UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO
DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES CLÍNICOS E
CIRÚRGICOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DO DESPORTO COM
ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO NA ATIVIDADE FÍSICA
VERSÃO DEFINITIVA
SANDRA OLIVEIRA SILVA
Orientador: Prof. Doutor Francisco José Félix Saavedra
VILA REAL, 2013
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO
DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES CLÍNICOS E
CIRÚRGICOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
SANDRA OLIVEIRA SILVA
Orientador: Prof. Doutor Francisco José Félix Saavedra
UTAD
Vila Real – 2013
II
FICHA CATALOGRÁFICA
Silva, Sandra Oliveira.
Avaliação da qualidade de vida e do desempenho
físico em pacientes clínicos e cirúrgicos com insuficiência
cardíaca. Vila Real: [s.n], 2013.
Orientador: Professor Doutor Francisco José Félix Saavedra
Dissertação (Mestrado) Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro.
PALAVRAS-CHAVE: Insuficiência cardíaca; Qualidade de vida;
Atividade física; Acelerômetro.
III
Este
trabalho
foi
expressamente
elaborado com vista à obtenção do grau
de mestre em Ciências do Desporto,
com especialização em Avaliação e
Prescrição
na
Atividade
Físca,
nos
termos do Decreto-lei nº 107/2008, de 25
de Junho.
IV
DEDICATÓRIA
A meus pais, pela grande importância de me permitir esse crescimento
profissional, buscando sempre me apoiar nos momentos mais importantes de
minha vida.
V
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela minha vida, por me guiar todos os dias,
iluminando-me e fortalecendo-me diante das dificuldades com a qual passei,
até chegar à realização do meu sonho.
Aos meus pais Suélia e Osdimário que contribuíram diretamente com o
grande investimento de minha vida profissional, desde minha formatura até
este Mestrado, me apoiando e sonhando comigo nesta conquista.
Ao professor Francisco Saavedra, muito obrigada, pela sua ajuda direta
e indireta, da forma que a sua experiência me conduziu a interpretar o meu
conhecimento adquirido neste trabalho.
Em especial dedico ao meu amor Neto, que ao meu lado com todo
carinho contribui no meu sucesso profissional.
Aos meus amigos, alunos que dedicaram seu tempo para me ajudar
durante a fase de construção deste trabalho, e em especial ao meu melhor
amigo Sérgio que me ajudou desde o nascimento deste trabalho até o fim.
Dedico com especial carinho aos meus pacientes que acreditaram e
confiaram no meu trabalho.
Obrigada a todos de coração!
VI
ÍNDICE GERAL
FICHA CATALOGRÁFICA ................................................................................. III
DEDICATÓRIA ................................................................................................... V
AGRADECIMENTOS ........................................................................................ VI
ÍNDICE GERAL ................................................................................................ VII
ÍNDICE DE QUADROS ..................................................................................... IX
ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................ X
LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................................. XI
SÍMBOLOS ...................................................................................................... XIII
RESUMO ......................................................................................................... XIV
ABSTRACT ...................................................................................................... XV
1.INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
2.REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 4
2.1.DEFINIÇÃO E CONCEPTUALIZAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA .... 5
2.1.1.DIAGNÓSTICO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ............................... 6
2.1.1.1.CRITÉRIOS
DE
CLASSIFICAÇÃO
DA
INSUFICIÊNCIA
CARDÍACA ................................................................................................ 8
2.1.1.2.ETIOLOGIA E SINTOMAS DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ....... 9
2.2.RISCOS E BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE E DO EXERCÍCIO FÍSICO NA
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ............................................................................. 11
2.2.1.CONCEITOS ...................................................................................... 12
2.2.1.1.ATIVIDADE FÍSICA ..................................................................... 12
2.2.1.2.EXERCÍCIO FÍSICO .................................................................... 15
2.2.1.3.QUALIDADE DE VIDA............................................................... 177
2.3.MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA ................................ 18
VII
2.3.1.MÉTODOS DE LABORATÓRIO ........................................................ 19
2.3.2.MÉTODOS DE TERRENO .............................................................. 200
3.METODOLOGIA ........................................................................................... 278
3.1.CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ............................................................. 28
3.2.DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ................................. 28
3.3.INSTRUMENTOS ........................................................................................ 29
3.4.MÉTODO DE AVALIAÇÃO ......................................................................... 31
3.4.1.AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E FISIOLÓGICA ...................... 311
3.4.2.AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA .......................................... 322
3.4.3.AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO FÍSICO ......................................... 33
4.TRATAMENTO ESTATÍSTICO .................................................................... 345
5.APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................................... 367
6.DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................................. 423
7.CONCLUSÃO ................................................................................................. 48
8.NOVAS PROPOSTAS DE TRABALHO ....................................................... 490
9.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 513
10.ANEXOS ..................................................................................................... 623
ANEXO 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E PRÉ-ESTABELECIDO
ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO MINESOTA – VIVENDO COM INSUFICIÊNCIA
CARDÍACA
ANEXO 3 – FICHA DE RECOLHA DE DADOS
ANEXO 4 – TABELA DE ATIVIDADES
ANEXO 5 – FICHA DE MONITORIZAÇÃO DE ATIVIDADE
VIII
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 - Recomendações Internacionais para a prática de exercício
(Adaptado de Colberg, 2010; Marwick, 2009). .................................................. 13
Quadro 2 - Distribuição total da amostra dos pacientes ICC perfil clínico e
cirúrgico das variáveis quantitativas: idade, massa corporal, estatura, IMC e
FEVE. ................................................................................................................ 29
Quadro 3 - Categorização do índice de massa corpórea, segundo OMS*..... 300
Quadro 4 - Tabela de pontuação do MLHFQ (Santos, 2009)......................... 333
Quadro 5 - Categorização das variáveis clínicas: gênero, idade, classe
funcional, disfunção ventricular e IMC, quanto ao perfil clínico e cirúrgico dos
pacientes com ICC do Ambulatório Silva e Lima do HSI, 2010. ..................... 377
Quadro 6 - Distribuição das variáveis categóricas quanto a etiologia, fatores de
risco e comorbidades dos pacientes com ICC de acordo com perfil Clínico e
Cirúrgico. ........................................................................................................... 38
Quadro 7 - Associação da Qualidade de Vida quanto o perfil Clínico e Cirúrgico
dos pacientes do Ambulatório Silva e Lima do HSI, 2010................................. 39
Quadro 8 - Comparação do desempenho físico (número de passos), entre os
grupos após sete dias de uso do acelerômetro dos pacientes com ICC do
Ambulatório Silva e Lima do HSI, 2010 ............................................................. 39
Quadro 9 - Descrição do desempenho quanto ao nível de atividade física pelo
número de passos por dia, de acordo com o perfil Clínico e Cirúrgico dos
pacientes do Ambulatório Silva e Lima do HSI, 2010.. ................................... 390
Quadro 10 - Descrição do desempenho físico quanto ao nível de atividade
física (sedentário, atividades: muito leve, leve, moderada e vigorosa a muito
vigorosa) durante sete dias com uso de acelerômetro. Ambulatório Silva e Lima
do HSI, 2010.................................................................................................... 400
Quadro 11 - Associação do desempenho físico quanto o nível de atividade
física em relação ao gênero, idade e a classe funcional entre o perfil clínico e
cirúrgico. .......................................................................................................... 410
IX
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Oxímetro de dedo CM 50D (Contec medical system®). ............... 300
Figura 2 - Acelerômetro modelo GT3X (Actigraph®)...................................... 311
Figura 3 - a) Avaliação fisiológica da medida da pressão arterial sistólica e
diastólica e b) Mensuração da saturação de oxigênio através de um oximetro
com sensor de dedo . ...................................................................................... 322
X
LISTA DE ABREVIATURAS
AF
Atividade Física
ACC
American College of Cardiology
ACSM
American College of Sport Medicine
AHA
American Heart Association
ACD
Contagem de atividade média por dia
AINE
Anti-inflamatórios não esteroidais
AVC
Acidente Vascular Cerebral
BNP
Peptídeo Natriurético Cerebral
CF
Classe Funcional
CPP
Complicações Pulmonares Pós-Cirúrgica
DCV
Doenças Cardiovasculares
EDP
Ecodopplercardiografia
EIAS
Espinha Ilíaca Antero Superior
ESC
Sociedade Europeia de Cardiologia
EUA
Estados Unidos da América
FEVE
Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo
GPS
Sistema de Posicionamento Global
IBGE
Instituto Brasileiro Geografia e Estatística
IECA
Angiotensina II
IC
Insuficiência Cardíaca
ICC
Insuficiência Cardíaca Crônica
IL10
Interleucina 10
IMC
Índice de Massa Corpórea
IPAQ
International Physical Activity Questionnaire
XI
MLHFQ
Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire
MS
Ministério da Saúde
NAF
Nível de Atividade Física
NICE
Instituto Nacional de Saúde e Excelência Clínica
NYHA
New York Heart Association
OMS
Organização Mundial da Saúde
POCC
Pós-operatório de Cirurgia Cardíaca
QDV
Qualidade de vida
SPSS
Statistical Package for Social Science
SUS
Sistema Único de Saúde
VE
Ventrículo Esquerdo
VO2
Consumo de Oxigênio
VO2 pico
Consumo de Oxigênio de pico
XII
SÍMBOLOS
cm
Centímetro (s)
FC
Frequência cardíaca
m2
Metro ao quadrado
MET
Equivalente Metabólico da tarefa
mmHg
Milímetro de mercúrio
PAD
Pressão Arterial Diastólica
PAS
Pressão Arterial Sistólica
SaO2
Saturação de Oxigênio
XIII
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida e o desempenho
físico em pacientes com insuficiência cardíaca crônica, durante as atividades
de vida diária de forma individual. A metodologia consiste no estudo
transversal, realizado no Serviço Ambulatorial do Hospital Santa Isabel,
Salvador-Ba. Foram entrevistados 47 pacientes, de ambos os sexos, com
insuficiência cardíaca crônica, (idade 55,5±12,3 anos, peso 65,9±12,9 Kg,
altura 1,6±0,1cm e IMC 25,3±4,8 Kg/m2), subdivididos em dois grupos: clínico
(n=28) e cirúrgico (n=19). Para avaliar a qualidade de vida foi utilizado o
Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire, o nível de atividade fisica foi
mensurado por acelerometria (número de passos), durante 07 dias
consecutivos. Os dados foram analisados através do recurso ao programa
estatístico Statistical Package for Social Science (versão 16.0, SPSS Inc,
Chicago), sendo considerado para a análise descritiva, os valores da média e
desvio padrão, e para a comparação entre os dois grupos de estudo, o teste t
para amostras independentes. Quando não se verificou a normalidade,
recorremos ao teste de Mann-Whitney. Para correlacionar o perfil clínico e
cirúrgico quanto à categorização das variáveis clínicas, foi utilizado teste Exato
de Fisher. O nível de significância foi estabelecido em p≤0,05. Observou-se
predomínio do gênero feminino, com 29 (61,7%) dos participantes. Na
categorização da insuficiência cardíaca crônica, a Classe Funcional III foi a
mais frequente [26 (55,3%)], e a etiologia chagásica [19 (40,4%)], estando
presente a hipertensão arterial sistêmica prévia em 30 (63,8%) dos 47
indivíduos avaliados. Na avaliação da qualidade de vida, encontraram-se
relações significativas (p≤0,05), nas dimensões físicas dos pacientes com
insuficiência cardíaca crônica. Verificou-se que o perfil cirúrgico apresentava
melhor qualidade de vida. Quanto ao desempenho físico, a atividade de vida
diária, correspondeu a maior frequência nas atividades de intensidade muito
leve a leve, ressaltando a melhor competência no perfil clínico (p≤0,01). Não
foram observadas atividades com intensidade vigorosa a muito vigorosa.
Conclui-se que os pacientes com insuficiência cardíaca crônica apresentam
diferenças de desempenho físico em razão da idade, gênero, e o avanço da
doença, principalmente na realização das atividades de maior intensidade,
devido à presença da limitação física, mas sem impacto na qualidade e vida e
na relação interpessoal.
Palavras-chave: Insuficiência cardíaca, qualidade de vida, atividade
física, acelerômetro.
XIV
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the quality of life and physical
performance in patients with chronic heart failure, during daily living activities.
The methodology consists on a cross-sectional study conducted in the
Ambulatory Service of Santa Isabel Hospital, Salvador-Bahia. A total of 47
patients with chronic heart failure, of both genders, were studied (55,5±12,3
years; 65,9±12,9 Kg; 1,6±0,1m and 25,3±4,8 Kg/m2), divided into two groups:
clinical (n = 28) and surgical (n = 19). To assess the quality of life the Minnesota
Living with Heart Failure Questionnaire, was used. The physical activity level
was measured by the accelerometer (number of steps) during 07 consecutive
days. Data were analyzed using the Statistical Package for Social Science
(version 16.0, SPSS Inc, Chicago). To compare the two groups were used the t
test for independent samples. When the normality wasn´t observed, we used
the Mann-Whitney test. To correlate the clinical and surgical groups regarding
to the categorization of the clinical variables we used Fisher's exact test. The
significance level was maintained at p≤0,05. There was a predominance of
females, with 29 (61.7%) of the participants. In the chronic heart failure, the
functional class III was the most frequent [26 (55.3%)], and chagas disease [19
(40.4%)], being present arterial hypertension in 30 (63.8%), of the 47 evaluated
subjects. For the quality of life, were found significant relations (p ≤0.05), for the
physical dimensions of chronic heart failure patients. The surgical patients
showed a better quality of life. Considering the physical activity, daily living
activities, were soft to very soft, with better performance in clinical profile (p
≤0,01). There wasn’t observed vigorous or very vigorous daily activities
intensity. We concluded that chronic heart failure patients differ in their physical
activities, due to age, gender, and disease progression, especially when
performing activities of greater intensity, due to the presence of physical
limitation, but with no impact on quality and life and interpersonal relations.
