BRASÍLIA-DF, QUINTA-FEIRA, 21 DE MAIO DE 2015 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 17 | Nº 3405 Congresso reunirá pleitos de governadores PEC que limita transferência de novos encargos a entes federados sem previsão de recursos pode ser votada até julho Governadores de 22 estados e do Distrito Federal reuniram-se ontem com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros, para discutir mudanças no pacto federativo, e apresentaram sugestões para tentar reequilibrar suas contas. As propostas serão sistematizadas por deputados e senadores. Houve acordo sobre PEC que proíbe transferência de novos encargos sem previsão de verbas. | 5 Lucio Bernardo Jr. A reunião, no Salão Negro, teve também a presença de líderes partidários da Câmara e do Senado Para ministro, projetos da Defesa não podem sofrer corte de recursos Plenário aprova autorização a parcerias público-privadas no Poder Legislativo Ministro Jaques Wagner disse a deputados que cortes previstos no Orçamento não podem atingir áreas estratégicas. | 4 Após intensos debates entre os parlamentares, foi aprovada ontem a autorização para que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal possam celebrar parcerias público-privadas (PPPs) para reali- zar obras. A permissão consta da Medida Provisória 668/15, que aumenta tributos sobre produtos importados. Com a análise dos destaques, a votação da MP foi concluída. O texto vai ao Senado. | 3 USP Imagens Apenas 13 estados e o DF pagam piso dos professores Em audiência na Câmara, representante do Ministério da Educação admitiu que as dificuldades de pagamento do piso mínimo afastam jovens do magistério. | 7 Disque - Câmara 0800 619 619 www.camara.leg.br/camaranoticias 2 | JORNAL DA CÂMARA 21 de maio de 2015 Ato critica reforma política discutida na Câmara Entidades da sociedade civil defendem projeto de iniciativa popular para a reforma que foi apresentado em 2013 Entidades trouxeram à Câmara 650 mil assinaturas contrárias à proposta de reforma política que irá a votação na Casa. Elas defendem o projeto de iniciativa popular apresentado em 2013 (PL 6316/13). O ato contou com participação de representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Contag, UNE e Ubes. Os ativistas empunharam cartazes contra o financiamento eleitoral por empresas e foram apoiados por parlamentares de PT, PCdoB e Psol. AGENDA QUINTA-FEIRA 21 de maio de 2015 J. Batista As entidades colheram 650 mil apoios ao projeto de 2013 O líder do PT, Sibá Machado (AC), criticou a proposta em análise pela Câmara, que prevê financiamento misto (público e empresas) e acaba com a eleição proporcional para deputados, que passariam a ser eleitos pelo » Indústria naval aliza audiência com representantes da Justiça. Plenário 11, 9h30 A Comissão de Minas e Energia realiza audiência pública sobre a crise da indústria naval no Brasil. É convidado o ministro chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Plenário 14, 9h30 » Combate à obesidade » Produtos infantis A Comissão de Constituição e Justiça promove audiência sobre projeto que disciplina a propaganda de produtos infantis. Plenário 1, 9h » Efeitos do ajuste A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio debate ajuste fiscal e seus impactos econômicos. Plenário 5, 9h30 Audiência da Comissão de Seguridade Social discute as políticas públicas de prevenção, tratamento e combate à obesidade. Plenário 7, 9h30 » Situação do Fies A Comissão de Educação debate o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Plenário 10, 9h30 » Ministro do STF A Comissão Especial Escolha de Ministro do STF pelo Congresso (PEC 473/01) re- » Seca no Nordeste A Frente Parlamentar em Defesa do Desenvolvimento do Semiárido Nordestino e a Comissão Externa Seca no Semiárido Nordestino debatem “Causas climáticas e impactos socioeconômicos do fenômeno da seca”. Plenário 15, 9h30 » Sistema carcerário A CPI sobre Sistema Carcerário discute o tema com agentes penitenciários. Plenário 6, 9h30 » CPI da Petrobras A CPI ouve o depoimento do vice-presidente da Engevix, Gerson de Mello Almada. Plenário 2, 9h30 voto majoritário. Ele disse que a reforma política tem de valer para um futuro e não ser aplicada aos políticos que estão no poder. As deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Maria do Rosário (PT-RS) alertaram que a reforma proposta pode piorar ainda mais a representação das mulheres no Parlamento. Para Alessandro Molon (PT-RJ), a proposta da comissão é um “retrocesso”. Distritão - O juiz Marlon Reis, que representa o MCCE, criticou o modelo de distritão - em que serão eleitos os deputados mais votados, sem ser considerada a votação do partido. “É o retorno à República Velha”, disse Reis. Representante da CNBB, o bispo Dom Mol defendeu a aprovação da proposta de iniciativa popular de 2013, que prevê eleições em dois turnos; financiamento público e de pessoa física - excluídas as empresas. “Trouxemos 650 mil assinaturas para reforçar que as ideias desse projeto coincidem com a ideia de parte do eleitorado”, disse o religioso. Segundo ele, as entidades vão acompanhar a votação da reforma política na semana que vem. “O relatório dificulta a valorização dos partidos”. » Estatuto da Família representantes do setor. Plenário 12, 10h A Comissão Especial Estatuto da Família debate o tema “Família - Desafios e Atualidades”. Plenário 14, 10h » Mercado de ações A Comissão de Finanças e Tributação realiza audiência sobre os