O QUE A SOCIEDADE ESCONDE? UMA ANÁLISE ACERCA DA PERCEPÇÃO DO TRABALHO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA Sandra Regina Martini Vial* Daiana Brandt** Eu não refuto os ideais, eu apenas visto luvas diante deles... (NIETZSCHE). RESUMO A intenção, com o presente artigo, é analisar algumas características da sociedade contemporânea no sentido de verificar o que pode estar “escondido” nas relações interpessoais e na sistemática de organização das estruturas sociais, especialmente no que se refere ao trabalho. Para tanto, serão abordados os conceitos de “sociedade de controle” (Gilles Deleuze) e “sociedade informacional” (Manuel Castells). PALAVRAS-CHAVE: SOCIEDADE INFORMACIONAL, TRABALHO. DE CONTROLE, SOCIEDADE ABSTRACT The intention, with the present article, is to analyze some characteristics of the society contemporary in the direction to verify what it can be “hidden” in the interpersonal relations and the systematics of organization of the social structures, especially as for the work. For in such a way, the concepts of “society of control” (Gilles Deleuze) and “informacional society” will be boarded (Manuel Castells). KEYWORDS: SOCIETY OF CONTROL, INFORMACIONAL SOCIETY, WORK. * Pós-doutora em Direito pela Universidade Degli Studi di Roma TRE. Professora da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Diretora da Escola Superior da Saúde. ** Advogada. Mestranda em Direito na Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Bolsista Capes Tipo 1. INTRODUÇÃO A dinâmica de funcionamento da sociedade se dá num processo contínuo. À medida que surgem alterações nas relações interpessoais, surgem também modificações em âmbito geral. Nesse sentido, na sociedade contemporânea é possível verificar que, cada vez mais, essas alterações ocorrem numa velocidade maior e até mesmo assustadora. As alterações podem ser tanto tecnológicas quanto relacionais, e geralmente elas andam juntas. Portanto, não há dúvidas de que a sociedade está em constante processo de modificação. O que se busca analisar aqui é, contudo, o que acontece por detrás delas: o que a sociedade esconde? Quais as conseqüências que essas alterações provocam? Enfim, tentar perceber o que, cotidianamente, passa despercebido. Tal análise será realizada, especialmente no que se refere às relações laborais, no sentido de verificar quais as mudanças pelas quais a sociedade passa e que projetam também grandes modificações no ambiente e no que se entende por trabalho. Para realizar esse estudo serão examinados os conceitos de “sociedade de controle” e “sociedade informacional”. No sentido de que seja possível perceber as nuanças de tais estruturações sociais. 1 SOCIEDADE DE CONTROLE E SOCIEDADE INFORMACIONAL Muito já se estudou, falou, opinou acerca de o homem ser um ser social e da sua necessidade de viver em sociedade. Os denominados contratualistas (Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jaques Rousseau)1, por exemplo, 1 formaram diferentes teorias para Thomas Hobbes (HOBBES, Thomas. Leviatã. Ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. São Paulo: Martin Claret, 2002) acreditava que o homem era mau por natureza, que o homem era o próprio lobo do homem e que somente seria possível ao homem viver em segurança caso existisse um ser que controlasse a todos (o Leviatã). Mas, para tanto, seria necessário abdicar da liberdade individual para viver em harmonia., perfazendo-se o “contrato social”. John Locke (MACPHERSON, C. B. Hobbes: o dever político do Mercado. In: A teoria política do individualismo possessivo (de Hobbes a Locke). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.), por sua vez, também acreditava que a formação de um estado partia de um consenso comum entre os cidadãos, o que levava a crer, da mesma forma no “contrato social”. Mas, ao contrário de Hobbes, comprovar essa necessidade. O que interessa, contudo, aqui é perceber como se dá, sem pretensões científicas, esse encontro de indivíduos, atualmente. Para tal mister será estudado o conceito de “sociedade de controle”, com base nas idéias de Gilles Deleuze, além de trabalhar com o referencial de Manuel Castells no que se refere à “sociedade informacional”. 