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16 de Novembro de 2010
Caio Macedo, Morgan Stanley:
Bom dia, Márcio. Eu queria fazer duas perguntas, uma ligada à Namíbia e a outra
ligada a Solimões. Vou começar com a Namíbia. No slide da página 11, uma
observação, notamos que, aparentemente, o oposto à Bacia de Santos na África
estaria mais ligado a Angola, enquanto a Namíbia estaria um pouco mais ao sul, o que
sugere um oposto, aqui, mais na região de Pelotas. Eu entendo que você fez o
mapeamento genético do petróleo, e viu que ele tem similaridade em relação ao de
Santos.
Mas pensando em termos geológicos na separação dos continentes, como funciona
essa parte da divisão, e onde você entende que a Namíbia possa ter similaridades
geológicas com a Bacia de Santos? Essa é a pergunta da Namíbia.
E eu queria aproveitar e já colocar a pergunta relacionada a Solimões, também.
Conforme vamos a leste na Bacia de Solimões, eu entendo que exista uma
probabilidade maior para petróleo. Porém, na formação geológica da bacia, e me
corrija se eu estiver enganado, mas eu entendo que houve uma atividade sísmica, o
que pode ter potencialmente comprometido um pouco a formação do reservatório e do
selo. Você poderia elaborar um pouco melhor a perspectiva que você tem nessa
região da Bacia de Solimões em relação a potenciais descobertas de volume
significativo de petróleo?
Márcio Rocha Mello:
Muito boa pergunta, Caio. Ambas as perguntas. Parabéns. A correlação da Namíbia,
quando falamos dessa analogia, eu tento falar Namíbia e Bacia de Santos, mas eu
posso falar Namíbia, Angola e Congo, Bacia de Santos, Campos e Espírito Santo.
Se você olhar todos os trabalhos que eu publiquei nos últimos dez anos, eu não
chamo Bacia de Santos, Campos ou Espírito Santo, eu chamo de Grande Bacia de
Campos. Porque isso é uma bacia só, isso é uma entidade só. O sistema petrolífero é
único.
Quando eu uso Namíbia-Santos, estou querendo focalizar na ideia, no pensamento de
pessoas que talvez não tenham o seu conhecimento, ou pessoas que não tenham o
conhecimento dessas unidades geológicas. Quando você fala Campos, Santos e
Espírito Santo, é muito mais uma divisão de estados. Não é uma divisão geológica.
Então, nós temos que falar das bacias do Sudeste do Brasil e do oeste da África. Elas
são idênticas.
E quando eu falo „idênticas‟, Caio, é o seguinte: o óleo e o gás vieram da mesma
origem, então a rocha geradora é a mesma. Segundo ponto, elas estão em
reservatórios idênticos; os reservatórios existem nos dois lugares. Elas estão em um
regime térmico semelhante. Porque a separação dos continentes foi assimétrica, então
o regime térmico na Namíbia é, inclusive, um pouco maior que o nosso regime térmico
em Campos e Santos, e essa é uma vantagem para nós, porque o óleo lá foi gerado
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mais raso. Então, nós atingimos o que chamamos de subsal na Bacia da Namíbia, e
em Angola também, mais raso do que temos em Santos e Campos.
O nosso objetivo, que chamamos de subsal, que na Namíbia que vamos perfurar, está
a 4.500 metros. Em lâmina d‟água mais rasa do que 7.000 m² em lâmina d‟água de
2.000, 3.000 metros em Santos. Quando você vai para Campos, já fica um pouco mais
raso.
A única diferença é a presença de sal. O sal parou ali, em um grande alto que temos
no sul de Angola e no sul de Santa Catarina, que chamamos de Grande Cadeia do
Walvis Ridge. O sal parou ali. Mas o efeito do sal não é importante na Namíbia. De
certa forma, é até uma vantagem para nós, porque o sal é um selo.
E todos vocês, e a comunidade brasileira, acostumaram-se a chamar de pré-sal.
Errado, tem que ser subsal.
As nossas acumulações de Tupi, de Iara, de Guará, de Libra que nós vemos agora,
são vários reservatórios. O reservatório que chamamos de microbiolitos, que estão
também na Namíbia, aqui em Santos e Campos, o sal está em cima deles e age como
um selo.