desdobramentos no mercado de ações por causa da crise na Petrobras. Plenário 4, 10h » Seminário LGBT Prossegue o seminário LGBT organizado pelas comissões de Legislação Participativa, de Cultura e de Ciência e Tecnologia. Auditório Nereu Ramos, 10h SECOM - Secretaria de Comunicação Social Secretário: Cleber Verde (PRB-MA) Presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar José Carlos Araújo (PSD-BA) Presidente do Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Cedes) Lúcio Vale (PR-PA) Corregedor parlamentar Carlos Manato (SD-ES) Procurador parlamentar Claudio Cajado (DEM-BA) • Moroni Torgan (DEM-CE) • Carlos Zarattini (PT-SP) A Comissão Especial Despesa com Pessoal na Área de Saúde debate o tema com Presidente: Eduardo Cunha (PMDB-RJ) 3ª Secretária Mara Gabrilli (PSDB-SP) 4º Secretário Alex Canziani (PTB-PR) Suplentes: Mandetta (DEM-MS) Gilberto Nascimento (PSC-SP) Luiza Erundina (PSB-SP) Ricardo Izar (PSD-SP) Deputados inscritos no Grande Expediente: » Área de saúde Mesa Diretora da Câmara dos Deputados - 55a Legislatura 1º Vice-Presidente Waldir Maranhão (PP-MA) 2º Vice-Presidente Giacobo (PR-PR) 1º Secretário Beto Mansur (PRB-SP) 2º Secretário Felipe Bornier (PSD-RJ) » Ministério da Pesca A Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia discute com o ministro Helder Barbalho projetos e ações prioritários do Ministério da Pesca e Aquicultura. Plenário 16, 10h Leia a agenda completa no celular Diretor-Executivo: Sérgio Chacon (61) 3216-1500 [email protected] Jornal da Câmara Diretor de Mídias Integradas Pedro Noleto Coordenador de Jornalismo Wilson Silveira Editora-chefe Rosalva Nunes Editores Sandra Crespo Ralph Machado Diagramadores Gilberto Miranda Roselene Guedes Renato Palet [email protected] | Redação: (61) 3216-1660 | Distribuição e edições anteriores: (61) 3216-1626 Ouvidor parlamentar Nelson Marquezelli (PTB-SP) Coordenadora dos direitos da mulher Dâmina Pereira (PMN-MG) Procuradora da mulher Elcione Barbalho (PMDB-PA) Secretário de Relações Internacionais Átila Lins (PSD-AM) Diretor-Geral: Sérgio Sampaio de Almeida Secretário-Geral da Mesa: Sílvio Avelino Impresso na Câmara dos Deputados (DEAPA) Papel procedente de florestas plantadas Leia esta edição no celular JORNAL DA CÂMARA | 3 21 de maio de 2015 Câmara aumenta tributos sobre importação Deputados concluem votação da Medida Provisória 668/15, que altera PIS e Cofins; proposta segue agora ao Senado O Plenário da Câmara concluiu ontem a votação da Medida Provisória 668/15, que aumenta as alíquotas de duas contribuições incidentes sobre as importações, o PIS/Pasep-Importação e a Cofins-Importação. Na regra geral, elas sobem de 1,65% e 7,6% para 2,1% e 9,65%, respectivamente. A matéria deverá segue para o Senado. Nas votações de ontem, cinco destaques foram aprovados e mudaram partes do texto sobre outros temas incluídos no projeto de lei de conversão pelo relator da MP na comissão mista, deputado Manoel Junior (PMDB-PB). O tema mais debatido foi o artigo que explicita a possibilidade de o Legislativo realizar parcerias público-privadas. Após decisão do presidente da Casa, Eduardo Cunha, sobre destaque do Psol para o dispositivo, o assunto acabou sendo votado e aprovado na redação final. De acordo com o texto, as Mesas Diretoras do Senado e da Câmara dos Deputados terão de disciplinar as parcerias público-privadas. O oferecimento de garantia continua a ser disciplinado pelo Ministério da Fazenda. Gustavo Lima Cinco destaques foram aprovados e mudaram partes do texto sobre temas incluídos pelo relator Arrecadação - Com o aumento dos tributos sobre a importação previsto na MP, o governo quer dar isonomia de tributação perante os produtos nacionais. O reajuste dos tributos deverá proporcionar arrecadação extra de R$ 694 milhões em 2015 e de R$ 1,19 bilhão anualizada. As novas alíquotas estão vigentes desde 1º de maio deste ano. Entretanto, outros índices mudados pelo relator passarão a vigorar depois de quatro meses da publicação da futura lei. Os pagamentos por serviços continuam com as alíquotas atuais, que, somadas, dão 9,25%. Apesar de as contribuições ficarem, para grande parte das mercadorias, em 11,75%, a atual Lei 10.865/04 já estipula alíquotas maiores para determinados tipos de produtos, que também são majoradas com a MP. Incluem-se nesse caso produtos farmacêuticos (medicamentos a granel, soros, derivados de sangue, contraceptivos); de perfumaria, toucador e de higiene (perfumes, xampu, escova de dentes); máquinas e veículos (para terraplanagem, ceifadeiras, tratores, ônibus, auto- móveis e caminhões); pneus e câmaras-de-ar novos; autopeças; e papel. Nova regra - Nas votações, também houve várias críticas à inclusão de temas considerados estranhos em relação ao texto original da MP. Em entrevista após a sessão, o presidente Eduardo Cunha explicou a sua decisão de não mais retirar artigos incluídos em parecer sobre medida provisória. Deputados e senadores costumam incluir artigos com temas diferentes nas MPs para aproveitar a tramitação acelerada desse tipo de proposta. “Sim, vou mudar o procedimento de interpretação sobre matérias estranhas em MPs. Não posso, como presidente da Câmara, alterar decisão tomada em comissão mista do Congresso Nacional”, ressaltou. “Na medida em que o Congresso delibera e retiro uma matéria, estou retirando uma matéria votada por deputados e senadores, e não me cabe fazer isso. Os partidos é que devem votar na comissão mista a