1.1 Sociedade: a informação que liberta ou que controla? Michel Foucault2 trabalhava com o conceito de sociedade disciplinar, no sentido de que instituições clássicas da sociedade eram as responsáveis pelo exercício de uma “normalização” do meio social. Cada pessoa podia ser controlada ou pela família, ou pela escola, ou pela fábrica, ou mesmo pelo Poder Judiciário. Assim, pode-se concluir que merece acurada análise a questão da disciplina em fábricas porque lá se realiza o trabalho3 que pode ser entendido como a fonte de fomento do indivíduo. O trabalho, se realizado numa dessas instituições, por excelência, de difusão da disciplina e com a pretensão de criar “corpos dóceis”4, deve ser investigado e as sutilezas por detrás de tais mecanismos devem ser desvelados. acreditava que a sociedade civil poderia avalizar sua própria racionalidade, participando diretamente do poder legislativo. Para Hobbes, isso era inconcebível, uma vez que concentrava os poderes, todos, na mão do Senhor Absoluto. Locke percebe, nitidamente, a possibilidade de reação aos desmandos do Príncipe. O Estado, para este autor, seria como um “juiz imparcial”, que garantia a vida, a liberdade e o direito à propriedade. Assim, para Locke, o homem possuía um alto grau de racionalidade e autodeterminação em âmbito de sociedade civil. Já Jean-Jaques Rousseau (ROUSSEAU, Jean-Jaques. Do contrato social. São Paulo: Martin Claret, 2002.), também um contratualista, entende que o ser humano, no estado de natureza, é bom e afável, sendo que a sociedade trata de corrompê-lo. O homem, no seu estágio mais primitivo, possui valores naturais que tendem a preservar e respeitar a individualidade do outro homem. É inerente ao ser-humano valores éticos mínimos. É com a racionalização das coisas que o homem passa a sofrer uma deturpação desses sentimentos benéficos. Marca característica na obra de Rousseau, que se destaca dos demais contratualista está no fato de que ele aceita a consciência coletiva, ou seja, um sentimento comum entre os homens da comunidade, rompendo com o paradigma individualizante. 2 FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. História da violência nas prisões. 26 ed. Petrópolis: Vozes, 2002. 3 “O trabalho é, conforme a experiência, um valor moral aceito pelas sociedades contemporâneas e possui em si dupla função: primeiro, é uma das formas de se revelar e se atingir o ideal de dignidade humana, além de promover a inserção social; segundo, é elemento econômico indispensável, direta ou indiretamente, para que haja crescimento” (BOCORNY, Leonardo Raupp. A valorização do trabalho humano no Estado Democrático de Direito. Sérgio Antônio Fabris Editor, 2003, p. 71). 4 FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. História da violência nas prisões. 26 ed. Petrópolis: Vozes, 2002. Por ocasião do que Foucault5 denominava de sociedade disciplinar, cada pessoa podia ser identificada por meio de um número e por meio dele era possível controlar o indivíduo. Contudo, diante da complexidade que a sociedade foi apresentando, Deleuze6 examinou o conceito trazido por Foucault e passou a defender a existência, na contemporaneidade, não mais de uma sociedade disciplinar, mas de uma sociedade de controle: Encontramo-nos numa crise generalizada de todos os meios de confinamento, prisão, hospital, fábrica, escola, família. A família é um “interior”, em crise como qualquer outro interior, escolar, profissional, etc. Os ministros competentes não param de anunciar reformas supostamente necessárias. Reformar a escola, reformar a indústria, o hospital, o exército, a prisão; mas todos sabem que essas instituições estão condenadas, num prazo mais ou menos longo. Trata-se apenas de gerir sua agonia e ocupar as pessoas, até a instalação das novas forças que se anunciam. São as sociedades de controle que estão substituindo as sociedades disciplinares. “Controle” é o nome que Burroughs propõe para designar o novo monstro, e que Foucault reconhece como nosso futuro próximo7. Tal fato, segundo o autor, deve-se à complexidade que a sociedade foi ganhando e que já não permite mais se pensar na possibilidade de observar cada indivíduo de forma isolada. Desse modo, a disciplina já não mais pode ser localizada, mas deve ser espalhada e camuflada. E somente com essa nova característica ela poderá acompanhar a todos8. De acordo com Deleuze9, nas sociedades disciplinares sempre era tempo de recomeçar, já nas sociedades de controle não é possível pensar em terminar nada: Nas sociedades de disciplina não se parava de recomeçar (da escola à caserna, da caserna à fábrica), enquanto nas sociedades de controle nunca se termina nada, a empresa, a formação, o serviço sendo os estados metaestáveis e coexistentes de uma mesma modulação, como que de um deformador universal. Kafka, que já se instalava no cruzamento dos dois tipos de sociedade, descreveu em O processo as formas jurídicas mais temíveis: a quitação aparente das sociedades disciplinares (entre dois confinamentos), a moratória ilimitada das sociedades de controle (em variação contínua) são dois modos de vida jurídicos muito diferentes, e se nosso 5 FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. História da violência nas prisões. 26 ed. Petrópolis: Vozes, 2002. DELEUZE, Gilles. Conversações. 1972-1990. Tradução: de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992. 7 DELEUZE, Gilles. Conversações. 1972-1990. Tradução: de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992. p. 220. 