Keywords: Heart failure, quality of life, physical activity, accelerometer.
XV
1
INTRODUÇÃO
1.INTRODUÇÃO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES
CLÍNICOS E CIRÚRGICOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
1 1.INTRODUÇÃO
1.INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de morte e
morbidade em nações industrializadas, sendo contabilizado em torno de 50%
das mortes. O Ministério da Saúde (MS) do Brasil, através de pesquisas do
Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE, 2008), verificou que a maior
morbidade hospitalar causada por doenças do aparelho circulatório em
Salvador foi de 1.212 (17,64%), representada por 52,88% mulheres e 47,11%
homens.
Conforme o envelhecimento da população, dentre as DCV, a
insuficiência cardíaca crônica (ICC) é um crescente problema de saúde pública
e representa grande gasto econômico nas sociedades e nos sistemas de
cuidados de saúde (Greiser, 2005). Por essa razão, a prevenção dos fatores de
risco pode melhorar a sobrevida e a qualidade de vida (QDV) dos pacientes
com ICC, reduzindo eventos recorrentes e à necessidade de procedimentos
intervencionistas (Smith, 2001).
O indivíduo portador de ICC apresenta limitação do desempenho físico
devido à presença da fadiga e dispneia durante a atividade física (AF)
(Dall’Ago, 2006). Estudos randomizados documentaram os benefícios do
treinamento físico na qualidade de vida, resultando na redução de rehospitalização do paciente com insuficiência cardíaca (IC) (Bocchi, 2009). De
acordo com esta nova percepção, a AF é importante na prevenção de várias
doenças cardíacas (Bocchi, 2005).
Diversos métodos e instrumentos de mensuração foram desenvolvidos
para avaliar a atividade física em várias populações de saúde, todavia não foi
realizado um estudo específico em populações com ICC. (Garet, 2003). Diante
da necessidade de avaliar AF são utilizadas diversas técnicas com diferentes
graus de precisão. Entre eles, métodos laboratoriais (calorimetria direta e
indireta) e de terreno (diários, observação direta, questionários, sensores do
movimento, monitores de frequência cardíaca). Na prática clínica é frequente o
uso de questionários de atividade física, entretanto, observa-se limitação em
informações completas do tipo de AF devido o baixo grau de precisão.
2 1.INTRODUÇÃO
Atualmente, os aparelhos eletrônicos de movimento, como por exemplo: o
pedômetro e o acelerômetro são utilizados, pois são práticos e confiáveis e não
dependem da subjetividade do indivíduo para avaliar os seus resultados
(Lopes, 2003).
Considerando que os estudos comparativos sobre AF são relacionados
aos indivíduos saudáveis, existe uma lacuna na literatura quanto aos indivíduos
com doenças cardíacas, em particular na ICC, devido às limitações
apresentadas no seu desempenho físico. Observa-se que a atividade física
melhora a qualidade de vida, porém não há consenso na prática clínica quanto
ao
recondicionamento
físico
apresentado
por
estes
pacientes
após
procedimento cirúrgico para realizar atividades de vida diária (AVD).
O presente estudo visa investigar e avaliar a qualidade de vida e o
desempenho físico na atividade física habitual dos indivíduos de ICC perfil
clínico e cirúrgico.
3 2
REVISÃO DA LITERATURA
2.REVISÃO DA LITERATURA
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES
CLÍNICOS E CIRÚRGICOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
4 2.REVISÃO DA LITERATURA
2.REVISÃO DA LITERATURA
Em decorrência do alto índice de morbimortalidade, as doenças
crônicas, principalmente as cardiovasculares, têm se tornado um dos principais
alvos de atenção dos profissionais da área de saúde (Soares, 2008).
O Ministério da Saúde (MS) do Brasil, através de pesquisas do Instituto
Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE, 2008), verificou que a maior
morbidade hospitalar causada por doenças do aparelho circulatório em
Salvador foi de 1.212 (17,64%), representada por 52,88% mulheres e 47,11%
homens, caracterizando-se como a principal causas de mortes na rede
hospitalar.
Entre as doenças cardiovasculares, a insuficiência cardíaca vem
aumentando a sua incidência no Brasil e no mundo. Quase cinco milhões de
pessoas vivem com IC, e quinhentos e cinquenta mil novos casos são
diagnosticados a cada ano (Santos, 2009).
A ICC contribui para limitação da atividade física devido à presença da
fadiga e da dispneia (Dall’Ago, 2006). Nota-se que a força e a resistência dos
músculos respiratórios nestes pacientes tendem a reduzir, provocando uma
resposta limitada ao exercício impactando na qualidade de vida, bem como na
piora do prognóstico (Chiappa, 2008; Tasoulis, 2010).
2.1.DEFINIÇÃO E CONCEPTUALIZAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
A
insuficiência
classicamente
definida
cardíaca
como
é
uma
incapacidade
síndrome
do
clínica
coração
em
complexa,
bombear
suprimentos adequados de sangue em relação ao retorno venoso e as
necessidades metabólicas tissulares, ocasionando redução do débito cardíaco
e elevação das pressões pulmonares e venosa sistêmica (Soares, 2008;
Figueroa, 2006; Braunwald, 2000).
Existem vários sinais e sintomas característicos para identificar a
insuficiência cardíaca, dentre eles destacam-se: alterações hemodinâmicas,
retenção de líquidos, redução do consumo de oxigênio e limitação na
capacidade de exercício (Dickestein, 2008).
5 2.REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com a epidemiologia, a Sociedade Europeia de Cardiologia
(ESC) relata que existe 15 milhões de indivíduos, em 51 países com a
presença da disfunção ventricular assintomática. A incidência da IC é de 2 a 3
% e aumenta com o avançar da idade, sendo que a prevalência é de 10 a 20%
entre 70 a 80 anos. Nas idades mais jovens, os grupos de IC são
predominantes
nos
homens
causados
pela
presença
das
doenças
coronarianas. E quando envelhece, a prevalência da insuficiência cardíaca é
igual entre os sexos (Dickestein, 2008).
Dados registrados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o MS do Brasil,
no período de 2000 a 2007, foram internados 69,8% na faixa etária acima de
60 anos, e neste mesmo período houve a redução do número de
hospitalizações por IC no país, sendo a região do Nordeste brasileiro o
segundo lugar com redução de aproximadamente 30% nas internações
realizadas por IC. Em 2007, as doenças cardiovasculares representaram a
terceira causa de internamento, e a IC foi responsável por 2,6% das
hospitalizações e por 6% dos óbitos consumindo 3% do total de recursos
disponibilizados para atender todas as internações realizadas pelo sistema.
Contudo, mesmo com esta redução de internações da IC, o SUS apresentou
aumento global de 11,3% para 64,7% dos gastos unitários por internação no
país (Bocchi, 2009).
2.1.1.DIAGNÓSTICO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
O diagnóstico da IC é realizado por meio de dados clínicos baseados na
anamnese do paciente e no exame clínico rigoroso, que fornecem dados
importantes sobre a presença e a repercussão da disfunção ventricular. Entre
eles destacam-se: a presença de estase jugular, a hepatomegalia, a ascite, a
hipertensão pulmonar, o edema de membros inferiores e a hipertensão
pulmonar. Ressalta-se, entretanto, que alguns desses sinais podem estar
ausentes ainda que constate a ICC (Dickestein, 2008).
Entretanto, existem métodos diagnósticos como bioquímicos ou
laboratoriais, relacionados diretamente com a gravidade da doença e ao
prognóstico. O mais indicado exame para o diagnóstico é o peptídeo
6 2.REVISÃO DA LITERATURA
natriurético cerebral (BNP)
1,
Em pacientes com insuficiência cardíaca crônica
os valores de BNP estão elevados e podem variar de 675±450pg/ml, enquanto
que sem IC os valores são de 110±225 pg/ml (Clerico, 2000; Sousa, 2008;
Silva, 2008), na prática clínica o valor de referência da BNP normal não há
consenso, pois depende dos sintomas associados para diagnóstico da IC, mas
serve para monitorizar a evolução da doença.
A orientação II Diretriz para o diagnóstico e tratamento da IC, proposto
pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (2002) é utilizar o método de exame
diagnóstico denominado ecodopplercardiografia (EDP). Trata-se de um método
rápido, seguro e largamente disponível, que fornece informações anatômicas e
funcionais do coração. O EDP permite aferir a dimensão das câmaras
cardíacas, a configuração geométrica, a espessura das paredes, a massa
miocárdica, a função sistólica segmentar, a função sistólica global, a função
diastólica e a presença de trombos (Barretto, 2002).
De acordo com a III Diretriz da Insuficiência Cardíaca Crônica, o
parâmetro mais importante para quantificação da função sistólica é a fração de
ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), fundamental para diferenciar a IC
diastólica e da sistólica e para definir o tratamento. Este parâmetro pode ser
obtido preferencialmente pelo método de Simpson, onde na disfunção sistólica
a FEVE deve ser menor que 45-50% (Bocchi, 2009; Ali Ahmed, 2009). Não há
consenso quanto à preservação do valor da fração de ejeção, sendo
controversa a insuficiência cardíaca sistólica e diastólica.
Entretanto, segundo a Guideline da ESC (2008), para definir IC
diastólica os pacientes devem apresentar sinais e sintomas, existindo
preservação do VE, com FEVE maior que 40-50%. Quando a fração de ejeção
está superior a 40%, distingue-se entre maior ou normal os volumes
ventriculares no final da diástole esquerda, esta distinção foi observada nos
pacientes clínicos hospitalizados por apresentarem o coração dilatado com
fração de ejeção menor que 35 ou 40%. Do mesmo modo, pacientes com IC
podem ter ambas as disfunções (sistólica e diastólica), no repouso ou
1. (que é um polipeptídio formado por 32 aminoácidos, composto por um anel de 17
aminoácidos, comum a todos os peptídeos natriuréticos, e a sua fonte de produção são os
ventrículos).
7 2.REVISÃO DA LITERATURA
exercício, considerando que a classificação da IC sistólica e diastólica não
deveria ser separada completamente (Dickestein, 2008).
2.1.1.1.CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
A Classificação Funcional da New York Heart Association (NYHA)
proporciona um meio simples de categorizar a IC. Caracterizando os indivíduos
por sintomas clínicos de dispneia e fadiga durante o esforço, de forma
progressiva, variando as limitações por classes funcionais (CF) de I a IV, da
seguinte forma:
• CF I, sem sintomas e nenhuma limitação em atividades habituais,
realiza mais de seis METs na ergonometria.
• CF II, sintomas leves e limitações em atividades habituais,
sentem-se confortáveis no repouso, e atingem de quatro a seis
METs na ergonometria.
• CF III, acentuada limitação física para realizar atividades simples
e rotineiras, confortáveis somente no repouso. Realiza na
ergonometria de dois a quatro METs.
• CF IV, com severas limitações e sintomas presentes mesmo em
repouso. Não tolera a ergonometria (Smith, 2001).
Desde a atualização em 2001, a American Heart Association (AHA) /
American College of Cardiology (ACC) em consenso sobre a prevenção
secundária, foi incluído uma nova classificação de IC baseada em estágios,
com recomendação classe um e nível de evidência A. Nesta classificação são
compreendidas:
• Estágio A: Pacientes com fatores de risco para IC (ex: hipertensão
arterial, diabetes mellitus, doença coronariana, abuso de álcool,
história familiar de cardiomiopatia), mas ainda sem evidências de
cardiopatia estrutural e sem sinais clínicos de IC;
• Estágio B: Pacientes que já desenvolveram cardiopatia estrutural
(ex: hipertrofia ou dilatação de VE, disfunção contrátil de qualquer
grau, infarto do miocárdio prévio), mas ainda sem sinais de IC;
8 2.REVISÃO DA LITERATURA
• Estágio C: Pacientes com cardiopatia estrutural que apresentam
ou já apresentaram sinais ou sintomas de insuficiência cardíaca;
• Estágio D: Pacientes com insuficiência cardíaca avançada, que
permanecem muito sintomáticos apesar da medicação e que
requerem intervenções especializadas (Smith, 2001).
2.1.1.2.ETIOLOGIA E SINTOMAS DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
No Brasil, de acordo com a III Diretriz Brasileira de Insuficiência
Cardíaca Crônica, a principal etiologia da IC é a cardiopatia isquêmica crônica
associada à hipertensão arterial, mas pode existir outras dependendo da região
geográfica do país e das áreas de baixas condições socioeconômicas, como
citadas a seguir:
a) Doença de chagas, que é a 3ª maior doença parasitária no
mundo, após malária e esquistossomos (Bocchi, 2009). Segundo
a OMS do Brasil, certifica-se a erradicação da transmissão
vetorial no Brasil, porém ainda são encontrados pequenos focos
endêmicos, localizados principalmente no Estado da Bahia
(Latado, 2006).
b) Endomiocardiofibrose que ocorre principalmente em áreas
tropicais e subtropicais com surgimento da sintomatologia na
idade jovem, também descrito na região do nordeste brasileiro,
c) Cardiopatia valvular reumática crônica, que nas últimas três
décadas no Brasil teve uma diminuição da mortalidade devido à
redução de novos casos de febre reumática aguda (Bocchi,
2009).