respeito do que considerarem que é matéria estranha; não a Câmara”, disse. PPP para obras do Legislativo domina debate no Plenário A autorização para que a Câmara e o Senado celebrem parcerias público-privadas (PPPs) para realizar obras foi o ponto mais debatido durante a votação da MP 668/15. A Câmara pretende utilizar uma PPP para a construção de um complexo de gabinetes e serviços. O parceiro privado poderá explorar espaços do novo prédio, que poderão ser alugados para restaurantes, lojas de aviação e outros parceiros comerciais. Houve uma discussão regimental depois que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, considerou como não apresentado o destaque do Psol que pedia a votação do artigo. Cunha argumentou que a bancada perdeu o quórum mínimo (5 deputados) para apresentação de destaques ao expulsar o deputado Cabo Daciolo (RJ) e conside- Gustavo Lima O deputado Cabo Daciolo (RJ), agora sem partido, no Plenário rou o dispositivo aprovado junto com o texto-base. A decisão foi criticada principalmente pela oposi- ção, que ameaçou ir à Justiça. Depois de muito debate, houve um acordo para permitir a votação do dispositivo durante a redação final. Segurança - O primeirosecretário da Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), ressaltou que o item foi incluído na MP para dar agilidade e segurança jurídica na escolha da melhor oferta entre as cinco já apresentadas à Casa. Mansur disse que a Câmara tem recursos suficientes para a obra. “Precisamos dos espaços não só dos gabinetes, mas dos espaços de auditório e para as novas comissões”, afirmou. O deputado Heráclito Fortes (PSB-PI) disse que é urgente ampliar a Casa. O primeiro-secretário considerou como desrespeitosas à Mesa Diretora as críticas de que o novo prédio seria um centro comercial. “Hoje já temos Correios e bancos. Não vai ter shopping center; arrumem outra justificativa.” Opiniões - O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), pediu coerência dos parlamentares e lembrou que as PPPs são utilizadas pelo Executivo. O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), votou a favor. O líder do PSD, Rogério Rosso (DF), afirmou que PPPs permitem economia. O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), criticou a inclusão da proposta numa MP de tributação. “Isso abre um precedente de aprovação de matéria estranha porque é de interesse da Casa”, alertou. Para deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), a inclusão da matéria na MP foi infeliz. Já o líder do Psol, Chico Alencar (RJ), criticou a intenção de ceder espaços para empresas. O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), avaliou que os deputados serão inquilinos de um prédio privado. 4 | JORNAL DA CÂMARA 21 de maio de 2015 Wagner espera manter projetos estratégicos Ministro da Defesa afirma que essas iniciativas deveriam ser preservadas do contingenciamento de recursos em 2015 Antonio Augusto O ministro da Defesa, Jaques Wagner, defendeu na Comissão de Relações Exteriores que os projetos estratégicos da pasta não sofram cortes orçamentários. O contingenciamento será anunciado amanhã pela presidente da República, Dilma Rousseff. O ministro compareceu à comissão convidado para explicar as atividades da pasta e ouviu reclamações sobre o baixo salário pago aos militares das Forças Armadas, bem como dúvidas sobre o aumento dos investimentos para a Defesa. O ministro defendeu a necessidade dos cortes orçamentários, mas disse também que o contingenciamento não deveria atingir projetos estratégicos da Defesa Ele explicou, para uma sala repleta de militares, que o Orçamento da Defesa está previsto em R$ 78 bilhões, sendo que mais da metade é reservada para o custeio de pessoal. São R$ 25 bilhões de despesas com o pessoal Ministro diz que lutará por soldo O ministro detalhou à comissão atividades da pasta, salários dos militares e investimentos para a Defesa da ativa e R$ 27 bilhões para inativos e pensionistas. Cerca de R$ 22,1 bilhões são recursos reservados para custeio e treinamento. O ministro defendeu a necessidade de cortes orçamentários na sua pasta para manter os marcos macroeconômicos e retomar o crescimento do País. Mas os cortes não podem atingir projetos estratégicos. “Por exemplo, um submarino é um programa de 5, 10, 15 anos. Se parar e per- der toda a mão de obra qualificada, como retomo isso? É muito difícil. No programa aeroespacial, como parar a construção de um satélite? Esses projetos, tenho certeza de que a Presidência da República e os ministros têm consciência, não posso descontinuar, senão vou perder toda a inteligência construída.” Investimentos - Jaques Wagner explicou que de 2003 para 2015 os investimentos do Ministério da Defesa aumentaram dez vezes. Se o custeio entrar na conta, o aumento nesse período foi de cinco vezes. Ele também foi questionado sobre a segurança do País nas Olimpíadas de 2016 e afirmou que o governo está trocando informações estratégicas com órgãos de defesa de outros países. A operação das Olimpíadas envolverá 37 mil militares. Serão destinados R$ 200 milhões para a preparação neste ano e, no ano que vem, outros R$ 106,8 milhões. O ministro Jaques Wagner afirmou que vai brigar para aumentar o soldo dos militares. Apesar da baixa remuneração, ele lembrou que a evolução salarial de 2013 para cá foi acima da média do Poder Executivo, ou 141% superior. “Ao longo dos últimos 12 ou 13 anos, houve aumento na média de 30% acima da inflação.” Ele