8 DELEUZE, Gilles. Conversações. 1972-1990. Tradução: de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992. 9 DELEUZE, Gilles. Conversações. 1972-1990. Tradução: de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992. 6 direito, ele mesmo em crise, hesita entre ambos, é porque saímos de um para entrar no outro. As sociedades disciplinares têm dois pólos: a assinatura que indica o indivíduo, e o número de matrícula que indica sua posição numa massa. É que as disciplinas nunca viram incompatibilidade entre os dois, e é ao mesmo tempo em que o poder é massificante e individuante, isto é, constitui num corpo único aqueles sobre os quais se exerce, e molda a individualidade de cada membro do corpo (Foucault via a origem desse duplo cuidado no poder pastoral do sacerdote - o rebanho e cada um dos animais - mas o poder civil, por sua vez, iria converter-se em “pastor” laico por outros meios). Nas sociedades de controle, ao contrário, o essencial não é mais uma assinatura e nem um número, mas uma cifra: a cifra é uma senha, ao passo que as sociedades disciplinares são reguladas por palavras de ordem (tanto do ponto de vista da integração quanto da resistência). A linguagem numérica do controle é feita de cifras, que marcam o acesso à informação, ou a rejeição. Não se está mais diante do par massaindivíduo. Os indivíduos tornaram-se “dividuais”, divisíveis, e as massas tornaram-se amostras, dados, mercados ou “bancos”10. A sociedade de controle apresenta-se, assim, ligada à sociedade informacional no momento em que se pode concluir, como diz Deleuze11, que a senha que caracteriza a sociedade de controle permite o acesso à informação: o possuidor de uma senha é também o possuidor da informação. Nesse sentido, há que se buscar o conceito de sociedade informacional. Assim, para Castells12, sociedade informacional e também economia informacional estão associadas às: [...] Transformações atuais, além da sensata observação de que a informação e os conhecimentos são importantes para nossas sociedades. Porém, o conteúdo real de “sociedade informacional” tem de ser determinado pela observação e análise [...]. Por exemplo, uma das características principais da sociedade informacional é a lógica de sua estrutura em redes, o que explica o conceito de “sociedade em rede” [...]. Contudo outros componentes da “sociedade informacional”, como movimentos sociais ou o Estado, mostram características que vão além da lógica dos sistemas em redes, embora sejam muito influenciadas por essa lógica, típica da nova estrutura social. Dessa forma, “sociedade em rede” não esgota todo o sentido de “sociedade informacional”. As tecnologias da informação trazem consigo uma estruturação em rede, as pessoas todas ligadas umas às outras por meio de um ambiente virtual (embora não se esgote nisso a 10 DELEUZE, Gilles. Conversações. 1972-1990. Tradução: de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992. p. 221-222. 11 DELEUZE, Gilles. Conversações. 1972-1990. Tradução: de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992. denominação de sociedade informacional, como afirma Castells13) que traz como promessa a inclusão social. Há que se atentar, contudo que, em que pese essa sociedade trazer em seu bojo a promessa de inclusão social e de acesso a um maior número de pessoas à informação, nela existem os fluxos pelos quais circula a informação. Estes podem ser seletivos e excludentes, inviabilizando a sonhada inclusão social pela informação. De sorte que somente aqueles que estão ligados/conectados às correntes da informação estão incluídos nessa sociedade14. Diante dessa perspectiva é que se questiona a proposta de inclusão homogênea que a sociedade de informação trouxe como meta, na medida em que o que se verifica, na verdade, é a mesma exclusão social que sempre marcou a sociedade. Percebe-se tal situação, possivelmente pelo fato de que a informação tantas e tantas vezes esteve associada também ao poder econômico, fator, por excelência, de exclusão social15. Nesse sentido: A economia digital tende a se consolidar, e uma das conseqüências desse novo paradigma econômico e produtivo baseado na informação são os excluídos digitais – trabalhadores em ocupações precárias, sub-contratados e desempregados, sem acesso as tecnologias da informação. O fato é que o avanço dessas novas tecnologias e da sociedade da informação tem debilitado a aplicação dos Princípios Fundamentais que caracterizam o Estado Democrático de Direito. O velho liberalismo despido de ética considera as pessoas como mercadorias. E tal lógica tem dominado a grande maioria das Nações, provocando desemprego e aumento da desigualdade social16. Nesse contexto, essas novas tecnologias associadas à informação, que surgem como uma forma promissora de desenvolvimento social, geram também desemprego e exclusão daqueles que não têm acesso a elas. Daí a importância da questão trabalhista e do trabalho associado à transmissão de informação e ao método que da melhor forma, até o momento, possibilitou essa transmissão: a Internet. A partir do surgimento dela, sequer leva-se o 12 CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. v.1. 