra firme. Mazagão e Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009.............. 60 x LISTA DE FIGURAS Figura 1 Localização da parcela experimental em floresta de várzea............................. 31 Figura 2 Localização da parcela experimental em floresta de terra firme...................... Figura 3 A - Amostra de frutos de taperebá coletada em campo; B Acondicionamento de frutos em caixas térmicas para transporte até o laboratório......................................................................................................... 32 Figura 4 A - Frutos acondicionados em bandejas para a obtenção de pupários; B Sala de obtenção de pupários; C - Pupários de moscas-das-frutas (tamanho em média); D - Pupários de dípteros acondicionados em frascos contendo vermiculita para a obtenção de adultos............................................................. 33 Figura 5 A - Frascos dispostos em câmaras com temperatura, umidade e fotofase controladas para a obtenção de adultos; B - Adultos de dípteros conservados em álcool 70%, para posterior identificação..................................................... 34 Figura 6 Espécime de Lonchaeidae................................................................................. 40 Figura 7 Espécime de Micropezidae............................................................................... Figura 8 Espécime de Richardiidae................................................................................. 41 Figura 9 Espécime de Stratiomyiidae.............................................................................. 42 Figura 10 Espécime de Syrphidae..................................................................................... Figura 11 Espécime de Tephritidae................................................................................... 43 Figura 12 Riqueza observada (Sobs) e esperada (Chao 1) para as espécies de dípteros frugívoros obtidas de frutos em floresta de várzea e de terra firme. Mazagão e Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009............................................... 48 Figura 13 Curva de rarefação de duas comunidades de dípteros frugívoros em floresta de várzea e de terra firme. Mazagão e Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009.............................................................................................................. 49 Figura 14 Índice médio de infestação dos frutos em área de várzea. Mazagão, junho de 2008 a maio de 2009......................................................................................... 56 Figura 15 Índice médio de infestação dos frutos em área de terra firme. Porto Grande, junho de 2008 a maio de 2009.......................................................................... 56 Figura 16 Flutuação populacional de dípteros frugívoros obtidos de frutos em floresta de várzea e de terra firme. Mazagão e Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009.............................................................................................................. 58 32 40 42 xi SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 13 2. REVISÃO DA LITERATURA................................................................................... 15 2.1 A Amazônia.................................................................................................................. 15 2.2 As Florestas de Terra Firme e de Várzea no Estado do Amapá................................... 18 2.3 Fruticultura na Amazônia............................................................................................. 20 2.4 Dípteros frugívoros....................................................................................................... 22 2.4.1 Aspectos gerais.......................................................................................................... 22 2.4.2 Características morfológicas..................................................................................... 23 2.5 Biologia de dípteros frugívoros.................................................................................... 23 2.6 Plantas hospedeiras de dípteros frugívoros.................................................................. 25 2.7 Dípteros frugívoros de importância econômica no Brasil............................................ 26 2.8 Estudo de comunidades................................................................................................ 27 3. OBJETIVOS................................................................................................................. 30 3.1 Geral............................................................................................................................. 30 3.2 Específicos.................................................................................................................... 30 4. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................ 31 4.1 Área de Estudo............................................................................................................. 31 4.2. Métodos de coleta de dados......................................................................................... 32 4.2.1 Coleta de frutos......................................................................................................... 32 4.2.2 Coleta e identificação de material botânico.............................................................. 34 4.2.3 Identificação dos insetos........................................................................................... 34 4.3 Métodos de análise dos dados...................................................................................... 35 4.3.1 Análise dos dados biológicos dos dípteros................................................................ 35 4.3.2 Análise de diversidade............................................................................................... 35 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 39 5.1 Diversidade de dípteros frugívoros em Floresta de Várzea e de Terra Firme.............. 39 5.1.1 Famílias de dípteros identificadas............................................................................. 39 5.1.1.1 Lonchaeidae............................................................................................................ 39 5.1.1.2 Micropezidae.......................................................................................................... 40 5.1.1.3 Richardiidae............................................................................................................ 41 5.1.1.4 Stratiomyiidae........................................................................................................ 41 5.1.1.5 Syrphidae................................................................................................................ 42 5.1.1.6 Tephritidae.............................................................................................................. 43 xii 5.2 Análise faunística e índices de diversidade.................................................................. 43 5.3 Relação de espécies de dípteros frugívoros com plantas hospedeiras.......................... 49 5.4 Flutuação populacional de dípteros frugívoros............................................................ 57 6. LISTA DE ESPÉCIE DE DÍPTEROS ASSOCIADOS A FRUTOS SILVESTRES EM FLORESTA DE VÁRZEA E DE TERRA FIRME NO ESTADO DO AMAPÁ..................................................................................................... 62 7. CONCLUSÕES............................................................................................................ 63 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 64 13 1. INTRODUÇÃO A diversidade da vida é elemento essencial para o equilíbrio ambiental do planeta, capacitando os ecossistemas a melhor reagirem às alterações sobre o meio ambiente causadas por fatores naturais e sociais, considerando que, sob a perspectiva ecológica, quanto maior a simplificação de um ecossistema, maior a sua fragilidade. A biodiversidade oferece também condições para que a própria humanidade se adapte às mudanças operadas em seus meios físicos e sociais e disponha de recursos que atendam as suas novas demandas e necessidades. Historicamente, as áreas de aproveitamento de recursos genéticos e biológicos têm sido inúmeras, destacando-se a alimentação, a agricultura e a medicina, dentre outras aplicações (ALBAGLI, 2001). Nesse contexto, conhecer a diversidade de espécies de uma área é fundamental para a compreensão da natureza e, por extensão, para otimizar o gerenciamento da área em relação a atividades de exploração de baixo impacto, conservação de recursos naturais ou recuperação de ecossistemas degradados. O reconhecimento da importância da biodiversidade tem estimulado a criação nos últimos anos de diversos tipos de inventários (MELO, 2008). Assim, quanto maior e mais profundo for o grau de conhecimento sobre os ecossistemas, maior será a possibilidade de explorá-los adequadamente, com menor dano sobre eles e maior longevidade de seus componentes. A proteção do solo e das espécies que ele abriga significará, numa visão mais ampla, maior bem-estar para a espécie humana (QUEIROZ, 2008). Na Amazônia, o conhecimento da diversidade, filogenia e distribuição dos organismos ainda está no início. Existem áreas que os cientistas ainda não visitaram, e muitos espécimes de numerosos grupos taxonômicos coletados durante os três últimos séculos ainda não foram pesquisados detalhadamente (SILVA et al., 2005). As estimativas de animais terrestres restringem-se principalmente aos vertebrados, e o conhecimento taxonômico e biogeográfico para a maioria dos organismos é incompleto, sobretudo dos táxons megadiversos, como os artrópodes (COLWELL; CODDINGTON, 1994). Segundo Lewinsohn et al. (2005a), o conhecimento ecológico e taxonômico de vários dos principais grupos como Diptera e Homoptera é restrito ou focalizado em espécies de importância econômica ou médica. Entretanto, é sabido que os insetos são adequados para uso em estudos de avaliação de impacto ambiental, pois, além de ser o grupo de animais mais numeroso do globo terrestre, com elevadas densidades populacionais, apresentam grande diversidade em termos de espécies e de habitats, e grande variedade de habilidades para dispersão e seleção de hospedeiros e de respostas à qualidade e quantidade de recursos disponíveis. Além de sua 14 dinâmica populacional ser altamente influenciada pela heterogeneidade dentro de um mesmo habitat. Também são importantes pelo seu papel no funcionamento dos ecossistemas naturais, atuando como predadores, parasitos, fitófagos, saprófagos, polinizadores, entre outros (EHRLICH; RAVEN, 1964; ROSENBERG et al., 1986; SOUZA; BROWN, 1994; SCHOEREDER, 1997). Artrópodes estão sendo cada vez mais utilizados para avaliar a diversidade e a composição de espécies de habitats ou fisionomias distintas e para avaliar respostas a diferentes regimes de perturbação ou manejo. No Brasil, borboletas e formigas aparecem como indicadores potenciais em muitos relatos. Entretanto, outros grupos taxonômicos, merecem ser avaliados como bioindicadores, por exemplo os coleópteros (Carabidae, Staphylinidae e Cicindelidae); alguns grupos de hemípteros, tais como os Pentatomoidea; várias famílias de Diptera, por exemplo Drosophilidae, Tephritidae e Bibionidae (BROWN; FREITAS, 2000; FREITAS et al., 2003; SCHOEREDER et al., 2004, LEWINSOHN et al., 2005a). Em relação aos dípteros da região Norte do Brasil, o conhecimento ainda é fragmentado e os catálogos publicados para a região Neotropical mencionam poucos registros para a Amazônia (COURI et al., 2000). No estado do Amapá, os estudos sobre esse grupo limitam-se ao conhecimento da diversidade, distribuição, plantas hospedeiras e inimigos naturais de espécies de importância econômica (Diptera: Tephritidae), que nos últimos anos experimentou significativo crescimento. Diante desse cenário, é fundamental a realização de pesquisas científicas sobre dípteros frugívoros em ambientes preservados, para melhor compreender a bioecologia das espécies de importância econômica e de potenciais espécies-praga nas condições do Amapá. Além disso, esses estudos podem fornecer informações sobre a importância desses insetos para o funcionamento dos ecossistemas naturais. Deste modo, o presente trabalho visa contribuir para o avanço do conhecimento sobre dípteros associados a frutos silvestres no estado do Amapá, bem como determinar a composição de espécies presentes em floresta de várzea e terra firme e apresentar uma análise de diversidade dessas espécies. 