respondia ao deputado Cabo Daciolo (sem partido-RJ), um dos que pediram a audiência, que questionou o baixo salário dos militares. O parlamentar explicou que os bombeiros, que são forças auxiliares, recebem vencimento maior, mas também considerado baixo, o que estimula a evasão. Em resposta, Wagner afirmou que nas Forças Armadas são 342.738 ativos e 148.309 inativos. Nos últimos dez anos, disse o ministro, houve 1.716 evasões na Marinha, 851 no Exército e 400 na Aeronáutica. INVESTIGAÇÃO Deputado critica sigilo judicial na Operação Zelotes O relator da subcomissão da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle que acompanha a Operação Zelotes, da Polícia Federal, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), criticou ontem o sigilo judicial da investigação. A operação Zelotes investiga denúncia de que corporações, servidores públicos e conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) manipulavam julgamentos para reduzir a cobrança de impostos. Órgão ligado ao Ministério da Fazenda, o Carf é uma espécie de tribunal administrativo, formado por 216 representantes da Fazenda e dos contribuintes (empresas), que julga débitos tributários com o Fisco nacional. Segundo a Polícia Federal, a sonegação nos crimes investigados na Operação Zelotes está estimada em quase R$ 20 bilhões, mais de três vezes o que foi apurado até agora na Operação Lava Jato, que investiga a corrupção na Petrobras. Pimenta salientou, em audiência, que a Justiça continua impedindo a imprensa e a sociedade de terem acesso ao inquérito. Ele também destacou que a Justiça já negou por duas vezes o pedido de prisão de 26 pessoas no âmbito da operação, além de ter negado diligências, buscas e novas quebras de sigilo. “Tudo isso vai na contramão do que o Judiciário Zeca Ribeiro Pimenta (centro): Justiça continua impedindo o acesso ao inquérito está fazendo em outras investigações”, afirmou. Para o deputado, “paralelo à investigação da Zelotes, é necessário que haja a investigação da investigação”. Desmembramento - Na audiência, o delegado da Divisão de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal, responsável pelas investigações da Operação Zelotes, Marlon Oliveira Cajado dos Santos, disse que a ideia é desmembrar a investigação em vários inquéritos, de forma a facilitar as apurações e as instruções processuais relacionadas ao caso. Marlon também sugeriu que o Congresso participe da discussão sobre reformulação do Carf, que vem sendo promovida no âmbito do Ministério da Fazenda. Para ele, a investigação já teve o “efeito pedagógico de botar luz sobre o órgão e fechar uma torneira, por onde estavam saindo recursos em prejuízos da União”. O coordenador-geral de Polícia Fazendária, delegado da PF Hugo de Barros Correia, defendeu que o Carf passe por reformulações, em especial relacionadas à paridade. Para ele, a paridade da participação da sociedade civil acaba facilitando as irregularidades. Correia também ressaltou a dificuldade de se investigar crimes tributários no Brasil. Ele disse que tem havido redução dos inquéritos na área de direito penal tributário, por conta dessa dificuldade. Conforme a legislação, a PF só pode investigar casos de sonegação após passarem pelo Carf. JORNAL DA CÂMARA | 5 21 de maio de 2015 trabalho Em audiência, ministro garante retomada do emprego O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, afirmou ontem que o governo está tomando as medidas necessárias para garantir a retomada da geração de empregos no País. “No setor da construção civil, nós, do ministério, vamos colocar R$ 80 bilhões, que vão gerar mais de três milhões de emprego, com repercussão a partir de junho”, garantiu. Segundo ele, os programas sociais irrigam a economia e vão manter uma situação de pleno emprego. “A indústria tem dificuldades, é o setor que mais tem desempregado, mas estamos tomando medidas necessárias. O ajuste fiscal vai recuperar a capacidade de investimento. Basta ver o acordo com a China, da ordem de mais de R$ 150 bilhões”, afirmou Dias, em audiência na Comissão do Trabalho. “Representantes da construção civil nos disseram que demitiram mais de 400 mil trabalhadores.” Deputado Benjamin Maranhão Preocupação - A deputada Gorete Pereira (PR-CE) elogiou o otimismo do ministro, mas disse que há vários setores com altos índices de desemprego. “A gente vê uma grande loja de varejo demitindo 8 mil pessoas As indústrias de couro e sapato demitiram o máximo que puderam. Empresas que exportam granito e pedras demitiram 50% e estão numa situação bem crítica”, disse. Presidente da comissão, Benjamim Maranhão (SDPB) também manifestou preocupação com os dados. “Recebemos aqui membros do setor da construção civil que nos informaram que demitiram mais de 400 mil trabalhadores. As construtoras estão gastando menos, e não só por causa da Lava Jato, mas porque há restrições de crédito e pouco investimento do governo. Não é apenas sazonal”, afirmou. Câmara e Senado vão reunir propostas de governadores para o pacto federativo Representantes de 22 estados e do DF participaram de reunião no Salão Negro do Congresso Governadores de 22 estados e do Distrito Federal queixaram-se ontem de dificuldades para cumprir obrigações constitucionais e sanar dívidas com a União. Eles estiveram no Congresso Nacional para debater com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha; do Senado, Renan Calheiros; e com líderes partidários propostas de revisão do