6.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. p. 65. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. v.1. 6.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 14 CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. v.1. 6.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 15 VOGT, Carlos. Sociedade da Informação. Inclusão e Exclusão. Disponível em: <http://www.comciencia.br/reportagens/socinfo/info01.htm>. Acesso em: 15 dez. 2006. 16 PEREIRA, Josecleto Costa de Almeida. O trabalho no mundo plutocrático. In: Seqüência. Revista do Curso de Pós-Graduação em Direito da UFSC. Ano XXV. Dez-2005. p. 289-290. 13 trabalho para casa, a própria casa é o local do trabalho. E, com a descoberta da telefonia móvel e da Internet via rádio, pode-se trabalhar durante uma viagem e em qualquer ponto17. As pessoas perdem horas de um dia inteiro na frente de um computador. Sem perceber, tornam-se “escravas virtuais”. Com a possibilidade de trabalhar sem ter horário, apenas por metas ou pela conclusão de determinado projeto, as pessoas não mais cumprem um horário legal18, trabalhando mais horas, sem com isso receber horas-extras. É uma nova forma de trabalho que surge e, diante da qual, depara-se com a falta de regulamentação. A fábrica deu lugar à empresa. O “cartão-de-ponto”, necessário a um trabalho que se gere por meio de horários fixos, vem dando lugar ao gerenciamento através de índices de produtividade e metas de venda. O espaço físico do trabalho tende a se descaracterizar: humanizam-se os espaços, flexibilizam-se as regras – tudo sob o imperativo da otimização dos resultados. O desenvolvimento tecnológico, de telefones celulares e e-mails a videoconferências e cirurgias à distância, permite que se trabalhe, cada vez mais, “à distância” – do mesmo modo que cresce a “instrução à distância”. O “mercado global” dos tempos atuais faz com que o “risco de crise” se desterritorialize, pois não se localiza em lugar algum; o risco se globalizou: uma crise do outro lado do planeta pode gerar desemprego na sua esquina. A instabilidade profissional crescente aumenta a compulsão por produtividade. Trabalha-se em “todo lugar”, a qualquer hora. Surgem variadas formas de trabalho “em casa”, como, por exemplo, o “teletrabalho” (CASTELLS, 2000). O trabalho não tem fim, deve-se trabalhar a vida toda19 . O que acontece é a ilusão de que existe uma autonomia diante da liberdade quanto ao horário de trabalho, mas não se percebe que se perde muito mais tempo trabalhando do que antes. Tal situação pode desembocar uma postura conformista diante da luta por melhores condições laborais. Numa sociedade na qual é muito difícil conseguir um emprego, o 17 CASTELLS, Manuel. Internet e sociedade em rede. In: MORAES, Dênis de (org.). Por uma outra comunicação. Mídia, mundialização cultural e poder. 2 ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 255-287. 18 Consta da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, em seu artigo 58 que: “a duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite”. Ainda, acerca do assunto, importante consultar o artigo 7.º, incisos XIII, XIV, XV e XVI, da CF/88 e também a o Enunciado 85 do TST. 19 CHEVITARESE, L. : “A questão da ‘liberdade’ na sociedade de controle, por uma alegoria de Kafka em O Processo”. In: Análogos. Anais da IV SAF-PUC. Vol. III, PUC-Rio, 2004. p. 05. possuidor de um, ainda mais com a ilusão de autonomia, acredita que não existe mais nada pelo que lutar20. E é nessa sociedade que surge então um: [...] Artesão eletrônico [que] tem a impressão de ter maior liberdade para agir. Por estar conectado a uma imensa rede de pequenas e microempresas espalhadas por todos os lugares – com a tarefa de fornecer informações necessárias à produção de mercadorias – o trabalhador começa a sentir-se proprietário, um verdadeiro comerciante do trabalho. E, num mundo onde todos são produtores de mercadorias, as organizações de luta dos trabalhadores parecem supérfluas21. Esse “artesão eletrônico” passa, então, a acreditar na ilusão de que possui autonomia para definir o seu horário de trabalho e as suas metas laborais. Pode, contudo, estar não só trabalhando mais, tendo menos horas de lazer, mas também abdicando dos seus direitos trabalhistas. Com a Internet a possibilidade de trabalho sem hora e sem local marcados transformou-se numa prática usual. As pessoas estão “conectadas” – as que possuem acesso à informação – o tempo inteiro. Nesse sentido, necessário voltar à sociedade de controle de Deleuze22, pois uma vez conectado o indivíduo também pode ser controlado de uma forma sem precedentes. O controle, aliás, nem sequer é percebido. Esse controle pode gerar uma padronização de condutas a serem seguidas, pois com a Internet, a divulgação de informações ocorre globalmente de forma muito rápida, gerando também uma uniformização de gostos. A própria sociedade percebe-se conectada. 