Mas no Tupi e em Libra, onde você tem os grandes reservatórios das coquinas, que
são tão grandes as acumulações como desse microbiolito, o selo, a rocha selante não
é o sal, é o folhelho. Na Namíbia, nós não temos o sal, mas em cima dessa sessão
análoga ao que nós chamamos de pré-sal no Brasil, existem folhelhos que são
grandes rochas selantes. Para você ter uma ideia, os 10 bilhões de barris do campo
de Marlim são selados com folhelhos.
Então, o sistema petrolífero, Caio, é o mesmo. Para que nós uniformizemos o nosso
conhecimento, eu podia falar que a Namíbia, Angola e o sul do Congo são análogos
ao Espírito Santo, Campos e Santos. São análogos.
E fazemos isso é por quê? Porque os elementos do sistema petrolífero, que são rocha
geradora, rocha reservatório e a estrutura, são iguais, idênticos; e o óleo e o gás são
iguais, idênticos. Os DNAs são iguais. E os processos, os mesmos processos térmicos
de migração, acumulação e preservação que observamos no Sudeste do Brasil, são
observados no Sudeste da Costa Oeste da África. Então, o potencial esperado é o
mesmo.
Indo para o Solimões, aí sua pergunta foi excelente. Toda essa ideia de que indo para
Leste aumentava o óleo e indo para Oeste aumentava o gás, o culpado disso sou eu,
que escrevi isso 20 anos atrás. Se você for olhas as bibliografias, quem escreveu isso
fui eu. Escrevi várias vezes. Mas o conhecimento evolui. Esse era um conhecimento
baseado nas estruturas rasas. Os poços foram perfurados simplesmente até o
carbonífero, eles não chegaram aos reservatórios de devonianos.
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E todo esse gás que eles perfuraram, e o pessoal falava que era gás, agora, com as
análises feitas, estamos vendo que esses gases são gases úmidos. São gases que
eram associados ao petróleo mais profundo e que, devido ao processo de exumação
da bacia, há 150 milhões de anos, eles saíram da fase líquida na qual eles estavam
saturados, e foram para os reservatórios, até chegar ao sal, onde foram trapeados.
Então, a nossa ideia é que, independente de onde estejamos furando, se formos para
o fundo, teremos grandes eventos, grandes descobertas de óleo em todas as partes
da bacia, seja Leste, seja Oeste, sem sombra de dúvida.
Durante o trimestre, a HRT várias simulações que nós chamamos de análises de
sistemas petrolíferos com modelagem 3D, e observamos que essa fase líquida está
presente em toda parte da bacia. Só 226 poços foram perfurados nessa bacia, três
abaixo de 3.000 metros.
Então, essa sua ideia de gás para Norte, óleo, ela não procede. E aí está a grande
oportunidade da HRT.
Caio Macedo:
OK, Márcio. Muito obrigado.
Emerson Leite, Credit Suisse:
Bom dia a todos. Só para fazer uma atualização, Márcio, você poderia descrever quais
foram os últimos dados pela HRT no sentido de iniciar as perfurações na Bacia do
Solimões, seja do ponto de vista do equipamento, bases de instalação, e mesmo
novas licenças?.
E ao mesmo tempo, você pode nos atualizar em relação à questão da seca na região
amazônica? Em que medida isso é uma preocupação ou não para o início dos
trabalhos? Muito obrigado.
Márcio Rocha Mello:
Emerson, muito obrigado pela sua pergunta. É importante dizer que nós estamos em
um período de silencio, porque não terminou ainda o green shoe, isso ocorrerá no dia
25 de novembro. Nós temos que fazer comentários só daquilo que já foi publicado, ou
que já foi falado. Mas eu posso dizer que já foram feitos vários esforços no sentido do
seu comentário.
Nós assinamos esses contratos. É muito importante dizer, a nossa preocupação é
tanta que nós temos um time da HRT hoje em Houston, acompanhando o término da
sonda; essa sonda já está sendo montada em Houston, e nós vamos mandar um
grupo de pessoas para já operá-la em Houston antes de mandá-la para o Brasil. Essa
sonda será operada no próprio site de produção. Então, já temos pessoas lá fazendo
isso.
