Q&A da Teleconferência Resultados do 3T10 HRT Participações (HRTP3 BZ) 16 de Novembro de 2010 Caio Macedo, Morgan Stanley: Bom dia, Márcio. Eu queria fazer duas perguntas, uma ligada à Namíbia e a outra ligada a Solimões. Vou começar com a Namíbia. No slide da página 11, uma observação, notamos que, aparentemente, o oposto à Bacia de Santos na África estaria mais ligado a Angola, enquanto a Namíbia estaria um pouco mais ao sul, o que sugere um oposto, aqui, mais na região de Pelotas. Eu entendo que você fez o mapeamento genético do petróleo, e viu que ele tem similaridade em relação ao de Santos. Mas pensando em termos geológicos na separação dos continentes, como funciona essa parte da divisão, e onde você entende que a Namíbia possa ter similaridades geológicas com a Bacia de Santos? Essa é a pergunta da Namíbia. E eu queria aproveitar e já colocar a pergunta relacionada a Solimões, também. Conforme vamos a leste na Bacia de Solimões, eu entendo que exista uma probabilidade maior para petróleo. Porém, na formação geológica da bacia, e me corrija se eu estiver enganado, mas eu entendo que houve uma atividade sísmica, o que pode ter potencialmente comprometido um pouco a formação do reservatório e do selo. Você poderia elaborar um pouco melhor a perspectiva que você tem nessa região da Bacia de Solimões em relação a potenciais descobertas de volume significativo de petróleo? Márcio Rocha Mello: Muito boa pergunta, Caio. Ambas as perguntas. Parabéns. A correlação da Namíbia, quando falamos dessa analogia, eu tento falar Namíbia e Bacia de Santos, mas eu posso falar Namíbia, Angola e Congo, Bacia de Santos, Campos e Espírito Santo. Se você olhar todos os trabalhos que eu publiquei nos últimos dez anos, eu não chamo Bacia de Santos, Campos ou Espírito Santo, eu chamo de Grande Bacia de Campos. Porque isso é uma bacia só, isso é uma entidade só. O sistema petrolífero é único. Quando eu uso Namíbia-Santos, estou querendo focalizar na ideia, no pensamento de pessoas que talvez não tenham o seu conhecimento, ou pessoas que não tenham o conhecimento dessas unidades geológicas. Quando você fala Campos, Santos e Espírito Santo, é muito mais uma divisão de estados. Não é uma divisão geológica. Então, nós temos que falar das bacias do Sudeste do Brasil e do oeste da África. Elas são idênticas. E quando eu falo „idênticas‟, Caio, é o seguinte: o óleo e o gás vieram da mesma origem, então a rocha geradora é a mesma. Segundo ponto, elas estão em reservatórios idênticos; os reservatórios existem nos dois lugares. Elas estão em um regime térmico semelhante. Porque a separação dos continentes foi assimétrica, então o regime térmico na Namíbia é, inclusive, um pouco maior que o nosso regime térmico em Campos e Santos, e essa é uma vantagem para nós, porque o óleo lá foi gerado 1 Q&A da Teleconferência Resultados do 3T10 HRT Participações (HRTP3 BZ) 16 de Novembro de 2010 mais raso. Então, nós atingimos o que chamamos de subsal na Bacia da Namíbia, e em Angola também, mais raso do que temos em Santos e Campos. O nosso objetivo, que chamamos de subsal, que na Namíbia que vamos perfurar, está a 4.500 metros. Em lâmina d‟água mais rasa do que 7.000 m² em lâmina d‟água de 2.000, 3.000 metros em Santos. Quando você vai para Campos, já fica um pouco mais raso. A única diferença é a presença de sal. O sal parou ali, em um grande alto que temos no sul de Angola e no sul de Santa Catarina, que chamamos de Grande Cadeia do Walvis Ridge. O sal parou ali. Mas o efeito do sal não é importante na Namíbia. De certa forma, é até uma vantagem para nós, porque o sal é um selo. E todos vocês, e a comunidade brasileira, acostumaram-se a chamar de pré-sal. Errado, tem que ser subsal. As nossas acumulações de Tupi, de Iara, de Guará, de Libra que nós vemos agora, são vários reservatórios. O reservatório que chamamos de microbiolitos, que estão também na Namíbia, aqui em Santos e Campos, o sal está em cima deles e age como um selo. Mas no Tupi e em Libra, onde você tem os grandes reservatórios