SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO DO VALE DO IPOJUCA FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM FABIANA PAULA DE BRITO SILVA THAÍS MEIRELLES LIMA SABINO A PERCEPÇÃO DO ENFERMEIRO SOBRE HUMANIZAÇÃO NO SETOR DE EMERGÊNCIA DO HOSPITAL REGIONAL DO AGRESTE CARUARU-PE CARUARU-PE 2010 FABIANA PAULA DE BRITO SILVA THAÍS MEIRELLES LIMA SABINO A PERCEPÇÃO DO ENFERMEIRO SOBRE HUMANIZAÇÃO NO SETOR DE EMERGÊNCIA DO HOSPITAL REGIONAL DO AGRESTE CARUARU-PE Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade do Vale do Ipojuca, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Profª Maria de Fátima Sousa e Coorientadora: Profª Fabiana Josefa Nascimento CARUARU-PE 2010 Catalogação na fonte Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE S586p Silva, Fabiana Paula de Brito. A Percepção do enfermeiro sobre humanização no setor de emergência do HRA-PE / Fabiana Paula de Brito Silva e Thais Meirelles Lima Sabino. -- Caruaru : FAVIP, 2010. 22 f. Orientador(a) : Maria de Fátima Sousa Lima. Coorientador(a): Fabiana Josefa do Nascimento Sousa. Trabalho de Conclusão de Curso (Enfermagem) -- Faculdade do Vale do Ipojuca. Inclui apêndice. 1.Emergência. 2. Humanização. 3. Assistência de Enfermagem. I. Sabino, Thais Meirelles Lima. II. Título. CDU 616-083[11.1] Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário: Jadinilson Afonso CRB-4/1367 FABIANA PAULA DE BRITO SILVA THAÍS MEIRELLES LIMA SABINO A PERCEPÇÃO DO ENFERMEIRO SOBRE HUMANIZAÇÃO NO SETOR DE EMERGÊNCIA DO HOSPITAL REGIONAL DO AGRESTE CARUARU-PE Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade do Vale do Ipojuca, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem. APROVADO EM ______/______/_______. _____________________________________________ Profª Maria de Fátima Sousa - ORIENTADORA _____________________________________________ (1ª EXAMINADOR) _____________________________________________ (2ª EXAMINADOR) CARUARU-PE 2010 A PERCEPÇÃO DO ENFERMEIRO SOBRE HUMANIZAÇÃO NO SETOR DE EMERGÊNCIA DO HOSPITAL REGIONAL DO AGRESTE CARUARU-PE. THE PERCEPTION OF NURSE ABOUT HUMANIZATION IN THE SECTOR OF THE REGIONAL HOSPITAL EMERGENCY OF THE AGRESTE OF CARUARU – PE Fabiana Paula de Brito Silva1; Thais Meirelles Lima Sabino2; Fabiana Josefa do Nascimento Sousa3; Maria de Fátima de Sousa Lima 4 RESUMO Este estudo busca estabelecer uma reflexão sobre a humanização na assistência à saúde. O objetivo foi de identificar a percepção dos enfermeiros sobre a temática em questão. Foi avaliado o conhecimento de 10 enfermeiros da emergência do Hospital Regional do Agreste, acerca da percepção da assistência prestada, utilizou-se como metodologia a analise de discurso, com abordagem qualitativa, mediante técnica de entrevista com roteiro semi estruturado. Obteve como resultado as principais contribuições para o cuidado humanizado, avaliando assim a atuação do enfermeiro, onde se conclui que mesmo frente às dificuldades encontradas no setor, é possível prestar um atendimento humanizado. Descritores: Emergência. Humanização. Assistência de Enfermagem ABSTRACT This study aims to reflect about the humanization in the health care. The objective was to identify the perception of nurses on the topic question. Was evaluated the knowledge of 10 emergency nurses from the Regional Hospital of the Agreste, about the perception of assistance give, was used as methodology the discourse analysis with a qualitative approach, by a interviewing technique with a semi-structures guide. Obtained as a result the main contributions to the humane care, evaluating so the performance of nurse, It follows that even in the face of difficulties encountered in the industry, it is possible to provide a humanized. Keywords: Emergency. Humanization. Nursing Care. 1 Graduando em Enfermagem pela Faculdade do Vale do Ipojuca; E-mail: [email protected] 2 Graduando em Enfermagem pela Faculdade do Vale do Ipojuca; E-mail: [email