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Já fomos à China e estamos mandando agora, no mês de dezembro, um pessoal para
repetir a mesma coisa na China. Então, temos toda certeza, estamos fazendo todo
esse esforço para que os cronogramas sejam mantidos e sejam executados.
Fizemos no trimestre passado o bid da sísmica ou onshore Solimões; já assinamos
contrato, já estamos mobilizando, a equipe já está indo para lá, então vamos iniciar
essa sísmica 2D 2.000 mil quilômetros.
Obtivemos a licença ambiental da Namíbia, também, Emerson. Já estamos de posse
dessa licença, já fizemos o bid, já assinamos o memorando de understand, estamos
assinando o contrato agora, ainda no mês de novembro, início de dezembro, para já
no mês de janeiro o navio começar a adquirir a sísmica 3D na Namíbia.
Fundamental, Emerson, e obrigado pela pergunta, as nossas equipes de campo já
visitaram todas as nossas seis locações. No 1S11, estávamos previstos para furar seis
locais. Esses seis locais já foram visitados, as equipes já pousaram no local, já
fizemos todo o levantamento florístico dessas áreas, já vamos começar o processo de
desmatamento dessas áreas, que chamamos de supressão vegetal. Então, você faz
todo o levantamento florístico, faz um criadouro, um sistema onde todas as espécies
sejam guardadas, coletadas e preparadas para o replantio após isso.
Nós estamos hoje com geólogos e assistentes de geologia e geoquímica nas áreas
em que vamos perfurar, já delimitando a área e fazendo uma microbiologia e uma
geoquímica de superfície onde vamos furar, e isso tem a predição de dizer a qualidade
do óleo e do gás.
Não tivemos problema nenhum com as secas, nenhum problema. Como vocês sabem,
essas nossas primeiras locações são em áreas muito localizadas próximo de Tefé e
próximo de Carauari. Se você se lembra do plano do nosso Diretor, Milton Franke, de
começar as nossas explorações por clusters, permitem que nós estejamos de
helicóptero a menos de uma hora de todas as locações.
Isso está permitindo toda essa nossa preparação a partir disso, e você pode dizer que
a HRT não é só competente, mas abençoada por Deus. As chuvas já começaram, os
rios já estão enchendo, tudo voltando ao normal. Embora eu tenha que dizer que nos
rios que estão próximos às nossas locações são rios que não são afetados por essas
secas periódicas. São rios como o rio Tefé e o rio Juruá, que são navegáveis durante
todo o ano.
Em outros blocos nós poderíamos ter, no futuro, problemas, mas a HRT, como
sempre, partindo para tecnologias inovadoras, estamos olhando overcrafts que andam
melhor nessas lâminas d‟água de pequena profundidade. A riqueza da HRT é que isso
está sendo feito sempre colocando a tecnologia em prol da eficiência.
Nós estamos hoje, Emerson, prontos a operar. A nossa base de Manaus já está
completamente licenciada e pronta, pretendemos fazer a inauguração antes do final do
mês; as nossas bases críticas, que vão suportar as nossas duas primeiras campanhas
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nos clusters que o Milton Franklin denominou, já estão em processo adiantado de
licenciamento. Nós devemos estar esperando o licenciamento pleno dessas duas
bases ainda no mês de novembro. Estamos prontos para operar.
E lembrem-se: a HRT está com dois a três meses de vantagem, já tendo praticamente
toda a operação pronta. Assinamos o contrato com a Halliburton, que gerencia
companhias como a Weatherford e a MCI. O contrato já está assinado, já estão
mobilizando. Assinamos já o contrato com a Parente Andrade, que é a Companhia que
prepara as áreas que a Petrobras tem perfurado. Já está assinado; já estão
mobilizando pessoas. Estamos já em prosa, antes deste final de mês, de assinar todos
os contratos, toda a parte de helicópteros e aviões.
A Companhia, Emerson, está preparada. Se tivéssemos que iniciar a perfuração
amanhã, temos capacidade para fazê-lo.
Então, é muito importante dizer que, no momento, não temos nada que indique
qualquer alteração no cronograma que temos apresentado aos nossos investidores.
