IV Workshop em Microfluídica Livro de Resumos 24 e 25 de julho de 2014 Campinas, São Paulo Patrocínio Empresa Participante Organização http://pages.cnpem.br/workshopmicrofluidica Microfluídica A"Microfluídica"pode"ser"definida"como"a"ciência"dos"sistemas"nos"quais"o"comportamento"dos" fluidos" difere" da" teoria" tradicional" (domínio" macroscópico)" devido" às" pequenas" dimensões" destes" sistemas." O" movimento" dos" fluidos" pode" ser" explorado" para" uma" variedade" de" aplicações"científicas"e"tecnologias"e,"por"esse"motivo,"há"necessidade"de"maior"discussão"sobre" os"efeitos"do"escalonamento"na"microfluídica."O"desenvolvimento"de"microssensores"de"fluxo," microbombas" e" microválvulas" no" final" dos" anos" 80" dominou" os" primeiros" estágios" da" microfluídica." Durante" o" estágio" pioneiro," as" principais" plataformas" exploradas" para" a" fabricação" de" microssistemas" eram" baseadas" em" vidro," quartzo" e" silício." Atualmente," plataformas" de" menor" custo" e" fácil" acesso" estão" sendo" cada" vez" mais" empregadas" na" microfluídica,"incluindo"polímeros"elastoméricos"(PDMS,"por"exemplo)"e"materiais"descartáveis" como" papel" e" filmes" de" transparência." Atualmente," sistemas" microfluídicos" podem" ser" utilizados" em" diferentes" áreas" incluindo" Química," Biologia," Medicina," dentre" outras." Alguns" exemplos" de" aplicações" de" dispositivos" microfluídicos" envolvem" determinação" de" pH," monitoramento" de" cinética" de" reações," bem" como" interações" biomoleculares," separações" eletroforéticas,"imunoensaios,"citometria"de"fluxo,"análise"proteômica"e"metabolômica"através" da"espectrometria"de"massas,"análise"de"DNA,"manipulação"de"células"e"outras."O"uso"de"tais" dispositivos"apresenta"uma"série"de"vantagens"bastante"atrativas"do"ponto"de"vista"econômico" e" tecnológico." Primeiro," porque" o" volume" de" fluidos" no" interior" desses" sistemas" é" muito" pequeno" (nanolitros" a" microlitros)." Para" aplicações" em" análises" químicas," essa" redução" de" volume"é"especialmente"significativa"para"reagentes"caros"ou"em"situações"onde"a"quantidade" de" amostra" é" reduzida." Além" disso," atualmente" as" técnicas" de" fabricação" são" relativamente" baratas," permitindo" a" produção" em" larga" escala" bem" como" a" integração" de" múltiplas" etapas" químicas" e" físicas" em" um" único" dispositivo." Em" consequência" do" tamanho" reduzido" dos" dispositivos," é" possível" completar" uma" análise" em" um" intervalo" de" tempo" na" ordem" de" segundos." A" microfluídica" começou" a" ser" desenvolvida" no" Brasil" no" início" dos" anos" 2000." Atualmente," já" existem" alguns" grupos" de" pesquisa" dedicados" integralmente" a" esta" linha" de" pesquisa."Nesse"contexto,"o"IV"Workshop"em"Microfluídica"será"importante"para"acompanhar"o" avanço"nessa"linha"de"pesquisa"e"permitir"maior"integração"dos"pesquisadores"brasileiros"que" atuam"nesta"área."" O Workshop O" IV" Workshop" em" Microfluídica" 2014" foi" realizado" nos" dias" 24" e" 25" de" julho" de" 2014," no" auditório" do" Anel," do" Laboratório" Nacional" de" Luz" Síncrotron" (LNLS)," no" campus" do" Centro" Nacional" de" Pesquisa" em" Energia" e" Materiais" (CNPEM)," em" Campinas." Devido" ao" sucesso" dos" evento" realizados" nos" anos" anteriores," o" IV" Workshop" manteve" a" duração" de" dois" dias," de" modo" a" expandir" as" apresentações" em" diversas" áreas" do" conhecimento" e" promover" o" intercâmbio" entre" alunos" e" pesquisadores" de" diferentes" instituições" e/ou" empresas." A" microfluídica" possui" aplicações" em" muitos" setores" industriais," cobrindo" áreas" tão" diferentes" como" a" Biologia," Medicina," Química," Engenharia" de" Processos," Transportes," Ciências" Ambientais,"Microeletrônica,"dentre"outras."O"objetivo"desse"evento"é"fomentar"a"cooperação" no" domínio" da" microfluídica," reunindo" pesquisadores" que" trabalham" nesta" área" fortemente" multidisciplinar." O" IV" Workshop" em" Microfluídica" 2014" contou" com" sete" palestrantes" convidados," 10" seminários" de" estudantes" e" uma" sessão" com" apresentações" de" trabalhos" científicos" na" forma" de" painel." A" edição" 2014" do" Workshop" contou" ainda" com" a" presença" de" algumas" empresas" de" destaque" nacional" e" internacional" como" a" Petrobrás," a" LabSolutions," a" MicruX,"a"Microfluidic"ChipShop"e"a"IBM.""" " Programação 24/07/2014 Horário Palestra 9h-9h40 Abertura 9h40-10h30 Palestra 1 10h30-11h Convidado Boas-vindas e Informações Gerais “Microfluidic devices for in-situ synthesis of silver nanoparticles and detection by SERS” Prof. Dr. Claudimir Lucio do Lago (IQ/USP) Coffee Break 11h-11h50 Palestra 2 “Quantitative evaluation of flow fields using microPIV measurements and simulations” 11h50-12h40 Palestra 3 “Potenciais aplicações da Dr. Rogério Mesquita microfluídica em química analítica do de Carvalho petróleo” (CENPES/Petrobrás) 13h00-14h30 Dr. Rodrigo Neumann (IBM) Almoço 14h30-14h50 Seminário 1 “Regime de formação de gotas – Efeito das vazões das fases” 14h50-15h10 Seminário 2 “Desenvolvimento de um Teste Rápido Ana Carolina Rafanhin Microfluídico para Detecção Sousa (IQSC/USP) Colorimétrica do Vírus da Cinomose Canina” 15h10-15h30 Seminário 3 “Determinação de antioxidantes naturais usando microchips de eletroforese em PDMS acoplados com detecção amperométrica e polaridade reversa” Bruno Gabriel Lucca (IQ/UFMS) 15h30-15h50 Seminário 4 Cheyenne Neves (UFSC) 15h50-16h10 Seminário 5 “Microfluidics applied on polymeric drug delivery systems” 16h10-17h30 “Visualização do deslocamento imiscível água-óleo em poros de duplo canal” Ana Letícia Rodrigues Costa (Unicamp) Débora Freitas do Nascimento (IMA-UFRJ) Coffee Break e Apresentação de Painéis ! 25/07/2014 Horário Palestra Convidado 8h30–9h20 Palestra 4 “Aplicações do “paper spray ionization”: uma possível interface entre a microfluídica e a espectrometria de massas” Prof. Dr. Boniek Gontijo Vaz (IQ/UFG) 9h20–10h10 Palestra 5 “Fabricação de sensores químicos/eletroquímicos de baixo custo visando à aplicação forense e alimentícia” Prof. Dr. Thiago Paixão (IQ/USP) 10h10–10h30 Coffee Break 10h30–11h20 Palestra 6 “Microlaboratórios Autonomos para Monitoramento de Águas” Prof. Dr. Antonio Carlos Seabra (LSI/USP) 11h20–12h10 Palestra 7 “Aplicações em Microfluídica e Detectores de condutividade sem contato (C4D)” Thayane Carpanedo (LabSolutions/MicruX) “The challenge of functional integration: Development of a multiplexed analyzer” Clemens Kremer (Microfluidic ChipShop) Dra. Jaione Tirapu Azpiroz (IBM) 12h10–12h30 Seminário 6 “Electrokinetic Modeling for Particle Sorting at the Microscale” 12h30–12h50 Seminário 7 “Correção do efeito de Schlieren Laiz de Oliveira para determinações fotométricas em Magalhães (IQ/UnB) microssistemas fluídicos” 13h–14h30 Almoço 14h30–14h50 Seminário 8 “Interação de Membranas Suspensas de Grafeno com Meios Líquidos via Canais Microfluídicos Enterrados” Gustavo Arrighi Ferrari (UFMG) 14h50–15h10 Seminário 9 “Selagem adesiva de sacrifício: um método potencial para a fabricação de microdispositivos de vidro” Leandro Yoshio Shiroma (LNNano) 15h10–15h30 Seminário 10 “Microreatores fotocatalíticos, prototipagem e testes de fotodegradação de corantes orgânicos” Vinicius Modolo Santos (PUC-Rio) ! ! 15h30-17h00 Coffee Break e Apresentação de Painéis 17h00-17h30 Encerramento e Discussão do V Workshop Workshop COMSOL Multphysics (apenas para inscritos) 24 de julho Período do workshop ** Manhã 09:00-12:00 – Tema: Introdução ao COMSOL Multiphysics Programação: 09:00 – 10:30 Introdução geral e demonstração 10:30 – 12:00 Tutorial prático ** Tarde 13:30-16:30 – Tema: Microfluidos no COMSOL Multiphysics Programação: 13:30 – 15:00 Introdução e demonstração sobre Microfluidos 15:00 – 16:30 Tutorial prático ! Comunicação Oral Patrocínio Empresa Participante Organização http://pages.cnpem.br/workshopmicrofluidica Desenvolvimento de um Teste Rápido Microfluídico para Detecção Colorimétrica do Vírus da Cinomose Canina Ana Carolina Rafanhin Sousa*; Regiane de Fátima Travensolo; Beatriz Cutilak Bianchi; Emanuel Carrilho Resumo Dispositivos microfluídicos em papel (μPAD) permitem análises de fluidos biológicos de uma maneira simples, rápida, não invasiva e de baixo custo. Assim, este trabalho apresenta a fabricação de μPADs para detecção colorimétrica do vírus da cinomose canina, em sangue total e em soro de cães. O processo consiste nos conceitos de hidrofobicidade e hidrofilicidade, pois o microdispositivo é delimitado por uma região coberta por cera, a fim de criar canais capilares em microescala. O resultado final é observado em zonas de detecção do microdispositivo, onde ocorre a coloração decorrente de reação química. Palavras-chave Microfluídica; Ensaios em papel; Colorimetria; Nanopartículas de ouro; Cinomose canina. Introdução Os primeiros indícios para o desenvolvimento de dispositivos microfluídicos em papel ocorreram a partir de 1940, quando a cromatografia em papel foi utilizada para separar clorofila a partir de folhas de plantas. Müler e seus colaboradores foram os primeiros a dar origem a canais confinados em superfícies de papel por meio da infusão de papel de filtro com parafina, em 1949.1 Dispositivos microfluídicos de papel (μPADs) passaram a ser utilizados como dispositivos analíticos por apresentar diversas vantagens, entre elas: baixo custo; requerem mínima infraestrutura; fácil utilização e rápida fabricação; são compatíveis com muitas aplicações químicas, bioquímicas e médicas; requerem baixo volume de reagentes e amostras; boa portabilidade; são descartáveis e biodegradáveis e podem integrar diversos procedimentos analíticos em um único dispositivo.2 Nanopartículas de ouro (AuNPs) constituem uma grande promessa na área diagnóstica, devido suas propriedades de alta estabilidade e capacidade de carga, sendo amplamente aplicáveis em métodos químicos e sensores biológicos. AuNPs modificadas com ligantes apropriados são aplicadas na detecção de DNA, anticorpos e íons.3 O vírus da Cinomose Canina é um patógeno importante que causa altas taxas de mortalidade, com letalidade inferior apenas à raiva canina. Este vírus apresenta oito proteínas virais, sendo duas não estruturais (C e V) e seis estruturais (proteína do nucleoplasídeo – NP, fosfoproteína – P, proteína da matriz – M, proteína de fusão – F, hemaglutinina – H e grande proteína – L).4 Procedimento Experimental Para a fabricação dos μPADs imunocromatográficos, inicialmente alguns layouts de microdispositivo foram desenhados no computador e impressos em papel de filtro, através de uma impressora à cera. Com os microdispositivos já impressos, os mesmos foram submetidos a 150 ºC durante 2 min, por meio de uma chapa de aquecimento. AuNPs coloidais foram produzidas pelo método de redução de HAuCl4.3H2O por citrato de sódio e, em seguida, conjugadas com anticorpos policlonais contra o vírus da cinomose produzidos em coelhos e anticorpos do tipo anti-IgG de coelho conjugados com a enzima peroxidase produzidos em cabra. As áreas de teste do papel foram sensibilizadas com 5 µL de diferentes diluições de cada solução de anticorpos policlonais anti-vírus da cinomose canina produzidos em coelhos, diluídas em tampão carbonato-bicarbonato 0,2 mol L-1 pH 9,6, tampão carbonato de sódio 0,1 mol L-1 pH 9,5 e tampão fosfato de sódio 0,1 mol L-1 pH 6,5, incubadas por 1 hora a 37 ºC e depois em overnight a 4 °C. Como controle da reação, outra plataforma foi sensibilizada com anticorpos IgG de coelho (SIGMA) utilizando os mesmos tampões e diluições. Após incubação, anticorpos anti-IgG marcados com peroxidase (SIGMA) e conjugados com as AuNPs foram acrescidos nos microcanais e a reatividade foi observada com a adição do substrato tetrametilbenzidina (TMB), confirmando que o tampão carbonato de sódio 0,1 mol L-1 pH 9,5 promoveu melhor adsorção dos anticorpos na plataforma de papel (Figura 1 B). A leitura dos resultados foi realizada entre 3 e 5 min. Resultados e Discussão Os resultados demonstraram que os anticorpos policlonais anti-vírus da cinomose canina diluídos 1:4 em tampão carbonato de sódio 0,1 mol L-1 pH 9,5 apresentaram reatividade com os antígenos do vírus da cinomose canina ligados aos anticorpos conjugados às AuNPs, conforme mostrado na Figura 1. Figura 1 – (A) Microcanal contendo a ligação do anticorpo adsorvido na plataforma com o complexo antígenoanticorpo policlonal produzido em coelho-AuNPs. (B) Antígeno-anticorpo marcado com peroxidase conjugado às AuNPs. O sistema tampão carbonato de sódio, pH 9,5, mostrou-se eficiente em adsorver o anticorpo na plataforma, pois após reação com o complexo antígeno-anticorpo conjugado às AuNPs e posterior lavagem com PBS, uma região de cor avermelhada foi observada no microcanal, indicado pela seta em (A). Os tampões fosfato de sódio 0,1 mol L-1 pH 6,5 e carbonato-bicarbonato 0,2 mol L-1 pH 9,6 também apresentaram reatividade, porém em menor intensidade do que a visualizada pelo tampão carbonato de sódio. Conclusão Foi possível desenvolver um protótipo de teste imunocromatográfico com amplificação enzimática para detecção de antígenos da cinomose canina utilizando uma plataforma em papel que, comparado a outros testes imunológicos convencionais apresentam vantagens como o uso de pequeno volume de amostra (4 µL), pouco tempo requerido tanto na fabricação das plataformas quanto na realização dos ensaios, não necessita uso de leitor de microplacas ou de qualquer outro aparelho instrumental, sendo totalmente portátil. Referências [1] R. B. David et al., Microfluidic Nanofluidic 13, 769-787 (2012). [2] W. K. T. Coltro et al., Electrophoresis 31, 2487-2498 (2010). [3] Lai Cui et al., Chinese Journal of Analytical Chemistry 38, 6, 909-914 (2010). [4] R. A. Lamb et al., Fild’s Virology 5ª ed. v.2, cap.41, 1449-1469. *[email protected] Regime de formação de gotas - Efeito das vazões das fases A. L.R. Costa*, R. L. Cunha Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas Resumo Gotas de goma gelana (0,6% m/m) foram produzidas utilizando óleo de soja como fase contínua. O emulsificante PGPR (4% m/m) foi utilizado para a produção das emulsões A/O. Nos microcanais foram variadas as vazões de entrada das fases dispersa e continua para avaliar como a razão entre essas vazões influenciou no regime de formação de gotas. Três regimes de formação de gotas foram identificados. No regime de gotejamento, as razões entre as vazões foram menores que 1sendo as gotas produzidas menores e monodispersas. Quando a razão entre as vazões foi maior que 1 o regime de jateamento foi observado gerando gotas com grande tamanho e alta polidispersidade. Em razões de vazões próximas ou iguais a 1 observou-se o regime “squeezing”, associado ao equilíbrio das forças de arrasto e interfaciais. Neste caso, a distribuição do tamanho das gotas é monodispersa e o tamanho médio foi maior comparado ao regime de gotejamento. Palavras-chaves: microfluidica, gotas, monodispersão. Introdução A técnica de emulsificação em dispositivos de microfluidica é utilizada para a produção de gotas de diâmetro reduzido e com distribuição de tamanho monodispersa, com menor demanda de energia que os processos convencionais. O tamanho das gotas produzidas está relacionado com as variáveis de processo, vazões de entrada das fases contínua e dispersa, e as forças envolvidas nos regimes de formação de gotas. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito das vazões das fases dispersa e contínua no regime de formação de gotas. Procedimento Experimental Microcanais com mecanismo flow-focusing foram projetados em AutoCAD 2012 (Autodesk, EUA) e produzidos em polidimetilsiloxano (PDMS) pela técnica de litografia macia. Estes foram conectados a três bombas seringa (PHD22/2000, HavardApparatus, EUA) para o bombeamento das fases para o interior dos canais. O processo de formação das gotas na junção dos canais foi observado em microscópio Multizoom AZ100 (Nikon, Japão). Foi estudado o sistema com a fase contínua formada por óleo de soja (Bunge Alimentos, Brasil) adicionada de 4% m/m do emulsificante polirricinoleato de poliglicerol (PGPR) (Danisco, Dinamarca), e como fase dispersa solução aquosa de goma gelana 0,6% m/m (Kelco, EUA). A vazão de entrada da fase dispersa (Φdisp) variou de 0,5 a 4,0μL/min, enquanto a vazão da fase contínua (Φcont) variou de 1,0 a 3,0 μL/min, obtendo-se diferentes razões entre as vazões (! = #$%&' ,# ). ()*+ Resultados e Discussão O tamanho e a polidispersidade das gotas dependem do regime de formação das gotas. A Figura 1 apresenta os três regimes de formação de gotas que foram observados no mecanismo flow-focusing. No regime squeezing, a fase dispersa inicialmente ocupa quase toda a seção transversal do canal principal, porque as forças associadas à tensão interfacial são mais relevantes quando comparadas às tensões viscosas. Como consequência, o “pescoço” da fase dispersa é rompido após um período de acúmulo de fluido na gota emergente (Figura 1A). Quando o “pescoço” é rompido antes da ocupação da área transversal pela fase dispersa, o regime de gotejamento é alcançado pelo equilíbrio entre a força de arrasto, que a fase contínua exerce simetricamente sobre a gota emergente, e a força interfacial que se opõe ao alongamento do pescoço (Figura 1B). 1B) No regime de jateamento a forçaa de cisalhamento da fase contínua não consegue de imediato superar as forças interfaciais da fase dispersa, então forma-se um pescoço longo no canal principal e a formação das gotas ocorrem distante da junção dos canais (Figura 1C).. A Figura 2 mostra o regime de formação de gotas e a razão entre as vazões da fase dispersa e contínua, respectivamente. Observa-se Observa se que o regime de gotejamento, para as vazões avaliadas, ocorreu em razões entre vazões menores que 1 (! ( - 1 ) e as gotas produzidas são menores e monodispersas.. O regime de jateamento é um regime de transição entre a formação e a não formação de gotas e está associado à região onde a razão entre as vazões é maior que 1 (! " 1). Com om o grande acúmulo da fase dispersa, geram-se se gotas com grande tamanho e alta polidispersidade. Em razões entre vazões próximas ou iguais a 1/! 1 ! = 1) observa-se o regime squeezing, associado ao equilíbrio das forças de arrasto e interfacial no processo de formação de gotas, neste caso, a distribuição do tamanho das gotas gotas é monodispersa e o tamanho das gotas é maior comparado ao regime de gotejamento. A B C 100 µm Figura 1- Regimes de formação de gotas ($%&'( =2µL/min). A) Squeezing zing ($)*+, = 2,0 µL/min); B) gotejamento ($)*+, = 0,5 µL/min) e C) jateamento ($)*+, = 3,5 µL/min). Figura 2- Regime de formação de gotas e razão entre vazões da fase dispersa e contínua (! = $)*+, 0$ ). %&'( Conclusão O regime de formação de gotas está fortemente associado à razão entre as vazões da fase dispersa e contínua. Com o controle desta condição de d processo, vazão de entrada das fases, é possível controlar o regime de formação de gotas e consequentemente o tamanho das médio e a distribuição de tamanho de gotas da emulsão. Agradecimentos Agradecemos o apoio técnico do Professor Angelo Gobbi e da Maria Helena de Oliveira Piazzeto e a infraestrutura do Laboratório de Microfabricação do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Também gostaríamos de agradecer ao apoio financeiro da FAPESP (2011/06.083-0) (2011/06.083 e do CNPq. *contato: [email protected] Determinação de antioxidantes naturais usando microchips de eletroforese em PDMS acoplados com detecção amperométrica e polaridade reversa Bruno Gabriel Lucca, Susan Marie Lunte, Wendell K. T. Coltro, Valdir Souza Ferreira RESUMO: Este trabalho apresenta o uso inédito de microchips de PDMS acoplados com detecção amperométrica e polaridade reversa para a separação e determinação de antioxidantes naturais negativamente carregados. Os parâmetros para a separação dos ácidos ascórbico, gálico, ferúlico e coumárico foram investigados e as melhores condições de análise foram obtidas usando tampão fosfato 5 mM (pH 6,9) e um surfactante catiônico (TTAB) para inversão do EOF. Os compostos foram separados em um tempo de 70 s, usando um eletrodo de fibra de carbono como eletrodo de trabalho (end-channel). O sistema microfluídico apresentou valores satisfatórios para os estudos de repetibilidade (<4%), resoluções de pico (≥ 1) e boa linearidade na faixa de concentração avaliada (R ≥ 0,99). O método apresentado foi por último aplicado na determinação de antioxidantes em amostras comerciais de bebidas. Palavras-chave: antioxidantes fenólicos, detecção amperométrica, microchips, polaridade reversa, surfactantes Introdução: Antioxidantes são usados para melhorar a estabilidade de produtos alimentícios. Contudo, o uso dessas substâncias têm se tornado motivo de preocupação, e diversos estudos a respeito do seu uso têm sido realizados [1]. São encontrados na literatura diversos trabalhos realizando a separação e determinação de antioxidantes em alimentos, a maioria deles empregando técnicas cromatográficas [2]. A eletroforese em microchips (ME) é uma técnica consolidada nos dias atuais [3]. Entre algumas das vantagens da ME sobre outras técnicas analíticas de separação estão os menores tempos de análise, consumo reduzido de amostra e reagentes e a possibilidade de integrar diversas etapas analíticas em um único dispositivo [4]. Ao mesmo tempo, a detecção amperométrica (AD) é um método interessante para ser acoplado com ME e têm sido usada com sucesso [5]. O uso de ME-AD para análise de antioxidantes naturais negativamente carregados vêm sendo reportado por diversos grupos, porém normalmente empregando microchips de vidro e polaridade normal para as separações. Desta forma, este trabalho apresenta a inédita separação e detecção de antioxidantes naturais utilizando PDMS-ME-AD e polaridade reversa. Procedimento Experimental: Soluções e reagentes: Tampão fosfato 5 mM pH 6,9 com 2 mM de TTAB. Analitos: ácidos ascórbico, gálico, ferúlico e coumárico solubilizados em água. Microchip: o microdispositivo de PDMS utilizado foi fabricado utilizando litografia [6]. O microchip em T simples foi obtido misturando-se uma proporção do elastômero de silicone e o agente curante na proporção 9:1, e despejando sobre um substrato de silício contendo o molde em SU-8 com o desenho dos microcanais. A cura do PDMS foi feita a 70°C por 3h. O dispositivo final possui um canal de separação de 5,75 cm com 15 µm de profundidade e 40 µm de largura. Eletrodo de trabalho: Uma fibra de carbono de 3,5 cm de comprimento e 33 µm de diâmetro foi inserida em um microcanal feito em uma superfície de PDMS utilizando o mesmo método de fabricação do microchip. Um fio de Cu foi usado para contato elétrico. A camada de PDMS com a fibra de carbono inserida foi selada reversivelmente contra uma peça de vidro para dar rigidez e o microchip foi alinhado por cima desta camada de PDMS contendo a fibra com o auxílio de um microscópio. Detecção amperométrica: Utilizou-se um detector BAS LC-4C e um sistema de 3 eletrodos: fibra de carbono (trabalho), Ag/AgCl (referência) e fio de Pt (auxiliar). Procedimentos eletroforéticos: Todos os experimentos foram realizados usando polaridade reversa e o modo de injeção gated. Resultados e Discussão: As condições experimentais foram otimizadas para a melhor separação e detecção dos compostos. Entre os tampões avaliados, aquele que apresentou os melhores resultados foi o tampão de corrida fosfato 5 mM no pH 6,9. O uso de um surfactante catiônico (TTAB) ao se usar polaridade reversa foi essencial para inversão do EOF e diminuição dos tempos de migração e alargamento dos picos, assim como para melhorar a resolução das separações. A concentração do surfactante foi avaliada e o valor ótimo encontrado foi 2 mM. Os potenciais de separação e injeção, assim como o tempo de injeção também foram estudados e as melhores condições de análise foram obtidas com um Esep = 1,6 kV e Einj = -1,4 kV/1s. O potencial de detecção aplicado sobre a fibra de carbono foi otimizado para melhorar a sensitividade analítica e a melhor relação sinal/ruído foi alcançada com um Edetecção = +1,0 V vs. Ag/AgCl. Experimentos de repetibilidade foram realizados e os RSD`s para os tempos de migração foram de 1% intra-chip e 8% inter-chips. Para as correntes de pico, os RSD`s foram de 4% intra-chip e 32% inter-chips. Este alto valor pode ser explicado pelo alinhamento manual entre o microchip e o eletrodo, e a dificuldade de se reproduzir este alinhamento ao se trocar o microchip. O sistema apresentou boa linearidade na faixa de 10-110 µM e LOD`s na faixa de 1,7-9,7 µM. Os valores encontrados são menores do que alguns trabalhos encontrados na literatura empregando ME-AD para separação de antioxidantes fenólicos [7]. As eficiências de separação (N) apresentaram valores na faixa de 1400 a 10000 pratos teóricos . O método foi por último aplicado em amostras comerciais de chá e repositores de antioxidantes, através de adição de padrão, e puderam ser determinados os ácidos ascórbico e gálico. Os resultados para o ácido ascórbico foram comparados com as informações no rótulo dos produtos, e as recuperações foram de 98 e 110%. Conclusões: Neste trabalho é apresentado o uso de microchips de PDMS e detecção amperomérica juntamente com polaridade reversa para a separação e determinação de antioxidantes naturais negativamente carregados. Este aparato pode ser uma alternativa ao comumente usado microchip de vidro e polaridade normal na análise desse tipo de substâncias devido a vantagens como maior simplicidade de fabricação e menor custo. O método proposto demonstrou uma boa precisão nos estudos de repetibilidade, boas eficiências de separação e limites de detecção na faixa de µM, além de apresentar algumas vantagens sobre outros métodos de separação, tais como menor consumo de amostra e reagentes e necessidade de uma instrumentação relativamente simples. Referências: [1] K. Srinivasan, Crit Rev Food Sci. Nutr. 54, 352 (2014). [2] L. Pretti; G. Bazzu; P. A. Serra; G. Nieddu, Food Chem. 147, 131 (2014). [3] R. Castañeda et al.; Electrophoresis 34, 2129 (2013). [4] Z. Xu; R. D. Oleschuk, Electrophoresis 35, 441 (2013). [5] A. Fernandez-la-Villa, et. al.; Electrophoresis 31, 2641 (2010. [6] D. B. Gunasekara; M. K. Hulvey; S. M. Lunte, Electrophoresis 32, 832 (2011). [7] H.Y. Cheng, et. al., Journal of Chinese Chemical Society 57, 371 (2010). Email: [email protected] Agradecimentos: Os autores agradecem à Capes pelo auxílio financeiro, à UFMS, à UFG e à The University of Kansas onde todo o trabalho experimental foi realizado. VISUALIZAÇÃO DO DESLOCAMENTO IMISCÍVEL ÁGUA-ÓLEO EM POROS DE DUPLO CANAL Cheyenne Neves1*, Fabiano G. Wolf1, Alexandre Tavares Lopes2, Marcelo N.P. Carreño2 1 Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Campus Joinville Universidade de São Paulo, USP, Laboratório de Microeletrônica 2 Resumo Neste trabalho, um micromodelo de seção transversal retangular foi utilizado para visualizar o deslocamento imiscível água-óleo em poros de duplo canal. Analisa-se o processo de drenagem, no qual o fluido injetado é não-molhante para o material que compõem o canal. Notou-se que a forma retangular dos canais aliada ao aumento progressivo do número capilar foram fatores determinantes para a quantidade de óleo residual. Palavras-Chaves: poro de duplo canal, deslocamento imiscível, fração de óleo residual, micromodelo de seção transversal retangular. 