protected] 3 Psicóloga (UEPB); Especialista em neuropsicológia (UNIPE) e saúde mental (UFCG); Mestra em neuropsiquiatria e ciências do comportamento (UFPE); docente da Faculdade do Vale do Ipojuca; E-mail: [email protected] 4 Enfermeira; Especialista em Saúde da Família; coordenadora de estágios e Docente da Faculdade do Vale do Ipojuca; E-mail: Fá[email protected] LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS Tabela 1 – Caracterização da amostra segundo dados sócio-demográficos. Tabela 2 – Percepção da assistência de enfermagem dentro do setor da emergência. Tabela 3 – Avaliação das prioridades da assistência de enfermagem prestada dentro da emergência. Gráfico 1 – Questionamento sobre as dificuldades encontradas no cotidiano da assistência de enfermagem, dentro da unidade de emergência. Gráfico 2 – Identificar as facilidades encontradas em seu cotidiano, para prestar a assistência de enfermagem no setor emergencial. Tabela 4 – Ressaltar de acordo com as falas dos enfermeiros, o seu entendimento sobre assistência humanizada. Tabela 5 – Avaliação da importância do atendimento humanizado. Gráfico 3 – Identificar o que falta dentro da unidade da emergência, para desenvolver uma assistência humanizada. 10 11 11 12 13 14 14 15 SUMÁRIO 1 2 3 4 5 INTRODUÇÃO........................................................................................ METODOLOGIA.................................................................................... RESULTADOS........................................................................................ DISCUSSÃO............................................................................................ CONCLUSÃO.......................................................................................... REFERÊNCIAS APÊNDICE 07 08 09 16 18 1 INTRODUÇÃO A enfermagem é uma ciência que está em constante aprimoramento, fazendo do enfermeiro um profissional que atua com o cuidar. Cuidar este que visa à necessidade de proporcionar ao seu cliente o bem-estar do ser humano em sua totalidade, considerando a sua individualidade e dignidade (BEZERRA, 2009). Segundo BRASIL (2001), humaniza-se para oferecer uma assistência de qualidade, oferecendo benefícios, onde estes são fortemente influenciadas pelo relacionamento que se estabelece entre profissionais e usuários no processo de atendimento. Trata-se de uma pesquisa que pretendeu investigar a melhoria da qualidade no atendimento, onde a percepção à humanização apresentar-se diferente para cada profissional envolvido no processo de cuidar, sendo influenciadas pelas dificuldades encontradas no setor, condições de trabalho oferecidas e características do setor pesquisado. Quando trata-se de um setor dinâmico, com uma grande variedade de situações, faz com que o profissional de Enfermagem se depare constantemente com situações críticas e estressantes nas quais muitas vezes podem comprometer o atendimento. Para que o processo de trabalho da enfermagem possa acontecer, é necessário, proporcionar condições adequadas dentro do ambiente de trabalho, a equipe, oferta de materiais necessários para o bom funcionamento das atividades, onde o enfermeiro emergencial tem a função de escutar a historia de seu paciente, realizando o exame físico, executando o tratamento e ao mesmo tempo orientando e educando para saúde, coordenando sua equipe e unindo o conhecimento cientifico a capacidade de liderança, onde o setor emergencial por ser um setor crítico, necessita de agilidade e equilíbrio da equipe, para que a assistência ao usuário não seja comprometida (FURTADO; JÚNIOR, 2010). Dentro desta perspectiva, acredita-se que o acolhimento humanizado é um espaço de encontro entre os usuários do serviço e trabalhadores da saúde, possibilitando assim a interação entre esses sujeitos, ou seja, o ser humano, como objeto central do trabalho em saúde, percebendo, portanto, o usuário como um indivíduo o qual possui suas