Emerson Leite:
Excelente, Márcio. Muito obrigado pelo esclarecimento.
Marcos Siqueira, Deutsche Bank:
Bom dia, Márcio. Só uma pergunta: um tempo atrás vimos na imprensa uma notícia
sobre a Eletrobrás conversando com a Petra para utilização do gás em bacias como
Solimões e Parnaíba. Eu só queria saber um pouco da sua opinião sobre essa
possível associação, se seria interessante para uma monetização do gás. Se tem
alguma coisa a mais que você poderia compartilhar conosco. Obrigado.
Márcio Rocha Mello:
Excelente pergunta, Marcos. Obrigado. Muito importante. A Eletrobrás nos procurou
há quase dois anos; a Petrobras esteve em nossa Companhia, HRT Petróleo
Companhia de Serviços, pedindo que fizéssemos um trabalho para eles, e nós
colocamos esse plano, colocamos um budget para avaliar todo o potencial gaseífero
do Solimões, porque a Eletrobrás tinha intenção, desde sua interligação por meio de
redes por todo o Brasil, de usar esse potencial para fazer grandes termelétricas a gás
na Amazônia e colocar no sistema integrado.
Nós apresentamos esta proposta à Eletrobrás há um ano e meio, e ela já estava
conversando com a antiga STR, ou Petra, há um ano e meio. Então, não estamos
falando nada de novo. Estamos falando de coisas de um ano e meio atrás, e sem
sombra de dúvida, você sabe que quando eu falo que é uma bacia super carregada, o
nosso potencial de gás no folhelho tem 31,7 bilhões, e o potencial de gás e óleo da
Bacia do Solimões é gigantesco. Então, não me cause nenhuma surpresa, muito pelo
contrário, me mostra que é um caminho a ser seguido.
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E quando você fala da Bacia do Solimões, das outras bacias, nas outras bacias existe
potencial, mas no Solimões ele já foi confirmado. A diferença entre a Bacia do
Solimões e as outras bacias, do Parnaíba, São Francisco, Paraná etc., é que nas
outras existem um potencial; agora na Bacia do Parnaíba, conosco fazendo aquela
perfuração. Mas no Solimões, ela já existe há muito tempo. É a segunda maior reserva
de gás do Brasil, Marcos. Você sabia disso? A Bacia do Solimões, com 155 poços
perfurados, é a segunda reserva de gás do Brasil todo, e hoje é a segunda produtora
de gás do Brasil, também.
Então, se eu fosse a Eletrobrás, eu continuaria com isso, porque faz muito sentido, e
acho que a monetização do gás do Solimões será muito mais rápida do que a
prognosticada por todos nós. Não tenho a menor sombra de dúvida.
Ainda mais com a pergunta do Emerson, sobre as secas, nós temos um grande
potencial hidrelétrico, mas nosso potencial gaseífero é muito maior. É muito maior e
estará aqui por mais 100 a 200 anos. Então, acho que está tranquilo, e muito obrigado
pela pergunta.
Marcos Siqueira:
Obrigado.
Gustavo, BTG Pactual:
Bom dia, Márcio. Eu tinha duas perguntas rápidas. A primeira delas, eu só queria
entender esse conceito do óleo mais profundo, e entender um pouco como ele se
aplica com o que vocês estão planejando fazer. A imprensa já noticiou amplamente
que vocês começaram pelo 169 e pelo 170, e olhando o relatório da D&M, vemos que
ali você tem quantidades de óleo médias, você tem coisas que varia de 34% a 100%
em alguns prospectos. Mas pelo seu comentário, a impressão que eu fiquei é que a
expectativa que vocês têm hoje é que, quando perfurar profundo o suficiente, vocês
com certeza encontrarão óleo, e não só gás. Eu só queria confirmar isso.
E a segunda pergunta que eu tinha, é que eu anotei aqui e não consegui pegar direito,
você mencionou que, acho, são 226 poços, só três foram abaixo de 3.000 metros de
profundidade, e eu só queria entender o conceito: esses são poços de exploração, ou
exploração e produção ao mesmo tempo?