1. Introdução O deslocamento água-óleo em meios porosos sempre foi assunto de grande importância para a indústria petrolífera. Isso porque uma fração muito significativa de óleo em um campo de petróleo permanece aprisionada ao final das operações de extração por injeção de água (waterflooding). A quantidade de óleo residual é uma função de vários fatores como heterogeneidade da estrutura porosa, velocidade de injeção de água e condições de molhabilidade. Buscando avançar nesse tema, objetivou-se neste trabalho, estabelecer uma compreensão mais aprofundada dos mecanismos físicos que levam ao aumento da fração de óleo residual. Para este fim foram realizados experimentos de drenagem em um tipo específico de micromodelo composto por dois canais com tamanhos diferentes. O micromodelo possui seção transversal retangular, facilitando a visualização direta dos mecanismos físicos importantes. 2. Materiais e métodos Os micromodelos utilizados foram fabricados usando a técnica de litografia macia em Polidimetilsiloxano (PDMS) (Xia e Whitesides (1998)). Foram utilizadas duas seringas de vidro Halmilton, uma delas da série 1000 com capacidade volumétrica de 5 ml e a outra da série 700 com capacidade volumétrica de 500 µl. Para melhorar a visualização do escoamento, água deionizada foi corada com azul de metileno na concentração de 0,5 g/L, sendo esta diluição apenas 1% da saturação total do azul de metileno. Utilizou-se n-decano como fase oleosa. O micromodelo utilizado neste trabalho é uma variação daquele utilizado por Chatzis e Dullien (1983) e está mostrado na fig. 1. O tamanho dos canais é da ordem micrométrica com 305 µm o canal menor, 755 µm o canal maior e 240 µm de profundidade. Tensão interfacial água-óleo, σ [mN/m] Viscosidade dinâmica, µ [1] [mPa.s] 1 51,4 ± 0,2 Água + Azul de metileno[1] // n-decano[2] Tabela 1. Propriedades dos fluidos utilizados Viscosidade dinâmica, µ [2] [mPa.s] 0,92 Nestas condições, o deslocamento imiscível é controlado pelo número capilar, Ca = Vμi/σ, e pela razão de viscosidade, M = μi/μd, sendo V a velocidade média do fluido injetado, µ i e µ d viscosidades dos fluidos injetado e deslocado, respectivamente, e σ a tensão interfacial (Lenormand et al. (1990)). A bancada experimental foi montada visando minimizar os problemas relacionados à queda de pressão e formação de bolhas de ar. Para este fim, na saída de seringa de injeção foi colocada uma válvula reguladora de pressão. A vazão foi controlada por uma bomba de seringa de alta precisão da Harvard modelo PHD ULTRA. O deslocamento água/n-decano foi visualizado com microscópio estéreo da marca Olympus modelo SZX10. Figura 1. Micromodelo representando um poro de duplo canal. O micromodelo foi saturado com óleo a uma vazão de 10 ml/min, Ca ~ 1,79x10-2, até que 4 ml fossem injetados. O experimento de drenagem foi estruturado a seguinte maneira: Passo 1: água foi injetada a uma vazão de 0,1 µl/min, Ca ~ 1,79x10-7, até ser atingido regime permanente, isto é, sem visualização aparente de movimentação de fluidos no micromodelo; Passo 2: aumento da taxa de injeção de água para 0,2 µl/min, Ca ~ 3,57x10-7. Para cada taxa de injeção, uma foto foi tirada, a fim de investigar a relação entre a quantidade de óleo residual e a taxa de injeção. Figura 2. Injeção de água pela esquerda (azul) deslocando óleo com a taxa de injeção de 0,1 µl/min. 3. Resultados e discussão Os resultados obtidos para Ca ~ 1,79x10-7 são mostrados na fig. 2. Quando a interface água-óleo encontra a primeira bifurcação ela se divide em duas interfaces: uma se deslocando na direção do canal menor (I1) e outra na direção do canal maior (I2) . Nota-se que interface I1 desloca-se ligeiramente mais rápido, o que não é esperado, pois os canais que se seguem ao canal de entrada deveriam ter a mesma largura e profundidade (fig. 1b). Após a interface I2 alcançar a entrada do canal de maior seção transversal, verifica-se que interface I1 recua rapidamente e a interface I2 preenche o canal maior, aprisionando ndecano no canal menor. Este resultado é esperado e pode ser explicado pela lei de YoungLaplace que aplicada a um tubo cilíndrico de raio R resulta em Pc = 2σcos(θ)/R, onde Pc é a pressão capilar que atua no menisco e θ é o ângulo de contato. Sendo assim, para uma drenagem, o cosseno é negativo e a força capilar se dará em sentido oposto ao deslocamento. Quanto maior o raio do tubo, menor será a força capilar e maior será a velocidade de deslocamento da frente de molhamento. Assim, o primeiro canal invadido é o canal maior do micromodelo. Figura 3. Injeção de água pela esquerda (azul) deslocando óleo com a taxa de injeção de 0,2 µl/min. Depois de estabelecido o regime permanente na injeção de água a uma taxa de 0,1 µl/min, fig. 2d, a taxa de injeção foi aumentada para 0,2 µl/min. Observando a sequência de imagens da fig. 3, pode-se verificar que o micromodelo foi completamente ocupado com o aumento da taxa de injeção de 0,1 para 0,2 µl/min. Observou-se o deslocamento do óleo em ambos canais, como indicado na fig. 3e. Esse é um resultado não esperado e discordante daqueles apresentados por Chatzis e Dullien (1983). Os resultados apresentados pelos autores citados não apresentaram o preenchimento do canal menor, mesmo diante de diferentes condições impostas ao escoamento. Esse fato parece ser justificado pelo transporte de óleo por meio de filmes finos que ficam próximos aos cantos dos microcanais (compare as fig. 3a e 3c), visto que neste trabalho a seção transversal do micromodelo é retangular, diferindo dos resultados de Chatzis e Dullien (1983) que envolviam canais com seção quase circular. Isso revela a importância de se analisar com mais detalhes a mobilidade do óleo por meio de filmes finos em rochas reservatório, fator que pode impactar fortemente na fração de óleo residual. Um fator que pode levar a erros na análise experimental é observado entre as fig. 3b e 3d. Nota-se que o aumento de pressão levou ao movimento da interface I1, porém, contrário ao esperado, o movimento da interface se torna mais lento ao mudar de direção (fig. 3b), fazendo que o preenchimento do canal mais fino se dê da direita para a esquerda (fig. 3c). Esse fenômeno pode ser explicado por variações nas dimensões previstas para o micromodelo, resultantes do processo de fabricação, possivelmente da etapa de spin coating. Aparentemente, a seção do canal menor diminuiu naquela região em que interface I1 se deslocava, o que propiciou o movimento do menisco que se encontrava na outra extremidade do canal menor. 4. Conclusão Neste trabalho, o processo de drenagem em um poro de duplo canal de seção transversal retangular é analisado experimentalmente e comparado com a literatura. Os resultados obtidos pela primeira injeção de água foram concordantes com o esperado, enquanto que com o aumento da taxa de injeção observou-se o deslocamento do óleo tanto no canal menor, quanto no canal maior. Este foi uma observação não esperada e que pode ser explicada pelo transporte de óleo por meio de filmes finos que ficam próximos aos cantos dos microcanais. Isto evidencia a importância de um estudo mais aprofundado das características envolvidas na visualização de deslocamento imiscível e uma analise com mais detalhes na mobilidade do óleo por meio de filmes finos em rochas reservatório, fator este que pode impactar fortemente na fração de óleo residual. 5. Referências Bibliográficas A.S. El Din Saad Ibrahim. Investigation of the Mobilization of Residual Oil Using Micromodels. Society of Petroleum Engineers (2009). R. Lenormand. J. Phys.: Condens. Matter 2 (1990) I. Chatzis, F.A.L. Dullien. J. Colloid Interface Sci 91(1):199 (1983). C. Cottin, H. Bodiguel, A. Colin. Influence of wetting conditions on drainage in porous media: A microfluidic study (2011). A.A. Keller, M.J. Blunt, P.V.R. Roberts. Micromodel observation of the role of oil layers in three-phase flow (1996). Xia, Y., and G.M. Whitesides. Soft lithography. Angew. Chem. Int. Ed. 37:550– 575 (1998). Agradecimentos Os autores agradecem ao apoio e suporte financeiro do CENPES/PETROBRAS fornecido por meio da Rede de Simulação e Gerenciamento de Reservatórios (SIGER). *E-mail: [email protected] Microfluidics applied on polymeric drug delivery systems Débora Freitas do Nascimento1,2 *, Franceline Reynaud1, Maria de Fátima Vieira Marques1, Esther Amstad2, David Weitz2 1 IMA / UFRJ – Rio de Janeiro, RJ, Brazil 2 SEAS/HARVARD – Cambridge, MA, USA Abstract Polymeric drug delivery systems are widely used with the aim to assemble more effective treatment. The present work shows the development of polymeric drug delivery systems for controlled release of isoniazid. We studied the influence of the composition and structure of polymeric vehicles on the release of encapsulants. We employed microfluidic to assemble monodisperse droplets containing poly(ethylene glycol) (PEG), chitosan (CHT) and alginate (ALG) with isoniazid (INH) as encapsulant. The encapsulant was released within 30 min. PEG and CHT show a slightly slower release of isoniazid compared to ALG. The release was considered very fast, to successfully design delivery vehicles, we intend to gain a closer control over the release kinetics. key-words: microfluidics; drug delivery; polymer; tuberculosis Introduction To develop more effective and compliant medicines many approaches are used nowadays, polymeric drug delivery systems are the most promising ones. The present work shows the development of polymeric drug delivery systems for controlled release of antibiotics used in the treatment of tuberculosis (TB) (Figure 1). We intend to study the influence of the composition and structure of polymeric drug delivery vehicles on the release kinetics of encapsulated drugs. We employ microfluidic technologies to assemble well-defined, monodisperse drug delivery systems. ! Figure 1 (a): Schematic curves of level-time of the drug in the blood of conventional dosage forms and controlled release. [1]; (b): Chemical structures of: (a) Rifampicin (RIF), (b) Pyrazinamide, (c) Ethambutol and (d) Isoniazid (INH) [2] Experimental procedure Microfluidics devices were used to assemble monodisperse aqueous single emulsion drops (Figure 2). We assembled drops containing poly(ethylene glycol) (PEG), chitosan (CHT) and alginate (ALG) and studied their interactions with isoniazid (INH). Figure 2 – Microfluidics device used to obtain microparticles Alginate was crosslinked with calcium to maintain the droplets even after transfer to water. The mechanism of alginate crosslinking is described at Figure 3. Figure 3 – Mechanism of alginate crosslinking Results e Discussion The crosslink density of alginate microcapsules was changed by modifying the calcium concentration (Figure 4); besides that the microscale porosity of the system was modified by adding PEG (Figure 5); PEG is immiscible in alginate therefore phase separates. Figure 4 – Influence of calcium concentration Figure 5 – Influence of poly(ethylene glycol) (PEG) on alginate (ALG) microparticles The encapsulant was released within 30 min. PEG and CHT show a slightly slower release of isoniazid compared to ALG, we assign this faster release to a weaker interaction of isoniazid with alginate (Figure 6). Figure 6 – Release profiles of INH from ALG 100, 200 and 300 mM, CHT and PEG Conclusion The challenges that are faced in the development of a more effective, compliant and also affordable TB pharmacotherapy may be overcome with the use of polymers in the development of new drug delivery systems to controlled release. To successfully design such delivery vehicles, we intend to gain a closer control over the release. Acknowledgment IMA, HARVARD, WeitzLab, Fiocruz, Sigma Aldrich, CNPq (CsF) References [1] Ansel; Popovich; Allen Jr. (2000) [2] Shewiyo, D. H. et.al. Journal of Chromatography A, 1260, 232–238 (2012) [3] Duncanson, W. J et. al. Soft Matter, 8, 10636-10640 (2012) *[email protected] Interação de Membranas Suspensas de Grafeno com Meios Líquidos via Canais Microfluídicos Enterrados Gustavo Arrighi Ferrari1, Camilla K. Oliveira1, Ive Silvestre 1, Welyson Tiano dos Santos Ramos1, Bernardo R. A. Neves, Rodrigo Gribel Lacerda1 1 Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Física, Laboratóriode Nanomateriais, Belo Horizonte, MG, Brazil O material grafeno é constituído por uma única camada de átomos de carbono formando uma rede hexagonal. Atualmente, a exploração do uso do grafeno como uma membrana vem abrindo novas oportunidades de aplicação deste em diversas áreas. Neste trabalho, apresentaremos a integração de membranas “janelas” suspensas de grafeno com canais microfluídicos “enterrados” criando uma plataforma para o estudo da interação da monocamada de grafeno com meios líquidos. Esta plataforma foi construída utilizando técnicas de litografia óptica e o grafeno utilizado foi crescido pela técnica de CVD. O processo de fabricação dos canais microfluídicos “enterrados” consiste na deposição de uma camada de SiN (280 nm) sobre um substrato de Si. Utilizando litografia óptica e técnicas de corrosão, o SiN é corroído em janelas com tamanhos de 3, 4 e 7 µm e canais enterrados de 200 µm de profundidade. Uma vez finalizada a fabricação da plataforma, o processo de transferência é realizado, gerando membranas suspensas de grafeno sobre o canal microfluídico. Inicialmente, iremos mostrar a morfologia da superfície de um material com apenas uma camada de átomos sobre o líquido (água) e estudo das propriedades mecânicas do grafeno, utilizando técnicas de SPM, sob condição sem líquido (suspensa) e com líquido. A integração do grafeno com uma arquitetura microfluídica pode ser bastante promissora para o desenvolvimento de aplicações em (bio)sensores. Palavras chaves: membranas, grafeno, microfluídica, sensores Agradecimentos: Os autores encontram-se em débito com o Prof. Paul McEuen (Cornell). Os autores também gostariam de agradecer ao CNF (Cornell), Fapemig, Cnpq/MCT e Capes pelo suporte. IV Workshop em Microfluídica 24-25 de julho de 2014 Campinas, São Paulo Electrokinetic Modeling for Particle Trapping at the Microscale. Jaione Tirapu Azpiroza*, Yuksel Temizb, Emmanuel Delamarcheb, Ricardo Ohtaa, Claudius Fegera a IBM Research, Av. Pasteur 138&146, Rio de Janeiro, Brasil b IBM Research GmbH, Säumerstrasse 4, 8803 Rüschlikon, Switzerland *[email protected] In the past couple of decades, and facilitated by the advances in microfabrication technology, microfluidic devices and systems have emerged as powerful tools in the intersection between fluid dynamics and bio-medical and chemical research. The large surface area-to-volume ratios at the microscale lead to the manifestation of physical effects that can be harnessed to manipulate and control fluids in ways not possible at macroscopic scales. One such microfluidic application relates to the ability to manipulate microparticles or microorganisms suspended in fluids, for separation and isolation, or enrichment and concentration to facilitate analysis. In this paper, we explore a label-free manipulation method that involves creating large electric field intensity gradients capable of trapping small objects, such as microspheres or beads, in highly specific positions. This phenomenon is a manifestation of dielectrophoretic forces, resulting from the polarization of the particle’s bound charges within the non-uniform electric field, and it can be used to immobilize particles flowing in microchannel by applying a force larger than the fluidic drag. We induce dielectrophoresis forces on dielectric microspheres suspended in a continuous-flow silicon microfluidic channel through integrated thin electrodes on the walls, with their shape and dimensions carefully designed to produce the desired effects. In this paper we present a methodology for modeling and simulating the combined effects of the fluid drag and dielectrophoretic forces on microspheres of varying properties using finite element simulations in COMSOL Multiphysics®. The modeling capability is then applied to the design of advanced electrode configurations for the efficient trapping of microbeads. Experimental verification of the model accuracy and the efficiency of the electrode designs fabricated on silicon microchannels with a transparent cover for measurement will be presented[1,2]. Keywords: Microfluidics, Dielectrophoresis, Modeling, Silicon, Trapping. [1] “Dielectrophoretic Trapping of Beads in Compact Capillary-Driven Systems with Multiwall Electrodes”, Y. Temiz, G.V. Kaigala and E. Delamarche,17th International Conference on Miniaturized Systems for Chemistry and Life Sciences. 27-31 October 2013, Freiburg, Germany [2] "Chip-olate" and dry-film resists for efficient fabrication, singulation and sealing of microfluidic chips, Yuksel Temiz and Emmanuel Delamarche. Submitted to J. Micromechanics and Microengineering. Correção do efeito de Schlieren para determinações fotométricas em microssistemas fluídicos Laiz de Oliveira Magalhães* (UnB), Alexandre Fonseca (UnB) e Ana Cristi Basile Dias (UnB) Resumo: O presente trabalho apresenta uma estratégia eficiente e de baixo custo para a correção do efeito de Schlieren em medidas fotométricas realizadas em sistemas microfluídicos. Este efeito indesejável é atribuído a alterações na propagação da luz em um meio devido a gradientes de concentração, os quais levam a variação do sinal analítico não relacionada à espécie de interesse com conseqüente diminuição da razão sinal/ruído. Na presente proposta, demonstrou-se que medidas realizadas em dois comprimentos de onda a partir de um LED bicolor são capazes de corrigir este efeito, uma vez que um dos comprimentos de onda responde apenas ao efeito de Schlieren e o outro responde ao efeito e também ao analito. Foi observado que o sinal resultante da diferença entre as referidas medidas proporciona uma correção praticamente completa do efeito, mesmo quando as soluções de trabalho apresentam diferenças de concentração da ordem de 0,5 mol L-1 em soluto. Palavras-chave:, Efeito de Schlieren, LED, Microssistemas de Análise e Fotometria INTRODUÇÃO O efeito de Schlieren1, descrito como conseqüência das inflexões da luz ao atravessar meios com diferentes índices de refração, pode alterar drasticamente o sinal analítico em medidas fotométricas realizadas em fluxo, dificultando a determinação de espécies em baixa concentração e que estão presentes em matrizes relativamente complexas. Esse efeito gera uma grande variação no sinal de medida, não relacionada à espécie de interesse, devido à formação de lentes e espelhos no meio que podem aumentar ou diminuir a intensidade da radiação que atinge o detector, diminuindo a razão sinal/ruído e, conseqüentemente, a sensibilidade do método. Em sistemas miniaturizados, o efeito de Schlieren é ainda mais pronunciado, uma vez que a mistura de soluções com concentrações muito diferentes é limitada pela pequena dimensão dos canais. Neste sentido, o presente trabalho demonstra como as medidas realizadas com um LED bicolor em um microssistema de análise em fluxo podem ser utilizadas para a correção deste efeito sob condição de elevada diferença de concentração das soluções de trabalho. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Para os estudos, empregou-se um microssistema de análise por injeção em fluxo (µFIA) construído em uretano-acrilato2 com uma célula fotométrica integrada com caminho óptico de 10 mm. Um LED bicolor de 10 W (LZ4-00MA10, LedEngin) emitindo em 520 nm e 620 nm foi utilizado como fonte de radiação para as medidas, sendo a radiação do LED guiada até o microssistema por uma fibra óptica plástica com diâmetro de 250 µm. Da mesma forma, outra fibra óptica foi empregada para guiar a radiação do µFIA até o detector (fotodiodo OPT-101). Ensaios preliminares foram realizados injetando-se hidrodinamicamente cerca de 3,0 µL de soluções de NaCl (0,1 a 0,5 mol L-1) em um fluxo carregador de água destilada à uma vazão de 100 µL min-1. Após as injeções, as medidas em ambos os comprimentos de onda foram realizadas seqüencialmente em intervalos de aproximadamente 100 ms, sendo os resultados adquiridos por um microcomputador. Em outro ensaio, soluções contendo íons nitrito (1,0 mg L-1) e NaCl (0,1 mol L-1) foram injetadas em um fluxo carregador do reagente cromogênico para nitrito (n-naftiletilenodiamina 0,2 g L-1 e Sulfanilamida 0,5 g L-1), a fim de avaliar a influência da composição da amostra na aquisição do sinal analítico. RESULTADOS e DISCUSSÃO A Figura 1(a) mostra os sinais obtidos após as injeções das soluções de NaCl em ambos os comprimentos de onda e também para a diferença entre eles (sinal corrigido). Pode-se observar que os sinais obtidos em cada comprimento de onda são drasticamente alterados com o aumento da concentração das soluções salinas injetadas, embora estas soluções não absorvam radiação nestes comprimentos de onda. Por outro lado, os sinais resultantes da diferença entre as medidas em ambos os comprimentos de onda permanecem praticamente inalterados sob as mesmas condições, demonstrando a efetiva correção do efeito de Schlieren. Deve-se salientar, entretanto, que esta correção só foi possível após o ajuste individual das intensidades das radiações emitidas pelo LED em 520 e 620 nm, o que proporcionou a mesma amplitude para efeito de Schlieren em ambos os comprimentos de onda. De fato, a literatura1 sugere que a correção deste efeito a partir de medidas com um espectrofotômetro em dois comprimentos de onda deve ser realizada após um ajuste matemático do sinal, uma vez que a intensidade do efeito é diferente para diferentes comprimentos de onda. Os resultados obtidos para as injeções de soluções de nitrito contendo NaCl são apresentados na Figura 1(b), na qual a radiação de 520 nm sofre o efeito de Schlieren e é também absorvida pelo cromóforo (Nitrito com reagentes colorimétricos) enquanto a radiação de 620 nm responde apenas ao efeito de Schlieren. Comparando-se os sinais obtidos para as soluções do branco (apenas NaCl 0,1 mol L-1) e de um padrão na presença do sal (NO2- 1,0 mg L-1 com NaCl 0,1 mol L-1) observa-se que o sinal corrigido permite diferenciar claramente as injeções do branco daquelas para o padrão, confirmando a correção do efeito. Figura 1: Respostas obtidas para injeções de diferentes soluções de NaCl em fluxo de água destilada (a) e respostas obtidas para as injeções de soluções de 0,1 mol L-1 de NaCl e solução contendo NO2- 1,0 mg L-1 em NaCl 0,1 mol L-1 em fluxo de reagente cromogênico (n-naftiletilenodiamina 0,2 g L-1 e Sulfanilamida 0,5 g L-1) (b). CONCLUSÕES A correção do efeito de Schlieren para detecção fotométrica em sistemas microfluídicos pode ser realizada de forma eficiente a partir de medidas em dois comprimentos de onda empregando-se um LED bicolor. REFERÊNCIAS: [1]. A. C. B. Dias, Talanta 68, 1076 (2006). [2]. A. Fonseca, Analytica Chimica Acta 603, 159 (2007). AGRADECIMENTOS Ao CnPq pelo suporte, ao INCTAA e ao IQ-UnB (PPGQ) *[email protected] Selagem adesiva de sacrifício: um método potencial para a fabricação de microdispositivos de vidro Leandro Y. Shiroma, Paulo A. G. C. Leão, Maria H. O. Piazzetta, Alessandra M. Monteiro, Angelo L. Gobbi, Emanuel Carrilho e Renato S. Lima Este trabalho descreve o desenvolvimento de um método inédito para a fabricação de microdispositivos de vidro. Designado como selagem adesiva de sacrifício (SAB), ele baseia-se no uso de uma camada adesiva que contempla duas funções sequenciais: (i) permitir uma selagem preliminar (usando o adesivo ainda não polimerizado) e (ii) gerar canais microfluídicos com propriedades similares às do vidro. Microfluídica • Vidro • Selagem. Introdução Em linhas gerais, o vidro é o substrato mais adequado para aplicações em microfluídica. Suas vantagens incluem: (i) estabilidade termomecânica, (ii) inércia química, (iii) transparência óptica e (iv) coeficientes de expansão térmica similares àqueles dos compostos metálicos e semicondutores.1 Essa última característica permite a deposição de semicondutores e metais sem geração de estresse térmico até temperaturas consideráveis, eliminando os riscos de formação de rachaduras e/ou remoção dos filmes finos depositados. Em adição, o vidro é o material ideal para separações por eletroforese capilar. Sua química de superfície, densa em grupos silanois ionizáveis, promove um fluxo eletrosmótico estável e elevado o que resulta em separações reprodutíveis e de alta resolução. Por fim, sua condutividade térmica (1,5 W mK−1) possibilita a aplicação de campos elétricos maiores do que 600 V cm−1 sem a geração de efeito Joule, contribuindo para separações com eficiência elevada em tempos reduzidos.2 Não obstante as vantagens diversas intrínsecas ao vidro, seu processo de microfabricação envolve, em geral, uma instrumentação de custo elevado e um protocolo laborioso e lento. Esses fatores se devem, em particular, à etapa de selagem (térmica), que requer condições extremas de temperatura, envolve um investimento alto e pode levar mais do que 24 h.1 Considerandose as vantagens diversas do vidro para uso em microfluídica e, por outro lado, os inconvenientes relacionados ao seu processo de selagem, reportamos um método potencial para a fabricação de microchips de vidro. Designado como selagem adesiva de sacrifício (SAB), ele baseia-se no uso de uma camada adesiva de SU-8 que contempla duas funções sequenciais: (i) permitir uma selagem preliminar (usando o adesivo ainda não curado) e (ii) gerar canais microfluídicos com propriedades similares às do vidro. Isso é alcançado mediante a remoção da camada adesiva no interior do canal bombeando-se a solução reveladora dessa camada como mostra a Figura 1. Figura 1. Etapas do processo SAB (a-f) e de deposição do filme de Al no interior do microcanal (g-l). Lâmina plana de vidro (glass) (a), deposição do SU-8 (spinning) sobre essa lâmina seguida da etapa de prebake (b), selagem preliminar pressionando a lâmina plana contra o substrato contendo canal recoberto por filme opaco de Al (dourado na figura) (c), cura (exposição UV e PEB) do resiste em volta do canal (d), remoção do SU-8 não curado e do filme fino presentes no interior do canal bombeando-se soluções removedores específicas (fluidos representados em azul) (e) e resultado final (f). Lâmina plana de vidro (g), deposição de fotorresiste (resist) positivo (spinning) sobre essa lâmina seguida da etapa de prebake (h), etapas de fotolitografia (exposição UV e revelação) para transferência de padrão (i), corrosão via úmida do vidro gerando o microcanal (j), deposição por sputtering de Al (OF, opaque film) sobre toda a lâmina do sustrato (k) e lift-off o que resulta no preenchimento seletivo do canal pelo Al sem a necessida de etapas de alinhamento (l). Procedimento experimental As etapas principais de microfabricação são descritas na Figura 1. Demais procedimentos experimentais incluem: (i) estudo de uniformidade dos filmes de SU-8 depositados por spinning (espessuras dos filmes foram medidas por perfilometria); (ii) teste da força de adesão (pressões no interior do canal resultantes do transporte hidrodinâmico de água a vazões diferentes foram medidas usando uma bomba de HPLC) e (iii) avaliação do efeito das camadas residuais de SU8 sobre as propriedades de superfície do microcanal (a capacidade de dissipação térmica foi analisada mediante gráficos da lei de Ohm em tampão fosfato 20 mmol L−1, pH 8). Resultados e discussão Os valores globais médios de espessura e seus respectivos intervalos de confiança (nível de confiança de 95%) foram iguais a 4,35 ± 0,08 µm, com uma rugosidade média quadrática de apenas 0,59 nm. Não foram verificados vazamentos nos canais durante os testes de força de adesão, os quais geraram pressões de até 4 MPa. Para canais vidro/SU-8 e vidro/vidro, o efeito Joule foi registrado sob campos elétricos maiores do que 580 e 700 V cm−1, respectivamente. As camadas residuais de SU-8 obtidas ao término do processo SAB, por sua vez, não interferiram nas propriedades do microcanal. Esse mostrou um comportamento similar àquele de microcanais vidro/vidro (selados termicamente). Em ambos os casos, o efeito Joule foi gerado apenas sob um campo superior a 700 V cm−1. Conclusões A selagem com camada adesiva de sacrifício se mostrou uma alternativa potencial para a fabricação de sistemas microfluídicos de vidro. Seu processo exibe requisitos de um método ideal, quais sejam: (i) custo relativamente baixo; (ii) rapidez―oxidação das superfícies em plasma/fase líquida ou processos de funcionalização não são requeridos; (iii) adequação para processos ULSI; (iv) elimina o uso de temperatura, pressão ou potencial elétrico elevados, permitindo a deposição de filmes finos e evitando os riscos de estresse térmico e (v) demanda de níveis de limpeza e planaridade das lâminas baixos, prescindindo o uso de salas “limpas”. Ademais, somente o vidro contribui para as propriedades de superfície do canal, mantendo as vantagens advindas desse material e evitando interferências sobre o resultado analítico dadas as interações entre a amostra e a camada adesiva. É importante destacar também os aspectos positivos provenientes do uso do SU-8 como camada adesiva. Em adição a parâmetros como estabilidade térmica, inércia química, transparência óptica, sensibilidade, contraste e resolução à radiação UV e compatibilidade com as técnicas de deposição de filmes finos, esse resiste não agrega muitas das limitações inerentes a polímeros como o PDMS, incluindo os fenômenos de (i) absorção e adsorção não específicas, (ii) intumescimento em solventes orgânicos e (iii) desempenho em separações eletroforéticas insatisfatório. Referências 1. 