Sociedade de Educação do Vale do Ipojuca - SESVALI Faculdade do Vale do Ipojuca -Favip Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo “É NÓS DO MORRO” Vídeo-documentário sobre o Projeto Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟ Sandra Paula Bezerra Silva Jailson Lima de Azevêdo Caruaru 2009 Diretores Luiz de França Leite Vicente Jorge Espíndola Rodrigues Diretora Executiva Profª. Mauricélia Bezerra Vidal Diretor Acadêmico Prof. Marjony Barros Camelo Coordenadora do Curso de Jornalismo Profª Rosângela Araújo de Souza Professor Orientador Prof. Tenaflae Lordelo Sandra Paula Bezerra Silva Jailson Lima de Azevêdo “É NÓS DO MORRO” Vídeo-documentário sobre o Projeto Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟ Relatório de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Faculdade do Vale do Ipojuca, como parte do requisito obrigatório para obtenção do título de bacharel em Jornalismo. Prof. Orientador Tenaflae Lordelo. Caruaru 2009 S586e Silva, Sandra Paula Bezerra. “É nós do morro” – Vídeo-documentário sobre o projeto social Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟ / Sandra Paula Bezerra Silva e Jailson Lima de Azevêdo. -- Caruaru : FAVIP, 2009. 45 f. Orientador(a) : Tenaflae Lôrdelo. Trabalho de Conclusão de Curso (Jornalismo) -Faculdade do Vale do Ipojuca. 1. Morro do Bom Jesus. 2. Projeto social Sonhos do Morro. 3. Vídeo-documentário. I. Azevêdo, Jailson Lima de. II. Título. CDU 070(09.2) Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367 Sandra Paula Bezerra Silva Jailson Lima de Azevêdo “É NÓS DO MORRO” Vídeo-documentário sobre o Projeto Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟ Aprovado em: ____/____/____ Banca examinadora _______________________________________ Professor orientador _________________________________________ 1º prof. examinador __________________________________________ 2º prof. examinador Caruaru 2009 DEDICATÓRIA Dedicamos esse trabalho primeiramente a Deus, que nos concedeu a oportunidade de adquirir conhecimento e concretizar um sonho. Em seguida, dedicamos um ao outro, pois diante das peripécias do destino conseguimos algo mais importante que o diploma, encontramos um amor para guardar por toda vida (assim desejamos!). Dedicamos também o resultado desse vídeo ao Projeto Social Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟, a cada integrante que abriu as portas da sua vida e confiou no nosso trabalho. E como não poderia faltar, dedicamos esse trabalho a nossa família e amigos, que acreditaram nos nossos sonhos e investiram tempo e paciência para ouvir nossas histórias. AGRADECIMENTOS Antes de agradecer a todas as pessoas que nos ajudaram a chegar até aqui, queremos agradecer a Deus por no penúltimo ano de faculdade não só ter nos unido como parceiros nesse projeto, mas também como parceiros na vida e no amor. Essa será com certeza a nossa maior alegria: estarmos juntos no momento mais importante das nossas vidas. Porém, para que nós chegássemos até o final do curso tivemos que contar com a grande e valiosa ajuda dos nossos pais. Eles que, além de nos ajudar financeiramente, sempre acreditaram no nosso potencial, isso não tem preço. Contudo, durante esses quatro anos conhecemos pessoas e fizemos amigos, que esperamos levar pelo resto das nossas vidas. E para que conseguíssemos alcançar o conhecimento, sem sombra de dúvidas, tivemos grandes mestres, sem querer ser injustos com os demais, expressamos os nossos sinceros agradecimentos aos mestres e jornalistas Rosildo Brito e Rosângela Araújo, que além de nos agraciar com uma porção de conhecimento, também nos ajudaram como pessoas. Podemos confirmar que grande foi à batalha e doce será a conquista, pois só temos que agradecer a cada aula, cada trabalho, cada seminário... Ficarão as lembranças das doces aulas de Iraê Mota, das conversas amigas com Jurani Clementino, dos grandes debates instigados pelo conhecimento de Marconi Aurélio, da persistência de Heleniza Saldanha em melhorar nosso português, do dom da oratória da advogada que nos embalou com sua ética e filosofia, Rita de Cássia. Enfim, cada um com sua peculiaridade e muita dedicação fizeram parte da história da nossa vida acadêmica. E no final da nossa trajetória, agradecemos ao nosso orientador que se interessou pelo nosso tema e comungou das nossas ideias de mostrar o outro lado do morro. Ao nosso amigo e editor Adílson Lira e ao nosso companheiro Wagnner Sales que nos apoiaram na realização desse sonho. Muito Obrigado a todos vocês... “Tudo posso naquele que me fortalece” Filipenses 4,13 RESUMO Este relatório descreve os procedimentos necessários, desde o processo de concepção do projeto, passando pelo relatório e a produção, chegando até a edição final do vídeodocumentário: “É NÓS DO MORRO”, baseado no Projeto Social Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟. Sendo o documentário movido por um anseio de mostrar à sociedade, de forma diferente, a contribuição que esse projeto social possui para as pessoas beneficiadas por ele. Desta feita, se evidencia a relevância dada através de um vídeo-documentário mostrando a história do projeto social, que visa retirar crianças das ruas e da criminalidade e direcionálas para um caminho musical. Com isso, objetivando oferecer uma contribuição audiovisual para aguçar o debate sobre projetos sociais realizados nas periferias e assim evidenciar para a sociedade, em especial para estudantes e adolescentes, a contribuição dada pelo referido projeto social. Em se tratando do processo utilizado para concretização do produto final, as principais cenas foram aquelas que mostrassem uma visão do morro, concebida por pessoas que moram no local. Os principais argumentos foram os que enfatizavam a vida passada em comparação com a conquista atual. O roteiro foi pautado na junção de depoimentos e imagens que caracterizassem a exposição do fator social e da importância da mudança alcançada através da aprendizagem musical oferecida pelo „Sonhos do Morro‟. A partir da aplicação das técnicas e da teoria sobre a produção de um vídeo-documentário, foram utilizados equipamentos para captação de áudio e imagem, além da finalização do produto através da edição de texto e imagem. Após dois meses de trabalho intenso para concretização do projeto inicial, pode-se perceber que a proposta de evidenciar a história do „Sonhos do Morro‟, até então desconhecido pela grande parte da sociedade local, será eternizada nos depoimentos dos integrantes que relatam as mudanças ocorridas através da música e da sociabilidade. Palavras-chave: Morro do Bom Jesus, Projeto Social Sonhos do Morro, Vídeodocumentário ABSTRACT This report describes the procedures necessary, since the process of project design, through the reporting and production, reaching the final editing of the video documentary: "It is WE DO MORRO" based on the Social Movement for the Project Citizen 'Dreams do Morro „ . As the documentary driven by a desire to show the society, so different, the contribution that this project has for the social people benefiting from it. This time, it highlights the importance given by a documentary video showing the history of social project, which aims to remove street children and crime and directing them to a musical path. Thus, aiming to offer an audiovisual contribution to sharpen the debate on social projects in the peripheries and thus demonstrate to society, especially for students and teenagers, the contribution made by that social project. In the case of the process used to achieve the final product, the main scenes were those that showed a view of the hill, designed by people who live on site. The main arguments were those that emphasized past life compared with the current achievement. The script was founded on the joint statements and images that characterize the exposure of the social factor and the importance of change achieved through musical learning offered by 'Dreams do Morro'. By applying the techniques and theory on the production of a documentary video, equipment was used to capture audio and video, as well as the finished product by editing text and image. After two months of hard work to achieve the initial design, one can see that the proposal to include the history of 'Dreams do Morro', hitherto unknown to most of the local society, will be immortalized in the testimonies of members who report changes occurred through music and sociability. Keywords: Morro do Bom Jesus, Social Project Dreams Morro, Video documentary SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... ................................09 2. OBJETIVOS ....................................................................................................................................................16 3. PÚBLICO-ALVO ............................................................................................................. ...............................17 4. PROCEDIMENTOS TÉCNICO-METODOLÓGICOS ..............................................................................18 5. PRODUTO JORNALÍSTICO ........................................................................................... .............................23 6. CRONOGRAMA .............................................................................................................................................25 7. RECURSOS E ORÇAMENTOS ....................................................................................................................27 8. CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................28 9. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ ...............................30 APÊNDICE ..........................................................................................................................................................31 ANEXOS ...................................................................................................................... ........................................45 1. INTRODUÇÃO A produção de um vídeo-documentário narrando a história do Projeto Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟, na cidade de Caruaru, faz parte de um anseio de mostrar à sociedade, de forma diferente, a contribuição que esse projeto social possui para as pessoas beneficiadas por ele. Desta forma, mostrando o que pensam os moradores. Como também, evidenciando as dificuldades enfrentadas pela comunidade que possui uma história de discriminação e exclusão social, causada devido ao índice de criminalidade existente no local onde o „Sonhos do Morro‟ atua. O Projeto Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟é realizado no morro do Bom Jesus desde 2001 e não tem fins lucrativos. Tendo como principal objetivo retirar as crianças da marginalidade e com as atividades oferecidas pelo projeto, possibilitar aos seus integrantes uma oportunidade de construírem conceitos éticos e morais através da música. Inicialmente, para ampliar o debate sobre um documentário que mostra o projeto social no morro do Bom Jesus, se faz necessário explicar o significado e a relevância de um vídeo-documentário, para que se possa entender a relação entre um documentário e os projetos sociais, como por exemplo, o do morro do Bom Jesus. A partir dessa premissa, pode-se seguir a definição de Bill Nichols (2005), em sua obra Introdução ao documentário, onde ele afirma que “todo filme é um documentário. Mesmo a mais extravagante das ficções evidencia a cultura que a produziu e reproduz a aparência das pessoas que fazem parte dela.” Para entender melhor o que distingue um filme ficcional de um documentário de representação social é justamente a temática e a forma como são abordados os temas centrais da narrativa, evidenciando a relação com os personagens. Contudo, Bill Nichols (2005) defende que existem dois tipos de filmes: Os documentários de satisfação de desejos são o que normalmente chamamos de ficção. Esses filmes expressam de forma tangível nossos desejos e sonhos, nossos pesadelos e terrores. [...] São filmes cujas verdades, cujas ideias e pontos de vista podemos adotar como nosso ou rejeitar. [...] Os documentários de representação social são os que normalmente chamamos de não-ficção. Esses filmes representam de forma tangível aspectos de um mundo que já ocupamos e compartilhamos. Tornam visível e audível, de maneira distinta, a matéria de que é feita a realidade social, de acordo com a seleção e a organização realizadas pelo cineasta. (NICHOLS, 2005, p. 26) Desta feita, se evidencia a relevância dada através de um documentário mostrando a história do projeto social, que visa retirar crianças das ruas e da criminalidade e direcioná-las para um caminho musical. Caminho esse, que segundo o idealizador do projeto, Valdênio Silva, “a nota máxima que se pode alcançar é a dignidade”. Para contextualizar a valorização que um vídeo-documentário pode dar a um projeto social, Bill Nichols (2005) afirma que “os documentários de representação social proporcionam novas visões de um mundo comum, para que as exploremos e compreendamos”. (NICHOLS, 2005, p. 27) Contudo, a utilização do vídeo-documentário além de reforçar a importância do olhar jornalístico enfatizado no vídeo, serve como forma de aproximar a sociedade dos projetos sociais. Por isso, a temática principal a ser discutida visa levantar reflexões ou provocar na sociedade os questionamentos principais de como são realizadas as atividades básicas deste projeto social, explorando as suas principais dificuldades e as conquistas alcançadas nesses oito anos de atuação. No âmbito do conhecimento, para aprimorar a apuração e a produção do vídeodocumentário, existem referências quanto à transição que ocorreu com a mídia audiovisual. Alguns autores explicam a dinamização da fotografia no processo cinematográfico, e a importância que esse recurso possui para a expressividade da arte e com isso a transformação que o vídeo passou durante décadas até chegar ao formato atual. A partir de então, pode-se compreender que o processo de transformação pelo qual passou a fotografia até chegar à imagem audiovisual de um documentário possui relevância para a arte como um todo. Isso é o que Roy Armes (1999) nos mostra quando diz: Além da atuação transformada em produto, a nova mídia turvou a divisão convencional entre obra de arte e fenômeno natural. O princípio de reprodução mecânica da câmera gerou um desafio fundamental para a arte do pintor figurativo, já que as imagens fotográficas podiam reclamar uma autoridade absoluta por serem produzidas aparentemente de forma automática, sem intervenção da mão humana. (ARMES,1999, p.108). Dessa maneira, a união de um assunto tão relevante quanto à inserção de um projeto social numa comunidade carente, pela ausência de políticas públicas efetivas, com uma mídia que une som e imagem refletidas em sentimento e emoção de quem as assiste foi o foco principal deste trabalho. A importância de evidenciar através da ótica audiovisual os questionamentos e levantamentos sobre essa temática, que abordou além da importância do trabalho do Projeto Movimento pelo Cidadão “Sonhos do Morro”, a formação familiar de algumas crianças envolvidas, outrora com a criminalidade, e outras que buscaram refúgio e proteção nos laços afetivos da família para sair das ruas e da ociosidade. O vídeo-documentário foi a forma mais próxima da realidade, onde o encanto da imagem e a força da expressão podem oferecer ao espectador a capacidade de ver as questões sociais que nos cercam e que precisam da devida atenção da sociedade. É nesse sentido que Bill Nichols (2005) expõe que através dos vídeosdocumentários “vemos visões (fílmicas) do mundo”. E para ele: Essas visões colocam diante de nós questões sociais e atualidades, problemas recorrentes e soluções possíveis. O vínculo entre o documentário e o mundo histórico é forte e profundo. O documentário acrescenta uma nova dimensão à memória popular e à história social. (NICHOLS,2005, p. 27) Sendo o vídeo-documentário uma ferramenta usada, também, pelas reportagens jornalísticas apresentadas nos telejornais, se faz necessário explicar a diferença que existe entre um vídeo-documentário de reportagem apresentada num programa de televisão. Esse questionamento permeia as práticas jornalísticas. Por isso, é apropriado reforçar com maiores argumentações sobre o que distingue um estilo do outro. Historicamente, o documentário teve intensa produção no Brasil, a partir do período conhecido como „mudo‟, que aconteceu na primeira metade do século XX, indo até os anos de 1980. Na época, eles possuíam um formato diferenciado, onde havia a produção de atualidades1, chamadas de cinejornais. Os cinejornais eram compostos por uma programação protegida e regulamentada pelo Estado. Nos anos 1930, o governo getulista investiu fortemente no Cine Jornal Brasileiro, que naquela época fazia o papel de órgão oficial do regime. O espaço dos cinejornais na programação cinematográfica continua até quase o final do século XX. Atualmente, a forma narrativa vista como atualidades passou a ser conhecida como reportagem. E para responder a diferença da reportagem para o documentário, o autor Fernão Pessoa Ramos (2008) explica que: [...] No documentário, há um espaço mais denso para a expressão do viés autoral, geralmente ausente na reportagem. [...] Mas não está aí a diferença central entre reportagem e documentário. O documentário constitui uma forma narrativa que é geralmente fruída na unidade de uma extensão temporal determinada. Em outras palavras, as vozes que enunciam no documentário pertencem a um conjunto discursivo orgânico que estamos chamando de narrativa. [...] O documentário, portanto, é um filme no modo que possui de veicular suas asserções e no modo pelo qual as asserções articulam-se enquanto narrativa com começo e fim em si mesma. (RAMOS, 2008, p. 58) Explorando ainda mais esse âmbito duvidoso entre o significado e a diferença dos estilos jornalísticos, Ramos (2008) ainda completa que “a reportagem é uma narrativa que enuncia asserções sobre o mundo, mas que, diferentemente do documentário, é veiculada dentro de um programa televisivo que chamamos telejornal” (RAMOS, 2008, p.58). 