Márcio Rocha Mello:
Boa pergunta, Gustavo. As suas perguntas estão, sem dúvida alguma, enriquecendo
sobremaneira minha apresentação. Tenho que agradecê-los. Vocês estão levantando
uma bandeira maravilhosa para mim aqui, então eu só tenho que ser grato a vocês.
Gustavo, nós já sabíamos disso, e eu não sei se você sabe, mas é só você entrar em
todas as minhas publicações, eu fui uma das primeiras pessoas que sempre disse “go
deeper”, “vá mais para o fundo”. E por que isso, Gustavo? É muito simples para
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qualquer pessoa entender: a rocha que gera o petróleo está lá embaixo, e o petróleo
quando é gerado, por ser mais leve – e quando eu falo petróleo é óleo e gás –, ele
bóia na água. Existem processos que chamamos de buoyance, efusão, difusão, que é
diferencial de concentração e de pressão, e ele ascende para a superfície.
Se não houver uma rocha selante, Gustavo, se não houver uma armadilha, uma
barragem, uma rocha impermeável, o petróleo escapa. Mesmo tendo isso, ele está
escapando.
Eu não sei se você sabe, mas Bacia do Solimões está vazando gás e óleo em tudo
quanto é lugar. Vaza, mas você não vê. São quantidade ínfimas, EPM, partes por
milhão.
Mas qual é o nosso conceito? Perfurou-se em toda a Bacia do Solimões, 226 poços.
155 que chamamos de exploratórios, mas aí está envolvendo exploratório, exploratório
adjacente, exploratório de estatigráfico. Então, se você for ver os poços que realmente
foram testar prospectos, isso dá um número menor que 50, em uma bacia do tamanho
da França.
Então, é importante você ter isso em mente, que qualquer previsão, qualquer
avaliação tem que ser muito cuidadosamente feita, porque nossa ideia, e porque
nossa certeza, Gustavo, baseada em dados; nós podemos discutir interpretações, mas
o grande dado foi o seguinte: a Petrobras, a 8 quilômetros do nosso bloco, perfurou
um poço, e foi no segundo reservatório de gás que ela está acostumada a pegar em
toda a área. E quando ela foi a um reservatório profundo, que chamamos de
devoniano, que está perto dessa rocha geradora, ela pegou um reservatório que está
sendo considerado a maior descoberta feita no Brasil nos últimos 20 anos em bacia de
terra. Nesse prospecto profundo.
Mas a certeza que eu tenho é que você pega gás, gás e óleo, óleo e gás e óleo.
Porque normalmente, Gustavo, em um ambiente normal de temperatura e pressão de
modelo básico, você encontraria óleo, embaixo do óleo o gás. Se isso for o gás que
consideramos não-associado, o gás seco; por quê? Porque o gás vem do óleo.
Colocando muita temperatura no óleo, você „crackeia‟, e o óleo passa para óleo
pesado, para óleo leve, de óleo leve para pentano, butano, propano e metano.
Então, no início da Bacia do Solimões, o pessoal furava e encontrava o gás. Metano.
Como a tecnologia não lhe permitia analisar esse gás e dizer que era metano mais
etano mais propano mais butano, que é gás úmido, o pessoal falava “encontrei gás”, e
não ia para o fundo, porque pensava “se eu for para o fundo, por que eu vou ter gás?”.
Mas na hora que você olha esse gás que eles perfuraram no raso, esse era um gás
úmido.
Então, Gustavo, se você tiver uma lata de Coca Cola no seu escritório, coloque um
copo, pegue essa lata de Coca Cola fechada, essa lata está cheia de líquido, mas todo
gás da Coca Cola está associado ao líquido. Ele está dentro desse líquido. Como ele
consegue ficar dentro desse líquido? Por causa da pressão. Na hora em que você
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abre lata a alivia a pressão, joga no seu copo, você verá que todo o gás vai para cima
e o óleo fica embaixo.
Esse foi o fenômeno que aconteceu na Bacia do Solimões, e que aconteceu na Bacia
de Santos, Gustavo. Por que há dez anos eu publiquei mais de 20 artigos dizendo “go
deeper”, “vá para o fundo”, porque embaixo de Merluza – que era o campo de gás –
você tem o óleo? Pelos mesmos princípios.