2. M. J. MADOU, Fundamentals of microfabrication and nanotechnology. Manufacturing techniques for microfabrication and nanotechnology, 2011, Volume II, Third Ed. New York, CRC Press. P. N. Nge, C. I. Rogers and A. T. Woolley, Chemical Reviews 113, 2550 (2013). E-mail: [email protected]. Agradecimentos FAPESP (processo 2010/08559-5). MICROREATORES FOTOCATALÍTICOS, PROTOTIPAGEM E TESTES DE FOTODEGRADAÇÃO DE CORANTES ORGÂNICOS Vinicius Modoloa, Renan Rezendea, Rodrigo Diasa , Omar Pandolia Departamento de Química, Pontificia Universidade Católica, Rio de Janeiro, Brasil Email: [email protected] Resumo a Reações fotoquímicas realizadas em microreatores apresentam benefícios como: maior homogeneidade de iluminação, melhor penetração luminosa no dispositivo e menor gasto de materiais. Incorporando-se um sistema PDMS/vidro, integram-se materiais nanoestruturados e avalia-se a taxa de fotodegradação. Com avaliações de velocidade do fluxo, é possível se obter até 65,42% de degradação dos corantes estudados. Palavras Chave: fotoquímica, microreatores, fotodegradação Introdução Diversos sistemas microfluídicos foram criados e caracterizados por vários grupos de pesquisa na última década. O propósito científico para a utilização deste tipo de sistema está na grande vantagem deste com relação aos métodos convencionais, como por exemplo, a pequena distância para difusão molecular, rápida mistura e eficiente troca de calor. Existem diversas técnicas para a prototipagem de sistemas microfluídicos. Estas técnicas devem ser rápidas e apresentar baixo custo desde a etapa de concepção de seu design até o teste final do sistema. Para atender estas exigências, a produção deve ser baseada numa técnica simples e com recursos instrumentais de baixo custo. Reações fotoquímicas realizadas em microreatores apresentam benefícios, como por exemplo maior homogeneidade de iluminação, melhor penetração luminosa no dispositivo e menor gasto de materiais, o que faz com que seja possível realizar reações de fotodegradação orgânica em escala micro. Objetivo Apresentar uma técnica rápida e barata para a microfabricação de dispositivos microfluídicos PDMS (polidimetilsiloxano) sob vidro. Integrar materiais nanoestruturado em microcanais/área. Avaliar a capacidade de fotodegradação dos microreatores criados após a deposição de TiO 2 monitorando a taxa de descoloração de um corante orgânico em . água sob a ação da luz ultravioleta. Metodologia A partir de desenhos CAD, lâminas de vidro para microscópio, fita adesiva e uma máquina de corte a laser CO2, foi possível criar um molde mestre para a criação e réplica de diversos microreatores em PDMS. Primeramente aplica-se a fita adesiva em um dos lados da lâmina de vidro, podendo aplicar 2 fitas caso queira que o molde possua uma maior altura (100µm), após, com o auxílio de um laser de CO2, a fita é cortada a partir do molde CAD . Após o corte, retira-se a fita e têm-se assim o molde mestre (Fig 1A). Uma mistura PDMS/Agente curador (10:1) é despejada na superfície do molde (Fita/Vidro) e é curado após uma hora no forno à 60ºC (Fig 1B-C). O PDMS sólido é então cortado e retirado da lâmina molde “Peel Out”, obtendo assim os canais impressos na superfície do PDMS (Fig 1D). Uma nova lâmina de vidro e o PDMS são tratados com plasma de O2 para a selagem e criação do dispositivo microfluídico PDMS/Vidro (Fig 1D-E). Este processo pode ser repetido muitas vezes para a replicacão do PDMS com os canais impressos. Para a criação de um microreator fotocatalítico, é necessário a integração de particulas nanoestruturadas de TiO2 em fase cristalina anatase. O P25 (Degussa) 0,1% m/m em H2O milliQ foi utilizado para a deposição no PDMS. Para promover melhor espalhamento, o PDMS é tratado previamente com plasma para que sua superfície se torne hidrofílica. Após o gotejamento e secagem de 30 µL de P25 o sistema PDMS/Vidro é selado pelo tratamento de plasma (Fig 2D-E). Com o microreator fotocatalítico preparado, testes de Figura 1: (A) Corte com Laser CO2 (B) com a mistura de PDMS fotodegradação foram executados com os corantes Preenchimnto (C) Cura do polímero a 60ºC por 1h (D) orgânicos azul de metileno e rodamina. O teste é Peel Out (E) Selagem após tratamento realizado em uma câmara escura na presença de duas com plasma de O2 lâmpada UV de 6W. O microreator é posicionado entre as lâmpadas e 4 mL das soluções de azul de metileno 10-5 mol L-1 e rodamina 10-6 mol L-1 são fluxadas com diferentes velocidades (2 e 3 mL h-1), com o auxílio de uma bomba de seringa. As solucões são coletadas e levadas para análise e determinação de descoloração por meio da espectroscopia UV-Vis. Resultados e Discussões Os dados da fotodegradação com P25 e sem P25 (Branco), são indicados na tabela: Taxa de Solução Absorbância (Abs) descoloração (%) Rodamina 10-6 M 0,5133 Branco 2ml/h 0,3919 23,77 Branco 3ml/h 0,4245 17,30 P25* 2 ml/h 0,1812 64,70 P25* 3 ml/h 0,2926 42,99 Tabela 1: Dados espectroscópicos UV-Vis da Rodamina em presenca de P25* e sem P25 (branco) Pode-se perceber que a luz UV sozinha possui um leve poder de degradação, porém quando o sistema é incorporado com o TiO2 este poder de degradação tem um aumento significativo até uma taxa de 64%. Analisando as diferentes velocidades de fluxo de injeção do corante, percebe-se que a taxa de descoloração com velocidade de 2 mL h-1 é mais eficiente, isto se dá pois com velocidades menores o tempo de residência é maior. Com velocidades ≥ 4 mL h-1 foi observado uma lixiviação do TiO2. Conclusão É possível criar um dispositivo microfluídico com um método rápido, barato e utilizando uma técnica simples. Pode-se degradar corantes orgânicos incorporando nanopartículas de TiO2 em fase anatase nos canais do microreator e controlando a velocidade de fluxo. Ao fazer o teste de fotodegradação no corante azul de metileno, foi obtida uma taxa de descoloração de até 65,42% e com a Rodamina uma taxa de 64,70%. A prototipagem rápida de microreatores é necessária para estudos de novos materias baseados em TiO2 sintetizado no nosso laboratório da PUC-Rio. Este trabalho de IC será útil para futuros estudos focados na oxidação seletiva em química orgânica. Apresentação em Poster Patrocínio Empresa Participante Organização http://pages.cnpem.br/workshopmicrofluidica Produção de microgéis em dispositivos de microfluidica F. Y. Ushikubo, A. L. R. Costa*, D. R. B. de Oliveira, R. L. Cunha Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas Resumo Microgéis de goma gelana (0,7% m/m) foram produzidos utilizando o gelificante CaCl2 e como fase contínua óleo de soja e emulsificante PGPR (5% m/m). Foram variadas as vazões de entrada das fases dispersa e contínua e avaliou-se as condições de formação de microgéis de gelana nos microcanais. Antes da retirada dos microgéis, verificou-se diâmetros de gotas de 131 ±7 µm, 69± 4 µm e 60± 3 µm nas respectivas vazões de 2, 4 e 8 µl/min da fase contínua, com coeficientes de variação entre 5 e 6%, indicando baixa polidispersão. No entanto, ao se observar a microscopia de fluorescência da amostra coletada após retirada dos canais, verificouse que as gotas se romperam ao sair do dispositivo, gerando grande polidispersidade. Inicialmente o regime de formação de gotas era gotejamento, com o tempo as gotas se rompiam no regime de jateamento e ocasionalmente, a formação do gel era contínua, sem o rompimento de gotas. Palavras-chaves: goma gelana, monodispersão, regime de formação de gotas. Introdução Dispositivos microfluidicos podem ser utilizados para gerar microgéis com distribuição de tamanho de baixa polidispersidade e elevada eficiência de encapsulação. A possibilidade de utilizar gelana para a formação de hidrogéis é interessante pela sua alta resistência a baixos valores de pH, o que permitiria a encapsulação de compostos alimentícios que passassem intactos pelo estômago, sendo liberados somente no intestino. A encapsulação de compostos utilizando a gelana já foi realizada em processos convencionais, porém, até o momento, não existem estudos sobre a formação de microgéis de gelana em dispositivos microfluidicos. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi estudar as condições de formação de microgéis de gelana nos microcanais. Procedimento Experimental Microcanais com três entradas foram projetados em AutoCAD 2012 (Autodesk, EUA) e produzidos em polidimetilsiloxano (PDMS) pela técnica de litografia macia. Estes foram conectados a três bombas seringa (PHD22/2000, Havard Apparatus, EUA) para o bombeamento das fases para o interior dos canais. O processo de formação das gotas na junção dos canais foi observado em microscópio Multizoom AZ100 (Nikon, Japão). Na entrada 1 foi injetada a fase contínua, constituída de óleo de soja (Bunge Alimentos, Brasil) com 5% (m/m) do emulsificante polirricinoleato de poliglicerol (PGPR) (Danisco, Dinamarca). Na entrada 2 injetou-se a solução de gelana 0,7% (m/m) (Kelco, EUA) e na entrada 3 a solução de CaCl2 1,5% (m/v) (Dinâmica, Brasil). Para a formação das gotas, fixou-se a vazão da fase dispersa em 0,5 µL/min da solução de gelana e 1,5 µL /min de CaCl2. A vazão da fase contínua variou de 2 a 8 µL /min. 2 1 3 4 Figura 1- Dispositivo com três entradas para a produção de microgéis por gelificação interna. Resultados e Discussão Observando-se as imagens obtidas na expansão dos canais, isto é, antes da retirada dos microgéis, verificou-se diâmetros de gotas de 131±7 µm, 69±4 µm e 60±3 µm nas respectivas vazões de 2, 4 e 8 µl/min da fase contínua (Figura 1A, 1B e 1C), com coeficientes de variação entre 5 e 6%, indicando baixa polidispersão. No entanto, ao se observar a microscopia de fluorescência da amostra coletada após retirada dos canais (Figura 2D), verificou-se que as gotas se romperam ao sair do dispositivo, gerando grande polidispersidade. Este resultado indica que o tempo de residência das gotas dentro do dispositivo não foi suficiente para a sua gelificação. Além disso, a imagem mostra que há gotas contendo gelana (em verde), outras somente CaCl2 (gotas pretas), e ainda há algumas com a mistura não homogênea dos dois fluidos. Com isso, nota-se que a mistura da gelana com o agente gelificante não foi eficaz. A C B D Figura 2- Gotas produzidas nas condições 0,5 µl/min gelana, 1,5µl/min CaCl2 e A) 2 µl/min, B) 4 µl/min, C) 8 µl/min de óleo de soja com PGPR, D) Microscopia de fluorescência da suspensão de microgéis de gelana (barra de escala equivale a 200µm). No início do contato da gelana com a solução de CaCl2, o regime de formação de gotas era de gotejamento, com as gotas se rompendo logo após a junção, conforme observado na Figura 3A. No entanto, com o tempo, houve formação de gel logo após a junção dos canais, no formato de um jato, em cuja extremidade as gotas se rompiam, como no regime de jateamento (Figura 3B). Ocasionalmente, a formação do gel era contínua, sem o rompimento das gotas (Figura 3C). A B C Figura 3- Formação de gotas de gelana: A) regime de gotejamento, B) regime de jateamento e C) sem rompimento de gotas (barra de escala equivale a 200µm). Conclusão Microgéis de goma gelana altamente monodispersos e com tamanho ajustável podem ser obtidos pelo controle do regime de formação de gotas que está associado às condições de processo, vazões de entrada da fase dispersa e contínua. Para a remoção dos microgéis dos dispositivos devem ser feitas alterações na configuração dos microcanais quanto ao tempo de residência e técnicas de mistura da fase dispersa dentro dos dispositivos. Agradecimentos Agradecemos o apoio técnico do Professor Angelo Gobbi e da Maria Helena de Oliveira Piazzeto e a infraestrutura do Laboratório de Microfabricação do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Também gostaríamos de agradecer ao apoio financeiro da FAPESP (2011/06.083-0) e do CNPq. *contato: [email protected] CONTROLE DE VAZÃO EM CANAIS MICROFLUÍDICOS Cristhiano da Costa Herrera Wagner de Rossi Resumo: Este trabalho mostra os resultados obtidos no desenvolvimento de um sistema microfluídico construído para se obter um controle de vazão em malha aberta. A vazão gerada é obtida por diferença de pressão entre a entrada e a saída do sistema. Pulsos laser ultracurtos, de poucas dezenas de femtossegundos, foram utilizados para usinagem de microcanais em vidro óptico borosilicato (BK7) na construção do circuito microfluídico. O sistema é composto de dois substratos de vidro BK7 contendo microcanais usinados a laser, onde no primeiro deles circula o líquido, e o segundo possibilita o controle do fluxo desse líquido. Entre os dois substratos de vidro é utilizada um fina película de polidimetilsiloxano (PDMS), um polímero de baixo custo bastante flexível, cuja movimentação é controlada por uma micro eletroválvula pneumática acoplada ao circuito de controle. Para controle da micro eletroválvula utiliza-se uma placa microcontrolada. Palavras-chave: Microfluídica, Usinagem a laser, BK7, PDMS, Controle de vazão. 1. INTRODUÇÃO Um sistema microfluídico é definido como um sistema composto de microcanais, microválvulas, microbombas, micromisturadores, microagulhas, microssensores, diferindo na quantidade de elementos que o compõem [1], e dependem da aplicação a que se destina. O interesse em circuitos microfluídicos tem sido amplamente motivado por aplicações, e as dimensões e os fluidos são determinados por estas aplicações [2]. A construção de microcanais em diferentes substratos utilizando laser de pulsos ultracurtos é uma tecnologia desenvolvida e que vem sendo aperfeiçoada dentro do Centro de Aplicações de Lasers do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e o desafio que se apresenta atualmente é construir componentes microfluídicos e integrá-los de forma a se obter um sistema microfluídico para algumas aplicações específicas. 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL O circuito microfluídico construído é composto de dois substratos de vidro com microcanais usinados a laser. O primeiro deles aqui denominado de “circuito base”, por onde deve circular o líquido a ser manipulado, possui dois microcanais de 100µm x 100µm interrompidos no meio do caminho (Figura 1). O segundo, denominado de “circuito de controle”, possui um microcanal de 100µm x 100µm com uma ilha circular de 1mm de diâmetro em sua terminação e tem a finalidade de abrir ou fechar a comunicação entre os dois canais do circuito base, possibilitando o controle do fluxo do líquido (Figura 2). Entre os dois substratos é utilizada uma fina película de PDMS, um polímero de baixo custo bastante flexível completando o circuito microfluídico que pode ser visto na Figura 3. Figura 1 - Vista ampliada por microscópio do encontro dos canais no circuito base. Figura 2 - Vista ampliada por microscópio do canal no circuito de controle. Figura 3 - Vista ampliada do circuito microfluídico. O sistema microfluídico completo é composto de uma fonte de ar comprimido, dois reguladores de pressão, um dispositivo para armazenar líquido, uma micro eletroválvula pneumática, uma placa microcontrolada e o circuito microfluídico descrito anteriormente. Aplicando pressão no canal inferior (circuito base), o líquido empurra a película de PDMS permitindo a passagem de um lado para o outro. A aplicação de uma pressão maior no canal superior (circuito de controle) faz com que a película de PDMS flexione em sentido contrário interrompendo o fluxo do líquido no canal inferior (circuito base). A aplicação ou não da pressão no canal superior é feita através de uma micro eletroválvula, comandada por uma placa microcontrolada MEGA2560 do Arduino. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O líquido utilizado nas experiências foi água misturada com tinta marrom para canetas tinteiro. Inicialmente, controlando a pressão para deslocamento do liquido no circuito base, sem atuar na micro eletroválvula NF do circuito de controle, o fluxo do líquido foi observado e foram feitas várias medidas de vazão em função da pressão imposta pelo mesmo. Os dados obtidos apresentaram pequena variação e os valores médios encontram-se na Tabela 1. Uma tabela interessante e útil para a programação do microcontrolador é saber quanto tempo é necessário para obter um volume de 1µl para os diferentes valores de pressão. A Tabela 2 nos fornece esses dados e é obtida a partir da Tabela 1. Pressão (PSI) 2 4 6 8 10 12 Vazão (ul/s) 0,65 1,15 1,73 2,43 3,14 3,56 Tabela 1 - Vazão x pressão para um fluxo contínuo. Pressão 2 (PSI) 4 6 8 10 12 Tempo para 1µl 1.545,60 (ms) 868,05 578,37 411,35 318,57 280,82 Tabela 2 - Tempo para obter um volume de 1µl para diferentes pressões O programa desenvolvido para a gravação na placa microcontrolada permite colocar o volume total a ser deslocado e estipular quantos microlitros deve ser transportado em cada abertura da microválvula assim como o tempo de espera para o próximo transporte. Medidas efetuadas comprovaram a eficiência do sistema. 4. CONCLUSÕES O sistema microfluídico desenvolvido permite o controle de vazão na ordem de microlitros com boa precisão e mostrou-se bastante prático e servirá de base para a construção de um sistema um pouco mais elaborado que terá a finalidade de efetuar o teste de imunoabsorção enzimática (ELISA - Enzyme-Linked Immuno Sorbent Assay), que permite a detecção de várias doenças, entre as quais a Toxoplasmose, causada pelo protozoário Toxaplasma gondii e que inspirou o início deste desenvolvimento. 5. REFERÊNCIAS [1]R. H. W. Lam et al, IEEE 301, 2004. [2]G. M. Whitesides, A. D. Stroock, Physics Today 42, 2001. [email protected] DISPOSITIVO MICROFLUÍDICO BASEADO NO PRINCÍPIO DA “LÍNGUA ELETRÔNICA” PARA ANÁLISE DE DIFERENTES SOLUÇÕES Resumo Este trabalho visa a demonstrar a fabricação de uma língua eletrônica com dispositivos microfluídicos. Cada unidade sensorial foi obtida com um microcanal em PDMS selado sobre eletrodos interdigitados. Filmes de ftalocianina tetrassulfonada de níquel (NiTsPc) e poli(cloridrato de alilamina) (PAH), Polipirrol (PPy) e PAH, e poli(3,4-etilenodioxitiofeno):poli(estireno sulfonado) (PEDOT:PSS) e PAH foram depositados sobre os eletrodos interdigitados com a técnica de automontagem por adsorção física (LbL, layer-by-layer) dinâmica [1]. Medidas de impedância confirmaram a presença dos filmes nanoestruturados. Com análise de componentes principais (PCA) foi possível verificar diferentes concentrações de sacarose diluídas em HCl e distinguir soluções de 1mM de NaCl, sacarose, HCl, cafeína anidra, ácido L-glutâmico hidrato de sal monossódico e água ultrapura, comprovando que os dispositivos microfluídicos podem funcionar como língua eletrônica. Palavras chaves: microcanal, automontagem (layer-by-layer), nanoestruturado, impedância e PCA. Introdução Neste trabalho foram usadas metodologias de microfluídica, com deposição de filmes nanoestruturados em microcanais numa matriz de polidimetilsiloxano (PDMS) e análise em fluxo de diferentes soluções, para produzir uma língua eletrônica. O objetivo é distinguir soluções características de sabores básicos em várias concentrações, empregando-se um conjunto de sensores microfluídicos com filmes nanoestruturados de diferentes materiais sobre os eletrodos interdigitados. Foram realizados experimentos com soluções de 1mM de NaCl (salgado), sacarose (doce), cafeína anidra (amargo), HCl (azedo) e ácido L-glutâmico hidrato de sal monossódico (umami). Além disso, analisou-se a possibilidade de diferenciar as concentrações de sacarose em uma solução de HCl. Procedimento experimental Os filmes LbL em fluxo foram depositados dentro do microcanal com uma bomba de microsseringa (syringe pump), com vazão de 103 µL/h para os filmes de PPy e PEDOT:PSS, e com vazão zero (estático) para o filme de NiTsPc. Os tempos de deposição para filmes de PAH/CuTsPc, PAH/PEDOT:PSS e PAH/PPy foram de 8 min, 15 min e 15 min, respectivamente. Repetindo o processo de injetar solução de policátion, vácuo, lavagem, vácuo, injetar solução de poliânion, lavagem e vácuo, conseguimos obter filmes nanoestruturados no interior do microcanal e sobre os eletrodos interdigitados. Usando espectroscopia de impedância, observamos a variação elétrica de cada camada depositada. Soluções de 1 mM de NaCl, sacarose, cafeína anidra, HCl e ácido L-glutâmico hidrato de sal monossódico foram preparadas com água ultrapura e injetadas no microcanal com vazão de 103 µL/h por cerca de 12 min. Para analisar diferentes concentrações de sacarose, foi utilizada uma solução de HCl com concentração de 1mM à qual foram adicionadas diferentes massas de sacarose para obter as concentrações de 10-4, 10-3, 10-2 e 10-1 M. As soluções foram injetadas no microcanal com vazão de 103 µL/h por cerca de 12 min. Resultados e discussão A Figura 1 ilustra o crescimento dos filmes automontados no interior de microcanais, monitorando-se a capacitância na frequência de 1 kHz. Nota-se que a capacitância varia à medida que novas bicamadas são depositadas para os pares PAH/PPy, PAH/ NiTsPc e PAH/PEDOT:PSS nos filmes automontados. 12 10 8 PAH PPy 6 4 1000 /L 0 1 2 3 4 5 6 Bicamadas 50 PAH NiTsPc 1000 L/h 2,1 (b) 1,8 1,5 0 1 2 3 4 Bicamadas 5 6 Capacitância (nF) 2,4 (a) Capacitância (nF) Capacitância (nF) 14 PAH PEDOT:PSS 0 L/h 40 (c) 30 20 10 0 1 2 3 4 5 6 Medidas Figura 1- Variação da capacitância a 1 kHz com a deposição de 1 a 5 bicamadas de cada tipo de filme LbL; (a) PAH/PPy, (b) PAH/ NiTsPc (c) PAH/PEDOT:PSS O gráfico de PCA da Figura 2a mostra que diferentes sabores podem ser facilmente distinguidos, com exceção da sacarose cujos pontos ficaram próximo dos da água ultrapura, indicando que o sistema microfluídico pode atuar como língua eletrônica. Isso também é demonstrado com diferentes concentrações de sacarose. Observa-se na Figura 2b a distinção das concentrações de sacarose. Figura 2 – (a) PCA das soluções com concentração de 1mM; (b) PCA das diferentes concentrações de sacarose. Conclusão Verificamos que é possível empregar técnicas de microfluídica para produzir línguas eletrônicas. As medidas de impedância, normalmente usadas para detecção com línguas eletrônicas, também serviram para confirmar a deposição de filmes automontados no interior do microcanal. Um conjunto de sensores obtidos de filmes automontados com diferentes polímeros foi empregado como língua eletrônica, cuja eficiência foi demonstrada em gráficos de PCA para diferentes soluções e concentrações. Referência [1] P. Lavalle, J. C. Voegel, D. Vautier, B. Senger, P. Schaaf, e V. Ball, “Dynamic aspects of films prepared by a sequential deposition of species: perspectives for smart and responsive materials”, Advanced Materials, vol. 23, no 10, p. 1191–1221, 2011 C.M. DAIKUZONO; A. RIUL Jr.; M.H.O. PIAZZETTA; A.L. GOBBI; D.S.CORRÊA; O.N.OLIVEIRA Jr. e-mail: [email protected] Agradecimentos FAPESP (proc 08/06504-2); CAPES; LNNano; CNPEM; INEO e EMBRAPA. Microfluidic device with pillars for yeast cell retention D.S. de Lara1*, M.H. Piazzeta2, R. Savu1, M. A. Keiler1, S.A. Moshkalev1, J.W. Swart3 1 CCS – UNICAMP, Rua João Pandiá Calogeras 90, 13083-870, Campinas SP, Brasil LMF – CNPEM, Rua Giuseppe Máximo Scolfaro 10.000, 13083-970, Campinas, SP, Brasil. 3 FEEC– UNICAMP, Avenida Albert Einstein 400, 13083-852, Campinas, SP, Brasil. 2 Abstract This work presents the construction and test of a glass/PDMS device with 50 m diameter pillars inside a 1200 m channel constructed using a Si/SU-8 mold of 50 m thickness film technology. Saccharomyces cerevisiae cells were hydraulically injected in the device and special cell retention was observed. Dense pillars structures was created in AutoCad and transferred to a laser writer for the SU-8 sensibilization. The focus of this work is the search for new monitoring methods for the Brazilian fermentation ethanol industry. Keywords: pillars; microfluidic; direct laser patterning; SU-8/PDMS molds; Saccharomyces cerevisiae cell, ethanol production. 1. Introduction Pillar structures have been used in microchannels for different purposes [1]. While small pillars can create interesting morphological surface modifications for biomimetics applications, large pillars can be used for cell retention and grown. The high density structures available in microelectronics lithography techniques allow us to construct dense PDMS large pillar structures in order to modify the channel creating specific cell retention structures. 2. Experimental procedure The complete mold construction procedure was described in previous work [2]. In summary, a 3 inch silicon wafer covered with a 50 m SU-8 thick film directly patterned by a Pg101 Heidelberg laser writer machine was used as mold for the PDMS (polydimethiylsiloxane). After the peeling of the PDMS structure, the device was made by oxygen plasma bonding of the glass plate and the PDMS. Hundreds of large pillars having diameters of 50 m and distanced at 50 m from each other, all inserted in a large channel of 1200 m width, were created. The complete device, that includes two similar channels, is show in Fig. 1. As can be noticed, one contains the pillars described above and the other one is plain, without these structures. In order to overcome Autocad limitations for island recognition, special polygon structures had to be created for pillar construction. Closed zero width polyline structures were joined together to create the pillar channel, as shown in Fig. 2. 