FOTOSSINTESE E TRANSPIRAÇÃO DE Dipterix alata VOGEL EM ESTAÇÃO SECA E CHUVOSA REZENDE, Sueisla Lopes (Colaboradora)1; COSTA, Alan Carlos (Orientador)1SPECIAN, Viviane de Leão Duarte (mestranda)1; MEGGUER, Clarice Aparecida (Co-orientadora)1; MOURA, Luciana Minervina de Freitas (Estudante IC)1; SILVA, Priscila Oliveira Santana (Estudante IC)1 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Câmpus Rio Verde - GO. [email protected]; RESUMO: No Cerrado os níveis de irradiância são geralmente altos e as plantas se adaptaram a esta condição para que fosse possível seu estabelecimento, sendo este, um dos principais fatores que determina as características das plantas neste domínio. Porém, mesmo adaptadas às altas irradiâncias e ao déficit hídrico, que são comuns na estação seca, as plantas podem sofrer danos. Nesse estudo objetivou-se caracterizar a eficiência fotossintética de plantas jovens de baru em ambiente natural de ocorrência nas estações seca e chuvosa. Foram obtidos dados climáticos do ambiente e analisados a taxa fotossintética e transpiratória, da condutância estomática, relação entre a concentração interna e externa de CO2 e eficiência no uso da água. Os resultados demonstram que houve diferença entre as duas estações, possivelmente, este resultado esta correlacionado aos dados climáticos do ambiente. Mesmo na estação seca as plantas de baru mantêm o aparato fotossintético funcional, porém com menor eficiência. Palavras-chave adicionais: Cerrado. Fotossíntese. Irradiância. Déficit hídrico. INTRODUÇÃO O Cerrado possui clima sazonal, com verões chuvosos e invernos secos, média de precipitação de 1500 mm (WALTER, 2006) e temperaturas que variam de 22ºC a 27ºC (KLINK & MACHADO, 2005). Esse domínio é um complexo vegetacional, de formações que variam entre savanas e formações florestais (COUTINHO, 2006). As formações savânicas normalmente ocorrem em locais onde o solo é raso e deficiente em minerais (WALTER, 2006), porém tais características não interferem no desenvolvimento da flora, a qual já está adaptada a estas condições (AGOSTINI-COSTA et al., 2010). Segundo Takahashi (2010), a disponibilidade de luz e o regime de chuvas influenciam marcantemente o estabelecimento e sobrevivência de plantas na savana. A compreensão dos processos fisiológicos envolvidos nos mecanismos de adaptação e aclimatação de plantas sob condições de estresses ambientais é de grande importância para a agricultura e o meio ambiente (LARCHER, 2006; TAIZ & ZEIGER, 2009). Dessa forma, as espécies arbóreas brasileiras têm despertado o interesse de vários pesquisadores em demonstrar comportamentos adaptativos às condições do ambiente (NASCIMENTO et al., 2011). Dentre as plantas de Cerrado destaca-se o baru (Dipteryx alata Vogel) uma espécie arbórea, com grande potencial econômico, pois possui múltiplos usos (CANUTO et al., 2008; MORENO et al., 2007). Diante do exposto, este estudo teve por objetivo caracterizar a fotossíntese e a transpiração, nas estações seca e chuvosa, de plantas jovens de baru ocorrendo naturalmente no ambiente. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em área localizada no Instituto Federal Goiano, Câmpus Rio Verde, coordenadas x = 509987.05 / y = 7031703.64. Foram selecionadas 12 plantas jovens da referida área, com altura média de 100 cm, com bom aspecto fitossanitário. Foram obtidos os dados climáticos do ambiente, compreendendo a temperatura máxima e mínima, umidade relativa (UR %) e precipitação. Os dados foram coletados durante os meses de janeiro de 2011 a janeiro de 2012 e são originados da 1 I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012. A A (umol m-2s-1) 8 A 6 B 4 2 0 Chuva Seca B 4 E (mmol m-2s-1) A sazonalidade do ambiente afetou as trocas gasosas das plantas de baru, possivelmente este resultado está correlacionado com os dados climáticos do ambiente. Onde na estação seca quando comparada com a chuvosa teve os menores índices de precipitação e umidade relativa do ar (UR%), os meses mais críticos foram agosto e setembro, em que a UR (%) foi de aproximadamente 45%, em contraste com o mês de janeiro de 2012 (estação chuvosa), em que se verificaram valores próximos a 80%. A temperatura máxima foi em média de 33 ºC para os meses de agosto e setembro e a mínima de 15 ºC, nos meses de maio a julho. Na estação chuvosa a temperatura máxima foi em média de 28 ºC e mínima, média de 19ºC. Os menores valores de taxa fotossintética (A) (Figura 1A), condutância estomática (gs) (Figura 1C) e concentração interna e externa de CO2 (Ci/Ca) (Figura 1D) foram encontrados na estação seca quando comparados com a