necessidades, carências e sofrimentos, assim olhando para o individuo como um todo e não apenas para uma doença (PINTO; RODOLPHO; OLIVEIRA, 2004). Para os referidos autores há um crescente aumento da demanda nos serviços de saúde, da deficiência de operacionalização das ações e do modelo assistencial voltado para uma concepção biologicista, reverter à lógica de produção das ações para um modelo assistencial, que se sustente na produção histórica e social da saúde, voltada para a promoção da qualidade de vida, da autonomia e da integralidade da assistência. Assim sentiu-se a necessidade de realizar o presente estudo, com o objetivo de conhecer as condições de trabalho da emergência do Hospital Regional do Agreste, a partir da percepção dos enfermeiros sobre a ótica da humanização. Portanto, objetivou-se saber a percepção do profissional de enfermagem que cuida do cliente na unidade da emergência do Hospital Regional do Agreste de Caruaru, compreendendo a percepção destes sobre a humanização no setor emergencial e como este cuidado está sendo prestado diante das dificuldades encontradas na organização do serviço oferecido. 2 METODOLOGIA O estudo foi realizado no setor de emergência do Hospital Regional do Agreste (HRA), principal unidade de referência pública no Agreste de Pernambuco no atendimento a pacientes politraumatizados. É considerado um hospital de grande porte, dispondo de 217 leitos. Utilizou-se a abordagem qualitativa, mediante a técnica de entrevista com roteiro semiestruturado, por ser um método que avalia o estado biopsicossocial do entrevistado, dando condições de retratar a perspectiva dos participantes em relação à temática estudada. Foi adotada para a coleta de dados a entrevista aberta por entender que a mesma possibilita um entendimento em profundidade sobre o tema. Utilizou-se um questionário contendo perguntas abertas e fechadas, para captar de forma pontual alguns resultados e a observação direta, com o propósito de se ter uma dimensão sobre o tema estudado, para com isso validar os achados, de acordo com a fala de cada um participante da pesquisa. Na entrevista aberta, as questões motivadoras foram: Como se percebe os cuidados de enfermagem no setor de emergência?; Quais as prioridades na assistência?; Quais dificuldades são encontradas no cotidiano desta assistência?; Quais são as facilidades encontradas?; O que se entende sobre assistência humanizada?; O porquê humanizar?; Explicitar o que falta pra se prestar uma assistência humanizada? Além das questões abertas contidas no questionário, este também era composto por variáveis sócio-demográficos (Nome, data de nascimento, idade, sexo, nível profissional, tempo de atuação, tempo de trabalho em emergência, carga horária do trabalho diário, outro vínculo empregatício), com o objetivo de descrever o perfil do enfermeiro. A análise dos dados deu-se a partir da analise do discurso de Laurence Bardin. Procurou-se para a seleção dos entrevistados, junto a Coordenação do Núcleo de Estudos Permanentes (NEP), a relação dos 35 enfermeiros da emergência. Entre estes, foram selecionados os profissionais plantonistas no setor, sendo estes estatutários e contratados pela instituição, onde o critério de seleção da amostra de 10 enfermeiros se deu através da experiência vivenciada no setor. Desse grupo foram excluídos os que se encontravam de férias, licença, supervisores de plantão, cargos de chefia, restando 10 enfermeiros para a coleta de dados. As entrevistas foram realizadas no período de agosto de 2010, após autorização do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), diretoria geral de educação em saúde (Secretária de Saúde do Estado de Pernambuco) e após a autorização dos participantes através do termo de consentimento livre e esclarecido. 