pacto federativo – modelo de repartição de receitas e obrigações constitucionais entre os entes federados (União, estados, municípios e DF). Os governadores apresentaram sugestões para tentar reequilibrar suas contas. Houve concordância, por exemplo, em torno da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 172/12, do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), que proíbe o governo federal de transferir novos encargos aos entes federados sem a devida previsão de recursos. Outra demanda foi o pagamento pelo governo federal dos repasses das compensações por perdas decorrentes das desonerações da Lei Kandir. Insolvência - “Estamos vivendo um processo em que estados e municípios vêm Alex Ferreira O presidente da Câmara apontou dificuldades que os entes federativos enfrentam para se sustentar perdendo a capacidade de se sustentar”, avaliou o presidente Eduardo Cunha, durante o evento realizado no Salão Negro do Congresso. “Não podemos, por exemplo, definir um novo piso salarial para os professores sem definirmos as fontes de receita”, acrescentou Cunha, destacando que isso tem levado vários governadores a uma situação de insolvência. Segundo ele, há vontade política para transformar algumas demandas, como a PEC 172, em ações concretas. “Esse talvez seja o principal mecanismo para garantir que não criemos obrigações que não tenham condições de ser cumpridas”, destacou Cunha, que pretende levar a PEC ao Plenário ainda no primeiro semestre. Pauta - O presidente do Congresso, Renan Calheiros, designou dois senadores – Romero Jucá (PMDB-AP) e José Serra (PSDB-SP) – e dois deputados – André Moura (PSC-PE) e Danilo Forte (PMDB-CE) – para sistematizar as sugestões apre- sentadas. Segundo Calheiros, a ideia é apresentar hoje, em reunião na Presidência da Câmara, uma pauta complementar relacionada ao pacto federativo, para ser analisada pelas duas Casas. Calheiros disse que um dos principais problemas é a demora do governo federal em realizar os repasses para os estados. Ele também destacou que desde a última reunião com governadores, em 2013, o Congresso já produziu avanços em relação a um maior equilíbrio federativo. Demanda principal de estados é aumento nas receitas Durante a reunião, o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, defendeu a possibilidade de estados e municípios usarem como receita parte dos depósitos judiciais e administrativos de processos em andamento. Para ele, isso seria uma forma de aumentar a arrecadação a um custo baixo. “Que esses depósitos possam ser utilizados, porque lhes pertencem. Se a Justiça entender de forma diferente em alguns casos, caberá ao estado repor esses recursos. Mas a utilização [de depósitos judiciais] é fundamental”, disse. Alíquota zero - Já o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, defendeu o fim da tributação entre os entes federados. “Precisamos adotar a alíquota zero de Pasep nos contratos da União com os estados”, disse Rollemberg. Ele reivindicou ainda a convalidação dos incentivos fiscais concedidos por estados a empresas, medida prevista no Projeto de Lei Complementar 54/15, do Senado, que aguarda análise na Câmara. Repasses e Lei Kandir - O governador de São Paulo, Geraldo Alkmin, criticou o subfinaciamento da saúde e defendeu a revisão do teto de financiamento dos estados. “Até para Parcerias Público-Privadas (PPPs) nós precisamos ter contraprestação. Ou seja, precisamos dos financiamentos para alavan- car as PPPs e os projetos de infraestrutura e logística, que geram emprego, reduzem o custo Brasil e melhoram a produtividade”, defendeu Alkmin. Por sua vez, o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, criticou atrasos nos repasses da União por conta da compensação da desoneração das exportações (Lei Kandir). Segundo o governador do Pará, Simão Jatene, a perda líquida dos estados por conta da falta de repasses por essa compensação já soma R$ 345 bilhões. Ajuste fiscal - O governador de Mato Grosso, Pedro Taques, defendeu a adoção de uma agenda positiva capaz de atender às principais demandas apresentadas. “Não é possível que, em razão do ajuste fiscal feito pelo governo, a União deixe de cumprir compromissos e os estados sofram as consequências”, disse Taques. Para Marconi Perillo, de Goiás, a dose do ajuste fiscal não pode matar o paciente. “Sem dinheiro para investimento, vamos diminuir ainda mais a atividade econômica. Precisamos de mais investimentos”, disse. Já o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, pediu a aprovação imediata do projeto que obriga o governo federal a aplicar os novos indexadores das dívidas dos estados até janeiro de 2016 (PLP 15/15, do Senado). 