1 O estilo de atualidades recebeu um nome contemporâneo de reportagem e de acordo com Fernão Pessoa Ramos o documentário é arte e não mera atualidade. Outra diferença que se pode destacar é a participação direta de um repórter (jornalista) informando sobre o assunto abordado, geralmente interagindo com um âncora que apresenta o programa. Em se tratando do documentário essa figura é desnecessária. O programa de telejornal possui uma continuidade de informações e notícias, sem o uso de uma narrativa que articule o assunto. Diferentemente da reportagem, o documentário não está diretamente ligado aos acontecimentos factuais gerados pelo cotidiano. A narrativa de filme documentário pode ser veiculada, e mesmo produzida por um programa televisivo de reportagens como é o caso do programa Globo Repórter. Entretanto, os documentários dão voz a um problema social2. Através da argumentação orientada pelo diretor do filme documentário a narrativa passa a ter uma voz, que de certa forma, irá expressar aquilo que o diretor quer explorar com mais ênfase. Dessa feita, se estamos produzindo um documentário acerca da história de uma determinada entidade filantrópica, por exemplo, se não estiver dentro do roteiro mostrar as dificuldades e os pontos negativos desse projeto, só serão expostos às conquistas e facilidades. Esse roteiro é permeado por um sentido lógico, onde aquilo que for do interesse do diretor estará incluso no contexto histórico da filmagem. Contudo, os documentários vão muito além do roteiro. As falas dos personagens tomam rumos, muitas vezes inesperados pelo diretor, pois o discurso é ampliando pela força da expressão e dos valores refletidos pelo personagem que narra a sua história. O vídeodocumentário como representação social, passa a ser uma voz entre muitas outras numa realidade do debate e da contestação social3. O que pode ser relevante nesse contexto de voz transmitida pelo documentário é que eles não são uma reprodução da realidade e por isso eles adquirem voz própria. Essa voz é concebida através do meio pelo qual o ponto de vista acontece, sendo então o vídeo-documentário uma representação do mundo. Bill Nichols defende que: A voz do documentário pode defender uma causa, apresentar um argumento, bem como transmitir um ponto de vista. Os documentários procuram nos persuadir ou convencer, pela força de seu argumento, ou ponto de vista, e pelo atrativo, ou poder, de sua voz. A voz do documentário é a maneira especial de expressar um argumento ou uma perspectiva. (NICHOLS, 2005, p. 73) Sendo assim, falar do Projeto Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟ e não explicar a importância do apoio e incentivo das instituições, que tentam amenizar o impacto 2 NICHOLS, 2005, p. 73 3 Isso é o que afirma NICHOLS, 2005, p. 73 das questões sociais, deixaria uma lacuna para a compreensão do espectador. Principalmente, se não for explicado o poder de atração que os documentários exercem ao apresentar as questões sociais e políticas que interferem na vida da sociedade moderna. Vistos como uma representação da realidade, porém de forma artística e não reproduzida através de uma reportagem que trata uma notícia factual. Os documentários podem atuar de formas diferentes na representação documental de determinado fato. O documentário de questões sociais se harmoniza com o modo expositivo, ao modo que o retrato social se harmoniza com os modos participativos ou observativos e com debates contemporâneos sobre a política de identidade4. Na produção documental existem alguns filmes documentários que colocam o foco no indivíduo e não na questão social. Nesse sentido, os personagens do filme deixam a questão social de maneira que o espectador entenda os valores e a mensagem de forma subliminar. Não sendo essa a intenção do documentário “É NÓS DO MORRO”, pois os personagens são os principais argumentos de uma questão social que precisa ser mais bem entendida pela sociedade. O projeto social e a vida no morro do Bom Jesus se correlacionam e juntas narram a história principal desse vídeo. O „Sonhos do Morro‟ nasceu de uma brincadeira de colégio, quando o então aluno, Valdênio Silva, em 2001, decidiu criar um grupo de teatro na Escola Estadual Antônia Cavalcanti, localizada no bairro São Francisco, nas proximidades do morro Bom Jesus. Dessa brincadeira, surgiu a necessidade de ajudar os menos favorecidos a sair das ruas e da ociosidade através de atividades que pudessem ocupar o tempo e incentivar à prática de exercícios físicos e o aprendizado sócio-cultural. A partir de então, com a ajuda do antigo diretor da escola, José Laurentino5, foram criadas diversas atividades envolvendo crianças, idosos e adultos do morro, entre elas aulas de capoeira, dança, teatro, futsal, artes marciais, voleibol, ginástica e outras. Todas as atividades contavam com o espaço físico da escola e com a disponibilidade de professores voluntários. Porém, com o passar dos anos as dificuldades foram aumentando e manter um projeto social, com aproximadamente mil pessoas, sem ajuda financeira, passou a ser uma utopia inatingível6. 4 Segundo Nichols (2005) na página 205 os documentários de questões sociais consideram as questões coletivas de uma perspectiva social. 5 O diretor faleceu no ano de 2007 , devido complicações de saúde. Após sua morte, o projeto deixou de ter o apoio do colégio, passando a contar apenas com a banda de fanfarra que ensaiava nas ruas do centro da cidade. 6 Isso é o que afirma o próprio Valdênio Silva, idealizador do projeto social. Mesmo diante dos obstáculos, o projeto não acabou. As atividades foram diminuindo, as pessoas envolvidas foram se afastando e o grupo foi decrescendo. Contudo, a música não deu a sua última nota. Os ensaios passaram a ser nas ruas das cidades. Os instrumentos foram sendo adquiridos através da força de vontade dos integrantes. E o projeto foi caminhando, a passos lentos, porém andando para um futuro próspero. Atualmente, após muito esforço, Valdênio conseguiu adquirir um local para implantar a sede do projeto, localizado na escadaria que dá acesso ao morro Bom Jesus. A casa é pequena, com um único cômodo, mas abriga os instrumentos e os sonhos das mais de 40 crianças e adolescentes que participam da banda. Os ensaios acontecem duas vezes por semana. Os integrantes da banda sobem quase 200 degraus para pegarem os instrumentos, no intuito de ensaiarem pelas ruas do centro da cidade. Após duas horas de ensaio, a peregrinação é refeita para guardar o material e retornar para o lar, após um dia de trabalho e muito esforço. Mesmo com os problemas enfrentados pelos jovens, como a falta de infraestrutura e políticas públicas no morro, os integrantes do projeto acreditam que podem ter um futuro melhor. Esperam que nos próximos anos sejam reconhecidos como músicos e bons profissionais. O preconceito que os cercam só perde para a vontade de mudar essa realidade. Vistos pela sociedade como os “marginais do morro”, essas crianças e adolescentes que realmente têm histórias difíceis para contar, superam seus traumas familiares e conquistam aplausos por onde passam. A banda já conquistou dezenas de troféus. Já participaram de vários encontros de bandas em diversas cidades do Estado. Esse que é um dos motivos de orgulho e alegria que envolve os componentes do grupo, pois em outras cidades eles não são vistos com indiferença, mas se sentem observados como grandes concorrentes. Atrelado a essa afirmação pode-se entender as relações interpessoais que as crianças que procuram o Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟ possuem com a realidade de moradia, educação, segurança e estruturação familiar em que vivem. Por isso, a meta do vídeo-documentário “É NÓS DO MORRO” foi promover a utilização do vídeo, para que ele possa servir como instrumento de divulgação do „Sonhos do Morro‟, principalmente pelo projeto ser pouco conhecido na cidade. Além disso, o formato de um documentário sobre esse projeto é algo inédito, que poderá abrir as portas para futuros patrocínios. E acima de tudo, a principal intenção foi auxiliar a sociedade na compreensão da importância que há no apoio dado às crianças carentes, pois o vídeo se propôs a fortalecer a imagem desse projeto social junto à comunidade que ele ajuda, na intenção de amenizar os impactos causados pelo preconceito que envolve os moradores do morro. O problema social mais discutido atualmente engloba a violência de um modo geral. Desse modo, convém analisar algumas afirmações acerca da construção da infância em meio a uma sociedade discriminada pela sua condição financeira e seu poder de consumo. Com base nessa argumentação, alguns autores uniram-se e escreveram a obra Infância e a violência doméstica: fronteiras do conhecimento, aonde chegaram à seguinte assertiva: Num mundo categorial pré-fabricado, o objeto só pode existir pela sua submissão às categorias, as quais não pertencem a ele, mas à lógica subjetiva. O mundo da administração total recai na repetição cega da natureza e o sacrifício de Ulisses torna-se inútil. Assim, é o Ego agora que se sacrifica para uma realização falsificada de desejos. Se, no capitalismo liberal, necessitava-se de um Ego forte para criar a propriedade privada através da concorrência e de normas interiorizadas, no capitalismo dos monopólios a propriedade não se afirma mais por indivíduos fortes, mas por conglomerados com regras exteriores ao indivíduo (AZEVEDO, 2000, p. 21). A partir desse ponto de observação familiar, é mostrado através das inserções familiares, as diferentes formas de convivência familiar de alguns dos componentes do projeto social „Sonhos do Morro‟. Como vivem e de que forma a ação do projeto atinge suas famílias, como os conceitos e princípios do idealizador do projeto e seus colaboradores são repassados para os participantes, e por osmose transmitidos aos seus familiares. Explorando essa argumentação, também foi observada a obra Linguagens da Violência, que trata dessa temática e aborda questionamentos sobre a cobertura jornalística dada à criminalidade. Para os autores o aumento da marginalidade foi acompanhado por um debate sobre a natureza e as consequências que envolvem esse incremento: “Este excesso de tematização teve o efeito de construir um determinado imaginário sobre a violência, que passou a informar e produzir atitudes sociais a ela referenciadas.” (PEREIRA, 2000, p. 144). Diante os argumentos e recursos apresentados, pode-se dizer que o produto resultado desse projeto, está enquadrado em dois tipos de documentário: observativo e reflexivo7. Aplica-se aos dois estilos, visto que “a identificação de um filme com um certo modo não precisa ser total” (NICHOLS, 2005, p. 136). Portanto, se encaixa no estilo observativo na medida em que o projeto social é observado ao longo do documentário, seja em depoimentos dos personagens, seja nas imagens captadas pelo sujeito-câmera8 profissional. 7 Conforme estabelece Nichols (2005) no livro Introdução ao Documentário. Termo utilizado por RAMOS (2008). Refere-se, basicamente, ao sujeito que captou as imagens, ou seja, os cinegrafistas 8 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Oferecer uma contribuição audiovisual para aguçar o debate sobre projetos sociais realizados nas periferias e com isso evidenciar para a sociedade, em especial para estudantes e adolescentes, a contribuição dada pelo Projeto Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟. 2.2 Objetivos Específicos Evidenciar a história do projeto “Sonhos do Morro” e a importância do trabalho oferecido para a comunidade; Mostrar para a sociedade a importância que projetos sociais possuem na trajetória diária desses menores; Responder se os projetos sociais são suficientes para afastar jovens da criminalidade; Mostrar exemplos de integrantes do grupo “Sonhos do Morro” que conseguiram mudar sua trajetória de vida; Evidenciar como os moradores dessa localidade sofrem com o preconceito e a falta de estrutura e questionar a falta de incentivo e estrutura oferecida pelos órgãos públicos governamentais; Fazer com que o vídeo documentário sirva como instrumento para que o Projeto Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟, consiga patrocínios financeiros de entidades públicas e privadas; Evidenciar para a sociedade o quanto esse projeto é importante para a ressocialização de menores infratores. 3. PÚBLICO-ALVO Este vídeo-documentário é destinado em especial aos adolescentes e estudantes de um modo geral, como também para toda a sociedade. Pois, o seu tema refere-se ao valor dos projetos sociais que contribuem para a valorização e o resgate dos menores que vivem em meio à criminalidade. Pode-se dizer, portanto, que esse vídeo pode ser usado como ferramenta de debate educacional, além de quebrar paradigmas e de mostrar a realidade dos cidadãos que moram no morro do Bom Jesus e convivem com a falta de políticas públicas e da iniciativa privada. O documentário “É NÓS DO MORRO”, também é destinado aos demais projetos sociais, como forma de se pautar nos pontos positivos trabalhados pelo „Sonhos do Morro‟. Como também, pode ser observado como instrumento de viabilização para que órgãos municipais apliquem políticas públicas no morro do Bom Jesus, e também em localidades semelhantes à mencionada. 4. PROCEDIMENTOS TÉCNICO-METODOLÓGICOS A parte inicial da metodologia do vídeo-documentário “É NÓS DO MORRO” teve início com a escolha do tema, ainda no 2º semestre do curso de jornalismo, quando após a realização de um trabalho etnográfico, foi constatado a importância de ser oferecer um trabalho de conclusão de curso ao referido projeto social, que tanto faz pela comunidade do morro Bom Jesus, e consequentemente, por toda a cidade. Quanto à escolha do vídeo-documentário como formato de apresentação do trabalho, se deu no início do 7º período, quando foi formado o grupo e por haver a participação de um cinegrafista, houve a possibilidade de facilitação das etapas do projeto. Além do que, como foi discorrido na introdução, a junção audiovisual causa uma maior aproximação com a realidade, uma vez que possibilita a emoção através da junção das imagens e das narrativas de vida dos personagens. Como a intenção primordial do trabalho é provocar a reflexão na sociedade sobre a importância desse tipo de projeto social que ajuda menores carentes e como diz o ditado popular: “as imagens falam mais do que mil palavras”. Em seguida, foi dado início ao processo de levantamento de literatura. Foi necessário consultar a bibliografia específica para a construção da argumentação e informação acerca da construção de um documentário. Além disso, foram consultadas referências bibliográficas que mencionassem questões sociais com ênfase para a vida nas comunidades carentes, e obras que abordasse a problemática de violência infantil. A fase de coleta de dados foi trabalhada durante três anos, com o acompanhamento de alguns personagens do projeto, como também dos obstáculos que vinham sendo ultrapassados pelo grupo. Contudo, essa fase foi intensificada a partir de abril desse ano, quando teve início a coleta de dados atuais para embasar o relatório do pré-projeto, parte essencial para a conclusão da disciplina projeto experimental I, onde foi necessário entregar um esboço de como seria realizado o vídeo-documentário “É NÓS DO MORRO”. A fase de contatos, elaboração de pauta e marcação foram focadas nos dias que antecederam a principal marcação, que seria o primeiro dia de filmagens. O trabalho de captação das imagens teve início com os preparativos para o desfile do feriado de 7 de Setembro, dia esperado com muita ansiedade para apresentação do grupo pela principal avenida da cidade, com a presença de autoridades e o grande público. Como a sede do projeto fica localizada nas escadarias do morro Bom Jesus, o principal empecilho além de ser físico também foi psicológico. Subir o morro com um equipamento de filmagem, sendo desconhecido dos moradores e „invadindo‟ a rotina diária do local é algo que inicialmente causa medo e preconceito. No feriado da independência, as gravações começaram às 5h30 da manhã. Após acompanhar todo o desfile cívico, a maratona terminou às 13h após a apresentação do grupo e o retorno para a sede para guardar os instrumentos. Passado o período de captação de imagens do desfile, estava na hora de retornar ao morro para conhecer melhor a história de vida dos personagens principais. Se engana quem pensa que essa tarefa foi fácil. Entrar na intimidade de pessoas sofridas, com passado de criminalidade e dissabores é muito complicado. Fazer com que pessoas que se sentem excluídas socialmente falem dos problemas que as cercam e das tristezas que permeiam seu coração, não é tão simples quanto filmar o momento de descontração proporcionado pelo desfile de 7 de Setembro. Foram mais dois dias de gravações. Para se ter uma ideia dessa etapa, um dos entrevistados com uma história „barra pesada‟, após a entrevista disparou: “Eu sempre quis desabafar com alguém. Agora tô aliviado!”