EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA FORMA DE RODA DE CONVERSA:
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE HANSENÍASE NA UNIDADE
BÁSICA DE SAÚDE DO JURUNAS NO MUNICÍPIO DE BELÉM-PA, 2014
Iasmin Maia Soares de Araújo1; Juliana Almeida Vieira1; Carlene Castro de Almeida2;
Marcos Valério Santos da Silva3; Waltair Maria Martins Pereira4
1
Acadêmica de Medicina; 2Especialista em Gestão Clínica nas Regiões de Saúde;
3
Doutor em Ciências Farmacêuticas; 4Mestre em Saúde Pública
[email protected]
Universidade Federal do Pará (UFPA); Secretaria Municipal de Saúde de Belém
(SESMA)
Introdução: A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo principal
agente etiológico é o Mycobacterium leprae (M. Leprae), a doença atinge pele e nervos
periféricos podendo levar a sérias incapacidades físicas, o ser humano é reconhecido
como a única fonte de infecção. 1 No que concerne à sua transmissão, acredita-se que
ocorra pelo contato íntimo e prolongado de indivíduo suscetível com paciente bacilífero,
através da inalação dos bacilos, sendo necessário, entretanto, um longo período de
exposição ao agente. O aparecimento da doença na pessoa infectada depende da relação
parasita-hospedeiro, no entanto a cadeia de transmissão é interrompida quando o doente
inicia o tratamento quimioterápico. 2 Além de envolver graves repercussões físicas,
emocionais e sociais, o agravo da doença ocorre pelo diagnóstico tardio, abandono do
tratamento pelos pacientes, baixo nível de esclarecimento sobre a doença, além das más
condições de vida e saúde da população brasileira.3 A doença possui tratamento gratuito
oferecido pelas unidades básicas de saúde e se houver boa adesão do paciente resulta em
cura. Apesar de todo o conhecimento já existente, ainda se observa grande carga de estigma e preconceito quanto à essa doença, o que dificulta a execução de medidas de
controle e profilaxia .2 Nesse caso, o uso da educação em saúde é um instrumento necessário para o esclarecimento de suas reais consequências e, especialmente, de suas
formas de prevenção, de modo a desmistificar os aspectos negativos, tais como incurabilidade, mutilação, rejeição e exclusão social.4 Cinco estados apresentam coeficiente de
prevalência acima de três casos por 10 mil habitantes (Mato Grosso, Tocantins,
Maranhão, Pará e Rondônia).5 Objetivo: Avaliar o conhecimento acerca da Hanseníase
dos usuários da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jurunas. Métodos: O presente
estudo se caracteriza por uma ação de intervenção de natureza descritiva com
abordagem quantitativa. A população foi composta por 42 pessoas na faixa etária dos 15
aos 80 anos, ambos os gêneros e todos são usuários da UBS onde há a atuação do
Projeto PET/VS/MS/UFPA/SESMA. A ação educativa consistiu em rodas de conversa
nas quais foram aplicados questionários antes e depois da realização das mesmas. Os
questionários pré e pós-atividade foram compostos por dados sociodemográficos
(gênero, idade e escolaridade) e perguntas de múltipla escolha sobre aspectos da doença
(agente etiológico, transmissão, sintomas, tratamento, possibilidade de cura e sequelas).
Os dados coletados foram apresentados de forma descritiva em planilha do programa
Excel 2010, para o cálculo da frequência relativa. Resultados/Discussão: Participaram
da pesquisa 42 usuários da UBS, 71,8% do gênero feminino e 28,2% do gênero
masculino, prevalecendo a faixa etária de 15 a 39 anos correspondendo a 69%
aproximadamente, quanto a escolaridade 64,5% da amostra cursou o ensino médio. No
pré-teste 80,95% acertaram a questão um (conhecimento do termo Hanseníase), na
questão dois (agente etiológico da Hanseníase) houve 71,43% de acertos, na questão
três (transmissão da doença) ocorreram 40,48% de acertos, na questão quatro (principais
sintomas) houve 90,48% de acertos, na questão cinco (cura da doença) ocorreram
Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de
novembro de 2014. ISSN 2359-084X.