No guia de vigilância epidemiológica do MS do Brasil, a doença de
Chagas, na fase inicial aguda, caracteriza-se com sinais ou sintomas quase
sempre
inespecíficos,
e
quando
presentes,
podem
evoluir
com
comprometimento de 30% cardíaco (cardiopatia chagásica) ou 7 a 8% digestivo
(megaesôfago e megacólon). Na fase crônica, pode a forma indeterminada
nunca se manifestar ou expressar clinicamente em anos ou décadas sob a
forma cardíaca, que é a mais importante. Podendo se apresentar sem
9 2.REVISÃO DA LITERATURA
sintomatologia, mas com alterações eletrocardiográficas (principalmente
bloqueio completo de ramo direito), como uma síndrome de insuficiência
cardíaca progressiva, insuficiência cardíaca fulminante ou com arritmias graves
e morte súbita (Ministério da Saúde, 2005).
Existem outras causas para IC que podem fazer com que uma
quantidade maior de sangue retorne ao coração, como hipertireoidismo, a
anemia severa e as doenças congênitas do coração. Além das doenças
pulmonares, como o enfisema que aumentaram a resistência do lado direito do
coração, e eventualmente pode levar a IC do ventrículo direito (Hunt, 2005).
Os sintomas clínicos do paciente com insuficiência cardíaca são a
dispneia e a fadiga, predominantemente durante o esforço. Entretanto, a
ausência desses sintomas não exclui a presença de IC. Outros sintomas são a
dispneia paroxística noturna, a ortopneia, o edema de membros inferiores e a
tosse noturna (Hunt, 2005).
A procedência da dispneia na IC aguda ocorre os estímulos primários
com a ativação de receptores J ou justa capilares pulmonares, que estão
localizados juntos a parede do capilar pulmonar, causando uma elevação da
pressão pulmonar e/ou hipóxia. Entretanto, a origem da dispneia na ICC tem
sido proposta a partir da estimulação de metaborreceptores musculares, que
juntos com os barorreceptores arteriais são vias aferentes ao centro de controle
cardiovascular, localizado no bulbo ventrolateral, resultando em aumento da
capacidade respiratória através de mecanismos centrais ou periféricos
(Beniaminovitz, 2002; Silva, 2007).
Portanto, a força e resistência dos músculos respiratórios nestes
pacientes tendem a reduzir, implicando muitas vezes, uma resposta limitada ao
exercício, má qualidade de vida, bem como pior prognóstico (Chiappa, 2008;
Tasoulis, 2010).
Segundo Batista (2009) a teoria de Coats e colegas (1994), conhecida
como “Hipótese muscular da IC”, as alterações degenerativas são decorrentes
de uma redução na perfusão dos músculos esqueléticos causada pelo baixo
débito cardíaco, resultando em uma hipóxia tecidual, que quando mantidas por
um longo tempo, e associada ao aumento da produção de radicais livres
10 2.REVISÃO DA LITERATURA
passam a ser um potente estímulo para a produção de citocinas proinflamatórias (TNF-α, IL-1β e IL-6), mediada pelo fator de transcrição nuclear
κB (κNF-κB), o qual iniciaria uma cascata de eventos que consiste na
expressão do óxido nítrico sintetase indutível (iNOS), apoptose do músculo
esquelético e perda de massa muscular (Batista, 2009).
A atrofia da musculatura esquelética nos pacientes de IC é devido a uma
mudança da fibra do tipo I de contração lenta (oxidativa) para do tipo II de
contração rápida (glicolítica). Desta forma, ocorre uma diminuição do volume
mitocondrial e atividade de enzimas oxidativas devido ao tempo prolongado no
leito quando submetidos a cirurgias ou quando o grau da insuficiência cardíaca
está bastante avançado, resultando em uma dificuldade de realizar suas
atividades de vida diária (Beniaminovitz, 2002; Laoutaris, 2006).
2.2.RISCOS E BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE E DO EXERCÍCIO FÍSICO NA
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
Na tentativa de minimizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida
dos pacientes com IC, sobretudo na grave e moderada, a terapêutica da IC
envolve medidas não farmacológicas, farmacológicas e cirúrgicas, dependendo
do estágio da síndrome. (Dickestein, 2008; Clerico, 2000).
O tratamento não farmacológico, objeto deste estudo, deixa de ser um
simples complemento da farmacoterapia da IC e, quando possível, torna-se
parte integrante e indispensável na terapêutica desta síndrome complexa.
Compreende a prevenção e aconselhamento sobre a doença (autocuidado), a
prática de atividade ou exercício físico (Reabilitação Cardíaca) e a vacinação
para vírus da gripe. Essas medidas terapêuticas são importantes para reduzir
ou corrigir os fatores agravantes da progressão da doença (Dickestein, 2008;
Clerico, 2000).
De acordo, com Organização Mundial da Saúde (OMS), a reabilitação
cardíaca é o somatório das atividades necessárias para garantir aos pacientes
portadores de cardiopatia a melhora das condições física, mental e social, de
forma que eles consigam levar uma vida ativa e independente e, desta forma,
reconquistar uma função na sociedade.
11 2.REVISÃO DA LITERATURA
A Diretriz de Cardiologia (2005) abordou o papel da reabilitação cardíaca
com especial ênfase no treinamento físico, ressaltando os seus efeitos
cardiovasculares,
metabólicos,
os
seus
benefícios,
indicações
e
contraindicações. Dentre as doenças cardiovasculares, a insuficiência cardíaca
crônica apresenta limitação do desempenho físico, isto pode ser explicado
devido à presença da fadiga e dispneia durante a atividade física (Dall’Ago,
2006).
Em razão de eventual necessidade da cirurgia cardíaca, a fisioterapia no
pré
e
pós-operatório
têm
significativa
relevância
no
tratamento
das
complicações relacionadas com a disfunção pulmonar e cardíaca grave. Devese levar em conta o risco da sua condição clínica anterior do paciente,
combinado com fatores relacionados com a própria cirurgia (anestesia,
sedação, ventilação invasiva, circulação extracorpórea e a dor associada ao
tipo de incisão e presença de drenos), que aumentam, exponencialmente, o
risco de desenvolver complicações pulmonares pós-cirúrgica (Silva, 2002).
A realização de exercício físico inicia no pré-cirúrgico, dando seguimento
na unidade de terapia intensiva até a alta hospitalar. Posteriormente, segue o
tratamento supervisionado em clínicas especializadas ou domiciliares não
supervisionadas (Stefanini, 2004).
2.2.1.CONCEITOS
2.2.1.1.ATIVIDADE FÍSICA
A Atividade física (AF) é conceituada como qualquer movimento corporal
realizado pelos músculos esqueléticos, que resultem em aumento do gasto
energético (GE) acima do nível basal. Na literatura científica existem
questionamentos sobre a relação da atividade física com a saúde,
principalmente quanto ao tipo e quantidade indicada para as diferentes
populações e faixas etárias (Beltrão, 2002; Ribeiro, 2007).
A avaliação da atividade física é um processo complexo, notadamente
por ser constituído por compreender diversas formas: lazer, doméstico,
transporte e ocupacional. Sua quantificação depende do tipo (qualidade
descritiva da forma da atividade), da intensidade (relacionado ao gasto
12 2.REVISÃO DA LITERATURA
energético indicado em MET), da duração (tempo acumulado durante um dia
ou semana numa única sessão de atividade) e da frequência da atividade
(número de sessões por dia ou semana) (Adami, 2011; Ribeiro, 2007).
O Consensus of American College of Sports Medicine adotou
recomendações que todo adulto com 19 a 65 anos deverá acumular 30 minutos
ou mais de atividade de intensidade moderada, preferencialmente, todos os
dias da semana. Esta diretriz sugere que o tempo de exercício semanal seja ≥
150 minutos, podendo o indivíduo realizar exercícios programados (Murphy,
2006; Kesäniemi, 2010).
Quadro 1 - Recomendações Internacionais para a prática de exercício (Adaptado de Colberg, 2010;
Marwick, 2009).
Organismo
American College of
Sport Medicine (2010)
Tipo
Modo
Duração
Intensidade
Frequência
Aeróbio
Marcha
Rápida
150’
Semana
Moderada a
Vigorosa
Mínimo
Três
dias
Semana
Resistido
5 - 10 exercícios
3 - 4 séries
8 - 10 Reps.
75% de 1RM
Mínimo
dois
Dias
Semana
Flexibilidade
Complementar aos outros tipos de exercício
Marcha
150’
Semana
Moderada
3 - 7 dias
Semana
Marcha
Rápida
90’
Semana
Vigorosa
Dois
dias
Semana
75% de 1RM
Três
dias
Semana
Aeróbio
American Heart
Association (2009)
Resistido
2 - 4 séries
8 - 10 Reps.
Fcmáx: Frequência cardíaca máxima; RM: Repetição máxima; Reps: Repetições.
A inclusão complementar de uma revisão em 2007, presente no
consenso Canada's Physical Activity Guidelines sugere três orientações na
atividade física em adultos com mais de 65 anos o aumento das atividades: de
resistência por 4 a 7 dias da semana, de força e equilíbrio 2 a 4 dias da
semana e as atividades de flexibilidade diariamente. Sendo que o benefício da
13 2.REVISÃO DA LITERATURA
associação entre atividade física e saúde nesta faixa etária, reduz
aproximadamente 50% o risco de mortalidade (Trembly, 2010).
O American College of Sport Medicine (ACSM) recomenda um mínimo
de 30 minutos de exercício aeróbio ou predominantemente aeróbio, realizado
cinco vezes por semana, a uma intensidade moderada, ou 20 minutos,
realizado três vezes por semana, a uma intensidade vigorosa (Colberg, 2010).
Por outro lado, para aumentar os níveis de força máxima, entre portadores de
IC, é necessário incluir exercícios com intensidade suficiente, de preferência
destinado especificamente ao desenvolvimento desta componente (Marwick,
2009).
De acordo com a diretriz Canadense, numa revisão total de 261 artigos
relacionados aos exercícios físicos e causas de mortalidade prematura, há
evidência de redução de 30% dos riscos de todas as causas de mortalidade. A
mesma recomenda 150-180 minutos/semana (min/sem) de atividade moderada
ou 90 min/sem de atividade física vigorosa. Sendo que os grandes benefícios
são vistos quando a atividade física é distribuída através da semana e em
períodos mais de 10 minutos de duração. Consequentemente, a quantidade de
exercício também pode prevenir ganho de peso em alguns indivíduos (Murphy,
2006; Van Der Ploeg, 2006).
Atualmente
muitas
doenças
crônicas
estão
associadas
fundamentalmente ao sedentarismo e ao estilo de vida moderno. Segundo a
Organização Mundial da Saúde, 70% das pessoas do mundo são sedentárias e
estão sujeitas a desenvolver doenças cardíacas e obesidade. Ainda com dados
da OMS, a falta de atividade física é responsável por 54% do risco de mortes
por infarto cardíaco, 50% por acidente vascular cerebral (AVC) e 37% por
câncer (Murphy, 2006; DATA SUS, 2002).
A atividade física e de lazer tem sofrido declínio com a idade (Dias da
Costa, 2005; Pitanga, 2005; Masson, 2005), com redução dos níveis de
atividade física e aumento do tempo em atividades sedentárias (Silva, 2012). A
partir de 60 anos, constata-se uma inatividade significativa (Hallal, 2003 e AlHazza, 2006). Mediante os dados informados pelo Ministério da Saúde do
Brasil, os sedentários brasileiros representam 26,3%, ultrapassando os 50% a
14 2.REVISÃO DA LITERATURA
partir de 65 anos, sendo que os homens foram mais inativos (29,5%)
comparado com as mulheres (23,5%). Em Salvador-Bahia, este índice de
sedentarismo é mais elevado, ocupando o 19º lugar a nível nacional. Por conta
disso o governo desenvolveu projetos para promoção de saúde e priorização
de atividades físicas promovidas pelo SUS (Vigitel Brasil, 2009).
Portanto, o sedentarismo e o baixo nível de condicionamento físico são
um dos principais fatores que podem elevar o risco da ocorrência de obesidade
e cardiopatias, sendo considerados fatores de risco de mortalidade prematura,
bem como o tabagismo, diabetes, dislipidemia e a hipertensão arterial.
Entretanto, o exercício tem sido indicado para a prevenção e tratamento de
doenças cardíacas e outras doenças crônicas (Murphy, 2006; Goodrich, 2004).
2.2.1.2.EXERCÍCIO FÍSICO
Os programas de exercícios físicos ativos em associação com o
tratamento farmacológico são recomendados para melhorar a condição clínica
de pacientes estáveis em classe funcional (NYHA) II – III. Estudos
randomizados têm demonstrado que o treinamento físico pode reduzir sintomas
e aumentar a capacidade funcional dos pacientes com IC (Bocchi, 2009).