das coquinas, que são tão grandes as acumulações como desse microbiolito, o selo, a rocha selante não é o sal, é o folhelho. Na Namíbia, nós não temos o sal, mas em cima dessa sessão análoga ao que nós chamamos de pré-sal no Brasil, existem folhelhos que são grandes rochas selantes. Para você ter uma ideia, os 10 bilhões de barris do campo de Marlim são selados com folhelhos. Então, o sistema petrolífero, Caio, é o mesmo. Para que nós uniformizemos o nosso conhecimento, eu podia falar que a Namíbia, Angola e o sul do Congo são análogos ao Espírito Santo, Campos e Santos. São análogos. E fazemos isso é por quê? Porque os elementos do sistema petrolífero, que são rocha geradora, rocha reservatório e a estrutura, são iguais, idênticos; e o óleo e o gás são iguais, idênticos. Os DNAs são iguais. E os processos, os mesmos processos térmicos de migração, acumulação e preservação que observamos no Sudeste do Brasil, são observados no Sudeste da Costa Oeste da África. Então, o potencial esperado é o mesmo. Indo para o Solimões, aí sua pergunta foi excelente. Toda essa ideia de que indo para Leste aumentava o óleo e indo para Oeste aumentava o gás, o culpado disso sou eu, que escrevi isso 20 anos atrás. Se você for olhas as bibliografias, quem escreveu isso fui eu. Escrevi várias vezes. Mas o conhecimento evolui. Esse era um conhecimento baseado nas estruturas rasas. Os poços foram perfurados simplesmente até o carbonífero, eles não chegaram aos reservatórios de devonianos. 2 Q&A da Teleconferência Resultados do 3T10 HRT Participações (HRTP3 BZ) 16 de Novembro de 2010 E todo esse gás que eles perfuraram, e o pessoal falava que era gás, agora, com as análises feitas, estamos vendo que esses gases são gases úmidos. São gases que eram associados ao petróleo mais profundo e que, devido ao processo de exumação da bacia, há 150 milhões de anos, eles saíram da fase líquida na qual eles estavam saturados, e foram para os reservatórios, até chegar ao sal, onde foram trapeados. Então, a nossa ideia é que, independente de onde estejamos furando, se formos para o fundo, teremos grandes eventos, grandes descobertas de óleo em todas as partes da bacia, seja Leste, seja Oeste, sem sombra de dúvida. Durante o trimestre, a HRT várias simulações que nós chamamos de análises de sistemas petrolíferos com modelagem 3D, e observamos que essa fase líquida está presente em toda parte da bacia. Só 226 poços foram perfurados nessa bacia, três abaixo de 3.000 metros. Então, essa sua ideia de gás para Norte, óleo, ela não procede. E aí está a grande oportunidade da HRT. Caio Macedo: OK, Márcio. Muito obrigado. Emerson Leite, Credit Suisse: Bom dia a todos. Só para fazer uma atualização, Márcio, você poderia descrever quais foram os últimos dados pela HRT no sentido de iniciar as perfurações na Bacia do Solimões, seja do ponto de vista do equipamento, bases de instalação, e mesmo novas licenças?. E ao mesmo tempo, você pode nos atualizar em relação à questão da seca na região amazônica? Em que medida isso é uma preocupação ou não para o início dos trabalhos? Muito obrigado. Márcio Rocha Mello: Emerson, muito obrigado pela sua pergunta. É importante dizer que nós estamos em um período de silencio, porque não terminou ainda o green shoe, isso ocorrerá no dia 25 de novembro. Nós temos que fazer comentários só daquilo que já foi publicado, ou que já foi falado. Mas eu posso dizer que já foram feitos vários esforços no sentido do seu comentário. Nós assinamos esses contratos. É muito importante dizer, a nossa preocupação é tanta que nós temos um time da HRT hoje em Houston, acompanhando o término da sonda; essa sonda já está sendo montada em Houston, e nós vamos mandar um grupo de pessoas para já operá-la em Houston antes de mandá-la para o Brasil. Essa sonda será operada no próprio site de produção. Então, já temos pessoas lá fazendo isso. 3 Q&A da Teleconferência Resultados do 3T10 HRT Participações (HRTP3 BZ) 16 de Novembro de 2010 Já fomos à China e estamos mandando agora, no mês de dezembro, um