85,71% de acertos, na questão seis (tratamento) houve 90,48% de acertos e na questão
sete (sequelas) existiram 76,19% de acertos. No pós-teste houve 100% de acertos na
questão um, 89,47% na questão dois, 84,21% na questão três, 94,74% na questão
quatro, 97,37% nas questões cinco, seis e sete. Este estudo mostrou no pré-teste que
parte da população ainda possui dúvidas significativas em relação a muitos aspectos da
Hanseníase. As questões que obtiveram índice de acerto menor que 80% no pré-teste
foram dois, três e sete. Em comparação ao pós-teste houve melhora importante igual ou
maior a aproximadamente 18% nas questões citadas acima. No estudo realizado por
Moreira (2014) em Uberaba-MG, o maior índice de erro da população estudada foi na
questão relacionada à transmissão da doença sendo que o índice de acertos do pré-teste
foi de 7,3% e do pós-teste de 86,5%. O número significativo de acertos apresentados
neste estudo pós-ação educativa também confirma a importância do compromisso dos
profissionais da saúde em realizar ações preventivas, promocionais e medidas
educativas com o intuito de ampliar o conhecimento da população em geral2. No
presente estudo, 80,95% da amostra relatou ter conhecimento da doença, entretanto
constatou-se desconhecimento da amostra em relação a informações básicas acerca da
doença. Moreira (2014) percebeu que muitos dos indivíduos da amostra já ouviram falar
da doença, mas não sabiam dizer como se adquiria, suas causas, dentre outros fatores.
De modo geral, a comunidade, através dos grupos sociais que a compõem, necessita
estar informada das ações que lhe dizem respeito e ter garantida a participação nos
serviços existentes, visando à garantia da saúde de seus membros3. Para que haja um
comprometimento entre as ações preventivas, promocionais e curativas que vêm sendo
realizadas pelas equipes de saúde da família, a população deve estar informada sobre os
sinais e sintomas da doença e ter acesso fácil ao diagnóstico e ao tratamento3. Nesse
contexto, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) sugere que as salas
de espera das Unidades de Atenção Básica e Estratégias de Saúde da Família (ESF)
devem ser um local adequado para esse tipo de intervenção, pois, além de existirem em
50% dos municípios brasileiros, têm por objetivo melhorar a saúde e a qualidade de
vida dos cidadãos, priorizando ações de prevenção e promoção da saúde de forma
integral e contínua2. Diante de tal situação, a educação para a saúde deve ser realizada
como um processo ativo, crítico e transformador, no intuito de construir coletivamente o
saber3. Conclusão: A partir dos dados coletados e dos resultados expostos pode-se
inferir que a educação em saúde da Hanseníase realizada nas salas de espera da UBS
ainda é deficiente o que não difere de outros estudos apresentados. A população
necessita de informação e esta deve ser repassada para o usuário da UBS de modo a
fixar o conhecimento. Para isso, deve ser feito estudo epidemiológico da área, onde é
importante considerar gênero, idade e escolaridade para a elaboração de ações voltadas
para o público presente e que valorizem o usuário dando a oportunidade de
questionamento e conversa aberta. Enquanto não houver direcionamento neste sentido, a
população continuará carente quanto ao conhecimento em relação à doença e o estigma
da Hanseníase prevalecerá.
Referências:
BRASIL. Portal da saúde. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/oministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/705-secretaria-svs/vigilancia-de-a-az/hanseniase/11294-descricao-da-doenca. Acesso em: 07 de out. de 2014.
MOREIRA, A.J. et al. Ação educativa sobre hanseníase na população usuária das
Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de
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unidades básicas de saúde de Uberaba. Saúde debate. Rio de Janeiro, v. 38, n. 101,
p. 234-243, abr-jun de 2014.
OLIVEIRA, S.S. Educação para a saúde: a doença como conteúdo nas aulas de
ciências. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro,v.14, n.4, p.13131328, out.-dez. 2007.
COROLIANO-MARINUS, M.W. L. et al. Saúde do escolar: uma abordagem
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2012.
MINISTÉRIO
DA
SAÚDE,
BRASIL.
Disponível
http://sna.saude.gov.br/noticias.cfm?id=5092. Acesso em: 07 de out de 2014.
em:
Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de
novembro de 2014. ISSN 2359-084X.
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