De acordo com Ventura-Capier (2009), o coração se adapta ao exercício
repetido por melhorar a eficiência da síntese e fluxos de energia, semelhante
aos músculos esqueléticos que se adaptam a repetição do exercício
prolongado,
marcado
por
mudanças
quantitativas
e
qualitativas
nas
mitocôndrias e na oferta capilar.
O efeito do exercício físico resistivo envolve modificações do
metabolismo energético do musculo esquelético. E as respostas adaptativas do
coração ao treinamento de resistência incluem repouso e exercício submáximo,
bradicardia e aumento da dimensão diastólica final, levando a hipertrofia não
patológica cardíaca, com melhora da função ventricular e aumento da
resistência do coração para ataque isquêmico. Entretanto, ainda é incerto
sobre como ocorre às modificações na produção e transferência de energia
para preservar ou melhorar a função cardíaca (Ventura-Clapier, 2009).
15 2.REVISÃO DA LITERATURA
Segundo Batista (2009) há evidência entre a relação do efeito antiinflamatório com o exercício físico, bem como seu efeito protetor e/ou inibidor
em vários quadros patológicos, porém ainda não são bem definidos os efeitos
em longo prazo do treinamento. Em um desses estudos, através de uma
esteira ergométrica, durante seis meses, foi observado que no treinamento
aeróbio com 70% do consumo de oxigênio de pico (VO2 pico), aumenta as
citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1β, IL-6) no músculo estriado esquelético
em pacientes com IC. Entretanto, o mesmo estudo com o treinamento aeróbio
moderado com 55% a 65% do VO2 pico levou as adaptações oriundas dos
efeitos imunomoduladores, especialmente na produção da Interleucina 10 (IL10) em pacientes com IC, condição apresentada em quadros crônicos
patológicos (Batista, 2009).
De acordo com a III Diretriz Brasileira de ICC, o método mais utilizado
para prescrição de exercício aeróbico é a caminhada ou o cicloergômetro,
todavia recentemente, a atividade física intervalada tem sido demonstrada
como procedimento efetivo, seguro e bem tolerado em pacientes com IC
(Bocchi, 2009).
Conforme a II Diretriz Brasileira de ICC, a anamnese deve questionar
especificamente quais atividades que causam desconforto e limitam a
capacidade funcional, como subir rampas e lances de escada, caminhar no
plano, realizar atividades diárias, entre outras. Em alguns casos, a avaliação é
subjetiva da capacidade funcional e pode ser acrescentada de uma avaliação
direta do paciente durante a consulta, como andar em um corredor ou subir um
lance de escadas. Diversas escalas são disponíveis para auxiliar na avaliação
sequencial das mudanças funcionais, sendo a mais difundida a classificação da
NYHA (Barretto, 2002).
O ajuste preciso da atividade física é um pré-requisito para monitorar os
níveis de atividade física da população e planejar intervenções eficazes.
Contudo, as mensurações secundárias proporcionam uma avaliação objetiva
de atividade física como: monitores de frequência cardíaca, acelerômetros,
pedômetros e Sistema de Posicionamento Global (GPS), sendo fornecido
indicativo da intensidade do exercício, contagem do movimento, gasto
energético, número de passo e o monitoramento da atividade física do
16 2.REVISÃO DA LITERATURA
movimento humano com ênfase na vida livre, respectivamente (Kesäniemi,
2010; Shukla, 2009).
2.2.1.3.QUALIDADE DE VIDA
Nos dias atuais, existem duas formas de definir qualidade de vida, uma
genérica e outra direcionada à saúde. A genérica está mais direcionada ao
conceito da OMS, onde a qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua
posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive
e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Já a
direcionada a saúde engloba a genérica mais as questões relacionadas à
saúde e suas intervenções (Dantas, 2003).
Mediante a necessidade de avaliar o estado físico, emocional, social e
mental dos pacientes com ICC, o questionário do Minnesota Living with Heart
Failure Questionnaire (MLHFQ) foi indicado para avaliar a qualidade de vida
(Carvalho, 2009). Através deste instrumento pode ser mensurada a QDV, em
três dimensões: física, psicológica e geral (Santos 2009; Carvalho, 2009).
Na dimensão física mede o impacto dos sintomas físicos como a falta de
ar, fadiga, edemas periféricos, dificuldade para dormir, subir escadas,
execução de tarefas domésticas e dificuldade nas saídas da sua residência
(Santos, 2009; Carvalho, 2009).
Na dimensão psicológica os sintomas são relacionados como a
ansiedade, depressão, baixa autoestima, perda de autocontrole em sua vida e
a sensação de ser um peso para o próximo. E na dimensão global inclui a parte
social, como por exemplo, o impacto na atividade para ganhar a vida,
dificuldade no relacionamento e participação nas atividades com a família ou
amigos e nas atividades recreativas, além da referência ao uso de
medicamentos que podem melhorar os sintomas e limitações da ICC e dos
efeitos colaterais (Santos, 2009; Carvalho, 2009).
Entretanto, a dificuldade da aplicação do questionário de qualidade de
vida no paciente com ICC é a cognição. Estudos provam que 80% dos
pacientes ICC apresentam sinais de comprometimento cognitivo. Segundo
relato do estudo de Cline (1999), entrevistando os indivíduos após 30 dias de
17 2.REVISÃO DA LITERATURA
receber orientações verbais e escritas do seu tratamento. Relata que 10 dos
seus 22 pacientes são incapazes de dizer o nome da medicação em uso para o
tratamento da ICC, 11/22 não sabem a dosagem da medicação, e 14/22 não
lembram quando tomar as medicações (Almeida, 2001).
2.3.MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA
Na literatura existem diversos métodos para avaliar atividade física na
população geral, sendo alguns específicos para adolescentes, adultos e idosos
(Florindo, 2004). Esta diversidade apresenta vantagens e desvantagens,
quando se trata em avaliar AF, apresentando limitações entre as metodologias
aplicadas (Ribeiro, 2007), principalmente em indivíduos com ICC (Bexelius,
2010).
No entanto, a avaliação da AF pode ser distinguida em três tipos:
critério, métodos objetivos e subjetivos.
O critério do método deve ser usado de acordo com a precisão do
exame em mensurar o movimento corporal através do gasto energético, que
pode ser:
1. Calorimetria direta (medida do GE por meio de produção de calor
ou perda de calor) sendo “padrão ouro” para avaliação na AF,
porém este método de avaliação na maioria dos casos não é
viável por razões práticas.
2. Calorimetria indireta (medição da produção de calor, ou GE por
medição do consumo de oxigênio e/ou produção de dióxido de
carbono) que deve ser usada como critério de validação para
medição (Vanhees, 2005).
O método objetivo consiste na avaliação por meio de monitores de
atividade (pedômetros, acelerômetros) e monitoramento da frequência
cardíaca. Sendo que, entre os indivíduos autônomos e independentes, o
monitoramento da freqüência cardíaca não fornece um cálculo preciso do gasto
energético diário (Bexelius, 2010; Scagliusi, 2005; Ribeiro, 2007). E nos
métodos subjetivos são através de instrumentos de escrita, como por exemplo:
diários, registros, questionários e entrevistas (Ribeiro, 2007).
18 2.REVISÃO DA LITERATURA
Outro método de avaliação citado na literatura é dividido em dois grupos:
1. Métodos laboratoriais são mensurações com avaliações precisas
que requerem equipamentos sofisticados, caros e de difícil
aplicação
em
participantes,
fisiológicos
estudos
são
envolvendo
realizados
(calorimetria
direta
através
e
grande
de
indireta)
número
de
procedimentos
e
biomecânico
(plataforma de força). (Ribeiro, 2007)
2. Métodos de terreno são menos complexos e podem ser aplicados
em amostras volumosas, a exemplo de diários, observação direta,
questionários e entrevistas, marcadores fisiológicos, sensores do
movimento e monitores de frequência cardíaca, aporte nutricional
e classificação profissional (Ribeiro, 2007).
2.3.1.MÉTODOS DE LABORATÓRIO
A calorimetria e a água duplamente são métodos para mensurar o
consumo de energia humana marcada e requer o uso de equipamentos
sofisticados e de alto custo, além da disponibilidade de poucos laboratórios
para realizar a medida direta desta energia. Entretanto, existem outras formas
indiretas de medida de energia, que são as mais utilizadas na prática clínica
(Scagliusi, 2005).
Através da calorimetria indireta pode ser mensurada a taxa de captação
de oxigênio e a taxa de produção de gás carbônico mediante as trocas
respiratórias, associadas à oxidação de carboidratos, lipídeos e proteínas
(Brunetto, 2010).
O gasto energético em resposta à atividade física pode ser medido
como: gasto energético total dividido pela taxa metabólica basal (nível de
atividade física ou gasto de energia total menos a taxa metabólica basal (gasto
de energia)). Para esta avaliação o melhor método é o da água duplamente
marcada com as medições da taxa metabólica basal através da calorimetria
indireta, sendo desenvolvido para ambientes clínicos. Porém são menos
adequados para maiores os estudos de base populacional (Bexelius, 2010;
19 2.REVISÃO DA LITERATURA
Scagliusi, 2005; Gerrior, 2006). Portanto, sua aplicação especialmente em
estudos epidemiológicos, torna-se muitas vezes inviável (Scagliusi, 2005).
2.3.2.MÉTODOS DE TERRENO
A.
Diários
Diversos métodos e instrumentos de avaliação foram desenvolvidos
para aferição a atividade física ou gasto energético diário (GED) em várias
populações saudáveis, porém não foi especificamente adaptado para estudos
relacionados aos indivíduos com ICC. O diário de atividade física contém
Informações quantitativas e qualitativas que recordam a estimativa do gasto
energético e possível medida da quantidade de atividade física, em condições
de vida livre. Através de questões de avaliação é mensurada a resposta entre
atividade física específica relacionada e aos parâmetros de saúde (Garet,
2003).
Conforme estudos de Conway (2002) compararam o gasto energético
determinado pela água duplamente marcada com as estimativas obtidas por
um registro da prática de atividade física preenchido durante sete dias, e pelo
recordatório da prática de exercícios nos sete dias anteriores. Os autores
concluíram que o registro é um método válido para estimar a prática de
atividade física e, subsequentemente, do gasto energético, ao contrário do
recordatório, que superestimou ambas as variáveis. Outra explicação mais
provável para os erros e as limitações associadas aos questionários de
autorelato são as medidas de AF para os comportamentos sedentários (Baker,
2008).
B.
Questionários
Pesquisa epidemiológica com o uso de questionários relacionada à
avaliação de atividade física constitui um instrumento simples e de baixo custo,
permitindo serem realizados em um grande número de indivíduos, com esta
finalidade a OMS, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados
Unidos e o Instituto Karolinska, na Suécia, desenvolveram um instrumento que
permitisse obter medidas de atividades físicas que fossem internacionalmente
20 2.REVISÃO DA LITERATURA
comparáveis. Com tal objetivo, foi proposto o Questionário Internacional de
Atividade Física (International Physical Activity Questionnaire – IPAQ), validado
em 12 países e 14 centros de pesquisa (Benedetti, 2007).
O IPAQ é um questionário que permite estimar o tempo semanal gasto
em atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa, em diferentes
contextos do cotidiano, como: trabalho, transporte, tarefas domésticas e lazer,
e ainda o tempo despendido em atividades passivas, realizadas na posição
sentada. O questionário foi publicado na versão curta e na versão longa. As
duas formas apresentam resultados de validade e reprodutibilidade similares,
sendo a forma curta melhor aceita pelos participantes (Benedetti, 2007; Soares,
2008).
A versão curta do IPAQ é composta por sete questões abertas, onde
suas informações permitem estimar o tempo despendido, por semana, em
diferentes dimensões da atividade física (caminhadas e esforços físicos de
intensidades moderada e vigorosa) e da inatividade física ou sedentário
(Benedetti, 2007; Soares, 2008).
Por sua vez, Baker (2008) relata que pesquisadores têm sugerido que
no sedentário, o tempo gasto sentado está positivamente associado com risco
de doença coronariana, obesidade e desenvolvimento da síndrome metabólica.
Assim, tem sido sugerido que as intervenções devam procurar aumentar a
atividade física para diminuir o sedentarismo.
Portanto, há discrepância entre as medidas objetivas e subjetivas de
atividade, que pode ser parcialmente explicada, o IPAQ mede subjetivamente a
atividade em episódios maior que 10 minutos, enquanto que o método objetivo
através dos instrumentos (pedômetro/acelerômetro) pode mensurar todas as
atividades a cada miuto (Baker, 2008).
C.
Observação direta
Um dos primeiros métodos para avaliar AF é na observação do
comportamento motor direto nas atividades, existindo diferentes técnicas para
estilos de AF a exemplo da Educação Física ou aulas de esporte e na condição
de vida livre, que podem ser quantificados e analisados por meio de códigos. A
21 2.REVISÃO DA LITERATURA
principal vantagem d este método é o acesso à informação contextual
(Vanhees, 2005; Ribeiro, 2007).
O método de observação direta é frequentemente utilizado para estudar
os padrões de AF de crianças desde que outras técnicas, como, por exemplo,
pedômetros e questionários, não sejam apropriados para esse grupo, porém
torna-se um trabalho extenso e fastidioso, pois não está adequado para
estudos em larga escala (Vanhees, 2005).