20 PEREIRA, Josecleto Costa de Almeida. O trabalho no mundo plutocrático. In: Seqüência. Revista do Curso de Pós-Graduação em Direito da UFSC. Ano XXV. Dez-2005. 21 PEREIRA, Josecleto Costa de Almeida. O trabalho no mundo plutocrático. In: Seqüência. Revista do Curso de Pós-Graduação em Direito da UFSC. Ano XXV. Dez-2005. p. 298. 22 DELEUZE, Gilles. Conversações. 1972-1990. Tradução: de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992. E essa sociedade em rede, que seria uma das formas da sociedade informacional, caracteriza-se, segundo Castells23, pela intercomunicação entre vários pontos do mundo, com a configuração de nós (nós de uma rede) nos quais são tomadas as decisões que irão dinaminizar o fluxo de informações pela rede inteira. Essa sociedade passa a organizar também a estruturação do trabalho. E, nesse sentido, deve vir associada à questão da ocupação laboral mais intensa e conectada dioturamente. A constituição desse cenário, no entanto, não se faz completa sem a análise do apelo exagerado ao consumo. As pessoas cada vez mais trabalham, mas também cada vez mais gastam o fruto do trabalho, consumindo. Como afirma Deleuze24: O marketing é agora o instrumento de controle social, e forma a raça impudente dos nossos senhores. O controle é de curto prazo e de rotação rápida, mas também contínuo e ilimitado, ao passo que a disciplina era de longa duração, infinita e descontínua. O homem não é mais o homem confinado, mas o homem endividado. É verdade que o capitalismo manteve como constante a extrema miséria de três quartos da humanidade, pobres demais para a dívida, numerosos demais para o confinamento: o controle não só terá que enfrentar a dissipação das fronteiras, mas também a explosão dos guetos e favelas. No momento em que uma das formas de controle é o convencimento de que o consumo é necessário e de que andar na moda é mais importante do que tudo, trabalha-se e vive-se apenas em busca da ilusão de um status social. Tudo sustentado pela aparência de uma boa vida que, derradeiramente, pode transformar-se em frustração diante dos gastos exagerados. O que se verifica é que a globalização pode trazer como um encargo a competição e um “[...] consumo sem limites, dos comportamentos ditados pela mídia alucinada, [que] alienam o indivíduo, ligando-o a valores com os quais não mantém qualquer afinidade e transformando-o num estrangeiro em seu próprio país”25. Além disso, pode-se verificar que 23 CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. v.1. 6.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. DELEUZE, Gilles. Conversações. 1972-1990. Tradução: de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992. p. 224. 25 PEREIRA, Josecleto Costa de Almeida. O trabalho no mundo plutocrático. In: Seqüência. Revista do Curso de Pós-Graduação em Direito da UFSC. Ano XXV. Dez-2005. p. 292. 24 existe um grande clico vicioso. Trabalha-se, se gasta. Gasta-se mais do que se pode. Vivese endividado. São estas as características da sociedade na qual vivemos. Nesta sociedade a questão do trabalho merece ser reavaliada porque simplesmente não se faz perceptível a grande desvalorização do ser humano que está acontecendo. Não é visível essa engrenagem social. Não há o que se possa fazer para sair dessa sociedade que controla. Ou será que há? 2 TRABALHAR POR QUÊ? TRABALHAR PARA O QUÊ? As pessoas estão cada vez mais atarefadas e, muitas vezes, sequer se dão conta disso. E acabam trabalhando pelo simples fato de ter o que consumir. Assim, necessidades são criadas e passe-se a valorizar o Ter em detrimento do Ser. O ser humano passa a ter valor diante do que possui e não diante do que é26. Tal situação faz com que não se pare para pensar e contemplar uma idéia, uma paisagem, uma pessoa. Coisas simples assim, mas que não são consumíveis no sentido empregado na nossa sociedade, razão pela qual aparecem sem significado. Trabalha-se apenas, de forma alucinada, para entrar na “onda” da sustentação de aparências. De acordo com Friedrich Nietzsche27: A realidade foi despojada de seu valor, de seu sentido, de sua veracidade justamente no mesmo grau em que foi falsificado um mundo ideal... O “mundo verdadeiro” e o “mundo aparente” em alemão: o mundo falsificado e a realidade... A mentira do ideal foi, até agora, a blasfêmia contra a realidade; a própria humanidade foi enganada por ela e tornou-se falsa até o mais baixo de seus instintos – a ponto de adorar os valores inversos como se fossem aqueles com os quais ela poderia garantir para si a propriedade, o futuro, o direito altivo ao futuro. 