3 RESULTADOS Os resultados apresentados expõem as características sócio-demográficas, referentes à caracterização do perfil dos Enfermeiros estudados, ordenadas por idade, sexo, formação, tempo de formação, tempo de atuação no setor. Os demais dados abordam o conhecimento, conceito e importância sobre a temática da Humanização, avaliando a percepção dos enfermeiros dentro do setor pesquisado. Tabela 1. Caracterização segundo dados sócio-demográficos dos Enfermeiros do setor de emergência. Caruaru/10. Dados sócio-demográficos N=10 % IDADE 20 a 30 anos 31 a 40 anos Acima de 41 anos 04 04 02 40 40 20 SEXO Feminino Masculino 07 03 70 30 GRADUAÇÃO Graduado Pós-graduado Mestrado 02 08 00 20 80 00 Dados sócio-demográficos N=10 % TEMPO DE FORMAÇÃO De 0 a 11 meses De 1 a 5 anos Mais de 5 anos 02 04 04 20 40 40 TEMPO DE ATUAÇÃO NO SETOR De 0 a 11meses De 1 a 5 anos Mais de 5 anos 03 03 04 30 30 40 Fonte: Enfermeiros da Emergência do HRA, 2010. Quanto à caracterização da população em estudo, dos 10 enfermeiros entrevistados, a faixa etária predominante ficou equivalentemente igual, ou seja, dos 20 aos 30 anos (40%) e dos 31 aos 40 anos (40%), (70%) eram do sexo feminino e (30%) do sexo masculino, predominou entre os profissionais com pós-graduado em (80%) dos entrevistados, o tempo médio de formação, ficou em torno de 1 a 5 anos (40%) e mais de 5 anos de serviço (40%), sendo que destes atuam na emergência a mais de 5 anos, obtendo assim um percentual de (40%) de tempo de trabalho no setor. Tabela 2. Percepção dos Enfermeiros sobre a assistência de enfermagem dentro do setor da emergência. Caruaru/10. Percepção da assistência no setor N=10 % Percebem uma assistência humanizada 02 20 Percebem uma assistência precária devido às dificuldades encontradas no setor 08 80 Fonte: Enfermeiros da Emergência do HRA, 2010. A tabela 2 refere-se às considerações dos entrevistados, em relação à assistência prestada dentro da emergência, ressaltando que 80% dos profissionais enfermeiros, percebem sua assistência precária, devido às dificuldades encontradas no setor. Tabela 3. Avaliação das prioridades da assistência de enfermagem prestada dentro da emergência. Prioridade da assistência N=10 % 10 100 Segundo a gravidade dos casos Fonte: Enfermeiros da Emergência do HRA, 2010. A tabela 3 relata que a assistência prestada na emergência, é visto de acordo com a gravidade dos casos, onde as chances de vida são, muitas vezes, consideradas a prioridade do atendimento, ressaltado no total das falas dos entrevistados. Pela gravidade, necessidade, idade do paciente (Enfermeiro 1, 30 anos). Realmente muitas vezes temos que trabalhar em cima das prioridades devido à grande demanda e a falta de meios para acomodar os pacientes (Enfermeiro 2, 28 anos). Gráfico 1. Questionamento sobre as dificuldades encontradas no cotidiano da assistência de enfermagem, dos Enfermeiros dentro da unidade de emergência. Caruaru/10. O gráfico acima demonstra que são muitas as dificuldades encontradas no atendimento a saúde, sendo este um reflexo das condições sociais e políticas do país, onde nas falas dos entrevistados, a maior dificuldade encontrada na emergência do HRA, é devido a sua estrutura física, citada em (33%) da opinião dos entrevistados, seguida de (28%) das dificuldades com a equipe médica de permanecer em seus plantões, gerando com isso superlotação no setor, a qual é apontada em (17%), equivalente a falta de qualificação profissional, também citada num percentual de (17%), onde apenas (5%) conotam a falta de interesse da equipe, como ponto de dificuldades no setor emergencial do referido Hospital. Superlotação, falta de espaço físico, demora de alguns médicos para atender o paciente, ter que chamar o medico para atender (Enfermeiro 3, 41 anos). Dentro da assistência em emergência são os médicos especialistas que não cumprem com os horários (Enfermeiro 4, 40 anos). Gráfico 2. Identificar as facilidades encontradas no cotidiano dos Enfermeiros, para prestar a assistência de enfermagem no setor emergencial. Caruaru/10. O gráfico 2 identifica dentre os discursos