15 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 A Amazônia Reconhecida como a maior floresta tropical existente, a Amazônia corresponde a 5% da superfície terrestre, o equivalente a 2/5 da América do Sul, ocupa cerca de 1/3 das reservas de florestas tropicais úmidas e é o maior banco genético do planeta. A região tem em torno de 7,5 milhões de Km2, sendo que aproximadamente 60% encontra-se no território brasileiro. Sua geomorfologia é bastante variada, com a presença de planaltos, planícies e depressões. Ela possui um imensurável patrimônio mineral e a maior rede hidrográfica do planeta. Nas águas claras, pretas ou brancas dos rios que drenam a Bacia Amazônica correm 1/5 de toda a água doce existente. Seus rios são condicionados pelo regime das chuvas, que por sua vez dependem da circulação atmosférica dentro da zona intertropical sulamericana e dos deslocamentos das massas de ar. Seu clima predominante é quente e úmido, com temperatura média anual em torno de 25°C, com chuvas torrenciais bem distribuídas o ano todo; as precipitações geralmente ultrapassam a 2.000 mm/ano (CÁUPER et al. 2006). Sob o ponto de vista legal, a Amazônia Brasileira foi criada em 1953, através da Lei 1.806, de 06 de Janeiro de 1953 (Lei de criação da Superintendência de Valorização Econômica da Amazônia - SPVEA), e compreendia os estados do Pará e do Amazonas, os Territórios Federais do Acre, Amapá, Guaporé e Rio Branco (atuais estados do Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, respectivamente), e ainda, parte do estado do Mato Grosso (norte do paralelo 16º, de latitude Sul), do estado de Goiás (norte do paralelo 13º, de latitude Sul, atualmente estado do Tocantins) e do Maranhão (oeste do meridiano de 44º). Com esse dispositivo a Amazônia Brasileira passou a ser chamada de Amazônia Legal, devido à necessidade do governo de planejar e promover o desenvolvimento da região (MEIRELLES FILHO, 2004; ADA, 2009). A Amazônia é habitada por cerca de 21 milhões de pessoas. Destas, 14 milhões vivem em áreas urbanas. Na época da chegada dos europeus na América do Sul, estima-se que a Amazônia abrigava cerca de cinco milhões de indígenas, distribuídos em vários grupos étnicos, cada qual com a sua própria língua e cultura. A população indígena declinou significativamente nos últimos 500 anos como resultado da interação com populações humanas provenientes de outras regiões. Portanto, traçar um perfil da população na região deve levar em conta vários aspectos, como por exemplo, a expressiva migração para a região que aconteceu durante a implantação de grandes projetos. Entretanto, os principais 16 representantes da cultura amazônica são as populações tradicionais (caboclos e índios). Fortemente enraizadas na floresta, essas populações são consideradas extremamente importantes para a conservação ambiental, já que conhecem a mata e, cada vez mais, têm a sensibilidade para mantê-la em pé (SANTOS, 2005; SILVA, 2007). A Amazônia possui peculiaridades que tornam sustentável tamanha vastidão verde. Nesse contexto, pode-se destacar a extraordinária continuidade das florestas, a grandeza de sua rede pluvial e a capacidade de auto-sustentação. Uma característica marcante desta floresta é a grande variabilidade encontrada, a qual pode ser destacada pelos rios, plantas e animais. Apresenta-se como um dos ecossistemas mais complexos e sensíveis que se conhece. Todos os elementos (clima, solo, fauna e flora) estão estreitamente relacionados entre si e não se pode considerar nenhum deles como principal (SCHUBART, 1983; CÁUPER et al. 2006; MELO, 2006). A diversidade de espécies que ocorrem no Brasil é a maior do mundo para as plantas superiores, peixes de água doce e mamíferos; a segunda para anfíbios; a terceira para aves e a quinta para répteis. São cerca de 50.000 espécies de vegetais, 425 de mamíferos (dos quais 172, endêmicos), 427 anfíbios (366 endêmicos), 1.300 espécies de aves (263 endêmicas), 371 répteis (260 endêmicos), aproximadamente 3.400 espécies de peixes de água doce e uma estimativa de 10 a 15 milhões de insetos (LEWINSOHN; PRADO, 2002; LEWINSOHN et al., 2005b). A região Amazônica é a grande responsável por boa parte da riqueza natural do país. Com 5,5 milhões de quilômetros quadrados, possui nada menos que um terço de todas as espécies vivas do planeta. No rio Amazonas e em seus mais de 1.000 afluentes, estima-se que haja quinze vezes mais peixes que em todo o continente europeu. Apenas um hectare da floresta pode conter até 300 espécies de árvores. A floresta temperada dos Estados Unidos possui 13% do número de espécies de árvores da Amazônia. Atualmente é considerada a grande "caixa-preta" da biodiversidade mundial (LEWINSOHN; PRADO, 2002). Em relação à formação vegetal amazônica, esta se apresenta como um grande mosaico de ecossistemas originados por processos geológicos, climáticos e hidrológicos. Devido à inter-relação que ocorre entre esses processos, basicamente pode ser dividida em vegetação de terrenos holocênicos, frequentemente inundados, e em vegetação de terra firme, ou seja, em terrenos mais antigos que o Holoceno, uma vez que se encontram pelo menos a alguns metros acima do nível mais alto dos rios locais. São divididos em três grandes categorias: (1) Matas de Terra Firme: situadas em terras altas, distantes dos rios, sujeitas a alterações; são formadas por árvores alongadas e finas e algumas com diâmetro avantajado, possuindo grande 17 quantidade de espécies de madeira de alto valor econômico; (2) Matas de Várzea: são próprias das áreas periodicamente inundadas pelas cheias dos rios, e apresentam maior variedade de espécies devido a esse processo; (3) Matas de Igapós: situam-se em áreas baixas, próximas ao leito dos rios, permanecendo inundadas durante quase o ano todo. As árvores são altas, com raízes adaptadas às regiões alagadas (SCHUBART, 1983). A terra firme é o ecossistema de maior expressividade e de grande complexidade na composição, distribuição e densidade das espécies. Ocupam cerca de 80% da Amazônia. Em função das características de cada região formam diversos tipos de florestas nas terras altas, não alagáveis, com a predominância da mata alta, rica em biomassa, estendendo-se por grandes áreas do Planalto Amazônico, escudos cristalinos e terraços pleistocênicos (RIBEIRO, 1999, CÁUPER et al., 2006; MELO, 2006). Em estudo desenvolvido em uma floresta de terra firme, por Ribeiro et al. (1999), na Reserva Florestal Ducke, estado do Amazonas, foram identificadas todas as famílias botânicas com predominância em número de espécies, das famílias Annonaceae, Arecaceae, Melastomataceae, Mimosaceae, Myrtaceae e Rubiaceae, algumas com grande potencial para o extrativismo vegetal. Até hoje, aproximadamente 20 espécies são mundialmente conhecidas e utilizadas por madeireiros e poucas são conhecidas como frutíferas ou por suas propriedades medicinais. A única possibilidade de conhecer mais sobre esses recursos por meio de pesquisas científicas demonstrando a importância dos recursos florestais não madeireiros para o incremento da economia na região amazônica. As florestas de várzea representam de 5 a 10% da Amazônia, estão situadas nas planícies inundadas pelas enchentes anuais dos rios de água branca. São ricas em material sedimentável e normalmente apresentam menor diversidade do que a terra firme, abrigando animais e plantas adaptados a condições hidrológicas sazonais. Neste ambiente os fatores fundamentais para a manutenção da biodiversidade são os processos físicos e biológicos, principalmente os ciclos hidrológicos e de sedimentação. Além disso, apresentam grande potencial para a agricultura, principalmente culturas de ciclo curto (JUNK, 1980; RIBEIRO et al., 2004; FERREIRA et al., 2005; GAMA et al., 2005). Entretanto, apesar do elevado potencial desses ecossistemas, o cenário atual é caracterizado principalmente pela exploração florestal desordenada, provocando danos significativos aos mesmos. Diante disso, se faz necessário soluções diferenciadas para sua utilização. As pressões que se delineiam sobre os recursos naturais e os espaços deste ecossistema tornam urgente a formulação de políticas públicas bem fundamentadas, que garantam a obtenção de um equilíbrio entre conservação da natureza e produção econômica 18 sustentável, pois o processo de desmatamento, destruição de paisagens naturais e mudanças no uso da terra são sempre mais velozes do que o processo científico de descrição de novas espécies ou descobrimento de compostos naturais para uso medicinal ou industrial (BECKER, 2001; VIEIRA et al., 2005, MELO, 2006). 2.2 As Florestas de Terra Firme e de Várzea no Estado do Amapá O Amapá tem 72% de sua área protegida por lei, onde se encontram regiões de conservação ambiental e reservas indígenas. Aproximadamente 5% de sua área de 143.453,7 Km² foi desmatada. Assim, a floresta virgem, que ocupa 70% do território, conserva sua biodiversidade praticamente intacta (SANTOS, 2005; SILVA, 2007). Os ecossistemas amapaenses, devido ao seu clima equatorial super-úmido, apresentam-se sob a forma de floresta, riquíssimas dentro de sua variedade vegetal, e está dividida em: floresta de terra firme, não atingida pelas inundações; floresta de várzea, inundada apenas durante a cheia dos rios; campos que apresentam três aspectos: os campos inundáveis, os campos cerrados e os campos limpos (MORAIS, 2000). A floresta densa de terra firme é o tipo de vegetação mais representativo do estado do Amapá, cuja área de distribuição corresponde a uma superfície aproximada de 103.081,58 Km2, o equivalente a mais de 2/3 de todo o território estadual. Dentre as características da floresta densa de terra firme se destacam; a máxima diversidade por unidade de área, a estrutura de alto porte, as estratificações diferenciadas segundo tipologias locais e freqüentes níveis de especialização, incluindo formas de dominância, endemismo, raridade e gregarismo de muitas espécies. Esse ecossistema é considerado uma referência quando se discute a biodiversidade amazônica (ZEE, 2002). Todavia, é claramente reconhecida a insuficiência de informações a respeito, incluindo a própria diversidade florística, faunística e o aproveitamento dos seus estoques naturais. Em geral, as maiores considerações sobre esse tipo de floresta são atribuídas às suas espécies emergentes, à freqüência de essências madeireiras e aos diâmetros avantajados dos troncos. Entretanto, a importância desse ecossistema dá-se, também, pelo conjunto de outras variáveis, dentre as quais destacam-se a freqüência de essências oleaginosas, resiníferas, aromáticas, medicinais e a produção de frutos comestíveis (ZEE, 2002). A floresta de várzea constitui o segundo maior ambiente florestado do estado do Amapá, considerando estrutura, diversidade e representatividade espacial. Sua área de abrangência e maior concentração ocorrem principalmente em margens de rios de águas 19 brancas (barrenta), onde, de certo modo, passa a ser regulada pelos regimes de marés. Na medida em que se avalia o comportamento desse ambiente, a partir das áreas estuarinas para o interior do continente, observa-se profunda redução florística possivelmente ligada às alterações físico-químicas das águas desses rios. As maiores florestas de várzea do Estado ocorrem ao longo da orla amazônica, adentrando pelos estuários e baixos cursos dos inúmeros rios que aí deságuam (ZEE, 2002; CARIM et al., 2008). Diante das alterações hidrológicas comuns a estes ambientes, muitos animais possuem adaptações morfológicas, anatômicas, fisiológicas e/ou etológicas que facilitam a sobrevivência durante a fase precária e permitem a colonização rápida das áreas à disposição na fase favorável. A estas estratégias de sobrevivência pertencem as migrações verticais e horizontais. Inúmeras espécies de organismos depositam ovos ou estágios permanentes que são resistentes à água que se desenvolvem durante a próxima seca. Este é um tipo de estratégia de sobrevivência não somente em animais terrestres, mas também em muitos pequenos animais aquáticos, como é o caso de muitas espécies de zooplâncton, de esponjas, etc. Para substituir rapidamente as perdas sofridas durante a fase desfavorável, os animais têm adaptações, como os ciclos de vida curtos e altas taxas de reprodução, por exemplo grande número de ovos ou reprodução assexuada na maioria dos pequenos invertebrados (JUNK, 1980, FERREIRA et al., 2005; MELO, 2006). Em estudos realizados por Queiroz (2004), em florestas de várzea no estuário do rio Amazonas, foram identificadas 116 espécies vegetais, pertencentes a 89 gêneros e 38 famílias. As famílias mais representativas foram Arecaceae, correspondendo a 43,9% do total de indivíduos coletados, Mimosaceae (11,4%) e Caesalpiniaceae (10,9%). Algumas espécies dessas famílias são extremamente importantes para as comunidades locais, das quais podem ser citadas; o murumuru (Astrocaryum murumuru), o açaí (Euterpe oleracea) e a bacaba (Oenocarpus bacaba). Além dessas famílias predominantes, outras que ocorreram com baixa freqüência apresentam espécies com potencial para o extrativismo, como Anacardiaceae, Annonaceae, Melastomataceae, Moraceae, Myrtaceae, Rutaceae e Sapotaceae. Em relação aos estudos com insetos neste ambiente, ainda são incipientes, embora sejam de grande importância para elucidar a diversidade local e compreender a dinâmica populacional desse grupo. 