ATENDIMENTO PRÉ - HOSPITALAR AO POLITRAUMATIZADO POR ACIDENTE DE TRÂNSITO Mariana Bittencourt Santos de Melo1 Michelle Silva Dourado de Almeida1 Ana Márcia Chiaradia Mendes-Castillo2 RESUMO Trata-se de uma revisão bibliográfica onde se discutiu o atendimento préhospitalar (APH) ao politraumatizado por acidentes de trânsito (AT), descrevendo suas causas, efeitos, dados epidemiológicos, o atendimento imediato a vítima no local do acidente e suas consequências. Para isto, pesquisou-se a base de dados do Scielo e Google acadêmico conforme os seguintes descritores: trauma, enfermagem e emergência. Os resultados demonstram que: o Brasil é um dos líderes mundiais em AT’s, a ocorrência é maior em homens e jovens, as lesões dependem do trauma sofrido e a importância do APH nos primeiros minutos após o trauma, afim de, aumentar a sobrevida da vítima. Para vencer este desafio é preciso investir em programas educativos, engenharia de tráfego, medidas preventivas e fiscalização voltada à segurança de todo cidadão. Palavras-chave: Trauma. Enfermagem. Emergência. 1 Enfermeira cursando Pós- graduação em Emergência Atualiza Pós- Graduação Emaill: [email protected] Emaill: [email protected] 2 Enfermeira, Orientadora, Especialista em Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos, Mestre em Enfermagem, Doutoranda em Enfermagem. Emaill: [email protected] 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, tem-se observado que os acidentes de trânsito estão sendo responsáveis por um número cada vez maior de mortes, bem como pelo aumento da morbidade entre suas vítimas, em praticamente todos os países do mundo (MELLO et al,1997 apud RAMOS, 2008). Eles estão classificados como Causas Externas (CE’s), que são definidas como todos os eventos resultantes de quedas, envenenamento, lesões autoprovocadas intencionalmente, agressões, suicídios e acidentes de trânsito (AT’s) (BRASIL, 1993). Alguns autores fazem valiosas contribuições sobre as CE’s, ressaltando a magnitude desses eventos. Estudo realizado em Curitiba/PR mostrou que, no Brasil, o trauma é o responsável pela morte de 90 mil pessoas e mais de 200 mil seqüelas definitivas. Outros autores acrescentam ainda que as CE’s ocasionam a morte de aproximadamente 120 mil brasileiros por ano, além de vitimar cerca de 1,5 milhões com ferimentos em acidentes, representando mais de 300 pessoas a cada dia ou, em média, uma morte a cada 15 minutos (ARRUDA & GARCIA, 2000 apud RAMOS, 2008; FERREIRA NOVO, 2007 apud RAMOS, 2008). Estamos, pois, diante de um problema de saúde pública de grande magnitude e transcendência que repercute diretamente na população mundial e exige a adoção de medidas preventivas na tentativa de minimizá-lo. Acredita-se, por conseguinte, que a prevenção é o método de tratamento mais importante e de maior alcance a disposição da sociedade. Nessa perspectiva, independente da origem do trauma, uma pessoa pode apresentar lesões graves, necessitando de intervenção apropriada para evitar a morte e seqüelas advindas desse evento. Dessa feita, o cuidado às vitimas deve ser iniciado no APH voltado para a manutenção da vida e a minimização das seqüelas. O manejo inicial desses pacientes apresenta algumas peculiaridades que requer de toda equipe atuação especifica, de acordo com o tipo de trauma sofrido. O serviço de APH que é realizado através de duas modalidades: o suporte básico e o avançado à vida envolvem todas as ações que ocorrem antes da chegada do paciente ao ambiente hospitalar, e pode influir positivamente nas taxas de morbi-mortalidade por trauma. A assistência qualificada na cena do acidente, o transporte e a chegada precoce ao hospital são fundamentais para que a vítima chegue ao hospital com vida (PEREIRA, 2006). O presente artigo tem como objetivo descrever os acidentes de trânsitos, suas causas e efeitos, dados epidemiológicos, atendimento imediato a vítima no local do acidente e suas consequências. Desta maneira foi realizada uma pesquisa bibliográfica, que segundo Vieira (2001), mostra a evolução de conhecimentos sobre um tema específico, aponta as falhas e os acertos dos diversos trabalhos na área fazendo críticas e elogios e resume o que é, realmente, importante sobre o tema. Foi pesquisada a base de dados do Scielo e Google acadêmico conforme os seguintes descritores: trauma, enfermagem e emergência. Foram encontrados 16 artigos relacionados ao tema, sendo que 14 eram coerentes com os objetivos do estudo. Foram utilizadas também fontes de dados do Departamento de Trânsito do Estado da Bahia (DETRAN-BA) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). 