3. Results and discussion The entire device was made and tested at Unicamp. The injection was conducted by using a syringe pump. In Fig. 3 is possible to see the injection of Itaiquara yeast cells (~ 1% w/v) at the downer entry on the right side of the device together with water with blue dye at the central entry. The retention of the yeast cells at specific points inside the downer part of the channel is shown in Fig. 4 (cells attached indicated by arrows) and in Fig. 5 the absence of them. Fig. 1. Main dimensions(in micrometers) of the device. Fig. 3. Liquid entry Fig. 4. Bottom region with retention of yeast cells Fig. 2. Pillar creation inside the channel Fig. 5. Upper region without retention of yeast cells 4. Conclusion Retention of yeast cells was successfully realized using this pillar device. The experiment was conducted without fluid leaks, showing the possibility of using it in cellular biology. Acknowledgments All the authors acknowledge the financial support of FAPESP, CAPES and CNPq foundations. D.S. de Lara acknowledges the technical support of the CCS, Lamult-IFGW, FEA and CTI staff, especially E. Gemis, V. Martarello, M. G. Almeida, Prof. C. A. Fracassi da Silva, Prof. Andreas Gombert. References [1] S. Jian, Pillars arrays integrated in microfluidic channels. Microfluidic Devices in Nanotechnology: Applications, Edited by Challa S. Kumar Copyright 2010 John Wiley & Sons [2] D. Lara, Pinched injection of Saccharomyces cerevisiae cells into a PDMS microfluidic device build up using a direct laser patterned mold, Microfluidics workshop LNnano 2013 *Daniel Silva de Lara: [email protected] Microfluidic sensor based on graphene nanosheets D.B.T. Mascagni1, M. Ferreira2, N.C. Cruz1, Maria H. O. Piazzetta3, A. Gobbi3, A. Riul Jr4 1 POSMAT, UNESP, Sorocaba, SP, Brazil. 2 PPGCM, UFSCar, Sorocaba, SP, Brazil 3 CNPEM - LNLS - LNNano, Campinas, SP, Brazil. 4 DFA, IFGW, UNICAMP, Campinas, SP, Brazil e-mail: [email protected] We present here the fabrication and characterization of nanostructured films of reduced graphene oxide (rGO) using the dynamic layer-by-layer (LbL) technique for fabrication of microfluidic sensor. Graphite oxide (GO) was chemically prepared by the Hummers method, further reduced using hydrazine and Poly(diallyldimethylammonium chloride) (PDDA) or poly(styrenesulphonate) (PSS). The PDDA and PSS functionalized reduced graphene oxide (GPDDA e GPSS) resulted in stable aqueous suspensions of negative and positive charges, respectively, suitable for LbL applications. The LbL films growth inside microchannels made in a polydimethylsiloxane (PDMS) matrix by alternating layers of opposite charges by electrostatic interaction, being the growth monitored in-situ using impedance spectroscopy measurements. The sensitivity of sensors made from graphene nanosheets with different configurations have been tested for different solutions. Through studies by Principal Component Analysis (PCA) was possible to differentiate glucose from the other flavors analyzed. Keywords: nanostructured film sensor, microfluidic, dynamic layer-by-layer, graphene nanosheets. 1. Introduction Glucose detection has received great attention due to its important role in diabetic studies. The World Health Organization predicts that the rate of people with diabetes will double by 2030, therefore, the rapid advance in prevention research becomes increasingly relevant, including the development of sensors more sensitive in the detection of glucose, capable of quantifying various sources such as glucose from food or pharmaceuticals.1 Thus, manufacture sensors using nanomaterials reveals very interesting. Graphene is a unique 2D material with interesting electronic transport properties, quite promising for sensing applications.2 The dynamic layer-by-layer (LbL) deposition method inside of microchannels was chosen envisaging a better alignment of the graphene nanoplatelets at each deposited layer, as it is well know that the outstanding physical properties of graphene are favored in the plane of the twodimensional carbon lattice. Microfluidic sensors with the advantage of a reduction in the use of reagents, samples and waste, along to increase the reaction rate.3 In this work, LbL graphene nanosheets films were employed in the fabrication of microfluidic sensor especially for the detection of glucose. 2. Experimental GO was prepared via a modified Hummers method and it was reduced to graphene nanosheets in two ways: solution containing hydrazine and PSS, forming GPSS, this functionalization with the present nanosheets negative charge; and solution containing hydrazine and PDDA, forming GPDDA with positive charge. LbL films containing graphene nanosheets were deposited inside microchannels onto interdigitated gold electrodes composing different sensors. Three different films were deposited: PDDA-GPSS-GPDDA-Gox; PDDA-GPSS-GPDDA; and Mercapto-(PAH-GPSS)5. Also measures electrical impedance uncoated electrode.The electrical measurements were performed with an impedance analyzer Solartron model 1260A in the frequency range between 1 Hz and 1 MHz, using solutions of glucose, sucrose, NaCl (aqueous solution in buffer pH 6.3) and buffer (pH 6.3). The characterization of graphene nanosheets were performed by UV-Vis, XRD, SEM and FTIR spectroscopy. 3. Results GPSS GPDDA Absorbance 1.2 1.0 0.8 0.6 210 240 270 300 330 360 390 Wavelength Figure 3.1: UV-vis spectroscopy of solutions of graphene sheets. Figure 3.3: 3D plot of glucose, sucrose, NaCl and buffer versus different films. Figure 3.2: PCA ploto f glucose, sucrose, NaCl and buffer. Figure 3.4: HCA plot, correlation between different flavors. 4. Conclusions According to the results, the sensors showed good distinction among samples having the same taste, which we envisage to adapt futurelly as a glucose biosensor. 5. References 1. Wang, G. et al. Non-enzymatic electrochemical sensing of glucose. Microchim. Acta 180, 161–186 (2012). 2. Li, Y., Deng, C. & Yang, M. Facilely prepared composites of polyelectrolytes and graphene as the sensing materials for the detection of very low humidity. Sens. Actuators B Chem. 194, 51–58 (2014). 3. deMello, A. J. Control and detection of chemical reactions in microfluidic systems. Nature 442, 394–402 (2006). Acknowledgments: Capes and FAPESP for financial support. And the LMCMat, LNNano and Cristiane M. Daikuzono for technical support. Viscoelasticidade em microcanais – Efeito da composição da fase dispersa no processo de formação de gotas D. R. B. Oliveira*, F. Y. Ushikubo, R. L. Cunha Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas Resumo Emulsões foram produzidas utilizando óleo de soja e emulsificante PGPR como fase contínua. Como fase dispersa foram utilizadas soluções de glicerol com concentrações entre 10 e 75 % e soluções de goma xantana com concentrações entre 0,05 e 0,50 %. Foram variadas as vazões das fases em cada sistema, sendo que a razão entre essas vazões influenciou diretamente no tamanho das gotas. Coeficientes de variação de até 6,0 % foram obtidos quando utilizadas soluções de glicerol como fase dispersa, enquanto que quando utilizadas soluções de goma xantana foram obtidas emulsões altamente polidispersas com coeficiente de variação de até 35 %. O mecanismo de formação das gotas foi diferente para os tipos de fluidos, sendo que as gotas não-Newtonianas foram geradas a partir de um regime de jateamento. O tamanho do jato foi diretamente proporcional à razão entre as vazões das fases e da concentração de goma xantana na fase dispersa. Palavras-chaves: emulsões, microfluídica, viscoelasticidade, monodispersão. Introdução Nos últimos anos, microdispositivos têm despertado interesse para uso em processos de emulsificação, por serem capazes de permitir a produção individual de gotas, conseguindose emulsões de baixa polidispersidade [1]. Além dos dispositivos utilizados e das condições de processo, a viscosidade de cada uma das fases e a tensão interfacial entre os dois líquidos são fatores fundamentais a serem levados em consideração nos processos de formação das emulsões a partir dos dispositivos microfluídicos [2]. Assim, o estudo da fluidodinâmica do processo é imprescindível para um entendimento do processo de formação de gotas com reduzido tamanho e baixa polidispersidade. Desta forma, este trabalho teve como objetivo estudar o método de emulsificação por microcanais avaliando-se o efeito da razão entre as vazões das fases dispersa e contínua, e da presença de fluidos viscoelásticos como fase dispersa no processo de formação das gotas. Procedimento experimental Microcanais com junção em Y foram projetados em AutoCAD 2012 (Autodesk, EUA) e produzidos em polidimetilsiloxano (PDMS) pela técnica de litografia macia. Foram estudados sistemas com a fase contínua formada por óleo de soja (Bunge Alimentos, Brasil) adicionado de 5 % do emulsificante polirricinoleato de poliglicerol (PGPR) (Danisco, Dinamarca) e como fase dispersa foram utilizadas 4 soluções de glicerol (Labsynth, Brasil) em diferentes concentrações (10, 20, 40 e 75 % m/m) como modelos de fluidos Newtonianos, e 4 soluções de goma xantana (Sigma-Aldrich, EUA) (0,05, 0,1, 0,25 e 0,5 % m/m) como modelos de fluidos não-Newtonianos. As soluções de goma xantana foram submetidas a ensaios de reologia extensional em reômetro HAAKE CaBER 1 (Thermo Scientific, Alemanha). Todos os sistemas avaliados tiveram a vazão de entrada da fase dispersa no microcanal (Φdisp) fixada em 1,0 µL/min, enquanto a vazão da fase contínua (Φcont) foi variada ⁄𝛷 de 1,0 a 4,0 µL/min, obtendo-se diferentes razões entre vazões (𝑞 = 𝛷 ). Resultados e discussão As soluções de glicerol e de goma xantana apresentaram um intervalo de viscosidade semelhante na taxa de deformação estimada no interior do microcanal (500 s-1). Em todos os sistemas, o aumento de Φcont acarretou em diminuição do tamanho médio das gotas devido ao fato de maiores vazões do óleo acarretar em um maior efeito de cisalhamento sobre a fase dispersa, o que facilita o rompimento de menores gotas. A respeito dos fluidos Newtonianos, em todas as condições estudadas foram obtidas gotas altamente monodispersas, com coeficientes de variação (C.V.) menores que 6 %. Já quando utilizados os fluidos nãoNewtonianos, foram obtidos C.V. de até 35 %, indicando alta polidispersão. Esta diferença na polidispersidade das gotas pode estar diretamente ligada à diferença no mecanismo de geração das gotas com os dois tipos de fluidos. Enquanto as gotas Newtonianas foram formadas pelo regime de gotejamento, as gotas não-Newtonianas foram geradas pelo regime de jateamento, com um alongamento da corrente de fase dispersa e rompimento das gotas longe da junção. O tamanho do jato foi diretamente proporcional à vazão da fase contínua e à concentração de xantana na fase dispersa (Figura 1). a) b) c) Figura 1. Formação de gotas de fluidos não-Newtonianos em microcanal com junção em Y. a) Goma xantana 0,05% (m/m), q=1; b) goma xantana 0,25% (m/m), q=3; c) goma xantana 0,50% (m/m), q=3. Este comportamento pode ser explicado pela resposta destes fluidos quando submetidos a forças extensionais. De fato, os ensaios reológicos extensionais mostraram que o tempo de quebra dos filamentos de goma xantana aumentou com a concentração. Além disso, foi observado um aumento da viscosidade extensional com o aumento da deformação extensional, o que pode ter conferido às soluções de xantana uma maior resistência ao rompimento das gotas. Conclusões A emulsificação em dispositivos microfluídicos se mostrou uma técnica bastante viável para a obtenção de emulsões altamente monodispersas quando utilizados fluidos Newtonianos. A formação de gotas a partir de fluidos não-Newtonianos se deu de forma completamente diferente aos fluidos newtonianos. A distribuição de tamanho das gotas foi dependente da concentração de goma xantana na fase dispersa e da velocidade da fase contínua oleosa. Dessa forma, pode-se concluir que ainda são necessários estudos mais aprofundados para a produção de emulsões monodispersas a partir de fluidos nãoNewtonianos, principalmente em relação às propriedades elásticas e extensionais destes fluidos. Referências [1] R.K. Shah et al., Materials Today 11, 18 (2008). [2] Z. Nie et al., Microfluid Nanofluid 5, 585–594 (2008). Agradecimentos Agradecemos o apoio técnico do Professor Angelo Gobbi e da Maria Helena de Oliveira Piazzeto e a infraestrutura do Laboratório de Microfabricação do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Também gostaríamos de agradecer ao apoio financeiro da FAPESP e do CNPQ. *contato: [email protected] Avaliação de um Sistema a laser de CO2 para produção em batelada de dispositivos eletroforéticos Ellen Flávia Moreira Gabriel1, Wendell Karlos Tomazelli Coltro1 e Carlos D. Garcia2 1 2 Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brazil. Department of Chemistry, The University of Texas at San Antonio, San Antonio, USA. O potencial de uma sistema a laser de CO2 foi extensivamente investigado para a produção de microcanais em substrato de polimetilmetacrilato (PMMA). Primeiramente, canais únicos foram fabricados no intuito de avaliar os efeitos dos paramêtros operacionais do laser, tais como: potência, velocidade, frequência, resoluçao e número de passos, sob as dimensões (largura e profundidade) dos microcanais. Tendo as condições otimizadas, dispositivos eletroforéticos foram então fabricados e integrados ao sistema de detecção amperométrico. No intuito de reduzir bolhas formadas ao final do canal de separação e minizar os ruídos típicos decorrentes do sistema end-channel da detecção amperométrica, uma esponja de polidimetilsiloxano (PDMS) foi avaliada para funcionar como um desacoplador. O desempenho do novo sistema eletroforético foi avaliado na separação de diferentes compostos fenólicos. Palavras-chaves: Laser de CO2, Microchips de PMMA, Detecção Amperométrica. Introdução Comparado com a instrumentação de bancada convencional, os microchips possuem caractéristicas vantajosas, incluindo um grande potencial para a portabilidade, redução do tempo de análise e produção relativamente barata, o que os coloca na vanguarda da química análitica moderna [1]. São inúmeras as aplicabilidades desses microchips, mas sem dúvidas a área de separações eletroforéticas é onde existe os principais avanços na microfluídica.Vários são os matériais e as técnicas empregados para produzir estes microchips eletroforéticos, no entanto, muitas vezes os processos de fabricação envolvem instrumentação específica e procedimentos complicados. Afim de resolver algumas das desvantagens relacionados a sistemas de fabricação, principalmente dos materiais poliméricos, neste trabalho exploramos a possibilidade da utilização de um sistema de gravação a laser de CO2 para produção de microcanais em substrato de PMMA. Procedimento Experimental Os microcanais em PMMA foram fabricados utilizando um sistema a laser comercial (Mini 24, 30W, Epilog Laser Systems, Golden, Co, USA). Como caractéristica, este equipamento possui 1200 dpi de resolução, comprimento de onda de 10,6 µm e velocidade linear máxima de 1650 mm.s-1. Primeiramente, os parâmetros operacionais do sistema a laser foram avaliados no intuito de obter canais com as menores dimensões possíveis. Potência, velocidade, frequência, resolução e número de passos foram avaliados univariadamente. Com as condições otimizadas, foram fabricados microchips para separação eletroforética. Os microdispositivos possuem um arranjo de canais de injeção e separação na configuração de duplo-T. Ao final do canal de separação um canal perpendicular foi produzido para o posicionamento do eletrodo de trabalho. Além disso, um reservatório auxiliar, posicionado a 200 µm do canal do eletrodo, foi fabricado e preenchido uma esponja de PDMS [2] para funcionar como um desacoplador. O desacoplador possui um arranjo similar ao descrito por Lunte e colaboradores [3] e foi utilizado no intuito de minimizar a formação de bolhas no canal de separação e reduzir o ruído na etapa de detecção. Resultados e discussões A potência e a velocidade do feixe de laser de CO2 são os dois paramêtros que mais afetaram as dimensões dos microcanais. Canais mais rasos e mais estreitos foram obtidos quando a velocidade e a potência do laser foram definadas em 100% (1650 mm.s-1) e 10% (3 W) respectivamente. A potência de 3 W, resultou em canais de 82 ± 2µm de profundidade e 90 ± 4µm de largura e com velocidade de 1650 mm.s-1 canais de 79 ± 1µm x 78 ± 1µm pode ser obtidos. O número de passos, ou as várias incidências do laser em uma mesma região foi outro fator que afetou as dimensões dos canais. A largura e a profundidade do canal aumentou de 78 ± 1µm para 115 ± 1µm e de 84 ± 1µm para 282 ± 1µm, respectivamente. Paramêtros como frequência e resolução não afetaram significativamente nas dimensões dos microcanais. O desempenho analítico dos dispositivos de PMMA fabricados com o laser de CO2 nas condições otimizadas de velocidade, potência, frequência e resolução foi avaliado na separação de diferentes compostos fenólicos com concentração de 100 µM cada. O tempo de migração de dopamina, 2-aminofenol e catecol foram de 60, 103 e 150 s, respectivamente. O uso do desacoplador assegurou uma boa separação e preveniu principalmente a formação de bolhas na superfície do eletrodo. A Figura 1 evidência desacoplador proposto ao final do canal de separação e o eletroferograma obtido dos compostos em questão. 10 (B) Corrente (nA) 8 (A) Dopamina 2-aminofenol 6 Catecol 4 2 0 0 50 100 150 200 250 300 Tempo (s) Figura 1- (A) Posicionamento do eletrodo de trabalho para detecção amperométrica. Em D desacoplador e W reservatório descarte do tampão. (B) Separação eletroforética de dopamina, 2-aminofenol e catecol (100 µM cada) Conclusões Em resumo, a potência e a velocidade do laser são os dois paramêtros mais importantes que afetam as dimensões do canais. As canais mais rasos e mais estreitos foram obtidos com velocidade de 1650 mm.s-1 e potência de 3 W. Além disso, o número de passos do laser também afetou significativamente as dimensões dos canais. O dispositivo eletroforético acoplado ao sistema de detecção amperométrico apresentou um bom desempenho analítico, no qual os três analitos foram separados em menos de 200 s. Referências [1] E.F.M. Gabriel et al., Electrophoresis, DOI: [2] S. Choi et al., ACS Appl. Mater. Interfaces, 3, 4552 (2012). [3] D.M. Osbourn et al., Anal. Chem. 75, 2710 (2003) [email protected] Agradecimentos CNPq, University of Texas at San Antonio, INCTBio, IQ-UFG. Desenvolvimento de um sistema eletroforético híbrido acoplado com detecção eletroquímica para aplicações analíticas Eulício de Oliveira Lobo Junior*, Roger Cardoso Moreira, Anderson Almeida Dias, Lucas da Costa Duarte, Gerson Francisco Duarte Júnior, Wendell Karlos Tomazelli Coltro. Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil Resumo Este estudo visa o desenvolvimento de um sistema eletroforético híbrido, que dispensa etapas laboriosas de microfabricação e que utiliza capilares comerciais de sílica interconectados por uma interface comercial. O sistema foi acoplado a dois detectores eletroquímicos isolados, um detector amperométrico e um condutométrico sem contato. Foi possível realizar a detecção de cátions inorgânicos e de dipirona sódica com este sistema.. Palavras-chave: eletroforese capilar, detecção eletroquímica, microfluídica Introdução Sistemas eletroforéticos em microescala para análises químicas vêm se tornando objeto de intenso estudo em diversas áreas da ciência, devido a uma série de vantagens, como baixo consumo de amostras e reagentes, portabilidade entre outros [1,2]. A detecção eletroquímica tem sido amplamente empregada em microssistemas devido apresentar um menor custo e facilidade de acoplamento quando comparada à espectrometria de massas e detecção óptica, uma vez que os eletrodos e os microssistemas podem ser fabricados em uma única etapa [3]. Desta forma, este estudo avalia um microdispositivo que utiliza tubos capilares comercias como microcanais para realização de separações eletroforéticas, para quantificação de analitos de interesse em amostras reais. O microssistema híbrido descrito pode ser acoplado com diferentes modalidades de detecção. Neste estudo foi utilizado um detector condutométrico sem contato (C4D), e um detector amperométrico. Procedimento experimental O microssistema híbrido é montado utilizando uma conexão para capilares (Ultem ® Cross C360-204, Labsmith; Livermore, CA). Esta conexão permite a montagem do sistema capilar com a configuração de cruz, conforme Figura 1. Os capilares utilizados apresentam dâmetro interno de 50 µm e externo de 360 µm, com recobrimento externo de poliimida. Detector Móvel A B Figura 1. Representações da (A) intersecção comercial para capilares e (B) do (B) dispositivo montado. Os sistemas de detecção C4D utilizados foram Open C4D [1], que apresenta material disponível para download gratuito (https://sites.google.com/site/openc4d/home), e um Bipotenciostato comercial Dropsens para realização da detecção amperométrica. Ambos os sistemas de detecção são de fácil acoplamento ao sistema capilar. Um ponto importante, é que o sistema de detecção C4D apresenta acoplamento móvel, permitindo o estudo da separação dos analitos em diferentes pontos do capilar. Resultados e discussão Foi realizada a análise de uma amostra padrão contendo K+ , Na+ e Li+ (500 µmol L-1 cada), utilizando o método detecção C4D e como eletrólito uma solução constituída de MES/Histidina 20 mM, pH 6,1, sob aplicação de um potencial de 2,0 kV (285 V/cm), apresentado na Figura 2A. A detecção C4D foi realizada com aplicação de uma onda senoidal de frequência 400 kHz e amplitude de 8 Vpp. Utilizando detecção amperométrica foi realizada a análise de uma amostra real do medicamento Magnopyrol®, que foi diluído para conter 2 mmol L-1 de Dipirona sódica, utilizando um tampão de ácido acético pH 4,7 como eletrólito. Foram feitas oito injeções sucessivas e os eletroferogramas são mostrados na Figura 2B[4]. Na sétima e oitava injeções não é perceptível o pico da dipirona, e os motivos são alvo de estudo. A) K B) + Intensidade (ua) 1 1 A a + + Li 90 120 150 180 2 Corrente Na 210 240 a 3 a a 4 a 5 a 6 0 120 240 360 Tempo (s) Tempo (s) Figura 2. Eletroferogramas obtidos com o microssistema capilar. Em (A) é mostrada a separação de uma mistura equimolar de K+ , Na+ e Li+ e em (B) injeções sucessivas de medicamento contendo dipirona 2 mmol L-1. Conclusões O dispositivo híbrido apresenta potencial para separação e determinação de analitos orgânicos e inorgânicos em amostras reais e clínicas. Suas aplicações podem ser diversas, e seus parâmetros operacionais podem ser estudados visando otimizar as condições experimentais para melhor utilização do sistema híbrido envolvendo inúmeras aplicações. Referências [1] K. J. M. Francisco e C. L. do Lago, Electrophoresis, 30, 3458 (2009). [2] T. P. Segato, Anal Methods, 5 1652 (2013). [3] F. Matysik, Microchim. Acta, 160, 1 (2008) [4]W. T. P. d. Santos, Desenvolvimento de Metodologias de Análises em Fluxo com Detecção Amperométrica de Múltiplos Pulsos, Universidade Federal de Uberlândia, 2009, pp. 126. e-mail: [email protected] Agradecimentos CNPq, FAPEG, INCTBio Desenvolvimento de eletrodo modificado com óxido/hidróxido de níquel para a determinação de etanol. Gabriela F. Giordano, Renato S. Lima, Angelo L. Gobbi, Lauro T. Kubota. RESUMO Este trabalho teve como objetivo desenvolver um dispositivo eletroquímico capaz de detectar e quantificar etanol. A superfície de um eletrodo de níquel foi modificada quimicamente por oxidação em solução de (NH4)2S2O8 e NaOH. As condições ideais de temperatura e tempo para esse tratamento foram 60 ºC e 3 horas, respectivamente. Após isso, o eletrodo foi levado em estufa a 150 ºC por 1 hora. Os resultados mostraram que este procedimento foi capaz de gerar as espécies óxido/hidróxido de níquel na superfície do eletrodo. Este dispositivo foi aplicado na análise de soluções de etanol (0 a 125 mmol L-1) através da técnica de voltametria cíclica. Observou-se um aumento na corrente anódica com a concentração do analito em potencial de 600 mV, o que gerou uma curva analítica com valores de sensibilidade analítica, limite de linearidade e limite de detecção iguais a 0,688 µA L mmol-1, 50,0 e 0,67 mmol L-1, respectivamente. Palavras-chave: óxido/hidróxido de níquel, oxidação eletrocatalítica, etanol. INTRODUÇÃO O biocombustível mais produzido no mundo é o etanol, com cerca de 90 bilhões de litros produzidos em 2013. A etapa determinante desta produção é a fermentação alcoólica, pois muitos são os fatores que dificultam ou inibem a ação das leveduras como concentrações de etanol acima de 12% v/v. Assim, o monitoramento do teor alcoólico é importante para a detecção e correção de inconformidades, alem de garantir maiores rendimentos de produção.1 Os métodos comumente utilizados para a determinação de etanol são a picnometria e a cromatografia gasosa. O primeiro requer a destilação prévia da amostra, ao passo que o segundo apresenta custos de aquisição e operação elevados. Desse modo, uma alternativa potencial consiste no desenvolvimento de sensores e detectores eletroquímicos devido à sua simplicidade e sensibilidade satisfatórias, facilidade de miniaturização e portabilidade. Dentre os sistemas eletroquímicos que se destacam para esta aplicação está o uso de óxidos metálicos na modificação de eletrodos, como as espécies de óxido/hidróxido de níquel que apresentam baixo custo e alta atividade catalítica na oxidação de etanol2,3. Este trabalho teve como objetivo principal a modificação de eletrodos de níquel com a finalidade de gerar óxidos desse metal e, assim, aumentar a sensibilidade do método mediante ações catalíticas superficiais na oxidação do etanol. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Os dispositivos foram construídos pela inserção de um fio de níquel com diâmetro de 1,0 mm em um tubo de teflon. Esses foram polidos em lixa d’água padrão 1200 e pasta de diamante com granulometria de 1,0 µm, respectivamente, até obter-se uma superfície espelhada. A limpeza foi finalizada com dois banhos em ultrassom, um em etanol anidro e o outro em água deionizada, ambos durante 10 minutos. A etapa de modificação consistiu em uma oxidação química realizada em solução de (NH4)2S2O8 e NaOH nas concentrações de 2,5 e 1,0 mol L-1, respectivamente. Condições de temperatura da solução no intervalo de 25 a 60 °C, tempos de imersão entre 10 minutos e 3 horas e agitação foram avaliadas. Posteriormente, o dispositivo foi deixado em estufa a 150 ºC durante 1 hora. Por fim, o mesmo foi imerso em solução de NaOH 100,0 mmol L-1 por 15 minutos. Efetuou-se, em seguida, 5 ciclos de voltametria cíclica no intervalo de potencial de 100 a 650 mV com velocidade de varredura de 50 mV s-1. Utilizou-se eletrodo de referência de Ag/AgCl e auxiliar de fio de platina. Análises a soluções padrão de etanol no intervalo de 5 a 125,0 mmol L-1 (preparadas em NaOH) foram realizadas em triplicata. RESULTADOS E DISCUSSÃO As condições de temperatura e tempo adotadas para a modificação foram de 60 °C e 3 horas, respectivamente, pois, foi a que resultou em um eletrodo com menor desvio padrão relativo (5,0%) considerando três análises em NaOH 100,0 mmol L-1, mostrando maior estabilidade da estrutura formada. A Figura 1.A apresenta os voltamogramas cíclicos obtidos para as análises em soluções de etanol. Observa-se que houve um aumento da corrente anódica e uma diminuição da corrente catódica com a concentração de etanol, comportamento típico da eletrocatálise mediada pelas espécies Ni(OH)2/NiOOH formadas na superfície do eletrodo. As correntes medidas nos voltamogramas em potencial de 600 mV foram relacionados com as concentrações de etanol de acordo com a curva analítica apresentada na Figura 1.B. A sensibilidade analítica obtida a partir da curva foi de 0,688 µA L mmol-1, o intervalo linear foi de 5,0 a 50,0 mmol L-1 e o limite de detecção de 0,67 mmol L-1. Testes de repetibilidade, intra e interdispositivos, foram realizados a uma solução padrão de etanol 50,0 mmol L-1 (n = 3) em quatro eletrodos diferentes. Os coeficientes de variação obtidos foram de apenas 6,3 e 11,9%, respectivamente. 