dos entrevistados, que o bom relacionamento com a equipe de enfermagem (39%), seguida da disponibilidade de materiais no setor (31%), favorece na assistência prestada dentro da emergência, onde (15%) relata que boa interação com a equipe médica facilita assim para prestar um atendimento qualificado, e (15%) sem nenhuma facilidade. Relacionamento com a equipe multidisciplinar, materiais descartáveis (Enfermeiro 5, 41 anos). Equipamentos /materiais (Enfermeiro 6, 39anos). Tabela 4. Conhecimento sobre humanização dos Enfermeiros do HRA. Caruaru/10. Conhecimento sobre a temática Humanização N=10 % Agir com afetividade, significa humanizar 04 40 Qualificação profissional, para prestar uma assistência humanizada 03 30 Ver o paciente como um todo, significa prestar uma assistência humanizada 03 30 Fonte: Enfermeiros da Emergência do HRA, 2010. A tabela acima conota a percepção dos enfermeiros sobre o objeto de estudo desta pesquisa, onde a importância e a responsabilidade destes dentro da emergência, mostra segundo seus discursos, que agir com afetividade no processo de recuperação (40%), melhora a assistência e o prognóstico do cliente, qualificação profissional, para prestar uma assistência humanizada em (30%), atendendo as necessidades psicossociais dos pacientes, vendo o indivíduo como um todo no processo de humanização do atendimento a saúde (30%). Assistência humanizada, conjunto de ações como, ambiente de tranqüilo, qualificação do profissional (Enfermeiro 7, 32 anos). Humanizar e tratar o outro como você gostaria de ser tratado, se estivesse no lugar do outro (Enfermeiro 8, 41 anos). Tabela 5. Avaliação da importância do atendimento humanizado dos Enfermeiros da emergência. Caruaru/10. Para que humanizar N=10 % Favorece no prognóstico 05 50 Ver o sujeito como um todo e não apenas uma patologia 03 30 Melhora na qualidade da assistência 02 20 Fonte: Enfermeiros da Emergência do HRA, 2010. A tabela 5 salienta a importância de conciliar e harmonizar a assistência humanizada, pois segundo a fala dos entrevistados, este cuidado ajuda na recuperação dos pacientes (50%), melhorando também na qualidade da assistência prestada (30%). Também foi relatada a importância do individuo ser tratado como um ser biopsicossocial e não apenas como uma doença (20%), voltando assim à atenção para a humanização da assistência de enfermagem dentro da unidade de emergência. Gráfico 3. Ausência para assistência Humanizada de enfermagem no HRA. Caruaru/10. De acordo com as falas dos profissionais envolvidos na pesquisa, estes relatam no gráfico acima que a falta de capacitação profissional (34%) implica diretamente para que a assistência seja prestada, o compromisso com a profissão (33%) é um dever de todos os profissionais envolvidos independente das circunstâncias encontrados no setor, mas que muitas vezes esse compromisso é esquecido, pois as condições trabalhistas desfavoráveis (25%) também e citado como um fator dificultador. Ressaltando o espaço físico (8%) como um empecilho da prestação do cuidado humanizado. 4 DISCUSSÃO Atualmente, percebe-se que as propostas de humanização nos serviços de saúde não é uma realidade evidente, pois englobam muitas discussões sobre diferentes visões dos profissionais em relação ao paciente, ambiente, tecnologia, recursos materiais e recursos humanos. Isso é reflexo das novas mudanças, ou seja, as transformações que vem passando na sociedade onde exige cada vez mais dos profissionais inseridos no processo do cuidar, um compromisso maior com a saúde do próximo, maior responsabilidades em suas atitudes éticas e acima de tudo uma intervenção humana e qualificada. O principal é o profissional reconhecer o ser humano como um todo, a partir daí proporcionará um atendimento integral à saúde. (FERNANDES, 2006) Discute-se a necessidade de humanizar o cuidado, a assistência, a relação com o usuário do serviço de saúde. Hoje se percebe que ainda existe uma