pessoal para repetir a mesma coisa na China. Então, temos toda certeza, estamos fazendo todo esse esforço para que os cronogramas sejam mantidos e sejam executados. Fizemos no trimestre passado o bid da sísmica ou onshore Solimões; já assinamos contrato, já estamos mobilizando, a equipe já está indo para lá, então vamos iniciar essa sísmica 2D 2.000 mil quilômetros. Obtivemos a licença ambiental da Namíbia, também, Emerson. Já estamos de posse dessa licença, já fizemos o bid, já assinamos o memorando de understand, estamos assinando o contrato agora, ainda no mês de novembro, início de dezembro, para já no mês de janeiro o navio começar a adquirir a sísmica 3D na Namíbia. Fundamental, Emerson, e obrigado pela pergunta, as nossas equipes de campo já visitaram todas as nossas seis locações. No 1S11, estávamos previstos para furar seis locais. Esses seis locais já foram visitados, as equipes já pousaram no local, já fizemos todo o levantamento florístico dessas áreas, já vamos começar o processo de desmatamento dessas áreas, que chamamos de supressão vegetal. Então, você faz todo o levantamento florístico, faz um criadouro, um sistema onde todas as espécies sejam guardadas, coletadas e preparadas para o replantio após isso. Nós estamos hoje com geólogos e assistentes de geologia e geoquímica nas áreas em que vamos perfurar, já delimitando a área e fazendo uma microbiologia e uma geoquímica de superfície onde vamos furar, e isso tem a predição de dizer a qualidade do óleo e do gás. Não tivemos problema nenhum com as secas, nenhum problema. Como vocês sabem, essas nossas primeiras locações são em áreas muito localizadas próximo de Tefé e próximo de Carauari. Se você se lembra do plano do nosso Diretor, Milton Franke, de começar as nossas explorações por clusters, permitem que nós estejamos de helicóptero a menos de uma hora de todas as locações. Isso está permitindo toda essa nossa preparação a partir disso, e você pode dizer que a HRT não é só competente, mas abençoada por Deus. As chuvas já começaram, os rios já estão enchendo, tudo voltando ao normal. Embora eu tenha que dizer que nos rios que estão próximos às nossas locações são rios que não são afetados por essas secas periódicas. São rios como o rio Tefé e o rio Juruá, que são navegáveis durante todo o ano. Em outros blocos nós poderíamos ter, no futuro, problemas, mas a HRT, como sempre, partindo para tecnologias inovadoras, estamos olhando overcrafts que andam melhor nessas lâminas d‟água de pequena profundidade. A riqueza da HRT é que isso está sendo feito sempre colocando a tecnologia em prol da eficiência. Nós estamos hoje, Emerson, prontos a operar. A nossa base de Manaus já está completamente licenciada e pronta, pretendemos fazer a inauguração antes do final do mês; as nossas bases críticas, que vão suportar as nossas duas primeiras campanhas 4 Q&A da Teleconferência Resultados do 3T10 HRT Participações (HRTP3 BZ) 16 de Novembro de 2010 nos clusters que o Milton Franklin denominou, já estão em processo adiantado de licenciamento. Nós devemos estar esperando o licenciamento pleno dessas duas bases ainda no mês de novembro. Estamos prontos para operar. E lembrem-se: a HRT está com dois a três meses de vantagem, já tendo praticamente toda a operação pronta. Assinamos o contrato com a Halliburton, que gerencia companhias como a Weatherford e a MCI. O contrato já está assinado, já estão mobilizando. Assinamos já o contrato com a Parente Andrade, que é a Companhia que prepara as áreas que a Petrobras tem perfurado. Já está assinado; já estão mobilizando pessoas. Estamos já em prosa, antes deste final de mês, de assinar todos os contratos, toda a parte de helicópteros e aviões. A Companhia, Emerson, está preparada. Se tivéssemos que iniciar a perfuração amanhã, temos capacidade para fazê-lo. Então, é muito importante dizer que, no momento, não temos nada que indique qualquer alteração no cronograma que temos apresentado aos nossos investidores. Emerson Leite: Excelente, Márcio. Muito obrigado pelo