TURISMO 2020 Valerá a pena relembrar um pouco o que se passou no QREN que agora termina: 1. Em 15 de Novembro de 2007 foi publicada toda a legislação para a abertura das candidaturas QREN com sessões de divulgação em Lisboa, Algarve e outras regiões. 2. Nesse mesmo dia foram publicados no DR as Portarias que aprovavam os 3 sistemas de Incentivos: SI I&DT, SI Qualificação PME e, SI Inovação. 3. Destes três sistemas de incentivos, o mais identificado com o sector seria o SI Inovação, tendo inclusivamente os projectos mais recentes sido candidatados nessa linha. 4. Os números dos projectos aprovados no sector do Turismo, no âmbito daqueles 3 sistemas de incentivos bem como do SIALM (apoio local e microempresas) foram: + de 750 projectos + de 1000 milhões de euros de investimento + de 500 milhões de euros de incentivo 5. No Algarve, o número de projectos, segundo as listagens do QREN, foi de 124 com um investimento de 137 M€ e um incentivo de 38 M€. O Norte, Centro e Alentejo absorveram 95% do incentivo do anterior QREN (580 M€). 6. Curiosamente a primeira candidatura ao SI INOVAÇÃO ocorreu no dia 15 de Novembro de 2007, tendo as primeiras aprovações sido conhecidas em Abril de 2008! 1 E QUE NOS TRAZ O PORTUGAL 2020? 1. O documento com este nome sob a forma de proposta, consagra 4 domínios temáticos ou 4 PROGRAMAS OPERACIONAIS TEMÁTICOS: - COMPETITIVIDADE E INTERNACIONALIZAÇÃO - INCLUSÃO SOCIAL E EMPREGO - CAPITAL HUMANO - EFICIÊNCIA DE RECURSOS E SUSTENTABILIDADE 2. De acordo com as categorias das regiões e conforme já sublinhado, a avaliação do PIB per capita coloca o Algarve como região em transição (entre 75% a 90% da média da UE), sendo que Lisboa e Madeira ficam acima (˃ 90%) e as outras 4 abaixo (dos 75% da média da UE). 3. No entanto, na proposta de Acordo de Parceria entretanto já assinada, foram apresentados argumentos que justificam a transferência de fundos entre regiões para obviar a escassa dotação financeira do Algarve, sendo a sazonalidade uma das razões bem como o peso da população presente na época alta, face à residente! 4. Desta forma, o Algarve com 10% (318 M€) do valor atribuído à região que mais recebe, o NORTE (3,3 mil M€), vai certamente ter acesso a transferências de outras regiões pelo efeito das anotações anteriores constantes do Acordo de Parceria. Não terão no entanto uma percentagem de comparticipação significativa, a exemplo do QREN, que agora terminou. 2 FUNDAMENTALMENTE O QUE MUDA NO NOVO QCA? [TENDO POR BASE O DIAGNÓSTICO ASSUMIDO POR TODOS DA PERCA DE COMPETITIVIDADE DA NOSSA ECONOMIA NA DÉCADA DE 2000, A CHAMADA “DÉCADA PERDIDA”] 1. PRIORIDADE NA COMPETITIVIDADE E INTERNACIONALIZAÇÃO Este programa compreende 6 eixos sendo que o EIXO II agrega o “reforço da Competitividade das PME incluindo a redução de custos públicos de contexto”, representando 37% do Programa ou seja 1630 M€! Pese embora o esforço do Secretário de Estado do Turismo em sensibilizar o Secretário de Estado dos Transportes, o Secretário de Estado da Cultura, a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), entre outros, da existência de custos de contexto que colocam em causa a competitividade das unidades hoteleiras, a verdade é que eles subsistem ou podem ainda vir a agravar-se, como é o caso das portagens nas ex-SCUTS e Via do Infante; das taxas relativas aos direitos de propriedade intelectual; às famigeradas intenções de imposição de taxas turísticas; às tarifas ou taxas “de passagem” pela utilização dos subsolo das autarquias, que os concessionários, sem qualquer negociação com as Câmaras, se apressam a refletir sobre a hotelaria. Ora, a AHP considera que não deve ser o TURISMO, nem de resto qualquer sector económico, ou mesmo qualquer cidadão, a suportar os custos da ineficiência das entidades publicas, empresariais ou outras, locais ou centrais, participadas ou PP’S, bem como dos déficits de grande parte das autarquias e, muito menos, a engordar os resultados das concessionárias ou de operadoras de comunicações. 3 Esperamos assim que no plano da competitividade, os valores afectos ao eixo II do Programa Competitividade sirvam também para esbater ou mesmo eliminar estes custos de contexto. 