. Certos de terem ajudado ao projeto, as crianças de passado difícil sorriam alegremente sem temer a indiferença e o preconceito de abrirem as páginas mais sombrias do livro das suas vidas. Assim foi pautado o roteiro do vídeo documentário “É NÓS DO MORRO”. As principais cenas eram tidas como aquelas que mostrassem a verdadeira face do morro. Os principais argumentos eram aqueles que repassem a vida passada em comparação com a conquista atual. O que importa na verdade não quem está falando, mas o que cada um tem para falar. A mensagem só é recebida quando o receptor se deixa invadir pela realidade que abrange a vida dos menos favorecidos e chega até a porta dos bem sucedidos. Com base nessa argumentação, foi decidido que no decorrer do vídeo-documentário, os argumentos seriam a intenção primordial da narrativa. Não seria necessário creditar as pessoas, pois não importa quem elas são, qual sua profissão ou o local onde elas nasceram e vivem, mas sim o que elas têm para dizer. Os argumentos são as vozes desse documentário. Não importa se quem fala é um sociólogo, um policial ou mesmo um ex-viciado, o que realmente possui relevância é o que cada um tem para dizer. Essa voz é o estilo abordado pelos estudantes que escolheram esse tema como foco do trabalho de conclusão de curso. A exemplo desse argumento, foi verificado no filme documentário Ônibus 174, dirigido por José Padilha, que narra o outro lado da história real do desempregado Sandro do Nascimento, que no dia 12 de Junho de 2000, invadiu um ônibus na zona sul do Rio de Janeiro e fez ameaças aos passageiros. Após quatro horas e meia da invasão ao ônibus, Sandro fez a professora Geisa Gonçalves de escudo para sair do ônibus. Na sequência, a polícia interferiu no sequestro e na tentativa de atingir o sequestrador, um atirador de elite deferiu um tiro que atingiu a refém. Sandro do Nascimento foi preso, porém chegou ao hospital sem vida. A história da vida de Sandro, sobrevivente da chacina da candelária, que aconteceu em 23 de Julho de 1993, foi contada através desse vídeo9. O diretor também refletiu sobre a voz que ele queria dar ao filme e optou por deixar os argumentos falarem mais alto. Essa também foi a opção adotada no roteiro desse vídeo-documentário. Cada personagem que participou do documentário “É NÓS DO MORRO” possui uma voz única, independente do local onde vive e da história que tem para contar. Fernão Pessoa Ramos (2008), afirma que a estrutura narrativa do Ônibus 174, “possui uma amarração mais clássica que Notícias, tendo como polo de gravidade as imagens ao vivo do sequestro” 10. Essa forma de representar a realidade desse sequestro, mostrando também a vida do sequestrador, com imagens da morte real da refém e a suposta morte por sufocamento de Sandro Nascimento, segundo Ramos (2008) “compõem o horror da representação do popular criminalizado em seu embate com a truculência policial”11. Voltando para a realidade de Caruaru, muitos dos entrevistados para o vídeodocumentário afirmaram que: “Viver no morro é motivo para orgulho”. Diante desse fio condutor12 traçado pelos autores, o vídeo-documentário foi sendo moldado com base nos depoimentos e nos relatos de como é a vida no morro do Bom Jesus, uma vez que o projeto interfere diretamente nessa comunidade. Salientando que nem todos os integrantes do „Sonhos do Morro‟ moram no morro Bom Jesus. A fase de decupagem foi uma das mais difíceis, pois foram usadas 10 fitas para captura de imagens. Isso representa em média mais de 9 horas de gravações. Levando-se em consideração que avaliar um conteúdo tão extenso para preparar o roteiro, com base nos relatos mais importantes para a construção do vídeo, foi um trabalho que exigiu tempo e paciência. Em se tratando ainda da fase da construção do fio condutor que iria direcionar os assuntos, esses que são linkados por meio de cartelas que expressam a principal temática do bloco a seguir, surgiu a ideia de juntar ao vídeo uma trilha sonora que desse ritmo e 9 Informações retiradas de uma matéria jornalística do site G1 10 RAMOS, 2008, p. 228 11 RAMOS, 2008, p. 228 12 O fio condutor mencionado refere-se ao desfile de 7 de Setembro e a importância que esse dia tem para a vida dos integrantes do projeto. A explanação da vida de cada um foi entrelaçada com a importância que o projeto possui para essas pessoas e a mudança refletida para se manter no projeto. contextualização à temática abordada. A partir desse pensamento, foi adaptada a realidade do grupo „Sonhos do Morro‟, à letra da música Rap da felicidade, de autoria dos Dj´s Cidinho e Doca, que fez sucesso nos bailes funks cariocas e que pode representar a realidade de qualquer comunidade carente do país. Assim sendo, foi proposta a utilização da realidade da letra da música, adaptando-a ao contexto do morro do Bom Jesus. Contudo, para que a introdução de um videoclipe, que se distingue das unidades filme ou programa, não fosse encarada como forma de mudar a realidade do projeto e interferir na representação social do vídeo-documentário, foram consultadas referências bibliográficas acerca dessa temática. Na obra Mas afinal... o que é mesmo documentário?, de Fernão Pessoa Ramos (2008), o autor afirma que : [...] Dentro da metodologia que estamos utilizando para definir o campo documentário, apontando para o seu emprego em mídias diversas, videoclipe e narrativa documentária formam campos distintos, facilmente distinguíveis entre si. O que não impede, naturalmente, que narrativas documentárias incorporem videoclipes como material expressivo. [...] No videoclipe , a consecução da unidade plano não costura o espaço, como na narrativa clássica, mas segue o movimento da figura (sempre melódico), em sua forma imagem-camêra reflexa13. A articulação entre os planos explora efeitos de montagem, que se tornam explícitos como parte da própria melodia. (RAMOS, 2008, p. 71) Passada a fase de captação e produção das imagens e entrevistas, teve início a etapa de edição do material capturado. Para isso foi necessário consultar o roteiro, também conhecido como script, que foi elaborado anteriormente para que desse auxílio quanto à sequência de imagens e áudios utilizados na construção do vídeo-documentário. Essa também não foi uma das etapas mais simples (se é que podemos dizer que existiu alguma etapa fácil), pois é necessária habilidade com a edição de texto e imagem no processo de montagem da linha de raciocínio do documentário. Embora, a edição tenha contado com a colaboração de um profissional, toda a sequência foi sugerida pelo grupo. Levando em consideração que usar quase 10 horas de imagens para resumir em 20 minutos é uma tarefa que exige sensibilidade jornalística. Contudo, foram mais de 20 horas dedicadas ao processo de pré-edição, com a utilização de cortes de sonoras e de recursos técnicos, a exemplo de tarjas para créditos, vinhetas, uso de fusão e fade. Em seguida foi necessária a avaliação do 13 RAMOS (2008, p. 133) coloca que a imagem-camêra precisa incorporar para si, a dimensão instantânea e não subjetiva da composição imagética do reflexo. Sendo a imagem-camêra a mediação de uma máquina chamada câmera, operada por um indivíduo que ele intitula de sujeito-camêra. professor orientador, e após suas indagações começou-se à etapa de edição final. Em meio a tantos procedimentos técnicos e metodológicos, foi sendo produzido o relatório textual, que contém todas as descriminações teóricas e práticas utilizadas pelo grupo para a construção desse vídeo-documentário. Em se tratando da construção e finalização do projeto, passando pela trajetória inicial até chegar ao produto pronto, foi árdua. Através do caminho trilhado, passando por todos os processos de pesquisa, apuração, produção e edição, chegou-se ao trabalho final que se compõe apenas de uma narrativa embasada na voz de depoimentos. Como cita Hampe (1997, p. 09), “a vida não vem com um narrador ou música de fundo”, por isso utilizou-se, no documentário, apenas sonoras (depoimentos) dos personagens, devidamente editadas e interligadas seguindo um roteiro pré-estabelecido e, posteriormente, adaptado às captações realizadas, com a intenção de dar mais realismo ao trabalho. 