6 | JORNAL DA CÂMARA 21 de maio de 2015 Quase 600 cidades não usaram verba assistencial Segundo ministra do Desenvolvimento Social, R$ 2 bilhões em recursos estão sendo usados para superavit desde 2014 Zeca Ribeiro Ministra destaca ações de sua pasta A ministra decidiu suspender os repasses para estados e municípios que estão -com recursos parados em conta por mais de um ano A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, disse ontem aos deputados da Comissão de Seguridade Social e Família que sete estados e 592 municípios não estão recebendo recursos federais para serviços de assistência social porque ainda têm dinheiro para gastar. Segundo ela, desde o ano passado foram identificados R$ 2 bilhões em recursos não gastos que, na avaliação do ministério, devem estar sendo economizados para a geração de superavit primário nas prefeituras e governos estaduais. A ministra explicou que os recursos foram suspensos por uma portaria. “E esse dinheiro estava ficando parado nas contas fazendo o quê? Superavit fiscal dos municípios. Isso não tem cabimento. Nós decidimos suspender os repasses para quem tivesse mais de um ano de dinheiro da assistência social parado em conta. Então não é nenhuma medida dramática. Quem estava com mais de um ano, está suspenso.” Bolsa Família - Tereza Campello também foi questionada sobre o programa Bolsa Família que, segundo ela, atinge cerca de 14 milhões de famílias. O deputado Roney Nemer (PMDB- -DF) cobrou prazos para pagamento do benefício e ações para a melhoria da renda própria das famílias. “Muitas pessoas se acostumam com o benefício e não querem trabalhar”, afirmou. Já o deputado Jorge Solla (PT-BA) contou o que lhe disse uma trabalhadora que atua na colheita de café e recebe o bolsa família: “Antes a gente ia por qualquer dinheiro, para fazer qualquer trabalho e em qualquer condição. Hoje, que eu tenho a bolsa família para colocar comida para os meus filhos, eu exijo um mínimo de condição de trabalho e um mínimo de remuneração. Isso é uma conquista importante.” Complemento - A ministra ressaltou que 75% da população adulta que recebe o Bolsa Família têm trabalho declarado, o mesmo percentual da população economicamente ativa do País. Segundo ela, o benefício é apenas um complemento de renda, pois paga em média R$ 170 por mês enquanto o salário mínimo é de R$ 788. Tereza Campello disse que o grande resultado do Bolsa Família é manter as crianças na escola – as famílias são notificadas e podem ser excluídas quando a criança apresenta uma frequência inferior a 85% das aulas. A ministra Tereza Campello destacou os programas do ministério, que utiliza o Cadastro Único, com 80 milhões de pessoas. O cadastro traz especificidades que ajudam a incluir os beneficiários nos cerca de 20 programas de políticas sociais do governo federal. A ministra disse que 17 milhões de estudantes são acompanhados pelo controle de frequência escolar do Bolsa Família, em 155 mil escolas. Além disso, as crianças têm acompanhamento médico e nutricional. Outro dado mostra que 55% dos jovens de 15 anos estão permanecendo mais tempo na escola, passando do ensino fundamental para o médio. Segundo ela, 1,7 milhão de pessoas ligadas ao Bolsa Família frequentam cursos de qualificação profissional. Campello citou também ações no campo, como a construção de 823 mil cisternas domésticas e 110 mil para produção, e a distribuição de sementes crioulas, mais resistentes para o cultivo no semiárido. QUESTÃO AGRÁRIA Agricultura familiar se consolida, afirma Patrus Ananias Em audiência na Comissão de Agricultura, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, disse que o ministério trabalha para a consolidação da agricultura familiar e para a ampliação do número de proprietários rurais no Brasil. Ele lembrou que a FAO – organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, tirou o Brasil do mapa da fome. Para Patrus, trata-se do reconhecimento de que os programas de segurança alimentar e nutricional no País “tiveram e estão tendo um êxito efetivo para superar Antonio Augusto Patrus Ananias: programas estão tendo sucesso para superar fome esse desafio histórico, que é a fome e a desnutrição no território nacional.” Deputados questionaram o ministro sobre a situação dos produtores que estão assentados há mais de 20 anos e não têm a titularidade da terra. O deputado João Rodrigues (PSD-SC) sugeriu um mutirão. A presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Maria Lúcia Falcon, respondeu que o órgão fará, até dezembro, um levantamento dos casos em que não haja nenhum óbice jurídico, para fazer a titulação. O deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) também questionou a demarcação de terras quilombolas que desde 2003 é feita pelo Incra. “Agora nós temos um inferno implantado com a demarcação de terra por um laudo antropológico fraudulento e, por mais que eu vá ao Incra, o Incra nunca aceita fazer a discussão do laudo.” Para Marcon (PT-RS), é necessário abrir uma negociação com os quilombolas, a fim de que aos pequenos agricultores seja garantida a terra. A presidente do Incra disse será realizado um seminário com os antropólogos sobre o problema. Anater - O ministro Patrus Ananias informou ainda que quase todas as providências já foram tomadas para a implantação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater). JORNAL DA CÂMARA | 7 21 de maio de 2015 Seminário: diálogo é solução para ódio contra LGBTs Sociedade civil, religiosos e deputados defenderam ampliação do diálogo para combater discriminação a minorias Representantes da sociedade civil, religiosos e deputados defenderam ontem a ampliação do diálogo com a diversidade para combater o discurso de ódio presente em redes sociais contra minorias, em especial a comunidade LGBT. Eles participaram do 12º Seminário LGBT do Congresso Nacional, com o tema “Nossa vida d@s outr@s – A empatia é a verdadeira revolução”. Para Raquel Recuero, pesquisadora das áreas de redes sociais e comunidades virtuais e professora da Universidade Católica de Pelotas, o discurso de ódio nas redes sociais está relacionado ao poder simbólico e às formas de dominação. “Acabamos reproduzindo e legitimando com curtidas esse discurso online”, alertou. Recuero disse