70 I / µA 80 40 0,0 0 Sinal Analítico / µA 120 80 125,0 mM A B 60 50 40 30 20 10 0 -40 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 E / V vs. Ag/AgCl 0,7 0 20 40 60 80 100 120 140 [Etanol] / mmol L-1 Figura 1. A. Voltamogramas cíclicos obtidos para a análise de soluções de etanol no intervalo de 0,0 a 125,0 mmol L-1. B. Curva analítica para a determinação de etanol. CONCLUSÃO Os resultados apresentados mostraram que o método empregado na modificação de eletrodo de níquel foi capaz de gerar as espécies Ni(OH)2/NiOOH de maneira estável, as quais foram responsáveis por catalisar a oxidação de etanol. Com este eletrodo foi possível obter uma curva analítica para a determinação deste analito com maior sensibilidade e detectabilidade em comparação com eletrodo de níquel liso. REFERÊNCIAS 1 S. Piermarini; G. Volpe; M. Esti; M. Simonetti; G. Palleschi, Food Chemistry, 127, 749, (2011). L.-P. Jia; H.-S. Wang, Sensors and Actuators B – Chemical, 177, 1035, (2013). 3 K. E. Toghill, L. Xiao, N. R. Stradiotto, R. G. Compton, Electroanalysis, 22, 491, (2010). 2 AGRADECIMENTO Ao LNNano pelo auxílio financeiro. [email protected] Avaliação de soluções iônicas como eletrodos para detecção condutométrica sem contato em microchips de eletroforese Gerson Francisco Duarte Junior1, José Alberto Fracassi da Silva2, Claudimir Lúcio do Lago3, Emanuel Carrilho4 e Wendell Karlos Tomazelli Coltro1 1 Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil 3 Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil 4 Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, SP, Brasil 2 Resumo Este trabalho descreve a avaliação de diferentes soluções iônicas para atuarem como eletrodos para detecção condutométrica sem contato em microssistemas eletroforéticos. Foram avaliadas diferentes soluções iônicas onde a solução de KCl na concentração de 2 mol L-1 apresentou melhores resultados em termos de intensidade do sinal para detecção do íon K+ na concentração de 500 µmol L-1. Palavras-chave: detecção condutométrica sem contato, eletrodos iônicos, microfluídica. Introdução A detecção condutométrica sem contato capacitivamente acoplada (C4D) tem se destacado frente as modalidades de detecção eletroquímica acopladas em microssistemas eletroforéticos (MSE). Uma das principais vantagens está relacionada com o fato dos eletrodos serem externamente acoplados ao canal microfluídico, eliminando assim alguns problemas como formação de bolhas devido à eletrólise e degradação dos eletrodos [1]. Adicionalmente, a fabricação e acoplamento de eletrodos é facilitada, uma vez que estes podem ser fabricados pelas mesmas tecnologias utilizadas para fabricação dos MSE possibilitando a fabricação de sistemas integrados [2]. Eletrodos para C4D têm sido confeccionados principalmente utilizando metais, como ouro, cobre, platina entre outros [3]. Neste trabalho propõe-se o uso de soluções iônicas para atuarem como eletrodos em microssistemas eletroforéticos, bem como a avaliação de diferentes tipos de soluções com potencial para serem utilizadas como eletrodos. Procedimento Experimental Canais para eletrodos com 1 mm de largura e profundidade foram gravados em baixo relevo em poli(metilmetacrilato), PMMA, com uma gravadora a laser de CO2. Estes canais foram selados com fita adesiva e ao final destes foram colados reservatórios cilíndricos para armazenamento de solução. Os canais foram preenchidos com soluções iônicas que atuam como eletrodos. O MSE confeccionado em poli(dimetil siloxano), PDMS, pelo método de litografia suave foi selado reversivelmente sobre o substrato polimérico contendo os canais para os eletrodos de detecção. O contato elétrico dos eletrodos com o sistema eletrônico do detector foi feito através de eletrodos de platina submersos nos reservatórios. Foi utilizado um detector homemade baseado na eletrônica proposta por Francisco e do Lago [4]. 2500 2000 1500 1000 500 0 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 -1 concentração (mol L ) 4,0 3000 3698000 sinal do detector (U. A.) 3000 intensidade do sinal (U. A.) intensidade do sinal (U. A) Resultados e Discussão Para os testes preliminares foi escolhida solução de KCl para atuar como eletrodo. O efeito da concentração da solução de KCl foi avaliado na detecção do íon K+ 500 µmol L-1. Para essa finalidade, a concentração do eletrodo de KCl foi variada de 1 a 4 mol L-1. A maior intensidade do sinal foi obtida quando utilizada a concentração de 2 mol L-1 (Fig. 1A), uma vez que para concentrações maiores a resposta analítica é limitada pela resistência da solução eletrolítica contida no canal eletroforético e, consequentemente, pela impedância do sistema. Além de KCl, soluções de NaCl e LiCl, foram avaliadas como potenciais eletrodos. A Figura 1B mostra a intensidade do sinal para os diferentes eletrodos na concentração de 2 mol L-1 cada. A maior intensidade do sinal foi obtida quando utilizada a solução de KCl, devido esta apresentar a maior condutividade. Já para as soluções de NaCl e LiCl a diferença entre as intensidades não foi significativa. Com os parâmetros operacionais otimizados (KCl 2 mol L-1), o eletrodo proposto foi utilizado para monitorar separação eletroforética de uma mistura equimolar de K+, Na+ e Li+ (500 µmol L-1). O eletroferograma obtido está representado na Figura 1C. 2500 2000 1500 1000 500 0 KCl NaCl eletrólito LiCl 3696000 C K+Na+ Li+ 3694000 3692000 3690000 3688000 3686000 450 475 500 525 550 tempo (s) Figura 1 – Representação da intensidade do sinal para o íon K+ (500 µmol L-1). Em (A) variação da concentração da solução de KCl. Em (B) para os eletrólitos KCl, NaCl e LiCl na concentração de 2 mol L-1 cada e (C) eletroferograma ilustrando a separação de uma mistura equimolar de K +, Na+ e Li+ (500 µmol L-1). Condições experimentais: tampão MES/His 20 mmol L-1, pH = 6,1, frequência = 400 kHz, amplitude = 1,0 Vpp, injeção: 0,8 kV, separação: 1 kV. Conclusão O uso de soluções iônicas como eletrodos apresenta simplicidade instrumental bem como versatilidade na escolha da composição do eletrodo. Entre as soluções avaliadas como potenciais eletrodos a solução de KCl na concentração de 2 mol L-1 apresentou uma melhor resposta em temos de intensidade do sinal. As próximas etapas estarão voltadas a um estudo sistemático de soluções que apresentem uma maior condutividade quando comparada ao KCl e também ao uso de líquidos iônicos. Referências [1] B. Liu et al, Microchim Acta 172, 193 (2011) [2] A. J. Gaudry, M. C. Breadmore e R. M. Guijt, Electrophoresis, 34 2980 (2013) [3] Coltro et al, Anal Methods, 4, 25 (2012) [4] K. J. M. Francisco e C. L. do Lago, Electrophoresis 30, 3458 (2009). e-mail: [email protected] Agradecimentos CAPES, FAPEG, INCTBio e CNPq. Particle handling in microfludics devices using acoustic radiation force Glauber T. Silva Physical Acoustics Group, Instituto de Física, Universidade Federal de Alagoas, 57072-900, MaceióAL, Brasil. Abstract In this work, we discuss how acoustic radiation force exerted by an ultrasound standing wave (in the MHz-range) can be employed to manipulate, trap, or even rotate particles suspended in a microfluidic device. Theoretical aspects of acoustic radiation force acting on a particle, with diameter smaller than 50 microns, in a microfluidic resonant chamber filled with a viscous fluid in presented. Moreover, the interaction radiation force between suspended particles is described by a theoretical model for particles much smaller than the wavelength. This model is applied to study the behavior of an oil-in-water emulsion under the influence of the ultrasound standing wave. The results show that concentric separation pattern is formed on the transverse plane to the wave propagation direction. Finally, the challenges in modeling actual microfluidics devices are outlined. Keywords:Microparticle handling, Acoustic radiation force, Emulsion. Introduction Acoustic radiation force caused by ultrasound standing waves is becoming a reliable method for microparticle handling inside lab-on-a-chip devices [1]. In Fig. 1, we depict a lab-on-a-chip resonant chamber filled with a liquid and a collection of suspended microparticles. To develop or enhance microfluidics devices for microparticle handling through the acoustic radiation force, we have to model the whole system including wall vibrations and geometry, particle-to-particle interactions (radiation and hydrodynamic forces), and thermoviscous effects. Having a model to account for all these effects is a formidable task. It is expected that such problem can only be solved through computational simulations. Here, we outline several aspects of modeling acoustofluidic devices, which handle microparticles, with emphasis on the acoustic Figure 1: The sketch of a lab-on-a-chip resonant radiation force problem [2]. In particular, we chamber with suspended microparticles. The investigate the interacton radiation force between piezoelectric transducer generates the ultrasound a collection of suspended particles in an inviscid standing wave. fluid. The acoustic radiation force exerted on a microparticle with radius much smaller than the incident wavelength is referred to as the primary radiation force. For a fluid medium having two or more suspended particles under the inuence of an external acoustic wave, a secondary radiation force arises. This force, referred to as the interaction radiation force, is caused by the particle-to-particle interaction through the scattered waves in the medium. The developed theory on interaction radiation force is applied to an oil-in-water emulsion. The results show that transverse concentric pattern is formed, which enables the possibility of oil droplet separation in emulsions of this kind. Physical model Based on the partial-wave expansion method [3], we can calculate the radiation force on particles suspended in a fluid. The radiation force exerted on a probe particle placed at rp due to an external wave and also the interaction of other suspended particles located at rs (s = 1, 2, ..., N – 1), is given by Frad(rp) = Fext(rp) + Fint(rp|S), (1) where Fext(rp) is the radiation force caused directly by the external standing wave and Fint(rp|S) is the interaction radiation force between the probe and all other suspended particles in a specific spatial configuration denoted by S. Results and discussion In Fig. 5, we show the interaction potential energy and its associated radiation force (represented by arrows) on a probe oil microdroplet suspended in an oil-in-water emulsion confined in a circular region of radius R = 5 mm. The energy potential has concentric local maxima and minima, with the global maximum localized at (kx,ky) = (0,0), where k is the wavenumber. Hence, microdroplets have the tendency to move away from the central region. On the other hand, the potential minima will attract the nearby oil microdroplets. Therefore, microdroplets may aggregate in the minima concentric regions throughout the emulsion. Note that the distance between to consecutive minima is about 10% of the incident wavelength. Furthermore, the magnitude of the interaction radiation force is less than 0.02 nN. Figure 2: The potential energy of the interaction radiation force (represented by arrows) in a 2D oil-in-water emulsion exposed to an external plane standing wave. The emulsion lies within a circular region of radius R = 5 mm at the nodal plane. Conclusions Theoretical aspects of modeling acoustofluidics devices have been discussed with emphasis to the acoustic radiation force exerted on suspended particles by an ultrasound standing wave. The discussion presented here might be important in the development of labon-a-chip particle handling devices based on ultrasound waves. Acknowledgments This work was partially supported by grant BEX-17997/12-7 (CAPES Foundation). References [1] H. Bruus et al, Lab. Chip 11 3579 (2011). [2] H. Bruus, Lab. Chip 12 1014 (2012). [3] G. T. Silva, J. Acoust. Soc. Am. 130 3541 (2011). MICROTUBULOS DE POLIPIRROL PARA APLICAÇÃO COMO SENSORES EM DISPOSITIVOS MICROFLUIDICOS Jacqueline Arguello, Stéfano R. Marquetto, Clarisse M. S. Piatnicki Universidade Federal de Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil Resumo O pirrol pode ser eletroquimicamente polimerizado na superfície de diferentes substratos condutores. O potencial aplicado assim como o meio utilizado na eletropolimerização influenciam fortemente a morfologia do polímero. Neste trabalho, polipirrol na forma de microtubulos foi sintetizado eletroquimicamente, essas estruturas serão testadas como sensores em dispositivos microfluídicos. Palavras-Chave: Polipirrol, eletropolimerização, microtubulos Introdução As propriedades condutoras do polipirrol (PPy) foram descritas pela primeira vez nos anos 60, mas é nos últimos anos que ele tem despertado maior interesse devido as diversas aplicações decorrentes das suas propriedades ópticas, mecânicas e elétricas [1]. A sua biocompatibilidade, baixo custo e facilidade de polimerização são algumas das qualidades que o torna um bom candidato para varias aplicações tais como dispositivos eletrônicos, dispositivos optoeletrônicos, atuadores, transistores e sensores químicos. PPy pode ser polimerizado na superfície de diferentes substratos, cujas estruturas são dependentes das variáveis experimentais [2]. Além disso, a capacidade de incorporar catalizadores e enzimas durante ou após a polimerização o tornam atrativo no desenvolvimento de sensores e biossensores. Parte Experimental O pirrol foi eletropolimerizado sobre placas de aço em diferentes meios e condições seguindo alguns procedimentos descritos na literatura [3]. Os experimentos foram levados a cabo utilizando um potenciostato da marca Autolab e celas com três eletrodos (Ag/AgCl (KCl, 3 mol/L) como referencia e platina como contra-eletrodo. Resultados mais promissores ocorreram em solução contendo KClO4 0,1 mol/L, e concentrações iguais de pirrol e o ácido 2-naftaleno-sulfônico (2-NSA). Resultados e discussão A polimerização foi realizada aplicando um potencial constante por alguns segundos na solução contendo pirrol, 2-NSA e KClO4. Foi constatada a formação de microtubulos de diferentes comprimentos na superfície do eletrodo como representado na Fig. 1. A formação de estruturas na forma de pequenos vasos e vasilhas foi previamente reportada na literatura [3]. Segundo os autores, bolhas de hidrogênio geradas no contra-eletrodo muito próximo do eletrodo de trabalho estariam servindo de template durante a polimerização. Novos experimentos estão sendo conduzidos com o intuito de obter maior uniformidade nos comprimentos dos tubos. Fig. 1. Imagem de microscopia eletrônica de varredura. Conclusão De momento só podemos concluir que as estruturas geradas têm potencial de aplicação seja no desenvolvimento de sensores como na sua utilização como canais que possam ser controlados eletroquimicamente. Referências [1] Handbook of Polymer Synthesis, Characterization, and Processing. Enrique SaldivarGuerra, Eduardo Vivaldo-Lima, John Wiley & Sons (2013). [2] W. S. Choi, T. An, G. Lim. Fabrication of Conducting Polymer Nanowires, Nanowires Implementations and Applications, Dr. Abbass Hashim (Ed.), ISBN: 978-953-307-318-7, InTech, (2011). [3] L. Qu, G. Shi, J. Yuan, G. Huan, F. Chen, J. Electroanal. Chem. 561, 149 (2004). Agradecimentos Os autores agradecem pela Bolsa IC e o apoio emergencial a pesquisa a Propesq-UFRGS, ao CNPQ (Processo: 550441/2012-3) e ao INCTBio. [email protected] Avaliação de um método alternativo para a confecção de microdispositivos em vidro Richard P. S. de Campos; Inez V. P. Yoshida; José A. F. da Silva Resumo Microdispositivos em vidro são normalmente confeccionados a partir de processos fotolitográficos convencionais, que envolvem etapas de deposição de filmes metálicos e fotorresistes sobre o vidro, exposição à radiação UV para reticulação e formação do padrão dos microcanais, com posterior corrosão da camada metálica e do substrato. Por este motivo, dipositivos neste substrato são de difícil produção na maioria dos laboratórios de pesquisa. Neste trabalho, um método alternativo para a confecção de microcanais e porterior selagem de dispositivos em vidro (mais apropriado a laboratórios de pesquisa com menos recursos) foi proposto e avaliado. Palavras-chave: microdispositivos, selagem, microcanais 1. Introdução Uma das áreas de maior crescimento nos últimos anos na Química Analítica é o desenvolvimento de micro sistemas de análise total (µTAS), cujo objetivo é a integração de várias etapas analíticas em um único dispositivo micrométrico e seu desenvolvimento tem encontrado aplicações nos mais diferentes campos da ciência1. A utilização destes sistemas microfluídicos torna-se especialmente vantajosa quando o analito de interesse é de difícil manipulação ou está presente em pequenas quantidades. Sistemas de análise celular, por exemplo, podem ser altamente beneficiados pela grande possibilidade de automação oferecida pelos μTAS. Além disso, os micro dispositivos podem reduzir o custo e minimizar a diluição pós-lise para análise do conteúdo intracelular em análises de tempo reduzido. Outra característica interessante dos µTAS é que têm possibilitado novas abordagens em termo de portabilidade, como as observadas no desenvolvimento de dipositivos point-of-care (POC). Sendo assim, a escolha do substrato para a confecção e o processo de fabricação dos microdispositos é de suma importância para a implantação de métodos simples e baratos de microfabricação que possam ser potencialmente escalonados para a comercialização destes µTAS. Os dispositivos de vidro, por exemplo, oferecem a vantagem de serem reutilizáveis, serem opticamente transparentes e possuirem uma superfície hidrofílica compatível com a análise de amostras aquosas. Entretanto, o processo de microfabricação para este substrato tende a ser laborioso, com a necessidade de utilização de protocolos fotolitográficos em sala limpa para confecção dos canais, além de exigirem um controle de temperatura bem definido no processo de selagem do dispositivo. Deste modo, o presente trabalho foi realizado no intuito de avaliar alternativas simples para a confecção de canais e selagem de substratos de vidro, para posteriores aplicações em análise celular e separações eletroforéticas. 2. Procedimento Experimental O processo de microfabricação em vidro deve, em primeira instância, conter um protocolo para corrosão do substrato utilizando ácido fluorídico. Neste trabalho, lâminas plastificantes comerciais (Plastseal®) foram utilziadas para proteção da superfície do vidro, com excessão da região dos microcanais. O desenho com o formato dos canais foi previamente impresso sobre a folha de plastificante utilizando laser de CO2 (Gravograph, L-Solution 100, velocidade 60%, potência 15 ou 20%) e este aplicado sobre o substrato de vidro utilizando uma laminadora. O substrato foi corroído utilizando-se solução de 25% v/v de HF, e a qualidade dos canais em função da potência do laser e do tempo de corrosão foi avaliada. A selagem das lâminas de vidro foi realizada pela funcionalização da base de vidro do dispositivo após imersão do substrato em solução de poli(metilhidrogenossiloxano) em hexano, na presença de ácido sulfúrico PA, por duas horas. Após lavada, esta lâmina foi posta em contato o substrato de vidro contendo microcanais, e o conjunto foi mantido a cerca de 100 ºC por 8 horas. Deste modo, foram obtidos dispositivos de vidro selados irreversivelmente. A confecção dos reservatórios foi realizada utilizando-se broca Dremel® de 3 mm. 3. Resultados e Discussão Os resultados do estudo da taxa de corrosão do vidro em solução 25% de HF obtidos revelaram corrosão média de 8,2 ± 0,1 µm/min, e o tempo de corrosão escolhido para a confecção dos canais microfluídicos neste trabalho foi de 2 minutos. Os parâmetros de potência do laser para confecção dos padrões dos canais microfluídicos na lâmina plastificante demonstraram melhores resultados para potência de 20% a 60% de velocidade. A valores menores de potência (15%), canais de menor espessura podem ser criados. Entretanto, ao submeter o plastificante ao processo de laminação necessário para proteção do substrato de vidro, regiões de estragulamento ocorrem devido à exposição do polímero à alta temperatura. O perfil obtido dos canais com velocidade 60% e potência 20% foi satisfatório para as análises de proof-of-concept deste trabalho. O processo de selagem foi analisado via ATR-FTIR. Os espectros antes e após funcionalização indicam a formação de uma fina camada de poli(metilhidrogenossiloxano) sobre a superfície do substrato de vidro. Esta camada, contendo grupos Si-H, reage com os grupos Si-OH presentes na superfície do outro substrato de vidro, contendo os canais microfluídicos, e provoca a selagem irreversível. 4. Conclusões Os resultados obtidos neste trabalho demonstram uma maneira simples e promissora para a confecção de dispositvos microfluídicos em vidro e que, sem a necessidade de processos fotolitográficos, foi capaz de possibilitar a confecção de microcanais. O processo de selagem depende diretamente da homogeneidade da camada de poli(metilhidrogenossiloxano) depositada sobre uma das lâminas de vidro e pôde ser realizado. Entretanto, melhorias nessa etapa do processo devem ser alcançadas, pois alguns dispositivos apresentaram vazamentos em regiões próximas ao canal devido à má selagem proveniente de uma funcionalização não homogênea na superfície do vidro Deste modo, com as devidas otimizações, é possível que o processo possa ser aplicado na confecção de microdispositivos mais completos, como aqueles para análise celular via separação eletroforética. Por fim, convém destacar que os processos alternativos empregados nesta etapa do trabalho foram realizados em ambiente comum de laboratório de química, sem a necessidade do uso de salas limpas. Referências 1. Arora, A., Simone, G., Salieb-Beugelaar, G. B., Kim, J. T., and Manz, A. Anal. Chem. 2010, 82, 48304847. e-mail para contato: [email protected] Micropartículas magnéticas obtidas por fluido supercrítico Camila D. M. Campos, Paulo T. V. Rosa, José A. F. Da Silva Instituto de Química – UNICAMP, Campinas, SP, 13083-970. Resumo Este trabalho descreve a preparação de partículas magnéticas por rota supercrítica. Entre outras vantagens, distinguem-se os maiores valores de remanência e coercividade magnética encontrados. O tamanho e distribuição das partículas mostrou ser dependente das condições de síntese. Introdução Micropartículas são uma ferramenta cada vez mais presentes em dispositivos microfluidicos. Usualmente utilizada como carreadores para proteínas, enzimas ou anticorpos nessessários às reações, também encontram uso como válvulas e misturadores, dentre outras. Em particular, partículas magnéticas são interessantes pela possibilidade de aprisionamento destas nos microcanais sem a necessidade de estruturas porosas. A maior parte dos trabalhos apresentados na literatura reporta a utilização de partículas comerciais ou sintetizadas por co-precipitação. Neste trabalho, a produção de micropartículas magnéticas por rota supercrítica é apresentada. Utilizou-se a reação em fluido supercrítico, adaptada do trabalho de Cabañas et al. [1,2]. Procedimento Experimental Reagentes: Água DI 18 mΩ.cm foi degaseificada antes do uso. O acetato de ferro II (95%) foi obtido da Aldrich (Estados Unidos). As soluções A, B, C e D com cocentrações de 92,8, 92,9, 46,5 e 23,2 mmol L-1, respectivamente, foram produzidas. Montagem do reator: Um reator de fluxo contínuo foi construído para a fabricação das partículas. Foram utilizados 6 m de tudo de aço inox, duas bombas de HPLC, uma estufa, um banho de resfriamento, uma válvula agulha e as conexões necessárias. A zona de reação possui 3 m. A estufa foi mantida a 200 ºC e o banho a 1 ºC. A pressão foi mantida em 200 kPa. Otimização das condições de síntese: O primeiro teste foi feito utilizando-se a solução A. A vazão de água foi mantida constante em 3,3 mL min-1, enquanto a de acetato foi de 1,7 mL min-1. Quatro frações foram recolhidas, na ordem de saída, A1, A2, A3 durante o processo e A4 ao final do processo. Nesta última estão presentes as partículas que ficaram retidas na válvula durante todo o processo. Após 12 h de repouso ocorreu a precipitação de parte das partículas em solução. A adição de etanol 1:1 à fração coletada estabilizou a suspensão das micropartículas. No segundo teste, as soluções B, C e D foram injetadas com uma vazão de 0,5 mL min-1, enquanto a água degasificada foi mantida a uma vazão de 4,5 mL min-1. Neste caso apenas duas frações foram recolhidas. A primeira (1) antes e a segunda (2) após a abertura da válvula. Estas partículas foram utilizadas para os experimentos subsequentes. Recobrimento das partículas com PAA: Inicialmente utilizou-se o polímero de ácido acrílico (PAA), obtido da Sigma (Estados Unidos), devido aos resultados positivos descritos na literatura. As partículas foram precipitadas por ultracentrifugação (10000 rpm por 10 min). O sobrenadante foi descartado e as partículas foram ressupendidas em ácido acético 5 mol L-1 de maneira a manter o meio ácido. O polímero é então adicionado e a mistura mantida em repouso até a precipitação das partículas. Quando isso ocorre, NaOH é adicionado. Análises: Para verificar o tamanho das partículas foram feitas análises de espalhamento de luz (EL). A composição das partículas foi avaliada por análise de espectro de energia dispersiva (EDS) realizada no aparelho acoplado ao microscópio eletrônico de varredura JSM 840 A (Jeol, EUA). O mesmo equipamento foi utilizado para a obtenção de imagens por microscopia eletrônica de varredura (MEV). As propriedades magnéticas foram avaliadas em um magnetômetro de amostra vibrante (VSM, LakeShore, EUA) obtendo-se a curva de histerese da amostra. O campo magnético foi variado entre -20 e 20 kOe, à temperatura ambiente. Resultados e Discussão Caracterização das partículas Maior concentração de acetato dá origem a partículas menores, devido ao maior número de sementes resultantes, impedindo o seu crescimento. A relação entre oxigênio e ferro na amostra é de 2,16. Detectou-se a presença de carbono residual - oriundo do acetato - como contaminante da amostra. Quando sintetizadas pelo primeiro método as partículas tendem a formar aglomerados maiores. A partir das curvas de histerese foram calculadas a remanência (Mrem), a magnetização na saturação (Msat), a relação entre as duas e a coercividade (Hc) das partículas - Tabela 1. A magnetização e remanência das partículas B foi bem maior do que as das partículas A. No entanto, a relação entre seus valores, bem como a coercividade, são bastante próximas. A coercividade e a remanência tiveram aumentos de duas ordens de magnitude. De acordo com as considerações feitas por Dunlop [3], o valor de Mrem/Msat superior a 0,1 indica a existência de poucos domínios cristalinos, incando o crescimento de maneira uniforme a partir das sementes, e não a agregação comum na síntese por co-precipitação. Comparados com os valores medidos em partículas sintetizadas por co-precipitação verifica-se uma melhora significativa nas respostas magnéticas. Tabela 1. Propriedades magnéticas das partículas sintetizadas Partícula Mrem (emu.g-1) Msat (emu.g-1) Mrem/ Msat Hc (G) A 0,09 0,40 0,24 133,2 B 0,31 1,77 0,18 137,5 Conclusão O processo supercrítico dá origem a partículas com melhores propriedades magnéticas, e que é possível recobrir as partículas com material polimérico, substrato para imobilização de enzimas ou anticorpos. Agradecimentos: Os autores agradecem a FAPESP pelo suporte financeiro (2011/02477-3). [1] A. Cabanas, J. A. Darr, E. Lester, M. Poliakoff, Chem. Comm. 2000, 46, 901 (2000). [2] A. Cabanas, M. Poliakoff, J. Mater. Chem., 11, 1408 (2001). [3] D. J. Dunlop, Rep. Prog. Phys., 53, 707 (1990). Escoamento de gotas de óleo através de micro capilares José F. Gutiérrez, Márcio S. Carvalho Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC) Resumo Este trabalho apresenta um estudo do escoamento de gotas de óleos suspensa em água através de micro canais de seção reta constante e através de uma garganta, que são usados como modelos do espaço poroso. O campo de velocidade da fase contínua e a velocidade da gota de óleo foram determinados através da técnica de velocimetria por imagem de partículas em escala micrométrica (µ-PIV) para diferentes tamanhos de gotas e geometria do micro canal. Os resultados obtidos mostram a variação do padrão do escoamento devido à presença de gotas de óleo e fornecem importantes informações de como gotas de óleo mudam a mobilidade do fluido injetado quando o mesmo escoa através de poros com gargantas menores do que tamanho das gotas. Palavras-chave: Gota de óleo, emulsão, capilaridade, micro-PIV Introdução Estudos recentes [1] mostram que a injeção de emulsões óleo-água tanto na escala de poros como na escala macroscópica levam a um aumento do fator de recuperação de óleo. Para otimizar este processo, é fundamental um perfeito entendimento de como as emulsões escoam em meios porosos, particularmente através das gargantas dos poros. Este trabalho foi focado no estudo detalhado no escoamento de gotas de óleo suspensas em uma fase aquosa através de um capilar com seção reta constante e com uma garganta. Procedimento experimental A bancada experimental, Fig. 1a, foi composta por 1 micro capilar (seção oval), 2 seringas para a injeção da fase continua (água destilada + surfactante + partículas de fluorescência) e a fase dispersa (óleo mineral), 1 microscópio invertido, 1 câmera CCD 1,4MP, 2 lasers para iluminar o escoamento, 1 sincronizador e o programa Insight 3GTM desenvolvido pela TSI®. Para o escoamento monofásico a injeção da fase continua (0,03 ml/h) foi feita pela abertura N°1 e saída pela N°2. A região “B” foi usada para medir o campo de velocidade no micro canal reto de seção reta constante e a região “C” o escoamento ao redor da garganta. No escoamento bifásico a injeção da fase continua (0,03ml/h) foi feita pela abertura N°1, a fase dispersa (0,003ml/h) pela abertura N°4 e saída do escoamento pela N°2. A região “A” (T junction) foi usada na formação de gotas (óleo), a região “B” para medir o campo de velocidade do escoamento ao redor da gota no micro canal reto com seção reta constante, e a região “C” o escoamento ao redor da gota na garganta. Os campos de velocidade, Fig. 2, foram obtidos a partir da captura das imagens (100 pares), as técnicas de pré-processamento, processamento e pós-processamento. No escoamento monofásico foi utilizada a técnica “ensemble average” (média amostral de vários campos instantaneos) e no escoamento bifásico, como é inerentemente transiente, foi utilizado o fato que o escoamento é periodico e que as gotas são do mesmo tamanho, então a media amostral foi obtida com imagens de diferentes gotas localizadas aprox. na mesma posição do canal. Fig. 1: a) Bancada experimental -PIV e o micro capilar com suas dimensões. Resultados e discussão A análise do escoamento monofásico foi feito para medir a precisão das medições e compará-lo com a solução analítica (escoamento laminar completamente desenvolvido), Fig. 3, o erro na velocidade média foi de aprox. 