5. PRODUTO JORNALÍSTICO Na etapa de elaboração de um vídeo-documentário tudo interfere no resultado. Para que o resultado final seja o esperado, é necessária a junção de equipamentos e circunstâncias (quantidade de luz, local, etc.) para que se possa acrescentar uma formatação ao produto final. Os tópicos seguintes trazem as especificações técnicas próprias do vídeo-documentário produzido: a) Nome do vídeo-documentário: “É NÓS DO MORRO”; b) Equipamentos utilizados para a captação das imagens: Sony HDV-HVRV1N; c) Equipamentos utilizados para a captação do áudio: Microfone tipo lapela Sony UWP (sonoras), microfone direcional do próprio equipamento (demais imagens); d) Suporte de gravação: Fitas MiniDV Sony (imagens e sonoras); e) Iluminação utilizada em ambientes internos: tripé de iluminação de 1000 watts; f) Outros equipamentos: Tripé; g) Duração do vídeo sem os créditos: 17‟40”; h) Duração total do vídeo: 19‟50” ; i) Trilha sonora: Rap da Felicidade (Dj Cidinho e Dj Doca), A Carne (Seu Jorge, Marcelo Yuca e Wilson Capellette) e trechos da apresentação do banda de percussão „Sonhos do Morro‟; j) Programa utilizado na edição: Adobe Première Pro; l) Fonte utilizada nos créditos e nas cartelas: Arial Bold; m) Cor da fonte: Branca; n) Blocos: Os assuntos são divididos através de cartelas que reforçam a temática que será argumentada pelos entrevistados. Ao todo, são apresentadas cinco cartelas. Cada cartela é reforçada pela linguagem popular, ou seja, foram utilizadas gírias do cotidiano das periferias para expressar o teor dos argumentos do bloco. Sendo assim, o 1º bloco é marcado pela gíria no batente, que se refere ao trabalho realizado pelos integrantes do grupo, no dia que antecede o desfile cívico. No 2º bloco foi utilizada a expressão: O dia dos “caras”, escolhida com base no depoimento de um dos integrantes que afirma que durante o desfile se sente „o cara‟ vendo todo mundo olhar para ele. Já o 3º bloco enfatiza as histórias de vida de alguns dos integrantes do projeto, principalmente antes de participarem do grupo, quando usavam drogas e cometiam delitos. Por isso, esse bloco foi intitulado de Barra Pesada. O 4º bloco tratou sobre o projeto social e a contribuição oferecida aos integrantes. Com base nisso, a cartela foi nomeada de Sonhos do Morro. A última cartela, que encerra o vídeo-documentário, mostra a visão de moradores e autoridades sobre a criminalidade existente no morro e as dificuldades dos moradores com a falta de estrutura no local. Com isso, o bloco recebeu o nome de Morro Bom Jesus. O vídeo-documentário “É NÓS DO MORRO” não possui uma linha tênue de argumentação, baseada na construção lógica de início, meio e fim. Sendo assim, foi utilizado como fio condutor o momento mais esperado pelo grupo, que é o desfile cívico de 07 de Setembro. A narrativa tem início a partir dos preparativos para o desfile, passando pela concretização da apresentação do grupo, explorando as histórias de vida antes e depois de entrarem para o projeto e fechando com a problemática encontrada no local onde o projeto atua. Para concluir a argumentação audiovisual foi contextualizada a fala do fundador do projeto, onde ele enfatiza que os integrantes do grupo “são o morro Bom Jesus”, com a apresentação do videoclipe que interliga a letra da música Rap da Felicidade com a realidade de vida dos moradores do morro Bom Jesus e com o anseio comum de ser feliz no local onde nasceram sendo representada pela letra da música. De forma que, por se tratar de um projeto social que enfatiza a musicalidade, foi visto que a música seria a melhor maneira de finalizar o vídeo-documentário. 6. CRONOGRAMA Escolha do tema e formato: Essa fase consiste em definir o tema abordado e a forma como ele será apresentado. Período: Fevereiro de 2009. Levantamento de literatura: Nessa etapa, se fez necessária uma ampla abordagem em obras que explorassem a temática voltada para as técnicas utilizadas para a gravação de um vídeo-documentário, como também a consulta bibliográfica a obras que explorassem a vida de crianças que moram em comunidades carentes. Período: Fevereiro a Agosto de 2009. Coleta de Dados: Pesquisa de campo, onde foi preciso iniciar a busca por informações sobre o morro do Bom Jesus e o Projeto Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟. Período: Março a Agosto de 2009. Conclusão do pré-projeto: Período que as pesquisas iniciais foram concluídas e mensuradas em um pré-projeto para concluir a disciplina Projeto Experimental I, sendo proposta a execução do vídeo-documentário “É NÓS DO MORRO”. Período: Maio de 2009. Revisão e entrega do pré-projeto: conclusão do pré-projeto para a avaliação da professora responsável pela disciplina. Período: Junho de 2009. Orientação: Essa fase teve a importância de nortear o fio condutor do vídeodocumentário e do relatório. A partir das conversas semanais com o orientador, o roteiro foi sendo definido e o projeto foi ganhando recursos técnicos, como: trilha sonora, cartelas entre os blocos, definição de imagens importantes entre outros. Período: Agosto a Novembro de 2009. Definição de personagens: Só a partir das primeiras gravações é que os personagens foram sendo definidos, de acordo com suas histórias de vida e a integração junto ao projeto social. Período: Setembro e Outubro de 2009. Produção, marcação e gravações: O período de captação de imagens teve início no dia 06 de Setembro, dia que antecede o desfile de cívico. No dia 07 de Setembro houve uma grande captação de sonoras e imagens, pois era o principal dia para os integrantes do projeto social. Passada essa fase, as gravações foram pausadas, pois o grupo estava viajando para se apresentar em outras cidades do Estado, sendo retomadas por mais dois domingos do mês de outubro, 04 e 11, respectivamente. Período: Setembro e Outubro de 2009. Decupagem e pré-edição: A fase de decupagem foi sendo iniciada em conjunto com a produção do roteiro, devido a grande quantidade de material audiovisual colhido durante as gravações. Contudo, a pré-edição foi iniciada após a captura de todo o material. Período: Setembro e Outubro de 2009. Produção do relatório: A partir das orientações e do levantamento de informações sobre o formato escolhido o relatório foi sendo elaborado com base nas referências bibliográficas e no contexto da execução do vídeo-documentário. Período: Setembro a Novembro de 2009. Revisão geral do vídeo e do relatório: Após a execução de ambos os trabalho, textual e prático, o material foi submetido à analise do orientador, que fez as correlações e encaminhou as alterações finais. Período: Novembro de 2009. Edição final do vídeo/ conclusão do relatório/ entrega do projeto: Feitos os devidos ajustes após a revisão, é chegada a hora de entregar o projeto para a avaliação da banca examinadora. Período: Novembro de 2009. Defesa: Apresentação do vídeo-documentário “É NÓS DO MORRO” para a banca examinadora e defesa dos argumentos apresentados no relatório de execução do projeto. Período: Novembro de 2009. 7. RECURSOS FINANCEIROS DESCRIMINAÇÃO DE MATERIAL E EQUIPAMENTOS 1. Combustível para locomoção (carro e moto) 50,00 2. Dvd´s virgens (10 unidades) 15,00 3. Fitas dvcam ( 10 unidades) 130,00 4. Cinegrafista * 5. Edição de imagens * 6. Câmera filmadora * 7. Impressão das capas dos DVD´s, mídias de DVD´s e etiquetas 25,00 8. Caixas transparentes para DVD 15,00 9. Recarga de cartucho da impressora (colorida e preto e branco) 24,00 10. Encadernação do projeto 8,00 11. Encadernação em capa dura 50,00 12. Computador * 13. Despesas com alimentação 60,00 14. Impressões do relatório 36,00 15. Caixas para entrega do relatório 15,00 Total das despesas 14 R$ 428,0014 Os itens mencionados não se aplicam às despesas, pois um componente do grupo é cinegrafista e conseguiu a edição gratuita com um colega de trabalho. A câmera filmadora foi cedida pela Faculdade do Vale do Ipojuca, não gerando ônus para o grupo. O item computador também não se aplica, pois já possuíamos. 