2 RESULTADOS 2.1 ACIDENTES DE TRÂNSITO: DADOS EPIDEMIOLÓGICOS, CAUSAS E EFEITOS Os acidentes e as violências configuram, assim, um conjunto de agravos à saúde, que pode ou não levar a óbito, no qual se incluem as causas ditas acidentais – devidas ao trânsito, trabalho, quedas, envenenamentos, afogamentos e outros tipos de acidentes – e as causas intencionais (agressões e lesões autoprovocadas). Esse conjunto de eventos consta na Classificação Internacional de Doenças – CID (OMS, 1985 e OMS, 1995) – sob a denominação de causas externas. Quanto à natureza da lesão, tais eventos e ou agravos englobam todos os tipos de lesões e envenenamentos, como ferimentos, fraturas, queimaduras, intoxicações, afogamentos, entre outros (BRASIL, 2001). Em 2004, os acidentes de trânsito foram a 9ª causa de morte no mundo. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que em 2020 ele ocupará a 4ª causa. Ainda segundo a OMS, os AT’s são responsáveis por 1,2 milhões de mortes/ ano e 50 milhões de feridos em todo o mundo (RAMOS, 2008). O IPEA considera o Brasil um dos lideres mundiais em AT’s há mais de 30 anos. O problema se revela não apenas pelo número absoluto, como também pela elevada incidência de acidentes por pessoa ou por veículo em circulação (IPEA, 2003). Os AT’s têm sido alvo de grande preocupação no Brasil e no mundo, pelo elevado número de vítimas jovens que atingem e pelos impactos sociais, econômicos e pessoais que provocam (PEREIRA, 2006). Nas últimas décadas ocorreram grandes transformações no Brasil, principalmente os avanços nas indústrias automobilísticas que geraram efeitos multiplicadores de transformações urbanas e sociais. Todos esses avanços e mudanças tecnológicas fizeram com que o crescimento da cidade acontecesse de forma desordenada. Isto favoreceu o caos urbano existente no trânsito, como resultante de um sistema viário sem planejamento ocasionando condições inseguras e problemas estruturais (RAMOS, 2008). A qualidade insatisfatória dos transportes coletivos fez com que as pessoas optassem por meios de transportes individuais, o que piorou os problemas de trânsito nas grandes cidades. Tudo isto vem colaborando com o aumento da agressividade dos motoristas, perda na qualidade de vida dos cidadãos urbanos e, conseqüentemente, tornando os indivíduos mais vulneráveis aos AT’s (TAPIA-GRANADOS, 1998 apud RAMOS, 2008; SANTOS, RAIA JUNIOR, 2006 apud RAMOS, 2008). Segundo Caldas (1998), os AT’s e as variáveis que os circundam: comportamento humano, tecnologia, engenharia de tráfego, entre outras, têm sido foco de preocupação social. As modificações do novo Código de Trânsito Brasileiro foram uma tentativa do Governo e da sociedade brasileira no sentido de reverter às alarmantes estatísticas do trânsito no Brasil. A nova lei prevê punições mais severas para os infratores: multas de valores elevados, possibilidade de perda da habilitação e a criação de mecanismos jurídicos para punir os crimes de trânsito (morte provocada por acidente). Na Bahia, em 2002, o DETRAN caracterizou os acidentes no estado, por faixa etária, demonstrando que as maiores vítimas possuem de 31 a 40 anos, seguidas de 18 a 24 anos, conforme a Tabela 1 abaixo. Isto se deve em primeiro lugar, ao fato da idade ser própria da ousadia, das crenças pessoais, “de que com ele as coisas não vão acontecer”. O outro aspecto é a falta de conhecimento. O jovem aprende a dirigir mal. Não está preparado para respostas imediatas, sem nenhum treinamento para as situações de emergência. TABELA 1: Faixa etária dos condutores envolvidos em acidentes de trânsito com vítimas no Estado da Bahia no ano de 2002 Rodovias Faixa Etária Estaduais Federais Menores de 18 anos Total 12 72 84 18 a 24 anos 248 672 920 25 a 30 anos 273 576 849 31 a 40 anos 356 570 926 41 a 50 anos 221 536 757 82 167 249 143 391 534 1.335 2.984 4.319 51 anos ou mais Não Informado Total Fonte: Detran-BA / www.estradas.com.br As vítimas dos AT’s geram grande ônus para a sociedade, tanto pelos óbitos como pelas seqüelas às vítimas, gastos com seguridade e o alto consumo de recursos médico-hospitalares e tecnológicos O adulto jovem apresenta-se como vítima importante, fato que evidencia não só um dano social, mas perdas na população economicamente ativa (MALVESTIO, 2008). Além da potencialidade para altas taxas de mortalidade, os AT’s têm em comum, a capacidade de provocar às vítimas um padrão de lesão e gravidade que são influenciados pela aceleração, direção da força envolvida no acidente, a posição da vítima no veículo e sua idade, o uso de equipamentos de segurança, e ainda, tipo e tamanho dos veículos envolvidos. Todos estes fatores são relevantes na análise da biomecânica do evento e, conseqüentemente, influenciam a troca de energia entre os veículos e as pessoas envolvidas, além da gravidade do trauma e as intervenções necessárias (MALVESTIO, 2002a). A Tabela 2 a seguir, demonstra a ocorrência de acidentes por sexo, reafirmando o perfil já descrito em outros estudos, em que aponta os indivíduos do sexo masculino como os mais vulneráveis aos AT's. Por serem ousados, ativos, com desejo de quebrar barreiras e inovar, além de padrões de comportamento como: a velocidade, a taxa de utilização do cinto de segurança e hábitos de lazer, que quase sempre envolvem a bebida alcoólica ou outras drogas; além da sensação de invulnerabilidade causando a impressão de imortalidade, fruto da falta de consciência de risco TABELA 2: Vítimas segundo o sexo envolvidas em acidentes em rodovias, no Estado da Bahia no ano de 2002 Gênero Masculino Rodovias Estaduais Federais 1.626 2.867 4.493 543 897 1.440 14 38 52 2.183 3.802 5.985 Feminino Não Informado Total Total Fonte: Detran-BA / www.estradas.com.br 2.2 O TRAUMA COMO PRINCIPAL CONSEQUÊNCIA DO ACIDENTE DE TRÂNSITO Para Malvestio (2002a), a dimensão dos números envolvidos e a repercussão social, econômica e emocional fazem do trauma um dos maiores problemas deste final de milênio. Dentre suas várias etiologias, o trauma envolvendo "veículo a motor", o chamado acidente de trânsito, tem forte impacto nas estatísticas de mortalidade por esta causa (BRASIL, 1995). Segundo Malvestio (2008), em todo o mundo, na tentativa de diminuir os custos sociais e aprimorar o cuidado as vítimas, inúmeras tecnologias têm sido incorporadas ao atendimento do traumatizado. No entanto, nem sempre é possível evidenciar o real impacto do atendimento na sobrevida das vítimas, pois muitos fatores concorrem para esse resultado. Dentre estes fatores, estão aspectos relacionados à vítima e ao mecanismo do trauma, além de aspectos clínicos, como a gravidade das lesões e sua repercussão fisiológica, bem como o atendimento inicial recebido. A avaliação de um paciente traumatizado inicia-se antes mesmo da visualização da vítima, na fase pré-hospitalar do atendimento. Na avaliação da cena, a observação das circunstâncias nas quais ocorreu o evento, como o tipo de colisão automobilística (frontal, lateral, traseira), o grau de deformidade do veículo, a altura da queda, a velocidade dos corpos, o tipo e calibre das armas, entre muitas outras permite que se estabeleça uma relação entre estes fatos e as possíveis lesões apresentadas pela vítima. Este estudo denomina-se cinemática do trauma, biomecânica d o trauma ou mecanismo do trauma (MALVESTIO, 2002a). A observação do local da cena do evento faz parte da história do trauma. Os danos externos e internos constatados no veículo frequentemente representam informações valiosas que geram “pistas” para as lesões sofridas pelos seus ocupantes. Por exemplo, um volante deformado sugere impacto sobre o tórax, uma “fratura” circular do pára-brisa indica o local de impacto da cabeça e sugere uma possível lesão do crânio e/ou da coluna cervical. Uma deformidade na parte mais baixa do painel sugere o impacto e uma possível luxação de joelho, coxa-femural ou até uma fratura de fêmur. Intrusão da porta no compartimento dos passageiros leva a suspeita de uma lesão tóracoabdominal-pélvica e/ou no pescoço da vítima (MALVESTIO, 2002a). 