Para avaliar a capacidade funcional do exercício, bem como para
verificar os efeitos de intervenções terapêuticas na insuficiência cardíaca, o
teste de caminhada de seis minutos é um método de avaliação simples e
seguro, que demonstra o prognóstico de indivíduos portadores de IC com CF II
e III (RUBIM, 2006, BANSAL, 2008).
D.
Sensores de movimento
i.
Pedômetros
Os pedômetros são aparelhos que fornecem a distância alcançada
através do registo das oscilações verticais do calculado do comprimento do
passo no microprocessador. Sendo o resultado da atividade física realizada
corresponde a quantidade do número de passos (step) e a distância percorrida
(Lopes, 2003).
O uso diário do pedômetro está associado a aumentos significativos na
atividade física. Por sua vez o feedback da contagem dos passos tem sido
contribuido para uma mudança nos comportamentos atuais, visando aumentar
a conscientização sobre o caminhar, e vem sendo usado para motivar e se
auto-monitorizar (Pal, 2009).
De acordo com Tudor- Locke (2011) em uma revisão sistemática quanto
ao número de passos/dia em adultos mais velhos e populações especiais (que
vivem com deficiência e/ou doença crônica que pode limitar a mobilidade e/ou
resistência física) foram localizados dez em populações de câncer, três em
populações DPOC, dois na doença arterial coronária e doenças relacionadas,
quinze em populações diabetes, e três em populações com distúrbios
22 2.REVISÃO DA LITERATURA
articulares ou musculares. As durações de intervenção variaram de 4 semanas
a 12 meses, e alguns pesquisadores optaram por intervir através de um
pedômetro, mas para avaliar os resultados utilizaram um acelerômetro, os
resultados quanto a média variou de 562 passos/dia para a DPOC para 2840
passos/dia de doença cardíaca coronária e distúrbios relacionados.
Baker e colaboradores (2008) relataram que, numa revisão sistemática
com uso de pedômetro relacionado à saúde, a redução no IMC e na pressão
arterial sistólica foi significativamente associada ao aumento de níveis de
atividade física. Entretanto, em 2006, o Instituto Nacional de Saúde e
Excelência Clínica (NICE) do Reino Unido produziu uma revisão dos estudos
de intervenção do pedômetro entre 1990 e 2005, observaram várias limitações
dos estudos publicados nesta área, principalmente o predomínio de curta
duração (<12 semanas), com pequenas amostras e consistindo na maior parte
clínica em subpopulações, existindo uma evidência limitada quanto à sua
eficácia em amostras não clínicas ou em outros países fora dos Estados
Unidos da América (EUA). Portanto, há uma necessidade de cruzamento
cultural e de ensaios clínicos controlados para continuar a analisar a eficácia de
pedômetros em um ambiente comunitário.
Uma questão do estudo, também discutida em Bravata (2007) em
revisão sistemática, que não é possível separar as respectivas contribuições da
consulta atividade física dos benefícios dos pedômetros baseado em
programas de metas de caminhada. Sendo demonstrado serem eficazes na
promoção de atividade física, e para aumentar a promoção da caminhada em
curto prazo.
Embora o pedômetro possua memoria não necessita de que os
indivíduos contem seus passos diários, sendo um indicador útil para a AF
ambulatorial. Entretanto, há uma limitação do instrumento em medir
diretamente a intensidade sobre o tempo gasto na atividade física moderada ou
vigorosa. Portanto, os pedômetros são aproriados para medir caminhadas em
uma determinada intensidade, e ainda, necessita de investigação sobre a
validade destas medidas para serem usadas com confiança em estudos de
intervenção (Baker, 2008).
23 2.REVISÃO DA LITERATURA
ii.
Acelerômetros
Recentemente, os avanços tecnológicos têm estimulado à produção de
sensores de acelerômetro miniatura com baixo custo, na qual são utilizados
principalmente no contexto de investigação, e sendo possível a incorporação
na prática clínica e epidemiológica nas áreas do exercício, comportamento,
nutrição e obesidade. Esses sensores podem fornecer informações fiáveis
sobre a mobilidade e a medida objetiva da marcha (Ilha, 2005; Culhane, 2005).
Existem várias pesquisas de acelerometria baseados em monitores de
atividade física disponíveis comercialmente, como o Actical (Mini Mitter, Bend,
OR), ActiGraph (Fort Walton Beach, FL), e RT3 (Stayhealthy, Monrovia, CA).
Sendo que os modelos dos acelerômetros utilizam as mesmas entradas, porém
são diferentes quanto às funções, principalmente para estimar o tipo de
atividade e a energia despendida na atividade física. Através de uma
linguagem de computação, os dados são coletados por meio do acelerômetro,
neste estudo foi utilizado o monitor da Actigraph® Modelo 7164 para atividade
física, sendo este o primeiro modelo a estimar o MET, e o segundo que
identifica o tipo de atividade (Ravi, 2005).
Os acelerômetros são sensores de movimento sensíveis à variação na
aceleração do corpo em um eixo (uniaxial) ou nos três eixos (triaxial), que
registram sob a forma de contagens de qualquer movimento corporal. O triaxial
é um sensor que registra um valor real aproximado da aceleração ao longo dos
eixos X, Y e Z, e também pode estimar a velocidade de deslocamento. Pode-se
considerar que os acelerômetros são capazes de medir direta e objetivamente
a frequência, intensidade e duração dos movimentos referentes à atividade
física realizada. (Ilha, 2005; Bonomi, 2009; Ravi, 2005).
Entretanto, o acelerômetro da marca Actigraph modelo Advanced
Activity Monitoring GT3X orienta que os eixos são representados pela sigla
Axis 1, Axis 2 e Axis 3, que é a aceleração na atividade vertical, horizontal e
perpendicular, respectivamente. A escala de pontuação para AF é baseada em
counts categorizada em:
• Sedentário: 0 a 100 counts
• Atividade Muito leve: 101 a 759 counts
24 2.REVISÃO DA LITERATURA
• Atividade Leve: 760 a 1952 counts
• Atividade Moderada: 1953 a 5724 counts
• Atividade Vigorosa: 5725 a 9498 counts
• Atividade Muito Vigorosa: ≥ 9499 counts.
A mensuração da aceleração é definida numa área do corpo, e retificado
o sinal de aceleração medido acima do tempo fixado em intervalo de 1 minuto.
Os acelerômetros são frequentemente usados para quantificar a aceleração do
corpo e contar em unidade arbitrária, mensurando a atividade física e
estimando a energia despendida. (Bonomi, 2009; Maurer, 2009).
Devido a seu pequeno tamanho e capacidade para gravar e armazenar
dados sobre dias ou semanas, os acelerômetros permitiram que pudessem ser
encaixados dentro de pulseiras, braceletes, cintos de segurança e sem fios
(tecnologia Bluetooth), para enviar dados a um dispositivo móvel de
informação, que pode ser usado para fazer os sinais de deduções. Desta
forma, pode ser utilizado para a monitorização ambulatorial, minimizando a
intervenção humana através das aplicações do computador (Ravi, 2005).
Várias medidas-padrão foram calculadas a partir da contagem da
atividade utilizando o software do acelerometro, entre elas a despesa de
energia e o tempo gasto em cada um dos quatro níveis de atividade
(sedentário, leve, moderada e vigorosa). Outra mensuração é o M10 que é uma
medida da atividade diária, sendo a contagem da atividade média total dos
mais ativos por 10 horas por dia (Maurer, 2009).
Outro aspecto importante do acelerômetro visto na pesquisa de
Matthews CE e colaboradores (2002) é avaliação do comportamento da AF e
do sedentário usado em adultos de meia idade. Observou-se que em três a
quatro dias de monitoramento são necessários para atingir 80% de
confiabilidade para AF total, bem como atividade física de intensidade
moderada e vigorosa, e que em sete dias foram necessários para prever o
comportamento sedentário. Entretanto, para prever o tempo gasto em
comportamentos sedentários de uma população jovem e de meia-idade são
necessários sete dias de monitoramento (Hart, 2011).
25 2.REVISÃO DA LITERATURA
No estudo de Hart (2011), analisou o número de dias de monitoramento
para estimar AF habitual e comportamento sedentário através de métodos
objetivos e subjetivos da avaliação física. Foi avaliada uma população idosa
utilizando o pedômetro e o acelerômetro, simultaneamente, e um registro de
atividades durante todas as horas de vigília (excluindo tomar banho e natação)
durante 21 dias consecutivos. Afirmando que em 3-4 dias de monitoramento
são necessários para avaliar PA habitual independentemente do instrumento
selecionado, não existindo diferenças, enquanto que para o sedentário, foi
confiável em cinco dias de monitoramento para uma estimativa do
comportamento (Scott, 2012).
Portanto, fixar o número de dias de monitoramento é necessário para
estimar AF habitual e o comportamento sedentário independentemente do
instrumento selecionado, pois existirão sempre diferenças para avaliação do
comportamento.
26 3.METODOLOGIA
3
METODOLOGIA
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES
CLÍNICOS E CIRÚRGICOS COM DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
27 3.METODOLOGIA
3.METODOLOGIA
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HSI,
protocolo número 46/2006. Realizado no período compreendido de Março a
Novembro de 2010, no Serviço Ambulatorial de Insuficiência Cardíaca Crônica
do Hospital Santa Isabel (HSI) da cidade de Salvador-Bahia, Brasil. Todos os
participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
segundo a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional da Saúde do Brasil.
3.1.CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
O estudo tratou-se de uma pesquisa observacional, de campo descritivo,
corte transversal para coletar dados e entrevista relacionada aos pacientes
com insuficiência cardíaca.
Como critérios de inclusão foram definidos: pacientes clínicos e
cirúrgicos, com ICC CF II/III, confirmados através da escala do NYAH; com ou
sem disfunção sistólica e/ou diastólica, confirmado através do Ecocardiograma
pelo método Simpson diagnosticado pelo médico cardiologista; indivíduos
capazes de responder verbalmente ao instrumento de pesquisa e independente
funcional.
E os critérios de exclusão do estudo foram pacientes: que interromperam
a pesquisa; com problemas osteomioarticulares, neurológicos ou metabólicos
que limitem a realizar atividade de vida diária; angina instável; quadro de
insuficiência renal crônica que participe de programa de hemodiálise ou diálise
peritoneal; presença de complicação no intra-operatório causando sequela
motora após cirurgia.
3.2.DESCRIÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
No estudo foram entrevistados 50 pacientes com ICC confirmado pelo
cardiologista, excluídos 03 pacientes cirúrgicos, onde 02 não concluíram sete
dias com o uso do acelerômetro e 01 não compareceu para entrega do
aparelho.
28 3.METODOLOGIA
A amostra foi selecionada de acordo com os critérios de inclusão prédefinidos, com o total de 47 pacientes, de ambos os sexos, com média de 55,5
±12,3 anos, massa corporal 65,9±12,9 Kg, estatura 1,6±0,1m e IMC 25,3±4,8
Kg/m2 (Quadro 2). Subdivididos em dois grupos distintos (clínicos n=28 e
cirúrgicos n=19).
Quadro 2 - Distribuição total da amostra dos pacientes ICC perfil clínico e cirúrgico das variáveis
quantitativas: idade, massa corporal, estatura, IMC e FEVE.
Perfil
Variáveis
quantitativas
Clínico (n=28)
Cirúrgico n=19)
TOTAL
MÉDIA (DP)
MÉDIA (DP)
Idade (anos)
55,0
11,3
55,0
14,0
55,5
Massa
(Kg)
68,8
13,7
61,5
10,6
1,6
0,7
1,6
IMC (Kg/m )
26,2
4,7
&&
50,0
18,0
corporal
Estatura (cm)
&
2
FEVE
(%)
*Independent Samples Test;
esquerdo.
&
MIN
MAX
12,4
26,0
78,0
65,9
12,9
42,0
107,0
0,8
1,6
0,1
1,4
1,7
23,9
4,5
25,3
4,8
17,2
37,0
56,0
17
52,9
18,7
21,0
81,0
IMC - Índice de massa corpórea;
MEDIA (DP)
&&
FEVE- Fração de ejeção do ventrículo
3.3.INSTRUMENTOS
A idade foi categorizada segundo a Lei Brasileira nº 10.741, de 1º de
outubro de 2003 (Estatuto do Idoso do Brasil) e a Organização Mundial da
Saúde que considera como idosa pessoa com 60 anos ou mais, se elas
residem em países em desenvolvimento, e com 65 anos e mais se residem em
países desenvolvidos (Schneider, 2008).
O protocolo consistiu na avaliação das variáveis clínicas, como medida
de segurança para confirmar quanto a estabilidade clínica do paciente, sendo
verificado: pressão arterial (PA), através do método auscultatório, com
esfigmomanômetro Tycos® e o estetoscópio Littmann®; frequência cardíaca
(FC) e saturação de oxigênio (SaO2) através de um oxímetro de dedo marca
CM 50D (Contec medical system®) (Figura 1).
29 3.METODOLOGIA
Figura 1 - Oxímetro de dedo CM 50D (Contec medical system®).