fragmentação do processo de trabalho, e das relações entre os diferentes profissionais, fragmentação da rede assistencial, precária interação nas equipes, baixo investimento na qualificação dos trabalhadores, formação dos profissionais de saúde distante do debate, ou seja, da co-responsabilidade na produção de saúde, faltando com compromisso e boa vontade emocional, espiritual e social (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006). Para os referidos autores, devido a essas desarmonias que atingem o modelo assistencial, é necessária uma reflexão do que pode ser melhorado sobre as práticas do serviço hospitalar no cuidado ao homem, resgatando assim a história da humanização. O setor de emergência, como porta de entrada do hospital é considerada como importante componente da assistência a saúde. Por ser uma unidade de alta complexidade necessita de um conjunto de fatores para garantir o acolhimento, primeira atenção qualificada, resolutividade dos problemas encontradas no dia-a-dia, com um único objetivo de promover e garantir assistência imediata a todos os pacientes que ali estão depositando toda a sua confiança e seu estado de saúde nas mãos dos cuidadores (WEHBE; GALVÃO, 2001). Para esses autores, é importante destacar a complexidade da assistência ao paciente resultante das dificuldades organizacionais, ou seja, os limites da organização do trabalho no atendimento às necessidades não só dos usuários, mas também dos trabalhadores. A superlotação devido à grande demanda, a falta de comprometimento dos profissionais é também um dos obstáculos encontrados para o desenvolvimento das ações humanistas. Para Wehbe e Galvão (2001), as unidades de emergência são locais apropriados para o atendimento de pacientes com afecções agudas específicas onde existe um trabalho de equipe especializado, onde deverá ter uma visão ampliada para o atendimento inicial de forma adequada e em tempo hábil, melhorando significativamente o resultado do atendimento. Porém, é necessário que haja prioridades na assistência, dando ênfase ao nível de gravidade do paciente/cliente, desenvolvida por uma equipe médica e de enfermagem com habilidades para que possam atuar em situações inesperadas de forma objetiva e sincrônico na qual estão inseridos, com o propósito de oferecer subsídios que viabilize a sobrevida dos pacientes. O propósito ou meta de humanizar, em todos os sentidos apontados, dar lugar para que cada indivíduo envolvido nesse processo possa contribuir, através da singularidade das suas ações, um mecanismo para resgatar o verdadeiro sentido do valor humano. Ver o sujeito e não a patologia, melhorando assim o assistencialismo, beneficiando as relações entre profissionais de saúde e usuário. Sabe-se que: “A humanização depende da capacidade de falar e de ouvir, pois as coisas do mundo só se tornam humanas quando passam pelo diálogo com os semelhantes, ou seja, viabilizar nas relações e interações humanas o diálogo, não apenas como uma técnica de comunicação verbal que possui um objetivo pré-determinado, mas sim como forma de conhecer o outro, compreendê-lo e atingir o estabelecimento de metas conjuntas que possam propiciar o bem-estar recíproco” (OLIVEIRA; COLLET; VIEIRA, 2006, p.281). Diante da fala do autor percebe-se que sem comunicação não há humanização, pois através desse dilema pode-se identificar o sujeito em seu estado holístico para uma melhor compreensão do todo, oferecendo uma assistência de qualidade para as suas necessidades básicas, assim melhorando o seu prognóstico, a partir da dignidade ética da palavra, do respeito, da solidariedade e do assistencialismo de qualidade, proporcionando aos profissionais condições técnicas de trabalho. O contato direto com os seres humanos coloca o profissional com a possibilidade de se colocar no lugar do outro, de abrir espaço para criar uma afetividade, um relacionamento de confiança, de respeito, para com isso encontrar