2.3 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR AO TRAUMATIZADO POR ACIDENTE DE TRÂNSITO O APH é uma organização recente como serviço de saúde, sustentada por normalizações que datam de 1998. Antes desse período, funcionava por meio de parcerias do Corpo de Bombeiros com as Secretarias Municipais ou Estaduais de Saúde, numa articulação entre bombeiros militares e médicos. Com as normalizações do Ministério da Saúde, ganha força a constituição da vertente civil, que caracteriza o APH como um serviço de responsabilidade da área da saúde, sob coordenação do profissional médico, seguindo o modelo clínico de atenção à Saúde, caracterizado pela implantação de protocolos assistenciais (PEREIRA, 2009). O Ministério da Saúde, 2001 define APH como: Atendimento que procura chegar precocemente à vítima, após ter ocorrido um agravo a sua saúde, (de natureza traumática ou não traumática ou, ainda psiquiátrica), que possa levar a sofrimento ou mesmo a morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde. Este conceito prevê a chegada precoce a cena do acidente, de pessoal treinado e habilitado a executar a avaliação da vítima, os procedimentos de recuperação ou manutenção da vida e a decisão de triagem sobre a unidade hospitalar mais adequada para o atendimento definitivo (MALVESTIO, 2002a). A área de urgência e emergência constitui um importante componente da assistência à saúde. O aumento do número de acidentes, da violência urbana e insuficiente estruturação da rede são fatores que têm contribuído para a sobrecarga desses serviços disponibilizados para o atendimento da população brasileira. Dentre as tecnologias que vem sendo empregadas no atendimento inicial ao traumatizado, destaca-se o APH, que possui duas modalidades: o Suporte Básico de Vida, cuja característica principal é não realizar manobras invasivas de preservação da vida e o Suporte Avançado à Vida que prevê a realização de procedimentos invasivos com suporte ventilatório e circulatório (BRASIL, 2001). A finalidade do APH na assistência à pessoa quem sofreu AT é mantê-la viva até a chegada ao local onde será possível curá-la, diminuir as seqüelas, possibilitando melhor qualidade de vida ou mesmo sua própria vida. Para isso, existe um conjunto de técnicas, que devem ser de domínio dos socorristas envolvidos na assistência às vitimas de trauma. Entre essas técnicas estão a desobstrução de vias aéreas, a imobilização da coluna cervical, a rolagem da vitima, colocação de KED, imobilização em maca rígida com a vitima em pé ou deitada, imobilização em casos de fraturas, controle de sangramento (PEREIRA, 2009). Para Malvestio (2008), a realização do APH nos primeiros minutos após o trauma objetiva que as medidas de reanimação e estabilização possam impedir o agravamento do quadro e influenciar a sobrevivência da vítima, mantendo-a em condições de chegar com vida até o tratamento hospitalar ser implementado. Estudo afirma que, a chegada ao hospital deve ocorrer em até uma hora após o acidente e mostrou melhora ainda maior nos índices de sobrevivência das vítimas que chegaram ao hospital em até 30 min. (JOHNSON, 1991 apud MALVESTIO, 2002b). No entanto outros autores afirmam, que nenhuma associação entre o tempo total no APH e os resultados alcançados pela vítima pode ser estabelecida de forma clara. O autor alerta que, antes de criticar o maior tempo consumido na cena, há que se analisar os muitos espaços de tempo desde a ativação do sistema de emergência até o início dos procedimentos e, posteriormente, até a chegada ao tratamento definitivo, que também são responsáveis pelo possível atraso. (SPAITE et al, 1998 apud MALVESTIO, 200b2). Com vistas à importância de um atendimento eficaz e imediato a vítima do trauma. O Sistema Único de Saúde normatizou o APH através da Portaria Nº 1864/GM em 29 de setembro de 2003, que regulamenta o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), caracterizado por prestar assistência às pessoas em situações de agravos urgentes nas cenas em que os eventos ocorrem, garantindo atendimento precoce e adequado a vítima, bem como o acesso do usuário ao Sistema de Saúde. Esses eventos podem ser de natureza clínica, cirúrgica, traumática ou psiquiátrica, os quais causam sofrimento, seqüelas temporárias ou permanentes, podendo levar a vitima à morte (BRASIL, 2006). Pereira (2009), relata que