0.4%. No escoamento bifásico, as partículas de fluorescência foram semeadas só na fase continua. No micro canal de seção reta constante, a gota de óleo desloca-se sem deformação e sua velocidade média foi medida na interface óleo e água, a gota move-se a uma velocidade maior (14,8 x10-4m/s) do que o escoamento médio (9,5 x10-4 m/s). No micro canal com garganta, a gota foi estudada em 3 posições diferentes na garganta, os resultados mostram que a pesar de impôr um fluxo constante, apresenta um comportamento transiente. A gota sofre uma deformação levando um considerável incremento na pressão, para manter o fluxo constante. Tipicamente para escoamentos de água é considerado incompressível, devido ao fator de compressibilidade que é extremadamente baixo (β ≈ 4x10-10 Pa-1). Sim embargo, a taxa utilizada neste trabalho foi bem menor (Q ≈ 1011 m3/s), então os efeitos de compressibilidade do liquido passam a ser importantes. Micro canal com garganta Micro canal seção reta Esc. Monofásico 1a Pos. 2a Pos. 3 a Pos. Esc. Bifásico Fig. 2: Campo de velocidades do escoamento monofásico e bifásico no micro canal reto e com uma garganta. Fig. 3: Comparação do perfil parabólico e experimental no micro canal reto e na garganta. Conclusões Estes resultados podem server como uma importante base de comparação e validação para soluções numéricas na escala micrométrica e para valores baixos de números de capilaridade (Ca=1,6x10-4), e mostrou-se que a variação do fluxo padrão é devido à presencia de gotas de óleo, e fornecem informação importante como as gotas de óleo mudam a mobilidade do fluido injetado quando passa através de poros com gargantas menores do que tamanho das gotas. Referencias [1] Guillen, V.R., Romero, M.I., Carvalho, M.S. and Alvarado, V., Multiphase flow, (2012). Endereço eletrônico: [email protected] Fabricação de um atuador eletromagnético para sistemas microfluídicos Luiz Eduardo Bento Ribeiro e Fabiano Fruett Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação - Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP Resumo - A integração de micro sensores reatores e atuadores em dispositivos microfluídicos resulta em sistemas portáteis, permitindo o desenvolvimento de novas aplicações. Neste trabalho, fabricamos um atuador eletromagnético que é compatível com os sistemas microfluídicos. O atuador utiliza o campo magnético gerado por uma bobina imersa em uma camada de PDMS para mover um ímã de neodímio que, por sua vez, pressiona um diafragma sobre microcanais. O atuador pode ser utilizado para controlar o fluxo ao longo de um microcanal ou ainda ser combinado com microcanais com formatos especiais para dar origem uma microbomba. Palavras-chave – sistemas microfluídicos; microbomba; atuador eletromagnético. I. Introdução - A microfluídica em seu caráter multidisciplinar estuda o design, modelagem, caracterização, simulação, padrão de micro fluxos, e fabricação de micro sistemas. As microbombas e microválvulas são tema central de investigação, devido às suas potenciais aplicações: injeção controlada de medicamentos, síntese química, detecção química, refrigeração localizada de circuitos eletrônicos, microbiologia, detecção biológica, análises clínicas em medicina, e até impressão a jato de tinta [1-4]. Neste trabalho, o atuador para bombeamento de fluidos em microcanais visa assegurar a compatibilidade e portabilidade dos dispositivos microfluídicos através do uso de técnicas de fabricação e materiais compatíveis com a microfluídica e com a microeletrônica. Isso permite a integração do atuador com sistemas anteriormente reportados na literatura como o caso do sensor de permissividade dielétrica para análise de concentração de água em etanol [5]. II. Procedimento Experimental - O mecanismo de atuação é composto por um substrato de vidro liso e lapidado, um diafragma feito de PDMS (Sylgard 184) depositado por spinner, um ímã cilíndrico de NdFeB, um microcanal em formato “diffuser-nozzle” [6] e por uma bobina para gerar o campo magnético necessário para o deslocamento do ímã. A “figura 1” mostra a geometria do microcanal e as camadas do dispositivo para uma melhor visualização do seu funcionamento. O microcanal de 400µm de largura e 80 µm de altura foi fabricado utilizando-se moldes de fotoresiste SU-8 em substrato de vidro. Após a fotogravação da geometria do microcanal em SU-8, um filme fino de PDMS com 80µm de espessura é depositado por spinner para cobrir todo o substrato. Na sequência, o ímã permanente e a bobina são centralizados sobre o microcanal e mais uma camada de PDMS é depositada para a fixação da bobina e dos tubos de entrada e saída de fluido. Depois de sua cura, o PDMS é desmoldado do SU-8 preservando a estrutura dos microcanais e, posteriormente, é selado permanentemente a um substrato de vidro através de plasma de O2 para ativar as superfícies. III. Resultados e Conclusões - O dispositivo foi fabricado com sucesso utilizando as técnicas de fabricação de baixo custo e já consagradas na microfluídica e o seu desempenho está sendo testado. A facilidade do processo empregado torna o dispositivo apto a incorporar sistemas microfluídicos mais complexos, tais como reatores ou sistemas sensores. O dispositivo facilita a portabilidade dos sistemas microfluídicos pois necessita apenas de uma fonte externa para controlar o campo magnético gerado pela bobina. Figura 1 - Camadas do atuador eletromagnético. Figura 2 – Foto do dispositivo fabricado. VI. Agradecimentos Os autores agradecem ao Centro de Componentes Semicondutores (CCS), ao Laboratório Multiusuário do IFGW (LAMULT) e ao Laboratório de Pesquisas em Dispositivos (LPD). O suporte financeiro para essa pesquisa foi cedido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Sistemas Micro e Nanoeletrônicos (INCT NAMITEC). VI. Referências [1] T. C. Yih, C. Mei, and B. Hammad, “Modeling and characterization of a nanoliter drug-delivery MEMS micropump with circular bossed membrane” Nanomedicine, 2 (2005), pp. 164 [2] N. Xia, T.P. Hunt, B.T. Mayers, E. Alsberg, G.M. Whitesides, R.M. Westervelt, D.E. Ingber, “Combined microfluidic-micromagnetic separation of living cells in continuous flow” Biomedical Microdevices, 8 (2006), pp. 299-308. [3] C. Fournier-Wirth, J. Coste, “Nanotechnologies for pathogen detection: Future alternatives?”, Biologicals, v. 38 (2010), pp. 9-13. [4] Y.H. Wang, Y.W. Tsai, C.H. Tsai, C.Y. Lee, and L.M. Fu “Design and Analysis of Impedance Pumps Utilizing Electromagnetic Actuation” Sensors, 10(4) (2010): 4040-4052. [5] L. E. B. Ribeiro, M. H. Piazzetta, J. S.Costa, A. L. Gobbi, F. Fruett, “Fabrication and Characterization of an Impedance Micro-Bridge for Lab-on-a-Chip,” (2010), v. 31, pp. 155-163. [6] H. Yang, T. Tsai and C. Hu “Portable Valve-less Peristaltic Micro-pump Design and Fabrication” DTIP of MEMS & MOEMS, (2008), pp 273-278. ([email protected] / [email protected]) Desenvolvimento de Célula Microfluídica Fabricada com Impressora 3D para Biossensores de SAW Maria Cecilia Queiroga Bazetto, Paula Hespanholo Nascimento, Sergey Balashov Divisão de Microssistemas (DMS), Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, Campinas, SP, Brasil Resumo O processo de prototipagem 3D foi usado para desenvolvimento e fabricação de uma célula microfluídica (CM) para um sensor de ondas acústicas superficiais (SAW) de fase líquida. A CM com volume de aproximadamente 10 l foi impressa e colada diretamente na superfície de uma linha de atraso de SAW, de maneira que evita vazamento e mantém o volume do líquido sobre a superfície ativa do sensor que é igual a 1mm2. Os testes de RF revelaram que as perdas adicionais que a CM desenvolvida introduz no sistema é menor do que 2.5 dB, considerado suficiente para a maioria das aplicações. Foi concluído que a tecnologia de impressão 3D pode ser usada para rápida fabricação de circuitos microfluídicos mesmo para sistemas tão críticos como componentes de SAW. Palavras-Chaves: Célula Microfluídica, Biossensores, SAW, Impressora 3D. Introdução Os biossensores de SAW de fase líquida nos últimos dez anos ganharam muita atenção tanto na parte de desenvolvimento teórico quanto na parte de implementação. Sensores desse tipo necessitam de um acoplamento direto com uma CM sobre a parte sensível do sensor. Esse processo normalmente é feito usando fotolitografia com vários tipos de fotoresites espessos [1,2]. Sabendo que a área típica sensível de um sensor de SAW é na ordem de 1mm2 e que para análise de amostras muito diluídas é necessário volumes na ordem de 10 µl, a altura da célula chega até aproximadamente 5 mm. Para essas dimensões, encontra-se muita dificuldade para a fabricação de uma CM por processos de fotolitografia. Neste trabalho foi usada a tecnologia de impressão 3D para fabricar CM e também foi desenvolvido e testado o método de colagem desta célula diretamente na superfície de circuitos de SAW. Procedimento Experimental As linhas de atraso de SAW (Fig. 1a) usadas em biossensores possuem uma área sensível (3) entre um transdutor de entrada e um transdutor de saída. A célula fabricada com 1b 1c 1c Fig.1 Processo de fabricação da CM. 1a- CM fabricada. 1b- CM impressa com tecnologia 3D. 1c- CM colada na área sensível entre os transdutores. impressora 3D (Fig. 1b) tem o objetivo de garantir o contato do líquido com a área sensível e isolar os transdutores, esse isolamento é feito através de uma moldura (2) com a cola da marca DOW CORNING-3145. Após impressão da célula (1) e posterior limpeza, esta é colada (Fig.1a) direto na superfície da área sensível (3) através da moldura (2) coberta com a cola. Os resultados de fabricação estão presentes na Fig. 1c. Após o processo de colagem e secagem, foram feitas medidas de perdas de inserção (IL) de sinal RF que mostraram a ausência de vazamento e alta estabilidade de sinal (Fig. 2). Fig.2 – Perdas de sinal RF de uma linha de atraso de SAW. A curva vermelha corresponde perdas sem a CM; a curva azul corresponde perdas com a CM; a curva verde representa perdas com a CM e a colocação de TRIS (“hidroxi methyl-aminomethan”). Resultados e Discussão A análise da Fig. 2 mostra que a diferença no valor das IL é aproximadamente 2.5 dB quando colocada a célula sobre o sensor. O aumento das IL é considerado insignificante após a colocação da solução eletrolítica (TRIS) no interior da CM, o que comprova ausência de vazamento (caso contrário o sinal seria muito atenuado). A CM desenvolvida apresenta vantagens em relação ao uso de CM feitas por processos de microfabricação tradicionais, dentre eles: resolução de problemas relacionados com vazamentos, melhoramento das condições de entrada do líquido na parte sensível do sensor em casos de grandes alturas da coluna de líquido, facilidade de limpeza e de reutilização. Conclusões Os resultados obtidos mostram que o processo desenvolvido pode ser usado pra fabricar CM e por ser feito com prototipagem rápida 3D, é possível acelerar o processo de desenvolvimento e testes de diferentes aplicações de biossensores e sensores de fase líquida. Referências [1] L.A. Francis, J-M. Friedt, C. Bartic and A. Campitelli, A SU-8 liquid cell for surface acoustic wave biosensors, Spie Use, v,1 5455-43 (p.1of11), 2004-03-26. [2] H.Tarbague, J.-L.Lachaud, S.Destor, L. Vellutini, J.-P.Pillot, B.Bennetau, E.Pascal, D.Moynet, D.Mossalayi, D.Rebière, C.Dejous, PDMS (Polydimethylsiloxane) Microfluidic Chip Molding for Love Wave Biosensor, Journal Integrated Circuits and Systems 2010; v.5 / n.2:125-133. e-mail: [email protected] Agradecimentos DT3D (Divisão de Tecnologias Tridimensionais) e CNPq. Modificação química da superfície do papel para aplicabilidade em ensaios protéicos Marillya de Oliveira Araújo, Ellen Flávia Moreira Gabriel, Mábio João Santana, Luiz Henrique Keng Queiroz Júnior, Luciano M. Lião e Wendell Karlos Tomazelli Coltro 1 Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brazil. µPADs modificados quimicamente via processo de oxidação foram avaliados. O processo de oxidação foi realizado em duas etapas com soluções de periodato de sódio e peróxido de hidrogênio para geração de grupos ácidos carboxílicos na superfície do papel. Após o processo de modificação, os dispositivos foram fabricados pelo um método alternativo denominado de carimbagem. A viabilidade dos µPADs modificados foi avaliado com o ensaio analítico de albumina bolvina e tendo o método colorimétrico como sistema de detecção. A obtenção dos grupos carboxílicos foi comprovada pela técnica de ressonância magnética de 1H. A melhor homogeniedade do analito foi obtido na zona de detecção em µPADs fabricado com papel modificado. Palavras-chaves: µPAD, modificação de superfície, Detecção colorimétrica. Introdução Os últimos anos os microdispositivos a base de papel, também conhecido como µPAD, tem sido uma das ferramentas mais utilizadas para realização de ensaios bioánaliticos, principalmente na área de diagnósticos clínicos. Vantagens como, facilidade de obtenção do material, baixo custo, porosidade e biodegradabilidade são algumas das caractéristicas espécificas que viabiliza a empregabilidade desse substrato nesse ramo da pesquisa [1]. Dentre os ensaios bioánaliticos, o ensaio de protéina (albumina) tem sido um teste bastante investigado por diferentes pesquisadores. A detecção de diferentes níveis estão relacionadas a diferentes tipos de doenças principalmente as hepáticas e renais [2]. Os principais problemas reportados à esse tipo de ensaio em que utiliza os chips de papel estão a falta de reprodutibilidade, o alto desvio padrão e a dificuldade em obter uma faixa linear que abrange toda a faixa clínica do analito. Na entativa de corrigir estes problemas, o trabalho descreve uma proposta de modificação química da superfície do papel para melhorar a interação entre o analito e o substrato. Procedimento Experimental Primeiramente, foi realizada a etapa de modificação química da superfície do papel. A etapa de modificação foi feita em duas etapas utilizando soluções de periodato de sódio (0.5M) e peróxido de hidrogênio (30% v/v). Na primeira etapa, o papel é emerso na solução de periodato e mantido por 30 min em ambiente com ausência de luminosidade. Em seguida, o papel é lavado com água e emerso em solução de peróxido seguindo o mesmo procedimento descrito acima. Os µPAD quimicamente modificados foram fabricados como descrito por Garcia et al. [3] utilizando um método alternativo denominado método de carimbagem. Resumidamente, um carimbo com geometria específica é aquecido e pressionado sobre um papel, que é posicionado sob um papel parafinado. A parafina em contanto com carimbo aquecido atinge seu ponto de fusão e ocorre a transferência do desenho do carimbo para o papel que será posteriormente utilizado nos ensaios análiticos. O dispositivo em questão contém 8 zonas de detecção conectados a uma zona central (ponto de aplicação da amostra). Ensaio protéico (albumina bovina- BSA) foi utilizado para avaliar o desempenho análitico dos µPADs modificados. Resultados e discussões A modificação química do papel foi realizado no intuito de gerar grupos carboxílicos em sua superfície afim de melhorar no processo de imobilização proteína-papel. Essa melhora favorece a homogeniedade do analito na zona de detecção e tenta corrigir os efeitos recorrentes para ensaio análitico de protéina (albumina) como a falta de reprodutibilidade e diminuição do desvio padrão. A formação do grupo carboxílico na superfície do papel foi acompanhada pela técnica de ressonância magnética de 1H. A Figura 1 A mostra os espectros de 1H obtidos para o papel nativo e oxidado. Um pico com deslocamento químico em torno de 8,5 ppm, caractéristicos de hidrogênio de ácido carboxílico, foi observado no espectro do papel oxidado e o mesmo não foi observado no papel nativo, comprovando assim a modificação química do papel para grupos ácido carbóxilicos. Além disso, um pico com deslocamento em torno de 9,3 ppm também foi observado no papel oxidado que é caractéristico de grupo aldeído. A presença do grupo aldeído é devido a primeira etapa de oxidação com solução de periodato que gera preferêncialmente grupo aldeído. A necessidade da segunda etapa de oxidação ou geração do grupo carboxílico é explicada pelo fato de o grupo carboxílico ser um grupo de oxidação mais estável e que permite uma melhor imobilização do análito em questão. C) (B) B) A) Figura 1- (A) Espectro de 1H (A) papel nativo (B) papel modificado e (C) ampliação da região do espectro no qual evidência o pico de hidrogênio caractéristico de ácido carboxílico. (B) Ensaio análitico de BSA 50 µM. O desempenho análitico do µPAD modificado foi previamente avaliado com uma solução padrão de albumina bovina (50 µM), Figura 1 B. Para este ensaio o dispositivo modificado apresentou uma melhora significativa principalmente na homogeniedade ou distribuição do análito na zona de detecção. Conclusões Em resumo, a modificação química dos dispositivos pelo processo de oxidação no qual possibilitou a geração de grupos carboxílicos na superfície do papel. Essa modificação foi importante para melhorar o desempenho analítico dessa plataforma e obter uma melhor resposta analítica principalemente para os ensaios relacionados a protéina. Referências [1] Pelton. R., Trends Anal. Chem, 8, 925 (2009) [2] Martinez et al., Anal. Chem, 82, 3 (2010) [3] Garcia et al., Lab on Chip, submetido (2014) [email protected] Agradecimentos CNPq, FAPEG, INCTBio, IQ-UFG. Estudo das condições operacionais do sistema microfluídico de gotas para incorporação de pDNA em lipossomas catiônicos para aplicação em terapia gênica 1,2,3 M. T. VITOR1, A. L. P. de LIMA2 e L. G. de la TORRE3* Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química, DEMBio Resumo: A terapia gênica visa à inserção de ácidos nucleicos em células-alvo, porém uma melhor eficiência de transfecção se dá com menor tamanho e polidispersidade dos complexos. Sistemas microfluídicos baseados em gotas são capazes de promover uma mistura rápida, gerando complexos com estas características e de forma reprodutível. Neste contexto, utilizou-se no sistema microfluídico o óleo biocompatível FC-40 como fase contínua e a solução aquosa de lipossoma catiônico juntamente com pDNA, como fase dispersa. Incorporou-se pDNA nos lipossomas para investigar no sistema o número de capilaridade (Ca), número adimensional que relaciona as forças viscosas e a tensão superficial entre as duas fases imiscíveis, e a razão molar de cargas (R+/-), razão molar entre carga negativa dos ácidos nucleicos e carga positiva dos lipídios catiônicos. Os complexos obtidos com o sistema operando em Ca=0,003 e em qualquer R+/- têm propriedades desejáveis a uma transfecção in vitro eficiente em células de mamíferos. Palavras-Chaves: sistemas microfluídicos de gotas, lipossomas catiônicos, ácidos nucleicos, terapia gênica. 1. INTRODUÇÃO A terapia gênica visa à inserção de ácidos nucleicos em células-alvo, porém para os sistemas de transfecção serem eficazes, devem possuir menor tamanho e polidispersidade [1]. Técnicas convencionais de incorporação de ácidos nucleicos em lipossomas catiônicos envolvendo agitação em vórtex e manual geram complexos grandes, polidispersos e de baixa reprodutibilidade, por outro lado, o ambiente dentro de sistemas microfluídicos permite um controle preciso e a otimização da produção de carreadores de genes [2]. Neste contexto, investigamos as condições operacionais de um sistema microfluídicos de gotas para promover a complexação entre pDNA e lipossomas catiônicos de forma a obter complexos reprodutíveis, com menor tamanho e polidispersidade, que resultarão em transfecções mais eficientes. 2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Preparação dos complexos pDNA/lipossoma catiônico em sistema microfluídico de gotas para investigação do número de capilaridade (Ca) e razão molar de carga (R+/-): Primeiramente, o sistema foi operado com R+/- (razão molar entre carga negativa dos ácidos nucleicos e carga positiva dos lipídios catiônicos) em 3 e wf (razão entre vazão de entrada das soluções aquosas e vazão total) em 0,33, porém o número de capilaridade do sistema variando de 0,0008 a 0,005. Depois, os complexos foram obtidos com o sistema operando com wf=0,33 e Ca=0,003, mas o R+/- variando em 1,5; 3,0; 5,0; 7,0 e 10,0. O pDNA e os lipossomas catiônicos (soluções aquosas) e a solução oleosa composta de óleo FC-40 da 3M acrescida de 5% v/v do surfactante Pico-Surf 1 da Sphere Fluidics foram introduzidos nos seus respectivos canais do sistema microfluídico de gotas através de bombas seringas. Após o processo de complexação, a emulsão obtida foi centrifugada a uma velocidade de 10000 rpm por 4 minutos, para separação das fases. Os complexos foram caracterizados nos seguintes aspectos: distribuição de tamanhos, polidispersidade e potencial zeta utilizando equipamento Zetasizer da Malvern. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na investigação do Ca, a partir dos dados de tamanho (Tabela 1) percebe-se que não há uma variação significativa dos complexos na faixa de Ca estudada em Z-Average (~150 nm) e Number Mean (~100 nm), com exceção do Ca=0,001. Por outro lado, ao examinarmos a polidispersidade dos complexos (Tabela 1) verificamos que operando em condições de Ca abaixo de 0,001 a PdI é acima de 0,2; e quando Ca está acima de 0,001 a PdI fica em torno de 0,2. Estudos in vitro demonstraram que nanopartículas de tamanho entre 100 e 200 nm e polidispersidade menor que 0,2 são mais facilmente internalizadas por células animais in vitro [3, 4]. No caso do potencial zeta (Tabela 1) percebemos que em todos os complexos a carga líquida é positiva. As células têm, em geral, a superfície carregada negativamente, logo o complexo ter carga positiva facilita a sua internalização [5], além de indicar estabilidade dos complexos com o tempo. Dessa forma, optou-se pelo sistema operando em Ca=0,003 para investigar a razão molar de carga, pois se encaixa nas propriedades que podem levar a uma maior eficiência de transfecção sem um grande desvio padrão, indicando melhor reprodutibilidade. Para investigação da razão molar de cargas, percebe-se novamente que não há uma variação significativa do tamanho dos complexos (Tabela 1) em Z-Average (130-150 nm) e em Number Mean (~100 nm), nem da PdI (~0,2), com exceção do R+/-=5,0. O potencial zeta diminuiu à medida que foi adicionado mais pDNA (carga negativa) ao lipossoma catiônico (Figura 1), mas sempre com a carga líquida positiva. De tal forma que todos os complexos com diferentes R+/- tinham propriedades indicadas à transfecção de células animais in vitro. Tabela 1 - Tamanho, polidispersidade e potencial zeta dos complexos (pDNA/lipossomas catiônicos) obtidos em sistema microfluídico de gotas para investigar Ca (número de capilaridade) e R+/- (razão molar de cargas). Nanoestrutura Z-Average(i) (± S.D.) nm Number Mean(ii) (± S.D.) nm Pdl (iii) Potencial Zeta (± S.D.) mV Complexos pDNA/lipossomas (wf = 0,33 e R+/- = 3) Ca=0,0008 145,10 ± 9,48 99,20 ± 0,84 0,291 ± 0,149 50,95 ± 0,21 Ca=0,0009 149,15 ± 20,58 72,41 ± 19,25 0,243 ± 0,040 27,60 ± 9,05 Ca=0,0009 149,15 ± 20,58 72,41 ± 19,25 0,243 ± 0,040 27,60 ± 9,05 Ca=0,001 306,85 ± 151,11 104,41 ± 40,02 0,435 ± 0,037 32,05 ± 5,02 Ca=0,003 131,20 ± 16,40 89,58 ± 16,86 0,189 ± 0,024 44,20 ± 2,12 Ca=0,005 150,20 ± 15,98 96,03 ± 39,70 0,202 ± 0,079 41,45 ± 12,66 Complexos pDNA/lipossomas (wf = 0,33 e Ca=0,003) R+/-=1,5 156,80 ± 21,78 111,26 ± 17,46 0,210 ± 0,078 34,90 ± 4,24 R+/-=3,0 131,20 ± 16,40 89,58 ± 16,86 0,189 ± 0,024 44,20 ± 2,12 R+/-=5,0 159,30 ± 38,61 123,13 ± 47,33 0,250 ± 0,139 52,75 ± 5,02 R+/-=7,0 123,30 ± 5,73 95,09 ± 15,44 0,185 ± 0,058 46,85 ± 5,87 R+/-=10,0 136,60 ± 3,54 115,30 ± 18,74 0,153 ± 0,009 54,95 ± 7,00 Representam resultados das amostras ± desvio padrão de amostras independentes, n = 2. (i) Z-Average: valor médio do tamanho. (ii) Number Mean: média ponderada do diâmetro das partículas em número (N-distribuição). (iii) PdI: polidispersidade das amostras, varia em ordem crescente entre 0 e 1. 4. CONCLUSÃO Sistema microfluídico de gotas operando em wf=0,33, Ca=0,003 e qualquer R+/- gera complexos desejáveis a uma transfecção in vitro eficiente em células de mamíferos. 5. AGRADECIMENTOS Agradecemos aos órgãos de fomento FAPESP, CNPq e CAPES; e ao Laboratório de Microfabricação no LNLS onde foram fabricados os microdispositivos. 6. REFERÊNCIAS [1]S. S. Harris and T. D. Giorgio, Gene Ther. 12, 512 (2005). [2]A. T.-H. Hsieh, N. Hori, R. Massoudi, P. J.