subsídios que sobressaia para a melhoria da assistência (MOTA; MARTINS; VÉRAS, 2006). Portanto, para atender a esses aspectos, o perfil do profissional deve estar em constante desenvolvimento para acompanhar as inovações tecnológicas, com potencial para resolução de problemas, ou seja, reconhecimento de que toda pessoa tem direito à adequada assistência de enfermagem. O atendimento de enfermagem ao ser humano deve ser considerado em sua totalidade. E o mais importante, que os profissionais sejam capacitados nas suas áreas de atuação para alcançar as metas desejadas (MARTINS et al, 2006). Nesse contexto, a comunicação entre a equipe multiprofissional deve ser satisfatória, a fim de gerar um bom relacionamento como ferramenta facilitadora para os processos de Enfermagem, para identificar necessidades e detectar problemas. A partir disso, surge como aspecto fundamental na busca de maior eficiência e, conseqüentemente, de maior qualidade na assistência de enfermagem prestada, aliada à satisfação dos trabalhadores (ABREU et al, 2005). Porém, alguns profissionais relatam sentimentos de infelicidade devido à falta de facilidades. Facilidades estas relacionadas com as condições que o cercam, o clima de relação entre os profissionais, a grande demanda, entre outros (PEREIRA; FÁVERO, 2001). Considera-se então que uma assistência humana some habilidades técnicas assim como o embasamento cientifico, visando os valores éticos, como também ser solidário com o ser humano, devendo assim ter um olhar diferenciado para a referida temática para que não seja apenas compreendida de forma mecânica ou apenas um mero programa que deve ser implantado, mas sim como uma política que deve ser aplicada em toda rede de atendimento a saúde (SANTOS et al, 2007). 5 CONCLUSÃO Durante experiências vivenciadas no setor de emergência do HRA, estivemos atentos as questões relativas à humanização, assim como os desafios enfrentados pelos enfermeiros frente às situações de trabalho, pois para que haja um avanço no cuidado humanizado é necessário que o enfermeiro adote a postura de colocar-se no lugar do indivíduo que recebe o cuidado, para com isso perceber as suas reais necessidades. A pressão da urgência, o desgaste físico, para dar conta de solicitações e tarefas a serem cumpridas dentro do setor, a importância atribuída ao trabalho em equipe, adaptação ao espaço físico, a oferta de materiais e tecnologia, como também as facilidades e dificuldades em buscar ou disponibilizar informações para o desenvolvimento da atividade, interferem diretamente na assistência prestada. Então, a humanização não é apenas uma questão de mudança, mas fazer a diferença frente às ações e comportamentos diante das adversidades. Concluí-se que, a partir da realidade descrita neste estudo, tornam-se claro como os enfermeiros da emergência do Hospital Regional do Agreste percebem o cuidado humanizado diante da assistência oferecida. Onde mesmo frente às dificuldades do setor, concorda-se que a prevenção, a cura, a saúde, são decorrentes de inúmeros fatores, aos quais não estão ao nosso domínio, mas a assistência oferecida está sim esta ao nosso controle, onde o foco da assistência não é a patologia, mas sim a assistência qualificada oferecida ao cliente, de forma humanizada. REFERÊNCIAS ABREU, L.O.; MUNARI, D.B.; QUEIROZ, A.L.B.; FERNANDES, C.N.S. O trabalho de equipe em enfermagem: revisão sistemática da literatura. Revista Brasileira de Enfermagem, 58(2):203-7, março-abril, 2005. BEZERRA, A. B. et al, A sistematização da assistência de enfermagem e o enfermeiro do serviço de emergência: um estudo bibliográfico, Artigo científico, Goiás, 2009. BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de assistência à saúde. Programa nacional de humanização da assistência hospitalar/ Ministério da saúde, secretaria de assistência à saúde – Brasília, 2001. FERNANDES, A. M. 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