esclarecimento. Marcos Siqueira, Deutsche Bank: Bom dia, Márcio. Só uma pergunta: um tempo atrás vimos na imprensa uma notícia sobre a Eletrobrás conversando com a Petra para utilização do gás em bacias como Solimões e Parnaíba. Eu só queria saber um pouco da sua opinião sobre essa possível associação, se seria interessante para uma monetização do gás. Se tem alguma coisa a mais que você poderia compartilhar conosco. Obrigado. Márcio Rocha Mello: Excelente pergunta, Marcos. Obrigado. Muito importante. A Eletrobrás nos procurou há quase dois anos; a Petrobras esteve em nossa Companhia, HRT Petróleo Companhia de Serviços, pedindo que fizéssemos um trabalho para eles, e nós colocamos esse plano, colocamos um budget para avaliar todo o potencial gaseífero do Solimões, porque a Eletrobrás tinha intenção, desde sua interligação por meio de redes por todo o Brasil, de usar esse potencial para fazer grandes termelétricas a gás na Amazônia e colocar no sistema integrado. Nós apresentamos esta proposta à Eletrobrás há um ano e meio, e ela já estava conversando com a antiga STR, ou Petra, há um ano e meio. Então, não estamos falando nada de novo. Estamos falando de coisas de um ano e meio atrás, e sem sombra de dúvida, você sabe que quando eu falo que é uma bacia super carregada, o nosso potencial de gás no folhelho tem 31,7 bilhões, e o potencial de gás e óleo da Bacia do Solimões é gigantesco. Então, não me cause nenhuma surpresa, muito pelo contrário, me mostra que é um caminho a ser seguido. 5 Q&A da Teleconferência Resultados do 3T10 HRT Participações (HRTP3 BZ) 16 de Novembro de 2010 E quando você fala da Bacia do Solimões, das outras bacias, nas outras bacias existe potencial, mas no Solimões ele já foi confirmado. A diferença entre a Bacia do Solimões e as outras bacias, do Parnaíba, São Francisco, Paraná etc., é que nas outras existem um potencial; agora na Bacia do Parnaíba, conosco fazendo aquela perfuração. Mas no Solimões, ela já existe há muito tempo. É a segunda maior reserva de gás do Brasil, Marcos. Você sabia disso? A Bacia do Solimões, com 155 poços perfurados, é a segunda reserva de gás do Brasil todo, e hoje é a segunda produtora de gás do Brasil, também. Então, se eu fosse a Eletrobrás, eu continuaria com isso, porque faz muito sentido, e acho que a monetização do gás do Solimões será muito mais rápida do que a prognosticada por todos nós. Não tenho a menor sombra de dúvida. Ainda mais com a pergunta do Emerson, sobre as secas, nós temos um grande potencial hidrelétrico, mas nosso potencial gaseífero é muito maior. É muito maior e estará aqui por mais 100 a 200 anos. Então, acho que está tranquilo, e muito obrigado pela pergunta. Marcos Siqueira: Obrigado. Gustavo, BTG Pactual: Bom dia, Márcio. Eu tinha duas perguntas rápidas. A primeira delas, eu só queria entender esse conceito do óleo mais profundo, e entender um pouco como ele se aplica com o que vocês estão planejando fazer. A imprensa já noticiou amplamente que vocês começaram pelo 169 e pelo 170, e olhando o relatório da D&M, vemos que ali você tem quantidades de óleo médias, você tem coisas que varia de 34% a 100% em alguns prospectos. Mas pelo seu comentário, a impressão que eu fiquei é que a expectativa que vocês têm hoje é que, quando perfurar profundo o suficiente, vocês com certeza encontrarão óleo, e não só gás. Eu só queria confirmar isso. E a segunda pergunta que eu tinha, é que eu anotei aqui e não consegui pegar direito, você mencionou que, acho, são 226 poços, só três foram abaixo de 3.000 metros de profundidade, e eu só queria entender o conceito: esses são poços de exploração, ou exploração e produção ao mesmo tempo? Márcio Rocha Mello: Boa pergunta, Gustavo. As suas perguntas estão, sem dúvida alguma, enriquecendo sobremaneira minha apresentação. Tenho que agradecê-los. Vocês estão levantando uma bandeira maravilhosa para mim aqui, então eu só tenho que ser grato a vocês. Gustavo, nós já sabíamos disso, e eu não sei se você sabe, mas é só você entrar em todas as minhas