20 2.3 Fruticultura na Amazônia O Brasil vem se destacando, em nível mundial, como um importante produtor de frutas, especialmente as tropicais e subtropicais, como mamão, citros, manga, maracujá, abacaxi, banana, goiaba, abacate, dentre outras (SÃO JOSÉ, 2003). Hoje é considerado o terceiro maior produtor de frutas frescas do mundo e é um dos segmentos agrícolas de maior relevância nacional, uma vez que produz anualmente em torno de 40 milhões de toneladas, correspondendo a aproximadamente 25% do valor da produção agrícola do país, além de gerar em torno de cinco milhões de empregos diretos e contribuir com uma receita bruta anual da ordem de 15 bilhões de reais (BASA, 2008). Em relação à Amazônia brasileira, a fruticultura é a quarta principal atividade econômica, depois do minério de ferro, da madeira e da pecuária. Entretanto, do ponto de vista social, é a atividade que apresenta o maior potencial de distribuição de renda para a população, por envolver milhares de pequenos produtores, além das indústrias processadoras, garantindo a fixação do homem no campo e a geração de empregos (BASA, 2008). Por outro lado, apesar da elevada produção anual e do reconhecido potencial de crescimento nesse segmento, especialmente no que diz respeito ao acesso a mercados de frutas frescas tropicais, o acesso de produtos brasileiros em mercados internacionais não se dá na mesma proporção, uma vez que o Brasil ocupa apenas o vigésimo lugar entre os países exportadores, fazendo com que a comercialização dependa quase que exclusivamente do mercado interno (DÓRIA et al., 2004). Entre os fatores que contribuem para esse baixo volume de exportação, encontram-se barreiras políticas, perdas na produção e pós-colheita e os problemas fitossanitários. Estes últimos são considerados uma das principais barreiras a serem vencidas, pois mesmo a fruticultura tendo qualidade e potencial produtivo, os países importadores restringem ao máximo a comercialização por meio de medidas quarentenárias rigorosas (SOUZA FILHO, 2006). Muitos desses problemas surgiram com a modernização da agricultura na década de 1960, fundamentada na adoção de práticas como a simplificação dos agroecossistemas por meio da admissão de sistemas de produção baseados na monocultura, sobreposição de ciclos culturais, mecanização intensiva, irrigações pesadas, adubações muitas vezes excessivas, especialmente aquelas que fazem uso de fertilizantes altamente solúveis e uso indiscriminado e massivo de agrotóxicos, portanto com alto aporte e dependência de insumos externos de alto custo (HORNE; MCDERMOTT, 2001). 21 Embora essas práticas agrícolas tenham impulsionado a produção mundial de alimentos para patamares nunca antes alcançados, ainda nos anos 60, efeitos negativos da adoção dessas práticas, tais como erosão, contaminação dos solos e mananciais, perda da diversidade da fauna e flora, ressurgimento e resistência de pragas aos agrotóxicos, começaram a ser percebidos. Observa-se atualmente que um número cada vez maior de segmentos da sociedade tem percebido a fragilidade do modelo vigente de desenvolvimento da agricultura, evidenciando uma necessidade cada vez maior de um desenvolvimento sustentável que considere a integração de fatores econômicos, sociais e ecológicos (ALTIERI, 2002). Nesse contexto, apesar dos possíveis problemas fitossanitários, o desenvolvimento da fruticultura na Amazônia brasileira apresenta grande potencial para implantação de um modelo sustentável de produção, uma vez que essa atividade é praticada também em Sistemas Agroflorestais (SAFs), forma de uso sustentável da terra que combina simultaneamente ou seqüencialmente o plantio de diferentes espécies frutíferas e florestais, na mesma unidade de terra, contribuindo significativamente para a manutenção e sustentabilidade desses agroecossistemas e para a conservação da biodiversidade (GAMA-RODRIGUES et al., 2006). Os SAFs também contribuem para a recuperação de áreas degradadas e são uma excelente alternativa de uso da terra, principalmente na região amazônica, onde existem mais de 58 milhões de hectares desmatados (NASCENTE, 2003). Diante do exposto, os sistemas agroflorestais constituem uma opção viável e sustentável para a recuperação e utilização contínua de áreas de várzea e terra firme já alteradas no Amapá, pois criam um ambiente com características ecológicas próximas do ecossistema original, além de conservar parte da diversidade florestal da região. Além disso, ocupam pequenas áreas, possibilitando a obtenção de resultados satisfatórios ao agricultor e a manutenção e sustentabilidade do agroecossistema (SILVA et al., 2004). Outros fatores que contribuem para o desenvolvimento desse segmento na Amazônia são: oferta de produtos diferenciados pelo seu sabor peculiar, características edafoclimáticas propícias à implementação da atividade e riqueza de espécies nativas cujo potencial produtivo e econômico ainda não foi devidamente explorado. Segundo Cavalcante (1996), na Amazônia brasileira existem aproximadamente 200 espécies de frutos comestíveis, das quais metade está representada por frutíferas nativas, sendo que muitas delas ocorrem somente em ambiente silvestre. Neste cenário, o estado do Amapá, integrante da Amazônia Legal, é considerado o mais preservado da federação. Assim, proposições que visem o desenvolvimento do setor 22 agrícola e florestal no Estado requerem, necessariamente, que sejam levadas em consideração suas características ecológicas, uma vez que a maioria de suas áreas protegidas formam, conjuntamente, o “Corredor de Biodiversidade do Amapá”, projeto de longa duração que visa conciliar a conservação da natureza com o desenvolvimento social e econômico (SILVA, 2007). Deste modo, a fruticultura é uma atividade promissora para o Amapá, tanto para produção de frutos frescos como para a produção de polpa, suco ou doces, em agroindústrias. Em que pese o fato de a produção de frutas ainda ser incipiente e voltada para o mercado local, deve-se considerar que diversas espécies vegetais têm importância econômica para a população local, sendo cultivadas em quintais residenciais, especialmente no meio rural. Geralmente, a família consome os frutos in natura ou na forma de sucos ou doces, sendo o excedente comercializado na forma de polpa (SILVA et al., 2004). 2.4 Dípteros frugívoros 2.4.1 Aspectos gerais Os artrópodes representam aproximadamente 80% das espécies animais. Além do maior número de espécies, são os mais diversos e abundantes, com papel vital em todos os ambientes da Terra, e o grupo com maior perspectiva evolutiva (CONSTANTINO et al. 2002). Inserida neste grupo, a Ordem Diptera apresenta grande diversidade taxonômica e distribui-se praticamente em todas as regiões biogeográficas. São conhecidas cerca de 120.000 espécies, agrupadas em mais de 100 famílias. São insetos holometabólicos, com hábitos bastante variados, no entanto é rica em decompositores (54%) e predadores (24%) (GILLOTT, 2005; KITCHING et al., 2005). As larvas desses insetos podem se desenvolver tanto em meio aquático como em meio terrestre. As larvas que se desenvolvem em meio terrestre vivem em matéria orgânica em decomposição, carcaças de animais mortos, excrementos; algumas são inimigos naturais de insetos ou parasitos, tanto do homem como de animais, e outras auxiliam na polinização de plantas úteis ou no combate de plantas daninhas. Os adultos, em geral, são terrestres e polífagos, alimentando-se de inúmeras substâncias, a maioria é de vida livre, mas existem espécies parasitas na forma adulta. Muitas espécies apresentam importância médica, veterinária e agrícola (BORROR; DELONG, 1969; GALLO et al., 2002; TRIPLEHORN; JOHNSON, 2005). 23 Do ponto de vista agrícola, têm importância as moscas-das-frutas cujas larvas atacam frutos de várias espécies; a mosca-da-madeira, cujas larvas abrem galerias nos troncos das árvores; as espécies minadoras, cujas larvas abrem galerias nas folhas, além de larvas que atacam as raízes de plantas. Com relação à importância médica, têm-se os insetos sugadores de sangue, que podem transmitir agentes causais de doenças como malária, febre amarela e dengue. A mosca-doméstica, em contato com os alimentos, pode transmitir ocasionalmente disenteria. Entre as moscas de interesse veterinário, destacam-se as varejeiras (bicheiras) e a mosca-do-berne, parasito de animais vertebrados e também do homem (GALLO et al., 2002). 2.4.2 Características morfológicas A grande diversidade estrutural encontrada nos dípteros reflete a variedade de nichos que eles exploram. O tamanho dos adultos varia de 0,5 mm a vários centímetros; a cabeça em geral é móvel, com olhos compostos grandes, laterais, ocupando grande parte da cabeça; ocelos ausentes ou em número de três, nesse caso ocupam o vértice numa disposição denominada triângulo ocelar; as antenas apresentam formas e tamanhos variados e são taxonomicamente importantes. Aparelho bucal sugador labial, com o lábio alongado e sulcado formando a probóscide ou tromba. Mesotórax, em geral, desenvolvido, com um par de asas membranosas com nervuras mais ou menos ramificadas. O par posterior de asas é atrofiado, sendo chamado de halteres ou balancins, composto de uma parte afilada, o pedicelo, e uma dilatação na extremidade, o capítulo, que tem função de equilíbrio durante o vôo. Pernas ambulatórias. Abdome com o primeiro segmento bastante reduzido, fundido ao segundo. Os últimos são transformados em genitálias, que nas fêmeas de certos grupos são em formas de tubo, que encerra o acúleo através do qual o ovo é colocado endofiticamente, como nas moscas-das-frutas (BORROR; DELONG, 1969; MCALPINE et al., 1981; GALLO et al., 2002; GILLOTT, 2005). 2.5 Biologia de dípteros frugívoros As moscas-das-frutas são espécies conhecidas mundialmente como pragas da fruticultura, em virtude dos danos que causam à produção. As fêmeas depositam seus ovos no interior dos frutos, onde, além de facilitar a entrada de organismos patogênicos, as larvas se desenvolvem alimentando-se da polpa, tornando-os impróprios para o consumo in natura e comercialização (BATEMAN, 1972; MALAVASI, 2001). 24 O ciclo de vida desses insetos ocorre em três ambientes: vegetação, fruto e solo. Os adultos habitam a planta hospedeira ou plantas vizinhas, onde passam a maior parte do tempo (MALAVASI; BARROS, 1988). A oviposição é feita em frutos na fase de amadurecimento, maduros e caídos no solo, no início do processo de decomposição. Fatores ambientais como temperatura, luminosidade, forma, tamanho e características da superfície dos frutos, influenciam o processo de oviposição. Para localizar corretamente o fruto, a fêmea utiliza estímulos visuais e olfativos detectados por estruturas localizadas nas antenas, tarsos, probóscide e ovipositor (MORGANTE, 1991). A fêmea percorre toda a superfície do fruto, tocando-o com a parte anterior da cabeça, o labelo e o sintergosternito 7 (bainha do ovipositor). Nessa etapa, a mosca analisa as características físicas (tamanho e formato) e químicas do fruto. Após este evento, ela insere o acúleo na polpa do fruto, mantendo a “bainha do ovipositor” em posição perpendicular à superfície (SUGAYAMA; MALAVASI, 1995). Posteriormente, deposita seus ovos no fruto, de onde eclodem as larvas. O processo de embriogênese varia de acordo com a espécie. Em média, a 25ºC, dura 72 horas para Anastrepha fraterculus (Wiedemann) e 48 horas para Ceratitis capitata Wiedemann. No fruto, as larvas se desenvolvem alimentando-se da polpa. Ao final do terceiro ínstar, as larvas se enterram no solo para se transformar em pupas. Neste local ocorre a metamorfose e os imagos emergem dos pupários e reiniciam um novo ciclo. A emergência ocorre geralmente nas primeiras horas do dia. Logo após, os adultos procuram alimento, por exemplo líquidos de frutos atacados, exsudação de cochonilhas, dentre outros (MORGANTE, 1991). As diferentes espécies de moscas-das-frutas alimentam-se na fase imatura tanto de frutos de plantas cultivadas como silvestres. Os adultos alimentam-se basicamente de néctar, sucos de frutos, seiva, pólen, fezes de pássaros e outros alimentos encontrados na superfície de folhas e frutos (CHRISTENSON; FOOTE, 1960; BATEMAN, 1972). Pólen, fezes de pássaros e alimentos encontrados nas superfícies das folhas e frutos são as maiores fontes de proteínas, enquanto néctar e sucos de frutos são as maiores fontes de carboidratos; vitaminas e sais minerais são encontrados em todas as fontes. Os adultos podem viver longos períodos alimentando-se somente de carboidratos, mas as glândulas dos machos e o desenvolvimento de ovários nas fêmeas podem depender de fontes protéicas externas (FERRO; ZUCOLOTO, 1989). 