que, nas redes sociais, viu associação de discursos de ódio contra minorias, como homossexuais e negros, em uma cultura de indiretas com piadas. “A piada reforça o discurso negativo. As pessoas são culturalmente preparadas para falar algumas coisas.” Ela disse que deve haver um en- Gabriela Korossy Debatedores defendem respeito Daniela Mercury no encontro: a possibilidade de se colocar no lugar do outro, contra o ódio frentamento não em relação a quem profere os discursos, mas ao discurso em si. Facebook - Coordenador da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) afirmou que o Facebook é o lugar por excelência do ódio. “As pessoas estão se excluindo porque não conseguem dialogar”, lamentou. Para ele, é necessário ampliar a escuta empática entre a comunida- de LGBT e a população cristã. “Não sou uma máquina. A minha mãe assistindo a isso é doloroso”, afirmou, ao se referir a ataques que sofre nas redes. Para a deputada Maria do Rosário (PT-RS), as manifestações de ódio, desrespeito e desconsideração projetamse em ondas na realidade objetiva. “Temos de analisar como o discurso da fobia de gênero produz uma violência que chega a níveis insuportáveis”, afirmou. Secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, a pastora luterana Romi Bencke disse que o grande desafio em relação à violência, é a intolerância religiosa, em especial a cristã. “A intolerância nos mostra a falta da abertura para estabelecer um diálogo saudável entre tradição e o processo de modernização.” EDUCAÇÃO Ministério da Educação reconhece dificuldade dos estados para pagar piso dos professores O secretário de Articulações com os Sistemas de Ensino do MEC, Binho Marques reconheceu, em debate na Comissão de Educação, que vários estados não pagam o valor mínimo do piso salarial dos professores da educação básica e que jovens não querem mais seguir a carreira de magistério. Atualmente, em oito estados brasileiros os professores estão em greve. Apenas 13 estados e o Distrito Federal cumprem a Lei do Piso (11.738/08), somando-se além dele as horas de atividade dos professores (extracurriculares). Estados e municípios dizem que não possuem receita para cumprir a lei. Ao longo de seis anos (2009-2015), o piso salarial Com a atualização do piso feita pelo MEC este ano, o vencimento inicial da categoria passa de R$ 1.697,39 para R$ 1.917,78 em todo o País sofreu reajuste de 87%, com ganho real de 37%. “Poderíamos comemorar, mas esse aumento não foi para todos. Nem todos cumprem a lei”, disse Marques. Este ano, o Ministério da Educação anunciou uma atualização de 13,01% no piso salarial nacional do magistério. Com isso, o vencimento inicial da categoria passa de R$ 1.697,39 para R$ 1.917,78 em todo o País. Entre outros elementos que dificultam o cumprimento da lei, segundo o MEC, estão: reajustes no mês de janeiro, sem o orçamento apurado do Fundeb pelo governo federal; planos de carreiras inadequados; incompatibilidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF); dificuldades na complementação do orçamento por parte da União; e baixa arrecadação, do ponto de vista da geração de receita. Desinteresse - De acordo com pesquisa sobre atratividade da carreira docente no Brasil, da Fundação Carlos Chagas, que envolveu cerca de 1500 alunos do ensino médio, apenas 2% afirmaram que querem seguir a carreira de magistério. Para a deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), a valorização dos professores está também no cumprimento da lei. “Entendo que é preciso fazer uma racionalidade, sim, mas devemos reconhecer que os estados e municípios precisam de ajuda também”, ressaltou Dorinha. A deputada disse ainda que o debate mais importante está em torno da evasão de profissionais do magistério. Segundo ela, é preciso também discutir as leis que estão “emperradas” na Casa. “Discutir na Comissão de Educação é uma coisa, mas quando se chega à Comissão de Finanças e Tributação temos um cemitério de proposições”. No seminário, o padre da diocese de Lorena (SP) Wagner Ferreira da Silva disse que o ódio nas redes sociais é a ponta do iceberg da violência. Ao citar falas de papas, ele afirmou que a paz corre perigo quando a dignidade humana não é respeitada, quando a convivência não é orientada para o bem comum. Pedro HCM, idealizador do canal de humor Põe na Roda, composto por jovens LGBT, contou que o humor foi a forma encontrada para poder falar sobre questões próprias da comunidade e de sexualidade em geral. “Juntei duas características minhas, que são fazer humor e ser gay. É curioso conseguir cativar a empatia com heterossexuais pelo canal. Conseguimos de maneira leve e sem tabu tratar de temas que normalmente são mais sérios”, disse. Diálogo - O deputado Flavinho (PSB-SP) ressaltou a importância do seminário e disse que, apesar de discordar de posições do deputado Jean Wyllys, compreende a importância do diálogo para trabalhar contra a violência. “Acredito no estado laico, apesar de ter uma fé católica bem embasada.” Jean Wyllys ressaltou a alegria em ver no seminário discursos de empatia e de maior diálogo entre a comunidade LGBT e cristãos. A cantora Daniela Mercury, que participou da abertura do evento, também ressaltou a importância de lutar, dentro do Congresso, contra o ódio às minorias. O seminário, que continua hoje, é realizado por três comissões (Legislação Participativa; Cultura; e Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática) a pedido dos deputados Jean Wyllys, Luiza Erundina (PSB-SP), Glauber Braga (PSB-RJ), Janete Capiberibe (PSB-AP) e Luciana Santos (PCdoB-PE). 