publicações, eu fui uma das primeiras pessoas que sempre disse “go deeper”, “vá mais para o fundo”. E por que isso, Gustavo? É muito simples para 6 Q&A da Teleconferência Resultados do 3T10 HRT Participações (HRTP3 BZ) 16 de Novembro de 2010 qualquer pessoa entender: a rocha que gera o petróleo está lá embaixo, e o petróleo quando é gerado, por ser mais leve – e quando eu falo petróleo é óleo e gás –, ele bóia na água. Existem processos que chamamos de buoyance, efusão, difusão, que é diferencial de concentração e de pressão, e ele ascende para a superfície. Se não houver uma rocha selante, Gustavo, se não houver uma armadilha, uma barragem, uma rocha impermeável, o petróleo escapa. Mesmo tendo isso, ele está escapando. Eu não sei se você sabe, mas Bacia do Solimões está vazando gás e óleo em tudo quanto é lugar. Vaza, mas você não vê. São quantidade ínfimas, EPM, partes por milhão. Mas qual é o nosso conceito? Perfurou-se em toda a Bacia do Solimões, 226 poços. 155 que chamamos de exploratórios, mas aí está envolvendo exploratório, exploratório adjacente, exploratório de estatigráfico. Então, se você for ver os poços que realmente foram testar prospectos, isso dá um número menor que 50, em uma bacia do tamanho da França. Então, é importante você ter isso em mente, que qualquer previsão, qualquer avaliação tem que ser muito cuidadosamente feita, porque nossa ideia, e porque nossa certeza, Gustavo, baseada em dados; nós podemos discutir interpretações, mas o grande dado foi o seguinte: a Petrobras, a 8 quilômetros do nosso bloco, perfurou um poço, e foi no segundo reservatório de gás que ela está acostumada a pegar em toda a área. E quando ela foi a um reservatório profundo, que chamamos de devoniano, que está perto dessa rocha geradora, ela pegou um reservatório que está sendo considerado a maior descoberta feita no Brasil nos últimos 20 anos em bacia de terra. Nesse prospecto profundo. Mas a certeza que eu tenho é que você pega gás, gás e óleo, óleo e gás e óleo. Porque normalmente, Gustavo, em um ambiente normal de temperatura e pressão de modelo básico, você encontraria óleo, embaixo do óleo o gás. Se isso for o gás que consideramos não-associado, o gás seco; por quê? Porque o gás vem do óleo. Colocando muita temperatura no óleo, você „crackeia‟, e o óleo passa para óleo pesado, para óleo leve, de óleo leve para pentano, butano, propano e metano. Então, no início da Bacia do Solimões, o pessoal furava e encontrava o gás. Metano. Como a tecnologia não lhe permitia analisar esse gás e dizer que era metano mais etano mais propano mais butano, que é gás úmido, o pessoal falava “encontrei gás”, e não ia para o fundo, porque pensava “se eu for para o fundo, por que eu vou ter gás?”. Mas na hora que você olha esse gás que eles perfuraram no raso, esse era um gás úmido. Então, Gustavo, se você tiver uma lata de Coca Cola no seu escritório, coloque um copo, pegue essa lata de Coca Cola fechada, essa lata está cheia de líquido, mas todo gás da Coca Cola está associado ao líquido. Ele está dentro desse líquido. Como ele consegue ficar dentro desse líquido? Por causa da pressão. Na hora em que você 7 Q&A da Teleconferência Resultados do 3T10 HRT Participações (HRTP3 BZ) 16 de Novembro de 2010 abre lata a alivia a pressão, joga no seu copo, você verá que todo o gás vai para cima e o óleo fica embaixo. Esse foi o fenômeno que aconteceu na Bacia do Solimões, e que aconteceu na Bacia de Santos, Gustavo. Por que há dez anos eu publiquei mais de 20 artigos dizendo “go deeper”, “vá para o fundo”, porque embaixo de Merluza – que era o campo de gás – você tem o óleo? Pelos mesmos princípios. Então, a nossa certeza, por isso pegamos sondas que vão a 4.500 metros, por isso a Petrobras agora contratou duas sondas de 5.000 metros, porque agora você vai furar todos os poços indo para o fundo. Vamos mudar a história desse País, Gustavo. Sua segunda pergunta, que você falou dos três poços abaixo de 3.000 metros, eles são poços exploratórios, quando vamos testar um objetivo