25 2.6 Plantas hospedeiras de dípteros frugívoros Existem várias razões pelas quais interações entre insetos e plantas recebem uma grande atenção de biólogos e agrônomos. Atualmente reconhece-se que a relação entre insetos e plantas tem uma importância crucial para o conhecimento da biodiversidade terrestre (LAWTON, 1983; PRICE, 2002). Segundo Price (2002), a relação alimentar do tipo insetoplanta ocorre em mais de 40% da biodiversidade mundial, estando a maioria concentrada em florestas tropicais. Estudos que demonstram a relação entre insetos herbívoros e frutos carnosos estão concentrados em um grupo taxonômico de moscas herbívoras (Diptera: Tephritidae) por ser o principal grupo que ataca este tipo de frutos e de plantas de interesse comercial (ZUCCHI, 2000). Os tefritídeos têm sido estudados extensivamente nos trópicos como pragas em áreas agrícolas, mas em áreas florestais com vegetação nativa foram pouco pesquisados. Recentemente, estudos relativos às suas plantas hospedeiras em reservas florestais tem sido intensificados e muitas informações importantes para se compreender melhor os padrões do uso de plantas hospedeiras e os processos ecológicos e evolutivos dos insetos, têm sido obtidas (URAMOTO, 2007). Este tipo de pesquisa é ilustrado no estudo com as espécies frugívoras da subfamília Dacinae (Tephritidae), realizado em uma floresta tropical em Papua Nova Guiné, em que foram determinadas as associações com as plantas hospedeiras, a abundância e o número de espécies que infestam as várias espécies de plantas (NOVOTNY et al., 2005). Segundo Loyola et al. (2006), o uso de hospedeiros por espécies de insetos fitófagos está geralmente restrito a plantas filogeneticamente próximas, muitas vezes de uma única família ou gênero. Espécies de plantas taxonomicamente (ou filogeneticamente) relacionadas freqüentemente apresentam compostos químicos muito similares e podem ser incluídas como novas hospedeiras de um animal herbívoro mais facilmente que plantas não relacionadas. Segundo Zucchi (2007), do total de espécies de moscas-das-frutas registradas no Brasil, para apenas 47% delas são conhecidos pelo menos uma espécie vegetal hospedeira. Sendo assim, levantamentos com amostragem de frutos são extremamente importantes, principalmente em áreas de florestas, onde são pouco realizados. Para Zucchi (2000), a identificação desses hospedeiros é de fundamental importância do ponto de vista prático para a implementação do manejo integrado das espécies-praga. O registro de distribuição geográfica e plantas hospedeiras precisam ser catalogados, tornando-se, assim, uma referência básica para os técnicos envolvidos com problemas quarentenários. 26 2.7 Dípteros frugívoros de importância econômica no Brasil Atualmente os dípteros frugívoros considerados de importância econômica para o Brasil pertencem à família Tephritidae. Esta família apresenta 4.448 espécies agrupadas em 484 gêneros (NORRBOM, 2004), dos quais somente seis são de importância econômica: Anastrepha Schiner, Bactrocera Macquart, Ceratitis MacLeay, Rhagoletis Loew, Dacus Hendel e Toxotrypana Gerstaecker. Destes, vinte espécies de tefritídeos são responsáveis por enormes perdas na produção de frutos (NORRBOM, 1998). As espécies de importância econômica para o Brasil pertencem a três gêneros: Anastrepha, Bactrocera e Ceratitis. O gênero Anastrepha, restrito à região Neotropical, possui atualmente 212 espécies conhecidas (URAMOTO, 2007). No Brasil, 102 espécies já foram assinaladas. Destas, seis são particularmente importantes, devido aos danos que causam: A. striata (Schiner), A. obliqua (Macquart), A. fraterculus (Wiedemann), A. grandis (Macquart), A. pseudoparallela (Loew) e A. zenildae Zucchi (ZUCCHI, 2000; URAMOTO; ZUCCHI, 2009). A representante do gênero Ceratitis no Brasil é C. capitata (mosca-do-mediterrâneo), que está distribuída em quase todas as áreas tropicais e temperadas quentes do mundo. Essa espécie foi introduzida no Brasil no início do século XX e atualmente encontra-se distribuída em vários estados do país (ZUCCHI, 2000). Na região Norte já foi assinalada nos estados de Rondônia, infestando goiaba (Psidium guajava L.) (RONCHI-TELES; SILVA, 1996); Pará, em frutos de carambola (Averrhoa carambola L.) e acerola (Malpighia glabra L.) (SILVA et al., 1998), e em Tocantins, coletada em pomares e áreas de mata nativa, utilizando-se armadilhas tipo McPhail, com hidrolisado enzimático (BOMFIM et al., 2004). No entanto, o gênero Ceratitis é composto por aproximadamente 65 espécies que ocorrem principalmente na África tropical (ZUCCHI, 2000). Durante muito tempo, Bactrocera foi considerado subgênero de Dacus. A mosca-dacarambola, Bactrocera carambolae Drew e Hancock, é a única espécie do gênero introduzida no continente americano. Foi coletada no Suriname, em 1975 (SAUERS-MULLER, 1991). Em 1989, foi detectada na Guiana francesa (WHITE e ELSON-HARRIS, 1994) e, em 1996, foi detectada no Brasil, no município de Oiapoque, estado do Amapá e, posteriormente, em fevereiro de 2007, foi detectado no Pará um foco da praga, no Distrito de Monte Dourado, município de Almeirim (MALAVASI, 2001; ROCHA, 2008). Após um ano de trabalho, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) declarou oficialmente, no dia 31 de março, a erradicação do foco da mosca-da-carambola no Vale do Jari, região que 27 compreende os municípios de Laranjal do Jari (AP), Vitória do Jari (AP) e o Distrito Monte Dourado (PA) (MAPA, 2008). Muitos países da região perderão muito dinheiro se a mosca-da-carambola se estabelecer permanentemente. Um estudo conduzido pelo United States Department of Agriculture/Animal Plant Health Inspection Service, em 1995, estimou as perdas dos países para os quais o risco de estabelecimento é maior. A estimativa para perdas em campo varia de 2,5% para caju, fruta-pão e acerola a 50% para carambola. Economicamente, isso representaria para o Brasil uma perda anual de aproximadamente US$ 58 milhões de dólares (MALAVASI, 2001). Em relação aos gêneros Rhagoletis e Toxotrypana, no Brasil, são de pouca expressão econômica. Contudo, há registros de espécies do gênero Toxotrypana no país. No entanto, T. curvicauda Gerstaecker, que tem importância econômica de fato, ainda não foi detectada (ZUCCHI, 2000). 2.8 Estudo de comunidades Um assunto fundamental em ecologia é a identificação de fatores que determinam os padrões de biodiversidade e, mais precisamente, as causas que contribuem para a variabilidade de espécies entre comunidades locais (TUOMISTO et al., 2003). Ecologia de comunidades, portanto, é o estudo de padrões na estrutura e no comportamento de assembléia de espécies que ocorrem juntas no espaço e no tempo. Assim, o interesse dos ecólogos de comunidades é saber como agrupamentos de espécies estão distribuídos e as maneiras pelas quais tais agrupamentos podem ser influenciados tanto por fatores abióticos quanto bióticos (BEGON et al., 2007). Os fatores abióticos podem causar grandes flutuações na abundância dos insetos. Variações climáticas podem afetar o crescimento, a reprodução e a dispersão das espécies. A temperatura é um dos fatores que limitam o crescimento das populações e pode atuar em qualquer estágio do ciclo de vida, afetando a fecundidade e a sobrevivência (SPEIGHT et al. 1999). Os fatores bióticos são críticos na determinação e nas flutuações na abundância dos indivíduos. A ação dos inimigos naturais, aliada à competição entre os indivíduos da população, são postulados como principais fatores de regulação populacional. Os fatores que causam mortalidade de insetos são de grande interesse em ecologia de populações e manejo de pragas (DENT; WALTON, 1997). 28 A riqueza de espécies constitui a medida mais simples disponível para quantificar a diversidade de uma amostra, de um local ou de uma região. A variação em riqueza de espécies dentro de uma única região parece ser o resultado de processos ecológicos também locais como, por exemplo interação entre espécies e heterogeneidade de habitats (TOKESHI, 1999). Sendo assim, a riqueza em espécies nos fornece uma importante base para a comparação entre comunidades, no entanto é pouco informativa a respeito da freqüência relativa de cada espécie, o quão comuns ou raras algumas espécies são em determinadas comunidades. Portanto, a diversidade (medida que incorpora tais informações) pode ser mais informativa dependendo do tipo de estudo realizado (MAGURRAN, 2004; LOYOLA, et al., 2006). Estudos demonstrando a riqueza em espécies de dípteros frugívoros em matas tropicais têm sido desenvolvidos em várias regiões do mundo (FLETCHER, 1998; DREW; RAGHU, 2002; NOVOTNY et al., 2005). Do ponto de vista prático, estes estudos são fundamentais para o desenvolvimento de técnicas de manejo das populações desses insetos, além de fornecerem subsídios à elaboração de projetos na área de fruticultura nas diferentes regiões estudadas (BOMFIM et al., 2007). Além disso, podem fornecer grande parte das informações para se compreender a biologia, ecologia e evolução dos mesmos, pois existe uma guilda de insetos pertencentes a esse grupo que são endêmicos de florestas tropicais, podendo, ainda, ser considerados organismos indicadores para avaliar o impacto das mudanças dos habitats. No entanto, estudos populacionais envolvendo dípteros frugívoros em mata nativa preservada são raros (BATEMAN, 1972; ALUJA et al., 2003). No Brasil, estudos com dípteros frugívoros em ambientes naturais são escassos. No entanto, recentemente foram desenvolvidos estudos na Reserva Florestal Adolpho Ducke, estado do Amazonas, onde foram coletadas 12 espécies do gênero Anastrepha (considerado o de maior expressão econômica no Brasil) e oito novas espécies (COSTA, 2005). Na Reserva Natural Vale do Rio Doce, estado do Espírito Santo, foram coletadas 21 espécies do gênero Anastrepha, com cinco novos registros para o Estado e um novo registro para o Brasil, além de cinco espécies novas (URAMOTO, 2007). De maneira geral, as populações de insetos mais estudadas são as que de alguma forma causam prejuízos econômicos ao homem. No entanto, estes estudos têm sido pontuais no tempo e com enfoque no manejo e/ou na redução dessas populações. No momento em que a agricultura busca tecnologias alternativas que possibilitem a diminuição do uso de agrotóxicos, os estudos envolvendo ecologia das populações assumem papel de destaque (JESUS, 2005). Sendo assim, a detecção e avaliação de processos reguladores da composição 29 em espécie de uma comunidade são, portanto, fundamentais para o desenvolvimento de técnicas de manejo e contribuem para o melhor entendimento dos padrões de diversidade encontrados na natureza (LOYOLA et al., 2006). 30 3. OBJETIVOS 3.1 Geral Caracterizar a composição da fauna de dípteros frugívoros em áreas de florestas de várzea e de terra firme no estado do Amapá. 3.2 Específicos Elaborar uma lista de espécies de dípteros frugívoros nos dois ecossistemas; Verificar a associação de dípteros frugívoros com espécies vegetais silvestres; Estudar a composição da comunidade de dípteros frugívoros e elaborar a análise faunística dessas espécies em florestas de várzea e de terra firme; Analisar comparativamente a riqueza, a abundância e a diversidade de espécies de dípteros frugívoros nesses dois ecossistemas. 31 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Áreas de Estudo Os estudos foram conduzidos em duas parcelas permanentes, ambas medindo 1,0 ha. A primeira está localizada em uma floresta de várzea, no Campo Experimental da Embrapa Amapá, no município de Mazagão (00º06’51.4”S e 51º16’32.3”W), e a segunda em uma floresta de terra firme, na comunidade do Cupixi, município de Porto Grande (00º37’57.9”N e 51º48’10.0”W). O principal critério adotado na escolha dos locais para a instalação das parcelas foi o de que representassem adequadamente os ecossistemas floresta de várzea e floresta de terra firme e fossem pouco antropizadas. A parcela de várzea foi demarcada em uma região caracterizada como várzea alta, que constitui a faixa que primeiro recebe os sedimentos transportados pelos rios, é a mais fértil e de melhor aeração (Figura 1). Fonte: Google Figura 1. Localização da parcela experimental em floresta de várzea. A parcela de terra firme foi alocada no extrato mais alto da floresta, a canópia, onde estão as árvores emergentes, que chegam a 55m de altura. São árvores como: o mogno (Swietenia macrophylla), castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa), angelim (Vatairea heteroptera), ipê (Tabebuia chrysotricha) e o pau mulato (Calycophyllum spruceanum). A maior parte dessas árvores aloja plantas epífitas (orquídeas, bromélias, cactos) (Figura 2). 32 Fonte: Google Figura 2. Localização da parcela experimental em floresta de terra firme. 4.2. Métodos de coleta de dados 4.2.1 Coleta de frutos Foram realizadas coletas de frutos de diversas espécies vegetais silvestres, no período de junho de 2008 a maio de 2009, nas duas parcelas experimentais. A cada 15 dias era feita uma varredura em toda a área demarcada, coletando-se frutos da planta e recém-caídos no solo. Foram coletadas amostras de frutos pequenos ou grandes, dependendo das características da espécie vegetal e da densidade de plantas na área (Figura 3A). A B Fotos: Arquivos do Laboratório de Entomologia da Embrapa Amapá Figura 3. A - Amostra de frutos de taperebá coletada em campo; B - Acondicionamento de frutos em caixas térmicas para transporte até o laboratório. 