-H. Pan, H. Sasaki, Y. A. Lin and A. P. Lee, LChip 9, 2638 (2009). [3]M. S. Muthu, S. A. Kulkarni, A. Raju and S. S. Feng, Biomaterials 33, 3494 (2012). [4]J. Rejman, V. Oberle, I. S. Zuhorn and D. Hoekstra, Biochem J 377, 159 (2004). [5]P. L. Felgner, T. R. Gadek, M. Holm, R. Roman, H. W. Chan, M. Wenz, J. P. Northrop, G. M. Ringold and M. Danielsen, Proc Natl Acad Sci USA 84, 7413 (1987). *E-mail para contato: [email protected] Desenvolvimento de dispositivos microfluídicos de papel com superfície quimicamente modificada para ensaios clínicos utilizando detecção colorimétrica Paulo de Tarso Garcia*1, Thiago Miguel G. Cardoso 1, Carlos D. Garcia2, Emanuel Carrilho 3 e Wendell Karlos Tomazelli Coltro1 1 Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil. Department of Chemistry, The University of Texas at San Antonio, San Antonio, USA. 3 Instituto de Química de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, SP, Brasil 2 Este trabalho descreve a utilização de dispositivos microfluídicos de papel (µPADs) fabricados por uma técnica de carimbagem e aplicação em bioensaios de analitos clinicamente relevantes. Além disso, também é apresentada uma estratégia para modificação química do papel visando melhor reprodutibilidade e uniformidade de cor. Para fabricação dos µPADs utilizou-se um carimbo metálico aquecido para delimitar barreiras hidrofóbicas de parafina. Realizou-se ensaios de nitrito, albumina bovina sérica (BSA), glicose e ácido úrico (UA). A modificação química proporcionou a imobilização de enzimas no papel obtendo uma melhora significativa na uniformidade de cor dos bioensaios enzimáticos. Com a modificação química, os valores do desvio padrão relativo (DPR) para os ensaios de glicose e UA diminuíram de 40 para 10% e de 20 para 8%, respectivamente. Na análise destes analitos em amostras artificiais de urina, o erro experimental foi inferior a 5%. Palavras-chaves: Dispositivos de papel, modificação química, ensaios clínicos, detecção colorimétrica. Introdução Os dispositivos microfluídicos de papel (µPADs) tem demonstrado recentemente elevado potencial para aplicação em uma variedade de estudos bioanalíticos envolvendo diagnósticos clínicos [1]. Estes dispositivos foram propostos em 2007 pelo grupo do Prof. George Whitesides [2]. A fabricação destes dispositivos requer a criação de barreiras hidrofóbicas para definir regiões onde o fluido será transportado. As técnicas convencionais de fabricação são a fotolitografia e a impressão a cera [3], que requerem equipamentos sofisticados ou são processos laboriosos. Para realizar a detecção pode-se acoplar diversos métodos de detecção tais como a eletroquímica e colorimétrica. Este trabalho mostra um novo método de fabricação de µPADs, que é simples, rápido e de baixo custo bem como uma modificação da superfície do papel visando obtenção de melhor uniformidade de cor para garantir melhor reprodutibilidade. A viabilidade clínica foi demonstrada com a detecção de quatro analitos clinicamente relevantes em uma amostra de urina artificial. Procedimento Experimental A fabricação dos PADs foi realizada com a utilização de um carimbo metálico aquecido para definir barreiras de parafina no papel, conforme ilustrado esquematicamente na Figura 1. A detecção colorimétrica foi realizada usando o modo scanner de uma impressora DeskJet multifuncional (Hewlett-Packard, modelo F4280). Após a digitalização das imagens, as mesmas foram convertidas para uma escala de cor de 24-bits (canal RGB) e analisadas através do software Corel Photo-PaintTM. Realizou-se a modificação do papel através da oxidação com periodato de sódio pra posterior imobilização de enzimas. Os bioensaios conduzidos foram os ensaios de nitrito, BSA, glicose e UA. Utilizou-se uma amostra de urina artificial para demonstrar a viabilidade dos µPADs. Também foram realizados testes de robustez dos µPADs (estabilidade térmica com reagentes, estabilidade térmica da morfologia dos µPADs e estabilidade da oxidação do papel) com o intuito de demonstrar a potencialidade dos dispositivos como ferramentas para análises clínicas. (d) Carimbo metálico 45 mm Papel parafinado (a) Papel nativo (b) (c) Figura 1. Esquema do processo de fabricação dos PADs baseado no processo de carimbagem. Em (a), um papel parafinado é colocado sobre um papel nativo; Em (b), o carimbo é colocado em contato com o “sanduíche” de papeis;; a etapa (c) representa um PAD fabricado. A micrografia óptica em (d) representa uma imagem real do PAD. Resultados e Discussões Com a realização dos bioensaios foi possível perceber que a modificação do papel garantiu uma melhora na uniformidade de cor nas zonas de detecção dos enzaios enzimáticos, como pode ser observado na Figura 2. Figura 2. Micrografias ópticas mostrando (A) ensaios simultâneos no papel nativo e a falta de uniformidade de cor nos ensaios de (glicose) e (B) UA. Em (D) está representado ensaios de glicose e UA no papel oxidado, em (E) e (F) evidencia-se a melhor uniformidade de cor obtida nos ensaios de glicose e UA, respectivamente. Com a modificação química, os desvios padrão relativos (DPR) para os ensaios de glicose e UA diminuíram de 40 para 10% e de 20 para 8%, respectivamente. Essa melhora na uniformidade de cor garante maior confiabilidade ao analista na análise colorimétrica. Foi possível realizar a construção de curvas analíticas obtendo perfil linear que abrangem a faixa clínica de cada ensaio e assim determinou-se essas espécies em uma amostra de urina artificial com erros experimentais inferiores a 5%. Os testes de robustez demonstraram a estabilidade térmica dos µPADs bem como a estabilidade do processo de modificação do papel. Conclusões Em resumo, os µPADs fabricados a partir do uso de um carimbo mostraram potencialidade para aplicações clínicas, uma vez que também foi obtido uma melhor confiabilidade nas análises quando se utiliza µPADs quimicamente modificados. Com isso, vantagens como o baixo custo por ensaio (R$ 0,01) e a portabilidade dos µPADs corroboram para a utilização dos mesmos em diagnósticos clínicos. Referências [1] W.K.T. Coltro et al., Electrophoresis, 31, (2010) [2] A.W. Martinez et al., Angew. Chem. Int. Ed., 46, (2007) [3] E. Carrilho et al., Anal Chem., 81, (2009) * E-mail: [email protected] Agradecimentos CNPq, FAPEG, INCTBio. Quantitative evaluation of flow fields using µPIV measurements and LBM simulations Bryant P. W.1,†, Neumann R. F.1,†, Moura M. J. B.1,†, Steiner M.1, Engel M.2, Carvalho M. S.3, Feger C.1 1 IBM Research | Brazil, Av. Pasteur, 138 / 146, Urca, Rio de Janeiro, Brazil IBM Research | Watson, 1101 Kitchawan Rd, Yorktown Heights, NY, USA 3 Dept. Mech. Eng., PUC-Rio, R. Marquês de São Vicente, 225, Gávea, Rio de Janeiro, Brazil † Equal contribution 2 In Microscopic Particle Image Velocimetry (µPIV), velocity fields in microchannels are sampled over a finite volume within which the velocity field may vary significantly. This has limited measurements often to be only of qualitative nature. Advanced data processing techniques have been proposed in an effort to overcome this limitation, but they are often so complicated and convoluted that the physical understanding is limited or even precluded. We introduce an alternative and straightforward method by which one can determine the size and shape of the volume over which fluids are sampled. By comparing measurements and simulations, we prove this method enables quantitative evaluation of velocity fields, even close to walls. We later show its robustness by applying it to several practical examples. The results have general implications for research and development that requires reliable quantitative measurement of fluid flow on the micrometer scale and below. Keywords: µPIV, Lattice Boltzmann Method, sampling volume. 1) Introduction Several works in microfluidics that used µPIV to extract flow fields [1,2,3] were limited to qualitative analysis of flow profiles due to the inherent finiteness of the sampling region. Complicated concepts such as the “depth of correlation” that were introduced to account for this effect often have arbitrary parameters, ill-defined applicability, and lead to a non-intuitive interpretation of results. We introduce an alternative approach based on the concept of the “sampling volume” (SV). We show it provides a simple way to quantitatively evaluate µPIV experiments as well as a straightforward interpretation of the velocity measurement. 2) Experimental and Simulation Methods The experiments were performed using a commercially available µPIV system (TSI Inc.), composed of an optical microscope, CCD camera, two lasers and a laser pulse synchronizer. The image pixel corresponds to ∆x=0.32 µm. The synchronizer controls the timing sequence of laser pulses and exposure time of the CCD. A glass microfluidic device by Dolomite Centre Ltd was used in the flow experiments. The device has a straight channel with an elliptical cross-section of 50 µm (55 µm) semi-minor (semi-major) axis. To visualize the flow, purified water was seeded with 1 µm fluorescent particles. The injection rates ranged from 25 µl/h to 100 µl/h. Pairs of snapshots of the particle-seeded fluid were taken at ∆t=500µs intervals. The images were divided into 32×32 pixels interrogation windows to calculate the crosscorrelation function and locate its peak. We recover the velocity by multiplying the position of the peak by ∆x/∆t. The final outcome is the experimental velocity flow field ve=(vx,vy) for every (x,y) point of the camera's field of view. The simulations were performed using the Lattice Boltzmann Method (LBM) [4]. The geometry of the microchannel, the pump's flow rate and the fluid properties were the only input parameters required. The output of the simulation is the theoretical velocity flow field vt=(vx,vy,vz) at every point (x,y,z) in the simulation domain. 3) Results and Discussion Following the experimental procedure described above, we obtained the flow field in a microchannel. The result is depicted in Fig. 1, for a flow rate of 100 µl/h. Fig. 1: Experimental flow field for a 100 µl/h flow rate in a microchannel with elliptical cross section. The experimental profile was averaged along x and is presented as points in Fig. 2 (left), with error bars corresponding the one standard deviation. Compared to the theoretical profile at the center of the channel, the measured profile is much lower. The measurement and the theory can be reconciled, however, if one averages the theoretical flow field over the SV. By sweeping the center and size of the SV, as in Fig. 2 (center), one can adjust the theoretical velocity profile to the measured data. The best fit defines the correct placement and size of the SV, as in Fig. 2 (right). Fig. 2: Procedure used to locate the SV. The optimal fit (left) is determined by sweeping the fit parameters (center) and locating the minimum residual. The fit parameters at the minimum indicates the position of the SV with respect to the channel (right). In contrast to previous attempts [1,2,3] to study the flow in microchannels we did not limit ourselves to consider only the profile shape or the maximum velocity, nor were we forced to disregard near-wall features such as the observed kinks. We managed instead to reproduce the entire experimental profile from wall to wall with our spatial average over the SV. 4) Conclusions The present approach using the SV offers a straightforward interpretation of the measurement and an intuitive procedure that uses simple spatial volumetric averages to reconcile theoretical and experimental velocities. 5) References [1] C.D. Meinhart, S.T. Wereley and J.G. Santiago, Exp. Fluids 27, 414 (1999). [2] A. Kloosterman, C. Poelma and J. Westerweel, Exp. Fluids 50, 1587 (2011). [3] K. Sott et al., J. Colloid Interface Sci. 398, 262 (2013). [4] S. Chen and G.D. Doolen, Annu. Rev. Fluid Mech. 30, 329 (1998). Electronic address: [email protected] Desenvolvimento de metodologia analítica para determinação de tensoativos utilizando microchips de eletroforese com detecção condutométrica sem contato *Roger Cardoso Moreira, Anderson Almeida Dias e Wendell K. T. Coltro Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil Resumo Nesse trabalho avaliou-se a aplicabilidade de microchips de eletroforese para determinação de tensoativos com detecção condutométrica sem contato. Nos resultados preliminares observouse uma variação indesejável na área do pico, na intensidade do pico e no tempo de migração, apresentando desvio padrão relativo 28,1%, 21,9% e 13,2% respectivamente, que está relacionada com a interação do analito com a parede do canal. Introdução Compostos de quaternários de amônio são constituídos por um cátion quaternário de amônio ligado à um ânion. Os cátions geralmente possuem estrutura NR+, onde R é um grupo alquila. Devido às suas propriedades físicas e químicas, os sais de quaternário de amônio são amplamente utilizados na indústria química [1]. Os compostos de amônio quaternários são utilizadas em eletroforese como inversores do fluxo elestrosmótico (FEO), devido a sua interação com a parede do microcanal [2.] Sendo assim a detecção desses compostos é dificultada justamente por essa interação. O uso de solventes orgânicos como eletrólito tem mostrado vantagens nas separações desses compostos, pois a solubilidade do analito é aumentada [3]. Procedimento Experimental Foi utilizado um equipamento comercial de eletroforese em microchips com detecção condutométrica sem contato (modelo C4D System 225, eDAQ, Austrália). Foram utilizados microchips comerciais de vidro (modelo ET145) adquiridos junto a Micronit Microfluidics (Enschede, Holanda), os quais possuem 45 mm de comprimento e canal com dimensões 100x10 µm (largura×altura). Os microhips possuem eletrodos integrados para detecção condutométrica sem contato. O software PeakMaster® foi utilizado para escolher o eletrólito de corrida, sendo assim definiu-se o uso de um sistema tampão MES/His 20 mmol.L-1. Os parâmetros do detector foram então otimizados, chegando a uma frequência de 900 KHz e a amplitude 20 Vpp. No processo eletroforético, o canal foi condicionado com hidróxido de sódio 0,1 mol.L-1 durante 20 minutos. Após lavagem do canal com água deionizada, analisou-se uma solução aquosa contendo brometo de cetil trimetil amônio (CTAB) na concentração de 100 µmol.L-1. Resultados e Discussão Foi estudado se a interação do CTAB com a parede do microcanal afeta o tempo de migração e o formato do pico. Sendo assim foram realizadas 110 injeções consecutivas de uma solução contendo CTAB 100 µmol.L-1. Os eletroferogramas estão representados na figura 1. 4 4 Sinal C D (mV) Sinal C D (mV) 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Tempo (s) 135 150 165 180 195 210 225 240 Tempo Figura 1 – Eletroferogramas com 110 injeções sequenciais. Os picos(s)positivos representam o + CTA (100 µM. Condições experimentais: tampão MES/His (20 mM), pH 6,1: injeção: 1200 V/1 s; separação: 1400 V. Frequência: 900 KHz; Amplitude: 20 Vpp. Os desvios padrão relativos para a área, intensidade do pico e tempo de migração foram 28,1%, 21,9% e 13,2% respectivamente. Essa variação é devido a interação do CTAB com a parede do canal, sendo mais pronunciada na área dos picos. A representação gráfica pode ser visualizada na figura 2. (A) 90 30 100 20 75 10 50 0 25 -10 0 -20 0 20 40 60 80 Intensidade do Pico (mV) 125 Área do Pico (mV.s) 100 40 Área Intensidade 100 Tempo de Migração (s) 150 (B) Tempo 80 70 60 50 40 30 20 10 0 0 Número de Injeções 20 40 60 80 100 Número de Injeções Figura 2 – Representação gráfica mostrando a variação (A) da área e intensidade do pico e (B) tempo de migração versus as injeções consecutivas. Conclusões A detecção dos tensoativos em eletrólitos aquosos é prejudicada pela interação com a parede do microcanal, sendo assim etapas futuras serão realizadas para eliminar ou minimizar essas interações. Dentre as estratégias a serem utilizadas está o aumento do tempo de condicionamento e/ou o aumento da concentração da solução de hidróxido de sódio, visando uma maior ativação dos grupos silanóis da parede do microcanal, de forma a conseguir uma maior estabilidade do FEO. Outro caminho é a utilização de solventes orgânicos como eletrólito, assim a solubilidade do analito é aumentada, reduzindo então a sua interação com a parede do canal. Agradecimentos Petrobrás, IQ-UFG, CNPq, FAPEG e INCTBio. Referências [1] H. Cao et al., Anal. Methods 6, 4790–4796 (2014). [2] Baker, D. R. Capillary electrophoresis: New York, 1995. [3] J. Wang, Anal. Chem., 75, 341-345. (2003). Dispositivos Microfluídicos Aplicados a Micromisturas Salomão Moraes da S. Jr1, Maria H. O. Piazzeta2 , Stanislav A. Moshkalev3 , Jacobus W. Swart.1 1 FEEC – UNICAMP; Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação, Universidade Estadual de Campinas.2 LMF – CNPEM; Laboratório de Microfabricação, Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais.3CCS – UNICAMP; Centro de Componentes Semicondutores, Universidade Estadual de Campinas. Resumo Este trabalho descreve a fabricação de dispositivos microfluídicos para aplicação hidrodinâmica em vidro e polidimetilsiloxano (PDMS). A modelagem foi feita com a ferramenta multifísica COMSOL® especificamente com o software CFD (simulação computacional fluidodinâmica) e o dispositivo foi fabricado utilizando técnicas de microfabricação convencionais. Palavras-Chaves: Microfluídica, Microfabricação e Hidrodinâmica. 1.Introdução Microfluídica pode ser definida como o estudo de fluxos que são mono ou multifásicas, que circulam em microssistemas artificiais, isto é, sistemas simples ou complexos, que são fabricados utilizando tecnologias de microfabricação que envolvem várias técnicas, incluindo fotolitografia, corrosão, deposição, corrosão e micro impressão, que permitem a fabricação de sistemas miniaturizados [1]. A utilização destes dispositivos tem algumas vantagens como utilização de pequenos volumes, maior transferência de massa e calor, que fazem com que estes dispositivos sejam atrativos para aplicações químicas e biológicas entre outras, pois é possível gerargradientes de concentração estáveis e controlados. Este trabalho visa explorar as possibilidades de aplicações de dispositivos microfluídicos fabricados em vidro e polidimetilsiloxano (PDMS), como processos de interdifusão controlada e comparar com os modelos simulados utilizando geometrias comumente aplicadas como micro-misturadores. 2. Procedimento Experimental Após revisão da literatura, foram feitos alguns cálculos teóricos e simulações para obter definição de perfil, razão de aspecto e formato das geometrias dos microcanais, desenho e confecção das máscaras. Foram feitas as limpezas das lâminas de vidro para microscopia, fabricante Perfecta, após a limpeza fora feita a secagem e fotogravação com o fotoresiste AZ4620 em que fora aplicado um longo tratamento térmico (hard bake) para ser utilizado como máscara para corrosão em solução de ácido fluorídrico (HF) e, em seguida, imersão em ácido clorídrico (HCl) para remoção de material nos microcanais.Após a corrosão, fora feita a caracterização do canal para observar perfil, rugosidade, largura e profundidade utilizando medidas de perfilometria, com o Perfilômetro VeecoDektak 150. Para selagem do canal optou-se por utilizar o polímero PDMS, em que fora feita ativaçãopor plasma de O2para selagem irreversível.Para testes foram utilizados bomba de seringa modelo NE-4000 da New EraPumpSystems inc., microscópioCitovalcom câmera digitalacoplada externamente. 3. Resultados e Discussão Foram utilizados alguns líquidos com viscosidades próximas a da água, para o experimento com os dispositivos com microcanais com larguras entre 50 e 200 micrometros, e profundidades entre 30 e 50 micrometros, a modelagem do sistema ocorreu na região de laminaridade com número de Reynolds em torno de 10. Utilizando a bomba de seringa com vazões variáveis entre 10 e 100 microlitros por minuto para cada injeção e alteração dos fluidos foi possível observar uma difusividade controlada, que pode ser modificada de acordo com a geometria e os fluidos em questão. A figura 1 mostra o comparativo dos resultados experimentais deste trabalho (imagens ópticas) com a modelagem computacional. Observando as imagens da esquerda para direita, estão as duas entradas e em seguida a saída de cada dispositivo. A comparação mostra que a simulação reproduz bem os resultados observados experimentalmente. (a) (b) (c) Figura1 – Comparação da simulação com os experimentos práticos (experimentos práticos na parte superior e simulação na parte inferior). (a) Mostra os fluidos sem mistura. (b) Mostra os fluídos com grau de difusividade intermediária. (c) Mostra a mistura completa dos fluidos no microcanal do dispositivo. 4. Conclusões Dentro do trabalho proposto pode-se concluir a possibilidade de aplicações em processos químicos, farmacêuticos e biológicos de mistura com difusividade controlada, e com a proposta de diminuição de tempo de residência, por haver uma maior transferência de calor e massa nestes dispositivos, e a possibilidade de fazer a modelagem dos sistemas para validar e alinhar a aplicação desejada com ferramentas computacionais, no caso, COMSOL® sem precisar começar a fabricar os dispositivos reduzindo assim a necessidade de práticas empíricas e otimizando tempo nos projetos e economia de materiais nos processos de fabricação. Agradecimentos À Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas-FAPEAM, pelo fomento com bolsa de estudos, ao LMF-CNPEM, ao CCS-UNICAMP, ao LAMULT-IFGW-UNICAMP, pelo apoio de seus grupos de trabalho, equipamentos e colaboração. Referências [1] P. Tabeling, Introductions to Microfluidics.English Translation® Oxford University Press Inc., New York(2005). Contato do autor: [email protected] Dispositivos Microfluídicos Aplicados a Micromisturas Salomão Moraes da S. Jr1, Maria H. O. Piazzeta2 , Stanislav A. Moshkalev3 , Jacobus W. Swart.1 1 FEEC – UNICAMP; Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação, Universidade Estadual de Campinas.2 LMF – CNPEM; Laboratório de Microfabricação, Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais.3CCS – UNICAMP; Centro de Componentes Semicondutores, Universidade Estadual de Campinas. Resumo Este trabalho descreve a fabricação de dispositivos microfluídicos para aplicação hidrodinâmica em vidro e polidimetilsiloxano (PDMS). A modelagem foi feita com a ferramenta multifísica COMSOL® especificamente com o software CFD (simulação computacional fluidodinâmica) e o dispositivo foi fabricado utilizando técnicas de microfabricação convencionais. Palavras-Chaves: Microfluídica, Microfabricação e Hidrodinâmica. 1.Introdução Microfluídica pode ser definida como o estudo de fluxos que são mono ou multifásicas, que circulam em microssistemas artificiais, isto é, sistemas simples ou complexos, que são fabricados utilizando tecnologias de microfabricação que envolvem várias técnicas, incluindo fotolitografia, corrosão, deposição, corrosão e micro impressão, que permitem a fabricação de sistemas miniaturizados [1]. A utilização destes dispositivos tem algumas vantagens como utilização de pequenos volumes, maior transferência de massa e calor, que fazem com que estes dispositivos sejam atrativos para aplicações químicas e biológicas entre outras, pois é possível gerargradientes de concentração estáveis e controlados. Este trabalho visa explorar as possibilidades de aplicações de dispositivos microfluídicos fabricados em vidro e polidimetilsiloxano (PDMS), como processos de interdifusão controlada e comparar com os modelos simulados utilizando geometrias comumente aplicadas como micro-misturadores. 2. Procedimento Experimental Após revisão da literatura, foram feitos alguns cálculos teóricos e simulações para obter definição de perfil, razão de aspecto e formato das geometrias dos microcanais, desenho e confecção das máscaras. Foram feitas as limpezas das lâminas de vidro para microscopia, fabricante Perfecta, após a limpeza fora feita a secagem e fotogravação com o fotoresiste AZ4620 em que fora aplicado um longo tratamento térmico (hard bake) para ser utilizado como máscara para corrosão em solução de ácido fluorídrico (HF) e, em seguida, imersão em ácido clorídrico (HCl) para remoção de material nos microcanais.Após a corrosão, fora feita a caracterização do canal para observar perfil, rugosidade, largura e profundidade utilizando medidas de perfilometria, com o Perfilômetro VeecoDektak 150. Para selagem do canal optou-se por utilizar o polímero PDMS, em que fora feita ativaçãopor plasma de O2para selagem irreversível.Para testes foram utilizados bomba de seringa modelo NE-4000 da New EraPumpSystems inc., microscópioCitovalcom câmera digitalacoplada externamente. 3. Resultados e Discussão Foram utilizados alguns líquidos com viscosidades próximas a da água, para o experimento com os dispositivos com microcanais com larguras entre 50 e 200 micrometros, e profundidades entre 30 e 50 micrometros, a modelagem do sistema ocorreu na região de laminaridade com número de Reynolds em torno de 10. Utilizando a bomba de seringa com vazões variáveis entre 10 e 100 microlitros por minuto para cada injeção e alteração dos fluidos foi possível observar uma difusividade controlada, que pode ser modificada de acordo com a geometria e os fluidos em questão. A figura 1 mostra o comparativo dos resultados experimentais deste trabalho (imagens ópticas) com a modelagem computacional. Observando as imagens da esquerda para direita, estão as duas entradas e em seguida a saída de cada dispositivo. A comparação mostra que a simulação reproduz bem os resultados observados experimentalmente. (a) (b) (c) Figura1 – Comparação da simulação com os experimentos práticos (experimentos práticos na parte superior e simulação na parte inferior). (a) Mostra os fluidos sem mistura. (b) Mostra os fluídos com grau de difusividade intermediária. (c) Mostra a mistura completa dos fluidos no microcanal do dispositivo. 4. Conclusões Dentro do trabalho proposto pode-se concluir a possibilidade de aplicações em processos químicos, farmacêuticos e biológicos de mistura com difusividade controlada, e com a proposta de diminuição de tempo de residência, por haver uma maior transferência de calor e massa nestes dispositivos, e a possibilidade de fazer a modelagem dos sistemas para validar e alinhar a aplicação desejada com ferramentas computacionais, no caso, COMSOL® sem precisar começar a fabricar os dispositivos reduzindo assim a necessidade de práticas empíricas e otimizando tempo nos projetos e economia de materiais nos processos de fabricação. Agradecimentos À Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas-FAPEAM, pelo fomento com bolsa de estudos, ao LMF-CNPEM, ao CCS-UNICAMP, ao LAMULT-IFGW-UNICAMP, pelo apoio de seus grupos de trabalho, equipamentos e colaboração. Referências [1] P. Tabeling, Introductions to Microfluidics.English Translation® Oxford University Press Inc., New York(2005). Contato do autor: [email protected] Extração de RNA viral em microchip de Poliéster-toner Thiago D. Gimenez (1), Kézia G. Oliveira (1), Alexandre M. Bailão (2), Luiz Paulo A. Santos (2), Gabriela R. M. Duarte (1). 1. Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, Goiânia – GO, Brasil. 2. Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Goiás, Goiânia – GO, Brasil. Resumo Os sistemas microfluídicos tem demonstrado ser uma ferramenta analítica poderosa para análise de DNA e RNA, especialmente para diagnóstico molecular. Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de uma metodologia para o diagnóstico e caracterização molecular do vírus Dengue em dispositivos de poliéstertoner (PeT) totalmente integrado. Na primeira fase do projeto está sendo desenvolvido um procedimento para extração de RNA viral de uma célula infectada com o vírus Dengue em microchip de PeT. RNA foi extraído com alto rendimento utilizando um método de extração dinâmica em fase sólida (dSPE) baseado em quatro etapas: adsorção do RNA em partículas magnéticas, lavagem, desorção e eluição do RNA. Foram coletadas onze frações, contendo um total de 82 ng de RNA, o equivalente a uma eficiência de extração de 83%. A primeira fração coletada após o início da eluição é altamente concentrada (14,5 ng. L-1) e demonstrou possuir qualidade suficiente para análises subsequentes, a RT-PCR. Palavras-chaves: microchip de poliéster-toner, Dengue, diagnóstico molecular, extração de RNA. Introdução As plataformas microfluídicas integradas representam uma nova geração de dispositivos que podem úteis para muitas aplicações bioanalíticas. Estes dispositivos podem contribuir para resolver muitos problemas de saúde pública, como por exemplo, diagnóstico precoce e controle de doenças em tempo reduzido e com menor custo. Os sistemas microfluídicos, de forma geral, apresentam a oportunidade de automatização da manipulação de soluções, reduzindo o contato manual com a amostra e diminuindo as possibilidades de contaminação da mesma [1]. Isso é particularmente importante para trabalhos envolvendo a manipulação de ácidos nucléicos, uma vez que os riscos de contaminação da amostra são muito grandes. O ácido ribonucleico (RNA), por exemplo, é facilmente degradado por enzimas ribonucleases (RNases), enzimas onipresentes, encontradas por exemplo na superfície da pele humana e em partículas de poeira [2]. Este trabalho visa o desenvolvimento de uma metodologia para o diagnóstico e caracterização molecular do vírus Dengue em um dispositivo microfluídico de poliéster-toner (PeT) totalmente integrado. O genoma do vírus Dengue consiste de RNA de aproximadamente 11 kilobases, havendo quatro sorotipos distintos, denominados DENV 1-4. Eles têm a mesma epidemiologia, mas são antigenicamente diferentes [3]. Em uma primeira etapa, os estudos estão sendo feitos no sentido de se obter uma metodologia adequada e eficiente para a extração do RNA viral de uma célula infectada em microchip de PeT. O sucesso desse procedimento representa o primeiro passo para o desenvolvimento de um microssistema para análises totais (µTAS), em que as etapas de extração de RNA, transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) e separação eletroforética do DNA serão realizadas em um único dispositivo microfluídico completamente integrado. Procedimento experimental Os microchips de poliéster-toner foram fabricados de acordo com a metodologia descrita por Duarte et al. em 2011 [1]. Os canais e os reservatórios foram criados com o auxílio de uma cortadora a laser e os filmes foram alinhados e laminados em uma laminadora operando a 150°C. O volume do canal é de 5 µL. Para a extração de RNA, utilizou-se inicialmente uma amostra de RNA pré-purificado e um procedimento de extração em fase sólida dinâmica (dSPE) baseado em quatro etapas: (1) adsorção do RNA em partículas magnéticas de sílica (MagneSil®), utilizando uma solução de hidrocloreto de guanidina (GuHCl) 6mol/L, pH 6,1; (2) lavagem com etanol 80%; (3) desorção do RNA; (4) eluição com água nanopura. Foi adicionado no reservatório de entrada um total de 99 ng de RNA, dissolvido em GuHCl, pH 6,1. Onze frações foram coletadas a partir do reservatório de saída, sendo três frações (6 µL no total) coletadas a partir da etapa de lavagem com etanol, duas (4 µL no total) a partir da substituição do etanol presente no canal pela água e seis (12 µL no total) a partir da etapa de eluição com água. Todas as frações foram quantificadas no Fluorímetro Qubit® 2.0, da Invitrogen, de acordo com o protocolo do fabricante. Após a extração, o RNA extraído no microchip de PeT foi submetido a RT-PCR, para a amplificação do fragmento de 136 pb. Resultados e discussão A extração de RNA pré-purificado no microchip de PeT mostrou-se eficiente, sendo possível recuperar 82 ng de RNA de 99 ng iniciais, o que equivale a uma eficiência de extração de 83%. A primeira fração de 2 µL coletada após o início da eluição com água nanopura foi a que apresentou a maior quantidade de RNA, 29 ng, equivalente a 35% do total extraído. Além disso, o RNA extraído no microchip de PeT apresentou alta qualidade, ou seja, foi submetido com sucesso a RT-PCR amplificando um fragmento de 136 pb. Os próximos passos deste trabalho envolvem o estudo da influência do pH da solução de hidrocloreto de guanidina na eficiência de extração e a otimização da quantidade de fase sólida. Além disso, serão utilizadas outros tipos de fase sólida, como por exemplo, nanopartículas de ferro revestidas com ácido dimercaptossuccínico em substituição às partículas de Magnesil®. Posteriormente, será feita a extração do RNA do vírus Dengue de células infectadas. Conclusões O microchip de poliéster-toner, um dispositivo microfluídico simples, de baixo custo, descartável e de fácil fabricação, mostrou-se capaz de extrair RNA com boa eficiência de extração (83%) e de alta qualidade, ou seja, capaz de ser submetido com sucesso a RT-PCR. A extração de RNA em microchip de PeT representa a primeira etapa do processo analítico completo de diagnóstico molecular do vírus Dengue em plataformas microfluídicas. Referências [1] G. R. M. Duarte, Analytical Chemistry 83, 13 (2011). [2] K. A. Hagan, Analytical Chemistry 80, 22 (2008). [3] R. F. S. Araújo, R. Eletr. De Com. Inf. Inov. Saúde 1, 2 (2007) Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq, a CAPES, e ao professor Dr. Paulo César Ghedini, do Instituto de Ciencias Biológicas da Universidade Federal de Goiás. e-mail: [email protected] Determinação de Lítio utilizando microchips de eletroforese com detecção condutométrica sem contato Simone Bernadino Lucas1,2 e Wendell Karlos Tomazelli Coltro1,2. Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Bioanalítica (INCTBio), Campinas/SP,Brasil Resumo Este trabalho teve como objetivo a utilização de microssistemas eletroforéticos com detecção condutométrica sem contato (C4D) para a detecção de íons lítio. Os resultados apresentaram boa correlação para concentrações entre 10 e 50 mol/L, sendo o coeficiente de correlação da curva de calibração, R = 0,99894. Deste modo, esta técnica pode ser empregada na detecção de íons lítio em amostras reais de pacientes tratados com medicamentos a base deste elemento químico. Palavras-chave: Eletroforese, Detecção Condutométrica Sem Contato, Lítio. Introdução Atualmente o lítio é utilizado no tratamento de várias condições neuropsiquiátricas, atuando como agente neurotrópico, neuroprotetor e estabilizante de humor. Medicamentos a base deste composto são utilizados em pacientes com transtornos bipolares, fase depressiva e hiperatividade psicomotora. [1] A aplicação da eletroforese em microchips no campo de análise clínica tem sido muito estudada nos últimos anos, pois a partir da determinação de alguns íons é possível diagnósticar doenças de forma rápida e com baixo custo. [1] Neste contexto, a eletroforese em microchips com detecção condutométrica sem contato (C4D) pode ser utilizada para a determinação de íons lítio em amostras reais, uma vez que este composto está presente em uma classe considerável de medicamentos psiquiátricos. Procedimento Experimental Utilizou-se um sistema de eletroforese em microchips acoplado com detecção condutométrica sem contato (modelo C4D System 225) comercializado pela eDAQ (Denistone East, Austrália). Foram usados microchips comerciais de vidro (modelo ET145) com comprimento total igual a 45 mm e canal com dimensões 100x10 µm (largura×altura), com eletrodos integrados. Para a construção da curva analítica analisou-se soluções de cloreto de lítio na faixa de concentração de 10 a 50 mol/L, com tempo de injeção: 1s; como eletrólito foi utilizado o sistema tampão MES/His 20 mmol.L-1, pH 6,1. As condições de injeção otimizadas foram, 800 V para a injeção e separação 1000 V, e os parâmetros de detecção foram: 900 kHz, 20 Vpp. Resultados e Discussão Foram analisadas soluções aquosas do medicamento a base de lítio (Carbonato de Lítio), e a determinação de íons Li+ foi realizada pelo método de curva de calibração. Os eletroferogramas para a curva de calibração podem ser vistos na Figura 1. A e a curva de calibração na Figura 1.B. O coeficiente de correlação da curva analítica feita a partir da área do pico x Concentração foi R= 0,99894, o que representa uma boa correlação e evidencia a eficiência do método empregado. A partir desta curva foi possível determinar a concentração de amostras de Li2CO3 na faixa de 10 a 50 mol/L, como pode ser observado nos eletroferogramas da Figura 1. C. (B) 4 Sinal C D (mV) (A) + Li 10uM + Li 20uM + Li 30uM + Li 40uM + Li 50uM 20 40 60 80 100 Tempo (s) 4 Sinal C D (mV) (C) Li2CO3 (10 uM) Li2CO3 (20 uM) Li2CO3 (30 uM) Li2CO3 (40 uM) Li2CO3 (50 uM) 80 100 120 140 160 Tempo (s) Figura 1. (A) Eletroferogramas para a curva analítica de diferentes concentrações de Lítio. O pico positivo é referente ao Li+ e o negativo é referente ao marcador do marcador neutro (água). Tempo de injeção: 1s; Tampão MES/His 20 mmol.L-1, pH 6,1. Injeção 800 V. Separação 1000 V. Detecção: 900 kHz, 20 Vpp. (B) Curvas analítica Área do Pico x Concentração. (C) Eletroferogramas mostrando a repetibilidade analítica de diferentes concentrações de Carbonato de Lítio. O pico positivo é referente ao Li+ e o negativo é referente ao marcador do marcador neutro (água). Conclusão A eletroforese em microchips com detecção condutométrica sem contato (C4D) mostrou-se um método eficaz para a detecção e determinação do teor de lítio, apresentando bom coeficiente de correlação. Deste modo, este método pode ser empregado na determinação de íons lítio em amostras reais de pacientes que fazem uso de medicamentos a base de carbonato de lítio. Em etapas futuras serão realizadas análises a fim de correlacionar outros íons com diagnóstico de outras doenças. Referências [1] P. Kuban and P. C. Hauser, Lab on a Chip 2008, 1829. [email protected] Agradecimentos CAPES, IQ-UFG, CNPq, INCTBio, FAPEG e GME. Extração de RNA viral em microchip de Poliéster-toner Thiago D. Gimenez (1), Kézia G. Oliveira (1), Alexandre M. Bailão (2), Luiz Paulo A. Santos (2), Gabriela R. M. Duarte (1). 1. Instituto de Química, Universidade Federal de Goiás, Goiânia – GO, Brasil. 2. Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Goiás, Goiânia – GO, Brasil. Resumo Os sistemas microfluídicos tem demonstrado ser uma ferramenta analítica poderosa para análise de DNA e RNA, especialmente para diagnóstico molecular. Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de uma metodologia para o diagnóstico e caracterização molecular do vírus Dengue em dispositivos de poliéstertoner (PeT) totalmente integrado. Na primeira fase do projeto está sendo desenvolvido um procedimento para extração de RNA viral de uma célula infectada com o vírus Dengue em microchip de PeT. RNA foi extraído com alto rendimento utilizando um método de extração dinâmica em fase sólida (dSPE) baseado em quatro etapas: adsorção do RNA em partículas magnéticas, lavagem, desorção e eluição do RNA. Foram coletadas onze frações, contendo um total de 82 ng de RNA, o equivalente a uma eficiência de extração de 83%. A primeira fração coletada após o início da eluição é altamente concentrada (14,5 ng. L-1) e demonstrou possuir qualidade suficiente para análises subsequentes, a RT-PCR. Palavras-chaves: microchip de poliéster-toner, Dengue, diagnóstico molecular, extração de RNA. Introdução As plataformas microfluídicas integradas representam uma nova geração de dispositivos que podem úteis para muitas aplicações bioanalíticas. Estes dispositivos podem contribuir para resolver muitos problemas de saúde pública, como por exemplo, diagnóstico precoce e controle de doenças em tempo reduzido e com menor custo. Os sistemas microfluídicos, de forma geral, apresentam a oportunidade de automatização da manipulação de soluções, reduzindo o contato manual com a amostra e diminuindo as possibilidades de contaminação da mesma [1]. Isso é particularmente importante para trabalhos envolvendo a manipulação de ácidos nucléicos, uma vez que os riscos de contaminação da amostra são muito grandes. O ácido ribonucleico (RNA), por exemplo, é facilmente degradado por enzimas ribonucleases (RNases), enzimas onipresentes, encontradas por exemplo na superfície da pele humana e em partículas de poeira [2]. Este trabalho visa o desenvolvimento de uma metodologia para o diagnóstico e caracterização molecular do vírus Dengue em um dispositivo microfluídico de poliéster-toner (PeT) totalmente integrado. O genoma do vírus Dengue consiste de RNA de aproximadamente 11 kilobases, havendo quatro sorotipos distintos, denominados DENV 1-4. Eles têm a mesma epidemiologia, mas são antigenicamente diferentes [3]. Em uma primeira etapa, os estudos estão sendo feitos no sentido de se obter uma metodologia adequada e eficiente para a extração do RNA viral de uma célula infectada em microchip de PeT. O sucesso desse procedimento representa o primeiro passo para o desenvolvimento de um microssistema para análises totais (µTAS), em que as etapas de extração de RNA, transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) e separação eletroforética do DNA serão realizadas em um único dispositivo microfluídico completamente integrado. Procedimento experimental Os microchips de poliéster-toner foram fabricados de acordo com a metodologia descrita por Duarte et al. em 2011 [1]. Os canais e os reservatórios foram criados com o auxílio de uma cortadora a laser e os filmes foram alinhados e laminados em uma laminadora operando a 150°C. O volume do canal é de 5 µL. Para a extração de RNA, utilizou-se inicialmente uma amostra de RNA pré-purificado e um procedimento de extração em fase sólida dinâmica (dSPE) baseado em quatro etapas: (1) adsorção do RNA em partículas magnéticas de sílica (MagneSil®), utilizando uma solução de hidrocloreto de guanidina (GuHCl) 6mol/L, pH 6,1; (2) lavagem com etanol 80%; (3) desorção do RNA; (4) eluição com água nanopura. Foi adicionado no reservatório de entrada um total de 99 ng de RNA, dissolvido em GuHCl, pH 6,1. Onze frações foram coletadas a partir do reservatório de saída, sendo três frações (6 µL no total) coletadas a partir da etapa de lavagem com etanol, duas (4 µL no total) a partir da substituição do etanol presente no canal pela água e seis (12 µL no total) a partir da etapa de eluição com água. Todas as frações foram quantificadas no Fluorímetro Qubit® 2.0, da Invitrogen, de acordo com o protocolo do fabricante. Após a extração, o RNA extraído no microchip de PeT foi submetido a RT-PCR, para a amplificação do fragmento de 136 pb. Resultados e discussão A extração de RNA pré-purificado no microchip de PeT mostrou-se eficiente, sendo possível recuperar 82 ng de RNA de 99 ng iniciais, o que equivale a uma eficiência de extração de 83%. A primeira fração de 2 µL coletada após o início da eluição com água nanopura foi a que apresentou a maior quantidade de RNA, 29 ng, equivalente a 35% do total extraído. Além disso, o RNA extraído no microchip de PeT apresentou alta qualidade, ou seja, foi submetido com sucesso a RT-PCR amplificando um fragmento de 136 pb. Os próximos passos deste trabalho envolvem o estudo da influência do pH da solução de hidrocloreto de guanidina na eficiência de extração e a otimização da quantidade de fase sólida. Além disso, serão utilizadas outros tipos de fase sólida, como por exemplo, nanopartículas de ferro revestidas com ácido dimercaptossuccínico em substituição às partículas de Magnesil®. Posteriormente, será feita a extração do RNA do vírus Dengue de células infectadas. Conclusões O microchip de poliéster-toner, um dispositivo microfluídico simples, de baixo custo, descartável e de fácil fabricação, mostrou-se capaz de extrair RNA com boa eficiência de extração (83%) e de alta qualidade, ou seja, capaz de ser submetido com sucesso a RT-PCR. A extração de RNA em microchip de PeT representa a primeira etapa do processo analítico completo de diagnóstico molecular do vírus Dengue em plataformas microfluídicas. Referências [1] G. R. M. Duarte, Analytical Chemistry 83, 13 (2011). [2] K. A. Hagan, Analytical Chemistry 80, 22 (2008). [3] R. F. S. Araújo, R. Eletr. De Com. Inf. Inov. Saúde 1, 2 (2007) Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq, a CAPES, e ao professor Dr. Paulo César Ghedini, do Instituto de Ciencias Biológicas da Universidade Federal de Goiás. e-mail: [email protected] Microrreatores de papel para ensaios enzimáticos com sistema de injeção em batelada e detecção amperométrica. Thiago Miguel G. Cardoso1, Anderson Almeida Dias1, Rafael Melo Cardoso2, Thiago Faria Tormin2, Rodrigo Alejandro A. Muñoz2, Eduardo Mathias Richter2, Wendell Karlos T. Coltro1. 1 Instituto de Química- Universidade Federal Goiás 2 Instituto de Química- Universidade Federal de Uberlândia Resumo Este trabalho descreve a fabricação de microrreatatores em papel para ensaios enzimáticos usando a análise por injeção em batelada e detecção amperométrica. Os microrreatores foram fabricados na forma de micro-discos com auxílio de um perfurador de papel. Para demonstrar a funcionalidade do dispositivo proposto, o ensaio enzimático para detecção de glicose foi realizado a partir da imobilização covalente da enzima glicose oxidase no papel. A curva analítica entre 0 e 20 mM de glicose forneceu um coeficiente de correlação de 0,993. A reprodutibilidade entre três microrreatores foi avaliada e obteve-se um desvio padrão relativo (DPR) de 1,4%. Palavras-Chaves: microrreator enzimático, dispositivo em papel, BIA-DA-SPE. Introdução O papel é um material poroso, hidrofílico, biocompatível, maleável, barato, com disponibilidade global e que pode ser encontrado em diversas espessuras. Dentre as aplicações já reportadas na literatura, destacam-se o desenvolvimento de sensores, o uso em diagnósticos clínicos, o monitoramento ambiental e o controle de qualidade de alimentos.1 Métodos modernos de análises aplicáveis em laboratórios de rotina e pesquisa exigem algumas características como fácil automação, análise de alto rendimento, sensibilidade e seletividade2. O sistema de análise com injeção em batelada (BIA) com detecção amperométrica (DA) apresenta as características necessárias para ser considerada um método moderno de análise. A técnica de BIA-DA com uso de eletrodos impressos (SPE) consiste em um recipiente com um grande volume de eletrólito (em relação ao volume de amostra injetada), um chip onde se encontra os três eletrodos impressos (eletrodo de trabalho, auxiliar e referência) imerso no eletrólito e uma micropipeta eletrônica a qual é posicionada sobre o eletrodo de trabalho. Procedimento Experimental Inicialmente, o papel foi oxidado com periodato de sódio (0,5 M) de modo a converter os grupos hidroxilas para grupos aldeídos. Em seguida, os discos foram recortados com um diâmetro de 12,5 mm com o auxílio de um perfurador de papel. Os grupos aldeídos foram ativados com uma mistura equimolar 0,1 M de etilcarbodiimida (EDC) e hidroxissuccinimida (NHS) para permitir a ligação covalente da enzima glicose oxidase com a superfície do papel. Foi adicionado aos micro discos uma alíquota de 50µL da enzima glicose oxidase (GOx), com concentração de 138 U/mL e manteve o micro disco em repouso por 2,5 horas. Posteriormente o micro disco foi lavado com 25 mL de água deionizada, para a retirada do excesso de recesso de reagentes não imobilizados no papel. Em seguida o micro disco foi acondicionado na parte inferior e interna de uma seringa. Para coletar a fração de volume resultante da reação, um frasco coletor com capacidade de 1,5 mL foi conectado a seringa. Alíquotas de 50µL da solução de glicose, preparada em tampão fosfato 200 mM (pH 6,0), foram adicionadas com uma micropipeta sobre o microdisco, aguardando 5 minutos para ocorrer a reação, em seguida adicionou-se um volume de 450µL de KCl 0,111M. Após 30 segundos, fez-se a transferência para o frasco coletor com auxílio de um êmbolo. O produto da reação foi então coletado com uma micropipeta eletrônica e adicionada na cela eletroquímica em alíquotas de 10 µL. Durante as injeções na cela eletrônica manteve a solução eletrolítica sob agitação constante. O eletrólito usado foi uma solução composta pela mistura de KCl 0,1M e tampão fosfato 20 mM pH 6,0. O potencial aplicado foi de 50 mV. A detecção amperométrica foi realizada no modo cronoamperométrico em um potenciostato modelo µAutolabIII por meio de um arranjo de três eletrodos impressos modelo DRP-710. Esse arranjo é composto de um eletrodo de trabalho de carbono modificado com azul da prússia, um eletrodo de referência de prata e um eletrodo auxiliar de carbono. A cela eletroquímica possuía uma capacidade de 80 mL para eletrólito. Resultados e discussão O sinal negativo nos amperogramas apresentado na Figura 1 representa a redução do peróxido de hidrogênio. O potencial foi escolhido, pois apresentou maior amplitude de sinal no voltamograma hidrodinâmico. A Figura 1A mostra a reprodutibilidade deste método, pois este amperograma mostra 3 discos de papeis diferentes com 3 injeções cada. O produto de reação analisada foi de 10 mM de glicose. Os resultados obtidos até o momento observamos em algumas curvas que, o método desenvolvido ainda precisa ser aprimorado, ainda não logramos um bom fator de correlação. A Figura 1B apresenta o cronoamperograma dos produtos de reação da glicose injetados no microrreatores e a Figura 1C a curva analítica a partir do cronoamperograma da Figura 1B. A) C) B) 6 5 i/µA 4 3 2 1 0 5 10 15 R2= 0,987 20 Concentração de glicose (mM) Figura 1. A) Cronoamperograma mostrando reprodutibilidade de 3 microrreatores diferentes. A concentração de glicose injetada no microrreator foi de 10 mM e o potencial aplicado foi de 50 mV. DPR= 1,4%. B) Cronoamperograma da análise do produto de reação da glicose. A concentração apresentada se refere à glicose injetada no microrreator enzimático. Potencial aplicado foi de 50 mV. C) Curva analítica a partir do cronoamperograma da Figura (B). Conclusões O dispositivo proposto demostrou elevado potencial para aplicações clínicas. Embora tenham sido demonstrados resultados preliminares, o uso de micro discos de papel abre novas perspectivas instrumentais. A associação com o uso da pipeta eletrônica contribuiu para a excelente reprodutibilidade obtida e também a maior frequência analítica. Os resultados preliminares apontam que este que este microrreator terá algumas vantagens em relação aos métodos convencionais (espectrofotômetro) tais como baixo consumo de amostra, reaproveitamento das enzimas para várias análises e uma maior frequência analítica. Referências (1) Coltro, W. K. T.; de Jesus, D. P.; da Silva, J. A. F.; do Lago, C. L.; Carrilho, E. Electrophoresis 2010, 31, 2487-2498. (2) da Silva, R. A. B.; Gimenes, D. T.; Tormin, T. F.; Munoz, R. A. A.; Richter, E. M. Anal Methods 2011, 3, 2804-2808. Email [email protected] Agradecimentos CNPq, FAPEG e INCTBio. 1 Fabricação de dispositivos de micro fluídica usando a técnica da impressão 3D Walter Duarte de Araújo Filho (UNEB); Marcelo Fernandes de Oliveira (CTI); Jorge Vicente Lopes da Silva (CTI); Luciana Martins Pereira de Araújo (UTFPR) RESUMO Atualmente a técnica mais utilizada na fabricação de dispositivos de micro fluídica é a micro litografia. A técnica de impressão 3D utilizada na fabricação de dispositivos de micro fluídica constitui uma alternativa viável em relação à técnica da micro litografia, uma vez que ela tem a capacidade de fabricar dispositivos em uma única etapa, além de dispensar os procedimentos adicionais relativos às adaptações das interfaces, aliado ainda à capacidade de produzir dispositivos com canais de seções circulares. Neste trabalho e apresentado um dispositivo de micro fluídica fabricado segundo a técnica de impressão 3D. Ele foi testado em ensaios experimentais para a produção de micro bolhas monodispersas visando aplicações clínicas. Palavras-chaves: Micro bolhas, micro fluídica, impressão 3D. 1. Introdução A micro fluídica surgiu no final da década de 1970, como parte da tecnologia responsável pelo desenvolvimento de sistemas micro eletromecânicos (MEMS), utilizando a infraestrutura e as técnicas de fabricação estabelecidas na microeletrônica [1]. Inicialmente, utilizou-se o silício como substrato para a fabricação de microssistemas, porém, nas ultimas décadas este tem sido substituído por outros materiais como o vidro, polímeros diversos e materiais cerâmicos [2].Atualmente a técnica mais utilizada para a fabricação de dispositivos micro fluídicos é a micro litografia[3]. Esta técnica consegue fabricar dispositivos com canais de perfis retangulares, triangulares e semicirculares de dimensões da ordem de dezenas de micrometros, mas necessita de procedimentos adicionais de adaptação das conexões da microescala para a macro escala sem vazamentos, o que torna o procedimento muito minucioso e complexo. A técnica da impressão 3D possibilita a fabricação de dispositivo micro fluídicos em uma única etapa a um custo menor por unidade fabricada, o que a torna competitiva comparada com as outras técnicas existentes, mais especificamente a micro litografia. Aliado a isso, ela suprime os procedimentos adicionais de adaptação das conexões, além de produzir canais de seções circulares. Os resultados experimentais mostraram a eficiência operacional destes dispositivos em relação à resistência, transparência e praticidade. 2. Procedimento Experimental Os projetos dos dispositivos foram desenvolvidos em uma ferramenta CAD no ambiente Solid Works no formato SLDPRT e exportado para o formato STL, e fabricados através da tecnologia MUM em uma impressora 3D Objet Connex 350 utilizando a resina translúcida Fullcure 720. Após a fabricação, os dispositivos foram imersos por 24 horas em uma solução de hidróxido de sódio a 10% para a dissolução do suporte de preenchimento dos canais no processo de impressão 3D. Depois, os protótipos foram lavados e polidos para aumentar o grau de transparência. 3. Resultados A Figura 1 apresenta o dispositivo micro fluídico fabricado e o detalhe da geometria interna da microestrutura dos canais. Figura1. (a) Dispositivo micro fluídico fabricado segundo a técnica de impressão 3D. (b) Detalhe da geometria dos canais com o acoplamento de um micro capilar. 4. Conclusão e discussão Os dispositivos fabricados segundo a técnica de impressão 3D atendeu as expectativas. Com esta técnica, foi produzido em uma única etapa, um dispositivo resistente, com canais internos de seções circulares e já adaptados às conexões de alimentação. Entretanto esta técnica de fabricação só entrega dispositivos com canais de até 300 m, o que representa uma limitação em relação à micro litografia. Esta limitação pode ser contornada com a adaptação de micro capilares nos canais. Este dispositivo foi utilizado para a produção de micro bolhas monodispersas como transportadoras de fármacos visando aplicações clinicas [4]. 5. Referências [1] LIN, G.; LEE, A. P. Microfluidics: an emerging technology for food and health science. Ann N Y AcadSci, v. 1190, p. 186-192, 2010. [2] BRESLAUER, D. N. et al. Microfluidics-based systems biology. Molecular Biosystems, v. 2, n. 2, p. 97-112, 2006. [3] THOMPSON, L. F. et al. Introduction to microlithography: theory, materials, and processing. The Society, 1983. [4] FILHO, W. D. A et al. Evaluation of stability and size distribution of sunflower oil-coated micro bubbles for localized drug delivery, BioMedical Engineering OnLine, 11:71, 2012. 6. Agradecimentos. A Universidade do Estado da Bahia (UNEB), ao Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). 2