exploratório. Mas independente disso, Gustavo, só para você imaginar, na Bacia do Recôncavo, se você juntar todos, deve ter mais de 10.000 poços. Na Bacia do Solimões, dois blocos nossos lá dão uma Bacia do Recôncavo, Gustavo. Coloque isso na cabeça. Dois blocos nossos dão, mais ou menos, 10.000 km². Isso é o tamanho da Bacia do Recôncavo, que tem 9.000 poços. Nós temos, para você imaginar, 50.000 km² no Solimões, o que dá dez recôncavos, e temos 21 poços, sendo que só três exploratórios abaixo de 3.000 metros, e o óleo todo vem lá debaixo. Não preciso falar mais nada, preciso? Gustavo: Não precisa. Obrigado, Márcio. Pedro Medeiros, Citibank: Bom dia a todos. Na verdade, eu tenho duas perguntas mais diretas sobre o operacional e o financeiro da Empresa. A primeira delas, durante o 3T nós observamos a variação da conta do intangível, que foi basicamente, pela reavaliação do stake adicional que vocês compraram da Petra. Já tem alguma previsão de qual vai ser de fato a variação final, dada a conclusão do IPO e a reavaliação final do valor do ativo do Solimões? E a segunda pergunta é se você poderia comentar um pouco a política de gestão do caixa que vocês pretendem ter até o final do ano e para 2011. Márcio Rocha Mello: OK, Pedro. Obrigado pela pergunta. Em relação à sua primeira pergunta, é importante dizer que, dentro do contrato estipulado com a Petra, nós estamos dentro do prazo, e que os bancos estão preparando de forma completamente independente a avaliação 8 Q&A da Teleconferência Resultados do 3T10 HRT Participações (HRTP3 BZ) 16 de Novembro de 2010 deles referente aos valores respectivos do Solimões, da Namíbia, da IPEX, do caixa que nós tivemos, do capital intelectual. E os três bancos que são nossos bookrunners vão nos oferecer o diagnóstico desses valores, e uma vez que esses diagnósticos dos valores são fornecidos, a coisa é imediata com relação ao pagamento do restante dos 4% que nós obtivemos com a Petra. Então, isso é pura e simplesmente relativo a isso. Com relação à sua segunda pergunta, é muito importante dizer que se você olhar nosso prospecto, se você olhar o plano de negócios que o nosso Diretor Milton Franke fez, é um plano de negócios extremamente detalhado, e se você tiver oportunidade de estar conosco, ele vai no detalhe dos centavos. Nós sabemos tudo o que vamos aplicar, onde, em que, em que data, como e de que forma. Então, isso dá um controle para a HRT quase que diário, para que permita que nós executemos, para que performemos tudo que está no nosso business plan de acordo com os recursos obtidos. A coisa mais importante é o seguinte: nós tivemos a felicidade, o sucesso e a vitória nesse IPO de que o montante arrecadado permita tranquilamente que os nossos planos até 2014 sejam executados sem nenhuma necessidade de voltar ao mercado. A não ser, of course, e o que eu acho particularmente, é que nosso sucesso vai ser tão grande já em 2011, com descobertas significativas, que esse plano vai ter que se adequar. E esse plano se adequando, os nossos gastos financeiros têm que se adequar, para permitir a evolução do que esperamos desta Companhia. Pedro Medeiros: E em relação à primeira pergunta, existe alguma previsão de data de quando esse material estará disponível? Márcio Rocha Mello: Dentro das duas próximas semanas, no máximo. Não passa do dia 25 de novembro. Pedro Medeiros: Está ótimo. Obrigado, Márcio. "Este documento é uma transcrição produzida pela MZ. A MZ faz o possível para garantir a qualidade (atual, precisa e completa) da transcrição. Entretanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais falhas, já que o texto depende da qualidade do áudio e da clareza discursiva dos palestrantes. Portanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais danos ou prejuízos que possam surgir com o uso, acesso, segurança, manutenção, distribuição e/ou transmissão desta transcrição. Este documento é uma transcrição simples e não reflete nenhuma opinião de investimento da MZ. 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