33 Os frutos foram acondicionados em caixas térmicas e conduzidos ao Laboratório de Entomologia da Embrapa Amapá, em Macapá (Figura 3B). Em laboratório, o processamento das amostras de frutos foi feito de acordo com Silva et al. (2007a). Os frutos foram contados, pesados e dispostos em bandejas de plástico, sobre uma fina camada de areia esterilizada que serve de substrato para empupação (Figura 4A). As bandejas foram cobertas com tecido de organza, presas por ligas de borracha (Figura 4B). A cada três dias a areia foi examinada e os pupários retirados (Figura 4C), com o auxílio de espátulas, sendo transferidos para frascos de plástico transparente (8cm de diâmetro), com tampa vazada e coberta por organza, contendo uma fina camada de vermiculita umedecida (Figura 4D). Após vinte dias as amostras eram descartadas. 5mm A B C D Fotos: Arquivos do Laboratório de Entomologia da Embrapa Amapá Figura 4. A - Frutos acondicionados em bandejas para a obtenção de pupários; B - Sala de obtenção de pupários; C - Pupários de moscas-das-frutas; D - Pupários de dípteros acondicionados em frascos contendo vermiculita para a obtenção de adultos. Os frascos foram dispostos em câmaras climatizadas, sob condições controladas de temperatura (26,5±0,5ºC), umidade relativa do ar (70±5%) e fotofase (12 horas), sendo observados e umedecidos diariamente (Figura 5A). Após emergirem, os insetos foram acondicionados em frascos contendo etanol 70%, devidamente etiquetados e posteriormente identificados (Figura 5B). 34 A B Fotos: Arquivos do Laboratório de Entomologia da Embrapa Amapá Figura 5. A - Frascos dispostos em câmaras com temperatura, umidade e fotofase controladas para a obtenção de adultos; B - Adultos de dípteros conservados em etanol 70%, para posterior identificação. 4.2.2 Coleta e identificação de material botânico Para facilitar a identificação das espécies vegetais, material botânico, especialmente ramos contendo estruturas reprodutivas (flores e frutos) foram coletados e posteriormente herborizados, segundo técnicas habituais de montagem e preservação (FIDALGO; BONONI, 1984). Também foram feitas fotografias digitais de algumas espécies vegetais coletadas. A identificação foi realizada com a utilização de chaves dicotômicas e materiais bibliográficos especializados, como Flora Brasiliensis e Flora Neotropica, além de comparação com o acervo disponível no Herbário Amapaense - HAMAB, do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá – IEPA. A identificação das espécies vegetais foi realizada pelo pesquisador M.Sc. Salustiano Vilar Costa Neto, do IEPA. 4.2.3 Identificação dos insetos Os dípteros frugívoros pertencentes ao gênero Anastrepha foram identificados no Laboratório de Entomologia da Embrapa Amapá, com base na chave de Zucchi (2000) e Stone (1942). Para isso, foram utilizadas somente as fêmeas, por meio do exame dos acúleos extrovertidos, com o auxílio de estereomicroscópio e microscópio óptico (40x), sendo observadas outras características, como padrão alar, mesonoto, mediotergito e subescutelo. A identificação dos outros gêneros contou com colaboração do biólogo Pedro Carlos Strikis, doutorando da Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Departamento de Parasitologia. 35 4.3 Métodos de análise dos dados 4.3.1 Análise dos dados biológicos dos dípteros Esta análise foi realizada por meio das seguintes fórmulas: • Emergência (E): calculada dividindo-se o número de insetos emergidos pelo número total de pupários obtidos dos frutos, multiplicado por cem. E= N° de parasitóides emergidos + N° de moscas emergidas X 100 N° Total de pupários obtidos • Índices de infestação dos frutos (IF e IP): calculado por meio do número de pupários obtidos dividido pelo número de frutos coletados (IF) e peso de frutos (IP) (em quilograma). IF = N° de pupários obtidos N° de frutos coletados e IP = ___N° de pupários obtidos__ Peso (kg) de frutos coletados 4.3.2 Análise de diversidade A análise da diversidade das espécies de dípteros frugívoros foi elaborada baseando-se em Silveira Neto et al. (1976) e Magurran (2004). Foram estimados os seguintes parâmetros: freqüência, dominância, abundância, constância, equitabilidade e diversidade (índices de diversidade de Margalef e Shannon). Estes índices foram calculados usando o programa Anafau (MORAES et al., 2003). Os critérios para as classes de freqüência, abundância e constância foram: § Frequência: É a proporção de indivíduos de uma espécie em relação ao total de indivíduos da amostra. 36 Em que ni: número de indivíduos da espécie i e N: total de indivíduos da amostra. Classes: Super freqüente (SF): freqüência maior que o limite superior do Intervalo de Confiança a 1%; Muito freqüente (MF): freqüência maior que o limite superior do IC a 5%; Freqüente (F): freqüência situada dentro do intervalo de confiança a 5%; Pouco freqüente (PF): freqüência menor que o limite inferior do IC a 5%. § Dominância: Expressa a relação entre o número de indivíduos de uma determinada espécie e o número de indivíduos de todas as espécies encontradas. Uma espécie é considerada dominante quando apresenta frequência superior 1/S, em que S é o número total de espécies na comunidade. DA = dominância da sp A NA , NB, NC, ...... NN = número de indivíduos de espécie A, B, C ...... N. Classes: Super dominante (SD): número de indivíduos maior que o limite superior do IC a 5%. Dominante (D): número de indivíduos situado dentro do IC a 5%. Não dominante (ND): número de indivíduos menor que o limite inferior do IC a 5%. § Abundância: refere-se ao número de indivíduos de uma determinada categoria taxonômica por unidade de superfície ou volume e varia no tempo e no espaço. Classes: Super abundante (sa): número de indivíduos maior que o limite superior do IC a 1%. Muito abundante (ma): número de indivíduos situados entre os limites superiores do IC a 5 e a 1 %; Comum (c): número de indivíduos situados dentro do IC a 5%; Dispersas (d): número de indivíduos situado entre os limites inferiores do IC a 5 e a 1%; Rara (r): número de indivíduos menor que o IC a 1% . 37 § Constância: Porcentagens de amostras em que uma determinada espécie está presente. Em que p: número de amostras com a espécie e N: número total de amostras tomadas Classes: Constante (W): presente em mais de 50% das coletas; Acessória (Y): presente entre 25 a 50 % das coletas; Acidental (Z): espécie presente em menos de 25% das coletas. § Riqueza (S): O número total de espécies observadas na comunidade. § Índice de equitabilidade de Pielou (J’): É derivado do índice de diversidade de Shannon e permite representar a uniformidade da distribuição dos indivíduos entre as espécies existentes (PIELOU, 1966). Seu valor apresenta uma amplitude de 0 (uniformidade mínima) a 1 (uniformidade máxima). Em que: H’: Índice de Shannon e Hmax: é a diversidade máxima possível que pode ser observada se todas as espécies apresentarem igual abundância. Hmax = log S; onde: S é o número total de espécies § Diversidade de Margalef: Refere-se à diversidade de espécies dentro de uma comunidade ou habitat. É um índice simples considerando somente a riqueza de espécies e o logaritmo (base 10 ou natural) do número total de indivíduos. É calculado de acordo com a seguinte equação: Em que: S é o número de espécies amostradas; N é o número total de indivíduos em todas as espécies. § Diversidade de Shannon-Wiener: Mede o grau de incerteza em prever a que espécie pertencerá um indivíduo tomado, ao acaso, de uma amostra com S espécies e N indivíduos. Quanto menor o valor do índice de Shannon, menor o grau de incerteza e, portanto, a 38 diversidade da amostra é baixa. A diversidade tende a ser mais alta quanto maior o valor do índice. É calculado por meio da fórmula: Em que pi: freqüência de cada espécie, para i variando de 1 a S (Riqueza). As curvas cumulativas de espécies foram baseadas em cálculos de rarefação e Chao de primeira ordem (Chao 1). § Rarefação: Consiste em calcular o número esperado de espécies em cada amostra para um tamanho de amostra padrão. O número esperado de espécies é obtido pela equação: Em que E(S) é o número esperado de espécies em uma amostragem aleatória, S é o número total de espécies registradas, N é o número total de indivíduos registrados, Ni é o número de indivíduos da espécie i, e n é o tamanho padronizado da amostra escolhido. O termo é calculado como Chao 1: O método Chao 1 estima a riqueza total, utilizando o número de espécies representadas por apenas um indivíduo nas amostras (singletons), e o número de espécies com apenas dois indivíduos nas amostras (doubletons). A estimativa de riqueza é calculada pela equação: Em que Sc é a riqueza estimada, s é a riqueza observada, Fi é o número de espécies que têm exatamente i indivíduos em todas as amostras. Para o cálculo de rarefação utilizou-se o Software BioDiversity Pro (McALEECE et al., 1997). Já para a análise de riqueza esperada (Chao 1) foi utilizado o Software EstimateS, com 100 aleatorizações (COLWELL, 2006). 39 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Diversidade de dípteros frugívoros em Floresta de Várzea e de Terra Firme 5.1.1 Famílias de dípteros identificadas Na parcela localizada na Floresta de Várzea, foram identificadas 12 espécies de dípteros frugívoros, obtidas diretamente de frutos, pertencentes às famílias Lonchaeidae, Micropezidae, Richardiidae, Stratiomyiidae, Syrphidae e Tephritidae. Já na parcela localizada na Floresta de Terra Firme, foram identificadas sete espécies, pertencentes às famílias Lonchaeidae, Syrphidae, Tephritidae e a uma família não identificada (Tabela 1). Tabela 1. Famílias e espécies de dípteros frugívoros obtidas de frutos em floresta de várzea e de terra firme. Mazagão e Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009. Várzea Espécies Anastrepha fraterculus Tephritidae Anastrepha zenildae Anastrepha sp. Richardia sp. Richardiidae Neosilba bella Lonchaeidae Neosilba zadolicha Neosilba sp. morfoespécie 1 Stratiomyiidae morfoespécie 2 morfoespécie 3 morfoespécie 4 Micropezidae morfoespécie 5 Syrphidae n. id.1* *Família de díptero não identificada Família Nº exemplares 42 1 82 1995 1 54 3 74 159 4 3 7 - Terra Firme Espécies Nº exemplares Anastrepha distincta 8 Anastrepha sp. 2 Neosilba nigrocerulae Neosilba morfotipo AP2 Neosilba morfotipo AM1 morfoespécie 6 morfoespécie 7 2 1 2 37 1 5.1.1.1 Família Lonchaeidae São dípteros pequenos de corpo azul-escuro brilhante e asas hialinas, encontrados principalmente em lugares úmidos ou sombreados (Figura 6). Suas larvas danificam frutos e hortaliças cultivadas e têm sido reportados como pragas primárias em diferentes culturas no Brasil, mas ainda são pouco estudados na região neotropical (VELOSO et al., 1994; UCHÔAFERNANDES; ZUCCHI, 1999; BITTENCOURT et al., 2006). Dasiops Rondani e Neosilba McAlpine são os gêneros que agrupam espécies de importância econômica (SOUZA FILHO, 2006). 40 Foto: Pedro Carlos Strikis Figura 6. Espécimes de Lonchaeidae 5.1.1.2 Família Micropezidae São dípteros de tamanho pequeno a médio, corpo estreito e pernas muito longas, alguns se assemelhando superficialmente a formigas; a primeira célula posterior (R5) estreitase apicalmente e a célula anal é frequentemente longa e acuminada. Os adultos são encontrados em lugares úmidos (Figura 7). As larvas se criam em matéria orgânica em decomposição (BORROR; DELONG, 1969; STEYSKAL, 1987). Fonte: Norrbom e Thompson (2004) Figura 7. Espécime de Micropezidae 41 5.1.1.3 Família Richardiidae São dípteros de tamanho pequeno a médio que apresentam geralmente desenhos pretos, marrons ou amarelados nas asas (Figura 8). Em geral, são encontrados em lugares úmidos e são frequentemente muito abundantes. Pouco se conhece dos estádios larvais, porém algumas larvas são fitófagas e podem ocasionalmente causar danos a plantas cultivadas, algumas espécies parasitam outros insetos e outras ainda ocorrem em matéria orgânica em decomposição (BORROR; DELONG, 1969; STEYSKAL, 1987). Foto: Ezequiel G. Deus Figura 8. Espécime de Richardiidae 5.1.1.4 Família Stratiomyiidae São dípteros de tamanho médio ou maiores, comumente encontrados em flores; algumas espécies apresentam cores vivas e aspecto semelhante ao de vespas (Figura 9). As larvas ocorrem em habitats variados; algumas são aquáticas e alimentam-se de algas, substância em decomposição ou pequenos animais aquáticos; outras vivem em esterco ou em outras substâncias em decomposição; existem ainda, espécies que ocorrem sob a casca de árvores (GALLO et al., 2002). Em algumas espécies o abdômen é largo e achatado, as asas em repouso ficam superpostas sobre o abdômen e as antenas são longas, tendo o terceiro segmento distintamente anguloso. Em outras espécies o abdômen é alongado, geralmente estreito na base e o terceiro segmento da antena apresenta-se globular, provido de arista e com anelação. A maioria dos estratiomiídeos apresenta cor escura, com