2. SIMPLIFICAÇÃO, TRANSPARÊNCIA E PUBLICITAÇÃO A expectativa é grande neste plano pois esse é um dos aspectos que justifica uma maior intervenção nomeadamente na publicação não só de resultados mas igualmente do número de candidaturas entradas dentro de cada fase, se este for o caso. 3. Existência de um Gestor e de um Curador ? Pergunta-se se o Gestor (TP/AICEP/IAPMEI) pode ou não pode dialogar com o Promotor? Em nosso entender, deve existir uma comissão de análise com especialistas do sector para acompanhar os projectos. O Curador ou Provedor do beneficiário de um fundo vai emitir recomendações sobre eventuais queixas, após a recepção e apreciação das mesmas. Trata-se de uma mera recomendação ou poderá converter-se num parecer vinculativo? Em nosso entender, deverá ser assim. 4. Outras questões ficam ainda por responder nestas Conferências e serão, pensamos nós, vertidas proximamente nos Regulamentos tais como, se as candidaturas são em contínuo? (Propomos que assim seja). Se os formatos das candidaturas e avaliação serão iguais para todos os sectores dado serem de “banda larga?” (Cremos que sim). E ainda é necessária a definição clara dos itens elegíveis, incluindo os estudos e outros. 4 Não queria terminar sem deixar em aberto algumas preocupações que partilhamos no seio da AHP, para eventual discussão, e que cito: 1. A redução no nível máximo de ajudas às Grandes Empresas, mesmo nas regiões de convergência, imposta pela Comissão Europeia, limitando assim a capacidade de crescimento das mesmas face às suas congéneres europeias do sector, nomeadamente as espanholas. 2. A redução no acesso aos fundos estruturais das regiões âncora de crescimento turístico, Lisboa e Algarve, sendo que no caso do Algarve as necessidades de requalificação são, em algumas zonas, de prioridade absoluta, sob pena de não se ganhar quota de mercado da sub-região do mediterrâneo. 3. Relevo também aqui as palavras do Presidente do TP, quando em entrevista recente confirmou ter-se assistido nos últimos 3 anos a uma redução em 30% no orçamento do TP. Uma redução que está naturalmente associada em parte às cada vez menores receitas dos casinos. A nossa preocupação reside no entanto naquilo que tem sido afirmado pelo Ministro Miguel Poiares Maduro: “… O reembolso dos incentivos concedidos nos programas de financiamento vão ser canalizados para a nova INSTITUIÇÃO FINANCEIRA DE DESENVOLVIMENTO (IFD), mais conhecida pelo novo “BANCO DE FOMENTO”. 5 Mas, sendo esta a principal fatia do financiamento do TP actualmente, como vai ser assegurada a sua autonomia no futuro? Isto também porque, além do PORTUGAL 2020, existem os Sistemas de Apoio Financeiro geridos directamente pelo TP e que se constituem como verdadeiras alternativas aos fundos europeus, e que relembro: - Linha de apoio à requalificação da oferta. - Linha de apoio à tesouraria - Linha de apoio à consolidação financeira PERGUNTA-SE ASSIM: Vão perdurar ou não ao longo deste QCA estas 3 linhas? E, recordar que desde o início do meu mandato tenho relevado o papel crucial das CCDR no que respeita à responsabilidade que detém na coordenação das politicas sectoriais a nível regional e neste caso dos 16 concelhos do Algarve, pese embora as dificuldades na articulação das mesmas pelas razões que conhecemos e que relembro (e que não são exclusivo da CCDR Algarve), designadamente a dependência de vários ministros e a falta de legitimidade política (directa). O espectro da “redundância” que paira sempre sobre estes órgãos NUT II pode e deve ser ultrapassado se a liderança de cada CCDR tiver uma visão homogénea do território, se se orientar para resultados e, conseguir articular políticas sectoriais e articular-se com as CIM. Neste caso, o Algarve com apenas uma, a AMAL, e com o seu PIAER 14-20, detém uma 6 vantagem incomparavelmente maior que as outras regiões. Tirem portanto proveito desse facto: “menos interlocutores, mais eficiência colectiva!” O Protocolo que vamos assinar hoje no fim desta conferência é prova disso mesmo e a AHP saúda desde já a iniciativa de se ter levado a cabo esta iniciativa em todo o país, com o empenho claro do SET, do SEDR e do TP no sentido de se obter: 1. O desenvolvimento de uma estratégia colectiva e integrada para o turismo. 2. A construção de um Plano Estratégico de Acção para o turismo 15-20 (que irá substituir o PENT). E, claro, O acompanhamento e monitorização do Plano de Acção, com medidas correctivas ao longo do período. Os dados estão assim lançados. Vamos a jogo. Contem com a AHP como parceiro empenhado na construção de Portugal como um “Super Destino Europeu”! Faro, 25.09.14 Luís Veiga (presidente da Associação da Hotelaria de Portugal) 7