26 27 FROMM, Erich. Ter ou ser? Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1977. NIETZSCHE. Friedrich. Ecce homo. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2003. p. 16. Em sua autobiografia Nietzsche28 revela a angústia de verificar que a moral social pode ser algo que não condiz com o que o homem efetivamente procura. Com o que deve adotar para ser honrado, para viver de acordo com a sua convicção. Pode-se concluir, diante da análise da nossa sociedade, que a angústia de Nietzsche procede e que vivemos uma omissão/falta de concepções, de pensamentos e de idéias próprias. Nesse sentido, não se pode deixar de mencionar o papel dos meios de comunicação que se apresentam como difusores e formadores de uma opinião que, num momento seguinte, afirmam ser “opinião pública”29. Quando, na verdade, essa opinião não passa de uma construção artificial e interessada de alguns grupos que dominam o espaço econômico, midiático ou, mesmo, político. Afirma Ignacio Ramonet30 que: O primeiro é o poder econômico e financeiro. E o segundo é o poder midiático. Porque o midiático, da maneira como o defino, é o aparato ideológico da globalização. É o sistema que, em certa medida, constitui o modo de inscrever, no disco rígido de nosso cérebro, o programa para que aceitemos a globalização. Esse sistema ideológico, esse aparato ideológico global, é o aparato midiático em seu conjunto. Quer dizer, o que a imprensa diz a televisão repete, a rádio repete, e não apenas nos noticiários, mas também nas ficções, na apresentação de um tipo de modelo de vida que se deve apresentar. Na era da informação passa-se a seguir o que está em “alta” na mídia. Age-se, vestese, saboreia-se o que os meios de comunicação atestam como necessário e imprescindível para as nossas vidas. A ponto compreender como impossível viver sem um telefone celular, por exemplo, ou sem estar conectado à Internet. Essa necessidade construída está tão presente que quem não possui esses “aparatos contemporâneos” apresenta-se excluído do meio social. “Desligado” da sociedade contemporânea. 28 NIETZSCHE. Friedrich. Ecce homo. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2003. BOURDIEU, Pierre. A opinião pública não Existe. In THIOLLENT, Michel. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. São Paulo: Polis, 1985. p. 137-151. 30 RAMONET, Ignacio. O poder midiático. In: MORAES, Dênis de (org.). Por uma outra comunicação. Mídia, mundialização cultural e poder. 2. ed. São Paulo: Record, 2004. p. 246. 29 Nesse contexto, tudo acaba tendo valor comercial e interessado31. Assim, faz-se necessário filtrar as informações e lutar contra uma cultura de trabalho para o consumo que se instalou. Já que a informação que nos é transmitida pode não representar a veracidade efetiva dos fatos: A informação está contaminada essencialmente por uma série de mentiras que podem ser factualmente demonstradas. É preciso descontaminá-la dessas mentiras, é preciso descontaminá-la de uma certa ideologia: podem-se defender idéias, todas as idéias podem ser defendidas: anunciadas, porém como idéias e não como uma coisa natural. Mas é preciso igualmente descontaminar de publicidade, do ponto de vista ideológico, o meio que nos cerca. E isso é óbvio32. É preciso perceber que pode existir uma construção de idéias no meio social que impulsione, por exemplo, ao consumo. Dessa maneira, o fruto do trabalho acaba sendo gasto em consumo e, geralmente, numa busca pela homogeneização de gostos e de estilos. E tal homogeneização sequer é perceptível, pelo fato de existir algo que impulsiona a adoção de condutas “comuns”. Tudo parece natural. Mas o que existe é uma padronização de comportamentos. De acordo com Pierre Bourdieu33 a impossibilidade de visualizar essa padronização que ocorre com os indivíduos e a exigência de uma marca ou grife para atribuição de valor, faz com que circunstâncias determinem o valor de uma coisa e não a coisa em si possua algum valor: O poder das palavras não reside nas próprias palavras, mas nas condições que dão poder às palavras cirando a crença coletiva, ou seja, o desconhecimento coletivo do arbitrário da criação de valor que se consuma através de determinado uso das palavras. A imposição de valor, simbolizada pela grife, é um caso particular de todas as operações de transferência de capital simbólico (prefácios escritos por um autor célebre para o livro de um novato, marca de uma editora de prestígio, 31 “[...] Hoje a informação é considerada essencialmente uma mercadoria. Não é um discurso que tenha a vocação ética de educar o cidadão ou de informar, no bom sentido da palavra, o cidadão, pois tem essencialmente e antes de mais nada uma perspectiva comercial. Compra-se e vende-se informação com o objetivo de obter lucros” (RAMONET, Ignacio. O poder midiático. In: MORAES, Dênis de (org.). Por uma outra comunicação. Mídia, mundialização cultural e poder. 