manchas claras ou sem, mas algumas espécies são 42 amareladas ou castanho-claras. Esses insetos são facilmente reconhecíveis pela nervação da asa; os ramos da nervura radial são bastante espessos e concentram-se perto da margem costal da asa e a célula discal é pequena (BORROR; DELONG, 1969; STEYSKAL, 1987). Fonte: Norrbom e Thompson (2004) Figura 9. Espécime de Stratiomyiidae 5.1.1.5 Família Syrphidae Os sirfídeos ocorrem em diferentes tipos de habitats. Os adultos são, muitas vezes, comuns onde há flores e, com frequência, pairam longamente no ar. Diferentes espécies podem variar muito no aspecto, mas podem ser reconhecidas pela nervura espúria que se localiza entre a radial e a medial. Muitas têm cores vivas e se assemelham às abelhas domésticas, outras com mamangabas ou com vespas, sendo frequentemente notável essa semelhança (Figura 10). As larvas dos sirfídeos variam consideravelmente nos hábitos e nos aspectos. Muitas são predadoras de afídeos, outras vivem no ninho de insetos sociais, em plantas ou em madeira em decomposição e em ambientes aquáticos altamente poluídos (BORROR; DELONG, 1969; VOCKEROTH; THOMPSON, 1987). Fonte: Norrbom e Thompson (2004) Figura 10. Espécime de Syrphidae 43 5.1.1.6 Família Tephritidae Grupo grande de dípteros de tamanho pequeno a médio nos quais as asas apresentam usualmente manchas ou faixas com diferentes padrões (Figura 11). Podem ser reconhecidos pela estrutura da subcostal, que se dobra para frente em ângulo quase reto. Os adultos são encontrados em flores ou na vegetação. Algumas espécies têm o hábito de abaixar e levantar a asa quando em repouso na planta. As larvas da maioria dos tefritídeos são fitófogas, tendo algumas espécies importância como praga. Apresenta, aproximadamente, 4.448 espécies agrupadas em 484 gêneros (NORRBON, 2004). No entanto, destes gêneros, somente seis são de importância econômica: Anastrepha Schiner, Bactrocera Macquart, Ceratitis MacLeay Rhagoletis, Loew, Dacus Hendel e Toxotrypana Gerstaecker. Ceratitis capitata (Wiedemann) e algumas espécies do gênero Anastrepha atacam grande variedade de frutos e são consideradas de grande importância econômica para as Américas (ZUCCHI, 2000; NORRBON, 2004). Foto: Adilson Lopes Lima Figura 11. Espécime de Tephritidae 5.2 Análise faunística e índices de diversidade As espécies obtidas em floreta de várzea foram: Anastrepha fraterculus (Wiedemann), Anastrepha zenildae Zucchi, Anastrepha sp., Neosilba bella Strikis & Prado, Neosilba zadolicha McAlpine & Steyskal, Neosilba sp., Richardia sp., morfoespécie 1, morfoespécie 2, morfoespécie 3, morfoespécie 4 e morfoespécie 5. Em floresta de terra firme: Anastrepha distincta Greene, Anastrepha sp., Neosilba nigrocerulae, Neosilba morfotipo AP2, Neosilba morfotipo AM1, morfoespécie 6 e morfoespécie 7 (Tabela 1). 44 Segundo Begon et al. (2007), a heterogeneidade de espécies entre comunidades pode estar relacionada à diferença entre habitats, ou seja, em um ambiente que se altera de modo sazonal, previsível, as diferentes espécies podem estar adaptadas às condições predominantes em épocas distintas do ano. Portanto, pode-se esperar que em um ambiente sazonal coexistam mais espécies do que em um completamente constante. Deste modo, diversas espécies podem se alterar na dominância, à medida que mudam as condições e outros recursos se tornam disponíveis. Já em ambientes não-sazonais, por outro lado, existem oportunidades para especialização que não são encontradas em ambientes sazonais. A quantidade de indivíduos das espécies de dípteros frugívoros foi significativamente maior na várzea do que na terra firme, provavelmente porque a quantidade de frutos utilizados como hospedeiro por estes insetos estavam disponíveis em maior quantidade naquele ecossistema, com isso a abundância das espécies tende a ser maior. Na floresta de várzea, Richardia sp. apresentou abundância expressiva, com mais de 80% dos exemplares obtidos neste habitat (Tabelas 1 e 2). Essa espécie foi classificada como super abundante, super dominante, super frequente e constante (Tabela 2). Isso pode ter ocorrido devido a sua natureza polífaga e a presença de frutos de urucuri, seu principal hospedeiro, em seis dos doze meses de coleta. Tabela 2. Índices faunísticos das espécies de dípteros frugívoros obtidas de frutos em floresta de várzea e de terra firme. Mazagão e Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009. Dominância Frequência (%) Espécies de dípteros Várzea Abundância Constância Categorias Terra Várzea Firme Terra Várzea Firme Terra Várzea Firme Terra Várzea Firme Terra Firme - 15,09 - SF - SD - sa - Anastrepha fraterculus 1,73 - F - D - c - Y - Anastrepha zenildae 0,04 - PF - ND - d - Z - Anastrepha sp. 3,38 3,77 MF F D D ma C W Y Richardia sp. 82,31 - SF - SD - sa - W - Neosilba bella 0,04 - PF - ND - d - Z Y Anastrepha distincta Neosilba nigrocerulae Neosilba zadolicha Neosilba morfotipo AP2 Y - 3,77 - F - ND - C - 2,22 - MF - D - ma - Y - - 1,88 - F - ND - C - Y - 3,77 - F - ND - C - Y Neosilba sp. 0,12 - PF - ND - d - Y - Morfoespécie 1 3,05 - MF - D - ma - Y - Morfoespécie 2 6,55 - SF - SD - sa - Y - Morfoespécie 3 0,16 - PF - ND - d - Y - Morfoespécie 4 0,12 - PF - ND - d - Y - Morfoespécie 5 0,28 - F - ND - c - Z - Morfoespécie 6 - 69,84 - SF - SD - sa - W Morfoespécie 7 - 1,88 - PF - ND - D - Y Neosilba morfotipo AM1 SF: Super frequente; MF: Muito frequente; F: Frequente; PF: Pouco frequente; SD: Super dominante; D: Dominante; ND: Não dominante; sa: Super abundante; ma: Muito abundante; c: Comum; d: Dispersa; r: Rara; W: Constante; Y: Acessória; Z: Acidental; -: Não detectada. 45 Vários trabalhos realizados no Brasil confirmam a hipótese de que a presença do hospedeiro primário da espécie pode influenciar na sua abundância. Silva (1993), em trabalho realizado no estado do Amazonas, confirmou que A. obliqua é a espécie que apresenta níveis mais elevados de infestação em frutos de taperebá, geralmente atingindo valores acima de 50%. Em trabalho semelhante, Lemos et al. (2008) verificaram que em 85 amostras de taperebá coletadas em quatro municípios do estado do Amapá, A. obliqua estava presente em 51. Silva et al. (2005b), verificaram que A. obliqua é a espécie mais abundante no taperebá, na Área de Proteção Ambiental do Rio Curiaú, em Macapá. Canal et al. (1998) constataram que Anastrepha zenildae é a espécie que predomina em goiaba no estado de Minas Gerais. No estado do Tocantins, Bomfim et al. (2007) atribuíram a maior abundância de A. obliqua em pomares comerciais à presença de espécies da família Anacardiaceae, comumente atacadas por esta espécie de mosca no Brasil. Nesse sentido, Townsend et al. (2006) enfatizam que se uma produtividade mais alta estiver correlacionada com um espectro mais amplo de recursos disponíveis, é provável que isso acarrete em um aumento na riqueza específica. Contudo, um ambiente mais produtivo pode ter uma taxa mais alta de suprimento de recursos, mas não uma variedade maior de recursos. Essa situação pode levar a um aumento no número de indivíduos por espécie, ao invés um aumento do número de espécie. Sendo assim, uma comunidade conterá mais espécies quanto maior for a variedade de recursos. A segunda espécie com maior abundância na várzea foi morfoespécie 2 (Stratiomyiidade) (Tabelas 1 e 2). Essa espécie foi classificada como super abundante, super dominante e super frequente (Tabela 2). Em relação ao parâmetro constância, foi classificada como acessória. O número elevado de indivíduos pode estar relacionado à falta de competidores para o recurso explorado por esta espécie e a forte pressão exercida pelo ambiente de várzea que obriga a espécie a desenvolver estratégia de sobrevivência. No que concerne ao parâmetro constância, a presença de seu principal hospedeiro, “fruto amarelo”, em uma única amostra influenciou diretamente. Apesar da predominância de Richardia sp. e morfoespécie 2, é pertinente destacar a presença frequente de A. fraterculus, N. zadolicha e Anastrepha sp. (Tabela 2). As duas primeiras são comumente citadas como pragas em diferentes regiões do país. Uramoto (2007) constatou a presença de A. fraterculus em mais de 50% das amostras coletadas, tanto em mata como em pomares comerciais, no estado do Espírito Santo. Em trabalho conduzido no município de São Francisco, Rio de Janeiro, Aguiar-Menezes et al. (2008) verificaram que A. fraterculus é a espécie dominante em pomares de goiaba. O mesmo resultado foi obtido por 46 Dutra et al. (2009), no município de Una, Bahia, também em goiaba. Em relação a N. zadolicha, Santos et al. (2004) relataram a ocorrência desta espécie infestando umbu-cajá (Spondias sp.) em Cruz das Almas, Bahia. Aguiar-Menezes et al. (2004) relataram os danos causados em botões florais e frutos de maracujazeiro. Na Terra Firme, morfoespécie 6 (Syrphidae) foi predminante (Tabelas 1 e 2), pois esteve relacionada a frutos de cupiúba, hospedeiro mais disponível durante o período de coleta. As demais espécies são representadas por um número relativamente baixo de indivíduos. Os índices de diversidade de Margalef e Shannon-Weaver (H’) obtidos foram 1,41 e 0,76, na floresta de várzea e 1,51 e 1,05, na floresta de terra firme, respectivamente. Os valores baixos são decorrentes da predominância de uma das espécies em ambos os ambientes. De maneira geral, matas nativas apresentam maior estabilidade e heterogeneidade da vegetação, expressando elevada riqueza e maior equitabilidade na distribuição dos indivíduos das diferentes espécies (ANDOW, 1991; BRAGANÇA et al., 1998; ALTIERI, 2002). Bomfim et al. (2007), Uramoto (2007) e Minzão e Uchôa-Fernandes (2008) em trabalhos realizados com armadilhas tipo McPhail, comparando a diversidade de espécies de moscasdas-frutas em matas nativas e pomares domésticos nos estados do Tocantins, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, respectivamente, obtiveram índices de diversidades maiores nos ambientes com vegetação nativa. Esses autores consideram a disponibilidade de hospedeiros no local como o principal responsável pela alta diversidade. Em contrapartida, os baixos índices de diversidade obtidos no presente trabalho podem ter sofrido influência da baixa diversidade de espécies vegetais amostradas, pois os dípteros foram obtidos diretamente dos frutos, o que favoreceu a elevada abundância das espécies relacionadas com os recursos mais disponíveis durante o período de coleta. O índice de equitabilidade foi maior na terra firme (0,54) do que na várzea (0,30), revelando que a abundância está mais uniformemente distribuída no primeiro ambiente. Estes índices são baixos se comparados aos obtidos por Monteiro (2009), em estudo conduzido com armadilhas tipo McPhail em floresta de terra firme nos municípios de Ferreira Gomes e Porto Grande, estado do Amapá, que registrou alta equitabilidade (0,85 e 0,88, respectivamente) em ambas as comunidades. Entretanto, o presente resultado justifica-se principalmente pela diferença do método de amostragem, onde a presença ou ausência dos recursos influenciou significativamente nos resultados. Assim, a abundância de um determinado recurso natural favorece uma ou duas espécies em detrimento das outras, de maneira que a dominância destas 47 aumenta e a diversidade da comunidade reduz (TERBORGH, 1973; TOWNSEND et al., 2006). A análise de riqueza em espécies de dípteros frugívoros na floresta de várzea demonstrou que a partir da 22ª coleta a curva cumulativa de espécies atingiu a estabilidade, indicando que o esforço de coleta foi suficiente para amostrar a diversidade (Figura 12). Para a floresta de terra firme, o índice observado (Sobs) esteve abaixo do esperado (Chao 1), sugerindo que o número de coletas não foi suficiente para amostrar todas as espécies de dípteros frugívoros neste ambiente (Figura 12). Assim, novos estudos devem ser conduzidos nesse ambiente. 48 Terra Firme Número de espécies acumuladas 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Amostras Sobs Chao 1 Várzea 16 Número de espécies acumuladas 14 12 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Amostras Sobs Chao 1 Figura 12. Riqueza observada (Sobs) e esperada (Chao 1) para as espécies de dípteros frugívoros obtidas de frutos em floresta de várzea e de terra firme. Mazagão e Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009. A análise de rarefação demonstrou que o número esperado de espécies E(S) para uma amostra padrão de 51 indivíduos foi maior na terra firme (6,92) do que na várzea (4,68) (Figura 13). A maior diversidade esperada para a terra firme pode estar relacionada à 49 diferença na dinâmica das comunidades, ou seja, como poucas espécies vegetais frutíferas estão presentes no ambiente de terra firme a probabilidade das espécies de dípteros presentes neste nicho compartilharem o mesmo recurso é maior, consequentemente a possibilidade de obter uma maior diversidade de espécies amostrando poucos indivíduos é grande. Uma outra explicação pode residir no método de análise, pois a técnica de rarefação normalmente assume que os indivíduos estão aleatoriamente distribuídos. Como freqüentemente na natureza as espécies apresentam distribuição agregada ao invés de aleatória, pode ocorrer superestimação da riqueza de espécies (KREBS, 1999; MAGURRAN, 2004). Este fato pode ser observado na comunidade de dípteros frugívoros da floresta de terra firme. Número esperado de espécies 8 6 4 2 0 0 50 100 150 Número de indivíduos Várzea Terra Firme Figura 13. Curva de rarefação de duas comunidades de dípteros frugívoros em floresta de várzea e de terra firme. Mazagão e Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009. 