A escola está em luto.A escola em seu sentido universal carregada de significados, de tradição,
de História. Sim, profanaram seu espaço, derramaram jarros de medo em seus corredores,
escancararam as suas fendas. A escola está em estado de perplexidade, emudecida por tiros e
sangue, por gritos e horrores.
Lugar de magia, de sacralidade de saberes que são revisitados, de conceitos que são
construídas, a escola hoje, em 7 de abril vê-se frágil frente ao inesperado do humano.
Perguntas são feitas tendo o silêncio como resposta. A mídia se adianta proferindo palavras
tão pouco refletidas, buscando culpados, apontando inseguranças e cobrando grades, detector
de metais e a ausência de policiais num espaço que deve ser preenchido por alunos,
aprendizes e professores. Não, a escola, como lugar de formação e de identidades precisa ser
cuidada, resguardada e respeitada. Não deve precisar de policiais, mas de gente que ama o
saber, a palavra, a leitura, a infância e a juventude. Os valores devem ser os guardiões da
escola e a certeza de sua importância para a “gentificação”, como dizia Paulo Freire.
Que não haja grades, que as paredes respirem alegria, que o chão seja ocupado pela dança,
pela graça de caminhantes em busca do melhor. Que esse sangue não deixe rastro, que seja
lavado por um potente produto de lucidez, de esperança jamais envelhecido. Que sejamos
capazes de ultrapassar as dores, confiar nos anjos(tão jovens,tão no começo de suas vidas!!!!)
que foram para outra dimensão.E que essa visão de portão escolar como lugar de desespero e
medo, seja substituída pela vontade de garantir à escola a sua função social de formar gente.
Gente que luta, gente que confia em gente, gente que se compadece de gente.
Que este episódio seja vencido tangenciando nossa atenção para um cuidado maior com as
crianças e jovens que estão nos espaços escolares, com suas diferenças, suas dores, às vezes,
silenciosas. Que a perplexidade de hoje nos remeta a dias de cuidado com professores e
professoras que por vezes, sentem medo, angústia ou desconforto. Mas, que continuam e
insistem, porque temos mesmo que insistir. Que continuemos a insistência de fazer da escola
em luto, uma escola necessária à vida e importante para o exercício de construção de mundos
e de sujeitos, de realidades e sonhos.
Hoje a escola está em luto...E a escola aqui é toda a gente que trabalha em educação, que
aposta nessa saga, que acredita em seu papel na formação humana. Que a insistência
continue por meio de nossos projetos, de novos procedimentos, de posturas renovadas frente
aos saberes e frente a esse mundo em desalinho. Que continue, nossa escola, mesmo em luto,
a transformar essa dor em uma certeza ainda maior da importância desse espaço para
entender as imprevisibilidades humanas, para develar o escuro, para recriar na luz. Como diz o
poeta, “mesmo que sangre, mesmo que doa...”
Download

A escola está em luto.A escola em seu sentido universal