Para medidas antropométricas de massa corporal e estatura, foi utilizada
a balança Welmy (Indústria e Comércio Ltda. com nº de patrimônio 007953). O
Índice de Massa Corpórea (IMC) foi calculado de acordo com a fórmula: massa
corporal (kg) dividido pela estatura ao quadrado (m2). Sendo o IMC classificado
quanto à gravidade, de acordo com a OMS (Lee, 2008; Dickerson, 2011). Os
resultados do IMC procedem de acordo listados abaixo (Quadro 3).
Quadro 3 - Categorização do índice de massa corpórea, segundo OMS*.
Categorização
Baixo peso
Normal
Pré-obeso
Obesidade grau I
Obesidade grau II
Obesidade grau III
2
IMC
≤ 18,5 kg/m
2
18,5 a 24,9 kg/m
2
25-29,9 kg/m
2
30.0 a 34,9 kg/m
2
35 a 39,9 Kg/m
2
≥40 kg/m
Na avaliação do desempenho físico foi utilizado um acelerômetro modelo
Advanced Activity Monitoring GT3X (ActiGrahp®), Estados Unidos da América
(EUA), número de série matricula MAT2C10100424, MAT2C10100425,
MAT2C10100426 e MAT2C10100427, que consta o programa Actilife 5 versão
3.0, onde foi feita a leitura do nível de atividade física (sedentário, estilo leve,
leve, moderado, vigoroso e muito vigoroso) e número de passos. Sendo que o
grupo controle fez uso na admissão da avaliação e o experimental somente
30 3.METODOLOGIA
após 30 dias após a cirurgia cardíaca, permanecendo com o aparelho durante
7 dias consecutivos, para ambos os grupos (Figura 2).
Figura 2 - Acelerômetro modelo GT3X (Actigraph®).
Para avaliar a qualidade de vida, o protocolo consistiu em aplicar o
Questionário Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire MLHFQ
(Carvalho, 2009), em ambos os grupos.
3.4.MÉTODO DE AVALIAÇÃO
3.4.1.AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E FISIOLÓGICA
Os dados de identificação do paciente foram colhidos através da
anamnese com informações: idade a partir da data de nascimento, perfil
(clínico e cirúrgico), categorização da ICC (II/III) e da disfunção ventricular
(sistólica e diastólica), comorbidades e os fatores de risco (Anexo 1).
Na mensuração antropométrica foi utilizada a balança analógica, o
paciente foi orientado a ser pesado com vestimenta leve (camisa e bermuda)
sem uso de sapatos. Era posicionado em postura ortostática com os pés em
paralelo com a coluna ereta, em seguida verificava-se a massa corporal em
quilograma (Kg) e a estatura em metros (m).
Na avaliação fisiológica o paciente foi posicionado sentado, por pelo
menos cinco minutos, considerando como repouso, a mensuração dos valores
31 3.METODOLOGIA
da PA em milímetros de mercúrio (mmHg), FC em batimentos cardíacos por
minuto (bpm) e SaO2 em percentual (%) (Figura 3).
a)
b)
Figura 3 - a) Avaliação fisiológica da medida da pressão arterial sistólica e diastólica e b) Mensuração da
saturação de oxigênio através de um oximetro com sensor de dedo.
3.4.2.AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA
A avaliação da qualidade de vida (QDV) foi efectuada através de
entrevista, em ambos os grupos (clínico e cirúrgico), pela aplicação do
Minnesota do Living with Heart Failure Questionnaire, versão brasileira (Anexo
2), cuja pontuação de 0 a 5 considerando as respostas como: nenhum, muito
pouco, pouco, mais ou menos, muito e bastante, com o escore total resultante
de 0 a 105 pontos (Quadro 4), onde o valor mais baixo corresponde a uma
melhor QDV (Santos, 2009; Carvalho, 2009).
Este formato de resposta foi escolhido por ser coerente com o conceito
de qualidade de vida, e permite que o paciente responda a cada item através
de uma escala comum. O questionário é composto por 21 questões dividas em
três dimensões: física corresponde às questões de 2 a 7, 12 e 13, a psicológica
questão de 17 a 21 e dimensões gerais são as questões 1, 8 a 11 e 14 a 16. A
soma destas respostas e de cada subgrupo de perguntas pode ser utilizada
para descrever os efeitos físicos e psicológicos do paciente com insuficiência
32 3.METODOLOGIA
cardíaca e afere o impacto da doença na qualidade de vida (Santos, 2009;
Carvalho, 2009).
Quadro 4 - Tabela de pontuação do MLHFQ (Santos, 2009).
MLHFQ*
Escore Global
Dimensão Física
Dimensão Psicológica
Dimensão Geral
Questões
nº
21
08
05
07
%
100
38
23
33
Pontuação Total
Mínima
Máxima
0
105
0
40
0
25
0
35
*MLHFQ - Questionário Minnesota do Living with Heart Failure Questionnaire
3.4.3.AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO FÍSICO
Acelerômetro
Os pacientes foram orientados sobre a forma de uso, devendo ser
colocado na cintura através de cinto elástico ajustado a cada biótipo, com
recomendações de contraindicação do uso do acelerômetro, não podendo
entrar em contato com água e devendo ser retirado para dormir.
Em seguida era orientado fazer um preenchimento em uma ficha de
atividades realizadas (Anexo 5), durante o uso do aparelho, com informação da
data, hora e atividade realizada. Sendo codificadas em números estas
atividades para melhor compreensão e facilitar durante o armazenamento das
informações (Anexo 4).
Após a instrução do uso do aparelho, foi entregue um documento
constando o dia do retorno e a hora da entrega do acelerômetro. Em seguida o
aparelho era acoplado a um cabo USB no computador, para ser realizados
downloads, e armazenar as informações no programa Microsoft Excel 2007,
em um arquivo para análise das variáveis fornecidas.
33 4. ESTATÍSTICO
4
TRATAMENTO ESTATÍSTICO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES
CLÍNICOS E CIRÚRGICOS COM DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
34 4.TRATAMENTO ESTATÍSTICO
4.TRATAMENTO ESTATÍSTICO
A análise dos dados foi efetuada a partir do recurso do programa
estatístico Statistical Package for Social Science (versão 16.0, SPSS Inc,
Chicago). Os dados foram tratados, tendo em conta duas vertentes: (i) análise
descritiva e (ii) análise inferencial.
Na análise descritiva, recorremos a parâmetros de tendência central
(média) e de dispersão (desvio padrão, valor médio). A análise da aderência à
normalidade foi verificada através do teste de Shapiro-Wilk.
Na análise inferencial e para a comparação dos diferentes valores das
médias, entre os grupos, quanto ao nível de atividade física (sedentário,
atividades: muito leve, leve, moderada e vigorosa a muito vigorosa) e a
associação quanto ao gênero, idade e classe funcional foi utilizado o teste t
para duas amostras independentes.
Quando os pressupostos da normalidade não se verificaram e com o
propósito de comparação dos grupos, quanto à qualidade de vida e o
desempenho físico (número total e diário de passos), recorremos ao teste de
Mann-Whitney. Para correlacionar o perfil clínico e cirúrgico quanto à
categorização das variáveis clínicas: gênero, idade, Classe Funcional,
Disfunção ventricular, etiologia, fatores de risco e comorbidades foram
utilizados Teste Exato de Fisher. A associação quanto ao IMC foi estudada
através do teste de Pearson Chi-Square.
O nível de significância em todos os testes foi mantido em p≤ 0,05.
35 5.APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
5
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES
CLÍNICO E CIRÚRGICOS COM DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
36 5.APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
5.APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Com a reunião dos dados coletados do questionário Minnesota e do
acelerômetro, pode-se construir a base de dados que orientou este estudo com
a geração de informações sobre a qualidade de vida e o desempenho físico.
Observa-se que o predomínio foi do sexo feminino para ambos os
grupos, com o total de 29 (61,7%) participantes com idade inferior a 60 anos.
Quanto a Classe Funcional dos pacientes com ICC, a CF III foi a maior
presença no perfil clínico com 17 (36,2%). Somente 35 pacientes possuíam os
exames de Ecocardiograma utilizados para a confirmação da disfunção
ventricular, sendo que a maior incidência total foi da disfunção diastólica com
21 (60,0%), correspondendo 12 (34,3%) clínicos e 09 (25,7%) cirúrgicos. De
acordo com a OMS, a categorização da IMC, o peso normal foi superior em
ambos os grupos, com 12 (25,5%) e 11 (23,4%) para clínicos e cirúrgicos,
respectivamente (Quadro 5).
Quadro 5 - Categorização das variáveis clínicas: gênero, idade, classe funcional, disfunção ventricular e
IMC, quanto ao perfil clínico e cirúrgico dos pacientes com ICC do Ambulatório Silva e Lima do HSI, 2010.
Clínico
Variáveis
Perfil
Cirurgico
n
%
n
%
p*
Total
n
%
17
11
36,2
23,4
12
07
25,5
14,9
29
18
61,7
38,3
0,556
20
08
42,6
17,0
10
09
21,3
19,2
30
17
63,8
36,2
0,227
11
17
23,4
36,2
10
09
21,3
19,1
21
26
44,7
55,3
0,390
10
12
28,6
34,3
04
09
11,4
25,7
14
21
40,0
60,0
0,311
--12
11
05
--25,5
23,4
10,6
01
11
05
02
2,1
23,4
10,6
4,3
01
23
16
07
2,1
48,9
34,0
14,9
0,397
Gênero
Feminino
Masculino
Idade**
< 60 anos (adultos)
≥ 60 anos (idosos)
Classe Funcional
∞
(CF)
CF II
CF III
Disfunção ventricular
Sistólica
Diastólica
IMC†
Baixo peso
Normal
Pré-obeso
Obesidade I
&
&
* p valor (Teste Exato de Fisher/ Pearson Chi Square); ** Segundo Organização Mundial da Saúde
∞
(OMS); De acordo com New York Heart Association (NYHA); † Índice de Massa Corpórea (IMC) segundo
OMS.
37
5.APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Em relação à etiologia, verificou- se a Doença de Chagas com 19
(44,4%) somente no perfil clínico, em seguida as doenças isquêmicas no
cirúrgico com 09 (19,1%) participantes, ambos considerados estatisticamente
significantes (p < 0,05). Dentre as comorbidades e fatores de risco
encontrados, prevaleceram a HAS e o tabagismo em ambos os grupos, foram
19 (40,4%) e 15(31,9%) no grupo clínico enquanto que 11(23,4%) e 08 (17%)
no cirúrgico, respectivamente, porém não foi encontrada significância
estatística (p> 0,05) (Quadro 6).
Quadro 6 - Distribuição das variáveis categóricas quanto a etiologia, fatores de risco e comorbidades dos
pacientes com ICC de acordo com perfil Clínico e Cirúrgico.
Variáveis
Clínico
Perfil
Cirurgico
n
%
n
%
p*
Total
n
%
19
07
40,4
14,9
--07
--14,9
19
14
40,4
29,8
0,000
0,291
02
4,3
09
19,1
11
23,4
0,002
01
2,1
02
4,3
03
6,4
0,355
02
---
4,3
---
--01
--2,1
02
01
4,3
2,1
0,350
0,404
19
02
40,4
4,3
11
04
23,4
8,5
30
06
63,8
12,8
0,347
0,169
02
4,3
04
8,5
06
12,8
0,169
02
---
4,3
---
02
01
4,3
2,1
04
01
8,6
2,1
0,536
0,404
15
08
05
02
31,9
17,0
10,6
4,3
08
07
02
03
17,0
14,9
4,3
6,4
23
15
07
05
48,9
31,9
14,9
10,6
0,318
0,388
0,400
0,317
Etiologia**
Doença de Chagas
Valvulopatias
Doenças
Isquêmicas
Doença
Hipertensiva
MCD
D. Congênita
∞
Comorbidades
HAS
Febre Reumática
Insuficiência
Vascular
DAC
DPOC
Fatores de risco
Tabagismo
Diabetes Miellitus
Obesidade
Dislipidemia
* Teste Exato de Fisher; ** MCD – Miocardiopatia Dilatada; D. Congênita – Doença Congênita; ∞ HAS –
Hipertensão Arterial Sistêmica; DAC- Doença Arterial Coronariana; DPOC- Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica.
Na associação da qualidade de vida quanto o perfil, encontram-se
relações significativas (p<0,05), nas categorias dimensão física, geral e no
38
5.APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
escore global dos pacientes com ICC, entre os grupos. Quando comparado o
perfil na qualidade de vida, observa-se que a menor pontuação do escore geral
foi no cirúrgico, com mediana de 14,9 correspondendo uma pontuação entre
nenhuma a pouca dificuldade de viver a vida, na dimensão física 14,3 (nenhum
a pouco) e na geral 17,9 (nenhum a mais menos). Enquanto que na dimensão
psicológica, observou-se a semelhança na pontuação entre nenhum a muito
difícil viver a vida (Quadro 7).
Quadro 7 - Associação da Qualidade de Vida quanto o perfil Clínico e Cirúrgico dos pacientes do
Ambulatório Silva e Lima do HSI, 2010.
MLHFQ*
Dimensão
Física
Dimensão
Psicológica
Dimensão
Geral
Escore global
Perfil
Clinico
Cirúrgico
Pontuação por
Pontuação
Pontuação por
Pontuação
questão
total
questão
total
Q
Máx
Median
Q1 Q3
Min Máx. Mediana Q1
Min
a
3
.