Então, a nossa certeza, por isso pegamos sondas que vão a 4.500 metros, por isso a
Petrobras agora contratou duas sondas de 5.000 metros, porque agora você vai furar
todos os poços indo para o fundo. Vamos mudar a história desse País, Gustavo.
Sua segunda pergunta, que você falou dos três poços abaixo de 3.000 metros, eles
são poços exploratórios, quando vamos testar um objetivo exploratório.
Mas independente disso, Gustavo, só para você imaginar, na Bacia do Recôncavo, se
você juntar todos, deve ter mais de 10.000 poços. Na Bacia do Solimões, dois blocos
nossos lá dão uma Bacia do Recôncavo, Gustavo. Coloque isso na cabeça. Dois
blocos nossos dão, mais ou menos, 10.000 km². Isso é o tamanho da Bacia do
Recôncavo, que tem 9.000 poços.
Nós temos, para você imaginar, 50.000 km² no Solimões, o que dá dez recôncavos, e
temos 21 poços, sendo que só três exploratórios abaixo de 3.000 metros, e o óleo todo
vem lá debaixo. Não preciso falar mais nada, preciso?
Gustavo:
Não precisa. Obrigado, Márcio.
Pedro Medeiros, Citibank:
Bom dia a todos. Na verdade, eu tenho duas perguntas mais diretas sobre o
operacional e o financeiro da Empresa. A primeira delas, durante o 3T nós
observamos a variação da conta do intangível, que foi basicamente, pela reavaliação
do stake adicional que vocês compraram da Petra. Já tem alguma previsão de qual vai
ser de fato a variação final, dada a conclusão do IPO e a reavaliação final do valor do
ativo do Solimões?
E a segunda pergunta é se você poderia comentar um pouco a política de gestão do
caixa que vocês pretendem ter até o final do ano e para 2011.
Márcio Rocha Mello:
OK, Pedro. Obrigado pela pergunta. Em relação à sua primeira pergunta, é importante
dizer que, dentro do contrato estipulado com a Petra, nós estamos dentro do prazo, e
que os bancos estão preparando de forma completamente independente a avaliação
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deles referente aos valores respectivos do Solimões, da Namíbia, da IPEX, do caixa
que nós tivemos, do capital intelectual.
E os três bancos que são nossos bookrunners vão nos oferecer o diagnóstico desses
valores, e uma vez que esses diagnósticos dos valores são fornecidos, a coisa é
imediata com relação ao pagamento do restante dos 4% que nós obtivemos com a
Petra. Então, isso é pura e simplesmente relativo a isso.
Com relação à sua segunda pergunta, é muito importante dizer que se você olhar
nosso prospecto, se você olhar o plano de negócios que o nosso Diretor Milton Franke
fez, é um plano de negócios extremamente detalhado, e se você tiver oportunidade de
estar conosco, ele vai no detalhe dos centavos. Nós sabemos tudo o que vamos
aplicar, onde, em que, em que data, como e de que forma. Então, isso dá um controle
para a HRT quase que diário, para que permita que nós executemos, para que
performemos tudo que está no nosso business plan de acordo com os recursos
obtidos.
A coisa mais importante é o seguinte: nós tivemos a felicidade, o sucesso e a vitória
nesse IPO de que o montante arrecadado permita tranquilamente que os nossos
planos até 2014 sejam executados sem nenhuma necessidade de voltar ao mercado.
A não ser, of course, e o que eu acho particularmente, é que nosso sucesso vai ser
tão grande já em 2011, com descobertas significativas, que esse plano vai ter que se
adequar. E esse plano se adequando, os nossos gastos financeiros têm que se
adequar, para permitir a evolução do que esperamos desta Companhia.
Pedro Medeiros:
E em relação à primeira pergunta, existe alguma previsão de data de quando esse
material estará disponível?
Márcio Rocha Mello:
Dentro das duas próximas semanas, no máximo. Não passa do dia 25 de novembro.
Pedro Medeiros:
Está ótimo. Obrigado, Márcio.
"Este documento é uma transcrição produzida pela MZ. A MZ faz o possível para garantir a qualidade (atual, precisa e
completa) da transcrição. Entretanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais falhas, já que o texto depende da
qualidade do áudio e da clareza discursiva dos palestrantes. Portanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais danos
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