5.3 Relação de espécies de dípteros frugívoros com plantas hospedeiras Na parcela localizada na floresta de várzea, no município de Mazagão, foram amostradas 14 espécies vegetais potencialmente hospedeiras de dípteros frugívoros, pertencentes a 12 famílias botânicas, totalizando 1.003 frutos e 25,77 kg (Tabela 3). Em 36 das 50 amostras coletadas (72%) foi detectada emergência de dípteros. Dez espécies vegetais (Astrocaryum murumuru, Attalea excelsa, Gustavia augusta, Metrodorea flavida, Mouriri acutiflora, Pouteria sagotiana, Quararibea guianensis, sp.1, sp.2 e sp.3) apresentaram 50 infestação por dípteros frugívoros. Destas, apenas A. murumuru e A. excelsa haviam sido registradas como hospedeiros desses insetos, por Jesus et al. (2008) e Silva et al. (2008). Foram obtidos 2.868 pupários, dos quais emergiram 2.425 adultos, caracterizando uma emergência de 84,51% (Tabela 3). Tabela 3. Número de amostras e de frutos, peso das amostras, número de pupários e de dípteros frugívoros em floresta de várzea. Mazagão. Junho de 2008 a maio de 2009. *C/I Plantas hospedeiras Família Nome vernacular Nome científico Frutos Peso dos Pupários Dípteros (n) frutos (kg) (n) (n) Anacardiaceae Taperebá Spondias mombin 3/0 42 0,37 0 0 Arecaceae Murumuru Astrocaryum murumuru 9/7 92 4,27 103 73 Urucuri Attalea excelsa 9/8 74 10,34 2303 1964 Bombacaceae Cupuçurana Matisia paraensis 1/0 3 1,15 0 0 Inajarana Quararibea guianensis 6/6 53 0,81 74 50 Chrysobalanaceae Cariperana Licania kunthiana 1/0 35 0,25 0 0 Lecythidaceae Jenipaparana Gustavia augusta 2/1 8 0,79 7 4 Melastomataceae Camutim Mouriri acutiflora 5/5 198 0,85 127 105 Rutaceae Laranjinha Metrodorea flavida 3/2 90 1,46 32 23 Sapotaceae Maçaranduba Pouteria sagotiana 3/1 96 1,12 1 1 Sterculiaceae Cacau-jacaré Herrania mariae 1/0 4 0,34 0 0 **n. id. Boloteira ***sp.1 4/3 201 2,33 42 31 **n. id. Fruto marrom ***sp.2 2/2 105 0,86 35 35 **n. id. Fruto amarelo ***sp.3 1/1 2 0,83 144 139 50/36 1003 25,77 2.868 2.425 Total *Amostras coletadas/infestadas; **Famílias botânicas não identificadas; ***Espécies vegetais não identificadas; n: número Na parcela localizada na floresta de terra firme, no município de Porto Grande, foram amostradas 12 espécies vegetais, de 12 famílias botânicas, totalizando 3.077 frutos e 9,39 kg (Tabela 4). Em oito das 28 amostras coletadas (28,5%) foi detectada emergência de dípteros. Apenas cinco espécies vegetais (Duguetia cauliflora, Eschweilera odora, Goupia glabra, Pouteria sp., e sp.1) apresentaram infestação por dípteros frugívoros, sendo todas as espécies associadas pela primeira vez a esses insetos. Foram obtidos 80 pupários de onde emergiram 53 adultos, com emergência de 66,25% (Tabela 4). 51 Tabela 4. Número de amostras e de frutos, peso das amostras, número de pupários e de dípteros frugívoros em floresta de terra firme. Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009. Plantas hospedeiras Família Nome vernacular *C/I Nome científico Frutos Peso dos Pupários Dípteros (n) frutos (kg) (n) (n) Annonaceae Envira Duguetia cauliflora 1/1 27 0,55 17 5 Burseraceae Breu branco Protium heptaphyllum 1/0 57 0,19 0 0 Caryocaraceae Flor Piquiá Caryocar villosum 1/0 1556 2,08 0 0 Celastraceae Cupiúba Goupia glabra 11/4 217 2,62 49 38 Clusiaceae Cebolão Clusia grandiflora 1/0 6 0,94 0 0 Fabaceae Cumaru Dipteryx odorata 1/0 5 0,09 0 0 Lecythidaceae Matá-matá branco Eschweilera odora 2/1 862 0,69 1 1 Moraceae Mapatirana vermelha Pourouma sp. 2/0 89 0,25 0 0 Sapotaceae Maçarandubinha Pouteria sp. 3/1 176 1,26 7 4 Tiliaceae Pente-de-macaco Apeiba echinata 1/0 1 0,01 0 0 **n. id. Frutinho alaranjado ***sp.1 3/1 64 0,14 6 5 **n. id. Guajará ***sp.2 1/0 17 0,57 0 0 28/8 3.077 9,39 80 53 Total *Amostras coletadas/infestadas; **Famílias botânicas não identificadas; ***Espécies vegetais não identificadas, n: número Em trabalhos semelhantes realizados no estado do Amapá, Silva et al. (2007a; 2007b) obtiveram percentuais de emergência de 57,6% e 43,9%, respectivamente, para espécies de Anastrepha em frutíferas cultivadas, valores bem abaixo do obtido neste trabalho. O valor elevado de emergência pode estar relacionado à capacidade de adaptação desses insetos ao ambiente de várzea. Das espécies vegetais coletadas em ambiente de várzea, urucuri, “fruto amarelo”, camutim e murumuru foram os que apresentaram o maior número de indivíduos, contribuindo significativamente para o elevado percentual de emergência nesse ambiente (Tabela 3). Em relação ao ambiente de terra firme, o percentual de emergência foi de 66,25% e está próximo dos resultados obtidos em diferentes trabalhos realizados no estado do Amapá (SILVA; SILVA, 2007; SILVA et al., 2007a; 2007b), sendo que este ambiente sofre poucas variações ao longo do ano. Algumas espécies de dípteros frugívoros que ocorrem na Amazônia apresentam alto nível de especificidade hospedeira, com acentuada preferência por determinadas espécies e famílias botânicas. Enquanto outras são mais generalistas e infestam espécies de frutíferas, nativas ou exóticas de diferentes famílias botânicas (MARICAUA; SILVA, 1997). A Tabela 5 mostra as espécies de dípteros frugívoros associadas a frutíferas coletadas em ambiente de várzea. O fruto com maior riqueza foi a “boloteira”, associada a cinco espécies de dípteros. Embora a abundância de moscas seja baixa, esse hospedeiro pode servir para a manutenção das populações desses insetos na ausência de seus hospedeiros primários. 52 Richardia sp. foi obtida de seis hospedeiros, sendo a espécie que infestou a maior diversidade de frutos, ocorrendo com maior abundância em frutos de urucuri (A. excelsa). Segundo Brown (1997), a extensão da utilização dos recursos influencia diretamente na abundância, ou seja, as espécies que ocupam mais locais e atingem maiores densidades são aquelas com capacidades de utilização dos recursos mais ampla. A alta capacidade de se adaptar a outras frutíferas na ausência de seu hospedeiro primário demonstra a versatilidade desta espécie. No entanto, pouco se conhece sobre a biologia desses insetos, pois os escassos trabalhos estão restritos à área taxonômica, o pouco que se sabe indica que as larvas se alimentam de plantas ou material vegetal em decomposição (PEREZ-GELABERT; THOMPSON, 2006). Sendo assim, estudos mais aprofundados sobre a ecologia dos Richardiidae devem ser incentivados para melhor compreensão da relação desta família com espécies vegetais. Tabela 5. Espécies de dípteros frugívoros associadas a frutíferas coletadas em floresta de várzea. Mazagão. Junho de 2008 a maio de 2009. Família Plantas hospedeiras Nome vernacular Espécies de dípteros associados Nome científico Arecaceae Murumuru Astrocaryum murumuru Arecaceae Urucuri Attalea excelsa Bombacaceae Inajarana Quararibea guianensis Lecythidaceae Jenipaparana Gustavia augusta Melastomataceae Camutim Mouriri acutiflora Rutaceae Sapotaceae Laranjinha Maçaranduba Metrodorea flavida Pouteria sagotiana *n. id. Boloteira **sp.1 *n. id. Fruto amarelo **sp.3 *n. id. Fruto marrom **sp.2 morfoespécie 1 (48) Richardia sp. (24) morfoespécie 4 (1) Richardia sp. (1933) morfoespécie 1 (22) morfoespécie 5 (7) morfoespécie 4 (2) Neosilba zadolicha (31) Anastrepha sp. (19) Richardia sp (2) Neosilba sp (1) morfoespécie 2 (1) Anastrepha sp. (62) Anastrepha fraterculus (42) Anastrepha zenildae (1) Neosilba zadolicha (23) Anastrepha sp. (1) Richardia sp. (25) morfoespécie 2 (3) Neosilba bella (1) Neosilba sp. (1) morfoespécie 3 (1) morfoespécie 2 (125) Richardia sp. (10) morfoespécie 1 (4) morfoespécie 2 (30) morfoespécie 3 (3) Richardia sp. (1) Neosilba sp. (1) *Famílias botânicas não identificadas; **Espécies vegetais não identificadas Na América do Norte há relatos de que formas imaturas de Epiplatea hondurana (Richardiidae) causam danos em Cocos nucifera. Há também várias espécies desta família 53 reportadas danificando flores de espécies de Arecaceae, Marantaceae e Musaceae (STEYSKAL, 1987). Os primeiros trabalhos realizados no Brasil relatando a presença de Richardia sp. em frutíferas foram feitos por Jesus et al. (2008) e Silva et al. (2008), que constataram sua ocorrência em frutos de urucuri (A. excelsa), murumuru (A. murumuru) e inajá (Maximiliana maripa), demonstrando uma estreita relação deste díptero com espécies de Arecaceae. Neste trabalho, Richardia sp. foi associada pela primeira vez a quatro novos hospedeiros, aumentando a lista para sete (Tabela 5). Outro resultado importante é a presença de um número relativamente alto de indivíduos de Anastrepha fraterculus associados a frutos de camutim (M. acutiflora) (Tabela 5), pois vários trabalhos conduzidos na Amazônia brasileira, em pomares comerciais com amostragem de frutos e uso de armadilhas tipo McPhail, não constataram sua presença, mesmo sendo super abundante e amplamente distribuída no país (THOMAZINI et al., 2003; RONCHI-TELES; SILVA, 2005; SILVA et al., 2007a). Sendo assim, a presença e abundância desta espécie podem estar relacionadas à ocorrência de frutíferas silvestres, ou seja, quantidade de recursos suficiente para manutenção das populações em seu habitat natural, evitando sua dispersão para áreas cultivadas. Entretanto, é a espécie de Tephritidae mais polífaga do Brasil e responsável pelas maiores perdas na produção nas regiões Sul e Sudeste, com 76 hospedeiros registrados (ZUCCHI, 2008). O primeiro registro de uma espécie de Melastomataceae como hospedeiro de A. fraterculus no Brasil foi feito por Uramoto et al. (2008), que constataram sua presença em frutos de Mouriri glazioviana, coletados no município de Linhares, Espírito Santo. Neste trabalho, além A. fraterculus foi constatada a presença de um indivíduo de A. zenildae, em camutim. Portanto, A. fraterculus é associada pela segunda vez a uma Melastomataceae, sendo também, o primeiro registro de M. acutiflora como hospedeiro de A. fraterculus e A. zenildae no Brasil. As espécies de Lonchaeidae foram associadas a cinco novos hospedeiros neste ambiente (Tabela 5). Neosilba zadolicha foi associada a frutos de inajarana (Q. guianensis) e laranjinha (Metrodorea flavida); Neosilba bella à boloteria (sp.1) e Neosilba sp. à boloteira (sp.1), “fruto marrom” (sp.2) e jenipaparana (G. augusta). Esta família de insetos foi durante muito tempo considerada praga secundária de frutíferas (ARAÚJO; ZUCCHI, 2002). Entretanto, espécies do gênero Neosilba e Dasiops são consideradas, atualmente, pragas primárias em algumas culturas. (VELOSO et al., 1994; UCHÔA-FERNANDES; ZUCCHI, 1999; BITTENCOURT et al., 2006). Dessa forma, Silva (1993) relatou a presença de espécies de Neosilba associadas a 19 espécies de frutos, em quatro locais do estado do Amazonas. No 54 estado de São Paulo, Souza Filho (1999) constatou lonqueídeos associados a 40 espécies de frutos. No cerrado do estado do Mato Grosso do Sul, estes dípteros foram associados a 22 espécies de frutos (UCHÔA-FERNANDES, 1999). Estes resultados confirmam o caráter polífago desses insetos, podendo eventualmente atingir status de praga em algumas culturas. No Amapá não havia registros de lonqueídeos até o presente momento, sendo estas as primeiras espécies assinaladas para o Estado. Destas, N. zadolicha é considerada a mais importante pela sua grande capacidade de exploração de nichos, onde tem sido observada atacando frutos de Spondias sp. (Anacardiaceae), botões florais e frutos de maracujazeiro (UCHÔA-FERNANDES et al., 2002; AGUIAR-MENEZES et al., 2004; SANTOS et al., 2004). Quanto aos Micropezidae, embora comumente encontradas em material vegetal em decomposição e esterco, algumas espécies são conhecidas por atacar raízes de gengibre no Oriente e outras por atacar raízes de leguminosas na Europa (STEYSKAL, 1987). Espécies de Stratiomyiidae são relatadas na literatura com saprófitas e em geral são de grande importância na decomposição da matéria orgânica (GALLO et al., 2002). Os Syrphidae também se criam em matéria orgânica em decomposição e frutos podres. No entanto, os adultos se alimentam de néctar de flores e são extremamente úteis na polinização das flores e na degradação da matéria orgânica. É considerada a família mais importante entre os dípteros polinizadores (WRATTEN et al., 1995; MORALES; KÖHLER, 2006). Além disso, as larvas de várias espécies são predadoras de outros insetos, com grande potencial para a utilização em programas de controle biológico de espécies-praga. Assim, estudos envolvendo insetos dessas famílias são desejáveis para melhor compreensão de sua bioecologia. Na floresta de terra firme as espécies de dípteros obtidas foram associadas a cinco espécies vegetais. Vale ressaltar a presença de A. distincta em frutos de Duguetia cauliflora (Annonaceae), constituindo um novo registro de hospedeiro para esta espécie no Brasil. Além desta, infestou frutos de uma espécie vegetal não identificada. Este tefritídeo é de grande importância socioeconômica para o estado do Amapá por predominar nas espécies de Inga (Fabaceae) (SILVA et al., 2007a, 2007b). Além de registro de novas associações com hospedeiros, foram registradas duas novas espécies de Lonchaeidae (Neosilba morfotipo AP2 e Neosilba morfotipo AM1), em fase de descrição, obtidos de frutos de Eschweilera odora Pouteria sp., respectivamente e um novo registro de ocorrência para o estado do Amapá (Neosilba nigrocerulae) (Tabela 6). 