1,
30,6
1,6 4,0
1,0
42,0
14,3
0,0
0,0
24,0
5
4,
26,7
0,0 4,0
0,0
24,0
20,0
0,0
0,0
20,0
0
3,
28,2
1,0 4,0
4,0
29,0
17,9
0,5
3,0
11,0
0
2,
30,1
1,2 4,0 13,0 89,0
14,9
0,0
16,0 38,0
0
p*
0,000
0,080
0,009
0,000
* Teste de Mann-Whitney; **MLHFQ: Minnesota Living with Heart Failure Questionnaire
Na comparação dos pacientes com ICC entre o perfil clínico e cirúrgico,
quanto ao desempenho físico (número de passos), ressalta-se o melhor
desempenho físico no perfil clínico, realizando a mediana de 4.321,6
passos/dia enquanto que o cirúrgico com 1868 passos/dia, com relações
significativas (p<001) (Quadro 8).
Quadro 8 - Comparação do desempenho físico (número de passos), entre os grupos após sete dias de
uso do acelerômetro dos pacientes com ICC do Ambulatório Silva e Lima do HSI, 2010.
Desempenho
Físico
Passos/dia
Perfil
Clínico (n=28)
Mediana
Q1
Q3
4.321,6
3113,8
6993,7
Total Passos† 28.551,5
19.015,2
48.941,5
*Teste de Mann-Whitney.
39
Cirúrgico (n=19)
Mediana
Q1
Q3
1868,0
1.434,7
2.907,0
p*
0,000
13.068,0
0,000
9.147,0
20.355,0
5.APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Com relação ao nível de atividade e o desempenho físico quanto ao
número de passos entre os grupos distintos houve significância (p<0,001).
Observou-se que a categoria “sedentária” foi superior no grupo cirúrgico com
14 (82,4%), enquanto que a “atividade limitada” de 14 (78,9%) e ativos 10
(90,9%) foram os pacientes clínicos (Quadro 9).
Quadro 9 - Descrição do desempenho quanto ao nível de atividade física pelo número de passos por dia,
de acordo com o perfil Clínico e Cirúrgico dos pacientes do Ambulatório Silva e Lima do HSI, 2010.
Perfil**
Nível de Atividade Física*
Sedentário
(< 2500 passos/dia)
Atividade limitada
(2500 a 4999 passos/dia)
Ativo
(> 5000 passos/dia)
Clínico
Cirurgico
n
%
n
%
03
(17,6)
14
(82,4)
15
(78,9)
04
(21,1)
10
(90,9)
01
(9,1)
*Tudor-Locke (2011); **Pearson Chi-Square (p-valor= 0,00)
Quando comparado o perfil quanto ao nível de atividade física, durante
sete dias de uso do acelerômetro, verificou- se que a prevalência do nível
sedentário em 89,3% foi do perfil cirúrgico, enquanto que os ativos foram mais
evidenciados no perfil clínico em todas as atividades, com exceção do nível de
atividade vigorosa, na qual não tiveram indivíduos. (Quadro 10).
Quadro 8 - Descrição do desempenho físico quanto ao nível de atividade física (sedentário, atividades:
muito leve, leve, moderada e vigorosa a muito vigorosa) durante sete dias com uso de acelerômetro.
Ambulatório Silva e Lima do HSI, 2010.
Nível de Atividade Física
Sedentário
Atividade muito leve
Atividade leve
Atividade moderada
Atividade vigorosa ou muito vigorosa
Perfil
Clínico (n=28)
Cirúrgico (n=19)
MÉDIA (DP)
MÉDIA (DP)
81,7±6,6
89,3±4,5
14,0±4,5
9,2±4,0
3,2±2,3
1,1±0,7
1,0±0,9
0,3±0,2
------
p-valor*
0,000
0,001
0,000
0,003
0,253
* Teste T Student; Sedentário (0 a 100 counts); Atividade Muito leve (101 a 759 counts); Atividade Leve
(760 a 1952 counts); Atividade Moderada (1953 a 5724 counts); Atividade Vigorosa (5725 a 9498 counts);
Atividade Muito Vigorosa (≥ 9499 counts).
40
5.APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Na correlação do nível de atividade física (%) quanto ao gênero, idade e
a classe funcional relacionada ao perfil, avaliado com 07 dias de uso do
acelerômetro, observa-se quanto ao gênero, que o melhor desempenho físico
no perfil clínico foi o feminino realizando 17,8±5,6% nas atividades leves e
1,2±1,1% nas moderadas, e no perfil cirúrgico foi o masculino com média de
12,7±3,8% nas atividades leves e 0,7±0,5% nas moderadas. Quanto à idade no
perfil clínico, os idosos conseguiram executar mais atividades leves e os
adultos as atividades moderadas com média 17,6±5,9% e 1,1±1,0%,
respectivamente. Em comparação a classe funcional em ambos os perfis,
verifica-se que os pacientes com ICC CF III realizam em média 17,7±5,8% nas
atividades leves, enquanto que as atividades moderadas foram realizadas mais
pelos indivíduos pertencentes à CF II com 1,4 ±0,8% e 0,6±0,4, em ambos os
perfis clínico e cirúrgico, concomitantemente. Não houve significância
estatística em ambas as relações associadas (Quadro 11).
Quadro 9 - Associação do desempenho físico quanto o nível de atividade física em relação ao gênero,
idade e a classe funcional entre o perfil clínico e cirúrgico.
∞
Variáveis
GÊNERO
Masculino
Feminino
p*
IDADE
< 60 anos
> 60 anos
p*
Classe
∞∞
Funcional
CF II
CF III
p*
NÍVEL DE ATIVIDADE (%)
Atividade Leve
Atividade Moderada
Clínico
Cirúrgico
Clínico
Cirúrgico
(n=28)
(n=19)
(n=28)
(n=19)
Media (DP)
Media (DP)
Atividade Vigorosa
Clínico
Cirúrgico
(n=28)
(n=19)
Media (DP)
16,4 (6,9)
17,8 (5,6)
0,551
12,7 (3,8)
9,0(4,3)
0,089
0,7 (0,6)
1,2 (1,1)
0,209
0,7 (0,5)
0,1 (0,1)
0,176
--0,659
---0,918
16,6 (6,9)
17,6 (5,9)
0,685
10,5 (3,5)
10,3 (5,5)
0,889
1,1 (1,0)
0,6 (0,6)
0,191
0,3 (0,7)
0,2 (0,1)
0,655
--0,577
--0,810
16,7 (6,7)
17,7 (5,8)
0,688
8,9 (3,4)
12,0 (5,0)
0,143
1,4 (0,8)
1,0 (0,9)
0,582
0,6 (0,4)
0,1 (0,1)
0,333
--0,505
--0,168
*Teste de T; Atividade muito leve a leve (101 a 1952 counts); Atividade Moderada (1953 a 5724 counts);
Atividade Vigorosa (5725 a 9498 counts); Atividade Muito Vigorosa (≥ 9499 counts).
41
6.DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
6
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES
CLÍNICOS E CIRÚRGICOS COM DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
42
6.DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
6.DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados obtidos nesta pesquisa identificaram a qualidade de vida e
o desempenho físico durante as atividades habituais dos pacientes adultos com
sintomas de ICC, predominando a etiologia chagásica, no perfil clínico e as
doenças isquêmicas no perfil cirúrgico, estando associados à comorbidades e
fatores de risco, principalmente a hipertensão arterial e o tabagismo. Após
análise entre o perfil clínico e cirúrgico, os pacientes com correção cirúrgica
apresentaram melhor qualidade de vida, entretanto, no desempenho físico
durante a rotina diária revelaram ser mais sedentários, com predomínio de
atividades de intensidades muito leve a leve.
Na população adulta a hipertensão arterial é a principal comorbidade
associada à ICC, a maioria representada por mulheres, afirmando a
conscientização feminina nos cuidados da saúde e maior aderência ao
tratamento da hipertensão (Lessa, 2001; Dunlay, 2010; Noblat, 2004).
Corroborando aos estudos citados, a presente pesquisa observou que na
avaliação ambulatorial houve a prevalência da HAS com ICC, constituída pelo
predomínio do sexo feminino, ressaltando o autocuidado e o interesse da
mulher quanto ao acompanhamento e tratamento da sua doença.
Considerando que o perfil demográfico da amostra estudada pertencia
ao estado da Bahia, e o nordeste está entre os estados brasileiros com
indivíduos infectados, confirmou-se em nosso estudo em relação à etiologia da
ICC, o predomínio da doença de Chagas. Segundo o MS do Brasil, atualmente
predominam os casos crônicos de doença de Chagas que são decorrentes de
infecções adquiridas no passado.
Nesta pesquisa, nos resultados da qualidade de vida, os pacientes
cirúrgicos apresentaram melhor qualidade de vida nas três dimensões:
psicológica, geral, e principalmente na física, porém foi observado que algumas
questões relacionadas às atividades profissional e sexual não eram
respondidas, devido a não realização por orientação médica, entretanto,
mesmo com esta restrição, a pontuação do escore físico foi entre nenhuma a
muito pouca dificuldade, enquanto que no perfil clínico havia maior limitação na
43
6.DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
realização das atividades diárias. De acordo com a literatura, afirma que a
intolerância na prática das atividades física presente nos pacientes com ICC
devido à fadiga e a dispneia, limitando à atividade física, uma vez que após a
correção cirúrgica minimiza a dispneia reduz as restrições físicas durante as
atividades diárias melhorando o seu desempenho físico.
Quanto ao fator psicológico, à presença do medo, ansiedade e a
depressão estão relacionadas com o estado de saúde alterado, a presença de
disfunção cognitiva se agrava significativamente quando aumenta da idade,
piorando o desempenho durante as atividades diárias, tal fenômeno pode
ocorrer devido às alterações da circulação sistêmica com menor grau de
adaptação na insuficiência cardíaca (Ochiai, 2004; Dardiotis, 2012). Este
acontecimento foi observado durante a aplicação do questionário, a presença
da dificuldade de compreensão das questões avaliadas devido à diminuição do
cognitivo, principalmente nos idosos, mesmo com esta limitação os pacientes
avaliados do perfil cirúrgico relataram que após a cirurgia melhoraram a sua
autoestima e a realização de mais atividades da vida diária.
O número de passos é desfecho comum na avaliação da atividade física
na vida diária. Os pacientes com deficiência e/ou doença crônica, que limitam
a mobilidade apresentam níveis mais baixos de atividade diária, adversa às
estimativas recomendadas da atividade física (Moraes, 2005). Esses achados
são confirmados no presente estudo, ressaltando que durante os sete dias
avaliados através do acelerômetro, pode-se prever o comportamento
sedentário dos pacientes com ICC e o tempo médio diário consumido durante
as atividades diárias.
Em uma revisão sistemática, foi visto que os indivíduos que vivem com
doença crônica apresentam o intervalo de números de passos de 3.500-5.500
passos por dia, as doenças cardiovasculares foram caracterizadas por 1200 8800 passos/dia (Tudor-Locke, 2011). Esses dados são comprovados neste
estudo, verificou-se que a média de passos diários foi entre o intervalo
considerado para a população com ICC, porém quando comparado os perfis,
os pacientes cirúrgicos representaram um menor desempenho físico, tal fato
pode ser explicado por conta da avaliação ter ocorrido em curto período de
convalescência.
44
6.DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Em pacientes cardiopatas, os mecanismos fisiológicos que limitam a
capacidade funcional durante a realização de exercícios dinâmicos podem
estar relacionados à intensidade ou à duração do exercício. Esta limitação leva
a sensação subjetiva de cansaço quando comparados a indivíduos saudáveis
de mesma idade e massa corporal, devido às alterações estruturais, atrofia e
falta condicionamento da musculatura respiratória presentes nesta população,
o que corrobora com o presente estudo, observou-se que há um maior número
de pacientes que executam atividades diárias muito leve a leve.
Na avaliação entre os gêneros, os homens são mais ativos que as
mulheres em idades mais jovens, a partir da infância e adolescência, porém
com o aumento da idade há um declínio acentuado na atividade física, e após
50 anos é equivalente para os dois sexos. (Monteiro, 2003).
A presente
pesquisa ressalta que na atividade de vida diária, a intensidade leve é realizada
mais frequente na população masculina, enquanto que as moderadas são nas
femininas. Estas diferenças entre os sexos podem ser explicadas pelos papéis
sociais e familiares diferenciados, influenciados pela cultura e organização
social vividos na vida moderna. As mulheres usualmente são as responsáveis
pelas tarefas domésticas, cuidadoras de crianças e parentes com limitações,
além de também exercer trabalho remunerado.
Nesta pesquisa, observou-se que durante sete dias com o uso do
acelerômetro, os pacientes clínicos e cirúrgicos idosos realizavam mais
atividades leves e as atividades moderadas eram realizadas mais pelos
pacientes clínicos adultos. Existem poucos estudos comparáveis sobre o
desempenho físico e as determinantes da atividade física habitual relacionada
com insuficiência cardíaca, à maioria dos estudos são realizados em pacientes
relativamente jovens, profissionais ativos, sem comorbidades associadas
(Witham, 2006). Outros estudos afirmam que a atividade física e de lazer tem
sofrido declínio com o aumento da idade, a partir de 60 anos, constata-se uma
inatividade significativa aumentando o tempo de atividades sedentárias.