8. CONCLUSÃO Ao fim desse processo foi percebido que levar as questões sociais para o âmbito da reflexão é auxiliar o processo de amadurecimento, tanto dos profissionais de comunicação, quanto de quem está do outro lado, como receptor. Ter a oportunidade de conhecer melhor a vida de pessoas que moram em comunidades carentes, mas que mesmo assim não se abalam e procuram condições dignas para viver e criar os filhos, é um exemplo de vida. Participar ativamente do Projeto Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟, foi ter o privilégio de comungar da sensação de vitória por estar com eles, num momento tão especial, sendo vistos e aplaudidos por centenas de pessoas que admiravam o trabalho de moradores do morro. Esse projeto ensinou a importância de vencer o preconceito, romper obstáculos e quebrar paradigmas, pois cada frase de desmotivação que alguém dizia ao saber o local que seria realizado o vídeo-documentário [o morro] só impulsionou a busca pela concretização do trabalho final. É notório que falar do desconhecido é o mesmo que cobri-lo pelo senso comum e estampá-lo como algo intocável. Essa foi à busca desse projeto. Mostrar o verdadeiro lado do morro. Onde cidadãos buscam novas alternativas para viver. Mães temem que a marginalidade alcance seus filhos e os levem para detrás das grades ou para os cemitérios. Contudo, há sempre uma possibilidade de ressocialização. Pode-se ver através das narrativas que certos ditados populares possuem fundo de verdade, como o que diz que „errar é humano, mas permanecer no erro é burrice‟. Na sociedade em que o projeto „Sonhos do Morro‟ atua, muitos integrantes já erraram, participaram de pequenos furtos, uns chegaram a ser presos, outros, mesmo sendo de boa família, se envolveram com drogas. Porém, souberam aproveitar a chance que o destino lhes ofertou, através desse projeto social. A realização e finalização desse trabalho foi um privilégio. Integrar e interagir com pessoas que sonham em um dia estar numa faculdade e ser um profissional reconhecido, só reforça a importância desses quatro anos dedicados à leituras, execuções de trabalhos acadêmicos, e a produções de produtos jornalísticos. Enfim, tudo o que foi vivenciado na sala de aula e fora dela, serviu como base para concretização de um sonho coletivo, pois muitos torceram e sofreram com os dilemas de cada avaliação e momento de preocupação acadêmica. Não restam dúvidas que esse trabalho foi concretizado com base em muito suor, derramado a cada vez que subíamos o morro (afinal, são 365 degraus), expelido no desfile de 07 de Setembro, onde diversas ruas da cidade serviram como palco para que os sonhos de pessoas do morro fossem concretizados. Além do suor, também houve as lágrimas, contidas em cada entrevista, onde se ouvia histórias de vida de pessoas tão jovens que já tinham tanto a falar. Lágrimas esbanjadas durante o desespero de que as coisas não saíssem como o esperado, ou de que nada desse certo. Após terminar esse relatório e de concluir a última edição do vídeo-documentário “É NÓS DO MORRO”, as lágrimas são apenas de alegria por ver que valeu a pena cada segundo desses quatro anos dedicados ao crescimento intelectual, pois com certeza através da execução de cada etapa desse vídeo-documentário o crescimento foi humano e emocional. Ressaltando também que foi possível responder, através da execução de todas as etapas, os questionamentos iniciais levantados sobre a importância desse trabalho para a sociedade, como também para os integrantes do referido projeto social. De modo que, é possível afirmar que por meio dos relatos de vida e da exaltação da contribuição dada pelo Projeto Movimento pelo Cidadão „Sonhos do Morro‟, será aguçada a reflexão da sociedade acerca da importância de iniciativas sociais para ajudar as comunidades carentes. Como também, pôde ser reforçada a constatação de que organizações não governamentais podem não somente retirar, mas ressocializar, jovens que vivem em meio à criminalidade. Isso foi exemplificado através das histórias de vida narradas por alguns dos integrantes do projeto. Contudo, se enfatiza que a conclusão desse projeto poderá ter a finalidade de ampliar a divulgação na sociedade acerca do trabalho realizado pelo „Sonhos do Morro‟, mas acima disso, também servirá como parâmetro para evidenciar a atitude humana em meio à inércia dos órgãos públicos. Mostrando que mesmo envoltos no preconceito e na falta de infraestruturas básicas, alguns moradores do morro Bom Jesus encontram na música uma válvula de escape para fugir da realidade que os rodeiam. Desta feita, concluí-se que o anseio almejado no início da elaboração e produção desse trabalho atendeu a todas as expectativas. Uma vez que a mensagem pretendida pelos seus idealizadores foi atingida em cada frase e em cada gesto dos integrantes do projeto social, como também de todos os entrevistados que participaram para a concretização do vídeodocumentário “É NÓS DO MORRO”. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARMES, Roy. On vídeo: o significado do vídeo nos meios de comunicação. Tradução de George Schlesinger. São Paulo: Sammus, 1999. AZEVEDO, Amélia Maria.(Org.). Infância e Violência Doméstica: fronteiras do conhecimento. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2000. FIELD, Syd. Manual do Roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. NICHOLS, Bill. Introdução ao Documentário. Tradução de Mônica Saddy Martins. 3ª ed. Campinas, SP: Papirus, 2005. PEREIRA, Carlos Alberto Messeder (Org.). Linguagens da Violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. RAMOS, Fernão Pessoa. Mas afinal... o que é mesmo documentário?. São Paulo: Senac São Paulo, 2008. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª Ed. São Paulo: Atlas,2002. MARTINS, Gilberto de Andrade. Guia para elaboração de monografias e projetos de conclusão de curso. São Paulo: Atlas, 2000. G1. Ônibus 174 – Uma tragédia com repercussão internacional. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,AA1345876-5606,00.html>. Acesso em: 18/10/2009 às 18h45. APÊNDICE ROTEIRO INICIAL VÍDEO-DOCUMENTÁRIO: “É NÓS DO MORRO” ALUNOS: JAILSON LIMA E SANDRA SILVA IMAGENS DO MORRO (IMAGENS GERAIS DO MORRO, IMAGENS DE BECOS, DA SITUAÇÃO DE ABANDONO DAS PESSOAS) SOBE SOM DA MUSICA DE ELZA SOARES SONORA COM ALGUM MORADOR QUE NÃO TENHA VÍNCULO COM O PROJETO (FALANDO DA SITUAÇÃO DE SE VIVER NO MORRO) NARRATIVA DO COORDENADOR DO PROJETO (VALDÊNIO SILVA) (FALANDO QUE APESAR DA SITUAÇÃO DAS PESSOAS DALI EXISTEM PROJETOS DISPOSTOS A AJUDAR ESSAS PESSOAS E UM DELES É O SONHOS DO MORRO) IMAGENS DA SEDE DO PROJETO SOBE SOM DOS ENSAIOS IMAGENS DOS ENSAIOS SONORA PERSONAGEM 1 A ESCOLHER (FALANDO A IMPORTÂNCIA DO PROJETO EM SUA VIDA) IMAGENS ENSAIOS SONORA PERSONAGEM 2 (FALANDO DA IMPORTÂNCIA DO PROJETO PARA QUE SE OCUPE COM ALGUMA ATIVIDADE SADIA E NÃO ENTRE NO MUNDO DAS DROGAS E DA CRIMINALIDADE) SONORA COM PAI DE ALGUM DOS INTEGRANTES DO GRUPO (FALANDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DE TER O PARENTE NO PROJETO E SOBRE A DISCRIMINAÇÃO QUE AS PESSOAS QUE MORAM ALI SOFREM) IMAGENS ENSAIOS SONORA DE ALGUEM QUE PARTICIPOU, MAS NÃO FAZ MAIS PARTE DO PROJETO (FALANDO DE COMO O PROJETO FEZ FALTA EM SUA VIDA) SONORA COM UM SOCIÓLOGO (FALANDO SOBRE A BANALIZAÇÃO DA CRIMINALIDADE NOS CENTROS PERIFÉRICOS) IMAGENS DE BATIDAS POLICIAIS SONORA POLICIAL (FALANDO SOBRE O QUE ELE PENSA SOBRE A CRIMINALIDADE ENVOLVENDO OS GAROTOS QUE MORAM NO MORRO E A IMPORTÂNCIA DESSES PROJETOS SOCIAIS) SONORA VALDÊNIO (EXPLICANDO O INICIO DO PROJETO, A IMPORTÂNCIA PARA AS PESSOAS DO MORRO E PARA AS PESSOAS QUE PARTICIPAM DO MESMO, E DA EXPECTATIVA DO DESFILE DE 7 DE SETEMBRO) NESSA SONORA SE INTERCALA IMAGENS DA ANTIGA SEDE, DA NOVA SEDE E DOS ENSAIOS IMAGENS ENSAIOS SONORA PERSONAGEM 3 (FALANDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO DESFILE DE 7 DE SETEMBRO)ESSE PERSONAGEM É O QUE VAI SER ACOMPANHADO NO DIA DO DESFILE IMAGENS DO PERSONAGEM 3 SE PREPARANDO PRO DESFILE ( SE ARRUMANDO EM CASA, INDO PRA AVENIDA, DESFILANDO, ETC) SONORAS COM UMAS 03 CRIANÇAS QUANDO ACABAR O DESFILE (FALANDO DA IMPORTÂNCIA DE PARTICIPAR DESSE MOMENTO E DO PROJETO NA VIDA DELES) IMAGENS DO DESFILE INTERCALADAS COM IMAGENS DO MORRO SOBE SOM DO RAPPA CRÉDITOS FINAIS SUGESTÕES: IMAGENS DE OUTROS FILMES QUE TRATEM DESSE ASSUNTO, OU MESMO DE MANCHETES DE JORNAIS DE TV FALANDO SOBRE A CRIMINALIDADE NO MORRO ROTEIRO FINAL VÍDEO-DOCUMENTÁRIO: “É NÓS DO MORRO” ALUNOS: JAILSON LIMA E SANDRA SILVA ÁUDIO VÍDEO ÁUDIO DO GRUPO TOCANDO.// IMAGENS ALTERNADAS DA PREPARAÇÃO PARA O DESFILE E DO DESFILE COM FADES INTERCALADOS ENCERRANDO COM O PERSONAGEM FALANDO “É NÓS DO MORRO” E A IMAGEM DO INSTRUMENTO. EFEITO DE SLOW ENCERRANDO COM FADE OUT// NOME DO DOCUMENTÁRIO “É NÓS DO MORRO” NO FADE.