2. ed. São Paulo: Record, 2004. p. 247). 32 RAMONET, Ignacio. O poder midiático. In: MORAES, Dênis de (org.). Por uma outra comunicação. Mídia, mundialização cultural e poder. 2. ed. São Paulo: Record, 2004. p. 252. 33 BOURDIEU, Pierre. A produção da crença. Contribuição para uma economia dos bens simbólicos. 2 ed. São Paulo: Zouk. 2004. etc.) pelas quais um agente ou, mais exatamente, uma instituição que age por intermédio de um agente devidamente credenciado atribuem valor a determinado produto34. Na sociedade na qual vivemos pode-se assistir ao surgimento de um homem que abdica do livre pensar, que consome idéias e que não reflete sobre elas. E, numa situação paradoxal, a era da informação é também a era da alienação e do controle. O homem é: [...] Homo tecnologicus pelas novas teconologias, num processo caracterizado pela manipulação das técnicas de informação, que, uma vez apropriadas por alguns Estados e empresas, aprofundam as desigualdades entre as nações. Os acontecimentos transcorrem com celeridade e a vida moderna lentamente transforma o ser humano num verdadeiro robô – automatizado pela mídia, desnatura-se ao renunciar ao seu livre-arbítrio e a lucidez de pensar e agir com liberdade35. A própria estruturação espacial vai se amoldando às exigências e necessidades que o homem acredita possuir. Ou seja, a visão do espaço é a visão da necessidade que o homem deposita nele. Assim, as grandes cidades podem estar funcionalmente estruturadas para o dinamismo do trabalho tecnológico, mas o que se deve perceber também é que existe uma grande estruturação social por detrás das paredes de concreto erguidas em grandes e cidades. É preciso perceber que, embora a cidade/o espaço pareçam estar sendo edificados num processo natural de evolução e progresso, o que pode estar acontecendo é uma progressão e continuidade da mesma dominação de uma classe ou grupo de indivíduos sobre outro36. 34 BOURDIEU, Pierre. A produção da crença. Contribuição para uma economia dos bens simbólicos. 2 ed. São Paulo: Zouk. 2004. p. 161-162. 35 PEREIRA, Josecleto Costa de Almeida. O trabalho no mundo plutocrático. In: Seqüência. Revista do Curso de Pós-Graduação em Direito da UFSC. Ano XXV. Dez-2005. p. 304. 36 Milton Santos (SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo. Globalização e meio técnico-científico informacional. São Paulo: Hucitec, 1994, p. 41) descreve a questão do espaço: “Comecemos por fixar rapidamente os conceitos. Por tempo, vamos entender grosseiramente o transcurso, a sucessão dos eventos e sua trama. Por espaço vamos entender o meio, o lugar material da possibilidade dos ventos. E por mundo entendamos, a soma, que é também síntese, de eventos e lugares. A cada momento, mudam juntos o tempo, o espaço e o mundo. De tal modo, nossa grande tarefa é a de apreender e definir o presente, segundo essa ótica. [...] O espaço é mídia nos dois sentidos. Ele é linguagem e também é o meio onde a vida é tornada possível. A percepção pela sociedade e pelo indivíduo que é esse espaço depende da forma de sua historicização e esta resulta em grande parte dos progressos nos transportes e nas comunicações, na construção do tempo social”. Necessário, então, perceber o que de fato a sociedade esconde e especialmente no que consiste a busca obstinada pelo consumo. Trabalha-se sem ter hora e lugar para fazer vezes às exigências que são impostas pelo sistema estrutural. Diante dessa perspectiva, Domenico de Masi37 propõe uma alternativa à vida estruturada no trabalho e para o consumo. Defende a possibilidade de alcançar outros ideais que não apenas a necessidade de estar o tempo inteiro em atividade. Afirma que o trabalho pode oferecer “[...] dinheiro, prestígio e poder. [Mas] O tempo livre oferece sobretudo a possibilidade de introspecção, de jogo, de convívio, de amizade, de amor e de aventura. Não se entende por que o prazer ligado ao trabalho deveria acabar com a alegria do tempo livre”38. Dessa feita, outros ideais devem ser valorizados no sentido de que pode ser “[...] necessário não apenas ter uma profissão, mas também ter educação para as coisas simples da vida e que passam despercebidas como poder ter condições e conhecimento para escolher um bom livro ou para simplesmente admirar as belezas da natureza”39. As pessoas vivem apressadas. Apenas desempenham os seus papéis na sociedade e não pensam sobre eles. De acordo com Masi40 é primordial educar para a possibilidade de não apenas trabalhar, mas também de refletir e ter outro norte para a vida, assim: Educar para o ócio significa ensinar a escolher um filme, uma peça de teatro, um livro. Ensinar como pode estar bem sozinho, consigo mesmo, significa também levar a pessoas a habituar-se com as atividades domésticas e com a produção autônomo de muitas coisas que até o momento comprávamos prontas. Ensinar o gosto e a alegria das coisas belas. Inculcar a alegria41. 