estação chuvosa. Nas espécies em que a área foliar total é mantida na estação seca, nota-se marcado decréscimo na condutância estomática foliar, resultando em economia de água (MELO, 2008). No entanto, maiores valores da taxa transpiratória (E) foram observados justamente na estação seca (Figura 1B). A maior E observada na estação seca quando comparada com a estação chuvosa, é uma 10 3 A 2 B 1 0 Chuva Seca C 0,4 gs (mol H2O m-2s-1) RESULTADO E DISCUSSÃO resposta não esperada em plantas, sobretudo porque representa uma redução da economia de água, como verificado nos dados da EUA. Estudos mais detalhados deverão ser realizados para o melhor entendimento deste comportamento. Quanto à EUA, os valores verificados foram maiores na estação chuvosa, comparados à estação seca (Figura 2). 0,3 A 0,2 B 0,1 0,0 D 1,6 1,2 Ci/Ca estação meteorológica da Universidade de Rio Verde (FESURV). As plantas foram avaliadas em dois períodos distintos, sendo agosto de 2011(estação seca) e janeiro de 2012 (estação chuvosa), utilizando um analisador de gases no infravermelho (IRGA), modelo LCI (ADC BioScientific – Great Amwell – England), acoplado a uma fonte de luz artificial incidindo uma densidade de fluxo de fótons igual a 1000 mmol m-2 s-1. Os dados foram coletados sempre numa folha completamente expandida, no terço superior da planta, no horário entre 07h00min e 11h00min, para registro das taxas fotossintéticas (A, mmol m-2 s-1) e transpiratórias (E, mmol m-2 s1 ), da condutância estomática (gs, mol H2O m-2 s1 ), relação entre a concentração interna e externa de CO2 (Ci/Ca) e eficiência no uso da água (EUA). Os dados obtidos foram submetidos ao teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade (SAEG 9.0). A B 0,8 0,4 0,0 Chuva Seca Figura 1 – Trocas gasosas de plantas de baru nas estações chuvosa e seca, sendo A) Taxa de assimilação líquida de CO2 (A- μmol m-2 s-1), B) Taxa transpiratória (E – mmol m-2 s-1), C) Condutância estomática (gs – mol m-2 s-1) e D) Relação Ci/Ca. I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano. 06 e 07 de novembro de 2012. COUTINHO, L.M. O conceito Bioma. Acta Botanica Brasilica, v. 20, n. 1, p. 13-23, 2006. 10 KLINK, C. A. & MACHADO, R. B. A conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade. v.1, n.1. Brasília. Julho. 2005. 8 EUA 6 A LARCHER, W. Ecofisiologia Vegetal. São Carlos: RIMA, 2006. 531p. 4 B 2 0 Chuva Seca Figura 2 – Eficiência no uso da água (EUA) em plantas de baru nas estações chuvosa e seca. CONCLUSÃO Plantas de baru diminuiram a taxa fotossintética na estação seca, sobretudo, em função da redução da abertura estomática. No entanto, mantiveram taxas transpiratórias elevadas, cujo comportamento precisa ser melhor investigado. AGRADECIMENTOS A CAPES, CNPq, FINEP, FAPEG e IFGOIANO pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOSTINI-COSTA, T. S.; SILVA, D. B.; VIEIRA, R. F.; SANO, S. M.; FERREIRA, F. R. Espécies de maior relevância para a região Centro-Oeste. p. 15-30. In: Frutas Nativas da região Centro-oeste do Brasil/ editores técnicos, Roberto Fontes Vieira, Tânia da Silveira AgostiniCosta, Dijalma Barbosa da Silva, Sueli Matiko Sano, Francisco Ricardo Ferreira. Brasília DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2010. p. 322. CANUTO, D. S. O.; SILVA, A. M.; MORAES, M. A.; SILVA, C. L. S. P.; MORAES, M. L. T.; DE SÁ, M. E. Variabilidade genética de populações naturais de Dipteryx alata Vog. Por meio de caracteres nutricionais em sementes. Revista do Instituto Florestal, São Paulo, v. 20, n. 2, p.155-163, dezembro, 2008. MELO, D.M.P. Respostas fotossintéticas e de germinação de sementes de Smilax goyazana A.DC. (Smilacaceae) Tese (Doutorado Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente) Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente -- São Paulo, 2008. MORENO, M. A.; TARAZI, R.; DEFAVARI, G. R.; FERRAZ, E. M.; MORAES, M. L. T.; CANUTO D. S. O.; GANDARA, F. B.; CIAMPI, A. Y.; KAGEYAMA, P. Y. Diversidade genética de Dipteryx alata VOG. em uma população natural do Município de Campina Verde – MS. Anais do 53º Congresso Brasileiro de Genética, Águas de Lindóia- SP, setembro, 2007. NASCIMENTO, H.H.C.; NOGUEIRA, R.J.M.C.; SILVA, E.C.; SILVA. M.A. Análise do crescimento de mudas de jatobá (Hymenaea courbaril L.) Em diferentes níveis de água no solo. Revista Árvore, v.35, n.3, Edição Especial, p.617-626, 2011. TAIZ, L. & ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 4. ed. Porto Alegre, Artmed (2009). 738p. TAKAHASHI, F. S. C. Atributos e tipos funcionais de espécies lenhosas no cerrado. 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