// FADE IN NOME DO DOCUMENTÁRIO “É NÓS DO MORRO” FADE OUT.// SOBE SOM MUSICA RAP DA FELICIDADE.// IMAGENS DO MORRO.// SOBE SOM MUSICA RAP DA FELICIDADE.// CARTELA DIZENDO “NO BATENTE”.// SOBE SOM MUSICA RAP DA FELICIDADE.// SONORA WILLANEYSON LOPES. IMAGEM DE WILLANEISON//PLANO AMERICANO MÉDIO //INTERCALADA COM IMAGENS DOS PREPARATIVOS.// D.I:HOJE É O DIA... D.F:NÓS MAIS TRABALHA. IMAGENS DOS PREPARATIVOS.// IMAGEM DE RENATO//PLANO AMERICANO MÉDIO //INTERCALADA COM IMAGENS DOS PREPARATIVOS.// SONORA RENATO MARQUES D.I:SÓ QUEM SENTE... D.F:PESSOA QUANDO TÁ TOCANDO LÁ. IMAGENS DOS PREPARATIVOS.// IMAGEM DE VALDÊNIO//PLANO AMERICANO MÉDIO//CORTE PARA BIG CLOSE.// SONORA VALDÊNIO SILVA AUDIO VAZANDO A IMAGEM. D.I:ELES SÃO MEUS FILHOS... D.F:MEXER COM ESSES MENINOS. IMAGEM DE THIAGO//PLANO AMERICANO MÉDIO//CORTE SECOPARA BIG CLOSE.// SONORA THIAGO ROBERTO D.I.: É UMA BANDA QUE... IMAGEM DOS PREPARATIVOS.// D.F.: SÓ DAR SHOW. IMAGEM DE RIDELVAN EM MOVIMENTO E EM PLANO AMERICANO MÉDIO SUBINDO AS ESCADARIAS.// SONORA RIDELVAN FERREIRA D.I:CORAÇÃO TÁ A MIL... D.F:TÃO PREPARADOS. //IMAGEM PLANO ABERTO// JOSÉ MANOEL GRITANDO “É NÓS DO MORRO UHHU!”.// IMAGENS DO MORRO.// SOM AMBIENTE.// SOBE SOM DA MÚSICA RAP DA FELICIDADE.// CARTELA DIZENDO “O DIA DOS “CARAS””.// SOBE SOM DA MÚSICA RAP DA FELICIDADE.// IMAGENS DO MORRO //INTERCALADAS COM IMAGEM DOS PREPARATIVOS.// IMAGEM DOS PREPARATIVOS.// SOBE SOM DA MÚSICA RAP DA FELICIDADE.// IMAGEM//PLANO ABERTO DE WILLANEYSON SE PREPARANDO PARA O DESFILE.// SOBE SOM DO GRUPO.// SONORA WILLANEYSON LOPES. D.I:SEMPRE DÁ EMOÇÃO... IMAGENS DO GRUPO SUBINDO O MORRO.// D.F:QUE CHEGUE A HORA. SOBE SOM DO GRUPO IMAGEM DE VALDÊNIO//PLANO ABERTO.// SONORA VALDÊNIO SILVA. D.I:DESCER A LADEIRA... IMAGENS DO INICIO DA DESCIDA DO MORRO.// D.F:UM ÓTIMO DIA. IMAGENS DO MORRO INTERCALADAS COM IMAGENS DO INICIO DA DESCIDA DO MORRO.// SOBE SOM DO GRUPO.// SOBE SOM DO GRUPO.// SONORA RENATO MARQUES IMAGEM DE RENATO MARQUES//PLANO AMERICANO MÉDIO//INTERCALADA COM IMAGENS DELE NA AVENIDA.// IMAGENS DO GRUPO NO DESFILE DO DIA 07 DE SETEMBRO.// D.I:QUANDO EU OLHO... D.F:QUANDO ESTÁ TOCANDO. IMAGENS DA VOLTA DO DESFILE.// SOBE SOM DO GRUPO.// AUDIO AMBIENTE.// SOBE SOM DA MÚSICA RAP CARTELA DIZENDO “BARRA PESADA”.// IMAGENS DO MORRO.// DA FELICIDADE.// IMAGEM DE MARISÉLIA//BIG CLOSE.// SOBE SOM DA MÚSICA A CARNE.// IMAGEM DA BATIDA DO TREME-TERRA.// SONORA MARIZÉLIA BARBOSA. D.I:PRA ELES É... D.F:ESSE PROJETO AJUDA. IMAGENS DE GLAUCIO//PLANO ABERTO //FUSÃO ENTRE OS CORTES.// SOM DA BATIDA DO TREMETERRA.// SONORA GLAUCIO DO CARMO. IMAGEM DA BATIDA DO TREME-TERRA.// D.I:TEMPO PASSADO... D.F:BOLA PRA FRENTE. IMAGEM DE RAVELLI EM PLANO ABERTO COM FUSÃO ENTRE OS CORTES.// SOM DA BATIDA DO TREMETERRA.// IMAGEM DA BATIDA DO TREME-TERRA.// SONORA THOMAS RAVELLI. D.I:MEU PAI... D.F:FAZER MAIS. IMAGEM DE THIAGO//PLANO ABERTO.// SOM DA BATIDA DO TREMETERRA.// IMAGEM DA BATIDA DO TREME-TERRA.// SONORA THIAGO ROBERTO D.I:ELES QUEREM... D.F:CAIU NA FUNDAC JÁ. IMAGEM DE DAYVIDSON//PLANO ABERTO //FUSÃO ENTRE OS CORTES.// SOM DA BATIDA DO TREMETERRA.// SONORA DAYVIDSON CARLOS IMAGEM DA BATIDA DO TREME-TERRA.// D.I:É FUMAR MACONHA... D.F:PRESO OU MORTO. IMAGEM DE WILLANEYSON//PLANO ABERTO//FUSÃO ENTRE OS CORTES.// SOM DA BATIDA DO TREMETERRA.// SONORA WILLANEYSON LOPES. D.I:EU DIZIA A MINHA MÃE... IMAGEM DA BATIDA DO TREME-TERRA.// D.F: COM DROGAS. IMAGEM DE GRACIETE//PLANO ABERTO //FUSÃO ENTRE OS CORTES.// SOM DA BATIDA DO TREMETERRA.// SONORA GRACIETE DO CARMO. D.I:AGENTE SÓ ESPERA... CARTELA DIZENDO “SONHOS DO MORRO” D.F:MUITO FELIZ. SOBE SOM DO GRUPO SOBE SOM DO GRUPO IMAGENS DO GRUPO DO DIA 07 DE SETEMBRO.// IMAGEM DE VALDÊNIO//PLANO ABERTO //FUSÃO ENTRE OS CORTES.// CORTE SECO.// SONORA VALDÊNIO SILVA. D.I:NO ANO DE 2001... D.F:NA MINHA MÃO. IMAGEM DE RAVELLI//PLANO ABERTO.// //CORTE SECO.// SONORA THOMAS RAVELI. D.I:ELA AJUDA MUITO... D.F:FUTURO NA VIDA. IMAGEM DE VALDONILSON//PLANO ABERTO.// SONORA VALDONILSON SANTOS. //CORTE SECO.// D.I:A MÚSICA... D.F:DENTRO DO GRUPO. IMAGEM DE THIAGO//PLANO ABERTO //FUSÃO ENTRE OS CORTES.// //CORTE SECO.// SONORA THIAGO ROBERTO D.I:O PROJETO FOI... D.F:SOUBE VIVER. IMAGEM DE GRACIETE//PLANO ABERTO.// SONORA GRACIETE DO CARMO. //CORTE SECO.// D.I:ME SINTO MUITO... D.F:PRO ENSAIO TAMBÉM. SONORA DAYVIDSON CARLOS D.I:O PROJETO FOI... IMAGEM DE DAYVIDSON//PLANO ABERTO //FUSÃO ENTRE OS CORTES.// IMAGEM DE ELAINE//PLANO ABERTO//FUSÃO ENTRE OS CORTES.// D.F: MINHA CABEÇA. SONORA ELAINE DE OLIVEIRA. //CORTE SECO.// D.I:AGENTE VEM, ENSAIA... D.F:QUE AGENTE SENTE. IMAGEM DE VALDONILSON//PLANO ABERTO.// SONORA VALDONILSON SANTOS. D.I:EU ACHO QUE QUANDO... D.F:PESSOA NA SOCIEDADE. //CORTE SECO.// IMAGEM DE JOSICLEIDE//PLANO ABERTO.// SONORA JOSICLEIDE DOS SANTOS. D.I:O GRUPO... CORTE SECO.// D.F:SEM NENHUMA DÚVIDA. IMAGEM DE VERA//PLANO ABERTO.// SONORA VERA LÚCIA. D.I:UMA VEZ O PADRE... //CORTE SECO.// D.F:CAMINHOS DE VIDA. IMAGEM DE VALDÊNIO// PLANO ABERTO.// SONORA VALDÊNIO SILVA. D.I:QUANDO VOCÊ... D.F:NA MINHA MÃO. //CORTE SECO.// IMPROVISO DE LEONEL DO SAMBA /FADE OUT// ÁUDIO AMBIENTE. CARTELA DIZENDO “MORRO BOM JESUS” IMAGENS DO MORRO SOBE SOM MÚSICA A CARNE IMAGEM DE JOSICLEIDE//PLANO ABERTO//FUSÃO ENTRE OS CORTES.// SONORA JOSICLEIDE DOS SANTOS. D.I:VOCÊ VÊ... //CORTE SECO.// D.F:COMO CRIANÇAS. IMAGEM DE GLAUCIO//PLANO ABERTO.// SONORA GLAUCIO DO CARMO. //CORTE SECO.// D.I:NEM TODO MUNDO... D.F:MAIS POR FORA. IMAGEM DE MANOEL//PLANO ABERTO.// SONORA JOSÉ MANOEL. D.I:PRECONCEITO TEM... //CORTE SECO.// D.F:AGENTE DIREITO. IMAGEM DE WILLANEYSON//PLANO ABERTO.// SONORA WILLANEYSON LOPES. D.I: MORAR NO MORRO... //CORTE SECO.// D.F:MORAR NO MORRO. IMAGEM DE FREITAS//PLANO ABERTO//FUSÃO ENTRE OS CORTES//FADE OUT.// SONORA KLÉBER FREITAS. IMAGEM DE ENSAIO.// D.I:AGENTE CONVERSOU... D.F:NUNCA ISSO AI. IMAGEM DE VALDÊNIO//PLANO ABERTO//FUSÃO ENTRE OS CORTES//FADE OUT.// SOM AMBIENTE ÁUDIO VAZANDO A IMAGEM SONORA VALDÊNIO SILVA. IMAGENS DO GRUPO DESFILANDO NO DIA 07 DE SETEMBRO//FADE OUT.// D.I:ESSA AQUI É A SEDE... D.F:NA MINHA MÃO. IMAGEM DE VALDÊNIO//PLANO ABERTO.// SOBE SOM DO GRUPO SONORA VALDÊNIO SILVA. D.I:ELES TEM UMA ENERGIA... D.F:MORRO BOM JESUS AH. //////////////////////////CLIPE FINAL//////////////////////// SOM AMBIENTE IMAGEM DE WILLANEISON SUBINDO AS ESCADARIAS//PLANO ABERTO//SEGUE FECHANDO A IMAGEM//CORTE SECO PARA A ÚLTIMA FRASE//MOVIMENTO FAST//IMAGEM ABERTA.// SOM AMBIENTE SOM DO GRUPO TOCANDO A MÚSICA RAP DA FELICIDADE//FUSÃO PARA O ÁUDIO DO GRUPO MONOBLOCO TOCANDO A MESMA MÚSICA /////////////////////CRÉDITOS FINAIS//////////////////// /////////////////SOBE SOM MÚSICA FOTO DE WILLANEYSON COM CRÉDITO.// RAP DA FELICIDADE ATÉ O FINAL DO DOCUMENTÁRIO////////////////////// FOTO DE DAYVIDSON COM CRÉDITO.// FOTO DE GRACIETE COM CRÉDITO.// FOTO DE JOSICLEIDE COM CRÉDITO.// FOTO DE MARIZÉLIA COM CRÉDITO.// FOTO DE LEONEL COM CRÉDITO.// FOTO DE MANOEL COM CRÉDITO.// FOTO DE GLAUCIO COM CRÉDITO.// FOTO DE RAVELLI COM CRÉDITO.// FOTO DE THIAGO COM CRÉDITO.// FOTO DE ELAINE COM CRÉDITO.// FOTO DE RENATO COM CRÉDITO.// FOTO DE RIDELVAN COM CRÉDITO.// FOTO DE VALDONILSON COM CRÉDITO.// FOTO DE FREITAS COM CRÉDITO.// FOTO DE VERA COM CRÉDITO.// FOTO DE VALDÊNIO COM CRÉDITO.// FOTO DE DIOGO HELENO COM CRÉDITO //IN MEMORIAN.// CRÉDITOS Esta produção é parte integrante da disciplina Projeto Experimental II, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, da Faculdade do Vale do Ipojuca – Favip. Diretores Luiz de França Leite Vicente Jorge Espíndola Rodrigues Diretora Executiva Profª. Mauricélia Bezerra Vidal Diretor Acadêmico Prof. Marjony Barros Camelo Coordenadora do Curso de Jornalismo Profª Rosângela Araújo de Souza Professor Orientador Prof. Tenaflae Lordelo Alunos Jailson Lima de Azevêdo Sandra Paula B. Silva Imagens Jailson Lima Edição Jailson Lima Sandra Silva Edição de Imagens Adilson Lira Direção Geral / Roteiro / Pesquisa Jailson Lima Sandra Silva Músicas utilizadas neste documentário “Rap da Felicidade” Intérprete – Monobloco Compositores Dj Cidinho e Dj Doca “A Carne” Intérprete – Elza Soares Compositores Seu Jorge, Marcelo Yuca E Wilson Capellette Agradecimentos Projeto Movimento pelo Cidadão Sonhos do Morro Tenaflae Lordelo Rosângela Araújo Valdonilson Santos Capitão Freitas Rosildo Brito Wagnner Salles Adilson Lira Aos moradores do morro Bom Jesus E a todos que contribuíram com a realização deste projeto, incluindo família, amigos e colaboradores.