37 MASI, Domenico de. O ócio criativo. 7 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. MASI, Domenico de. O ócio criativo. 7 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. p. 319. 39 MASI, Domenico de. O ócio criativo. 7 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. 40 MASI, Domenico de. O ócio criativo. 7 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. 38 Assim, não apenas a pressa, a vida pelo trabalho, a vida pelo consumo é que norteiam a existência do homem, também a possibilidade de contemplação, de reflexão é importante na sociedade atual, especialmente para que se possa compreender qual a realidade que nos cerca. É preciso desacelerar a vida para perceber de forma mais detalhada o que acontece. Nesse contexto, somente com a recuperação do conhecimento do homem acerca de si mesmo é que será possível sair desse processo de padronização e perceber que existem singularidades, que cada indivíduo é um ser único e que possui vontades próprias. Nessa direção está orientada a concepção de José Luis Bolzan de Morais42: A busca do tempo perdido só ocorre a partir do momento em que se consiga estabelecer uma quebra nesta relação maquínica de reprodução. Uma destruição das engrenagens de articulação desse processo de esquadrinhamento da vida, a partir do desmantelamento do processo unívoco de ver e se articular com o mundo. O destroçar de uma estrutura de homogeneização dos homens e suas relações. Um processo de singularização, todavia, requer a reapropriação dessa subjetividade, mas também, e a partir daí, a recuperação e retomada do controle da vida pelo homem. Uma nova estruturação da relação do homem com o seu tempo se institui, assim, após a retomada de consciência do mundo e para com ele próprio. De acordo com Morais43, somente por meio conhecimento acerca de si mesmo e através da possibilidade de entender-se como um ser singular e não como uma massa de manobra é que será possível ao homem recuperar o controle da sua própria vida. Em outras palavras, será possível ao homem recuperar a possibilidade de construção de sua própria história, sem que lhe seja apenas destinado um roteiro e um papel sem alternativa a escolhas. 41 MASI, Domenico de. O ócio criativo. 7 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. p. 325. MORAIS, José Luis Bolzan de. A subjetividade do tempo. Uma perspectiva transdisciplinar do Direito e da Democracia. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998. p. 84. 42 CONCLUSÃO A vida na sociedade atual merece ser bem analisada. Compreender o que a sociedade esconde, especialmente do que se refere à questão laboral, é de importância fundamental. É necessária a assunção de uma postura de questionamento sempre. Não se pode aceitar idéias feitas como se próprias fossem. É preciso refletir sobre se a sociedade que informa, mas que também controla, é apenas o que ela nos mostra. É indispensável pensar sobre se o trabalho, e o trabalho pelo consumo, é a meta e a parte mais importante de nossas vidas. Talvez do que precisemos seja muito pouco e seja algo bem simples e barato. Mas o grande obstáculo é conseguir sair dessa sociedade que aprisiona por meio de um controle imperceptível e que nos cerca com necessidades falsas. Porém, até se alcançar a concepção de que tais necessidades são falsas vai-se um longo caminho. E mesmo quando se possui essa consciência, outro trajeto deve ser percorrido: aquele que permita que abandonemos tudo isso. Mas isso já é uma outra história, por enquanto, busquemos apenas compreender “o que a sociedade esconde”... REFERÊNCIAS BOCORNY, Leonardo Raupp. A valorização do trabalho humano no Estado Democrático de Direito. Sérgio Antônio Fabris Editor, 2003. BOURDIEU, Pierre. A produção da crença. Contribuição para uma economia dos bens simbólicos. 2 ed. São Paulo: Zouk. 2004. ______. A opinião pública não Existe. In THIOLLENT, Michel. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. São Paulo: Polis, 1985. p. 137-151. BRASIL. Decreto-lei n. 5.542 de 1 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF. 09 ago. 1943. 43 MORAIS, José Luis Bolzan de. A subjetividade do tempo. Uma perspectiva transdisciplinar do Direito e da Democracia. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 17 jan. 2007. CASTELLS, Manuel. Internet e sociedade em rede. In: MORAES, Dênis de (org.). Por uma outra comunicação. Mídia, mundialização cultural e poder. 2 ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 255-287. ______. A sociedade em rede. v.1. 6.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 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