8 | JORNAL DA CÂMARA 21 de maio de 2015 Empresário confirma propina a ex-diretores Sob a presidência de Dalton Avancini, a empreiteira Camargo Corrêa venceu licitações para obras da Petrobras O empresário Dalton dos Santos Avancini, diretor-presidente da construtora Camargo Corrêa, confirmou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras que a empresa pagou R$ 110 milhões em propina aos ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa (de Abastecimento) e Renato Duque (de Serviços). Em depoimento ontem, Avancini disse que “havia esse compromisso com os diretores”. Ao responder ao deputado Andre Moura (PSC-SE), um dos sub-relatores, ele confirmou teor de depoimento do ex-gerente comercial da Camargo Correa Eduardo Leite, segundo o qual os pagamentos somaram R$ 47 milhões para Paulo Roberto Costa e R$ 63 milhões a Renato Duque. A Camargo Corrêa, sob a presidência de Avancini, venceu licitações para obras na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Entre 2005 e 2014, empresas assinaram Lucio Ribeiro Jr Dalton Avancini disse que ter dado propina de R$ 47 milhões para Paulo Roberto Costa e de mais R$ 63 milhões a Renato Duque Na CPI, Avancini citou pagamentos de R$ 110 milhões feitos pela Camargo Correa a Costa e Duque contratos com a Petrobras no valor de R$ 6,2 bilhões e mais US$ 17,2 milhões. Nesse período, segundo as investigações da Operação Lava Jato, a Camargo Corrêa transferiu cerca de R$ 29 milhões para contas ligadas ao doleiro Alberto Youssef por meio de duas empresas, a Sanko Sider e a Sanko Service. O dinheiro seria destinado a Paulo Roberto Costa. Arrependimento - Avancini confirmou as acusações e se disse arrependido. A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) lembrou que as propinas só pararam com a Lava Jato e perguntou se a empreiteira havia sido coagida. “Houve coação, já que, sem os pagamentos, haveria atraso nos repasses, mas não posso dizer que era uma extorsão (dos diretores), pois isso também atendia aos interesses da empresa”, disse o executivo, que admitiu a existência de um cartel em obras da Petrobras. Partidos - Avancini disse que foi informado da propina em 2008 ou 2009, quando assumiu a gerência do setor de Presidente da CPI quer ouvir viúva de Janene O ex-deputado José Janene, morto em 2010, ganhou destaque na sessão da CPI da Petrobras com a defesa, feita pelo presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), da exumação. No início da sessão, Motta disse ter recebido informações de que a viúva de Janene, Stael Janene, duvidava da morte do marido, o que justificaria a exumação do corpo. “A informação chegou a mim ontem. De acordo com a viúva, o corpo de Janene foi velado em caixão lacrado, o que era desnecessário já que ele havia sido vítima de ataque cardíaco”, justificou Hugo Motta. Ele não quis revelar sua fonte. O presidente da CPI disse que vai apresentar requerimento de exumação, mas vai colocar em votação o pedido somente depois do depoimento da viúva. Existe um requerimento para que Stael Janene seja ouvida pela CPI, Lucio Ribeiro Jr O deputado Hugo Motta disse ter recebido informação sobre Janene e sugeriu a exumação do corpo mas ainda não foi aprovado. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) disse que a exumação de um corpo é um desvio de foco da comissão. “Temos uma lista de empresários para depor e sequer conseguimos marcar os depoimentos”, reclamou. Peça central - Janene é apontado como peça central no esquema de corrupção na Petrobras. Segundo o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, o ex-deputado era o principal operador do PP na Petrobras quando ocupava o cargo de líder do partido na Câmara. Ele morreu em 2010 no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. Em 2006, uma junta médica da Câmara concluiu que ele sofria de cardiopatia grave. Na época, Janene era acusado de envolvimento no mensalão. óleo e gás da Camargo Corrêa. Segundo ele, o “apoio partidário” dentro dessas diretorias era relativo ao PP (Costa) e ao PT (Duque). No entanto, ele negou que a Camargo Correa tenha pago propina por meio de doações oficiais a partidos. Avancini admitiu, porém, que houve um pedido nesse sentido feito em uma reunião em que estava o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. A doação, porém, não foi feita. Avancini disse ainda que o valor da propina era incluída pela Camargo Corrêa dentro do orçamento das obras. “Pode ser caracterizada como superfaturamento, porque já havia a previsão de pagamento desses valores dentro do orçamento”, disse. Empresário reaparece e marca oitiva A CPI da Petrobras aprovou ontem requerimentos de convocação de três pessoas ligadas ao empresário Júlio Faerman, ex-representante da empresa holandesa SBM Offshore no Brasil. Duas horas depois, Faerman entrou em contato com a CPI e se colocou à disposição para comparecer. O depoimento foi marcado para 3 de junho. Faerman já havia sido convocado pela CPI, mas não foi localizado e não compareceu. A importância do empresário no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras foi reforçada depois que deputados ouviram o advogado Jonathan Taylor em Londres. Taylor trabalhou na SBM durante nove anos e disse que a empresa pode ter feito pagamentos de mais de US$ 92 milhões em propina em troca de contratos com a estatal entre 2003 e 2011.