55 Tabela 6. Espécies de dípteros frugívoros associadas a frutíferas coletadas em floresta de terra firme. Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009. Plantas hospedeiras Nome vernacular Envira Nome científico Duguetia cauliflora Cupiúba Goupia glabra Lecythidaceae Sapotaceae Matá-matá branco Maçarandubinha Eschweilera odora Pouteria sp. *n. id. Frutinho alaranjado **sp.1 Família Annonaceae Celastraceae Espécies de dípteros associados Anastrepha distincta (4) morfoespécie 7 (1) morfoespécie 6 (37) Anastrepha sp. (1) Neosilba morfotipo AP2 (1) Neosilba nigrocerulae (2) Neosilba morfotipo AM1 (2) Anastrepha distincta (5) *Família botânica não identificada; **Espécie vegetal não identificada Apesar de os frutos amostrados neste trabalho não possuírem valor econômico, novas associações entre espécies de dípteros frugívoros e plantas hospedeiras foram estabelecidas. Segundo Aluja (1999), as moscas-das-frutas aumentam suas populações em espécies vegetais silvestres antes de invadirem os pomares comerciais. Nesse contexto, estudos envolvendo dípteros frugívoros em áreas preservadas são imprescindíveis e, com o possível endemismo de espécies em florestas tropicais, grande parte das informações para se compreender a biologia, ecologia e evolução destes insetos são obtidas em estudos realizados em áreas com vegetação nativa preservada (ALUJA et al., 2003). Pesquisas indicam que essas áreas, quando transformadas em áreas de cultivo, causam impactos na diversidade, abundância e distribuição de comunidades de moscas-das-frutas (URAMOTO, 2007). Os índices de infestação variaram de 0,01 a 72,00 pupários/fruto e 0,89 a 222,72 pupários/kg de frutos em área de várzea e 0,001 a 0,62 pupário/fruto e 1,44 a 42,85 pupários/kg em área de terra firme (Figuras 14 e 15). 56 Camutim 149,41 0,64 173,49 Fruto amarelo Fruto marrom Inajarana Jenipaparana Laranjinha 72,00 40,69 0,33 91,35 1,39 8,86 0,87 21,91 Maçaranduba 0,35 0,89 0,01 Murumuru 1,11 24,12 222,72 Urucuri Boloteira 31,12 18,0 0,20 0,00 50,00 100,00 Pupários/fruto 150,00 200,00 250,00 Pupários/kg de fruto Figura 14. Índice médio de infestação dos frutos em área de várzea. Mazagão, junho de 2008 a maio de 2009. 18,70 Cupiúba 0,22 30,90 Envira 0,62 42,85 Frutinho alaranjado 0,09 5,55 Maçarandubinha 0,03 1,44 0,001 Mata-mata branco 0 5 10 15 20 Pupários/fruto 25 30 35 40 45 Pupários/kg de frutos Figura 15. Índice médio de infestação dos frutos em área de terra firme. Porto Grande, junho de 2008 a maio de 2009. Os maiores índices de infestação foram registrados em frutos de urucuri (222,72 pupários/kg e 31,12 pupários/fruto) na várzea e “frutinho alaranjado” (42,85 pupário/kg e 0,09 pupário/fruto) na terra firme. Em trabalhos semelhantes realizados em vegetação nativa, Xavier et al. (2006) e Silva et al. (2009), nos municípios de Laranjal do Jari e Tartarugalzinho, estado do Amapá, obtiveram índices de infestação de 525,9 e 1.048 pupários/kg em frutos de Geissospermum argenteum e Brosimun potabile, respectivamente. Uramoto (2007) obteve 441,9 pupários/kg em fruto de Chrysophylum cainito, na Reserva 57 Natural da Vale do Rio Doce, Espírito Santo. Estes resultados corroboram as informações de Aluja (1999), que afirma que a abundância de moscas-das-frutas tende a ser maior em ambiente com vegetação nativa. No estado do Amapá, grande parte dos levantamentos foram conduzidos em pequenos pomares comerciais e os índices de infestação obtidos são relativamente baixos, comparados a trabalhos realizados em ambientes silvestres (SILVA et al., 2007a). Trabalhos evidenciando os índices de infestação por dípteros frugívoros são importantes para identificação de hospedeiros primários de espécies-praga, auxiliarem na decisão de táticas de controle, além de fornecer informações para os serviços quarentenários (ARAÚJO et al., 2005; URAMOTO, 2007). 5.4 Flutuação populacional de dípteros frugívoros Em áreas tropicais tem-se observado que a flutuação da população de adultos está relacionada principalmente à disponibilidade de hospedeiros e não a varáveis climáticas (ALUJA, 1994; ALUJA et al., 1996). A Figura 16 mostra as curvas da flutuação populacional de dípteros frugívoros, feitas a partir do número de moscas obtidas de frutos coletados. Na floresta de várzea os níveis populacionais mantiveram-se estáveis nos meses de junho e julho, apresentando um decréscimo significativo de agosto a dezembro, atingindo o pico populacional no mês de fevereiro. Em relação à terra firme, os níveis populacionais mantiveram-se estáveis praticamente durante o ano, exceto no mês de junho, onde foi registrado o maior número de indivíduos, sendo que em boa parte do ano não foram obtidos exemplares. 58 Várzea Nº de indivíduos 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI Meses Nº de indivíduos Terra Firme 40 35 30 25 20 15 10 5 0 JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI Meses Figura 16. Flutuação populacional de dípteros frugívoros obtidos de frutos em floresta de várzea e de terra firme. Mazagão e Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009. Em grande parte dos trabalhos de flutuação populacional, geralmente mais de dez espécies são obtidas, mas apenas uma ou duas são predominantes. Da mesma forma, constatam-se os picos durante um ou dois períodos ao longo do ano (CELEDONIOHURTADO et al., 1995). O número significativo de moscas presentes no ambiente de várzea foi registrado no período chuvoso, que favorece o desenvolvimento de uma maior quantidade de frutos, proporcionando um aumento na quantidade de recursos disponíveis para o desenvolvimento das larvas (SALLES, 1995; RONCHI-TELES; SILVA, 2005). Além disso, a abundância de frutos de urucuri neste período contribuiu significativamente para o aumento do número de indivíduos, já que Richardia sp., espécie de mosca mais abundante neste ambiente, está relacionada com esta espécie vegetal. Possivelmente a sucessão de hospedeiros deslocou as populações desses insetos para outros locais, uma vez que a abundância diminui drasticamente no período com baixa oferta 59 de frutos no local de coleta. Ou, ainda, segundo Malavasi e Morgante (1981), quando há um período sem frutos, os dípteros frugívoros podem se manter no estágio adulto e um pequeno número de sobreviventes restabelece as populações. No ambiente de terra firme, o pico populacional em junho foi influenciado pela abundância de frutos de cupiúba, de onde emergiu a maior quantidade de moscas (Tabelas 4, 5 e Figura 16). A baixa variação do número de indivíduos no decorrer dos meses deve-se principalmente à baixa disponibilidade de frutos utilizados como substrato reprodutivo por esses insetos (Tabela 7). A semelhança entre os picos populacionais pode estar relacionada com o período de frutificação da maioria das espécies vegetais amostradas neste trabalho, que está geralmente relacionado com o período chuvoso. 60 Tabela 7. Número de dípteros frugívoros obtidos de frutos em floresta de várzea e de terra firme. Mazagão e Porto Grande. Junho de 2008 a maio de 2009. Meses Plantas hospedeiras Família/espécies (nome comum) 2008 Jun Jul Ago Set 2009 Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai 23 12 24 14 1316 15 12 0 11 24 9 6 4 Total de dípteros Várzea Arecaceae Astrocaryum murumuru (murumuru) Attalea excelsa (urucuri) 0 330 221 70 Bombacaceae Quararibea guianensis (inajarana) 6 Lecythidaceae Gustavia augusta (jenipaparana) 4 Melastomataceae Mouriri acutiflora (camutim) 95 Rutaceae Metrodorea flavida (laranjinha) 1 22 Sapotaceae Pouteria sagotiana (maçaranduba) 0 1 *n. id **Sp.1 (boloteira) 7 24 34 1 0 *n. id. **Sp.2 (fruto marrom) *n. id. **Sp.3 (fruto amarelo) 139 Terra Firme Annonaceae Duguetia cauliflora (envira) 5 Celastraceae Goupia glabra (cupiúba) 37 0 0 1 0 Lecythidaceae Eschweilera odora (mata-matá) 0 1 Sapotaceae Pouteria sp. 4 *n. id. **sp.1 5 *Famílias botânicas não identificadas; **Espécies vegetais não identificadas Nesse sentido, a abundância e a distribuição geográfica de espécies de moscas frugívoras podem estar relacionadas com a distribuição de hospedeiros que são capazes de utilizar como alimento (SELIVON, 2000). A ausência de dípteros nas outras amostras de cupiúba (Tabela 7) pode estar relacionada à dificuldade de se amostrar larvas endofíticas, em razão de se obter poucas plantas infestadas dentro de um grande número de amostras, muitas 61 vezes constituídas de frutos não infestadosuma vez que esse tipo de infestação não é facilmente reconhecido na planta (NOVOTNY et al., 2005). Vale ressaltar que não foi analisada a influência de fatores abióticos na flutuação da população dos dípteros frugívoros, uma vez que a presença de plantas hospedeiras na região é o principal fator que influencia a flutuação populacional desses insetos, como constatado em estudo conduzido por Lorenzato e Chouéne (1985) no Rio Grande do Sul. Corroborando com a idéia acima, Ronchi-Teles e Silva (2005), analisando a flutuação populacional de tefritídeos no estado do Amazonas, concluíram que fatores físicos, como pluviosidade, não tem grande papel no aumento ou diminuição da população das moscas-das-frutas, ressaltando que esse papel se deve à presença de hospedeiros primários ou secundários desses insetos. Além disso, há um problema em concluir que os fatores climáticos afetam a população de moscas-dasfrutas, do ponto de vista metodológico, pois há uma enorme dificuldade de se isolar os efeitos diretos dos indiretos de um determinado fator climático sobre a população. 62 6. LISTA DE ESPÉCIE DE DÍPTEROS ASSOCIADOS A FRUTOS SILVESTRES EM FLORESTA DE VÁRZEA E DE TERRA FIRME NO ESTADO DO AMAPÁ. Família Tephritidae Espécie Anastrepha fraterculus Anastrepha zenildae Anastrepha distincta Anastrepha sp. morfoespécie 1 Stratiomyiidae morfoespécie 2 morfoespécie 3 Micropezidae morfoespécie 4 Syrphidae *n. id. morfoespécie 5 morfoespécie 6 morfoespécie 7 Neosilba bella Neosilba zadolicha Lonchaeidae Neosilba nigrocerulae Neosilba morfotipo AP2 Neosilba morfotipo AM1 Neosilba sp. Richardiidae Richardia sp. *Famílias de Diptera não identificadas Espécie vegetal associada Nome vernacular Nome científico camutim Mouriri acutiflora camutim Mouriri acutiflora envira Duguetia cauliflora cupiúba Goupia glabra camutim Mouriri acutiflora maçaranduba Pouteria sagotiana inajarana Quararibea guianensis “fruto amarelo” murumuru Astrocaryum murumuru urucuri Attalea excelsa “boloteira” “fruto amarelo” “fruto marrom” jenipaparana Gustavia augusta “boloteira” “fruto marrom” murumuru Astrocaryum murumuru urucuri Attalea excelsa urucuri Attalea excelsa cupiúba Goupia glabra envira Duguetia cauliflora “boloteira” Laranjinha Metrodorea flavida inajarana Quararibea guianensis macarandubinha Pouteria sp. mata-matá Eschweilera odora macarandubinha Pouteria sp. “boloteira”, , “fruto marrom” jenipaparana Gustavia augusta “boloteira”;;;; “fruto amarelo” “fruto marrom” jenipaparana Gustavia augusta murumuru Astrocaryum murumuru urucuri Attalea excelsa Ambiente de coleta Várzea Várzea Terra Firme Terra firme Várzea Várzea Várzea Várzea Várzea Várzea Terra firme Terra firme Várzea Várzea Terra firme Várzea Várzea 63 7. CONCLUSÕES Com base nos resultados é possível concluir que: Na floresta de várzea ocorrem 12 espécies de dípteros associados a frutos silvestres. Na floresta de terra firme ocorrem sete espécies de dípteros associados a frutos silvestres. A maior riqueza em espécies de dípteros frugívoros foi constatada em frutos de “boloteira”, em floresta de várzea. A riqueza em espécies e a abundância de dípteros frugívoros foi maior em floresta de várzea. A abundância de dípteros frugívoros está mais uniformemente distribuída na floresta de terra firme. Richardia sp. é a espécie mais frequente e abundante em floresta de várzea. Morfoespécie 6 é a espécie mais frequente e abundante em floresta de terra firme. Neosilba morfotipo AM1 e Neosilba morfotipo AP2 representam duas espécies novas para a ciência, em fase de descrição. A. fraterculus e A. zenildae são associadas pela primeira vez a frutos de camutim (M. acutiflora) no Brasil. 64 8. 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