Em relação atividade física e a classe funcional da ICC, a CF II de
ambos os perfis clínico e cirúrgico foram mais desempenhadas as atividades
moderadas, visto que, nesta fase, a ICC apresenta-se menos grave quanto às
manifestações clínicas e mais independentes para realizar a atividade diária.
45
6.DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Pesquisas citam a intolerância ao exercício desenvolvida nos pacientes com
ICC, em estágios mais avançados do NYHA (CF III/IV), isto é justificado pelo
desconforto respiratório mais intenso, em virtude da incapacidade do coração
manter débito cardíaco suficiente para satisfazer as necessidades teciduais de
oxigênio e da redução do fluxo sanguíneo periférico, conforme foi observado no
estudo os pacientes da CF III realizaram mais as atividades leves.
46
7.CONCLUSÃO
7
CONCLUSÃO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES
CLÍNICOS E CIRÚRGICOS COM DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
47
7.CONCLUSÃO 7.CONCLUSÃO
De acordo com os resultados, observou-se que pacientes com ICC
apresentam diferenças no seu desempenho físico, que variam de acordo com o
gênero, a idade, e a progressão da doença, foi visto que as atividades leves
eram realizadas mais pelos idosos e as moderadas pelos adultos, não havendo
atividades de intensidade vigorosa devido à presença do descondicionamento
físico.
Entretanto, a presença da limitação física, nos pacientes com perfil
cirúrgico, não evidenciou impacto na qualidade e vida e na relação
interpessoal. Podemos observar que após a correção cirúrgica, reduziu os
sintomas relacionados com a doença, e os pacientes evidenciaram melhor
qualidade de vida, contudo no desempenho das suas atividades de vida diária
(AVD’s), revelaram ser mais sedentários, efectuando predominantemente
atividades de intensidade muito leve a leve.
De acordo com os nossos resultados, não podemos inferir sobre qual o
menor tempo de recondicionamento físico para realizar as AVD’s, pois diversos
fatores podem interferir na reabilitação do paciente, principalmente o nível de
atividade física prévia, mas podemos sugerir que a intensidade seja de leve a
moderada, dentro do perfil individual de cada paciente.
48
8
NOVAS PROPOSTAS DE TRABALHO
8.NOVAS PROPOSTAS DE TRABALHO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES
CLÍNICOS E CIRÚRGICOS COM DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
49
8.NOVAS PROPOSTAS DE TRABALHO 8. NOVAS PROPOSTAS DE TRABALHO
Esta pesquisa tem como proposta possibilitar novos estudos baseados
no perfil de pacientes com ICC para desenvolvimento de programas de
atividades, que possam ser compatíveis com limitações físicas apresentadas
durante a evolução da doença, e mensurar as intensidades realizadas durante
as atividades de vida diária pelos pacientes com ICC, de forma que contribua
no desempenho físico e consequentemente proporcione uma melhor qualidade
de vida.
50
9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
9.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES
CLÍNICOS E CIRÚRGICOS COM DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
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61
10
ANEXOS
10.ANEXOS
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA E DO DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES
CLÍNICOS E CIRÚRGICOS COM DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
62
ANEXO 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E PRÉ-ESTABELECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E PRÉ-ESTABELECIMENTO
(Conforme Resolução nº. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde).
Você está sendo convidado (a) a participar voluntariamente, da pesquisa de
“Avaliação da qualidade de vida e do desempenho físico em pacientes portadores de
insuficiência cardíaca crônica”. Caso você aceite, responderá a algumas perguntas
dos questionários.
O objetivo deste trabalho é avaliar a sua qualidade de vida e o desempenho físico
durante as suas atividades de vida diária, através de um aparelho chamado
acelerômetro. Ressalta-se que este aparelho não tem risco de causar choque, dor, e
nem traz qualquer restrição às atividades cotidianas, interação com marcapassos, ou
outro efeito adverso.
Para avaliar sua qualidade de vida será utilizado um questionário Minnesota, que
consta de 21 perguntas relacionadas à dimensão física, psicológica e global. E para
seu desempenho físico nas suas atividades habituais, você utilizará um aparelho
portátil (acelerômetro), que só poderá ser retirado para tomar banho e dormir, durante
o período de 7 (sete) dias contínuos.
Através de uma ficha você deverá registrar os horários de colocação e retirada do
aparelho durante o dia, bem como relatar as suas atividades habituais (como por
exemplo: limpar a casa, lavar louças ou roupas, caminhadas, ir ao banco ou
supermercado, subir escadas ou ladeiras e outros...). Você será responsável por
manter a integridade e o cuidado pelo uso do aparelho até o dia da devolução,
juntamente com a ficha de controle para o pesquisador (a).
A investigadora responsável pelo estudo, à fisioterapeuta Sandra Oliveira, está
disponível no telefone (71) 2203- 8007 (setor de Fisioterapia), (71) 8814- 8064
(celular), ou no Comitê de Ética em pesquisa do Hospital Santa Isabel.
O projeto foi submetido à avaliação do Comitê de Ética e pesquisa do Hospital Santa
Isabel (HSI) e, mediante o surgimento de dúvidas ou esclarecimentos sobre a ética da
pesquisa, poderá entrar em contato com este Comitê situado no próprio Hospital
(Endereço: Praça Cons. Alameda Couto nº 500, Nazaré, Salvador/Bahia, telefone (71)
2203-8362), funcionamento 8 às 12h e 14 ás 17h.
Acredito ter sido suficientemente esclarecido (a) sobre as informações e orientações a
respeito do que li sobre este estudo. Declaro que conversei e esclareci minhas dúvidas
com a investigadora, citados neste documento, onde permito a minha participação
voluntaria e sem fins lucrativos, a esta pesquisa, estando claro para mim o propósito
deste estudo e dos procedimentos a serem realizados.
Concordo voluntariamente com a minha participação neste estudo e estou ciente que
poderei retirar meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo,
sem penalidades, prejuízos ou perdas de qualquer benefício que possa ter adquirido.
Estando eu ciente sobre a minha a responsabilidade sobre o aparelho portátil
(acelerômetro) utilizado, sem causar qualquer dano ou prejuízo durante o período de
uso, devolvendo somente à investigadora, citada neste documento.
Nome:
__________________________________________________________________
Endereço
para
contato:
_____________________________________________________
Complemento:______
Bairro:
_____________________
Cidade:
____________________
CEP:
-
Tel:(___) ___________
Tel:(___) ___________
residência
celular
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente/ representante legal, para a participação neste estudo.
SSA, ___/___/___.
______________________________________________
Assinatura ou impressão datiloscopia do (a) voluntário (a) ou responsável legal
__________________________
_____________________________
Assinatura da testemunha
_______________________________________
Assinatura do (a) responsável (eis) pela pesquisa
Assinatura da testemunha
ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO MINESOTA – VIVENDO COM INSUFICIÊNCIA
CARDÍACA
QUESTIONÁRIO MINESSOTA – VIVENDO COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
MINNESOTA LIVING WITH HEART FAILURE QUESTIONNAIRE
(Tradução para português)

Durante o ultimo mês seu problema cardíaco o impediu de viver como você queria?
Muito
Mais ou
QUESTIONÁRIO MINESSOTA
Nenhum
Pouco
Muito Bastante
Pouco
Menos
0
1
2
3
4
5
1. Causou inchaço em seus tornozelos e pernas?
2. Obrigando a você sentar ou deitar para
0
1
2
3
4
5
descansar durante o dia?
3. Tornando sua caminhada ou subida de escada
0
1
2
3
4
5
difícil?
0
1
2
3
4
5
4. Tornando seu trabalho domestico difícil?
0
1
2
3
4
5
5. Tornando suas saídas de casa difícil?
0
1
2
3
4
5
6. Tornando difícil dormir bem à noite?
7. Tornando seus relacionamentos ou atividades
0
1
2
3
4
5
com familiares e amigos difíceis
0
1
2
3
4
5
8. Tornando seu trabalho para ganhar a vida difícil?
9. Tornando seus passatempos, esportes e
0
1
2
3
4
5
diversão difíceis?
0
1
2
3
4
5
10. Tornando sua atividade sexual difícil?
11. Fazendo você comer menos as comidas que
0
1
2
3
4
5
você gosta?
0
1
2
3
4
5
12. Causando falta de ar?
13. Deixando você cansado, fadigado ou com
0
1
2
3
4
5
pouca energia?
0
1
2
3
4
5
14. Obrigando você a ficar hospitalizado?
15. Fazendo você gastar dinheiro com cuidados
0
1
2
3
4
5
médicos?
16. Causando a você efeito colateral das
0
1
2
3
4
5
medicações?
17. Fazendo você sentir-se um peso para familiares
0
1
2
3
4
5
e amigos?
18. Fazendo você sentir uma falta de autocontrole
0
1
2
3
4
5
na sua vida?
0
1
2
3
4
5
19. Fazendo você se preocupar?
20. Tornando difícil você concentrar-se ou lembrar0
1
2
3
4
5
se das coisas?
0
1
2
3
4
5
21. Fazendo você sentir-se deprimido?
____________________________________________________________________________
©1986 Regents of the University of Minnesota, All rights reserved. Do not copy or reproduce without permission. LIVING WITH HEART FAILURE® is a registered trademark of the Regents of the University of Minnesota. ANEXO 3 – FICHA DE RECOLHA DE DADOS
HOSPITAL SANTA IZABEL
Pesquisa: “AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO FÍSICO EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA
CARDÍACA CRÔNICA”.
1- DADOS CADASTRAIS:
NOME:__________________________________________________________________________ SEXO: 1. MASC 2. FEM
DIAGNÓSTICO: ___________________________________________________________________________________________
PESO: _______ ALTURA: _________ IMC ________ IDADE: ________
UNIDADE: 1. AMBULAT
PERFIL:
1.. CLÍNICO
2. CIRÚRGICO
FISIOTERAPEUTA: SANDRA OLIVEIRA
2- DADOS CIRÚRGICOS/ CLÍNICOS:
ADMISSÃO PARA AVALIAÇÃO: ___ /______/______
HORA _____:____
DATA DA CIRURGIA: ___ /______/______
POS-OPERATÓRIO: DIA____________
3-ICC (CLASSE FUNCIONAL):
ICC CFI
ICC CFII
ICC CFIII
FEVE (________%)
ICC CFIV
4- ICC (DISFUNÇÃO);
SISTÓLICA
DIASTÓLICA
5- ICC (CAUSAS):
HAS
VALVULOPATIAS
D. CONGÊNITA
IAM
CHAGAS/MCC
6- COMORBIDADES/FATORES DE RISCO:
TABAGISTA
EX-TABAGISTA
DOAP
DM
OBESIDADE
FEBRE REUMÁTICA
IRA
IRC
INSUF. VASCULAR
DCPF
MCD
DLP
DAC
OUTROS
DPOC
NEOPLASIA
8- CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO PARA PESQUISA:
1. STATUS PÓS-PCR RECENTE COM SEQUELA 2. DISTURBIO OTEOMUSCULAR 3. ICC CF IV
4. DISTÚRBIO NEUROPSIQUICOMOTOR
5. CIRURGIA ORTOPÉDICA
6. IRA/IRC EM PROGRAMA DE HD
7. INTERROMPIMENTO EM PARTICIPAR DO ESTUDO 8. . USO DE MARCAPASSO
DATA
/
/
/
/
HORA
/
/
/
/
PA
ACELEROMETRO
FC
SatO2
STEP TOTAL
:
:
:
:
DATA/ HORA DE ALTA HOSPITALAR: _____/_____/________
_______
ENDEREÇO:
____________
RETORNO CONSULTA: ______ / ______/
_______________________________________________________________________
BAIRRO: ____________________________________________ CEP
RES/CEL
CIDADE:_________________________________
STEP dia
-
COMPLEMENTO:
TEL
:
-
ANEXO 4 – TABELA DE ATIVIDADES
NUMERO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 35 36 37 ATIVIDADE ESCOVAR DENTES PENTEAR CABELO ARRUMAR A CAMA TOMAR CAFÉ LAVAR PRATOS ARRUMAR COZINHA VARRER FAZER COMIDA FAZER FAXINA CARREGAR PESO SUBIR ESCADA DESCER ESCADA SUBIR LADEIRA DESCER LADEIRA LAVAR ROUPA TORCER ROUPA PASSAR ROUPA ANDAR OU CAMINHAR LENTO ANDAR OU CAMINHAR RÁPIDO CORRER FAZER ESFORÇO SENTAR DEITAR DORMIR PLANTAR CAPINAR DANÇAR FAZER GINASTICA PEDALAR BICICLETA CUIDAR DO JARDIM ENXUGAR PRATOS INICIO DE EXRCÍCIO FÍSICO TÉRMINO DE EXERCÍCIOFÍSICO PEGAR ÔNIBUS (SUBIR/DESCER) COLOCAÇÃO DO APARELHO RETIRADA DO APARELHO ANEXO 5 – FICHA DE MONITORIZAÇÃO DE ATIVIDADE
Nome:__________________________ NÃO PODE MOLHAR. RETIRAR PARA O BANHO E QUANDO FOR DORMIR. TEL: (71) 8814 8064 FISIO: Sandra Oliveira DATA HORA Nº DE ATIVIDADE DATA HORA Nº DE ATIVIDADE 
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avaliação da qualidade de vida e do desempenho físico em