na prática cotidiana dos serviços de APH, o trabalho se estrutura a partir de instrumentos tecnológicos e do estabelecimento de relações entre os atores, especialmente no atendimento à vitima de acidentes de trânsito, quando várias áreas se envolvem nessa assistência. O trabalho desenvolvido caracteriza-se como um trabalho coletivo, cujo resultado depende dos atos de cada um desses atores que desses atores que atuam de acordo com seus saberes e práticas específicos, e por todos eles no seu conjunto. As ações são desenvolvidas por vários profissionais, respeitadas as especificidades, competências e responsabilidades de cada membro da equipe. A enfermeira, nesse contexto, a assume o papel de articulação, integração da equipe, contribuindo na inter-relação entre os diversos autores, além de ser reconhecida como coordenadora da equipe de enfermagem. Ela contitui-se um elo entre a gestão e a assistência, entre a regulação médica e a equipe socorrista, entre a coordenação do serviço e a equipe, pois transita em quase todos os espaços, atuando junto à equipe básica, junto com o médico no suporte avançado, fazendo a administração do serviço, à supervisão da equipe e a educação permanente da equipe de técnicos e auxiliares de enfermagem, motoristas e de outros atores (PEREIRA, 2009) Embora existam dúvidas a respeito do APH e seu impacto sobre os resultados alcançados pela vítima, é inegável sua contribuição para a diminuição do tempo de chegada até a vítima e ao hospital apropriado, bem como na realização de intervenções iniciais apropriadas à manutenção da vida. Essas premissas básicas, previstas na própria definição de APH, deixam claro que este componente do sistema de saúde não pretende ser um tratamento definitivo, mas sim realizar seu papel de agente temporário de manutenção da homeostase até o tratamento mais indicado ser possível (MALVESTIO, 2002b). 3 CONCLUSÃO Ainda que na fase pré-hospitalar não se reverta um quadro extremamente grave, a rapidez de chegada à cena e ao hospital, bem como as intervenções iniciais apropriadas, previnem o agravamento do quadro e o surgimento de novas lesões, melhoram condições para alguns casos e até atrasam resultados fatais, dando à vítima a chance de chegar ao tratamento definitivo e se beneficiar dele. Por se tratar de um problema de Saúde Pública deve ser realizado pelos profissionais da equipe de saúde, trabalho educativo e preventivo, voltado para o paciente, vítima de violência no trânsito, tendo em vista os altos números de vítimas. É preciso a investir na revitalização do transporte coletivo, programas de educação e conscientização para evitar o consumo de bebidas alcoólicas no trânsito. Diante disto, sugerimos que este tema seja explorado e aprofundado cientificamente, para que novos projetos possam surgir e reduzir os acidentes de trânsito e toda a realidade social e de saúde que os envolve. REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Saúde. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10). 10ª Revisão. Brasília: v.1, 1993. Disponível em: <http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=040203> Acesso em: 25 set. 2010. BRASIL, Ministério da Saúde. Institui as diretrizes de regulação médica das urgências e normatiza os serviços de atendimento pré-hospitalar móvel. Brasília: 2001. [Portaria 814/Gabinete do Ministro]. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/Politica%20Nacional.pdf>. Acesso em: 25 set. 2010. BRASIL, Ministério da Saúde. 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The results show that: Brazil is a world leader in TA's, are more frequent in men and youth, the lesions depend on the trauma and the importance of PHC in the first minutes after trauma, in order to increase the survival of the victim. To meet this challenge we must invest in educational programs, traffic engineering, enforcement and preventive measures aimed at the safety of all citizens. Keywords: Trauma. Nursing. Emergency. 1 Enfermeira cursando Pós- graduação em Emergência Atualiza Pós- Graduação Emaill: [email protected] Emaill: [email protected] 2 Enfermeira, Orientadora, Especialista em Doação e Transplante de Órgãos e Tecidos, Mestre em Enfermagem, Doutoranda em Enfermagem. Emaill: [email protected]